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53 dossier › gestão, organização e manutenção na indústria farmacêutica e hospitalar 128 M dossier gestão, organização e manutenção na indústria farmacêutica e hospitalar 128 M DOSSIER Sistemas de informação para a manutenção José Torres Farinha Manutenção de equipamentos na atividade hospitalar Lurdes Serra Campos Hospital de Santa Maria – Porto Manutenção de sistemas de tratamento de resíduos hospitalares perigosos Pedro Rompante SUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais Abordagem simples aos modos de falha com recurso a um software de organização e gestão da manutenção Marcelo Batista Navaltik Management, Lda. 54 58 62 66 Por: Raúl Dória GESTÃO, ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA E HOSPITALAR O primeiro Dossier Técnico de 2016 foca a sua atenção numa área importante no nosso dia-a- -dia – a Manutenção em Hospitais e na Indústria Farmacêutica. Todos os Departamentos de Manu- tenção são peças importantes no universo de uma empresa, de um grupo de empresas ou mesmo de hos- pitais, que pretenda atingir as metas a que se propõe. 、 XP SDUFHLUR LPSRUWDQWH SRUTXH contribui com os seus conhecimentos para garantir uma ótima resposta às crescentes exigências do mercado global (a nível da Qualidade, da capaci- dade de resposta de uma encomenda, entre outros); os seus anseios fazem parte dos objetivos globais que são GHƬQLGRV DQXDOPHQWH SHOR ホUJセR decisor de cada unidade de negócio. No caso dos hospitais e da indús- tria farmacêutica, a manutenção é uma atividade mais complexa porque: a) Há uma estreita relação com a saú- de das pessoas; b) +シ XPD JUDQGH YDULHGDGH H VRƬVWL- cação de equipamentos; c) Há que coordenar a relação funcio- nal entre os gestores dos serviços/ equipamentos e os respetivos utili- zadores (por exemplo, prestadores de serviços externos e internos). A manutenção hospitalar (e farmacêu- tica) têm um papel importantíssimo no controlo dos trabalhos (internos e exter- nos), para a garantia de um serviço de qualidade relativamente a instalações e equipamentos, tendo sempre em aten- ção o respetivo ciclo de vida. A falta de manutenção dos ativos afeta a rentabi- lidade dos respetivos processos, o que terá como consequência não serem atin- gidos os objetivos da unidade hospitalar e farmacêutica para um determinado período, quaisquer que eles sejam. O responsável pela gestão dos ati- vos médicos (de um hospital ou de uma indústria farmacêutica), deverá ter em atenção diversos aspetos como: a) Conhecimentos de engenharia; b) Conhecimentos de tecnologias de saúde; c) Práticas de gestão; d) Informatização das informações (Sistemas Informáticos); e) Aquisição de equipamentos tecno- lógicos, com especial atenção ao respetivo ciclo de vida; f) Recolha e reciclagem dos detritos hospitalares; g) Coordenação de inúmeras atividades. 7HQGR HP PHQWH TXH R SURSホVLWR ƬQDO é o de contribuir para a constante melhoria dos cuidados médicos, atra- vés da: a) 3URPRツセR GH XPD HOHYDGD ƬDELOL- dade dos Ativos; b) Máxima disponibilidade dos Ativos; c) Redução dos custos da própria manutenção. XPD シUHD TXH UHTXHU HOHYDGRV conhecimentos e aturados estudos/ acompanhamentos devido à constante evolução tecnológica dos Ativos, pelo que os técnicos da manutenção devem ter formação para que possam efetuar os trabalhos em ótimas condições e sem registo de qualquer acidente. M

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DOSSIER

Sistemas de informação para a manutençãoJosé Torres Farinha

Manutenção de equipamentos na atividade hospitalarLurdes Serra CamposHospital de Santa Maria – Porto

Manutenção de sistemas de tratamento de resíduos hospitalares perigososPedro RompanteSUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais

Abordagem simples aos modos de falha com recurso a um software de organização e gestão da manutençãoMarcelo BatistaNavaltik Management, Lda.

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62

66

Por: Raúl Dória

GESTÃO, ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA E HOSPITALAR

O primeiro Dossier Técnico de 2016 foca a sua atenção numa

área importante no nosso dia -a--dia – a Manutenção em Hospitais

e na Indústria Farmacêutica.

Todos os Departamentos de Manu-

tenção são peças importantes no

universo de uma empresa, de um

grupo de empresas ou mesmo de hos-

pitais, que pretenda atingir as metas a

que se propõe.

contribui com os seus conhecimentos

para garantir uma ótima resposta às

crescentes exigências do mercado

global (a nível da Qualidade, da capaci-

dade de resposta de uma encomenda,

entre outros); os seus anseios fazem

parte dos objetivos globais que são

decisor de cada unidade de negócio.

No caso dos hospitais e da indús-

tria farmacêutica, a manutenção é

uma atividade mais complexa porque:

a) Há uma estreita relação com a saú-

de das pessoas;

b) -

cação de equipamentos;

c) Há que coordenar a relação funcio-

nal entre os gestores dos serviços/

equipamentos e os respetivos utili-

zadores (por exemplo, prestadores

de serviços externos e internos).

A manutenção hospitalar (e farmacêu-

tica) têm um papel importantíssimo no

controlo dos trabalhos (internos e exter-

nos), para a garantia de um serviço de

qualidade relativamente a instalações e

equipamentos, tendo sempre em aten-

ção o respetivo ciclo de vida. A falta de

manutenção dos ativos afeta a rentabi-

lidade dos respetivos processos, o que

terá como consequência não serem atin-

gidos os objetivos da unidade hospitalar

e farmacêutica para um determinado

período, quaisquer que eles sejam.

O responsável pela gestão dos ati-

vos médicos (de um hospital ou de uma

indústria farmacêutica), deverá ter em

atenção diversos aspetos como:

a) Conhecimentos de engenharia;

b) Conhecimentos de tecnologias de

saúde;

c) Práticas de gestão;

d) Informatização das informações

(Sistemas Informáticos);

e) Aquisição de equipamentos tecno-

lógicos, com especial atenção ao

respetivo ciclo de vida;

f) Recolha e reciclagem dos detritos

hospitalares;

g) Coordenação de inúmeras atividades.

é o de contribuir para a constante

melhoria dos cuidados médicos, atra-

vés da:

a) -

dade dos Ativos;

b) Máxima disponibilidade dos Ativos;

c) Redução dos custos da própria

manutenção.

conhecimentos e aturados estudos/

acompanhamentos devido à constante

evolução tecnológica dos Ativos, pelo

que os técnicos da manutenção devem

ter formação para que possam efetuar

os trabalhos em ótimas condições e

sem registo de qualquer acidente. M

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Sistemas de informação para a manutenção

O presente artigo aborda os Sistemas de Informação para a Manutenção no âmbito do Estado da Arte e das novas tendências,

algumas já na fronteira da transferência de

neste âmbito que é feita uma breve resenha dos CMMS (Computerized Maintenance

Management System), e da sua extensão para uma abordagem EAM (Entreprise Asset Management)

e ainda a integração das novas tecnologias de comunicação, designadamente a Internet das

Coisas e o Big Data.

