Download - 2014 09 setembro

Transcript
Page 1: 2014 09 setembro

Ano XIII | 231 | Setembro 2014

ISSN

217

8-57

81

O que esperamos do próximo governador

Responsabilidade Social: educação, capacitação profissional, saúde e pobreza rural

Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural

Política Agrícola

Segurança Rural

Infraestrutura e Logística

Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Segurança Alimentar

Page 2: 2014 09 setembro
Page 3: 2014 09 setembro

PALAVRA DO PRESIDENTE

A revista Campo é uma publicação da Federação da

Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional

de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela

Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com

distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assina-

dos são de responsabilidade de seus autores.

CAMPO

CONSELHO EDITORIAL

Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto

e Eurípedes Bassamurfo da Costa.

Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)

Reportagem: Catherine Moraes, Michelle Rabelo e

Luiz Fernando Rodrigues (estagiário)

Fotografia: Larissa Melo e Fredox Carvalho

Revisão: Denise N.Oliveira

Diagramação: Rowan Marketing

Impressão: Gráfica Amazonas Tiragem: 12.500

Comercial: (62) 3096-2123

[email protected]

DIRETORIA FAEGPresidente: Leonardo Ribeiro

Vice-presidente: Antônio Flávio Camilo de Lima.

Vice-presidentes Institucionais: Bartolomeu Braz Pereira, Wanderley Rodrigues de Siqueira.

Vice-presidentes Administrativos: Eurípedes Bassamurfo da Costa, Nelcy Palhares Ribeiro de Góis.

Suplentes: Flávio Augusto Negrão de Moraes, Flávio Faedo, Vanderlan Moura, Ricardo Assis Peres, Adelcir Ferreira da

Silva, José Vitor Caixeta Ramo, Wagner Marchesi.

Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos

Santos, José Carlos de Oliveira.

Suplentes: Joaquim Vilela de Moraes, Dermison Ferreira da Silva, Oswaldo Augusto Curado Fleury Filho, Joaquim Saeta

Filho, Henrique Marques de Almeida.

Delegados Representantes: Walter Vieira de Rezende, Alécio Maróstica.

Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar Rodrigues da Rocha.

CONSELHO ADMINISTRATIVO SENAR

Presidente: Leonardo Ribeiro

Titulares: Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas de Mendonça.

Suplentes: Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago

de Castro Raynaud de Faria.

Conselho Fiscal: Maria das Graças Borges Silva, Elson Freitas e Sandra Maria Pereira do Carmo.

Suplentes: Rômulo Divino Gonzaga de Menezes, Marco Antônio do Nascimento Guerra e Sandra Alves Lemes.

Conselho Consultivo: Arno Bruno Weis, Alcido Elenor Wander, Arquivaldo Bites Leão Leite, Juarez Patrício de Oliveira Júnior,

José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela Souza.

Suplentes: Cacildo Alves da Silva, Michela Okada Chaves, Luzia Carolina de Souza, Robson Maia Geraldin, Antônio Sêneca do

Nascimento e Marcelo Borges Amorim.

Superintendente: Eurípedes Bassamurfo Costa

FAEG - SENARRua 87 nº 662, Setor Sul CEP: 74.093-300

Goiânia - Goiás

Fone: (62) 3096-2200 Fax: (62) 3096-2222Site: www.sistemafaeg.com.br

E-mail: [email protected]

Fone: (62) 3412-2700 e Fax: (62) 3412-2702 Site: www.senargo.org.br

E-mail: [email protected]

Para receber a Campo envie o endereço de entrega para o e-mail: [email protected].

Para falar com a redação ligue: (62) 3096-2114 – (62) 3096-2226.

Laris

sa M

elo

À espera das eleições 2014, o país tem grandes desafios a serem vencidos e isso não é diferente com o setor produtivo. O mês de setembro foi um mês de grandes discussões em Goiás movimentadas pela agropecuária e a Federação não poderia se ausentar. É dentro deste contexto que a capa da Revista Campo e nossa principal matéria tratam do documento de gestão elaborado para ser entregue aos candidatos ao governo do nosso Estado. Nele, elencamos sete principais tópicos que julgamos fundamentais para o desenvolvimento de Goiás.

Nossos problemas começam na base de uma sociedade, a educação e, infelizmente as taxas de alfabetização no campo ainda são muito baixas com-paradas às cidades, por exemplo. O Sistema Faeg, juntamente com o Senar Goiás está agindo, cada vez mais, em prol do produtor rural. Prova disso são nossos programas como Agrinho, Pronatec e até o recém-lançado portal de Educação à Distância (EaD). Apesar disso, temos consciência que não dá para caminhar sozinho.

O contato diário com produtores e entidades que representam o setor agro-pecuário nos faz entender, de fato, a força das pessoas que trabalham e vivem no campo. São inúmeras Histórias – com H maiúsculo mesmo, que se tornam realidade quando defendidas em grupo. E o Sistema Faeg está com a “mão no arado” e sem olhar para trás. Ainda temos muito que realizar em prol do desenvolvimento do campo goiano.

A Conferência Internacional de Confinadores (Interconf) também foi um grande palco de debate que foi de nível estadual às eleições para a presidência da República. Uma ótima oportunidade para nós, produtores, discutirmos os planos de governo que nos agradam e a importância de representatividade política. Na ocasião eu disse, e volto a repetir, que se não discutirmos política, perderemos sempre da porteira para fora.

Acima de tudo isso, a motivação e alegria de ver o produtor crescendo e alcançando o próprio espaço tem sido nosso combustível para continuar a trabalhar, com excelência e compromisso, em busca de rentabilidade, produtividade e qualidade de vida para o homem do cam-po e seus familiares – a nossa razão de ser!

A necessidade de discutir política

Leonardo RibeiroPresidente do Sistema FAEG

Page 4: 2014 09 setembro

Interconf 2014 e Goiás Genética

PAINEL CENTRALLa

rissa

Mel

o

Laris

sa M

elo

Caso de Sucesso Depois de sair em busca de capacitação ao lado da filha, a merendeira

Maria Auricélia de Brito virou artesã e hoje sonha com um futuro diferente

34

Prosa À frente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Leonardo Ribeiro fala das expectativas do setor produtivo rural em relação à próxima gestão pública estadual

8

14Eventos abordam temas densos como política e pesagem de frigoríficos

Laris

sa M

elo

4 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 5: 2014 09 setembro

Laris

sa M

elo

Soja Brasil Fórum Soja Brasil levanta tendências para próxima safra

30

Federação elabora documento sobre expectativa para próxima gestão e entrega a candidados ao governo de Goiás. Capa: Rowan Marketing

Ano XIII | 231 | Setembro 2014

ISSN

217

8-57

81

Responsabilidade Social: educação, capacitação profissional, saúde e pobreza rural

Infraestrutura e Logística

Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural

Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Política Agrícola

Segurança Alimentar

Segurança Rural

O que esperamos do próximo governador

Agenda Rural 06

Fique Sabendo 07

Delícias do Campo 33

Campo Aberto 38

Treinamentos e cursos do Senar 36

22À espera de benefícios O produtor Walter Vieira e outros representantes do setor falam sobre o que a agropecuária espera do próximo governador

Falta de investimento no setor hidroviário é debatido na Faeg

Hidrovia Paraná-Tietê 27

Fred

ox C

arva

lho

18Nota Fiscal Eletrônica Sefaz divulga emissão do documento pela internet e apresenta vantagens para produtor

Laris

sa M

elo

Fred

ox C

arva

lho

Setembro / 2014 CAMPO | 5www.senargo.org.br

Page 6: 2014 09 setembro

AGENDA RURAL

15 de setembro a 18 de setembro

6 a 17 de setembro 24 de setembro

Horário: 18 horas (Abertura oficial)

Local: Oliveira’s Place, Goiânia-GO (15 a 17/09),

e Confinamento São Lucas, Santa Helena de Goiás-GO (18/09)

Informações: 62 3432-0395

Goiás Genética 2014 Local: Parque de Exposição de Goiânia

Horário: 8h30Informações: 62 3203-1212

II Fórum AgronegóciosLocal: Mercure Hotel

Horário: 8h30 às 12 horasInformações: 62 4006-1166

Men

del C

ortiz

o

Interconf 2014

www.sistemafaeg.com.br6 | CAMPO Agosto / 2014

Page 7: 2014 09 setembro

FIQUE SABENDO

Federação discute legislação trabalhista e mercado de boi

Com o intuito de alertar os pro-

dutores rurais sobre legislação traba-

lhista e mercado pecuário, a Fede-

ração da Agricultura e Pecuária de

Goiás (Faeg) realizou duas edições

do programa Campo em Ordem.

Desta vez, os municípios participan-

tes foram Mozarlândia e Nova Crixás

e para isso, contou com a presença

da assessora jurídica da federação,

Rosirene Curado; presidente da Co-

missão de Pecuária de Corte, Mau-

rício Velloso e da assessora técnica

da Faeg para a área de pecuária de

corte, Christiane Rossi.

A principal pauta debatida foi a

NR-31, que dispõe sobre Segurança

e Saúde no Trabalho na Agricultu-

ra, Pecuária, Silvicultura, Explora-

ção Florestal e Aquicultura. A Faeg

vem, desde a publicação da norma,

desenvolvendo várias ações de cons-

cientização do produtor rural. Além

disso, o mercado do boi e o progra-

ma Pesebem, da Faeg, também com-

puseram a pauta.

divu

lgaç

ão e

dito

ra A

ppris

Mau

rício

Vel

loso

Recém-lançado, o livro “Análi-

se Espacial da Expansão Canavieira

no Sudoeste de Goiás” trata de um

dos temas de maior relevância neste

princípio de século: o uso energético

da cana-de-açúcar.

Segundo a autora, Íria Oliveira

Franco, o país vive atualmente uma

problemática marcada pelo trinômio

energia-sustentabilidade-segurança

alimentar. Diante disso, o livro abor-

da a morfologia, a fenologia, as va-

riedades, a exigências para o cultivo,

a produção de cana-de-açúcar no

Brasil, no estado de Goiás e na mi-

crorregião sudoeste.

Além disso, iria também fala so-

bre o uso do modelo DSSAT/Cane-

gro para produção preditiva de ca-

na-de-açúcar, das características das

usinas sucroalcooleiras pesquisadas

no sudoeste de Goiás e dos fatores

atrativos a instalação das mesmas.

