Download - 2014-12-30 17:12:08

Transcript
Page 1: 2014-12-30 17:12:08

A plAtAformA dA distribuição e comércio moderno

diretor: Vitor frias . trimestral . Ano iii . n.º 13 . outubro/novembro/dezembro de 2014 . 8 euros

A distribuição é um dos setores mais ativos no combate ao desperdício, no-meadamente com políticas de enca-minhamento de excedentes. Auchan, Jerónimo Martins, Lidl e Sonae parti-lham a sua experiência

Luísa Valle explica as metas de combate à exclusão social do programa que diri-ge e como as empresas também podem ser agentes de mudança apesar das dificuldades que atravessam.

08Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e Inovação Agroalimentar

No combate ao desperdício, mais do que as regras, o importaNte é a atitude

20Combate ao desperdício

boas práticas na distribuição

30Luísa Valle, diretora do Programa Gul-

benkian de Desenvolvimento Humano

consciência social

Page 2: 2014-12-30 17:12:08

O serviço netcaixa oferece-lhe maior agilidade e comodidade nos pagamentos até 20 €. Com os nossos terminais de tecnologia contactless, basta que o cliente aproxime o seu cartão do terminal e o pagamento está feito.Inovador, simples e rápido. Adira até 31 de dezembro de 2014 e beneficie de um preçário diferenciado. Seja o próximo a aderir a esta forma de pagamento inovadora. Informe-se numa agência, gabinete Caixa Empresas ou em netcaixa.pt.

A CAIXA. COM CERTEZA.www.netcaixa.pt | 707 29 70 70 | 24h todos os dias do ano

CONTACTLESS.RÁPIDO PARA QUEM PAGA,SIMPLES PARA QUEM RECEBE.

netcaixa

• contactless_235x328.indd 1 19/11/14 16:57

Page 3: 2014-12-30 17:12:08

STORE MAGAZINE Outubro/novembro/dezembro de 2014 3

Conselho editorialAna Isabel Trigo Morais

Catarina Oliveira FernandesMafalda Azevedo

Ricardo Domingos

Diretor Vitor Frias

[email protected]

Editora ExecutivaFátima de Sousa [email protected]

Publisher

Edifício Lisboa OrienteAv. Infante D. Henrique, 333 H | 37

1800-282 LisboaT. 218 504 060 | F. 210 435 935

Diretora-geralMaria Luís

T. 961 571 [email protected]

Distribuição por assinaturaPreço: 32€ (4 edições)[email protected]

Tiragem média mensal: 2.500 ex.Depósito legal: 338451/12N.º registo ERC: 126154

ImpressãoTYPIA - Grupo MonterreinaÁrea Empresarial Andalucia

28320 Pinto Madrid - España

íNdice

Notícias

graNde pLaNo

distribuiÇÃo

opiNiÃo

desperdício

eNtreVista

grossista

prémios

marca

produto

A atualidade das empresas e marcas que operam na Distribuição

A estratégia do governo para o combate ao desperdício, na entrevista ao secretário de Estado Nuno Vieira e Brito

O Programa Gulbenkian para o Desenvolvimento Humano nas palavras da sua diretora, Luísa Valle

A Makro mudou e está a recuperar quota de mercado

Os projetos vencedores da última edição dos Nutrition Awards

O que andam as empresas de distribuição a fazer quando se trata de reduzir o desperdício

A estratégia da Oliveira da Serra para promover a origem portuguesa do azeite

O que vale o mercado português para o bacalhau da Noruega

A diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, escreve sobre a lei da cópia privada

Como a Covirán se posiciona como a melhor oferta para o retalho independente

04

08

16

19

20

30

36

38

42

44

iNVestimeNto12110 milhões de euros para levar 330 mil às compras.

Page 4: 2014-12-30 17:12:08

STORE MAGAZINE4 Outubro/novembro/dezembro de 2014

noTíCIAS

A Sonae foi reconhecida, pelo 2º ano consecutivo, como “Líder Mundial no Combate às Alterações Climáticas” pela organização não-

Dia adquire 160 lojas à EroskiO grupo de distribuição Dia comprou 160 lojas à Eroski, localizadas nas zonas centro e sul de Espanha, num negócio estimado em 146 milhões de euros. Em comunicado enviado à Comissão Nacional do Mercado de Valores, o grupo refere que a maioria das lojas se situa em Madrid, o que permitirá um aumento até 9,8 por cento da sua quota de mercado na cidade.Além de Madrid, as lojas agora adquiridas – cujas vendas brutas ascenderam a 487 milhões de euros no ano passado – localizam-se na Andaluzia (24), Castela e Leão (20), Extremadura (6) e Castilla-La Mancha (2). Desta rede, 152 espaços estão sob regime de aluguer e os restantes (8) de propriedade.

Zippy entra no ChileA Sonae acaba de expandir a atividade na América Latina através da entrada no Chile com lojas Zippy em regime de franchising. “A Sonae SR, área de retalho especializado da Sonae, celebrou um acordo que prevê a abertura de cinco unidades até ao final do ano, tendo já inaugurado três lojas nesta geografia”, indica a empresa em comunicado. A expansão será efetuada seguindo uma estratégia de capital light, tendo a Sonae celebrado um acordo com o Grupo Phoenix, um dos maiores do setor do retalho de moda naquela região e seu parceiro desde 2012.

Sonae é “Líder Mundial no Combate às Alterações Climáticas”

-governamental Carbon Disclosu-re Project (CDP), devido às suas ações para reduzir as emissões de carbono e mitigar os impactos

da atividade no clima. Fruto da prossecução da sua política de desenvolvimento sustentável, a Sonae é a única empresa portu-guesa e a única no setor do retalho na Península Ibérica a integrar os dois rankings do CDP: o “CDP Iberia 125 Climate Performance Leadership Index 2014” sobre o desempenho ambiental e o “CDP Iberia 125 Climate Disclosure Le-adership Index” sobre a qualidade da informação publicada, numa avaliação que envolveu cerca de 2.000 empresas cotadas a nível

mundial. Esta análise foi solicitada por um conjunto de 767 investido-res institucionais que gerem ativos avaliados em 92 triliões de dólares.“No último ano, a Sonae reduziu as suas emissões de dióxido de car-bono em 18 por cento e reforçou as ações de consciencialização de colaboradores, fornecedores e outros parceiros de negócio para a necessidade de desenvolverem as suas atividades de forma sus-tentável, reduzindo a sua pegada ambiental”, refere o comunicado divulgado pela empresa.

Page 5: 2014-12-30 17:12:08

Outubro/novembro/dezembro de 2014 5

Comissões interbancárias

APED aplaude decisão da justiça europeia

A APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição congratula-se com a decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) que considera anticoncorrenciais as comissões interbancárias multilaterais cobradas pela Mastercard, nas transações com cartões de débito e de crédito no Espaço Económico Europeu, num caso que remonta a 2007 mas é mais atual que nunca. Esta decisão do Tribunal de Justiça “constitui mais um passo decisivo para corrigir a falta de transparência e concorrência que carateriza o funcionamento deste mercado. Trata-se de uma grande vitória para os consumidores e retalhistas portugueses”, sustenta a diretora-geral da associação, Ana Isabel Trigo Morais. A posição da APED está em linha com todo o setor europeu do comércio representado pelo EuroCommerce sobre este tema.

STORE MAGAZINE

Well´s

estreia-se no franchisingA Well’s, insígnia da Sonae especialista em saúde, bem-estar e ótica, inaugurou uma loja no Largo do Rato, em Lisboa, a primeira da marca no centro da cidade e em regime de franchising. Com dois pisos e mais de 300m2, o novo espaço apresenta uma “oferta alargada” de produtos de saúde e bem-estar, sempre com descontos em cartão Continente.O novo espaço surge integrado no plano de expansão da insígnia, que pretende reforçar a sua presença no mercado em 2015, com novas lojas em regime franchising.

A maior loja Lidl do distrito de Lisboa, situada na Av. Infante D. Hen-rique, reabriu ao público após uma remodelação total, que inclui o novo serviço de padaria, apresentando-se com maiores áreas e maior funcionalidade. Com o objetivo de proporcionar uma melhor experiência de compras aos clientes, a loja, com uma área de 2.050m2, foi alvo de remodelações profundas que refletem a nova imagem e visão da marca. Com esta renovação, a loja passou a contar com 17 postos de trabalho.

Aumento de venda de medicamentos fora das farmáciasO volume de vendas de embalagens de medicamentos não sujeitos a receita médica aumentou 6,2 por cento (+ 216 mil embalagens) no primeiro semestre de 2014, indica um relatório divulgado pelo Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde IP. O referido volume de vendas (3.674.992 embalagens), realizadas fora das farmácias e hospitais, correspondeu a 19.438.724 euros, refletindo um crescimento de 16,0 por cento (+ 2,69 milhões de euros). A maioria destes medicamentos foi vendida em dois supermercados, Continente e Pingo Doce, sendo o Paracetamol a substância mais vendida (15,1%) e o Diclofenac a substância mais expressiva em valor (1.405.502 euros).

Ana Isabel Trigo Morais, Diretora-Geral da APED

Lidl

Maior loja de Lisboa reabre após renovação

Page 6: 2014-12-30 17:12:08

STORE MAGAZINE

BREVES

6 Outubro/novembro/dezembro de 2014

noTíCIAS

Maior hipermercado de Angola abre portas em LuandaO maior hipermercado de Angola, o Kero Gika, abriu recentemente em Luanda, ofe-recendo uma área de vendas de 10.000 m2 e mais de 40.000 referências de produtos. O novo hipermercado, a que corresponde um investimento de 50 milhões de dólares, apresenta uma área bruta de construção de 14.000 m2, 54 caixas de pagamento e mais de 700 lugares de estacionamento. “O Kero Gika significa um grande investimento por parte do Grupo Kero na cidade capital e é a nossa maior aposta até ao momento”, afirma o diretor-geral do Kero, João Santos.

MonTE DA RAVASquEIRA TEM noVoS VInhoS MonoVARIETAIS

O Monte da Ravasqueira acaba de lançar quatro novos vinhos monovarietais: Tou-riga Franca, Syrah/Viognier, Petit Verdot e Nero D’Avola. Todos estes vinhos são parte da vindima de 2012 e, segundo a marca, pretendem assumir-se como vi-nhos únicos que representam a casta a que pertencem. A comercialização será assegurada pela Pernod Ricard.

GALLo CoM AZEITE PARA ToDoS oS PALADARES

A Gallo está no mercado com uma nova escala de intensi-dades de sabor de azeite, que visa simplificar o processo de escolha dos consumidores. A nova escala de intensidades de sabor é composta por quatro graus: Extra Suave (todos os pratos), Suave (sabores suaves), Clássico (equilíbrio de sabores e aromas) e Reserva (aromas complexos).

DELTA RELAnçA GAMA DE SoLúVEIS

A Delta Cafés relançou a sua gama de solúveis – Café, Cevada, Decaf e Cereais + Café – com uma nova imagem e embalagens. Um relançamento que, segundo a marca, foi feito a pensar no despertar dos portugueses e ainda nos momentos de bem-estar e tranquilidade. Os novos solúveis já estão disponíveis em todos os pontos de venda habituais.

FnAC lança e-marketplace próprioA FNAC lançou o e-marketplace, um novo canal de vendas integrado no site da marca, com o objetivo de alargar a oferta e de se aproximar das expetativas dos consumidores portugueses que fazem as compras através da Internet.“Trata-se de um serviço em forte expansão, a nível internacional, que permitiu à FNAC aumentar o leque de possibilidades de compra ao universo dos seus clientes. Em particular, as secções de música, de videojogos, de telemóveis, de acessórios técnicos e fotográficos, de gadgets, de jogos e brinquedos e também de eletrodomésticos estão agora reforçadas e oferecem uma maior variedade de produtos”, salienta a marca em comunicado.Por outro lado, prossegue, a FNAC oferece também a possibilidade de pessoas singulares ou empresas utilizarem este canal para venderem os próprios produtos. “Esta aposta no e-marketplace vem comprovar que continuamos focados na diversificação da nossa oferta, através de novas categorias de produto, e na aceleração da abordagem omnicanal, sempre com o objetivo de consolidar o nosso plano de investimento em Portugal”, afirma a CEO FNAC Ibéria, Cláudia Almeida e Silva.

Page 7: 2014-12-30 17:12:08

Jerónimo Martins prepara lançamento de Prémio de Literatura Infantil na Polónia

A informação foi avançada pelo presidente e administrador-delegado do grupo, Pedro Soares dos Santos, na cerimónia de lançamento do livro “De onde vêm as bruxas?”, cujo texto e ilustração são da autoria de Joana Lopes e Luís Belo respectivamente, os vencedores da 1ª edição do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce. A obra foi lançada em novembro numa cerimónia que contou com a presença do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e entretanto colocada à venda em 300 lojas da insígnia da Jerónimo Martins.Na ocasião, o ministro salientou a importância do prémio para a difusão e promoção da literatura infantil”, lembrando que “é essencial criar hábitos de leitura nos primeiros anos de vida, para que as crianças de hoje se tornem cidadãos ativos e críticos.” Além disso, “as mais de 1.800 candidaturas recebidas pelo Pingo Doce demonstram o potencial desta iniciativa para identificar e captar jovens talentos na arte de contar e ilustrar histórias para crianças.” Nesse âmbito, o presidente e administrador-delegado do grupo, Pedro Soares dos Santos, anunciou que, dado o sucesso desta edição, o prémio será lançado em 2015 na Polónia. E, futuramente, na Colômbia, para que seja uma linha de atuação transversal a todas as marcas de cadeias alimentares da Jerónimo Martins.O prémio, no valor de 50.000 euros, é o maior na área da literatura infantil em Portugal e surge como corolário do trabalho desenvolvido pelo Pingo Doce, em especial na categoria infanto-juvenil.

Depois do sucesso da primeira edição do Prémio de Literatura Infantil do Pingo Doce, o Grupo Jerónimo Martins prepara-se para replicar a iniciativa na Polónia já no próximo ano.

Page 8: 2014-12-30 17:12:08

8 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

grande plano

O secretário de Estado da Agricultura e Inovação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, reconhece que se regulamentou demais no que respeita ao desperdício alimentar, entendendo que é preciso mudar a atitude, de modo a flexibilizar os procedimentos. Adverte, sobretudo, que o problema não reside aí: é que, mais do que encaminhar excedentes, há que adotar medidas que reduzam o desperdício. Mas, para isso, faltam indicadores: avançar com um estudo é, pois, a prioridade.