A tecnologia, na qual é cada vez mais difícil distinguir o hard-

ware do software, está intrinsecamente ligada, de forma

biunívoca, às vertentes da normalização, designadamente

na componente organizacional, onde se destacam as nor-

mas ISO 55000 e a NP 4492, bem como as várias vertentes

da manutenção de condição, onde a análise de vibrações

lidera em termos de normas de suporte.

São estes temas que são tratados de forma integrada

no presente artigo, o qual procura dar uma visão alargada

da sua conjugação na perspetiva do seu potencial valor

acrescentado para as empresas, sejam estas de manufatura

ou de serviço.

Palavras -chave: CMMS; EAM; Big Data; eMaintenance;

Maintenance 4.0.

1. INTRODUÇÃOAtualmente, a utilização de Sistemas de Informação na

Manutenção (CMMS) é algo tão natural como há alguns

anos era a utilização do papel no apoio a esta atividade,

pelo que toda a abordagem feita ao longo do presente

artigo assume este pressuposto; contudo, a evolução tem

sido tão rápida que estes sistemas se tornaram apenas nu-

ma ferramenta de base no apoio à gestão de manutenção,

e apenas isso.

Neste momento, as empresas pretendem ir muito mais

longe nas ferramentas de apoio que exigem à gestão e ma-

nutenção dos seus ativos físicos, pretendendo uma gestão

que começa no momento da decisão da sua aquisição e vai

até ao instante da sua substituição e/ou renovação como

novo, e início de um novo ciclo.

Adicionalmente, com a disponibilidade de novas tec-

nologias, quer em novas possibilidades quer em minia-

turização e baixo preço, tornou -se possível acompanhar

on line o estado de saúde das instalações e equipamentos

e, inclusivamente, dos seus componentes, o que se tornou

numa nova realidade que veio permitir um grande rigor no

acompanhamento do seu ciclo de vida e, por consequência,

do seu Ciclo de Vida Económico (LCC – Lyfe Cycle Cost).

Pelas razões precedentes, os CMMS ampliaram o seu

âmbito de atuação a todo o ciclo de vida dos activos, isto é,

deixaram de ter o seu foco apenas na vertente da manuten-

ção, tendo -o ampliado às vertentes da aquisição e da subs-

tituição e/ou renovação, passando a designar -se por EAM

(Entreprise Asset Management).

2. ESTADO DA ARTEOs sistemas de informação para manutenção tiveram a sua

génese em paralelo com os sistemas de informação para

apoio às outras áreas industriais. Contudo, os primeiros, de

forma geral, tiveram sempre um apoio secundário por par-

te dos decisores das empresas, por razões que se poderão

equacionar de várias formas, mas que passam por aspetos

como:

A atividade manutenção, durante muito tempo, era con-

siderada um mal necessário, pelo que era deixada sem-

pre para n -ésimo plano e o mesmo para os corresponden-

tes investimentos;

A implementação dos CMMS é muito complexa, designa-

damente porque implica uma adequada elaboração dos

dossiês dos ativos, o que obriga ao seu levantamento no

terreno, ao seu carregamento e atualização e, como tal,

é deixado para mais tarde. O precedente aspeto tem sido

fatal para muitas empresas, atendendo a que a exigência

-

des inerentes ao processo são tais que levam a que, ao

o mesmo é descontinuado ou, no máximo, subutilizado.

Sobre este assunto o autor vem, desde há muitos anos,

publicando artigos e livros, dos quais se destacam as re-

ferências [1 -8].

A área de conhecimento e de atividade da Engenharia de

Manutenção tem evoluído a um ritmo alucinante nas úl-

timas décadas, quer em termos endógenos quer como

tecnológicos dos ativos produtivos, e ainda da necessidade

-

tata um novo mercado na oferta de produtos e serviços,

designadamente na vertente dos sistemas de informação e

tecnologias associadas, tal como se pode constatar em ape-

nas dois produtos de grande implantação, como o MAXIMO

e o DATASTREAM, os quais, inclusive, já apresentam o seu

âmbito alargado aos EAM [9 -10].

Adicionalmente, espera -se ainda que este tipo de sis-

temas se possa integrar em redes industriais para recolher

dados de funcionamento dos ativos, bem como receber

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leituras de sensores e de sistemas diversos, tais como vibra-

ções, temperaturas, entre outros [11].

Do exposto infere -se que, com a multiplicação de da-

dos oriundos das diversas fontes mencionadas, nos mais

diversos formatos, desde o modo caráter até a formatos

inerentes aos modelos 3D, a voz e a vídeo, todos conver-

gem e podem conjugar -se nos atuais CMMS/EAM. Como

de Big Data tornou -se um termo corrente no léxico e nas

da manutenção [12].

-

-

corporação de novas tecnologias emergentes, tais como a

-

Engenharia de Manutenção para níveis inimagináveis até há

poucas décadas atrás [13 -14].

Figura 1. Intervenções de manutenção no Airbus A400M apoiadas por

Realidade Aumentada [14].

3. CMMS VERSUS EAMUm CMMS tradicional é, normalmente, constituído por mó-

dulos como os seguintes:

Objetos Manutenção/Ativos Físicos;

Fornecedores;

Técnicos;

Ferramentas;

Peças -de -Reserva;

Ordens de Trabalho;

Pedidos de Intervenção;

Planos de Manutenção;

Relatórios:

dados dos ativos, dos fornecedores, das peças -de-

-reserva, entre outros;

KPI;

outros.

A estes módulos podem adicionar -se outros como:

Importação/Exportação de dados;

Aquisição de dados de sensores;

Gestão de projetos, designadamente para grandes repa-

rações e/ou grandes paragens.

Os EAM deverão ter, além dos módulos anteriores, outros,

como:

Análise de investimentos/aquisições de ativos;

Cadernos de encargos;

Análise de substituição.

Um EAM, tal como atrás referido, apoia todo o ciclo de vida

dos ativos físicos, desde a sua aquisição até à sua substitui-

ção ou renovação, para um novo ciclo de vida. O autor vem-

-se pronunciando sobre este tema desde há muitos anos,

incluindo a implementação de um módulo no seu primeiro

EAM, tal como se pode constatar na referência [2], sistema

que atualmente se designa por SMIT (Sistema Modular Inte-

grado de Terologia). Aliás, o conceito de Terologia, proposto

pelo autor, incorpora em si uma visão integral do ciclo de vida

dos ativos:

Terologia é a utilização combinada de técnicas de inves-

tigação operacional, de gestão de informação e de enge-

nharia, com o objetivo de acompanhar o ciclo de vida das

-

assim como a gestão e o controlo da sua manutenção,

-

mento em serviço.

4. NORMAS DE MANUTENÇÃO VERSUS SISTEMAS DE INFORMAÇÃOAinda no âmbito dos Sistemas de Informação para Manu-

tenção importa destacar a importância que as normas por-

tuguesas lhe destacam, designadamente a NP 4492:2010 e,

em particular, no Ponto 5.1.1.1 Aplicações informáticas, no

-

tacam as condições ambientais e a segurança física, lógica e

pessoal no que concerne à instalação do hardware, à insta-

lação de sistemas de proteção de dados, à implementação

de soluções para disaster recovery, às cópias de segurança,

-

ção corretiva e preventiva dos sistemas de informação, nas

suas componentes de hardware e de software, que permita

Por sua vez, as novas Normas ISO 55000 poderão ter a

implementação nos CMMS/EAM das organizações. De fac-

to, segundo esta Norma, “a Gestão de Ativos permite às orga-

nizações analisar a necessidade, bem como o desempenho dos

ativos e dos sistemas em diferentes níveis. Além disso, permite a

aplicação de abordagens analíticas na Gestão do Ativo durante

as diferentes fases do seu ciclo de vida (que pode começar com a

conceção da necessidade do ativo, até à sua retirada de serviço,

e inclui ainda a gestão de quaisquer potenciais passivos resul-

tantes da sua eliminação).”

