dossie operacao salva palmeiras

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Todos os fatos (notícias e matérias) aqui relatados foram coletados em diferentes órgãos de imprensa. Não há, portanto, simples devaneios de um grupo de torcedores apaixonados pelo Palmeiras, nem uma tentativa deliberada de denegrir a imagem de qualquer uma das pessoas citadas. À medida que ocorrem citações de nomes, busca-se, por meio de questionamentos, tanto obter esclarecimentos quanto dar a oportunidade aos citados de manifestarem-se dando os seus posicionamentos. Demonstra-se, com esse trabalho, a preocupação de palmeirenses com os rumos que serão tomados a partir de janeiro de 2013 quando uma nova diretoria, ao tomar posse, precisará lidar com a herança não desejada da gestão anterior que é a participação do futebol profissional na série B de um campeonato brasileiro, mas também deverá preocupar-se com fatores positivos como mais uma participação da Copa Libertadores da América e a possível inauguração da Nova Arena. Entende-se importante frisar o fato de que esse trabalho foi elaborado por torcedores do Palmeiras que não têm nenhum vínculo com nenhum grupo político existente, e nem têm a pretensão de declarar apoio a qualquer candidato que venha a se apresentar para as próximas eleições. O que se deseja é que, independente de quem ou qual grupo venha a vencer as próximas eleições, que se restaure a moralidade nas ações inerentes ao futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras e que essa nova direção consiga resgatar a dignidade, devolvendo o Palmeiras ao lugar de onde nunca deveria ter saído que é o caminho e a conquista de títulos. A conclusão desse trabalho só foi possível graças aos esforços dos palmeirenses membros freqüentadores do fórum PALMEIRAS TODO DIA que contribuíram com o envio das notícias e matérias veiculadas. Também contou com o irrestrito apoio da administração do site PALMEIRAS TODO DIA, na figura de Eduardo Luiz, Marta Poncio e Victor Rodrigues, além de todos os moderadores do referido fórum. A construção deste documento ocorreu com algumas pretensões. Uma delas é a de informar aos leitores quanto aos andamentos da política interna na Sociedade Esportiva Palmeiras no período estimado do final da década de 90 até os dias atuais. Outra pretensão é a de servir de alerta à consciência dos conselheiros com direito a voto, a fim de que os mesmos exerçam seu direito de sufrágio cientes de suas responsabilidades na escolha do novo presidente e, conseqüentemente, da nova diretoria que estará no comando, administrando as “coisas” da Sociedade Esportiva Palmeiras no biênio 2013-2014. Espera-se, com a ajuda de cada amigo palmeirense que vir a ler esse trabalho, conseguir cumprir com o intento pretenso e, dessa forma, dar uma pequena parcela de contribuição voltar a ver o Palmeiras imponente e ostentando a sua fibra!! Saudações Palmeirenses. José Merici Neto – moderador do site Palmeiras Todo Dia Valmir Borine – colaborador do site Palmeiras Todo Dia Vinícius Machado – colaborador do site Palmeiras Todo Dia

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Dossie sobre episódios lamentáveis do clube

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Todos os fatos (notícias e matérias) aqui relatados foram coletados em diferentes órgãos de imprensa. Não há, portanto, simples devaneios de um grupo de torcedores apaixonados pelo Palmeiras, nem uma tentativa deliberada de denegrir a imagem de qualquer uma das pessoas citadas. À medida que ocorrem citações de nomes, busca-se, por meio de questionamentos, tanto obter esclarecimentos quanto dar a oportunidade aos citados de manifestarem-se dando os seus posicionamentos.

Demonstra-se, com esse trabalho, a preocupação de palmeirenses com os rumos que serão tomados a partir de janeiro de 2013 quando uma nova diretoria, ao tomar posse, precisará lidar com a herança não desejada da gestão anterior que é a participação do futebol profissional na série B de um campeonato brasileiro, mas também deverá preocupar-se com fatores positivos como mais uma participação da Copa Libertadores da América e a possível inauguração da Nova Arena.

Entende-se importante frisar o fato de que esse trabalho foi elaborado por torcedores do Palmeiras que não têm nenhum vínculo com nenhum grupo político existente, e nem têm a pretensão de declarar apoio a qualquer candidato que venha a se apresentar para as próximas eleições. O que se deseja é que, independente de quem ou qual grupo venha a vencer as próximas eleições, que se restaure a moralidade nas ações inerentes ao futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras e que essa nova direção consiga resgatar a dignidade, devolvendo o Palmeiras ao lugar de onde nunca deveria ter saído que é o caminho e a conquista de títulos.