“Regulamentámos demais”“O governo entendeu que esta abordagem de um compromisso ético é mais relevante do que propriamente a adoção de normas estritas de combate ao desperdício, tanto mais que nos últimos anos tem havido uma maior sensibilização para o problema”

Fátima de [email protected]

Store | no Ano Europeu contra o Desperdí-cio Alimentar, a pergunta impõe-se: qual é a estratégia da tutela em Portugal?nuno Vieira e Brito | Há duas abrangências de atuação. Uma que é necessariamente regulamentar e que passa pela transposição de disposições comunitárias, ligadas, por exemplo, à comercialização e ao consumi-dor. E outra que se prende com o alcan-çar de um compromisso que envolva toda a sociedade. O governo entendeu que esta abordagem de um compromisso ético é mais relevante do que propriamente a adoção de normas estritas de combate ao desperdício, tanto mais que nos últimos anos tem havido uma maior sensibilização para o problema. Existe alguma necessidade de pensar o des-perdício, tendo em conta que Portugal não

dispõe de um estudo relevante sobre o real momento do desperdício. Temos um estu-do, o PERDA (Projeto de Estudo e Reflexão sobre Desperdício Alimentar), de 2011, mas que é contestado por muitos. Enquanto não tivermos outros este será o nosso ponto de referência, nomeadamente no âmbito de uma plataforma que visa avaliar com os parcei-ros de que forma é possível pensar planos setoriais que possam reduzir o desperdício em cada uma das áreas. Definimos entre todos cinco áreas de intervenção, áreas que vão da produção e da transformação à co-mercialização, passando pela educação e comunicação e pela regulamentação. Nessa estrutura está necessariamente a APED e convém referir, aliás, que a distribuição tem tido um papel muito ativo neste domínio.

Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Agricultura e Inovação Agroalimentar

Page 9: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 9STORE MAGAZINE

Store | o que implica esse compromisso e como vão ser definidas as metas setoriais?nVB | Cada um dos setores irá construir um plano de ação, com base em atividades específicas de cada uma das valências identificadas. Quando falamos na produção e na transformação, por exemplo, falamos de alguma regulamentação que estamos a ultimar e que visa, nomeadamente, facilitar que os excessos de produção sejam comercializados de forma mais direta ou que pos-sam ser escoados para canais de solidariedade social ou outros. A transformação e a distribuição têm tido um papel muito relevante no sentido de reduzir o desperdício alimentar, por várias razões, algumas necessariamente económicas. Ambos os setores têm feito nos últimos tempos um esforço de inovação, nomeadamente ao nível das embalagens ou do aproveitamento de subprodutos.

Store | No final da cadeia está o consumidor. De que modo é visado nessa estratégia?nVB | Um segmento alvo a necessitar de intervenção é, de facto, o consumidor. Quase todos os estudos apontam que os dois grandes setores com maior desperdício são a pro-dução e o consumo. E por isso o consumidor necessita de ser sensibilizado, nomeadamente para adequar a sua von-tade de comprar, o espírito de consumo ao que são as suas efetivas necessidades de consumo. Mas também para estar atento às datas de validade, para reaproveitar os excedentes.

Store | quando se fala de combate ao desperdício fala-se quase sempre do encaminhamento dos excedentes, por exemplo, para a solidariedade social. Mas é por aí que passa efetivamente a redução?nVB | Há bons exemplos nesse domínio, mas é, de fato, im-portante ter sempre como nota que o combate ao desperdício deve ter como foco reduzi-lo e não a sua utilização. Combater o desperdício não é encontrar caminhos alternativos para os excedentes, tem de ser encontrar medidas eficazes e muito direcionadas para que o desperdício seja reduzido. O que esta estratégia nacional pretende é precisamente um consenso nesse sentido e é para esse objetivo que vão contribuir os planos se-toriais. Se a filosofia fosse canalizar o desperdício, a estratégia podia ser transversal, mas a ideia não é essa. É reduzi-lo em cada uma das áreas possíveis de intervenção.

Store | Embora não haja estudos recentes, qual é a dimensão do fenómeno em Portugal?nVB | Os valores que temos apontam para 32 a 33% e 33 a 34% no consumo, o que significa que há dois terços bem identificados. O outro terço do desperdício está em várias fases da cadeia. Tem também de ser combatido, mas o enfoque tem de ser nos dois extremos da cadeia.

“Parece haver uma relação direta entre o desenvolvimento económico e o desperdí-cio, quando, quanto mais desenvolvida uma sociedade, mais sensibilizada deveria estar para o problema”

“Tenciono iniciar rapidamente esse estudo, em colaboração com as universidades e os politécnicos e com o apoio da distribuição. Só depois de sabermos qual é o ponto de partida podemos estabelecer metas”

“O contexto recente levou o consumidor a ir mais vezes às compras e a consumir menos, levou a ter um critério de melhor gestão das suas necessidades de consumo. Isso é uma realidade em Portugal”

“Quase todos os estudos apontam que os dois grandes setores com maior desperdício são a produção e o consumo. E por isso o consumidor necessita de ser sensibilizado, nomeadamente para adequar a sua vontade de comprar, o espírito de consumo ao que são as suas efetivas necessidades de consumo”

Page 10: 2014-12-30 17:12:08

10 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

Store | o número que é apontado anda na ordem do milhão de toneladas. há estimati-vas do impacto económico deste volume de desperdício?nVB | A nível da comunidade europeia estima-se que o desperdício seja de cerca de 89 milhões de toneladas, o que dá 179 quilos por habitante. Quanto ao impacto económico, o valor global que temos é de 750 mil milhões de dólares, correspondendo a 30% da superfície agrícola mundial. Isto é, um terço do que produzimos é desperdiçado, o que é um valor impressionante. A nível nacional, não temos essa noção e é por

isso que digo que há necessidade de olhar para os valores, de os atualizar. Mas primeiro, e porque há grande contestação sobre o que é desperdício ou não, há que definir esse conceito e só depois quantificá-lo.

Store | Voltando aos dados possíveis: o terço de desperdício que é atribuído ao consumidor não estará desatualizado por força de alguma racionalização forçada pela crise?nVB | A parte difícil é exatamente não haver termos comparativos. Quando olhamos para outros países vemos que essa taxa anda entre os 30% em Inglaterra e os 50% nos Estados Unidos. Parece haver uma relação direta entre o desenvolvimento económico e o desperdício, quando, quanto mais desenvolvida uma socie-dade, mais sensibilizada deveria estar para o problema. Mas são as sociedades desenvol-vidas que desperdiçam, o que não faz senti-do nenhum. A sociedade do desenvolvimento económico deve ser também a sociedade do conhecimento e da cultura, deve ser uma socie-dade muito mais solidária, muito mais cuidado-sa, uma sociedade que saiba utilizar muito bem os seus recursos. É um contrassenso brutal. O estudo é fundamental para direcionar pistas objetivas de redução do desperdício. É inad-missível esta relação direta. Não conseguimos compreender como é que o trabalho de sensi-bilização não conseguiu ter sucesso. Sobretudo num momento em que algumas sociedades têm fatores de pobreza grandes.

Store | Mas mesmo sem dados comparativos diria que houve uma mudança de comporta-mento em função do contexto?nVB | Seguramente que sim. O contexto recente

“Combater o desperdício não é encontrar caminhos alternativos para os excedentes, tem de ser encontrar medidas eficazes e muito direcionadas para que o desperdício seja reduzido”

A transformação e a distribuição têm tido um papel muito relevante no sentido de reduzir o desperdício alimentar. Ambos os setores têm feito nos últimos tempos um esforço de inovação, nomeadamente ao nível das embalagens ou do aproveitamento de subprodutos”

levou o consumidor a ir mais vezes às compras e a consumir menos, levou a ter um critério de melhor gestão das suas necessidades de consumo. Isso é uma realidade em Portugal. Levou também a que a própria transformação e a própria distribuição se tenham ajustado a essa realidade, por exemplo, através de emba-lagens mais pequenas, de alimentos a granel, de maior informação ao consumidor sobre prazos de validade.

Store | A inovação tem então estado ao serviço da redução do desperdício?nVB | A inovação entra em todo o percurso. Na produção, quando se utilizam melhores técnicas, mas é óbvio que é mais aplicada na transformação e na distribuição e é aqui que tem mais impacto junto do consumidor.

Store | A dada altura, a canalização dos ex-cedentes colidiu com os mecanismos legais e fiscalizadores, gerando polémica. É caso para dizer que há demasiada regulamentação?nVB | Tenho a visão de que, às vezes, regula-mentamos demais. Nesta Secretaria de Estado temos desenvolvido um conjunto de ações que têm permitido melhorar as condições de produção, nomeadamente trabalhando com os pequenos produtores e intervindo no sentido de ajustar normas. Pegámos por exemplo na portaria das pequenas quantidades e levamo--la a Bruxelas com o objetivo de reduzir os constrangimentos que se colocavam. Outro exemplo da nossa intervenção no sentido de reduzir esses constrangimentos prende-se com a portaria que impedia que a nível na-cional fossem produzidos determinados tipos de produtos mas que permitia que viessem

grande plano

Page 11: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 11STORE MAGAZINE

“É verdade que regulamentámos demais e criámos regras com o objetivo de acautelar a segurança alimentar e a saúde pública, mas chegámos um pouco à conclusão de que, mais do que as regras, era importante a atitude e que podíamos, de facto, equacionar um conjunto de possibilidades na distribuição de excedentes”

de outros países da União Europeia. Fazendo a transposição completa da regulamentação reduzíamos oportunidades de negócio, o que é possível ultrapassar, desde que salvaguardan-do a segurança alimentar e a saúde pública. É verdade que regulamentámos demais e cri-ámos regras com o objetivo de acautelar a segurança alimentar e a saúde pública, mas chegámos um pouco à conclusão de que, mais do que as regras, era importante a atitude e que podíamos, de facto, equacionar um conjunto de possibilidades na distribuição de excedentes. Essa regulamentação de que fala não permitiu a melhor agilização dos procedimentos, era aplicada num sentido demasiado estrito. Mas é uma situação que está a ser corrigida.

Store | De qualquer forma, a maioria da legis-lação é comunitária…nVB | Sim, tudo o que respeita à alimentação e à saúde pública está altamente regulamentado pela União Europeia, cabendo aos países fazer a transposição das diretivas para a legislação nacional. Sempre que sentirmos que é útil pe-dir uma derrogação ou que haja, de alguma forma, uma interpretação teremos de pedir autorização a Bruxelas. Se nenhum outro Es-tado membro colocar objeções fortes, então a legislação pode ser interpretada no sentido de a ajustar à realidade nacional. E é isso que temos estado a fazer. Store | Está de alguma forma prevista a adoção de incentivos fiscais para as entidades que contribuam para a redução do desperdício?nVB | É uma recomendação da própria FAO [Organização das Nações Unidas para a Ali-mentação e Agricultura] e no nosso compro-misso está também referenciado que as boas práticas possam ser recompensadas do ponto de vista fiscal. Há um sentido global, mas não se avançou mais. A ideia é generosa, mas, pelas razões que todos conhecemos, é óbvio que não é este o momento. Esperemos que a nossa situação económica continue a melhorar. Mas, mesmo sem esse incentivo, penso que a transformação e a distribuição estão numa posição privilegiada para contribuírem para o combate ao desperdício, na medida em que constitui sempre um fator economicamente negativo. É sempre uma perda relevante. De qualquer forma, esses também são, como lhe disse, os setores mais ativos neste âmbito e estamos, aliás, a trabalhar com a APED e com a própria indústria, através da FIPA.

Store | O compromisso firmado entre os par-ceiros tem um horizonte temporal definido, isto é, quando começaremos a ver resultados?nVB | Todos nós gostaríamos que houvesse desperdício zero. É a resposta politicamente correta. Mas o que existe noutros países é uma redução de 20% no desperdício ao fim de quatro ou cinco anos após o início de uma campanha. Gostava de ir mais longe, mas te-mos de ser muito objetivos. É que temos um problema, que é o estudo base. Qual é o nosso ponto de partida? E dentro desse ponto de partida quais são as áreas em que podemos atuar mais rapidamente para que o combate ao desperdício possa ser mais efetivo e econo-micamente mais interessante? Não quero dizer que o estudo da PERDA não seja correto, mas necessita de comparação. Por isso tenciono iniciar rapidamente esse estudo, em colabo-ração com as universidades e os politécnicos e com o apoio da distribuição. Só depois de sabermos qual é o ponto de partida podemos estabelecer metas. Só depois de definirmos os indicadores do desperdício podemos começar a monitorizá-los.

Page 12: 2014-12-30 17:12:08

12 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

investimento

Alegro SetúbAl

110 milhões de euros para levar 330 mil às compras

O Alegro Setúbal, inaugurado a 11 de no-vembro e que recebeu os primeiros clientes no dia seguinte, em plena época natalícia, é o terceiro centro comercial da marca Alegro que a Immochan constrói em Portugal. O investimento é considerável – 110 milhões de euros –, em particular numa altura de acentuada crise económica e consequente diminuição do poder de compra dos con-sumidores. O diretor-geral da imobiliária do grupo re-talhista Auchan, Mário Costa, explica que, “apesar do contexto económico atual, a Immochan continua a investir em Portugal” e, no seu entender, o projeto agora realizado em Setúbal “vai, seguramente, melhorar o

poder de compra e a qualidade de vida dos nossos clientes.” É que a Galeria Comercial Jumbo de Setú-bal, com 22 anos, era a superfície comercial mais visitada da região e “uma das poucas do país que não dispunha de um conjunto comercial que respondesse às necessidades dos cidadãos, ao nível dos serviços, do lazer e do comércio. Para além disso, o hipermer-cado Jumbo também surge remodelado de forma a acompanhar as necessidades dos clientes”, sublinha.Este é um centro comercial de ultima gera-ção, com uma oferta comercial muito ampla. Apresenta 27 mil m² de área locável, 99% dos quais já comercializados. De destacar

São 137 mil metros quadrados de área total, 115 lojas, 1 hipermercado, 9 salas de cinema, 2.600 lugares de estacionamento distribuídos por 3 pisos, 110 milhões de euros de investimento… Da velhinha galeria comercial Jumbo às portas de Setúbal já só há memória. Ali nasceu um centro comercial da era digital que, no conjunto, proporciona uma oferta global em termos de comércio, serviços e lazer. Agora, é tempo de Alegro.

