COMUNICAÇÃO TÉCNICA ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
174324
Rebaixamento do lençol freático em obras civis na cidade de São Paulo e seu impacto em edificações vicinhas
José Maria de Camargo Barros
Palestra apresentada na Semana das Engenharias, 4., 2016, Sorocaba .
A série “Comunicação Técnica” compreende trabalhos elaborados por técnicos do IPT, apresentados em eventos, publicados em revistas especializadas ou quando seu conteúdo apresentar relevância pública. ___________________________________________________________________________________________________
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Rebaixamento do Lençol Freático em Obras Civis na cidade de São Paulo e seu Impacto em Edificações
Vizinhas
JOSÉ MARIA DE CAMARGO BARROS
OBJETIVO PRINCIPAL DO REBAIXAMENTO
• Facilitar a construção de estruturas enterradas
abaixo do N. A. (escavar a seco)
1. Bombeamento Direto ou Esgotamento
2. Ponteiras Filtrantes
3. Rebaixamento Por Poços Injetores
4. Rebaixamento com Bombas Submersas e Eixo Vertical
PROCEDIMENTOS
Coleta da água em valetas localizadas no fundo da escavação
e ligada a vários poços dispostos no seu interior
A água acumulada é bombeada para fora da escavação
Bombeamento Direto ou Esgotamento
Fonte: Alonso, 2007
Rebaixamento do lençol por meio de aplicação de vácuo em
ponteiras, regularmente espaçadas, inseridas no terreno
Ponteiras Filtrantes (“Well-Points”)
• Em locais com a presença de solos
moles, muito compressíveis, edificações
vizinhas, apoiadas em fundações rasas,
são afetadas – recalques, trincas ou em
casos mais graves, colapso da estrutura.
PRINCIPAL PROBLEMA
Argila Mole
Escavação
N.A. original
N.A.
rebaixado
1m de rebaixamento dobra a
tensão provocada por uma
casa térrea no terreno!!
CONTENÇÕES MAIS UTILIZADAS EM EDIFÍCIOS Cortinas de perfis metálicos e pranchões de madeira
ou placas pré-moldadas de concreto
PAREDE DIAFRAGMA
PAREDE DIAFRAGMA
Parede diafragma
Considerada uma contenção estanque, não ocorrendo rebaixamento
externamente à obra, desde que:
• seja embutida (ficha) até atingir uma
camada de solo impermeável. • seja executada laje de subpressão
ARGILAS MOLES NA CIDADE SÃO PAULO
Origem fluvial
Espessuras até cerca de 5 m.
Estudos de Caso
Bairro de Moema (2005)
2. Estudo de Caso
A repercussão na Mídia
Tipo de Uso: Residencial Endereço: Av. Iraí, 782 –
esquina com rua Jequitaí e Al. Dos Tupiniquins – Moema
Qtde .de torres: 1 torre com
2 subsolos Início da obra: março/2004
Descrição da Obra
Foto da placa da obra
2. Estudo de Caso
Mapa da região. Em detalhe vermelho o local do estudo
2. Estudo de Caso
2. Estudo de Caso
Perfil do Terreno, Av, Irai, 782 (IPT 2005)
O Rio Uberabinha, hoje canalizado, passava pela
região. Sedimentos desse rio deram origem à
camada de argila orgânica.
2. Estudo de Caso
Cravação de perfis metálicos, para contenção lateral com pranchões de madeiras
e posterior preenchimento com concreto;
Instalação de bombas e ponteiras filtrantes para rebaixamento do nível do
lençol freático com último estágio na cota do poço do elevador;
Escavação do terreno para execução do subsolo (5,50m)
Sequência executiva
2. Estudo de Caso
Afundamento em Moema – Al. dos Tupiniquins (extraído da matéria : O invisível espaço subterrâneo, autor : Campo, G.C. et al)
2. Estudo de Caso
Problemas nas edificações e ruas vizinhas à obra, tais como:
- trincas; rachaduras nas paredes e muros de divisa;
- afundamentos de pisos;
- emperramentos de portas e janelas;
- danos em revestimento e em tubulações;
Danos à Vizinhança
- rachaduras e afundamentos nas calçadas e no asfalto; e
- abaulamento do leito carroçável.
Área afetada - Casas ( total 70):
- ruas Lucio Pavan, Jequitaí, Moaci, al. dos Tupiniquins e av. Iraí.
Laudo técnico pelo IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas (out/2005)
57 residências vistoriadas , pois 11 residências estavam fechadas e 02 em processo de demolição
-RESULTADO : 6 residências com risco imediato de ruína; recomendado o escoramento prévio e a
desocupação do imóvel.
