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O ESPECTRO Núcleo de Ciência Política - ISCSP UL 11ª EDIÇÃO - 09 de Junho de 2014

O Caos Socialista Parece que um dos principais partidos polí ticos portugueses esta numa crise de liderança. O Partido Socialista, mesmo vencendo as eleiço es europeias, na o conseguiu arrecadar nu meros

exuberantes que convencessem grande parte dos seus quadros e militantes. Em grande parte porque o secreta rio-geral do partido, Anto nio Jose Seguro, considerou que foi “uma

grande vito ria eleitoral”, sendo mesmo inequí voco o resultado de vencedor e que os vencidos foram os dois partidos que neste momento governam o paí s, isto e , o PSD e o CDS.

PORTUGAL

Posso chumbar

estes juízes?

Política Interna, 4

ESPANHA

Monarquia em

causa, República

à vista?

Globo, 5

IRAQUE

Violências entre

xiitas e sunitas

Globo, 6

EUROPA

A vacina contra o

Ébola

Globo, 7

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CHUMBO

CONSTITUCIONAL Política Interna, 3

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O ESPECTRO

EDITORIAL

Chegamos ao me s de Junho e muitos acontecimentos se deram desde a u ltima ediça o (10ª Ediça o) d’O Espectro. No passado me s, os Estados-Membros da Unia o Europeia foram a votos com o propo sito de elegerem os seus representantes no Parlamento Europeu. Ao ní vel externo, a Europa po de constatar o que ja se temia: a ascensa o da extrema-direita com particular enfoque para a Frente Nacional de Marine Le Pen que atingiu mais um resultado surpreendente em França. Este epifeno meno sob a ine rcia de toda a Unia o Europeia e , de facto, algo que po e em causa 50 anos do projecto europeu e que ameaça destruir muitos dos seus valores como e o caso da solidariedade ou ate mesmo da paz. Por ca , e de realçar o afastamento da populaça o que se traduziu nuns escandalosos 66% de abstença o mas, tambe m, o feno meno a que eu chamo “Beppe Grillo Portugue s”, mais conhecido por Marinho e Pinto, que conseguiu ser eleito para o Parlamento Europeu sem pronunciar quase uma u nica palavra sobre o seu projecto para a Europa. No entanto, a polí tica nacional tem causado grande alarido em toda a comunicaça o social. Primeiro, com o jogo polí tico, que muitos ja esperavam, de Anto nio Costa ao desejar “tirar o tapete” a Anto nio Jose Seguro numa tentativa clara de chegar a Primeiro-Ministro nas pro ximas eleiço es legislativas. Depois, com mais um chumbo do Tribunal Constitucional a s medidas propostas pelo Governo PSD/CDS para este ano deixando, mais uma vez, o executivo liderado por Pedro Passos Coelho com poucas alternativas para salvaguardar o encaixe financeiro que contribuira para a regularizaça o orçamental que Portugal tanto ambiciona, ha tre s anos. Ja no que toca a polí tica externa, a renu ncia ao trono espanhol por parte do Rei Juan Carlos merece um especial destaque nesta 11ª Ediça o. Apesar de Filipe estar preparado para suceder ao seu pai e liderar a corte real espanhola, esta renu ncia do Rei Juan Carlos trouxe muito mais do que uma sucessa o serena. O regime polí tico espanhol atravessa, tal como o portugue s, uma crise de legitimidade e de credibilidade resultante da insatisfaça o do povo espanhol que parece ambicionar cada vez mais uma Repu blica de Espanha em vez dos muitos milhares de euros despendidos na manutença o da Monarquia. Estes e muitos outros temas merecem a atença o de qualquer leitor. Espero que apreciem este trabalho que tanto gosto da a fazer aos seus intervenientes. De no s para vo s. Boa leitura.

