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15ª Edição - Novembro de 2012Esta publicação é resultado do projeto Click, um olhar curioso sobre o mundo, que promove oficinas de jornalismo comunitário.

Obstáculosà acessibilidadepersistem em Pirituba

InfânciaCibernética: as crianças hoje em diajá nascemconectadas?

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ConsciênciaNegra

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No Especial deste mês, entenda aimportância do feriado comemorado nopróximo dia 20.

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Fala, Click!

EquipeAdriane Toscano, Amanda Sanches, André Muzetti, Beatriz Xavier, Caique Resende Peruch, Cris Bibiano, Dayane San-tuci, Edson Caldas, Evelyn Kazan, Igor dos Santos, Ingrid Alves, João Gasparotto, Julia Reis, Julio Augusto, Karine Ferreira, Lara Deus, Lucas Sena, Marina Budóia, Marina Na-gamini, Olga Bagatini , Roberta Caroline, Ruama Almeida, Samuel Parmegiani, Thalita Xavier, Vanessa Coscia , Victhor Fabiano, Yago Rudá.

Cena da série “American Horror Story”

O que você acha de nossa publicação? Mande sua opinião para: [email protected]

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Ouvindo Vozesa sua opinião aqui

Lúcio, muito obrigado por sua assiduidade. É gratificante saber que estamos conseguindo rea-lizar um bom trabalho com o projeto. Um abraço!

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Olá, leitores!

Novembro já chegou. Só mais um pouquinho e já estamos no Natal de novo. Fim de ano está batendo à porta! Novo mês e nova edição do Pirituba Acon-tece! Confira o que tem de legal dessa vez.

A estação de trem de Pirituba é um tema pre-ocupante em nosso bairro por não ter infra-estrutura para melhor atender os deficientes. Será que o ór-gão responsável por esses assuntos tem planos para melhorar as condições? Saiba mais sobre isso no Piritubando.

Uma linda história de superação. Essa é a do senhor Vicente. Veja a grande trajetória desse exemplo de perseverança. O que você, leitor, acha das mudanças de opiniões? Confira um quadro opi-nativo muito interessante no Diário da Educação.

Sendo este um mês bem agitado, com os ves-

Olá, Equipe Click! Ninguém pode imaginar que a iniciativa

poderia ser de jovens na média de 17-18 anos. É uma tremenda ideia. Fantástica, desafiadora, creativa, diferente. Ainda mais sendo de moços e moças que futuramente serão ótimos jorna-listas.

Valeu, muito bacana. O jornal está bem direcioando, as crônicas, histórias e tudo mais. Tudo leva a crer que o Click é um projeto que tem cara e pensamento de jovens diferentes, isso hoje é muito difícil de se ver.

Todos estão de parabéns e um gran-de abraço a essa equipe talentosa, continuem sempre assim. O futuro os espera. Um fanático leitor, Prof° Lúcio Contador.

tibulares e tudo o mais, não deixe de ver as matérias sobre o assunto, como sobre o teatro que encena as peças das obras da Fuvest e, pra não esquecer ne-nhuma data, veja a lista de datas dos vestibulares! E, claro, passe pelo Novo Olhar, que está com crô-nicas maravilhosas e uma tirinha muito legal. Faça bom proveito, amigo leitor.

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Piritubandofique por dentro da nossa região

O projeto “Click, um olhar curioso sobre o mundo” desenvolve, na E.E. Ermano Marchetti, oficinas que capacitam os jovens a criar, manter e progra-mar uma rádio para a escola.

Essas oficinas têm o objetivo de potenciali-zar o uso da rádio com um meio de comunicação dos estudantes, desenvolver o trabalho em equipe e o senso crítico, de maneira descontraída e colabo-rativa. “O objetivo da rádio é tornar a escola mais interessante para os alunos, uma vez que se cria um espaço que traduz a própria essência jovem, um es-paço que ele pode criar, ele pode ser protagonista do processo midiático”, comenta a coordenadora da escola, Neide Medeiros.

