Transcript
  • Manual deElaboraoO passo a passo daElaborao do PPA

    para municpios

    2 edio

    Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto

    Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    Ari Vainer

    Joslia Albuquerque

    Sol Garson

  • 3O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    Prefcio ............................................................................................................................................... 5

    Apresentao da 2 Edio ............................................................................................................... 7

    Apresentao da 1 Edio ............................................................................................................... 9

    Prefcio da 1 Edio ...................................................................................................................... 11

    Apresentao dos Autores da 2 Edio ....................................................................................... 13

    INTRODUO .............................................................................................................................. 17

    I.1. Consideraes preliminares ............................................................................................ 17I.2. Legislao ......................................................................................................................... 18I.3. Objetivos ........................................................................................................................... 19I.4. O Ciclo de Gesto do Plano Plurianual ........................................................................ 20I.5. Plano Plurianual - Elementos Essenciais ..................................................................... 21

    II. ROTEIRO DE ELABORAO DO PLANO PLURIANUAL ................................... 23

    II.1.Contedo do PPA ............................................................................................................ 24II.2.Etapas da Elaborao do PPA ....................................................................................... 25II.3.Base Estratgica ............................................................................................................... 28

    II.3.1. A Cidade Situao Atual X Futuro Desejado ................................................... 28II.3.2. Planejamento Territorial Integrado ................................................................... 29II.3.3. Levantamento das aes setoriais ....................................................................... 30II.3.4. Participao popular ............................................................................................. 30II.3.5. Condicionantes do Planejamento - Restries Oramentrias e Financeiras .... 30II.3.6. Orientao Estratgica - Definio de Macroobjetivos ................................... 31

    II.4.Elaborao de Programas ............................................................................................... 31II.4.1. Consideraes preliminares ................................................................................. 31II.4.2. Levantamento das aes - Programas Finalsticos .......................................... 33II.4.3. Definio dos programas setoriais pelos rgos/entidades .............................. 37II.4.4. Validao de Programas ........................................................................................ 38II.4.5. Planejamento e Responsabilidade Fiscal - A Integrao do PPA com a LOA .... 39

    Anexo I - Projeo de Receitas ................................................................................................ 41

    1. Consideraes Gerais .......................................................................................................... 43

    2. As Modalidades de Receitas Oramentrias .................................................................... 45

    2.1. Receitas Correntes .......................................................................................................... 462.1.1. Receitas de impostos diretamente arrecadados e de transferncias

    constitucionais .......................................................................................................... 462.1.2. Receitas de Taxas e de Contribuies de Melhoria ............................................ 502.1.3. Receita de Contribuies ....................................................................................... 50

    S u m r i o

  • 4Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    2.1.4. Receitas Patrimoniais ............................................................................................ 512.1.5. Receita Agropecuria/Industrial/de Servios ....................................................... 512.1.6. Transferncias Correntes ...................................................................................... 512.1.7. Outras Receitas Correntes ..................................................................................... 51

    2.2. Receitas de Capital ......................................................................................................... 52

    Anexo II - Restries ao Planejamento Oramentrio ................................................... 53

    1. Consideraes Gerais ......................................................................................................... 55

    2. Obrigaes Legais .............................................................................................................. 56

    2.1. Vinculao de recursos manuteno do ensino fundamental ............................ 562.2. Vinculao de recursos sade ................................................................................. 572.3. Limite de despesas com o Poder Legislativo Municipal ...................................... 572.4. Outras Despesas Com Recursos Vinculados/ Convnios ....................................... 582.5. Servio da dvida ........................................................................................................ 582.6. Despesas de Pessoal ................................................................................................... 58

    3. Restries Oramentrias Alternativas de Ao ........................................................ 60

    Anexo III - Elaborao de Programas, Modelos de Formulrios .............................................. 67

    Anexo IV - Projeto de Lei e Anexos do Projeto de Lei - Modelo .......................................... 75

    Anexo V - Municpio de Feliz-Cidade, Elaborao de Programas ............................................ 85

    Anexo VI - Municpio de Feliz-Cidade, Projeto de Lei e Anexo ao Projeto de Lei ........... 195

  • 5O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    Desde 2003, quando o Estado retomou a importante tarefa de pensar ofuturo, recolocando o planejamento em novas bases, a tarefa de elaborarum Plano Plurianual PPA ganhou centralidade, pois o instrumento com oqual se decide quais so os investimentos prioritrios para um projeto dedesenvolvimento. O debate para a elaborao do PPA evidencia questesfundamentais, como:

    Qual o conjunto de polticas mais adequado para estimular os diversossetores da produo;

    Quais as melhores polticas para gerar trabalho, emprego e renda; Quais so as aes necessrias para reduzir as desigualdades

    regionais; Quais os projetos de desenvolvimento e infra-estrutura que vo

    receber prioridade e recursos; Quais so os ramos da pesquisa cientfica e tecnolgica fundamentais

    para o crescimento do pas; Quais so as polticas e programas sociais necessrios para o

    desenvolvimento humano da populao, a incluso social e a melhordistribuio da renda entre os brasileiros.

    O projeto de um Brasil de todos, materializado no PPA para o perodo 2004-2007 fruto de um planejamento democrtico do Pas propiciado pelo debatedo Governo Federal com os governos estaduais e municipais e asorganizaes da sociedade. Para que se combine planejamento nacionalcom desenvolvimento regional necessrio que essa prtica seja replicadano mbito municipal, pois no local que as relaes entre o Estado e asociedade organizada vo se estabelecer.

    Essa obra que o BNDES tem o orgulho de patrocinar poderia receber outrottulo: Manual de Futuro. Pois o municpio que abraar com criatividadeesse passo a passo da elaborao do seu PPA estar preparando umfuturo coletivo de maior transparncia, sustentabilidade e riqueza.

    O desenvolvimento local ganhou enorme relevncia nos ltimos anos, emespecial a promoo de organizaes sociais e arranjos produtivos locais.Conceitos como planejamento participativo tambm ganharam novasdimenses e possibilidades, especialmente com o alargamento democrticodos espaos de organizao e manifestao da sociedade civil.

    As novas tecnologias de informao e comunicao propiciam inovaescomo o governo eletrnico, a incluso digital e a formao de redes

    Prefcio

  • 6Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    inteligentes. Essas redes de inteligncia coletiva so essenciais para apromoo de novos saltos no desenvolvimento institucional, econmico ecultural no Brasil. No por acaso que a mobilizao e a capacitao detcnicos de governo de todos os municpios da Federao para a elaboraode seus Planos Plurianuais resulta na formao de uma Rede Nacional dePlanejamento e Gesto Pblica. A CAIXA se integra Rede com seustcnicos, prestando apoio em todo territrio nacional, com o propsito deauxiliar o gestor pblico na formulao e implementao de polticas pblicasvoltadas para o desenvolvimento econmico e social. O BNDES amplia oacesso a suas linhas de financiamento e produz conhecimento sobre projetoslocais cruciais para a sustentabilidade da Rede.

    Fazemos votos de que essa nova mobilizao pelo desenvolvimento aprofundee amplie os horizontes de nosso federalismo fiscal, contribuindo para amodernizao institucional e operativa da vida republicana brasileira. EsteManual de Futuro representa um ingrediente fundamental para o sucessodessa receita de democracia e progresso com incluso social e reduo dasdesigualdades regionais.

    Guido Mantega Jorge MattosoPresidente do BNDES Presidente da Caixa Econmica Federal

  • 7O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    Apresentao da 2 Edio

    Nos ltimos anos, a gesto das finanas pblicas brasileiras vem se pautandopor um ambiente crescente de mudana cultural no direcionamento do gastopblico, no qual a responsabilidade fiscal d a tnica ao gestor pblico naconduo das polticas. A apreenso com o nvel de endividamento do entepblico conduz a um novo pensar sobre a qualidade dos gastos nas polticaspblicas governamentais, levando a uma preocupao crescente do gestorpara a promoo de uma melhoria na composio das despesasoramentrias. Em um ambiente de restrio oramentria e crescentesdemandas sociais, cabe uma reflexo sobre qual o melhor direcionamentodos recursos oramentrios para que se possa otimizar o gasto pblico.

    Diante deste cenrio, destaca-se a necessidade de se trabalhar de formamais intensa em um maior ordenamento das polticas pblicas, notadamenteno nvel municipal. Uma das solues para se conduzir essa questo est noplanejamento de mdio e longo prazo das aes de governo. Tendo em vistaas limitaes oramentrias, o planejamento funciona como uma ferramentaindutora na conduo e implementao de aes com vistas ao alcance dedeterminados objetivos em um prazo previamente estipulado. Dentro doordenamento jurdico brasileiro, o Plano Plurianual - PPA, regido pelo art.165, inciso I da Constituio Federal e normas complementares, oinstrumento normativo para que os entes municipais materializem oplanejamento de seus programas e aes governamentais.

    Com o intuito de criar as condies para a formao da Rede Nacional dePlanejamento e Gesto Pblica, propondo uma forte articulao entre aUnio, os Estados e Municpios, o Governo Federal est promovendo o projetode Mobilizao e Capacitao para Elaborao dos Planos PlurianuaisMunicipais, com a transmisso por videoconferncia para todo o Brasil.Este projeto, implementado em parceria com os Governos Estaduais e comas associaes de municpios de carter nacional, visa criar as condiesnecessrias para o cumprimento da exigncia da Lei de ResponsabilidadeFiscal - LRF (Lei N 101/2000), que determina que em 2005 os municpiosdevero elaborar Planos Plurianuais, repetindo o movimento que houve emrelao aos Estados no ano de 2003.

    Para o Governo Federal representa uma excelente oportunidade, j que apartir da Lei do PPA 2004-2007, se disps a firmar compromissos, comEstados, Distrito Federal e Municpios, agrupados por sub-regies, na formade Pactos de Concertamento. tambm uma oportunidade para contribuir

  • 8Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    para melhoria da gesto dos municpios, considerando a transparncia, aeficincia e a orientao para resultados.

    O objetivo do Governo Federal intensificar a articulao entre os entesfederados, no que se refere definio de prioridades, scomplementaridades no processo alocativo, bem como s possibilidades deotimizar o gasto pblico por meio de uma gesto compartilhada tripartite,ouvida tambm a sociedade. tambm de melhorar a gesto pblica e aqualidade do gasto, utilizando-se do planejamento participativo como alavancapara uma nova forma de articular uma parte do gasto dos trs entesfederativos e trazer a sociedade local para um compartilhamento deresponsabilidades na gesto e nos resultados do gasto pactuados a partir deum projeto de desenvolvimento sustentvel do territrio.

    Paulo Bernardo SilvaMinistro de Estado do Planejamento, Oramento e Gesto

  • 9O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    A Lei de Responsabilidade Fiscal traz uma mudana institucional e culturalno trato com o dinheiro pblico, dinheiro da sociedade. Estamos gerandouma ruptura na histria poltico-administrativa do Pas. Estamos introduzindoa restrio oramentria na legislao brasileira.