Cana-de-açúcar

PESQUISA

REGISTRO 14ARMAZÉM

Processo tecnológico garante sustentabilidade à cadeia produtiva de caranguejo

Com o objetivo de diminuir o número de crimes am-bientais nas áreas de mangues, a Embrapa Meio-Norte desenvolveu um processo tecnológico denominado de “caranguejo verde”, processo que organiza o processo desde a captura do crustáceo até a chegada ao consu-midor final, garantindo sustentabilidade à atividade pes-queira. O procedimento garante o afastamento da amea-ça da quebra da cadeia produtiva do caranguejo-uçá e é fruto da Instrução da Normativa número 9, de 2 de julho

de 2013, do Ministério da Pesca e Aquicultura e do Minis-tério do Meio Ambiente.

O processo tecnológico foi desenvolvido pelo pesqui-sador Jefferson Legat e consiste em retirar o animal atra-vés do método do braceamento e transportá-los soltos em caixas de plástico. Além disso, é recomendado que os animais sejam divididos em faixas de espuma umedecida. Seguindo esse método, estima-se que a taxa de mortali-dade dos crustáceos caía de 55% para 5%.

Shutt

er

Setembro / 2014 CAMPO | 7www.senargo.org.br

Page 8: 2014 09 setembro

PROSA RURALLa

rissa

Mel

o

Por um setor produtivo rural amparadoMichelle Rabelo | [email protected]

LEONARDO RIBEIRO é produtor rural e presidente da Federação

de Agricultura e Pecuária de Goiás

8 | CAMPO Agosto / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 9: 2014 09 setembro

Revista Campo: O documento

foi elaborado com o intuito de con-

tribuir para a construção de uma vi-

são estratégica de estado e da defi-

nição das políticas públicas a serem

trabalhadas pelos candidatos ao

governo de Goiás. Em âmbito geral,

o que foi levado em consideração

para propor uma política consisten-

te e duradoura voltada ao fortaleci-

mento contínuo da agropecuária e

do agronegócio?

Leonardo Ribeiro: O documento

foi elaborado pela Federação e contou

com a parceria dos nossos Sindicatos

Rurais que elencaram os principais

pontos a serem trabalhados. Nossa

expectativa maior é promover a sen-

sibilização da base política do estado

como uma estratégia de fornecer sub-

sídios e contribuir com a orientação na

elaboração de políticas indispensáveis

com vistas a atender as crescentes de-

mandas por alimentos e agroenergia,

tanto do mercado interno, quanto dos

mercados globalizados e, continuar

gerando empregos e riquezas para o

conjunto da sociedade goiana e bra-

sileira. Os temas subdivididos foram:

Responsabilidade Social: educação e

capacitação profissional, saúde e po-

breza rural; infraestrutura e logística;

pesquisa, assistência técnica e exten-

são rural; meio ambiente e recursos

hídricos; política agrícola; segurança

alimentar e segurança rural. Acredi-

tamos que estes elementos resumem

as maiores carências do campo que

podem, inclusive, no sentido de pos-

sibilitar um crescimento ainda maior.

Revista Campo: A logística in-

terfere diretamente no escoamen-

to e comercialização da produção

agropecuária definindo a sua ca-

pacidade de inserir-se e manter-se

nos mercados globalizados. Quais

as medidas que devem ser tomadas

para melhorar as condições de in-

fraestrutura do estado?

Leonardo Ribeiro: Uma das

principais expectativas do setor rural

está relacionada à continuidade dos

programas de melhoria das condições

das estradas e rodovias goianas. Além

disso, elencamos como importante

a ampliação dos investimentos em

transporte intermodal, interligando

rodovias, ferrovias e hidrovias. Isso

nos garante produtividade, competi-

tividade. A conclusão da malha fer-

roviária do Estado e plataformas mul-

timodais, promovendo a interligação

nas regiões de maior produção agro-

pecuária, também é uma das grandes

expectativas.

Revista Campo: Quanto ao en-

sino, o posicionamento da Faeg é de

que é preciso construir uma agen-

da positiva em relação à educação,

tanto formal, quanto profissional.

Nesse quesito, quais os principais

pontos abordados no documento e

defendidos para o crescimento do

setor agropecuário?

Leonardo Ribeiro: Sem som-

bras de dúvida, a educação é a base

de uma sociedade desenvolvida e a

nossa luta não é diferente. No meio

rural, a situação ainda é mais comple-

xa que na zona urbana. Com a escolha

pela urbanização e industrialização

do Brasil, a partir da década de 1920,

a educação foi priorizada no meio

urbano como um fator indutor a es-

tas políticas. Apenas 6,4% da popu-

lação rural concluiu o ensino médio,

no meio urbano, esse número é de

20,5%. Temos que voltar nosso olhar

para esta realidade e por esse motivo

o Senar Goiás investe em educação

e capacitação. Bons exemplos são o

Expectativas do setor produtivo rural em relação à próxima gestão pública estadual

foram tema de um documento entregue aos candidatos que disputam corrida à Casa

Verde. À frente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Leonardo

Ribeiro é o entrevistado da edição de setembro da Revista Campo e fala sobre alguns dos

sete itens que compõem a lista de demandas, que se atendidas, devem melhorar a vida de

quem vive no campo e do campo.

Ele fala de um trabalho contínuo, com excelência e compromisso, junto ao produtor ru-

ral, mas defende a necessidade de políticas públicas que fortaleçam o setor. Pensando nis-

so, Faeg e entidades representativas do agronegócio vêm debatendo internamente aspectos

importantes para o desenvolvimento rural, bem como, para outras áreas estratégicas, do

país, do estado e dos municípios goianos.

Setembro / 2014 CAMPO | 9www.senargo.org.br

Page 10: 2014 09 setembro

Apenas 6,4% da população rural

concluiu o ensino médio, no meio

urbano, esse número é de 20,5%

Uma sugestão é a criação de escolas

agrícolas para jovens infratores,

assim como, construção de

presídios regionais agrícolas

Pronatec e o Programa Agrinho, que

teve mais de 600 mil alunos capaci-

tados. Apesar disso, precisamos do

auxílio do estado para alcançar resul-

tados ainda mais satisfatórios.

Revista Campo: O setor produ-

tivo tem trabalhado frequentemente

na busca de uma atividade ambien-

talmente correta e legal, tendo em

vista o rigor das legislações. O que

o setor produtivo rural espera do

próximo gestor estadual no que se

refere à área ambiental e de recursos

hídricos?

Leonardo Ribeiro: Todas as ati-

vidades produtivas no setor agrope-

cuário necessitam de algum tipo de

licenciamento ambiental ou outorga

pelo uso da água, para a atividade de

forma direta ou em algum processo

que antecede a produção. Nesta li-

nha temos anseios como: incremen-

to da descentralização do licencia-

mento ambiental dando apoio aos

municípios para que possa exercer

a gestão ambiental; implantação do

Zoneamento Ecológico Econômico;

estimular a construção de depósitos

regionais para o recolhimento de em-

balagens de agrotóxicos; implantação

de programas de estímulo à economia

de água; implantação do Plano Dire-

tor de Irrigação no Estado de Goiás,

entre vários outros.

Revista Campo: Diante de de-

poimentos, nota-se que no meio ru-

ral a sensação de insegurança tem

crescido cada dia mais. O que o setor

espera da próxima gestão em rela-

ção à segurança rural?

Leonardo Ribeiro: No meio ru-

ral a sensação de insegurança ul-

trapassa todos os limites de plau-

sibilidade. Diversas fazendas foram

objeto de invasão, roubo e até latro-

cínio, com utilização de agressões

físicas, torturas e toda série de me-

canismos necessários para a com-

pleta submissão e humilhação das

vítimas para a satisfação do intento

dos bandidos. Esta é uma demanda

urgente e precisa ser priorizada com

a criação, por exemplo, de um Ba-

talhão Rural, com patrulha. Outra

sugestão que damos é a criação de

escolas agrícolas para jovens infra-

tores, assim como, construção de

presídios regionais agrícolas, com

efetiva capacitação profissional e

oportunidade de trabalho dos pre-

sos reeducandos.

10 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 11: 2014 09 setembro

MERCADO E PRODUTO

O desenvolvimento das

grandes cidades, a aceleração

do processo de urbanização

das três últimas décadas do

século XX e o desafio surgi-

dos a partir de então, como a

pobreza urbana e a garantia

do abastecimento alimentar

para as populações, contribu-

íram para um maior interesse

em ações urbanas.

A Agricultura Urbana e

Periurbana surge então como

um conceito que inclui a pro-

dução, a transformação e a

prestação de serviços para

gerar produtos agrícolas e

pecuários voltados ao auto

consumo, trocas e doações

ou comercialização, (re)apro-

veitando-se, de forma eficien-

te e sustentável, os recursos e

insumos locais. Essas ativida-

des estão vinculadas às dinâ-

micas urbanas ou das regiões

metropolitanas e articuladas

com a gestão territorial e am-

biental das cidades.

Um panorama da agricul-

tura urbana e periurbana no

Brasil foi realizada por San-

tandeu e Lovo em 11 Regiões

Metropolitanas demonstrando

o número de atividades identi-

ficadas nas regiões metropoli-

tanas estudadas. Esse levanta-

mento revela que Goiânia é a

cidade com o menor número

de atividades nesse setor entre

as demais capitais.

De acordo com dados da

Central de Abastecimento de

Goiás (Ceasa-GO) a quan-

tidade de alimentos comer-

cializados alcançou valores

próximos a 900 mil toneladas

em 2012. Entre os grupos de

alimentos comercializados, as

hortaliças apresentaram redu-

ção em 1,19% na quantida-

de nos últimos anos, porém,

com um aumento de 13,98%

do valor dos produtos, as fru-

tas tiveram 12,34% a mais

de quantidade no comércio e

com acréscimo de 50,57% no

valor comercializado. Esses

resultados revelam a valoriza-

ção dos produtos hortifrútis.

Dos produtos comerciali-

zados no Ceasa-GO, o tomate

representa 9,60% da oferta ge-

ral, acompanhado de batatinha

(9,34%), laranja (9,03%), aba-

caxi (8,34%), maçã (7,35%),

banana (5,57%) e repolho

(4,78%). As principais micror-

regiões de Goiás que ofertam

produtos para o Ceasa são:

Goiânia (36,80%), Anápolis

(31,90%), Entorno de Brasí-

lia (12,60%) e Ceres (5,21%).

Consciente desta realidade, o

que preocupa o caixa goiano

e o bolso dos consumidores

são os alimentos que são co-

mercializados na Ceasa

originários de outros es-

tados: 100% da maçã;

100% do melão; 100%

da pera; 99,82% da

uva; 86,72% do ma-

mão; 74,50% da cebola;

74,20% da batatinha; 63,89%

da manga e 60% da laranja

e da melancia. As regiões

brasileiras que contribuem

com produtos são os outros

estados do Centro-Oeste

(48,31%), 27,03% da região

Sudeste, 11,31% do Sul,

9,82% do Nordeste e 3,53%

do Norte. Se considerar os

custos com o transporte des-

ses produtos, a produção dos

mesmos em Goiás poderia

reduzir o preço final dos ali-

mentos na venda em atacado

e no varejo.

