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  • 1. arteEXPOSIOES | EVENTOSapresentaOMAUMMUDANAMOVIMENTO20142015

2. LIND'MUNDODedicada eterna memria de Letcia daConceio Bicho, Grande Me e GrandeApreciadora de Arte.Como Lindo o Mundo, pensamos os doisenquanto debruamos em conjunto oolhar sobre a beleza distintiva desta Vila.Nesta topografia singular, grandiosa, mais fcil entrar em contacto com a hist-riacomum que nos une e que nos traz hojeao MUSA.A amizade entre um Escultor e um Pintor,uma tambm ela singularidade no espaoe no tempo, aglutinou a vontade e a opor-tunidadesob o auspcio e teto cultural noMunicpio de Sintra e o resultado este:Lind'Mundo.No Algarve dizemo-lo assim, em dialeto, ese nos perguntarem, provavelmente res-ponderemos Lind' porque Linde, no precise outras justificaes.Outro mestre estava a tomar ch com dois dos seus alu-nosquando, subitamente atirou o leque para um deles,dizendo o que isto? o aluno abriu-o e abanou-se.No mau, foi o seu comentrio. Agora tu., conti-nuou,passando-o ao outro aluno, que imediatamente fe-chouo leque e coou o pescoo com ele. Feito isto, abriu-onovamente, colocou um pedao de bolo sobre ele e ofe-receu-o ao mestre. Este foi considerado ainda melhor,porque, quando no existem nomes, o mundo deixa deestar classificado dentro de limites e fronteiras.In O Caminho do Zen, de Alan WattsEsta mostra, sobretudo porque no se clas-sificadentro de limites ou fronteiras, estintegrada na iniciativa associativa AKAOM dedicada aos temas Mudana |Mo-vimento|Crise |Criatividade - e a expo-siodesta coleo de Obras de Jorge Mo-reirae Nuno Quaresma antecipa uma s-riede outras atividades e iniciativas quedecorrero em 2015 e que podero seracompanhadas em www.numdiaperfei-to.com .Num dia perfeito pinta-se, esculpe-se,alimenta-se o corpo e a alma, ama-se e en-sina-se a amar.No te iludas. O ontem j se passou, o amanh aindano existe. Vive, pois, a nica certeza que tens agora:este dia!Augusto Branco aka Nazareno Vieira de Souza 3. OMAUM prefcioOM, Aum, o som do movimento do Universo, o eco do seu in-ciodistanteVivo na era da descoberta do Boso de Higgs, do pleno, segu-roe consolidado funcionamento do Acelerador de Partculasdo CERN, j numa poca ps Relatividade Geral de Einste-in,nos tempos da elaboradssima complexidade matemticada Teoria das Cordas.No meu ntimo, no fundo da minha alma (ser que esta exis-te?)procuro contudo e apenas ouvi-lo: este silncio que tam-bmum rumor sem fim.Quando me concentro, respiro-o, sinto-lhe, por momentos, es-sanesgazinha de grandiosidade de que todos somos parte.J me explicaram que mas o conseguiria integrar se tivesseo copo menos cheio. mais fcil encher um copo vazio do que fazer entrar o queseja numa malga (amlgama!) a transbordar.A dura tarefa que tenho hoje pela frente esvaziar-me dessecaudal. minha essa tarefa apenas porque a escolho.No sei se sou capaz, se estou altura da complexa exign-ciado seu postulado.Sigo com a simplicidade, humildade e receios de uma crian-a(talvez at com um pouco da sua indisciplina e irrevern-cia).Por isso comeo por desenhar e pintar.No me levem a mal. No sou capaz de o fazer de outra formaagora.Vou pintar o que no compreendo, pintarei tudo o que me dis-trao pensamento, para ver se a pintar desmistifico e des-mistificandoexorcizo essa fora magntica que me agarraobsessivamente forma das coisas.Pensando menos sentirei talvez mais. Mais perto estarei tal-vezdo essencial, do contedo. Mais perto da verdade, quemsabe, da conscincia, do corao de Ti!Aka OM (Aum), j em outubro deste ano, com o apoio Tailo-red,AKA Art Projects e da Cmara Municipal de Sintra.01 4. Aum (or OM) is a mantra, or vibration, that is traditionallychanted at the beginning and end of yoga sessions. It is madeup of three Sanskrit letters, aa, au and ma which, whencombined together, make the sound Aum or Om. It is believedto be the basic sound of the world and to contain all othersounds. It is said to be the sound of the universe. What doesthat mean?Somehow the ancient yogis knew what scientists today aretelling usthat the entire universe is moving. Nothing is eversolid or still. Everything that exists pulsates, creating arhythmic vibration that the ancient yogis acknowledged withthe sound of Aum. We may not always be aware of this soundin our daily lives, but we can hear it in the rustling of theautumn leaves, the waves on the shore, the inside of aseashell.Chanting Aum allows us to recognize our experience as areflection of how the whole universe movesthe setting sun,the rising moon, the ebb and flow of the tides, the beating ofour hearts. As we chant Aum, it takes us for a ride on thisuniversal movement, through our breath, our awareness,and our physical energy, and we begin to sense a biggerconnection that is both uplifting and soothing.02 5. Maria JooA respirao dilata-se no ar pesado do interiorcores esbatidas, vidraas molhadas, sonhos que pingambeijos inaudveis, olhar no vazio, corao menos pesadohlito carnal, mos que se tocam, corpos que se fundemO silncio a linguagem dos amantes.No sabes o meu nome, no conheo a tua histria, no interessa quem somos.As fotos das crianas que fomos culminam neste momento presente; tudo este segundo que vivemostodas as gotas do oceano esto dentro destas paredesas rugas que ambos escondemos brilham na sua solidons somos tudo, por saber ser nadaacolhes-me nos teus braos como se fosse o teu nico filho recm regressadoAbro-te os meus