    A sociedade no tolera mais conviver com administradores irresponsveis ehoje est cada vez mais consciente de que quem paga a conta do mau usodo dinheiro pblico o cidado, o contribuinte.

    A irresponsabilidade praticada hoje, em qualquer nvel de governo, resultaramanh em mais impostos, menos investimentos ou mais inflao, que omais perverso dos impostos pois incide sobre os mais pobres.

    O governo no fabrica dinheiro.

    Esta afirmao pode parecer bvia para alguns, mas no para aqueles queadministram contas pblicas gastando mais do que arrecadam. Deixandodvidas para seus sucessores e assumindo compromissos que sabem, deantemo, no podero honrar. este tipo de postura, danosa para o Pas,que coibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A deciso de aumentargastos, independentemente de seu mrito, precisa estar acompanhada deuma fonte de financiamento.

    A Lei refora os princpios da Federao. Governantes de Estados eMunicpios no tero que prestar contas de seus atos ao governo federal,mas ao seu respectivo Legislativo, ou seja, comunidade que os elegeu.Tudo isso ser feito de forma simplificada para que a sociedade possa exercero seu direito de fiscalizao. Os governantes sero julgados pelos eleitores,pelo mercado e, se descumprirem as regras, sero punidos.

    J entramos na era da responsabilidade fiscal. Ter uma postura responsvel dever de cada governante.

    Apresentao da 1 Edio

    Martus TavaresMinistro de Estado do Planejamento, Oramento e Gesto

  • 11

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    A Lei de Responsabilidade Fiscal reconhece, na ao planejada etransparente, um pressuposto para a responsabilidade na gesto fiscal. Numasituao de estabilidade econmica, o oramento instrumento indispensvelpara que os programas de governo se tornem realidade, beneficiando, defato, o pblico-alvo para os quais se destinam as aes que compem estesprogramas. Neste contexto, o Plano Plurianual desponta como a estruturabsica sobre a qual se desenharo as demais peas: a Lei de DiretrizesOramentrias - LDO e a Lei Oramentria Anual - LOA. A experinciana elaborao do PPA por municpios praticamente inexistente.

    Por esta razo, o Ministrio do Planejamento, a ESAF, o BNDES, o Bancodo Brasil e o IBAM juntaram esforos para proporcionar o conhecimentodo assunto, atravs da teleconferncia A Elaborao do Plano Plurianual,transmitida em 9 de julho do corrente ano, que teve como suporte aprimeiraverso deste Manual. Atualizada pela legislao em vigor, o BNDESe o Banco do Brasil apresentam esta segunda edio do livro Plano Plurianual- Manual de Elaborao, de autoria de Ari Vainer, Joslia Albuquerque e SolGarson. Seu contedo, privilegiando uma abordagem prtica da matria,nos d a certeza de que ser de grande valia para orientar as municipalidadesem relao s medidas a serem adotadas para a adequao s normasestabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

    Como um dos principais instrumentos da Poltica Econmica de longo prazono Brasil, o BNDES vem participando ativamente de aes voltadas para areformulao do papel do Estado, nos diversos nveis da FederaoBrasileira. Neste sentido, tem sido grande o seu empenho em apoiar amodernizao da administrao tributria e a melhoria da qualidade do gastopblico, com uma perspectiva de desenvolvimento local sustentado.

    Dentre os vrios tradicionais de financiamento, o BNDES implementou oPrograma de Modernizao da Administrao Tributria e da Gestodos Setores Sociais Bsicos (PMAT) para proporcionar aos municpiosbrasileiros possibilidades de aperfeioar sua capacidade de arrecadao e,ao mesmo tempo, incrementar a qualidade dos servios prestados populao. Nessa tarefa, vem contando com a valiosa parceria do Bancodo Brasil, que faz chegar a todos os rinces do pas, atravs de sua vastarede de agncias, as oportunidades oferecidas pelo Programa.

    Tambm foi criado um site na Internet (http://www.federativo.bndes.gov.br) paradivulgao de informaes e estatsticas sobre o setor pblico, bem como

    Prefcio da 1 Edio

  • 12

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    para a troca de experincias entre administradores pblicos, pesquisadores,organizaes no-governamentais e eventuais interessados em polticaspblicas. Com efeito, o Banco Federativo tem procurado tratar ]os maisvariados temas relacionados Federao Brasileira, como a reformaTributria e a Lei de Responsabilidade Fiscal, alm de apresentar indicadorestributrios e fiscais. Este frum de debates democrtico e aberto cresceu ese dinamizou atravs de vrias parcerias com outros rgos e institutos depesquisa.

    Alm do BNDES, o Banco do Brasil, preocupado em atender s necessidadesda Administrao Pblica, tem oferecido solues criativas para os problemasadministrativos e financeiros dos governos federal, estadual e municipal.Detentor de alto grau de automao bancria, extensa rede de atendimentoe tcnicos capacitados para prestar consultoria nos projetos e programasgovernamentais, o BB se prope a atuar como parceiro do agente pblico.A instituio financeira auxilia o gestor pblico na maximizao de receitas,otimizao da gesto financeira e prestao de servios pblicos. Assim, osgestores estaduais e municipais ganham maior transparncia em suas aes,junto sociedade, e podem atuar em conformidade com as normas da Leide Responsabilidade Fiscal.

    No site governo-e (www.governo-e.com.br) do Banco do Brasil o gestorpblico pode se valer de um conjunto de servios e produtos desenvolvidossob medida para o setor pblico. Atuando como agente de polticas pblicas,h quase dois sculos, o BB facilita o gerenciamento de recursos dos rgosgovernamentais.

    Mais transparncia e informao so, inegavelmente, a garantia perene doefetivo controle popular e do aprendizado da cidadania.

    Francisco Roberto Andr GrosPresidente do BNDES

    Eduardo Augusto GuimaresPresidente do Banco do Brasil

  • 13

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    A trajetria recente da economia brasileira tem, como um de seus elementosmarcantes, a estabilidade de preos. Num contexto de baixas taxas deinflao, o planejamento de torna imprescindvel para garantir o equilbriofiscal. A estimativa de receitas e despesas, a administrao do patrimnio, ocontrole do endividamento e o enfrentamento da questo previdenciriapassam a ser determinantes das aes que sero desenvolvidas pelosadministradores municipais.

    A integrao dos instrumentos de planejamento - o Plano Plurianual (PPA),a Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) e a Lei do Oramento Anual(LOA) - garante que as aes planejadas para o mdio prazo efetivamenteorientem o administrador ao longo de cada exerccio fiscal.

    A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), sancionada em maio de 2000, trouxeuma srie de novas exigncias no campo da administrao oramentria efinanceira. A isto se agregam limites e condies estabelecidos por emendasconstitucionais aprovadas em perodo recente, com impacto em reassignificativas - sade, Poder Legislativo, administrao de pessoal, incluindoprevidncia e outras.

    A elaborao do PPA no prtica usual entre os municpios brasileiros.Para orient-la, desenvolvemos, em 2001, este Manual. A metodologiaadotada inspirou-se em extenso trabalho do governo federal, do qualresultaram as elaboraes do PPA 1996/99, que tomou o nome de BRASILem AO e do PPA 2000/2003- AVANA BRASIL. Os pontos essenciaisda metodologia federal foram preservados, adotando simplificaes quepermitam sua adaptao s prticas oramentrias dos municpios brasileiros.Para que a metodologia fosse mais facilmente assimilada, idealizou-se, nesteManual, o Municpio de Feliz-Cidade, cujas contas foram estimadas, deforma compatvel com estruturas encontradas em nossa realidade. A partirde dados de receitas e despesas e das obrigaes legais de alocaes derecursos, estimaram-se as alternativas para as aes dos dirigentesmunicipais, consubstanciadas nos Programas que compem o PPA.

    Esta 2 edio incorpora ensinamentos da experincia com a verso inicial,aplicada a casos concretos, e novos contedos que foram agregados, nonvel federal, ao PPA 2004-2007 - Plano Brasil de Todos. Em particular,destaca-se a necessidade da cooperao entre os trs nveis de governo -Unio, Estados e Municpios, atravs de pactos de concertamento e aimportncia conferida gesto do Plano. Para que a ao cooperativa e a

    Apresentao dos Autores da 2 Edio

  • 14

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    gesto do planejado de fato ocorram, o Plano deve conter os elementosespecficos, incorporados a esta verso.

    Para manter a consistncia deste volume com o Manual de Elaborao daLDO e com o Manual de Elaborao da LOA, enquanto no revisados, osdados referentes s contas do municpio exemplo foram mantidas.Modificaram-se apenas os anos a que se referem: o exemplo de PPA deFeliz-Cidade refere-se ao perodo 2006-2009, tendo como ano-base do estudo2005, em lugar de 2001.

    Destaque-se que o foco deste Manual seu aspecto prtico. Aqui seapresenta um roteiro passo a passo para a elaborao do PPA. Cremos,com isto, estar transmitindo um pouco de nossa experincia em planejamentoe controle da execuo oramentria e financeira do setor pblico, emparticular municipal.

    * Este documento pode ser reproduzido, em parte ou integralmente, desde que devidamentecitada a fonte.

    Os Autores*Maro/2005

  • 15

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    Ari Vainer

    Engenheiro de produo graduado pela Universidade Federal do Riode Janeiro com Curso de Ps-graduao em Planejamento Urbano eRegional - Especializao em Localizao Industrial. FoiSuperintendente de Oramento e Subsecretrio de Planejamento doEstado do Rio de Janeiro; e Subsecretrio de Fazenda da Prefeiturada Cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, Subsecretrio Adjunto dePlanejamento da Secretaria de Controle e Gesto do Estado do Riode Janeiro

    Joslia Castro de Albuquerque

    Pedagoga e administradora de empresa graduada, respectivamente,pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pela SociedadeUniversitria Augusto Motta, com Curso de Ps-graduao emAdministrao Pblica, da Fundao Getlio Vargas - CIPAD.Exerceu atividades de oramento durante vinte anos, no desempenhode cargos de Assessor e de Coordenador; assumiu o cargo deSuperintendente de Oramento da Secretaria Municipal de Fazendada Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro em 1996, permanecendoat dezembro de 2000. Atualmente, Superintendente da Secretariade Controle e Gesto do Estado do Rio de Janeiro

    Sol Garson

    Economista graduada pela Universidade Federal Fluminense Cursouo Mestrado em Teoria Econmica na EPGE/ FGV em 1974/75.Trabalhou no BNDES a partir desse ano. Em 1993, integrou-se equipe da Secretaria de Fazenda da Cidade do Rio de Janeiro,assumindo a Superintendncia de Oramento a partir de 1994. Em1996, foi nomeada Secretria Municipal de Fazenda, onde permaneceuat dezembro de 2000. Como Presidente da Associao de Secretariasde Finanas das Capitais - ABRASF, conduziu, junto ao CongressoNacional, a discusso da Proposta de Reforma Tributria e de outrosprojetos de interesse das Capitais. Atualmente, consultora,dedicando-se sobretudo administrao municipal.

