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Brasil colonial (XVI-XIX)

Expansão territorial, missões jesuíticas, e os tratados de limites territoriais

Prof. Cristiano Pissolato

Conquista e expansão

• A partir do século XVII ganhou força a expansão territorial para o interior e o litoral norte (Rio Grande do Norte até o Amapá).

• Quatro momentos explicam a expansão: as expedições militares, o bandeirismo, os jesuítas missionários e os criadores de gado.

Antes das bandeiras ocorreram as entradas que exploravam o sertão dentro dos limites de Tordesilhas e eram organizadas pelo governo local.

Expedições militares (expansão oficial)

• Foram organizadas pelo governo colonial para ocupar e defender a posse portuguesa das terras brasileiras.

• As expedições ergueram vários fortes que deram origem a várias cidades.

• O forte de Filipéia de Nossa Senhora das Neves (1584) formando nas redondezas a atual cidade de João Pessoa/PB.

Vista da Igreja de São Francisco no Centro Histórico de João Pessoa, a igreja remonta aos primórdios da ocupação portuguesa no local, atual igreja foi recuperada no século XVIII.

• Nas proximidades do Forte dos Reis Magos (1597) formou-se a atual cidade de Natal/RN.

• Na Fortaleza de São Pedro (1613) formou-se atual cidade de Fortaleza/CE.

A capital cearense conta com uma população de 2.473.614 habitantes (2008).

• No Forte do Presépio (1616) localizado as margens da baía do Guajará, formou-se no local a atual cidade de Belém/PA.

• As bandeiras foram organizadas e financiadas por grupos particulares partindo principalmente da vila de São Paulo.

• As bandeiras não respeitavam o Tratado de Tordesilhas (1494).

Bandeirismo (expedições particulares)

• Na vila de São Paulo desenvolveu-se o cultivo do trigo, algodão e da criação de gado, contudo faltava mão-de-obra, assim inicialmente eram escravizados índios.

O Caçador de escravos, obra de Jean-Baptiste Debret (1820-1830).

Monumento às Bandeiras obra do escultor Victor Brecheret inaugurada em 1954 e localizada no Parque do Ibirapuera na cidade de São Paulo/SP.

Organização das bandeiras

• Eram compostas por homens brancos, mestiços e muitos índios, o líder era chamado de armador e muitas vezes somente organizava e financiava a expedição.

Tipos de bandeirismo

Bandeirismo de aprisionamento

Bandeirismo prospector

Sertanismo de contrato

Bandeirismo de aprisionamento

• Primeiro modelo de bandeira que ocorreu principalmente no século XVI e XVII e consistia em aprisionar índios para escraviza-los.

• A lei permitia a escravização indígena por meio da guerra justa, quando o índio entra em conflito com o colonizador.

• No século XVII atacaram aldeamentos de indígenas dos jesuítas espanhóis espalhadas pela região dos atuais estados de Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul.

Índios escravizados, obra de Jean-Baptiste Debret.

• Os principais líderes desse tipo de bandeira foram Antônio Raposo Tavares e Manoel Preto.

Antônio Raposo Tavares (1598-1658) português fixou-se na capitania de São Vicente (região do atual estado de São Paulo). Destacado bandeirante entrou em conflito com a região missioneira espanhola no atual Rio Grande do Sul. Em uma de suas expedições explorou o rio Madeira, o rio Amazonas chegando a cidade de Belém. Na imagem estátua de Raposo Tavares no Museu do Ipiranga em São Paulo/SP.

Bandeirismo prospector

• Organizado à partir da segunda metade do século XVII com o objetivo de encontrar ouro e pedras preciosas.

• O governo português incentivou tal movimento já que estava em crise econômica.

• Em 1674 uma bandeira comandada por Fernão Dias Pais Leme deixou São Paulo e embrenhou-se no sertão do atual estado de Minas Gerais por sete anos.

Fernão Dias Pais Leme (1608-1681) bandeirante paulista que atuou em várias frentes como o aprisionamento de indígenas e na corrida do ouro. Na imagem estátua de Fernão Dias no Museu do Ipiranga em São Paulo/SP.