Face ao precedente, este conceito, que é basilar a esta

Norma, vai ao encontro do conceito de Terologia propos-

to pelo autor e à imperiosidade na implementação dos

irreversível necessidade para uma gestão racional do LCC

dos ativos.

5. INDUSTRY 4.0 OU MAINTENANCE 4.0?Foi atrás referido o conceito de Big Data e as razões que

estão subjacentes ao seu aparecimento na atividade manu-

tenção. De facto, a grande quantidade e diversidade de da-

dos necessários à gestão racional dos ativos físicos implica

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a existência de grandes espaços de memória para o seu

armazenamento.

As várias fontes de dados, que começam nos dossiês

dos ativos (instalações e equipamentos), até à recolha onli-

ne dos mais diversos dados dos equipamentos, para a qual

a Internet das Coisas está a dar um derradeiro impulso, au-

do armazenamento dos dados.

A esta nova realidade, que é destacada pelo novo con-

ceito de Industry 4.0, referente à 4.ª Revolução Industrial,

pode associar -se um novo conceito de Maintenance 4.0 (Ma-

nutenção 4.0) que congrega tecnologias e conceitos, tais

como eMaintenance, RFID, acompanhamento online das va-

-

ponde a uma nova fronteira da Engenharia de Manutenção.

6. CONCLUSÕESO presente artigo sintetiza os Sistemas de Informação pa-

ra Manutenção (CMMS), bem como o incremento da sua

abrangência para a vertente da Gestão de Ativos (EAM), e o

seu entrosamento com novas tecnologias, bem como novas

tendências futuras.

O Artigo destaca ainda a importância de algumas

Normas de manutenção para a consolidação e desenvolvi-

mento dos CMMS/EAM bem como para uma gestão racio-

nal do LCC.

A integração dos sistemas de informação convencio-

nais, adaptados aos novos formatos e volumes de dados,

bem como a integração de novas tecnologias e o seu entro-

samento nas redes e tecnologias industriais, são outros as-

petos que se destacam nas novas fronteiras da Engenharia

de Manutenção nas organizações.

7. REFERÊNCIAS[1] José Manuel Torres Farinha (2011): “Manutenção – A Terologia e as

Novas Ferramentas de Gestão”. MONITOR, Lisboa, Portugal. ISBN

978 -972 -9413 -82 -7;

[2] José Torres Farinha (1997): “Manutenção das Instalações e Equi-

pamentos Hospitalares – Uma Abordagem Terológica”. ISBN

972 -8318 -16 -2. Livraria Minerva Editora. Coimbra; Portugal;

[3] José Torres Farinha (2013): “Sistemas de informação para manuten-

ção – Um novo ciclo”. Revista Tecnohospital, n.º 56, março/abril, pp

12 -17;

[4] José Torres Farinha, Viriato Marques, Gonçalo Lopes (2001): “hmanut

– Planos de Manutenção e Segurança de Instalações e Equipamentos

de Saúde na Web – A Componente das Instalações”. Revista Tecno-

Hospital, n.º 9, setembro, pp 36 -39;

[5] José Torres Farinha, B. C. Vasconcelos (1992): “SIE versus informatiza-

ção da manutenção”. Boletim da ATEHP, n.º 17, abril 1994;

[6] José Torres Farinha, Bernardo Calafate Vasconcelos (1992): “Gestão

Integrada da Manutenção Hospitalar”. Revista MANUTENÇÃO, n.º 36,

dezembro 1992, pp 11 -17;

[7] José Torres Farinha (1990): “Gestão informática da manutenção... a

opção inadiável”, revista Dirigir, n.º 15, novembro/dezembro, pp. 67-

-70. ISSN: 0871 -7354. Reedição do artigo da revista Manutenção, n.º

18, abril -junho, 1988;

[8] José Torres Farinha (1988): “Gestão informática da manutenção... a

opção inadiável”, revista Manutenção, n.º 18, abril -junho, pp 35 -37.

Re -editado pela revista DIRIGIR, n.º 15, novembro/dezembro 1990,

pp 67 -70. Referenciado na Revista da Ordem dos Engenheiros, Ano

III, n.º 27, fevereiro 1989;

[9] www -03.ibm.com/software/products/pt/maximoassetmanagement,

acedido em 21/02/2016;

[10] http://go.infor.com/eamdemo2/, acedido em 21/02/2016;

[11] Inácio Fonseca, José Torres Farinha, Fernando Maciel Barbosa (2010):

“Wind Farms Sensorial Data Acquisition and Processing”. “Data Ac-

quistion” book. ISBN 978 -953 -307 -193 -0. Published by Sciyo. Janeza

Trdine 9, 51000 Rijeka, Croatia. Chapter X. Pp185 -210;

[12] Andrea Mauro; Marco Greco; Michele Grimaldi (2015).”What is big

AIP Conference Proceedings 1644: 97–104. doi:10.1063/1.4907823;

[13] Rúben Oliveira; José Torres Farinha; Hugo Raposo; Noberto Pires

(2014): “Augmented Reality and the Future of Maintenance”. Pro-

ceedings of MPMM2014. ISBN 978 -972 -8954 -42 -0|http://dx.doi.

org/10.14195/978 -972 -8954 -42 -0_12. Pp. 81 -88;

[14] F. Mas; J. L. Menéndez; J. Serván; A. Gómez; J. Ríos (2012): “Aerospa-

ce industrial digital mock -up exploitation to generate assembly shop

Belfast. M

Figura 2. Integração de tecnologias num Sistema de Informação para Manutenção.

SMITH

TCP/IP

USBSensors

Sensors

SensorsBUS

Sensors

Sensors

C

C

SPI

ENC28J60Ethernet PLC

SMIT CLIENT

Linux Server

LabView PIC 18FXXX

PIC 18FXXX

Wireless Interface

Compact Rio – National

Bus CAN

USB2.0 / Modelo 6251VIA EPIA ITX

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Manutenção de equipamentos na atividade hospitalarServiço de Instalações e Equipamentos no Hospital

de Santa Maria – Porto.

O Hospital de Santa Maria, no Porto é uma unidade de saúde privada, sendo um dos mais

antigos hospitais do país. Ao longo dos seus 127 anos, o hospital tem apostado na modernização,

empreendedorismo e excelência na saúde, tendo sido a primeira unidade hospitalar a ver o seu

pela Norma ISO 9001.

Reconhecido internacionalmente nas especialidades de Or-

topedia, Traumatologia e Medicina Desportiva, áreas nas

quais o Hospital se especializou ao longo de mais de um sécu-

lo de existência, conta com uma equipa clínica de reconheci-

do valor e prestígio. O hospital oferece serviços de cirurgia,

internamento, consultas (em mais de 30 especialidades) e

exames, recebendo diariamente cerca de 2000 pessoas.

