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    DOUTRINA DE SANTIDADE - II

    Prof.Rev.. SILA D. RABELLO

    SEMINRIO TEOLGICO NAZARENO ETED PIRACICABA RIO CLARO

  • 2

    I N D I C E

    CONCEITUAES p. 04

    Relacionamento: a chave da santidade p. 07

    O fechamento de uma era p. 12

    Ascese Crist p.16

    Monasticismo p.18

    Pioneiros do Monasticismo p.23

    Monges que se Destacaram p.26

    Paulo de Tebas Sto.Anto,Pacmio

    Martinho de Tours, Baslio Magno,

    Gregrio de Nissa, Macrio, Jernimo

    Agostinho, Simeo estilita, Columbano

    Bento de Nrsia.

    Trabalho de Pesquisa I e II p.37/38

    Religiosidade e o Misticismo da Idade Mdia P. 39

    Movimentos Contestatrios Igr.Catlica p.42

    Ctaros ou Albigenses

    Valdenses Cistercienses

    Os Lolardos

    Pincipais Ordens Catlicas P.47

    As Ordens Mendicantes e Outras

    Idade Mdia A Busca da Espiritualidade p.52

    Cartusianos

    Principais expoentes: Anselmo, Bernardo

    De Claraval, Abelardo, So Domingos, Toms

    De Aquino,Eckhart, Ruysbroeck, Hugo de Balma,

    Tauler, Hilton,Norwich, Catarina de Siena,

    Kempis, Loyola, Tereza de vila, Lorenzo

    Scupoli, S.J.Cruz, Fco.Sales, Molinos.

    Quietismo Madame Guyon, Fnelon,Owen p.68

    A Perfeio Crist na Teologia Reforma p.71

    A Perfeio Crist no Perodo da Reforma

    Pietismo/Quakers/Morvios/Wesley

    Declarao de Doutrina p. 75

    A Doutrina Bblica da Santidade

    Resumo dos Movimentos de Santidade e Enf.

    O Desenvolvimento do Pensamento de Wesley p. 81

    Tarefa p.101

    Bibliografia p.102

  • 3

    Matria: Doutrina de Santidade II

    Professor: Rev. Sila D.Rabello

    Crditos : 03

    I. DESCRIO DA MATRIA

    Compreende o estudo dos fundamentos bblicos e histricos da espiritualidade e da busca da Perfeio Crist atravs dos sculos.

    II. OBJETIVOS DA MATRIA

    Durante o curso o aluno deve:

    Descobrir na confrontao com a Palavra de Deus, os fundamentos da doutrina da santificao.

    Conhecer a histria da doutrina da santificao e da busca da espiritualidade.

    Saber diferenciar as diversas vises de Perfeio Crist nos escritores de espiritualidade.

    III. RESPONSABILIDADES DO ALUNO

    1. Freqncia: estar presente em todas as aulas com pontualidade. 2. Tarefas: Resumo crtico de leituras indicadas 3. Prova escrita final.

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    C o n c e i t u a e s

    Santidade:

    O Dicionrio da Bblia de Almeida assim define a palavra santidade: 1- Atributo de Deus ( Pai, Filho e Esprito) pelo qual ele moralmente puro e perfeito, separado e acima do que mau e imperfeito.(Ex.15:11, Hb.12:10). 2- Qualidade do membro do povo de Deus que o leva a se separar dos pagos, a no seguir os maus costumes do mundo, a pertencer somente a Deus e a ser completamente fiel a Ele. (I Ts. 3:13) 3- No A.T., separao de coisas ou pessoas para Deus e para o culto. Eram santos os sacerdotes (Lv. 21:6-8), os Nazireus (Nm. 6:5-8) o Templo (Sl.11;4) Jerusalm (Is. 52:1) Os altares, o leo e os utenslios do culto (Ex. 30:25-29), Os sacrifcios (Ex. 28: 38). Na teologia Armnio-wesleyana, a santidade pode ser expressa com 3 termos:

    Santidade Ponto de partida na regenerao. derivada de Deus que santo e ministrada pelo Esprito Santo. contnua.

    Perfeio Ponto de prosseguimento na vida crist. alvo.(Mt.5:) Amor perfeito Ponto de maturidade na relao com Deus. Este amor

    sem hesitao, opta por agradar a Deus e no a si prprio. Este um estgio de espiritualidade onde se venceu todos os inimigos internos que combatem contra a perfeita obedincia. (Mc. 12:30) Este amor no mero sentimento humano, mas amor forjado no corao pelo Esprito.

    Perfeio Crist: Ressalta a inteireza do carter cristo e a posse dos dons espirituais.

    SANTIFICAO

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    Inteira Santificao: Destaca a limpeza de todo o pecado, incluindo a mente

    carnal ou o pecado inerente; que est unido estrutura da pessoa. Amor Perfeito: Ressalta o esprito e a tmpera da vida moral dos inteiramente santificados. Implica libertao completa do egosmo, devoo total a Deus e amor desinteressado para com todos os seres humanos. Batismo com o Esprito Santo: Ressalta os meios de graa pelos quais o corao pode ser purificado e repleto do amor divino, capacitando o crente a vencer o pecado. Contemplao: Forma de orao em que o indivduo evita ou minimiza o uso de palavras ou imagens para experimentar diretamente a presena de Deus. Ascetismo: (Gr.Askesis = disciplina) Termo aplicado a uma grande variedade

    de formas de autodisciplina utilizada pelos cristos com o objetivo de aprofundar seu conhecimento e compromisso com Deus.

    Misticismo: Termo de mltiplos sentidos. No sentido mais importante, o termo se refere unio com Deus visto como objetivo final da vida crist. Essa unio deve ser entendida em termos racionais e intelectuais, porm mais em termos de uma conscincia ou experincia direta com Deus.

    Maniquesmo: Uma posio fortemente fatalista identificada com Maniqueu , a quem Agostinho de Hipona se associou no principio de sua trajetria teolgica. De acordo com essa viso, existe clara distino entre duas divindades, uma considerada m; outra, boa. O mal, ento, entendido como resultado da influncia do deus mau.

    Devotio Moderna: (devoo moderna) Escola de pensamento desenvolvida nos Pases Baixos no sculo XIV, principalmente ligada a Geert Groote (1340-1384) e Thoms Kempis (1380-1471), que enfatizaram a Imitao da humanidade de Cristo.

    Catarse: Processo de limpeza ou purificao por meio do qual o indivduo se livra de obstculos para o crescimento e desenvolvimento espirituais.

    Hagiografia: Gr.hagios = sagrado. Pesquisa, histria e biografia dos santos.

    Hesicasmo

    A palavra hesiquia, em grego, traduz-se como sendo um estado de

    tranqilidade, de paz ou de repouso. Quem a possui encontra-se equilibrado,

    vive em paz; s vezes cala e guarda silncio. Recorda a atitude que Plato

    afirma ser a do autntico filsofo: mantm-se tranqilo e se ocupa daquilo que

    lhe prprio. Tambm se ajusta s palavras do Livro dos Provrbios: O homem

    sensato sabe se calar; ou ao estilo do solitrio de quem disse o Profeta

    Jeremias bom esperar em silncio a Salvao do Senhor. ( Lm.3:23)

    No Novo Testamento, o prprio Cristo disse a seus discpulos; Vinde a

    Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos darei descanso.

    Tomai sobre vs o meu jugo, e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde

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    de corao, e encontrareis repouso (hesiquia) para vossas almas, pois o meu

    jugo suave e o meu fardo leve. (Mt 11: 28-29).

    Foram os anacoretas os primeiros a se chamarem hesicastas. Se a virtude

    dos cenobitas (monges que vivem em comunidades) a obedincia, a dos

    hesicastas (anacoretas ou solitrios) a orao perptua. A busca da hesiquia

    to antiga como a vida monstica.

    Filocalia

    J em fins do sculo XVIII compila-se e traduz-se para o eslavo a Filocalia com o que

    a tradio hesicasta chegar primeiramente Rssia, e logo Romnia, e dali a toda Europa Ortodoxa. A Filocalia (termo grego que significa amor ao belo e ao bom) est composta por uma antologia de textos ascticos e msticos, recopilados por Macrio de Corinto e Nicodemo, o Hagiorita. Foi publicada em Veneza, em 1782 e diz-se que ela constitui o brevirio do hesicasmo. Sua publicao coincide com o renascimento da f ortodoxa na Grcia do sculo XVIII e, ao ser traduzida para o eslavo por Paissy Velichkovsky, e para a lngua russa por Ignacio Brianchaninov, em 1857, marcou a

    renovao do monaquismo oriental.

    Quietismo: Concepo mstico-religiosa que busca a unio do homem com Deus por meio de um estado de passividade quiete, e de total submisso da vontade.

    APOTGMAS

    Os Pais do Deserto emitiam sentenas curtas, chamadas apotegmas (do grego, apphthegma - ap + phthggomai: falar sentenciosamente). So aforismos, ensinamentos que eram transmitidos oralmente como regra prtica de vida para os discpulos. Cada um deles para refletir, guardar no corao por algum tempo, at que, atravs do Esprito Santo, aquela frase, fruto da experincia de um santo homem de

    Deus, se torne uma fonte de inspirao prtica em nossa vida.

    JANSENISMO Foi um movimento religioso, embora poltico, que se desenvolveu principalmente na Frana e na Blgica, nos sculos XVII e XVIII, em reao a certas evolues da Igreja Catlica e ao absolutismo real. Tem esse nome por ter sua origem nas idias do bispo de Ypres, Cornelius Jansen. Com o intuito de reformular globalmente a vida crist, o holands Cornlio Jansnio (1585-1638) deu incio a um movimento que abalou a Igreja Catlica durante os sculos XVII e XVIII. Descontente com o exagerado racionalismo dos telogos escolsticos, Jansnio - doutor em teologia pela universidade de Louvain e bispo de Ypres - uniu-se a Jean Duvergier de Hauranne, futuro abade de Saint-Cyran, que tambm pretendia o retorno do catolicismo disciplina e moral religiosa dos primrdios do cristianismo. Os jansenistas dedicaram-se particularmente discusso

    do problema da graa, buscando nas obras de Santo Agostinho. (354-430) elementos que permitissem conciliar as teses dos partidrios da Reforma com a doutrina catlica.

    CENBIO Habitao de monges que vivem em comunidades. ANACORETA Ermito, eremita, solitrio.

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    RELACIONAMENTO: A Chave da Santificao

    Leitura: xodo 19: 4-5 e 10-11 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abenoado com toda sorte de beno espiritual nas regies celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundao do mundo, para sermos santos e irrepreensveis perante Ele. (Efsios 1: 3-4) A santidade tem a sua origem em Deus. Deidade e santidade esto unidas. Na acepo do termo santidade, esto os conceitos de Glria, Esplendor, Beleza, Refinamento Moral, Amor, Iseno de contaminao. Quando Isaas contemplou o Senhor em seu alto e sublime trono, logo mencionou a sua glria. (Is.6:3) Se Deus no fosse perfeito, santo e amoroso, no seramos despertados para ador-lo. Se Deus no fosse distinto das obras criadas, no haveria motivo para ser exaltado por ns. No h santo como o Senhor; porque no h outro alm de Ti.(I Sm.2:2) Eu sou Deus e no homem, o santo no meio de ti. (Os.11:9) Um Deus diferente do homem, transcendente; mas no distante. Santo, mas no isolado, por isso imanente. Deus criou todos os seres humanos, mas se tornou seletivo. Escolheu Abro para dele formar um povo. Podemos acusar Deus de injustia? No. O Lapso (queda) foi nossa escolha e rejeio de Deus. Toda espcie humana se tornou reprovada. No h um justo sequer.(Rm.3:10, Rm. 3:23) Abro aceitou o desafio do relacionamento proposto por Deus: Eu sou o Deus Todo-poderoso; anda na minha presena e s perfeito. (Gn.17:1) Sobre o povo que vai surgir de Abrao, tambm pesa o desafio divino: Santo sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo.(Lv.19:2) Aps 430 anos, a partir do ajuntamento dos filhos de Jac, tirando-os do Egito ( smbolo de redeno), Deus lhes outorgou uma cartilha de santidade moral, civil e ritualstica e os ligou a si por um pacto.