João Pedro Louro

FICHA TÉCNICA

Coordenação Adriana Correia Vice-Coordenação Joana Lemos Coordenador de Entrevistas e Reportagens Adriana Correia Revisão Adriana Correia e Cristina Santos Editor Isa Rafael Plataformas de Comunicação Andre Cabral, Jose Salvador, Joa o Martins e David Martins Cartaz Cultural Isa Rafael Redação Gonçalo Serpa Isa Rafael Joa o Pedro Louro Joa o Pedro Rodrigues Rui Campos Rui Coelho Tiago Sousa Santos

CONTACTOS Facebook: facebook.com/OEspectro Correio electrónico: [email protected] Twitter: twitter.com/O_Espectro

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O ESPECTRO

POLI TICA INTERNA

O P I N I ÃO d e J O ÃO P E D R O R O D R I G U E S

I l a ç õ e s d o c h u m b o d o C o n s t i t u c i o n a l

Mais do que a reprovaça o de medidas apresentadas pelo executivo, o chumbo do Tribunal Constitucional foi um derradeiro atestado de incompete ncia passado a coligaça o. As reacço es suscitadas so na o da o para gargalhar, porque infelizmente pecam por falta de originalidade e porque a seriedade da situaça o provavelmente afectara , uma vez mais, o peso da minha carteira. Como nos habituou nos u ltimos tre s anos, o Primeiro-Ministro fez questa o de demonstrar a magnifice ncia da sua ignora ncia, ao insinuar em Coimbra que os juí zes do Tribunal Constitucional foram mal escolhidos. Eu compreendo que seria muito mais pra tica a junça o definitiva do poder executivo com o judicial, ja os ilustres D. Joa o V e Luí s XIV de França tambe m o achavam. Por esta renovaça o ideolo gica vintage, criada pela sua clarividente figura de proa, quer-me a mim parecer que uma futura coligaça o entre os laranjas e o Partido Popular Mona rquico na o e um cena rio descabido. Quiça , os pro prios obreiros da monarquia constitucionalista estivessem todos errados ha tre s se culos atra s. Quem sabe se o absolutismo na o sera a resposta para todos os nossos males. Pois bem Sr. Primeiro-Ministro, por agora na o e assim. Esqueça Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel. Por agora o Sr. continua fragilizado pelas suas limitaço es e pelas do seu partido, que ja todos adivinha vamos. Pore m ja dizia o outro, “um homem sem a sua honra na o e nada”. Porque na o demonstrar enta o alguma nobreza de cara cter e na o atirar as culpas da sua ingere ncia para

terceiros? E que ja todos percebemos a sua estrate gia. Quando o Sr. e os seus comparsas na o sabem o que fazer, inventam qualquer coisa descabida para o Tribunal refutar, para depois dizerem: “esta o a ver? A culpa e deles, agora sou obrigado a subir ainda mais os impostos.” Admito, das primeiras vezes ate fui enganado e na o percebi que esta era uma estrate gia para legitimar politicamente as medidas que realmente quer implementar. Agora que me lembro, o meu irma o mais novo tambe m utilizava essa estrate gia para justificar em casa resultados menos conseguidos ou recados na caderneta, a culpa era do professor, na o dele. Nunca antes me tinha apercebido do seu potencial governativo. Mas mais que isto tudo, preocupa-me o peso na carteira. Por favor Sr. Primeiro-Ministro, ate aquele banqueiro de mau feitio, o Dr. Mira Amaral, ja afirmou que um aumento de impostos seria desastroso e que ja estamos num ponto em que mais impostos na o se traduzem em maior receita fiscal. Enta o agora que a economia estava a

dar sinais de acordar do coma, induzido por si e pelos seus homo logos, o Sr. da -lhe mais uma paulada? Subir o IVA? A se rio? Na o sabe que essa e uma das medidas mais recessivas que se podem conceber? E a TSU? Que vai aumentar ainda mais os custos das empresas? Va Sr. Primeiro-Ministro, respire fundo, tambe m o seu amigo Oli Rehn ficou frustrado por na o se poder seguir o caminho mais fa cil, mas ainda assim reconheceu que os “aumentos excessivos dos impostos tornam-se um fardo para o crescimento” e recomendou cortes na despesa. Ja e altura de arrumar a casa e de parar de varrer a poeira para baixo do tapete, Sr. Primeiro-Ministro. Tente de uma vez por todas cumprir com alguma coisa das promessas eleitorais, renegoceie contratos ruinosos, examine de forma exí mia as Parcerias Pu blico-Privadas, extinga fundaço es fantasma e utilize a folga orçamental. Aí tem os seus milho es Sr. Primeiro-Ministro, esqueça a obsessa o dos impostos, essa ideia ja era.