O trabalho com esse veículo coloca o jovem como o principal ator, deixando visível, para este, a possibilidade de se expressar, atuando como um agente no processo educativo, de forma a aguçar o sentimento de pertencimento, de identidade. “Ten-do a rádio na escola, leva o aluno a se interessar mais por alguma coisa, e só o fato de ele estar fo-cado em algo, já faz uma diferença muito grande na vida de um moleque de 15, 16 anos”, diz Juan Contador, um dos participantes das oficinas.Além de desenvolver a capacidade comunicativa, de criatividade e liderança, viabiliza o resgate da escola como uma instituição prazerosa e que deve ser valorizada pela função que exerce na socieda-de. Juan afirma que “as escolas públicas, não só do bairro, mas de todos os cantos da cidade, precisam mais de atividades ‘extra-escolares como essa”.

Sintonize noErmano Marchetti

Por Evelyn Kazan

Na manhã do dia 28 de abril, começavam as ofi-cinas de 2012 do “Click, um olhar curioso sobre o mundo”, projeto de educomunicação que edita o Pirituba Acontece. Com um diferencial: agora, muitos dos participantes do ano anterior organiza-vam as atividades. Uma caminhada de sete meses de sucesso que, em dezembro, termina – ou melhor, recomeça.Neste ano, as oficinas ocorreram, em grande parte, no Centro Universitário Anhanguera, que cedeu es-paço ao projeto. Além dos tradicionais conceitos de comunicação, na segunda fase do Click, contamos com diversas atividades inéditas, como a de cobrir o lançamento de um livro, visitar o Hopi Hari, gravar um telejornal e até mesmo participar de uma oficina organizada pelos novos integrantes.“Uma [oficina] que marcou muito foi a nossa cober-tura no lançamento do livro do Victhor [Fabiano], pois foi a primeira vez que eu entrevistei alguém e que fiz uma matéria junto com a turma nova”, con-ta Vanessa Coscia, que entrou no projeto em 2012. “Decidi participar do Click porque adorei a iniciati-va de um grupo de jovens que elaborou um projeto de jornalismo comunitário para o bairro, e eu queria realmente fazer parte disso.” Quem já estava no projeto no ano em 2011 e se tornou mediador notou a mudança. “A diferença é que você tem que ser responsável e sua função nas oficinas muda, pois você tem que explicar”, aponta Igor dos Santos. “Mesmo que nós desenvolvamos um projeto sem hierarquia, eu me sinto mais res-ponsável pelo andamento das oficinas e das edições do jornal”, explica Lara Deus. Em dezembro, o grupo de 28 pessoas que forma a “família Click” se reúne para celebrar o fim de um ano cheio de conquistas. Celebrar também tudo que aprendemos e o começo de algo novo. Um futuro em que o Pirituba Acontece não pode faltar. “Logo de cara percebi que o projeto não seria algo pequeno, estaria sempre crescendo, e eu realmente espero isso para o Click”, diz Vanessa.

Chega ao fim mais uma fase do projeto ClickPor Edson Caldas

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O Pirituba Acontece entrevistou Vicente Xavier Moreira, de 58 anos, que, diante de sua história, é um grande exemplo de superação. Ele conta como sua vida melhorou desde que se mudou para São Paulo e como é a convivência com sua família, mesmo enfrentando dificuldades e desafios. Aos 34 anos, mudou-se de São Domingos do Maranhão para a capital paulista para cuidar da saúde de suas três filhas, que são deficientes visuais. Aqui cons-truiu uma história repleta de desafios e vitórias.

Vicente, aos 29 anos, estava trabalhando em um garimpo, quando recebeu uma carta de sua es-posa comunicando-o sobre o nascimento de sua fi-lha e também de sua deficiência visual. “Quando eu cheguei em casa, vi os olhinhos azulinhos [...] mas ela enxergava um pouquinho.” Ele conta que ele e sua esposa mostravam a sua filha alguns brin-quedos e ela acompanhava com os olhos. O mesmo acontecia com as lamparinas que havia no local. O pai pensou em procurar tratamentos que pudessem melhorar a visão da filha, mas onde viviam, em São Domingos do Maranhão, não havia recursos para isso. Logo, decidiram ir para São Luís, onde sua esposa frequentou por dois meses o hospital, mas os médicos não conseguiram diagnosticar a doença que a menina tinha. Foi aí que decidiram se mudar para São Paulo. “Eu vim, como diz o ditado, com a cara e a coragem. Como também é dito na piada de Gonzaga: a mala era um saco e o cadeado era um nó.” Chegando aqui, ele recebeu o auxílio da prefeitura e de sua amiga Gizelda e, assim, come-çou a construção de sua casa. O filho de Vicente, na época com um ano, ficou em São Domingos e depois de cinco meses, foi trazido para São Paulo pelo seu tio.