    DEUS PACTOS LEI - POVO O que faria de Israel um povo santo? Sua privilegiada posio de escolhido? A habitao de Deus no meio deles? A Lei e o Pacto? ( ainda que a lei oferecesse perdo e santificao) Nada disto, automaticamente, trazia santidade. O que faria de Israel um povo santo, seria o seu relacionamento com Deus. Primeiro relacionamento,

    depois obedincia. Primeiro o vinculo do amor, depois o cumprimento das normas. Se algum me ama, guardar a minha palavra.(Jo.14:23)

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    O homem chamado a andar com Deus, conhecer Deus e ser amigo de Deus. Agradar a Deus porque Ele meu amigo e eu O respeito e O amo a chave da santidade. O mrito no est nos exerccios espirituais, mas na amizade com Deus. Cumprir ordenanas, para aplacar o senso de retido, destitudo do genuno amor a Deus aprovao por mritos. Isso gera neuroses. Conhecemos bem a histria do jovem rico, zeloso, cumpridor de todas as ordenanas. Mostrava um tremendo esforo pessoal destitudo de amor relacional (Lc. 18:18-23). Outro exemplo de falta de relacionamento amoroso encontramos na famlia do filho prdigo (Lc15:25-32). O filho mais novo foi desajuizado e desperdiou os bens da famlia. O filho mais velho era o politicamente correto, trabalhador e no agiu como o outro irmo. Quando o irmo problemtico retornou casa paterna e o pai lhe fez uma festa, o outro irmo chegou do trabalho, se surpreendeu e ficou aborrecido. Eis a sua declarao: Pai, h tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;vindo, porm, este teu filho que desperdiou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. (Lc15:29-30). Este filho nunca havia desfrutado de um pai. Ele possua um patro e agia como um empregado responsvel. O pai diz a ele: Meu filho, tu sempre ests comigo, tudo o que meu, teu.. Bastava voc pegar quantos cabritos quisesse e marcar quantas festas quisesse. O irmo mais novo, apesar dos erros, foi aperfeioado porque se arrependeu e voltou para o pai, ou seja, restaurou o relacionamento. O irmo que nunca havia transgredido, justificava-se em sua retido e se azedou. Bloqueou o seu relacionamento com o irmo e com o pai. Qual deles cresceu em santidade ? Desde o princpio do mundo, parece-me que Deus tem uma s maneira de tratar com os seres humanos: Trata-os com base na Sua graa que misericordiosa. S.E. McNair disse: A graa forneceu um substituto para Isaque; um cordeiro.Forneceu um libertador para Israel; Moiss e forneceu uma arca para No(humanidade): para preservao das espcies. At mesmo quando a Lei foi introduzida na Nao de Israel, Deus No estava mudando a Sua forma de tratar com os homens. A Lei apenas uma fase disciplinatria. Os que professam amor Deus, cumpriro os decretos de Deus por amor. A base, que o relacionamento com Deus, continua intacta. O elemento VITAL no conceito de santidade pertencer a Deus !

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    O homem que pertence a Deus deve possuir uma classe especial de natureza, que incluindo ao mesmo tempo pureza externa e interna, ritual e moral, corresponder natureza santa de Deus. Walter Eichrodt A vida santificada comea no Novo nascimento, ou seja, no restabelecimento da comunho com Deus ou reconciliao.(Rm5:5). (Deus se muda para a minha casa. (Joo 14:23, Rm 8:9 ).

    Prossegue no caminhar com Deus I Co 6: 9-11, II Co 7:1 . Participo da Sua glria e dos Seus sofrimentos. -Col 1:27. a santidade progressiva. (Estabelece-se uma parceria entre o crente e Deus).

    Completa-se a plena santificao na Glria, face a face com Deus.- I Co. 13:12, I Co 15:53-54 , Ap 21:3-4. (Eu me mudo para a Casa do Pai Celeste)

    CAMINHAR COM DEUS

    Uma expresso do V.T. para a vida de santidade era Caminhar com Deus em fidelidade e companheirismo.

    Enoque caminhou com Deus Gn. 5: 22-24 .Sua forma de vida agradou a Deus e Deus para si o levou. (Hb.11:5)

    No andava com Deus Gn. 6:9 J era um homem reto (perfeito), temente a Deus e que se desviava do

    mal. (J 1:9) Para Satans, a perfeio de J era questo de motivao, um certo amor interesseiro. (J 1:9)

    Salmodiando a santidade:

    O anseio pela vida de santidade, vida devota e piedosa, pode ser visto na literatura slmica. Exemplos: Salmo 15, 51, 101, entre outros. Na vida piedosa do salmista, percebe-se claramente que relacionamento com Deus sinnimo de vida. Quebra de comunho sinnimo de morte. Viver santamente habitar com Deus, viver no pecado ser desterrado para um abismo. Santidade na Literatura Proftica:

    Os profetas foram homens santos que falaram da parte de Deus, condenaram o pecado e apresentaram o remdio para a cura desta mcula. Exemplos: Isaas compara a mancha do pecado como de uma tinta

    indelvel, a escarlata, e diz: Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornaro brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornaro como a l. Is.1:18

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    Ezequiel Aspergirei gua pura sobre vs e ficareis purificados. (Ez.36:25) A obra santificadora do Esprito apresenta-se aqui pelo smbolo da gua como agente de limpeza. O mesmo smbolo reaparece no Novo Testamento: Eu vos batizo com gua para arrependimento... (Mt.3:11) Na literatura proftica, Deus lamenta a perda da amizade, do relacionamento e da comunho com o seu povo escolhido, em palavras com estas: Vai (Jeremias) e clama aos ouvidos de Jerusalm: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da tua afeio quando eras jovem, e do teu amor quando noiva, e de como me seguias no deserto, numa terra em que se no semeia. Ento, Israel era consagrado ao Senhor e era as primcias da sua colheita... ( Jr. 2:1-3) Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de guas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que no retm as guas.(2:13) Que mudar leviano esse dos teus caminhos? ( 2:36)

    Concluso:

    Durante o perodo vtero testamentrio acaba prevalecendo um conceito de santidade localizado na forma e no na essncia. Na organizao religiosa e no no organismo vivo, no cumprimento do decreto e no na motivao para o cumprimento do decreto. Na Lei e no no esprito da lei. De cerimnias (sacrifcios) e no no verdadeiro arrependimento. De esforo para o cumprimento do dever, mas com falta de relacionamento amoroso. A grande massa do povo no se preocupava em agradar a Deus, deixando este aspecto da espiritualidade para alguns homens especiais e especialmente talhados para isso. Da, temos os lideres nacionais que se supunham possuir vidas santas:

    O Sacerdote Portava vestes especficas que denotavam a santidade. Interpretava as Escrituras e fazia sacrifcios em prol de si mesmo e do povo. Representava o povo diante de Deus.

    O Profeta Um elemento chamado por Deus e que gozava de intimidade com Ele. Tinha a capacidade de ouvir a voz de Deus e a ele tambm eram dadas revelaes, sonhos e vises.(Nm.12:6)

    O Ancio Homem que j havia experimentado as vicissitudes da vida, acumulado experincias e credibilidade junto comunidade. Estava num estgio de espiritualidade mais elevado do que os mais jovens e podia dar bons conselhos.

    Durante 1450 anos o sistema sacerdotal levtico ministrou os meios da graa aos homens. Muitos se fixaram somente na letra da Lei, guardando-a maquinalmente, sem desenvolver comunho com Deus. Outros nutriram um relacionamento com Deus e tambm procuraram guardar a Lei. O sistema da Lei visava produzir santidade, aperfeioamento moral, mas mostrou-se ineficaz.

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    O autor aos Hebreus atesta: Portanto, por um lado, se revoga anterior ordenana, por causa de sua fraqueza e inutilidade ( pois a Lei nunca aperfeioou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperana superior, pela qual chegamos a Deus.(Hb.7:18-19) O prximo ato da administrao divina da aliana Deus-homem ser a mudana de sacerdcio, do levtico para o de Melquisedeque. Muda-se a Lei e a tica. Ao invs de mera orientao ou instruo exterior, a salvao e ou santificao incluir uma transformao interior da natureza humana. At

    agora o homem havia provado a fora do preceito, agora conheceriam a fora do amor. O amor um afeto da alma, no um contrato: no pode surgir de mero argumento, nem assim conquistado.

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    O FECHAMENTO DE UMA ERA

    A Lei e os Profetas duraram at Joo; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do Reino de Deus, e todo homem se esfora por entrar nele. (Lc. 16:16) Jesus Cristo, o Deus encarnado, a pessoa que vai fechar esta dispensao chamada da Lei, fazendo retornar o que sempre vigorou: A Graa. A Lei veio por intermdio de Moiss, a Graa e a Verdade vieram por Jesus Cristo.(Joo 1:17) Graa e verdade so os elementos corporativos da Nova Dispensao. Graa aquilo que dado graciosamente. Grtis.(Gratia) Favor imerecido. Todas as graas nada mais so do que formas variadas da bondade de Deus. Verdade personificada. Refere-se ao Esprito Santo que o Esprito da verdade (Joo 16:13) Como pessoa divina, ser o esteio da vida do cristo desde a sua reconciliao com Deus. Aps a sua ascenso, no pentecostes, a verdade foi enviada para estar com a igreja. Verdade, perante o mundo, um substantivo feminino, com diversos significados, mas nem um deles se enquadra nesta definio crist da verdade. De Cristo, que a verdade, emana luz, que o cristo canaliza para viver uma vida santa. O tempo que antecedeu a vinda de Jesus, contabilizou dois grandes movimentos de santidade: Os Fariseus e os Essnios. Fariseus: (os separados) ltimo grande esforo de um movimento equivocado de santidade. Era um partido religioso judaico que vivia separado do povo e procurava evitar contato com gentios e com os mortos. Punham grande fervor na observncia de 4 pontos de ensinos de apoio piedade.

    shabbath A observncia do sbado. Tsedak Mt.6:3-4 Esmolas Teflah Mt.6:6 Oraes Tsom Mt.6:17-18 Jejum

    Desdobraram a Lei em 613 mandamentos e proibies. As origens dos Fariseus remontam ao perodo da histria entre o fim do Antigo Testamento e o incio do Novo. A seita se iniciou com homens que tinham um zelo muito grande pela Lei. Eles se resguardavam para ser santos. O objetivo principal da vida deles era buscar a santidade. Graduaram-se em

    santidade. Se algum grupo deveria ter jogado os chapus ao ar quando o Santo [ Jesus] apareceu em cena, esse deveria ter sido o dos fariseus. Em funo da devoo singular na busca da santidade, os fariseus alcanaram um nvel de respeito sem igual, por sua piedade e justia. As pessoas lhes conferiam os mais altos louvores. Eram bem-vindos aos lugares de honra nos banquetes. Eram admirados como peritos em religio.