como se fosse um porto de abrigo para um navio que no navega.No me chegaste a dizer qual o preoTambm no te perguntei, ser verdadeAbri-te a porta e limitaste-te a entrarno te disse o destino, no saberamos por onde querer irEncalhmos por breves momentos neste canto esquecido com vista para o nadapor segundos fugazes no existimos; desaparecemos no frio da noiteolhas-me antes de fechar a porta, no sorris, no falasolhas-me simplesmente; sei que vais partir e nunca mais me ver;Sinto-te a entrar nas minhas veias, a matar as minhas defesasPouco a pouco possuir-me s, tomo a tomodefinharei este corpo efmero e vazio de significadosucumbirei ao cheiro da doenafinalmente pertencerei ao teu abrigoPor toda a eternidade que esta noite no pode dar.Aum (or OM) is a mantra, or vibration, that is traditionallychanted at the beginning and end of yoga sessions. It is madeup of three Sanskrit letters, aa, au and ma which, whencombined together, make the sound Aum or Om. It is believedto be the basic sound of the world and to contain all othersounds. It is said to be the sound of the universe. What doesthat mean?Somehow the ancient yogis knew what scientists today aretelling usthat the entire universe is moving. Nothing is eversolid or still. Everything that exists pulsates, creating arhythmic vibration that the ancient yogis acknowledged withthe sound of Aum. We may not always be aware of this sound03 6. 04 7. Pintura acrlico / carvo sobre tela - 120X90cm, Revelao, Artur Simes Dias Dezembro 2013 / em curso (2014)No existe nada melhor do que um trao para projectar umsonho mas digo certamente que melhor do que um trao mes-moum desenho para nos fazer sonhar. nesses sonhos que re-vivemos,crescemos, retornamos nossa infncia, que somosrealmente felizes.O princpio de sonho nada tem a ver com a realidade mas em cada mundo prprio que depositamos os nossos anseios,as nossas preocupaes, os nossos quereres, trechos da nossavida vivida e outros tantos de vida desejada.Sonhamos a dormir ou acordados. Muitas vezes dou comigoa projectar e a idealizar situaes que me so confortveis eoutras que me so desagradveis, mas no sentimento do tra-oque vemos a simplicidade dos sonhos.Querem aflorar tesouros mas ns queremos ainda mais quesejam revelados esses mesmos tesouros a ns porque perde-mosa inocncia de acreditar que o mundo um perfeito con-tornodo nosso corpo e que somos capazes de tudo.Transportar os sonhos num desgnio de projeco um passopara entendermos um pouco aquilo que perdemos e que umdia j foi nosso.O trao, prolongamento do nosso pensamento, meio de fazerreflectir as nossas vivncias. com ele que numa histria depequenos pedaos de sentimento faremos um conto para per-durar,na infncia da nossa idade adulta.Deixemo-nos levar para outros mundos, deixemo-nos levi-tarpela experincia dos seus sonhos e esperaremos que con-sigamoscolocar-nos nos ombros dos nossos desenhos e cres-cer,ir mais alm e sonhar.05PREENCHENDO SONHOS 8. 06 9. Jorge MoreiraEscultor, poeta visual, artista singular com uma viso fantstica, as suas obrasde escultura, so autnticas filigranas em pedra ou madeira, onde as imagensse ligam entre si com elegncia numa fantasia musical, onde se misturam pe-quenosseres alados e plantas e por vezes notas musicas.Nasceu em 1962.Curso de Arteso do Brinquedo no Centro Cultural Roque Gameiro.Aderecista no filme para crianas Zs Trs.Criao de Decors para Vitrinismo.Colaborador de Escultura de 2005 no Centro Internacional de Escultura.Exposio coletiva de pintura e escultura no Ministrio do Trabalho e Solidari-edadeSocial.Exposio colectiva Tightrope, Cidadela de Cascais, 2008.Participao no concurso Utopia 2 Artes Fantstica, 2010.Exposio coletiva de pintura e escultura Arte Fantstica e Surrealismo 2, Ca-sada Cultura de Mira Sintra, 2012.Exposio coletiva Crculo Artstico Artur Bual, Vila Alda, 2012.Exposio coletiva com Olga Alexandre, Biblioteca Jos Rgio, 2012.Exposio de Escultura ao Ar Livre, Amadora, 2013.Exposio coletiva Surrealism, Casa Museu Roque Gameiro, 2013.Participao em feiras esculpindo ao vivo:Feira Medieval de Sintra em 2011 e 2012; Feira Setecentista de Queluz em 2011 e2012; Feira de Arte Contempornea em 2010 e 2011; Feira de Arte em PequenoFormato na Casa Roque Gameiro; Feira de Artesanato da Junta de Freguesia deVenteira.07Jorge Moreira, meu amigo e escultor, temcomigo em comum as razes ensolaradasdo sul, as origens rabes ou berberes dosnativos de Silves. Ser, porventura, porisso que a sua obra se desdobra em not-veisarabescos, poticos e singelos, quedesafiam a aspereza dos materiais em no-tveise delicadas filigranas de madeiraou de pedra.O escultor, munido de uma pacincia ili-mitada,desbasta da pedra bruta, ou dotronco informe, num trabalho incansvelde fabulosa e laboriosa formiga, a gangaintil da matria em excesso. este o seuprocesso de trabalho criativo: uma ima-gemoculta na mente, uma viso idealque s tem existncia na cabea do artis-ta,que aos poucos toma forma e se desve-larevelando-se paulatinamente ao nossoolhar.Eis, por fim, ao cabo de um tempo de dura-oindeterminada, a pea primorosa-mentetrabalhada, elegante no talhe, deacabamento delicado, na fragilidade daqual se entrelaam flores e peixes e estre-las,frutos de um universo plstico que feito da matria dos sonhos.Obrigado, meu amigo, pela pertincia doteu trabalho, pela tua criatividade poti-ca,pela delicadeza da tua obra, pela hu-mildadecom que fazes do quotidianouma pequena obra de arte.Antnio MoreiraVereador da Cultura da Cmara Munici-palda Amadora 10. MOVIMENTO,MUDANA ESUPERAOA vida uma constante mutao. