Relatório de genealogia para
...
Por Raul Sidnei Wazlawick
Florianópolis, 2011
Origens do Sobrenome Wazlawick “Wazlawick” é a transcrição fonética exata do sobrenome Václavik. Ambos são pronunciados
váts-la-vic. Em checo “Václavik”, em polonês “Waclawik” e em alemão “Wazlawick”, todos têm
a mesma pronúncia.
O primeiro registro encontrado
com a grafia tcheca Václavik foi
o nascimento de Matej
Václavik1, na cidade checa de
Podluhy, em 1640. Podluhy fica
a poucos quilômetros a
sudoeste de Praga. Matej era
casado com Ana, de
sobrenome desconhecido.
O primeiro registro com a
grafia polonesa Waclawik foi o
nascimento de Adalbert
Waclawik2, em Rosenberg,
Silésia, Prússia, em 1656.
Adalbert casou-se em 1681
com Cristina, de sobrenome
desconhecido. Em 1682
tiveram uma filha de nome
Marianna Waclawik. Vários
registros de Waclawik foram
encontrados em Rosenberg
entre os séculos XVII e XVIII.
Após a segunda guerra
mundial (1945) Rosenberg foi
incorporada à Polônia, sendo
hoje conhecida como Olesno,
cidade do sul da polônia,
próxima à fronteira com a
Rep. Checa.
Devido à proximidade desta
cidade com as cidades onde
nasceram os integrantes da
família Wazlawick que emigrou ao Brasil, é de se supor que exista algum parentesco entre os
descendentes de Wazlawick no Brasil e os Waclawik de Rosenberg.
1 http://www.familysearch.org/eng/search/frameset_search.asp
2 http://www.familysearch.org/eng/search/frameset_search.asp
Localização de Podluhy.
Localização de Rosenberg (Olesno).
O primeiro registro com a grafia alemã Wazlawick corresponde justamente ao nascimento
Franz Wazlawick, pai do patriarca Johann Wazlawick, ancestral de todos os Wazlawick no
Brasil. Franz nasceu em 1794 na cidade de Ludgerstal, Boêmia (atual Ludgeřovice). Atualmente
a cidade pertence à Rep. Checa, mas fica praticamente na fronteira com a Polônia, e bem
próxima à Rosenberg (Olesno). Por vezes a grafia do nome de Franz é indicada como
Watzlawik ou Watzlawick, variantes ainda bastante comuns na Europa.
Já o nome do pai de Franz, Joseph (c. 1755-?) por vezes é mencionado como Waslawik ou até
como Waczlawik.
Localização de Ludgerstal (Ludgeřovice).
Significado do Sobrenome Wazlawick Consta que o sobrenome Václavik originalmente é checo e suas origens repousam sobre um
patrônimo, ou seja, o sobrenome é derivado do nome próprio do pai do primeiro a recebê-lo.
Desta forma, o sobrenome encontra suas
raízes em Vasic, uma forma carinhosa para o
nome checo Václav. Portanto, este
sobrenome pode ser interpretado como "filho
ou descendente de Vasic". Já o nome Václav
deriva do antigo nome checo Veceslav, que foi
anglicizado como Wenceslas, e é composto
pelos elementos "vece", significando "maior"
e "slav", que significa "glória". Assim,
Wazlawick significa “descendentes daquele
que teve a maior glória”.
O nome surgiu com o Duque da Boêmia do
Século X, São Venceslau, que lutou contra o
ressurgimento do paganismo em seu
território, e após sua morte, tornou-se santo patrono da Boêmia.
Entre inúmeras variantes deste sobrenome estão: Vacek, Vacik, Václavek, Vasicek, Vaciuk,
Vachek, Vasek, Vasko, Vanek, Vanicek, Vanecek, Vanacek, Václavuk, Vacula, Vachal, Vasa,
Vasak, Vana, Vanak, Wazlawick, Watzlawick, Waslawik e Waclawik.
