TÍTULO
Facetas: lentes de contato e fragmentos cerâmicos
1a Edição, 2015
Editora Ponto Ltda.
ISBN: 978-85-60023-11-0
AUTORES
Paula de Carvalho Cardoso & Rafael Decurcio
DESIGNER GRÁFICO
Emmanuel Fontes
REVISOR
Giovanni Secco
Este livro é uma publicação da Editora Ponto Ltda., Rua Vila Kinczeski, 23, Centro,
Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, CEP 88020-450.
Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida sem a permissão prévia do Editor.
MAIS INFORMAÇÕES:
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@EditoraPonto
(55 48) 3223 9150
0800 704 4018
C268f Cardoso, Paula Facetas: lentes de contato e fragmentos cerâmicos / Paula Cardoso; Rafael Decurcio. Florianópolis: Editora Ponto, 2015. 568p.; il.
ISBN: 978-85-60023-11-0
1. Facetas dentárias. 2. Cimentação. 3. Lentes de contato. 4. Cerâmica. I. Decurcio, Rafael. II. Título. CDU 616.314
Catalogação na fonte por: Vera Ingrid Hobold Sovernigo CRB-14/009
PAULA DE CARVALHO CARDOSO
Doutora em Dentística Restauradora / UFSC
Mestre em Dentística Restauradora / UFSC
Especialista em Dentística / HRAC-USP
Professora do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Coordenadora do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um
Protocolo Previsível”/ ABO-GO
RAFAEL DE ALMEIDA DECURCIO
Mestre em Reabilitação Oral / UFU
Especialista em Periodontia / ABO-GO
Professor do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professor do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um
Protocolo Previsível”/ ABO-GO
WILMAR PORFÍRIO DE OLIVEIRACeramista e Sócio-Proprietário do Laboratório Wilmar Porfírio Dental Lab
Professor do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professor do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um Protocolo Previsível” / ABO-GO
MARCUS VINÍCIUS N. M. DOS R. PERILLO DE FREITASEspecialista em Dentística Restauradora / ABO-GO
Professor do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professor do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um Protocolo Previsível” / ABO-GO
TERENCE ROMANO TEIXEIRAEspecialista em Dentística Restauradora / ABO-GO
Especialista em Periodontia / Uberlândia
Especialista em Implantodontia / Uberlândia
Professor do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professor do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um Protocolo Previsível” / ABO-GO
coautores
ANA PAULA RODRIGUES DE MAGALHÃESMestre em Clínica Odontológica / Faculdade de Odontologia / UFG
Especialista em Dentística / ABO-GO
Professora Adjunta da Disciplina de Dentística Restauradora / UNIP-GO
Professora do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professora do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um Protocolo Previsível” / ABO-GO
LÚCIO JOSÉ ELIAS MONTEIROMestre em Dentística / SLM-Campinas-SP
Professor do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professor do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um Protocolo Previsível” / ABO-GO
PEDRO LUÍS ALVES DE LIMAEspecialista em Dentística Restauradora / ABO-GO
Professor Assistente do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professor Assistente do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um Protocolo Previsível” / ABO-GO
ALTAMIRO FLÁVIO RIBEIRO PACHECOEspecialista em Prótese Dentária / UFU
Professor do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Membro credenciado da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE)
AMIN DE MACEDO MAMEDE SULAIMENProfessor do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professor Assistente do Grupo ImplantePerio / ABO-GO
Especialista em Periodontia e Implantodontia / ABO -GO
Mestre em Implantodontia / SLMandic
GUIDO CIRILO FERREIRAEspecialista em Dentística Restauradora / ABO-GO
Professor Assistente do Curso de Especialização em Dentística / ABO-GO
Professor Assistente do Curso “Facetas Cerâmicas – Construindo um Protocolo Previsível” / ABO-GO
JOÃO CHRISTOVÃO PALMIERI FILHOMestre em Prótese Dentária / UnB
Especialista em Implantodontia / ABO-DF
Especialista em Diagnóstico e Reabilitação Oclusal
/ Clínica DATO - Buenos Aires
coautores
ANDREA MELODoutoranda em Dentística Restauradora / UERJ
Mestre em Ciências dos Materiais / IME
Especialista em Prótese Dental / UVA
Pós-Graduação em Periodontia / OCEX
FERNANDA G. V. PALHARES SAKEMIEspecialista em Dentística
Professora do Curso de Especialização em
Dentística / ABO-Uberlândia-MG
JULIANA ROMANELLIEspecialista em Ortodontia e Ortopedia Facial / UNICASTELO
Mestre em Prótese Bucomaxilofacial / FO-USP
Professora Assistente nos Cursos de Excelência em
Perioimplantodontia / Instituto ImplantePerio
CRISTIANO SOARESTécnico em Prótese Dentária / Integração-Campinas-SP
Sócio-Proprietário do Laboratório de “Prótese J. Soares”, responsável pelo setor
de trabalhos personalizados / Campinas-SP
Ceramista da Clínica Privada do Prof. Dr. Eric Van Dooren / Antuérpia-Bélgica
Coautor do livro “A Busca da Excelência Estética”, Editora Napoleão
Coautor do livro Internacional anual QDT anos 2014 e 2015, Editora Quintessence
JULIANA NUNES ROLLADoutora em Dentística / UFSC
Mestre em Dentística / PUC-RS
Professora Adjunta de Dentística / UFRGS
Professora do Curso de Especialização em Dentística / UFRGS
JÚNIO S. ALMEIDA E SILVADoutor em Dentística / UFSC
Mestre em Dentística / UFSC
Especialista em Dentística / UFSC
Pesquisador-Visitante do Departamento de Prótese /
Ludwig-Maximilians Universität, Munique, Alemanha
LUCIANO REIS GONÇALVESEspecialista em Periodontia / USP-Bauru
Especialista em Implantodontia / UNESP-Araçatuba
Especialista em Prótese Dentária / Funorte-Goiânia
RENATA GONDO MACHADODoutora em Dentística Restauradora / UFSC
Mestre em Dentística Restauradora / UFSC
Especialista em Dentística Restauradora / UFSC
Professora Adjunta de Dentística Restauradora / UFSC
JUSSARA BERNARDONDoutora em Dentística / UFSC
Mestre em Dentística / UFSC
Professora de Dentística / UFSC
Professora de Pós-Graduação - Mestrado e Doutorado / UFSC
VICTOR CLAVIJODoutor em Dentística Restauradora / UNESP-Araraquara
Mestre em Dentística Restauradora / UNESP-Araraquara
Especialista em Dentística Restauradora / UNESP-Araraquara
Especialista em Implantodontia / SENAC-SP
MAX SCHMELINGDoutor em Dentística Restauradora / UFSC
Mestre em Dentística Restauradora / UFSC
Revisor dos periódicos Operative Dentistry - EUA,
Journal of Dentistry - UK e Odontology - Japão
LEANDRO DE CARVALHO CARDOSODoutor em CTBMF / UNESP-Araçatuba
Mestre em CTBMF / UNESP-Araçatuba
Especialista em CTBMF / CFO
Especialista em Implantodontia / APCD-Araçatuba
O Brasil não é “grande” por conta do seu imenso território, e sim por conta do seu
povo (mesmo que muitos queiram nos fazer acreditar no contrário). O Rafael, a Paula e
todos os colaboradores deste maravilhoso livro que tenho a honra de lhes apresentar
são mais uma prova cabal daquilo em que acredito e que desde há muitos anos venho
afirmando. O povo é a maior riqueza de qualquer país, e isso não é diferente em relação
ao nosso. Conheci a Paula, lá se vão mais de 10 anos, durante uma jornada de odonto-
logia, quando ela ainda era estudante de graduação, na cidade de Anápolis, em Goiás,
Goiânia. Depois tive o privilégio de ser o seu professor durante os cursos de mestrado
e doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, onde leciono.
Diferentemente, conheci e me tornei amigo do Rafael não faz muito tempo, mesmo as-
sim, no fundo, tenho a impressão de que sempre nos conhecemos, tamanha é a nossa
afinidade e respeito mútuo. Tenho tido o prazer e a alegria de trabalhar com eles nos
cursos de Especialização em Dentística e em alguns módulos sobre facetas cerâmicas
na ABO de Goiás. Eles são mais uma prova de que sonhar é um direito de todos e de
que os sonhos não se autorrealizam. Eles só se tornam realidade pelo trabalho árduo,
persistente e paciente. É o trabalho que realiza os sonhos. Ao conseguir realizar mais
um dos seus sonhos, esse maravilhoso livro, a Paula, o Rafael e todo o grupo de pes-
soas que com eles trabalham se reafirmam, mais e mais, como ótimos exemplos para
milhares de jovens que querem construir, assim como eles o fazem, uma linda carreira
profissional. O livro, além de ter um texto atual, fácil de ser entendido e cientificamente
suportado, é fartamente ilustrado, com impecáveis fotografias. Os inúmeros casos clíni-
cos, otimamente documentados, revelam a vasta experiência dos autores e coautores
nesta área específica da odontologia. Realmente, um maravilhoso livro. Se você tem
alguma dúvida, sugiro que corra atentamente os seus olhos em cada página e depois o
leia, sem pressa. Tenho a certeza de que você irá concordar comigo e que também irá
sentir orgulho daquilo que eles, ainda tão jovens, foram capazes de produzir. Parabéns,
meus amigos. Tenho orgulho de vocês.
Luiz Narciso Baratieri
Paula Cardoso & Rafael Decurcio
Apesar de ser o primeiro a ser lido em livros, normalmente este capítulo é o último a ser escrito. Autores
focam as suas energias para as questões objetivas, científicas e técnicas, e, por vezes, deixam para selar a obra
com os devidos agradecimentos. Na esperança de não cometer o crime do esquecimento, sem categorizar por
ordem de importância ou participação, externamos a nossa sincera gratidão a todas as pessoas que fizeram
parte deste projeto literário, desde a sua concepção à edição. Além disso, gostaríamos de agradecer aos pre-
dicados, e não tão somente aos personagens.
Inicialmente e na impossibilidade de adjetivar, agradecemos a DEUS!
À CONFIANÇA. À todos os pacientes aqui apresentados e a todos os demais que nos ofertaram a sua
confiança e o sonho de mudança. Desde o primeiro curso clínico “Facetas Cerâmicas – Construindo um Proto-
colo Previsível”, os pacientes tornaram-se fundamentais para que conseguíssemos realizar este sonho inovador
e único nas nossas vidas.
À ABNEGAÇÃO. Representação mais que definitiva de pessoas como Tereza, Cleide, Wauner, Denise, Hen-
rique, Thiago, Maria, Jacyra, Ângela e por aí vai, agradecemos a TODOS os colaboradores que, abnegados,
suportaram os trabalhos desenvolvidos ao longo destes anos de atividades da Equipe de Dentística da ABO-GO.
À FIDELIDADE. Cleide Rocha e Katarina de Souza exemplificam a materialização do conceito. Não existe
dia, horário, dificuldade, volume de trabalho, humor... A fidelidade transcende as questões racionais. A elas
“missão dada é missão cumprida”.
À PRONTIDÃO. Sem hesitação, recebemos “sim” de todos os coautores que bloquearam várias horas do
seu ano de convívio com a família, amigos e lazer para dedicarem-se a colaborar com a realização deste projeto.
À MAGIA. Fontes materializou em páginas o que sonhamos como ideal.
À CUMPLICIDADE. Somando as características heterogêneas, nossa Equipe se une em cumplicidade,
total ausência de vaidades pessoais e um desejo incomparável pelo “bem realizar”. Lúcio Monteiro, Altamiro
Flávio, Marcus Vinícius Perillo, Terence Romano, Maria Geovânia, Ana Paula Magalhães, Guido Ferreira, Pedro
Lima, Amin Mamede e Alfeu Neto formam o grupo de autores cúmplices deste livro.
À AMIZADE. Relação iniciada pela busca do conhecimento, os nossos alunos e ex-alunos tornaram-se
grandes amigos, que contribuíram para o crescimento do processo ensino-aprendizagem e participaram ativa-
mente na construção de grandes casos clínicos e na transformação da vida de inúmeros pacientes.
À EXCELÊNCIA. Sendo a odontologia eminentemente tecnicista, em que a obediência ao protocolo e a
repetição de passos levam a resultados desejados, José Carlos Romanini, Murilo Calgaro, Leonardo Bocabella
e Cristiano Soares são pontos fora da curva brindando o livro com casos incríveis e incorporando inspiração e
naturalidade à odontologia tão técnica.
À PARCERIA. Daquelas que somente a vida pode oferecer, DUDU MEDEIROS tornou-se um parceiro-a-
migo, responsabilizando-se por muito do que foi realizado pela nossa Equipe nestes últimos anos. Neste livro,
muito mais que fotografar grande parte dos pacientes, presenteou-nos com experiência e uma visão da beleza
diferente do senso comum.
As fotografias realizadas por DUDU MEDEIROS são Cap. 2 - 1, 18, 20, 41; Cap. 5.2 - 9a, 9b, 9s, 9t, 9u, 11a, 11b, 11c, 11u, 11v; Cap. 5.3 - 1a, 1b, 1c, 1d, 7, 8; Cap. 5.4 - 4i; Cap. 6.1 - 3a, 3k, 3l, 4a, 4h, 4j, 6a, 6f, 6g; Cap. 12 - 23a, 23b, 26g, 26h, 26i, 26j, 26k; Cap. 15 - páginas 470-471, 474-475, 478-483, 486-487, 490-491, 494-495, 498-499, 502-503, 506-507.
Dedicamos um capítulo especial a Wilmar Porfírio.
Muito mais que prestador de serviço e representando uma equipe de mais de 40
colaboradores, Wilmar Porfírio tornou-se um grande companheiro, amigo e um dos gran-
des responsáveis pela realização deste livro.
