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Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 11

Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies

para fins de determinação da base de cálculo da con-tribuição.

e) estão sujeitas ao pagamento da CSLL as pessoas jurídicas e as pessoas físicas a elas equiparadas, domiciliadas no País. A apuração da CSLL deve acompanhar a forma de tributação do lucro ado-tada para o IRPJ.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: atenção para a exigência do examinador de que fosse assinalada a alternativa veicu-lando texto incorreto a respeito da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Essa questão também revela duas tendências da ESAF, fortemente manifesta-das na prova de Direito Tributário de 2014. A primeira foi a de exigir do candidato vastos conhecimentos sobre a jurisprudência dos tribunais superiores, sobretudo do Supremo Tribunal Federal. E a segunda, foi a cobrança de legislação tributária federal na prova de Direito Tri-butário, o que não se pode alegar constituir exigência indevida, pois o conteúdo de Direito Tributário abrange os tributos em espécie.

Alternativa correta: letra “d”: veicula o texto incorreto sobre a CSLL, na medida em que, para fins de determinação da base de cálculo da contribuição, as entidades sujeitas ao tributo deverão ajustar o resul-tado do perído com as adições e exclusões admitidas, conforme legislação vigente. É o que se depreende do disposto na alínea “c” do § 1º do artigo 2º da Lei 7.689/88, segundo o qual “... o resultado do período--base, apurado com observância da legislação comer-cial, será ajustado”, o que demanda uma obrigatorie-dade de ajuste estabelecida pelo legislador, e não uma faculdade (“poderão ajustar”), como equivocadamente ventilado pelo examinador.

Alternativas “a” e “b”: são afirmações corretas, pois correspondem com exatidão ao entendimento da jurisprudência do STF acerca da CSLL, consoante se depreende de recente acórdão exarado com repercus-são geral (STF – RE 582252/SP – Pleno – Rel. Min. Joa-quim Barbosa – Dje 06/12/2014).

�QUESTÕES

CF, título VI, capítulo I, seções I a V.

CF, arts. 5º, II, 30, I e II, 40, 68, § 2º, 177, 182, 195 e 227.

CTN, arts. 3º, 4º, 5º, 15 a 82, 97 a 130, 149, 151, 156 e 170-A.

CC, art. 82.

Leis complementares 24/75, 87,96, 101/2000, 104/2001, 116/2003 e 123/2006.

Leis 7.689/88, 8.981/95, 9.430/96, 10.168/2000, 10.833/03 e 10.865/04.

Lei Paulista 6.374/89, art. 66-B.

Decretos 6.306/97 (Regulamento do IOF), 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro) e 7.212/2010 (Regulamento do IPI).

Decreto Paulista 45.490/00 (Regulamento do ICMS).

01. (ESAF – Auditor-Fiscal – RFB/2014) Sobre a CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, é incorreto afirmar que:

a) o valor pago a título de CSLL não perde a caracterís-tica de corresponder a parte dos lucros ou da renda do contribuinte pela circunstância de ser utilizado para solver obrigação tributária.

b) é constitucional dispositivo de lei que proíbe a dedução do valor da CSLL para fins de apuração do lucro real, base de cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas.

c) as associações de poupança e empréstimo estão isentas do imposto sobre a renda, mas são con-tribuintes da contribuição social sobre o lucro líquido.

d) as entidades sujeitas à CSLL poderão ajustar o resul-tado do período com as adições determinadas e exclusões admitidas, conforme legislação vigente,

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Alternativa “c”: nos termos do artigo 177 do Regu-lamento do Imposto de Renda – Decreto 3.000/99, de fato, estão “...isentas do imposto as Associações de Poupança e Empréstimo, devidamente autorizadas pelo órgão competente, constituídas sob a forma de sociedade civil, tendo por objetivo propiciar ou facili-tar a aquisição de casa própria aos associados, captar, incentivar e disseminar a poupança, que atendam às normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacio-nal”. Também, realmente, não há previsão de isenção para essas entidades em relação à CSLL e, assim, diante do que estabelece o artigo 150, § 6º da CF (“...qual-quer subsídio ou isenção... só poderá ser concedido mediante lei específica...”), elas são contribuintes da CSLL.

Alternativa “e”: as pessoas jurídicas domicilia-das no Brasil e as pessoas físicas que lhes são equipa-radas pela legislação tributária constituem o elenco de contribuintes da CSLL, estabelecido no artigo 5º da Lei 7.689/88. No mais, nos termos do artigo 57 da Lei 8.981/95, aplicam-se à CSLL “...as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o Imposto de Renda das pessoas jurídicas...”, o que torna lícito o afirmado pelo examinador no sentido de que a apura-ção da CSLL deve – acompanhar a forma de tributação do lucro adotada para o IRPJ.

02. (ESAF – Auditor-Fiscal – RFB/2014) Com a extin-ção do chamado Regime Tributário de Transição (RTT), foram efetuadas importantes alterações na legislação vigente sobre o Imposto de Renda das Pessoas Jurídi-cas (IRPJ), e sobre a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Entre as opções abaixo, assinale aquela que não constitui uma dessas alterações.

a) Tratamento dos efeitos provocados em razão da alteração significativa na forma de contabilização do arrendamento mercantil (leasing) na Lei das SA, com o reconhecimento no ativo imobilizado do bem arrendado, desde a formalização do con-trato.

b) Disciplinamento de ajustes decorrentes dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos em razão da convergência das normas contábeis brasi-leiras aos padrões internacionais.

c) Estabelecimento de multa específica pela falta de apresentação da escrituração do livro de apuração do lucro real em meio digital, ou pela sua apresen-tação com informações incorretas ou omissas, com base na capacidade contributiva da empresa.

d) Extinção da sistemática de ajustes em Livro Fiscal para os ajustes do lucro líquido decorrentes do RTT.

e) Avaliação dos investimentos pela equivalência patrimonial. A MP dispõe sobre o registro sepa-rado do valor decorrente da avaliação ao valor justo dos ativos líquidos da investida (mais-valia) e a diferenaça decorrente de rentabilidade futura (goodwill).

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: o Regime Tributário de Transi-ção – RTT foi instituído em 2008 para tratar dos ajustes tributários decorretnes dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei 11.638/2007 e pelos artigos 37 e 38 da Lei 11.941/2009 (originária da Lei MP 449/2008). Foi extinto pela Medida Provisória 627/2013, convertida na Lei 12.973/2014, que também introduziu importantes alterações na legislação vigente sobre o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), e sobre a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Atenção para a exigência do examinador de que fosse assinalada como correta a alterantiva contendo a opção que não constitui uma dessas alterações na legislação do IRPJ e da CSLL. Outro detalhe interessante é que todas as alternativas contendo opções corretas corres-ponderam a trechos da exposição de motivos da Media Provisória 627/2013.

Alternativa correta: letra “d”: segundo o item 15,2 da Exposição de Motivos da MP 627/2013, o artigo 8º, também em razão dos avanços tecnológicos e obje-tivando melhor controle, mediante o aperfeiçoamento da forma de escriturar e de disponibilizar o livro de apuração do lucro real fiscal, obriga os contribuintes a escriturar o livro eletrônico de escrituração e apura-ção da pessoa jurídica pelo lucro real. Com isso, restou mantida a sistemática de ajustes em Livro Fiscal para os ajustes do lucro líquido decorrentes do RTT, totalmente o inverso do que afirmado pelo examinador nessa alter-nativa da questão.

Alternativa “a”: como em todas as demais alter-nativas contendo opções corretas, reproduz trecho da exposição de motivos da Medida Provisória 627/2013 e evidencia o que está disposito nos §§ 3º e 4º do artigo 13 do Decreto-lei 1.598/77, com redação da referida medida provisória.

Alternativa “b”: os novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei 11.638/2007 e pelos artigos 37 e 38 da Lei 11.941/2009 (originária da Lei MP 449/2008) buscam justamente a convergência das nor-mas contábeis brasileiras aos padrões internacionais. Não é por outra razão que, após consolidação desses métodos e critérios, a MP 627/2013 veio estabelecer uma disciplina dos ajustes necessários, consoante, mais uma vez, esclarecido na exposição de motivos da medida provisória em tela.

Alternativa “c”: nos termos da redação que a MP 627/2013 deu ao 8º-A do Decreto-lei 1.598/77, o sujeito passivo que deixar de apresentar o livro de apuração do lucro real em meio digital, ou apresenta-lo com ine-xatidões, incorreções ou omissões, fica mesmo sujeito a multa específica. Essa multa varia segundo a capaci-dade contributiva da empresa, o que se evidencia pela natureza da penalidade, que é de 0,025%, por mês calendário ou fração, da receita bruta da pessoa jurídica no período a que se refere a apuração, limitada a um por cento, relativamente ás pessoas jurídicas que deixarem de apresentar ou apresentarem em atraso o livro (inciso

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I), ou de 5%, não inferior a R$ 500,00, do valor omitido, inexato ou incorreto.