Referências a este sobrenome são encontradas na variante Vanecek, que era o sobrenome de
uma família nobre da Bohemia. O nome real desta família era “Vanecek, Cavaleiros von
Wernheim”. Um descendente desta casa, Joseph Wanecek, membro da administração do
judiciário, e cavaleiro da Ordem da Cruz de Ferro III classe, recebeu o título de "Cavaleiro von
Wernheim" do Imperador Franz Joseph I, em 30 de setembro de 1865.
Outra referência menciona uma família nobre da Bohemia chamada Vanek, que eram
cavaleiros von Domyslov. Mathias Vanek, "ministerial rath" (título da administração pública),
no ministério do interior, chefe do departamento de construções, e membro da Ordem de
Leopoldo, recebeu do Imperador Franz Joseph I, o título austríaco de Cavaleiro em 26 de
fevereiro de 1875.
Sv. Václav, patrono na Bohemia.
A História de Svaty Václav (São Venceslau), 903-929 A.D.
O bondoso monarca da Boêmia, Vratislau,
antes de morrer, deixou, como herdeiro do
trono, seu filho Venceslau, nascido no ano
903, na atual República Checa.
Com isso, despertou em sua mulher, Draomira, a ira e
a vingança, pois era ela própria que desejava assumir
o governo do país.
Se não fosse possível, pretendia entregá-lo a seu
outro filho, Boleslau, que tinha herdado o caráter e a
falta de escrúpulos da mãe, enquanto Venceslau fora
criado pela avó, Ludmila, que lhe ensinou os
princípios de bondade cristã. Por isso, não passava
pela cabeça de Venceslau uma oposição fatal dentro do próprio lar.
Draomira, a mãe, tomou à força o poder e começou uma
grande e desumana perseguição aos cristãos. Assim, por sua
maldade e impopularidade junto ao povo, foi deposta pelos
representantes das províncias, que fizeram prevalecer a
vontade do rei Vratislau, elevando ao trono seu filho
Venceslau.
Imediatamente, seguindo o conselho da avó, Venceslau levou
de volta ao reino o cristianismo. Quando soube disso,
Draomira ficou tão transtornada que contratou alguns
assassinos para dar fim à vida da velha e bondosa senhora,
que morreu enquanto rezava, estrangulada com o próprio
véu.
Draomira sabia que ainda havia mais uma pedra em seu caminho impedindo seus planos
maldosos e sua perseguição ao povo cristão. Venceslau era um obstáculo difícil, pois, em
muito pouco tempo, já tinha conquistado a confiança, a graça e a simpatia do povo, que via
nele um verdadeiro líder, um exemplo a ser seguido. Dedicava-se aos mais pobres,
encarcerados, doentes, viúvas e órfãos, aos quais fazia questão de ajudar e levar palavras de
fé, carinho e consolo.
Draomira e Boleslau, inconformados com a popularidade de Venceslau, arquitetaram um
plano diabólico para acabar com sua vida.
No dia 28 de setembro de 929, durante a festa de batismo de seu sobrinho, enquanto todos
festejavam, Venceslau retirou-se para a capela para rezar. Draomira sugeriu ao filho Boleslau
que aquele seria o melhor momento para matar o próprio irmão.
Venceslau e Ludmila
Moeda Checa.
Boleslau apunhalou o irmão à porta da igreja. Mãe e filho, porém, não tiveram tempo
de saborear o poder e o trono roubado de Venceslau, pois em poucos dias Draomira teve uma
morte trágica e Boleslau acabou sendo condenado pelo imperador Oton I.
Venceslau foi sepultado na igreja de São Vito, em Praga. Desde então, passou a ser cultuado
como santo. A Hungria, a Polônia e a Boêmia têm em São Venceslau seu protetor e padroeiro.