Quando chegou aqui, Vicente era analfabe-to, e isso lhe trazia muitas dificuldades. Dois anos depois, com incentivo também de sua amiga Gizel-da, começou a estudar e melhorou sua qualidade de vida. O primeiro emprego que conseguiu foi sendo

ajudante de pedreiro e, por conta das dificuldades, já havia pensado algumas vezes em voltar para o Maranhão, mas não o fez. Um tempo depois, come-çou a trabalhar em uma vidraçaria e, aos finais de semana, fazia alguns “bicos” em sua casa. Assim, começou a montar sua própria vidraçaria, onde tra-balha hoje.

Quando estudavam, suas filhas tiveram a oportunidade de ter aulas de balé. O pai de uma moça que dançava era voluntário na escola onde elas estudavam, e ela se ofereceu para ensinar balé para deficientes visuais. Até hoje elas praticam esta atividade, e é uma das coisas mais prazerosas na vida delas. Vicente conta que o convívio com suas filhas é muito normal. “Uma coisa que a gen-te nunca deve fazer é tratar um deficiente como um deficiente.”

Ele considera que ter conseguido estudar já foi uma superação em sua vida, pois, assim, ficou mais fácil para cuidar de suas filhas. “No dia-a-dia, nós vamos superando os obstáculos que tínhamos e que foram deixados para trás.” Ele afirma que “nada é por acaso”, as dificuldades apareceram, talvez, para que ele pudesse vir a São Paulo oferecer uma vida melhor para suas filhas. “Aqui elas estudaram, uma delas se formou em Recursos Humanos e as outras duas fizeram o colegial completo”. Vicente afirma que se sente realizado e com dever cumpri-do com sua filha mais nova, que já é casada e pos-sui suas próprias responsabilidades. Para suas duas filhas que dançam balé mas ainda não trabalham, ele espera que consigam um emprego, que pos-sam comprar um apartamento para o futuro delas e “pensar sempre em um amanhã melhor que o hoje”.

Perfil:Vicente Xavier

Por Roberta Caroline e Vanessa Coscia

Você conhece alguém, aqui no bairro, que também tem uma grande história para ser contata? Mande sua sugestão para [email protected].

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As estações de trem da linha 7-Rubi que atendem o bairro de Pirituba não oferecem acesso a deficientes físicos e visuais. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), empresa vinculada ao go-verno estadual, não tem previsão para quando essas obras ficariam prontas.

Para embarcar na estação Piqueri, o usuário tem que passar por, no mínimo, três escadas. A próxima parada, Pirituba, só não tem escadas para quem vem do lado da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães e deseja ir sentido Francisco Morato. Nenhuma dessas estações tem piso tátil para que deficientes visuais possam caminhar com seguran-ça. Esses são empecilhos tanto para quem precisa se locomover pela cidade usando uma cadeira de rodas quanto para deficientes visuais. Segundo a CPTM, vias como a linha 8-Dia-mante, já foram adaptadas para esses usuários, com a implantação de rampas e elevadores, mas a linha 7-Rubi não tem previsão para ser acessível. Tudo o que se sabe é que essas adaptações serão feitas juntamente com as obras de modernização das estações.

Para o usuário Sérgio Stampar, 30 anos, a falta de investimento em infraestrutura acessível predomina no bairro de Pirituba, não só nos trans-portes, “um cadeirante teria que ser um acrobata para conseguir circular pelas calçadas de Pirituba”. Letícia Rodrigues, de 20 anos, comenta a diferen-ça de investimento em transportes no centro e na periferia, “em estações da CPTM que são mais no centro eles investem”.

Por Lara Deus

Acessibilidade nas estações não tem data para sair

Antonio Gilberto Barduchi, 63 anos, começou a vender jornais numa banca improvisada na Av. General Edgar Facó e contava com o auxílio do Sr. Manuel, “ele colocava os jornais pra mim de ma-drugada no ônibus e o ônibus trazia”. Ele ia buscá-los por volta das 5h da manhã, montava sua banca com alguns caixotes e tábuas e ali vendia jornais e revistas. O processo se repetia diariamente e ele ficava por lá até ás 12h, horário em que ia para a escola.