Alternativa “e”: de acordo com a redação que MP 627/2013 deu ao artigo 20, incisos II e III do Decreto-lei 1.598/77, realmente, são desdobramentos previstos para o registro do custo de aquisição o valor decorrente da avaliação ao valor justo dos ativos líquidos da inves-tida (mais-valia) e a diferença decorrente de rentabili-dade futura (goodwill).

03. (ESAF – Auditor-Fiscal – RFB/2014) Sobre recente alteração efetuada na legislação sobre tributação de lucros auferidos no exterior por empresas controladas por pessoa jurídica investidora domiciliada no Brasil, jul-gue as alternativas abaixo, para então assinalar a opção correta.

I. Os lucros auferidos por intermédio de controladas no exterior são tributados pelo regime de compe-tência.

II. Permite-se a utilização de prejuízo da mesma empresa no exterior para compensar lucros nos exercícios subsequentes, limitados a cinco anos.

III. Permite-se crédito sobre tributos retidos no exte-rior sobre dividendos recebidos pela investidora no Brasil.

IV. Permite-se a consolidação de lucros com prejuízos no exterior, por um período experimental de qua-tro anos, desde que a investida esteja localizada em país que mantenha acordo para troca de informa-ções tributárias e não seja paraíso fiscal.

a) Apenas I está correta.

b) Apenas I e II estão corretas.

c) Apenas I, II e IV estão corretas.

d) Apenas II está correta.

e) Todas as alternativas estão corretas.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: essa questão revela uma ten-dência da banca ESAF de exigir, na prova de Direito Tributário, conhecimentos sobre recentes alterações da legislação relativa aos tributos federais em espécie. Sem dúvida, isso caberia muito mais na prova de Legis-lação Tributária Federal, mas, por se tratar de tributos em espécie, não se pode afirmar que seja tema alheio ao compartimento do edital reservado ao conteúdo a ser exigido em Direito Tributário. Outro ponto a se res-saltar é que, mais uma vez, entrou na berlinda a Medida Provisória 627/2013, posteriormente convertida na Lei 12.973/2014, que, além de dispor sobre a extinção do RTT, tratou da tributação da pessoa jurídica domiciliada no Brasil, com relação ao acréscimo patrimonial decor-rente de participação em lucros auferidos no exterior por controladas e coligadas e de lucros auferidos por pessoa física residente no Brasil por intermédio de pes-soa jurídica controlada no exterior.

Alternativa correta: letra “e”.

Item I: correto. Evidencia-se a adoção do regime de competência pela regra do artigo 72 da MP 627/2013, que impõe a contabilização do lucro em relação ao ano calendário em que foram apurados em balanço. Lem-brando-se que, em matéria de tributação da renda e do lucro, considera-se ano calendário aquele em que obtido o lucro ou rendimento, e exercício o ano da declaração dos tributos.

Item II: correto. Isso porque, nos termos do § 4º do artigo 74 da MP 627/2013, nos prejuízos acumulados, o saldo remanescente de prejuízo de cada pessoa jurí-dica poderá ser utilizado na compensação com lucros futuros das mesmas pessoas jurídicas no exterior que lhes deram origem, até o quinto ano-calendário subse-quente.

Item III: correto. Com o objetivo de evitar a dupla tributação internacional, os artigos 81 a 85 da MP 627/2013 autorizam deduções específicas da base de cálculo do imposto sobre a renda e da CSLL, quando estas bases de cálculo forem afetadas pela tributação dos lucros auferidos no exterior, inclusive permitindo a dedução (crédito) de tributos retidos no exterior.

Item IV: correto. O permissivo para consolidação de lucros com prejuízos no exterior, ficou estabelecido no artigo 74 até o ano calendário de 2017 (daí afirmar--se um período experimental de 4 anos). Ficam excep-cionadas as parcelas referentes às pessoas jurídicas investidas que se encontrem em pelo menos uma das seguintes situações: I – situadas em país com o qual o Brasil não mantenha acordo em vigor para troca de informações para fins tributários; II – localizadas em país ou dependência com tributação favorecida, ou sejam beneficiárias de regime fiscal privilegiado, de que tratam os arts. 24 e 24-A da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 ou estejam submetidas a regime de tributação definido no inciso III do caput do art. 80; ou III – sejam controladas, direta ou indiretamente, por pes-soa jurídica submetida a tratamento tributário previsto no inciso II do caput. Interpretada em sentido contrário essas restrições, tem-se como resultado as condições constantes do texto apresentado pelo examinador (“desde que a investida esteja localizada em país que mantenha acordo para troca de informações tributárias e não seja paraíso fiscal”).

04. (ESAF – Auditor-Fiscal – RFB/2014) A desoneração do ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circula-ção de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comuni-cação – das exportações, cuja finalidade é o incentivo a estas, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos – imuniza as operações de exportação e assegura a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto (ICMS) cobrado nas operações e prestações anteriores. Conso-ante entendimento do STF sobre tal dispositivo, pode-mos afirmar, exceto, que:

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a) o aproveitamento dos créditos de ICMS, por ocasião da saída imune para o exterior, gera receita tributá-vel por parte da Cofins e da Contribuição para o PIS.

b) adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditar-se do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior.

c) sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de ele-mento novo e positivo, sem reservas ou condições.

d) o aproveitamento de créditos de ICMS, por oca-sião da saída imune para o exterior, constitui mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pela Constituição Fede-ral.

e) o conceito de receita, acolhido pela Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil.

|COMENTÁRIOS|.

Nota do autor: consoante tradição da banca ESAF para as provas voltadas ao cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal, essa questão exige que o candidato esteja ciente dos mais recentes entendimentos da juris-prudência do Supremo Tribunal Federal em matéria tri-butária. No caso, a exigência diz respeito à decisão com repercussão geral do Pleno do STF no Recurso Extra-ordinário 606107/RS, julgamento em 22/05/2013, que teve por relatora a Ministra Rosa WEBER. Atenção para a exigência do examinador, evidenciada pelo termo “exceto”, de que fosse assinalada a única alternativa não condizente sobre o entendimento do Supremo acerca do artigo 155, inciso X, alínea “a”, da Constituição Fede-ral, segundo o qual o ICMS não incidirá “...sobre opera-ções que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do mon-tante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”.

Alternativa correta: letra “a”. Deve ser assinalada por estar em descompasso com o entendimento do STF, que é justamente o oposto, isto é, de que o aproveita-mento dos créditos de ICMS, por ocasião da saída imune para o exterior, não gera receita tributável por parte da Cofins e da Contribuição para o PIS. Para fundamentar esse entendimento, o acórdão consigna que a manu-tenção de crédito assegurada pelo artigo 155, inciso X, alínea “a”, da Constituição Federal consistem em mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, ou seja, não pode ser considerada receita ou faturamento da empresa exportadora.

Demais alternativas: todas transcrevem, literal-mente, trechos da ementa do acórdão do RE 606107/RS, refletindo com exatidão o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria.

05. (Cespe – Advogado da União/2012) Julgue os itens seguintes, a respeito do Sistema Tributário Nacio-nal.

Os Estados e o DF podem estabelecer alíquotas internas de ICMS inferiores às previstas para as opera-ções interestaduais.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: a disciplina constitucional do ICMS, principal imposto dos Estados, está prevista no artigo 155, inciso II e parágrafos segundo a quinto, cuja leitura é ora sugerida.

Errado. Salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, alínea “g” do § 2º do artigo 155 da CF, as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de merca-dorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais (CF, art. 155, § 2º, VI).

06. (Cespe – Advogado da União/2012) Em relação à responsabilidade tributária, julgue os itens.

06.1. O Senado Federal pode fixar a alíquota máxima do ICMS.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: em nome do princípio fede-rativo, a Constituição Federal atribui ao Senado Federal algumas competências para fixação de alíquotas em relação aos impostos estaduais.

Certo. É facultado ao Senado Federal fixar alíquotas máximas do ICMS nas operações internas para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros (CF, art. 155, § 2º, V, “b”).

07. (Cespe – Analista Judiciário – Área Judiciária – STJ/2012) Acerca do pagamento indevido e dos tribu-tos em espécie, julgue os itens que se seguem.

07.1. Segundo entendimento do STF, o serviço de ilumi-nação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: por não ser um serviço espe-cífico e divisível, a iluminação pública não pode cons-tituir fato gerador de taxa, sob pena de afrontar a exi-gência do artigo 145, inciso II da CF. Vale ressaltar que a Emenda Constitucional 39/2002 implementou a Contri-buição para a Iluminação Pública, de competência dos Municípios e do Distrito Federal. Tem por finalidade o custeio dos serviços de iluminação pública e deve res-peitar os preceitos do artigo 150, incisos I e III. Facultati-vamente, pode ser cobrada nas faturas de consumo de energia elétrica (CF, art. 149-A, parágrafo único).