“Apesar do contexto económico atual, a Immochan continua a investir em Portugal”

Page 13: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 13STORE MAGAZINE

algumas das insígnias que já garantiram pre-sença em Setúbal: Mango, com a primeira megastore em Portugal, a segunda maior H&M do país e que inclui o conceito Home e Kids, FNAC, Sport Zone, Lefties, Bershka, Zara, Stradivarius, Pull & Bear, entre muitas outras âncoras.Mário Costa salienta também o que considera “uma oferta de lazer, cultura e entretenimen-to única, que inclui vários parques infantis, campo desportivo, uma parede de escalada, nove salas de cinemas, um vasto jardim, com máquinas para ginástica e um amplo terraço sobre a baía de Setúbal e virado para a Serra da Arrábida”, além de diversas experiências digitais interativas, que, no seu entender, vão “atrair a população da região de Setúbal e também os habitantes a sul da região”. A Immochan acredita que a área de influên-cia do seu novo espaço comercial vai muito para além da região de Setúbal e concelhos limítrofes. Como avança o diretor-geral da promotora imobiliária do grupo Auchan, “o Alegro Setúbal vai responder às necessi-dades dos habitantes da região, bem como

atingir uma captação de cerca 300 mil habi-tantes de Setúbal e dos concelhos vizinhos”, sublinhando que o mercado não está satu-rado já que “ainda existem no país alguns locais sem uma oferta comercial moderna a menos de 45 minutos de distância, pelo que se pode prever para esses locais desenvol-vimentos comerciais de média dimensão”. Com assinatura do gabinete Sua Kay Arquite-tos, mais do que um simples polo comercial, o Alegro de Setúbal foi um projeto pensado no espaço e no tempo, numa tentativa por parte da Immochan de promover algumas linhas de força do projeto, tornando-o mar-cante e distinto face a outros já existentes. Mário Costa explica que “um dos aspetos é a localização e acessibilidade, uma vez que foi considerada a integração na principal entrada na cidade. Importante é também a requalificação urbana e viária, incluindo ciclovias, novas rotundas, reperfilamento das vias, transformando totalmente esta zona de entrada na cidade, numa zona ur-bana moderna”. Outro fator a destacar foi a preocupação com a integração do pro-

jeto na comunidade e que foi trabalhado a diferentes níveis. “Iniciámos 14 meses antes da inauguração do Alegro o projeto Arte em Toda a Parte, criando deste modo uma relação inovadora com a cidade, que terá continuidade nas atividades artísticas e culturais que o Alegro desenvolverá junto da população. Por outro lado, foi celebrado um protocolo entre a Immochan e o IEFP, através do qual surgiram milhares de candidaturas de emprego. Todas foram encaminhadas para o IEFP de Setúbal, que classificou, ofereceu estágios e formação, de forma a que as cerca de 70 novas empresas que se vão instalar em Setúbal tivessem acesso a uma bolsa de recrutamento, devidamente qualificada e classificada”, acrescenta Mário Costa. O Alegro surge implantado na principal en-trada de Setúbal vindo da A2, o que levou à requalificação urbanística e paisagística de toda aquela zona da cidade, “tendo sido cumpridos os principais requisitos que se prendem com a integração na envolvente, em termos ambientais e de sustentabilidade”, esclarece Mário Costa. Indo ao detalhe dá

“O Alegro Setúbal vai responder às necessidades dos habitantes da região, bem como atingir uma captação de cerca 300 mil habitantes de Setúbal e dos concelhos vizinhos”

O Alegro Setúbal é um centro comercial de última geração com uma vertente tecnológica bastante evidente, sendo que a interatividade é um dos fatores-chave. Alguns exemplos são as paredes digitais, os eleva-dores panorâmicos com ecrãs LED e as mesas da área de restauração que funcionam como tablets gigantes. Um fator importante e que demonstra a inovação no Alegro Setúbal é o facto de o mobiliário do centro comercial ter sido todo criado em exclusivo por um designer português, proporcionando trabalho e investimento à indústria portuguesa. Desde o início da construção até

à data de inauguração, o Alegro Setúbal levou à cidade um projeto de arte urbana, o “Arte em Toda a Parte”, que reuniu vários artistas con-sagrados, locais, nacionais e estrangeiros que desenvolveram obras artísticas onde várias associações e IPSS locais foram convidadas a participar ativamente, criando uma integração profunda da cidade de Setúbal com o Alegro, e desenvolvendo uma maior proximidade com a população local, que teve assim oportunidade de participar na criação de obras de arte, que passam a ser parte integrante da decoração do Alegro Setúbal.

centro interativo

ALEGRo SETúBAL

O mobiliário do centro foi criado por um designer português

Page 14: 2014-12-30 17:12:08

14 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

“Além de uma aposta em materiais reciclados, existiu ainda a preocupação em criar um sistema de aproveitamento de águas pluviais para rega, lavagens e sistemas anti-incêndios. Por outro lado, toda a iluminação do Alegro é feita com tecnologia LED, permitindo obter poupanças na ordem dos 75% de consumo energético”

um Jumbo à medida dos clientes

O Jumbo de Setúbal, presente na cidade há mais de 20 anos, transformou-se numa loja modernizada, acompanhando as mais recentes tendências e adaptando-se às necessida-des dos clientes. “O hipermercado surge com uma nova imagem e com novos serviços a pensar nos clientes e no conforto dos mesmos”, adianta-nos o diretor do Jumbo de Setúbal, António Milheiras. Exemplo disso é o facto de a Box estar agora incorporada no hipermer-cado, juntando toda a oferta num só lugar. “Os clientes vão poder também contar agora com uma Ótica Jumbo, juntando-se às sete já existentes noutros hipermercados, reunindo técnicos especializados e uma oferta alargada neste segmento”, explica António Milheiras. A pensar nas necessidades dos clientes, “o Jumbo de Setúbal disponibiliza também o Avulso, onde cada cliente pode comprar produtos à sua medida, ou seja, adaptados às suas reais necessidades e sem desperdícios. Oferece uma garrafeira em que os produtores locais estão representados com o maior sortido de vinhos existente num hipermercado e um mercado de produtos frescos onde se destacam a Peixaria, o Talho e as Frutas e Verduras pela qualidade, variedade, frescura e os preços apresentados”, revela o diretor do Jumbo de Setúbal.

Área total do hipermercado: 11.150 m2

Área de loja: 9.800 m² Hiper + 1.350 m² (BOX)

n.º total de caixas de saída: 42 + 100 terminais QuiQ

n.º de caixas com operadores: 30

investimento

JuMBo SETúBAL

A parede de escalada localizada no exterior é apenas um dos exemplos da oferta de lazer do novo Alegro

Page 15: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 15STORE MAGAZINE

“Temos um projeto para um novo Alegro cuja construção deverá arrancar em 2017, mas sobre o qual não posso adiantar muito mais informação”, diz Mário Costa, que aproveita para lembrar que na calha está já “o arranque da fase 2 da Galeria Comercial Jumbo de Famalicão”, com conclusão agendada para 2016”

alguns exemplos concretos: “Foi privilegiada a redução de consumos energéticos, o conforto ambiental para o cliente, bem como a preser-vação de espécies vegetais, criando mais zo-nas verdes e espaços de encontro e convívio, fatores importantes em todos os projetos da Immochan. Importa salientar também que o Alegro Setúbal foi projetado para conseguir a certificação BREEAM – a norma ambiental

mais exigente a nível mundial. Para além de uma aposta em materiais reciclados, existiu ainda a preocupação em criar um sistema de aproveitamento de águas pluviais para rega, lavagens e sistemas anti-incêndios. Por outro lado, toda a iluminação do Alegro é feita com tecnologia LED, permitindo obter poupanças na ordem dos 75% de consumo energético”.As expectativas do braço imobiliário do retalhista

Auchan para o Alegro Setúbal são elevadas e o otimismo estende-se a outros projetos ainda na gaveta. “Temos um projeto para um novo Alegro cuja construção deverá arrancar em 2017, mas sobre o qual não posso adiantar muito mais in-formação”, diz Mário Costa, que aproveita para lembrar que na calha está já “o arranque da fase 2 da Galeria Comercial Jumbo de Famalicão”, com conclusão agendada para 2016.

ao raio – XProjecto arquitectura: Sua Kay Arquitectos

Área total do centro: 137 mil m²

Área total locável: 43 mil m²

Área de estacionamento/N.º de lugares de parqueamento: 2600 lugares de estacionamento distribuídos por 3 pisos

Principais insígnias: Jumbo, Mango – com a primeira megastore em Portugal –, a segunda maior H&M do país (inclui o conceito Home e Kids), FnAc, Sport Zone, Lefties, Bershka, Zara, Stradivarius, Pull & Bear

N.º total de lojas: 115

N.º de salas de cinema: 9

N.º de postos de trabalho diretos: 1000

N.º de postos de trabalho indiretos: 500

Um dos parques infantis localizados no interior do centro

Page 16: 2014-12-30 17:12:08

16 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

A cooperativa de supermercados espanhola Covirán entrou em Portugal há seis anos, como resposta aquilo que identificou como a necessi-dade de uma solução para o retalho alimentar. Operando sob a premissa de igualdade entre os sócios e a satisfação do cliente, ambiciona continuar a crescer no mercado português. Em 2013, obteve em Portugal um crescimento acima dos 50%, quando comparado com o período homólogo, sendo que este ano prevê, também, o dobro do crescimento, com um vo-lume acumulado de 50 milhões de euros. Com estes resultados, a Covirán ocupa o 5º lugar na posição do ranking do retalho português, em número de estabelecimentos. “São dados muito positivos e que esperamos que continuem”, sustenta o diretor-geral, Luis Osuna Hervás.

distribuição

Com 243 sócios, 290 supermercados e um investimento superior a dez milhões de euros no mercado português, a Covirán ambiciona liderar o setor do retalho alimentar em Portugal e ser a melhor solução para o retalhista independente. Luis Osuna Hervás, diretor-geral da empresa espanhola, explica como, em entrevista à Store.

A Covirán quer liderar no retalho independente

Em 2013, obteve em Portugal um crescimento acima dos 50%, quando comparado com o período homólogo, sendo que este ano prevê, também, o dobro do crescimento, com um volume acumulado de 50 milhões de euros

A empresa espanhola fornece todas as ferra-mentas necessárias para este setor. “O modelo corporativo da Covirán é diferente de outras empresas portuguesas que existem no setor”, afirma. “A estratégia empresarial da Covirán baseia-se em profissionalismo, resultados, crescimento empresarial dos sócios, eficiên-cia e satisfação do consumidor, através de supermercados locais”, justifica. O modelo de negócio da Covirán em Portugal é o mesmo que o praticado em Espanha, em que qualquer retalhista independente pode integrar a cooperativa. “Qualquer pessoa que esteja interessada em ter um modelo de ne-gócio rentável e o apoio de uma empresa que fornece todas as ferramentas necessárias a este negócio” pode tornar-se sócio. É que – sublinha

Luís Osuna Hervás, diretor-geral da Covirán

Page 17: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 17STORE MAGAZINE

“Qualquer pessoa que esteja interessada em ter um modelo de negócio rentável e o apoio de uma empresa que fornece todas as ferramentas necessárias a este negócio” pode tornar-se sócio

– ter um supermercado sob uma insígnia como a Covirán traduz-se em garantia e confiança para o consumidor final.“O investimento em Portugal tem sido significativo e tem-se destinado principalmente ao desenvol-vimento de uma rede logística eficiente”, adianta o diretor-geral. Presente em 17 distritos do conti-nente e na região autónoma dos Açores e com três plataformas de distribuição situadas em Aveiro, Silves e Sintra, a Covirán já investiu no país mais de 10 milhões de euros. “Queremos seguir esta li-nha de expansão e ser a melhor solução para o re-talhista independente”, afirma Luis Osuna Hervás. Os sócios portugueses dispõem de 25.969 m2 construídos e destinados a garantir a cadeia de abastecimento. As três plataformas da Covirán têm uma “localização estratégica” de forma a

garantir uma rede logística eficiente e perto de todos os sócios, independentemente da sua loca-lização geográfica. A abertura da plataforma em Sintra, que ocorreu em agosto de 2013, “tem sido um forte dinamizador da zona centro”, avança. Além disso, a Covirán tem-se posicionado como um forte gerador de emprego, sendo que, no final de 2013, gerou postos de trabalho a quase 1.100 pessoas, distribuídas por supermercados e plataformas de distribuição. Apesar de afirmar que a política da Covirán não inclui ter lojas próprias, existem “lojas-piloto” com o objetivo de testar estratégias antes de as apresentar aos sócios. Sob esta filosofia, a cooperativa espanhola abriu recentemente a Praça da Ilusão Covirán, em Granada, Espanha. Esta é uma área com um total de 8 mil m2, “onde

Os fornecedores portugueses representam 80% da quota de abastecimento nas lojas nacionais

Page 18: 2014-12-30 17:12:08

18 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

os números do negócio

• 600 milhões de euros de volume de negócios em 2013• 10 milhões de euros investidos em Portugal• 2.700 sócios no total, 243 em Portugal• 290 supermercados em Portugal em 17 distritos

e nos Açores• 29 plataformas logísticas no total, 3 em Portugal• 1.100 pessoas empregadas em 2013, nas lojas e plataformas • 911 referências de marca própria• 25.969 m2 de superfície para abastecimento • 100 novos supermercados em 2014• 80% é a quota dos fornecedores portugueses no total do

abastecimento de sortido luso

A predominância de pequenas empresas e a situação económica atual, com o aumento do IVA, são fatores que, para o diretor- -geral da Covirán, dificultam a permanência dos retalhistas independentes no mercado

há várias áreas de negócio, desenvolvidas sob um conceito abrangente de sustentabilidade e acessibilidade, orientada para a promoção de estilos de vida saudáveis”. Com sede na mesma cidade, segue-se outro exemplo, a Escola de Comércio Covirán, que materializa a aposta desta empresa na formação, como uma alavanca estratégica para a qualificação dos sócios e trabalhadores. Segundo Luis Osuna Hervás, esta aposta é “indispensável para uma gestão otimizada dos negócios que promovem a diferenciação”.Nas superfícies sob a insígnia Covirán, a empre-sa oferece uma variedade de 4.500 referências, entre elas 911 são de marca própria que têm “sempre uma excelente relação qualidade--preço”. Entre os produtos de marca própria, destacam-se os frescos, frutas e legumes, que, nos supermercados de proximidade, são um dos principais eixos estratégicos. E, para chegar aos consumidores, a cadeia de retalho espanhola marca presença com um folheto promocional com periodicidade quinzenal, apostando também em campanhas de marketing, que oferecem aos clientes “a melhor opção de compra”. Para alcançar bons resultados, a marca conta com os fornecedo-res portugueses, que, no final do ano 2013, tinham cerca de 80% de quota sob o total do abastecimento de sortido luso.A Covirán afirma que a sua identidade reflete a proximidade com o cliente e o tratamento personalizado, a que junta modernidade e ino-vação. Assim, independentemente da dimensão e localização de cada supermercado, a política da empresa assenta em trabalhar em estreita colaboração com os sócios. São estes “quem verdadeiramente conhece as especificidades do seu ambiente e cliente, e isso ajuda-nos a saber responder às suas necessidades”, jus-tifica Luis Osuna Hervás

Quanto ao setor do retalho em Portugal, a Co-virán avança que o grau de concentração é ainda maior do que em Espanha. O diretor-geral da empresa recorre aos dados da consultora D&B para argumentar que, analisando “as 10 primeiras empresas que operam no mercado em Portugal, o grau de concentração é de 84,4% face a Espanha, que tem 57,7%”.A predominância de pequenas empresas e a situação económica atual, com o aumento do IVA, são fatores que, para o diretor-geral da Covirán, dificultam a permanência dos reta-lhistas independentes no mercado. É aqui que a cooperativa espanhola quer desempenhar um papel importante, posicio-nando-se como a solução para as pequenas e

médias empresas, de forma a serem capazes de competir em condições de igualdade com outras marcas. Com esse objetivo, oferece apoio, serviços e conselhos necessários para a permanência dos retalhistas independen-tes no sector. O diretor-geral destaca ainda que os sócios “podem manter um grau de independência e liberdade de gestão do seu negócio que, com outros modelos, não é possível”A Covirán quer continuar a crescer em Portugal: “Esperamos continuar a registar um crescimen-to constante em sócios e supermercados”, manifesta o diretor-geral, adiantando que prevê mais de 100 novos supermercados em Portugal, ainda este ano.