A conclusão desse trabalho só foi possível graças aos esforços dos palmeirenses membros freqüentadores do fórum PALMEIRAS TODO DIA que contribuíram com o envio das notícias e matérias veiculadas. Também contou com o irrestrito apoio da administração do site PALMEIRAS TODO DIA, na figura de Eduardo Luiz, Marta Poncio e Victor Rodrigues, além de todos os moderadores do referido fórum.

A construção deste documento ocorreu com algumas pretensões. Uma delas é a de informar aos leitores quanto aos andamentos da política interna na Sociedade Esportiva Palmeiras no período estimado do final da década de 90 até os dias atuais. Outra pretensão é a de servir de alerta à consciência dos conselheiros com direito a voto, a fim de que os mesmos exerçam seu direito de sufrágio cientes de suas responsabilidades na escolha do novo presidente e, conseqüentemente, da nova diretoria que estará no comando, administrando as “coisas” da Sociedade Esportiva Palmeiras no biênio 2013-2014.

Espera-se, com a ajuda de cada amigo palmeirense que vir a ler esse trabalho, conseguir cumprir com o intento pretenso e, dessa forma, dar uma pequena parcela de contribuição voltar a ver o Palmeiras imponente e ostentando a sua fibra!!

Saudações Palmeirenses.

José Merici Neto – moderador do site Palmeiras Todo Dia

Valmir Borine – colaborador do site Palmeiras Todo Dia

Vinícius Machado – colaborador do site Palmeiras Todo Dia

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CAPÍTULO 1

A PRIVATIZAÇÃO DO PALMEIRAS

Ao final do contrato de co-gestão com a Parmalat, o Palmeiras tinha em caixa o equivalente a R$ 45 milhões de reais que, na época, correspondia a R$ 45 milhões de dólares, dada a paridade cambial. Em 16 de dezembro de 2000, a FOLHA DE SÃO PAULO publicou a matéria abaixo, assinada pelos Srs. Fernando Mello e José Alberto Bombig.

PRIVATIZAÇÃO DO PALMEIRAS DÁ SUPER PODERES A CONTURSI

A criação sigilosa da empresa Palmeiras Futebol Ltda. deu poderes quase absolutos ao presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, Mustafá Contursi, sobre os negócios envolvendo o clube. A empresa privada de capital fechado, que teve sua criação revelada pela Folha em sua edição de ontem, foi aberta em 27 de dezembro de 1999 e tem um capital de quase R$ 45 milhões, o que a colocaria entre as 300 mais ricas do país de acordo com ranking do jornal “Gazeta Mercantil”.

A Sociedade Esportiva Palmeiras é a sócia majoritária da Palmeiras Futebol Ltda.. Do total de capital atual da empresa – R$ 44.702.023-, ela tem direito a R$ 44.702.018. Os outros R$ 5 da empresa são divididos igualmente entre os cinco sócios minoritários: o próprio Mustafá Contursi e quatro vice-presidentes da Sociedade Esportiva Palmeiras - Affonso Della Monica Netto, Luiz Augusto de Mello Belluzzo, José Cyrillo Júnior e Luiz Carlos Pagnota. Como Contursi representa a parte majoritária, o mesmo foi indicado pelo clube como gerente-delegado da empresa, podendo tomar qualquer decisão sem precisar do aval dos outros sócios.

De acordo com as cláusulas 9 e 10 do contrato social da empresa, registrado na Junta Comercial do Estado de São Paulo, Contursi tem, sozinho, poderes para:

1) “(…) representar a sociedade ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; (…)” 2) “(…) transigir, renunciar, desistir, firmar compromissos, confessar dívidas, fazer acordos, contrair obrigações, celebrar contratos, outorgar mandatos e adquirir, alienar e onerar bens (…)”.

A criação da empresa, que administra 20 passes de jogadores que pertencem ao clube, possibilita ainda a Contursi tomar qualquer decisão sobre os quase R$ 45 milhões acumulados até agora sem precisar submeter ao Conselho Deliberativo seus resultados financeiros nos balanços anuais. Mas o poder de Mustafá Contursi não se restringe apenas ao aspecto financeiro. A partir de agora, o presidente palmeirense decide quais torneios o time de futebol vai disputar, com que outras empresas o clube vai se associar e pode até passar a outros os direitos sobre a marca Palmeiras. O dirigente também pode aumentar seu salário por representar o clube na sociedade, pois seu cargo é remunerado.

