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1 CONTROLE DE ESTOQUE
Com a crise financeira que o Brasil enfrentou nas décadas de 1980 e 1990 e
a elevação dos custos da assistência à saúde têm afetado muito os hospitais
brasileiros, levando a mudanças significativas na administração hospitalar. As
instituições hospitalares tem procurado se adaptar às novas realidades, buscando
otimizar a aplicação dos recursos financeiros que dispõe.
O objetivo atual da administração hospitalar é adaptar-se às contínuas
mudanças do mercado para promover meios necessários para assistência aos
pacientes de forma efetiva.
Dentro desse contexto a administração de materiais possui importante papel,
pois estes produtos são parte significativa dos gastos dos hospitais, pois os
medicamentos comprometem cerca de 5% a 20% dos orçamentos dos hospitais.
Embora, aparentemente, o peso das despesas com medicamentos não seja alto,
este é um instrumento crucial para a assistência ao paciente e sua participação nas
despesas com saúde vem subindo de forma progressiva nos últimos anos.
Além do aspecto econômico, a preocupação com a qualidade é um requisito
essencial, pois o paciente tem direito a uma assistência de qualidade
independentemente da situação financeira da instituição. A participação do
profissional de saúde dentro do processo logístico de materiais é imprescindível,
pois é ele que normalmente solicita o produto com a correta especificação, controla
a qualidade do que vai ser comprado, realiza o recebimento qualitativo e, finalmente,
em várias situações, é também usuário destes materiais nas suas atividades.
AN02FREV001/ REV 3.0
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1.1 CONTROLE DE ESTOQUES
O controle de estoques é um dos componentes de gestão de materiais
caracterizado por um subsistema incumbido de determinar �Quando� e �Quanto�
comprar para uma aquisição adequada.
Quanto comprar?
O quanto comprar é obtido a partir da média aritmética móvel aliada ao
estoque de segurança, análise ABC de valor e outros parâmetros. Esses parâmetros
apresentados são:
Média aritmética móvel
O método para a previsão de estoques mais utilizado no meio hospitalar é a
média aritmética móvel. Este método permite orientar a previsão de consumo para o
próximo período por meio da média aritmética dos valores nos �n� últimos períodos
(n= número de meses). A escolha do valor de �n� é arbitrária e depende da
experiência do gerente. Quanto maior for o �n�, menor a resposta a variações de
consumo e vice-versa. Recomenda-se trabalhar com o �n� superior a três e inferior a
12.
No meio hospitalar as variações de consumo, principalmente de
medicamentos, ocorre com maior frequência de acordo com o modelo de evolução
sazonal. Considera-se a variação como sazonal, quando apresenta um desvio
mínimo de 25% do consumo médio mensal (CMM) e surge atrelada a causas
específicas (verão, inverno, epidemias e outros).
Outra variação de consumo que ocorre com materiais hospitalares é o
modelo de evolução de consumo sujeito e tendências. Isso fica em evidência
quando o consumo médio aumenta ou diminui com o tempo, retratando itens novos
que começam a ter maior aceitação ou itens que vão caindo em desuso.
AN02FREV001/ REV 3.0
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Existe ainda a evolução de consumo modelo horizontal, que retrata uma
tendência constante por não sofrer influências.
Assim, ao se estabelecer o valor de �n� deve-se ter em conta o modelo de
evolução de consumo no período.
CMM = consumo médio mensal
n = número de meses
A cada novo mês, acrescenta-se o mês mais recente e despreza-se o mais
antigo. Além da média móvel, têm-se outras formas de previsão de consumo,
praticamente não empregadas em hospitais.
Último período
Baseia-se em uma determinação simples com utilização dos mesmos dados
coletados no período anterior. Sua aplicabilidade é direcionada a produtos de
consumo uniforme, onde a em representação gráfica, constatam-se duas curvas
idênticas em períodos de tempos diferentes.
Média móvel ponderada
Utilizada quando o método do último �período� torna-se inaplicável por
ocorrência de grandes variações nos períodos mais próximos. Os pesos são valores
decrescentes dos consumos mais recentes para os mais antigos. Objetiva ajustar de
melhor maneira a tendência da curva de consumo, sendo uma variação do método
da média móvel. Alguns programas para controle de estoque têm trabalhado com
este tipo de média.