CRÍTICA LITERÁRIA,

por Rui Coelho

Gender Trouble

Butler

As questo es de ge nero sa o marcadamente polí ticas e impactam de forma inega vel as nossas vive ncias e relaço es quotidianas. Assim, e espantoso que elas possuam uma posiça o ta o subalterna no pensamento e agenda polí tica. Deixando assentar a pole mica e os fait divers que rodeiam o assunto, gostaria de aproveitar a vito ria do Festival Eurovisa o da Cança o 2014 por parte de Conchita Wurst para rever Gender Trouble, da filo sofa feminista americana Judith Butler. Para Butler, o ge nero e uma construça o social contingente que restringe a identidade e liberdade de cada indiví duo. Esta ficça o torna-se hegemo nica atrave s da produça o, por parte dos diversos no dulos de poder (famí lia, media, linguagem...), de um discurso cultural marcado pelo pensamento bina rio, pela dominaça o masculina e pela heteronormatividade. Interiorizando os tabus e fantasiando com a possibilidade de uma identidade contí nua, coerente e convencional, somos todos levados a adoptar atributos de ge nero (comportamentos e atitudes femininas ou masculinas) que, ao inve s de constituí rem a natural expressa o da nossa identidade, sa o os pro prios agentes da sua construça o. E nisso Conchita foi exemplar, trazendo a vista de todos a multiplicidade, complexidade e fluidez do ge nero, muito para ale m do dogma redutor da categorizaça o bina ria homem-mulher.

COLUNA EX LIBRIS

Núcleo de Ciência Política ISCSP UL Núcleo de Ciência Política ISCSP UL Núcleo de Ciência Política ISCSP UL

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POLI TICA INTERNA

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O ESPECTRO

O P I N I ÃO d e G O N Ç A L O S E R PA

O C a o s S o c i a l i s t a

Parece que um dos principais partidos polí ticos portugueses esta numa crise de liderança. O Partido Socialista, mesmo vencendo as eleiço es europeias, na o conseguiu arrecadar nu meros exuberantes que convencessem grande parte dos seus quadros e militantes. Em grande parte porque o secreta rio-geral do partido, Anto nio Jose Seguro, considerou que foi “uma grande vito ria eleitoral”, sendo mesmo inequí voco o resultado de vencedor e que os vencidos foram os dois partidos que neste momento governam o paí s, isto e , o PSD e o CDS. Estas declaraço es caí ram mal ao PS e alguns nota veis como Ma rio Soares classificaram a vito ria como “uma vito ria de Pirro”. Estas afirmaço es fizeram soar o alarme em algumas facço es contra a liderança de Seguro e mobilizaram Anto nio Costa, actual Presidente da Ca mara de Lisboa, a opor-se e fazer pressa o para suceder ao actual lí der. Costa, aproveitando esta situaça o e a pouca consensualidade na capacidade que Seguro transmite aos cidada os e militantes do

partido, apresentou-se como uma alternativa dentro do PS, procedendo aos habituais processos de candidatura ao cargo de secreta rio-geral. Neste momento, Costa e um nome que oferece maiores garantias de vito ria nas futuras eleiço es legislativas e tem uma imagem mais credí vel que Seguro. No entanto, trata-se apenas de uma “lavagem de cara” uma vez que no que realmente interessa (efica cia, compete ncia, capacidade de trabalho e provas dadas) na o existem grandes diferenças entre um e outro. Apenas e alterada a pessoa que se assume como lí der e candidata a liderança do Governo. Segundo resultados de uma sondagem realizada pelo Expresso, Costa e o favorito a vito ria nas eleiço es internas do PS, com 56,2% das prefere ncias dos inquiridos, enquanto Seguro queda-se pelos 36%. Estas eleiço es te m trazido uma descida significativa nas sondagens relativamente aos outros partidos. Seguro acusa Costa de ser o grande culpado desta situaça o, em que mesmo