Mais tarde, no século XVIII, a Igreja Católica inscreveu São Venceslau no calendário litúrgico,
marcando o dia 28 de setembro para a sua festa.
Igreja de São Vito, Praga
Brasão de Armas da Família Wazlawick O brasão de armas divide-se em quatro partes. A primeira e a quarta têm um gramado verde
com uma cegonha prateada. A segunda e terceira têm cada uma três estrelas de seis pontas
organizadas em triângulo eqüilátero apontado para cima. Sobre o elmo há três plumas de
avestruz, uma prateada no centro e duas vermelhas. A origem do nome é Boêmia, atual
República Checa.
Significado heráldico do brasão:
• Elmo: sabedoria e segurança na defesa, força proteção e invulnerabilidade.
• Plumas: Obediência voluntária e serenidade.
• Cegonha: Símbolo sagrado do cristianismo pelo fato de fazer parte da sua dieta o
extermínio de répteis, que identificam o mal, especialmente as serpentes. Mas
também simboliza a ressurreição porque retorna todos os anos das suas viagens
migratórias. Por outro lado, a cegonha exprime a longevidade, a felicidade e a piedade
filial.
• Estrela: bondade celestial, pessoa nobre, excelência.
• Vermelho: guerreiro ou mártir. Força militar e magnanimidade.
• Azul: verdade e lealdade.
Origens da Família Wazlawick que Emigrou ao Brasil Não se sabe muita coisa sobre Franz Wazlawick
(1794-1861) e sua esposa Johanna Nawrath
(1798-1873). Ele nasceu em Ludgerstal e ela em
Hoschialkowitz na Boêmia. Seu casamento
ocorreu na cidade de Hultschin (atual Hlučín ,
Rep. Checa) no dia 14 de janeiro de 1823. São
conhecidos três filhos:
• Franz Wazlawick (1814?-?), casado com
Johanne Eleanore Worbs (1806?-?).
Acredita-se que este possa ser o mesmo
Franz Wazlawick que emigrou para
Nova Petrópolis em 1874, e cujo sobrenome foi alterado para Waclawowski e
Wazlawowski, mas a esposa com a qual este Franz emigrou chamava-se Antonia (seu
túmulo fica em Linha Imperial, Nova Petrópolis), então a conclusão não é confiável.
• Johann Wazlawick (1827-1894?), patriarca dos Wazlawick no Brasil, casado com
Barbara Kunze (1823-1893).
• Catharina Wazlawick (1838-?), casada com Anton Janik (1837-?).
Franz e Johanna estão sepultados em
Ludgerstal.
Consta em registros da família Janik que
Johann teria sido padrinho de Catharina3.
É de se supor que Johann Wazlawick tenha-
se mudado de Ludgerstal (cidade onde
nasceu) para Reichenau, a oeste (região
onde casou e nasceram seus filhos).
Atualmente, Reichenau é a cidade Checa de
Rychnov u Jablonce nad Nisou.
Alguns registros, inclusive túmulos dos
filhos de Johann no Brasil mencionam como
cidade
natal Schumburg bei Reichenberg (atual Liberec, Rep.
Checa) ou Schumburg bei Tannwald.
Schumbug bei Tannwald também é o nome da cidade que
aparece na foto de 1848 do casamento de Johann e
Bárbara. Todas as localidades mencionadas ficam muito
próximas, dentro de um raio de cerca de 30 quilômetros.
É de se supor que a família habitasse dentro desta área
(montanhas Jizera) por alguns anos antes da imigração.
3 http://andreas-janik.de/ahnen%20der%20geschwister%20merle%20und%20antonia%20janik/a1.html
Localização de Reichenau (Rychnov u Jablonce nad Nisou)
Montanhas Jizera, Rep. Checa
Localização de Hultschin (Hlučín), próxima a Ludgerstal.