O hospital conta com uma área bruta de 23 250 metros

quadrados com quatro pisos, mais dois pisos de estaciona-

mento subterrâneos, dispondo de 179 camas distribuídas

por sete pavilhões de internamento, com três quartos de

isolamento com controlo de pressão positiva e negativa,

seis salas de bloco operatório, uma central de esterilização,

57 gabinetes de consulta e tratamentos, um serviço de Me-

dicina Física e Reabilitação com ginásio e piscina de hidrote-

rapia e um serviço de Imagiologia localizado num dos pisos

inferiores.

Nos últimos 10 anos, entre 2006 e 2016, o Hospital de

Santa Maria – Porto sofreu uma profunda transformação,

quer a nível técnico quer de dimensão do edifício. A recons-

dos espaços existentes, a modernização de equipamentos,

a construção de um corpo do edifício com mais volume

que o original e a ampliação de outro corpo com mais um

piso de internamento. A par da remodelação do edifício foi

parque de equipamento médico e mobiliário hospitalar.

Se por um lado o novo edifício hospitalar permitiu ao

Hospital Santa Maria – Porto proporcionar melhores condi-

ções de trabalho, conforto e elevar a qualidade dos servi-

à gestão, em particular no que diz respeito à condução e

exploração do edifício.

– Porto sentiu a necessidade de criar uma unidade com uma

estrutura própria – o Serviço de Instalações e Equipamen-

tos (SIE), que começou a funcionar em setembro de 2009,

seis meses antes da inauguração da 1.ª fase das novas insta-

lações do hospital.

Desde então, o Serviço de Instalações e Equipamentos

(SIE) tem a seu cargo as seguintes tarefas: manutenção do

edifício hospitalar e dos seus equipamentos médicos; ges-

tão energética e hídrica do edifício; gestão do parque de

equipamentos; implementação e controlo de medidas de

segurança; monitorização e controlo ambiental; e planea-

mento e coordenação de obras.

O SIE no Hospital de Santa Maria – Porto depende hie-

rarquicamente da Direção Geral do hospital, algo que num

hospital com a nossa dimensão é importante na agilização

A possibilidade do SIE debater diretamente com quem tem

uma visão global da instituição e saber quais as prioridades

que devem ser seguidas, agiliza muito todo o processo.

do funcionamento do SIE no nosso hospital reside no traba-

lho conjunto de equipas multidisciplinares, ou seja, envolve

-

dicos enfermeiros técnicos, administrativos, entre outros.

Algo que também aconteceu na fase das grandes obras, em

desde a sua arquitetura e durante a construção e monta-

operacionais e adaptados às necessidades.

O SIE apresenta um organigrama próprio, constituído

por uma equipa de oito elementos: o Diretor do SIE (en-

genheiro mecânico), dois engenheiros que prestam apoio

externo nas áreas de instalações elétricas e de segurança

e seis técnicos de manutenção em regime de turnos e de

prevenção, distribuídos pelas áreas de serviços gerais, pi-

chelaria, carpintaria, eletricidade e mecânica/AVAC. Dada a

dimensão do hospital não foi considerada necessária a exis-

tência de um técnico de eletromedicina interno, sendo as

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Ao longo do período compreendido entre 2010 e 2015

-

pital de Santa Maria – Porto. Dentro destes destacam -se

os encargos com a manutenção, a gestão de resíduos e os

encargos com os consumos de energia e água. A verba apli-

cada a estas áreas em 2015 corresponde a cerca de 20% do

total aplicado no período analisado.

Era previsível que a partir de 2010 os custos com a explora-

ção do edifício aumentassem à medida que fossem entrando

em funcionamento os serviços cuja remodelação iniciou, de

forma faseada, após a inauguração do corpo principal do edi-

fício em meados do primeiro semestre de 2010. O aumento

-

to serviços com instalações e equipamentos mais complexos,

com requisitos de funcionamento mais exigentes e que na

maioria das situações se traduziram em novos encargos já que

eram inexistentes nos serviços antes das remodelações. A isto

acresce o facto de, durante este período, um grande número

de equipamentos médicos adquiridos em 2010, cuja assistên-

cia técnica se encontrava ao abrigo da garantia do fabricante,

foram entrando na esfera da manutenção.

Manutenção HSM Porto

2010 - 2015

0,0%

Resíduos

2010 2011 2012 2013 2014 2015 Média 2010-2015

6,4% 7,3% 7,5% 6,5% 8,8% 7,5% 7,4%

5,1% 3,9% 7,6% 9,1% 13,4% 7,8% 8,0%

8,5% 6,6% 9,5% 10,3% 3,0% 14,6% 9,0%

80,0% 82,2% 75,4% 74,1% 74,8% 70,1% 75,6%

Material

Corretiva

Preventiva

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

Se nos focarmos apenas nos encargos totais com a manu-

tenção das instalações e equipamentos e com a gestão de

preventiva, estando os restantes 25% distribuídos entre a

manutenção corretiva, a gestão de resíduos e em material

de manutenção.

Para dar resposta às necessidades de manutenção

-

SIE

SIE

Serviço utilizador

Imputação de custos

Forn. Externo

Serviço utilizador

Abertura da Ordem de Trabalho (OT)

Execução do serviço solicitado / planeado

serviço executado

Encerramento da OT

Análise da OT

Planeamento SIE

intervenções no equipamento médico asseguradas, quase

integralmente, por empresas externas.

Os objetivos são claros e obviamente relacionados com

a necessidade fundamental de manter todo o hospital em

atividade e em total segurança, começando pela garan-

tia do correto funcionamento do equipamento médico-

-hospitalar e restantes infraestruturas técnicas, assim como

das condições de higiene e segurança das instalações, áreas

fundamentais numa organização que se dedica aos cuida-

e equipamentos são condição essencial de funcionamento.

Uma das principais responsabilidades do SIE é então

garantir uma correta gestão da manutenção, direta ou indi-

retamente através de contratos de serviços, em particular

a manutenção preventiva, de forma a garantir os elevados

níveis de operacionalidade exigidos a um edifício hospitalar,

onde a indisponibilidade de espaços, instalações e equipa-

mentos pode comprometer a atividade clínica e colocar em

risco vidas humanas. A par das ações de manutenção preven-

tiva, cujos objetivos principais são a redução da probabilida-

de de avarias e o aumento da vida útil do edifício, instalações

de renovação ou substituição é também fundamental para

de ações de manutenção corretiva, devendo para o efeito

estabelecer prioridades de intervenção em função do grau

de criticidade das avarias, sempre com o objetivo de minimi-

zar os tempos de paragem. Neste âmbito, o SIE pode ainda

ser chamado a estudar e implementar soluções provisórias,

sempre que a previsão para a resolução de avarias não seja

temporalmente viável, e que por isso impeçam a realização

de determinadas atividades que comprometem a atividade

hospitalar.