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades ouno?Quando andava na escola secundria e nas aulas de Histria a stra nos perguntavacomo estavam as coisas no perodo em anlise, independentemente de qual fosse apoca em questo, tnhamos uma colega que respondia invariavelmente: Mal, muito mal!E estava sempre correcto! (Hoje tambm o estaria.)H 30 anos estvamos sob alada do FMI Hoje tambm estamos.Antigamente os nossos jovens partiam em busca de algo melhor Hoje tambm.Nasci em Frana. Os meus pais partiram em busca daquilo que c no conseguiam ter.No conheciam a lngua, nem tinham garantias de sucesso. Vingaram, cresceram evoltaram. Conseguiram dar-nos mais do que o que tiveram, e com isso fizemos mais emais.No se conformaram. Lutaram.Reclamar sempre fcil, difcil ser diferenteQuem quiser pode ser dcil e seguir na mesma em frentemas se tiver ousadia de lutar contra os moinhosSair da monotonia e abrir novos caminhos!Vivo no Porto. E vivo o Porto.O Porto uma cidade linda.Passear na baixa e observar as fachadas lindssimas que por c proliferam umaexperincia nicaDesamos mentalmente a belssima Avenida dos Aliados, passeemos na rua Mousinhoda Silveira, na rua das Flores, na Ribeira.Edifcios talhados em pedra, imponentes, majestosos, coexistem com estruturassimples e frgeis, de madeira e de saibro, cujos prticos cheiram a bafio, devido humidade e ao caruncho. Estes por sua vez, vivem lado a lado com novas construes,coloridas e garridas, recentes e diferentesCada poca tem a sua arquitectura, as suas influncias, acrescenta o seu contributo a juno de tudo isso que compe a cidade, a sociedade, a humanidade!Ousemos mudar, e aportemos tambm o nosso gro de areia!Elisabete GonalvesLus Vaz de Cames, in "Sonetos"O Fundo Monetrio Internacional interveio em Portugal pela primeira vez em 1977 quando Ramalho Eanes eraPresidente da Repblica e Mrio Soares era primeiro-ministro do primeiro Governo Constitucional, depois em 1983e mais recentemente em 2011.Elisabete Gonalves SilvaAutora do livro Percursos Imprecisos,2013, Lugar da Palavra, descobriu na esco-laprimria o gosto pela escrita, sendo ascomposies (ou redaces) os seus traba-lhosde casa favoritos.Aos 12 apaixonou-se pelo Porto, onde vivedesde ento.Licenciada em Lnguas e Literaturas Mo-dernas,conta tambm com um Master enExcelencia Educativa como reforo das su-ascompetncias didcticas e de formao,funo que desempenhou profissional-mentepor diversas vezes, enquanto cola-boradorade uma das maiores empresas detelecomunicaes portuguesa, cujos qua-drosintegra.Define-se como apaixonada pela vida, pe-lafamlia, pela cultura, pelos animais e pe-lacidade do Porto, cidade belssima que parte integrante da sua identidade.Percursos ImprecisosSinopse:Percurso Imprecisos conduz-nos pelo Por-to,do Bonfim Ribeira, com as tropeliashabituais da adolescncia e do primeironamoro. Pode uma tragdia condicionaros eventos futuros de uma ou mais vidas?Carlos vive, cresce As aventuras suce-dem-se, caminhos novos cruzam-se, amo-ressurgem Um livro a no perder!08 11. Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Fus-cesemper neque nec feugiat eleifend. Nullam mollis molestietellus. Suspendisse semper massa nec orci semper, sit ametsuscipit lorem mattis. Mauris vestibulum dolor ut ligula adi-piscingvulputate. Suspendisse rutrum nisl sit amet neque fa-ucibusmolestie. Proin eget sem vel leo consectetur volutpatet in diam. Sed ac erat eget enim dictum pulvinar. Phasellusviverra dapibus sapien a condimentum. Pellentesque habi-tantmorbi tristique senectus et netus et malesuada fames acturpis egestas. Aliquam convallis ornare lectus, at fringillanisl blandit in. Vivamus ultrices sem ipsum, eu faucibus nul-lapretium vel. Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adi-piscingelit. Fusce semper neque nec feugiat eleifend. Nul-lammollis molestie tellus. 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Pellentesque habitant morbi tristi-Ai,o u v equero di-zer-te uma co-isaimportante.Gosto de ti, de umamaneira to especial,alis nica, porque tambms nico. Amo-te desde o prime-irodia da tua vida, antes talvez jte amasse... no sei se se pode ser ama-doantes de se ser completo, mas talvez j teamasse um pouco antes de acordares para aconscincia. J te sentia. nico, para alm demim mesmo, legtimo, com sede e fome de tudo e eucom uma vontade indomvel de te ajudar a viver e a sercompleto, feliz. Com uma vontade incontornvel defazer tambm esse caminho contigo, de aprendera ser feliz. Um dia de cada vez, de hora em ho-ra,minuto a minuto, com o corao emba-lagopelos segundos. Vivos! to bomestar vivo. to bom sentir-te...Vida. O ontem j foi, o ama-nh,para alm de todas asminhas previses, nosei o que ser, porisso to espe-cialmentebom es-ta rAMOMOVO logo09 12. a) IntroduoCarceri d'InvenzionePrises de inveno, prises inventadas, imaginadasAntes mesmo de iniciar uma pesquisa sobre a histria pessoal, daconstruo da obra ou at do contexto em que ocorreu a sua produ-o,recordo sobretudo o primeiro impacto, a primeira impressoque me ficou marcada na memria.Apesar de ser uma obra descoberta por sugesto directa da Profes-soraJacs Aorsa, contextualizada no briefing geral para este tra-balhopara a disciplina de Histria e Prticas do Desenho, o queguardo como nimo e mote para esta reflexo esta impresso sen-tida,investida