distribuição

A Covirán possui 290 lojas em Portugal e quer continuar a crescer

Page 19: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 19STORE MAGAZINE

A defesa dos direitos de autor é hoje uma problemática de que nenhuma sociedade mo-derna se pode alhear, sendo a justa e efetiva remuneração dos criadores das obras a única forma de assegurar o desenvolvimento contí-nuo e sustentável da produção intelectual ca-racterística dos países desenvolvidos. Assim, um país que negligencia a proteção da sua cultura e dos seus criadores é um país que se nega a si mesmo e, numa economia em que os bens imateriais têm uma importância crescente, que desinveste no seu futuro e na sua memória.À semelhança do que aconteceu em anos an-teriores, encontra-se novamente em discussão a possibilidade de ser aplicada uma taxa sobre os equipamentos eletrónicos com capacidade de armazenamento de dados – computadores, telemóveis, tablets, pens, discos externos, entre outros – de modo a, nas palavras do legislador, “compensar adequadamente os titulares de direitos dos danos patrimoniais sofridos com a prática da cópia privada”. Uma das razões apresentadas pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, para o alargamento da base de incidência da taxa é a impossibilidade de aferir casuistica-mente o dano que a compra dos equipamentos agora taxados poderá causar aos titulares de direitos de autor. Uma rápida análise leva-nos a concluir que este argumento, profundamente datado e que emana da realidade do século XX, não pode ser tido como bom para a criação de uma taxa uma vez que:- Parte-se do pressuposto de que o Estado é incapaz de cumprir as suas funções de garante da justiça e segurança do trafego jurídico, reprimindo as condutas criminosas por parte dos infratores do copyright e assegurando a remuneração equitativa dos autores pelas suas obras;- Através dos mecanismos digitais de proteção e com os atuais modelos de licenciamento e streaming (iTunes e Spotify, entre outros) são

opinião

Ana Isabel Trigo Morais

Diretora-Geral da APED

Se do ponto de vista do interesse nacional, a nova Lei da Cópia Privada, que conduzirá necessariamente a um aumento das importações, é incompreensível, do ponto de vista comunitário também não tem justificação, encontrando-se desalinhada com o mercado único e com a agenda digital da União Europeia.

“SÓ NUM MERCADO TRANSPARENTE E CONCORRENCIAL, SEM INTERMEDIáRIOS E “CLUBES” QUE PROCEDAM À REDISTRIBUIçãO DA RIQUEZA SEGUNDO CRITÉRIOS CUJA TRANSPARêNCIA E EQUIDADE NãO NOS É POSSíVEL APURAR, SERá POSSíVEL ASSEGURAR A CRIAçãO DE VALOR E A JUSTA RETRIBUIçãO A QUEM A MERECE”

frequentes os casos em que o utilizador já pagou a possibilidade de fazer cópias privadas, não existindo, portanto, qualquer prejuízo ou risco potencial para os autores;- Presume-se que a compra de equipamentos, dispositivos e objetos com capacidade de cópia e armazenamento de dados acarre-ta um qualquer dano patrimonial. Ou seja, o consumidor pagará pelo criminoso latente que se manifesta aquando da compra de equipa-mentos que fazem parte do seu quotidiano, como é o caso de um disco externo destinado a guardar as fotos de família deste verão.E se do ponto de vista do interesse nacional esta proposta, que conduzirá necessariamente a um aumento das importações, é incompreen- sível, do ponto de vista comunitário também não tem justificação, encontrando-se desali-nhada com o mercado único e com a agenda digital da União Europeia, conforme descrito no Relatório Vitorino.Os autores têm que ser remunerados. O es-forço criativo e intelectual deve ser justamente recompensado e a criação de obras de quali-dade estar associada a um enriquecimento pa-trimonial que assegure, entre outras coisas, um forte incentivo à contínua produção artística. Contudo, a remuneração do autor só será justa e equitativa se for feita através do voto direto do consumidor, manifestado aquando do ato da compra. Ao alocar parte do seu rendimen-to ao usufruto de uma obra, o consumidor determinará o sucesso e o valor económico da mesma, conforme acontece nos demais mercados de bens de grande consumo. Só num mercado transparente e concorrencial, sem intermediários e “clubes” que procedam à redistribuição da riqueza segundo critérios cuja transparência e equidade não nos é possível apurar, será possível assegurar a criação de valor e a justa retribuição a quem a merece, num sector essencial ao desenvolvimento de Portugal no século XXI – a economia digital global.

A Cópia Privada e a Economia Digitaldiscutir o século XXI à luz do século XX

Page 20: 2014-12-30 17:12:08

20 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

A distribuição tem tido um papel muito ativo no combate ao desperdício. São palavras do secretário de Estado da Alimentação e Inovação Agroalimentar em entrevista nas páginas desta edição. Palavras confirmadas pelo testemunho das boas práticas adotadas pela Auchan, pela Jerónimo Martins, pelo Lidl e pela Sonae, quer no combate ao desperdício alimentar, através de formatos inovadores e de parcerias para o encaminhamento de excedentes, quer na redução de consumos associados à atividade, como a energia. Mas também na sensibilização do consumidor, promovendo hábitos mais sustentáveis, ambiental e economicamente. Afinal, é no consumo que reside um terço do desperdício estimado em Portugal.

Distribuição é exemplo de boas práticas no combate ao desperdício

desperdício

Nos 27 Estados Membros da União Europeia, a produção anual de resíduos alimentares ronda 89 milhões de toneladas, estimando a UE que possa chegar a 126 milhões de toneladas em 2020

Page 21: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 21STORE MAGAZINE

De acordo com o dicionário de português online, Des-per-dí-cio é a “Ação ou efeito de desper-diçar ou de gastar em excesso; ação de não aproveitar alguma coisa da maneira como se deveria; falta de proveito; perda”. E o que significa no dicionário das empresas de distribuição? Há muito que ainda não se aproveita como se deveria e poderia mas há, sobretudo, exemplos práticos e resultados efe-tivos do que se tem vindo a aprender a reciclar, a aproveitar, a reutilizar para que as perdas para a sociedade em geral, para a economia e para o planeta sejam mínimas.Nos 27 Estados Membros da União Europeia, a produção anual de resíduos alimentares ronda 89 milhões de toneladas, estimando a UE que possa chegar a 126 milhões de toneladas em 2020. Para que medidas im-portantes para a resolução deste problema venham a ser tomadas, o Parlamento Europeu decidiu que 2014 fosse declarado como o Ano Europeu contra o Desperdício Alimentar. É que 30% dos produtos hortofrutícolas na Europa vão para o lixo!A Organização das Nações Unidas para a Ali-mentação e Agricultura (FAO) estima que o desperdício alimentar nos países industrializa-dos ascende a 1,3 mil milhões de toneladas. Ou seja, um terço dos alimentos produzidos “desaparece” ou vai para o lixo.Um dado interessante a reter: países ricos des-perdiçam na fase do consumo. Já os países em desenvolvimento desperdiçam durante a produção.A problemática do desperdício vai muito para além dos impactos sociais ou mesmo econó-micos, pois todos os anos a produção destes

As empresas têm procurado soluções soluções criativas e inovadoras. É o caso das cadeias de distribuição, que começam a contribuir para a desmistificação da equação bom aspeto = qualidade, colocando nas prateleiras produtos disformes, não calibrados ou feios

alimentos que acabam no lixo exerce pressões enormes sobre o planeta em termos de gestão de recursos naturais como a água, o solo, a qualidade do ar, o consumo de energia ou a manutenção da biodiversidade.No entanto, a sociedade e as empresas têm já encontrado soluções para reduzir este des-perdício, aliando inclusivamente à cadeia de produção soluções criativas e inovadoras. É o caso das cadeias de distribuição, que co-meçam a contribuir para a desmistificação da equação bom aspeto = qualidade, colocando nas prateleiras produtos disformes, não cali-brados ou feios.Aliás, por cá, ainda muito recentemente e para

As cadeias retalhistas têm desenvolvido várias campanhas de sensibilização contra o desperdício junto dos consumidores

Page 22: 2014-12-30 17:12:08

22 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

desperdício

Outro problema é a preferência dos canais habituais de distribuição por frutas e legu-mes “perfeitos” em termos de formato, cor e calibre, o que acaba por restringir o consumo aos alimentos que respeitam determinadas normas. Esta exigência resulta num desper-dício de cerca de 30% do que é produzido pelos agricultores. Foi por isso que nasceu a Fruta Feia. A cooperativa Fruta Feia surgiu da necessidade de inverter as tendências de normalização de frutas e legumes que nada têm a ver com questões de segurança, higiene ou qualidade alimentar, criando um mercado alternativo para a fruta, legumes e hortaliças “feios”. Um mercado que gere valor para os agricultores e consumidores, mas que com-bata o desperdício alimentar, assim como o gasto desnecessário dos recursos utilizados na sua produção. A cooperativa de consumo Fruta Feia CRL foi distinguida, aliás, com o 2.º prémio do concurso FAZ – Ideias de Origem Portuguesa promovido pela Fundação Calous-te Gulbenkian em conjunto com a COTEC em 2013, o que tornou possível o seu arranque ainda em 2013 também.No seu dia a dia, como combatem as ca-deias retalhistas o desperdício? Que projetos e iniciativas concretas desenvolvem, tan-to internamente como com parceiros? Que medidas tomam para implementar algumas boas práticas em matéria de sustentabilida-de? Pelas respostas que nos devolveram os inquiridos, nas cadeias de distribuição nada se perde, tudo se aproveita e transforma. Nem Lavoisier faria melhor.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que o desperdício alimentar nos países industrializados ascende a 1,3 mil milhões de toneladas. Ou seja, um terço dos alimentos produzidos “desaparece” ou vai para o lixo

assinalar o Dia Mundial da Alimentação, o In-termarché fez exatamente isso. Falamos da campanha “Feios mas Frescos”, uma iniciativa que visa combater o desperdício alimentar e contribuir para a poupança das famílias por-tuguesas, ao disponibilizar frutas e legumes diferentes dos habitualmente comercializados, com a mesma qualidade e sabor, mas a preços mais baixos. A loja de Vialonga foi a escolhida para receber o projeto-piloto, que decorreu entre 16 e 19 de outubro. Cenouras, batatas, tomate, laranjas, pera rocha, maçãs gala, reineta e golden, foram os produtos que durante aqueles quatro dias puderam ser adquiridos mais em conta.A iniciativa “Feios mas Frescos” foi primeira-mente implementada em França, país de origem do Grupo Os Mosqueteiros, onde esta ação, nunca antes realizada, foi muito bem aceite pelos clientes e um sucesso de comunicação a nível internacional. O objetivo da insígnia, a médio prazo, passa por replicar o conceito no resto do país – em todas as 230 lojas – contando, para isso, com o apoio dos produtores, que diariamente abastecem os pontos de venda da marca com produtos frescos. De onde vem o desperdício? Os motivos para este desperdício são vários e ocorrem ao longo de toda a cadeia agroalimentar. Modelos de produção intensivos, condições inadequadas de armazenamento e transporte, adoção de prazos de validade demasiado curtos, são algumas das causas que contribuem para o desperdício.

Page 23: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 23STORE MAGAZINE

A área alimentar da Sonae MC dispõe de uma estrutura central dedicada ao desperdício ali-mentar, atuando na identificação de causas que originam as quebras e definindo as medi-das necessárias à sua minimização. As ações implementadas, além de minimizarem o des-perdício, reduzem ainda a respetiva produção de resíduos.Assim, com o objetivo de reduzir o desperdí-cio alimentar, as mais de 200 lojas Continente doam, diariamente, a mais de cinco centenas de instituições de solidariedade social e insti-tuições de apoio e recolha de animais locais, bens alimentares excedentes e mercadorias que, não estando em condições de excelência para venda, até devido a imposições legais, se encontram em bom estado para uso e consumo. Desde 1994 que esta iniciativa apoia diversas instituições locais e nacionais, como o Banco Alimentar, a AMI, a Legião da Boa Vontade, Cáritas, as delegações regionais da Cruz Ver-melha, a União das Misericórdias, instituições de proteção de animais e de apoio diverso (toxicodependência, reabilitação social), bem como autarquias locais. Além dos produtos alimentares são também doados outros bens materiais. No ano de 2013 foram apoiadas 576 instituições com produtos no valor de cinco milhões de euros e no primeiro semestre deste ano 579 instituições, o que corresponde a mais de dois milhões de euros.Acrescenta a Sonae que é prática do Conti-nente que todas as suas lojas se associem a instituições de solidariedade social ou de pro-teção a animais, podendo ser até mais do que

SonAE MC

Envolver os portugueses na causa do consumo sustentável

uma, dependendo da dimensão da loja. Com esta prática “pretende-se apoiar as instituições da comuni-dade onde a loja se insere e evitar ao máximo o desperdício, gerado pela atividade comercial”.E sublinha que o Continente tem contribuído, através de ações que promovem a coesão social, para o desenvolvimento das localidades e regiões onde opera: “a criação de em-prego, o investimento em iniciativas que pretendem melhorar a qualidade de vida das populações e o desenvolvimento de parcerias com instituições da comunidade são exemplos das formas encontradas pelo Continente para solucionar alguns problemas e reforçar o desenvolvimento socioeconómico destas comunidades”.Mais recentemente, “sensibilizado para a cau-sa nobre” da Associação Dar i acordar e do Movimento Zero Desperdício, o Continente alargou o apoio a esta associação, permitindo que os alimentos confecionados no dia, em perfeitas condições de consumo e que não foram vendidos nas lojas, sejam recolhidos e distribuídos a quem mais precisa, respeitan-do e cumprindo todas as regras de higiene e segurança alimentar.Aliás, a política de sustentabilidade da insígnia prevê a promoção do consumo e da produção sustentável de bens e serviços de uma forma socialmente responsável. “A implementação e o aperfeiçoamento de diversos pro-gramas e procedimentos internos têm sido ao longo dos anos uma prioridade da marca, com vista à melhoria contínua do desempe-nho ambiental das suas unidades, envolvendo os portugueses em iniciativas que os conscienciali-zem para os assuntos ambien-tais mais prementes”, fiz fonte da Sonae MC. O Continente tem apostado no-meadamente na minimização do

impacto ambiental das suas atividades, como os resultantes dos consumos de energia e água, interação com fornecedores, gestão e valori-zação de resíduos, eficiência ambiental dos edifícios. Especial importância foi atribuída à otimização do consumo de energia com a introdução de melhorias operacionais e tec-nologias mais eficientes, aplicadas nas novas lojas (sistemas de produção e retenção de frio, sistemas de climatização, iluminação, fornos das secções de padaria).A política de proximidade com os fornecedores possibilita o desenvolvimento de programas de incentivo com vista ao desenvolvimento das suas atividades com respeito pelas normas e boas práticas ambientais: através de contratos de fornecimento com cláusulas que impõem o

cumprimento da legislação am-biental, o cumprimento das prá-ticas ambientais estabelecidas internamente, bem como a intro-dução de soluções que garantam a competitividade da agricultura, pecuária e pescas, promovendo as melhores práticas ao nível da produção e comercialização para fazer chegar a todos os portu-gueses o que de melhor se pro-duz nestes sectores, através do Clube de Produtores Continente.