Entre Liberec e Rychnov, fica a cidade checa
de Jablonec nad Nissou (Gabloz em alemão),
que é a cidade-irmã de Nova Petrópolis, RS,
visto que desta região vieram muitos dos
emigrantes Boêmios para a Colônia de Nova
Petrópolis.
Na foto abaixo, tirada em 1848, os noivos
são Johann Wazlawick (23/10/1827?-
08/05/1894?) e Barbara Kunze (03/05/1823-
20/09/1893). Johann e Bárbara são
ancestrais de todos os Wazlawick emigrados
ao Brasil. A direita de Johann, em pé, está
sua irmã, Catharina Wazlawick (23/11/1838-
?) que após casar-se assumiu o sobrenome
Janik e permaneceu na Boêmia onde hoje
ainda estão muitos de seus descendentes. Mais a direita, o casal é Franz Wazlawick (1814?-?) e
Johanne Eleanore Worbs (18/07/1806-?). Franz é irmão mais velho de Johann. O casal mais
idoso sentado a direita são os pais, Franz Wazlawick (01/01/1794-07/07/1861) e sua esposa
Johanna Nawrath (27/12/1798-12/04/1873). O casal idoso à esquerda provavelmente são os
pais de Barbara, mas seus nomes não são ainda conhecidos. Consta que eles eram
trabalhadores da indústria têxtil antes de emigrarem como agricultores. Esta foto foi trazida
pela família ao Brasil.
Casamento de Johann Wazlawick e Bárbara Kunze, 1848.
Após o casamento, a família viveu na região por mais 25 anos, onde nasceram os seis filhos
conhecidos.
Localização de Schumburg bei Reichenberg (Liberec) e
Gablonz (Jablonec nad Nisou), próximas a Reichenau
(Rychnov).
Consta que Johann teria lutado na Guerra Austro-Prussa, na batalha de Königgrätz, no dia 3 de
julho de 1863, lutando ao lado da Áustria, que perdeu a batalha. Nesta batalha, Johann
também teria perdido um olho.
Batalha de Königgrätz.
Johann e Bárbara eram trabalhadores da indústria têxtil e com a recessão após a guerra
Franco-Prussa (1870-1871) resolveram mudar-se para o Brasil. A mudança só ocorreu poucos
meses após a morte da mãe de Johann, sendo que seu pai já era falecido há alguns anos.
Não há registros confiáveis sobre outros parentes de Franz, a não ser o fato de que seu pai se
chamava Joseph. Porém, o número de pessoas com o sobrenome Wazlawick ou Watzlawick é
muito mais raro do que as formas Waclawik e Václavik, o que leva à suposição de que em
algum momento no final do Século XVIII houve a alteração na grafia e que todas as pessoas
com este sobrenome devem se relacionar de maneira próxima.
As fotos na página seguinte são de uma fábrica pertencente a certo Franz Watzlawick4, no sul
da Boêmia (região de Pilsen, ou Plzen). Este Franz teria sido mestre carpinteiro, comerciante e,
mais tarde, prefeito da cidade. Ele construiu a fábrica em 1878, pouco após a imigração de
Johann. Na mesma época criou também uma escola de especialização para trabalhadores da
madeira. A fábrica de Watzlawick era a maior da região em 1920.
4 http://www.sumavanet.cz/www/data/khory/fr.asp?tab=snet&id=3588&burl=
Fábrica de rodas de carrinhos de bebê de Franz Watzlawick, 1890, Kašperských Hor, Bohemia.
Vista da fábrica de Franz Watzlawick.
A Migração ao Brasil A família Wazlawick emigrou da Boêmia, saindo da cidade de Reichenau para o Brasil. Abaixo,
há uma vista da estação de trem da cidade em 1880, onde a família provavelmente iniciou sua
viagem. A rota migratória usual era de trem até Dresden e dali descendo de barco pelo rio Elba
até Hamburgo. Em Hamburgo havia então o embarque no veleiro ou vapor transatlântico para
a América.
Estação de Trem em Reichenau, 1880.