  • 13

    Seus uniformes eram decorados com os emblemas que indicavam sua elevada posio. Podiam ser vistos praticando suas virtudes em lugares pblicos. Jejuavam em locais onde todos pudessem v-los. Curvavam a cabea em orao solene nas esquinas das ruas. Davam esmolas substanciosas.Sua santidade era evidente a todos. No entanto, Jesus chamou-os de hipcritas. Pronunciou contra eles o orculo proftico da condenao: Ai de vs, escribas e fariseus. Mt.23:15

    Os fariseus no revelavam modstia. No havia beleza na sua santidade. Eram exibidos e ostentosos.Sua santidade era uma farsa. Eram hipcritas fingindo ser justos.( Vide Mt.23:2-7, 23:25-28 ) Considere alguns eptetos que Jesus utilizou para referir-se aos fariseus: serpentes! Raa de vboras! Guias cegos! Filhos do inferno! Insensatos! Os fariseus detestavam Jesus porque ele os criticava muito. Ningum gosta de ser censurado, muito menos aqueles que esto acostumados ao louvor... Jesus representava a presena do genuno em meio ao que falso. Sua santidade era autntica e os falsrios no gostavam disso. ( SPROUL.R.C. A Santidade de Deus. Ed.Cultura Crist.SP. 1997.pp.72-75 )

    ESSNIOS: Grupo judaico fechado de tipo monstico, na Palestina. ( Sc. II

    a.C. at sculo II a.D.) Tinham tudo em comum, abstinham-se de sacrifcios de animais e no comiam carne, entre outras coisas.

    Obsesso pela pureza e pela disciplina

    possvel conhecer o dia-a-dia dos essnios a partir do legado do

    historiador judeu Flvio Josefo (37-100). Aos 16 anos Josefo recebeu lies de um mestre essnio, com quem viveu durante trs anos. Os membros da seita acordavam antes do nascer do sol. Permaneciam em silencio e faziam suas preces at o momento em que um mestre dividia as tarefas entre eles de acordo com a aptido de cada um. Trabalhavam durante 5 horas em atividades como o cultivo de vegetais ou o estudo das Escrituras. Terminadas as tarefas, banhavam-se em gua fria e vestiam tnicas brancas. Comiam uma refeio em absoluto silncio, s quebrado pelas oraes recitadas pelo sacerdote no incio e no fim. Retiravam ento a tnica branca, considerada sagrada, e retornavam ao trabalho at o pr-do-sol. Tomavam outro banho e jantavam com a mesma cerimnia. Os essnios tinham com o solo uma relao de devoo. Josefo conta que

    um dos rituais comuns deles consistia em cavar um buraco de cerca de 30 centmetros de profundidade em um lugar isolado dentro do qual se enterravam para relaxar e meditar. Diferentemente dos demais judeus, a comunidade usava um calendrio

    solar de 364 dias, inspirado no egpcio. O primeiro dia do ano e de cada ms caa sempre um uma quarta-feira, porque de acordo com o Gnesis, o Sol e a Lua foram criados no quarto dia. O calendrio diferente trouxe vrios problemas para os essnios. Outros judeus poderiam atacar o monastrio no shabbath o dia sagrado reservado ao descanso, no qual era proibido

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    qualquer esforo, inclusive o de se defender. A correta observao das regras garantiria a salvao dos essnios quando chegasse o apocalipse, que seria a vitria dos puros filhos da luz contra os filhos das trevas. No mundo essnio, alis, tudo era dividido segundo uma viso maniquesta que tornava possvel at mesmo determinar quantas pores de luz e de escurido cada um possua.

    Graas a essa organizao toda, Qumran produzia tudo de que precisava. A dieta era vegetariana. Os essnios tinham um enorme respeito pela natureza. Nenhum homem poderia sujar-se comendo qualquer criatura viva. A regra permitia uma nica exceo. Eles podiam comer peixe, desde que fosse aberto vivo e tivesse seu sangue retirado. As refeies eram frugais, com legumes, azeitonas, figos, tmaras e, principalmente, um tipo muito rstico de po, que quase no levava fermento. Eles possuam pomares e hortos irrigados pela gua da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida. Alm dela, as bebidas dos essnios se resumiam ao suco de frutas' e "vinho novo", um extrato de uva levemente fermentado. No shabbath, os sectrios deveriam passar o dia inteiro em jejum. Os hbitos alimentares frugais e a vida metdica dos essnios garantiam-lhes uma vida saudvel. Segundo Josefo, muitos deles teriam atingido idade extraordinariamente avanada.

    Os essnios se vem como a comunidade da nova aliana, como o resto de Israel, os santos que permanecem fiis a Deus, certamente inspirados em Jr 31,31-34 , que prope uma nova aliana, porque o projeto original faliu[62].

    Isto bem claro no Documento de Damasco, que trata das normas a serem seguidas pelos "membros da nova aliana na terra de Damasco" (CD VI,19) ou dos "homens que ingressam na nova aliana na terra de Damasco" (CD VIII,21).

    Na Regra da Comunidade, quando se fala do ingresso no grupo e de seus ideais, marcante o fato de que os essnios se vejam como os justos, os santos, guiados por Deus, que seguem os preceitos da Lei mosaica. Em contraposio, os outros so os mpios.

    Ver mais sobre os essnios, consultar o link abaixo:

    http://www.airtonjo.com/essenios09.htm#6.%20A%20Teologia%20dos%20Essnios

    "Ns somos justificados, no por causa de nossa obedincia lei, mas para

    que possamos nos tornar obedientes lei de Deus."

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    LEI E GRAA

    Existe uma tendncia no homem para confundir os princpios da lei com a graa de sorte que nem a Lei, nem a graa, podem ser perfeitamente compreendidas... A Lei mostra o que o homem deveria ser, enquanto a Graa demonstra o que Deus . Como podero ser unidas num mesmo sistema? Como poderia o pecador ser salvo por meio de um sistema formado em parte pela Lei e em parte pela graa? Impossvel: ele tem de ser salvo por uma ou por outra. A Lei tem sido, s vezes, chamada A expresso do pensamento de Deus, mas, esta definio inteiramente inexata. Se a considerssemos como a expresso daquilo que o homem deveria ser, estaramos mais perto da verdade. Se eu considerar os dez mandamentos como a expresso do pensamento de Deus, ento pergunto: no h nada mais no pensamento de Deus seno fars isto, e, no fars aquilo? No h graa, nem misericrdia, nem bondade? No existe nada mais no corao de Deus seno exigncias e proibies severas? Se fosse assim, teramos de dizer que Deus Lei, em vez de dizermos que Deus Amor. Porm, bendito seja o seu nome, existe muito mais em seu corao do que jamais podero expressar os Dez Mandamentos pronunciados no monte fumegante. ( MACKINTOSH,C.E. Estudos sobre o Livro de xodo. PP.207-208) O cristo no est sem Lei. Ao vir Jesus e cumprir toda a Lei, Ele nos coloca debaixo da Lei de Cristo. A Lei do Esprito de vida em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. ( Rm. 8:2) Em Romanos 7, Paulo diz que a Lei Morreu em Cristo afim de que possamos contrair novas npcias com Deus, no mais sob a Lei, mas conforme a Lei da Graa, em Cristo. Agora, o pacificador da minha alma Jesus e no Moiss. Jesus removeu a culpa do meu pecar pela justificao. No apoiamos o esprito judaizante dentro das igrejas evanglicas. Como disse o pastor Glnio Paranagu, Voc sabe quando est diante de um judaizante por sua preocupao peculiar por seus atos externos e no pelos atos do corao. A fora da obedincia a Lei e o comportamento movido pelo dever ou pelo medo. A legalidade governada pela presso do tribunal e a conscincia vive em dbito com receio de mais castigo. Ele no consegue enxergar o sacrifcio de Cristo como suficiente e procura meios para retribuir o preo do pecado pelos mritos humanos.

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    ASCESE CRIST

    SCULO I SANTIDADE EST EM CONFLITO COM O MUNDO HELENIZADO E PAGANIZADO.

    (Do gr. = Askesis= disciplina, exerccios). A ascese crist o esforo de domnio dos

    sentidos, de correo das ms tendncias e de libertao interior, sendo de grande importncia no processo de santificao pessoal, sobretudo na fase inicial. Tambm se lhe d o nome de mortificao. A Igreja prope aos fiis como prticas acticas o jejum e a abstinncia nos dias penitenciais. Jesus e os Santos ensinaram, por

    palavras e exemplos de vida, a prtica equilibrada da ascese crist. A Teologia consagra-lhe uma disciplina prpria, a Teologia Asctica, indissocivel da Teologia

    Mstica, focando, a primeira, as prticas purificadoras e libertadoras de que o cristo movido pela graa tem a iniciativa, e, a segunda, os dons espirituais concedidos gratuitamente pelo Esprito Santo para um avano mais rpido nos caminhos da santidade. (Enciclopdia Catlica Popular)

    Ascese tema rido, mas tem sua importncia. H os que acreditam poder conquistar o cu ao preo de penosas penitncias. Enganam-se redondamente. Ns, que admiramos a verdadeira Espiritualidade, acreditamos e sabemos que o cu - a outra margem do rio - graa de Deus, que ser dada para os que vivem em sua graa, e no para os que se vangloriam de caminhar sobre as guas. Deus o barqueiro que nos levar para a outra margem da vida se no tivermos a presuno duma travessia solitria. Ascese uma palavra grega que significa simplesmente exerccio. Religiosamente, comporta esforos, renncias e penitncias em vista da perfeio. Fazer ascese exercitar-se para adquirir musculatura espiritual e poder percorrer com maior desenvoltura os caminhos do bem. Fazer ascese no tem nada a ver com a moderna "cultura do corpo", ou o fisiculturismo. O verdadeiro asceta, por conseguinte, no necessariamente magro, esqueltico, descarnado. Muitas vezes o , mas no se pode medir o grau de perfeio ou de espiritualidade pelo seu fsico, mas antes pela intensidade de vida em prol dos grandes valores humanos e religiosos. Em relao ascese, os mestres espirituais sempre apontaram dois extremos a serem evitados: o do laxismo, que se caracteriza por um horror a qualquer tipo de renncia

    ou sacrifcio. O laxo essencialmente um comodista, que s pensa no prprio prazer. um egosta sem grande carter. No busca foras para elevar-se, lutar, vencer e atravessar o rio. O segundo perigo o rigorismo que se expressa como violncia

    contra o prprio corpo. O rigorista no se d descanso, acha que est pecando se sentir algum prazer material e quer atravessar o rio sozinho. Enquanto o primeiro , via de regra, um gluto satisfeito, o segundo pode fazer-se um penitente carrancudo. No preciso dizer que ambos esto longe do verdadeiro esprito da ascese crist e dos verdadeiros caminhos da sabedoria humana. O laxo, por ficar aqum do que poderia ser e conseguir, e o rigorista, por perder o bom senso e ir alm dele.

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    A Bblia no faz a apologia da penitncia, mas tambm no a desconsidera simplesmente. Jesus pregou: "Quem quiser ser meu discpulo, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga" (Mt 16,24; Mc 8,34; Lc 9,23). So Paulo parece temer as prticas ascticas como se depreende da Carta aos Colossenses: "Ningum, pois, vos critique por causa da comida ou bebida ou em matria de festa ou de lua nova ou de sbados" (2,16).