Simples, humilde e um “caipira” nato, como ele mesmo se chama, Wilmar é um
gênio a serviço da odontologia estética. Por acaso do destino ou por conveniência inex-
plicável, ele ainda (tememos que jamais) será reconhecido por idealizar tecnicamente a in-
jeção cerâmica para confecção das “lentes de contato”. Mas não importa! Desprovido de
vaidades pessoais e de ambição desmedida, o gênio se contenta em realizar-se com os
resultados obtidos pelo trabalho da sua equipe e por ele próprio, pelos sorrisos captados
pelos clicks comparativos do “antes e depois” e por singelos e-mails de agradecimento.
É... Ele é assim!
Crédulo incondicional de nossas ideias e projetos, é um professor efetivo dos nos-
sos cursos, atuando com a simplicidade da sua personalidade e com a docência não
acadêmica, pautada na genialidade do que faz e do que é!
Wilmar Porfírio, estendemos os nossos mais sinceros agradecimentos a você, pela
realização da maioria dos casos aqui apresentados, pelo ensino despretensioso da sua
técnica, pela oportunidade de conviver com a sua espiritualidade elevada pela sua ma-
neira simples de ver e viver a vida!
Paula Cardoso & Rafael Decurcio
“Dedico esse livro aos meus pais Paulo e Lucienne, que me ensinaram a sonhar e me deram todo o suporte para meu crescimento pessoal e profissional; aos meus irmãos Paulene e Leandro, que sempre caminham ao meu lado; às minhas avós, pela experiên-cia transferida; aos meus filhos Leonardo e Bruno, que me fazem forte e me estimulam a ser melhor todos os dias; e ao meu amor, Rafael Decurcio, por segurar a minha mão de forma sublime sem desistir e com a certeza de que a felicidade é alcançável!”
PAULA DE CARVALHO CARDOSO
“Dedico este livro às minhas pequenas princesas, Rafaela e Giovana, que, um dia, entenderão a real importância do trabalho e dedicação como meio para a felicidade; aos meus irmãos, Paulo e Daniel, que jamais recusaram o apoio velado ou explícito; à mi-nha companheira e cúmplice, Paula Cardoso, que me ensinou o que somente os corações sabem; e, de forma especial, aos meus pais, Paulo e Wilma, pelo exemplo de retidão de caráter, pela exigência incondicional aos estudos, pelo exemplo de dedicação árdua ao trabalho e pelo amor maior do mundo.”
RAFAEL DECURCIO
Eis aqui o texto mais difícil de ser feito em toda a trajetória de produção do livro.
Todos os meses de trabalho e dedicação, os inúmeros levantamentos bibliográficos, as
centenas e centenas de horas de documentação fotográfica e todo o processo de dis-
sertação não são tão difíceis quanto expressar em palavras escritas a importância dele
nas nossas vidas.
Professor, Mestre, Orientador, Coordenador, Chefe, Dono, Referência, Amigo,
Companheiro, ou qualquer outra coisa que caiba, Baratieri é o nosso tudo! Responsável
direto e absoluto por tudo o que temos conquistado profissional e pessoalmente, desde
a sua presença nas nossas vidas.
Com uma orientação forte e uma sinceridade cortante, é capaz de comandar
com a força de um pai que ama como uma mãe. Decisões incompreensivas no hoje se
refletem em soluções lúcidas no amanhã com a mesma antevisão dos raros. Com uma
energia pueril assustadora estimula todos os que o cercam obrigando-nos sempre a ca-
minhar sem cogitar lamentações. Estamos seguros de que, se pudéssemos engarrafar
esse elixir, estaríamos milionários.
Mas não precisamos! Nem nós, nem ninguém que atua na odontologia estética.
Já somos bilionários pela ímpar oportunidade de conviver com ele e de poder usufruir de
todo o tesouro que produziu, produz e produzirá para o bem comum.
Baratieri.... a você, eternamente gratos, ofertamos a nossa fidelidade canina e a
nossa lealdade espartana!
WS Team forever!
Paula Cardoso & Rafael Decurcio
SEÇÃO I. INICIAL
CAPÍTULO 1. UMA NOVA ERA NA ODONTOLOGIA
CAPÍTULO 2. FUNDAMENTOS ESTÉTICOS
CAPÍTULO 3. SELEÇÃO E REPRODUÇÃO CROMÁTICA COM FACETAS
CERÂMICAS
CAPÍTULO 4. PLANEJAMENTO REABILITADOR ESTÉTICO
SEÇÃO II. PRÉVIA
CAPÍTULO 5. OTIMIZAÇÃO DOS RESULTADOS ESTÉTICOS E FUNCIONAIS
CAPÍTULO 5.1. O DIFERENCIAL DA ORTODONTIA COMO TRATAMENTO
PRÉVIO ÀS RESTAURAÇÕES COM FACETAS CERÂMICAS
CAPÍTULO 5.2. PLÁSTICA PERIODONTAL
CAPÍTULO 5.3. CLAREAMENTO DENTAL
CAPÍTULO 5.4. PLÁSTICA OCLUSAL
SEÇÃO III. EXECUÇÃO
CAPÍTULO 6. QUANTO AO TAMANHO
CAPÍTULO 6.1. PREPARO PARA FACETAS CERÂMICAS
CAPÍTULO 6.2. FRAGMENTOS CERÂMICOS
CAPÍTULO 7. SISTEMAS CERÂMICOS
CAPÍTULO 8. MOLDAGEM EM FACETAS CERÂMICAS - A ESSÊNCIA DA
COMUNICAÇÃO
CAPÍTULO 9. RESTAURAÇÕES PROVISÓRIAS EM FACETAS CERÂMICAS
SEÇÃO IV. CIMENTAÇÃO
CAPÍTULO 10. ADESÃO DENTAL
CAPÍTULO 11. CIMENTOS RESINOSOS
CAPÍTULO 12. CIMENTAÇÃO
SEÇÃO V. PROSERVAÇÃO
CAPÍTULO 13. MANUTENÇÃO
CAPÍTULO 14. FALHAS EM FACETAS CERÂMICAS
CAPÍTULO 15. ANTES E DEPOIS
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30
70
90
124
126
146
178
194
226
228
268
296
316
338
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372
388
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432
468
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Sistemas cerâmicos, cimentos resinosos, planejamento reabilitador, morfologia
dental, referências estéticas, adesão ou seja lá qual for outro subtema da odontologia
contemporânea a ser apresentado, estes serão sempre precedidos de um conceito ar-
raigado na humanidade: a Beleza!
As técnicas operatórias e o comportamento físico e óptico dos materiais têm sido
amplamente estudados na odontologia ao longo da sua história. Entretanto, como con-
ceituar de forma objetiva a Beleza? Como entender e fazer entender algo que, também
amplamente conceituado e reconceituado ao longo da história da humanidade, não é
tangível, tampouco gera unanimidade?
A diversidade em movimento do conceito de Beleza vem da era filosófica pré-so-
crátrica, com a forte associação matemática da beleza com formas e medidas precisas.
O Renascimento europeu, entre os séculos XIV e XVII, redescobriu o conceito de beleza
clássica, uma contraposição à Era Gótica, que conceituava que a beleza não divina era
pecaminosa e visceralmente rejeitada. Mais tarde, o Humanismo reedita o conceito de
Beleza e o aproxima novamente da harmonia matemática e da ordem analítica racional. Já
na Era Pós-Modernista, a beleza novamente foi rechaçada pelos filósofos, surgindo uma
era antiestética retratada nas formas artísticas de expressão. E hoje? Como conceituar-
mos a Beleza? E qual a real importância dos conceitos históricos e de tamanha diversida-
de filosófica em relação a um tema tão palpitante e sedutor? Talvez nenhuma importância
ou talvez total importância, dependendo do ponto de vista crítico. Se imaginarmos que
devemos pautar as nossas escolhas e decisões nos conceitos atuais, as variações fi-
losóficas históricas são inócuas. Entretanto, se pensarmos que o conceito de Beleza é
mutável e que as nossas escolhas de hoje podem refletir num amanhã insuportavelmente
feio e desagradável, a História filosófica nos auxilia a termos, no mínimo, parcimônia e
sensatez para decidir e atuar.
Neste início de século, especialmente nestes últimos 8 anos, a odontologia foi in-
fluenciada pela incessante busca social pela perfeição estética e tem criado uma nova e
perigosa era: a “Era dos Facetados”. As pessoas têm sido tratadas de forma padronizada
e digitalizada, mediante a promoção de resultados iguais para pessoas diferentes. A
idade, o gênero e as características físicas têm sido excluídos do processo avaliativo em
busca da facilidade no processo de execução dos tratamentos para alcançar a tão so-
nhada Perfeição Estética. Mas será que a sonhada Perfeição Estética deve sobrepor-se
à individualidade do ser humano?
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Mesmo diante de toda a mutação conceitual e filosófica da Beleza, devemos retroa-
gir e refletir sobre o conceito etimológico da palavra. Em grego, Beleza, ou Belo, significa
“hora” e está associada a determinado momento. Pode nortear não somente a prática
odontológica como também a visão de mundo: fazer-nos entender a beleza das cons-
truções à época em que foram feitas, a beleza de uma pequena vila interiorana que se
opõe à nossa urbanidade, à beleza atemporal das artes clássicas, a beleza de um sorriso
da idade que o possui, a beleza do branco e do amarelo. Etimologicamente, o Belo está
relacionado à sua hora, ao seu momento, à sua idade, ao seu gênero. A Beleza é a sua
individualidade, naquele momento.
Este livro tem por objetivo apresentar uma filosofia de trabalho baseada em proto-
colos clínicos estabelecidos e consagrados na literatura sobre facetas cerâmicas, mas,
sobretudo, em como individualizar o planejamento e a execução de uma reabilitação
estético-funcional sem ferir a indicação precisa, promovendo a conjunção do desejo de
transformação e da ética e decência profissional.
fundamentos estéticosPaula de Carvalho Cardoso | Rafael Decurcio | Altamiro Flávio Pacheco
Ana Paula Rodrigues de Magalhães | Marcus Vinícius Perillo
32
A Odontologia sempre teve como princípio a promoção de saúde do indivíduo e o
respeito biológico dos tratamentos propostos, transmitindo cuidados físicos e atingindo
resultados eminentemente fisiológicos. Com a evolução técnica e os avanços tecno-
lógicos, passou também a cuidar de aspectos psicológicos, através de reabilitações
estéticas, ou seja, a capacidade de restabelecer um sorriso de forma fisiológica com
respeito biológico, que se adapte ao estilo de vida do paciente, ao seu trabalho e à sua
posição social, realçando as suas características estéticas positivas.13 Observando essa
mão dupla de intenções, é imperativo que se sedimente que padrões estéticos devem
estar fundamentados, em primeiro lugar, em fatores ligados à saúde individual. Para tanto,
um correto planejamento reabilitador torna-se fundamental.
Diante da importância do sorriso e da complexidade da avaliação,53 alguns parâme-
tros como referências faciais, dentolabiais, gengivais e dentais são de extrema importân-
cia na identificação e no registro de todos os dados necessários para otimizar a aparência
estética da reabilitação protética.21,54
Dessa forma, com foco na harmonia entre a face e os componentes de tecidos
moles e duros da cavidade oral,21 torna-se necessária a criação de um modo facilitador
para a visualização de cada caso. A análise individualizada do paciente, baseada em refe-
rências estéticas ideais, que busca a obtenção de parâmetros objetivos para a execução
dos tratamentos estéticos, oportuniza a universalização do conhecimento para a tarefa
mais difícil da Odontologia Estética, o planejamento.
LINHAS DE REFERÊNCIA DA FACE
Fradeani22 descreveu os tópicos de análise facial que devem ser abordados para
cada paciente nos casos de reabilitação oral. Segundo o autor, linhas de referência hori-
zontais, linhas de referência verticais e proporções faciais devem ser levadas em consi-
deração como ponto de partida nos planejamentos estéticos.
As fotos extraorais são usadas nesse momento da análise facial, e o correto posicio-
namento do paciente é essencial para a confecção do planejamento digital (ver cap. 4).22
Dentro dos parâmetros, as principais linhas horizontais e verticais são: (Fig. 1b)
1. linha horizontal interpupilar (passa pelas duas pupilas);
2. linha horizontal da comissura labial (passa pelas comissuras labiais);
3. linha horizontal ofríaca (passa pelas duas sobrancelhas);
4. linha vertical média (centro do lábio superior);
5. linhas verticais da asa do nariz (linha que tangencia a asa do nariz); e
6. linha horizontal da borda incisal.
Linhas referenciais horizontais são usadas para analisar-se o paralelismo entre as
estruturas. A literatura é unânime em relação à importância de paralelismo entre linhas
horizontais da face, tais como interpupilar, ofríaca e comissura labial.14,62 Frequentemente,
essas são referências utilizadas para orientar o plano incisal, o plano oclusal e o contorno
gengival.22
AN
ÁLIS
E F
AC
IAL
33
Existe uma correlação estatisticamente significativa entre a linha interpupilar e a borda incisal dos incisivos centrais
superiores, independentemente do sexo.1 Estudo de Malafaia et al.45 registra que 70,59% da população estudada de-
monstrou paralelismo entre as linhas descritas.
Em situações em que a linha interpupilar e a linha da comissura são paralelas entre si, mas divergem do plano hori-
zontal, ainda sim poderão orientar uma reabilitação protética.22
A linha média facial é determinada pelos seguintes pontos de referência: glabela, a ponta do nariz, o filtro labial e
a ponta do mento (Fig. 2). A linha média é perpendicular à linha interpupilar e forma um “T”.48 Essa intersecção da linha
Figura 1a.
Figura 1b.
Figura 1. Fotografia frontal da paciente sorrindo (a) e a mesma fotografia com os traçados das linhas horizontais e verticais (b).
Figura 2. Fotografia frontal da paciente sorrindo com a marcação dos pontos (a) que guiam a demarcação da linha média facial (b): glabela, ponta do nariz, filtro labial e mento.
Figura 2a.
Figura 2b.
72
As facetas cerâmicas foram introduzidas na Odontologia em 1930 para solucionar
problemas estéticos de atores e atrizes durante filmagens em Hollywood.38 Naquele mo-
mento, de forma inextricável, também ocorreram as primeiras tentativas de reprodução da
cor dos dentes. Era o início da odontologia estética.