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Certo. Segundo a Súmula Vinculante nº 41 do STF (antiga Súmula 670), “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”.

08. (Cespe – Procurador do Ministério Público junto ao TCDF/2013) Julgue os itens subsequentes, acerca dos impostos da União.

08.1. Nas operações de câmbio, o fato gerador do imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro (IOF) consiste na efetivação da operação – configurada pela entrega de moeda nacional ou estrangeira ou de documento que a represente – ou na colocação à dispo-sição do interessado do montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional por ele entregue ou por ele posta à disposição.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o imposto de competência da União sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários, comumente chamado de imposto sobre operações financeiras (IOF) é classificado como extrafiscal, haja vista que, pela alte-ração de sua carga tributária, dá-se a intervenção da União na economia (função regulatória), incentivando ou desestimulando determinadas operações financeiras. Inclusive, nos termos do § 1° do artigo 150, da CF, constitui exceção às duas vertentes do Princípio da Anterioridade (exercício e nonagesimal), bem como poderá ter suas alí-quotas alteradas pelo Poder Executivo (CF, art. 153, § 1º).

Certo. O item reproduz o teor do artigo 63, inciso II, do CTN, segundo o qual “o imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador, quanto às operações de câm-bio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este”.

08.2. Conforme entendimento jurisprudencial assente no STJ, o fato gerador do imposto sobre a importação de produtos estrangeiros consuma-se na data do ingresso da mercadoria importada no país, devendo, por isso, ser aplicada para o cálculo do imposto a alíquota vigente nessa data.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o imposto de importação, a exemplo de outros impostos de caráter extrafiscal, além do objetivo de arrecadação, tem por finalidade cons-tituir um instrumento regulador de mercado, no caso, de grande valia para o Poder Executivo no âmbito do comércio exterior. Para tanto, o artigo 153, § 1º, da CF estabelece em relação a ele uma amenização ao prin-cípio da legalidade tributária, permitindo que o Poder Executivo altere suas alíquotas, nos limites e condições estabelecidos em lei. Especificamente na presente ques-

tão, a exigência se refere ao momento do fato gerador do Imposto de Importação, o qual, nos termos do artigo 73 do Decreto 6.759/2009 – Regulamento Aduaneiro, varia segundo diversas situações, ocorrendo: I – na data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo; II - no dia do lan-çamento do correspondente crédito tributário, quando se tratar de: a) bens contidos em remessa postal interna-cional não sujeitos ao regime de importação comum; b) bens compreendidos no conceito de bagagem, acom-panhada ou desacompanhada; c) mercadoria constante de manifesto ou de outras declarações de efeito equi-valente, cujo extravio tenha sido verificado pela autori-dade aduaneira; d) mercadoria estrangeira que não haja sido objeto de declaração de importação, na hipótese em que tenha sido consumida ou revendida, ou não seja localizada; III - na data do vencimento do prazo de permanência da mercadoria em recinto alfandegado, se iniciado o respectivo despacho aduaneiro antes de aplicada a pena de perdimento da mercadoria, na hipó-tese a que se refere o inciso XXI do art. 689; IV - na data do registro da declaração de admissão temporária para utilização econômica.

Errado. É pacífico o entendimento do STJ no sen-tido de que, no caso de importação de mercadoria des-pachada para consumo, “o fato gerador para o imposto de importação consuma-se na data do registro da Declaração de Importação” (STJ, REsp 1139922/SP), admitindo o que literalmente dispõe o artigo 73, inciso I, do Decreto 6.759/2009 – Regulamento Aduaneiro.

08.3. O fato gerador do imposto sobre a renda e pro-ventos de qualquer natureza é a disponibilidade finan-ceira da renda.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: nos termos do artigo 43 do CTN, o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponi-bilidade econômica ou jurídica de renda (assim enten-dido o produto do capital, do trabalho ou da combi-nação de ambos) e de proventos de qualquer natureza (assim entendidos os demais acréscimos patrimoniais).

Errado. O fato gerador do imposto de renda não é a disponibilidade financeira da renda, mas sim a aquisição da sua disponibilidade econômica ou jurídica. Por dispo-nibilidade econômica tem-se a faculdade de usar, gozar e dispor do numerário, enquanto por disponibilidade eco-nômica ou jurídica tem-se o direito de crédito não sujeito a condição suspensiva, representado por títulos ou docu-mentos de liquidez e certeza. Na mesma linha tem-se a jurisprudência do STJ, que se reflete no seguinte excerto: “Não se deve confundir disponibilidade econômica com disponibilidade financeira da renda ou dos proventos de qualquer natureza. Enquanto esta última se refere à imediata ‘utilidade’ da renda, a segunda está atrelada ao simples acréscimo patrimonial, independentemente da existência de recursos financeiros” (Resp 983.134/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 3.4.2008, DJe 17.4.2008).

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09. (Cespe – Procurador do Ministério Público junto ao TCDF/2013) Julgue os itens subsecutivos, referentes aos impostos dos Estados e do DF.

09.1. Conforme o entendimento do STF, o ICMS incide sobre a aquisição de software, ainda que a compra seja feita mediante transferência eletrônica de dados, sem que haja uma base física que caracterize o corpus mechanicum da criação intelectual.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: há um precedente do STF (RE 176.626, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, DJ de 11-12-1998) que faz uma distinção sobre o tra-tamento tributário a ser dispensado ao software. Em suma, apregoa que não há incidência de ICMS sobre as operações de licenciamento ou cessão do direito de uso de programas de computador (considerando o sof-tware aqui como um bem incorpóreo). Por outro lado, deve haver a incidência do ICMS sobre a circulação de cópias ou exemplares dos programas de computador produzidos em série e comercializados no varejo, como a do chamado software de prateleira (off the shelf), os quais, materializando o corpus mechanicum da criação intelectual do programa, constituem mercadorias pos-tas no comércio.

Certo. O item é interessante por tratar da aquisição de software que não tem uma base física, ou seja, a com-pra do software ocorre com a transferência eletrônica de dados. O STF, na apreciação da medida liminar da ADI 1945, em 2011, por maioria de votos, propugnou pela incidência (do ICMS) sobre softwares adquiridos por meio de transferência eletrônica de dados. Eis o trecho da ementa: “ICMS. Incidência sobre softwares adquiridos por meio de transferência eletrônica de dados (art. 2º, § 1º, item 6, e art. 6º, § 6º, ambos da Lei impugnada). Pos-sibilidade. Inexistência de bem corpóreo ou mercadoria em sentido estrito. Irrelevância. O Tribunal não pode se furtar a abarcar situações novas, consequências concre-tas do mundo real, com base em premissas jurídicas que não são mais totalmente corretas. O apego a tais diretri-zes jurídicas acaba por enfraquecer o texto constitucio-nal, pois não permite que a abertura dos dispositivos da Constituição possa se adaptar aos novos tempos, antes imprevisíveis”. Cumpre destacar que a ADI ainda não foi definitivamente julgada, sendo que o posicionamento retro refere-se ao julgamento do seu pedido liminar.

09.2. Constitui fato gerador do imposto sobre proprie-dade de veículos automotores (IPVA) a propriedade de veículos automotores, incluindo-se a de embarcações e aeronaves.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre propriedade de veículos automotores (CF, art. 155, III).

Errado. O STF já firmou entendimento de que o campo de incidência do IPVA não inclui as embarca-ções e aeronaves (STF, Recursos Extraordinários 134.509, 255.111 e 322.799, dentre outros). O argumento é pela interpretação restritiva da expressão “veículos automo-tores”. “A definição do alcance da expressão ´veículos automotores̀ que deve ser tomada em sua acepção técnica, abrange exclusivamente os veículos de trans-porte viário ou terrestre; escapam de seu alcance, pois, as aeronaves (aparelho manobrável em vôo, apto a se sustentar e circular no espaço aéreo mediante reações aerodinâmicas e capaz de transportar pessoas e coisas de acordo com a legislação aeronáutica) e embarcações. Se houvesse pretendido abrangê-las, o constituinte deveria ter sido específico” (STF, RE 134.509, Relator Ministro Sepúlveda Pertence).

09.3. O imposto de transmissão causa mortis, que será devido pela alíquota vigente na data da sentença do processo de inventário, não é exigível antes da homo-logação do cálculo.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: compete aos Estados e ao Dis-trito Federal instituir impostos sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (CF, art. 155, I), conhecido em alguns Estados pela sigla ITCMD e em outros pela sigla ITCD.

Errado. O item baseia-se em duas Súmulas do STF, a 112 (“o imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da suces-são”) e a 114 (“o imposto de transmissão causa mortis não é exigível antes da homologação do cálculo”). A primeira parte da assertiva está errada, pois distorce o teor da Súmula 112 ao prever que o ITCMD será devido pela alíquota vigente na data da sentença do inven-tário (o certo é na data da abertura da sucessão). Já a segunda parte está correta por reproduzir ipsis literis a Súmula 114. O erro da primeira parte da frase macula o item todo.