Custos de exploração do edifício (manutenção, resíduos, energia e água)

2010 - 2015

2010

2011

2012

2013

2014

2015

[valor] [valor] [valor] [valor] [valor] [valor]0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

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Consciente da importância que a correta gestão da ma-

nutenção tem nos resultados da atividade hospitalar, a

Direção do hospital, a pedido do SIE, tem vindo a dotar

o serviço, sempre que possível, com meios e ferramentas

necessários à sua atividade, destacando -se por exemplo o

estudo de soluções para a implementação de um software

de gestão da manutenção uma vez que atualmente o hos-

pital apenas está dotado com uma plataforma informática

de helpdesk, através da qual os colaboradores fazem os

pedidos de reparação e/ou substituição. Outra ferramen-

ta fundamental para a atividade do SIE é a existência de

um sistema de gestão técnica centralizada, que permite

a monitorização e parametrização do funcionamento das

instalações de AVAC.

Pode dizer -se que esta ferramenta também é importan-

te na área da gestão de energia e gestão ambiental, permi-

dos equipamentos, otimizando a utilização de energia e

energética e o consumo racional dos recursos hídricos é

outro grande objetivo do SIE do Hospital de Santa Maria –

Porto, assim como assegurar as condições de conforto tér-

mico, a qualidade do ar interior e a qualidade da água para

consumo no hospital.

Nesta área particular da energia e ambiente, o Hospi-

tal de Santa Maria – Porto e o seu Serviço de Instalações e

Equipamentos têm sido extremamente sensíveis às necessi-

dades de sustentabilidade, tendo sido feitos vários investi-

mentos nos últimos anos com esse objetivo em vista.

em 2013 foi feita a reformulação integral da central tér-

mica, com o abandono do vapor para produção de Água

Quente Sanitária e água quente para aquecimento am-

-

tes, o que permitiu uma redução do consumo de gás na

ordem dos 25,8%;

Consumo de gás natural e energia elétrica

Gás natural

Eletricidade

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Gás

nat

ura

l (kW

h)

2010 - 2015

Como exemplo dos resultados obtidos com a implementa-

-se a redução dos consumos de gás natural. Com efeito,

para o período em análise (2010 -2015) e considerando os

uma redução de cerca de 34% contrariando, assim, a ten-

dência natural para o aumento dos consumos como resulta-

do da remodelação e reapetrechamento técnico do edifício

hospitalar em curso.

A redução dos consumos de gás foi conseguida como re-

sultado de alterações físicas realizadas nas instalações, das

quais se destaca a remodelação da central térmica concluí-

-

tamente pelo SIE com vista à otimização do funcionamento

e setpoints de funcionamento, a instalação de limitadores

de caudal nos chuveiros, economizadores de água nas tor-

neiras, entre outras.

Para a eletricidade, não foi possível em 2015 manter a

redução dos consumos conseguida em 2014 face a 2013,

que foi da ordem dos 7,5%, porém considera -se que para

-

buição da conclusão das obras de remodelação do edifício

com mais uma unidade de internamento em funcionamen-

to. Com vista a inverter a tendência de 2015 o SIE tem em

curso ações que visam a redução dos consumos elétricos,

tais como o reforço das medidas de gestão de horários e

setpoints de funcionamento de equipamentos e iluminação

assim como intervir nas instalações com a implementação

Dentro destas últimas destaca -se a substituição de ilumi-

sensores de presença e ainda a integração dos circuitos de

iluminação afetos às zonas comuns no sistema de gestão

técnica centralizada.

em 2015 foram instalados painéis solares para prepara-

ção de Água Quente Sanitária, prevendo -se assegurar,

quase integralmente, a produção e com isso reduzir

substancialmente os consumos energéticos;

-

rescente por iluminação LED em todas as áreas comuns

e exteriores, mais uma vez com o objetivo de reduzir o

consumo energético e diminuir a pegada ecológica.

enfrenta são operacionais e técnicas.

uma organização cuja atividade não permite falhas e pa-

ragens, e onde não é fácil a realização de atividades de

manutenção. Para ultrapassar esse obstáculo, o SIE do

Hospital de Santa Maria – Porto assenta a sua atividade

num planeamento rigoroso, de modo a que as interven-

ções – sejam de reparação, substituição, entre outros –

causem a menor interferência possível no funcionamento

normal dos serviços.

-

cialmente à diversidade e complexidade das instalações e

equipamentos existentes no edifício hospitalar. Por esse

motivo tem que dispor de uma equipa técnica multidis-

emergência.

-

talações e Equipamentos tem um papel fundamental no

funcionamento desta unidade hospitalar e tem contribuí-

do em grande escala para o crescimento e o sucesso da sua

atividade. M

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Manutenção de sistemas de tratamento de resíduos hospitalares perigosos

Uma Unidade de Saúde produz várias dezenas de toneladas de Resíduos Hospitalares Perigosos

regulamentada por lei, bem como os processos de tratamento e/ou eliminação a que terão de ser

submetidos.

linha, onde os RHP são tratados com o objetivo de reduzir/

eliminar a sua perigosidade, salvaguardo quaisquer riscos

para a Saúde Pública.

1. INTRODUÇÃO

Hospitalares como “resíduos resultantes de atividades de pres-

tação de cuidados de saúde a seres humanos ou a animais, nas

áreas da prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação ou

investigação e ensino, bem como de outras atividades envolven-

do procedimentos invasivos, tais como acupuntura, piercings e

tatuagens

os vários tipos de RHP. Estes são divididos em Resíduos Pe-

rigosos e Resíduos Não Perigosos. Os Resíduos Perigosos

que apresentam risco biológico e Grupo IV para os resíduos

Neste artigo, vou abordar os problemas da Manutenção

associados ao tratamento dos RHP do Grupo III.

Os RHP do Grupo III podem ser tratados pelos seguin-

tes processos: desinfeção térmica, desinfeção química e

incineração.

O processo de desinfeção térmica mais comum em Por-

tugal é por autoclavagem. No caso dos resíduos do Grupo

IV, o Despacho 242/96 determina que o processo de trata-

mento é a incineração.

Em Portugal também existem processos de desinfeção

química, mas com muito pouca difusão.

O objetivo dos processos de tratamento é eliminar

ou reduzir para limiares seguros, o risco associado a cada

tipologia de resíduo. Os resíduos de Grupo III apresen-

tam risco biológico, ou seja, apresentam contaminação

resultante da presença de micro -organismos, potenciais

causadores de infeções. O processo de autoclavagem é

adequado ao tratamento deste tipo de resíduos, uma vez

que a utilização de pressão e temperatura garante a des-

truição destes micro -organismos. No caso dos resíduos do

-

mico e físico, pelo que o processo de eliminação se resume

à incineração.

2. PROCESSO DE TRATAMENTO DOS RHP DO GRUPO III, POR AUTOCLAVAGEM O tratamento por autoclavagem utiliza vapor saturado pa-

ra promover a desinfeção térmica dos resíduos. Trata -se,

assim, de um processo de desinfeção térmica que consiste

em submeter os resíduos a temperatura e pressão durante

um determinado período de tempo, o que reduz a carga de

contaminação biológica abaixo de um limite considerado

seguro. Após tratamento estes resíduos são equiparados a

resíduos urbanos.

O processo de autoclavagem envolve a utilização de

autoclaves. Estes equipamentos permitem aplicar tempe-

ratura e pressão nos resíduos, durante um período de ex-

posição de 15 minutos, para obter um teor de desinfeção

seguro. A utilização de autoclaves requer a existência de

várias instalações técnicas de apoio, nomeadamente para

a produção de vapor, de ar comprimido, sistemas mecâni-

cos de movimentação e compactação de resíduos, entre

outros.