Nessa mesma banca, Antonio conheceu sua atual mulher, quando tinham aproximadamente 13 anos, eles namoraram até os 20 e depois se casa-ram. Eles estão juntos há 43 anos e tem 4 filhos que também residem aqui no bairro.

Ele vive em Pirituba há muitos anos e com-prou uma banca há aproximadamente 12. Quando questionado sobre a evolução da região nos últi-mos anos, ele diz que tudo melhorou muito e que o bairro é ótimo, se comparado com outros, mas ainda tem queixas, tal como o lixo espalhado pelas ruas e do trânsito, mas que são coisas bem comuns em qualquer lugar.

Contudo, afirma que já comprou até casa na praia, mas desistiu de sair de Pirituba, “a vida da gente é aqui, trabalhando”.

Conheça umjornaleiro há 50 anos no bairro

Por Julia Reis e Roberta Caroline

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Curiosidade: você sabia que mês que vem, no dia 15 de dezembro, comemora-se o Dia do Jor-naleiro?

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EspecialEquipe Click

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20 de novembro. Dia da consciência negra. A data é comemorada no dia da morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares, um expoente da resistência dessas pessoas que sofreram a mais dolorida distin-ção. No Brasil, a miscigenação mostrou que somos todos um há bastante tempo e a lei libertou os es-cravos há 124 anos, mas o preconceito com base na cor da pele infelizmente ainda existe.

Atualmente, os negros ainda ganham, em média, metade do que os brancos. Hoje em dia, 12,8% dos negros são universitários, contra 31,1% dos brancos. Em pleno 2012, jovens negros e po-bres são os que mais morrem em confronto com a polícia. Tudo isso tem completa ligação com o reconhecimento da sociedade brasileira acerca da igualdade entre as pessoas.

Uma piada aqui, outra ali e o esforço para que o racismo acabe vai por água abaixo. Aliás, por que racismo se somos todos da mesma raça, a humana? É importante que o Brasil inteiro lute pra esclarecer essa ideia.

O debate está no alto escalão do poder nacio-nal. A questão das cotas vem aí para explicitá-la: reservar vagas para negros garante o direito ou se-grega mais ainda? Opiniões pessoais e polêmicas à parte, é importante que se pense a condição do negro brasileiro nos dias de hoje. Não se pode mais aceitar viver em um mundo em que ainda há pessoas que julgam o caráter das outras pela cor da pele. Esti-mular o debate e a consciência de que todos somos humanos é o melhor jeito pra pensamentos como esse acabarem.

Consciência negra: a raiz da liberdade

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O preconceito,em qualquerforma, é algo

horrívelA integrante do projeto “Click, um olhar curioso sobre o mundo” Roberta Caroline dá sua opinião sobre a data.

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Consciência Negra é um feriado que marca a luta do negro contra a escra-vidão, opressão e o racismo. O pro-fessor universitário Dennis Oliveira (49), afirma que a sociedade só vai deixar de ser racista quando houver uma “mudança radical” e o Brasil adotar medidas de igualdade (como o sistema de cotas) já é um grande passo contra a opressão. “Pela pri-meira vez o país está admitindo que é racista e que tem que combater o problema do racismo”, ele diz. Den-nis ainda acredita que um dos pro-blemas nessa luta é que no Brasil o racismo é algo “escondido”, pois a maioria das pessoas não assume ter preconceitos. “o brasileiro admite que é racismo, mas não admite que é racista”, ele afirma. Apesar de já ter sofrido racismo, Dennis ainda luta pela causa negra e acredita que o Brasil caminha de uma forma bem positiva contra o racismo.

“O feriado da Consciência Negra marca o primei-ro movimento democrático do Brasil, bem antes de Tiradentes. Recupera a importância da participação do negro no processo de formação do país de forma positiva e ajuda a criar um sentimento de passado histórico em comum. O negro no Brasil só é visto como negro, não há uma diferenciação da cultura angolana, moçambicana, sul-africana, que por sinal são culturas ricas e diferenciadas umas das outras. São todos vistos como negros, diferentemente de outros países, cada qual com sua cultura e tradições bem definidas. As diferenças étnicas são marcantes e este feriado estimula essa consciência.” Billy Ma-lachias, professor do Cursinho da Poli.