A possibilidade de produ-

ção de hortifrútis em Goiás por

meio da Agricultura Urbana é

opção para áreas como lotes

vagos, terrenos baldios, praças

e parques, escolas, presídios e

áreas inundáveis, que não pos-

suem atividade produtiva e eco-

nômica presente, produzindo

hortaliças e frutas que hoje são

importadas de outros estados e

fortalecendo a cadeia produtiva

goiana, promovendo receita aos

produtores rurais, qualidade de

vida e sucessão familiar.

Agricultura Urbana e a produção de hortifrútis em GoiásLeonnardo Cruvinel | [email protected]

Leonnardo Cruvinel

é engenheiro agrônomo,

químico e coordenador

técnico do Senar/AR-GO

Laris

sa M

elo

Gráfico de iniciativas por tipo de atividade de AUP desenvolvida nas 11 regiões metropolitanas estudadas.

Shutt

er

Setembro / 2014 CAMPO | 11www.senargo.org.br

Page 12: 2014 09 setembro

AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL

ITARUMÃ

O Sindicato Rural de Cromínia comemorou o Dia do Produtor oferecendo almoço para todos os filiados e suas respectivas famílias. Na oportunidade, fez também a entrega de certificados para os participantes das ações de Formação Profissional Rural (FPR) e Promoção Social (PS). O Presidente do Sindicato, João Marciano, apresentou as conquistas e agradeceu os filiados pela colaboração e ajuda na construção e término da sede nova do Sindicato Rural.

CROMÍNIA

Comemoração Dia do Produtor

VALPARAÍSO DE GOIÁS

Foi realizada, no último dia 21 de agosto, a cerimônia de entrega de certificados do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), no município de Valparaíso de Goiás. Ao todo, comparecem cerca de 200 formandos com suas famílias, sendo 30 formandos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) por turmas de vivieiricultura. O evento, que teve apoio do Sindicato Rural de Luziânia, contou com a presença da prefeita Lucimar Conceição do Nascimento, o coordenador do Pronatec no município, Francisco Miranda e o supervisor regional do Entorno do Distrito Federal, Dirceu Borges.

Entrega de certificados do Pronatec

Criançada consciente

Dirc

eu B

orge

sAn

telm

o Te

ixei

ra

Laris

sa M

elo

Se engana quem pensa que vai encontrar no Dia de Campo apenas produtores de leite. Na edição do programa que ocorreu no município de Itarumã, a criançada marcou presença e chamou a atenção de quem passava pela chácara de Luiz José. Devidamente uniformizadas, as crianças que integram o projeto Guardiões da Vida, encabeçado pela Escola Municipal Orestes Rodrigues de Freitas, foram até o local conhecer de perto a propriedade na qual Luiz José cria gado de leite.

Segundo a organização, o objetivo do projeto, que segue o tema do Agrinho, é mudar a consciência de cada um, aproximando as crianças da natureza. “Todo dia tem uma novidade. O processo de conscientização é feito a longo prazo. É um trabalho de formiguinha, porém enriquecedor tanto para as crianças quanto para nós, professores”, explica o professor e secretário de Educação de Lagoa Santa, Aparecido Donizete.

12 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 13: 2014 09 setembro

Sistema de plantio direto

Construindo móveis de bambu

INHUMAS

O Sindicato Rural de Inhumas realizou a Cavalgada que marcou a abertura da Exposição Agropecuária de 2014. Foram mais de mil cavaleiros que desfilaram pelas ruas da Cidade. O Presidente do Sindicato Rural do município, Saulo de Faria, falou da importância do evento na promoção das ações da Entidade e na valorização da cultura local que tem cunho na Agropecuária. O Sistema Faeg foi representado pelo Gerente Sindical Antelmo Teixeira Alves.

Desfile de cavaleiros

Ante

lmo

Teix

eira

DOVERLÂNDIA

Como um meio de complementar a renda de casa ou encontrar de vez a profissão, um grupo de oito participantes fez o treinamento de Móveis de Bambu, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, no município de Dorverlândia. O curso, que foi realizado no Sítio Estrelas, foi ministrado pela instrutora Guaraci José de Freitas. Com a capacitação adquirida, os alunos agora buscam maneiras de vender seus produtos, tendo apoio do Sindicato Rural da cidade.

CABECEIRAS

O presidente do Sindicato Rural de Cabeceiras, Arno Bruno Weis, recebeu no mês de julho o pesquisador John Landers, introdutor do sistema de plantio direto na palha no Brasil no início da década de 70 no estado do Paraná. Na ocasião, o evento contou com a presença de vizinhos da fazenda Bianco, onde foi realizado o encontro, e os produtores foram orientados sobre a compactação de solo, principalmente sobre os maquinários que são utilizados na agricultura.

A palhada, técnica disseminada pelo pesquisador, protege o solo e evita o aquecimento direto do Sol, evitando as correntes ascendentes de ar e diminuindo as turbulências em pequenas aeronaves. Durante a visita, John Landers ainda citou o início da agricultura tecnificada no Brasil há 80 anos pelo Rio Grande do Sul com equipamentos vindos do Uruguai, tomando o Brasil aos poucos. Em Goiás, as práticas mecanizadas chegaram nos anos 70 e, hoje, o estado está entre os três mais tecnificados do país, junto com Mato Grosso e Bahia, ganhando destaque mundialmente.

Sind

icat

o Ru

ral d

e Ca

bece

iras

Hact

os C

arne

iro

Setembro / 2014 CAMPO | 13www.senargo.org.br

Page 14: 2014 09 setembro

Interconf e Goiás Genética abordam temas densos como política e pesagem de frigoríficosCatherine Moraes | [email protected]

Pecuária no centro das discussões

Laris

sa M

ello

BOVINOCULTURA

Com dois grandes eventos volta-dos, um para confinamento e outro para melhoramento gené-

tico, Goiás se tornou palco de amplo debate sobre a pecuária no mês de se-tembro. As temáticas que vão desde pe-sagem burlada em frigorífico a eleições 2014, reforçam que o produtor rural

precisa discutir temas da porteira para fora e se preocupar, cada vez mais, com tecnologia, representatividade política e custos de produção.

Com abertura oficial realizada no último dia 10 de setembro, a Goiás Genética deste ano debateu como au-mentar a lucratividade, otimizar recur-sos da propriedade e diminuir os custos de produção. Mas, mais que isso, teve um debate aceso sobre a pesagem dos frigoríficos do Estado. Na solenidade de abertura, o presidente da Socieda-de Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Ricardo Yano, fez pesadas crí-ticas ao comportamento dos frigoríficos que estariam subtraindo dos produtores na pesagem dos animais.

Segundo ele, os criadores investem em tecnologia, em genética e em outros setores, obtêm um animal melhorado, mas sofrem os prejuízos econômicos na

hora da pesagem. “Pode estar indo para o ralo um real ou mais por arroba na hora da pesagem dos animais”, apontou Ricardo Yano.

PeseBem: relação de confiançaNa Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) a discussão já é antiga e para garantir uma boa relação de con-fiança entre produtor e frigorífico, há 10 anos criou o PeseBem. O programa consiste em instalar balanças na linha de abate para aferir o peso dos animais abatidos nos frigoríficos que aderem ao programa. O valor pago por boi, pelo produtor, é de R$ 1,41 por cabeça pe-sada e conferida.

Desde 2003, quando o programa co-meçou a pesagem até o final de 2013, foram mais de 6,3 milhões de cabeças pesadas. Apenas em 2013 foram 714 mil. Além disso, hoje estão disponíveis

O produtor

prefere reclamar

do peso e

ainda resiste

a pagar uma

fração ínfima

de seu boi, de

R$ 1,41 por

cabeça pesada e

conferidaMaurício Velloso, presidente da

Comissão de Pecuária de Corte da Faeg sobre o PeseBem

Presidente da SGPA, Ricardo Yano fez duras críticas aos frigoríficos

www.sistemafaeg.com.br14 | CAMPO Setembro / 2014

Page 15: 2014 09 setembro

Laris

sa M

ello

em nove frigoríficos: Marfring (Mineiros e Rio Verde); JBS (Goiânia, Mozarlândia, Anápolis, Senador Canedo); Minerva (Palmeiras de Goiás); Plena (Porangatu) e Mataboi (Santafé de Goiás). Outros dois, em Goianira e Hidrolândia, espe-ram implantação do serviço.

“A própria decisão do frigorífico de aceitar o PeseBem, significa que esta planta está disposta a ter sua balança independente e aceitar o peso dela. O produtor tem essa ferramenta, mas o instrumento é subutilizado. Foi uma conquista da classe depois de muitos embates com muitos frigoríficos. O produtor prefere reclamar do peso e ainda resiste a pagar uma fração ínfima de seu boi, de R$ 1,41 por cabeça pesa-da e conferida”, afirma Maurício Vello-so, presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg.

Com tom político, a abertura da Conferência Internacional de Con-finadores (Interconf) 2014 foi reali-zada no último dia 15 de setembro,

no auditório do Oliveira’s Place, em Goiânia. As discussões permearam desde os discursos políticos do se-tor, passando pela necessidade de representatividade e finalizando com planos de ações de candidatos à presidência da República.

Nesta mesma temática, o jornalista Heraldo Pereira realizou uma palestra sobre Política, Agropecuária e Eleições 2014. Entre os presentes, o deputado federal e candidato ao Senado, Ronal-do Caiado e o presidente licenciado da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, candidato a uma vaga na Câmara Fe-deral também esteve no evento e ocu-pou um lugar na plateia. A abertura foi realizada pelo presidente da Faeg, Leonardo Ribeiro. Na ocasião, ele res-saltou a importância do evento que completou sua 7ª edição.

Com auditório lotado, o presidente falou sobre a necessidade de discutir es-tratégias e política agropecuária. “Somos

ótimos dentro de nossas propriedades, mas se não nos incluirmos em debates maiores perderemos sempre da porteira para fora. A parte técnica está sendo am-plamente discutida, mas precisamos de visão estratégica, de política”, completou.