Após quase um século, profissionais de diversas especialidades realizam o procedi-
mento de seleção e reprodução cromática – por técnica direta ou indireta – sem fórmula
que lhes garanta total previsibilidade. Por esse motivo muitos autores relacionam os trata-
mentos estéticos com obras de arte, ao invés de relacioná-los com a ciência.
Entretanto, com base em evidências científicas, apresentamos neste capítulo infor-
mações que visam a tornar o procedimento cromático mais previsível, mediante os con-
ceitos fundamentais da cor, as características ópticas dos dentes naturais e os principais
métodos de avaliação cromática utilizados na Odontologia. Na parte final da leitura, as
principais informações referentes à reprodução da cor dos dentes com facetas cerâmi-
cas serão descritas, e os principais meios de comunicação com o ceramista serão apre-
sentados, para nortear o clínico na execução desse importante procedimento.
Para haver cor, são necessárias a presença e a interação de três fatores fundamen-
tais: a fonte de luz, o objeto e o observador (Fig. 1). Após ser emitida por uma fonte e
incidir num objeto, a energia luminosa poderá ser refletida ou transmitida em direção aos
olhos do observador, responsáveis pela captação e pela transformação dessa energia
física em impulsos nervosos, que serão interpretados pelo cérebro como uma sensação
cromática. A necessidade de interpretação cerebral, porém, confere ao método visual de
observação um caráter subjetivo, mesmo diante da padronização da fonte de luz e do
objeto.8
A F
ÍSIC
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CO
RIN
TR
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ÃO
Figura 1.
Figura 1. Fonte de luz, objeto e observador.
73
A F
ON
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DE
LU
Z A luz é uma forma de energia eletromagnética, diferenciada das ondas de rádio ou
das micro-ondas, através do comprimento de onda (Fig. 2). Embora o olho humano seja
continuamente exposto a todos os comprimentos de onda presentes no campo eletro-
magnético, somente uma pequena faixa, entre 380 nm e 700 nm (nanômetros), chamada
“espectro visível”, é capaz de estimular as células fotossensíveis presentes na retina e
desencadear o processo de percepção das cores.35 A luz solar, também chamada de luz
natural ou luz branca, contém todas as cores, como ficou comprovado por Isaac New-
ton, em 1730, quando dissociou um feixe de luz branca em sete cores visíveis, através
da incidência num prisma. Essa qualidade luminosa desempenha papel fundamental na
ciência das cores e, por esse motivo, deve ser considerada a primeira opção nos pro-
cedimentos cromáticos. Quando isso não for possível, é extremamente recomendável
utilizar lâmpadas que simulem a iluminação natural em condições atmosféricas ideais. De
acordo com a Comissão Internacional de Iluminantes (CIE, Commission Internationale de
L’eclairage), existem diversas fontes de luz, e cada qual apresenta sua temperatura de cor
característica, descrita em graus kelvin (K). Todavia, os iluminantes com temperatura de
2.856 k (“padrão A”) e de 6.500 k (“padrão D”) são os mais encontrados nos supermer-
cados e nas lojas especializadas, considerados fontes básicas (Fig. 3).11 Os iluminantes
“padrão A” apresentam tendência cromática amarelada, que se assemelha à chama de
Figura 3.
Figura 2.
Figura 2. Espectro visível do campo eletromagnético.
Figura 3. Iluminante padrão A (2.856 K) e iluminante padrão D (6.500 K).
planejamento reabilitador estéticoPaula de Carvalho Cardoso | Rafael de Almeida Decurcio | Ana Paula Magalhães | Marcus Vinícius Perillo
92
A odontologia restauradora contemporânea tem sido exigida cada vez mais por resul-
tados amplos e integrados, e não por tratamentos individualizados de elementos dentais.
Seja por informações gerais, seja por imposição social, os pacientes almejam resultados
tanto esteticamente agradáveis e naturais quanto fisiológica e mecanicamente sadios. As-
sumindo um papel protagonista, a terapia clareadora, os processos de adesão e as res-
taurações com facetas cerâmicas têm aberto as portas a uma variedade de tratamentos
dentários que melhoram a aparência, geralmente revertendo sinais de envelhecimento
e ofertando previsibilidade e longevidade às reabilitações estético-funcionais. Entender
a expectativa dos pacientes é crítico para que o cirurgião-dentista desenvolva um plano
de tratamento que não seja apenas saudável para os tecidos dentários mas também
esteticamente satisfatório. Geralmente, pacientes podem não ser capazes de identificar
as suas necessidades em mais do que frases curtas, nas quais estabelecem as suas
queixas principais. Dessa forma, o clínico deve decidir quando essas expectativas podem
ser correspondidas.3 Os procedimentos descritos a seguir são ferramentas que guiam um
planejamento que visa obter resultados acurados e previsíveis em dentística e reabilitação.
Com o advento da fotografia digital o cirurgião-dentista adquiriu um novo método
de comunicar-se com o paciente e de demonstrar todas as condições diagnosticadas
por meio de imagens, imediatamente após a sua obtenção. Mais além, com essas ima-
gens tornou-se possível mostrar também opções de tratamento que antes eram apenas
explicadas ou, talvez, exemplificadas com casos de outros pacientes.19 Agora é possível
mostrar em poucos minutos, na foto do próprio paciente, por exemplo, uma previsão de
resultados de clareamento dentário, alongar ou encurtar os dentes, demonstrar os possí-
veis resultados que seriam obtidos com ortodontia ou facetas cerâmicas.8
Recentemente, o planejamento digital tornou-se uma ferramenta importante para
apresentar aos pacientes todas as possibilidades de tratamentos que podem ser reali-
zadas com base nas condições iniciais. Conhecimentos de princípios estéticos faciais e
dentários e de ferramentas tecnológicas digitais, como programas do tipo Power Point®
(Microsoft Office, Microsoft, EUA) e Keynote® (iWork, Apple Inc., EUA), permitem um pla-
nejamento de possíveis tratamentos com previsibilidade e segurança, além de possibi-
litarem a comunicação antecipada com o paciente e o laboratório de prótese a respeito
das possibilidades.8 (Fig. 1) É importante agregar ao planejamento estético uma análise
completa do paciente, desde a função até as suas expectativas subjetivas.5
Para um correto planejamento estético reabilitador é necessário integrar os con-
ceitos estéticos, de forma que seja possível obter harmonia da estética facial com a
composição dentofacial, que inclui lábios e sorriso, e com a composição dentária, que
se relaciona mais especificamente com o tamanho, a forma e a posição dos dentes e
a sua relação com o osso alveolar e tecido gengival.5 Os detalhes a serem observados
nessas análises foram apresentados no capítulo 2 deste livro, e aqui serão analisados
nas fotografias obtidas.
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O mundo moderno caminha ao encontro da rapidez e da praticidade, e as pessoas
buscam o máximo de informações no menor tempo. Nesse contexto, as imagens têm
papel primordial, por carregar informações preciosas e, sem palavras, transmiti-las em
conjunto com emoções e desejos. Uma boa imagem ou fotografia é capaz de levar a uma
reflexão mais profunda e a convencer mais rapidamente do que palavras, já que suprime
a análise verbal. Não somente utilizada como documentação profissional e segurança
jurídica, a fotografia tornou-se uma ferramenta indispensável em odontologia estética,
ao ofertar imagens que capturam a emoção instantânea e auxiliam o paciente a tomar
decisões.22
Aliada ao exame clínico-radiográfico e aos modelos de estudo, as fotografias de
face, dentolabiais e intraorais são auxiliares no diagnóstico e imprescindíveis na realização
de um plano de tratamento estético individualizado em diversas especialidades, inte-
grando forma, biologia e função. Pelo caráter estático, a imagem fotográfica permite uma
análise mais detalhada da face e do sorriso, e, mediante a sua ampliação, a visualização
de detalhes difíceis de ser vistos a olho nu. Dessa forma, constitui também um excelente
meio de comunicação com o paciente e com o laboratório de prótese, e fornece dados
como integração entre face, lábios, gengiva e dentes, além de dados de forma, cor (es-
calas), contorno e função. Tudo isso permite a execução mais primorosa de um trabalho
restaurador, com menor possibilidade de repetição. Além disso, o registro fotográfico
facilita a comparação “antes/depois” e a confecção de painéis científicos, de artigos e de
aulas, bem como a documentação de procedimentos, de materiais e de peças protéticas
e a observação minuciosa de dentes naturais.12, 20, 22, 24, 27
Figura 1.
Figura 1. Recursos digitais disponíveis para a realização do planejamento estético reabilitador digital. É possível desenvolver trabalhos de análise digital (KeyNote, Apple, USA) e obter dados importantes para o desenvolvimento do tratamento. Nesta foto, por exemplo, fica claro que o planejamento digitalizado do sorriso só possui validade de comprimento e largura dos incisivos centrais (em verde), pois estão bidimensionalmente posicionados de frente para o observador. Para todos os demais dentes (incisivos laterais e caninos – pontilhados), o traçado para comprimento possui validade/funcionalidade, entretanto para largura é simplesmente um complemento gráfico, sem validade, dada a rotação desses dentes dentro do arco, o que inviabiliza a exatidão da demonstração digitalizada.
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Juliana Romanelli
o diferencial da ortodontia como tratamento prévio às restaurações com facetas cerâmicas
128
Os tratamentos ortodônticos apresentam-se cada vez mais indispensáveis no con-
texto da odontologia multidisciplinar e interagem com praticamente todas as especialida-
des, direta ou indiretamente. As reabilitações bucais podem ser extremamente conserva-
doras quando a ortodontia é incorporada ao planejamento, desde tratamentos extensos
até preparos de laminados cerâmicos em dentes unitários.
A evolução da odontologia estética baseou-se, entre outras coisas, na busca pela na-
turalidade do trabalho a ser executado e no máximo de preservação das estruturas dentá-
rias. A proposta de tratamentos minimamente invasivos, ou até mesmo sem a necessidade
de preparos dentários, tem sido muito bem abordada e discutida na literatura.9,19,20
Muitas são as atuações da ortodontia na otimização dos resultados das restaura-
ções em áreas estéticas,21 o que inclui a melhora de seu invólucro de tecidos moles, mas
frequentemente essas abordagens não são do conhecimento do clínico ou do reabilita-
dor, o que diminui a possibilidade de planejamentos mais completos.
A previsibilidade, beleza e longevidade dos trabalhos cerâmicos está intimamente
relacionada a seu correto planejamento. As facetas cerâmicas, em especial por sua es-
pessura delicada, merecem a devida atenção quanto ao posicionamento dos dentes sob
diversos prismas, principalmente quando consideramos a necessidade de desgastes
sutis, inerentes à técnica. Os dentes mal posicionados podem condenar a indicação das
facetas, modificar a opção de tratamento para coroas totais e envolver a possibilidade de
tratamentos endodônticos.
O reposicionamento prévio dos dentes pode evitar esses procedimentos indesejados
e proporcionar os almejados preparos conservadores ou inexistentes em boa parte dos
casos de reabilitação, alterando de forma positiva o prognóstico dos dentes envolvidos.15
A zona de transição,8 composta da região cervical da restauração protética e dos
tecidos moles adjacentes, também teve sua importância enaltecida com a utilização dos
preparos supragengivais ou ao nível da gengiva.9 A frequência de retratamentos em con-
sultório com queixas de bordas gengivais inflamadas em dentes restaurados protetica-
mente fez com que o reabilitador buscasse na ortodontia, através da extrusão ortodôntica
rápida (EOR), uma maneira de expor esse preparo subgengival, para que, então, pudesse
refazê-lo de forma adequada.13,16
No que diz respeito ao conjunto da obra, a arquitetura gengival que compõe dire-
tamente o sorriso do paciente já vem sendo estudada há algum tempo. Esta deve obe-
decer a uma harmonia em seu nivelamento, que busca um desenho traçado pelos níveis
cervicais e incisais dos dentes anteriores com relação às curvaturas dos lábios superior
e inferior.2,4,9 Esse contorno pode, quando não existente, ser construído com uma orto-
dontia simples de nivelamento, prévia à reabilitação. Em casos em que há traumas com
perdas ósseas e, consequentemente, gengivais nessa região estética, a extrusão orto-
dôntica lenta (EOL) pode recompor essa arquitetura ou estética vermelha, principalmente
no que diz respeito às limitações ou assimetrias nas alturas das papilas interdentais.5,14,18
O longo tempo de tratamento, característico da ortodontia, e normalmente o pri-
meiro questionamento do paciente, muitas vezes pode ser abreviado, quando realizado
somente na região a ser reabilitada. Esta pode ser considerada uma ortodontia minima-
lista,14 que varia de 6 a 12 meses, com resultados limitados somente à composição do
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129
tratamento reabilitador, e não à maloclusão, quando existente. Esse conceito deve ser
muito bem esclarecido ao paciente, pois a eleição do tratamento parcial deve ser uma
responsabilidade dividida com ele, que estará com o aparelho instalado e ainda terá a
possibilidade de optar por uma correção total. Em algumas situações, a maloclusão é
a causa do trauma que leva à perda da estrutura dentária (recessão gengival, abfração,
trinca de esmalte e/ou da borda incisal, etc.), e a proposta de uma ortodontia minimalista
deve ser descartada desde o início.
As formas mais solicitadas de preparo ortodôntico para reabilitação estética, por
apresentarem os benefícios mais expressivos, serão abordadas ao longo deste capítulo
e poderão ser visualizadas nas ilustrações e/ou casos clínicos.
No intuito de apresentar resultados com excelência nas finalizações estéticas, exis-
tem alguns movimentos ortodônticos estratégicos a serem realizados que antecedem
as restaurações. São manobras bastante previsíveis e, em boa parte das vezes, muito
simples. Tais procedimentos podem melhorar, favorecer ou mesmo viabilizar o preparo
das facetas cerâmicas.
Para que a ortodontia possa ser reconhecida além da usual correção oclusal, seguem
de forma objetiva os mais expressivos movimentos ou técnicas ortodônticas, de pequeno
porte, direcionados à abordagem protética, além de suas indicações e benefícios.