  • 17

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    I. INTRODUO

    I.1. Consideraes preliminares

    A edio da Lei Complementar n 101, em maio de 2000, trouxe novo enfoque gesto de recursos pblicos, exigindo o aperfeioamento do processo deplanejamento, onde a elaborao e execuo do oramento pblico tmpapel fundamental.

    Essa Lei, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), integra ostrs instrumentos de planejamento, j previstos na Constituio Federal de 1988:

    PLANO PLURIANUAL - PPALEI DE DIRETRIZES ORAMENTRIAS - LDO

    LEI DE ORAMENTO ANUAL - LOA

    O Plano Plurianual de um municpio o instrumento de planejamentoestratgico de suas aes, contemplando um perodo de quatro anos. Porser o documento de planejamento de mdio prazo, dele se derivam as Leisde Diretrizes Oramentrias e as Leis de Oramento Anuais. Assim,

    - O Plano Plurianual define as diretrizes, os objetivos e metas da administraopblica para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para asrelativas aos programas de durao continuada. Estas despesas seroplanejadas atravs das aes que integraro os Programas do PPA, exceodo servio da dvida (amortizao e encargos) e de outros encargos especiais,bem como da reserva de contingncia.

    - A Lei de Diretrizes Oramentrias compreender as metas e prioridadespara o exerccio financeiro subseqente, orientando a elaborao da LeiOramentria Anual .

    - A Lei Oramentria Anual prover os recursos necessrios para cadaao constante da LDO.

  • 18

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    O esquema a seguir apresentado demonstra o relacionamento entre os trsinstrumentos de planejamento:

    A Lei de Responsabilidade Fiscal reforou a necessidade de articulaoentre esses trs documentos, na medida em que a execuo das aesgovernamentais passa a estar condicionada demonstrao de suacompatibilidade com os instrumentos de planejamento: Plano Plurianual, Leide Diretrizes Oramentrias e Lei de Oramento Anual. Os artigos 15, 16 e17 da LRF, determinam que a criao, expanso ou aperfeioamento daao governamental que acarretem aumento de despesa, bem como oaumento de despesas de carter continuado, devem estar compatveis como PPA e com a LOA.

    Assim, a expanso da rede escolar de um municpio em 2006, por exemplo,requer que as aes necessrias - construo de escola, contratao deprofessores, manuteno das novas unidades - tenham sido previstas nosdocumentos de planejamento.

    I.2. Legislao

    O PPA j estava previsto em artigos da Constituio Federal de l988:

    - art.165, onde se dispe sobre o contedo do PPA (1). Pelo 9 destemesmo artigo, caber a lei complementar dispor sobre a vigncia, osprazos, a elaborao e a organizao do PPA, da LDO e da LOA;

    - art.166, 3, inciso I, onde se prev que as emendas ao Projeto da LOAou aos projetos que modifiquem o este oramento somente podem seraprovadas caso sejam compatveis com o PPA e com a LDO;

    LDO2009

    LDO2008

    A INTEGRAO PPA, LDO, LOA

    LDO 2007

    LDO2006

    LOA2009

    LOA2008

    LOA2007

    LOA2006

    PPA2006/2009

    LDO2009

    LDO2008

    A INTEGRAO PPA, LDO, LOA

    LDO 2007

    LDO2006

    LOA2009

    LOA2008

    LOA2007

    LOA2006

    PPA2006/2009

  • 19

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    - art.167, 1, onde se veda o incio de investimento cuja execuo ultrapasseum exerccio financeiro, sem que tenha sido includo no PPA ou previstoem lei especfica;1

    - Art.35 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, que trata daregionalizao das aplicaes.2

    I.3. Objetivos

    Os principais objetivos do PPA so:

    - Definir, com clareza, as metas e prioridades da administrao bem comoos resultados esperados;

    - organizar, em Programas, as aes de que resulte oferta de bens ouservios que atendam demandas da sociedade;

    - estabelecer a necessria relao entre os Programas a seremdesenvolvidos e a orientao estratgica de governo;

    - nortear a alocao de recursos nos oramentos anuais, compatvel comas metas e recursos do Plano;

    - facilitar o gerenciamento das aes do governo, atribuindo responsabilidadepelo monitoramento destas aes e pelos resultados obtidos;

    - integrar aes desenvolvidas pela Unio, Estado e governo local;

    - estimular parcerias com entidades privadas, na busca de fontes alternativaspara o financiamento dos programas;

    - explicitar, quando couber, a distribuio regional das metas e gastos dogoverno;

    - dar transparncia aplicao de recursos e aos resultados obtidos.

    1 A Lei n 4320, de 1964, em seus artigos 23 a 26 estabelece normas sobre "PrevisesPlurienais". Elas seriam objeto de um Quadro de Recursos e de Aplicaes de Capitalpara, no mnimo um trinio, aprovado por decreto de Executivo. neste artigo 23 queaparecem as primeiras normas sobre planejamento de longo prazo.

    2 Os municpios de maior porte, cujo zoneamento urbano est definido em lei, poderoplanejar de forma regionalizada. O que se deve ter claro que, ao planejamento, segue-se sua execuo. De nada vale apresentar planos regionalizados se no se desenvolvermetodologia compatvel para executar o gasto oramentrio.

  • 20

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    O PPA deixa de representar um documento elaborado apenas para cumprirobrigaes legais. O alcance dos objetivos do Plano requer, portanto, que:

    - haja compatibilidade entre a orientao estratgica do governo, aspossibilidades financeiras do municpio e a capacidade operacional dosdiversos rgos/entidades municipais;

    - esteja integrado com as Leis de Diretrizes Oramentrias, as LeisOramentrias Anuais e com a execuo do oramento;

    - seja monitorado e avaliado, para o que se definiro, a cada Programa,gerentes responsveis pela gesto de cada programa ;

    - seja revisto, sempre que se fizer necessrio.

    I.4. O Ciclo de Gesto do Plano Plurianual

    A atividade de planejamento se desenvolve de forma contnua, cada fase seconstituindo em fonte de orientao para os passos seguintes. O ciclo degesto do PPA compreende, alm da elaborao do Plano, a implantaodos Programas que o constituem e seu monitoramento, bem como a avaliaoe reviso do Plano.

    A elaborao do PPA ser seguida pela discusso no mbito do Legislativo.Aprovado o Plano, inicia-se sua implantao. fundamental que, desde aelaborao, se tenha claro o modelo de gesto deste Plano.

    - Elaborao - processo de construo da base estratgica e de definiodos Programas e aes, atravs dos quais se materializar a ao dogoverno. O PPA elaborado ser apresentado sob a forma de Projeto deLei, para discusso com o Legislativo;

    - Implantao - a operacionalizao do Plano aprovado, atravs de seusProgramas, onde a disponibilizao de recursos, atravs dos oramentosanuais, tem carter fundamental.

    - Monitoramento - processo de acompanhamento da execuo das aesdo Programa, visando obteno de informaes para subsidiar decises,bem como a identificao e a correo de problemas.

    - Avaliao - o acompanhamento dos resultados pretendidos com o PPAe do processo utilizado para alcan-los. A avaliao do Plano buscaraferir at que ponto as estratgias adotadas e as polticas pblicasdesenvolvidas atendem as demandas sociedade, que nortearam aelaborao dos Programas integrantes do PPA.

  • 21

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    - Reviso - processo de adequao do Plano s mudanas internas eexternas da conjuntura poltica, social e econmica, por meio da alterao,excluso ou incluso de Programas. A reviso do PPA resulta dosprocessos de monitoramento e avaliao.

    Conforme consta da apresentao, este Manual tem por objetivo orientar aetapa de elaborao do Plano Plurianual. fundamental, no entanto, quecada Municpio, ao elaborar seu PPA, j defina normas para a gesto doPlano e atribua responsabilidades para isto. O monitoramento e a avaliaodo Plano, bem como suas eventuais revises constituem um aprendizadoprecioso para a elaborao dos Planos subseqentes.

    I.5. Plano Plurianual - Elementos Essenciais

    De acordo com a metodologia aqui apresentada, o PPA compe-se de:

    1. Base Estratgica - compreende a avaliao da situao atual eperspectivas para a ao municipal, com o objetivo de subsidiar a definioda orientao estratgica do governo;

    2. Programas - so os instrumentos de organizao da ao governamentalpara enfrentar um problema. Os programas tm objetivos, voltados paraatender demandas de um pblico-alvo. importante, portanto, que oproblema seja identificado pela sociedade e no no interior da instituioO alcance destes objetivos ser avaliado por meio de indicadores.

    Os Programas dividem-se em:

    - finalsticos - resultam em bens ou servios ofertados diretamente populao; e

    - de apoio administrativo - contempla as despesas de natureza tipicamenteadministrativa, que, embora contribuam para a consecuo dos objetivosdos outros programas, no so passveis de apropriao a estes programas.

  • 23

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    II.ROTEIRO DE ELABORAO DO PLANO PLURIANUAL

    A elaborao do PPA dever envolver, sempre que possvel, todos os rgosda Prefeitura, que colhero tambm informaes de rgos tcnicos -institutos de pesquisa, estudos em geral, estudos. Pareceres tcnicos,recomendaes e estudos dos Tribunais de Contas sero importantes para adefinio de regras e o conhecimento de restries que existem ao uso dodinheiro pblico. Pretendendo ser um instrumento para atender demandasda sociedade, fundamental definir de que forma sero captadas as questescolocadas pelos cidados. A participao do pblico interno e externo naelaborao do PPA concorrer certamente para o sucesso de suaimplementao.

    Internamente, a Prefeitura dever instituir uma unidade coordenadora daelaborao do PPA, que ser a Unidade Central de Planejamento - UCP.Em Prefeituras de porte mdio e grande, normalmente esta unidade j existe,geralmente integrando a Secretaria de Planejamento ou de Fazenda. EmPrefeituras de pequeno porte, poder se constituir um ncleo coordenador,articulado com as reas de contabilidade e controle, de forma a facilitar adisponibilizao de informaes.