”O preconceito,em qualquerforma, é algo

horrívelRoberta Souza de Camargo (15), estudante do ensino médio e inte-grante da equipe Click, afirma que “o preconceito, em qualquer, forma é algo horrível”. Ela acredita que Consciência Negra é um feriado que marca uma data importante, mas ao mesmo tempo é “desnecessário”. “O feriado não serve como recompensa, serve mais como reconhecimento da importância do negro na historia do Brasil”. Thalita Xavier (18), tam-bém é integrante do Click, e diz que “o feriado representa toda a luta dos negros contra a exploração”. Thalita acredita que a importância do feria-do é “mostrar que o negro tem o seu valor na sociedade”.

“ ”Recupera a importância

da participação donegro no processo

de formação do paísAfirma Billy Malachias sobre este feriado.

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SP em Piritubao que acontece na cidade?

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Lição de casavocê faz a sua?

Diário Da EDucação

Por Victhor Fabiano

O natal, para comerciantes, é considerado a épo-ca de maior movimento. Outubro a dezembro é o momento em que mais se vende mercadorias: des-de uma simples peça de roupa a enfeites natalinos. Fomos até a Rua 25 de março, uma das principais ruas de comércio da cidade de São Paulo, e conver-samos com alguns comerciantes, entre eles Jorge de 26 anos, encarregado de estoque da Real Flores & Decorações. O mesmo informa que entre outubro e dezembro o mês de mais movimento é novembro.

O comércio paulistano no Natal

Por Dayane Santuci e Ruama Almeida

Ele explica que é pelo fato de as pessoas já que-rerem estar com suas casas e ambientes profissio-nais devidamente decorados para o Natal e o Ano Novo. Geralmente compram antes para dezembro já estar tudo preparado. Conversamos também com o gerente de uma das lojas mais vistas e pro-curadas pelos consumidores, a Armarinhos Fer-nando. Ondamar Ferreira, de 40 anos, trabalha na matriz desde 1997 e informa que os preparativos para o Natal começam logo após o Dia das Crian-ças. “Em média de 10 mil clientes atendidos por dia”, diz o gerente.

Sobre a contratação de funcionários, é uma das épocas em que mais se contratam “temporá-rios”, que com sorte e determinação tornam-se efetivos. Essas contratações são feitas devido ao fluxo de clientes que se multiplicam nessa época.

Os horários de funcionamento são alterados nessas datas, geralmente aumentam de 30 a 40 mi-nutos, o que é bom para os funcionários, que ga-nham comissão, podendo aproveitar um pouqui-nho melhor o final do ano, data tão esperada por muito brasileiros.

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Dizem por aí que não é ético a mudança de opinião; essa questão é preocupante ao extremo, e sincera ao mesmo extremo, talvez meio “oito ou oitenta”. Se-gundo algumas palavras, quem nasce numa opinião parte na mesma opinião, caso contrário – se mudar de opinião ao longo da vida – nunca creu de forma verdadeira no primeiro discurso. Outras palavras, talvez mais “flexíveis” – sempre dependendo do ponto de vista -, dizem que o ser humano é cabível

à mudança, desde que não seja extrema e que sua opinião não muda da “água pro vinho”. Com todos esses questionamentos, é curio-so notar que tudo não passa de uma questão edu-cacional, de estudo. Alguém disse “só não pensa quem não muda de opinião”... e faz sentido! Mui-tas vezes, a mudança de opinião é gradual e é con-tida numa esfera de estudo e análise de certo as-sunto; esse tipo de mudança de discurso é válida, pois a pessoa não só decidiu mudar, como estudou – pondo a educação pessoal em prática – , e tam-bém, como circunstância de estudar algo, colocou a situação cotidiana em prática e cedeu às suas próprias análises. Portanto, o fato da mudança de opinião é uma realidade muito constante em meios políticos e ideológicos, mas não é nada além de um grande estudo pessoal.

Opiniões:vale mudança?

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Acontece, desde agosto, no Teatro Bibi Ferreira, o projeto “Quartas Literárias”, que apresenta adapta-ções dos livros exigidos pelos vestibulares da Fu-vest e da Unicamp. Voltado principalmente para o público jovem, o primeiro espetáculo é “Til”, de José de Alencar, um dos livros incluídos esse ano à lista dos vestibulares. Escrita em 1872, o roman-ce protagonizado por personagens adolescentes do interior paulista retrata a fase regionalista do autor, na qual ele valoriza os costumes e a fala da vida rural da época.