Pode estar indo

para o ralo um

real ou mais por

arroba na hora

da pesagem

dos animaisRicardo Yano,

presidente da SGPA

Setembro / 2014 CAMPO | 15www.senargo.org.br

Page 16: 2014 09 setembro

Se não discutirmos política,

perderemos da porteira para fora

Leonardo Ribeiro, presidente da Faeg

A parte técnica está sendo

amplamente discutida, mas

precisamos de visão

estratégica, de política

Leonardo Ribeiro, presidente da Faeg ressalta importância de significação política

Laris

sa M

ello

Eduardo Alves, presidente da Asso-ciação Nacional de Confinadores (As-socon) completou: “este é um ano de incerteza política e eu espero que tenha-mos no Congresso Nacional políticos que nos representem. O mercado passa por um bom momento, com abertura internacional. Este é o momento para evoluirmos ainda mais”, finalizou.

“Discurso de vítima não cola mais”Jornalista e palestrante Heraldo

Pereira, que atua na área desde 1978, também é mestre em direito cons-titucional. Com a temática voltada para as eleições, o jornalista falou da importância do produtor rural se ma-nifestar e saber convencer, dominar o próprio discurso. “Há pouco tempo o produtor não sabia se manifestar sobre meio ambiente e, foi entrando na discussão que conseguiu a apro-vação do Código Florestal Brasileiro. O Discurso de vítima não cola mais, é preciso se manifestar com qualida-de”, completou.

16 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 17: 2014 09 setembro

O Discurso de vítima

do produtor não

cola mais. É preciso

saber se manifestar

com propriedade

sobre assuntos

do setorHeraldo Pereira, jornalista

Heraldo Pereira falou sobre importância do discurso do produtor

Laris

sa M

ello

Setembro / 2014 CAMPO | 17www.senargo.org.br

Page 18: 2014 09 setembro

Coordenador afirma que emissão do documento pela internet apresenta vantagens para produtor

Michelle Rabelo | [email protected]

Luiz Fernando Lemes | [email protected]

Sefaz divulga facilidades da Nota Fiscal Eletrônica

Laris

sa M

elo

SECRETARIA DA FAZENDA

18 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 19: 2014 09 setembro

Preocupados em proporcionar que a emissão da Nota Fiscal Avulsa pela Internet (NFA-

-web) caia de vez nas graças dos pro-dutores de sorgo, milho, gado bovi-no e suíno, madeira, carvão e lenha, a Comissão de Pecuária de Corte da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) fez reuniões durante o mês de agosto para debater sobre o assunto e recebeu representantes

da Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás (Sefaz), que fizeram a di-vulgação da NFA-web.

Na ocasião, o coordenador de Do-cumentário Fiscal da Sefaz, Antônio Godoi, esclareceu as dúvidas dos criadores de gado e foi enfático ao de-fender o menor custo operacional, a economia de tempo e a maior autono-mia do produtor como vantagens da emissão do documento pela internet.

Segundo Godoi, a adesão à NFA--web vem crescendo consideravel-mente e a intenção é de que “num futuro bem próximo, a pasta deixe de ter problemas como o que ocor-reu em Britânia, onde houve um problema de fechamento da Agenfa Fiscal em função das férias do único funcionário”.

Emissão da NotaPara emitir a Nota, o produtor deve procurar uma empresa que emita a sua assinatura digital (certificado di-gital) e em seguida, já pode aprovei-tar a facilidade de emitir o documen-to sem sair de casa. Para a assessora técnica da Faeg para a área de pecuá-ria de corte, Christiane Rossi, a NFA--web é positiva, pois “além de evitar o deslocamento do produtor até o escritório da Sefaz de seu município, ele pode emitir a Nota em qualquer horário, fazendo uma melhor gestão de seu tempo, e fica isento da taxa cobrada pela Agenfa Fiscal”.

Desde abril de 2013 os produtores emitem a NFA-web, pelo site da Sefaz e até junho deste ano, foram emitidos quase 14 mil documentos. A NFA-web está sendo implantada gradativamen-te, mas apenas no mês passado, foram emitidas mais de 3.385 notas avulsas pela internet. Godoi disse que a previ-são é de que neste ano o serviço seja oferecido também aos produtores de hortifrutigranjeiros, feijão, arroz e soja.

CNA CardChristiane destaca ainda as recentes ar-ticulações acerca de um projeto piloto que visa vincular a emissão de docu-mentos sanitários e fiscais (NF). A in-tenção é ampliar os serviços prestados pelo CNA Card, pelo qual atualmen-te se emite os documentos sanitários como a Guia de Trânsito Animal (GTA) e seu Documento de Arrecadação Es-tadual (Dare). Com esse intuito, unem esforços a Faeg, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Sefaz e a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa).

Representantes da Sefaz e da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg se reuniram para falar sobre a NFA-Web

Setembro / 2014 CAMPO | 19www.senargo.org.br

Page 20: 2014 09 setembro

Com impactos na bovinocultura de corte e de leite brasileira, a suspensão de antiparasitários

de longa ação à base de avermectina está sendo contestada pelos setores produtivo e farmacêutico do país. A decisão, do Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Neri Gueller, foi anunciada em maio deste ano e, segun-do ele, foi tomada para não prejudicar as exportações aos Estados Unidos.

A avermectina é utilizada para com-bater parasitoses do rebanho bovino, como o carrapato e berne que reduzem a produtividade da pecuária de corte e de leite do Brasil. Para isso, entretan-to, é preciso respeitar o período de ca-rência dos antiparasitários que varia de 28 a 120 dias. O problema é que, nos-so produto foi rejeitado nos EUA em março deste ano, um carregamento de carne enlatada com teor acima do per-mitido pelo mercado norte-americano.

É por este motivo que, no último dia 14 de agosto, o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg, Maurí-cio Velloso, e a assessora técnica para área de Pecuária da entidade, Christia-ne Rossi, foram até Brasília apresentar o posicionamento da federação goiana. O debate ocorreu em reunião do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Na ocasião, os presentes foram unâ-

nimes ao dizer que o ato é prejudicial ao produtor. “Levando em considera-ção incoerências legislativas, perdas econômicas e informações técnicas, um estudo mais aprofundado é extrema-mente necessário”, afirmou o presiden-te Maurício Velloso.

Como impactos negativos diante do não uso dos antiparasitários de longa ação foram apontadas também questões como a falta de fiscalização/controle do medicamento e também um maior custo-de-produção. O prin-cipal descontentamento apresentado durante o encontro foi a forma iso-lada como a publicação da Instrução Normativa aconteceu. As federações alegam que a proibição foi definida

sem uma consulta junto aos órgãos representativos dos pecuaristas e de outros setores.

Pedido entregue ao ministro Após a discussão em nível de pro-dutores e comissões, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Júnior, entregou ao ministro Neri Geller um ofício solicitando a revogação da Instru-ção Normativa (IN) 13. A entrega aconteceu em Esteio (RS), onde eles participam da 37ª Exposição Internacional de Animais, Máqui-nas, Implementos e Produtos Agro-pecuários (Expointer). O ministro

Usada há mais de 2 décadas, avermectina é suspensaDecisão do Mapa é contestada por produtores

Catherine Moraes | [email protected]

SUSPENSÃO DE MEDICAMENTO

Presidente da CNA, João Martins entrega documento ao ministro Neri Geller

Asse

ssor

ia d

e Co

mun

icaç

ão C

NA

20 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 21: 2014 09 setembro

Geller comprometeu-se a avaliar prontamente a solicitação feita pela CNA e a solucionar a questão até no-vembro deste ano. Laboratórios tem prejuízo de R$ 500 milhões

A Associação Brasileira dos Labora-tórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac)

calculou o prejuízo estimado para o setor na casa dos R$ 500 milhões. Com isso, a preocupação é constante e, segundo o presidente executivo da associação e farmacêutico industrial, Henrique Tada, a falta de discussão foi um dos pontos mais negativos. Por esse motivo, a Ala-nac já entrou na justiça com um manda-do de segurança contra a IN.

“Há décadas produtos com avermecti-na são fabricados no Brasil. Ninguém nos chamou para um diálogo, fomos avisados de repente e hoje temos laboratórios ar-cando com prejuízos enormes, estocando material com venda proibida e pressão de recolhimento. O Brasil hoje é o maior ex-portador de proteína animal e é certo que isso vai impactar na produção”, finalizou.

Arqu

ivo

Faeg

Setembro / 2014 CAMPO | 21www.senargo.org.br

Page 22: 2014 09 setembro

Faeg elaborou documento que foi entregue aos candidatos

Karina Ribeiro | [email protected]

Especial para Revista Campo

O que o setor agropecuário espera do próximo governador?

Laris

sa M

ello

FUTURO DE GOIÁS

22 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 23: 2014 09 setembro

O que o setor agropecuário es-

pera dos próximos governan-

tes? Esse questionamento

foi ponto de partida para a elabora-

ção de um estudo realizado pela Fe-

deração da Agricultura e Pecuária do

Estado de Goiás (Faeg) que busca a

construção de uma visão estratégica

de Estado com a proposta de promo-

ver a sustentabilidade da agropecuá-

ria goiana. O levantamento realizado

em todos às Regiões de Goiás aponta

os principais desafios e expectativas

do setor e foi entregue a cada candi-

dato do governo estadual às vésperas

de mais um pleito eleitoral.

O documento de 36 páginas é divi-

dido em sete temas que representam as

principais expectativas dos produtores

rurais de Goiás: responsabilidade so-

cial (educação, capacitação profissio-

nal, saúde e probreza rural), infraes-

trutura e logística, pesquisa assistência

técnica e extensão rural, meio ambiente

e recursos hídricos, política agrícola,

segurança alimentar e segurança rural.

Além dos principais anseios do setor,

a Revista Campo deste mês traz tam-

bém um balanço dos últimos quatro

anos dos governos federal e estadual

demonstrando avanços, deficiências e

os desejos do setor.

Embora representantes do setor afir-

mem que, de forma geral, houve avan-

ços em algumas áreas que envolvem a

cadeia produtiva, os desafios ainda são

considerados complexos e interligados.

Exemplos vivos são os produtores Wal-

ter Vieira Rezende e Alécio Maróstica,

que falaram com a reportagem da revis-

ta Campo sobre o que precisa, de fato e

urgentemente, melhorar.

Políticas Sociais

Como pontos de partida estão as neces-

sidades de melhorar as políticas sociais

para o setor produtivo. Segundo o con-

sultor da Faeg e do Senar, Arthur Tole-

do, a ausência de uma metodologia edu-

cacional específica para o homem do

campo é um gargalo que traz sérios des-

dobramentos para a atividade agrícola.