• Outros bandeirantes (Antônio Rodrigo Arzão, Pascoal Moreira Cabral, Bartolomeu Bueno da Silva) seguiram para a mesma região até encontrar ouro em Minas Gerais na década de 1690.

Bartolomeu Bueno da Silva (1672-1740) mais conhecido como Anhanguera (termo que em tupi significa “diabo velho”), bandeirante de destaque durante a corrida pela descoberta de ouro. Na imagem estátua de Anhanguera na Avenida Paulista em São Paulo/SP.

• Foi encontrado ouro em menor quantidade em Mato Grosso (1719) e Goiás (1725).

• A necessidade de abastecimento de alimentos, roupas e outros produtos, levou a organização de expedições de comércio denominadas monções.

Partida da Monção, obra de Almeida Júnior (1897). As monções tiveram seu apogeu da segunda metade do século XVIII até a primeira metade do século XIX.

Sertanismo de contrato

• Originou-se no século XVII da necessidade de reprimir grupos indígenas que atacavam os colonizadores e para combater escravos africanos rebelados.

• Os bandeirantes normalmente eram pagos pelo governo local.

• Quem se destacou no desempenho desse tipo de bandeira foi Domingos Jorge Velho que comandou a destruição do Quilombo dos Palmares em 1694.

Domingos Jorge Velho (1641-1705) foi um bandeirante paulista que obteve destaque por combater grupos indígenas e africanos rebelados na região nordeste.

Missões jesuíticas na América portuguesa

• A Companhia de Jesus fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola procurava fazer de seus membros “soldados de cristo”.

• Desde o início da colonização trabalhavam na catequização. Inácio de Loyola (1491-1556)

com um livro nas mãos onde está escrito em latim “Ad maiorem Dei gloriam”, em português “Para maior glória de Deus”.

• Os primeiros jesuítas liderados pelo padre Manuel de Nóbrega chegaram ao Brasil em 1549 quando foi o empossado o primeiro governador-geral Tomé de Sousa.

Brasão da Companhia de Jesus com o monograma IHS fazendo referência a uma abreviação do nome Jesus Cristo.

Manuel da Nóbrega nasceu em Portugal no ano de 1517, o jesuíta atuou no Brasil como grande evangelizador e fundou diversos seminários e colégios. Foi juntamente com José de Anchieta fundador da cidade de São Paulo/SP. Na imagem acima um selo português em comemoração aos 400 anos da fundação da cidade de São Paulo (1954).

• As ordens católicas reuniam os indígenas nos aldeamentos ou missões, e na medida que o governo português tomava posse desses territórios doava sesmarias.

• Na região Amazônica descaram-se a criação de aldeamentos comandados pelo jesuítas que colaboraram para a expansão da fronteira brasileira.

Antônio Vieira (1608-1697) padre jesuíta português teve participação importante na expansão da Companhia de Jesus na região norte durante o século XVII.

• Esses aldeamentos serviram para promover a aculturação dos indígenas.

• Economicamente os índios da missões trabalhavam na extração das drogas do sertão (guaraná, cravo, pimenta, castanha, baunilha, plantas aromáticas e medicinais).

O guaraná é originário da Amazônia e atualmente é utilizado na indústria de bebidas, medicinais, suplementos, etc.

• Os aldeamentos sofreram o ataque de bandeiras para aprisionamento do chamado “índio latino”, isto é um indígena aculturado.

Índios apiacás no rio Arinos, obra de Hércules Florence (1827).

Criação de gado

• Foi uma atividade econômica para suprir a necessidade do mercado interno, tanto para carne, como também força motriz para as lavouras de cana-de-açúcar.

• O governo colonial proibiu em 1701 a criação de gado numa faixa de oitenta quilômetros à partir da costa.

• As áreas do interior nordestino foram as primeiras a serem exploradas, o atual rio São Francisco era chamado de rio dos currais.

Vaqueiro em ação no sertão nordestino.