10. (Cespe – Procurador do Ministério Público junto ao TCDF/2013) No que concerne aos impostos de com-petência dos municípios e do DF, julgue os próximos itens.

10.1. O benefício da alíquota fixa do imposto sobre ser-viços (ISS) alcança as sociedades unipessoais integradas por profissionais que atuem com responsabilidade pes-soal e as sociedades empresárias limitadas.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o artigo 9º do Decreto-Lei 406/68 (que não foi revogado pela LC 116/2003) prevê, em seu parágrafo terceiro, a possibilidade de que algu-mas sociedades sejam tributadas pelo ISS a partir de um valor fixo por profissional (e não sobre o faturamento da pessoa jurídica). Esse valor fixo é “calculado em relação a

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Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 17

cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da sociedade, embora assumindo responsabilidade pessoal, nos termos da lei aplicável” (DL 406/68, art. 9º, § 3º).

Errado. A jurisprudência do Superior Tribunal de Jus-tiça firmou-se no sentido de que o benefício da alíquota fixa do ISS somente é devido às sociedades unipessoais integradas por profissionais que atuam com respon-sabilidade pessoal, não alcançando as sociedades empresariais, como as sociedades por quotas, cuja res-ponsabilidade é limitada ao capital social (AgRg nos EDcl no AREsp 33.365/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 22/11/2011, DJe 25/11/2011).

11. (Cespe – Procurador do DF/ 2013) Paulo e Jorge, residentes em Goiânia – GO e sem endereço fixo no DF, iniciaram um negócio de vendas de veículos em uma sala no DF para moradores tanto do DF quanto de outros estados, sendo as operações comerciais todas feitas a pedido de clientes que deixavam seus veículos para venda. Após denúncia, o fisco do DF constatou que as operações de venda dos veículos estavam sendo fei-tas sem o pagamento do respectivo tributo e que não havia inscrição no cadastro fiscal de qualquer sociedade empresária para a realização de tais operações.

Considerando a situação hipotética acima apresen-tada, julgue os seguintes itens.

11.1. A espécie de tributo gerado em função da opera-ção, inclusive da venda de veículos para pessoas de fora do DF, é o ICMS, dada a existência efetiva de circulação de mercadorias.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre “operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as presta-ções se iniciem no exterior” (CF, art. 155, II). Trata-se do ICMS.

Certo. O “negócio de vendas de veículos” geren-ciado por Paulo e Jorge nada mais é do que a prática com habitualidade e intuito comercial de operações de circulação de mercadorias, sujeitas ao ICMS, nos termos do artigo 155, inciso II, da CF, c/c artigos 2º, inciso I e 4º da LC 87/96.

12. (Cespe – Defensor Público – DF/ 2013) Conside-rando as limitações do poder de tributar e os impostos dos estados e do DF, julgue os itens que se seguem.

De acordo com o STF, é constitucional a incidência do ISS sobre operações de locação de bens móveis.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o assunto já foi objeto de Súmula Vinculante pelo STF.

Errado. Segundo a Súmula Vinculante 31 “é incons-titucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis”.

12.1. Nos serviços de plano de saúde, utiliza-se como base de cálculo do ISS o valor total recebido, ou seja, a mensalidade paga pelo associado à empresa gestora do plano e as quantias repassadas aos terceiros credencia-dos que prestam o serviço médico.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o STJ tem jurisprudência consolidada sobre o tema, no sentido de que a base de cálculo do ISS nos serviços de plano de saúde é o valor líquido recebido, ou seja, da mensalidade paga pelo associado à empresa gestora do plano devem ser dedu-zidas as quantias repassadas aos terceiros credenciados que prestam o atendimento médico, sob pena de se caracterizar dupla tributação à nova incidência sobre o valor destinado a remunerar esses serviços especializa-dos.

Errado. “No que se refere à base de cálculo, mostra--se ilegítima a incidência do ISS sobre o total das mensa-lidades pagas pelo titular do plano de saúde à empresa gestora, pois, em relação aos serviços prestados pelos profissionais credenciados, há a incidência do tributo, de modo que a nova incidência sobre o valor destinado a remunerar tais serviços caracteriza-se como dupla incidência de um mesmo tributo sobre uma mesma base imponível. Por tal razão, o valor repassado aos profissionais credenciados deve ser excluído da base de cálculo do tributo devido pela empresa gestora” (REsp 783.022/MG, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 16/03/2009).

13. (Cespe – Defensor Público – DF/ 2013) No que se refere à obrigação tributária e ao processo judicial tribu-tário, julgue os seguintes itens.

13.1. A natureza jurídica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevan-tes para qualificá-la as características formais adotadas pela lei.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: o gabarito oficial considerou o item certo a partir da literalidade do texto do artigo 4º, inciso I (in fine) do CTN.

Certo. O artigo 4º do CTN estipula que “a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: (i) a denominação e demais caracterís-ticas formais adotadas pela lei; (ii) a destinação legal do produto da sua arrecadação”. Por oportuno, vale a pena destacar uma reflexão doutrinária que coloca em xeque a efetividade do citado artigo 4º do CTN (ALE-XANDRE, Ricardo. Direito Tributário esquematizado. 8ª

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18 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo

edição, São Paulo: Método, 2014, página 20). Há algu-mas situações em que as espécies tributárias não são distinguidas pelo fato gerador. Por exemplo, na com-paração entre o imposto de renda da pessoa jurídica e a contribuição social sobre o lucro, os fatos geradores são praticamente idênticos. O que diferencia o IRPJ e a CSLL é o nome e o destino do produto arrecadado e não o fato gerador (que é o mesmo nos dois tributos). Entretanto, seja o nome, seja a destinação do produto da arrecadação, ambos são critérios considerados irrele-vantes pelo artigo 4º do CTN. Noutro giro, o artigo 145, § 2º, da CF proíbe que as taxas tenham bases de cálculo idênticas às dos impostos, daí a se concluir que, nesse caso, além do fato gerador, torna-se necessário avaliar a base de cálculo na análise para especificar a natureza jurídica de um tributo. Importante dizer que, em geral, a exigência dos concursos públicos se dá pela redação literal do artigo 4º do CTN, a exemplo do que ocorreu na questão ora comentada. Todavia, o candidato deve estar alerta para questões que exigem conhecimentos sobre posicionamentos doutrinários, tal como o aqui exposto.

14. (Cespe – Procurador Federal/2013) Relativa-mente à distinção entre taxa e preço público, julgue o item seguinte.

14.1. Enquanto determinado aeroporto for adminis-trado pela INFRAERO, a taxa de embarque que o consu-midor pagar classificar-se-á como uma taxa, no sentido de espécie tributária; se for transferida a administração do citado aeroporto para concessionário privado, o referido pagamento passará a ter natureza jurídica de preço público.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: a Infraero é uma empresa pública que executa como atividade fim serviços de infraestrutura aeroportuária (em regime de monopó-lio), constitucionalmente outorgados à União Federal. Nesse sentido, qualifica-se, em razão de sua específica destinação institucional, como entidade delegatária dos serviços públicos a que se refere o art. 21, inciso XII, alínea “c”, da CF.

Errado. A Infraero é remunerada, pelos serviços prestados, por meio de Tarifas Aeroportuárias criadas pela Lei nº 6.009, de 26/12/1973, e regulamentadas pelo Decreto nº 89.121, de 6/12/1983 (e não por taxas como constou no item). Isso fica claro na citada lei, cujo artigo 2º dispõe que “a efetiva utilização de áreas, edifícios, instalações, equipamentos, facilidades e serviços de um aeroporto está sujeita ao pagamento referente aos pre-ços que incidirem sobre a parte utilizada”. Entre as tari-fas aeroportuárias, está a tarifa de embarque, citada no enunciado da questão, que é “devida pela utilização das instalações e serviços de despacho e embarque da Estação de Passageiros; incide sobre o passageiro do transporte aéreo”.

15. (Cespe – Defensor Público – TO/2013) No que concerne às contribuições, assinale a opção correta.

a) As contribuições sociais do empregador incidentes sobre a receita poderão ser não cumulativas, con-forme o setor da atividade econômica.

b) Com relação às empresas, a CF proíbe a substitui-ção da contribuição incidente sobre folha de salário pela incidente sobre o faturamento.

c) As contribuições residuais para a seguridade social são cumulativas e de competência da União, institu-ídas por lei complementar, desde que não tenham fato gerador próprio de impostos.

d) As contribuições sociais e de intervenção no domí-nio econômico incidirão sobre as receitas decorren-tes de exportação.

e) As contribuições de interesse das categorias pro-fissionais ou econômicas são de competência da União, dos estados, do DF e dos municípios.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: entre as contribuições, não há dúvida de que as Contribuições para a Seguridade Social são as de finalidade social mais ampla, pois cus-teiam o sistema público que abrange Saúde, Previdên-cia e Assistência Social. Previstas no artigo 195, incisos I a IV, da CF, compreendem as contribuições sociais: I – a cargo do empregador incidentes sobre folhas de salários e demais rendimentos (INSS), sobre a receita ou faturamento (COFINS) e sobre o lucro (CSLL – Con-tribuição Social sobre o Lucro Líquido); II – a cargo do trabalhador e demais segurados (INSS); III – incidentes sobre concurso de prognósticos; e IV – incidentes sobre o importador de bens ou serviços.