A produção de resíduos nas unidades de saúde é regular

pelo que as unidades de tratamento estão sujeitas a uma

grande procura. Os resíduos do Grupo III vêm acondiciona-

dos em contentores reutilizáveis. Estes contentores deve-

rão ser libertados, higienizados e devolvidos ao produtor

para reutilização.

-

mentos na Unidade de Tratamento obriguem à paragem da

atividade de tratamento dos RHP. Neste processo é impe-

rativo, não apenas a redução dos tempos de paragem dos

equipamentos, mas também a redução do custo associado

a cada intervenção de Manutenção por forma a garantir a

rentabilização económica do processo.

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3. OBJETIVOS DE MANUTENÇÃO

constante. Nesta perspetiva é assumido que:

a A capacidade de tratamento de RHP deverá estar dispo-

nível em permanência, não sendo possível a imobilização

da Unidade de Tratamento por um período superior a

8 horas;

b O tempo de espera dos resíduos para tratamento

na Unidade não deverá ultrapassar as 24 horas, pese

embora que a situação operacional mais vantajosa é

aquela em que o tempo de espera não ultrapasse as

6 horas;

c São observadas todas as exigências legais.

A melhor forma para a gestão de uma unidade de trata-

mento deste tipo é assumir que se trata de um fluxo em

que a velocidade tem de ser maximizada. Tendo em conta

o ritmo produtivo e a quantidade de resíduos recebidos

na Unidade de Tratamento, deve ser prioritária a redução

dos tempos de espera para tratamento. Desta forma, po-

de ser aumentado o ritmo produtivo sem recorrer a áreas

maiores de armazenagem ou mais equipamentos, o que

nos permite reduzir os custos operacionais. O aumento

da velocidade de fluxo permite também que a cadência

de libertação de contentores reutilizáveis seja superior,

o que, inequivocamente, acrescenta valor na prestação

do serviço. Deve -se realçar que uma grande Unidade de

Saúde utiliza várias centenas de contentores reutilizáveis

por dia.

Esta abordagem criou um incremento do nível de ser-

viço, sem que tivessem sido adquiridos novos equipamen-

tos. Foi assegurada a gestão do bottleneck da Unidade de

Tratamento, de acordo com a teoria de Eli Goldratt. Os ga-

nhos produtivos resultantes da aplicação desta metodolo-

gia de gestão resultaram num incremento de cerca de 20%

da quantidade de resíduos anteriormente tratados nestas

autoclaves.

Na aplicação da Teoria das Restrições, o posicionamen-

to da Manutenção é fulcral. As paragens por avaria podem

causar enormes perturbações na prestação do serviço às

unidades de saúde. O nível de serviço percecionado pelo

cliente está diretamente relacionado com a disponibilida-

de de contentores reutilizáveis para o acondicionamento

dos resíduos. Para garantir este objetivo foi determinan-

te ter presente a função da Unidade de Tratamento pro-

priamente dita, bem como as das instalações técnicas de

apoio. A função de um equipamento ou sistema é um pa-

do equipamento ou sistema. Esta forma de abordagem à

Manutenção é inspirada diretamente na metodologia RCM

(Reliability Centred Maintenance) e permitiu um nível mui-

to elevado de objetividade na aplicação das medidas de

Manutenção.

Neste processo nunca foi descurado o controlo dos

encargos com a Manutenção, de modo a contribuir para

a rentabilização do processo de tratamento. Este aspeto,

sempre importante, ganha nova relevância numa Unidade

de Tratamento que labora em regime contínuo, e onde

a Manutenção não pode ser realizada a qualquer custo,

mesmo quando se tratam de processos associados a resí-

duos perigosos.

4. MEDIDAS DE MANUTENÇÃO

assegurar a função da Unidade de Tratamento e manter os

custos de Manutenção controlados – foram implementadas

as seguintes medidas:

Elaboração de Planos de Manutenção Preventiva basea-

dos nas funções desempenhadas por cada sistema/equi-

pamento;

Unidade de Tratamento;

Análise de avarias e implementação de medidas de me-

lhoria;

Criação de uma política de substituição rápida de compo-

nentes para equipamentos nas situações em que a ma-

nutenção preventiva não é técnica e economicamente

Envolvimento ativo das equipas de operadores na perse-

cução dos objetivos da Manutenção.

PONTO 1 – Elaboração de planos de Manutenção

por cada sistema/equipamento-

tiva que congregue toda a informação sobre as operações

de manutenção a que deve ser submetido um equipamen-

to. Cada máquina deve possuir o seu plano que deve ser cla-

ro, inequívoco e organizado por níveis.

Nem sempre os planos de manutenção cumprem estes

objetivos. Muitas vezes falta -lhes a objetividade necessária

e contribuir para a redução da taxa de degradação do bem.

-

nutenção baseados nas funções do equipamento/sistema.

Seguindo o princípio de que a função de um equipamento

é algo mensurável e inequívoco e que traduz o objetivo do

baseadas em avaliações subjetivas.

A resultante deste procedimento foi a redução drás-

tica da quantidade de trabalho associado a cada plano de

taxa de disponibilidade dos equipamentos e uma redução

efetiva dos custos de Manutenção Preventiva. Este aspeto

é particularmente importante, uma vez que este trabalho

era realizado com recurso a mão -de -obra própria.

Convém salientar que no âmbito das tarefas de Ma-

-

lação aplicável às instalações e/ou equipamentos da

para a Unidade de Tratamento propriamente dita (licença

de funcionamento).

em consideração as condições operacionais de cada equipa-

manutenção.

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PONTOe inspeção da Unidade de Tratamento

-

pamentos da Unidade de Tratamento teve como objetivo

acompanhar a evolução do desempenho da função de

cada equipamento. Revelou -se um instrumento muito

útil, uma vez que o trabalho da Unidade se efetuava em

acrescidas no acompanhamento do funcionamento dos

equipamentos.

A medição da função de cada equipamento era feita por

rondas e as situações detetadas que careciam de correção

eram programadas de forma conciliada com as necessida-

des de produção.

Estas verificações periódicas revestiam -se de extre-

ma relevância uma vez que, pela própria natureza dos

RHP do Grupo III, estão presentes fluidos orgânicos

humanos (sangue e outras secreções) que, quando ex-

postos a vapor saturado, acentuam significativamente

os fenómenos de corrosão. As condições operacionais

dos equipamentos eram portanto, particularmente

severas.

PONTO 3 – Análise de avarias e implementação de medidas de melhoriaDo ponto de vista económico, a eliminação de total das ava-

rias não é exequível, uma vez que o custo associado a esse

esforço não é economicamente viável para a generalidade

-

mente, todos os modos de falha que possam ocorrer nos

equipamentos.

Pese embora as constatações referidas, não é de todo

aceitável que se permitam que as avariam ocorram sem

critério, nem rigor. Aliás, devem existir procedimentos de

intervir ativamente para evitar o seu aparecimento. Nos ca-

sos onde isso não seja possível, importa fazer a análise da

avaria, de modo a implementar medidas para evitar o seu

reaparecimento.