Entrada do Museu do Vaqueiro localizado na cidade de São José do Mipibú/RN e ao lado vestimenta em couro típica de um vaqueiro nordestino.

• Os produtos de destaque foram a carne-seca (carne-do-ceará, charque) e o couro.

Charqueadores em Tupanciretã/RS no início do século XX.

• A partir da segunda metade do século XVIII a região do atual Rio Grande do Sul também destacou-se no fornecimento de charque e gado muar para a região sudeste do Brasil.

Na segunda metade do século XVIII a região nordeste perde um pouco de sua força na criação de gado devido a seguidas estiagens.

As reduções jesuíticas espanholas na região do atual Rio Grande do Sul foram as responsáveis por introduzir no estado o gado bovino, além de cavalos e jumentos que se reproduziram nos campos gaúchos. Na imagem acima charqueada ilustração de Jean-Baptiste Debret.

Tratados limítrofes envolvendo a colônia portuguesa na América

Tratado de Utrecht (1713)

• Assinado entre Portugal e França estabeleceu que o rio Oiapoque seria a fronteira entre a colônia portuguesa (Brasil) e a Guiana Francesa.

Utrecht – cidade holandesa onde o tratado foi assinado.

Rio Oiapoque

Tratado de Utrecht (1715)

• Assinado entre Portugal e Espanha estabelecendo que a Colônia do Sacramento pertenceria aos portugueses.

Colônia do Sacramento

Buenos Aires

Houve resistência dos espanhóis que controlaram a Colônia do Sacramento em 1715.

Tratado de Madri (1750) • Assinado entre Portugal e Espanha determinava

que: a Colônia do Sacramento ficaria com a Espanha e para compensação Portugal receberia os Sete Povos das Missões.

• As missões dos jesuítas espanholas dos Sete Povos das Missões resistiram provocando a Guerra Guaranítica (1752-1756).

• Os índios guaranis foram massacrados por Portugal e Espanha.

Sepé Tiaraju nasceu na redução de São Luiz Gonzaga e foi o líder guarani durante o conflito contra a expulsão dos povos indígenas da região. Enfrentando o exército de Portugal e da Espanha, sendo morto em São Gabriel (1756). Na imagem estátua do líder na cidade de São Luiz Gonzaga.

• Devido a vários conflitos o Tratado de Madri (1750) foi anulado pelo Acordo do Pardo em 1761.

Fortaleza Príncipe da Beira teve sua construção iniciada por volta de 1776 as margens do rio Guaporé, no atual estado de Rondônia.

• Em 1762 devido a um conflito entre as potências europeias, Portugal e Espanha participaram do conflito de lados opostos.

• Resultado: os espanhóis invadiram grande parte do atual território do estado do Rio Grande do Sul.

GUERRA DOS SETE ANOS (1756 -1763)

Grã-Bretanha Prússia PORTUGAL

França Áustria

Império Russo ESPANHA

A guerra resultou em conflitos na Europa, Ásia e América. No sul do Brasil forças castelhanas ocuparam a atual cidade de Rio Grande e a ilha de Santa Catarina, regiões que permaneceram em conflito até 1777.

X

Tratado de Santo Ildefonso (1777)

• Assinado por Portugal e Espanha delineava: a Espanha devolvia os território ocupados no atual Rio Grande do Sul, e Portugal desistiria da Colônia do Sacramento e dos Sete Povos das Missões.

Santo Ildefonso – cidade espanhola onde o tratado foi assinado.

Tratado de Badajós (1801)

• Foi a última negociação entre Portugal e Espanha, definindo que a Colônia do Sacramento pertenceria a Espanha e os Sete Povos das Missões à Portugal.

Badajoz – cidade espanhola onde o tratado foi assinado.

Rei Carlos IV governou a Espanha de 1788 a 1808, pertencente a Dinastia Bourbon no poder em Madri desde 1700.

D. João regente do Reino de Portugal (1792-1816), devido a sua mãe e rainha D. Maria I ser instável mentalmente.

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O Tratado de Madri (1750) já estabelecia está divisão.


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