Alternativa correta: letra “a”: o texto da alterna-tiva em comento encontra guarida no § 12 do artigo 195 da CF, segundo o qual “a lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas”.

Alternativa “b”: incorreta, por afrontar o teor do § 13 do artigo 195 da CF (“aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento”). Per-ceba que não há a proibição mencionada na alternativa.

Alternativa “c”: incorreta. O artigo 195, § 4º, da CF disciplina a competência residual da União para a insti-tuição de novas contribuições sociais para a seguridade social (“a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido ao disposto no art. 154, I”). Observe que o dispositivo normativo reproduzido apregoa a obediência ao artigo 154, inciso I, da Carta Constitu-cional, pelo qual a União poderá instituir “mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo ante-rior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham

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248 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo

a condição resolutiva não obsta o início dos efeitos do contrato: “Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfei-tos e acabados: I – sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; II – sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. ”

Alternativa correta: letra “b”: Como apontado na nota, devido à condição resolutória, o fato gerador da obrigação tributária ocorrerá no momento da prática do ato, ou seja, no momento em que forem prestados os serviços, e perduram os seus efeitos até o implemento da condição.

Alternativa “a”: Não ocorre no momento atual, e sim no da prestação do serviço. De lembrar que há fatos geradores dependentes de situação de fato e outros de situação jurídica. Daí que alguns fatos ocorrem “do momento da prática do ato” ou “da celebração do negó-cio”. Nunca do momento atual, como sugerido na asser-tiva.

Alternativa “c”: O fato gerador do tributo é a sub-sunção da hipótese de incidência a uma situação de fato em que se encontra o contribuinte. Na hipótese, trata--se de prestação do serviço, que se dá antes da emissão da nota fiscal, de modo que a emissão da nota fiscal é formalização de uma obrigação acessória e não se con-funde com o fato gerador da obrigação principal.

Alternativa “d”: Como já apontado, a condição resolutiva não obsta o início dos efeitos do contrato, sendo não decisiva para o momento do fato gerador sua implementação.

Alternativa “e”: O pagamento não possui relação direta com o momento do fato gerador do ISS. Tanto é que um serviço prestado e não adimplido não afasta a ocorrência da hipótese tributável.

446. (CESPE – Procurador Federal/2007) Acerca da legislação tributária, julgue os itens seguintes.

Medida provisória pode estabelecer isenção do ISS incidente sobre a exportação de serviços para o exte-rior.

|COMENTÁRIOS|.

Alternativa errada: O ISS é tributo de competência municipal e possui previsão expressa no texto constitu-cional quanto à necessidade de edição de lei comple-mentar com vistas a excluir da sua incidência exporta-ções de serviços para o exterior, conforme dicção do art. 156, § 3º, II da Constituição Federal de 1988. A Constitui-ção veda a utilização de medida provisória sobre maté-ria reservada a lei complementar em seu art. 62, § 1º, III. Atualmente, o art. 2º, I da Lei Complementar nº 116/2003 prevê expressamente a não incidência de ISS sobre as exportações de serviços para o exterior.

447. (CESPE – Procurador Federal/2007) A respeito do Sistema Tributário Nacional, julgue os itens que se seguem.

Caso determinada empresa tenha prestado servi-ços de composição gráfica em embalagens de alimen-tos não-perecíveis, nessa situação, o município compe-tente somente poderá cobrar dessa empresa o ISS se a operação não envolver o fornecimento de mercadorias.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: O entendimento de que há incidência de ISS nos serviços de composição gráfica é pacífico dos tribunais superiores, inexistindo distinção legal entre os serviços personalizados encomendados e os genéricos destinados ao público em geral, não importando se a operação envolverá ou não o forneci-mento de mercadorias.

Alternativa errada: A assertiva traz matéria dis-posta na Súmula 156 do STJ – “A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS”.

448. (CESPE – Procurador Federal/2007) Julgue os itens que se seguem, acerca do Sistema Tributário Nacional.

Mediante lei específica, os municípios podem esta-belecer alíquotas progressivas para o imposto sobre a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato one-roso, de bens imóveis (ITBI) com base no valor venal do imóvel.

|COMENTÁRIOS|.

Nota dos autores: O STF entende que não cabe progressividade fiscal na cobrança do ITBI ante a ausên-cia de autorização constitucional expressa.

Alternativa errada: A questão requer o conheci-mento da Súmula 656 STF – “É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis – ITBI com base no valor venal do imóvel”.

�DICAS (RESUMO)

� TRIBUTO

Antes de tratar das espécies de tributos, importante o concursando rememorar o conceito previsto no artigo 3º do CTN nos seguintes termos: “tributo é toda pres-tação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

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Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 249

A seguir estão as características detalhadas do conceito legal de tributo:

a) Prestação pecuniária compulsória: pressupõe um comportamento obrigatório de prestação em dinheiro. Ou seja, efetivado o fato previsto na norma, o pagamento do tributo será obrigatório, independentemente da von-tade do contribuinte.

b) Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: a expressão “em moeda” revela-se, nesse conceito, pres-cindível e redundante, já que o termo “pecuniária” encerra igual sentido. Na expressão “ou cujo valor nela se possa exprimir”, o legislador ampliou o âmbito das prestações pecuniárias, admitindo o pagamento do tributo em outras formas que não apenas o dinheiro. É certo que, atualmente, o Direito Tributário não aceita o pagamento de tributo in natura (bens) ou in labore (trabalho). No entanto, se houver lei específica do ente credor, os tributos podem ser pagos ou compensados com Títulos da Dívida Pública (TDP) ou Precatórios. Ademais, com o advento da LC 104/2001, foi inserido o inciso XI ao artigo 156 do CTN, que faz referência à dação em pagamento em bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário, na forma e condições estabelecidas em lei ordinária.

c) Que não constitua sanção de ato ilícito: tributo não é penalidade. Logo, não deve ser utilizado como sanção para o contribuinte. Ele se distingue da penalidade exatamente porque esta tem como hipótese de incidência um ato ilícito, enquanto a hipótese de incidência do tributo é sempre algo lícito. Ademais, o Princípio da Interpretação Objetiva do “Fato Gerador” (CTN, arts. 118 c/c 126) – Cláusula non olet – pressupõe que o tributo “não fede e não cheira”. Importa para o Estado arrecadar, angariar fundos para cobrir suas despesas (finalidade fiscal do tributo), não cabendo, nesse instante, aferir ilicitude do fato ocorrido. Em suma: o fato poderá ser ilí-cito, mas a hipótese de incidência (previsão normativa) jamais o será.

d) Instituída em lei: a obrigação tributária só pode resultar da lei, em abono ao Princípio da Estrita Legalidade. Em regra, a lei ordinária é instituidora de tributo. Excepcionalmente, serão instituídos por Lei Complementar: I) impostos sobre grandes fortunas; II) impostos residuais da União; III) contribuições residuais da seguridade social e IV) empréstimos compulsórios. Ressalte-se que Medida Provisória poderá instituir e majorar impostos, exceto os reservados à lei complementar (CF, art. 62, § 1°, III e § 2°).

e) Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: o Estado é obrigado a cobrar o tributo sempre que ocorra o fato jurídico-tributário e dentro dos limites e condições estabelecidas em lei. Tal formaliza-ção ocorrerá através do instituto do lançamento tributário (CTN, art. 142). A atividade de cobrança do tributo não pode ser arbitrária ou discricionária (pautada por juízo de conveniência e oportunidade), mas apenas vinculada.

� ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

Para o artigo 5º do CTN, os tributos são impostos, taxas e contribuição de melhoria. No entanto, a jurisprudência e a doutrina são pacíficas no sentido de que, à luz da Constituição Federal, além dos mencionados no CTN, são tribu-tos também os empréstimos compulsórios e as contribuições (socias e especiais).