apo s vencerem as eleiço es europeias esta o a regredir na percentagem de possí veis votantes, apelidando-o de “irresponsa vel” e criticando a “ambiça o pessoal” do autarca de Lisboa. Costa, por sua vez, abste m-se de comentar e atacar o seu oponente, aproveitando por dar prioridade a divulgaça o das principais linhas programa ticas da sua candidatura a liderança do partido “rosa”. Muito sinceramente, o meu apreço por partidos polí ticos e reduzido e estas situaço es apenas fazem com que essa diminuta simpatia se torne cada vez menor. Como se pode

de repente apoiar uma pessoa que ainda algumas semanas atra s estava a ajudar na campanha de Francisco Assis, juntamente com o seu adversa rio, cuja qual na o observei qualquer atrito entre os dois candidatos? Existe uma enorme falta de unia o, lealdade e coere ncia dentro do PS. Factores estes que sa o preocupantes na o so para mim, mas para a maioria dos cidada os portugueses que ve em, assim, a principal alternativa polí tica completamente fragmentada e com um rumo bastante incerto, sobretudo no que toca a oposiça o e sucessa o ao descredibilizado Governo.

O P I N I ÃO d e J O ÃO P E D R O L O U R O

P o s s o c h u m b a r e s t e s j u í z e s ?

O Governo PSD/CDS assistiu recentemente a mais uma declaraça o de inconstitucionalidade por parte do Tribunal Constitucional em relaça o a s medidas propostas para este ano. Desta vez, os juí zes do Pala cio Ratton decidiram chumbar a reduça o salarial da Funça o Pu blica, bem como as reduço es nas penso es de sobrevive ncia e a aplicaça o de uma contribuiça o social sobre os subsí dios de desemprego e de doença. Tudo

representaria um encaixe financeiro para os cofres do Estado de cerca de 1200 milho es de euros. Ora, e certo que o sacrifí cio pedido aos portugueses nestes 3 anos de governaça o e elevado. Tambe m e claro que o facto do bom comportamento e sentido de responsabilidade deste Governo mas, principalmente, de todos os portugueses levaram Portugal a conseguir uma saí da limpa, ta o

ambicionada, do Programa de Ajustamento Econo mico e Financeiro. No entanto, na o e menos verdade que os tempos sa o difí ceis e exigentes e que, apesar da saí da limpa, e imperativa a boa gesta o dos dinheiros pu blicos e a reduça o orçamental. Sem esta reduça o orçamental, estou convicto que estaremos a hipotecar o futuro de milhares de jovens, mas tambe m de Portugal na medida em que sera dificultada a tarefa de serem

realizadas importantes reformas estruturais que conduzira o a construça o de uma sociedade mais democra tica, justa e livre. Quero com isto dizer que, sem a situaça o financeira portuguesa regulada, avizinhar-se-a o tempos ainda mais difí ceis. Basta olhar para o passado para percebermos da veracidade do que acabo de afirmar. No u ltimo pedido de resgate a Portugal, feito pelo Dr. Ma rio Soares em 1983, a dí vida

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O ESPECTRO

O P I N I ÃO d e R U I C A M P O S

M o n a r q u i a e m C a u s a , R e p ú b l i c a à v i s t a ?

GLOBO

externa portuguesa representava cerca de 10% do PIB portugue s. Em 2011, quando o Engenheiro Jose So crates foi obrigado a recorrer

a ajuda externa, a dí vida portuguesa representava ja cerca de 50% do PIB portugue s. Estes dados ilustram bem o descontrolo das contas pu blicas portuguesas mas retractam tambe m a absoluta necessidade de uma boa gesta o dos dinheiros pu blicos e de uma profunda reforma em Portugal, para no futuro os portugueses

na o serem novamente alvos das medidas impopulares (ou piores) que hoje o executivo liderado por Pedro Passos Coelho e obrigado a

