doutrina esp santo

Doutrina do

Espírito Santo

- é a pessoa da Trindade que atua hoje nos cristãos

- AT – atuação de Deus Pai com Israel, seu povo

- NT – redenção trazida por Deus Filho – Jesus

- a partir de Pentecostes o Espírito Santo age na vida dos cristãos até a volta de Cristo

- a doutrina do Espírito Santo tende a ser mais confusa – menos informação do que sobre o Pai e o Filho

- não temos um ensino sistemático sobre ele

- dificuldade em fazer uma analogia correta – entendo o Pai e o Filho – difícil entender o Espírito – não é visível

Importância do Espírito Santo

- quando falamos em Espírito Santo que imagem vem à sua mente?

- não sabemos como lidar com certa hierarquia na Trindade – hierarquia funcional ajuda

- a falta de ênfase sobre o Espírito gerou o movimento pentecostal

- o Espírito não é a parte emocional da Trindade

Importância do Espírito Santo

Pai - Filho

Espírito

Espírito

Pai - Filho

- ruach (AT), pneuma (NT) = vento, sopro, fôlego, (E)espírito

- paracleto = “estar ao lado de” = representante legal, advogado

1. É um ser pessoal

- não é uma força ou poder impessoal

- no grego pneuma é neutro mas usa o pronome masc.

- Jesus manda outro paracleto (do mesmo tipo)

Ef 4.30 – entristecer o Espírito

Mt 28.18-20 – batizar em nome do Pai, Filho e Esp. Santo

At 5.3,4 – mentir contra o Espírito

Quem é o Espírito Santo? Sua natureza

2. É Deus

Mt 28.18-20 – em igualdade com o Deus-Pai e Jesus

Mt 12.28-32 – pecar contra o Espírito é maior que pecar contra Jesus

At 5.3-4 – mentir contra o Espírito = mentir contra Deus

1Co 2.10,11 – conhece o que só Deus conhece

2Co 3.17 – é o Espírito do Senhor

Hb 9.14 – é o Espírito eterno


2. É Deus

compare os textos abaixo:

1Co 3.16,17 “16 Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? 17 Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado”

1Co 6.19,20 “19 Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? 20 Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo”

- Espírito = Deus


- no AT a palavra ruach tem muitos significados vento, ou ar em movimento; sopro/fôlego (fôlego de vida) (Gn 6.17);vitalidade humana (‘recobrar forças’ – 1Sm 30.12), disposição/emoção, inclinação, caráter, como por exemplo um ‘espírito de amargura’ (Gn 26.35), ‘espírito de adultério/prostituição’ (Os 4.12); mente, ser interior (Is 40.13);conotações comuns são ‘energia’ e ‘invisibilidade’ por isso metaforicamente se fala da atividade de Deus ou a extensão de sua vitalidade na criação e entre a humanidade (Turner 2000, 551).

Espírito Santo no AT

- ruach aparece em torno de 100 vezes no AT

- achamos que deveria haver muito mais passagens

Idéias básicas

- Deus em atuação, mudando as coisas

- Deus presente com poder – expressão similar ao braço do Senhor realizando coisas

- ligado com a profecia. Especialmente nos profetas, o Espírito tem um caráter moral que está associado com a justiça, julgamento, e viver em aliança

- agente pessoal de Deus – mostra a atividade de Deus no mundo

- às vezes parece só uma força ao invés de pessoa

Espírito Santo no AT

1. Agente da criação – molda a criação dando-lhe forma e vida

2. Controla o curso da natureza e história

- a história não é cíclica – Deus intervém

- Deus sustenta toda a natureza + controle soberano sobre o que acontece com as pessoas

3. Revela a verdade e a vontade de Deus aos seus via revelação / percepção da lei ou acontecimentos

4. Ensina o povo de Deus como deve viver – ocorre via revelação, sonho, visão, lei, profecia, sabedoria

5. Instiga uma reação pessoal a Deus – Deus liberta o povo e espera uma resposta de obediência

Atuação do Espírito Santo no AT

6. Equipa indivíduos para a liderança com sabedoria – vencer batalhas sem preparo para tal

- parece que o Espírito é dado basicamente para reis, profetas e sacerdotes

- normalmente o Espírito atua em prol de Israel

7. Equipa indivíduos para trabalhos especiais

- o Espírito capacita as pessoas – parece que não está ligado com qualidades morais e éticas

- a presença do Espírito pode não ser vitalícia

- o conceito de Trindade não é claro no AT

- a presença do Espírito pode ser temporária

- o AT aguardava uma nova era do Espírito

Atuação do Espírito Santo no AT

- antes de Jesus silêncio profético de 400 anos

Lc 1.35 – presente na concepção

Lc 2.25-34 – profecia será luz para os gentios

Lc 3.21 – presença visível no batismo

Lc 4.1 – cheio do Espírito é levado para ser tentado

Lc 4.14 – no poder do Espírito vai para a Galiléia

Lc 4.18-21 – está sobre ele para realizar a obra de Deus

Mt 12.15-21 – curou pessoas no poder do Espírito

Mt 12.28 – expulsa demônios no poder do Espírito

Lc 10.21 – Jesus se alegra no Esp. quando os 70 voltam

O Espírito Santo e a obra de Cristo

1. Enviados pelo Pai ao mundo

2. Chamados de santo e caracterizados pela verdade

3. São conhecidos pelo ensino

4. Jesus testifica de si e de Deus e o Espírito revela o Filho

5. Tentam convencer o mundo do pecado e são rejeitados

- o Espírito continua a obra de Cristo sobre a terra

Semelhança entre Cristo e o Espírito Santo

1 - Glorifica a Cristo

“Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês” (Jo 16.14)