Segundo a secretaria do Teatro, o público vem reagindo muito bem, pois vários estudantes acham mais fácil assistir ao espetáculo do que ler o livro. A próxima peça a estrear pelo projeto é “Ca-pitães de Areia”, de Jorge Amado e ainda não há data de estreia.

O espetáculo “Til”, de uma hora e meia, vai até o dia 29 de novembro e acontece às 19h das quintas-feiras, não mais às quartas, porque nesses dias ocorre o Festival de Teatro. O ingresso custa R$ 40,00 e estudante paga meia. O Teatro Bibi Fer-reira fica na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 931, no bairro da Bela Vista, em São Paulo.

Teatro Bibi Ferreira encena obrasexigidas pela Fuvest

Por Samuel Parmegiani

Chegou a época do ano pela qual muitos estudan-tes esperavam: o vestibular. A temida prova que vai definir se você terá uma vaga na faculdade no ano que vem tem sido assunto frequente no Piritu-ba Acontece. Recebendo, até mesmo, um especial todo dedicado ao tema na edição de agosto.

Agora que as avaliações começaram, o jornal não poderia te deixar na mão. Por isso, aí embaixo, você confere uma listinha com as datas das provas, para se organizar.

Thiago Cruz tem 34 anos e é formado em Le-tras pela USP, ele se lembra de sua época de ves-tibulando: “Ficava focado no cursinho, e prestava atenção nas datas”. Atualmente, Thiago dá aulas de português e faz mestrado em literatura brasileira, pois pretende lecionar em faculdades privadas. Or-ganização foi essencial para que conseguisse uma vaga na universidade.

Estudante da E. E. Ermano Marchetti, Laura Antonelli, 17 anos, quer concorrer a um lugar na Unesp ou São Camilo em medicina. “Acho interes-sante o corpo humano, as doenças genéticas, como funciona.” Foi para ajudar a Laura e outros estudantes, que preparamos a listinha abaixo:

03/11 e 04/11 - Enem11/11 - Unicamp (1ª fase)11/11 - ESPM18/11 - Unesp (1ª fase)25/11 - Fuvest (1ª fase)30/11 e 01/12 - PUC-Campinas01/12 - Senac02/12 - PUC-SP07/12 - Mackenzie (habilidades específicas)08/12 - Mackenzie09/12 - Cásper Líbero11/12 a 14/12 - ITA13/12 e 14/12 - Unifesp (2ª fase)16/12 e 17/12 - Unesp (2ª fase)06/01 a 08/01 - Fuvest (2ª fase)13/1 a 15/1 - Unicamp (2ª fase)

Por Edson Caldas e Thalita Xavier

Vestibular 2013: saiba as datas das principais provas

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Vale lembrar! É importante ler todos os livros so-licitados pela prova. Neste ano, eles são:“Viagens na Minha Terra”, “Til”, “Memórias de um Sargento de Milícias”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “O Cortiço”, “A Cidade e as Serras”, “Vidas Secas”, “Capitães da Areia” e “Sentimento do Mundo”.

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crônicas, desenhos e afins

Pular corda, brincar de boneca, jogar bola, empinar pipa essas entre outras brinca-deiras tem caído cada vez mais no esque-cimento devido a facilidade do acesso a tecnologia e a internet logo na infância. A criança tem acesso ao mundo virtual mais cedo, aprende a ler por meio de diversos programas que estimulam seu desenvolvimento, o vídeo game já vem substituindo a necessidade de sair de casa para a prática do exercício físico. Não é difícil encontrarmos pequenos com seus próprios celulares ou com um tablet na mão navegando pelas paginas da web. Mariana dos Santos Sarayedine (9), é um dos exemplos das crianças mo-

dernas. “Prefiro fazer minhas pesquisas na internet, porque eu gosto muito de mexer nela, e odeio ler”, ela afirma. A mãe de Mariana, Solange Mila-mar dos Santos (38), afirma que sua filha não é uma viciada nas novas tecnologias, mas apesar disso afirma que é difícil man-tê-la afastada do computador. “Apesar de ela brincar na rua, ela gosta de tecnologia, e meu marido gosta até mais que ela. Ai quando se trata de regras e limites em rela-ção ao mundo digital são dois contra um”. Apesar de estimular um desenvol-vimento significativo, a internet também expõe a criança a riscos e priva ela do me-lhor da infância. Por isso, apesar da vida cibernética ser um grande passo de ajuda no crescimento intelectual durante a infân-cia, os pais não devem deixar de dar a su-pervisão necessária, para que como toda a boa ferramenta, seu filho possa fazer uso da tecnologia de forma equilibrada.