Consta que a família teria vindo no veleiro “Saale”, saindo de Hamburgo no dia 08/09/1873, e
chegando a Porto Alegre em 20/12/1873, após enfrentarem uma crise de falta de
mantimentos devido à demora da viagem causada por calmarias. A viagem durou 105 dias.
Embora o Saale conste como
um veleiro, há comentários
(orais) de que se tratava de um
navio a vapor. O mais antigo
navio Saale cujo registro foi
encontrado foi construído em
1886, não podendo ser este o
mesmo navio usado pela família
treze anos antes. Mesmo assim,
a foto ao lado ilustra como se
parecia um navio da época. O vapor Saale, usado por emigrantes da Europa para a América.
No início de 1874 a família subiu o rio Cai até São Sebastião e dali a pé ou em carroças até a
colônia de Nova Petrópolis. Inicialmente as famílias emigradas habitavam uma hospedaria para
colonos recém chegados enquanto suas casas eram construídas (por eles mesmos).
Johann e Bárbara emigraram com cinco de seus filhos. No registro de imigração ao Brasil
(A.H.RGS. – códice 50, folha 11, lançamentos 17 a 21) constam:
• João Wazlawyk, 46 anos, austríaco, agricultor, casado.
• Bárbara Wazlawyk, 50 anos, austríaca, casada.
• Wenzel Wazlawyk, 19 anos, austríaco, solteiro.
• Amalia Wazlawyk, 17 anos, austríaca, solteira.
• Anna Wazlawyk, 15 anos, austríaca, solteira.
• João Wazlawyk, 13 anos, austríaco, solteiro.
• José Wazlawyk, 11 anos, austríaco, solteiro.
A filha mais velha do casal, Maria Wazlawick (c. 1850-?), com cerca de 23 anos, provavelmente
já era casada em 1873 e veio ao Brasil com o esposo Vincenz Swarowski, com destino a Santa
Cruz do Sul. O casal emigrou antes dos pais e irmãos, mas mantiveram contato por muitos
anos.
No documento ao lado é
mencionada a data da
migração da família, bem
como outras informações.
A Família Wazlawick no Brasil Na foto abaixo tirada entre 1880 e 1890, já no Brasil, aparecem Bárbara (Kunze) Wazlawick,
seus cinco filhos que a acompanharam na viagem e respectivos cônjuges. O patriarca Johann
Wazlawick provavelmente já era falecido na época (informações orais confirmam essa
suposição), por isso a dúvida em relação à data registrada de seu falecimento em 1894. Na
foto estão assim identificados:
1. Bárbara (Kunze) Wazlawick, mãe, 05/03/1823-20/09/1893.
2. Anna (Wazlawick) Krauspenhar, filha 25/07/1858-11/07/1947.
3. Adolpho Krauspenhar, marido de Anna, 19/10/1853-21/02/1932.
4. Florentina (Rieger) Wazlawick, esposa de Wenzel, 23/10/1857-23/05/1921.
5. Bertha (Klement) Wazlawick, esposa de Joseph, 10/10/1863-23/06/1949.
6. Joseph Wazlawick, filho, c. 1862-23/12/1920.
7. Wenzel Wazlawick, filho, 25/05/1854-01/03/1924.
8. Hans Nöer, marido de Catharina, c. 1854-?.
9. Johann Wazlawick, filho, 14/08/1860-16/10/1933.
10. Maria Amalie (Zwarowski) Wazlawick, esposa de Johann, 21/09/1858-05/04/1947.
11. Catharina Helena Amalie (Wazlawick) Nöer, filha, c. 1856-?.
Bárbara Wazlawick, com os cinco filhos que a acompanharam na migração, genros e noras entre 1880 e 1890.