- a principal tarefa do Espírito Santo é glorificar a Jesus intermediando a presença de Cristo para nós

- quando esquecemos disso, tendemos a ver o que o Espírito Santo pode nos dar – egocentrismo

- Pentecostes mostra a ênfase missionária do Espírito tornando a união dos povos algo real

- a pregação de Pedro chama as pessoas ao arrependimento – ligado com a obra da salvação

- o Espírito não fala na própria autoridade, mas sempre aponta para Jesus (Jo 16.13), não busca a própria glória – sempre aponta para Jesus – holofote

As funções do Espírito Santo

1 - Glorifica a Cristo

- o Espírito nunca tem uma mensagem. “Olhe para mim; escute-me; venha a mim; conheça-me”, mas sempre. “Olhe para ele e veja a sua glória; ouça-o, e escute as suas palavras; vá a ele e tenha vida; conheça-o e prove o seu dom de alegria e paz” (Packer)

- o Espírito Santo é o casamenteiro que nos une com Cristo e faz de tudo para permanecermos juntos

- qualquer grupo que afirma possuir o Espírito, mas ressalta a obra do Espírito Santo ao invés da obra de Cristo está se desviando da Bíblia

- depois que Jesus complete a obra de salvação o Espírito vem para continuar a obra de Jesus sobre a terra


2 - Convence o mundo do pecado (Jo 16.8-11)

“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8)

- o Espírito tem uma função específica para com o mundo – convencer do pecado, da justiça e do juízo

- pecado = incredulidade (não crer em Jesus) – se recusam a glorificar a Jesus e não querem que Jesus tenha domínio sobre eles – têm culpa diante de Deus

- justiça = mostra ao mundo a justiça de Deus que entrega Jesus para morrer pelos pecadores – o mundo não tem justiça

- juízo = mostrar que o príncipe desse mundo foi vencido de uma vez por todas

- sem o Espírito ninguém se converte


3 - Regenera as pessoas

“ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5)

- o Espírito Santo convence do pecado para que a pessoa entregue o controle de sua vida a Cristo

- a convicção pode vir de formas muito distintas – o importante é a decisão de entregar o controle da vida a Cristo. A “única prova da conversão passada é uma constante conversão presente” (Packer)

- quando a pessoa decide se livrar dos seus pecados e entregar o controle da vida a Jesus, o Espírito regenera a pessoa. Ele nos transforma colocando dentro de nos o desejo de fazer o que agrada a Deus


3 - Regenera as pessoas

- o Espírito nos leva a uma relação viva com Jesus. Morremos com Cristo, fomos sepultados com ele e fomos ressuscitados com ele (Rm 6.1-11) e agora estamos assentados nos lugares celestiais com ele (Ef 2.6) e participaremos da glória vindoura com ele (1Jo 3.2)

- na regeneração o Espírito nos une com Cristo


4 - Habita nos cristãos

“O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês” (Jo 14.17)

- ninguém merece a presença do Espírito em sua vida

- a iniciativa não parte do homem, mas de Deus que entrega o Espírito como presente imerecido (vem do Pai e do Filho)

- quando entregamos o controle da nossa vida a Cristo o Espírito Santo vem habitar conosco para nos ajudar a viver como agrada a Deus

- o Espírito não força a barra na vida dos não-cristãos

- não é Jesus que vem morar em nós, mas o Espírito de Jesus. Toda a Trindade vem morar em nós (Jo 14.23)


5 - É a segurança do cristão “nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em

nossos corações como garantia do que está por vir” (2Co 1.22)

- o Espírito Santo é dado como um selo – a garantia de que somos dele (marca de autenticidade)

- é o penhor (o 1°. pagamento garantindo a transação), a garantia de que o prometido vai se concretizar

- é a garantia de que a igreja será redimida totalmente

- selo = carimbo – marca de propriedade

- sabemos que permanecemos nele pelo Espírito que nos deu (1Jo 3.24)

- Rm 8 nos dá várias indicações que podem servir de segurança para nós


6 - Capacita para o testemunho

“ele testemunhará a meu respeito. E vocês também testemunharão, pois estão comigo desde o princípio” (Jo 15.26,27)

- o Espírito testemunha de Cristo e os cristãos movidos pelo Espírito fazem o mesmo

- os seguidores de Jesus precisavam do Espírito para testemunharem da obra de Cristo

- o testemunho precisa ser sobre Jesus, sobre a sua vida, a salvação que proporciona e também sobre o julgamento. Esse testemunho dos cristãos vai causar divisão no mundo (Jo 15.20). Os cristãos precisam contar com oposição e até perseguição quando anunciam às pessoas o evangelho de Cristo