Para ele as metodologias de ensi-

no voltadas para as escolas rurais não

aproximam os estudantes da realidade

do campo. Mas além de contemplar os

alunos com disciplinas compatíveis com

a atividade agrícola é preciso reestrutu-

rar as escolas com computadores, novos

métodos pedagógicos, atividades espor-

tivas. Essas iniciativas são vistas como

fundamentais não só para o aprendiza-

do como para a manutenção dos filhos

e produtores rurais. “Com essa visão,

desejamos que sejam implantadas esco-

las técnicas agropecuárias em todas as

Regiões de Goiás”, diz Arthur.

Ele aponta também o investimento

contínuo na capacitação de auxiliares,

professores e gestores escolares. “Isso

nos leva a uma revisão urgente no mé-

todo de ensino. Hoje é repassado um

volume de informação que não for-

mam o caráter do aluno”, diz. Essa en-

grenagem contempla o fortalecimento

de políticas públicas voltadas à educa-

ção profissionalizante.

Toda essa problemática de responsa-

bilidade resulta em um dado do último

censo agropecuário do IBGE: 63% das

propriedades rurais goianas têm baixa

produtividade. “A alta produtividade atrai

O produtor de eucalipto, soja e pecuarista, Walter Vieira Rezende, diz que muita coisa ainda precisa melhorar

Para Arthur, a ausência de uma metodologia educacional específica para o homem do campo é um gargalo

Arqu

ivo

Faeg

Setembro / 2014 CAMPO | 23www.senargo.org.br

Page 24: 2014 09 setembro

indústria, poderíamos promover uma re-

volução em Goiás. A alta tecnologia atrai

outros elos da cadeia como universidade,

serviços e indústrias”, pontua.

No que diz respeito à saúde rural,

entre outros itens, o estudo revela a

necessidade de instalação de postos de

saúde fixos específicos para a área rural,

priorizar programas de saúde e nutrição,

ampliar vacinação e prevenção e cons-

trução de hospitais regionais.

Infraestrutura e logística

Representantes e produtores rurais

são unânimes ao afirmar que houve

avanço na melhoria da malha rodovi-

ária em Goiás, embora ressaltem que

algumas regiões ainda precisam ser

contempladas pelo programa esta-

dual. Em contrapartida, a qualidade

e falta de ampliação da rede de dis-

tribuição de energia elétrica é consi-

derada atualmente um dos maiores

limitadores de investimentos do Es-

tado. “Hoje o produtor não consegue

fazer investimentos em armazenagem

de grãos, em irrigação e a pecuária

leiteira sofre com a situação crônica

que vivemos hoje em relação à energia

elétrica”, afirma o presidente da Faeg,

Leonardo Ribeiro.

Além do incremento de investimen-

tos voltados para a ampliação e me-

lhoria da qualidade da rede elétrica, o

estudo levanta alternativas que pode

possibilitar maior disponibilidade de

energia elétrica. Entre elas estão, es-

tabelecer políticas para a criação de

novas Pequenas Centrais Hidrelétricas

(PCHs) e estímulo de aproveitamento

de fontes de energias renováveis.

Leonardo aponta ainda que o setor

não colhe benefícios do transporte ferrovi-

ário por falta de infraestrutura para opera-

ção de ramal. “É preciso fazer a interliga-

ção de Goiânia com a Região da Estrada

de Ferro, à Norte-Sul e a outras regiões

produtoras de Goiás”, sinaliza o Geren-

te da Faeg, Edson Novaes. Para ele, um

dos calos do Governo é a modernização

e construção de novos portos, hidrovia e

duplicação de rodovias.

O produtor rural, Alécio Maróstica

afirma que com a queda dos preços das

commodities este ano, os produtores

vão sentir na pele a ineficiência da logís-

tica. “Enquanto os preços estavam altos,

o produtor conseguia segurar. Agora

perdemos competitividade”, diz.

Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Alécio lembra que os governos estadu-

al e federal deram um passo a mais em

relação à irrigação, mas está longe de

contemplar os anseios dos irrigantes. Ele

explica que os prazos para outorga para

o uso da água melhorou, mas ainda são

morosos. Hoje o prazo médio é de 180

dias mas, em contrapartida, a licença

ambiental demora em média, três anos

para sair do papel. “Em três anos o pro-

dutor já perdeu muito dinheiro, mudou

de opinião e já até saiu da atividade”,

afirma. Ele sinaliza que falta um plano

de retorno hídrico.

Alécio conta que todas as esferas per-

dem para a burocracia e falta de um plano

diretor funcional. “Temos que encarar com

mais clareza esses problemas e estabelecer

políticas com mais rapidez”, pondera.

Ele afirma que 250 mil hectares são

irrigados no Estado, cujo potencial é de

5 milhões de hectares. Com esse poten-

cial desperdiçado, Goiás deixa de arre-

Leonardo cita a situação crônica em que o produtor vive devido a falta de energia elétrica

Alécio sinaliza que falta um plano de retorno hídrico

Laris

sa M

elo

Fern

ando

Lei

te

24 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 25: 2014 09 setembro

cadar somente em grãos cerca de R$ 12

bilhões por ano. “E o dobro se conside-

ramos a engorda do boi”, diz. A expec-

tativa para os próximos anos, diz, é que

haja maior organização entre os setores

públicos, privados e entidades.

Para que consiga dar celeridade a

todo o processo, o estudo afirma que

produtores esperam do próximo go-

verno capacitação de um corpo técnico

suficiente e qualificado, bem como o di-

recionamento de pessoas tecnicamente

capazes para exercerem algumas fun-

ções à área ambiental.

“Também é preciso que haja incen-

tivos monetários para os que estão pre-

servando suas reservas e áreas de pre-

servação permanente, já que este é um

bem comum. Além de ter um custo para

o produtor”, diz Alécio.

Entre os avanços deste setor, está a cria-

ção, em 2012, do Novo Código Florestal.

“Goiás foi o primeiro a adaptar as leis es-

taduais ao novo código”, diz Leonardo Ri-

beiro. O Cadastro Ambiental Rural (Car) é

considerado uma das maiores novidades do

código e é uma ferramenta do poder públi-

co para a gestão do uso e ocupação do solo.

O produtor de eucalipto, soja e pe-

cuarista, Walter Vieira Rezende, expli-

ca que as normas do novo código não

contemplam, totalmente, nenhuma das

esferas envolvidas. Entretanto, oferece

segurança jurídica a todos. “Estávamos

sofrendo um problema sério. Agora com

a regulamentação sabemos o que pode

e o que não pode ser feito”, afirma.

Pesquisa, Assistência Técnica

e Extensão Rural

Esses três itens são citados por todos os en-

trevistados como um dos empecilhos para

que haja desenvolvimento sustentável e

pulverizado em todas as regiões de Goiás.

Conforme o estudo, são prioritários investi-

mentos no potencial humano, emprego de

tecnologia e gerenciamento das proprieda-

des para que a agricultura e pecuária conti-

nuem sendo decisivas no equilíbrio econô-

mico, social, político e ambiental.

Para tanto, essas pontuações deter-

minam a necessidade de longevidade

na prestação de serviços de pesquisa

agropecuária, assistência técnica e ex-

tensão rural. A expectativa é de que a

retomada dos serviços prestados pela

Emater seja determinante ao fomentar

que Goiás volte a ser referência nacio-

nal nestes serviços. “Mesmo com a

presença da iniciativa privada, coopera-

tivas e organizações, sem uma Emater

forte não vamos conseguir avançar”,

afirma Arthur Toledo.

Na prática, diz, existe um vazio entre

a pesquisa e o produtor rural. Ou seja,

não há técnico agrícola para fazer a leitu-

ra de como deve ser aplicado no campo

as tecnologias desenvolvidas em labo-

ratório. Por isso, acredita que é preciso

ampliar a presença do órgão em vários

municípios goianos.

Estudo recente efetuado pela Faeg re-

vela que para se ter uma assistência técni-

ca que atenda a demanda atual serão ne-

cessários, no mínimo, 3 mil técnicos das

áreas de Ciências Agrárias e Humanas

distribuídos nos 246 municípios goianos.

Diante dessa demanda, um dos itens

do estudo entregue aos candidatos ao

governo estadual aponta a necessidade

de concursos públicos na Emater de di-

ferentes áreas, com indicadores de re-

sultado de avaliações de desempenhos e

meritocracia e plano de carreira efetivo.

Para Walter Vieira, é preciso que o governo implemente um seguro voltado a sustentação da renda do produtor

Laris

sa M

elo

Laris

sa M

elo

Edson ressalta a necessidade de criação de escolas agrícolas para jovens infratores

Setembro / 2014 CAMPO | 25www.senargo.org.br

Page 26: 2014 09 setembro

Lar

issa

Mel

o

Políticas agrícolas

Embasado em números que compro-

vam a importância da cadeia pro-

dutiva para a economia de Goiás,

o estudo aponta a necessidade da

estruturação da atividade agrope-

cuária no desenvolvimento de uma

política pública adequada. A falta

de políticas agrícolas consistentes

é considerada pelos representan-

tes e produtores um dos setores

que, considerando todas as esferas

política,pouco avançou nos últimos

quatro anos e, por sua vez, é um das

grandes expectativas de mudança

para os próximos anos.

A ideia é que as políticas agrí-

colas sejam baseadas na promo-

ção de uma maior competitividade

da produção agropecuária goiana,

resultando em condições de sus-

tentabilidade de renda para que os

empreendedores rurais continuem

investindo e contribuindo para o de-

senvolvimento do Estado.

Edson Novaes explica que atual-

mente o Governo Federal subsidia

entre 40% a 60% da parte do prê-

mio pago na contratação do seguro

rural. A expectativa é que o governo

de Goiás auxilie com outra parcela

no pagamento desse prêmio. “Ou-

tros Estados já fazem isso e é uma

iniciativa que não é onerosa, mas

que pode promover sustentabilida-

de para a atividade”, diz.

Para o produtor Walter Vieira

Rezende, embora o acesso ao crédi-

to esteja mais facilitado, é preciso

que o governo implemente um se-

guro voltado a sustentação da renda

do produtor. Essa iniciativa viria a

complementar o seguro agrícola. “O

valor do preço mínimo das culturas

também deve ser cumprido”, diz.

Leonardo Ribeiro diz que é preci-

so buscar a redução da carga tribu-

tária de insumos básicos, máquinas

e implementos agrícolas utilizados

pela cadeia produtiva. Ainda pontua

a equidade tributária com Estados

que fazem divisa com Goiás, já que

essa disparidade traz perda de com-

petitividade aos produtores.

O estudo levanta ainda a neces-

sidade de promoção da desoneração

tributária nas cadeias agroalimenta-

res e sucroenergética. Esta última é

lembrada por estar atravessando uma

crise sem precedentes na história.