ESPÉCIES DE TRIBUTOS

• Empréstimos Compulsórios

• Contribuições especiais

Teoria Pentapartida

CF

Teoria Tripartida

CTN • Impostos

• Taxas

• Contribuições de Melhoria

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250 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo

Tributos e espécies tributárias (baseado no julgamento da ADI 447 pelo STF – DJ de 05/03/93)

3.2.1) De segu-ridade social

Art. 195 e §4º, CF/88

3.2.2) Salário educação

Art. 212, §5º, CF/88

3.3.1) De intervenção no domínio econômico

Art. 149, CF/88

3.3.2) De interesse de categorias

profissionais ou econômicas

Art. 149, CF/88

3.1) De melhoria

Art. 145, III, CF/88;

Art. 81, CTN

3.2) sociais

Art. 149, CF/883.3) Especiais

1) Impostos

Art. 145, I, CF/88;

Art. 16, CTN

2) Taxas

Art. 145, II, CF/88;

Art. 77, CTN;

3) Contri-buições

4) Emprés-timos com-pulsórios

Art. 148, CF/88

Espécies tributárias

Tributo

(gênero)

Art.3º do CTN

“Os tributos, nas suas diversas espécies, compõem o Sistema Constitucional Tributário brasileiro, que a Cons-tituição inscreve nos seus arts. 145 a 162. Tributo, sabemos todos, encontra definição no art. 3° do CTN, definição que se resume, em termos jurídicos, no constituir ele uma obrigação que a lei impõe às pessoas, de entrega de uma certa importância em dinheiro ao Estado. As obrigações são voluntárias ou legais. As primeiras decorrem da vontade das partes, assim, do contrato; as legais resultam da lei, por isso são denominadas obrigações ex lege e podem ser encontradas tanto no direito público quanto no direito privado. A obrigação tributária, obrigação ex lege, a mais importante do direito público, ‘nasce de um fato qualquer da vida concreta, que antes havia sido qualificado pela lei como apto a determinar o seu nascimento.’ (Geraldo Ataliba, ‘Hermenêutica e Sistema Constitucional Tributário’, in ‘Diritto e pratica tributaria’, volume L, Padova, Cedam, 1979). As diversas espécies tributárias, determinadas pela hipó-tese de incidência ou pelo fato gerador da respectiva obrigação (CTN, art. 4°), são a) os impostos (CF, art. 145, I, arts. 153, 154, 155 e 156), b) as taxas (CF, art. 145, II), c) as contribuições, que são c.l) de melhoria (CF, art. 145, III), c.2) sociais (CF, art. 149), que, por sua vez, podem ser c.2.1) de seguridade social (CF, art. 195, CF, 195, § 4°) e c.2.2) salário educa-ção (CF, art. 212, § 5°) e c.3) especiais: c.3.1.) de intervenção no domínio econômico (CF, art. 149) e c.3.2) de interesse de categorias profissionais ou econômicas (CF, art. 149). Constituem, ainda, espécie tributária, d) os empréstimos compulsórios (CF, art. 148).” (ADI 447, Rel. Min. Octavio Gallotti, voto do Min. Carlos Velloso, julgamento em 5-6-1991, Plenário, DJ de 5-3-1993).

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Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 251

� IMPOSTOS

• É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal espe-cífica, relativa ao contribuinte (CTN, art. 16). Daí ser classificado como tributo não-vinculado.

• Além de não ser vinculado a uma atividade estatal específica em relação ao contribuinte, o imposto também é tributo de receita não vinculada a órgão, fundo ou despesa, nos termos do artigo 167, inciso IV, da CF, com algu-mas exceções constitucionais.

• Os fatos geradores dos impostos estão descritos na Constituição Federal, conforme a classificação a seguir. Ape-nas a União poderá criar novos impostos, no exercício de sua competência residual.

IMPOSTOS FEDERAIS (CF, arts. 153 e 154)

IMPOSTOS ESTADUAIS/DF (CF, art. 155)

IMPOSTOS MUNICIPAIS/DF (CF, art. 156)

Imposto sobre importação de produtos estrangeiros – II

Imposto sobre transmissão “causa mor-tis” e doação de quaisquer bens ou direi-tos – ITCMD

Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU

Imposto sobre exportação, para o exte-rior, de produtos nacionais ou nacionali-zados – IE

Imposto sobre operações relativas a cir-culação de mercadorias e sobre presta-ções de serviços de transporte interesta-dual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior – ICMS

Imposto sobre a transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou aces-são física, e de direitos reais sobre imó-veis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição – ITBI ou ITIV

Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza – IR

Imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA

Imposto sobre serviços de qualquer natureza serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, defini-dos em lei complementar – ISS ou ISSQN

Imposto sobre produtos industrializados – IPI – –

Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários – IOF

– –

Imposto sobre a propriedade territorial rural – ITR – –

Imposto sobre grandes fortunas – –

Impostos residuais – –

Impostos extraordinários – –

Os impostos possuem as seguintes classificações:

• Quanto à alíquota: fixos ou progressivos. Fixos são aqueles em que a alíquota não aumenta com o aumento da base de cálculo. Progressivos, ao contrário, a alíquota aumenta com o aumento da base de cálculo. São progres-sivos o IR, ITR e o IPTU.

• Quanto à forma de percepção: diretos e indiretos. Será direto quando o contribuinte real do tributo é o próprio sujeito passivo da obrigação tributária principal, como se dá com o IR. Será indireto quando o contribuinte real do tributo é o consumidor da mercadoria ou do serviço objeto da operação (contribuinte de fato) e o sujeito passivo da obrigação tributária principal (contribuinte de direito) repassa, no preço da mercadoria ou serviço, o imposto devido, como se dá com o IPI e o ICMS. Neste caso, quando o legislador altera a alíquota do tributo, tem em mira o consumidor (contribuinte de fato) e não o empresário (contribuinte de direito).

• Quanto ao objeto de incidência: reais e pessoais. Imposto real é aquele que incide sobre o patrimônio e não leva em consideração as condições inerentes aos contribuintes (exemplos: IPTU e ITBI). Imposto pessoal, ao con-trário, leva em consideração as condições dos contribuintes, suas características, estabelecendo diferenças em função dessas condições (IRPF).

� IMPOSTOS FEDERAIS

O quadro a seguir sintetiza as principais características dos impostos federais:

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264 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo

• Por fim, há as contribuições de interesse de catego-rias profissionais ou econômicas, conhecidas como contribuições profissionais ou corporativas. Carac-terizam-se por serem instituídas em favor de cate-gorias profissionais ou econômicas, sendo vincula-das a entidades representativas desses segmentos sociais. Têm-se como exemplos CRM, CREA, CRC, CRO, dentre outras.

• Destaca-se entre essas últimas contribuições, a contribuição sindical, prevista no artigo 8º, inciso IV, parte final, da CF. Observe que, o referido dis-positivo traz a hipótese da contribuição sindical, conhecido de forma atécnica como “imposto sin-dical” e corresponde a um dia de trabalho (CLT, art. 580). Porém, a parte inicial do artigo 8º, inciso IV (contribuição confederativa ou de assembléia) é que não tem natureza tributária, desprovida, por-tanto, de compulsoriedade. Em outras palavras, a contribuição confederativa só é exigível dos filiados da entidade sindical. Nesse ponto, confira o teor da Súmula Vinculante nº 40 do STF (antiga Súmula 666).

• Em relação à OAB, entende-se que não se trata de apenas um conselho de fiscalização de profissão, mas, além disso, possui finalidade institucional, como defender a Constituição e a Justiça. Logo, a natureza da sua cobrança não é igual à dos demais Conselhos. Este debate tem gerado dúvidas sobre a natureza jurídica do valor cobrado pela OAB, tendo o STJ se posicionado no sentido de que este não possui natureza tributária (EREsp 495.918/SC). O tema ainda não foi pacificado pelo STF.

� SÚMULAS APLICÁVEIS• Súmula vinculante 12: “A cobrança de taxa de

matrícula nas universidades públicas viola o dis-posto no art. 206, IV, da Constituição Federal”.

• Súmula vinculante 19: “A taxa cobrada exclusi-vamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resí-duos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II da Constituição Federal”.

• Súmula vinculante 29: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra”.

• Súmula vinculante 31: “É inconstitucional a inci-dência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis”.

• Súmula vinculante 32: “O ICMS não incide sobre a alienação de salvados de sinistros pelas segura-doras”.

• Súmula Vinculante 41: “O serviço de iluminação publica não pode ser remunerado mediante taxa”.

• Súmula 666, do STF: “A contribuição confedera-tiva de que trata o art. 8°, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.

• Súmula 75, do STF: “Sendo vendedora uma autar-quia, a sua imunidade fiscal não compreende o imposto de transmissão inter vivos, que é encargo do comprador”.

• Súmula 93, do STF: “Não está isenta do imposto de renda a atividade profissional do arquiteto”.

• Súmula 112, do STF: “O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”.

• Súmula 113, do STF: “O imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação”.

• Súmula 114, do STF: “O imposto de transmissão causa mortis não é exigível antes da homologação do cálculo”.

• Súmula 115, do STF: “Sobre os honorários do advogado contratado pelo inventariante, com a homologação do juiz, não incide o imposto de transmissão causa mortis”.