Vale salientar que essas abordagens demonstram as oportunidades da ortodontia,
mesmo quando não coincidem com as melhores soluções estéticas, pois algumas situa-
ções envolvem limitações inerentes aos casos, que restringem os melhores movimentos,
a exemplo do nivelamento vertical incisal.
NIVELAMENTOS
Nivelamento vertical gengival
Este é o nivelamento vertical mais indicado na busca pela harmonia do sorriso, prin-
cipalmente quando envolve reabilitações estéticas em sorrisos gengivais.
O conceito da arquitetura gengival está abordado de forma abrangente na seção
2.2 do capítulo 5.2. Em resumo, deve ser baseado nos contornos cervicais dos caninos
superiores e nos incisivos centrais superiores, onde os seus zênites devem ser simétri-
cos e posicionados de 0,5 mm a 1,5 mm mais apicalmente com relação aos respectivos
incisivos laterais.10 Pequenas variações do canino levemente acima da altura do central
são consideradas harmônicas.
A construção dessa arquitetura pela ortodontia em pacientes sem qualquer defi-
ciência na estrutura óssea ou gengival torna-se um procedimento extremamente sim-
ples, realizado apenas com o correto posicionamento dos bráquetes (quando utilizado
o aparelho fixo). Esse posicionamento deve ser preferencialmente elaborado antes da
colagem, e com as alturas já determinadas de gengival para incisal. O ponto de partida,
na maioria das técnicas atuais, deve ser o canino, tomado como referência inicial, cuja al-
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plástica periodontalRafael de Almeida Decurcio | Amin de Macedo Mamede Sulaimen | Leandro de Carvalho Cardoso
148
A imensa evolução da odontologia estética vem acompanhada da relevante valori-
zação dos trabalhos multidisciplinares. Nos dias de hoje, é impensado tratar os pacientes
com uma visão unidisciplinar, míope, sem propor, no mínimo, uma visão ampla das reais
possibilidades de tratamento. Em reabilitações estéticas, a perioimplantodontia assume
um papel protagonista, desde a avaliação dos princípios estéticos gengivais e as suas
convergências, até atuações que visam à otimização dos resultados. Ainda sobre a multi-
disciplinaridade, a periodontia e a implantodontia fusionaram-se, por atuar em problemas
semelhantes, nos quais se altera apenas o substrato, dentes ou implantes. Dessa forma,
as intervenções reabilitadoras devem obrigatoriamente ser propostas após uma criteriosa
e planejada intervenção implantoperiodontal, seja pela pragmática prevenção de doenças
e consequente promoção de longevidade dos tratamentos executados, seja pela aplica-
ção de técnicas cirúrgicas que visem à melhoria da condição clínica atual e à otimização
dos resultados estéticos propostos.
No entendimento de que as facetas cerâmicas são parte de tratamentos execu-
tados ao final de um processo reabilitador e que lesões infecciosas e/ou inflamatórias
periodontais devem sofrer intervenção prévia, toda a abordagem neste capítulo será no
tratamento de discrepâncias em comparação aos princípios estéticos periodontais ideais.
Para isso, conhecer o biótipo periodontal torna-se essencial para entender os processos
relacionados à individualização das terapias cirúrgicas propostas para a regularização das
discrepâncias estéticas implantoperiodontais.20
Apesar de haver relatos na literatura da subdivisão do biótipo periodontal em três con-
dições,32 é mais sensato subdividi-lo em dois tipos, tendo em vista que o biótipo periodontal
intermediário, por vezes, sofre intervenções equivocadas em função de erros de diagnósti-
co, o que gera resultados insatisfatórios, por isso deve sempre ser considerado fino.4
Kan e colaboradores22 demonstraram a segurança da observação da sonda dentro
do sulco gengival como um método acurado de identificar o biótipo periodontal. Quando
as linhas da sonda periodontal não estavam visíveis no sulco gengival, era identificado um
biótipo espesso e, quando visíveis, era definido como fino.
Diante da dificuldade e da subjetividade das avaliações e das diferentes técnicas
para definir o tipo de biótipo periodontal, didaticamente, os autores adotam o padrão
estabelecido por Olsson e Lindhe,36 ou seja, dividem o biótipo periodontal em dois tipos
(Tabela 1):
1. plano e espesso: apresenta faixa de mucosa ceratinizada ampla, tecido denso e
fibrótico, papilas curtas e largas, e osso subjacente plano e espesso; e
2. fino e festonado: apresenta faixa de mucosa ceratinizada pequena, tecido delgado,
papilas longas e estreitas, e osso subjacente fino e festonado.36
Esses biótipos periodontais e as suas características antagônicas oferecem explica-
ções clínicas das discrepâncias apresentadas, que dificultam os resultados estéticos de
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Figura 1. Paciente com biótipo periodontal espesso em fotografia de sorriso inicial (a) e com lábios afastados (b). Fotografia após a cirurgia periodontal guiada pelo mock-up mostrando a coincidência dele com o contorno gengival final obtido (c). Após a reabilitação, fotografias finais da paciente com os lábios afastados em oclusão (d) e sobre o fundo preto (e) mostrando o contorno final gengival obtido, e fotografia de final de sorriso mostrando a resolução do sorriso gengival e a harmonia obtida (f).
Figura 1e.
Figura 1a.
Figura 1c.
Figura 1f.
Figura 1b.
Figura 1d.
reabilitações propostas. Da mesma forma, oferecem condições claras para a individuali-
zação do tratamento cirúrgico e a previsibilidade das terapias executadas.39
Em função das suas características morfológicas, os biótipos espessos estão
associados a papilas gengivais planas e curtas e dentes com formato quadrado.36
(Fig. 1a-f) Tal condição torna-se relevante quando se estabelece um novo e diferente
formato dental para a reabilitação proposta, conferindo um antagonismo em relação às
morfologias gengivais e dentais. A intervenção cirúrgica deve invariavelmente seguir o
padrão da forma dental estabelecida; por isso, o mock-up ocupa um papel essencial
nessa etapa. Na permanência do formato dental quadrado, o biótipo periodontal pode
permanecer discretamente espesso, com papilas planas e curtas, e tecido marginal mais
volumoso, sem que haja perda da naturalidade do resultado.
180
O clareamento dental está entre os procedimentos mais realizados no dia a dia
clínico.7 É considerado um pré-requisito da odontologia estética, especialmente quando
associado aos tratamentos que requerem modificações na arquitetura do sorriso.5,39 Para
que tratamentos restauradores diretos e indiretos sejam iniciados, é necessário que o
paciente esteja satisfeito com a cor dos seus dentes naturais, porque permanecerá no
“novo” arranjo dental. Tal importância deve-se à influência da cor do substrato quando
laminados cerâmicos ultrafinos são indicados2 ou quando é necessário modificar a forma
dental, mediante o uso de resina composta em locais específicos da coroa, para melhor a
harmonia do sorriso. Em outras palavras, a prévia obtenção da cor desejada pelo pacien-
te dos dentes que serão restaurados bem como a dos dentes que permanecerão sem
restaurações é imprescindível para a realização do tratamento restaurador. Essa condição
faz parte do protocolo reabilitador com facetas cerâmicas em função da harmonização da
cor de todos os substratos envolvidos no processo e, sobretudo, caracteriza-se como
uma condição extremamente conservadora, pois propicia menor índice de desgastes de
dentes naturalmente escurecidos para definição de cor, geralmente de maior valor que o
das cerâmicas instaladas, além de manutenção de maior volume de esmalte.
Embora todas as técnicas de clareamento disponíveis atualmente sejam eficazes, o
sucesso do tratamento está diretamente relacionado ao fator etiológico responsável pela
alteração da cor.4,20,45 Dentes naturalmente escurecidos ou escurecidos pela idade res-
pondem satisfatoriamente e geralmente melhor ao tratamento clareador do que aqueles
manchados por pigmentação intrínseca, como os causados por tetraciclina e fluorose
dental.4,25,27,29,41 Nestes, algumas vezes, o clareamento sozinho não é suficiente, e técni-
cas mais invasivas podem ser necessárias para restabelecer a estética dental por meio
de procedimentos restauradores.
O clareamento dental consiste na aplicação de um agente à base de peróxido de
carbamida (PC) ou de peróxido de hidrogênio (PH) sobre a estrutura dental. A dinâmica do
processo de clareamento pode ser explicada pela permeabilidade da estrutura dental aos
radicais livres oxidantes de baixo peso molecular, provenientes da degradação desses
peróxidos e da sua natureza química oxidorredutora.3,22,24 Assim, macromoléculas dos
pigmentos orgânicos existentes na dentina são fracionadas em moléculas menores, o
que altera as suas configurações e, consequentemente, as suas propriedades ópticas,
resultando em dentes mais claros.22,24
Para o clareamento de dentes vitais, agentes clareadores de diferentes concentra-
ções podem ser indicados para uso caseiro supervisionado, uso em consultório ou, ain-
da, mediante a associação das duas técnicas de clareamento dental. Diante das diversas
opções, o cirurgião-dentista tem dúvidas na hora de escolher o gel clareador (substância
e concentração) e a técnica de clareamento que melhor atenderá ao caso. Sendo as-
sim, o objetivo deste capítulo é fornecer informações embasadas cientificamente sobre o
comportamento dos diferentes agentes clareadores e técnicas disponíveis, e assim au-
xiliar o profissional na escolha adequada para as diferentes situações do dia a dia clínico.
181
Os agentes clareadores utilizados nas diferentes técnicas de clareamento são com-
postos basicamente de peróxido de carbamida ou de peróxido de hidrogênio.7,5 Ainda que
as reações químicas desses agentes clareadores pareçam iguais, não o são. Assim, dife-
rentes comportamentos da estrutura dental quanto a alteração de cor, alterações superficiais
e sensibilidade dental podem ser esperados quando esses clareadores são utilizados.7 Daí
a importância de conhecer as particularidades da reação química de cada agente clareador,
bem como de entender a reação das estruturas dentais quando eles são utilizados, a fim de
estabelecer um protocolo de clareamento eficaz e com mínimos efeitos adversos.
O peróxido de carbamida, ao entrar em contato com a saliva e com os tecidos dentais,
dissocia-se em ureia e peróxido de hidrogênio, que, por sua vez, se degrada em água e
oxigênio, que é o agente ativo responsável pelas reações de oxidação envolvidas no pro-
cesso clareador.15 Assim, ao empregar-se um gel à base de peróxido de carbamida a 10%,
utilizam-se apenas 3,6% de peróxido de hidrogênio. Cabe salientar que, mesmo quando
clareadores à base de peróxido carbamida de maior concentração, por exemplo a 37%, são
utilizados, o percentual de peróxido de hidrogênio ainda é baixo, próximo de 13%.4 Além
de permitir disponibilizar peróxido de hidrogênio em baixa concentração, o mecanismo de
ação do peróxido de carbamida neutraliza o pH do meio bucal e libera oxigênio lentamente.4
Como o peróxido de hidrogênio resultante da reação é cáustico, a neutralização do pH é de
extrema importância, uma vez que reduz possíveis alterações na superfície dental.
Já o peróxido de hidrogênio, por ser mais instável que o peróxido de carbamida e por
ter menor peso molecular, degrada-se mais rapidamente em água e oxigênio,15 portanto
precisa de menos tempo para produzir a ação desejada.19 No entanto, a necessidade de
um pH inferior a 4,5 para manter a sua estabilidade e a ausência da formação de ureia na
decomposição para neutralizar o pH produzem alterações microscópicas quando aplicado
sobre a superfície dental.14,24,25 Embora alterações microscópicas da superfície dental pa-
reçam desprezíveis num primeiro momento, se considerarmos o aumento na expectativa
de vida para próximo de 80 anos, esses desgastes microscópicos pouco representati-
vos, iniciados em tenra idade, podem tornar-se expressivos na terceira idade. Além disso,
maior difusão de oxigênio ativo via túbulo dentinário, que pode atingir o tecido pulpar, é
relatada em estudos histológicos. Logo, quando maiores concentrações de peróxido de
hidrogênio são utilizadas, danos pulpares de maior intensidade são relatados.7,21 Consi-
derando que a concentração da substância ativa do agente clareador está diretamente
relacionada à intensidade dos efeitos adversos,26 é de fundamental importância conhecer
a concentração de peróxido de hidrogênio de cada agente clareador disponível comercial-
mente (Quadro 1).
AG
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Quadro 1. Relação do percentual de peróxido de hidrogênio presente nos agentes clareadores para uso caseiro e uso em consultório.
PERCENTUAL DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
3,6%
5,8%
13,3%
20%
35%
38%
AGENTE CLAREADOR
Peróxido de Carbamida 10%
Peróxido de Carbamida 16%
Peróxido de Carbamida 37%
Peróxido de Hidrogênio 20%
Peróxido de Hidrogênio 35%
Peróxido de Hidrogênio 38%
196
Como justificar o grande número de pacientes relativamente jovens que buscam
tratamento para extensas destruições dentárias? (Fig. 1, 2 e 3) Não raro, a queixa prin-
cipal deste grupo de indivíduos é relativa à má aparência que essa destruição acarreta.
Durante algum tempo, a odontologia chegou a acreditar que o rígido controle microbio-
lógico bucal bastaria para evitar que isso ocorresse. No entanto, esses pacientes, mes-
mo diante de baixos índices de cárie ou com poucos dentes restaurados, apresentam
desgastes ou perdas de porções coronárias que justificam a reabilitação odontológica.
Dessa forma, os profissionais estão diante de uma era em que fatores biomecânicos,
ambientais e comportamentais passam a ter um papel relevante na gênese do que foi
chamado de doença oclusal.1
A doença oclusal foi definida como a perda de porções anatômicas dos dentes
que participam da oclusão. Explicando melhor, trata-se da perda do contorno anatômico
original devido ao atrito entre os dentes, com ou sem interposição de agentes abrasivos
ou ácidos. Nesse contexto, o bruxismo apareceu como evento-doença e principal agente
causador desse tipo de desgaste, ou seja, a associação entre bruxismo e doença oclusal
tornou-se praticamente inequívoca.