Média ponderada exponencial
Considera-se o erro de previsão do período anterior. Determina-se a próxima
previsão a partir da �adição da previsão anterior ao produto da constante de
amortecimento pelo erro de previsão�. Utilizando a seguinte forma:
CMM= consumo de �n� últimos mesesn
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Xt = Previsão de consumo
X (t - i) = Consumo ocorrido no período anterior
X (t - i) = previsão de consumo no período anterior
X (t - i) - X (t - i) = Erro de previsão
Erro de previsão - é a diferença entre consumo ocorrido no período anterior e a previsão de
consumo no mesmo período.
= Constante de amortecimento (dado empírico, estabelecido normalmente entre 0,1 e 0,3).
O valor escolhido deve ser menor para consumos uniformes e maior para variações maiores de
consumo.
Mínimos Quadrados Método que permite fazer previsão para mais de um período. É de difícil
aplicação por exigir utilização de muitos dados. Não recomendado na área de
medicamentos e materiais médico-hospitalares por apresentar o hospital dados de
consumo sazonais e pela falta de interesse da administração hospitalar em fazer
previsões para grandes períodos.
A média aritmética móvel é a média de consumo eleita para funcionar como
precursora de outros parâmetros de dimensionamento de estoques na área
hospitalar. Na determinação do quanto comprar é necessário empregá-la juntamente
com o estoque de segurança e análise ABC de valor.
Estoque de segurança
Estoque de segurança, também conhecido como estoque mínimo, é a
quantidade de cada item que deve ser mantida como reserva para garantir a
continuidade do atendimento, em caso de ocorrência não previstas como: elevação
brusca do consumo e atraso no suprimento. O estoque de segurança evita ruptura
do estoque que tem como consequência a queda no nível de atendimento e o
próprio custo da ruptura.
O custo da ruptura de estoque pode ser avaliado levando em conta os
seguintes parâmetros:
Xt = X(t-i) + (X(t-i) � X(t-i))
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Custo do não atendimento;
Custo com o pessoal que estará, temporariamente, subutilizado pela
falta do material;
Custo adicional do material adquirido para manutenção do nível de
atendimento;
Custo do trabalho desenvolvido.
O estoque de segurança depende do consumo, do tempo de abastecimento
e da classificação ABC do produto. O consumo utilizado para esta determinação é
geralmente representado pala média móvel.
O tempo de abastecimento (TA) é o intervalo de tempo entre o início do
processamento interno da compra (incluindo a emissão do pedido) e a chegada do
material ao local de armazenamento. O tempo de processamento interno (TPI)
compreende o período do planejamento, elaboração do pedido, emissão e
processamento da compra. Já o tempo de processamento externo (TPE) abrange o
espaço entre a emissão da ordem de fornecimento e a entrega do produto no
hospital.
TA = Tempo de Abastecimento
TPI = Tempo de Processamento Interno
TPE = Tempo de Processamento Externo
O tempo de abastecimento pode variar de região para região e de uma
instituição para outra. Por exemplo, no caso das instituições governamentais a
aquisição de materiais é regida pela Lei 8.666, de 21/06/1993, e suas alterações que
torna o tempo de abastecimento prolongado devido aos trâmites burocráticos
estabelecidos para a licitação.
Além do tempo de abastecimento, a determinação do estoque de segurança
requer a classificação do item obtida por meio da curva ABC.
TA = TPI + TPE
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Curva ABC
Itens de um estoque apresentam normalmente diferentes posições no fluxo
de materiais e variados graus de utilização. O estudo técnico dessas ocorrências por
meio do agrupamento de itens de acordo com seu custo preferencialmente, anual,
permite a elaboração da curva ABC. A administração tem utilizado a curva ABC para
os programas de suprimento e produção, aplicação do capital de giro e
disponibilização de recursos em situações de urgência.
A curva ABC, conhecida também como curva 80-20 ou gráfico de Pareto, foi
aplicada à administração de empresas, inspirada no estudo de Vilfredo Pareto
realizado na Itália em 1897. O estudo constatou que a grande porcentagem de renda
(80%) estava concentrada nas mãos de pequena parcela da população (20%). Daí o
princípio foi adaptado à administração de materiais onde a definição das classes
ABC obedece a faixas predeterminadas e onde se tem, no máximo, 20% de itens
classe A, de 20% a 30% classe B e 50% de itens classe C. Estes valores têm uma
correspondência em porcentagens de custo ou investimento.