• Súmula 241, do STF: “A contribuição previdenciá-ria incide sobre o abono incorporado ao salário”.

• Súmula 331, do STF: “É legítima a incidência do imposto de transmissão causa mortis no inventário por morte presumida”.

• Súmula 539, do STF: “É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprie-tário, que não possua outro”.

• Súmula 545, do STF: “Preços de serviços públi-cos e taxas não se confundem, porque estas, dife-rentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orça-mentária, em relação à lei que as instituiu”.

• Súmula 573, do STF: “Não constitui fato gerador do imposto de circulação de mercadorias a saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato”.

• Súmula 575, do STF: “À mercadoria importada de país signatário do GATT, ou membro da ALALC, estende-se a isenção do imposto sobre circulação de mercadorias concedida a similar nacional”.

• Súmula 583, do STF: “Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autar-quia é contribuinte do imposto predial territorial urbano”.

• Súmula 584, do STF: “Ao imposto de renda calcu-lado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração”.

• Súmula 586, do STF: “Incide imposto de renda sobre os juros remetidos para o exterior, com base em contrato de mútuo”.

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Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 265

• Súmula 587, do STF: “Incide imposto de renda sobre o pagamento de serviços técnicos contrata-dos no exterior e prestados no Brasil”.

• Súmula 588, do STF: “O imposto sobre serviços não incide sobre os depósitos, as comissões e taxas de desconto, cobrados pelos estabelecimentos bancários”.

• Súmula 589, do STF: “É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e terri-torial urbano em função do número de imóveis do contribuinte”.

• Súmula 590, do STF: “Calcula-se o imposto de transmissão “causa mortis” sobre o saldo credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor”.

• Súmula 591, do STF: “A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produ-tor, contribuinte do imposto sobre produtos indus-trializados”.

• Súmula 595, do STF: “É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto ter-ritorial rural”.

• Súmula 656, do STF: “É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis – ITBI com base no valor venal do imóvel”.

• Súmula 659, do STF: “É legítima a cobrança da Cofins, do PIS e do Finsocial sobre as operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomu-nicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país”.

• Súmula 660, do STF: “Não incide ICMS na impor-tação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja contribuinte do imposto”.

• Súmula 661, do STF: “Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro”.

• Súmula 662, do STF: “É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras cinematográficas, gravados em fitas de videocas-sete”.

• Súmula 663, do STF: “Os §§ 1° e 3° do art. 9° do DL 406/68 foram recebidos pela Constituição”.

• Súmula 664, do STF: “É inconstitucional o inciso V do art. 1° da Lei 8.033/90, que instituiu a incidên-cia do imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros – IOF sobre saques efetuados em cader-neta de poupança”.

• Súmula 665, do STF: “É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobi-liários instituída pela Lei 7.940/89”.

• Súmula 666, do STF: “A contribuição confedera-tiva de que trata o art. 8°, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.

• Súmula 667, do STF: “Viola a garantia constitucio-nal de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa”.

• Súmula 668, do STF: “É inconstitucional a lei muni-cipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumpri-mento da função social da propriedade urbana”.

• Súmula 670, do STF: “O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa”.

• Súmula 724, do STF: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel per-tencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades”.

• Súmula 732, do STF: “É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a CF/1988, e no regime da Lei 9.424/96”.

• Súmula 20, do STJ: “A mercadoria importada de país signatário do GATT é isenta do ICM, quando contemplado com esse favor o similar nacional”.

• Súmula 68, do STJ: “A parcela relativa ao ICM inclui-se na base de cálculo do PIS”.

• Súmula 95, do STJ: “A redução da alíquota do imposto sobre produtos industrializados ou do imposto de importação não implica redução do ICMS”.

• Súmula 125, do STJ: “O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do imposto de renda”.

• Súmula 135, do STJ: “O ICMS não incide na grava-ção e distribuição de filmes e videoteipes”.

• Súmula 136, do STJ: “O pagamento de licença--prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de renda”.

• Súmula 138, do STJ: “O ISS incide na operação de arrendamento mercantil de coisas móveis”.

• Súmula 152, do STJ: “Na venda pelo segurador, de bens salvados de sinistros, incide o ICMS”.

• Súmula 155, do STJ: “O ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa física, para uso próprio”.

• Súmula 156, do STJ: “A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob enco-menda, ainda que envolva fornecimento de merca-dorias, está sujeita, apenas, ao ISS”.

• Súmula 157, do STJ: “É ilegítima a cobrança de taxa, pelo município, na renovação de licença para localização de estabelecimento comercial ou indus-trial”.

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268 Alan Martins • Dimas Yamada • Harrison Leite • Thiana Cairo

• Súmula 70, do CARF: “É imune ao ITR o imóvel pertencente às entidades indicadas no artigo 150, VI, “c”, da Constituição, que se encontra arrendado, desde que a receita assim obtida seja aplicada nas atividades essenciais da entidade”.

• Súmula CARF nº 87: “O imposto de renda não incide sobre as verbas recebidas regularmente por parlamentares a título de auxílio de gabinete e hospedagem, exceto quando a fiscalização apurar a utilização dos recursos em benefício próprio não relacionado à atividade legislativa”.

• Súmula CARF nº 89: “A contribuição social previ-denciária não incide sobre valores pagos a título de vale-transporte, mesmo que em pecúnia”.

• Súmula CARF nº 95: “A presunção de omissão de receitas caracterizada pelo fornecimento de recursos de caixa à sociedade por administradores, sócios de sociedades de pessoas, ou pelo admi-nistrador da companhia, somente é elidida com a demonstração cumulativa da origem e da efetivi-dade da entrega dos recursos”.

• Súmula CARF nº 98: “A dedução de pensão ali-mentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efe-tivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário”.

• Súmula TIT/SP 03/2003: “Não é admissível a cor-reção monetária de saldos credores do ICMS, tam-pouco a correção monetária de créditos extempo-râneos do ICMS”.

• Súmula TIT/SP 07/2005: “Até a vigência da Emenda Constitucional nº 33/2001, não incide o ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica que não seja contribuinte do imposto”.

� INFORMATIVOS APLICÁVEIS Taxa de combate a sinistros

Taxa de combate a sinistros. Constitucionalidade. O Tribunal, no julgamento do Recurso Extraordinário 206.777/SP, da relatoria do ministro Ilmar Galvão, concluiu pela constitucionalidade da Taxa de Combate a Sinistros. AgRg no AI 510.583-SP. Rel. Min. Marco Aurélio (Info 707)

Poder de polícia. Presunção. MS

Poder de polícia. Presunção. Presume-se o que normalmente ocorre, ou seja, o exercício do poder de polícia ante a cobrança da taxa respectiva. Mandado de Segurança. Instrução. O man-dado de segurança não é meio próprio a demonstrar-se a inexistência do exercício do poder de polícia que estaria a res-paldar o implemento da taxa. AgRg no AI 786.940-RJ. Rel. Min. Marco Aurélio (Info 695).

Taxa de instalação, localização e funcionamento

Direito tributário. Embargos à execução fiscal. Taxa de instala-ção, localização e funcionamento. Base de cálculo. Número de empregados do estabelecimento. Elemento estranho ao custo da atividade estatal no regular exercício do poder de polícia. Inconstitucionalidade. Decisão regional em harmonia com a jurisprudência do STF. Acórdão regional disponibilizado em 1.12.2011. As razões do agravo regimental não são aptas a infir-mar os fundamentos da decisão agravada, mormente no que se refere à conformidade do entendimento regional com a juris-prudência do STF, a inviabilizar o trânsito do recurso extraordi-nário. Agravo regimental conhecido e não provido. AgRg no RE 727.579-SP. Rel. Min. Rosa Weber (Info 715)

Taxa de saúde suplementar por registro de produto.

É ilegal a cobrança da Taxa de Saúde Suplementar por Registro de Produto, prevista no art. 20, II, da Lei 9.961/2000, em relação a requerimentos de registro efetuados antes de 1º de janeiro de 2000, data do início da vigência dessa lei. REsp 1.192.225-RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 21.5.2013. 2ª T. (Info 524)

Requisitos para a instituição de contribuição de melhoria.

A instituição de contribuição de melhoria depende de lei prévia e específica, bem como da ocorrência de efetiva valorização imobiliária em razão da obra pública, cabendo ao ente tribu-tante o ônus de realizar a prova respectiva. REsp 1.326.502-RS, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 18.4.2013. 1ª T. (Info 522)

Base de cálculo das contribuições para o PIS/Pasep e da Cofins na hipótese de venda de veículos novos por conces-sionária de veículos. Recurso repetitivo.