Page 24: 2014-12-30 17:12:08

24 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

desperdício

A sustentabilidade assume, há já vários anos, um papel preponderante no Lidl, visível tanto a nível interno como externo. Assim afirma a diretora de Comunicação da marca em Portugal, Vanessa Romeu. O combate ao desperdício – adianta – está presente no dia a dia através de formações regulares de sensibilização aos colaboradores, bem como na comunicação e afixação de car-tazes com a separação de resíduos, em todas as áreas da empresa, desde as lojas passando pelos entrepostos. Todos os materiais são depois encaminhados para reciclagem.A nível externo – continua – todas as atividades de âmbito ecológico e sensibilização são divulgadas através do website, dos folhetos semanais, bem como através de campanhas específicas desen-volvidas em conjunto com parceiros, como é o caso da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) com a Campanha dos

LIDL

A sustentabilidade está no centro da estratégia

à Associação Corações com Coroa, apoiando a continuidade dos estudos de duas jovens, que, de outra forma, teriam dificuldade em prosseguir os seus estudos.Frisa, além disso, que o Lidl foi a primeira cadeia de distribuição a cobrar os sacos, levando a um uso moderado e à reutilização, “sempre a pensar na proteção do meio ambiente: A nossa gama de sacos amigos do ambiente coloca à disposição dos clientes sacos de plástico fabricados com material 100% reciclado e sacos de ráfia reutili-záveis”, precisa.Para facilitar e rentabilizar o processo de recicla-gem, o Lidl tem disponível nas lojas e entrepostos equipamentos de compactação de resíduos de papel, cartão e plástico, que conseguem reduzir o volume dos resíduos e melhorar as condições de armazenamento e transporte dos materiais para reciclagem.

Desde 2010, só a reciclagem de cartão e papel representou um total de cerca de 80 mil toneladas, evitando o corte de quase dois milhões de árvores

Óleos alimentares usados e a campanha Ecopi-lhas – Peditório Nacional de Pilhas e Baterias a favor do IPO.Vanessa Romeu sublinha que, este ano, a valori-zação de parte da reciclagem de materiais produ-zidos pelo Lidl permitiu a doação de 18.000 euros

A campanha de recolha de óleos alimentares usados é um exemplo da parceria entre o Lidl e a APED

Page 25: 2014-12-30 17:12:08

“Hoje em dia reciclamos praticamente todos os materiais passíveis de serem reciclados como: baterias industriais, compostagem de orgânicos, pilhas, cartão e plástico. Por exemplo, desde 2010, só a reciclagem de cartão e papel representou um total de cerca de 80 mil toneladas, evitando o corte de quase dois milhões de árvores”. Todas estas medidas permitiram “uma significativa redução do consumo de recursos naturais, dos custos de energia e diminuição da quantidade de resíduos depositados em aterro”.A diretora de Comunicação destaca ainda que a marca é muito ativa nos três pilares em que assenta a estratégia de sustentabilidade social: ambiental, social e económico. Assim, com base no lema “A caminho do amanhã”, o Lidl está “permanentemente empenhado em procurar formas de melhorar nas áreas do ambiente e da sustentabilidade, contribuindo de uma forma ativa para um futuro melhor. Trabalhando já há muito tempo neste sentido”, foi em 2006 “uma das pri-meiras” cadeias de distribuição a comprometer-se com a comercialização de uma pesca sustentável, introduzindo na sua gama de produtos, peixe com a certificação MSC (Marine Stewardship Council), para preservar as reservas de peixe e garantir a segurança da proveniência do peixe. Ainda no que respeita à sustentabilidade, além dos sacos 100% recicla-dos, a cadeia comercializa produtos de qualidade que protegem o meio ambiente e contribuem para uma redução sustentada de emissões de CO2, como é o caso das lâmpadas economizadoras, ou do papel higiénico reciclado a fim de poupar os recursos naturais.

A valorização de parte da reciclagem de materiais produzidos pelo Lidl permitiu a doação de 18.000 euros à Associação Corações com Coroa

Page 26: 2014-12-30 17:12:08

26 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

desperdício

“Desperdício Zero”. É este o projeto que a Au-chan Portugal tem vindo a desenvolver e que se desdobra em seis vertentes, explicadas na primeira pessoa por Ana Rita Cruz, gestora de Sustentabilidade e Ambiente do grupo:1.º Oferta comercial – através de diferentes opções que disponibilizamos ao cliente, como é o caso do mercado avulso, onde o cliente compra o produto ao peso na quantidade que necessita sem des-perdícios também na embalagem, o self-discount com produtos com embalagens mais simples e onde na compra das frutas e verduras para este mercado se opta por uma oferta de menor calibre. Todo o trabalho desenvolvido pela marca própria, com o lançamento de produtos de doses menores, para dar resposta aos consumidores que procuram comprar em quantidades adaptadas às suas necessidades e o trabalho de ecodesign de embalagem com o seguinte foco: reduzir o custo e o impacto ambiental, por via da redução da matéria-prima utilizada na embalagem, utilização de mono material para simplificar a reciclagem no fim de vida da embalagem, a rentabilização do formato da embalagem para o transporte, para reduzir o número de viagens necessárias. A colocação de etiquetas laranja para desconto nos produtos com aproximação da data de va-lidade (minimizando produtos que são retirados de venda). Destaque de produtos ecológicos e ecoeficientes e campanhas de desconto, como foi o caso do desconto de 30% em lâmpadas LED realizado durante o último trimestre de 2013.2.º Sensibilização dos clientes – Consideramos que esta é uma temática que passa muito pela mudança de comportamentos. Assim, temos investido em diferentes campanhas direcionadas para o consumidor e em especial para as novas gerações, através do nosso clube infantil Rik&Rok. Em parceria com a APED, fizemos uma campanha contra o desperdício alimentar. Integrado no programa de alimentação saudável, produzimos conteúdos didáticos sobre alimen-tação saudável onde integramos a questão do não desperdício. Desenvolvemos campanhas de poupança de água e energia com destaque de produtos ecoeficientes, bem como campanhas de recolha de resíduos de cliente, com descontos em produtos, como o que fizemos com os óleos alimentares usados. Sensibilização para a reutili-zação de sacos de compras, com a criação das ecocaixas e a promoção de sacos reutilizáveis

AuChAn

Mudar comportamentos para atingir o desperdício zero

alternativos. Finalmente, através do Rik&Rok, todo o projeto escolas, que abrange anualmente cerca de 6 mil crianças, é direcionado para a partilha de valores com os mais novos, sobre temas impor-tantes para a sociedade, entre outros, o valor da reciclagem, a biodiversidade e as energias alter-nativas e sustentáveis. Ainda via clube Rik&Rok, criámos uma série de filmes com receitas com o aproveitamento de sobras alimentares, todas elas validadas por uma equipa de dietistas.3.º Formação e sensibilização dos colaboradores (os nossos principais embaixadores do tema) – Temos lançados várias campanhas internas de-

dicadas à redução do desperdício ambiental e de produtos, relacionando a utilização dos recursos naturais e o desperdiçar de produtos destinados à venda, com o impacto ambiental e a subcarga que provoca no meio natural. Para além desta sensibilização constante, 100% dos colaboradores são formados em gestão am-biental, onde se transmitem as principais práticas de empresa, os procedimentos e regras que de-verão aplicar no seu posto de trabalho.4.º Gestão operacional rigorosa – Implementamos procedimentos e regras para minimizar estes des-perdícios. Temos um sistema de gestão ambiental

A sensibilização dos clientes passa pela introdução de sacos reutilizáveis alternativos

Page 27: 2014-12-30 17:12:08

15.605 lâmpadas LED vendidas: uma poupança energética anual estimada de 857 MWh e cerca de 123 toneladas de Co2 de emissões evitadas

corporativo (certificado em oito lojas Jumbo) que integra procedimentos internos e define as condi-ções para minimizar resíduos enviados para aterro, reduzir consumos de energia, água e os cuidados a ter para minimização da quebra de produtos. De loja para loja, temos diferentes projetos para minimização de consumos, como a utilização de energias renováveis, o fechar de todos os móveis de frio e o aproveitamento de águas da chuva para lavagens de cais e contentores de resíduos.5.º Doações de produtos de quebra – Estabele-cemos diferentes parcerias, nomeadamente com associações como a Dar i Acordar e com a Refood. Todos os produtos doados respondem a regras de qualidade e segurança alimentar.6.º Monitorização – É importante monitorizar e medir o impacto de todas estas medidas. Para isso temos um acompanhamento rigoroso de indicadores de ambiente (energia, água, sacos, resíduos) que acompanhamos diariamente e que fazem parte do nosso relatório de sustentabilidade. Desenvolvemos, ainda, um indicador interno que serve de barómetro a este tema, a “Taxa de des-perdício” e que permite acompanhar a evolução dos objetivos estratégicos “Desperdício Zero”.

75 artigos com embalagem reduzida: menos 151,11 toneladas por ano de consumo de material de embalagem, menos 431,84 toneladas de C02 emitidas por ano

117 mil euros de excedentes doados a instituições de solidariedade88% dos resíduos valorizados

8% de redução no consumo total de água

7% de redução no consumo total de energia

35 escolas, num total de 6.000 alunos, envolvidas no Projeto escolas do Rik&Rok do Jumbo, em 2013

Page 28: 2014-12-30 17:12:08

28 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

desperdício

JERÓnIMo MARTInS

Reduzir o desperdício é um compromisso corporativo

As políticas e práticas de responsabilida-de corporativa do Grupo Jerónimo Martins estendem-se ao combate ao desperdício ali-mentar, tendo em conta os “sérios” impactos ambientais, económicos e sociais que lhe estão associados e no entendimento de que a sua redução é fundamental para evitar o aumento da produção de alimentos em 70% (a

percentagem estimada para atender à procura dos 9,6 mil milhões de população em 2050). Nesse âmbito, os produtos que já não podem ser vendidos mas que estão bons para consu-mo são doados a instituições que combatem a fome. No primeiro semestre de 2014, o grupo doou mais de sete milhões de euros em que-bras a instituições como a Cruz Vermelha, Co-

munidade Vida e Paz, Património dos Pobres da Freguesia de ílhavo, Associação Migalha de Amor, Associação das Obras Sociais de S. Vi-cente Paulo e Centro de Apoio ao Sem Abrigo. Outra forma de combater o desperdício é através do reaproveitamento de alimentos pelo próprio grupo, como é o caso da Cozi-nha de Odivelas, que, em 2013, aproveitou

O Centro de Apoio aos Sem Abrigo é um dos beneficiários das doações do grupo Jerónimo Martins

O Grupo Jerónimo Martins tem revelado, ao longo dos anos, uma preocupação especial relativamente à problemática do desperdício, nomeadamente na área alimentar. Para além das campanhas dirigidas ao consumidor e do apoio direto a várias centenas de instituições de todo o país, o grupo tem “combatido” este problema através da otimização da cadeia de distribuição e do (re)aproveitamento dos diversos de alimentos, como é o caso da Cozinha de Odivelas que, em 2013, aproveitou cerca de 336 toneladas de matérias-primas hortícolas com problemas de apresentação e/ou normalização para venda em retalho, mas com qualidade para serem consumidas

Page 29: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 29STORE MAGAZINE

cerca de 336 toneladas de matérias-primas hortícolas com problemas de apresentação e/ou normalização para venda em retalho, mas com qualidade para serem consumidas. Além destas iniciativas, a Jerónimo Martins assumiu ainda um compromisso com o Eu-roCommerce, entidade que representa os sectores da distribuição, grossistas e co-

mércio europeu, para o desenvolvimento de iniciativas de sensibilização junto do consu-midor sobre o tema do desperdício alimentar. Assim, tendo em conta os respetivos clientes, o Pingo Doce lançou a campanha “Não ali-mente o Desperdício”, enquanto o Recheio implementou a ação “Ponha o Desperdício em Pratos Limpos”.

Unidade industrial do fornecedor do Pingo Doce Estêvão Luís Salvador (ELS, fornecedor há mais de 30 anos) que mostra separação de legumes não normalizados para preparação de pacotes para salada já com os legumes todos cortados (vulgo, 4ª gama)

O aproveitamento dos produtos hortícolas não normalizados é feito através da confecção de sopas na Cozinha Central de Odivelas do Pingo Doce e também através da oferta nas lojas de legumes prontos a cozinhar de 4ª gama.

Para além das medidas implementadas no combate ao desperdício, que passam, entre outras, pelo reaproveitamento de frutas e legumes não conformes, o Grupo Jerónimo Martins apoia diretamente várias instituições através de donativos em géneros que atingiram, em 2013, o valor de12 milhões de euros e de 7 milhões de euros no primeiro semestre de 2014

Da Cozinha Central de Odivelas do Pingo Doce saem todos os dias para as lojas sopas feitas a partir de legumes “feios”

Page 30: 2014-12-30 17:12:08

30 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

entrevista

As empresas têm cada vez maior consciência da sua responsabilidade social, até porque perceberam que por aí também captam mais clientes. Quem o afirma é Luísa Valle, diretora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano. Reconhece, no entanto, que as empresas vivem num contexto de escassez de recursos que as limita na sua intervenção.

Empresas têm maior consciência da responsabilidade social

“A verdade é que as empresas também têm menos recursos e, muitas vezes, elas próprias vivem entre duas tentações: fazer aquilo que sempre se fez e como sempre se fez, ou seja, dar um cheque e não trabalhar o problema; ou serem elas sozinhas a fazê-lo, pois associam à doação algum protagonismo para a empresa e/ou marca”

Store | É certamente um desafio enorme, numa época como esta em que vivemos atualmente, estar à frente do Programa Gul-benkian de Desenvolvimento humano.Luísa Valle | É de facto um desafio e nada simples, porque nós convivemos com muitas realidades que por vezes se opõem: por um lado, a emergência e, por outro lado, a busca incessante de projetos inovadores e novas respostas, de preferência bem mais eficazes do que as respostas tradicionais.Aquilo a que assistimos hoje em dia, e que se prevê continue a acontecer no futuro, é que os recursos são cada vez mais es-cassos, mas nós temos que continuar a fazer e a trabalhar, preferencialmente de um modo mais eficiente, e encontrar respostas que sejam mais adequadas às expectativas das pessoas. Temos que encontrar novos atores, novas parcerias… temos que, por exemplo, reativar as redes de vizinhança, pois, como sabe, vivemos e assistimos nas últimas décadas a uma transferência in-cessante dos poderes dos indivíduos para as instituições, designadamente para as instituições públicas, nacionais e comuni-tárias, e temos que inverter essa situação. Os cidadãos vão ter que recuperar algu-ma capacidade de iniciativa e algum po-der para resolver problemas, porque é a única maneira de nós podermos continuar a acreditar que as conquistas que foram feitas até agora, em termos de qualidade de vida e de acesso da maior parte a essas oportunidades criadas, vão continuar a ser uma realidade. Não podemos estar única e exclusivamente polarizados no Estado. Já percebemos todos que o Estado perdeu a capacidade, a vocação – ou nunca a teve

– de ir até ao indivíduo diretamente, e, por outro lado, tem também ele menos recursos. Vamos ter que, em conjunto, resolver es-ses problemas e encontrar novas soluções.

