1.º Ano do Ensino Fundamental
LER: OS GÊNEROS TEXTUAIS MOVIMENTANDO AS APRENDIZAGENS DOS EIXOS DE CONHECIMENTO NA COLEÇÃO DOS LIVROS INTEGRADOS DO 1.º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL.
Sinopse: A intenção deste curso é ampliar o olhar dos docentes em relação à organização didá�ca dos Livros Integrados por meio do trabalho com os diferentes gêneros textuais, a fim de que haja o reconhecimento da natureza social da linguagem e de seu caráter dialógico com os diferentes eixos de conhecimento, proporcionando às crianças uma aprendizagem significa�va.
Luciana Maria Rodrigues lmrodrigues@posi�vo.com.br
240800 725 3536
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EXPEDIENTE
Este artigo compõe o material fornecido aos professores das escolas conveniadas
durante a realização do Programa de Cursos da Editora Positivo em 2016. O texto a seguir
apresenta um aprofundamento didático-metodológico da Proposta Pedagógica dos Livros
Integrados Positivo e do Portal Positivo.
Equipe de Assessoria da área de Educação Infantil e Primeiro Ano do Ensino
Fundamental
Simone Stival
Coordenadora
Luciana Maria Rodrigues
Assessora
Michelle Taborda
Assessora
Selma Meirelles
Assessora
0800 725 3536
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Ler: os gêneros textuais movimentando as aprendizagens dos eixos de conhecimento na
Coleção dos Livros Integrados do 1.º Ano do Ensino Fundamental
É preciso conceber a linguagem oral e escrita como uma atividade constitutivamente
dialógica e funcional para que tenha significado no trabalho desenvolvido pela escola. Para
aprender a ler e a escrever, é preciso valorizar e levar para a sala de aula a língua em uso com
textos reais e significativos trabalhando-a na totalidade com sua funcionalidade e seu caráter
de ação interativa e discursiva – com tempo, lugar, sujeitos e propósitos comunicativos.
É válido ressaltar a importância do trabalho com os gêneros textuais na escola e na
proposta do Livro Integrado do 1.º ano, enfatizando a necessidade de trabalhá-los no interior
das práticas sociais de leitura e escrita, para que, além da leitura das palavras, as crianças
compreendam que ler e escrever envolve, também, e necessariamente, a leitura e a escrita
do mundo.
O Livro Integrado vincula-se, portanto, ao desenvolvimento de um trabalho Integrado,
em que os aspectos social, físico, estético, ético e moral se combinam com o intelectual,
incorporando um conceito mais amplo de aprendizagem.
Nesse sentido, os conteúdos não são explorados de forma isolada nem fragmentada,
mas, sim, integrada. Os conhecimentos apresentam-se em unidades de trabalho que visam
organizar os conteúdos e as propostas de trabalho em um contexto em que os gêneros
textuais são evidenciados, possibilitando a integração entre os eixos de conhecimento
identidade e autonomia; corpo e movimento; linguagens da arte; natureza e cultura:
diversidade; relações matemáticas e cultura oral e escrita para proporcionar aos alunos
aprendizagem de forma significativa.
Importa conceber o trabalho com os diversos gêneros textuais como ponto de partida
e de chegada do trabalho com a leitura e a escrita, considerando que para aprender a ler e a
escrever o aluno precisa lidar com dois processos que ocorrem paralelamente: “compreender
a natureza do sistema alfabético de escrita – as relações entre letra e som, a segmentação
entre as palavras, as restrições ortográficas, etc... e compreender o funcionamento da
linguagem escrita – suas características específicas, suas diferentes formas, gêneros, seus usos
em práticas sociais reais”.
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Nesse sentido, a aprendizagem do sistema de escrita pelo aluno será embasada em
textos reais e significativos para que, em situação de uso efetivo da linguagem escrita,
estabeleça hipóteses sobre o seu funcionamento e seus usos em diversos contextos.
Nessa concepção de ensino, a alfabetização é considerada, portanto, um processo de
construção realizada pelo aluno sobre as regras do sistema alfabético de escrita; por isso, a
estratégia necessária para os alunos se alfabetizarem é a reflexão sobre a escrita, sobre suas
características.
À medida que são convidados a escrever e a ler, os alunos pensarão em como escrever
seus textos e em como ler os materiais disponíveis. Essas situações, planejadas pelo professor
e combinadas com intervenções pedagógicas adequadas às necessidades dos alunos,
promovem a aprendizagem acerca do sistema de escrita.
Nesse sentido, propõe-se aos alunos vivenciarem os usos sociais que se fazem da
escrita, as características dos diferentes gêneros textuais, a linguagem adequada a diferentes
contextos comunicativos, além do sistema pelo qual a língua é grafada – o sistema alfabético.
Ressalta-se, assim, que, no Livro Integrado, não há a dissociação entre os processos de
alfabetização e letramento, pois o foco, já dito, está em duas questões conceituais a serem
desenvolvidas pelos alunos: como a língua está organizada e para que serve.
Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal
seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da
leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e
letrado.