    Para facilitar a compreenso dos valores em discusso com o pblico internoe externo Prefeitura, sugere-se que todos os montantes envolvidos noPPA sejam apresentados, durante o processo de elaborao do Plano, apreos do ano em que se est trabalhando. De fato, bem mais fcil avaliarcustos de bens e servios se podemos compar-los aos que estamosencontrando em nosso dia a dia. Assim, durante a elaborao do PPA 2006-2009, os valores de receitas e de custos previstos sero apresentados apreos de 2005. Desta forma, um aumento de receita de um ano para outrorefletir uma maior capacidade de gasto - ser um aumento real de receita.Da mesma forma, um aumento previsto de despesas estar exprimindo umcrescimento na quantidade ofertada de bens e servios ou de obrigaes domunicpio, como o caso de pagamentos a inativos e pensionistas . Concluda

  • 24

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    a elaborao, o Municpio poder optar pela forma de apresentar os valores.Uma forma que pode ser til apresentar todos os valores a preos do anoque se inicia o PPA, de forma que os valores relativos ao primeiro ano doPlano sero facilmente identificados no oramento do ano em se inicia oPlano. No caso do PPA 2006-2009, concluda sua elaborao, a preos de2005, todos os valores seriam multiplicados por (1 + taxa de inflao),digamos 1,055, para uma inflao mdia de 5,5% (vide Anexo I a esteManual). Assim, os gastos com Manuteno e Desenvolvimento do Ensinoprevistos para o ano de 2006, no PPA, coincidiriam com o montante alocadoa este Programa no oramento de 2006. Outra vantagem que isto poderfacilitar a discusso, pelo Legislativo, dos Projetos de Lei do PPA 2006-2009 e da LOA 2006, uma vez que emendas ao Projeto de Lei da LOA tmque ser consistentes com o PPA. Uma alternativa ser, finda a elaboraoreavaliar cada ano do PPA a preos correntes. Ou seja, os valores relativosa 2006 seriam apresentados a preos de 2006, os de 2007, a preos de 2007e assim por diante. A vantagem aqui a identificao com o PPA federal,que apresentado desta forma. De todo modo, sempre se deveria atentars taxas de inflao embutidas nas projees de cada ente da federao.

    Antes de detalharmos o roteiro de elaborao do PPA, convm definir qualser o contedo do documento final, a ser apresentado ao Legislativo e sociedade.

    II.1. Contedo do PPA

    O documento final, elaborado a partir do roteiro a seguir, ter a seguintecomposio:

    - MENSAGEM

    Avaliao da situao atual e perspectivas para a ao municipal

    Sntese da orientao estratgica, elencando os macroobjetivos eexplicitando os critrios utilizados na projeo da receita e a o impactode restries de ordem legal sobre o planejamento oramentrio .

    - PROJETO DE LEI

    O texto do Projeto de Lei dever conter disposies sobre:

    o perodo abrangido pelo Plano, legislao aplicada e seu contedobsico;

    encaminhamento de eventuais alteraes nos Programas quecompem o PPA;

  • 25

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    encaminhamento de mudanas em aes que compem os Programasdo PPA;

    avaliao peridica do Plano, estabelecendo prazo para seu envio Cmara de Vereadores;

    reviso do PPA, dispondo sobre a atualizao peridica do Plano;

    O Anexo ao Projeto de Lei dever conter: os Programas e aes quecompem o PPA, apresentados em quadros resumo, classificados de acordocom diferentes categorias, como macroobjetivos, funo, subfuno.

    Outros anexos podero ser agregados, detalhando a orientao estratgicae os critrios utilizados na projeo da receita, Este procedimento conferirmaior transparncia e homogeneidade forma de apresentao do Plano.O Anexo IV a este Manual apresenta sugesto de texto para o Projeto deLei e respectivo Anexo. O Anexo VI a este Manual apresenta o texto doProjeto de Lei do Municpio de Feliz-Cidade e respectivo Anexo, com quadrosresumo dos Programas e aes a serem desenvolvidos pelo Municpio noperodo coberto pelo Plano, 2006/2009. Conforme observado acima, outrosanexos podero ser agregados, detalhando a orientao estratgica e oscritrios para a projeo de receitas. Vale lembrar que estes critrios jtero sido explicitados por ocasio da LDO. A diferena que a LDOcontm a receita prevista para o ano a que se refere e os dois seguintes. Ouseja, ter contemplado 3 anos do PPA, requerendo que se estenda a projeopara o quarto ano coberto pelo Plano.

    II.2.Etapas da Elaborao do PPAConforme item I.5, a metodologia aqui apresentada considera dois elementosessenciais para o PPA: a Base Estratgica e os Programas.

    - Elaborao da Base Estratgica- A elaborao da base estratgica, coordenada pela UCP, compreende:

    avaliao da situao atual e perspectivas para a ao municipal sobrea cidade, a cargo da UCP, baseada em estudo dos problemas e daspotencialidades da cidade, bem como das possibilidades de cooperaocom o setor privado e de aes inseridas em planejamento territorialintegrado, em que o municpio trabalha junto com o Estado, a Unio eoutros municpios, de forma a articular polticas de desenvolvimentolocal e nacional.

    levantamento, pelos dirigentes municipais, das aes em andamentoem sua rea e das demandas da populao por novas aes. Os

  • 26

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    dirigentes devero explorar as possibilidades de compartilhamento deresponsabilidades com o Estado e a Unio e de ao conjunta comoutros municpios para a resoluo de problemas comuns.

    participao popular, que acontece em paralelo com a avaliao dasituao atual, e ser conduzida de acordo com a orientao polticade cada Prefeitura;

    avaliao de restries legais ao planejamento oramentrio:vinculaes de receitas, limites de gastos e outras, conforme ser vistono Anexo II a este Manual;

    orientao estratgica do Prefeito e definio dos macroobjetivos daadministrao municipal.

    definio dos recursos disponveis por rgo/entidade.

    - Definio de Programas

    A definio dos Programas que integraro o PPA se inicia na faseanterior, de estruturao da Base estratgica, com o levantamentopreliminar, por rgo/entidade, das aes em andamento e das novasaes propostas, servindo como um dos insumos para que o Prefeitopossa definir sua orientao estratgica. A proposta dos rgos quantoaos Programas a serem includos no PPA seguir portanto orientaodos dirigentes dos rgos/entidades, consoante a orientao estratgicado Prefeito , a suas respectivas unidades responsveis pelas propostassetoriais;

    definio dos Programas pelos rgos/entidades, adequando-os aosrecursos disponveis e orientao estratgica dos dirigentes de rgos/entidades (a cargo das unidades setoriais).

    A definio dos Programas que integraro o PPA se encerra com aconsolidao e validao dos Programas finais que comporo o Plano,apresentada pela UCP ao Prefeito para ajustes finais. A seguir, encontram-se orientaes gerais sobre as etapas de elaborao do PPA. Os municpiosdevero adaptar a metodologia proposta a sua estrutura (existncia deunidades setoriais e central de planejamento, etc.).

    Alm disso, orientaes de ordem poltica podem indicar a necessidade deadaptao no roteiro apresentado. O importante que, ao final de suaelaborao, o PPA indique com clareza a orientao do governo, de forma apreservar sua compatibilidade com a LDO e LOA.

    O fluxo do processo de elaborao do PPA encontra-se a seguir.

  • 27

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    Valid

    ao

    eC

    onso

    lida

    ope

    la U

    CP

    PPA

    Doc

    umen

    to F

    inal

    Orie

    nta

    oEs

    trat

    gic

    a do

    sD

    irige

    ntes

    dos

    rg

    os/

    Entid

    ades

    Def

    ini

    o d

    eR

    ecur

    sos

    por

    rg

    o/E

    ntid

    ade

    Orie

    nta

    oEs

    trat

    gic

    ado

    Pre

    feito

    Def

    ini

    o d

    osM

    acro

    obje

    tivos

    DEF

    INI

    O

    DE

    PRO

    GR

    AM

    AS

    Prop

    osta

    de

    Prog

    ram

    as S

    etor

    iais

    Prop

    osta

    de

    Prog

    ram

    as S

    etor

    iais

    Prop

    osta

    de

    Prog

    ram

    as S

    etor

    iais

    BA

    SE E

    STR

    ATG

    ICA

    A C

    idad

    eSi

    tua

    o A

    tual

    x F

    utur

    o de

    seja

    do

    Dire

    o

    da m

    udan

    a

    Pape

    l do

    Gov

    erno

    Mun

    icip

    al

    Parc

    eria

    s po

    ssv

    eis

    Plan

    ejam

    ento

    Ter

    ritor

    ial I

    nteg

    rado

    R

    egio

    naliz

    ao

    de

    met

    as e

    prio

    ridad

    es

    A

    o ar

    ticul

    ada

    U

    nio

    ,Es

    tado

    s e

    Mun

    icp

    ios

    Leva

    ntam

    ento

    das

    a

    es s

    etor

    iais

    A

    es

    em

    and

    amen

    to

    Prop

    osta

    s de

    nov

    as a

    es

    Pa

    rcer

    ias

    poss

    vei

    s

    Part

    icip

    ao

    Pop

    ular

    D

    eman

    das

    da p

    opul

    ao

    Con

    dici

    onan

    tes

    do P

    lane

    jam

    ento

    Mun

    icip

    al

    Proj

    ee

    s da

    s R

    ecei

    tas

    R

    estr

    ie

    s Le

    gais

    C

    ondi

    cion

    ante

    s da

    s D

    espe

    sas

  • 28

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    II.3. Base Estratgica

    II.3.1. A Cidade - Situao Atual X Futuro Desejado

    As orientaes estratgicas do Prefeito e dos titulares dos rgos, queserviro de base para a elaborao dos Programas que compem o PPA,devem levar em considerao, no apenas o que se gostaria de fazer, mastambm o que se pode fazer. Ou seja, como ocorre com o planejamento denossas aes individuais, o desenho destes Programas respeitar limitaesde ordem econmico-financeiras e institucionais, a compreendidas as deordem legal, para citar as categorias mais relevantes no caso.

    A ausncia destas consideraes poder levar o administrador a deciseserradas, porque inviveis, criando situaes de desperdcio ou descontrole.Para evitar que isto ocorra, delineia-se abaixo um conjunto de providnciasque permitam, no curto espao de tempo de que comumente se dispor,traar bases realistas para a elaborao do PPA. O grau de sofisticaocom que se trataro as questes a seguir apresentadas variar conforme adisponibilidade de informaes sobre o Municpio, a existncia de estudossobre seus problemas e de pessoal tcnico para lidar com o material.

    Como estamos tratando de Programas que nortearo as intervenes daPrefeitura sobre a cidade, sugere-se o seguinte roteiro:

    - explicitar as condies da cidade no momento inicial do planejamento,avaliando os pontos favorveis e desfavorveis para conduzir um processode mudana da cidade. A direo desta mudana estar identificada comas promessas e/ou programa de governo eventualmente apresentadospelo Prefeito durante sua campanha e com resultado da consulta populao, cuja forma de conduzir seguir orientao de cadaadministrao;

    - definir o papel requerido do Governo Municipal - a entendido o PoderExecutivo e o Legislativo - nesta trajetria da cidade que se tem para acidade que se quer;

    - definir possveis parceiros para que se realize a trajetria desejada detransformao da cidade.