    Denuncia o falso ascetismo de certas proibies que "so preceitos e doutrinas dos homens. Tm ares de sabedoria, mas so regras de afetada piedade, humildade e severidade com o corpo; em verdade no tm valor algum, a no ser para a satisfao da carne" (vv. 22-23). Em contraposio, a tnica da verdadeira Espiritualidade se centra na consagrao e no amor da pessoa a Deus, o que inclui um abandono e uma escolha: "Buscai as coisas do alto e no as da terra" (Cl 3,2) e "mortificai vossos membros terrenos" (v. 5). "Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua justia" (Mt 6,33). "Ai de vs, escribas e fariseus hipcritas, que pagais o dzimo da hortel, da erva-doce e do cominho mas no vos preocupais com o mais importante da Lei: a justia, a misericrdia e a fidelidade" (Mt 23,23)! A verdadeira ascese, por isto, mais do que um caminho em direo a si mesmo, comporta uma luta em direo aos outros. Faz-se ascese como forma de consagrao e amor. A pessoa se purifica para viver mais desimpedidamente pelos outros. Renuncia a coisas vlidas para ser mais irm e companheira, mas h outras formas de ascese. Na ascese da f, a pessoa se aceita com seus dolorosos e insuperveis limites, fraquezas e misrias, dor e desenganos da vida, e com o desfecho da morte, aparentemente o absurdo e total fracasso da vida. Na ascese moral, a pessoa diz sim ao bem e no ao mal, abraando e renunciando ao mesmo tempo. Na ascese escatolgica, a pessoa alimenta uma constante disposio para a partida e uma iluminada vigilncia diante da vida em Deus. Para quem cristo, existe ainda a ascese da cruz, que consiste em abraar o escndalo do calvrio, identificando-se com o Cristo que no afastou o clice da dor nem fugiu da cruz, fazendo-se obediente vontade do Pai. Em conseqncia, parece claro que fazer ascese no consiste em mortificar simplesmente o corpo, mas em mortificar (fazer morrer) o velho Ado ou o animal que egosta, guloso, violento, preguioso e cruel em ns. Fazer ascese consiste em renunciar ao eu no intencionado por Deus e no em tentar ser, simplesmente, mais e melhor. A verdadeira ascese visa a fazer-nos mais livres, levando-nos a viver mais plenamente. No procura arrancar qualquer erva daninha em nosso jardim espiritual, mas cultivar os frutos e as flores que ele pode, com a graa de Deus, com a ajuda dos irmos e com a coragem pessoal, produzir. Brevemente, eis alguns princpios que orientam o verdadeiro caminho da libertao humana: 1) A ascese um meio, somente um meio, embora importante e, ao mesmo tempo, doloroso. 2) A ascese tem valor relativo e s aceitvel como servio de amor e quando leva o penitente a identificar-se com os outros e com o grande Outro. 3) O ser humano tem uma natureza ferida pelo pecado e necessita da graa para resgat-la e da ascese para fortalecer o homem espiritual e interior. 4) A ascese religiosa objetiva a purificao do pecador e a contrapartida humana

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    devida ao pecado. 5) A ascese no cria mritos para a graa, mas serve de conditio sine qua non (condio necessitante) para ela. 6) A ascese no um luxo reservado a poucos, mas um iderio abraado por quem quer ser grande. 7) A ascese no faz ningum santo, mas os santos fazem ascese. Se algum, por fazer ascese, se fizer triste e azedo, melhor que no a faa. prefervel e mais engraado um comilo feliz a um atleta espiritual emburrado. Um dos frutos da verdadeira ascese a alegria. Tanto quanto o comilo feliz, o asceta tambm sabe cantar. E canta. E canta melhor.

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - por Frei Neylor J. Tonin site:www.franciscanos.org.br

    MONASTICISMO

    SCULO III - SANTIDADE EST EM CONFLITO COM O MUNDO

    HELENIZADO E COM A IGREJA POLITIZADA.

    Os mosteiros eram tidos como centros do cristianismo autntico, isolados das tentaes de poder e riqueza, nos quais se podia buscar a verdadeira vida crist. Muitas obras de espiritualidade monstica falavam de desprezar o mundo, despojar de riquezas, e a busca da salvao.

    O monasticismo foi o esforo organizado

    mais audaz para alcanar a Perfeio Crist ao longo de toda a histria da

    igreja Dr. R.Newman Flew

    Os monastrios foram tidos como centros do cristianismo autntico, isolados das tentaes de poder e riqueza, nos quais se podia buscar a verdadeira vida crist. Muitas obras da espiritualidade monstica falavam de desprezo do mundo, busca da salvao e do crescimento espiritual.

    O monacato, foi produto de sua poca e do cristianismo. A palavra monachs j existia e denominava, primeiramente, os solitrios (monos = s) e eremitas (eremos =

    deserto) Da, temos a palavra Monastrio (gr.) e a palavra Mosteiro (port.) Muitos padres buscavam fora da hierarquia da Igreja o cristianismo puro, sem intermedirios entre Deus e o homem. Este modelo de vida asctica atraiu muitos outros que passaram a visitar os chamados Padres do Deserto e a habitar ao redor deles. Assim se formaram inmeras comunidades eremitas que se iniciaram com o exemplo e a iniciativa de um anacoreta. O mais famoso nome do anacoretismo Santo Antnio ( Santo Anto) , o qual nasceu em Qeman, ao sul de Mnfis no ano de 251, numa

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    famlia crist abastada. Aos vinte anos, rfo, abre mo de sua herana e dedica-se at 365 prtica do asceticismo. Sua vida e obra foram divulgadas por Atansio, aumentando a influncia desses padres no Oriente e no Ocidente, sendo comum peregrinaes no deserto para pedir-lhes conselhos, oraes e bnos.

    As origens do monasticismo cristo primitivo no so claramente conhecidas e, portanto, esto sujeitas a controvrsia. Alguns estudiosos crem que o movimento monstico foi inspirado por ideais comunitrios e ascticos judaicos posteriores, tais como os dos essnios. Ainda outros especulam que a forma maniquia e outras do

    dualismo inspiraram extremos de ascetismo dentro da famlia crist. No entanto, os primeiros comentaristas cristos sobre o monasticismo acreditavam que o movimento teve origens verdadeiramente no evangelho. Os monges cristos obtinham suas foras espirituais da nfase que Cristo deu pobreza (Mc 10.21) e ao "caminho estreito" para a salvao (Mt 7.14). Os primeiros monges acreditavam que Paulo preferia o celibato ao casamento (1 Co 7.8). Realmente, as primeiras freiras parecem ter sido vivas do perodo romano posterior que resolveram no se casar de novo. De certo ponto de vista, a deciso de alguns cristos de viverem separados da comunidade, tanto fsica quanto espiritualmente, era lastimvel. Doutro ponto de vista, a dedicao e o servio dos monges fizeram deles as pessoas mais estimadas na sociedade medieval antiga.

    Pobreza Voluntria e Celibato Se tornaram o alicerce do monasticismo e ascetismo cristo. Se queres ser perfeito, vai,vende os teus bens, d aos pobres e ters um tesouro no cu.(Mt.19:21) O conceito do celibato se apia no voto voluntrio de Paulo. ( I Co.7:8)

    Fundo Ideolgico: A vida fsica intrinsecamente m. A vida de contemplao

    superior vida de ao. Os primeiros monges a respeito dos quais temos um histrico claro representam uma fase extrema da evoluo do monasticismo. So os chamados pais do deserto, que viveram como eremitas nos desertos do Egito, Sria e Palestina. Horrorizados pelo pecado e temerosos da condenao eterna, deixavam as cidades para enfrentar a luta solitria contra a tentao. Alguns, tais como Simeo Estilita, levavam vidas muito exticas e se tornaram atraes tursticas. Existiram vrias formas de asceses e ascetas. Os pastadores (consistindo em alimentar-se de ervas, razes, at mesmo em caminhar de quatro e viver como um bicho), dos estilitas e dos dentritas (que viviam sobre colunas ou sobre rvores) e dos estacionrios, que permaneciam imveis, no meio da multido, sem se mexer, sem falar, sem sequer erguer os olhos. O asceta torna-se, ento, uma espcie de esttua humana.

    Mais tpico, no entanto, foi Antnio do Egito (c. de 250-356), cuja dedicao doutrina da salvao o levou de volta comunidade, a fim de evangelizar os descrentes. Seu ascetismo extremo tocou profundamente os sentimentos de sua poca. A palavra "monge" deriva de uma palavra grega que significa "sozinho". A questo

    para os pais do deserto era de luta solitria e individual contra o diabo, em contraste com o apoio bvio resultante da vida em algum tipo de comunidade. Pacmico (c. de 290-346), um monge egpcio, preferiu esse segundo tipo. Escreveu uma regra de vida

    para os monges, onde enfatizou a organizao e a disciplina dos recm- professos pelos monges mais antigos. A regra se tornou popular, e assim foi garantido o movimento em direo vida comunitria. Baslio Magno (c. de 330-79) acrescentou

    outro elemento idia de comunidade. Nos seus escritos, e especialmente em seus

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    comentrios sobre as Escrituras, este pai do monasticismo oriental definiu uma teoria de humanismo cristo que considerava obrigatria para os mosteiros. Segundo

    Baslio, os monges eram obrigados a considerar o seu dever diante de toda a sociedade crist. Deviam cuidar dos rfos, alimentar os pobres, sustentar hospitais, educar crianas e, at mesmo fornecer trabalho aos desempregados.

    Agostinho(354-430) ps as coisas no lugar ao colocar a Graa no centro da soteriologia. A maior resistncia, na poca, a esta doutrina, veio de dentro dos monastrios. Do sculo IV ao sculo X, o monasticismo espalhou-se por todo o mundo cristo. O seu ideal floresceu da sia Menor Bretanha. Os monges celtas, no entanto, tendiam a esposar a antiga tradio eremita, ao passo que o monasticismo latino, submisso a Grande Regra de Benedito de Nrsia (c. de 480 - c. de 547), codificou-se numa forma comunitria organizada permanente. As promessas antigas de pobreza, castidade e obedincia a Cristo os beneditinos acrescentaram a estabilidade. Os monges j no podiam perambular de mosteiro em mosteiro, mas eram ligados a um s deles durante toda sua vida. A essncia da regra de Benedito seu enfoque sensato do viver cristo. Ele proibiu excessos e forneceu conselhos prticos para todos aspectos da vida monstica; ofereceu uma descrio detalhada do papel de cada pessoa na comunidade, desde o abade, que representava Cristo na comunidade, at o postulante de categoria inferior. Por essa razo, a regra beneditina veio a ser o padro na Europa ocidental. Devido sua devoo regra os monges vieram a ser conhecidos como clrigos "regulares", com base na palavra latina regula, "regra". A grande obra dos mosteiros da Idade Mdia foi a Opus Dei. A obra de Deus: a

    orao e o louvor dirigidos ao Onipotente durante dia e noite. Esta "obra" era organizada nos ofcios do dia monstico que, em certa medida, variavam segundo a localidade e a estao, mas geralmente inclua viglias e trabalhos fsicos pelos monges e freiras, prestao de servios de caridade e mantinham viva a erudio. Estudavam e copiavam as Escrituras e os escritos dos Pais da Igreja bem como a filosofia e a literatura clssica. Nas mos dos monges, o ato de escrever tornou-se uma arte. Os mosteiros tiveram o monoplio da educao at a evoluo da escola da catedral e da universidade na Alta Idade Mdia. J em 1100 o monasticismo estava numa posio defensiva. J no ficava claro que

    o servio monstico prestado a Deus e sociedade estava altura do louvor e das ofertas que a sociedade abundantemente prestara aos mosteiros. Grandes doaes de terras e outras formas de riqueza tornaram os monges ricos num perodo em que outras instituies medievais estavam assumindo os deveres sociais que anteriormente eram responsabilidade dos mosteiros. A popularidade dos mosteiros estava atraindo candidatos no muito devotos, e a aristocracia usava as grandes casas como repositrio para moas solteiras e filhos mais jovens. Contudo, justamente quando o monasticismo se aproximava da sua crise, apareceram novas ordens de reforma. Os cistercienses, sob seu lder mais influente Bernardo de Claraval, procuravam uma nova vida de pureza evanglica. Restringiram a filiao

    a pessoas adultas, simplificaram os cultos, abandonaram todas as obrigaes feudais e tentaram restaurar a vida contemplativa. Os cartusianos procuraram recobrar o

    antigo esprito eremita dos pais do deserto. Retraram-se da sociedade e tornaram-se um aspecto importante da frente medieval, derrubando florestas a abrindo novas terras para a agricultura. Seu papel na evoluo da criao de ovelhas e na indstria madeireira foi de valor incalculvel. Talvez o ltimo grande reavivamento do esprito monstico tenha chegado no outono