Na foto abaixo, aparecem Maria Wazlawick (c. 1850-?), filha mais velha de Johann e Bárbara,
com seu marido, Vincenz Swarowski (31/07/1848-27/09/1924) e seus filhos. Maria foi a
primeira Wazlawick a emigrar ao Brasil, antes de 1873, em data ainda desconhecida.
Com exceção de Maria Wazlawick, que já estava em Santa Cruz do Sul, os pais e os outros 5
irmãos estabeleceram-se na colônia de Nova Petrópolis.
Ao que se sabe, Wenzel estabeleceu-se em Nove Colônias, posteriormente trocando sua casa
pela atual residência em Linha Brasil, onde construiu a casa de Comércio hoje conhecida como
“Armazém Carlos Wazlawik”.
Johann (filho) estabeleceu-se em Linha Araripe, onde
também foi comerciante, tendo sido um dos
fundadores da atual empresa “Sicredi”, ocupando o
cargo de revisor de caixa5. Seus filhos fundaram o
Hotel Wazlawick, um dos primeiros hotéis de lazer da
serra gaúcha.
Joseph estabeleceu-se em Linha Marcondes,
atualmente no município de Gramado, como
agricultor.
Anna casou-se com Adolpho Krauspenhar e mudou-
se para Linha Brasil Fundos. Bárbara Wazlawick viveu
seus últimos dias com a filha mais nova, Anna,
estando ambas enterradas no Cemitério Católico de
Linha Brasil Fundos. O belo túmulo de Bárbara foi
5 http://www.cooperativismodecredito.com.br/HistoriaSicrediPioneira.php
Detalhe do Túmulo de Bárbara Wazlawick,
esculpido por Adolpho Krauspenhar.
esculpido por seu próprio genro, Adolpho Krauspenhar.
De Catharina Wazlawick pouco se
sabe, a não ser que era enfermeira
e trabalhava em Porto Alegre até
casar-se com Hans Nöer, que era
marinheiro de profissão.
A foto ao lado mostra a aparência
atual da casa construída por
Wenzel Wazlawick em Nove
Colônias, Nova Petrópolis, RS, por
volta de 1880. Esta é a mais antiga
residência da família Wazlawick que
se tem notícia no Brasil.
A foto abaixo mostra os homens da
família Wazlawick, provavelmente
no início do Século XX, em uniforme de tiro. Da esquerda para a direita aparecem: Albert
Wazlawick (1882-1966, filho de Wenzel), Otto (?), Adolf Wazlawick (filho de Wenzel), Carlos
Wazlawick (1879-1953, filho de Wenzel), Joseph Wazlawick (1862-1920, um dos irmãos
imigrantes), Johann Wazlawick (1860-1933, um dos irmãos imigrantes), Wenzel Wazlawick
(1854-1924, um dos irmãos imigrantes), Rudolf Wazlawick (1877-1924, filho de Wenzel),
Alberto Nöer (1881-?, filho de Catharina), Felippe Arend (1882-1954, casado com Maria
Wazlawick, 1882-1952, filha de Wenzel).
Família Wazlawick em uniforme de tiro.
Casa de Wenzel em Nove Colônias.
O Armazém Wazlawick Wenzel Wazlawick havia se instalado inicialmente em Nove Colônias, exercendo comércio. Em
determinada época, não se sabe exatamente por qual motivo, trocou suas terras de Nove
Colônias pelas de Linha Brasil. A troca foi feita com a família Altreider, cujos descendentes
ainda hoje habitam o local em Nove Colônias, que é um ponto turístico de Nova Petrópolis,
conhecido como “A casa de Pedra”.
A casa de pedra, em Nove Colônias.
Em Linha Brasil, Wenzel abriu uma nova casa comercial, na antiga casa em estilo enxaimel.
Naquela época, não usavam cimento; usavam barro com taquara (casas de pau-a-pique).
A casa enxaimel, hoje restaurada, onde funcionou o primeiro armazém de Wenzel em Linha Brasil. Ao fundo o
novo armazém de 1911.