No entanto, existem indícios de que o bruxismo esteja associado com o alívio do
estresse.2 Nesse caso, o bruxismo não poderia ser considerado doença; pelo contrário,
seria um fator de proteção. Isso se torna mais claro ao constatar-se que a gênese dessa
intensa atividade mastigatória localiza-se no sistema nervoso central (SNC).9 Os dentes
estão no final, e não no começo de uma cadeia de eventos. Caberia então a pergunta: a
musculatura que move a mandíbula e que gera o trabalho entre os dentes obedece a um
comando central independentemente dos estímulos que estes dentes enviam ao SNC? A
resposta ainda não está clara, mas sabe-se que os dentes são órgãos de modulação fí-
sica e imunológica de determinado estilo de vida. O estilo de vida do “humano moderno”.
Assim, a perda de parte da estrutura dentoalveolar devido à fadiga biomecânica
passa a ser associada a um fator de fora do sistema oclusal. E a odontologia, para seu
desespero, torna-se responsável por um fator de risco que independe dos dentes.
Fazendo uma analogia, a qualidade do carro independe das intenções do motorista.
Um automóvel desequilibrado nas mãos de um motorista calmo e atento está menos su-
jeito a acidentes do que um automóvel possante e equilibrado nas mãos de um motorista
afoito e inconsequente. O motorista, no caso, é o SNC.
Aos profissionais que dedicam as suas vidas à odontologia reabilitadora, restam as
possibilidades de reconstruir e ajustar esses sistemas oclusais da maneira o mais equili-
brada possível, do ponto de vista anatômico, neuromuscular e social. E torcer para que o
“motorista” seja prudente e observante.
197
Figuras 1-4. Fotografias frontais em máxima intercuspidação e oclusais superior e inferior de um paciente de 28 anos que apresenta grau inicial de destruição coronária atribuída a hábitos parafuncionais como o bruxismo noturno. Observa-se uma intensa abrasão cuspídea. Dos caninos aos terceiros molares, porções geometricamente marcáveis de desgaste podem ser identificadas. Esses traçados podem ser denominados bases remanescentes da cúspide ou da crista. Este conceito será de grande valia na reconstrução da forma anatômica original.
Figura 2.
Figura 4.
Figura 1a.
Figura 3.
Figura 1b. Figura 1c.
preparo para facetas cerâmicasRafael de Almeida Decurcio | Paula de Carvalho Cardoso | Lúcio Monteiro
Marcus Vinícius Perillo | Wilmar Porfírio de Oliveira | Terence Romano
230
Idealizados por Black, em 1891,4 os princípios de “extensão para prevenção” para
preparo cavitário foram desenhados para uso com materiais restauradores metálicos e,
sendo não adesivos, necessitavam de preparos com forma geométrica de retenção e
resistência com maior desgaste na estrutura dental. Entretanto, a evolução dos materiais
restauradores e os sistemas adesivos impulsionados pelo insaciável anseio social por re-
sultados estéticos originaram uma nova era odontológica, tendo promovido a confecção
de restaurações totalmente cerâmicas com resultados funcionais, duradouros e estéti-
cos.8,37 Esses avanços permitiram a aplicação de modernos princípios restauradores: (1)
máxima preservação, (2) máxima prevenção e (3) mínimo desgaste.9,23 Essa nova filosofia
de “prevenção para extensão” busca minimizar o custo biológico do dente natural como
um todo43 e culmina na modificação dos preparos tradicionais e na criação de uma nova
classificação para facetas cerâmicas:
QUANTO AO TAMANHO
• TOTAIS: envolvimento de toda a face (vestibular, palatina ou oclusal)
SEM PREPARO: utilização de finas lâminas cerâmicas (0,1 mm a 0,7 mm de es-
pessura) sobre estrutura dental com mínimo ou nenhum desgaste, fortemente uni-
das ao esmalte dental.7 Nessa técnica, os desenhos restauradores das cerâmicas
são orientados exclusivamente pelo defeito preexistente no dente a ser restaurado,
como, por exemplo, correções de forma e bordo incisal, dentes fraturados, co-
noides, diastemas pequenos e com paredes paralelas, restabelecimento de guia
anterior e/ou guia canina, e aumento de dimensão vertical.
COM PREPARO: facetas convencionais que exigem a confecção de preparos com
redução vestibular, proximal, incisal e oclusal. As indicações incluem dentes vesti-
bularizados, girovertidos, mal alinhados, escurecidos, substituição de facetas em
resina composta deficientes e promoção de adequado espaço protético em dentes
posteriores para aumento de dimensão vertical de oclusão.
• PARCIAIS (tipo fragmentos): sem envolvimento de toda a face
COM PREPARO
SEM PREPARO
A longevidade dos casos reabilitados com facetas cerâmicas – outra consideração
importante associada ao conceito conservador de mínimo desgaste – tornou-se ao longo
dos anos uma grande aliada no processo de indicação. Essa alta taxa de sucesso das fa-
cetas cerâmicas constatadas em estudos clínicos está diretamente associada à adesão
ao substrato dental, sobretudo ao esmalte, o que explica a necessidade de conservar
esta estrutura.5,28 Isso significa que, quanto maior a quantidade de esmalte, melhor é a
adesão e, consequentemente, mais previsível e longevo torna-se o processo reabilitador.
Idealmente, o preparo deve estar confinado ao esmalte, ou exibir 70% de esmalte na su-
perfície, especialmente nas margens do preparo.33,36 Falhas de cimentação que causam
deslocamento das facetas cerâmicas têm sido relatadas em preparos que exibam 80%
da sua área em dentina. Essas falhas são improváveis de ocorrer quando o mínimo de
0,5 mm de esmalte está presente perifericamente.19
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Os preparos mais profundos, como em dentes vestibularizados, mal alinhados,
dentes escurecidos ou com severo desgaste oclusal podem atingir a dentina e gerar
valores de adesão mais baixos e pouco duráveis.10 Nessas situações, deve-se avaliar a
linha tênue entre a escolha de facetas ou coroas, pois a presença de um substrato emi-
nentemente em dentina tende à necessidade de retenção mecânica adicional como o
preparo para coroa, a qual resulta em maior previsibilidade e longevidade do tratamento.38
Vale lembrar que uma faceta cerâmica total, com preparo, pode ser ainda conside-
rada um tratamento conservador, visto que uma coroa total requer o sacrifício de maior
quantidade de estrutura dental; portanto, sempre que possível, deve-se expandir o leque
de indicações dessas facetas, associando-as à conservação de estrutura dental e a um
alto índice de sucesso clínico.
Vale lembrar que no conceito restaurador moderno dois fatores são determinantes
para o sucesso das restaurações cerâmicas: conhecimento da anatomia dentária e uma
visão da dimensão restauradora final. Tais fatores devem ser considerados antes de qual-
quer alteração mecânica nos dentes.
A primeira consideração, o conhecimento amplo da anatomia dentária, pode forne-
cer uma base objetiva para o preparo dentário. Torna-se fundamental ter conhecimento
sobre a espessura média de esmalte, pois a manutenção dessa estrutura implica me-
lhores valores de adesão e maior longevidade do procedimento reabilitador. Sempre que
possível, diante da especificidade do caso, é essencial que se preserve o máximo de
esmalte para o máximo de previsibilidade e longevidade.1
A segunda consideração, a visão da dimensão restauradora final, pode impedir a
remoção extensa da estrutura dentária. A quantidade de redução dentária deve ser feita
conforme o volume do contorno final antecipado da restauração. O enceramento-diag-
nóstico e o mock-up (capítulo 4) são essenciais para fornecer alterações no tamanho, no
formato e no contorno dentários, fornecendo as dimensões necessárias dos preparos
desejados antes dos procedimentos restauradores.21,22 Essa técnica oferece uma abor-
dagem mais conservadora no preparo cavitário.
270
Atualmente, as reparações dentárias que objetivam reformular a beleza do sorriso
são rotineiras em grande parte das clínicas odontológicas. Em contrapartida, o tratamento
reparador pode ter resultados indesejados quando não bem indicados e planejados. A
expectativa do paciente por vezes dificulta a elaboração de casos estéticos, devido às
inúmeras limitações clínicas e biológicas, que devem ser respeitadas e devidamente ex-
plicadas. O conhecimento das desordens articulares, bem como da força mastigatória,
dos hábitos alimentares e das parafunções é fundamental para a elaboração do diagnós-
tico e a correta indicação das restaurações cerâmicas.
A longevidade das tradicionais facetas cerâmicas convencionais é oriunda da pos-
sibilidade de adesão ao elemento dental,1 assim como das diversas características dos
materiais cerâmicos que já são de conhecimento comum, a saber: inércia química; bio-
compatibilidade; coeficiente de expansão térmica semelhante ao das estruturas dentárias;
alta resistência à compressão e à abrasão; suficiente tenacidade, excelente reprodução
das propriedades ópticas da estrutura dental; radiopacidade; adesão ao agente cimen-
tante e ao substrato dentário; e estabilidade de cor em trabalhos com acompanhamento
clínico de até 21 anos.2-7 A manutenção do esmalte dental é vital para a durabilidade das
facetas cerâmicas, portanto, quanto maior a quantidade de esmalte remanescente na
estrutura dental, mais favorável é a cimentação e menor é a deflexão da estrutura dental
quando submetida a esforços mastigatórios, o que prolonga a durabilidade das cerâmi-
cas. Assim, as facetas cerâmicas são consagradas como uma alternativa segura e viável
para restaurações quando cimentadas em esmalte dental.
O sucesso clínico das facetas convencionais, concomitantemente à evolução dos
materiais cerâmicos e à consolidação dos princípios de adesão,2 aliado à filosofia minima-
mente invasiva, culminou no desenvolvimento de inúmeras modalidades de restaurações
estéticas adesivas para a reconstrução do sorriso.
Hoje se destaca a possibilidade de que as restaurações cerâmicas recubram ape-
nas parcialmente a superfície dentária. Tais restaurações são denominadas fragmentos
cerâmicos, e a apresentação de um protocolo clínico para a sua execução é o objetivo
deste capítulo.
A cimentação de uma peça cerâmica do tipo fragmento pode ser comparada às
técnicas de colagem com fragmentos dentários pós-trauma. Essas técnicas estão sendo
discutidas desde 1964, quando Chosack e Eigdelman8 descreveram uma abordagem
sobre a colagem de fragmento do próprio elemento dental fraturado em um incisivo cen-
tral pós-trauma. Desde então, novos estudos com distintas técnicas sobre a colagem de
fragmentos após fratura dental têm sido reportados. Em 1990, Baratieri e cols. indicaram
colagem do próprio fragmento dental como tratamento de escolha quando viável com
resultados estéticos satisfatórios; manutenção da guia anterior em esmalte; e resgate
emocional e social do paciente. A confecção de peças cerâmicas parciais cimentadas
sobre o esmalte surgiu seguindo a mesma filosofia de colagem do fragmento sobre o
remanescente dental pós-trauma sem desgaste deste.9
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Kyrillos e Moreira apresentaram um caso clínico de restaurações parciais do tipo
fragmentos cerâmicos e ressaltaram a importância do planejamento multidisciplinar minu-
cioso para a longevidade delas.10
O passo a passo clínico da técnica de fragmento cerâmico em borda incisal com
mínimo desgaste dental foi descrito por Clavijo e cols.11 Seguindo a filosofia de mínimos
desgastes, o artigo reporta outro caso com múltiplos fragmentos para fechamento dos
diastemas, através de peças parciais nas faces mesiais e distais sem nenhum tipo de
preparo dental. Em 2011, os mesmos autores descrevem a técnica de fragmentos ce-
râmicos sem desgaste dental.12 No mesmo período, Gresnigt e cols. reportam um caso
clínico com restaurações parciais associadas a laminados com recobrimento total da face
vestibular. Na ocasião, os autores ressaltaram que as etapas de adesão, acabamento e
polimento são fundamentais para a performance da restauração.13
Horvath e cols. descreveram mais um relato de caso clínico que utilizou a técnica
de cerâmicas parciais finas como solução para uma restauração classe IV em incisivo su-
perior.14 O objetivo foi descrever uma modalidade minimamente invasiva em restaurações
indiretas. O preparo dental foi limitado apenas à remoção da antiga restauração resinosa.
Com isso, a terminação da cerâmica permaneceu na região do terço médio. A justificativa
apresentada pelo autor para a utilização de cerâmica foi maior estabilidade de cor, menor
acúmulo de placa bacteriana e maior resistência mecânica.
Antonio Signore e cols. descrevem a técnica para fechamento de diastemas entre
centrais utilizando fragmentos sem nenhum tipo de preparação dental, tendo em vista
que as formas de ambos os incisivos possibilitavam a inserção dos fragmentos cerâmi-
cos. Os autores ressaltam que os casos em que não há nenhuma indicação para prepa-
ração dental são restritos e devem ser considerados com cautela.15
Andrade e cols. relataram o acompanhamento, em média após 5 anos, de seis ca-
sos clínicos.16 Todos foram elaborados com restaurações cerâmicas minimamente inva-
sivas e, após a cimentação, procedimentos de acabamento e polimento, apresentavam a
interface cerâmica-cimento-esmalte como padrão. Na ocasião os autores denominaram
essa região de área de adesividade contínua e concluíram que a avaliação da longevida-
de dessas interfaces através do estudo das micrografias é eficaz.
Fragmentos cerâmicos são restaurações cerâmicas que recobrem parcialmente
uma ou mais faces do elemento dental.