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    da Idade Mdia, com o aparecimento das ordens mendicantes. Os dominicanos e franciscanos captaram a imaginao coletiva de uma sociedade em crise. Francisco de Assis representou a perfeio do idealismo monstico e cristo em seu esforo de imitar a vida de Cristo em toda sua simplicidade e pureza. Ao levar o ideal apostlico para fora do mosteiro, Francisco lhe deu um ltimo florescimento na cultura que o originara. Na histria moderna, o monasticismo sofreu trs grandes golpes: a Reforma, o Iluminismo, e o secularismo do sculo XX. Em geral, os lderes da Reforma

    acreditavam que os monges no se conformavam realmente com uma regra de vida simples e evanglica, que as repeties de suas oraes, jejuns e cerimnias no faziam sentido, e que eles mesmos no tinham valor algum para sociedade. As vastas riquezas que tinham acumulado pareceriam mais bem investidas no atendimento s necessidades gerais do pblico. Aqueles monges que realmente tinham cumprido seus votos eram considerados cortados da verdadeira liberdade crist em vidas que eram fteis e no-realizadas. Sempre onde a Reforma triunfava, os mosteiros eram desativados.

    Em termos diferentes, o Iluminismo do sculo XVIII tambm argumentou que os mosteiros eram inteis. Os liberais os consideravam corruptos e desnaturados, conservando a superstio do regime antigo. O sculo XX tem testemunhado o declnio rpido das ordens religiosas.

    Thiago A.Siqueira

    BIBLIOGRAFIA - http://www.elocristao.com.br/ecveart.aspx?idArtigo=263

    ElWELL, WALTER A. - Enciclopdia Histrico - Teolgica da Igreja Crist - Vol. II (E-M). 1 Edio - So Paulo, SP. Editora Vida Nova, 1990.

    Um pouco mais sobre o Monasticismo

    Indubitavelmente, cada monge, chamado para um tipo mais elevado de vida crist, buscava a Perfeio Crist. Alguns estavam convencidos de que a vida fsica era m. ( O corpo fsico como algo pecaminoso em si era um tendncia helenstica e no das Escrituras) Outros, perseguiam o ideal da contemplao como algo superior vida crist comum.

    Para chegar a ser perfeito, deve-se renunciar ao mundo, lutar contra a carne e travar combate contra as vontades pecaminosas. O extremo da perfeio a orao incessante, caridade, carregar a cruz e abrir mo de todas as posses.

    Quando a igreja se uniu ao Imprio e tornou-se a igreja dos poderosos, houve muitos que, sem abandon-la, se separaram dela para levar uma vida de renncia especial.O ideal monstico se propagou do Oriente de fala grega at o Ocidente de fala latina, na verdade, naquela poca, o monasticismo ainda era um fenmeno principalmente oriental, cujos centros mais importantes eram Egito, Sria e, algum tempo mais tarde, Capadcia. Os monges que existiam no Ocidente somente imitavam o que tinham aprendido, ou ouvido, dos monges do Oriente.

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    O monasticismo oriental, todavia, no se adaptava de todo Europa Ocidental. Alm das diferenas de clima, que impediam que os monges ocidentais levassem a mesma vida que levavam os do Egito, havia diferenas significativas na maneira de encarar a vida crist e a funo do monasticismo nela.

    A primeira dessas diferenas provinha do esprito prtico que os romanos tinham deixado como seu legado igreja ocidental. O cristianismo latino no via com bons olhos os excessos da vida asctica dos anacoretas do Oriente. O propsito da vida asctica, assim como de qualquer exerccio atltico, no destruir o corpo, porm fazer com que ele seja cada vez mais capaz de enfrentar todos os tipos de provas. Por isso, o Ocidente no via com aprovao o jejum at o desfalecimento, ou a falta de dormir, s para castigar o corpo.

    Alm disso, como parte deste esprito prtico, boa parte do monasticismo ocidental tinha o propsito de levar a cabo a obra de Deus, e no s de conseguir a prpria salvao. Muitos monges do Ocidente usaram a disciplina monstica como um modo de se preparar para a obra missionria. Exemplo disto so Columbano e Agostinho,

    e houve milhares de monges que seguiram o caminho traado por eles. Outros monges ocidentais lutavam contra as injustias e os crimes do seu tempo.

    Outra diferena entre o monasticismo grego e o latino que este ltimo nunca sentiu a enorme atrao pela vida solitria que dominou boa parte do monasticismo oriental. Apesar de haver no Ocidente alguns ermites solitrios, e de alguns dos mais famosos monges ocidentais praticarem por algum tempo este tipo de vida, grosso modo, o ideal do monasticismo ocidental foi a vida em comunidade.

    Por ltimo, o monasticismo ocidental poucas vezes viveu a tenso constante com a igreja hierrquica que caracterizou o monasticismo oriental, principalmente nos primeiros tempos. At os dias de hoje o monasticismo segue seu prprio rumo nas igrejas orientais, prestando pouca ateno vida da igreja em geral, a no ser quando algum monge chamado para ser bispo. No Ocidente, ao contrrio, a relao entre o monasticismo e a igreja hierrquica sempre tem sido estreita. A no ser nos momentos em que a corrupo extrema da hierarquia levava os monges a reform-la, o monasticismo foi sempre o brao direito da hierarquia eclesistica. Em mais de uma ocasio os monges reformaram a hierarquia, ou a hierarquia reformou o monasticismo decadente.

    De certo modo o monasticismo ocidental encontrou seu fundador em Benedito de Nrsia. Antes dele, houve muitos monges da igreja ocidental, porm somente ele conseguiu dar ao monasticismo latino o seu prprio sabor, de tal modo que depois dele o monasticismo no foi mais algo importado do Oriente grego, mas uma planta da prpria terra.

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    PIONEIROS DO MONASTICISMO

    O termo, Padres do Deserto inclui um grupo influente de eremitas e cenobitas (monge que vive em comunidade) do sculo IV que se estabeleceram nos ermos do Egito, Sria e palestina.

    Paulo de Tebas o primeiro eremita do qual se tem notcia, a estabelecer a tradio do ascetismo e contemplao monstica e Pacmio de Tebaida considerado o

    fundador do cenobitismo, do monasticismo primitivo.

    Ao final do terceiro sculo, contudo, o venerado Anto do Egito oriental estabelece colnias de eremitas na regio central. Logo, ele se torna o prottipo do recluso e do heri religioso para a Igreja oriental - uma fama devida em grande parte vasta

    louvao na biografia de Atansio sobre ele.

    Esses primitivos monsticos atraram um grande nmero de seguidores aos seus retiros austeros, atravs da influncia de sua vida simples, individualista, severa e concentrada busca pela salvao e unio com Deus. Os Padres do Deserto eram freqentemente solicitados para direo espiritual e conselho aos seus discpulos. Suas respostas foram gravadas e colecionadas num trabalho chamado "Paraso" ou "*Apotgmas dos Padres". (Por Emily K. C. Strand, traduo Jandira)

    A partir do sculo IV, o ideal de santidade monstico vivido nos mosteiros se

    espalha por todo o mundo cristo, atingindo a sia e Bretanha com os monges celtas.

    Esse movimento vai at o ano 1100, quando ento o monasticismo entra em crise. Surgem novos lderes, novos pensadores e novos movimentos de revitalizao e tentativa de reforma da Igreja. Um sentimento certo: preciso resgatar a espiritualidade perdida.

    *Apotgmas Osmar Ludovico

    Os sculos IV e V testemunharam um movimento de grande vitalidade espiritual. Muitos homens e mulheres, inconformados com os descaminhos da igreja constantiniana, mudaram-se para regies remotas do Egito, onde viveram como eremitas ou em pequenas comunidades.

    O movimento dos Pais do Deserto nos legou um dos maiores acervos de literatura espiritual da Histria. Homens como Anto, Macrio Atansio, Joo Cassiano, Doroteu de Gaza, Jernimo, Agostinho, Joo Crisstomo, entre outros, continuam atuais em seus ensinamentos.

    Os Pais do Deserto emitiam sentenas curtas, chamadas apotegmas (do grego, apphthegma - ap + phthggomai: falar sentenciosamente). So aforismos, ensinamentos que

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    eram transmitidos oralmente como regra prtica de vida para os discpulos. Cada um deles para refletir, guardar no corao por algum tempo, at que, atravs do Esprito Santo, aquela frase, fruto da experincia de um santo homem de Deus, se torne uma fonte de inspirao prtica em nossa vida.

    Os apotegmas surgem como fruto de uma vida piedosa e a partir da experincia da orao e leitura meditativa das Escrituras. Foram, portanto, testadas na vida dos santos, diferem dos jarges religiosos sem significado ou de teologias tericas que no tocam a vida. So como pequenas prolas que um diretor espiritual entrega ao seu dirigido. Meditando no apotegma, o discpulo aprende a resistir s tentaes e aos vcios, bem como a praticar a virtude e as boas obras. Apotegmas so sentenas existenciais que inspiram um estilo de vida parecido com o de Jesus de Nazar.

    Passados quase dezoito sculos, reno alguns apotegmas que recolhi nestes anos de ministrio, alguns que ouvi de outros mestres contemporneos e outros de inspirao pessoal:

    Felizes os sem agenda, eles tero tempo de se relacionar com afeto e significado.

    Felizes os inseguros, pois eles colocaro sua confiana no Senhor.

    Com a graa, todos os recomeos so possveis.

    O fruto do arrependimento salvao na terra e festa no cu.

    a fragilidade humana que pode encontrar o poder de Deus.

    Felizes os tolerantes, pois eles tero muitos amigos e poucos inimigos.

    Penso, logo, existo, disse Descartes, consumo, logo, existo, diz o homem moderno. O cristo diz: Amo, logo, existo.

    Agitao e correria no deixam espao para a paz que excede todo entendimento.

    A graa de graa, todo o resto est venda, ou seja, tem um preo a pagar.

    Bem-aventurados os que no sabem, pois eles podero perguntar e aprender.

    Quando estou feliz canto louvores; quando estou triste, canto lamentos, meu Senhor.

    A verdadeira espiritualidade no nos torna mais espirituais, porm mais humanos.

    Os frutos de quem ama a Deus so: amizade e boas obras. Sofremos e o Senhor nos consola; e, consolados, tornamo-nos consoladores de outros que sofrem.

    Ando pelo caminho, me perco do caminho, e o Caminho me reencontra e me conduz de volta.

    Felizes os que falam pouco, pois eles ouviro mais e sero melhor ouvidos.

    A verdadeira liberdade consiste em conhecer e respeitar os limites.

    O sagrado e a beleza se parecem, diante de ambos nos extasiamos.

    A Trindade nos introduz a um principio tico na relao: mesma dignidade, mesmo valor, mesma respeitabilidade, mesma liberdade.

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    Quanto mais funda a ferida, mais fundo penetram a graa e o consolo de Deus.