2. Estudo de Caso
Mapa da região. Em detalhe vermelho o local do estudo (vista atual). Em detalhe amarelo as casas demolidas.
2. Estudo de Caso
Mapa da região. Em detalhe vermelho o local do estudo (vista atual). Em detalhe amarelo as casas afetadas pela construção.
Casa Avenida Moaci, 769 - afundamento de piso
2. Estudo de Caso
Casa Alameda dos Tupiniquins, 1112 –
trincas no muro lateral
Vista de edícula em demolição, nos fundos do terreno.
Al. dos Tupiniquins nº 1118 - Trincas no teto de dormitório.
Afundamento do piso da sala.
2. Estudo de Caso
Casa Avenida Moaci, 789 –
afundamento do piso da garagem
Avenida Moaci, 749 - trinca em viga de concreto armado
2. Estudo de Caso
Casa Avenida Iraí, 744 - afundamento de piso
Rua Lúcio Pavan, 39 – deslocamento de parede
2. Estudo de Caso
Casa Rua Lúcio Pavan, 39 - afundamento
de piso
Casa Rua Lúcio Pavan, 39 – Tricas e viga
escorada de concreto armado
2. Estudo de Caso Casa Rua Lúcio Pavan, 41 - deslocamento
de piso
Rua Lúcio Pavan, 41 - rachadura em parede
e deslocamento de piso
2. Estudo de Caso Casa Rua Lúcio Pavan, 41 – laje de cobertura da
edícula escorada
Rua Lúcio Pavan nº 62 - trincas em parede e na junção com a laje de teto no corredor lateral.
2. Estudo de Caso
Casa Rua Lúcio Pavan, 63 - rachadura
próximo a esquadria
Casa Rua Lúcio Pavan, 75 - afundamento de piso
2. Estudo de Caso
Recalque do solo em baixo da área de
calçada – rua Jequitaí
2. Estudo de Caso
Vizinhança - rua Jequitaí -
casa 43
Escoramento na laje
- casa posteriormente
parcialmente demolida
Casa reconstruída
2. Estudo de Caso
Casa Rua Jequitaí, 37 – deformação do painel de alvenaria
2. Estudo de Caso
Vizinhança – rua Jequitaí, casa 43 e 37
Casa 37 – demolição –
divisa da obra à direita
2. Estudo de Caso
Vizinhança – reconstrução
Vizinhança – reconstrução – detalhe da vigas de reforço
2. Estudo de Caso
Casa Rua Jequitaí, 50 - rachadura em parede
Rachadura em dormitório próximo à janela
Rua Jequitaí nº 50 -trinca no muro lateral da direita.
2. Estudo de Caso
A interferência do Poder Público no Caso de Moema
Portaria 02/05 – SEHAB – 15/10/05
Suspensão de aprovação de novos projetos pela Secretaria Municipal de Habitação - SEHAB e Subprefeitura da Vila Mariana, no perímetro delimitado na figura.
Quadrilátero formado pela Al. dos Anapurus, Av. Jurucê, Av. Moreira Guimarães e Av. dos Imarés – em vermelho local da obra
2. Estudo de Caso
Estabelecimento de procedimentos que possibilitassem os pedidos de
aprovação e de comunicação de reinício de obras nesta região.
Resolução CEUSO 103/08
- Apresentação de plantas de sondagens e respectivo laudo técnico;
- Levantamento fotográfico do imóvel e seu entorno; e
- Cópia de contrato de seguro de Riscos de Engenharia e/ou Riscos de
Obras Civis em Construção, com relação a todos os imóveis do entorno que
possam vir a ser afetados pela obra a ser executada, acompanhados de
avaliação por laudo de profissional ou perito habilitado, da análise das condições
desses imóveis.
Bairro de Vila Mariana (2007)
BAIRRO DE VILA MARIANA (2007)
Identi
ficação
Caracte
rísticas
Tipo de
Fundação
Contenção
para
escavação
do subsolo
Início
das
obras
Espessu
ra da
argila
mole
(m)
Prof.