Store | Como é que tem sido esse trabalho de chegar até lá e de envolver a sociedade civil? Tem sido fácil?LV | Não. E sabe por que é que não é fácil? Porque são processos que mexem muito com a cabeça das pessoas e com a forma como todos nós estamos formatados. E quando digo “todos nós”, é todos nós mes-mo. Somos nós os técnicos, nós que temos este discurso e que quando damos conta já estamos a fazer e não ouvimos as pessoas, mas é também o cidadão comum que, não sendo técnico, também tem expectativas e necessidades mas que, para além de con-versar no café, não está habituado a fazer mais nada. Ora, como todos estes processos mexem com as nossas atitudes e com a nossa formatação e mentalidade, não é fácil. São processos morosos e em que, por vezes, a sensação com que ficamos é que demos dois passos à frente e meio passo atrás, um passo à frente e outro atrás… O que é fundamental? Ter resiliência e não desistir. Dou-lhe um exemplo muito concreto que aconteceu no âmbito de um conjunto de projetos-piloto que nós temos aqui em que se trabalha a capacitação das organizações para desenvolverem e educarem os jovens que têm em situação de acolhimento, pre-parando-os para a autonomia. Aos 18 anos saem das instituições, não têm retaguar-da familiar e, portanto, são jovens que vão ter que encontrar emprego, alugar casa ou quarto e temos que lhes dar competências

Luísa Valle, diretora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano

Page 31: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 31STORE MAGAZINE

Page 32: 2014-12-30 17:12:08

32 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

“Não podemos estar única e exclusivamente polarizados no Estado. Já percebemos todos que o Estado perdeu a capacidade, a vocação – ou nunca a teve – de ir até ao indivíduo diretamente, e, por outro lado, tem também ele menos recursos”

para essa autonomia. Em circunstâncias e contextos normais, eles vão aprendendo à medida que vão crescendo. Nestas institui-ções não. Há um conjunto de vivências do dia a dia que lhes são completamente alheias e depois, um dia, são atirados para o mun-do, que é um mundo onde eles não sabem de todo mexer-se. Percebendo-se que são problemas complexos temos esses projetos--piloto a decorrer e não há muito tempo, numa reunião que fazemos periodicamente com os técnicos para acompanhar os problemas e perceber as dificuldades, houve uma técnica que disse que ela própria, todos os dias, tinha que se lembrar que estava ali para trabalhar a autonomia, pois a sua tendência natural é para ser ela a resolver os problemas quan-do, neste caso, tem é que ensinar aqueles jovens a serem autónomos. A sua primeira

tentação é fazer aquilo para que foi formatada. Por isso tudo isto é mais difícil do que possa parecer à primeira vista e, sobretudo, moroso. “Desformatarmo-nos” é tudo menos simples.

Store | Deixando a sociedade civil, do lado das empresas, como avalia a situação e a sua recetividade? Responsabilidade social é, de facto, uma preocupação?LV | As empresas têm hoje uma consciência cada vez maior da sua responsabilidade social, até porque perceberam que por aí também captam mais clientes. Em Portugal ainda não tanto, mas lá fora há também do lado dos clientes a tendência crescente de privilegiarem as empresas que respeitam o ambiente, que têm preocupações sociais, que ajudam a comunidade onde estão inse-ridas, etc.. Por outro lado e nomeadamente

“Os cidadãos vão ter de recuperar alguma iniciativa e algum poder para resolver problemas (…) Não podemos estar única e exclusivamente polarizados no Estado”

Page 33: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 33STORE MAGAZINE

“Em Portugal ainda não tanto, mas lá fora há também do lado dos clientes a tendência crescente de privilegiarem as empresas que respeitam o ambiente, que têm preocupações sociais, que ajudam a comunidade onde estão inseridas”

LuíSA VALLE

a felicidade como projeto Nasceu em Lisboa, em 1950. Licenciada em Engenharia Química pelo Instituto Superior Técnico e pós-graduada em Estudos Europeus pela Faculdade de Direito da Universi-dade de Lisboa, integrou os quadros de pessoal da Direção-Geral dos Combustíveis (1974-1979) e do Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (1979-1987). Em 1987 foi requisitada para a Direção-Geral do Desenvolvimento Regional, ten-do exercido inúmeros cargos de direção e gestão em programas do Ministé-rio do Planeamento e da Administração do Território. Entre 1998 e 1999 foi assesso-ra do Gabinete do secretário de Estado da Indústria e Energia e entre 1999 e 2000 assumiu a função de Chefe de Gabinete do secretário de Estado do Orçamento. É em 2000 que ingressa na Fundação Calouste Gulbenkian, para exercer o cargo de Dire-tora-Adjunta dos Serviços Centrais e do Serviço de Saúde e Desenvolvimento Humano. É atualmente Diretora do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano.Conversadora e uma comunicadora nata, decidiu há muitos anos o que queria fazer na vida: ser feliz. Tinha na altura 15 anos. De então para cá, tenta sempre ver em tudo um lado positivo, que existe, e dar uma boa gargalhada, mesmo nas situações mais ridículas.Ao seu projeto de ser feliz, adicionou um outro, muito maior e mais difícil: procurar fazer a diferença no dia a dia e ajudar outros a serem felizes.

nas gerações mais novas, começa a haver uma cultura do voluntariado, que eles já tra-zem das universidades e dos Erasmus e que os acompanha quando entram no mundo em-presarial. Mas, em paralelo, a verdade é que as empresas também têm menos recursos e, muitas vezes, elas próprias vivem entre duas tentações: fazer aquilo que sempre se fez e como sempre se fez, ou seja, dar um cheque e não trabalhar o problema; ou serem elas sozinhas a fazê-lo, pois associam à doação algum protagonismo para a empresa e/ou marca. Repare, eu entendo perfeitamen-te que assim seja, só que muitas vezes as empresas não têm capacidade interna ins-talada para conseguir face a um conjunto de pedidos que lhes chegam distinguir aqueles que são mais importantes, mais emergentes ou que poderiam conduzir a respostas mais eficazes. Em suma, eu diria que do ponto de vista das empresas ainda vivemos muito nesta dicotomia ou dificuldade. Mas acredito que, de facto, são caminhos que têm que se percorrer.

Store | E falemos sobre o projeto que têm com a APED.LV | A APED é uma instituição com quem te-mos falado muitas vezes, em vários âmbitos mas sempre relacionados com a alimenta-ção. Nós próprios temos sido protagonistas e liderado projetos nesta área, como foi por exemplo a campanha “Comer bem é mais barato” ou o “Peixe solidário” e “O futu-ro da alimentação”, que nos têm juntado. O projeto “Nutrition Awards”, que não é nos-

so mas ao qual aderimos e que apoiamos, tem-nos permitido ter um relacionamento mais estreito com a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição.

Store | há algum projeto em que o Programa de Desenvolvimento humano da Fundação Calouste Gulbenkian esteja ou tenha estado envolvido e que considere particularmente gratificante?LV | Há, sem dúvida. Aquele que eu consi-deraria como um projeto-bandeira é o pro-jeto “Zero Desperdício” da Associação Dar i Acordar, que é um projeto que nós esta-mos a financiar e que abordou a questão de uma forma extraordinariamente inteligente. Tudo residiu em reinterpretar, com o apoio da ASAE, aquilo que era a legislação em matéria de higiene e segurança alimentar e descobrir os caminhos, as regras e os pro-cedimentos para que se pudesse fazer o aproveitamento das refeições confecionadas sobrantes, que normalmente nos caterings e nas cantinas e restaurantes eram inutili-zadas porque a interpretação vigente – e que ainda continua a vigorar em muitos sí-tios – é que não podiam ser aproveitadas. Há aqui um exemplo extraordinário que é o do comandante Costa Pereira, que pegou no problema pelo lado certo, e há também que louvar uma abertura extraordinária da ASAE na colaboração e que demonstrou uma enorme disponibilidade para trabalhar procedimentos e para fazer releituras e interpretações da legislação no sentido de permitir que estas coisas possam acontecer em segurança.

“Um dos problemas prementes é a dificuldade que temos em colaborar uns com os outros. É uma das dificuldades que é difícil ultrapassar, nomeadamente nesta área do combate ao desperdício”

Page 34: 2014-12-30 17:12:08

34 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

“O projeto Nutrition Awards, que não é nosso mas ao qual aderimos e que apoiamos, tem-nos permitido ter um relacionamento mais estreito com a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição”

Store | Imagino que nesta área as dificulda-des que vão surgindo sejam muitas e nem sempre fáceis de ultrapassar.LV | Um dos problemas prementes é a difi-culdade que temos em colaborar uns com os outros. É uma das dificuldades que é difícil ultrapassar, nomeadamente nesta área do combate ao desperdício. Essa é talvez a maior dificuldade a combater, designadamente porque ela própria é já um desperdício, não só de esforço como de recursos humanos. Há que trabalhar a confiança noutras orga-nizações. O grande problema, parece-me, é que ainda confundimos muito partilha de informação com partilha de poder. O poder já não está na informação, mas na nossa ca-pacidade de assimilação dessa informação. É isso que é determinante para tudo o resto.

Store | E como é que avalia a própria ativi-dade da Fundação neste âmbito?LV | A Fundação tem feito um grande esfor-ço e do qual me orgulho muito, pois tenho também um enorme orgulho nesta institui-ção, designadamente nesta área, de se ir atualizando, de ir antecipando problemas, de se abrir cada vez mais à sociedade, ter a humildade de saber ouvir os outros e pro-curar integrar-se em redes, nomeadamente internacionais, mas também nacionais, e estar mais próxima de outras entidades que também pensam problemas desta natureza, de procurar fazer grande apostas na eficiên-cia e na eficácia. É um caminho com muitos obstáculos, é verdade, com insucessos e com sucessos, mas é um caminho que tem vindo a ser percorrido paulatinamente e que considero de grande importância.

Page 35: 2014-12-30 17:12:08
Page 36: 2014-12-30 17:12:08

36 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

distribuição

Desde a implementação do novo modelo de negócio, no ano passado, a Makro recuperou mais de 40 mil clientes e aumentou a quota de mercado. Quem o afirma, em entrevista à Store, é a corporate communication, PR & CSR da Makro Portugal, Isabel Caeiro.

A crescer em Portugal

“Mantemos a decisão de crescer homologamente de mês para mês e, para tal, apostamos numa melhoria contínua das nossas instalações, na formação específica aos colaboradores para que possam desenvolver competências essenciais para uma nova abordagem, centradas na liderança individual e das equipas e no serviço ao cliente”

Store | A Makro implementou um novo modelo de negócio o ano passado. quais os ganhos das sinergias criadas desde então?Isabel Caeiro | O ano passado, a Makro im-plementou um novo modelo de negócio nas suas lojas, como forma de responder da melhor forma possível às necessidades dos clientes, adaptando-as e restruturando-as por forma a melhor servirem este fim. Nesse sentido, a nova estratégia da Makro Portugal tornou-se viável através dos ganhos das sinergias criadas entre Portugal e Espanha, resultando numa posição mais competitiva

para o setor Cash & Carry do grupo METRO, que conta com 47 lojas na Península Ibérica no total.Como consequência da implementação do novo modelo de negócio, as lojas foram alvo de uma forte reestruturação derivante da nova estratégia a nível nacional em que o foco é o cliente. Estas ganharam um espaço mais atrativo, resultado de uma renovação feita no layout. A disposição e organização dos produtos sofreram também alterações e 4.000 produtos foram alvo de baixas de preço, com o objetivo de fazer com que os clientes pou-

passem ainda mais tempo, dinheiro e trabalho. Quisemos reforçar a nossa posição como os melhores parceiros na hora de impulsionar os seus negócios e os resultados apresentados têm superado as nossas expectativas. Desde a implementação desta nova estratégia, recuperámos 41.400 clientes e aumentámos a quota de mercado. Mantemos a decisão de crescer homologamente de mês para mês e, para tal, apostamos numa melhoria contínua das nossas instalações, na formação espe-cífica aos colaboradores para que possam desenvolver competências essenciais para

Page 37: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 37STORE MAGAZINE

uma nova abordagem, centradas na lideran-ça individual e das equipas e no serviço ao cliente. Estamos, desta forma, a contribuir para a rentabilidade e eficiência dos profissionais que todos os dias visitam as lojas Makro, oferecendo-lhes preços mais competitivos, bem como uma maior eficiêcia na compra, dando-lhes ferramentas para que possam ser mais competitivos nos seus negócios.

Store | qual é a abordagem relativamente às marcas próprias?IC | Investimos não só nas categorias de mar-cas alimentares, como também nas categorias não alimentares. Apostámos na integração de uma gama completa e variada, desde equipa-mentos para a cozinha profissional, produtos de limpeza, higiene e todo o tipo de eletro-domésticos para as diferentes intensidades de uso. A gama de materiais de escritório, informática e consumíveis, adequadas às necessidades de empresas e profissionais independentes, complementa as necessidades dos clientes que procuram estes materiais.Apresentamos seis marcas próprias que apresentam produtos de qualidade, indo ao encontro das necessidades dos nossos clien-tes, são elas: Aro (artigos alimentares e não alimentares), Fine Food (artigos alimentares e de higiene pessoal), Horeca Select (artigos do setor alimentar e não alimentar, criados a pensar nas necessidades dos Chefes de cozinha profissionais), H-Line (artigos não alimentares utilizados nos quartos de hotel, casas-de-banho, restaurantes, bares e por serviços de catering), Rioba (artigos alimen-tares e não alimentares para o mundo do café e cocktails) e Sigma (artigos essenciais para o

backoffice). Cada uma delas existe para servir um propósito diferente e ir de encontro das mais variadas necessidades que os nossos clientes sentem, tendo em conta o seu tipo de negócio, oferecendo vantagens competitivas em relação aos nossos concorrentes. Por outro lado, na Makro apostamos em pro-dutos exclusivos que destacam também a qualidade e a excelência do que é nacional, como é o caso dos nossos vinhos de marca própria. A empresa oferece uma variedade de vinhos que cada vez mais alcançam prestígio e reconhecimento além-fronteiras, como é o caso dos vinhos Insólito e Monte Baixo, do Vinho do Porto D. Pablo, do Moscatel do Douro e do Paço do Duque, Espumante da Bairrada. Os vinhos Insólito e Monte Baixo já alcançaram inclusivamente prémios a nível internacional. O concurso “Challenge International du Vin” distinguiu este ano o Vinho Português Insólito Alentejano Branco 2013, com medalha de ouro e o Insólito Alentejano Tinto 2012, com prata, ambos provenientes da Casa Agrícola Alexandre Relvas. Já o vinho Monte Baixo alcançou a medalha de prata no “Wine Mas-ters Challenge” com os Vinhos Monte Baixo Alentejano 2013 e Alentejano Reserva 2012.