TABELA 1 - Classes da curva ABC ou gráfico de Pareto
Classes da curva ABC
% de itens % de custos
Classe A 20 50
Classe B 20-30 20-30
Classe C 50 20
FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em
Farmácia Hospitalar, 2006.
A classificação da tabela acima demonstra que aproximadamente 20% do
total dos itens correspondem a quase 50% do custo ou investimento (classe A). E
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que 50% do total de itens corresponde a apenas 20% do custo, o que constitui a
classe C. A partir desta determinação conclui-se que a classe A detém maior
importância administrativa, devendo cada classe receber tratamento diferenciado.
Elaboração da Curva ABC
Será apresentado um exemplo constituído por dez itens apenas, para
exemplificar didaticamente a elaboração de uma curva 80-20 ou curva ABC.
Os seguintes dados são necessários para construção da curva ABC:
Relação dos itens ou artigos pertencentes a um mesmo grupo ou
subgrupo.
Exemplos: medicamentos em geral, materiais médico hospitalares e outros.
Custo unitário médio de cada item, fornecido por uma mesma tabela ou
de uma mesma época.
Consumo anual de cada item (preferencialmente).
Custo anual ou capital investido.
As fases para elaboração da curva são: coleta e ordenação de dados.
1.2 COLETA DE DADOS
Relacionar todos os itens, seu custo unitário e, preferencialmente, o
consumo anual. Por meio do produto destes valores obtém-se o custo total ou custo
anual.
A partir do custo anual de cada item, realiza-se a ordenação dos dados e
relacionam-se os itens segundo o valor decrescente do custo anual. Segue-se com a
relação acumulada dos custos anuais a partir da qual se determina as porcentagens.
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TABELA 2 - Relação do custo anual fictício
Relação do custo anual
Itens
Custo unitário
(R$)
Consumo
anual
Custo anual
(R$)
X1 0,4 600 240
X2 2,3 1000 2300
X3 1,1 300 330
X4 19 10 190
X5 1,2 1200 1440
X6 6,3 800 5040
X7 0,35 4000 1400
X8 0,25 6000 1500
X9 4,1 2000 8200
X10 0,82 500 410 FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em
Farmácia Hospitalar, 2006.
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TABELA 3 - Montagem da curva ABC de 10 itens fictícios
Classificação ABC de 10 itens
Grau Item
Custo anual
(R$)
Custo anual
acumulado
(R$)
%
acumulada Classificação
1° X9 8200 8200 38,95 A
2° X6 5042 13240 62,89 A
3° X2 2300 15540 73,8 B
4° X8 1500 17040 80,9 B
5° X5 1440 18480 87,7 B
6° X7 1400 19880 94,4 C
7° X10 410 20290 96,3 C
8° X3 330 20620 97,9 C
9° X10 240 20860 99,09 C
10° X4 190 21050 100 C
FONTE: Adaptado de Gomes, M.J.V.M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em
Farmácia Hospitalar, 2006.
Comportamentos da curva ABC
Os itens classe A são aqueles que correspondem à maior parte do
investimento e devem ser priorizados administrativamente e, portanto se tornam
importantes para a determinação do estoque de segurança.
O estoque de segurança dos itens A deve ser calculado como o suficiente
para garantir o atendimento contínuo durante uma fração do tempo de
abastecimento. É recomendável que os itens classe A tenham alto índice de
rotatividade para permitir maior capital de giro disponível, evitando imobilização de
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recursos. Os itens B terão um estoque de segurança maior do que os de classe A e
os de classe C maior do que os da classe B.
Podem ser utilizadas as seguintes fórmulas na determinação do estoque de
segurança (ES):
ES = estoque de segurança
CM = média aritmética móvel
TA = tempo de abastecimento (em meses)
É necessário calcular o tempo de abastecimento (TA), sendo este sempre
transformado em meses, por exemplo: 45 dias correspondem a TA = 1,5; 120 dias
correspondem a TA= 4,0. O coeficiente de tempo de abastecimento (fração que
multiplica TA) é determinado de forma empírica, baseado na realidade
administrativa, podendo ser estabelecidos valores menores que os exemplificados
acima.