da curiosidade dos primeiros encontros.O que me fica sobre este conjunto extraordinrio de 30 placas degravura, que me deixou uma forte sensao de presena no Imagi-nriode Piranesi, e que so justamente intituladas Carcerid'Invenzione, a impresso de estar a entrar num espao de inti-midade.Esse espao rico e nico a qual raramente se tem acesso, tornou-seno mbil para todo o processo criativo, tcnico e tecnolgico e a se-guir,e em funo do briefing dado, estruturei.J em pesquisa descobri que efectivamente, este trabalho contex-tualizadonuma magnfica juno da fantasia veneziana com amonumentalidade romana muito dentro da tradio e maneirade Tipolo, nomeadamente na luz e nos volumes.Pus-me a somar:InvenoImaginaoHistria pessoal/construo da identidadeEspao de intimidadeFantasiasMonumentalidade vs. volumeJuntamente com um projecto pessoal relacionado com a banda de-senhadae a ilustrao, onde ando procura de um estilo, de umamaior classicidade e profundidade na construo simblica e est-ticadas personagens.Foi assim que me surgiu a ideia original para esta ilustrao queservir um episdio que descreve um sonho de Nia, personagemcentral da histria O Mundo de Shido, junto de uma narrativavisual que decorre num cenrio onde fao uma colagem de trs gra-vurasdiferentes (Fig. 02, 03 e 04) da srie CarceridInvenzione.Por achar pertinente fiz ainda uma homenagem Batalha deAnghiari de Leonardo da Vinci, numa luta encenada, com enfo-quena descrio de emoes, atravs do desenho e com uma refe-rnciavelada aos exemplos de deformao caricatural no traba-lhode Leonardo, mas tambm de Hogarth, Goya ou Daumier.Por outro lado, como matriz global de planeamento de todo o dese-nhooptei por fazer um investimento de tempo na construo deuma composio definida essencialmente por uma diviso do pla-noem dois sub-planos verticais, utilizando um pilar mestre e orga-nizandoos elementos da parte inferior do enquadramento globalna circunscrio de um tringulo e pelo alinhamento dos outroselementos segundo linhas diagonais para dar enfse iluso da ac-oe do movimento.O trabalho que aqui descrevo, e que o lugar em que procuro aconsolidao da obra final, divide-se em cinco sinopses:b1 Piranesi e os Carceri dinvenzione;b2 A Batalha de Anghiari e a homenagem obra de Leonardo;b3 Estudo do enquadramento e composio; tcnica de etching eda trama (cross etching).b4 Conclusob) Desenvolvimento1. Piranesi e os Carceri dInvenzioneEsta obra inquestionavelmente uma das obras mais amplamentedifundidas e abordadas de Piranesi e talvez uma das mais sui ge-neris na evocao tradio literria da sua poca, ao hermetis-mo,s fontes e esttica do Sublime.Foram publicadas pela primeira vez em 1745, com o ttulo Inven-zioneCapric di Carceri), impressas por Giovanni Bouchard e ree-ditadasem 1760 como Carceri dInvenzione, sofrendo ligeiras al-teraese acrescidas de mais duas gravuras.Entre a primeira e a segunda tiragem, podem constatar-se algu-masdas alteraes de estilo que espelham o desenvolvimento daobra de Piranesi.Aqui, podemos identificar a influncia da tradio veneziana(das Caprici e da fantasia) e romana dos autores da poca, so-bretudona maniera de Tiepolo (como por exemplo, no trata-mentodas luzes e da volumetria) que na sua obra atinge o seu augea partir de 1755 (como nota de contexto: ano do Grande Terramotoque devastou Lisboa).Com um trabalho mais complexo , rico e intrincado, nesta fase possvel perceber o horror ao vazio que faz perder a clareza dasobras, dentro de uma composio balizada e ordenada pela utili-zaorecursiva da scena per angolo, frequente nas tipologiascenogrficas, teatrais, utilizadas por Bibiena, Valeriani, MarcoRicci ou Juvarra.Destas influncias, distingue-se a de Juvarra na referncia NeoQuinhentista, Utpica e Anti Clssica.Na sua obra so ainda distintivos aspectos como a censura Ci-dadeBarroca, mas em simultneo tradicional antinomia da Ro-maantiga e tambm ao organicismo, distoro da perspectiva (co-mumna Cenografia Tardo Barroca), composio assente em pla-nimetrias,interligaes de supra estruturas, libertao da forma,perda de valor do centro compositivo, a metamorfose das formas(que muito explorei nesta minha interpretao pessoal), desarti-culao,distoro e o espao representado segundo o ideal Huma-nista.10CARCERI 13. Todo este processo formal conduz o espectador a uma percepopsicolgica e esttica que muito me interessou e que autores comoEdmund Burke, entre outros, categorizam como Sublime. UmSublime que pretere a perfeio e a clareza da esttica pelo valordos contedos emotivos, colocando o recurso da imaginao tam-bmnas mos do espectador que obrigado a desconstruir e a vol-tara construir a imagem nas suas mltiplas dimenses.Indo beber a toda esta percepo e abordagem na maniera pr-priade Piranesi, intitulei a obra como Sonho de Nia. Ou seja, so-nharna perspectiva e ideia comum na poca do Homem como ac-torimpotente, num teatro que j no o seu combinado com o fas-cniopelos crceres com o seu significado simblico de prises damente (como em Coleridge ou Thomas De Quincer) acessveis so-bretudoatravs do onrico.2. A Batalha de Anghiari e a homenagem obra de LeonardoA escolha pela opo de dulpa homenagem neste exerccio, surgiu-mena sequncia de toda a leitura por uma ptica emotiva, dasCarceri dInvenzione de Piranesi.Uma das muitas reflexes que esta srie de gravura me convocoufoi a abordagem, por assim dizer, sublime das 5 Emoes hoje des-critas,para alm dos mltiplos Sentimentos, como Emoes Bsi-cas:o