Procurado pela reportagem, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Cláudio Mezzaranne, não quis se manifestar sobre a privatização palmeirense nem sobre a diminuição do poder do órgão que dirige. A interlocutores, no entanto, Mezzaranne disse ter ficado revoltado com o aporte financeiro destinado à empresa em 26 de setembro - a firma foi aberta com capital de R$ 10 mil e teve um incremento de R$ 44.692.023 há dois meses. Segundo a Folha apurou, não havia sido revelada ao Conselho o valor do aporte de setembro.

A revelação do patrimônio da empresa causou mal-estar também no clube. Um membro do Conselho, que preferiu não se identificar, disse que o órgão sofreu uma “rasteira”. Por causa da inexistência de uma oposição forte ao atual presidente, no entanto, o quadro sucessório no Palmeiras não deve ser alterado. Nas eleições marcadas para janeiro de 2001, Contursi é, por enquanto, candidato único à presidência e não deve ter adversários para seguir no cargo que ocupa há mais de sete anos.

Ontem, o dirigente voltou a ser procurado para comentar a abertura da Palmeiras Futebol Ltda., mas não foi localizado. O ex-presidente do clube Carlos Bernardo Facchina Nunes defendeu a atitude da atual diretoria de abrir a empresa. Bastante nervoso, o dirigente, responsável pelo acordo feito com a multinacional Parmalat em 1992, disse que a privatização do clube é lícita. “Foi aprovada pelo Conselho e não foi divulgada porque o Palmeiras não deve satisfações nem à imprensa nem a ninguém. É um absurdo publicar essa

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informação em meio a uma CPI. O Palmeiras é um clube limpo, que faz seus negócios sempre com lisura.”

Ainda sobre a parceria Sociedade Esportiva Palmeiras e a empresa Palmeiras S/A, novas informações foram obtidas por meio do blog QUIXOTE VERDE que publicou o seguinte texto em 11 de Setembro de 2008:

HISTÓRIAS QUE NINGUÉM EXPLICA: PALMEIRAS S/A

Em 2001, Seraphim Del Grande deu depoimento da CPI do Futebol questionando a criação do Palmeiras S/A. Segundo Seraphim, os membros do Conselho Deliberativo do Palmeiras muitas vezes tomavam conhecimento de assuntos importantíssimos pela imprensa, como no caso da criação da Palmeiras S/A, em 1998, que os conselheiros só vieram a ter ciência em 15/12/2000, quando divulgado por uma matéria na “Folha de São Paulo”. Essa sociedade era controlada pelo clube, porém tinha como sócios os então dirigentes do clube, com uma ação cada. Vários passes de jogadores foram transferidos para essa empresa, que ficaria com as receitas do clube. Indagado sobre a Palmeiras S/A, o Sr. Seraphim, mesmo sendo membro do Conselho Deliberativo, declarou que pouco sabia sobre o assunto e que não tinha idéia da motivação que levou à criação da nova empresa e, tampouco, se seus dirigentes eram remunerados. Aquela CPI recomendava aos associados do Palmeiras e aos membros do Conselho Deliberativo a seleção de uma empresa de auditoria, com o propósito de examinar não somente a contabilidade, mas para emitir juízo sobre todos os principais atos praticados na gestão do Sr. Mustafá Contursi, produzindo um documento a ser divulgado a todos os integrantes do Conselho Deliberativo.

Por que isso não foi feito naquela época? Por que isso não foi feito depois da derrubada do tirano Mustafá? Afinal do que se trata essa Palmeiras S/A, qual sua finalidade, por que realmente foi fundada?

Na Junta Comercial do Estado de São Paulo, onde consta a constituição da empresa Palmeiras Futebol S/A, encontra-se a ficha cadastral onde constavam como únicos sócios duas figuras conhecidas:

MUSTAFA CONTURSI GOFFAR MAJZOUB, nac. Brasileira, CPF 29.906.368-20, RG/RNE 2577585, – SP, residente na Rua Turiassu, 1840, Perdizes, São Paulo, SP, CEP 05005-000, ocupando o cargo de diretor.

AFFONSO DELLA MONICA NETTO, nac. Brasileira, CPF 608.424.158-15, RG/RNE 1906988, SP, residente na Rua Turiassu, 1840, Perdizes, São Paulo, SP, CEP 05005-000, ocupando o cargo de diretor.

