Conflitos Socioambientais e Saúde no Brasil e o
Mapa de Conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil
09/09/2015Marcelo Firpo Porto ([email protected])
CESTEH/ENSP/FIOCRUZ
Minicurso “Introdução à Economia Ecológica”
Biomédica Hegemônica: saúde como ausência de doença. Modelo assistencialista, hospitalocêntrico. Promoção: eliminar fatores de risco de doenças, campanhas de vacinação, acesso à atenção básica da saúde.
Saúde na Medicina Social: determinantes socioambientais na origem dos processos saúde-doença. Exemplos: desigualdades sociais, racismo, condições precárias de vida e trabalho, problemas de acesso aos serviços de saúde, trabalho, renda, educação, moradia, saneamento, alimentação...Processos distais saúde – doença. Saúde e políticas públicas, saúde como direito, como capacidade de luta. Modelo preventivo, reforço da atenção básica, saúde comunitária e da família. Base do SUS.
Concepções holísticas de saúde: saúde e doença como processos do viver; ciclos vida-morte-vida; não separação corpo-mente-espírito-natureza; Exemplos: culturas de povos tradicionais e camponeses, medicinas chinesa/ayurvédica/árabe/africana/ indígenas em geral, camponesa, fitoterapia, homeopatia...Alternativa à medicalização.
Concepções de Saúde
Caso 1 (desastres e descarte na produção, consumo) e transporte: poluição, zonas contaminadas, “zonas de sacrifício”, importância JA nos EUA
Caso 2 (principalmente extração): degradação de ecossistemas e modos de vida de populações tradicionais e camponesas (saúde de ecossistemas)
Caso 3: disputa por terras e recursos naturais violência na AL, África e Ásia.
Em todos os casos: visão ampliada de saúde, saúde como dignidade, saúde como direito
Saúde e externalidade negativa: caso dos agrotóxicos
Saúde, EE, EP e Metabolismo Social
Saúde, conflitos ambientais e mobilizações: a construção de sujeitos políticos
Produção de conhecimentos: o protagonismo dos sujeitos.
Exemplos: Epidemiologia Popular, CBPR e práticas de pesquisa-ação. Caso de mineração de urânio em Caetité
Saúde e Movimentos por Justiça Ambiental
Tornar visíveis debates públicos sobre conflitos e movimentos de resistência frequentemente discriminados e invisibilizados;
Divulgar os conceitos e movimentos relacionados às lutas por justiça ambiental e contra o racismo ambiental
Permitir o monitoramento de ações e de projetos que enfrentem situações de injustiças ambientais e problemas de saúde
Permitir debates públicos sobre estratégias e práticas de gestão ambiental nas empresas e pelos órgãos de governo (licenciamento ambiental...)
Reforçar alternativas de articulações de populações atingidas, movimentos sociais, ambientalistas, instituições acadêmicas e públicas
OBJETIVOS DO MAPA
Atualmente cerca de 550 conflitos em todo o país.
www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br
Mapa de Conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil
Criação da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (2001)Campo de luta e articulações entre movimentos
sociais, ambientalistas populares/críticos, grupos acadêmicos militantes da sociologia ambiental, geografia crítica, saúde coletiva ...ecologia política
Criação de GTs: Químicos + Luta Contra Racismo Ambiental + Mineração e Siderurgia + Conflitos Fundiários e Demarcação Terras + Hidrelétricas + Nuclear
Encontros da RBJA: discussão sobre mapeamento das injustiças e conflitos ambientais para visibilização dos conflitos e intercâmbio de experiências
Projeto com FASE e apoio do Ministério da Saúde
ORIGENS DO MAPA
Tornar visíveis debates públicos sobre conflitos e movimentos de resistência frequentemente discriminados e invisibilizados;
Divulgar os conceitos e movimentos relacionados às lutas por justiça ambiental e contra o racismo ambiental
Permitir o monitoramento de ações e de projetos que enfrentem situações de injustiças ambientais e problemas de saúde
Permitir debates públicos sobre estratégias e práticas de gestão ambiental nas empresas e pelos órgãos de governo (licenciamento ambiental...)
Reforçar alternativas de articulações de populações atingidas, movimentos sociais, ambientalistas, instituições acadêmicas e públicas
OBJETIVOS DO MAPA
Injustiças ambientais X Conflitos ambientaisSaúde e Movimentos por Justiça Ambiental: noção
ampliada Saúde, , trabalho, território e modos de vida Saúde e natureza (saúde humana e dos
ecossistemas) Saúde e Direitos: ameaças, assassinatos,
assimetrias nos processos de licenciamento.... Atualização do debate da Medicina Social
Latinoamericana e Saúde Coletiva frente à Questão Ambiental
QUESTÕES CONCEITUAIS
METODOLOGIA DO MAPAFoco a visão das populações atingidas, suas
demandas, estratégias de resistência e propostas de encaminhamento;
Casos: a partir de 2006 (ainda que problema seja anterior).
Inclui todo território nacional;Definição final dos casos: coerência e consistência técnico-científica e política; presença de atores coletivos organizados ou em processo de organização; avaliação final por estado por membro da RBJA com alguma experiência acadêmica.
Fontes: discussões e denúncias na RBJA, falas, entrevistas, documentos, artigos e relatórios das populações atingidas, ou de entidades, ONGs e instituições parceiras, grupos acadêmicos, instituições governamentais, Ministérios Públicos ou órgãos do judiciário.