Medo, a Raiva, a Tristeza, a Alegria e o Amor.O paralelismo, apesar de numa abordagem bastante diferente,com o trabalho sobre expresses e emoes na obra de Leonardo pa-receu-me possvel e pertinente e como na minha liberdade inter-pretativaj tinha introduzido na minha composio inicial al-gunselementos figurativos, escolhi ento dar nfase a esta leituracom um tributo Batalha de Anghiari e sua dinmica compo-sitivae expressiva.A Batalha de Anghiari no mais do que um grupo monumentalde soldados a cavalo numa imagem condensada e intemporal do fu-rorblico que achei que poderia ser um excelente contraponto, ir-reverentee antagnico, ideia de impotncia gerada pelo ambi-enteglobal das Carceri- Prises.Um novo conjunto figurativo e evocativo de uma luta interior, nocontexto de uma Carceri de onde no h salvao, seno na for-ae liberdade da vontade da alma humana.Para melhor contextualizar A Batalha de Anghiari, este estudoinicial em carto e fresco inacabado, surge na obra de Leonardopor solicitao da cidade de Florena, com a finalidade de deco-rar,na tcnica do fresco a Sala de Conselho do Palazzo Vecchio.O seu tema central a vitria florentina sobre o exrcito milans.A pintura nunca foi finalizada, tendo ficado como esplio produ-zidoapenas um carto em tamanho natural ( escala) que sobrevi-veumais de um sculo aps a sua produo, perodo em que gozoude uma enorme fama.Hoje, apenas o conhecemos atravs de cpias de Artistas posterio-resa Leonardo, em particular na cpia realizada segundo o origi-nal,realizada por Peter Paul Rubens em 1605 e actualmente pa-tenteno Museu do Louvre, em Paris.4. Estudo do enquadramento e composio; tcnica de etching e datrama (cross etching)A primeira abordagem que fiz a este exerccio foi efectivamente, enuma tradio talvez mais pictrica, a abordagem segundo umacolagem idealizada num enquadramento que julguei coerente como conjunto global das gravuras de Piranesi, sobre o qual construiuma composio (e repito) definida essencialmente por uma di-visodo plano em dois sub-planos verticais, utilizando um pilarmestre e organizando os elementos da parte inferior do enquadra-mentoglobal na circunscrio de um tringulo e pelo alinhamento11 14. 12S ento comecei a fazer um trabalho de trama e trama cruzada,enquanto fazia uma leitura prtica e simulada da tcnica desig-nadapor Etching em Gravura e que passo a descrever:Origem | contexto histricos e descrio:A tcnica qumica de gravura foi desenvolvida na idade mdiapor artesos, fabricantes de armaduras, rabes como uma formade aplicao na decorao para armas. Floresceu no sculo XV, nosul da Alemanha, onde as primeiras impresses gravadas em pa-pelforam impressas no final do sculo.Durante as primeiras dcadas do sculo XVII, artistas holandesescomo Van de Velde, Jan van de Velde II e Willem Buytewech expe-rimentaramesta tcnica. Eles estavam procura de criar um efei-toatmosfrico na suas paisagens impressas, e na tentativa conse-guiramdesenvolver um mtodo que rompia com as linhas de con-tornolongas transformando-as em curtos traos e pontos.Hercules Segers por sua vez, experimentou esta transformao eadaptao por um motivo diferente: a necessidade de criar um efe-itopictrico na impresso em papel colorido ou tela, trabalhando-asposteriormente com um pincel de cor, tornando assim cada im-pressonuma pea nica.Rembrandt levou a tcnica ao extremo, superando todos os seus an-tecessores.Nas suas mos, a gravura tornou-se um meio pleno emaduro de que se ocupou em perodos longos para o resto da sua vi-da.A tcnica que utilizei neste desenho referente a Piranesi filia-semuito no exemplo de Rembrandt que, por conhecer melhor, reco-nheoter tido grande influncia na abordagem pessoal e estilsti-caque escolhi.As Gravuras so impresses, normalmente em papel, de desenhosou modelos construdos pelos artistas, em suportes diversos, comrecurso s tcnicas do desenho, pintura ou corte. Estes suportes po-demse um bloco de madeira, uma placa de metal ou uma tela de se-da.Em Piranesi (assim como em Rembrandt) o suporte uma chapafina de cobre. Esta ento coberta com uma mistura resistente aoscidos conhecida como base de gravura, composta de betume juda-ico,resina e cera.Nesse revestimento fino ento produzido o desenho directamen-tecom uma agulha de gravura, que penetra esta fina pelcula dei-xandoexposta, nestas ranhuras, a placa de cobre.A placa colocada, em seguida, num banho de cido diludo. Aspartes expostas, que deixaram de estar protegidas contra o cidopela base de gravura, ficam gravadas, em sulcos criados na super-fciedo metal.Quanto mais tempo a placa deixada no banho, mais profundos es-sessulcos se tornam.Posteriormente esta base de gravura removida e a placa limpa efinalizada com uma almofada de tinta ou com um rolo.Ela ento limpa manualmente para que a placa fique inteira-mentedespojada de tinta, excepo dos sulcos.O passo seguinte a fixao de uma folha de papel hmida na cha-paseguindo-se a compresso de ambos atravs de rolos de impren-sa.O papel absorve assim a tinta dos sulcos, produzindo-se umaimpresso invertida do design realizado na chapa.O desenho que aqui realizei com esta abordagem tcnica e tecnol-gicasempre em perspectiva, manteve a fidelidade ao princpio deexecuo que norteia esta modalidade de criao artstica e dei-xou-me efectivamente curioso e interessado na prossecuo deuma experincia em placa que penso que me poderia esclarecer al-gunsoutros efeitos que pude observar nas reprodues mas que dealguma forma