Em Ata da Assembléia Geral Ordinária para Aprovação do Balanço Patrimonial e respectivas demonstrações financeiras do exercício social de 2004, realizada em 26/04/05, foi feita “apresentação, análise e votação de aprovação do Balanço Patrimonial, e Demonstrações Financeiras do exercício social findo em 31 de dezembro do ano de 2004, consoante os artigos 175 e seguintes da Lei nº 6.404/76, combinados com os artigos 9 e 18, alínea “a” do Estatuto Social da Palmeiras Futebol S/A. Assim, após estudos e debates sobre os objetos da ordem do dia, a Assembléia Geral, por deliberação unânime: aprovou o Balanço Patrimonial e as respectivas Demonstrações Financeiras do exercício social de 2.004, tornando-os aptos aos fins legais a que se destinam. Lavrada a ata, vejam quem assinam como sócios: Mustafá Contursi Goffar Majzoub, Affonso Della Mônica Netto, Luiz Augusto de Mello Belluzzo, José Cyrillo Júnior e Luiz Carlos Pagnota.

Observem os nomes envolvidos com a Palmeiras S/A. Quem é oposição e situação? Será que é por isso que ninguém explica o que aconteceu?

Ainda naquela CPI recomendava-se, também, à Secretaria da Receita Federal, que, em face dos indícios expostos naquele relatório, avaliasse a conveniência e a

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oportunidade de promover uma investigação da evolução do patrimônio pessoal dos dirigentes do Palmeiras, em confronto com os rendimentos declarados.

Tai uma grande idéia! Pena que nada aconteça.

Para CPI ver: Senado Federal – Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito (Volume IV) – Criada por meio do Requerimento nº 497, de 2000-SF, “destinada a investigar atos envolvendo as associações brasileiras de futebol”. Presidente: Senador ALVARO DIAS – Vice-Presidente: Senador GILBERTO MESTRINHO – Relator: Senador GERALDO ALTHOFF – Brasília 20014. Para dados Palmeiras S/A ver: NIRE 35300182332 ENV: 553023-4 PROT. 436.114/06-9

Passados três anos, a FOLHA DE SÃO PAULO publicou notícia em 15 de Janeiro de 2004 sobre a censura no Palmeiras (ver Capítulo 5 do presente dossiê), onde se destacou o seguinte texto:

A Folha teve acesso ao documento, que permite ainda a inclusão da Sociedade Esportiva Palmeiras como única sócia da Palmeiras S.A., empresa criada por Mustafá Contursi sem aval preliminar do Conselho Deliberativo.

NOSSO COMENTÁRIO

É, no mínimo, de se causar suspeita que um clube de futebol da grandeza da Sociedade Esportiva Palmeiras, com um enorme patrimônio físico, histórico, de títulos e com um número estimado em cerca de 15 milhões de torcedores, possa passar a ser administrado como uma empresa e que todo esse processo tenha ocorrido de forma sigilosa. À que atribuir esse sigilo? Seria com a finalidade de preservar os moldes para se evitar que a concorrência copie? Ou seria porque o principal interessado desejava que esse processo ficasse longe de qualquer tipo de foco por parte da mídia e conseqüentemente dos sócios, torcedores ou quem sabe do Ministério Público? Até porque, analisando o teor do texto, fica claro que os poderes dessa empresa ficariam restritos única e exclusivamente ao Sr. Mustafá Contursi, então mandatário palmeirense, há sete anos no poder e apresentado como candidato único para as novas eleições que se aproximavam.

Também se torna estranho o incremento de quase R$ 44 milhões ocorrido em setembro do mesmo ano. Entende-se, pelas circunstâncias da época, que há grande possibilidade de que esse incremento de R$ 44 milhões às contas da Palmeiras Futebol Ltda. deu-se justamente de repasse de verba que seria destinada aos “cofres” da Sociedade Esportiva Palmeiras, resultantes do rescaldo financeiro devido a finalização da co-gestão com a Parmalat. Ocorrido o repasse, que de fato ocorreu, questiona-se quais seriam os critérios (forma e objetivo) para a utilização desse recurso por parte da empresa Palmeiras Futebol Ltda.? Fosse nos moldes normais, depositado nos cofres da Sociedade Esportiva Palmeiras, esse dinheiro seria destinado ao clube para quitações de dívidas e aplicações em benfeitorias no clube em seus diversos setores, inclusive no departamento de futebol. Benfeitorias nas categorias de base, alojamento para os atletas, contratação de atletas, etc. Nesses moldes “normais”, observa-se que obrigatoriamente o uso do dinheiro seria discutido dentro do clube bem como teria que, ao final de determinado período da gestão, passar por uma prestação de contas. Porém, com a nova forma de gestão, o valor foi agregado no capital da empresa, cujo único administrador era, na oportunidade, o presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, Sr. Mustafá Contursi.