Store | A Makro adotou entretanto um novo posicionamento. Com que objetivos?IC | Com o novo posicionamento, a Makro vem reforçar o seu objetivo de ser o parceiro de re-ferência e de eleição para pequenos e médios empresários do canal HoReCa, tornando-os mais competitivos nos seus negócios, de forma duradoura, e ajudando-os a obter sucesso a médio/longo-prazo ao responder às suas ne-cessidades melhor do que qualquer concorrente.

A nova assinatura “tu & makro” é, no fundo, o reflexo disso mesmo: colocamos a paixão individual de cada cliente no centro das nossas atenções. O nosso trabalho diário é feito com o objetivo de que os nossos clientes tenham o maior sucesso nos seus negócios. Para tal apostamos num vasto sortido de produtos ali-mentares e não alimentares, na qualidade de excelência, nos serviços inovadores e na sabe-doria e conhecimento dos nossos colaboradores.Através de um profundo conhecimento dos negócios de cada cliente, construímos re-lações fortes e de confiança. O cliente sabe que pode contar com a Makro, que somos como parte da sua equipa, ao sentir os seus negócios como nossos. Esta é, no fundo, a essência do novo posicionamento, que se reflete também na nova assinatura e imagem da campanha. Ao ajudarmos os nossos clien-tes a alcançarem as suas metas e a serem bem-sucedidos naquilo que fazem, a Makro está a ouvir as suas necessidades e a agir em conformidade com as mesmas. Store | o mercado nacional é estratégico para o grupo Metro? quais as necessidades específicas do mercado português?IC | Portugal e Espanha representam já uma fatia considerável da faturação total do grupo. Desta forma, Portugal é de facto um mercado efetivamente estratégico para o Grupo Me-tro, sendo alvo de melhorias e investimentos constantes, como foi exemplo o caso da im-plementação do novo modelo de negócio o ano passado e do renovado posicionamento da marca. Trata-se de indicadores efetivos da importância do mercado nacional para o grupo.

Com o novo posicionamento, a Makro quer ser o parceiro de referência para pequenos e médios empresários, tornando-os mais competitivos nos negócios

Page 38: 2014-12-30 17:12:08

38 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

Nutrition awards

Premiar bons exemplos na inovação agroalimentar

O “Prémio Agrobio/ABAE de Hortas Bio nas Eco-Escolas 2013/2014”, o “Consumo alimentar e nutricional de crianças em idade pré-escolar: Resultados da Coorte Geração 21”, o “Eco Gumelo Citrus” e o “Projeto NutriFun for kids - Programa As Aventuras do Nocas” são os vencedores da quinta edição dos Food & Nutrition Awards. No total, entre vencedores e menções honrosas, foram distinguidos 16 projetos.

O prémio deu especial destaque à inovação na indústria agroalimentar, em parceria com a comunidade científica, empresas e entidades governamentais, com responsabilidades nas áreas da indústria, agricultura, saúde e educação

Por seu turno, o vencedor na categoria investi-gação e desenvolvimento – “Consumo alimentar e nutricional de crianças em idade pré-escolar: Resultados da Coorte, Geração 21”, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto – acom-panha, desde 2005, 8.647 crianças e as respetivas famílias. “Para além de produzir evidência científica sobre mecanismos que geram doença, a coorte desempenha um importante papel no planeamento de estratégias de intervenção em saúde, avaliando o padrão de crescimento e de saúde das crianças e posteriormente dos adolescentes e adultos por-tugueses”, explica a consultora GCI, que organiza os prémios em conjunto com a Associação Por-tuguesa dos Nutricionistas. “Aos quatro anos de idade, no âmbito do subprojecto da coorte os pais foram questionados sobre os hábitos alimentares da criança em relação à frequência de consumo de vários alimentos. Obteve-se informação com-pleta para 2.493 crianças. Outros parâmetros dos hábitos alimentares foram também avaliados, tais como as práticas parentais de controlo alimentar, quantificadas através de uma adaptação da com-binação do Child Feeding Questionnaire proposto por Birch e do conceito expandido de controlo parental proposto por Ogden, que reuniu sub-domínios como a responsabilidade percebida, a pressão para comer, a restrição, a monitorização e o controlo percebido e encoberto”. Já o “Eco Gumelo Citrus”, desenvolvido pela Gu-melo, foi reconhecido na categoria de produto ino-vação. Trata-se de um cogumelo gourmet pronto a crescer lançado no verão do ano passado. “É uma forma fácil e divertida de produzir cogumelos em casa e resulta do desenvolvimento de um método alternativo e sustentável de produção de cogumelos a partir de um resíduo alimentar gerado em grande quantidade no nosso país: a borra de café”, refere a consultora. Como resultado produz-se a variedade Pleurotus amarelo. Cons-cientes do potencial pedagógico da utilização do Eco Gumelo junto de faixas etárias mais baixas, a empresa desenvolve atividades com organizações

Célia Craveiro, presidente da direção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas

e instituições de ensino nacionais, onde a sensibi-lidade para a ecologia, o consumo sustentável e a alimentação saudável constituem o mote principal. “A empresa já apresentou o conceito a centenas de crianças em idade escolar e permitiu que mais de sete toneladas de cogumelos frescos fossem incluídas na dieta dos consumidores”, garante. Recentemente, este produto foi também reconhe-cido com um prémio europeu: o SIAL Innovation Award na categoria frutas e vegetais.Por sua vez, o “Projeto NutriFun for Kids – Pro-grama as Aventuras do Nocas, da NutriFun for kids”, foi distinguido como serviço inovação. O projeto é composto por vários serviços na área da educação alimentar infantil. Implementado em instituições escolares desde o ano letivo de 2008/2009, o “Programa As aventuras do Nocas” inclui diversas atividades, com crianças, famílias, educadores e profissionais de cozinha, organi-zadas de seis formas: Atividades de educação alimentar para as crianças (dos nove meses aos 12 anos); elaboração da ementa e respetivas fi-chas técnicas das refeições; avaliação do estado nutricional das crianças; programa de gestão do comportamento alimentar infantil; workshops para

Criado com o objetivo de mobilizar a sociedade para a inovação no setor agroalimentar, o pré-mio destacou 16 iniciativas, divididas por quatro categorias: produto inovação, serviço inovação, investigação e desenvolvimento e iniciativa de mobilização.O “Prémio Agrobio/ABAE de Hortas Bio nas Eco--Escolas 2013/2014” venceu enquanto iniciativa de mobilização. Trata-se de um concurso de hortas escolares, em modo de produção biológico, orga-nizado pela Agrobio - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica e pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), dirigido às escolas da Rede Eco-Escolas, de qualquer grau de ensino, de todo o território nacional. Visa divulgar a agri-cultura, a alimentação biológica e de época de forma a garantir a sustentabilidade do planeta e uma alimentação mais saudável, não só pela ausência de químicos de síntese como também pela maior riqueza nutricional. Esta iniciativa tem também como objetivo aproximar os mais jovens do contacto com a terra e promover o respeito pela natureza, além de dar a conhecer todo o processo de produção de alimentos e incutir nos mais novos o sentido de questionamento da origem do que se consome.

Com o novo posicionamento, a Makro quer ser o parceiro de referência para pequenos e médios empresários, tornando-os mais competitivos nos negócios

Page 39: 2014-12-30 17:12:08

a família; e workshops para os profissionais das escolas.Nesta edição, o prémio deu especial destaque à inovação na indústria agroalimentar, em parceria com a comunidade científica, empresas e entida-des governamentais, com responsabilidades nas áreas da indústria, agricultura, saúde e educação. “Os projetos candidatos são bastante transver-sais, abrangendo desde produtos originados por grandes empresas, microempresas, bem como ONG e faculdades, o que se reflete no conjunto de finalistas e nos projetos premiados”, afirma o presidente da GCI, José Manuel Costa. Entre os projetos a concurso destaca-se a inovação conseguida e apresentada no espaço de um ano e o aumento da produção nacional, salienta a consultora.Esta plataforma, com enfoque na inovação, visa a promoção de estilos de vida e hábitos alimen-tares saudáveis e a educação do consumidor, e contou, este ano, com o apoio de dois novos órgãos: um executive board focado em alimen-tação (composto pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, pela Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares e pela CAP – Agricultores de Portugal) e outro em

nutrição (composto pela Direção-Geral da Saúde, Direção-Geral do Consumidor e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge). Desta forma, passou a haver “maior capacidade para dar uma respos-ta eficiente aos diferentes setores da indústria e da investigação agroalimentar, nomeadamente na reformulação dos formulários, definição de

Vencedores do Galardão Serviço Inovação: Projeto NutriFun for kids – Programa As Aventuras do Nocas | Projeto NutriFun for kids

ToDA A InFoRMAção PoR APEnAS 32€o MELhoR DA DISTRIBuIção MoDERnA FICA MAIS PERTo DE SI, CoM A SToRE MAGAZInE!

Envie para: SToRE MAGAZInE • Av. Infante D. Henrique, nº 333 H, 37 • 1800-282 Lisboa

FoRMAS DE PAGAMEnTo:

Transferência bancária para o NIB: 0007 0000 16658500253 23. Envio do comprovativo para o fax 210 435 935 ou através do email [email protected]

Cheque à ordem de Newsengage – Media, Conteúdos e Comunidades, SA • Av. Infante D. Henrique, nº 333 H, 37, 1800-282 Lisboa

Assinatura

SIM, desejo assinar a SToRE MAGAZInE com o custo total de 32€ (4 edições).

Assine a SToRE MAGAZInE e entre no mundo da Distribuição e Comércio: a cada três meses, fique a conhecer as marcas, os protagonistas, os acontecimentos, as novidades e as tendências de um dos setores mais dinâmicos da economia portuguesa.

Os dados recolhidos são processados automaticamente pela newsengage – Media, conteúdos e comunidades, SA e destinam-se à gestão do seu pedido e à apresentação de futuras propostas. O seu fornecimento é facultativo, sendo-lhe garantido o acesso à respetiva retificação. Caso não pretenda receber propostas comerciais de outras entidades, assinale aqui

critérios de avaliação e composição do painel de jurados”. O prémio continuou a contar com o advisory board no apoio à organização como órgão consultivo. A edição deste ano dos Food & Nutrition Awards teve o apoio da APED, Continente, Banco Popu-lar, Fundação Calouste Gulbenkian e McDonald’s.

Page 40: 2014-12-30 17:12:08

40 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

“Consideramos tratar--se de um esforço das empresas, associações e instituições de ensino em desenvolverem projetos com enfoque em questões mais práticas, que facilitem o dia a dia da comunidade, mas também com fortes raízes nacionais, sem obviamente esquecer as questões da nutrição e da saúde”

Vencedor do Galardão Iniciativa de Mobilização: Prémio Agrobio/ABAE de Hortas Bio nas Eco-Escolas 2013/2014 | Agrobio e ABAE

Store | qual o balanço que faz da 5ª edição dos Food and nutrition Awards?Célia Craveiro | A 5ª edição desta iniciativa, organizada pela Associação Portuguesa dos Nutricionistas em conjunto com a consultora GCI, vem consolidar o sucesso alcançado nas anteriores edições. Foram avaliadas 60 candidaturas, divididas pelas quatro catego-rias a concurso – produto inovação, serviço inovação, iniciativa de mobilização e inves-tigação e desenvolvimento – pelo que será importante destacar a inovação conseguida e apresentada no espaço de um ano e o au-mento da produção nacional.Os projetos candidatos recebidos são bas-tante transversais, contemplando desde can-didaturas originadas por grandes empresas, microempresas, bem como ONG e faculda-des. Da avaliação resultou a comunicação de 35 finalistas, dos quais se premiou 16 candidatos.

Store | que desenvolvimentos tiveram os prémios desde a sua primeira edição?

CC | Ao longo dos cinco anos de concurso várias foram as alterações ocorridas, nomea-damente ao nível das categorias a concurso. Contudo, as últimas três edições contam já com as quatro categorias que atualmente concorrem, visto se terem afirmado como sendo aquelas que melhor descreviam de forma transversal o que de melhor se faz em Portugal no campo das Ciências da Nutrição. Nesta última edição contámos ainda com um apoio mais estreito por parte da Secretaria de Estado de Alimentação e Investigação Agroalimentar, tendo sido o secretário de Estado presidente do Júri.

Store | que evolução encontra nos premia-dos em termos de tendências?CC | No decorrer das últimas edições as-sistiu-se à candidatura de projetos ligados a diferentes temáticas que vão ao encontro das necessidades da população, onde se destacam candidaturas ligadas à promoção do consumo de fruta e à produção agrícola,

o que consideramos tratar-se de um esfor-ço das empresas, associações e institui-ções de ensino em desenvolverem projetos com enfoque em questões mais práticas, que facilitem o dia-a-dia da comunidade, mas também com fortes raízes nacionais, sem obviamente esquecer as questões da nutrição e da saúde.

Store | Em que sentido deverá evoluir o projeto?CC | O Food & Nutrition Awards foi criado com o objetivo de mobilizar a sociedade para a inovação no setor agroalimentar, no sector da saúde e no da edução, pelo que a iniciativa tem ao longo das suas edições afirmado o valor destes setores no panorama nacional, revelando e premiando bons exemplos da dinâmica, assente na inovação, com novas pessoas que che-gam e trazem consigo esta capacidade empreendedora e inovadora, pelo que se perspetiva a continuidade da implementa-ção desses objetivos.

mobilizar para a inovação

DISCuRSo DIRETo

Page 41: 2014-12-30 17:12:08

As marcas que poderão contar com os seus consumidores amanhãsão aquelas com que os seus consumidores podem contar hoje.