no soube reproduzir atravs do uso da trama5. ConclusoCerca TrovaDetalhe no topo do fresco da Batalha de Marciano de Giorgio Va-sari,1563 (pintado sobre o fresco original de Leonardo, a Bata-lhade Anghiari)S quem procura, encontrar, EvangelhoDepois de algumas semanas de trabalho, pesquisa e justificao,sem me alargar noutras concluses seno a mais humilde e verda-deiraa que consegui chegar: S quem procura, poder encontrarA assero , de longe, pouco pacfica. Pablo Picasso afirmava porexemplo Eu no procuro, encontro e quantos no so os que emtodas as reas do Saber se encontraram fortuitamente, por obra dasorte ou destino, com as solues que nem sabiam procurar.Contudo, e seguindo o raciocnio de Vasari, Cerca Trova, no de-senhoefectivamente as coisas funcionam assim.O Desenho uma das grandes formas e instrumentos do pensar.um pensar com o corpo, com a mo, com o olhar.Nesta obra que decidi intitular como o Sonho de Nia confessoque pela primeira vez, circunstancialmente, procurei conhecer Gi-ovanniBatista Piranesi. No sei se o encontrei completamente,mas confesso que senti como nunca a inquietao que as raras pre-ciosidadesdespertam... um no conseguir ou saber ficar indife-renteao apelo daquele mundo vagamente mimtico.... Mas em simultneo hermtico, magntico, misterioso e ao mes-motempo, familiar... Humano...Cerca Trova!Nuno QuaresmaJaneiro de 2012BIBLIOGRAFIAMarani, Pietro C. (1996), Leonardo, Sociedade Editorial ElectaEspana S.A., Madrid.Janson, H. W. (1998), Histria da Arte, Fundao Calouste Gul-benkian,Lisboa.Galeria de Pintura do Rei D. Lus Instituto Portugus do Patri-mnioArquitectnico e Arqueolgico, (1993), Giovani Battista Pi-ranesi Invenes, Caprichos, Arquitecturas 1720/1778, Secreta-riade Estado da Cultura, Lisboa.Pereirinha, T. (2011), A vida misteriosa de da Vinci, in Revista S-bado,n. 392 (p. 44-54), Grupo Cofina Media SGPS, S.A., Lisboa.Nuno Quaresma (1975, Lisboa)Artista Plstico, Ilustrador, Designer (Fundao Salesianos), Edu-cadorpela Arte (Fundao afid Diferena entre 1998 e 2010, Ofi-cinasde S. Jos entre 2010 e 2012 e POP- Projeto Oficina de Pintu-raainda em funcionamento) com Projeto de EmpreendedorismoSocial e Artstico filiado no grupo de Autores AKA Arte e no Cole-tivode Artesos intitulado Tailored.Vogal Suplente para o Conselho Fiscal da ANACED - AssociaoNacional de Arte e Criatividade de e para Pessoas com Deficin-ciacom uma participao voluntria e no remunerada na cons-truode um Projeto Social e Cultural que h mais de 20 anos quecuida, respeita e defende Autores com Necessidades Especiais e asua Obra no contexto da Cultura e auto representao cvica e so-cial.- Meno Honrosa em Pintura, Prmio Professor Reynaldo dosSantos - Arte Jovem 1997- Meno Honrosa em Pintura, Prmio de Pintura e Escultura -D. Fernando II 6 edio - 2002- Meno Honrosa em Pintura, Prmio de Pintura e Escultura Artur Bual, 3 edio 2007Web:www.behance.net/NunoQuaresmapt.linkedin.com/in/nunoquaresma 15. 13Um comboio chamado desejo ou o Amor tambm se encontraa 120km por hora diferente da verso que provavelmente co-nheces Um eltrico chamado Desejo - A Streetcar Na-medDesire, de Elia Kazan com Marlon Brando e Vivien Le-igh,de 1951.Nesta minha, improvisada entre as escalas dos autocarrosfrente aos Prazeres (onde curiosamente passam muitos el-tricos:), oscila entre a profundidade e a superficialidade, en-treo Amor, o verdadeiro, e a lascvia entre o importante e orelativizvel.No tenciono extrair daqui generalizaes ou frmulas. Falodisto porque a verdade. J me aconteceu; encontrar o amora 120km hora.A esta velocidade, se espirras, andas aproximadamente 30metros com os olhos fechados, entregue ao destino, sem cons-cinciaou controle sobre o que se passa em frente dos teusolhos.So 30 metros s escuras.Procurar amar a 120 Km hora como dar um salto de f nu-mafurna escura de onde o mar se percebe apenas a sua voz echeiro. E de repente, bater na gua com fora, tocar com osps na areia e abrir os olhos para uma superfcie em eferves-cncia.Encontrar o amor assim deixa marca, entre a dor e o prazer,e pouco tempo ou espao para escolhas.Num amor encontrado assim, h um misto de religiosidade etrauma.UM COMBOIOCHAMADODESEJO 16. 14 um acontecimento escala planetria, como uma coliso,na fora da trajetria, entre Vnus e Marte.Contudo, se aprecias as viagens de comboio, sabes que estavelocidade desenfreada sentida num estado de relativaimobilidade. Vive-se, alis, viaja-se no maior dos confortos etranquilidade mas, infelizmente, tristemente ss.Quando damos conta, neste comboio chamado desejo, quan-doacordas da torpeza desse sono de viajante, ests apenass.Olha! Parece que estou a chegar estao!Espreito pela janela e vejo as paredes azuis de uma luz mes-cladaque s conheo de Lisboa.Mais um bocadinho e estou tua porta!Por essa estrada, nessa rua, tua portaViajo num comboio chamado Desejo mas tu s a minhaCasa 17. Desenhar como quem respira, naturalmente ou compulsiva-mente, para muitos uma funo orgnica.A prpria fisionomia e fisiologia concorrem para esta ativi-daderegular do Corpo, da Mo, da Mente, na sua relaocom o Mundo e com o Prximo.Eu pessoalmente sou um apologista do respeito pela Diferen-a,num mundo de Iguais.Acolho a normalizao apenas na medida da sua pertinn-ciae utilidade no servio Justia, Liberdades e Igualdade.Nas coisas grandes entendo realmente o valor da norma. Umfarol para quem navega vista.Tudo o resto aprecio fora dos intevalos estritos das normas,cnones, regras... Fascina-me