Infância dentrode uma tela

Saúde: o que comerantes e depois de malhar?

testinal e uma diminuição no rendimento do treino.Comer depois do treino é fundamental, quanto

antes melhor, e também seja uma alimento rico em carboidratos e proteínas. A proteína é a matéria pri-ma para a construção dos músculos, então, para as pessoas que querem ganhar massa muscular, é ne-cessário ingerir proteínas. Para quem quer emagre-cer, seria interessante comer uma torrada integral, sucos naturais e bananas. As fibras vão ajudar retar-dar a absorção rápida dos carboidratos reduzindo a gordura corporal.

Uma refeição saudável é ainda mais importante para um atleta ou um esportista. Tendo uma alimentação correta, ele pode potencializar os efeitos dos exercí-cios. A alimentação é essencial para um praticante de musculação em dois momentos: antes e depois do treino.

A refeição anterior o treino tem que ser feita no mínimo 40 a 90 minutos antes dele, assim como deve ser uma alimentação bem leve e ter uma quan-tidade boa de carboidratos. O atleta deve evitar co-mer gorduras, já que pode causar um distúrbio in-

Por André Muzetti

Por Dayane Santuci, Igor dos Santos eIngrid Alves

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“Se sujar faz bem”, já ouviu essa propaganda? Ela é verdadeira! Quando criança, lembro de serem ra-ras as vezes de não chegar em casa toda suja ou com mais um ralado no joelho pra coleção, mas também me lembro se serem raras as vezes de não ter me di-vertido muito.

Sempre achei as brincadeiras dos meninos mais interessantes, mas não dispensava uma bagunça com as minhas amigas. Jogava bola e brincava de boneca, empinava pipa e brincava de escolinha. Seja qual fos-se a forma, a regra era viver brincando.

Esses dias no restaurante reparei em um ga-rotinho na mesa da frente, devia ter cerca de quatro anos de idade, ele estava entretido no tablet da mãe desenhando em um dos aplicativos. Ele parecia tão familiarizado com aquele equipamento, apesar de provavelmente não saber nem mesmo ler ele saia de um aplicativo para o outro e ia direto para as páginas da internet como se soubesse como ninguém o que estava fazendo, e não duvido que realmente saiba. Comecei a me lembrar que o primeiro vídeo game que tive funcionava por cartucho e quando parava de funcionar eu dizia para o meu irmão “tchutcho, asso-pra o cartucho e põe de novo”, quando pensei nisso me perguntei se estava ficando velha, mas cheguei a conclusão de que o conceito de diversão é que estava evoluindo rápido demais.

São poucas as crianças que vejo ainda brincan-do na rua, mas se entrar no Facebook garanto que todas vão estar online. Quando tinha trabalho de es-cola eu ia a biblioteca, hoje não me surpreenderia de achar uma criança que me dissesse nunca ter feito isso. Muitas andam como gente grande e falam como gente grande. Mas também conhecem coisas que eu só fui tomar conhecimento com pelo menos o dobro da idade delas. Hoje elas sabem que o bom velhinho que traz presente não existe e que os super heróis são apenas desenhos de histórias em quadrinhos. Sabem que mais eficaz do que perguntar para a mãe o porque o céu é azul, é perguntar isso ao Google. Tenho saudade da minha infância, apesar de hoje me divertir com todos esses vídeo games, sites e aplicativos tecnológicos não trocaria minhas brinca-deiras por nada, é muito bom ser criança!

Por Ingrid Alves

Olhei para o relógio, bufando. Fazia 30 minutos que eu estava parado no trânsito. Olhei para frente de novo, e vi um homem, que aparentava ser um guarda, andando entre as filas de carros, avisando cada motorista sobre algo que eu ainda não sabia o que era. Conforme o vi se aproximando, diminui o som do rádio, e esperei ele chegar até meu carro e pedir-me para abaixar o vidro... Forcei minha audição para ouvir sua voz além do som da chuva forte. Ele disse algo sobre um acidente que havia acontecido há uns 100 metros de onde eu estava, no qual dois carros haviam se chocado, matando três pessoas e deixando pedaços de vidros quebra-dos e espalhados entre as duas pistas.