Segurança alimentar

A expectativa é que o governo incre-

mente ações cuja base garanta a se-

gurança alimentar para atender a de-

manda cada vez maior por alimentos.

Segundo Arthur Toledo, precisa

haver melhorias nos programas de

defesa sanitária. Por isso, um dos

itens apresentados diz respeito a

dotar a Agência Goiana de Defesa

Agropecuária (Agrodefesa) condi-

ções para adesão e expansão do

Sistema Brasileiro de Inspeção de

Produtos de Origem Animal (SISBI)

conferindo maior competitividade

às agroindústrias . “Para que pro-

dutores goianos passam a expandir

fronteiras”, afirma.

Entre outros, estão enumerados

também ações de implementação de

políticas que visam o uso de tecno-

logia de baixo carbono como a inte-

gração lavoura pecuária floresta.

Segurança rural

Tema que já ronda os anseios dos

produtores rurais nos últimos anos,

as iniciativas voltadas para a se-

gurança rural estão longe de con-

seguir diminuir ações truculentas

no meio rural. Nos últimos anos,

diversas fazendas foram invadidas,

roubadas com funcionários e pro-

prietários agredidos.

Diante desse cenário, são enu-

meradas algumas ações como dotar

a polícia civil e militar de melhores

condições para atuação mais os-

tensiva, criação de um batalhão ru-

ral, aperfeiçoar e reforçar políticas

de imediata reintegração de posse,

entre outras.

Edson Novaes ressalta a necessi-

dade de criação de escolas agrícolas

para jovens infratores como ferra-

menta para capacitação profissional e

oportunidade de trabalho no campo.

26 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 27: 2014 09 setembro

HIDROVIA PARANÁ-TIETÊ

De acordo com administradora, Paraná-Tietê passará por melhorias

Michelle Rabelo | [email protected]

Falta de investimento no setor hidroviário é debatido na Faeg

Persona non grata entre as em-

preiteiras que constroem e re-

formam as rodovias, o setor hi-

droviário tem sido visto, cada vez mais,

nas pautas de discussões dos represen-

tantes dos produtores, que precisam

escoar a produção sem comprometer

grande parte dos lucros. Para reforçar a

necessidade de um debate, a pirraça de

São Pedro - que refletiu na seca histó-

rica no interior de São Paulo causou a

interrupção do transporte de grãos por

meio da hidrovia Paraná-Tietê.

Os efeitos negativos trazidos pela

seca paulista abalaram também a ren-

tabilidade do setor agropecuário, já que

aumentaram significativamente o preço

do frete no momento em que o produtor

precisa transportar a safra por via rodo-

viária. No calor das discussões a Federa-

ção da Agricultura e Pecuária de Goiás

(Faeg) foi palco de um seminário durante

o qual foi apresentado um Plano de Me-

lhoramentos para a hidrovia Paraná-Tietê.

A expectativa é de que as mudanças cus-

tem aos cofres do Governo Federal R$25

milhões, que o projeto seja finalizado em

2027 e que depois das obras finalizadas,

o volume transportado pela hidrovia au-

mente quase 10 vezes, passando de 6,5

para 61 milhões de toneladas anuais.

Fred

ox C

arva

lho

Presidente da Faeg, Leonardo Ribeiro, enfatizou a importância do evento

Setembro / 2014 CAMPO | 27

Page 28: 2014 09 setembro

Durante o seminário na Faeg, foram

debatidos, entre outros aspectos, a falta

de investimento no modal hidroviário de

transporte, a viabilidade de novos po-

tenciais de carga para os rios da Bacia

do Paraná e as maneiras de melhorar a

capacidade de escoamento da via, que

liga as regiões Sul, Sudeste e Centro-

-Oeste do país.

Conhecimento de causa

Para falar sobre a Paraná-Tietê, a admi-

nistradora da Hidrovia do Paraná (Ahra-

na) apresentou também os novos po-

tenciais de carga, um planejamento das

obras que devem acontecer entre 2015

e 2040, as ampliações necessárias para

que a via ganhe multimodalidades e o

projeto de um novo corredor de escoa-

mento de produção.

Segundo o superintendente da Ahra-

na, Antônio Chehin, atualmente 1.600

km da hidrovia Paraná-Tietê são utiliza-

dos. A intenção é desenvolver a via ao

longo do interior dos estados – o que in-

clui Goiás – levando a carga por um custo

mais baixo até seu destino final. “Hoje

apresentamos um estudo de viabilidade

técnica, econômica e ambiental de todos

os rios da bacia do Paraná. O que que-

remos é transportar os produtos com

melhores condições de navegabilidade,

de navegação, de transporte e de logís-

tica”, explica.

Plano de melhorias

Leonardo Ribeiro disse que a elaboração

de um plano, assim como a realização de

estudos é de extrema importância, pois

“as mudanças podem proporcionar a re-

dução significativa de custos e o aumento

da capacidade produtiva do setor agro-

pecuário. O alto custo tem consequência

direta na vida do produtor”.

A Ahrana fez um levantamento das

formas de melhorar e potencializar a via

apresentou os resultados para um público

ligado à área de logística e que contribuiu

muito para o debate do tema. O objetivo

é que o plano seja finalizado até 2027 e

que o potencial da hidrovia – que hoje é

de 6.500 toneladas para o porto de San-

tos (SP), sendo que 80% são de São Si-

mão (GO) – aumente significativamente.

Antônio Cheim, superintendente da

Ahrana, explica que o projeto deve pas-

sar por três fases e a primeira delas é ex-

clusivamente é preparar a hidrovia para

receber as melhorias. Será o momento

para a construção de eclusas, a regulari-

zação de leito, a adequação de pontes e a

sinalização e balizamento.

Do papel para a prática

“Os países da Europa que apostaram

em Hidrovias foram os primeiros a saí-

rem da crise econômica”, disse o supe-

rintendente da Ahrana, assim que subiu

no palco do auditório da Faeg. Antônio

Cheim disse ainda que antes de se fa-

lar em melhorias e até mesmo no Plano

que prevê mudanças na via, é preciso

“arrumar a casa” e acabar com os gar-

galos que cercam os rios Paraná e Tietê

até a região de Rio Grande. Essa fase

deve durar até 2025, quando se inicia-

rão, de fato, as melhorias.

Segundo Chehin, são vários os mo-

tivos para se investir em hidrovias: o

custo do transporte por água é mais ba-

rato e ambientalmente mais correto, os

países que investem no transporte hi-

droviário reduzem seu custo logístico,

a viagem entre São Simão e Pederneiras

teria seu tempo reduzido, não há neces-

sidade de dragagem nem derrocamen-

to, entre outros.

Debate

Segundo o 1º vice-presidente da Fede-

ração das Indústrias de Goiás (Fieg),

Wilson de Oliveira, enquanto todo

mundo fala de competitividade e de

globalização, a indústria brasileira

caiu 16 posições no ranking mundial

de competitividade. “Da porta para

dentro, os empresários seguem in-

vestindo, mas da porta para fora ele

esbarra nos encargos tributários, em

uma legislação trabalhista complicada

e, o mais grave, em uma falta de in-

fraestrutura que impacta diretamente

no bolso dos empresários”.

Além da Faeg, representantes do

Ministério dos Transportes, do Depar-

tamento Nacional de Infra-Estrutura dos

Transportes (DNIT), da Federação das

Indústrias de Goiás (Fieg) e da Associa-

ção Goiana de Municípios (AGM) esti-

veram presentes.

Fred

ox C

arva

lho

Antônio Cheim, superintendente da Ahrana, explicou como funcionará o Plano de Melhorias

28 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 29: 2014 09 setembro

GO

MG

SP

PR

MS

Desenvolvimento do Tramo Norte

Desenvolvimento do Tramo Sul

Corredor Tietê

Corredor Paraná

Corredor Ivaí

Portode Santos

Rio Tietê

Rio Piracicaba

Rio Paraná

Rio Paranaíba

Rio Grande

Rio Araguari

Rio Paranapanema

Rio Amambaí

Rio Ivinhema

Rio Ivaí

Portode Paranaguá

CorredorParanapanema

Oceano Atlântico

1

3

2

2

2

3

Quando está em operação,

o volume transportado pela

Paraná-Tietê consegue retirar

mais de 200 mil caminhões

das rodovias

Para cargas de baixo valor

agregado e longas distâncias,

a redução dos custos no trans-

porte chega a 50% se feito por

meio da Paraná-Tietê

Quando a hidrovia estiver

pronta e em plenas condições,

o produtor terá uma redução

de custos entre 10 e 15%

Eliminar os gargalos dos rios Paraná, Tietê e Paranaíba, deixando a hidrovia em condições de navegabilidade

1Resolver os problemas de dificuldade de navegação do Tramo Sul, de Jupiá (SP) até Itaipu (PR)

2Resolver o problema de São Simão para cima, como o Cachoeira Dourada e Itumbiara, com eclusas

3

FASES DO PLANO DE MELHORAMENTO

Setembro / 2014 CAMPO | 29www.senargo.org.br

Page 30: 2014 09 setembro

ECONOMIA GOIANA

É estatístico que a cidade de Rio Verde se destaca na produção da soja goiana – são cerca de

750 mil toneladas por 2014 - e não causaria espanto que um evento para se discutir o cenário do grão atraís-se produtores de vários pontos do município. Mas o que nem os orga-nizadores do debate poderiam prever é que o público presente representas-se o dobro do esperado e que viesse

dos quatro cantos do estado. O que isso significa? Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg), Leonardo Ribeiro, é um sinal de que cada vez mais o produtor bus-ca informação, capacitação e acesso à tecnologias para fornecer um produto de alta qualidade. “O gigantismo e o profissionalismo dessa atividade é fru-to do empenho diário de agricultores, que transformam a dificuldade de se

produzir nesse país, em eficiência pro-vada e reconhecida mundo afora”.

Depois de percorrer quatro muni-cípios goianos com a caravana Soja Brasil, o projeto chegou em Rio Verde para o 1º Fórum Soja Brasil durante o qual foi discutido a safra 2014/2015. O debate aconteceu no salão de eventos do Sindicato Rural (SR) e contou com a participação de produtores e repre-sentantes do setor agropecuário.