Além da casa comercial também havia um matadouro, onde carneavam bois e porcos. Os
porcos eram cortados ao meio, salgados e colocados em tanques que hoje ainda existem no
porão do primeiro armazém. Depois colocavam a carne em barris (fesser) e eram levados a São
Sebastião do Caí em carroças puxadas por mulas. De lá, seguia o transporte de navio até Porto
Alegre. Esta viagem dos carroceiros levava de quatro a cinco dias. Passavam a noite em uma
hospedaria (Batate Berck – Feliz) para onde também tinham que levar o trato para as mulas (a
alfafa e o milho). Além da carne, levavam banha, feijão, etc.
Wenzel manteve ligações comerciais com a antiga pátria. Mandava trazer da Europa sementes
e outros artigos que não existiam na serra gaúcha. Muitas correspondências também eram
recebidas naquela época, tendo poucas, porém, resistido até nossos dias.
Onde hoje encontramos o armazém Wazlawick, nos anos 1930, já havia um salão de baile.
Acontecia o Baile dos Cantores, Baile do Tiro-Rei e o Baile do Kerb. No sótão funcionava um
hospital. Vinham médicos que atendiam os doentes e quando necessário tinham que ficar
hospitalizados. Os médicos eram:
• Dr. Höesller – vinha de Nova Petrópolis
• Dr. Schinke – vinha de Novo Hamburgo
• Dr. Carlos Nehls – vinha de Gramado
Apareciam poucas vezes ao mês, mas deixavam os doentes em tratamento.
A chaminé que ainda se encontra erguida é uma lembrança da serraria que também pertencia
a Wenzel Wazlawick. Além da serraria, tinham moinho, onde faziam a farinha de trigo e
descascavam o arroz. Tudo movido a vapor (marca Lans). Também havia ferraria, onde
ferravam os cavalos.
O armazém Wazlawick foi construído em 1911. Com o passar dos anos, Wenzel Wazlawick
repartiu suas terras com os filhos Carlos e Germano.
Armazém Wazlawick no início do Século XX (de que país será a bandeira hasteada?).
Carlos Wazlawick continuou com o comércio em geral e matadouro, ainda levando de carroça
seus produtos a São Sebastião do Caí. Vendiam de tudo na casa comercial: tecidos, tamancos,
alimentos (café, sal, açúcar, etc). Na época, passavam de mulas os caixeiros viajantes, que
faziam os pedidos que posteriormente eram entregues pelos carroceiros.
Não existiam roupas prontas. Somente o tecido conseguia-se comprar que as costureiras e os
alfaiates costuravam.
Germano Wazlawick ficou com a ferraria, serraria e moinho, que aos poucos se foi acabando, e
como lembrança hoje só resta a velha chaminé.
Toras de madeira sendo puxadas por bois para a serraria Wazlawick.
Serraria Wazlawick em Linha Brasil.
Carlos Wazlawick passou seu comércio para “Wazlawick e Ullmann” em 1942. Nesta época já
levavam de caminhão seus produtos até Porto Alegre. O salão de baile deixou de existir.
Carlos Wazlawick ajudou a comunidade doando um terreno para a construção de uma nova
igreja, pois a velha era de madeira e pequena. A construção não foi nada fácil, pois não havia
boas estradas e todos os materiais eram trazidos no lombo de burros e carretas. A areia vinha
do rio Caí e as pedras eram trazidas do morro dos Hübner.
Posteriormente, Carlos Lindolfo Wazlawick, filho de Carlos e neto de Wenzel, assumiu o
comércio de secos e molhados, vendendo até calçados, tecido para vestido de noivas, véus,
grinaldas, tecido para vestido de confirmação, alianças, relógios, fogões e chapéus de feltro.
Era um verdadeiro “shopping”. Os viajantes, agora com malas, levavam o seu mostruário de
carro (sapatos, tecidos, brinquedos, etc.) para fazer os pedidos.