Ponto de ressuprimento
O Ponto de ressuprimento (PR), também conhecido como ponto de
requisição, é um parâmetro de alerta no dimensionamento de estoques. É um nível
de estoque que ao ser atingido sinaliza o momento de se fazer uma nova compra,
evitando posterior ruptura do estoque, devendo ser atualizado após cada reposição.
O Ponto de ressuprimento deve ser determinado para garantir a
continuidade do atendimento durante o tempo de abastecimento, respeitando a
classificação ABC do item. Nesse caso o PR coincidirá com o estoque de segurança
sendo, normalmente, aplicado às instituições que têm facilidade e rapidez para o
ressuprimento.
Em outras instituições, cujo processo de aquisição é mais demorado,
justifica-se a determinação do PR igual ao estoque máximo.
ES item A= CM. 1/3 (estoque para dez dias) ES item B= CM. ½ TA (estoque para 15dias)
Es item C = CM. T (estoque para 30 dias)
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CM= Média aritmética móvel
TA = Tempo de abastecimento (em meses)
ES = Estoque de segurança (calculado de acordo com a classificação ABC)
Exemplo de um item classe A:
CM = 200 unidades
TA = 30 dias (1 mês)
ES = 33 unidades
PR = 200 x 1 + 33 = 233 unidades
PR = 233
Portanto , quando o estoque atingir 233 unidades, sinaliza o momento que o
novo pedido deve ser processado para que não haja falhas no estoque.
Lote de ressuprimento
O Lote de ressuprimento, também conhecido como lote de reposição (LR) é
a quantidade de itens a ser adquirida para que o estoque atinja seu valor máximo.
Fórmula para calculando o LR:
Emax = Estoque máximo
Es = Estoque de segurança
CM = Média aritmética móvel
FC = Frequência de compras (transformado em meses)
PR � CM . TA + ES
LR = Emax - ES
LR = CMFC
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Estoque Máximo
O Estoque máximo (Emax) é a maior quantidade do item que se pretende
manter em estoque. É determinado em função da política financeira da instituição,
da frequência de compras, disponibilidade de local adequado para armazenamento
ou de acordo com entregas programadas junto ao fornecedor.
Calcula-se Emax por meio das seguintes fórmulas:
ES = Estoque de segurança
LR = Lote de ressuprimento
ES = Estoque de segurança
CM = Média aritmética móvel
FC = frequência de compras (transformado em meses)
Para o cálculo do Emax é necessário conhecer o ES que depende da
classificação ABC, assim como o valor de FC. A frequência de compras mais
favorável é conhecida por meio da determinação do lote econômico.
Lote Econômico
Existem inúmeros fatores que dificultam o estabelecimento de um número
aproximado de compras anuais ou da frequência em que deve comprar. Esses
fatores estão relacionados ao aspecto econômico, ao custo de manutenção de
estoques maiores ou de várias aquisições de estoques menores. Para isso, deve-se
basear no processo de LEC para as compras.
LEC é o processo que indica, matematicamente, a frequência das compras e
a quantidade a ser adquirida. O que oferece maiores vantagens econômicas. O lote
Emax = ES + LR
Emax = ES + CMFC
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econômico é aquele obtido quando o custo de aquisição e custo de armazenamento
estão mais próximos. Esse parâmetro interfere no valor do Emax e no LR.
Para a realização dos cálculos é necessário determinar os custos de
aquisição e armazenamento. A determinação com o auxílio do serviço de custos da
instituição evita cálculos incorretos ou o fato de minimizar a sua importância. Pode-
se citar como exemplo a tendência de se desprezar as áreas físicas de
armazenamento como componente do custo.
O custo de aquisição corresponde ao total dos gastos com salários do
pessoal vinculada à programação e à execução das compras, gastos administrativos
com artigos de escritório, publicações, comunicações, viagens, recebimento de
materiais, inspeção, transporte, contabilização, pagamento de impostos, seguros,
fretes entre outros. O custo de armazenamento é calculado em função do custo da
área ocupada, capital empatado, seguros sob material estocado, obsolescência,
depreciação, desvios, pessoal vinculado, juros sobre financiamento da compra e
outros.