    Se a cidade dispuser de Plano Estratgico ou de instrumento equivalente deplanejamento, o trabalho ficar facilitado, pois provavelmente se dispor dedados econmicos, sociais, etc., cabendo ento avaliar se as definiesestratgicas anteriores so esposadas pela atual administrao e pelacomunidade, definindo a oportunidade e o custo de uma mudana deorientao (em termos financeiros e polticos).

  • 29

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    Caso a cidade no disponha de qualquer instrumento ou registro organizado,podem-se selecionar alguns indicadores bsicos que permitam avaliar ascondies de desenvolvimento econmico, a qualidade de vida da populao,a disponibilidade de servios pblicos de infra-estrutura urbana, entre outras.Para avaliar a cidade com o uso dos indicadores selecionados, recomenda-se, principalmente queles que no tm prtica, que apurem estes indicadorespara um conjunto de municpios, que poder conter outras cidades da regio,a mdia do Estado ou algum subconjunto que se identifique com o municpioestudado (cidades tursticas, cidades porturias, etc.).

    Os dados podem ser encontrados em publicaes especializadas ou nossites do IBGE (www.ibge.gov.br), do IPEA (www.ipea.gov.br) e outros.Disponveis no site, ou para aquisio, o volume 15 da srie Estudos &Pesquisas, do IBGE, denominada Sntese de Indicadores Sociais 2004, bemcomo a publicao Indicadores Sociais Municipais, com dados do Censo2000, podero auxiliar na escolha de indicadores mais significativos paraavaliar as condies da populao em reas especficas: sade, educao,trabalho e rendimento, condies do domiclio e da famlia e de gruposespecficos: crianas, adolescentes, jovens, idosos. Tambm disponveis estoos dados de populao do Censo 2000 (e outros) e a estimativa de populaopara 2004, o que permite acompanhar o ritmo de crescimento da populao,importante para avaliar a expectativa de demanda por bens e serviospblicos. Alm disto, os institutos de pesquisa estaduais tm disponibilizadodados e estudos a nvel municipal, inclusive o clculo do Produto Interno Bruto- PIB municipal. A Caixa Econmica , em conjunto com o IPEA, elaborou oSIMBRASIL - Sistema de Informaes Scio-Econmicas dos MunicpiosBrasileiros, disponibilizado em forma de CD. Alguns Tribunais de Contas tmrealizado estudos, que podem ser acessados por meio eletrnico.

    A comparao com outras cidades ou grupos de cidades permitir, no apenasdimensionar as carncias da cidade estudada, como tambm dimensionarmetas. Escolha-se, por exemplo, o indicador Taxa de Mortalidade Infantil.Uma taxa ao redor de 50 (por 1000 nascidos vivos) bem alta. prxima daque prevalecia no Nordeste brasileiro, em 1999. No entanto, talvez haja dificuldadeem reduzi-la para menos de 20 ao longo de uma administrao, nvel encontradopara a mdia da Regio Sul, a mais bem posicionada nesta condio.

    II.3.2. Planejamento Territorial Integrado

    Ao integrar, de forma regionalizada, metas e prioridades dos entes federativos- Unio, Estados e Municpios - para um perodo de 4 anos, o PPA pode se

  • 30

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    constituir em poderoso instrumento de cooperao intergovernamental paraa soluo dos problemas apontados pela sociedade. O Art. 12 da Lei n10933, de 11.08.2004 - Lei do PPA 2004-2007 da Unio, permite ao PoderExecutivo firmar compromissos com Estados, Distrito Federal e Municpios",na forma de pacto de concertamento, definindo atribuies eresponsabilidades entre as partes, com vistas execuo do Plano Plurianuale de seus programas". Os pactos de concertamento abrangero os programase aes que, previstos no PPA dos diversos membros da federao, requeremao articulada entre seus executores, em todos os nveis de governo, evitandoo desperdcio de recursos que resulta de aes pulverizadas. A possibilidadede desenvolver aes articuladas com a Unio e com o Estado deversubsidiar a definio da orientao estratgica do governo municipal.

    II.3.3. Levantamento das aes setoriais

    Alm do reconhecimento dos pontos fortes e das dificuldades da cidade edas possibilidades de articulao com outros nveis de governo,cabe levantaras aes do governo municipal, destacando as que esto em andamento eas propostas de novas aes. Este levantamento ser feito individualmentepelas rgos e entidades. um levantamento preliminar, a ser encaminhadoao Prefeito. Sua metodologia consta do item II.4.2.

    II.3.4.Participao popular

    Conforme explicitado em II.2, a metodologia e a responsabilidade pelaconduo do processo de consulta sociedade variaro entre os municpios.

    II.3.5. Condicionantes do Planejamento - Restries Oramentriase Financeiras

    A capacidade do governo Municipal de conduzir um processo de mudanarequer uma avaliao prvia, que contempla questes de diversas ordens.Dentre elas, destacam-se, alm da condio financeira, o apoio poltico aoPrefeito, tanto em termos de Legislativo, como da populao em geral. Aestrutura administrativa e condio tcnica dos servidores da Prefeitura soquestes extremamente importantes, j que condicionaro, se no a mudana,ao menos o ritmo das transformaes. No h dvida que uma situao deacentuada fragilidade nestas reas poder ser minorada pelo prprio processode planejamento, que alocar recursos capacitao de servidores ereestruturao administrativa. Restries de ordem financeira, da mesma

  • 31

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    forma, podem ser amenizadas, aps sua correta caracterizao. Umatrajetria pregressa de fraca expanso de receitas prprias pode sermodificada pela implantao de um programa de modernizao daadministrao tributria, por exemplo. Este programa, por sua vez, demandardeterminao poltica para medidas de maior profundidade - instituio eefetiva cobrana dos tributos da competncia municipal, conforme exigidopela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A discusso destes temas matria fundamental para a definio das estratgias que nortearo a aodos dirigentes municipais.

    A delimitao dos condicionantes oramentrios e financeiros a seremconsiderados no processo de planejamento constam do Anexo I -Projeode Receitas- e do Anexo II Restries ao Planejamento Oramentrio. Aavaliao de tais condicionantes fundamental para orientar adisponibilizao de recursos por rgo/entidade, delimitando os montantesalocados aos Programas que comporo o PPA. O que no impede, comoacima exemplificado, que o prprio PPA contemple instrumentos para minoraro efeito de restries identificadas.

    II.3.6. Orientao Estratgica - Definio de Macroobjetivos

    O conjunto de informaes que resulta dos estudos e atividades descritasacima serviro como insumo para a orientao estratgica do Prefeito, quedefinir os macroobjetivos da ao governamental. com base nestesmacroobjetivos e na previso de recursos para cada rgo/entidade que osdirigentes adequaro suas propostas setoriais, base de elaborao dosProgramas que compem o PPA.

    II.4.Elaborao de Programas

    II.4.1. Consideraes preliminares

    No processo de elaborao do PPA, os Programas emergem como oinstrumento que permitir traduzir os macroobjetivos da ao governamental.Alm disso, os Programas so o elo de ligao entre o planejamento demdio prazo e o de cada exerccio - LOA.

    O Programa um conjunto de aes - projetos ou atividades - que, executadasde forma articulada, buscam a soluo de um determinado problema oudemanda da sociedade.

    As aes, que compem o Programa, correspondero aos Programas deTrabalho das Leis Oramentrias Anuais, aos quais esto alocadas dotaes.

  • 32

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    Assim, torna-se possvel uma avaliao peridica, que coteje os recursosfinanceiros despendidos em cada Programa, com os resultados obtidos.

    A metodologia aqui desenvolvida admite dois tipos de Programa: os Finalsticose o de Apoio Administrativo4.

    PROGRAMAS FINALSTICOS - so compostos por aes que resultamem produtos (bens ou servios) ofertados populao.

    PROGRAMAS DE APOIO ADMINISTRATIVO - nico ecompreende aes de natureza administrativa, das quais decorrem asseguintes despesas:

    - pessoal e encargos sociais alocadas s atividades administrativas;

    - manuteno e conservao de bens imveis;

    - manuteno de servios administrativos estritamente relacionados aatividades meio;

    - manuteno de servios de transporte;

    - aes de informtica.

    importante observar que nem sempre possvel alocar o custo do pessoalrelacionado s atividades fim nos Programas Finalsticos. Neste caso, estasdespesas podero estar includas no Programa de Apoio Administrativo, namesma ao que contempla os gastos com pessoal administrativo. No entanto, necessrio individualizar as despesas de pessoal e encargos sociais paraas reas de Educao e Sade, para o Legislativo e para inativo e pensionistas,de forma a verificar o cumprimento de vinculaes e limites legais.

    A construo de Programas Finalsticos segue os passos apontados em II.4.2,II.4.3 e II.4.4.

    O Programa de Apoio Administrativo poder ficar a cargo da UCP, queutilizar informaes dos rgos/entidades da Prefeitura.

    Para a demonstrao da metodologia de elaborao de programas do PPA,procedeu-se a um estudo de caso - Municpio de Feliz-Cidade - fundamentadonas seguintes premissas:

    - os valores envolvidos foram extrados e so inteiramente compatveiscom as sries financeiras do Municpio de Feliz-Cidade, apresentadas no

    4 Como se ver no Anexo II a este manual, as despesas com o servio da dvida e operaesespeciais no integram o PPA.

  • 33

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    Anexos II e consideram todas as possibilidades e restries para o perododo PPA.

    - a montagem dos programas est detalhada para um conjunto de seisSecretarias Municipais (Obras e Servios Pblicos, Educao, Sade,Desenvolvimento Social, Meio-Ambiente e Fazenda) que, usualmente,fazem parte da estrutura de Prefeituras (vide Anexo V a este Manual).Acreditamos que o preenchimento passo a passo dos formulrios queintegram o presente manual, para este conjunto de Secretarias suficientepara o correto entendimento dos conceitos e da metodologia adotada.Evitou-se aqui um excesso de informaes, que desviaria o foco doprocesso que se pretende explicar.

    No PPA de Feliz-Cidade, as despesas com pessoal e encargos sociais foramalocadas da seguinte forma:

    - nas reas de Educao e Sade, o pessoal das atividades fim est includonos Programas Finalsticos das respectivas reas e as despesas compessoal de atividades meio (Gabinete do Secretrio, por exemplo) estoregistradas no Programa de Apoio Administrativo;

    - no Poder Legislativo, todas as despesas pessoal e encargos sociaisencontram-se no Programa Finalstico, exclusivo, de Atividades do PoderLegislativo;

    - as despesas com inativos e pensionistas dos dois Poderes esto alocadasem Programa Finalstico exclusivo;

    - as despesas de pessoal e encargos socais dos demais rgos, incluindoas referentes a pessoal relacionado s atividades fim, esto contempladasno Programa de Apoio Administrativo.