Quando o texto comenta sobre a saída do Sr. Mustafá Contursi da posição de comandante da Sociedade Esportiva Palmeiras, entende-se importante lembrar ao amigo leitor o fato de que esse senhor ainda exerce certa liderança nos bastidores do clube sendo inclusive creditado à ele e ao seu apoio a eleição do atual presidente do Palmeiras, o Sr. Arnaldo Tirone. Além disso, agiu junto aos comitês de conselheiros e foi um dos conselheiros pessoais do presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras durante boa parte da gestão do Sr. Arnaldo Tirone.

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CAPÍTULO 2

O JEITO MUSTAFÁ DE GERENCIAR O FUTEBOL DO PALMEIRAS

No ano de 1978 a Sociedade Esportiva Palmeiras, já com seis títulos de nível nacional conquistados, chegava pela oitava vez a uma final de campeonato. Disputaria a final do Brasileiro contra o Guarani de Campinas em dois jogos, sendo que o primeiro ocorreria no estádio do Morumbi, em São Paulo, e o segundo, no estádio Brinco de Ouro em Campinas. Às vésperas do primeiro jogo da final, o então diretor de futebol Mustafá Contursi manifestou-se publicamente sobre o pagamento do prêmio aos jogadores em caso de conquista do sétimo título nacional. Essa manifestação foi publicada no jornal FOLHA DE SÃO PAULO, sendo que não há disponibilidade desse arquivo em mídia eletrônica:

ANTES, A TENSÃO POR CAUSA DO BOM PRÊMIO Na concentração do Palmeiras (Lord Hotel), ontem à tarde, algumas horas antes do jogo, o ambiente entre os jogadores ainda era bastante tenso, a exemplo do dia anterior, quando todos se revoltaram ao saber que os diretores Mustafá Contursi e Humberto Gregnanin não queriam fixar o prêmio do título. Os jogadores revelaram a sua proposta à diretoria do clube: 25 mil cruzeiros em caso de vitória na primeira partida, mais 25 mil na segunda e, na hipótese da conquista do título, outros 50 mil cruzeiros. Total: 100 mil cruzeiros. Quando apareceu no Lord Hotel, na Rua das Palmeiras, Mustafá Contursi desmentiu a informação dos jogadores: “A proposta à diretoria é a seguinte: 50 mil cruzeiros de bicho pela conquista do título. Pelas duas partidas com o Guarani, ainda não nos decidimos. Vamos pagar mais do que 50 mil e isto dependerá do número de jogos que cada jogador fez”. Ar autoritário, entremeado com sorriso irônico, o gordo Mustafá chegou a fazer uma ameaça, como se estivesse seguro de que o Palmeiras nada deve a seus jogadores: “Se não quiserem entrar em campo, que não entrem, ora bolas!” Mustafá dizia que o Palmeiras pagava os salários em dia, dava os melhores prêmios do futebol brasileiro e tratava a todos os jogadores com dignidade e respeito: “Por isso, não podemos admitir uma palhaçada. Eu entendo que é uma exploração o que certos jogadores estão querendo fazer”. O centro-avante Toninho, que liderou o movimento reivindicatório dos prêmios, assegurava que o pedido é de 100 mil cruzeiros: “Mas, até agora, a diretoria não se pronunciou. Isto não nos dá condições de entrar com tranqüilidade em campo. Parece que a diretoria não tem confiança em nós.” Andando de um lado para o outro, o técnico Jorge Vieira aparentava tranqüilidade. E estava um pouco aliviado com a decisão de Jair Gonçalves, que aceitou jogar mesmo sem contrato e sem seguro: “Ele mudou de opinião, apenas isso”. Para o diretor Mustafá Contursi, não há necessidade de seguro para Jair Gonçalves, que entraria em campo sem contrato e, por azar, poderia sair contundido:

“O maior seguro que o clube dá ao jogador é o zêlo, o bom atendimento, a garantia até nas horas mais difíceis. Cito dois casos: o Fedato se machucou no Náutico e até hoje está se

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recuperando no Palmeiras. Aconteceu a mesma coisa com o Pavan, que voltou estourado do América. Isto, ninguém fala, ninguém se lembra. O Palmeiras tem um enorme zêlo pelos seus jogadores e, como resposta, recebe uma exploração.

NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se que o então diretor Mustafá, de uma certa forma, prejudicou a campanha do Palmeiras nos jogos finais contra o Guarani. Em uma disputa de futebol, há vários fatores que podem influenciar no rendimento dos atletas, entre eles, não há como descartar a questão motivacional. Dessa forma, entende-se que se não fosse a atitude inoportuna do Sr. Mustafá de posicionar-se sobre a questão da premiação, da forma e no momento que ocorreu, o ambiente e, consequentemente, o ânimo dos jogadores para essa disputa provavelmente teria sido outro, permitindo criar dúvidas se o resultado obtido nesse campeonato não seria diferente, sem as “intervenções” do Sr. Mustafá.

Outro fato intrigante é a forma como essa negociação vazou para a imprensa, sem nenhuma preocupação com o impacto que tal notícia causaria na mídia da época.

No início da década de 90, mais precisamente no ano de 1992, a Sociedade Esportiva Palmeiras firmou uma parceria, no futebol, com a empresa Parmalat, que durou até 1999. Nesse período o presidente do clube era o Sr. Mustafá Contursi, porém, sem participação direta sobre a gestão do futebol no Palmeiras. Porém, sempre que possível, expunha sua forma de tratar as coisas do futebol, como algo a ser tratado em segundo ou terceiro plano. Basta ler a reportagem do JORNAL DA TARDE de 08 de Novembro de 1998:

SUPERTIME DE SCOLARI PODE PARAR EM MUSTAFÁ

Mustapha Contursi, presidente do Palmeiras, precisa conversar mais com Luiz Felipe Scolari. Enquanto o treinador garante que formará um elenco de 27 jogadores de alto nível para 99, Contursi diz que é preciso ter os pés no chão para falar sobre futuros investimentos. As divergências existentes entre o técnico e o dirigente demonstram que está faltando entrosamento na cúpula do Palmeiras.

Mustapha está acabando com os sonhos de Scolari, prometendo muita cautela para a formação do time de 99. Segundo o presidente, o atual elenco tem a qualidade suficiente para disputar as três competições do primeiro semestre: Libertadores da América, Copa do Brasil e Campeonato Paulista.

“É importante que todos saibam que se um elenco de alto nível, como quer o nosso treinador Luiz Felipe Scolari, significa alto custo, não o teremos”, disse Mustapha. “Nosso patrocinador está sabendo o que fazer e já temos algumas previsões. Mas ninguém deve imaginar que vamos contratar grandes estrelas por altos preços.”

A Parmalat, parceira do Palmeiras, ofereceu US$ 6 milhões para contratar o centroavante Fábio Júnior, do Cruzeiro. Porém, o clube mineiro recusou a oferta. O atacante do Cruzeiro traduz exatamente o que Scolari entende com a formação de um elenco de alto nível – ao lado de nomes como Alex, Rogério, Paulo Nunes e Zinho. O treinador gostaria de ter, no mínimo, mais quatro estrelas do futebol brasileiro. Entre elas, o volante César Sampaio, do Yokohama Flugels, e o meia Jackson, do Sport.

Mustapha e Scolari não conseguem se entender. As divergências existentes entre os dois já provocaram várias situações embaraçosas, principalmente para o treinador, que é, como ele próprio define, apenas mais um empregado do Palmeiras. Scolari já reclamou, por exemplo, do estado do gramado do Parque Antártica, insinuando que o presidente não estava dando a devida atenção ao patrimônio do clube. Mustapha apenas respondeu que o técnico não deveria falar sobre o que não lhe diz respeito.

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As infantis discussões entre Scolari e Eurico Miranda, vice-presidente de Futebol do Vasco, também provocaram irritação em Mustapha, famoso pelo seu comportamento discreto e sua peculiar capacidade de se manter afastado de todas as polêmicas que envolvem o clube.

“Ele não deve responder a nenhum dirigente. Não é assunto que o nosso treinador deva ficar alimentando”, criticou o dirigente.

Outro tema que acabou assustando Scolari, deixando-o encabulado, refere-se ao complicado calendário do Palmeiras para os próximos dias. Pelas contas do treinador, por mais que CBF encontre boas soluções, o Palmeiras disputará seis ou sete partidas em um intervalo de 15 dias. O técnico gostaria que o clube lançasse mão da mesma lei aproveitada pela direção do Vasco, por intermédio do sindicato dos atletas do Rio, que proíbe um jogador de realizar duas partidas em menos de 60 horas. Mas o presidente já deixou bem clara sua posição sobre o assunto: “O Palmeiras vai honrar todos seus compromissos. Não podemos fugir ao que nos foi designado. Se aceitamos as tabelas do Brasileiro e da Mercosul, precisamos respeitá-la agora.”

O ano de 99 não promete ser diferente. Scolari manterá seu estilo, reclamando de quase tudo que não lhe agrade. E Mustapha permanecerá atento, vigiando com discreção seu funcionário mais rebelde.

NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se que naquela época (1998) já era óbvio o desejo do Sr. Mustafá em aplicar a sua política de futebol, popularmente chamada pelos palmeirenses de política do “bom e barato”. Além disso, de acordo com a matéria exposta, Mustafá Contursi demonstra total desinteresse com a direção de futebol, aceitando passivamente os desmandos da CBF, fazendo vistas grossas inclusive perante as Leis vigentes na época, mesmo sabendo que haveria pejuízo no rendimento do Palmeiras em campo.

Na época, o Palmeiras chegou à sua décima primeira participação nas finais de um campeonato de futebol à nível nacional. Essa final ocorreu contra o Vasco da Gama do Rio de Janeiro, sendo que o time ficou com o vice campeonato, após dois empates em 0x0. Vejam que Eurico Miranda, então presidente do Vasco da Gama, fez prevalecer o regulamento em favor de sua agremiação. Mais uma vez, conclui-se que as atitudes do Sr. Mustafá, ao não levar em consideração o fato do time ter que jogar sete partidas em um intervalo de quinze dias pode ter contribuído para que o Palmeiras entrasse em desvantagem nas finais contra o Vasco da Gama. Se levarmos em consideração que o Vasco da Gama foi campeão por ter alcançado vantagem do desempate por melhor campanha, então, novamente as atitudes do Sr. Mustafá podem ter contribuído, ainda que indiretamente, para a perda de mais um título nacional para a Sociedade Esportiva Palmeiras, pois à medida que esses sete jogos fossem distribuídos em um espaço de tempo necessário para o descanso e treinamento, provavelmente o desempenho do Palmeiras no campeonato poderia ter sido melhor, colocando-o à frente do Vasco da Gama e, conseqüentemente, dando ao Palmeiras a referida vantagem do desempate.

Para reforçar a idéia de equívocos e desmandos da gestão do Sr. Mustafá Contursi ao longo da sua história à frente da Sociedade Esportiva Palmeiras, traz-se à lembrança mais uma matéria publicada no site PALMEIRAS DA MÍDIA de 20 de Janeiro de 1999:

CONTURSO ASSUME E RESISTE ÀS MUDANÇAS

Manter a união de sucesso com a Parmalat e impedir a transformação do futebol profissional em clube-empresa são dois dos objetivos do presidente do Palmeiras, Mustaphá Contursi, para seu quarto mandato. Segunda-feira, o dirigente tomou posse, logo depois de ter sido eleito em chapa única. A situação do presidente é privilegiada: o clube conta com uma equipe vencedora, forte patrocínio, bons assessores e nenhuma oposição em um clube que

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já foi famoso pela rivalidade entre facções. Mustaphá Contursi, no entanto, não se considera o único presidente em boa fase. “Existem outros presidentes em situação tranqüila, como o do Cruzeiro, do Vasco e do Sport.”

Para a próxima gestão, até janeiro de 2001, o dirigente quer fazer valer a velha máxima de que “em time que está ganhando não se mexe”. Contursi já definiu que não irá atender ao pedido do técnico Luiz Felipe Scolari de dar mais autonomia ao diretor de futebol, Sebastião Lapola. “O sistema funciona bem há seis anos e será mantido.” Contursi quer inclusive evitar que o futebol profissional do clube precise tornar-se uma empresa, como determina a Lei Pelé. “Não sou totalmente contra a lei, mas não sou a favor de que todos os clubes tenham de adotar o sistema de clube-empresa”, diz o presidente. “Usaremos todos os recursos legais para impedir que o Palmeiras mude seu sistema de gestão.”A única mudança prevista é a conclusão da reforma do Parque Antártica.

NOSSO COMENTÁRIO

Destaca-se da matéria publicada o trecho que desmente as falácias do Sr. Mustafá Contursi pois foi na sua gestão que se criou a empresa PALMEIRAS S/A (ver Capítulo 1) e também pelo fato de não existir qualquer registro sobre a ocorrência de reformas no estádio Palestra Itália

Outro fato importante ocorrido na gestão do Sr. Mustafá Contursi pode ser observado no seguinte texto postado no BLOG DO EDMUNDO LEITE, no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, publicado em 28 de Julho de 2011. O texto em questão refere-se à desistência do dirigente do Palmeiras da vaga adquirida para a disputa do Mundial de Clubes da FIFA de 2000. O Palmeiras adquiriu o direito de disputar o Mundial de Clubes após a conquista da Copa do Brasil do ano de 1998 levando o Palmeiras a participar e conquistar a Copa Libertadores da América em 1999:

O MAIOR DRIBLE TOMADO PELO PALMEIRAS

Todos os times têm derrotas memoráveis em sua história. Algumas amargas. Dentro de campo, é do jogo. Mas quando a derrota é fora dos gramados fica difícil até de avaliar. Há exatos dez anos, o Palmeiras deveria começar a disputa de um sonhado Mundial de Clubes na Espanha.