implementar. E permitam-me reforçar a palavra “obrigado”. Isto porque como e lo gico, nenhum Governo gosta de lançar medidas impopulares como as que o Tribunal Constitucional chumbou, muito menos a pouco tempo de umas eleiço es legislativas. Assim, na o e preciso dominar a mate ria financeira do Estado

para que se compreenda que, quando ha uma real necessidade de equilibrar as contas do Estado, esse equilí brio so podera ser atingido por duas vias: ou pelo aumento da receita do Estado proveniente do aumento dos impostos ou pela reduça o da despesa que engloba, por exemplo, o sala rio dos funciona rios pu blicos e todas as prestaço es sociais como o subsí dio de desemprego. Nesta perspectiva, e certo que ambas as vias sa o do desagrado de toda a populaça o. Todavia, importa salientar que sa o os impostos que financiam toda a despesa do Estado. Significa isto que, se a despesa pu blica for elevada, os impostos tambe m ira o ser. Tal como, se a despesa pu blica for reduzida, existira o condiço es para a reduça o da carga fiscal. Neste sentido, o Governo PSD/CDS optou pela via da reduça o da despesa. E na o e nenhuma surpresa dizer que seria inevita vel o corte dos sala rios e das prestaço es sociais

quando te m um peso bastante significativo (mais de 70%), em toda a despesa pu blica do Estado. Com a decisa o de inconstitucionalidade, as alternativas do Governo na o sa o muitas, havendo por isso a possibilidade de um aumento dos impostos, nomeadamente, do IVA ou apenas a reformulaça o das medidas propostas continuando desta forma a salvaguardar a opça o pela reduça o da despesa pu blica. De facto, eu na o sou jurista e, por isso, na o considero que me deva alongar em demasia no que toca a mate rias jurí dicas. Ainda assim, tenho para mim que a Constituiça o da Repu blica Portuguesa na o salvaguarda os reais interesses dos portugueses e de Portugal. Se foi esta a Constituiça o que obrigou Portugal a passar por tre s vezes a humilhaça o de se submeter a um resgate externo, peço desculpa a todos os constitucionalistas que defendem a mesma mas, mal posso esperar por uma revisa o constitucional.

O anu ncio de que o Rei Juan Carlos iria abdicar do trono apanhou meio-mundo de surpresa. Ja se suspeitava tendo em conta a idade avançada do ainda Rei do Estado espanhol bem como os va rios esca ndalos que te m denegrido a imagem da famí lia real espanhola. Segue-se na linha de sucessa o o prí ncipe Felipe VI que sera coroado rei no pro ximo dia 18 de Junho. Esta abdicaça o gerou por sua vez uma discussa o muito profunda na sociedade espanhola em relaça o ao tipo de regime. Te m havido manifestaço es quase dia rias a exigir a convocaça o de um referendo para que os povos de

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O ESPECTRO

N OT Í C I A

I SA R A FA E L

V i o l ê n c i a n o I ra q u e

No passado Sa bado, ocorreram va rios atentados em zonas maioritariamente xiitas da capital iraquiana: seis deles com carros-bomba e uma explosa o na berma da estrada em sete a reas diferentes de Bagdad. Isto sucedeu-se na mesma altura que forças de segurança combatiam forças radicais em Mossul que mataram 59 pessoas. Somando-se os va rios ataques, no total, foram mais de 80 indiví duos que perderam as suas vidas no sa bado passado. Deste modo, pode-se dizer que foi um dia marcado pela viole ncia. A estes dados somam-se tantos outros. O Iraque tem sido palco de sucessivos ataques e atentados e a insegurança tornou-se um dos seus maiores problemas, onde em me dia, 25 habitantes sa o mortos por dia. Ao todo, mais de 4 300 pessoas morreram em ataques, desde o í nicio do ano. A comunidade xiita tem sido a mais afectada, sendo o alvo dos diversos ataques atribuí dos a sunitas com ligaço es a Al-Qaeda. Desde ha muito tempo que existe um confronto entre sunitas e xiitas. Os primeiros, uma minoria do paí s, protestam contra o que acreditam ser discriminaça o do governo liderado por xiitas, assim como