    II.4.2. Levantamento das aes - Programas Finalsticos

    Esta fase se inicia com o inventrio das aes em andamento, agrupando-assob a nova conceituao de Programa. O oramento em vigor deve serimportante referncia para este trabalho, uma vez que a anlise dos projetose atividades fim em execuo permite identificar todas as aes em curso.

    H municpios em que no clara a identificao dos projetos/atividades decada rgo/entidade. Neste caso, o melhor ser solicitar a cada administradorque liste as aes que correntemente desenvolve.

    Ao elenco das aes em andamento, se agregar a listagem da novas aespropostas, tambm sob a forma de Programas. importante que desde este

  • 34

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    momento se tenha uma noo dos custos destas novas aes, uma vez que,para as aes em andamento, eles j existam. Isto no significa que nodevam ser reavaliados, pois, na verdade, deve-se ter presente o princpio daeconomicidade - fazer mais com menor custo. Sempre que forem includasaes referentes a investimentos, deve-se prever as despesas de operaoe manuteno decorrentes.

    Alm de aes desenvolvidas pela Prefeitura com recursos de seu oramento,o PPA poder incluir aes no oramentrias, ou seja , aquelas que nodemandem recursos oramentrios do Municpio. Aqui se incluiro aesenvolvendo aplicao direta de recursos do Estado e da Unio, com impactosignificativo no territrio do Municpio, no mbito dos Pactos deConcertamento referidos em II.3.2. Este o caso tambm de parceriascom o setor privado como, por exemplo, a construo de uma bibliotecapblica. Deve-se identificar claramente estas aes no PPA, evitando superdimension-las, o que dificultaria populao conhecer a real capacidadede prestao de servios a partir do oramento da Prefeitura. Quando daapresentao do PPA, deve-se destacar a parcela referente a aesoramentrias e no oramentrias.Ao listarem as aes, os rgos /entidadesestaro compondo um banco de dados, a partir do qual sero definidos osProgramas que integraro o PPA 2006-2009.

    Esta fase do trabalho requer o preenchimento dos formulrios 1, 2 e 3, cujasinstrues encontram-se a seguir. Os modelos de formulrios encontram-seno ANEXO III a este Manual. O ANEXO V apresenta esses mesmosformulrios, preenchidos para rgos do Municpio de Feliz-Cidade.

    Formulrio 1 - Levantamento das aes

    CDIGO: composto pela sigla do rgo/entidade e ordem seqencial dasaes.

    EXEMPLO: ASMOSP01 - Ao n 1 da Secretaria Municipal de Obras eServios Pblicos.

    DESCRIO DAS AES: relaciona todas as aes finalsticas, tantoas em andamento quanto as que se pretende realizar (EM ANDAMENTO/NOVA).5

    5 No necessariamente deve-se listar todas as aes em curso, e sim aquelas que se pretendecontinuar alm das novas. Evidentemente obrigatria a preservao das aes cujainterrupo pudesse causar prejuzos populao.

  • 35

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    PRODUTOS: bem ou servio resultante da ao; para cada ao, se indicarum nico produto.

    Valor no Oramento do Exerccio em Curso:Apontar o valor consignadopara a ao no oramento do exerccio em que se estiver elaborando oPPA.6

    Formulrio 2 - Programa

    DENOMINAO: traduz os propsitos do Programa

    OBJETIVO: expressa os resultados a alcanar, ou seja, a finalidade doprograma.

    PBLICO-ALVO: identificao dos segmentos da sociedade a serembeneficiados por sua execuo.

    NATUREZA/INCIO PREVISTO/TRMINO PREVISTO: Identificaa natureza (contnua ou temporria) do Programa. Apenas no caso doPrograma de natureza temporria, identificar, nos campos 5 e 6 , as datas deincio e trmino previstas (ms e ano), independente de coincidir ou no como perodo do PPA. Exceo a essa regra o caso de um Programa criadono perodo de vigncia do PPA. Neste caso, h incio previsto sem previsode trmino. Como cada Programa composto por um conjunto de aes,seu prazo de incio e trmino coincidir com o da ao que comear primeiroe com a da que por ltimo terminar.

    INDICADOR: sempre associado ao objetivo, deve ser concebido de formaa possibilitar sua utilizao como unidade de medida para mensurao deresultados desejados com a realizao do Programa. Expressa, de formaquantitativa, as conseqncias de suas aes sobre o pblico-alvo; geralmente, apresentado com uma relao ou taxa.

    NDICE MAIS RECENTE/APURADO EM: representa a quantificaoda unidade de medida associada ao indicador. Apontar o valor mais recentedo ndice e a datas de sua apurao.

    NDICE DESEJADO AO FINAL DO PPA: o resultado da execuodo Programa, esperado ao final do perodo compreendido pelo PPA. Esteresultado ser medido com o uso do indicador escolhido. Cabe observar que

    6 Este valor serve, apenas, como referncia para o que constar na Proposta Setorial, quepode ser menor, igual ou maior em funo da prioridade conferida. Quando o Programade Trabalho do Oramento for muito genrico, deves-se estimar o custo das aes apartir do conhecimento do rgo setorial.

  • 36

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    nem sempre se tem informaes suficientes para a avaliao. Dois casospodem ocorrer:

    - no h clareza quanto unidade de medida mais adequada/disponvel -colocar a expresso "em definio" neste campo, permanecendo embranco os campos referentes indicao dos ndices e data;

    - o indicador e sua unidade de medida esto definidos, porm o ndice maisrecente no est apurado - se no se tem o ndice mais recente, no seter, a princpio, o ndice desejado ao final do PPA. Nestes casos, oscampos referentes aos ndices sero preenchidos com a expresso "emapurao".

    Os municpios podero ter alguma dificuldade em encontrar ndices apuradospara avaliar o impacto das diversas aes. As estatsticas sociais, muitasvezes, no esto disponveis para o nvel local. Elas so encontradas, emdiversos casos, para as Regies Metropolitanas e para as capitais.

    FONTE: instituio que executa o acompanhamento do indicador e aapurao do ndice.

    Formulrio 3 - Aes Integrantes do Programa

    CDIGO: dentre as aes listadas no Formulrio 1, listar as associadas acada Programa.

    TIPO: identificar se a ao projeto ou atividade, seguindo as definiesabaixo.

    PROJETO - conjunto de operaes limitadas no tempo que resultam naexpanso ou aperfeioamento da ao governamental;

    ATIVIDADE - conjunto de operaes que se realizam de modo contnuo eque concorrem para a manuteno da ao governamental.

    DESCRIO DA AO: descrever cada ao listada no formulrio,complementando quando couber, com outras informaes que a melhorcaracterizarem.

    DESCRIO DO PRODUTO: descrio do bem ou servio que resultada ao.

    UNIDADE RESPONSVEL: unidade administrativa do rgo responsvelpela ao.

    UNIDADE DE MEDIDA: unidade de mensurao do produto.

  • 37

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    QUANTIDADE DO ANO EM CURSO: preencher apenas para as aesem andamento, com as quantidades fsicas previstas para o ano de 2005.

    Valor no Oramento do Exerccio em Curso: Vale a mesma orientaodescrita para o Formulrio 1.

    II.4.3. Definio dos programas setoriais pelos rgos/entidades

    Esta etapa realizada a partir dos macroobjetivos definidos na BaseEstratgica, tendo como referncias bsicas o montante de recursosdisponibilizados pelo Prefeito para cada rgo/entidade e o levantamentodas aes.

    Cada dirigente setorial define a orientao estratgica de sua rea de atuao,de que resulta sua proposta final de Programas para fins de avaliao evalidao pelo rgo central de planejamento.

    Nesta etapa, algumas aes e/ou Programas podero ser suprimidos oucriados, valores podero ser modificados, sempre de forma a compatibilizaras proposies com a orientao estratgica e os recursos disponveis.

    Formulrio 4

    Para os campos 1, 2, 3 e 5 valem as mesmas orientaes descritas para oFormulrio 2.

    UNIDADE RESPONSVEL: o rgo/entidade responsvel pelaproposio do Programa.

    QUANTIDADE DE INDICADORES: um Programa pode ser avaliadopor vrios indicadores. O melhor ser minimizar o seu nmero.

    QUANTIDADE DE AES: n de aes atravs das quais o Programaser implementado.

    VALOR DO PROGRAMA: valor estimado para a execuo do Programaat sua concluso, desde que temporrio. Ser diferente do valor do Programano PPA quando o seu incio e/ou trmino ocorrerem fora do perodo do Plano.

    INDICADOR: vale a mesma orientao descrita para o Formulrio 2

    UNIDADE DE MEDIDA: o padro escolhido para a mensurao doindicador, ou seja, a forma de dimensionar o indicador.

    ndice mais recente/Data de apurao/ndice desejado ao final do PPA/Fonte: valem as mesmas orientaes descritas para o Formulrio 2.

  • 38

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    Formulrio 5

    Este formulrio detalha cada ao que integra um determinado Programa.As informaes relativas ao Ttulo/Unidade Responsvel/Tipo/Produto/Unidade de medida so as mesmas descritas para o Formulrio 3, valendoas mesmas orientaes. Agregam-se dados das metas fsicas e financeiras.

    META FSICA: a quantidade do produto que se deseja obter a cada ano,pela implementao da ao expressa na unidade de medida adotada. Nemsempre faz sentido somar as quantidades anuais para obteno do total doPPA. Caso se planeje comprar carros para coleta de lixo, as quantidadesanuais sero somadas. A manuteno de seu funcionamento no recomendaque sua soma. Os casos so muito diversificados. Por isso, cabe observarcom ateno os diversos tipos de situao ali apresentados.

    DADOS FINANCEIROS: so as estimativas de custos da ao, distribudospor ano. Os valores referem-se soma de todas as Fontes de Recursos quefinanciam cada uma das aes.

    Conforme expresso no item II, na metodologia adotada, recomenda-se que,durante o processo de elaborao, os valores financeiros de cada ano sejamexpressos a preos constantes - preos mdios do ano em que se elabora oPPA. No estudo de caso do Municpio de Feliz-Cidade, os valores desteformulrio, bem como dos formulrios 6 e 7, esto a preos de 2005. apenas quando se apresentam os quadros do Anexo do Projeto de Lei quese convertem os valores para preos de 2006, primeiro ano do PPA.

    II.4.4. Validao de Programas

    Nesta fase, o rgo central de planejamento e oramento procede avaliaodos programas elaborados pelos rgos setoriais para efeito de validao ouno dos mesmos, considerando os seguintes critrios:

    - enquadramento do Programa na Orientao Estratgica do Prefeito enos macroobjetivos de governo;

    - compatibilidade dos gastos previstos para os Programas setoriais com osrecursos disponibilizados para cada rgo/entidade.