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298
A odontologia restauradora sofreu uma revolução nos últimos trinta anos, não so-
mente relacionada ao advento de novos materiais e técnicas, mas também ligada às
evidências científicas que endossam o uso destes. O princípio que orientava as terapias
restauradoras odontológicas até então estava estritamente baseado na longevidade clí-
nica, em detrimento da qualidade estética inerente ao material restaurador. Comprova-
damente de excelente durabilidade clínica, restaurações com ligas de ouro e amálgama
foram bastante utilizadas, tanto nos dentes posteriores quanto nos anteriores, mesmo
que a aparência delas representasse incômodo estético para o paciente.18 Contudo,
desde a introdução do primeiro sistema bem-sucedido de cerâmica fundida a metal,86 há
crescente demanda de restaurações cerâmicas, pois se trata de um material de grande
propriedade estética devido à disponibilidade de uma ampla gama de matizes e efeitos
de translucidez. Por outro lado, historicamente, a estética das cerâmicas possuía uma
relação inversamente proporcional às propriedades mecânicas e, por isso, os primeiros
sistemas cerâmicos obrigatoriamente deveriam ser fundidos a uma infraestrutura metálica
para aumentar a resistência à fratura.73 No entanto, essa base de metal pode afetar a es-
tética da restauração, por diminuir a transmissão de luz através da cerâmica, o que pode
causar escurecimento gengival na região cervical da restauração, denominado de efeito
“guarda-chuva”4 (Fig. 1). Essa desvantagem, aliada ao aumento da exigência estética e
à evolução dos materiais cerâmicos, originou uma nova era, que impulsionou a confec-
ção de restaurações totalmente cerâmicas funcionais, duradouras e, ao mesmo tempo,
estéticas. Atualmente, quando corretamente indicadas, as cerâmicas odontológicas re-
presentam a opção restauradora com melhor capacidade de reproduzir os intrincados
efeitos ópticos dos dentes naturais, bem como de simular e restaurar a rigidez do dente,
de forma a restabelecer as propriedades biomecânicas dele.59,60
O desempenho clínico das coroas e facetas totalmente cerâmicas tem sido bem-
-sucedido e clinicamente testado.20,23,71,69,84,43,63,80 Assim, ao restaurar dentes anteriores,
os sistemas totalmente cerâmicos modernos são uma excelente opção de tratamen-
to para próteses fixas, coroas unitárias e facetas.59,20 No entanto, planos de tratamento
induzidos pela mídia, produtos ainda não corretamente testados, mas comercialmente
disponíveis, e o desejo dos pacientes de satisfazer suas demandas estéticas têm forma-
do uma perigosa combinação com pouco respeito ao cálculo de risco-benefício do tra-
tamento odontológico.75 Na realidade, a aplicação demasiada de facetas cerâmicas tem
sido demonstrada e provavelmente tem acontecido devido ao desenvolvimento de cerâ-
micas reforçadas, o qual levou a uma maior gama de indicações destas. Nesse sentido,
os desenhos de preparos tradicionais para facetas tornaram-se desenhos estendidos e
orientados pelo defeito do dente a ser restaurado. Estes preparos de facetas estendidos
podem ser uma alternativa para coroas na dentição anterior.84,16,17,19
Independentemente do comprovado sucesso clínico das facetas e coroas totalmen-
te cerâmicas59,20 assim como qualquer procedimento restaurador, a partir da cimentação
destas, os dentes são inseridos em um ciclo restaurador.78,12 As coroas totalmente ce-
râmicas têm sido extensivamente utilizadas nos últimos anos devido à longevidade com-
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Figura 1. Esquema ilustrativo do efeito “guarda-chuva” na gengiva da região cervical, causado pela inadequada relação do metal com a luz.
Figura 1.
parável à das metalocerâmicas, atingindo destacáveis 98,8% de taxa de sucesso clínico
após 11 anos de serviço.59,20,13,20 As principais causas de falhas dessas restaurações
envolvem fraturas catastróficas, lascamento da cerâmica de cobertura e cáries secun-
dárias.59 Apesar de as facetas cerâmicas, quando comparadas às coroas, naturalmente
implicarem uma abordagem minimamente invasiva, não é inequivocamente verdadeiro
que uma menor redução dental por meio de preparos menos invasivos sempre resulte
em maior longevidade das restaurações cerâmicas. Nesse contexto, foi demonstrado
que reintervenções sem substituição de 36% de dentes restaurados com facetas cerâ-
micas e retratamentos com substituições por coroas de cerca de 7% dos casos podem
ocorrer após 10 anos de serviço clínico dessas restaurações.35,27 As principais causas de
insucesso das facetas cerâmicas são a fratura, a microinfiltração e a falha na cimentação.
Isso significa dizer que as facetas cerâmicas, principalmente se mal indicadas, são res-
taurações mais suscetíveis a futuras intervenções do que as coroas cerâmicas.
Nesse sentido, é crucial que o clínico esteja ciente das corretas indicações de tais
restaurações para prover a elas otimização de longevidade.12 Assim, nem as coroas nem
as facetas cerâmicas devem ser a primeira escolha para todos os casos, pois vários
fatores precisam ser considerados na elaboração de plano de tratamento que contemple
restaurações cerâmicas anteriores. Neste capítulo, uma classificação, de acordo com o
conteúdo das cerâmicas odontológicas, é descrita. Ainda, são abordadas importantes
considerações com base em evidências, relacionadas ao plano de tratamento de reabili-
tações nos dentes anteriores com coroas e facetas cerâmicas.
a essência da comunicaçãomoldagem em facetas cerâmicas
Renata Gondo Machado | Rafael de Almeida Decurcio | Lúcio Monteiro
318
Para a confecção de restaurações cerâmicas, a transferência de informações clí-
nicas para o ceramista é imprescindível. O planejamento reabilitador e o protocolo foto-
gráfico são elementos importantes para essa comunicação entre profissionais, porém o
delineamento do preparo, a anatomia dos dentes adjacentes e a arquitetura dos tecidos
periodontais precisam ser reproduzidos detalhadamente, para possibilitar ao técnico con-
dições para a execução do seu trabalho com exatidão, sem dúvidas ou improvisos. Por
isso, a precisão no procedimento de moldagem é fundamental.
A moldagem consiste em uma etapa de impressão com um material específico, que
resulta na obtenção de um molde, a partir do qual se confecciona um modelo com a cópia
fiel dos dentes e estruturas adjacentes de interesse. Muitas vezes, essa etapa decisiva é
negligenciada, realizada na correria, no momento final de uma consulta exaustiva. Assim
como o planejamento, preparo e cimentação, a moldagem deve ser realizada em uma con-
sulta específica, para que profissional e paciente possam chegar a um resultado satisfatório.
O profissional deve ter conhecimento científico para a seleção adequada do material e
para a correta execução da técnica, além de destreza e acesso a instrumentos específicos.
O objetivo deste capítulo é orientar o profissional sobre a escolha do material e o
passo a passo para a realização de uma moldagem, de maneira simples e eficiente, para
resultados previsíveis na confecção de facetas cerâmicas.
O primeiro passo para uma moldagem de qualidade é a seleção adequada do
material.1
Vários tipos de materiais para moldagem encontram-se disponíveis no mercado. Os
mais indicados para facetas cerâmicas são os elastômeros à base de polivinilsiloxano,
mais conhecidos como silicona de adição, devido às excelentes propriedades físicas
(Tabela 1). A denominação do material vem da sua reação química por adição dos grupos
silano e hidrogênio, através de pontes duplas de vinil.25 Como essa reação não apresenta
polimerização residual, nem liberação de subprodutos voláteis para causar contração, o
resultado é um material com excepcional estabilidade dimensional, que se sobrepõe a
todos os demais produtos disponíveis. Por isso, permite a confecção de vários modelos
obtidos a partir de um único molde, com mesmo grau de precisão.10 As facetas cerâmi-
cas, as restaurações do tipo lentes de contato ou fragmentos impõem uma obrigação de
detalhamento preciso na reprodução do substrato a ser restaurado, pois não permitem
variações dimensionais mínimas sob o risco de desadaptação e, consequentemente,
falha no resultado estético imediato e baixa longevidade. As alterações no longo prazo
ocorrem, principalmente, devido à infiltração marginal acelerada, em função da inevitável
degradação do cimento resinoso mais espesso, e à promoção de pigmentação marginal
indesejada.
Como possuem baixo coeficiente de deformação permanente e excelente recupe-
ração elástica, a alteração dimensional após a remoção do molde é praticamente inexis-
tente.10
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Outra vantagem é a versatilidade e a facilidade de trabalho. Na sua apresentação
comercial, a silicona de adição apresenta pastas de diferentes viscosidades (pesada,
média, leve e superleve), devido à quantidade de carga na composição, o que permite o
seu uso em diferentes técnicas. Essa proposta possibilita utilizar material de baixa visco-
sidade (fluido) para capturar os detalhes finos, como o término do preparo, e o material
de alta viscosidade (denso) como uma moldeira individualizada, para auxiliar a infiltração
do material de consistência leve dentro do sulco gengival. Quanto menor a viscosidade,
melhor a reprodução de peculiaridades; entretanto, maior será a contração de polimeri-
zação.9 Todas as pastas, de diferentes consistências apresentam a versão base e cata-
lisador para promover a polimerização do material. As pastas de consistência densa são
encontradas em forma de massas, proporcionadas por medidores, ou em cartuchos
para equipamentos eletrônicos de mistura dinâmica. As pastas de consistência média,
leve e superleve são encontradas em bisnagas, em um sistema de automistura. Neste
sistema, a silicona é misturada com uma ponta com espirais internos, posicionada em
uma pistola específica de mistura estática. Dessa forma, o material pode ser aplicado
diretamente sobre os dentes e estruturas adjacentes a serem moldados. Esses sistemas
de automistura garantem um melhor proporcionamento, maior tempo de trabalho, uma
mistura mais homogênea, com menor incorporação de bolhas, e economia de tempo
clínico e de material.
Para o paciente, o material é confortável, sem gosto nem odor desagradável.
Uma desvantagem é a hidrofobicidade do material, devido à sua estrutura química.
Devido a essa propriedade, o contato com a umidade diminui a qualidade dos resultados.
Para contornar esse inconveniente, alguns materiais tiveram a adição de surfactantes,
para promover a hidrofilicidade, e com isso houve melhoria no escoamento, na compati-
bilidade com a umidade, e diminuição da incorporação de bolhas durante o vazamento.9
Porém, mesmo tornando os materiais mais hidrofílicos, a presença de saliva e sangue
ainda promove falhas. Assim, é recomendável o controle de umidade durante todo o
procedimento de moldagem com silicona de adição.
Nomes comerciais são Virtual® (Ivoclar Vivadent, Liechtenstein), Elite HD® (Zherma-
ck, Itália), ExpressXT® (3M ESPE, EUA) e Flextime® (Heraeus Kulzer, Alemanha) (Fig. 1 e 2).
Tabela 1. Principais propriedades dos elastômeros.
Fonte: Adaptado de Shillingburg e cols.,25 Baratieri e cols.,2,3 Pegoraro e cols.23 e Mesquita e cols.18
PROPRIEDADE
Reprodução de detalhes
Estabilidade dimensional
Recuperação elástica
Facilidade de remoção
Resistência ao rasgamento
Tempo de presa
Tempo de trabalho
Tempo de vazamento
Contração
Custo
Hidrofobicidade
SILICONA DE ADIÇÃO
excelente
excelente
excelente
moderada
satisfatória
até 6 minutos
médio/longo
até 7-14 dias
0,05%
muito alto
hidrofóbico
SILICONA DE CONDENSAÇÃO
boa
regular
boa
fácil
satisfatória
8 minutos
médio/longo
até 1 hora
0,6%
regular
hidrofóbico
POLIÉSTER
excelente
muito boa
boa
difícil
satisfatória
6 minutos
curto/médio
até 7 dias
0,15%
muito alto
hidrofílico
restaurações provisórias em facetas cerâmicasRafael Decurcio | Paula de Carvalho Cardoso | Luciano Reis Gonçalves | Fernanda Sakemi | Terence Romano
340
Além da óbvia insatisfação do paciente, a ausência das restaurações provisórias
em dentes preparados para facetas cerâmicas compromete a saúde pulpar, aumenta o
risco de lesões cariosas nas superfícies dos dentes preparados e favorece a invaginação
gengival sobre os preparos protéticos.11
A restauração provisória bem adaptada e polida permite melhor controle da placa
bacteriana e ajuda a manter o tecido gengival saudável e com forma, posição e perfil de
emergência ideais para a instalação das facetas cerâmicas.11 Também são essenciais
para a manutenção da posição original do dente quando áreas interproximais são envol-
vidas pelo preparo.
As restaurações provisórias são o reflexo do enceramento e mock-up, e conse-
quentemente peça fundamental para o aumento da confiança entre o paciente e o profis-
sional, o que facilita as etapas inerentes à realização das facetas cerâmicas.5,12
Em casos de vestibularização, apinhamento dental e presença de restaurações com
grande volume vestibular, é impossível a confecção do mock-up. Nessa situação, o provi-
sório exerce papel essencial na definição estética e na comunicação com o ceramista, o
que permite maior previsibilidade no resultado final.16 Então, aconselha-se que o paciente
avalie o resultado dias após a inserção dos provisórios, para que, se necessário, mudanças
possam ser feitas acerca da morfologia desejada, desde que nos limites dos padrões es-
téticos referenciais. Na sequência, deve-se realizar moldagem com alginato Color Change®
(Cavex, Holanda) e enviá-la ao ceramista, para ser a referência de comprimento, largura e
espessura das facetas cerâmicas.
Tradicionalmente, a resina acrílica termoplástica tem sido usada como o material de
escolha provisório; no entanto, para facetas cerâmicas, as melhores opções são a resina
composta e a resina bisacryl, devido às suas aprimoradas propriedades mecânicas e
cromáticas, assim como pela facilidade de manuseio.7,15,27
Para satisfazer com sucesso os requisitos acima mencionados, esses materiais
devem possuir uma série de propriedades mecânicas e físicas ideais, tais como elevada
resistência à flexão, resistência ao desgaste, alta resistência à fratura e estabilidade di-
mensional.13,16
As resinas bisacrílicas foram introduzidas no mercado com o objetivo de suple-
mentar algumas características das resinas acrílicas, como a facilidade de manuseio e a
vantagem de apresentar temperaturas mais baixas durante o processo de polimerização,
eliminando as agressões aos tecidos pulpares1,25 e tecidos moles.