O armazém comprava também figos, que eram colocados em barris, e marmelos, que eram
levados para Conservas Ritter (Cachoeirinha). Ovos, em caixas especiais de 30 dúzias, banha
em tonéis e manteiga eram levados de caminhão para São Leopoldo, Canoas e Porto Alegre.
Também compravam feijão, milho e trigo.
O trigo era levado a Galópolis e era pago pelo Banco do Brasil de Novo Hamburgo, porque não
havia Banco do Brasil em Gramado, nem em Nova Petrópolis. Porcos, levavam à Frigosul. O
matadouro deixou de existir e passou a ter apenas açougue.
Carlos Lindolfo Wazlawick foi um dos que mais ajudou a comunidade de Linha Brasil, pois a
comunidade queria fundar um colégio, e precisava de um terreno bom e que tivesse bastante
água. Então se reuniram para saber quem poderia vender um terreno. Mas ele não vendeu
pelo preço que valia; vendeu por um preço simbólico para poder ajudar o projeto e construir a
Escola Bom Pastor.
Com a morte de Carlos Lindolfo Wazlawick em 19 de setembro de 1965, o armazém passou a
ser da viúva Ida (Blauth) Wazlawick, onde o comércio continuou sempre incluindo também a
compra de soja para a Merlin e Primor. O armazém possuía também açougue. A carne, todos
os sábados pela manhã, inicialmente, vinha dos Altraider, e depois dos Leobet de Gramado,
até 1978.
De 1978 até 1980 o armazém passou a ser Carlos Wazlawick e cia. Ltda.
O armazém Carlos Luiz Wazlawick existe desde 1980. Onde hoje encontramos padaria, bar,
venda de produtos coloniais e comércio em geral. O armazém é um dos pontos mais atrativos
de Linha Brasil. Já não passam mais os caixeiros viajantes, nem os viajantes com seu
mostruário em malas. Hoje, com o avanço da tecnologia, e o armazém prestes a festejar seu
centenário, os vendedores chegam apenas com seu notebook para formular os pedidos.
Os Descendentes de Joseph Wazlawick Joseph Wazlawick (1862-1920) faleceu relativamente cedo, com apenas 58 anos, em 1920.
Vários de seus filhos emigraram da serra gaúcha para Santa Catarina em 1938. Entre outros
vieram sua viúva, Bertha (1863-1949), seus filhos Carlos José (1883-1960), Maximiliano (1897-
1985), Adolpho (1898-?), Baldoíno (1899-1970) e Ferdinando (1905-?). Juntos vieram também
muitos netos. Sabe-se que seu filho José (1884-?) foi para Santa Rosa, RS e dos outros filhos
(Bruno, 1888-?, Bertha, 1891-1987, Anna, 1893-?, Clementine, 1896-1994, e João, 1902-1975)
não se sabe exatamente se continuaram nas terras ou se migraram, mas a maioria de seus
descendentes ainda mora no Rio Grande do Sul.
Conta-se que a família veio em 6 carros de burro em 19 dias e meio. A viagem, a partir de Nova
Petrópolis, seguiu por Vacaria e Lages.
As crianças adoravam quando a viagem era interrompida devido ao clima em alguma das
paradas intermediárias, pois assim podiam brincar mais com seus novos amigos. O que mais
temiam no caminho eram salteadores, mas ao que se sabe não houve imprevistos deste tipo.
Inicialmente a família se estabeleceu em Rancho Grande, RS. Mais tarde espalharam-se pela
região de Concórdia, Arabutã e Seara.
Alcindo Wazlawick, filho de Maximiliano não veio junto com a família, tendo ficado mais um
ano no Rio Grande do Sul para aprender a tocar o violino que havia ganhado de seu pai.
Alcindo foi professor em Linha Vidal Ramos.
Escola de Linha Vidal Ramos. Professor Alcindo Wazlawick.