Laris

sa M

elo

Leonardo Ribeiro falou aos presentes no evento

Fórum Soja Brasil levanta tendências para próxima safraMunicípio de Rio Verde foi palco de evento

Michelle Rabelo | [email protected]

30 | CAMPO Setembro / 2014

Page 31: 2014 09 setembro

O projeto é realizado pelo Canal Rural, pelas Associações dos Produto-res de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) e de Goiás (Aprosoja Goiás) e pela Fe-deração da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Como apoiadores estão o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, o Sindicato Rural de Rio Verde e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Para o presidente da Faeg, Leonardo Ribeiro, o evento é uma oportunidade única para que se defina os rumos “des-se importantíssimo segmento do agro-negocio que é a produção de soja e mi-lho”. Ele destacou ainda que o debate acompanha um mercado cada vez mais exigente, no qual precisa-se produzir mais e com mais qualidade.

O presidente da Aprosoja Goiás, Bartolomeu Braz, compartilha da mes-ma opinião. Ele explica que de alguns anos para cá o produtor está consciente

e buscando assessoramentos técnico, agronômico, jurídico e contábil.

Painel custos de produção e mercadoAbrindo o Fórum, um debate sobre custos de produção e a análise de pon-tos como os gargalos logísticos no país, os novos leilões de Pepro, o investimen-to governamental, os altos custos dos insumos para a produção de soja e o valor do agricultor na cadeia produtiva.

Além disso, o seguro rural também foi bastante debatido. Para o consultor técnico do Senar Goiás, Pedro Arantes, o seguro rural é um instrumento impor-tante e que deve ser valorizado pelos agricultores. Ele falou ainda sobre as modalidades de seguros existentes.

Arantes também falou sobre a ne-cessidade da implementação de um novo modelo de seguro para o agrope-cuarista. “O seguro rural é uma história,

um processo que precisa ser construído por todo mundo. Pode ser uma ferra-menta importante para os produtores, mas precisa de participação”, explicou.

Na segunda discussão do dia, os principais temas foram a grande safra norte-americana, a demanda chinesa e os preços para a próxima safra.

Caravana Soja BrasilAntes do Fórum, a caravana Soja Brasil estreiou, em sua 3ª edição, na cidade de Cristalina. Em seguida, a carreta continuou pelos municípios de Joviânia, Jataí e Mineiros. Esta foi a primeira vez que a iniciativa contou com a carreta do Canal Rural para le-var conhecimento e capacitação aos produtores das regiões visitadas.

Na ocasião, os participantes acom-panharam palestras sobre Cadastro Ambiental Rural (CAR), Seguro Rural, Fundo de Incentivo à Cultura da Soja

Laris

sa M

elo

Bartolomeu participou do primeiro painel do evento

Setembro / 2014 CAMPO | 31

Page 32: 2014 09 setembro

e o projeto Soja Brasil em si. Palestras técnicas com pesquisadores da Embra-pa completaram a agenda.

A consultora técnica do Senar Goi-ás para a área do Meio Ambiente, Jor-dana Sara, falou sobre a atual situação do CAR, que já está em pleno funcio-namento em Goiás. A consultora fez questão de ratificar a importância de um produtor consciente que busca aju-da especializada para fazer a declara-ção. Ela também apresentou a lista de

documentos necessários para a realiza-ção do cadastro.

Segundo Jordana, o CAR é um instrumento de planejamento para o produtor, além de dar a ele se-gurança ambiental. Ela também abordou a questão da não aceitação por parte dos cartórios acerca do comprovante de inscrição do Ca-dastro como condição para prática de qualquer ato de registro que im-plique em transmissão de domínio,

desmembramento ou retificação de área de imóvel rural.

Para o presidente da Aprosoja Bra-sil, Almir Dalpasquale a iniciativa é de importância fundamental. “Foi um norteador, o produtor vai tirar as in-formações debatidas na hora de fazer negócio. Obviamente, não vamos dizer a eles o que devem fazer, mas que eles saibam que quem toma a decisão são os produtores. Nós podemos construir nossa história”, disse.

Laris

sa M

elo

Jordana falou sobre a situação atual do CAR

32 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 33: 2014 09 setembro

DELÍCIAS DO CAMPO

INGREDIENTES:

• Massa1 Kg de farinha de trigo1 Copo de polpa de pequi ou pequi

em lascas (conserva)½ Copo de água½ Copo de óleo2 Colheres de sopa de salOvo até o ponto

• Molho2 Kg de carne de segunda moída 5 Dentes de alho amassados2 Cebolas médias cortadas em pedaços pequenos5 Tomates sem pele e sem semente cortados em

pedaços pequenos1 Lata média de extrato de tomateÓleo e sal a gosto

LASANHA COM MASSA DE PEQUI

Shutt

er

• Envie sua sugestão de receita para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200

• Receita elaborada pelo Tecnólogo em Gastronomia e instrutor do Senar, Cristiano Ferreira

Sirva quente e acompanhada de arroz branco

PREPARO:

• MassaBata a polpa do pequi com a água e reserve. Se usar o pe-qui em lascas (conserva), cozinhe por 20 minutos e bata. Em uma vasilha despeje a farinha de trigo, faça um buraco no meio do monte e despeje o pequi batido, o óleo, o sal e misture bem, vá colocando os ovos de 1 por 1 até o ponto de enrolar. Abra a massa bem fina com o auxílio de um rolo de macarrão ou um cilindro e monte a lasanha. • Molho Frite bem a carne e tempere com o sal, o alho e a cebola. Quando a cebola ficar transparente, acrescente os tomates, o extrato e refogue até os tomates murcharem. Coloque água, abaixe o fogo e deixe o molho apurar.

• MontagemIntercale sempre uma camada do molho bolonhesa, uma da massa da lasanha e uma de mussarela ralada ou fatiada.Coloque o molho bolonhesa e espalhe no fundo da vasi-lha. Coloque a massa e mais molho para cobrir. Coloque o queijo (ralado ou fatiado). Cubra a mussarela com o molho, coloque outra camada de massa e mais molho até finalizar. Lembre-se: massa sempre entre molho. Finalize com o mo-lho cubra com mussarela, salpique orégano, leve a lasanha para o forno para derreter o queijo (gratinar) e sirva.

Page 34: 2014 09 setembro

DENTRO E FORA DA PANELALa

rissa

Mel

o

A merendeira que virou artesã sonha alto depois de fazer vários cursos no Senar GoiásMichelle Rabelo | [email protected]

Tinta, agulha, linha, fita e muita força de vontade

34 | CAMPO Agosto / 2014

Maria Auricélia mostra, com orgulho, o trabalho que faz com o aprendizado do Senar Goiás

www.sistemafaeg.com.br

Page 35: 2014 09 setembro

Entre os muitos casos de sucesso do Serviço Nacional de Aprendi-zagem Rural (Senar) Goiás, o da

família de Maria Auricélia de Brito vem de longe. O lugar é de difícil acesso e a estrutura é precária, mas o que não falta na merendeira, que desde que se entende por gente é apaixonada por ar-tesanato, é vontade de vencer na vida, superando inclusive a falta de água que transforma - para pior – a vida de quem mora no Projeto de Assentamento San-ta Maria, que fica próximo ao municí-pio de Alto Paraíso.

Maria Auricélia, que divide a casa com o esposo e com uma das netas, sempre ajudou na renda de casa com o salário que ganha trabalhando como merendeira na escola da região. Ela conta que em um primeiro momento chegou a procurar o Sindicato Rural de São João D´Aliança para fazer o trei-namento, ministrado pelo Senar Goiás, de Cozinha Rural. Tudo com o objetivo de modificar seu jeito de cozinha para os alunos. “No curso eu aprendi a usar menos óleos e a preparar comidas mais saudáveis”, lembra.

Em seguida ela também integrou a turma de Panificação, mas foi nos trei-namentos tipo Promoção Social (PS) que Maria encontrou a realização. Sob a instrução de Elimar Aparecida Go-

mes, ela fez os cursos de Pintura em Tecido, Artesanato em Pintura, Borda-dos e Flores de Tecido. Hoje, ela une o que aprendeu com uma paixão antiga: o crochê. “Eu pinto um peixe no pano de prato, por exemplo, e as escamas eu faço com crochê”.

Animada, Maria acabou levando a filha, Tatiane Brito, para o mundo de oportunidades do Senar Goiás. A jo-vem, que é professora na mesma escola na qual a mãe trabalha como meren-deira, fez o treinamento de Flores em Fita e além de filha se transformou em parceira de negócios da mãe. Elas ven-dem as peças na vizinhança e brincam que “o artesanato não dá para quem quer”. Além da renda extra, as vendas também mudaram a relação que Maria tinha com quem mora ao lado de sua casa, mas que muitas vezes mal falava com a artesã.

Cada pano de prato é vendido por R$ 15 e Maria vende cerca de 20 uni-dades por mês, produção que deve au-mentar devido a grande demanda.

Dentro da panelaAlém de enfeitar prateleiras nas quais são guardadas as panelas, Maria Auri-célia também faz a diferença no prato da comunidade do Assentamento Santa Maria: ela produz esporadicamente lin-

guiça de porco. A produção contínua fica impossibilitada, principalmen-te pela falta de água. “Na época da chuva um caminhão pipa vem até o assentamento para trazer água, mas isso acontece semanalmente e a água acaba sendo insuficiente para a comu-nidade”, explica.

Ela fez o curso de Processamento de Carne Suína, Avicultura e Defuma-dos e conta que criar porcos é um dos itens da sua lista de objetivos futuros. Além disso, Maria também quer cons-truir sua própria horta, criar galinha botadeira e frango caipira. “Eu tenho muita fé de que um dia vou estar no-vamente aqui nas páginas da revista contando como meu negócio cresceu, como estou ainda mais feliz e como as pessoas são contagiadas com a minha história”, diz, emocionada.

Para a mobilizadora do Sindicato Rural de São João D´Aliança, Mara Lí-dia Gomes, casos como o de Maria Au-ricélia fazem valer toda a dificuldade do trabalho. “Aqui a comunidade enfrenta muitas dificuldades. Muitas vezes gas-tamos o dia todo para mobilizar e fe-char um grupo, mas tudo vale à pena quando conseguimos enxergar que os participantes colocam na prática, o que aprendem na teoria. É maravilhoso. Gratificante.”, comemora.