do
Nível
d’água
(m)
1
21
andares,
2
subsolos
Sapatas
Perfis
metálicos
com
pranchões de
madeira;
tirantes
Set /05 1,7 a 3,4 0,9 a 1,4
(nov/04)
2
18
andares,
2
subsolos
Sapatas
Perfis
metálicos
com
pranchões de
madeira;
tirantes
Mar/06 2 a 3,2 1,6 a 2,1
(mar/05)
3
24
andares,
2
subsolos
Sapatas e
Tubulões
Perfis
metálicos
com
pranchões de
madeira;
tirantes
Abr/06 2,3 a 4,3 2,1 a 3,6
(set/05)
EDIFÍCIOS ENVOLVIDOS
Impossível estabelecer parcela de responsabilidade de cada edifício
BAIRRO DE VILA MARIANA (2007)
O nível d´água se localizava próximo da superfície (entre 0,9 a 3,6m),
sempre na camada de argila orgânica
CARACTERIZAÇÃO DO SUBSOLO LOCAL
Com base nas sondagens disponibilizadas pelos três edifícios:
• argila orgânica silto-arenosa, muito mole a mole, cinza escura e preta,
com detritos vegetais (turfosa), com espessura variando desde 1,7 até
4,3 m
BAIRRO DE VILA MARIANA (2007)
TRAVESSA PONDER
RUA LUIZ GOTTSCHALK RUA LUIZ GOTTSCHALK
RUA JOINVILLE RUA JOINVILLE
RU
A P
IRA
PO
RA
RU
A P
IRA
PO
RA
RU
A P
IRA
PO
RA
RU
A P
IRA
PO
RA
RUA TUTÓIA
RUA CURITIBA
RU
A D
O L
IVR
AM
EN
TO
RU
A D
O L
IVR
AM
EN
TO
RU
A D
O L
IVR
AM
EN
TO
RU
A T
UM
IAR
ÚR
UA
TU
MIA
RÚ
RU
A T
UM
IAR
Ú
RUA CURITIBA
RUA HERMANO RIBEIRO DA SILVA
RU
A D
O L
IVR
AM
EN
TO
RUA TUTÓIA
RU
A T
UM
IAR
Ú
RUA HERMANO RIBEIRO DA SILVA
1.752.66
2.98
2.953.4
3.13.5
3.4
4.32.3
2.4
3.2
2.6
2
1.9
0 0
0.7
0 0
0
0.9
0.55
0
0
0
0
0
2.21
2.34
2.32.86
Espessura de solo mole (m)
0 a 0.5
0.5 a 1
1 a 2
2 a 3
3 a 4.5
BAIRRO DE VILA MARIANA (2007)
CARACTERIZAÇÃO DOS IMÓVEIS DA REGIÃO (41 imóveis)
• Sobrados de dois pavimentos, antigos, com idades de 35 a 70 anos.
• Fundações do corpo principal das casas da região são profundas,
constituídas por estacas de madeira e também de concreto.
• Edículas e muros tem fundação rasa, em cota superior à camada de
argila mole, e os pisos externos e os do pavimento térreo se apoiam
diretamente no terreno.
BAIRRO DE VILA MARIANA (2007)
FOTOS
Travessa Ponder. Casa 80 Viga de madeira do telhado do quintal sem apoio na parede devido a recalque diferencial. Há pontalete de eucalipto segurando para não cair.
BAIRRO DE VILA MARIANA (2007)
FOTOS
Travessa Ponder. Casa 78 Edícula.
BAIRRO DE VILA MARIANA (2007)
Outros casos em São Paulo
Outros casos em São Paulo Há áreas atingidas fora
do que indica o mapa
geológico
EFEITOS DO REBAIXAMENTO
• Danos nas edificações vizinhas em locais com solos moles
• Bombeamento, após a obra, pronta se torna permanente
• Água bombeada é lançada na sarjeta
• Nível d’ água na cidade está se aprofundando (alguns locais como
Itaim, cerca de 4m), resultado da impermeabilização da superfície
e do bombeamento.
DANOS NA VIZINHANÇA OCORREM QUANDO:
• Nível d’água elevado, necessidade de rebaixamento do lençol para
execução de escavações
• Rebaixamento do lençol freático não se restringe a área da obra,
mas atinge vizinhança
• Presença de argila mole
• Edificações vizinhas com fundação rasa, acima da argila mole ou
em estacas de madeira
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Necessidade de melhor delimitação das regiões (e manchas) da cidade
com presença de argilas moles. Estabelecimento de regras específicas
para estas regiões.
Diferenciação entre rebaixamento provisório provocado por uma obra e
rebaixamento permanente em regiões com concentração de edifícios
com operação de bombeamento após sua conclusão.
Destinação da água bombeada (para não lançar na sarjeta):
• reúso
• galeria de águas pluviais (obra pronta)
• galeria de águas pluviais após filtragem (durante a obra).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para evitar danos nos vizinhos:
• perfis metálicos e pranchões de madeira ou placas de
concreto: uso não deve ser permitido.
• Parede diafragma:
solução ideal – ficha atingindo camada resistente impermeável
ou uso de laje de subpressão.
• Proibição do rebaixamento nas áreas suscetiveis a recalques
e execução de sobressolo. É a solução??
• Impossibilidade de apontar responsabilidade pelos danos em locais
com diversos edíficios em construção.