Esta análise era feita no chão da fábrica, com a avaliação

cuidadosa de cada componente, e das interações com os

sistemas a montante e a jusante.

PONTO 4 – Criação de uma política de substituição rápida de componentes para equipamentos onde a Manutenção Preventiva não é técnica

A possibilidade de proceder a alterações nos equipamen-

tos para evitar avarias nem sempre é economicamente

viável. Aumentar as tarefas descritas no plano de manu-

tenção também não constituía uma solução técnica, uma

vez que há componentes em que a mesma não é eficaz.

Assim, nestes casos, durante as visitas de inspeção e

lubrificação, era feita uma monitorização da função as-

sociada e promovia -se uma substituição preventiva do

componente em modo de falha. Não era evitada a ava-

ria, mas preservava -se a função, aspeto essencial para o

equipamento. A reparação do componente em falha era

realizada posteriormente, o que permitia minimizar o

custo associado.

PONTO 5 – Envolvimento ativo das equipas de operadores na persecução dos objetivos da ManutençãoAs pessoas são componentes essenciais ao funcionamen-

to de qualquer instalação e/ou sistema pelo que, desde o

início, foram alvo de ações de sensibilização para a impor-

tância da sua contribuição para a manutenção dos equi-

pamentos. Houve sempre a preocupação de incentivar os

trabalhadores a relatarem os problemas que observavam,

sem que isso desse origem a quaisquer advertências. Essa

atitude construtiva motivou a participação ativa dos ope-

rários durante e na manutenção dos equipamentos. A re-

dução progressiva das taxas de avaria contribuiu para uma

melhoria do ambiente laboral, uma vez que este estava me-

nos sujeito às pressões das necessidades de produção e à

ocorrência de paragens imprevistas.

Todas as palavras que podemos dedicar a esta questão

são poucas, uma vez que a prevenção de avarias começa e

termina com quem opera nas máquinas. O envolvimento

das pessoas é, em muitos aspetos, mais importante do que

as questões técnicas.

5. CONCLUSÃOA aplicação das metodologias referidas permitiu reduzir a

taxa de avarias existente em cerca de 50%, no período de

do valor inicial.

As avarias que resultavam em inoperância da instala-

de 4 anos, a redução do número de avarias que causavam

imobilização de equipamentos estabilizou -se em 40% do

indisponível por avaria, a cada 1,5 meses. A grande maioria

das situações estavam relacionadas com condições opera-

cionais conhecidas, cuja resolução não era economicamen-

te viável.

As intervenções de reparação foram organizadas de mo-

do a que a substituição de componentes fosse rápida. As pes-

soas foram treinadas para a realização destas tarefas, pelo

que a imobilização do equipamento não excedia as 8 horas.

A redução do custo de intervenção para a resolução des-

te tipo de avarias permitiu protelar a vida útil dos equipa-

mentos e evitar necessidades de investimento acrescidas.

O custo total anual da manutenção da Unidade de Tra-

tamento do Grupo III era cerca de 12% do custo operacional

da instalação. Este valor é economicamente vantajoso para

a viabilização económica de uma Unidade de Tratamento

com estas caraterísticas.

Posso ainda concluir que a aplicação das medidas de

Manutenção enumeradas neste artigo permitiram man-

ter o custo total de manutenção num intervalo de valores

francamente aceitáveis, contribuindo para o acréscimo da

disponibilidade dos equipamentos, aumentando o nível de

satisfação do cliente e, naturalmente, acrescentando valor

à atividade. M

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a.

Abordagem simples aos modos de falha com recurso a um software de organização e gestão da manutenção

e tecnológico presente nos dias de hoje, o investimento na gestão de ativos tem vindo a

a manutenção tenha, cada vez mais, um papel fundamental nas empresas: na disponibilidade dos

risco de funcionamento e, muito importante, na qualidade dos produtos e serviços das empresas. As estratégias de Manutenção são hoje, por isso,

cruciais para as empresas.

Não há uma estratégia de manutenção perfeita – as avarias

nos equipamentos ocorrem na mesma, o que faz com que

as equipas de manutenção tenham de responder a estas

-

ma, apesar da constante evolução da função manutenção,

quer ao nível da formação dos técnicos, das ferramentas

de apoio à gestão da manutenção, ou até da evolução dos

próprios equipamentos, continuam a ocorrer falhas/avarias

nos equipamentos.

E é aqui mesmo que entramos na importância da aná-

.

Analisar as falhas torna -se vital no dia -a -dia das equipas

de manutenção, pois só através desta análise é possível co-

nhecer as causas das falhas recorrentes nos equipamentos

e, desta forma, trabalhar para reverter estas situações, re-

-

vos da organização. As ferramentas envolvidas no processo

-

gerem logo uma ação de resposta.

Tipicamente, a resposta das equipas de manutenção às

diversas falhas que surgem na organização passa pela subs-

tituição do componente avariado, sem uma análise da causa

da falha. Analisar a falha permite mudar este paradigma. A

equipa de manutenção, ao envolver -se a si e aos demais na

organização das atividades de levantamento e estudo de

casos de falhas, vai absorver novos conceitos e aplicar intui-

tivamente estes conceitos a cada falha reportada.

A realização de análise de falhas com um grupo multidis-

ciplinar, onde se inclui manutenção e operação, resulta numa

mudança do conceito 'a máquina avariou'; os próprios operado-

res vão solicitar os serviços de manutenção de forma diferente,

indicando os componentes em estado de falha (Braidotti, 2012).

As falhas nos ativos são, de facto, inevitáveis. As equi-

pas de manutenção devem aprender com essas falhas.

“Caso se sistematize no reporte das reparações um conjunto

-

nhã, fazer análises de incidência destas situações e das suas

correlações, e delas retirar ensinamentos” (Cabral, J., 2013). A

conhecida técnica "Árvore dos modos de falha" (vem do acró-

nimo inglês FMEA – ) vai de en-

-

lhas possíveis para cada tipo de equipamento existente na

organização e respetivos componentes (órgãos), relacione

as possíveis causas de cada um desses modos de falha e

software de

manutenção, esta informação é criada de forma automáti-

ca através do histórico de manutenção (ou inserida manu-

e avaliar as falhas mais recorrentes e, com base nas causas

das mesmas e na inteligência do software, inteirar -se de

qual, ou quais, as ações corretivas a aplicar para a situação

em questão.

Analisar estas falhas tem vários benefícios:

Constitui -se uma base de conhecimento sobre o equipa-

-

pa de manutenção;

Aumenta a rapidez de resposta às avarias;

Pode conduzir a alterações (melhorias) nos planos de Ma-

nutenção Preventiva – nas periodicidades e/ou nas tare-

fas propriamente ditas;

E claro, inúmeras consequências positivas como a re-

dução de custos, a satisfação dos clientes, aumento

da disponibilidade dos equipamentos, há menos des-

perdício (de tempo, de peças e até do produto final

defeituoso).

ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DA "ÁRVORE

DOS MODOS DE FALHA" NO SOFTWARE

Para desenvolver o recurso “Árvore dos modos de falha" é

necessário percorrer diversas etapas. Independentemen-

te do procedimento adotado (informação desenvolvida

através do histórico, ou inserida manualmente) é imperati-

vo que numa primeira fase seja reunida a devida informa-

ção técnica acerca dos objetos existentes na organização.