6 - Capacita para o testemunho

- o Espírito capacita os cristãos a testemunhar na perseguição. Ele mesmo vai falar através dos seus seguidores. Os discípulos devem ser os canais através dos quais o Espírito age

- o testemunho também acontece com poder para vencer as forças do mal, através de milagres ou da autoridade de Deus para anunciar o evangelho

- o poder para testemunhar está em contraste com o desejo de poder político que os discípulos almejavam (At 1). Jesus mostra que receberão um poder superior para serem testemunhas até os confins da terra. Esse poder incluía obras poderosas como também que a palavra produziria fruto


7 - Ajuda a entender o ensino de Jesus

“Mas o Conselheiro, o Espírito Santo ... lhes ensinará todas as coisas” (Jo 14.26)

- o Espírito vai lembrá-los de tudo que Jesus falou para que possam ensinar tudo que “vos tenho ordenado” (Mt 28.19,20)

- o Espírito orientou os escritores bíblicos

- guiar em toda a verdade (Jo 16.13) – toda a verdade necessária para a salvação e para viver a vida cristã

- significa entender a obra de Cristo e aplicá-la para a vida das pessoas. A revelação em Jesus foi completada, mas precisa ser renovada constantemente quando é proclamada


7 - Ajuda a entender o ensino de Jesus

- os discípulos quando escrevem sobre a obra de Cristo precisam interpretar o que viram e ouviram. Podemos confiar que aquilo que precisamos saber o Espírito fez os apóstolos lembrarem quando escreveram os evangelhos – da mesma forma como Jesus não falava de si mesmo, nem agia por iniciativa própria assim também o Espírito falará somente o que tiver ouvido

- aplica os ensinos de Jesus para a vida diária


8 - Santifica os cristãos

“desde o princípio Deus os escolheu para serem salvos mediante a obra santificadora do Espírito e a fé na verdade” (2Ts 2.13; 1Co 6.11)

- santificação = separar ou consagrar para um determinado fim. Somos separados e consagrados para sermos totalmente de Cristo (At 26.18; 1Pe 1.2)

- somos declarados justos por Deus com base na sua obra – mas precisamos nos esforçar para obedecer ao Espírito e assim possibilitar que o Espírito nos transforme em conformidade com o caráter de Cristo

- aceitar a Jesus como Salvador e Senhor

- santificação é o processo onde em obediência ao Espírito nos tornamos cada vez mais como Jesus


8 - Santifica os cristãos

- somos guiados pelo Espírito (Rm 8.14; Gl 5.18) = abandonar as obras da carne para obedecer ao Espírito

- o Espírito traz liberdade (2Co 3.17)

- os cristãos precisam se tornar o que já são

- aqui entra o fruto do Espírito – são qualidades que o Espírito quer produzir na vida da pessoa. O Espírito trabalha para mortificar as obras da carne

- o fruto do Espírito em sua vida = maturidade

- a vida cristã é comunitária. A santidade deve ser buscada individualmente e coletivamente

- a santificação é um processo no qual precisamos lutar. As disciplinas espirituais preparam o terreno para que o Espírito possa nos transformar


9 - Intercede pelos cristãos

“o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus” (Rm 8.26,27)

- todos temos dificuldades em nossas orações – não sabemos discernir a vontade de Deus em algumas coisas que oramos

- não se refere à oração em línguas pois este é restrito para alguns crentes e aqui a referência é a todos os cristãos


9 - Intercede pelos cristãos

- podemos orar por coisas erradas – o Espírito dentro de nós sabe o que é certo e intercede por aquelas coisas que são da vontade de Deus. O Espírito conhece as nossas maiores necessidades e as comunica a Deus

- os gemidos são provavelmente do Espírito e imperceptíveis para nós

- a intercessão do Espírito é paralela com a intercessão de Cristo no céu por nós (Rm 8.34)

- orar no Espírito (Ef 6.18) é orar ciente da presença de Deus que o Espírito traz, aproximando-se de Deus com a confiança de maneira simples como uma criança se aproxima do seu pai. É a oração inspirada, guiada e que é tornada efetiva pelo Espírito


10 - Capacita para o trabalho

“A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum” (1Co 12.7)

- ele distribui capacitações para que os cristãos possam continuar a sua obra aqui sobre a terra

- ele distribui os dons às pessoas para que possam edificar a igreja e continuar o Reino de Deus

- esse ponto é desenvolvido mais abaixo quando falamos sobre os dons do Espírito Santo


11 - O Espírito revela o futuro

“ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir” (Jo 16.13)

- o Espírito Santo revela o que vai acontecer no futuro – não todos os detalhes levando a especulações

- o Apocalipse e outros textos que falam sobre o futuro tem a função de dar algumas pinceladas sobre o futuro para que saibamos o que ainda vem antes de fim para que nos preparemos para enfrentar as situações difíceis sem desanimar – indicadores gerais

- falar do que vai acontecer como conseqüência da revelação que temos em Cristo, seu ministério, morte, ressurreição e exaltação.