    O olhar de Deus um olhar de misericrdia e compaixo, e no de cobrana e crtica.

    Dois graves erros: na luz ter a iluso de que no existem trevas, e, nas trevas, duvidar de que existe luz.

    So trs os requisitos para um relacionamento humano profundo: amor, humor e sabor ( mesa).

    Perdo gera reconciliao e reconciliao gera paz.

    O verdadeiro amor consiste em solidariedade com os que tm menos.

    Sob o olhar amoroso de Deus, posso admitir minhas faltas, reconhecer minhas mazelas e confessar meus pecados.

    A alma progride no pelo pensamento, mas pelo afeto.

    Uma coisa almejo no meu corao: a amizade, com Deus e tambm com meus semelhantes.

    O olhar de Cristo sempre contempla os pequenos e os humildes, entre eles que quero estar.

    Somos todos chamados a ser profetas para resistir ao mal e injustia.

    Osmar Ludovico um dos pastores da Comunidade de Cristo, em Curitiba (PR), e trabalha com grupos de espiritualidade, casais e restaurao

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    MONGES QUE SE DESTACARAM

    PAULO DE TEBAS( 228-340 d.C)

    Paulo nasceu no ano 228, em Tebaia, uma regio prxima do rio Nilo, no Egito, cuja capital era Tebas. Foi educado pelos pais que eram da nobreza e cristos. Porm aos catorze anos ficou rfo. Era bondoso, piedoso e amava a sua f. Em 250 comeou a perseguio do imperador Dcio. Foi uma perseguio curta, mas dura e contundente, porque ordenava aos cristos que renegassem a f e participassem dos ritos pagos, como sinal de lealdade ao Estado. Quem aceitasse podia viver tranqilo. Muitos aceitavam, para salvar a vida. Paulo no rendeu homenagens aos deuses, preferiu se esconder, mostrando prudncia. Porm, foi denunciado e fugiu para o deserto. L, encontrou umas cavernas onde, sculos atrs, os escravos da rainha Clepatra fabricavam moedas. Escolheu uma, perto de uma fonte de gua e de umas palmeiras, para ser sua moradia. Com as folhas da palmeira fazia a roupa. Os frutos eram seu alimento. E a gua da fonte sua bebida. Em 251 o imperador Dcio morreu num combate e a perseguio cessou. Mas, Paulo nunca mais voltou. O deserto, a solido e a proximidade com Deus o haviam conquistado. Sentiu que sua misso era ajudar o mundo no com negcios e palavras, mas com penitncias e oraes, para a converso dos pecadores. Disse so Jernimo que quando a palmeira no tinha frutos, vinha um corvo trazendo meio po no bico e com isso vivia o santo monge. Depois de muitos anos, foi descoberto por Antonio do Deserto, ou Anto, o qual foi avisado em sonho, que no deserto existia um monge mais velho do que ele. Paulo estava na caverna, quando se encontraram. Conversavam sobre assuntos espirituais, quando um corvo pousou carregando no bico a rao dobrada: um po inteiro. Paulo, ento, contou a ele sua vida e a experincia dos noventa anos de solido no deserto. Depois rezaram a noite toda. Pela manh, Paulo pediu que Antonio fosse buscar o manto que recebera de Atansio, pois pressentiu que seu fim estava prximo. Antonio ficou emocionado, porque nada havia contado sobre o manto, que ganhara do discpulo. Partiu e quando voltou, no o encontrou mais. Envolto em mistrio e encantamento, ao que tudo indica, Paulo morreu com cento e doze anos em 340, sozinho e em lugar ignorado. Foi um santo singular: no deixou escritos ou palavras memorveis. Segundo a tradio, no sculo VI, foi erguido no Egito um mosteiro, em frente ao Monte Sinai, que conserva a sua antiga morada na caverna. Nada mais temos que se ligue, materialmente, a este monge do silncio, tambm conhecido como: Paulo de Tebas.

  • 27

    Santo Anto (251-356 d.C)

    Formou seus primeiros discpulos, que decidiram renunciar ao mundo e se

    agrupar em torno dele. Desta poca - que podemos situar aproximadamente em

    305 - data de fundao da primeira comunidade crist no Egito. Ainda no um

    mosteiro, mas, no mximo, um agrupamento de anacoretas, submetidos a uma

    ascese e a um modo de vida relativamente livre. Esta primeira comunidade,

    Anto a estabelecera s margens do Nilo, no longe da fortaleza de Pispir, perto

    da atual aldeia de Deir-el-Maimum.

    Santo Anto, portanto, o fundador da vida monstica primitiva individual.

    Faleceu no dia 17 de janeiro de 356, com 105 anos.

    Pacmio (290.- 364 d.C) Ex-soldado Instituiu o monastrio cristo

    Pacmio marca uma importante mudana na solitria vida monstica, a

    mudana para a vida comunitria. Em vez de permitir que os monges vivessem

    sozinhos ou em grupos de ermites, cada um determinando suas prprias leis,

    Pacmio estabeleceu uma vida em comum regrada, na qual os monges comiam,

    trabalhavam e adoravam. Seu programa determinava horrios de trabalho

    manual, vestimenta uniformizada e disciplina rgida. O movimento recebeu o

    nome de monasticismo cenobtico ( vida comunitria). Estas modificaes

    melhoraram muito a vida de eremita com seus perigos de ociosidade e

    excentricidade. Tornaram a vida monstica facial para as mulheres, para quem a

    vida em isolamento era impossvel. A partir desse incio no Egito, o movimento

    asctico cptico espalhou-se pela Sria, sia Menor e depois Oeste da Europa. (

    SHELLEY, Bruce L. Histria do Cristianismo. Shedd Public. PP. 134-135)

    A obra de Pacmio foi estupenda. Sete mil monges estavam sob seu

    controle direto no Egito e na Sria. Todos eram tomados por uma profunda

    simplicidade, obedincia e devoo. Pacmio tinha o dom da Administrao e

    sua obra serve de exemplo at hoje.

    Martinho de Tours (316- 397 d.C.)

    Martinho de Tours (So) -Bispo de Tours (n. actual Szambatkely, Hungria, 316 ou 317- m. Candes, Frana, 8.11.397). Filho de um oficial do exrcito romano e nascido num posto militar fronteirio, aps estudos humansticos, em Pavia, aos 16 anos entrou para o exrcito quando j a sua vontade o inclinava a fazer-se monge (aos 10 anos inscrevera-se como catecmeno). Em breve ganhou fama de taumaturgo. Em Amiens, provavelmente em 338, durante uma ronda noturna no rigor do Inverno encontrou um pobre seminu: no tendo mo dinheiro para lhe valer, com a espada dividiu ao meio o se manto, que repartiu com o desconhecido. Na noite seguinte, em sonhos, viu Jesus, que disse: "Martinho, apesar de somente catecmeno, cobriu-me com a sua capa." Recebeu o batismo na Pscoa de 339, continuando como oficial da guarda imperial at aos 40 anos. Abandonando a vida castrense, foi ter com Sto. Hilrio de Poitiers, que lhe conferiu ordens sacras e lhe deu possibilidade de levar vida monstica: nasceu, assim, o famoso Mosteiro de Ligug. Eleito, por aclamao, bispo de Tours,

    foi sagrado provavelmente a 4.7.371.

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    Ardente propagador de f, fundou, em Marmoutier, um mosteiro donde saram notveis missionrios e reformadores. Demoliu templos pagos e levantou mosteiros como sustentculos da evangelizao. Humilde e pacfico, manteve a sua independncia perante o abuso da autoridade civil. O fascnio das suas virtudes radicadas na generosidade do seu zelo, na nobreza de carter e, sobretudo, na sua bondade ilimitada mantida para alem da morte na prodigalidade dos seus milagres, magnificamente descritas pelo seu discpulo Sulpcio Severo, fez com que S. M. T. fosse durante muitos sculos o santo mais popular da

    Europa Ocidental.

    Para referir este artigo Oliveira, Alves de- "Martinho de Tours (So)", Enciclopdia Luso- Brasileira de Cultura, vol. 13 (Editorial Verbo)

    Baslio Magno (330- 379 d.C.)

    Cerca do ano 330, em Cesaria, na Capadcia, nasceu Baslio. Sua famlia

    era nobre e rica, mas, sobretudo brilhava pela reputao crist de virtude e zelo.

    Seu pai, Baslio, exerceu com grande competncia a profisso de advogado em

    Neocesaria. Sua me, Emlia, uma Capadcia, era filha de um mrtir e irm de

    um bispo. Baslio foi um dos dez filhos nascidos deste consrcio; Gregrio de

    Nissa e Pedro de Sebaste, seus irmos, se tornaram bispos; Macrina, sua irm,

    cognominada a Jovem (por oposio av, Macrina, a Antiga), retirou-se com a

    me para a solido e a vivendo a vida monacal procuravam a Deus, aps a

    morte do pai.

    Decorria logicamente de tal ambiente de famlia a sua formao crist e

    bblica. Baslio veio a conhecer quase de cor a Bblia, que amava profundamente;

    era-lhe o livro por excelncia.

    Iniciado em Neocesaria, por seu pai, nos rudimentos da cincia humana,

    chegou idade de freqentar as escolas; primeiramente em Cezaria, onde

    conheceu seu compatriota e futuro amigo Gregrio, mais tarde bispo de

    Nazianzo; em seguida, em Constantinopla ouviu os sofistas e os filsofos

    (Libnio, por exemplo); depois, j com mais de vinte anos, acompanhou os

    brilhantes cursos da tradio helenstica, em Atenas, que, apesar de decadente

    poltica e economicamente, continuava a capital da eloqncia e atrao para

    todos os jovens desejosos de se celebrizarem. A estreitou sua amizade com

    Gregrio, animados ambos pelo mesmo zelo no estudo e na fidelidade a Cristo e

    Igreja. So Gregrio Nazianzeno nos descreve So Baslio estudante, contando

    com que esforo, interesse e entusiasmo aplicava seus dotes de inteligncia e

    memria no s gramtica, histria, mtrica e poesia, mas tambm

    retrica e a todos os ramos da Filosofia, astronomia, geometria, aritmtica.

    Sempre com o equilbrio que o caracterizara. Aprendeu tambm da medicina tudo

    o que possui um cunho doutrinal e filosfico. Baslio e Gregrio puseram tudo em

    comum e se entretiveram freqentemente sobre a filosofia crist, como ento

    se chamava a vida de renncia e ascese.

    Antes, porm de abraar a vida monstica, So Baslio decidiu conhecer a

    vida monacal visitando os clebres mosteiros do Egito, da Palestina, da Sria e da

    Mesopotmia, entretendo-se com os mais reputados eremitas da poca.

  • 29

    Essa viagem encheu-o de santo entusiasmo: Admirei, escrever mais

    tarde, a vida destes homens que demonstravam carregar realmente a morte de

    Jesus Cristo em seu corpo, e aspirei imit-los tanto quanto possvel. Voltando de

    sua viagem monstica, entregou-se vida asctica.

    Renunciou s riquezas, honras, sua posio social eminente, sua

    reputao j notria de eloqncia e cultura. Vendeu seus bens, deu o dinheiro

    apurado aos pobres, e retirou-se para a solido com seus companheiros, perto de

    Anesi, no vale do ris, na margem oposta quela em que sua me e sua irm

    viviam. Orao, reflexo e estudo alternando-se com o trabalho no campo, eis a

    vida nova de Baslio

    Instado por Anfilquio, bispo de Icnio, na Licania, e por muitos outros

    discpulos e admiradores, desejosos de terem por escrito o que Baslio expunha

    to admiravelmente em suas homilias, preces e conferncias, decidiu ele

    escrever o Tratado sobre o Esprito Santo; era o dia 7 de setembro de 374.