Permaneci no carro por mais algum tempo, chocado, até que decidi andar esses 100 metros, como alguns outros motoristas estavam fazendo. Após uns cinco minutos andando, senti meu celu-lar vibrar no meu bolso, e reconheci o toque que eu defini para minha mulher. Passei um tempo tentando pegá-lo, mas a capa de chuva dificultava, até que desisti.

Continuei andando até ver o reflexo das lu-zes vermelhas das ambulâncias piscando no as-falto. Vi também, uma garotinha com seus nove anos, no máximo, que aparentava ser a única so-brevivente, olhando para baixo com um celular na mão. Fitei os carros destruídos, os pedaços de vidro no chão, e voltei meu olhar para a garotinha, que agora estava de cabeça levantada. Saí corren-do, empurrando os diversos policiais que estavam no caminho, segurei a menina, que logo me reco-nheceu. Corri com ela no colo até a ambulância, olhei de fora para o corpo sem vida da minha mu-lher, enquanto sentia as lágrimas da minha filha molharem meu pescoço. Não esperava encontrá-la aqui, apenas em casa, se arrumando para o jan-tar que havíamos marcado.

Eu jogava Super Mário

Pedaços de vidro, e corações quebradosPor Adriane Toscano

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Page 12: 15ª Edição di Pirituba Acontece

Alguns passos e muita cautela, como todas as noi-tes: ele estava lá. Imóvel, sereno, convicto; a noite era seu maior olhar. De vistas, como todas as noi-tes; como todas as noites. De roupas leves - mesmo que o vento trincasse a pele -, de cabelo bagunçado; como todas as noites. Poderia dizer a mim mesmo que nada naquela noite seria intrigante, mas prefe-ria dar outro caminho ao destino.

Atencioso, sentindo a ventania da madrugada em seus jovens cabelos, conhecia o perigo de estar ali, separado da rua por algumas grades; porém sabia o quanto o céu mesclado de nuvens era valioso em seus sonhos. Inesperado, e sombrio; do nada surgi-ra em seu campo de visão dois homens, estranhos e elevados a um estado de suspeita pressa, que avan-çavam em direção ao único veículo abandonado à escura rua, pacata; e por esse mesmo motivo lembra-ra-se do porquê de não poder estar ali, como todas as outras noites. Os suspeitos, subitamente, adentra-ram ao carro e forçaram para que ele funcionasse, sem perceber qualquer vestígio de observação. Eu queria que continuassem não sabendo da existên-cia de um mero observador sem culpa; sem culpa.

Num repentino susto, os homens partiram e dali pra frente ninguém mais os observava. Para que uma testemunha? De repente foi instinto dos homens. Digo a você que não se sabe até hoje aon-de foi o carro, nem quem haveria tirado-o dali; muito menos como o menino sonhador se despediu.

Novembro chegou e, com ele, trouxe muitos feria-dos prolongados. Só nesse mês são três: Finados, Proclamação da República e Dia da Consciência Negra. Muitos se alegraram com a chegada deles, mas sempre aquilo que é bom para uns, é ruim para outros e, infelizmente, essa regra se aplica até nos queridos (e desejados) feriados.

Os maiores beneficiados com tantas folgas são os trabalhadores, afinal, quem não gosta de viajar, sair com os amigos ou simplesmente ficar descansando em casa? O comércio também não perde muito, já que muitas pessoas optam por irem às compras, principalmente na época do Natal. Por último, há também o setor de turismo que tem seu lucro aumentado nessas datas.

Mas como foi dito, os feriados também têm seu lado ruim. Apesar de muitas pessoas não per-ceberem, quando uma cidade, um estado ou o Bra-sil todo para, sua economia, no geral, também para. Para se ter uma ideia, a cada feriado nacional, o país deixa de produzir cerca de R$ 16,4 bilhões. Cidades com grande PIB, como São Paulo, tam-bém afetam o país quando ficam “de folga”.

É claro que você, leitor, não deve se sentir mal nos feriados por não ajudar no crescimento do país, pois todos merecem um tempo para descan-sar. No entanto, também não se deve esquecer que todo tempo ocioso, em qualquer situação, tem um custo na vida e, nesse caso, o custo é bem elevado.

Por Lucas Sena

Feriado: bom pra quem?

Como todas as noites, enfimPor Victhor Fabiano


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