    As aes dos Programas setoriais validados so analisadas para identificara possibilidade de formao de programas multissetoriais. Assim, aes deum determinado Programa setorial podero compor um outro Programa,multissetorial, se observadas uma das seguintes situaes:

    - os Programas setoriais validados tm objetivos comuns: ou

  • 39

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    - os Programas setoriais validados tm objetivos semelhantes, e por isto,podem gerar um terceiro Programa multissetorial com objetivo maisabrangente.

    Nesta fase, so preenchidos os Formulrios 6 e 7, que contm todas asinformaes dos Formulrios 4 e 5, complementadas pela associao aomacroobjetivo, pelo cdigo identificador do Programa e pela indicao deprograma multissetorial, quando for o caso.

    No Formulrio 7, que corresponde ao conjunto de aes de um Programaidentificam-se a Funo e a Subfuno referentes a cada uma delas.

    Validados os Programas Finalsticos setoriais, entre os quais se encontra orelativo s aes do Poder Legislativo, o rgo central consolida os Programasde Apoio Administrativo Setoriais em um nico Programa para toda aPrefeitura. Em seguida, define o Programa Finalstico que abrigar as aesrelacionadas previdncia dos servidores municipais, contemplando opagamento de inativos e pensionistas e o custeio de sistema previdencirio,quando couber.

    No estudo de caso apresentado, relativo ao Municpio de Feliz-Cidade, oPPA 2006/2009 alcana R$ 640.928 mil, a preos mdios de 2005,correspondendo despesa total prevista para o perodo. Deste valor, R$450.764 mil correspondem ao conjunto dos programas finalsticos, enquantoque R$ 190.164 mil se referem ao Programa de Apoio Administrativo. Apreos mdios de 2006, o PPA prev aplicaes de R$ 676.178. Este ototal das despesas previstas no Anexo ao Projeto de Lei, quando de somamos totais dos quadros por funo e subfuno.

    II.4.5. Planejamento e Responsabilidade Fiscal - A Integrao doPPA com a LOA

    Seguindo a Portaria n 42/MP, de 14 de abril de 1999, a metodologia adotadaevidencia a importncia do conceito de Programa como instrumento deplanejamento de prazo longo e como o elemento sobre o qual se assentaroas aes, no curto prazo de um exerccio fiscal. Criam-se assim as condiespara o exerccio da responsabilidade fiscal, indispensvel para assegurarque as Prefeituras possam prover os servios que a sociedade demanda.

    Os Programas, componentes fundamentais do PPA, desdobram-se em aess quais se alocam os recursos - as dotaes- dos oramentos anuais. NaLei Oramentria, as aes - projetos e atividades - tero seus custosdetalhados de forma transparente para os cidados.

  • 40

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    O esquema abaixo demonstra a ligao do PPA com a LOA. Os Programasdo PPA e suas aes ficam claramente identificados pelas classificaesinstitucional e funcional (Portaria n 42/MP). O quadro apresenta aidentificao, na LOA, de aes de dois programas do PPA. Em seguida,apresentamos a codificao do Programa de Trabalho - PT da LOA ondese alocam recursos para a ao do PPA denominada "Implantao de oficinasde iniciao profissional". No PPA, Programas e aes so cadastrados enumerados. Em nosso exemplo, se o Programa de Ressocializao de Jovensem Situaes de Risco for o de nmero 009 e a ao constar do cadastrocom o nmero 105, o PT da LOA ser identificado 1702.08.243.0091.105.

    1702.08.243.0091.105

    Secretaria de Desenvolvimento Social

    Coordenao de Assistncia Social

    Funo: Assistncia Social

    Subfuno: Assistncia criana e ao adolescente

    Programa: Ressocializaode Jovens em Situao de Risco

    Projeto

    Implantao de oficinas de iniciao profissional

    ClassificaoInstitucional

    Portaria 42 PouA

    Cadastrode aes

    1702.08.243.0091.105

    Secretaria de Desenvolvimento Social

    Coordenao de Assistncia Social

    Funo: Assistncia Social

    Subfuno: Assistncia criana e ao adolescente

    Programa: Ressocializaode Jovens em Situao de Risco

    Projeto

    Implantao de oficinas de iniciao profissional

    ClassificaoInstitucional

    Portaria 42 PouA

    Cadastrode aes

    FUNO SUBFUNO PROJ/ATIV - AO PPA

    LOAPrograma PPA

    08. Assistncia Social

    243. Assitncia criana e ao adolescente

    17. SaneamentoSaneamento

    para comunidades de baixa renda

    FUNO SUBFUNO PROJ/ATIV - AO PPAFUNO SUBFUNO PROJ/ATIV - AO PPA

    LOAPrograma PPA LOAPrograma PPA

    08. Assistncia Social

    243. Assitncia criana e ao adolescente

    08. Assistncia Social

    243. Assitncia criana e ao adolescente

    1. Implantao de oficinas de iniciao profissional

    2. Manuteno de centros de atendimento juventude

    1. Implantao de oficinas de iniciao profissional

    2. Manuteno de centros de atendimento juventude

    1. Implantao de oficinas de iniciao profissional

    2. Manuteno de centros de atendimento juventude

    Ressocializaode jovens em situao

    de risco

    Ressocializaode jovens em situao

    de risco

    Ressocializaode jovens em situao

    de risco

    17. SaneamentoSaneamento

    para comunidades de baixa renda

    17. Saneamento 512. Saneamento bsico urbano512. Saneamento

    bsico urbano512. Saneamento

    bsico urbano1. Implantao de 70Km de

    rede de esgoto1. Implantao de 70Km de

    rede de esgoto1. Implantao de 70Km de

    rede de esgoto

    Saneamentopara comunidades de

    baixa renda

  • Anexo I Projeo de Receitas

  • 43

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    1. Consideraes Gerais

    Um dado essencial para o planejamento da ao governamental odimensionamento da disponibilidade de recursos com que se poder contarpara o desenvolvimento das aes. Este dimensionamento dever distinguiras diversas fontes de recursos, de acordo com as restries legais para suautilizao. Assim, recursos de arrecadao tributria pelo prprio ente ourecebidos como transferncia de outros entes podem apresentar alternativasde utilizao diversa de recursos vinculados j na origem - transferncias doSUS, da CIDE ou do Fundef. O dimensionamento das diversas fontes derecursos e o reconhecimento das restries legais para sua utilizao, a sertratado no Anexo II, permitiro ao administrador delinear com clareza oconjunto de alternativas de que realmente dispe para definir suas prioridadese quantificar suas metas. A definio da base estratgica do planejamentono pode prescindir de tais consideraes, sem o que se corre o risco degerar expectativas que no podero ser atendidas ou, no outro extremo,subdimensionar metas, podendo acarretar atrasos na implantao das aespriorizadas e at inviabiliz-las.

    O registro de montantes de receitas arrecadadas a cada ano constitui o quese chama srie temporal. A anlise destas sries temporais capacitar osresponsveis pelo planejamento a estabelecer bases para estimar ocomportamento futuro da varivel estudada - receita do IPTU, por exemplo.

    Os diversos planos econmicos desenvolvidos em nossa histria recentetiveram impacto diferenciado sobre a receita pblica, o que exige razovelconhecimento tcnico para o tratamento estatstico dos dados de receitaspassadas. A projeo das receitas com base em tcnicas estatsticas maissofisticadas, como, por exemplo, anlise de regresso, exige pessoal comslida formao quantitativa, no disponvel na maioria dos municpios. Nestecaso, mais vale trabalhar com uma metodologia de projeo simples e intuitiva,que possa ser entendida e explicada facilmente aos dirigentes pela unidadeencarregada de utiliz-la.

    Para estimar uma srie de receita futura, parte-se do ano em que se elaborao PPA, cujos prprios dados tero que ser estimados. Assim, o PPA 2006-2009 elaborado em 2005 e ter como ano base a receita esperada para2005.

    Os dados de receita para 2005 devero refletir, de fato, a expectativa parao ano. Assim, se a estimativa de receita prevista no oramento j houversido reformulada e publicada, nos termos do Art. 13, articulado ao Art.9 daLei de Responsabilidade Fiscal, ser conveniente que a nova estimativa

  • 44

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    esteja na base. Alm disto, importante ter informao sobre fatores queinfluenciem a arrecadao no ano base, evitando que se projetem situaesespecficas. Suponha, por exemplo, que esteja prevista uma anistia no anobase, influenciando no apenas a arrecadao em dvida ativa, mas tambma receita de crditos ainda no inscritos. Tal parcela tem que ser apartadada receita deste ano, para fins de projeo.

    Partindo do montante de receita no ano base para projetar os demais, pode-se montar a srie em valores constantes - valores de um nico ano, em geraldo ano base - ou em valores correntes - que incorporam a estimativa deinflao nos perodos que se comparam.

    Suponha que a receita da transferncia de ICMS esperada para 2005 deR$ 1.000,00 e que ela afetada apenas pelo nvel de atividade econmicado Estado e pela inflao. Suponha tambm que o PIB do Estado cresaeste ano taxa de 3% e, no prximo ano, taxa de 4%. Quanto inflao,as taxas previstas so de 6% e 5%, respectivamente.

    Para estimar o valor da transferncia do ICMS para 2006, a preos de 2005(constantes), basta aplicar, sobre a estimativa de transferncia em 2005 -R$ 1.000,00 - a taxa de crescimento do produto (PIB), que reflete a variaoreal da base tributria. Como estamos comparando um fluxo de renda queocorre durante um ano com um fluxo de outro ano, conveniente que se usea taxa mdia8. Assim, com um crescimento mdio do PIB de 3,5% (0,035,em expresso decimal) teremos:

    RICMS2006, 2005 = RICMS2005 x (1 + taxa mdia de crescimento econmico)

    RICMS2006,2005 = 1000x (1 + 0,035)= 1035

    Onde:

    RICMS2006,2005 = transferncia do ICMS em 2006, a preos de 2005.

    Pode-se compar-la facilmente com a estimativa para 2005, porque ela est"a preos constantes de 2005". Repetindo, temos aqui apenas a variao dequantidade do produto, a variao real.

    Caso queiramos estimar o valor a preos do ano em que a receita chegaraos cofres da Prefeitura, temos que acrescentar a expectativa quanto

    8 Suponha que a receita fosse igualmente distribuda ao longo dos meses do ano. A receitamensal de janeiro de 2006 teria um crescimento real, em relao a janeiro de 2005, de3%. J a receita de dezembro de 2006 cresceria 4% em relao a dezembro de 2005.Supondo que no h forte sazonalidade de receitas, ou seja , que elas no se concentramem meses especficos, pode-se aproximar pela mdia.