Outras fontes: GT Químicos e o GT Combate ao Racismo Ambiental da RBJA*Mapa dos Conflitos Ambientais no Estado do Rio de
Janeiro construído pelo IPPUR/UFRJ; *Mapa dos Conflitos Socioambientais da Amazônia Legal,
organizado pela Fase Belém; *Nova Cartografia Social, organizada pelo pesquisador
Alfredo Wagner; *Trabalhos realizados por universidades e centros de
pesquisa como o GESTA/UFMG, UFCE, UFBA, UFMT e UFMS, dentre outros; *Relatórios da Plataforma DHESCA Brasil sobre direitos
humanos, em especial a Relatoria de Meio Ambiente.
MINERAÇÃO
Minas Gerais (12 casos), Pará (9 casos), Bahia, Maranhão, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo (6 casos cada) – FERRO, OURO, BAIXITA...
Conflitos nos corredores de exportação, minerodutos e complexos portuários
Conflitos por terra, poluição hídrica e de solos, atropelamentos pelos trens...
Articulações regionais/nacionais como o Justiça nos Trilhos, internacionais como a contra a Vale,
CONFLITOS DO AGRO(HIDRO)NEGÓCIO
(BIOMASSA)
Pelo menos 173 casos Maioria ligado à expansão dos monocultivos e pecuária (142), em
especial grãos, cana (agrocombustíveis) e “desertos verdes” (tb p/ siderurgia)
Carcinicultura e pesca comercial: menor número (31) mas afetam especialmente várias comunidades pesqueiras, caiçaras e ribeirinhas do País.
Casos distribuídos por todo o País, concentrando-se principalmente nas regiões Norte (34% dos casos), Nordeste (29%), Sudeste (17%), Centro-Oeste (12%) e Sul (8%).
ENERGIA - USINAS HIDRELÉTRICAS E EÓLICAS: “sujeiras” das energias “limpas”
MÚLTIPLOS IMPACTOS Mudanças na cadeia alimentar, na capacidade reprodutiva da fauna e
redução dos estoques pesqueiros, disponibilidade de terras férteis em áreas de várzea e na vazante dos rios, destruição de locais sagrados, desequilíbrio ecossistêmico e doenças transmissíveis; desapropriação de terras e deslocamento de famílias afetando direitos fundiários, territoriais, culturais e sociais; impactos dos canteiros de obras na desestruturação comunitária e favelização
71 casos ligados às fontes renováveis Maioria associados a instalação de
usinas e pequenas centrais hidrelétricas (67 casos), seguidas pelas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
Os 4 conflitos relativos aos parques eólicos estão concentrados na região Nordeste, com Bahia (2) , Ceará (1) e Rio Grande do Norte (1).
ENERGIA “PESADA”: CONFLITOS DE PETRÓLEO, TERMOELÉTRICAS E ENERGIA NUCLEAR
69 casos relacionados às fontes não-renováveis de energia.
Cadeia produtiva do petróleo: 51 nas etapas de prospecção, extração, transporte, armazenamento, refino, petroquímica ou descarte de resíduos. Distribuídos por todo o País, principalmente nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte, áreas litorâneas e pontos isolados da Amazônia.
11 conflitos com termoelétricas e 7 são referentes à energia e radiações nucleares, incluído os conflitos ao redor da minas de urânio em operação (Caetité/BA) e outra em processo de licenciamento (Santa Quitéria/CE)
Pré-sal: “explosão” de conflitos nos próximos anos na região sudeste...
CONFLITOS AMBIENTAIS URBANOS Preponderância de conflitos na expansão capitalista do
agronegócio, mineração e infraestruturas... Movimentos clássicos por justiça ambiental: lixões, fábricas
poluentes, zonas de sacrifício Temas emergentes no Mapa: Problemas de saneamento,
mobilidade, periferias, favelas e direito à moradia (ocupações, quilombolas urbanos...)
Complexos Portuários e Industriais, Copa do Mundo e Olimpíadas
Futuros temas: conflitos pela falta d´água em SP e outras regiões; poluição atmosférica, mobilidade e direito à moradia
Ocupação Dandara, Belo Horizonte, MG.
Quilombo das Guerreiras, Rio de Janeiro, RJ.
ALGUMAS REPERCUSSÕES
Inserção em distintos fóruns: Atingidos pela Vale, Rede de Advogados Populares, Fórum contra Agrotóxicos, uso pelo Ministério Público e Defensorias Públicas ...
Divulgação na mídia oficial e alternativa Reações de empresas: Petrobrás, INB, Agronegócio,
Sindicato Patronal Sucroalcooleiro etc. Encontro Diálogos e Convergências e Articulação entre
Redes: Agroecologia, Feminismo, Segurança e Soberania Alimentar, Saúde Coletiva
Plataforma InterMapas: Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde + Experiências Agroecológicas + Experiências de Economia Solidária + Plataforma BNDES.
WP7 REPORT
Desafios para as organizações e mobilizações por justiça ambiental
Concepção de saúde como dignidade e direito Democracia e papel do Estado Movimentos globais por justiça ambiental:
internacionalização das lutas e cidadania global Denúncias de duplo padrão e irresponsabilidades
corporativas Luta contra violência Luta contra iniquidades em saúde A relação com a academia e os cientistas Importância do contexto na análise dos conflitos Divulgação e compartilhar das vitórias e conquistas