    No entanto, sua influncia sempre crescente, cincia e eloqncia no

    permitiriam que Baslio ficasse por muito tempo em sua comunidade monstica.

    Foi o que aconteceu: Eusbio, eleito bispo ainda catecmeno, embora piedoso e

    rico, no tinha experincia teolgica; julgando-se pouco capaz para o governo de

    uma diocese, teve a sbia idia de chamar Baslio para junto de si, conferindo-lhe

    a ordenao sacerdotal e fazendo-o seu conselheiro.

    Com a morte de Eusbio em 370, Baslio foi eleito para suced-lo, no sem

    oposio da parte de alguns prelados. Tudo o habilitava para assumir o pesado

    cargo de bispo de Cesaria e metropolita da provncia da Capadcia.

    No abandonou, entretanto, as comunidades monsticas do Ponto. Fez vir

    monges a Cesaria e colocou a servio da Igreja.

    Em Cesaria edifica num terreno, um grande hospital, que logo toma as

    propores de uma cidade, chamada por seu nome, Basilada, a qual

    compreende, alm do hospital, uma escola de artes e ofcios, um orfanato, uma

    hospedaria, e um leprosrio.

    Escrevia: A quem fiz justia conservando o que meu? Diga-me,

    sinceramente, o que lhe pertence? De quem o recebeu? Se cada um se

    contentasse com o necessrio e desse aos pobres o suprfluo, no haveria nem

    ricos nem pobres.

    So Baslio, o grande Doutor da Igreja morreu no dia 1o de janeiro de 379

    com 49 anos de idade. Considerado por todos o Apstolo de Caridade.

    GREGRIO DE NISSA ( 335- ?) Bispo de Nazianzo

    Nasceu por volta do ano 335; sua formao crist foi atendida particularmente por seu

    irmo Baslio, definido por ele como pai e mestre e por sua irm Macrina. Em seus

    estudos, gostava particularmente da filosofia e da retrica. Em um primeiro momento,

    ele se dedicou ao ensino e se casou. Depois, como seu irmo e sua irm, entregou-se

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    totalmente vida asctica. Mais tarde, foi eleito bispo de Nisa, convertendo-se em

    pastor zeloso, conquistando a estima da comunidade. Acusado de malversaes

    econmicas por seus adversrios hereges, teve de abandonar brevemente sua sede

    episcopal, mas depois regressou triunfantemente e continuou comprometendo-se na

    luta por defender a autntica f.

    Aps a morte de Baslio, recolhendo sua herana espiritual, cooperou, sobretudo, no

    triunfo da ortodoxia. Participou de vrios snodos; procurou dirimir os enfrentamentos

    entre as Igrejas; participou na reorganizao eclesistica e, como coluna da

    ortodoxia, foi um dos protagonistas do Conclio de Constantinopla do ano 381, que

    definiu a divindade do Esprito Santo.

    Teve vrios encargos oficiais por parte do imperador Teodsio, pronunciou

    importantes homilias e discursos fnebres, comps vrias obras teolgicas. No ano

    394 voltou a participar de um snodo que se celebrou em Constantinopla. Desconhece-

    se a data de sua morte.

    Escreveu entre outros, dois tratados intitulados:O Que Significa que Algum se

    Chame Cristo, e Sobre a Perfeio. Sendo o tema de Gregrios o da imitao de

    Cristo, ele expe com rigor o compromisso do crente de participar da vida de Cristo,

    imit-lo e reproduzi-lo. Numa poca de mudanas, onde o cristianismo passou de

    religio no lcita para religio Oficial do Imprio, Gregrio reclamava: Antes os

    cristos entregavam sua vida pela verdade; agora lutam entre si para garantir

    privilgios.

    Os postos principais so obtidos pela prtica do mal, no pela virtude; e a

    posio de Bispo no pertence ao mais digno, mas ao mais poderoso.

    Macrio o egpcio (ou "velho Macrio") (300-390 d.C.)

    Um dos mais solitrios do cristianismo primitivo. Ele era discpulo de Santo Anto e fundador de uma comunidade monstica no deserto . Atravs da influncia de Santo Anto, deixou o mundo aos 30 anos, e dez anos depois foi ordenado sacerdote. A fama da sua santidade atraiu muitos seguidores. Teve residncia nos desertos de Nitri e foi do tipo semi eremita. Os monges no estavam vinculados a qualquer regra fixa, e suas clulas estavam prximos umas das outras.Reuniam-se para o Culto Divino, aos Sbados e Domingos apenas. Em uma comunidade onde seus membros estavam lutando para se destacar na mortificao e renncia, a proeminncia de

    Macrio era geralmente reconhecida. Monastrios no deserto da Lbia continuam a

    ostentar o nome de Macrio. Cinqenta homilias foram preservadas com seu nome.

    surpreendente que Macrio seja to pouco conhecido, embora suas homilias tenham produzido tanta influncia na histria da perfeio Crist. William Law admirou essa obra e John Wesley publicou extratos dela no primeiro volume de sua Biblioteca

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    Crist uma srie de livros desenvolvidos para que os primeiros metodistas se nutrissem dos melhores ensinamentos dos santos.

    Macrio ensinou que, na sua perfeio original, o homem estava vestido com a glria de Deus como se fosse uma tnica. O pecado o havia feito perder esta glria, mas agora ela era restaurada aos santos. (GREATHOUSE,William M.Dos Apstolos a Wesley.CNP.2000.p.54 )

    Jernimo ( 340_ 420 d.C.) padroeiro dos estudos bblicos

    So Jernimo contado entre os maiores Doutores da Igreja dos primeiros sculos, o pioneiro da erudio monstica. De cultura enciclopdica, foi escritor, filsofo, telogo, retrico, gramtico, dialtico, historiador, exegeta e doutor como ningum, nas Sagradas Escrituras. Jernimo nasceu na Dalmcia, hoje Crocia, por volta do ano 340.

    Tendo herdado dos pais pequena fortuna, aproveitou para realizar sua vocao de amante dos estudos. Para este fim, viajou para Roma, onde procurou os melhores

    mestres de retrica e onde passou a juventude um tanto livre.

    Recebeu o batismo do papa Librio, j com 25 anos de idade. Viajando pela Glia, entrou em contato com o monacato ocidental e retirou-se com alguns amigos para Aquilia, formando uma pequena comunidade religiosa, cuja principal atividade era o

    estudo da Bblia e das obras de Teologia.

    Jernimo tinha um carter indmito e gostava de opes radicais; desejou, portanto, conhecer e praticar o rigor da vida monacal que se vivia no Oriente, ptria do monaquismo. Esteve vrios anos no deserto da Sria, entregando-se a jejuns e

    penitncias to rigorosas, que o levaram aos limites da morte.

    Abandonando o meio monacal, dirigiu-se a Constantinopla, atrado pela fama oratria de Gregrio de Nazianzo, que lhe abriu o esprito ao amor pela exegese da Sagrada Escritura. Estando em Antioquia da Sria, prestou servios relevantes ao bispo Paulino, que o quis ordenar sacerdote. No entanto, Jernimo no sentia vocao atividade pastoral e quase nunca exerceu o ministrio sacerdotal. Tendo que optar entre sua vocao inata de escritor e o chamamento ascese monacal, encontrou uma conciliao entre estes extremos que marcaria o caminho de sua vida: seria um monge mas um monge para quem o retiro era ocasio para uma dedicao total ao estudo, reflexo, frrea disciplina necessria produo de sua obra, que queria dedicar toda difuso do cristianismo. Dentro desta vocao e severa disciplina, estudou o hebraico com um esforo sobre humano e aperfeioou seus conhecimentos do grego para poder compreender melhor

    as Escrituras nas lnguas originais.

    Chamado a Roma pelo Papa Damaso, que o escolheu como secretrio particular, recebeu do mesmo a incumbncia de verter a Bblia para o latim, graas ao

    conhecimento que tinha desta lngua, do grego e do hebraico. O papa, de fato, desejava uma traduo da Bblia mais fiel em tudo aos textos originais, traduzida e apresentada em latim mais correto, que pudesse servir de texto nico e uniforme na liturgia. Pois at aquele tempo existiam tradues populares muito imperfeitas e

    diversificadas, que criavam confuso.

    O trabalho de Jernimo comeado em Roma durou praticamente toda sua vida. O conjunto de sua traduo da Bblia em latim chamou-se "Vulgata Latina (404 d.C) e

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    foi o texto usado largamente nos sculos posteriores, tornando-se oficial com o Conclio de Trento e s cedeu o lugar ultimamente s novas tradues, pelo surto de estudos lingstico-exegticos dos nossos dias. Na traduo, Jernimo revela agudo senso crtico, amor incontido Palavra de Deus e riqueza de informaes sobre os

    tempos e lugares relativos Bblia.

    Em Roma, criou-se em torno de Jernimo amplo crculo de amizades, sobretudo de maratonas da alta sociedade que o ajudavam com seus recursos para custear seus trabalhos e que lhe orientava nos speros caminhos da santidade de cunho

    monstico.

    Desgostado por certas intrigas do meio romano, retirou-se para Belm, onde, vivendo como monge rigidamente penitente, continuou at a morte, seus estudos e trabalhos

    bblicos. Faleceu em 420, aos 30 de setembro, j quase octogenrio.

    Ele deixou escrito: "Cristo o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder e a sabedoria de Deus; portanto ignorar as Escrituras

    Sagradas ignorar a Cristo".

    Agostinho de Hipona (354-430)

    Bispo e Doutor da Igreja - Nasceu em Tagaste, Tunsia, filho de Patrcio e S. Mnica. Grande telogo, filsofo, moralista e apologista. Aprendeu a retrica em Cartago, onde ensinou gramtica at os 29 anos de idade, partindo para Roma e Milo onde foi professor de Retrica na corte do Imperador. Ali se converteu ao cristianismo pelas oraes e lgrimas, de sua me Mnica e pelas pregaes de S. Ambrsio, bispo de Milo. Foi batizado por esse bispo em 387. Voltou para a frica em veste de penitncia onde foi ordenado sacerdote e depois bispo de Hipona aos 42 anos de idade. Foi um dos homens mais importantes para a Igreja.

    Combateu com grande capacidade as heresias do seu tempo, principalmente o Maniquesmo, o Donatismo e o Pelagianismo, que desprezava a graa de Deus.

    Santo Agostinho escreveu muitas obras e exerceu decisiva influncia sobre o desenvolvimento cultural do mundo ocidental. chamado de Doutor da Graa.

    Deixou 96 Sermes e 173 Cartas que chegaram at ns. Participou ativamente na elaborao dogmtica sobre o grave problema tratado no Conclio de Calcednia, a condenao da heresia chamada monofisismo.

    (Maniqueismo - Religio de Maniqueu, baseada num gnosticismo dualista. Qualquer doutrina baseada, como a de Maniqueu, na coexistncia dos dois princpios opostos o do bem e o do mal.)

    (Donatismo - Heresia de Donato (sc. IV), segundo a qual o Pai era superior ao Filho, e o Filho superior ao Esprito Santo.)

    (Pelagianismo - Seita hertica crist defendida pelo monge Pelgio (360-425)

    que, essencialmente, consistia em uma posio antiagostiniana com relao teoria da graa e da predestinao. (Considerando que a tese de Santo Agostinho sobre essas matrias se avizinhava por demais do maniquesmo, sustentou que a graa est difusa na natureza e um dos atributos do homem,

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    que nasce sem pecado, embora os cometa no decorrer da sua existncia.Foi condenada no Conclio de feso em 431 d.C.)