(SOARES, p.47)
Atividades de reflexão sobre a escrita estão presentes nas propostas do Livro
Integrado do 1.º Ano instigando as crianças a pensar: Quais letras poderão ser usadas para
escrever? Posso usar as mesmas letras para escrever outras palavras? O que é preciso
considerar para escrever?; entre outras questões.
A proposta do Livro Integrado do 1.º ano valoriza os alunos como sujeitos do processo
de aprendizagem. À medida que vão tendo acesso a informações, eles a transformam em
conhecimento. Esse processo deve acontecer com base na interação dos alunos com a
diversidade de gêneros textuais, que desencadeiam o trabalho com diferentes eixos de
conhecimento, a fim de consolidar aprendizagens e o seus usos em diferentes contextos.
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Aprender pressupõe ação com e sobre a língua, por isso, os alunos devem interagir
com o objeto do conhecimento (escrita) em seu esforço de aprender, e o professor,
desempenha o papel de mediador entre o sujeito e o objeto.
No texto, a língua se revela em sua totalidade e complexidade. A língua deve entrar
na escola da mesma forma que existe fora dela, ou seja, por meio das práticas sociais de leitura
e escrita. A intenção é formar alunos que saibam produzir e interpretar textos de uso social
orais e escritos que permitam plena participação no mundo letrado.
Para que esse objetivo seja alcançado, é fundamental colocar o aluno em contato
sistemático com o papel de leitor e escritor, a fim de que participe da multiplicidade de
propósitos que a leitura e a escrita podem ter: ler por prazer, ler para buscar uma informação,
para partilhar emoções com outras pessoas, para recomendar uma leitura a outros, etc.; e,
escrever para expressar suas ideias sobre um assunto, organizar o pensamento, comunicar-se
a distância, influenciar outras pessoas, etc.
Para formar usuários efetivos da língua, é fundamental planejar situações nas quais os
alunos ocupem verdadeiramente a posição de leitores e escritores, a fim de que: pratiquem,
construam o hábito, tenham envolvimento com o prazer da autoria, possam rir e se
emocionar, descubram o mundo e a linguagem, ao mergulharem profundamente na cultura
do escrito. É urgente e necessário fazer da escola um tempo e um lugar onde se pode ler e
escrever em situações reais de comunicação para possibilitar a participação dos alunos em
práticas sociais de leitura e de escrita. E, valorizar essas práticas, implica em valorizar o
trabalho com os gêneros textuais em sala de aula, pois estes são os textos materializados pelo
uso na vida cotidiana, constituindo-se em entidades sociodiscursivas e formas de ação social
indispensáveis em qualquer situação comunicativa.
O foco do trabalho com a linguagem oral e escrita na escola, portanto, deve ser a
compreensão e a produção dos sentidos materializados em gêneros de textos. Isso porque é
impossível se comunicar oralmente ou por escrito sem fazer uso de algum gênero textual.
O Livro Integrado do 1.º ano destaca, em sua proposta pedagógica, a importância do
contato dos alunos com uma diversidade de gêneros textuais, dos quais tem início o trabalho
sistemático de reflexão sobre os usos e funcionamento da escrita por meio de situações
interativas em que os textos apresentem significado e as práticas de leitura e escrita tenham
sentido para os alunos, alguém escreve conhece, sente e pensa. Nem sempre uma pessoa
escreve para treinar habilidades de escrita, mas, sim, para informar, sensibilizar, registrar,
comunicar, etc. A leitura não é empreendida somente para decodificação de sons em letras,
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mas, sim, para proporcionar prazer, provocar riso e emoção, para se obter informações, assim
como para conhecer outros mundos e outras percepções e explicações da realidade. É por
meio da prática da escrita e da leitura com sentido que as crianças se tornam leitores e
escritores plenos! Ao agir sobre a leitura e a escrita, com base nos conhecimentos que já têm
e de novas informações e reflexões, os alunos ampliam seus conhecimentos. Ao perceberem
a necessidade de conhecer cada vez mais sobre o mundo, despertam interesse e pela leitura
e pela escrita e se apropriam, não apenas das habilidades para ler e escrever, mas das práticas
sociais em que essas atividades estão envolvidas.
Em sociedade, são múltiplos e diversificados os usos da leitura. Lê-se para conhecer.
Lê-se para ficar informado. Lê-se para aprimorar a sensibilidade estética. Lê-se para fantasiar
e imaginar. Lê-se para resolver problemas. E lê-se também para criticar e, dessa forma,
desenvolver posicionamento diante dos fatos e das ideias que circulam nos textos e por meio
deles. (SILVA, 1998, p. 27)
Portanto, não faz sentido ler só para aprender a ler, nem escrever só para aprender a
escrever. Quando uma lista de compras é escrita, a intenção é organizar todos os itens que
precisam ser comprados no supermercado, caracterizando-se como recurso para que nenhum
seja esquecido; ao escrever um poema, a intenção é encantar, emocionar alguém... Enfim, a
produção de um texto oral ou escrito se faz ou deveria se fazer sempre, como estabelecimento
de interação e interlocução com um leitor com propósitos comunicativos claros e bem
definidos. As crianças precisam saber que a leitura e a escrita são essenciais pelas mais
variadas razões e que não lemos e escrevemos textos da mesma forma.