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Figura 2.

para o tipo de objeto Caldeira (frente).

Os

modos de falha (sintomas) traduzem a forma sob a

intervenção de manutenção. Nesta fase responde -se a

questões do género: "Como pode falhar um determinado

órgão?". Os modos potenciais de falha são expressos em

vibrações, desgaste, fuga, fratura, e outros. Contudo, e

dependendo do modo de trabalhar do utilizador, este

para cada órgão (Figura 3).

Figura 3. Modos de falha (Sintomas) do equipamento do tipo Caldeira

e órgão válvula de segurança.

Figura 4. Causas potenciais de falha do equipamento do tipo Caldeira,

órgão válvula de segurança e modo de falha "Abre a uma pressão inferior".

O processo de implementação encontra -se esquematiza-

do na Figura 1.

Figura 1. Fluxograma do recurso “Árvore dos modos de falha“.

-

das com o registo de equipamentos no software. Antes de

qualquer registo de equipamentos, o utilizador necessita

(componentes).

Após o término destas duas etapas, o utilizador avança

para o registo de equipamentos e determina como preten-

de gerir o recurso – de forma automática ou manual.

Caso pretenda introduzir a informação antes das ocor-

rências (introdução da informação manualmente) deve

-

volver o recurso aos poucos e de forma automática, aquan-

do das ocorrências (histórico de manutenção), deve optar

pelas etapas assinaladas a vermelho. Optar por uma opção

não inviabiliza a outra porque o utilizador pode colocar a

informação ao seu ritmo e conjugar ambas as situações à

medida que vai desenvolvendo o recurso.

são comuns a ambas as opções:

Numa primeira fase, o uti-

lizador deve agrupar de forma direta e sistematizada os

objetos por “Tipologia” (Figura 2) com um código de no-

menclatura associado no software. Ao agrupar os objetos

por “Tipologia -

formações, os órgãos associados a cada tipo de objeto.

Exemplo: se for convencionado o código CA para todas as

Caldeiras é possível utilizar esta estrutura para criar um

código estruturado (“CA - ”) e a Ficha Técnica

que será usada para todas as Caldeiras. Todas as Caldei-

ras terão um código que começa por “CA - ” e a

mesma Ficha Técnica (Fabricante, Modelo, Ano de produ-

ção, Número de série, entre outros).

Os órgãos são

os componentes que formam o equipamento. Cada tipo

de objeto possui diversos órgãos sujeitos a potenciais

falhas, que necessitam de ser enumerados no software.

Exemplo: chaminé, purgador automático, queimador,

válvula de segurança, e outros.

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r

As cau-

provocou o modo de falha correspondente. Cada modo

de falha pode estar sujeito a diversas causas potenciais e

como tal, devem listar -se as causas prováveis, para que

-

gão de desempenhar corretamente as funções para as

quais foi projetado (Figura 4).

Exemplo: Desgaste, Má operação, Manutenção inapro-

priada, entre outros.

Ação corretiva existente na biblioteca: Uma ação cor-

retiva é a ação estabelecida como resposta à falha dete-

tada. As ações e respetivas descrições de tarefas a execu-

tar podem ser reunidas num recurso típico dos sistemas

informatizados, a biblioteca de preparações padrão. An-

tes de criar no sistema uma ação corretiva para a falha, o

-

paração apropriada para a ocorrência em questão.

Selecionar ação corretiva pretendida: Caso a(s)

ação(ões) corretivas a aplicar para resolver a falha se

encontre(m) na biblioteca, basta ao utilizador selecionar

-

ção da falha. Podem ser enumeradas e hierarquizadas

-

ca (Figura 5).

Figura 5.

respetivas ações corretivas.

Criar e associar uma ação corretiva: Se a ação a aplicar

para resolver a falha não existe na biblioteca é necessário

criá -la no sistema (Figura 6).

Figura 6. Janela “Biblioteca preparações Padrão”.

Ação corretiva armazenada na biblioteca: Após

a criação da ação necessária no Ponto 7, esta fica

automaticamente armazenada na biblioteca do

software.

Nova Ordem de Trabalho: Para a constituição do

histórico de manutenção, através do registo das in-

tervenções, sejam elas corretivas ou não, o utiliza-

dor deve criar uma nova ordem de trabalho. Deste

modo, caso o utilizador pretenda alimentar o recur-

so “Árvore dos modos de falha” aquando das ocorrên-

cias é necessário efetuar o completo diagnóstico da

falha (órgão + sintoma + causa) no report da ordem

de trabalho.

No separador "diagnóstico" da fa-

lha da Ordem de Trabalho, (Figura 7), o utilizador deve

-

de falha. O órgão e a causa da falha, frequentemente,

só se conseguem diagnosticar após a intervenção. Assim,

antes do término da Ordem de Trabalho, cabe ao utiliza-

dor completar devidamente o diagnóstico da falha, para

que o recurso Árvore dos modos de falha seja alimenta-

do automaticamente.

Figura 7. Ilustração do separador diagnóstico na janela "Nova Ordem de

Trabalho”.

Realizado o diagnóstico da falha é necessário que o uti-

lizador repita os procedimentos descritos a partir do

Ponto 5.

Através do separador "Preparações" da Ordem de Traba-

lho, o utilizador tem 3 (três) opções distintas para selecio-

nar ou desenvolver a devida ação corretiva (Figura 8).

Se a preparação se encontrar criada na biblioteca,

basta ao utilizador selecionar a que pretender. Contudo,

se a ação corretiva não existir na biblioteca é necessá-

rio que o utilizador crie a mesma através da opção "Nova

Preparação”.

Caso a preparação já se encontre devidamente estrutu-

rada na "Árvore dos modos de falha”, ao aceder a este menu é

sugerido pelo software qual ou quais as preparações a apli-

car para o diagnóstico realizado (Figura 9).

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Figura 8. Ilustração do separador preparações na janela "Nova

Ordem de Trabalho”, e das 3 opções: "Biblioteca Preparações", "Nova

Preparação" e "Modos Falha”.

Figura 9. Janela da “Árvore dos modos de falha": sugestão

da ação corretiva a aplicar para o diagnóstico previamente

efetuado.

CONCLUSÃOAs falhas são inevitáveis. Toda a informação que permi-

ta atuar o mais rapidamente possível sobre uma avaria

(minimizando perdas de produção) é uma mais -valia. E,

não menos importante, a acumulação de conhecimento

sobre o ativo e a disponibilização dessa informação para

todos os técnicos.

Sistematizar as falhas, numa primeira fase, pode

parecer um procedimento trabalhoso e demorado,

contudo não o é. A possibilidade desta informação ser

gerada automaticamente com base no histórico de

manutenção permite que o gestor de manutenção ali-

mente o recurso aos poucos sem perder muito tempo,

numa fase inicial, a introduzir uma grande quantidade

de informação.

BIBLIOGRAFIA Carvalho, A, Cabral, J., “Metodologia de Sistematização Técnica

para a Gestão de Ativos", 2014;

Braidotti, J., “A falha não é uma opção", 26º Congresso de Manu-

tenção, 2011;

Cabral, J., “Gestão da Manutenção de Equipamentos, Instalações e

Edifícios”, LIDEL, 2013. M