11 - O Espírito revela o futuro

- as previsões sobre os últimos dias dadas nos outros livros da Bíblia não são uma revelação nova e independente de Cristo, mas uma derivação do ensino de Jesus e daquilo que ele quer mostrar à igreja

- não devemos fechar as portas para novas predições sobre o futuro, mas muitos erros foram cometidos que devem nos levar a ter cautela


- quem se converte recebe o Espírito Santo = batismo com o Espírito Santo = iníciação da vida cristã

- o Espírito Santo vem para ficar

a. há textos que indicam a possibilidade de perda de salvação (o Espírito seria removido);

b. há textos que falam que a salvação não pode ser perdida;

c. concordamos que enquanto a pessoa caminha com Cristo o Espírito não é tirado da pessoa.

- estar cheios do Espírito Santo (plenitude) = nos apropriar cada vez mais desse presente de Deus

- não se trata de quanto eu tenho do Espírito, mas quanto ele tem de mim

A plenitude do Espírito Santo

1. Deve ser a experiência normal de cada cristão

- não é algo para super-espirituais ou restrito a um grupo de pessoas

- os dons são dados por Deus especificamente a cada pessoa

- os diáconos (At 6) precisavam estar cheios do Espírito Santo = as pessoas viam neles uma vida de entrega contínua a Jesus em tudo o que faziam

Quem recebe a plenitude do Espírito Santo

2. Uma capacitação para um ministério especial

- João Batista foi cheio do Espírito desde o ventre da mãe = preparação para o seu ministério profético?

- Ananias disse a Paulo que seria cheio do Espírito = indicando a sua vocação para ser apóstolo?

- Atos mostra pessoas cheias do Espírito e depois em situações especiais volta a dizer a mesma coisa = Deus os capacitou de forma especial para esta situação

At 2.1-4 – os 120, incluindo os 12 cheios do Espírito

At 4.8 – Pedro cheio do Espírito confronta o Sinédrio;

At 9.17 – Paulo em sua conversão,

At 13.9 – Paulo confronta Elimas


Esse enchimento ocorre com a igreja – não somente com indivíduos (At 4.31; 13.52). Aqui vemos a igreja sendo cheia continuamente com o Espírito – não somente em uma ocasião – deve ser a experiência normal e diária da igreja

3. Uma capacitação para uma tarefa imediata

- algumas pessoas são enchidas do Espírito antes de profetizar (Zacarias, Isabel)

- Estêvão antes de ser martirizado, Pedro diante do Sinédrio, Paulo quando repreendeu o mágico Elimas

- não é que as pessoas tenham pecado e com isso perdido a plenitude do Espírito. Havia situações específicas onde se necessitava de uma capacitação especial e esta é proporcionada pelo Espírito


Ef 5.18 “Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito”

- somente uma passagem falando sobre este assunto em Paulo – cautela sobre a centralidade desse assunto

1. Está lado a lado com estar embriagado – metáfora para estar cheio de substância material ou espiritual

- não quer dizer que os cristãos devem estar em transe no Espírito – como os alcoólatras. O alcoolizado perde o controle de si mesmo (estimula ações em que a pessoa não se preocupa com as conseqüências) e o fruto do Espírito é o domínio-próprio

- temos a mesma idéia em 1Co 14 quando a pessoa não está em transe quando manifesta os dons

Ef 5.18 e a plenitude do Espírito Santo

2. Estar cheio de vinho = ser insensato; cheio do Espírito = sabedoria (Ef 5.17)

- sabedoria – ligado com maturidade – não simplesmente com um pedido para ser enchido

- maturidade leva tempo para conseguir – é fruto da caminhada

3. O foco do texto está sobre a necessidade de ser enchido e não sobre o pedido para ser enchido – mesmo que esteja indiretamente presente

- precisamos desejar a maturidade em Cristo – isso não impede que o peçamos a Deus – mas maturidade é uma caminhada e não milagre de Deus


4. O termo é passivo – ser enchido com o Espírito. A ênfase do texto está em olhar para Deus como o agente do enchimento. A responsabilidade de obediência do crente + vida correta em relação a Deus e aos outros crentes é secundária

- o Espírito já está em nós, mas Deus quer que o Espírito tenha cada vez mais espaço em nossas vidas = maturidade

- Is 63.10-11 mostra que Deus tinha dado o Espírito, mas as pessoas entristeceram o Espírito – não entristeçam o Espírito, mas vivam de maneira obediente

- não existe texto algum no NT que ordene que devemos pedir para ser cheios do Espírito – mesmo que esta prática não seja errada


5. O tempo presente enfatiza que devam ser enchidos continuamente com a presença do Espírito, o que vai se manifestar em uma vida sábia (Ef 5.15-17), adoração agradecida (5.19,20), honrando a Deus com relacionamentos corretos (5.21—6.9). Parece que Paulo não incentiva a pedir para ser cheio do Espírito, mas viver permeado com a presença do Espírito

6. O foco da passagem é corporativo, não individual. As expressões de vida enchida com o Espírito estão nos relacionamentos