a falta de serviços ba sicos como electricidade. Os protestos iniciaram-se em 2012, depois de uma operaça o na casa e escrito rio de um importante polí tico sunista, Ministro da Economia. Um ano mais tade, o Vice-Presidente, Tariq al-Hashemi, igualmente sunita, foi obrigado a fugir do paí s depois de ser condenado a morte por terrorismo. O confronto entre as duas comunidades a rabes acirrou-se quando as forças de segurança prenderam em final de Dezembro de 2013, o parlamentar sunita Ahmed al-Alwani. O Primeiro-Ministro

Nouri Al-Maliki, xiita, ordenou que os soldados iraquianos acabassem com um acampamento de protestos sunita alegando que o local estava ligado a Al-Qaeda. Os militantes e parlamentares sunitas renunciaram em protesto, pedindo a retirada do Exe rcito e a libertaça o do parlamentar sunita. Maliki concordou em retirar o Exe rcito e os militantes sunitas apareceram nas ruas, invandindo delegacias de polí cia e libertando prisioneiros. O Primeiro-Ministro reverteu a sua decisa o mas ate agora, os

Espanha possam decidir sobre o seu futuro e aqui a situaça o ja envolve um conjunto de varia veis que podem a curto-me dio prazo gerar uma situaça o imprevisí vel. As manifestaço es, muitas convocadas a 2 de Junho( dia do anu ncio por parte do Rei Juan Carlos), te m ocorrido um pouco por todo o Estado espanhol levando milhares de pessoas para as ruas. Sa o convocadas por organizaço es polí ticas, sindicais e outros colectivos de esquerda e te m gerado um certo clima de unia o das

esquerdas que ja vinha a desenvolver-se desde as Marchas da Dignidade de Março passado. A esquerda pode aqui ter encontrado uma causa comum e potenciadora de fortes mobilizaço es populares. Outra questa o prende-se com o crescimento dos movimentos independistas catala es, basco, galegos e ate andaluzos sendo que nas recentes eleiço es europeias todos os partidos que defendem a independe ncia destas regio es obtiveram um forte

crescimento eleitoral. Estes movimentos procuram interligar a causa repu blicana com a causa da independe ncia e portanto na o aceitam que uma eventual Repu blica espanhola mantenha a actual configuraça o polí tico e geogra fica. Uma notí cia publicada no jornal espanhol “El Paí s” afirma, com base numa sondagem, que mais de 60% dos espanho is quer um referendo a continuaça o da Monarquia e se a isto juntarmos as manifestaço es

extremamente participadas que se te m verificado ao longo das u ltimas duas semanas enta o no minimo e seguro afirmar de que existe um desejo do povos do Estado espanhol de decidir o seu futuro. Na o se pode saber onde vai terminar este processo mas o certo e que, para ja , as mobilizaço es populares pela Repu blica va o continuar e que os diversos movimentos independistas ganham força e capacidade de agir.

militares na o conseguiram retomar o controlo total da situaça o. Militantes extremistas sunitas aumentaram os ataques pelo paí s e em resposta, grupos de xiitas, iniciaram represa lias violentas contra cle rigos sunitas, civis e milicianos. O problema desta rivalidade e que podera despoletar uma guerra civil ou levar a uma divisa o territorial no Iraque, uma vez que esta e a pior crise que ja atingiu o paí s desde a sua consolidaça o como Estado em 1921.

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O ESPECTRO

GLOBO

O P I N I ÃO d e T I AG O S O U S A S A N TO S

A va c i n a c o n t ra o É b o l a

A Europa, a nossa Europa um dia imaginada por Schuman, De-lors, Monnet e va rias outras personalidades da vida polí tica do velho continente, a mesma Europa que nasceu como re-sposta a s atrocidades outrora cometidas por Hitler, esta agora numa fase transito ria cujo fu-

turo se apresenta ainda inco g-nito.