o que feito medida de cadaum, com os cuidados e mimos que cada Corpo e Mente preci-sam.Encanta-me a simpatia de quem consegue realmente olharpara dentro da pessoa que est sua frente...Comove-me quem o faz com o respeito e reverncia de quemcontempla o sagrado, e a coragem da empatia de se colocarno seu lugar.Encantam-me as Costureiras e Alfaiates :)Os "Tailored" so feitos para Mulheres e Homens assim.Os blocos de desenhos so extenses do seu corpo; h queconstruir sketchbooks que se ajustem personalizadamente,como luvas, jeans, sapatos, jaquetas ou outros acessrios as-sim.O Tailored feito mo, todo cosidinho, s para ti! diferente nas medidas, tcnicas, por vezes no construtor.A norma a predileo pela reciclagem, a qualidade e resis-tnciado papel, capa e costuras e a garantia de que ters umcaderno para a vida."Lifetime Sketchbooks"!Para Artistas a Srio ;)15Tailored for Feito medida deOlha para trsOlha l!Quando era gaiato, distrado, a nave-garna gndola dos meus sonhos, go-tas,sementes, ensaiava o ofcio de ho-jesem me lembrar sequer de olhar pa-rao lado.Era ali e naquele momento, como ho-je,aqui e agora: o poder da Criativi-dade!No olho muito para trs; as vezes ne-cessrias.Olho para a frente, para o horizonte,para os ps, para ver a medida a queestou do cho, e penso no qu, comonunca, com uma hora de atraso e minha volta, quando regresso, no sev j ningum na rua.Tailored fazer hora certa, na medi-dacerta, a contemplar tudo o que est volta.Tailored cozer os retalhos soltos, osdesejos que ficaram por cumprirTailored trabalho individual, traba-lhocoletivo, uma construo feita desolidariedade, colegialidade, amiza-de!...at conjugabilidade :)Tailored Crena no Mundo e nos Ou-tros!Produzimos cadernos tipo sketchbo-ok,cozidos mo, personalizados, fe-itos medida e para durar.Mas todas as outras modalidades decriao artstica e cultural so bommote para a transgresso, transcen-dncia,irreverncia.O nosso negcio a construo de ca-dernosde excelncia, mas no hesitesem contatar-nos para ilustrao, de-sign,micro &social branding e orga-nizaode eventos e mostras em ArtesPlsticas.Faz-mo-lo com gosto!... tailored foryou! 18. O que pode um homem simples dizerou fazer no Mundo agora?No sou, semelhana da maioria doshomens e mulheres dos nossos tempos,especialista em economia ou finan-as,mas como comum entre comunssinto hoje mais desconfiana e receioem relao ao futuro.Pelo menos em relao a este futuro, adois tempos, em que alguns enrique-ceme muitos empobrecem.No penso assim por despotismo.Passo a vida a desejar o melhor paraquem o procura, para quem luta pormais e melhor.Alegra-me a viso da abundncia noregao de quem for.Celebro a fertilidade por si s e regaloos olhos quando vejo a Terra cheia detudo e do bom.Por isso no consigo deixar de inda-garporque que neste Mundo onde hexcesso e abundncia de tudo, vemosfome, desemprego, doena, desprote- o n a s a d e e n a v e l h i c e ?Porque que pagam os homens e as mu-lheresdo nosso tempo os caprichos dadoutrina do Capitalismo desenfrea-do?Porque malha o peso da quimera do lu-cropelo lucro sobre a nica procuraque deveria nortear o Homem: a cons-truodo Humano?Porque permitimos ns, comunidadesde Gente, que outros mais cegos ou fe-brispela abundncia, nos enterrem eesmaguem pela sua ganncia, obses-soe controlo?E quem regula este capital que nos re-gula?A quem pertence a responsabilidadede lutar, nas formas pacficas que aresponsabilidade tambm obriga, con-traesta falta de empatia, piedade, ra-cionalidade?Quem tapa a boca a esta criatura vo-raz?Hoje pinto para lhe tapar a boca.Amanh, quando tiver um negcio, se-reintegro, justo e regulado para lhetapar a boca.Amanh, talvez lhe d com um pau,bem me apetecia s para que a suagoela mngue e o seu apetite se miti-guesem que lhe no falte po para aboca.N.Q.MAISNO16 19. 17 20. Serve para qu?Se, por um lado, os poderes do homem, o animal sbio, nosenchem de admirao, por outro lado, no podemos deixarde nos espantar com a lentido da sua aprendizagem. E o ma-iorde todos os obstculos a essa aprendizagem a quantida-dede aprendizagem acumulada que com as suas iluses deconhecimento ele foi juntadoIn os Pensadores captulo 21 Francis Bacon e a visodos velhos dolos e dos novos domnios, de Daniel J. Boors-tin.Sinto-me assim, num novo renascimento da conscincia deque o que sei atrapalha mais o que desejo saber, e queno posso escapar dessa condio animal, orgnica, que meliga ao Real e s Coisas.Sou um homem e sinto, comovo-me, amo, odeio, alegro-me,zango-me, sinto prazer, dor, desconforto, comicho, ccegas.No sou apenas este corpo, em transformao, em constanterecurso, reconstruo autopoitica, mas dele dependo paraa perceo e interao com o que me rodeia.Pois o que me acontece que aps 39 anos de acumulao deinformao, no meio de tanta sensao, intuio e emoo,j com dificuldade que me consigo posicionar para ver comclarividncia o Universo minha volta.Quem sou, de onde venho, para onde vou?Alis, j me custa at pensar nestas questes do de onde vi-mos,para onde vamos, quem somos.Em verdade, as questes j nem me aparecem como por-qusmas antes como um simples para que serve?Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Conscin-cia?Hoje, no meio de uma tarde prazenteira, ensolarada, brincono jardim com os meus Filhos e s amide me distraio, das su-asgargalhadas e tropelias, pela brisa temperada que me pas-sapelos cabelos. um estado de graa que agradeo a Deus, aos Deuses, aoCosmos.Por cima de mim navegam nuvens enormes, voluptuosas,num lento vrtice que me d a sensao que antes a Terraque se move.E o azul enche-me. E a sua luz enche os meus Filhos de Sol, enos seus sorrisos sinto sade, vejo o Amor e as promessas dofuturo.Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Conscin-cia?O meu Pai tem andado doente, o pecnio que recebo pela mi-nhaprestao no trabalho no me chega para pagar as con-tase o desemprego ameaa ou afeta metade dos meus Ami-gos.O tempo mngua de tal forma que j quase no consigo pin-tar.E o Mundo ainda est cheio de fome, doena, injustia eguerra.Para que servem afinal o Saber, a Sabedoria e a Conscin-cia?Paro.Paro por um bocado.Olho para todo este fluxo imparvel, incomensurvel de in-formaoque se me atravessa pela frente e procuro desper-tar.Acordo e paro e fico s atento, a olhar, a ouvir, a sentir, a chei-rarParo e despojo-me das vestes, andrajos, com que me tenho en-feitadoServem a minha liberdade, serve a liberdade dos meus Meni-nos.Servem o meu desejo de viver.Servem a minha felicidade.Servem a minha ligao ao Real, ao Mundo e ao Outro, semsubverses ou subjugao.Servem-me de coragem para esvaziar o copo quando preci-so,para abrir as janelas da mente, para que a alma se me nocristalize ou coagule, no pare nem no tempo nem no espao.Ao mesmo tempo, no servem para nada por isso as procu-ro,as escolho.NQ, Abril 201418 21. 15 CntimosTrs moedas pretas e finas dentro da minha carteira furada;ser a sua cr um eufemismo para o seu valor, ou tento igno-rarque no terei hiptese neste mundo to irreal quanto desi-gual?Votado ao insucesso, no apanharei boleia de avio algum;no verei terras distantes, no comprarei um gelado, nemoferecerei rosas.Sou moldado pelo silncio numa caminhada sem destino; ummovimento de sobrevivncia apenas aparentemente articu-lado.A vida colorida e criativa escorre-me pelos poros, mas o Mun-dos quer ver suor e sangue.Pegarei ento nas minhas lgrimas e com elas encherei umoceano; arrancarei as minhas veias e com elas farei fortescordas; a minha pele servir de graciosas velas e com os me-usossos construirei um robusto navio.Poderei ser destino e justificao, capito sem tripulao,mas nunca serei rapaz sem corao.Zarparei em direco ao Sol, esse que a todos ilumina porigual, sem distino de cr, forma, destino.Aqui, no encontro nada para mim, a no ser um mundo detrocas, de interaces desequilibradas. Por lhe sermos per-tena,nada podemos dar ao nosso criador; esse no devercontudo ser motivo de impedimento para questionar, imagi-nar,criar.Entretenham-se nas vossas danas desenfreadas, nestes cor-posque nos escapam a todos, enquanto embarcarei na pe-numbrada noite;escrevo o meu nome na campa da minha finitude com a mi-nhavivncia.Hugo Alexandre, Setembro de 2014Distriburam-se os sonhos em classes: afinal, haveria a ne-cessidadede haver uns mais iguais que outros. Assim, unsconstruiriam castelos, carregando as pedras uma a uma; ou-trosesperariam na janela por notcias, envoltos em delica-dassedas.Para desastre dos homens de paixes, as mulheres mais boni-tasnem sempre se encontrariam nas torres; objectos brilhan-testoldariam a sua razo, a geografia sua nascena desti-nariaas suas probabilidades e estariam amaldioados aacreditar que o seu Deus deveria ser o nico a tudo explicar,logo a existir.A propriedade raras vezes estaria associada sensatez; ter querer manter e expandir. Sabendo que o tempo um bemno recupervel s uma estirpe gastar tempo em tal campa-nha:chamar-lhe- investimento e nomear-se- lder.O poder disfara-se ento de autoridade que tudo tenta con-trolarmas que nada se esfora por intimamente compreen-der.Vidas ao servio da moeda e da coroa: oportunidades des-perdiadas,estilhaos de sensatez; os tolos batem palmas en-quantoaguardam por migalhas.As fronteiras j no requerem espadas, agora usam-se cane-tas.As igualdades ilusrias amenizam as lutas internas; aposse paradoxalmente serena as externas.Quem revolucionar o mundo, confortvel em sofs de ce-tim?Hugo Alexandre, Setembro de 2014MOVE19PARAONDE 22. 20 Psicoterapeuta, Formadora, Organiza-o,Moderao e Concretizao do 1Congresso Internacional de Anorexia eBulimia, em Portugal :http://ciab.institutotaniaestrada.pthttp://www.institutotaniaestrada.ptEspecialidade de Anorexia e Bulimia.Estudos de investigao do metabolismoda Seratonina nos casos de Anorexia eBulimia. Estudos de desenvolvimentodo Teste de Rorschach no Sndrome deBranca de Neve. Coordenao Pedag-gica.O Instituto Tania Estrada, tem dinami-zadovrias especialidades na rea daSade Pblica e Privada, promovendo oconceito "Ser Tcnico da Sade" e "SerPessoa". uma forma de marcar a dife-renaencontrando um brilho pessoal,com resultados positivos na proximida-decom Utentes e Clientes. Construir aauto-estima na Investigao da SadeMental dos casos de Anorexia, Bulimiae outras doenas do Comportamento ali-mentare assim expandir a noo das su-asprprias possibilidades.Prmio de Estudo Cientfico Dr. San-draTorres, Prmio Jornalistico - Tere-saBotelheiro - Reencontro no Espelho.Capacitacin y Desarrollo Profesio-nal,Educacin por el arte, Capacita-ciny Desarrollo Profesional, Pedago-ga,Formadora de Gesto de RecursosHumanos, Consultora Independente,Gesto de Talentos e Recursos, Gestode Carreiras, Professora de Investiga-ode temas como Anorexia e Bulimia(Universidade Lusfona), RecursosHumanos em diversas organizaesnacionais e internacionais. 23. 21


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