A apresentação dos compostos bisacrílicos em cartuchos automisturadores per-
mitiu uma proporção mais exata das porções, além de ter facilitado a sua utilização; ao
mesmo tempo, tais compostos otimizaram o tempo de trabalho do profissional. A sua
composição de resina orgânica, cargas inorgânicas e monômeros confere as caracterís-
ticas de resistência e estética parecidas às das resinas compostas.23
Entretanto, as resinas bisacrílicas podem apresentar pigmentação por alimentos
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ou bochechos orais. Dessa forma, a alteração da cor original da restauração provisória
pode ser um problema estético e resultar em insatisfação do paciente.9,20 A instalação
das restaurações provisórias deve ser precedida de um planejamento temporal bastante
rigoroso com o ceramista, para que o intervalo entre provisórias e instalação das facetas
cerâmicas seja o mais curto possível.
Ocasionalmente, bochechos orais com solução de clorexidina a 0,12% (Periogard®,
Colgate, EUA) são utilizados para controle químico da placa dental, evitando o seu acúmulo
em áreas com provisórios unidos, em que não há acesso de escova e fio dental.2,22,26 Entre-
tanto, esse bochecho pode afetar a estabilidade da cor de restaurações provisórias e causar
alteração de cor secundária;8,24 tópico semelhante ao apresentado acima, em que o tempo
para finalização do caso deve ser rigorosamente planejado com o ceramista responsável.
Uma maneira de minimizar esse manchamento é realizar o polimento das restau-
rações provisórias de resina bisacrílica pós-instalação. A Equipe de Dentística sugere
a execução do polimento com borrachas de baixa abrasividade (Composite Technique
Kit®, Shofu, Japão) e sem pressão sobre a provisória, sob risco de perda de estrutura,
tendo em vista a resiliência característica do material, e posterior promoção de brilho com
pedra-pomes extrafina ou pasta diamantada com roda de feltro. Outra possibilidade des-
crita na literatura é o uso de um glaze ou revestimento líquido de polimento (Biscover®,
Bisco, EUA), que reduz a formação de biofilme nas restaurações temporárias, além da
possibilidade de uma superfície mais brilhante, polida e com coloração mais estável.6,14,23
Várias técnicas são descritas na literatura, incluindo as indiretas (laboratório) e dire-
tas.3,4,10,21 Apesar de relatos favoráveis sobre a utilização de resina acrílica de alto desempe-
nho cromático e físico (Alike®, GC, EUA) para temporização de facetas cerâmicas17 (Fig. 1), a
Equipe de Dentística tem como protocolo a utilização das técnicas provisórias diretas, varian-
do a estratégia restauradora, dependendo do material e da habilidade técnica do profissional.
Figura 1. Resina acrílica de alto desempenho cromático e físico (Alike®, GC, EUA).
Figura 1.
358
Adesão é o mecanismo que une duas interfaces em íntimo contato. A compreensão
desse mecanismo foi essencial para a evolução da odontologia como a conhecemos
hoje e chave para o desenvolvimento das facetas cerâmicas. Há 60 anos um procedi-
mento como esse, em que não há quase nenhum preparo ou retenção macromecânica e
em que são aplicadas lâminas de porcelana extremamente finas, era praticamente impos-
sível de ser realizado. A evolução nos estudos sobre o processo de adesão é diretamente
responsável pela resistência e longevidade dessa modalidade restauradora.
O conceito de adesão é relativamente novo na odontologia, tendo sido introduzido em
1955 por Michael Buonocore,1 o qual mostrou que o esmalte, quando tratado com ácido
fosfórico a 85%, apresentava uma superfície porosa que poderia ser infiltrada por resina,
melhorando a durabilidade da adesão. A partir desse trabalho, inúmeras outras pesquisas
foram desenvolvidas para aprimorar o condicionamento do esmalte, discutindo-se também
o condicionamento de dentina e cerâmica, o que levou à evolução dos sistemas adesivos.
O objetivo da restauração adesiva é obter uma adaptação justa e selada entre o
material restaurador e o substrato dentário.24 O mecanismo fundamental da adesão tanto
ao esmalte quanto à dentina é baseado em um processo de troca em que minerais são
removidos dos tecidos dentários e são então substituídos por monômeros resinosos, que,
após a polimerização, se tornam mecanicamente entrelaçados por meio das porosidades
criadas.2 Essa imbricação micromecânica de monômeros com o substrato dentário pode
resultar em menor sensibilidade pós-operatória, melhorar a adaptação marginal, prevenir a
infiltração de fluidos dentro dos túbulos e também agir como um amortecedor elástico, que
compensa as forças geradas pela contração de polimerização dos materiais resinosos.16,25
Para chegar a esse resultado foi necessário compreender a heterogeneidade dos
dois substratos em que se da essa união, esmalte e dentina, além de conhecer as pro-
priedades físico-químicas e os mecanismos de ação dos sistemas adesivos disponíveis.
O maior desafio dos adesivos odontológicos é promover uma adesão igualmente efetiva
a esses dois tecidos duros de naturezas tão diferentes.33
ESMALTE
O esmalte é o tecido mais externo do dente, composto de 96% de hidroxiapatita,
sendo, portanto, na sua maioria mineral.25
O uso de ácidos para tratamento de superfícies dentárias baseia-se principalmente
no aumento da área de superfície de contato por meio da criação de microporosidades,
um fenômeno puramente físico. Porém, os ácidos também são capazes de aumentar a
molhabilidade ou a energia livre de uma superfície, permitindo o contato mais íntimo entre
a resina e o esmalte, o que favorece também a adesão1,18 (Fig. 1).
A adesão ao esmalte permanece o mecanismo mais bem estabelecido de adesão
dentária. Nele, o condicionamento ácido seletivamente dissolve os prismas de esmalte e
cria microporosidades, que são penetradas pelos agentes de união, mesmo os hidrofó-
bicos, por capilaridade (Fig. 2). Após a polimerização, pequenos prolongamentos de mo-
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359
Figura 1. Ácido fosfórico a 37% (Power Etching®, BM4, Brasil).
Figura 2. Esmalte condicionado com ácido fosfórico a 35% (Power Etching®, BM4, Brasil) por 30 segundos (x3.000).
Figura 3. Cerâmica feldspática condicionada com ácido hidrofluorídrico a 5% por 90 segundos (x25.000).
Figura 3.
Figura 1. Figura 2.
nômeros resinosos formam-se entre os prismas e criam a melhor adesão possível ao substrato dentário. Ela não apenas
sela efetivamente as margens da restauração como também protege da degradação a adesão vulnerável em dentina.2,7,25
Em facetas cerâmicas tratadas com ácido hidrofluorídrico (ver detalhes no capítulo 12) (Fig. 3), idealmente o preparo
deve ser restrito ao esmalte, exatamente devido à adesão previsível e à resistência de união superior encontrada nesse
tecido (Fig. 4 e 5).
374
O cimento é uma substância que produz união sólida entre duas superfícies. A sua
função primária é preencher o pequeno espaço entre o preparo e a restauração indireta e
prender a restauração química, mecânica ou micromecanicamente ao dente, prevenindo
deslocamentos durante a função.13,18 Em odontologia, três tipos básicos de cimentos
para cimentação estão disponíveis: cimentos não adesivos ou convencionais (por exem-
plo, o fosfato de zinco); cimentos de adesão química (cimentos de ionômero de vidro); e
os cimentos de adesão micromecânica (cimentos resinosos).4,10
Os cimentos resinosos têm a sua composição muito semelhante à das resinas
compostas para restauração e são formados por uma matriz resinosa com cargas inor-
gânicas tratadas com silano. Entretanto, diferem das mesmas pelo menor conteúdo de
carga e pela menor viscosidade, que possibilita melhor escoamento.22 Os cimentos resi-
nosos são, na maioria das vezes, o cimento de escolha para cimentação de restaurações
de cerâmica pura, por possuírem propriedades mecânicas, físicas e adesivas melho-
res quando comparados aos outros cimentos convencionais e devido à sua versatilida-
de.13,14,16,20 Eles oferecem adequada estabilidade no meio oral com baixa solubilidade,
alta resistência de união e maior resistência à fratura que a restauração cerâmica cimen-
tada, além de produzir um excelente resultado estético.1,13,14,16,17
A integração entre a cerâmica e o cimento por meio de processos adesivos promo-
ve retenção da restauração; reforça ambos os substratos, dente e restauração, dando
suporte mecânico a eles; veda a interface dente-restauração, reduzindo a microinfiltração;
sela os túbulos dentinários; e colabora com a estética.2,4,26 A adesão desses cimentos re-
sinosos é tão previsível que se tornou desnecessária a redução de estrutura dental hígida
no intuito de promover retenção física e/ou mecânica, tornando os preparos mínimos ou
inexistentes, preservando maior quantidade de estrutura dental sadia e saúde pulpar.7 Al-
gumas desvantagens desses cimentos incluem custo mais alto, sensibilidade da técnica
e dificuldade de remoção de excessos proximais.4,22
Como não existem agentes cimentantes ideais, que apresentem um desempenho
excepcional na miríade de situações clínicas existentes, estes cimentos estão disponíveis
no mercado com as mais diversas características, buscando satisfazer cada uma dessas
situações com diferentes composições, cores, reações de polimerização, sistemas de
adesão e viscosidades, que influenciam as suas propriedades físicas, manipulação e
resistência de união.4,6
As diversas cores de cimentos resinosos existem para permitir que eles se adaptem
às mais diversas cores de substratos dentários e cerâmicas, permitindo ao cirurgião-
-dentista selecionar a cor ideal para a obtenção da desejada estética em cada caso.1,3
Vários estudos avaliaram a influência da cor do cimento resinoso na cor final da faceta
cerâmica, e todos mostraram grande influência dele, principalmente em cerâmicas mais
delgadas.1,3,19,20,21,27
Quanto às propriedades adesivas, os cimentos resinosos podem ser convencio-
nais, e a sua união ao substrato dentário ser dependente da aplicação prévia de um sis-
tema adesivo; ou autoadesivos, e portanto independentes de qualquer agente de união.
Os cimentos podem ser também classificados quanto aos sistemas de polimerização,
podendo variar de autopolimerizáveis, cimentos que dependem de uma reação química
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375
para polimerizar; fotopolimerizáveis, dependentes de luz; ou de dupla polimerização ou
duais, que se utilizam de ambas as reações10 (Fig. 1).
Como a maioria das restaurações estéticas requer cimentação adesiva e, portanto,
necessita de uma série de passos clínicos para atingir uma adesão bem-sucedida, o ci-
rurgião-dentista deve compreender a aplicação e o modo de uso de diferentes cimentos
resinosos para selecionar corretamente e produzir restaurações com estética, previsibili-
dade e longevidade. C
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Figura 1. Classificação dos cimentos resinosos.
Figura 1.
Os cimentos resinosos convencionais são aqueles que dependem de todo o pro-
cesso de aplicação do sistema adesivo para que tenham adesão ao substrato dentário,
seja pela técnica do condicionamento ácido total ou autocondicionante. Devido ao nú-
mero de passos, a técnica é muito sensível ao operador e passível de erros em todo o
processo.2,10 São os cimentos mais antigos e ainda mais utilizados devido à sua já com-
provada eficácia e devido à maior confiança dos profissionais nos sistemas de adesão
convencionais.
A reação de polimerização depende de radicais livres para que ocorra, podendo,
no caso dos cimentos resinosos convencionais, ser iniciada por uma reação química de
oxirredução, o que caracteriza um cimento quimicamente ativado; pela luz, um cimento
fotopolimerizável; ou por ambas as reações, o que corresponde ao cimento dual.
CIMENTOS RESINOSOS CONVENCIONAIS AUTOPOLIMERIZÁVEIS
Os cimentos resinosos autopolimerizáveis são aqueles cuja reação de polimeriza-
ção é totalmente química, independente de luz para acontecer (Fig. 2). Esses cimentos
são os mais antigos, o seu uso subentende a mistura de duas pastas, base e catalisado-
ra, que, ao se misturarem, iniciam a reação de polimerização. Essa reação é dependente
de uma amina terciária aromática, que garante que toda a reação de polimerização ocorra
em qualquer profundidade de preparo e sob qualquer espessura de material restaurador.
Porém, essa amina se degrada ao longo do tempo, o que produz uma mudança de cor
do cimento resinoso, que, quando utilizado sob restaurações muito finais, influencia na
cimentaçãoPaula de Carvalho Cardoso | Ana Paula Rodrigues de Magalhães | Rafael de Almeida Decurcio
Lúcio Monteiro | Marcus Vinícius Perillo | Terence Romano
390
A cimentação adesiva, como discutido no capítulo anterior, é considerada a etapa
mais crítica e minuciosa da rotina clínica, em função das suas inúmeras variáveis e do
tempo de trabalho que demanda. Todo o trabalho prévio, planejamento cuidadoso, pre-
paros precisos, moldagens com riqueza de detalhes e boa escolha do cimento resinoso
podem perder-se caso a cimentação seja realizada com displicência. Vários passos estão
envolvidos na cimentação de facetas cerâmicas, e a sua execução minuciosa e criteriosa é
imprescindível ao sucesso do tratamento reabilitador no longo prazo. Evidências científicas
norteiam a execução protocolar desse processo para o alcance de resultados previsíveis.5,19
Neste capítulo a técnica de cimentação é explicada nas suas minúcias: do preparo
da peça ao preparo do dente, e a união desses dois substratos em um só por meio da
tecnologia adesiva.
Tendo em vista o caráter de irreversibilidade da técnica de cimentação adesiva, a
etapa de prova é imperativa para um procedimento de cimentação bem-sucedido e deve
ser feita para avaliar principalmente dois fatores: a adaptação e a cor. Antes de proceder à
prova da faceta cerâmica na boca, é ideal que se realize essa prova e análise no modelo de
gesso de trabalho e nos troquéis enviados pelo ceramista, verificando adaptação e possí-
veis dificuldades encontradas no eixo de inserção para diminuir o risco de fraturas durante
a prova na boca (Fig. 1-5). É sempre recomendado que as facetas e os modelos de gesso
sejam manuseados a todo o momento em recipiente plástico de médio ou grande tama-
nho, com razoável profundidade, a fim de evitar uma situação de caráter irreversível, como a
queda da peça cerâmica e a consequente fratura dela em qualquer etapa do processo de
prova e cimentação. No caso apresentado, a faceta de sistema cerâmico feldspático con-
vencional demanda ainda mais cuidado no seu manuseio devido à sua friabilidade (Fig. 5d).