Segundo Jolibert (2008, p. 54), ler e escrever é de imediato, “ler e produzir ‘de
verdade’, textos ditos ‘autênticos’, com autores e destinatários reais, em situações reais de
utilização”.
Para se desenvolver uma aprendizagem com sentido e com possibilidade de formar,
realmente, usuários da língua oral e escrita, alguns princípios deverão nortear a prática em
sala de aula, entre eles:
Privilegiar a produção, a leitura e a análise dos diferentes gêneros. Isso significa
que os textos orais e escritos e seus usos, suas regularidades, normas, convenções,
etc., passam a ser o objeto de estudo na sala de aula e o ponto de partida e de
chegada do trabalho de sistematização da escrita.
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Propor a leitura e a escrita de cada gênero textual nas situações em que aparecem
no cotidiano, ou seja, ensiná-los não como conteúdos em si mesmos, mas nas
práticas sociais de leitura e de escrita.
Escolher os gêneros textuais a serem trabalhados com os alunos, observar e
analisar as necessidades comunicativas das quais participam e as quais são
vivenciadas no dia-a-dia.
A compreensão do sistema alfabético de escrita vem em consonância e
simultaneamente ao uso funcional e intencional da linguagem, desde que,
situações didáticas específicas sejam criadas para tal, ou seja, desde que o
professor promova a reflexão, o levantamento de hipóteses e o pensar sobre
como se faz para ler e para escrever.
Encarar o trabalho com os gêneros textuais como condição didática para se
desenvolver comportamentos leitores e escritores.
Tratar os alunos como leitores e escritores plenos.
Essas situações didáticas estão constantemente presentes no Livro Integrado do 1.º
ano, ou seja, cada Unidade de Trabalho se configura numa sequência de atividades nas quais
os alunos são convidados a ouvir a leitura de textos diversos feita pelo professor, a ler e a
produzir diferentes gêneros de textos individual e coletivamente,.
Sabe-se que não é preciso esperar que a criança tenha aprendido a escrever para que
escreva, mas que é escrevendo que ela aprenderá a escrever: escrevendo espontaneamente,
experimentando soluções para as grafias de que necessita. Portanto, ela precisa ler e escrever,
se arriscar, errar, analisar suas escritas, avançar em seus conhecimentos.
Segundo Soares (2001, p. 53), “a criança aprende a escrever agindo e interagindo com
a língua, experimentando escrever, ousando escrever, fazendo uso de seus conhecimentos
prévios sobre a escrita, levantando e testando hipóteses”.
Nas situações em que a criança lê ou escreve por conta própria, ainda que não o faça
de forma convencional, ela pode aprender a:
arriscar-se a fazê-lo por conta própria em todas as situações em que a leitura e a
escrita estão presentes no cotidiano escolar;
analisar o sistema de escrita, reconhecer suas regularidades;
desenvolver hipóteses próprias sobre como se lê e como se escreve;
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pensar sobre suas próprias hipóteses e avançar em suas reflexões e aprendizagem
sobre a língua.
O fundamental é fazer da escola uma comunidade de leitores e escritores que recorra
cotidianamente aos textos para informar-se, para entreter-se, para compartilhar notícias
surpreendentes, para viver juntos a entrega gerada, suscitada por um poema, para encontrar
dados ou instruções que permitam resolver problemas práticos, etc.,
O Livro Integrado do 1 Ano valoriza o trabalho com diferentes gêneros textuais na
perspectiva de alfabetização e letramento, desencadeando um trabalho integrado com
comos diferentes eixos de conhecimento, possibilitando as crianças ampliação de
conhecimento de mundo.
4. REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial,
2009.
DIONISIO, Angela Paiva. MACHADO, Anna. BEZERRA, Maria A. (Org.). Gêneros textuais e
ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.
FERREIRO, Emilia. O ingresso nas culturas da escrita. In. FARIA, Ana Lúcia Goulart de Faria
(Org.). O coletivo infantil em creches e pré-escolas. São Paulo: Cortez, 2007.
JOLIBERT, Josette e Christine, SRAÏKI. Caminhos para aprender a ler e a escrever. São Paulo:
Contexto, 2008.
JOLIBERT, Josette, JACOB, Jeannette e colaboradores. Além dos muros da escola: a escrita
como ponte entre alunos e comunidade. Porto Alegre; Artmed, 2006.
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
MARCUSCHI, L. A. “Gêneros textuais: definição e funcionalidade” In DIONISIO, Angela Paiva.
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MACHADO, Anna. BEZERRA, Maria A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2007.
SOARES, Magda Becker. Aprender a escrever, ensinar a escrever. In. ZACCUR, Edwiges (Org.).
A magia da linguagem. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
VAL, Maria da Graça Costa (Org.) Reflexões sobre práticas escolares de produção de texto.
Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
SILVA, Ezequiel T. da. Leitura crítica e suas fronteiras. In: SILVA, Ezequiel Theodoro da .
Criticidade e leitura: ensaios. Campinas: Mercado de Letras, 1998.