7. O contexto de Ef 5 é a igreja – o crescimento corporativo da igreja e sua eficácia na missão – unir todas as coisas em Cristo (1.10). “Ser cheio do Espírito é estar debaixo da influência do poder do Espírito, alinhando o nosso tempo e energia com o plano e propósito de Deus – unir todas as coisas em Cristo” (Anderson)


8. Outros textos de Paulo sobre a plenitude, “ser cheio da plenitude de Deus” (3.19); “cheios do fruto da justiça” (Fp 1.11); “ser cheio do pleno conhecimento da vontade de Deus” (Cl 1.9), apontam para um pedido coletivo para a igreja crescer em maturidade. Membros individuais crescem levando a igreja a crescer. É errado diferenciar claramente a dimensão individual e corporativa


- as teologias são ligeiramente diferentes, mas se complementam

- Ef 5.18 está focado sobre o aspecto coletiva do enchimento – mesmo que o enchimento coletivo não exclua o enchimento individual

- Lucas/Atos foca sobre o aspecto escatológico corporativo (At 2.4; 4.31; 13.52). Outros textos falam sobre o Espírito enchendo indivíduos (Lc 1.14,41,67; At 4.8; 7.55; 9.17; 13.9)

- o elemento escatológico corporativo (Ef 5.18; At 2.4 parece se basear em Is 63.10,11; Ez 36.26,27; 37). Israel é a comunidade da aliança no meio da qual Deus habita. Os profetas antecipavam o tempo onde a atuação de Deus através do Espírito não seria impedida

Comparando Paulo e Lucas sobre a plenitude

- a terminologia do “enchimento” está associada com o templo que é preenchido com a glória de Deus. Isso está por trás de pessoas e igrejas cheias do Espírito

- o outro elemento do AT que transparece no NT é quando o Espírito tomava posse da pessoa, separando-a para o trabalho de Deus. Assim em Atos o Espírito vem sobre Pedro, Estêvão, Paulo para pregar, para o martírio e para a batalha espiritual

- em At 4.31 toda a igreja é enchida com o Espírito para a proclamação corajosa

- toda a igreja é chamada para ser testemunha da obra de Cristo – não precisa de uma capacitação especial para isso – é o templo de Deus que testemunha da verdade e bondade de Deus (Ef 5.18; At 13.52)

Comparando Paulo e Lucas sobre a plenitude

Como ser continuamente cheio do Espírito Santo

1. Confessar os pecados e obedecer

- arrependimento e disposição para obedecer

- trata-se de recusar a entregar o controle da vida a Deus

- peco e não confesso → perco a plenitude do Espírito

2. Estar conectado na fonte certa (Jesus)

- facilmente nos conectamos e bebemos de outra fonte

3. Beber continuamente da fonte

- ser enchido continuamente = estilo de vida

- maturidade


EU EU

EU

PECAR

CONFESSAR

†

†

†

1. Falando entre vós com salmos = comunhão

- a Palavra de Deus deve habitar ricamente entre eles (Cl 3.16) para instruir e aconselhar-se mutuamente

- o sinal da plenitude é a comunhão entre os irmãos onde há comunicação inteligível e com isso a edificação – não um êxtase

2. Fazendo música para Deus de todo o coração

- glorificando a Deus através da expressão musical – o envolvimento da pessoa (todo coração) e não técnicas apuradas. É cantar com todo o ser para Jesus (O’Brien)

Evidências da plenitude do Espírito Santo

3. Dar graças por tudo

- sabem receber tudo das mãos de Deus, porque confiam que têm um pai amoroso e bondoso cujas intenções são sempre boas – ele nunca erra

- contraste com a constante murmuração de Israel

4. Sujeitando-vos uns aos outros

- num sentido, sujeitem-se àqueles que têm autoridade sobre vocês como determinado por Deus na Palavra. Não é uma questão de que todos devem se sujeitar uns aos outros – poderia indicar que os pais deveriam se sujeitar aos filhos, etc.

- por outro lado, em Cristo somos todos iguais e os dons se complementam. Isso significa que existe uma interdependência e submissão mútua dentro da igreja

Evidências da plenitude do Espírito Santo

- não temos ordem para buscar o batismo com o Espírito como 2ª. experiência. Temos exortação para que sejamos continuamente cheios do Espírito

- devemos ser continuamente enchidos pelo Espírito. Deus precisa nos encher. Precisamos nos esvaziar para que ele possa nos encher. Devemos deixar que o Espírito nos transforme cada dia mais conforme Jesus

- pessoas cheias do Espírito são pessoas obedientes, comprometidas com Deus

- “ser cheio do Espírito” não precisa ser uma experiência altamente emocional, mas pode ser. A experiência de uma pessoa não é normativa para outra

- devemos dar espaço para expressões emocionais diferentes sem julgar uma maior ou menor

Conclusão

- temos a tendência de buscar experiências altamente emocionais com o Espírito, ou mesmo os dons mais extraordinários. Estes podem e devem ser úteis para a igreja, mas devemos nos lembrar que a igreja de Corinto tinha todos os dons (1Co 1.4-7) e todos eram batizados com o Espírito (1Co 12.13), mas Paulo fala a eles não como pessoas espirituais, mas como carnais. A emoção que alguns dos dons mais sobrenaturais nos trazem, ainda não é símbolo de maturidade espiritual

- a evidência da plenitude do Espírito se evidencia na produção do fruto do Espírito e não dos dons


- se você quer mais do Espírito, você não vai querer uma emoção que venha agora e acabe com o tempo, mas uma transformação real de vida que dure para a eternidade. Isso é obra do Espírito quando entregamos cada vez mais o controle de nossas vidas a ele.