Pode-se notar que no exemplo a seguir o custo de armazenamento decresce
com o aumento do número de aquisição (Tabela 4). O custo de aquisição é
inversamente proporcional ao custo de armazenagem. Quanto ao custo total verifica-
se que, com uma aquisição, ele se apresenta alto, com tendência a redução e logo,
a partir de um número de aquisições, volta a aumentar. Por meio do menor valor do
custo total, obtém-se o número de aquisição para o LEC:
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TABELA 4 - Determinação do Lote Econômico (LEC)
Determinação de LEC
Aquisições
anuais
Quantidade/aq
uisição
Custo de
armazenamento
Custo de
Aquisição Custo total
1 12000 480 50 530
2 6000 240 100 340
3 4000 160 150 310
4 3000 120 200 320
5 2400 96 250 346
6 2000 80 300 380 FONTE: Adaptado de Gomes, M. J. V. M. Ciências Farmacêuticas: Uma Abordagem em
Farmácia Hospitalar, 2006.
1 ano= 12 meses_______ compra-se três vezes (para quatro meses)
1 mês ____________x = FC
FC = Frequência de compras (transformado em meses)
FC = 0.25 (significa o número de compras ao mês)
Emax = Es + Cm/FC
Emax = ES + 10000,25
Emax = ES + 4000
Dependendo da classificação ABC o ES será maior ou menor. Para um item
classe A no caso exemplificado, considerando-se um tempo de abastecimento 1,5
mês, o Emax será:
ES=1/3 TA. CM
TA = 1,5
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ES = 0,5 CM se CM = 1000
ES = 500 unidades
Emax = 500 + 4000 = 4500
A tendência atual é existência de estoques menores e compras mais
frequentes.
Com esta visão dos parâmetros para dimensionamento dos estoques
conclui-se que a logística deve ser priorizada pela sua importância administrativa.
Métodos de controle físico de estoques
Inventário
O inventário é um instrumento utilizado para confrontar o estoque registrado
em ficha ou computador com o estoque real ou físico. São diversas as causas de
divergências entre o estoque registrado e o estoque físico sendo possível citar:
Saídas e entradas feitas erroneamente;
Liberação de material sem o devido registro;
Problemas com hardware ou com o software;
Erros de contagem;
Desvios;
Os inventários podem ser classificados como:
Permanentes;
Periódicos;
Rotativos.
Ainda é comum no Brasil a realização de inventários periódicos anuais,
apurando todas as discrepâncias no final do encerramento do ano fiscal em
dezembro.
Em uma farmácia hospitalar que trabalha com sistema de distribuição por
doses individualizadas ou unitárias há milhares de movimentações de itens por ano,
pois as saídas e entradas (ou devoluções) se dão pela unidade de produto. O
inventário anual não é a melhor estratégia, pois as divergências de estoques que
normalmente acontecem, serão descobertas tardiamente dificultando a apuração
das causas em tempo hábil.
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É aconselhável fazer inventário utilizando-se a classificação ABC e também
incluir alguns tipos de medicamentos que interessam à administração, realizando
sobre estes um controle mais rigoroso. Os itens A (maior custo), produtos sujeitos a
controle legal (Portaria 344/98 do Ministério da saúde) e itens que são
imprescindíveis ao inventário devem ser realizados todo mês. Os itens B poderão
ser controlados a cada dois meses e os itens C a cada seis meses.
Atualmente, com os recursos cada vez mais poderosos da informática e o
advento do código de barras, pode-se ter uma redução dos erros de contagem e do
tempo gasto para ser feito um inventário, sendo possível obter a qualquer momento
os estoques atualizados de todos os itens.
A administração deve planejar com antecedência que tipo de inventário que
irá utilizar na farmácia e resolver, também, o que será feito com as divergências de
estoque que são possíveis e esperadas, dentro de um limite em um inventário.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Portaria 3.616/MS/GM, de 30 de outubro de 1998. Aprova a Política Nacional de Medicamentos.
______. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Institui normas para licitações e contratos de administração pública.
______. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui a modalidade de licitação denominada pregão, para a aquisição de bens e serviços comuns.
GOODMAN & GILMAN. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. Rio de Janeiro: Mcgraw-Hill Interamericana, 2007.
GOMES, M. J. V. M.; REIS, A. M. M. Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em farmácia hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2006.
NETO, J. F. M.; Farmácia Hospitalar e suas interfaces com a saúde. São Paulo: RX, 2005.