Na venda de veículos novos, a concessionária deve recolher as contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS sobre a receita bruta/faturamento (arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998) – compreen-dido o valor de venda do veículo ao consumidor –, e não apenas sobre a diferença entre o valor de aquisição do veículo junto à fabricante concedente e o valor da venda ao consumidor (margem de lucro). Decerto, entre a pessoa jurídica fabricante (montadora-concedente) e o distribuidor (concessionária), há uma relação de concessão comercial cujo objeto é o veículo a ser vendido ao consumidor. Esse vínculo, sob o ponto de vista comercial, é regido pela Lei 6.729/1979, que caracteriza o for-necimento de mercadorias pela concedente à concessionária como uma compra e venda mercantil, pois estabelece que o preço de venda ao consumidor deve ser livremente fixado pela concessionária, enquanto na relação entre concessionária e concedente cabe a esta fixar “o preço de venda” àquela (art. 13). Confirma o entendimento de que há uma compra e venda mer-cantil o disposto no art. 23 da mencionada lei, segundo o qual há obrigação da concedente de readquirir da concessionária o estoque de veículos pelo “preço de venda” à rede de distri-buição. Desse modo, é evidente que, na relação de “concessão comercial” prevista na Lei 6.729/1979, existe um contrato de compra e venda mercantil que é celebrado entre o concedente e a concessionária e outro contrato de compra e venda que é celebrado entre a concessionária e o consumidor, sendo que é o segundo contrato que gera faturamento para a concessionária. Saliente-se, a propósito, que não há mera intermediação, tam-pouco operação de consignação. Isso, inclusive, é confirmado pelo art. 5º da Lei 9.718/1998, que, quando equipara para fins tributários as operações de compra e venda de veículos auto-motores usados a uma operação de consignação, parte do pres-suposto de que a operação de compra e venda de carros novos não configura consignação. Efetivamente, só se equipara aquilo que não o é; se já o fosse, não seria necessário equiparar. Sendo assim, caracterizada a venda de veículos automotores novos, a operação se enquadra dentro do conceito de “faturamento” definido pelo STF quando examinou o art. 3º, caput, da Lei nº

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Capítulo 1 – Tributos e suas Espécies 269

9.718/1998, fixando que a base de cálculo do PIS e da COFINS é a receita bruta/faturamento que decorre exclusivamente da venda de mercadorias e/ou de serviços, não se considerando receita bruta de natureza diversa. REsp 1.339.767-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 26.6.2013. 1ª S. (Info 526)

Contribuição compulsória dos servidores para o custeio de serviços de saúde.

Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Con-tribuição compulsória dos servidores para o custeio de serviços de saúde. Sobrestamento. ADI 3.106/DF. Impossibilidade. 1. O Plenário desta Corte, ao apreciar o RE 573540-RG, cuja reper-cussão geral já havia sido reconhecida, decidiu que falece aos Estados-membros competência para a criação de contribuição compulsória ou de qualquer outra espécie tributária destinada ao custeio de serviços médicos, hospitalares, farmacêuticos ou odontológicos prestados aos seus servidores. 2. A controvérsia atinente ao direito de servidores públicos estaduais à restitui-ção de valores descontados compulsoriamente a título de con-tribuição declarada inconstitucional possui natureza infracons-titucional. 3. Não merece prosperar o pedido de sobrestamento do recurso até a apreciação final pelo Plenário dos embargos de declaração na ADI 3106, tendo em vista o fato de se tratar, nos presentes autos, de processo subjetivo e de já ter a decisão agravada, apoiada em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, transitado em julgado. 4. Agravo regimen-tal não provido. AgRg no ARE 670.075-MG. Rel. Min. Dias Toffoli (Info 692)

Constitucionalidade da revogação da isenção dos atos cooperativos, em relação ao PIS e à Cofins

◙ Recurso extraordinário. Repercussão geral admitida. Processo versando a matéria. Sobrestamento. Manutenção. O tema ati-nente à constitucionalidade da revogação da isenção dos atos cooperativos, em relação ao PIS e à Cofins, por meio da Medida Provisória nº 1.858/89 teve repercussão geral admitida pelo denominado Plenário Virtual no Recurso Extraordinário nº 598.085/RJ. A matéria de fundo, tanto no mencionado recurso como neste extraordinário, diz respeito à definição da incidên-cia ou não dessas contribuições sobre as receitas decorrentes de tais atos. Impõe-se aguardar o julgamento do mérito do paradigma, considerados o regime da repercussão geral, pre-sentes os processos múltiplos, e a possibilidade de revisão do entendimento. AgRg no RE 540.257-SP Rel. Min. Marco Aurélio. (Info 711)

PIS – COFINS e Locação de Imóvel

Constitucional e tributário. Programa de integração social – PIS. Contribuição para o financiamento da seguridade social – Cofins. Incidência sobre a locação de imóveis, inclusive sobre a renda auferida na locação de imóvel próprio. Repercussão geral reconhecida. RE-RG 599.658-SP. Rel. Min. Luiz Fux (Info 696)

PIS e COFINS. Inclusão de crédito presumido de ICMS na base de cálculo

Não é possível a inclusão do crédito presumido de ICMS na base de cálculo da contribuição do PIS e da Cofins. O crédito-presu-mido do ICMS configura incentivo voltado à redução de custos, com a finalidade de proporcionar maior competitividade no mercado para as empresas de um determinado Estado-mem-bro, não assumindo natureza de receita ou faturamento. Assim, não se tratando de receita, não há que se falar em incidência do crédito presumido do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.229.134-SC, DJe 3/5/2011, e AgRg no REsp 1.165.316-SC, DJe 14/11/2011. AgRg no REsp 1.329.781-RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 27/11/2012. (Info 510)

PSS. Retenção na fonte sobre valores pagos em cumpri-mento de decisão judicial

É devida a retenção na fonte da contribuição do Plano de Segu-ridade do Servidor Público – PSS, incidente sobre valores pagos em cumprimento de decisão judicial, independentemente de condenação ou de prévia autorização no título executivo. Isso porque o desconto na fonte, realizada nos termos do art. 16-A da Lei nº 10.887/2004, constitui obrigaçãoex lege. Precedentes citados: REsp 1.196.777-RS, DJe 4/11/2010, e REsp 1.196.778-RS, DJe 4/11/2010. EDcl no AgRg no REsp 1.266.616-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/11/2012. (Info 510)

Contribuição Previdenciária. Retenção na fonte

A determinação de retenção na fonte da contribuição previ-denciária, na forma e pelo modo estabelecido no art. 16-A da Lei nº 10.887/2004, nada mais representa do que uma provi-dência de arrecadação do tributo, não traduzindo juízo de certeza quanto à legitimidade ou não da exação tributária ou do respectivo valor. Com isso, o contribuinte não fica inibido de promover, contra a entidade credora, ação própria de repe-tição de indébito ou outra que for adequada para, se for o caso, obter a devida tutela jurisdicional a respeito. Precedente citado: EDcl no REsp 1.196.778-RS, DJe 7/6/2011. EDcl no AgRg no REsp 1.266.616-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20/11/2012. (Info 510)

Contribuição para o Sebrae e desnecessidade de lei com-plementar

A contribuição destinada ao Sebrae possui natureza de contri-buição de intervenção no domínio econômico e não necessita de edição de lei complementar para ser instituída. Com base nessa jurisprudência, o Plenário, por maioria, negou provi-mento a recurso extraordinário em que se alegava: a) indevida exigência do pagamento da referida exação, pois criada por meio de lei ordinária, em afronta ao art. 146, II, a, da CF; e b) identidade de fato gerador e base de cálculo com outras contri-buições, em violação ao art. 195, § 4º, c/c o art. 154, I, ambos da CF. Reputou-se que o acórdão recorrido estaria em consonância com a orientação da Corte. Vencido o Min. Marco Aurélio, que dava provimento ao recurso. Assentava a exigência de lei com-plementar, bem como realçava o fato de a contribuinte, além de já submetida a outras contribuições, não se incluir no rol de beneficiárias do Sebrae, haja vista não se identificar com micro e pequenas empresas. Precedente citado: RE 396266/SC (DJU de 27.2.2004). RE 635682/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 25.4.2013. (RE-635682). (Info 703)

PIS e COFINS incidentes sobre a importação e base de cál-culo – 8

Em conclusão, o Plenário negou provimento a recurso extra-ordinário em que discutida a constitucionalidade do art. 7º, I, da Lei 10.865/2004, que determina que a base de cálculo do PIS e da COFINS incidentes sobre a importação “será o valor aduaneiro, assim entendido, para os efeitos desta Lei, o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo do imposto de importação, acrescido do valor do Imposto sobre Opera-ções Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições, na hipótese do inciso I do caput do art. 3º desta Lei” – v. Informativo 605. Verificada afronta ao art. 149, § 2º, III, a, da CF, introduzido pela EC 33/2001, reconheceu-se a inconstitucionalidade da expressão “acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Inte-restadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribui-ções”, contida no citado art. 7º, I, da Lei 10.865/2004. RE 559937/


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