- peça que o Espírito te mostre as partes de sua vida das quais ele não se agrada. Arrependa-se, peça perdão e trace alguns passos práticos que deverá tomar para vencer essas fraquezas em sua vida, compartilhe sua preocupação e os seus alvos com uma pessoa de confiança e peça que esta pessoa cobre de você.

- o Espírito Santo somente enche um vaso limpo

- não se trata de quanto eu tenho do Espírito, mas quanto ele tem de mim


- a expressão “fruto do Espírito” aparece somente 1 vez. Está colocada em contraste com as obras da carne (Gl 5.16-26)

Conflito entre Espírito e natureza humana

16 Por isso digo. Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.

17 Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.

18 Mas, se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da Lei.

Fruto do Espírito Santo

Descrição das obras da carne

19 Ora, as obras da carne são manifestas. imoralidade sexual, impureza e libertinagem;

20 idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções

21 e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti. Aqueles que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus.

Descrição do fruto do Espírito

22 Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei.


Conclusão. O caminho para a vitória

24 Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos.

25 Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito.

26 Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros.

- existem outros textos paralelos no NT que nos dão uma idéia muito parecida com esta.

“8 Porque outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz, 9 pois o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade” (Ef 5.8-9)


“9 Esta é a minha oração. Que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, 10 para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo, 11 cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fp 1.9-11)

“Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Fp 4.8)


“12 Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. 13 Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. 14 Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito. 15 Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos” (Cl 3.12-15)

- esses textos mostram que mesmo não tendo a descrição exatamente igual, o conceito está presente em diversas cartas = faz parte da teologia do NT


- a idéia de fruto pode ter vinda do AT onde Israel é comparado algumas vezes a uma vinha ou árvore que dá frutos.

“Eu a plantei como uma videira seleta, de semente absolutamente pura. Como, então, contra mim você se tornou uma videira degenerada e selvagem?” (Jer 2.21);

“5 Serei como orvalho para Israel; ele florescerá como o lírio. Como o cedro do Líbano aprofundará suas raízes; 6 seus brotos crescerão. Seu esplendor será como o da oliveira, sua fragrância como a do cedro do Líbano” (Os 14.5-6)

- veja também Sl 80.8-18; Is 5.1-7; 27.2-6; Jr 11.16; 12.10


- Deus acusa Israel por não produzir fruto de justiça. “2 Ele cavou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores videiras. Construiu uma torre de sentinela e também fez um tanque de prensar uvas. Ele esperava que desse uvas boas, mas só deu uvas azedas... 4 Que mais se poderia fazer por ela que eu não tenha feito? Então, por que só produziu uvas azedas, quando eu esperava uvas boas?” (Is 5.2,4)- quando Israel for restaurado e o Espírito for derramado, a terra será produtiva. “15 até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta. 16 A justiça habitará no deserto, e a retidão viverá no campo fértil. 17 O fruto da justiça será paz; o resultado da justiça será tranqüilidade e confiança para sempre” (Is 32.15-17)


- no contexto de Gálatas, estava-se exigindo que os novos convertidos guardassem a lei de Moisés para serem salvos = acréscimo ao Evangelho de Cristo

- para Paulo isso destruía a essência do evangelho

- Paulo exorta para que andem (obedeçam) no Espírito e não segundo as inclinações da carne. A liberdade da lei não significa libertinagem = liberdade das responsabilidades éticas

- o Espírito quer motivar e capacitar as pessoas a viver como Deus quer = evitar aquilo que desagrada a Deus e fazer o que o agrada. Gálatas nos dá exemplos negativos (obras da carne) e positivos (fruto do Espírito)

- o Espírito motiva a matar a carne e trabalhar o caráter


- contemplar a possibilidade que a nossa vida possa mostrar todas estas características deveria encher de água a nossa boca (Stott)

- é difícil ver alguém radiante por amadurecer em sua caminhada com Cristo = evidência do fruto do Espírito. Elas ficam radiantes por manifestações “sobrenaturais” não por mudança de caráter

- dons → fazer; fruto → ser – buscar equilíbrio

- a manifestação dos dons do Espírito Santo sai pela culatra por falta do fruto do Espírito

- não implica em exercer os dons somente quando formos impecáveis – nunca podemos negligenciar o ser em troca do fazer = vomitar na própria sopa, na sopa da igreja e do Reino de Deus


- o ser é a base para o fazer

- a lei do AT enfatizava o aspecto externo (comportamento) do compromisso da pessoa com Deus. Com a vinda do Espírito Santo, a ênfase está sobre a transformação interna da pessoa