A preocupante ascensa o dos partidos de extrema-direita e de extrema-esquerda aquando das eleiço es para o Parlamento Eu-ropeu colocaram os desí gnios daquele o rga o e da Comissa o Europeia num sobressalto, pela dificuldade, ate agora na o senti-

da, em garantir a concorda ncia quanto a figura do sucessor de Dura o Barroso na preside ncia do executivo da Unia o Europe-ia.

Como se este embargo na o fosse ja um percalço suficiente ao projecto europeu, uma on-da de xenofobia radical tem-se

feito sentir, personificada na figura de Jean-Marie Le Pen, fazendo ressurgir os anseios do passado que serviram de estí mulo ao iní cio da cooper-aça o entre os Estados europe-us. E sem du vida preocupante atentar aos resultados do u lti-mo acto eleitoral e confirmar que partidos como a Frente

Nacional, o Vlaams Belang, o FPO e a Lega Nord, com um idea rio ultra-nacionalista e por vezes xeno fobo e anti-semita, conquistaram fortes apoios junto da sua populaça o e que afirmam a sua defesa pelo fim da Unia o Europeia.

A forma desumana com que o histo rico lí der da Frente Nacional, agora comandada pela sua filha, abordou a emi-graça o apontando o E bola en-quanto possí vel soluça o para o controlo da "explosa o de-mogra fica" e uma refere ncia pouco subtil aos "fornos" dos campos de concentraça o Nazi, mascarada de resposta a s crí ticas apontadas a sua pes-soa, sa o um claro aviso a s pop-ulaço es dos Estados-Membros que por descontentamento ou por desconhecimento atribuí ram o seu voto a forças polí ticas dos extremos do espectro polí tico-partida rio.

O radicalismo crescente entre as vozes extremistas do pano-rama polí tico europeu e as acço es por muitos deles efec-tivadas devem, em simulta neo, servir de orientaça o aos decisores, na o aos que dentro desta linha de pensamento conquistaram representaça o no o rga o legislativo europeu, mas aqueles que efectivamen-

NOVIDADES EM BREVE

O ESPECTRO app

te se relacionam com o projecto europeu e que o consideram um garante do futuro da paz no nosso continente. Na o e possí vel observar o crescimento destes feno menos e movimentos sem tomar qualquer posiça o.

Dando resposta a esta onda de afronta a liberdade, ao plural-ismo polí tico, a diversidade cul-tural e ao espaço europeu pro-priamente dito, e fulcral que os europeí stas se unam de modo a perspectivar uma reaproxima-ça o entre o projecto e as popu-laço es, evitando assim o iní cio do fim da integraça o.

No passado uma adversidade de dimenso es bastante superiores a quela que agora enfrentamos contribuiu de forma significa-tiva para aproximaça o dos povos, para a manutença o da paz e para o iní cio da prosper-idade na Europa. A Europa e os cidada os europeus devem en-carar o futuro com pre-ocupaça o, mas com esperança.

Os polí ticos que nos represen-tam, a no s europeus, em Brux-elas, devem em conjunto e prontamente, garantir que o ví rus que agora se desenvolve pouco impacto tera no processo de integraça o. Hoje na o pode ser diferente de ontem!

DR

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Núcleo de Ciência Política Universidade de Lisboa - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas

Parceria com Jornal Económico do ISEG

M U S I C B OX 5 a 27 Junho

C a i s d o S o d r é Simply Rockers Soundsystem, Baile Tropicante feat La Flama Blanca y

Chancha Via Circuito, Musicbox Heineken Series feat Jon Hopkins + Jiboia + Bangkok Snobiety + Dupplo

F E S T I VA L D O F E S T I VA L D O

D E S A S S O S EG OD E S A S S O S EG O LITERATURALITERATURA

CASA FERNANDO PESSOA

C i c l o C I N E M A

J i m J a r m u s c h

5 a 25 Junho

B i l h e te s a 4 € Espaço Ninas

SIMON THOMPSON - EXPOSIÇÃO DO

ARTISTA PLÁSTICO

6 Junho a 20 Julho

Lumiar Cité

08 | 09 Junho 2014

O ESPECTRO

CARTAZ CULTURAL


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