  • 45

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    variao dos preos - a taxa de inflao mdia de 2005 para 2006 (a razopara taxas mdias j foi explicada). Assim,

    RICMS2006 = RICMS2005 x (1 + 0,035) x(1 + 0,055)= 1.092

    Onde:

    RICMS2006 = transferncia do ICMS em 2006, a preos correntes

    O raciocnio aqui exposto, para apresentao de valores a preos correntese constantes aplica-se aos fluxos de receitas, em geral.

    2. As Modalidades de Receitas Oramentrias

    As receitas oramentrias podem ser classificadas sob diferentes ticas. Adistino de diversas categorias de receitas fundamental para a escolhados parmetros para sua projeo.

    Sob a tica da captao de recursos, as receitas podem ser prprias ou detransferncias. A projeo de receitas prprias poder incluir elementosque decorram da iniciativa do ente responsvel por sua captao que tem, aprincpio, capacidade de influir no comportamento deste fluxo.

    Como exemplo, tomemos o IPTU, cuja receita futura dever ser maior,caso se decida empreender um projeto de recadastramento, ou a da DvidaAtiva, como resultado de uma intensificao dos processos de cobrana.Da mesma forma, algumas categorias de receitas patrimoniais podero terseu crescimento alterado por um programa de gerenciamento do patrimniomunicipal, que identifique e reavalie os prprios municipais, cobrandoadequadamente por seu uso por terceiros. As receitas de aplicaesfinanceiras, que resultam da aplicao de saldos de caixa, podero sofreraumento por um adequado gerenciamento destes saldos, porm estarolimitadas s taxas de juros de mercado e ao montante dos recursos aplicados.

    O mesmo valer para a receita agropecuria, industrial e de servios, casoa Prefeitura queira incentivar a produo dos bens e servios que lhes doorigem e/ou proceda a alguma majorao de preos que supere a simplescorreo pela inflao passada, respeitadas as condies do mercado deabsoro destas mudanas.

    A projeo de receitas de transferncias dever se cingir aos fatoresdiretamente relacionados ao comportamento da base de que se originam,no admitindo as componentes que decorrem de iniciativa prpria, conformeos exemplos acima. Assim, a receita do ICMS poder ser projetada pelocrescimento econmico e pela inflao. No h dvida que tambm se

  • 46

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    podero incorporar fatores anunciados pelo administrador desta receita - oEstado - como um aumento de alquota para segmento de atividade significativopara a arrecadao. A dificuldade nestes casos que dificilmente se dispor deinformaes para avaliar o impacto das mudanas porventura anunciadas.

    A seguir, destacam-se as principais categorias de receitas municipais, comorientaes para a projeo de cada subconjunto. Inicialmente, se tratardas receitas correntes, que compreendem as diversas categorias acimaelencadas. Em seguida, se consideraro as receitas de capital, onde sedestacam as receitas de operaes de crdito e as transferncias destinadasa gastos de capital.

    2.1. Receitas Correntes

    2.1.1. Receitas de impostos diretamente arrecadados e detransferncias constitucionais

    Sero projetadas de acordo com os fatores econmicos que afetam a basede arrecadao e levaro em conta mudanas previstas na legislaoespecfica. Impacto no desprezvel na arrecadao tributria pode ser obtidopelo desenvolvimento de programas de modernizao da administrao tributria.Programas de fiscalizao do ISS bem estruturados podem, em muitos casos,gerar acrscimos de arrecadao maiores que aumentos de alquotas, quepenalizam os que j esto pagando. O mesmo efeito se pode conseguir comsistemas modernos de atendimento a contribuintes dos diversos tributos.

    No caso da transferncia do ICMS, o monitoramento da estimativa de valoradicionado pelas empresas que operam no municpio poder trazer algumganho no componente do ndice de participao, que orienta o rateio de 75%da parcela da arrecadao estadual distribuda aos municpios.9

    Abaixo, apresentam-se orientaes que consideram as especificidades dediversas categorias de receitas.

    ISS - o ISS integra a categoria econmica dos tributos sobre vendas demercadorias de bens e servios10. Assim sendo, sua arrecadao

    9 Cabe lembrar que, dos 25% da arrecadao estadual do ICMS, 18,75%(75%x25%) sorateados de acordo com o valor adicionado em cada municpio e os restantes6,25%(25%x25%) so distribudos de acordo com lei estadual. O ndice de participaotem estas duas componentes.

    1 0 Outros tributos desta categoria so o ICMS e o IPI. Outras categorias so as de tributossobre o patrimnio, como o IPTU, ITR e IPVA, os tributos sobre fluxos de renda, como o

  • 47

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    influenciada pelo ritmo da atividade econmica, em particular a do setorServios, pela variao do nvel de preos e, naturalmente, pela legislaolocal. Outros elementos que podem impor mudanas no montante arrecadadoesto relacionados eficincia da mquina tributria.

    Exemplo 1

    RISS1 = RISS0 x (1 + iINFL) x (1 + iCRE) x (1 + iLEG) x (1 + iMT)

    onde:

    RISS0 = Receita do ISS do ano base

    RISS1 = Receita do ISS do ano projetado

    IINFL = a mdia da inflao no ano base e no ano projetado

    iCRE = taxa esperada do crescimento do PIB (ou do setorServios, se conhecida)

    iLEG = variao esperada da receita em funo de mudanasna legislao (alquotas, definio da base tributria,incluso de novos servios etc.)

    iMT = variao esperada na receita decorrente de outroscomponentes de programas de modernizao daadministrao tributria

    Suponha os seguintes parmetros:

    RISS2005 = R$ 1.400,00

    IINFL2005 = 5,0%

    IINFL2006 = 3,5%

    iCRE2005 = 3,0%

    iCRE2006 = 4,0%

    iLEG = 0,0% (no h mudanas previstas na legislao)

    iMT = 0,1% (aumento de eficincia da estrutura dearrecadao)

    Imposto de renda em suas modalidades IRRF, IRPF e IRPJ e os tributos sobre vendas deativos reais, como o ITBI, para citar os que interessam diretamente aos Municpios.

  • 48

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    A receita em 2006 ser calculada por:

    RISS2006 = 1400 x [(1 +(0,050 + 0,035)/2] x [(1 + (0,030+0,040)/2] x (1 + 0,00) x (1 + 0,01)

    RISS2006 = 1400 x 1,0425 x 1,035 x 1,010

    RISS2006 = 1525,68

    Onde

    RISS2006 = receita do ISS em 2006, a preos correntes

    O crescimento nominal esperado para a receita 8,98%, dos quais 4,25%deve-se inflao e 4,53% representa um crescimento real.

    IPTU - A correo do IPTU, nos termos do art.97 do CTN, corresponde "atualizao monetria da base de clculo", que o valor venal do imvel,cuja estimativa se faz atravs da planta de valores do Municpio. Assim, aatualizao monetria da receita de cada ano ser obtida pela aplicao dondice utilizado pelo Municpio para a correo desta planta de valores (emgeral o IPCA, do IBGE). Observe-se que aqui a atualizao feita pelavariao do ndice no ano base e no pelo ndice mdio, como para as demaisreceitas. Ou seja, a receita do IPTU de 2006, tudo o mais constante, serigual de 2005 corrigida pela variao do ndice utilizado pelo Municpiopara a correo da planta de valores, em geral IPCA.

    Alm disto, revises na planta de valores, com novas estimativas para ovalor de imveis, podero afetar a arrecadao em termos reais, caso hajavalorizao dos imveis acima da inflao. Como em todos os tributos,considerar-se-o os impactos de mudanas na legislao e dodesenvolvimento de programas de modernizao da administrao tributria.No caso do IPTU, estamos dando destaque a projetos de recadastramentode imveis, que muitas vezes integram programas de modernizao daadministrao tributria.

    Exemplo 2

    RIPTU1 = RIPTU0 x (1 + iCM) x (1 + iREC) x (1 + iPV) x (1 + iLEG) x (1 + iMT)

    onde:

    RIPTU0 = Receita do IPTU do ano base

  • 49

    O passo a passo da Elaborao do PPA para municpios

    RIPTU1 = Receita do IPTU do ano projetado

    iCM = correo monetria da planta de valores

    iREC = variao esperada da receita em conseqncia derecadastramento

    iPV = Variao esperada da receita em funo de revisode planta de valores

    iLEG = variao esperada da receita em funo de revisoem parmetros da legislao local (alquotas,posio do imvel, frente x fundos, etc.)

    iMT = variao esperada na receita decorrente de outroscomponentes de programas de

    modernizao da administraotributria

    Suponha que o ano base - 2005- apresentou os seguintes parmetros:

    RIPTU2005 = R$ 1.000,00

    iCM = 5,0% (variao do IPCA em 2005)

    Supondo tambm que, para o ano seguinte se esperam variaes de receita,como fruto de aes desenvolvidas em 2005 e 2006:

    iREC = 6%

    iPV = - 2% (reduo real do valor venal mdio dos imveis,em funo de reviso da planta de valores)

    iLEG = 20% (variao da alquota nica, que passou de 0,5%para 0,6%, ou seja, aumentou em 0,1%, o que representa20% sobre a alquota inicial)

    iMT = 3%

    Se estes so os parmetros, tem-se que:

    RIPTU2006 = 1000 x (1 + 0,05) x (1 + 0,06) x (1 - 0,02) x (1 + 0,20) x (1 + 0,03)

    RIPTU2002 = 1000 x 1,05 x 1,06 x 0,98 x 1,20 x 1,03

    RIPTU2002 = 1348

    Observe-se que, no exemplo anterior, a reviso da planta de valores resultounum decrscimo real de 2% na arrecadao (no confundir a reviso daplanta de valores com a correo monetria do valor venal dos imveis).

    A projeo dos demais impostos e transferncias decorrentes de participao

  • 50

    Plano Plurianual - Manual de Elaborao

    do Municpio na receita tributria de outros entes segue a regra de formaoanterior. Observe que o ndice de correo monetria variar, de acordocom a base de tributao. A receita de ITBI considerar a movimentaoesperada do mercado imobilirio e as transferncias do IPVA deveroacompanhar a variao esperada dos preos dos veculos automotores e daquantidade de veculos licenciados na cidade. Na ausncia de estimativarazovel para preos dos veculos, pode-se trabalhar com a inflao mdia,ou seja, o Estado iria supor que os preos dos veculos teriam acompanhado,na mdia, os preos da economia.

    No caso de transferncias, como observado acima, o impacto de mudanasde legislao dificilmente pode ser avaliado pelo ente beneficirio datransferncia. Programas de colaborao entre fiscos estaduais e municipaispodem proporcionar esta troca de informaes, o que certamente facilitaro planejamento municipal.

    2.1.2. Receitas de Taxas e de Contribuies de MelhoriaA projeo da arrecadao de Taxas ser influenciada pelos fatoresespecficos legislao de cada uma. Como


Top Related