Para proceder à prova em boca é necessário preparar o substrato dentário, removendo
cuidadosamente a restauração provisória e buscando preservar a integridade do substrato
e do tecido marginal gengival. A presença de partes da provisória no dente no momento da
prova pode dificultar o seu correto posicionamento, levando a desadaptações ou até à fratu-
ra da peça devido à realização de forças inadequadas.23 O sangramento do tecido gengival
é extremamente prejudicial ao cimento resinoso, já que a cimentação dessas peças não é
possível sob isolamento absoluto e, portanto, o controle de umidade e sangramento fica
bastente crítico e complexo. A penetração de sangue ou saliva sob a faceta cimentada pode
levar a manchamentos amarronzados ou à sua decimentação em curto período.
Para provisórias em resina composta ou bisacrílicas com ponto de condicionamen-
to e adesão, é recomendada a redução inicial do volume com ponta diamantada e, em
seguida, o uso de lâminas de bisturi para remoção total da resina (Fig. 6). Dessa forma,
preserva-se integralmente o substrato. Após a remoção da provisória. uma delicada pro-
filaxia do substrato deve ser realizada com o uso de escovas Hot Spot Design® (Brasil),
selecionando-se a maciez das cerdas de acordo com o biótipo periodontal, associada
à pedra-pomes e água, para remoção de resíduos. Então, a peça deve ser posicionada
sem nenhum material interposto entre a cerâmica e o dente, para avaliação da adaptação
após lavagem e secagem do substrato.
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391
Figura 1. Fotografia de face inicial (a). Sorriso inicial revela o elemento 21 com restauração deficiente. Observa-se que os dentes apresentavam-se alinhados, linha do sorriso anterior alta, arcos e dentes quadrados, presença de papilas saudáveis e contorno gengival alterado nos centrais (b). Sorriso lateral inicial revelando o comprometimento do dente 21 na harmonia dentolabial (c). Fotografia intraoral da restauração deficiente e presença de hipoplasia no dente 21 (d). Detalhe dos incisivos centrais (e). Fotografia intraoral inicial lateral direita (f).
Figura 2. Visão frontal do preparo. Observe a presença importante de esmalte dental (a) e detalhe do preparo para faceta total convencional (b).
Figura 3. Arquivo básico enviado ao ceramista para comunicação de cor e forma. Essa sequência fotográfica inclui fotos iniciais em repouso e sorriso, e fotografia do sorriso com a escala de cor posicionada. A escala deve ser posicionada incisalmente a esses dentes, no mesmo plano horizontal que os incisivos centrais, ou o mais próximo desse plano, sem inclinações, para que não haja variações na quantidade de luz recebida, levando a variações no registro da cor. Sugere-se, também, modificação do contraste da foto para intensificação das nuances da cor. O uso de fotografias intraorais iniciais com contraste preto e modificações no contraste auxiliam na determinação dos detalhes anatômicos importantes para a confecção de uma faceta unitária. A última fotografia é a do preparo e escala de cor, que coordenam o ceramista na definição da cor do sistema cerâmico.
Figura 3.
Figura 1f.
Figura 1a.
Figura 2a.
Figura 1d.
Figura 1b.
Figura 2b.
Figura 1e.
Figura 1c.
manutençãoPaula de Carvalho Cardoso | Rafael de Almeida Decurcio | Pedro Luís Alves de Lima | Guido Cirilo Ferreira
420
Na certeza de que todos os procedimentos restauradores sofrem degradação ao
longo dos anos e desenvolvem a consequente falha do processo, indicando a necessi-
dade de substituição, a manutenção longitudinal das facetas cerâmicas é o desafio final
do operador. O aumento da sobrevida dessas restaurações está diretamente ligado com
a rigorosa manutenção delas, que consiste em manter um acompanhamento clínico-ra-
diográfico periódico dos trabalhos instalados e adequada rotina de higienização.
Pesquisas em médio e longo prazos têm demonstrado a excelente manutenção da
estética, alta satisfação do paciente e ausência de efeitos adversos sobre a saúde gen-
gival.26 Como resultado, o protocolo de manutenção quase não difere daquele aplicado
aos dentes naturais intactos.
Portanto, não existem instruções específicas em relação à higiene oral das facetas
cerâmicas. Considerando-se que o uso de fio dental e a escovação são fundamentais,
os mesmos cuidados e técnicas utilizadas nos dentes naturais podem ser aplicados aos
dentes restaurados com facetas cerâmicas.31
TERAPIA DE HIGIENE ORAL ROTINEIRA
A terapia de higiene oral está diretamente ligada à capacidade motora, biótipo pe-
riodontal (descrito na seção 5.2) e nova arquitetura entre facetas cerâmicas e periodonto
(Tabela 1).
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Tabela 1.
PERFIL DO PACIENTE
Com dificuldade motora .
Sem dificuldade motora e biótipos periodontais espessos
Sem dificuldade motora e biótipos periodontais finos .
Sem dificuldade motora e associação de espaços interdentais cervicais ou presença de próteses sobre implantes
INDICAÇÕES
Auxílio de terceiros ou uso de escovas elétricas e Waterpik® (EUA) (Fig. 1 e 2)
Escova dental de cerdas macias e fio dental (Fig. 3 e 4) .
Escova dental de cerdas macias ou extramacias e fita dental
Escova dental de cerdas macias, fio dental Superfloss® (Oral-B, P&G, EUA) ou escovas interproximais (TePe®, Suécia) (Fig. 5 e 6)
Apesar das indicações muito precisas acima mencionadas, entende-se que os in-
vestimentos financeiros e de tempo são bastante consideráveis para que a reabilitação
instalada seja mantida de forma simplista, aplicando-se somente técnicas e instrumentos
de higiene oral comuns. Dessa forma, indica-se o uso de escovas elétricas e Waterpik®
(EUA) como padrão-ouro, na certeza de que os resultados de saúde periodontal e dental
são proporcionais ao estímulo constante de manutenção da saúde individual pelo uso de
instrumentos de higiene tecnológicos e de alto desempenho.
Em situações de diastemas muito amplos, o manejo de fechamento com facetas
cerâmicas cria uma condição de reabilitação estética satisfatória; entretanto, mantém-se
uma grande distância entre os dentes na região cervical. Da mesma forma ocorre em
reabilitações associadas a próteses sobre implantes e facetas em que, mesmo esteti-
421
Figura 1. Escova elétrica (Oral-B®, P&G, EUA) para pacientes reabilitados com facetas cerâmicas com dificuldade motora.
Figura 2. Waterpik® (EUA) para pacientes reabilitados com facetas cerâmicas com dificuldade motora.
Figura 3. Escova dental de cerdas macias para pacientes sem dificuldade motora e biótipos periodontais espessos.
Figura 4. Fio dental (à direita) para pacientes sem dificuldade motora e biótipos periodontais espessos.
Figura 5. Fio dental Superfloss® (Oral-B, P&G, EUA) para pacientes sem dificuldade motora e associação de espaços interdentais cervicais ou presença de próteses sobre implantes.
Figura 6. Escovas interproximais (TePe®, Suécia) para pacientes sem dificuldade motora e associação de espaços interdentais cervicais ou presença de próteses sobre implantes.
Figura 4.
Figura 1.
Figura 5.
Figura 2.
Figura 6.
Figura 3.
camente satisfatórios, o resultado ainda mantém uma área cervical incomum à dentição
natural, assim como a formação de arquitetura periodontal de difícil manutenção de hi-
giene. Nessas situações indica-se o uso de escovas interproximais (TePe®, Suécia ou
Curaprox®, Suíça) e/ou uso de fio dental Superfloss® (Oral-B, P&G, EUA).
A condição abordada acima é uma exceção clínica e está indicada especificamente
para as áreas mencionadas, pois pacientes reabilitados com facetas cerâmicas não ne-
cessitam de uso rotineiro de escovas interproximais e/ou Superfloss® (Oral-B, P&G, EUA),
pois poderiam gerar traumas mecânicos em papilas gengivais e adaptação tecidual local
para promover acesso cada vez mais confortável da escova ou fio destacados, achatan-
do-as clinicamente e, assim, propiciando a formação de triângulo negro.
A escolha de dentifrício recairá sobre os produtos de dosagem de flúor próxima a
1.000 ppm e com RDA (abrasão radioativa em dentina) de até 150. Esses agentes garan-
tirão a presença de flúor na cavidade bucal, necessária para a prevenção do surgimento
de novas lesões de cárie, sem causar desgaste excessivo das cerâmicas.14
falhas em facetas cerâmicasPaula de Carvalho Cardoso | Rafael de Almeida Decurcio | Lúcio Monteiro
Ana Paula Rodrigues de Magalhães | Wilmar Porfírio de Oliveira
434
Por mais cientificamente preparado e tecnicamente competente que seja o cirurgião-
-dentista, as falhas nos procedimentos odontológicos não raro podem ocorrer e fazem parte
da atuação profissional em uma área em que a exatidão é restrita ao desejo de acertar. As-
sim, se os profissionais estão dispostos a aprender a partir dos insucessos encontrados, en-
tão os erros podem trazer benefícios no sentido de ajudar no aprimoramento das técnicas.
Em reabilitação estético-funcional com facetas cerâmicas, as falhas estão presentes
em todos os passos que apresentam sensibilidade de técnica desde a seleção do caso
até a manutenção das restaurações.12,24,38 Os fatores determinantes no comprometimen-
to do resultado final envolvem erros no planejamento reabilitador, falhas no processo labo-
ratorial, preparos protéticos inadequados, falhas no processo de cimentação, supressão
da etapa de acabamento/polimento e falta de monitoramento rigoroso.13,16,18,38
O capítulo anterior enfatiza os altos índices de sucesso das facetas cerâmicas.
Dessa forma, a baixa taxa de fracassos pode confundir os fatores que ocasionaram as
falhas. Os achados devem ser interpretados com cautela, para criar uma solução ade-
quada para cada caso.
Estudos clínicos longitudinais foram realizados sobre o desempenho das facetas ce-
râmicas confeccionadas por especialistas em dentística restauradora e prótese, revelando
resultados aceitáveis independentemente do tipo de falha e/ou desenho da faceta.8,16,24
Entretanto, um estudo recente revela que habilidades clínicas insuficientes resultaram em
falhas (especialmente as alterações de cor) em um terço dos pacientes estudados. No
entanto, 82,8% dos pacientes apresentavam sucesso nas restaurações instaladas.4
Didaticamente, as falhas e soluções serão apresentadas neste capítulo, de acordo
com o momento ocorrido no processo protocolar de construção das facetas cerâmicas:
• falhas no planejamento;
• falhas na confecção;
• falhas na técnica; e
• falhas na manutenção.
Atualmente, na rotina do consultório, recebemos inúmeros casos em que há a ne-
cessidade de substituição das facetas cerâmicas por falhas na indicação como:
1. falta de coerência clínica entre o mock-up aprovado e as facetas cerâmicas insta-
ladas. Esse ponto influenciará negativamente no sucesso do tratamento, pois as
expectativas e desejos do paciente relatados durante a etapa de planejamento rea-
bilitador estético e mock-up não foram respeitados durante a confecção das facetas
em relação ao tratamento dental. Nesta etapa, o profissional deve lançar mão de
enceramentos, mock-ups, imagens computadorizadas (capítulo 4) e provisórios de
excelente qualidade, para que o paciente observe e opine durante o planejamento,
a fim de que o cirurgião-dentista consiga chegar ao resultado final esperado;
2. instalação de facetas cerâmicas em substratos indicados para coroas totais. No
capítulo 7, no tópico sobre Tomada de Decisão, os autores dissertam sobre esse
equívoco. Em resumo, os três pontos principais que necessitam ser considerados
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435
para a difícil tomada de decisão entre coroa e faceta são o grau de escurecimento, a
presença de restaurações e o substrato remanescente. As Figuras 1 a 8 demostram
uma situação clínica de um dente tratado endodonticamente com escurecimento
dental (cor C4, Escala VitaClassical®, VITA, Alemanha), presença de restauração
extensa (acesso endodôntico extenso) e importante ausência de esmalte dental.
Ante o exposto, a indicação correta é a confecção de coroa total, porque a retenção
mecânica é extremamente importante para a longevidade da restauração;
3. confecção de faceta cerâmica sem preparo, popularmente conhecida como “lente
de contato”, em situações em que deveria ser indicada a realização de facetas
cerâmicas convencionais, com preparo dental. Como descrito no capítulo 6, sobre
preparo dental, dentes vestibularizados, dentes com alteração de cor e diastemas
muito amplos necessitam obrigatoriamente de preparos específicos. As Figuras 9
a 13 demostram que o erro na indicação compromete o resultado, revelando que
dentes manchados com tetraciclina necessitam de considerável desgaste dental,
pois, caso contrário, é obrigatório o uso de uma cerâmica extremamente opaca, o
que resulta em aparência artificial;
4. uso de facetas cerâmicas em dentes anteriores inferiores ou superiores apinha-
dos. O termo “ortodontia instantânea” foi muitas vezes usado como uma opção de
tratamento para o desalinhamento dentário. Nessas situações, o uso de facetas
pode ser um grande desafio em função dos espaços protéticos comprometidos,
mas que, devidamente planejado e bem executado, oferece resultados estéticos
previsíveis e de longa duração.54 Radz50 complementa que o cirurgião-dentista e o
paciente precisam estar muito bem esclarecidos sobre os riscos e benefícios envol-
vidos antes que qualquer tratamento seja iniciado.
Figura 1. Fotografia de face inicial (a-b). Sorriso inicial com presença de diastema entre incisivos, dente 11 escurecido e exposição de gengiva maior que 3,0 mm, e visão intraoral inicial (c).
Figura 1a. Figura 1c.
Figura 1b.