Se a sua marca tem algo para contar, faça-se anunciar nas publicações especializadas da NewsEngage.

www.newsengage.pt | [email protected] | 218 504 060

Page 42: 2014-12-30 17:12:08

42 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

marca

As raízes são portuguesas mas a ambição não tem fronteiras. É assim a Oliveira da Serra, marca nacional de azeite consumida e premiada em todo o mundo. Um alcance comprovado pelo estudo Tourist Take-Aways, realizado pela British Airways: num levantamento dos produtos alimentares mais populares entre os turistas bri-tânicos, há uma marca portuguesa que sobres-sai no top 10: a Oliveira da Serra. “Os turistas não referiram azeite, mas sim Oliveira da Serra. Isto quer dizer que a marca já tem uma força e uma presença muito forte”, afirma, a propósito, o diretor de marketing, Otto Teixeira da Cruz. Este reconhecimento comprova que a mar-ca está presente em toda a Europa, ainda que, diz o diretor de marketing, “com pro-fundidades diferentes de país para país, até

oliveira da Serra apostada em reforçar liderança

Com um total de 47 prémios, em 2014, a Oliveira da Serra afirma que a qualidade e o reconhecimento do azeite português são uma porta de entrada para os azeites em mercados internacionais. Trabalhar internacionalmente a origem do azeite e consolidar a posição de líder de mercado em Portugal, aumentando a distância da concorrência, são os objetivos da marca.

“Uma marca para se internacionalizar tem que ter um apoio muito forte. As marcas têm conceitos, posicionamentos e tudo isto tem de ser passado ao consumidor das diferentes geografias”

O lugar da Herdade do Marmelo, em Ferreira do Zêzere, ocupa o primeiro lugar no ranking do World’s Best Oil Mills

Page 43: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 43STORE MAGAZINE

Enquanto líder de mercado, a Oliveira da Serra prevê fechar o ano com 5 a 6 pontos percentuais acima do principal concorrente e pretende continuar a apostar na consolidação desta posição

“Oliveira da Serra tem um atributo de sabor, próprio da origem portuguesa, que dá certas características ao nosso azeite, que dificilmente se pode adaptar a outras geografias, que até podem ter gostos e vontade de ter azeites diferentes”

porque as realidades de consumo também são diferentes”. Aliás, é um país europeu – a França – aquele onde os azeites Oliveira da Serra são mais vendidos logo a seguir aos países de expressão portuguesa, primeiro Angola, depois Moçambique e Cabo Verde. Esta projeção é fruto de uma estratégia que di-ferencia exportação e internacionalização. Uma diferença que Otto Teixeira da Cruz faz questão de sublinhar: “uma marca para se internacio-nalizar tem que ter um apoio muito forte. As marcas têm conceitos, posicionamentos e tudo isto tem de ser passado ao consumidor das diferentes geografias”. É, assim, preciso per-ceber os mercados, o que o consumidor gosta e trabalhar a marca. “Este é o segredo para conseguir fechar um círculo virtuoso”, avança. Falando em segredo, a marca não pretende alterar o seu. A Oliveira da Serra tem carac-terísticas próprias da sua origem, que é a portuguesa, sendo “a única marca que pode garantir, dentro dos azeites virgem extra, que

todos os ingredientes são portugueses, por-que provêm de um olival próprio”, afirma Otto Teixeira da Cruz. São 10 milhões de oliveiras – “uma por cada português” – espalhadas por 57 quintas e quatro herdades portuguesas. Perante esta portugalidade, está fora de questão a possibilidade de alterar o paladar do azeite para ir ao encontro dos gostos de determinados mercados: “Oliveira da Serra tem um atributo de sabor, próprio da origem portuguesa, que dá certas características ao nosso azeite, que dificilmente se pode adap-tar a outras geografias, que até podem ter gostos e vontade de ter azeites diferentes”. É exatamente esta origem portuguesa que a Oliveira da Serra pretende trabalhar interna-cionalmente, com o diretor de marketing a reconhecer que, neste campo, “há um gran-de trabalho a fazer”, fazendo valer a qualida-de e o reconhecimento do azeite português. A aposta na internacionalização explica que o mercado nacional represente apenas 20% do negócio de azeite da Sovena, o grupo a que pertence a Oliveira da Serra. Mas, quer interna, quer externamente, o desempenho é de crescimento: “não há nenhum país do mun-do onde a marca e o azeite Oliveira da Serra não esteja presente e a crescer a bom ritmo”. Não obstante, o diretor de marketing não fala de números, argumentando que o indicador que mais valoriza são os volumes: “Este ano vamos fazer 12 milhões de litros e para o ano vamos querer crescer”, adianta. Enquanto líder de mercado, a Oliveira da Serra prevê fechar o ano com 5 a 6 pontos percentuais acima do principal concorrente e pretende continuar a apostar na consolidação desta posição. Para esse resultado concorre uma estratégia focada nos atributos da marca, atributos esses que – diz Otto Teixeira da Cruz – levam o con-sumidor a acreditar e a consumir os produtos Oliveira da Serra: “temos conseguindo aumen-tar a taxa de penetração nos lares”.

PRÉMIOS

o melhor azeite do mundo é português

Um total de 47 prémios, distribuídos pelos 22 concursos em que participou em 2014, faz da Oliveira da Serra a marca de azeites portugueses mais premiada, a nível nacional e internacional. A ocupar o primeiro lugar no ranking do World’s Best Olive Oil Mills, está o Lagar Oliveira da Serra, junto à Herdade do Marmelo, em Ferreira do Zêzere, posicionando-se como o melhor produtor de azeite do mundo. Daí que, para a Oliveira da Serra, não tenha sido surpresa ver o azeite que provém deste lagar reconhecido como o melhor do mundo: foi o que aconteceu, na categoria de frutado verde ligeiro, no concurso Mario Solinas. A nível individual, o Oliveira da Serra Gourmet é o azeite português preferido dos júris dos concursos em que participa, segundo a classificação atribuída pelo World’s Best Olive Oils, ocupando o 6º lugar no ranking dos azeites mais premiados do mundo em 2014. Um reconhecimento que se traduz numa porta de entrada para os azeites, e outros produtos portugueses, em mercados internacionais, assim afirma o diretor de marketing. Ao longo do ano, a marca portuguesa viu a qualidade do seu azeite ser também premiada na Ovibeja, Sial Canadá, Oil China, Olive Japan, Cope-nhagen International Olive Oil Award, Concurso Nacional de Azeite Virgem Extra (CNAVE), CINVE, Terraolivo e Olivinus.

Page 44: 2014-12-30 17:12:08

44 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

bacalhau da Noruega

Exportações para Portugal cresceram mais de 20%

O mercado português absorve cada vez mais o que se pesca no Mar da Noruega. O consumo de bacalhau cresceu 20% nos últimos quatro anos e o de salmão, embora menor, também tem tido um bom comportamento. Daí o investimento numa estratégia de comunicação que acentua as ligações entre os dois povos.

”A ideia foi ligar as pessoas que todos os dias, ano após ano, pescam, transformam e transportam os produtos do Mar da Noruega com as pessoas que os consomem em Portugal”

Não é surpresa que o bacalhau domine a mesa dos portugueses na consoada, mas um estudo realizado pela TNS Global em Portugal para a Norge – Conselho Norueguês da Pesca veio confirmar isso mesmo: 78% dos inquiridos identificaram o bacalhau como prato princi-pal dessa refeição, com a dimensão a crescer quando lhes foi pedido que nomeassem o que comem na noite de 24 para 25 de dezembro: 88% nomearam o bacalhau.Uma preferência que explica que o mercado português represente entre 28 e 34% das expor-tações de bacalhau da Noruega, um dos prin-cipais fornecedores do “fiel amigo”. Traduzindo a percentagem por valores, o negócio oscila

entre os 200 mil e os 250 mil euros, segundo números avançados à Store por Christian Bue Nordahl, representante em Portugal da Norge.Nos últimos quatro anos, as exportações de bacalhau da Noruega para Portugal cresceram mais de 20%, mas apenas em volume, porque em valor o comportamento tem sido estável. A este cenário não será alheia a crise económi-ca que o país tem atravessado. Ainda assim, Christian Nordalh sublinha que uma das razões para o aumento das importações de bacalhau norueguês se deve a um aumento de consumo, mas não só: é que há empresas portuguesas a expandir-se para outros mercados, levando o produto nomeadamente para o Brasil.

Christian Nordalh, representante da Norge em Portugal

Page 45: 2014-12-30 17:12:08

outubro/novembro/dezembro de 2014 45STORE MAGAZINE

Estava-se em 2011 quando surgiram na comunicação social, nomeadamente na televisão, os primeiros anúncios da Norge protagonizados por alguns dos mais conhe-cidos chefs portugueses. Eles e as famílias deram a cara pelo bacalhau da Noruega, sob o mote “Os chefs não sabem tudo”. Um conceito que, diz Christian Nordahl, teve grande sucesso, atestado pelo aumento de 20% no consumo de bacalhau norueguês. ”Não se se foi só por causa dos chefs, mas são com certeza parte da explicação...”, brincou o representante do Conselho No-rueguês da Pesca. Esta é – assevera – uma relação para con-tinuar a fomentar. Mas ”chegou a altura de dar mais um passo”. Daí o novo conceito de comunicação, assente na língua falada em cada um dos países: “A ideia foi ligar as pessoas que todos os dias, ano após ano, pescam, transformam e transportam os pro-dutos do Mar da Noruega com as pessoas que os consomem em Portugal. Quisemos fazer esta ligação de uma forma real e, para isso, usámos noruegueses que trabalham no dia a dia com orgulho e pai-

xão para entregar o melhor peixe aos portugueses. Do outro lado, temos consumi-dores que fazem pratos com esses produtos como só os portugue-ses sabem fazer”, reforça. Este con-ceito, sublinha, é uma homenagem aos dois povos e ”à enorme paixão que sempre os uniu e vai continuar a unir”. A estratégia é da Norge mas a criatividade é da R2, agência de comunicação e publicidade. Na apresentação do novo conceito, Paulo Alves explicou que a comunicação gizada assentou em três elementos: o respeito pela natureza, o respeito pelo produto e o respeito pelo consumidor. Quer para o bacalhau, quer para o salmão, foi colo-cada ênfase nos atributos de qualidade e versatilidade dos produtos. Mas os protagonistas são mesmo os no-ruegueses. São eles que, em norueguês,

dão conta da paixão que nutrem pelo que pescam. E fazem-no na sua língua natal: “Porque não colocar noruegueses a falar em norueguês nos anúncios, porque não usar palavras norueguesas nos materiais de ponto de venda?”. Foi desta premissa que partiu a agência. Afinal, a ideia era colocar pessoas reais em situações reais. E as pessoas reais norueguesas falam... norueguês. Já do lado de cá, as pessoas reais – consumidores – falam, naturalmente, português. A intenção foi evidenciar a ligação emocional que há entre os dois povos em torno de um deno-minador comum – a paixão. Daí o remate comuncional – “Criado por paixão”.

O aumento do consumo vai acentuar-se até final do ano: a previsão é de que haja um crescimento superior a 100% face a um mês normal, com dezembro a reclamar o pico da procura. E assim deverão ser vendidas mais de dez mil toneladas.A Norge vai ao encontro deste cenário com uma intensificação do investimento na comu-nicação comercial, usando a televisão como principal veículo e o ponto de venda como complemento. Tudo dentro do novo conceito pensado para o mercado português (ver caixa).Mas não só de bacalhau vive a Norge. O sal-mão é “um produto cada vez mais popular”, diz o representante do Conselho Norueguês da Pesca: “mais de 50% da população com-pra salmão durante o ano e está a crescer. Até agora o consumo tem crescido cerca de 20%”. Daí que o salmão seja também protagonista da campanha de publicidade que tem estado no ar. A Noruega tem ainda outro trunfo para o mercado português – o skrei. Trata-se de bacalhau fresco, e não seco salgado como é típico da gastronomia nacional. Ainda não tem grande expressão em termos de vendas, mas, ainda assim, já se veem resultados da aposta. A introdução deste produto come-

çou pelos restaurantes, mas já está também no retalho, com a época a decorrer entre os meses de janeiro e abril. “Parece que os portugueses gostam do sabor”, comenta Christian Nordahl.

comunicar a paixão

EStRAtÉgIA

Page 46: 2014-12-30 17:12:08

46 outubro/novembro/dezembro de 2014 STORE MAGAZINE

estante

A tragédia da União Europeiageorge soros e gregor peter schmitz

Numa série de entrevistas conduzidas por Gregor Peter Schmitz, George Soros – um homem com vasta experiência europeia, cuja história pessoal está na raiz das suas atuais preocupações – explica que a crise do euro não foi uma consequência inevitável da integração, mas sim o resultado de erros políticos, económicos e financeiros que teriam podido evitar-se. Mas, apesar da grande incerteza do período atual, continua a acreditar na União Europeia como modelo de uma sociedade aberta.

Editora: Temas e Debates 17,70 €

sugestÃo FNac

teNdêNcias destaque

Os desafios da economiarobert m. solow

Escrito numa linguagem acessível ao grande público, neste livro autores distinguidos com o prémio Nobel da Economia Paul R. Krugman, Eric S. Maskin, Dale Mortensen ou John Nash abordam algumas das principais questões com que a sociedade atual se defronta.

Editora: Clube do Autor16,00 €

Portugal esse desconhecidoJoão césar das Neves

O autor defende a tese de que Portugal não é um problema, mas indiscutivelmente tem problemas. E o principal é que permanece muito desconhecido aos seus: pessoas que vivem em Portugal desde pequenas, que o conhecem por dentro, que falam a cada passo sobre ele, de facto ignoram alguns traços principais da sua realidade.

Editora: Dom Quixote15,90 €

Marketing Digital 360Vasco marques

A web é o único canal onde o investimento em marketing continua a aumentar. Estar online é inevitável, o desafio é como fazer bem e de forma eficiente. Este livro apresenta soluções simples, rápidas e práticas para responder a este contexto e criar um plano de marketing digital capaz de fazer crescer o negócio.

Editora: Actual19,90 €

O CApITAL NO SéCuLO XXIThomas PikettyO autor analisa um conjunto exclusivo de dados de vinte países, que percorrem mais de três sécu-los, para discernir os padrões socioeconómicos fundamentais. As suas descobertas transformarão o debate e as prioridades da reflexão sobre rique-za e desigualdade das próximas gerações.Editora: Temas e Debates24,40 €

FLASh BOySMichael LewisEste livro é o resultado de uma investigação do repórter de economia norte-americano Michael Lewis sobre o caso Goldman Sachs, a partir da detenção do programador russo Sergey Aleynikov. O resultado de quatro anos de investigação caiu como uma bomba, ao revelar que havia um esque-ma perfeitamente legal para viciar a bolsa.Editora: Lua de Papel16,90 €

ESSENCIALISMO, AprENdA A FAzEr MENOS MAS MELhOrGreg McKeownQuantas vezes já reagiu a um pedido dizendo que sim, sem pensar devidamente no assunto? Considera que está constantemente atarefado, mas não é produtivo? Este livro responde a esta e outras perguntas, contendo a solução para con-trolar todas as suas escolhas, identificar as tarefas verdadeiramente importantes na sua vida e fazer menos, mas melhor.Editora: Vogais16,99 €

Page 47: 2014-12-30 17:12:08

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

AF_STORE_MAGAZINE.pdf 1 7/11/14 11:07 AM

Page 48: 2014-12-30 17:12:08

Top Related