- mexe com a motivação – vai além da lei

- não podemos andar com Deus de forma legalista e ao mesmo tempo “andar no Espírito”. O legalismo depende da carne, enquanto que a vida cheia do Espírito depende de Deus e do poder de sua graça

- o fruto do Espírito é uma descrição de Jesus Cristo


- retrato do cristão cheio do Espírito = imita a Cristo

“Vendo a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (At 4.13)

- precisamos desenvolver o fruto todo – não podemos escolher a parte que nos agrada. Temos dificuldades em áreas diferentes – imitar todo o caráter de Cristo


- é o amor sacrificial pelos indignos (decisão)

- dar-se em benefício do próximo

- é muito mais uma decisão do que emoção. O melhor exemplo é Cristo dando-se pelos pecadores na cruz

- o amor é o mais importante – cumpre toda a intenção moral da lei (Gl 5.14; 6.2). Ao invés de depender do seu esforço pessoal, devem viver a fé andando no amor

- para Paulo o amor sempre está ligado à ética. Já no AT o amor captura a essência do caráter de Deus, o que é visto no relacionamento de Deus com o seu povo

- o amor é o fruto do Espírito porque o Espírito derramou o amor de Deus em nossos corações e quem vive em nós agora é o Espírito daquele que nos amou e se deu por nós

Amor

- para nós, amor muitas vezes significa o que eu faço pelo próximo, mas que me faz sentir bem, ou seja, a motivação é egoísta e não altruísta

- o amor está em primeiro lugar na lista das virtudes que lutam contra o egocentrismo das obras da carne.

“Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor. Toda a Lei se resume num só mandamento. ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Mas se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, cuidado para não se destruírem mutuamente” (Gl 5.13-15)

- servir uns aos outros em amor luta exatamente contra a ira que destrói mutuamente as pessoas

Amor

- ligada com justiça, paz e esperança

- bem-estar independente das circunstâncias

- a esperança é parte importante da alegria, pois pode suportar as dificuldades presentes por causa do futuro certo

- é uma alegria que olha mais para o futuro que para o presente – estamos de passagem. Os cristãos devem expressar a sua alegria em Deus porque confiam nele e lembram daquilo que Jesus fez por eles

- em 1Ts 1.6 os pagãos se converteram. Como pagãos tinham momentos felizes, mas a vida era caracterizada por dificuldades e frustrações. Mas vindo a Cristo experimentaram uma alegria em meio a perseguições por causa de sua fé

Alegria

- a alegria é uma característica essencial de uma espiritualidade genuína (Fee). A alegria é no Senhor (Fp 4.4). Os cristãos experimentam a vida futura hoje – a presença poderosa de Deus em suas vidas

- trata-se de algo que os cristãos experimentam em comunidade, algo que caracteriza sua vida conjunta. Em Rm 14.17; 15.13, alegria, paz e o Espírito estão juntos. Foi escrito no contexto de um apelo para que judeus e gentios aceitem uns aos outros (Rm 15.7), ao invés de julgar um ao outro e desprezar o próximo (14.1-4). Uma justiça que inclui alegria e paz no Espírito não terá muito espaço para destruição mútua

Alegria

- a base é a reconciliação com Deus – sem a dimensão vertical, a horizontal não faz sentido

- perfeição nos relacionamentos, com Deus, com o próximo e com aqueles que “são de fora”, independente das circunstâncias

- a unidade no Espírito mostra que temos algo muito profundo que nos une = o mesmo Deus vive em cada cristão verdadeiro

- não podemos ser cristãos e desprezar outros cristãos. Não podemos controlar como outras pessoas vão agir, mas no que depender de nós devemos ter paz com todos (Rm 12.18). Quando nos dividimos, mesmo por divergências de opinião sobre o Espírito Santo, não estamos demonstrando essa parte do fruto do Espírito

Paz

- trata-se de algo comunitário e não necessariamente individual – é difícil ter paz em comunidade, quando as pessoas não estão em paz consigo mesmas. Diversas obras da carne levam a discórdias entre as pessoas. A paz está em oposição a esta discórdia

- Deus é descrito em diversas passagens como o Deus da paz. Deus vive num shalom completo e quer partilhar esse shalom com o seu povo em sua vida comunitária. Deus é descrito como paz em contextos de briga e discórdia. Em diversas passagens se trata do relacionamento entre judeus e gentios. A nova comunidade é formada por judeus e gentios que vivem juntos em paz

Paz

- está ligada com a perseverança em tempos de perseguição – suportar pacientemente a injustiça sem raiva ou vingança. É o poder de suportar – pavio longo ao invés de pavio curto

- Paulo liga essa característica com os relacionamentos – não é algo somente individual

- “longsuffering” (KJV) = sofrimento longo

- a paciência caracteriza a maneira como Deus lida com a humanidade – deve caracterizar os cristãos em seus relacionamentos. Paulo regularmente liga essa parte do fruto com o amor e com mansidão ou humildade