Laris

sa M

elo

Os panos de prtao são cuidadosamente pintados e bordados

Page 36: 2014 09 setembro

EM AGOSTO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU

410 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* 102 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*

5.301 PRODUTORES E

TRABALHADORES

RURAIS

CAPACITADOS

45 151 06 01 13 21 135 38 47 08 02 07 38 0

Na área de

agricultura

Em atividade

de apoio

agrossilvipastoril

Na área de

silvicultura

Na área de

extrativismo

Em

agroindústria

na área de

aquicultura

na área de

pecuária

Em

atividades

relativas à

prestação

de serviços

Alimentação

e nutrição

Organização

comunitária

Saúde e

alimentação

Prevenção de

acidentes

Artesanato Educação para

consumo

CURSOS E TREINAMENTOSAr

quiv

o Fa

eg

Manejo de pastagem: preocupação com a conservação e a produçãoLuiz Fernando Rodrigues | [email protected]

Page 37: 2014 09 setembro

EM AGOSTO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU

410 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* 102 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*

5.301 PRODUTORES E

TRABALHADORES

RURAIS

CAPACITADOS

45 151 06 01 13 21 135 38 47 08 02 07 38 0

Na área de

agricultura

Em atividade

de apoio

agrossilvipastoril

Na área de

silvicultura

Na área de

extrativismo

Em

agroindústria

na área de

aquicultura

na área de

pecuária

Em

atividades

relativas à

prestação

de serviços

Alimentação

e nutrição

Organização

comunitária

Saúde e

alimentação

Prevenção de

acidentes

Artesanato Educação para

consumo

Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar Goiás entre em contato pelo telefone (62) 3412-2700 ou pelo site www.senargo.org.br

Ao tratar cotidianamente com a

cadeia de gado de corte e lei-

teira, muitos produtores esque-

cem da importância de manter alguns

cuidados com o pasto, processo que,

geralmente, acaba por retirar a fertili-

dade do solo com o passar do tempo.

Para diminuir os riscos de degradação e

compreendendo a importância da bovi-

nocultura no Estado, o Serviço Nacional

de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás

oferece o curso de Manejo de Pastagem.

O objetivo é auxiliar o produtor na con-

servação das pastagens, contribuindo

para o aumento da produção.

Para o coordenador do curso, Mar-

celo Penha, muitos produtores não dão

a devida importância para a produção

no pasto se comparados com a produ-

ção em lavouras, como de milho, soja ou

cana. “Eles colocam a gramínea na pro-

priedade, os animais vão comendo ano

após ano, vêm as chuvas e acabam reti-

rando a fertilidade do solo sem fazer a

reposição dos minerais e nutrientes que

a planta precisa para crescer”, explica. O

coordenador ainda ressalta que a com-

pactação do solo é outro fator que con-

tribui para a diminuição das condições

de produção por hectares/ano.

Os interessados em participar do curso

de formação profissional irão compreender o

objetivo de manejar a pastagem, o pro-

cesso de produção da forragem, méto-

dos de pastejo, a importância da con-

servação e os prejuízos da degradação

do solo. Além disso, o produtor rural

entrará em contato com conhecimen-

tos sobre perfilhamento, qualidade

da folhagem e ajuste da carga ani-

mal na pastagem. Para participar do

curso, é necessário ser produtor ou

trabalhador rural e ter idade mínima

de 18 anos.

O curso de Manejo de Pastagens

oferece 16 vagas com carga horária de

24 horas. Desde julho de 2007, mais

de 5.200 pessoas participaram do

curso de aperfeiçoamento. Segundo

Marcelo, o Senar deverá realizar até

o final de 2014, aproximadamente, 70

cursos, todos com a intenção de mos-

trar aos produtores que a pastagem

deve ter acompanhamento. “Desde o

início deste ano realizamos 48 cursos

com 520 participantes. Até dezembro

serão feitos mais eventos ressaltando

a importância do bom manejo do solo

e das pastagens para o aumento da

produção”, completa. Manejo de pastagem: preocupação com a conservação e a produção

*Cursos promovidos entre os dias 26 de julho a 25 de agosto

Page 38: 2014 09 setembro

CAMPO ABERTO

A agricultura de precisão é uma ferramenta

que visa maiores eficiências técnica e econômica

da atividade e maior sustentabilidade ambien-

tal. O aumento da eficiência técnica e econômi-

ca é representado pela otimização do uso dos

insumos (corretivos, fertilizantes, defensivos

agrícolas, água, entre outros), utilizando crité-

rios técnicos para aplicação em doses variadas,

de acordo com a real necessidade em cada pon-

to do talhão, reduzindo custos com insumos e

aumentando a produtividade. Por outro lado,

reduz a contaminação ambiental, tornando a

prática agrícola cada vez mais viável economica-

mente e ambientalmente sustentável.

Operações como distribuição de corretivos

e fertilizantes e aplicação de defensivos agrí-

colas permitem a aplicação a taxas variadas.

Para isto, é realizado anteriormente um ma-

peamento da variabilidade espacial da área,

utilizando um sistema de amostragem de solo

com registro da localização por GPS, através

do qual, durante o deslocamento na aplicação,

a máquina reconhece as subáreas que possuem

maior ou menor exigência e alteram a dosagem

do produto automaticamente.

Entre as tecnologias disponíveis nas máqui-

nas agrícolas estão o sistema de piloto auto-

mático, que evita sobreposições na aplicação,

e sensores que permitem a alteração na taxa

de aplicação em tempo real. Através de um

monitor, o operador tem todas as informações

referentes à aplicação, incluindo um sistema de

direcionamento na área.

Colhedoras equipadas com sistema de GPS

e sensores de produtividade permitem de-

terminar e mapear a produtividade em cada

ponto do talhão. Esta informação permite ser

comparada com os mapas de variabilidade dos

diferentes fatores de produção, sendo possível

analisar quais deles possuem maior grau de

interferência sobre a produtividade. Torna-se

então, uma importante ferramenta para orien-

tar o planejamento e tomada de decisões mais

acertadas na atividade.

Para a implantação do sistema de agri-

cultura de precisão, o produtor deve buscar

altos níveis tecnológicos e de gestão na pro-

priedade. As máquinas e implementos podem

ser comprados novos, adaptados a partir dos

existentes na fazenda ou contratados de pres-

tadores de serviços. A agricultura de precisão

está acessível a grandes, médios e pequenos

produtores e, desde que bem planejada à rea-

lidade da propriedade, o aumento da eficiência

econômica tende a retornar o investimento no

decorrer do tempo.

Uma questão limitante ao uso desta ferra-

menta é o conhecimento das tecnologias en-

volvidas, por parte do produtor, e de profis-

sionais qualificados para trabalharem nesta

área. Diante disto, o Senar/AR-GO está desen-

volvendo o Programa de Agricultura de Preci-

são com carga horária total de 120 horas, que

será ofertado em breve no formato de Ensino

a Distância através do Portal EaD Senar Goi-

ás (ead.senargo.org.br), onde os participantes

adquirem estes conhecimentos na própria resi-

dência ou em local com acesso à internet e em

horários flexíveis, de acordo com a disponibi-

lidade de cada um.

Fernando Couto

é engenheiro agrônomo

e técnico adjunto

em agronomia do

Senar AR/GO.

Arqu

ivo

pess

oal

Fernando Couto | [email protected]

Eficiência técnica, econômica e sustentabilidade ambiental

38 | CAMPO Setembro / 2014 www.sistemafaeg.com.br

Page 39: 2014 09 setembro

Quem tem seu próprio negócio é um especialista. Mas para começar ou melhorar a sua empresa, até um especialista precisa de especialistas em pequenos negócios. Vai empreender? Vai ampliar? Vai inovar? Conte com o Sebrae.

Educação Empreendedora Consultoria Gestão Inovação Resultados

Como vai? Somos o Sebrae.Especialistas em pequenos negócios.

> Baixe o aplicativo do Sebrae na App Storeou na Play Store.

Page 40: 2014 09 setembro

PROGRAMASÓLIDOS NO LEITE

0800 011 6262 | www.tortuga.com.br

Minerais orgânicos Tortuga + serviços = melhor qualidade do leite, portanto, maior lucro!

Efeito do zinco, cobre e selênio na contagem de células somáticas

Parâmetros de saúde da glândula mamária

Fontes de zinco, cobre e selênio P**

Orgânico InorgânicoNovos casos de infecção - Mastite subclínica 1 8 0,01

Vacas com mais de 200.000 células/ml 1 3 0,01

Casos clínicos 2 4 -

CCS* média (x1000)/ml 55,58 237,7 0,056

CCS* - Contagem de Células Somáticas ** Análise estatística realizada pelo teste do qui-quadrado.

Fonte: Cortinhas (2009).

Qualidade do leiteO uso de minerais orgânicos é uma ferramenta para controle da contagem de cé-lulas somáticas. A literatura cientí� ca relata efeito de minerais como o selênio na redução da contagem de células somáticas. Nesse sentido, foi realizado na USP – Pirassununga um trabalho para demonstrar os benefícios dos minerais orgânicos.

ServiçosAlém da tecnologia Tortuga, a empresa conta com corpo técnico de pro� ssio-nais altamente quali� cados e treinados, equipados com instrumentos de apoio para avaliação do teor de � bra da dieta, avaliação de matéria seca, avaliação de subprodutos e formulação de dietas a partir da composição dos alimentos. Além do monitoramento da qualidade do leite e contagem de células somáticas. Os pro� ssionais da Tortuga estão capacitados para treinamento técnico da equipe da fazenda e de prestadores de serviço.

E o resultado é o maior lucro para a sua produção.

PROGRAMASÓLIDOS NO LEITE

0800 011 6262 | www.tortuga.com.br

Minerais orgânicos Tortuga + serviços = melhor qualidade do leite, portanto, maior lucro!

Efeito do zinco, cobre e selênio na contagem de células somáticas

Parâmetros de saúde da glândula mamária

Fontes de zinco, cobre e selênio P**

Orgânico InorgânicoNovos casos de infecção - Mastite subclínica 1 8 0,01

Vacas com mais de 200.000 células/ml 1 3 0,01

Casos clínicos 2 4 -

CCS* média (x1000)/ml 55,58 237,7 0,056

CCS* - Contagem de Células Somáticas ** Análise estatística realizada pelo teste do qui-quadrado.

Fonte: Cortinhas (2009).

Qualidade do leiteO uso de minerais orgânicos é uma ferramenta para controle da contagem de cé-lulas somáticas. A literatura cientí� ca relata efeito de minerais como o selênio na redução da contagem de células somáticas. Nesse sentido, foi realizado na USP – Pirassununga um trabalho para demonstrar os benefícios dos minerais orgânicos.

ServiçosAlém da tecnologia Tortuga, a empresa conta com corpo técnico de pro� ssio-nais altamente quali� cados e treinados, equipados com instrumentos de apoio para avaliação do teor de � bra da dieta, avaliação de matéria seca, avaliação de subprodutos e formulação de dietas a partir da composição dos alimentos. Além do monitoramento da qualidade do leite e contagem de células somáticas. Os pro� ssionais da Tortuga estão capacitados para treinamento técnico da equipe da fazenda e de prestadores de serviço.

E o resultado é o maior lucro para a sua produção.


Top Related