    (Monofisismo - Doutrina cristolgica do sc. V, pregada por Eutquio (morto c. 454) e que reconhecia em Jesus Cristo apenas uma natureza: a divina. ( professada ainda hoje por trs igrejas independentes: a Igreja armnia; a Igreja jacobita, da Sria; e a Igreja copta, do Egito e da Etipia.)

    Evgrio do Ponto (ou Evgrio Pntico, em grego Euagrios Pontikos) 346-399 d.C.

    foi um escritor, asceta e monge cristo no Ponto,Egito. Evgrio dirigiu-se ao Egipto, a Ptria dos Monges, a fim de ver a experincia desses

    homens no deserto, e acabou por se juntar a uma comunidade monstica do Baixo Egipto. Seguidor das doutrinas de Orgenes, foi por diversas vezes condenado de fato, Evgrio teve importante papel na difuso do Origenismo entre os monges do deserto egpcio, tendo-se tornado lder de uma corrente monstica origenista. Apesar disso, Evgrio trouxe um aspecto positivo para a Igreja. Da sua vivncia com os monges, traou as principais doenas espirituais que os afligiam os oito males do corpo; esta doutrina foi conhecida de Joo Cassiano, que a divulgou pelo Oriente; mais tarde, o Papa Gregrio Magno tambm ouviu falar nela, e adaptou-a para o Ocidente como os sete pecados capitais a saber a soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxria, a gula e a preguia ( qual Evgrio chamara de acdia).

    Simeo Estilita (389-459 d.C)

    Prximo de Antioquia, na Sria, S. Simeo Estilita (em grego, styllus=coluna)

    notabilizou-se por ter decidido mandar construir uma coluna, em cima da qual passaria

    a viver para se aproximar de Deus, afastando-se dos pecados do mundo.

    Diz-se que permaneceu a uma altura de cerca de 20 metros do solo, durante mais de

    30 anos, por isso, era chamado de anacoreta do ar.

    Perseverou por muitos anos ao sol, ao frio, neve, aos ventos, comendo uma s vez

    na semana, e orando de dia e de noite, quase sem dormir. Umas vezes orava de

    joelhos e prostrado, outras em p e com os braos abertos, e nesta postura estava

    reverenciando continuamente a Deus com to profundas inclinaes, que dobrava a

    cabea at os artelhos. (...)"

    Padre Antnio Vieira, Sermo de Todos os Santos, VII.

    Bento de Nrcia (480-542 d.C.)

    Nasceu em Nrcia, na mbria, Itlia; estudou Direito em Roma, quando se consagrou a Deus. Tornou-se superior de vrias comunidades monsticas; tendo fundado no monte Cassino a clebre Abadia local. A sua Regra dos Mosteiros tornou-se a principal regra de vida dos mosteiros do ocidente, elogiada pelo papa

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    S.Gregrio Magno, usada at hoje. O lema dos seus mosteiros era ora et labora. O Papa Pio XII o chamou de Pai da Europa e Paulo VI proclamou-o Patrono da Europa, em 24/10/1964.

    Quando tinha mais ou menos vinte anos de idade, Benedito se retirou para viver sozinho em uma caverna, onde se dedicou a um tipo de vida extremamente asctico. Levava ali uma luta contnua contra as tentaes. Seu bigrafo, Gregrio, o Grande, nos conta que nessa poca o futuro criador do monasticismo beneditino se sentiu dominado por uma grande tentao carnal. Uma mulher formosa, que ele havia visto anteriormente, se apresentou em sua imaginao com tanta nitidez que Benedito no conseguia conter sua paixo e chegou a pensar em abandonar a vida monstica. Ento, nos diz Gregrio: "... ele recebeu uma repentina iluminao do alto, recobrou os sentidos, e ao ver uma moita de espinheiros e urtigas tirou toda a roupa e se lanou aos espinhos e ao fogo das urtigas. Depois de se revolver ali durante muito tempo, saiu todo ferido ... A partir de ento nunca voltou a ser tentado de maneira igual."

    Em pouco tempo, a fama de Benedito era tal que um numeroso grupo de monges se reuniu a ele. Benedito os organizou em grupos de doze. Essa foi sua primeira tentativa de organizar a vida monstica, que teve de ser interrompida quando algumas mulheres dissolutas invadiram a regio.

    Benedito ento se retirou para Montecasino com seus monges, um lugar to remoto que ainda havia um bosque sagrado ali, e os habitantes do lugar continuavam oferecendo sacrifcios em um antigo templo pago. A primeira coisa que Benedito fez foi por um fim a tudo isto, derrubando as rvores, o altar e o dolo do templo. Depois, organizou ali uma comunidade monstica para homens, perto de outra que sua irm gmea, Escolstica, fundou para mulheres. Ali sua fama era tamanha que vinha gente de todo o pas para visit-lo. Entre esses visitantes se encontrava o rei ostrogodo Totila, a quem Benedito repreendeu, dizendo-lhe: "Fazes muitas coisas ms, e j tens feito mais. Chegou o momento de parar com estas iniqidades... Reinars ainda por nove anos, e morrers no dcimo".

    E, de acordo com o que diz o bigrafo de Benedito, Gregrio, o Grande, Totila morreu no dcimo ano do seu reinado, como o monge havia predito. Porm a fama de So Benedito no se deve s suas profecias, nem sua prtica asctica, mas Regra deu comunidade de Montecasino, em 529, e que em pouco

    tempo passou a ser a base de todo o monasticismo ocidental.

    A Regra de So Benedito

    O enorme impacto desta Regra no proveio da sua extenso, pois ela continha somente setenta e trs breves captulos. O impacto proveio do fato de que a Regra ordena a vida monstica de forma concisa e clara, de acordo com o temperamento e as necessidades da igreja ocidental. Comparada com os excessos de alguns monges do Egito, a Regra um modelo de moderao em tudo o que se refere prtica asctica. No prlogo, Benedito diz a seus leitores que "se trata de constituir uma escola para o servio do Senhor. Nela no queremos instituir nenhuma coisa spera nem severa".

    Em conseqncia, em toda a Regra domina um esprito prtico, s vezes at transigente. Assim, por exemplo, enquanto que muitos monges do deserto se

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    alimentavam somente de gua, po e sal, Benedito estabelece que seus monges devem se alimentar duas vezes por dia, e que em cada refeio dever haver dois pratos cozidos e s vezes outro de legumes ou frutas frescas. Alm disto, cada monge recebia um quarto de litro de vinho por dia. Tudo isso, claro, somente quando no havia escassez, pois nesse caso os monges deveriam se contentar com o que havia, sem queixas ou murmuraes.

    De igual modo, enquanto que os monges do deserto dormiam o menos possvel, e da maneira mais desconfortvel possvel, Benedito prescreve que cada monge dever ter, alm do seu leito, uma coberta e um travesseiro. Ao distribuir as horas do dia, ele separa de seis a oito para o sono. Porm, em meio sua moderao, h dois elementos em que Benedito se mostra firme. Estes dois so permanncia e obedincia.

    Permanncia quer dizer que os monges no devem andar vagando de um mosteiro para outro. Pelo contrrio, de acordo com a Regra, cada monge dever permanecer o resto de sua vida no mesmo mosteiro em que fez seus votos, a menos que por alguma razo o abade o envie a outro lugar. Isso pode parecer tirania, porm Benedito queria remediar uma situao em que muitos se dedicavam a ir de mosteiro em mosteiro, desfrutando de hospitalidade por algum tempo, at que se comeava a exigir deles que levassem junto com os demais monges as cargas do lugar, ou at que comeassem a ter conflito com o abade ou com outros monges. Ento, em vez de assumir sua responsabilidade, ou de resolver seus conflitos, eles iam para outro mosteiro, onde em pouco tempo surgiam os mesmos problemas. A permanncia foi, assim, uma das caractersticas da Regra que mais fez sentir seu impacto, pois deu estabilidade vida monstica.

    A obedincia outro dos pilares da Regra de So Benedito. Todos devem obedincia ao abade "sem demora". Isto quer dizer que o monge no s deve obedecer, mas que deve fazer todo o possvel para que esta obedincia seja de bom grado. Queixas e murmuraes esto absolutamente proibidas. Se em algum caso o abade ou outro superior ordena a algum monge que faa algo aparentemente impossvel, este lhe expor com todo o respeito as razes pelas quais no pode cumprir a ordem. Porm, se depois da explicao, o abade insistir, o monge tratar de fazer com boa disposio o que lhe foi ordenado.

    O abade, entretanto, no dever ser um tirano, pois o ttulo "abade" o mesmo que "pai". Como pai ou pastor das almas que se dedicou, o abade ter de prestar contas delas no juzo final. Por isso, sua disciplina no dever ser excessivamente severa, pois seu intento no mostrar poder, mas trazer os pecadores novamente para o caminho certo.

    ( Rev. Pedro Corra Cabral IPB. )

    Mais sobre Bento de Nrcia Ler O Gnio do Ocidente. P. 136-138 Histria do Cristianismo de Bruce Shelley.

    Columbano ( 543-615)

    Abade de Luxeuil e Bobbio, So Columbano nasceu em West Leinster, na Irlanda em

    543 e morreu em Bobbio, Itlia, a 21 de Novembro de 615.

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    Columbano desde tenra idade mostrou clara inclinao para a vida consagrada. Tendo abraado a vida monstica, partiu para a Frana, onde fundou muitos mosteiros que governou com austera disciplina. Ao sair da Irlanda em companhia do monge e Santo Gall, percorreu a Europa Ocidental. Algumas vezes era rechaado, outras acolhido. Deixou rastro de fundao de mosteiros e abadias, dos quais resultaram em resplendor cultural e religioso dignos de apreo. Esses mosteiros foram o foco da cultura crist francesa na poca.

    Seu estilo de vida foi austero e assim o exigia aos monges. Graas a isso, a Igreja enumera como seus contemporneos grandes santos que se formaram na escola doutrinria de So Columbano. O mosteiro mais clebre foi o de Luxeuil, ao que confluram francos e gauleses. Foi durante sculos o centro da vida monstica mais importante em todo o Ocidente.

    Enfrentou, no incio do sculo VII fortes perseguies na Frana e por isso, no ano de 610 teve de sair do pas em decorrncia das investidas da soberana, a ento rainha Brunehaut, que teve o ego ferido porque o santo abade lanara-lhe em rosto todos os seus vcios e crimes.

    Pensou em retornar Irlanda, mas acabou permanecendo em Nantes. L tambm teve que fugir aos Alpes at que finalmente encontrou acolhida e refgio seguro em Bobbio, situada ao norte da Itlia, na regio da Emilia Romana, provncia de Piacenza. L fundou seu ltimo mosteiro e nele morreu no ano de 615. A regra monstica original que deu a seus monges serviu de referncia e influenciou

    sobremaneira toda a Europa por mais de dois sculos.

    Nos quatro ltimos anos de sua vida, experimentou certa tranqilidade, j que

    o rei Aguilulfo lhe concedeu tratamento digno e respeitoso.

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    TRABALHO DE PESQUISA I

    Livro: Dos Apstolos a Wesley

    Autor: William M.Greathouse

    Editora: Casa Nazarena de Publicaes

    Capitulo 5 Perfeio Monstica PP.48-58

    Apresentar resumo contendo as principais idias sobre:

    Os princpios monsticos

    As doutrinas de perfeio de:

    Anto ou Antonio

    Baslio

    Macrio

    Gregrio de Nissa

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    TRABALHO DE PESQUISA II

    Muitas figuras bblicas exerceram influncia marcante sobre a espiritualidade crist. muito mais fcil refletir sobre uma figura do que sobre uma