Paciência

- a paciência ou longo ânimo pode ser vista como o aspecto passivo do amor, enquanto a benignidade é o aspecto ativo. Paulo descreve a atitude de Deus para a arrogância humana como paciência e bondade (Rm 2.4). Essa paciência está ligada com o longo sofrimento para com aqueles que se opõem a nós ou nos atrapalham de uma forma ou de outra. O contexto aqui mostra que a capacitação do Espírito não está ligada simplesmente com alegria e milagres, mas a tão necessária qualidade de suportar aqueles que precisam de um amor paciente e bondade (cf. Cl 1.11). Esse é o antídoto para os acessos de raiva e provocação mútua (Gl 5.20,26)

Paciência

- benignidade / amabilidade = é o amor em ação

- ser gentil no tratamento com outras pessoas que não merecem (merecem a ira), sempre com boas intenções

- Deus trata as pessoas com benignidade, e os cristãos são chamados a imitar essa qualidade

- não se trata de algo teórico, mas prático. Isso fica evidente em especial no contexto das obras da carne que são essencialmente egocêntricas

- se refere à maneira que os apóstolos tratavam as pessoas que os perseguiam (2Co 6.6) e como devemos demonstrar misericórdia uns com os outros na igreja – é normal de uma pessoa nascida de novo

Benignidade

- o Espírito capacita não somente para suportar a hostilidade dos outros, mas também para demonstrar benignidade e buscar ativamente o bem destas pessoas. Se a paciência significa abster-se da vingança, benignidade implica em encontrar meios de ativamente demonstrar misericórdia para estas pessoas – tomar a bacia e toalha na mão e lavar os seus pés

Benignidade

- bondade = generosidade

- alegria em fazer muito mais do que seria justo

- é o oposto de inveja e ciúme

- é a característica de cristãos obedientes (Rm 15.14; 2Ts 1.11)

- juntamente com a justiça e a verdade funciona como um resumo da obra de Deus em nossas vidas (Ef 5.9; Cl 1.10)

- trata-se de fazer o bem de forma concreta

- bondade e benignidade são sinônimos em diversos contextos

Bondade

- fé / fidelidade = ser fiel a Deus

- poderia ser tanto fé como fidelidade. O contexto favorece a fidelidade, por causa das outras partes do fruto do Espírito

- aqui se refere a uma vida fiel que demonstra a nossa confiança em Deus em longo prazo

- não está claro se esse termo também se refere ao relacionamento interpessoal. O contexto parece favorecer esse aspecto, mas Paulo nunca usa essa palavra desta maneira

- confiável seria a dimensão relacional (Stott)

- vem do conceito do AT onde a pessoa demonstra fé em Deus se apegando a ele em obediência baseado no relacionamento que possui com ele

Fé / fidelidade

- disposição humilde para fazer a vontade de Deus

- o oposto de arrogância – humildade (pessoa que tem um conceito correto dela em relação a Deus) e uma postura coerente diante das outras pessoas

- termo usado em Gl 6.1 onde devemos restaurar um irmão em pecado. Deve ser realizado com E/espírito de mansidão, já que a vida da pessoa está em jogo e devemos estar atentos para as nossas próprias fraquezas e suscetibilidade para a tentação

- nesse contexto está em oposição direta a “ambição egoísta”. Está presente naqueles que têm um conceito correto de si mesmos (Gl 6.3), consideram os outros melhores do que si mesmos (Fp 2.3) – olham para os outros e para as suas necessidades.

Mansidão

- um animal amansado (domado) tem toda a energia, mas ela está sob controle. Juntar a natureza do leão e da ovelha na mesma pessoa

- ser despretensioso e amoroso ao invés de egocêntrico. Não significa ser tímido, mas responder de forma gentil de maneira que afasta a ira

- Paulo freqüentemente usa o exemplo de Jesus que foi tratado erradamente de forma verbal e às vezes atacado fisicamente, mas não tentou se vingar. Quem exibe essa parte do fruto irá ter compaixão e não pena de um irmão que está preso ao pecado (Gl 6.1; 1Co 4.21)

Mansidão

- domínio próprio = controle dos apetites. Essa qualidade no final da lista, assim como o amor no início dela, representa a perfeição

- o verbo aparece com referência ao controle dos apetites sexuais (1Co 7.9) e da disciplina pessoal do atleta (1Co 9.25)

- essa virtude está focada sobre o crente individual. Não é algo que fazemos em comunidade, mas uma postura em relação aos excessos de modo geral

- sucesso somente em parceria com o Espírito Santo. Ele quer produzir essa diferença em nossas vidas. A nossa obediência possibilita esse trabalho

- não é abstinência em si mesmo. O cristão é livre para se abster de qualquer coisa em prol do próximo

Domínio próprio

1. Tem origem sobrenatural

- é produzido pelo Espírito Santo na vida da pessoa

- não é produzido sem a nossa obediência

2. Cresce por si só em condições favoráveis

- podemos permitir / atrapalhar o seu crescimento

- só cresce quando semeamos

- semeamos em tudo o que fazemos – toda a vida

3. Cresce lentamente

- não existe maturidade instantânea

- as estufas são as dificuldades

- emoção não muda o caráter

- maturação é um processo

Verdades sobre o Fruto do Espírito Santo

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