A falência da ISL, agência parceira da Fifa, fez o sonho virar pesadelo.

Depois de, num lance de esperteza e ingenuidade dos dirigentes, ceder a vaga a que tinha direito no primeiro Mundial de Clubes disputado no Brasil para o Vasco, o time do Parque Antártica ficou a ver navios quando foi anunciado o cancelamento do torneio na Espanha.

O material promocional produzido pelo clube em parceria com agências de viagens parceiras dá uma noção de quão grande era a expectativa palmeirense com a competição. O time pretendia, 50 anos depois de conquistar a mítica e polêmica Taça Rio, o primeiro Mundial de Clubes da História, colocar seu nome como uma das grandes forças do futebol mundial.

Para acalmar os dirigentes palmeirenses, a Fifa indenizou o clube em US$ 750 mil. O então técnico Luiz Felipe Scolari resumiu numa frase o sentimento da torcida palmeirense com o drible tomado da Fifa: “Eu me sinto roubado”.

NOSSO COMENTÁRIO

E você, caro amigo torcedor Palmeirense, como se sentiu em relação a esse episódio? Imaginem a grande massa de torcedores palmeirenses realizando o sonho de novamente no Maracanã , depois de 50 anos, conquistar mais um título mundial reprisando a memorável conquista da Taça Rio no ano de 1951 frente à grande Juventus da Itália. Como é possível, caro amigo leitor, um dirigente simplesmente abrir mão da vaga de participar de uma competição desse nível? Entende-se esse fato como inexplicável, injustificável e incompreensível.

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Voltando às demais questões da gestão do Sr. Mustafá Contursi, entende-se importante recordar que em 9 de novembro de 2001 o Sr. Luiz Fernando Bindi publicou uma crônica no site “Sampa Online” citando as bizarras e pífias contratações feitas pela gestão do Palmeiras durante o ano, culminando com a vinda do “craque” Ricardo Boiadeiro, vindo do Olaria:

PALMEIRAS: UM GRAVE CASO DE INCOMPETÊNCIA

De trágico: Daniel, inútil e amedrontado. Alexandre, péssimo e mascarado. Misso, nada a dizer. Galeano, uma múmia que ficaria melhor em algum museu de horrores. Magrão, péssimo dos péssimos. Lopes, ninguém. Fábio Júnior, zero à esquerda. Tuta, sabe-se lá.

Em colunas passadas, fiz uma crítica à última contratação do Palmeiras, um tal de Ricardo Boiadeiro, que chegou ao Parque Antártica com chapéu de couro e visual country. Achei ridículo, não só pela indumentária bizarra, como pela contratação estapafúrdia de um obscuro centroavante do Olaria.

No domingo, dia 4 de novembro, o mesmo Ricardo Boiadeiro estava no Programa Mesa Redonda, da TV Gazeta. Bizarro por bizarro, o jogador permaneceu o tempo todo de chapéu, uma patética mistura de Indiana Jones e Tom Mix.

Como um clube como o Palmeiras, tradicionalíssimo, campeão de quase todos os torneios que disputou, considerado o Time do Século pela FIFA, aceita uma coisa dessas? Como permitem que esse jogador apareça representando o clube num programa de boa audiência?

Nada contra Ricardo Boiadeiro. Ele pode ser um craque e ter vindo do Olaria não diz nada a respeito de sua capacidade. Afinal, o Mestre Ademir da Guia veio do igualmente minúsculo Bangu. O que não pode se admitir é que ele seja uma personagem, lembrando Zé do Caixão, Pedro de Lara e Falcão. É o Palmeiras que ele representa, não o Vila Xurupita!

Mas a inércia da diretoria do Palmeiras é mais do que histórica.

Senão vejamos: o time foi campeoníssimo quando o futebol ainda era muito amador (na época que “se amarrava cachorro com lingüiça”, seguindo a infeliz frase de Felipão) e a paixão e a habilidade faziam ganhar jogos.

Após estar por quase 16 anos na fila, o Palmeiras, com uma diretoria surpreendentemente inovadora, fechou contrato com a Parmalat, num exemplo que até hoje provoca inveja em todos os clubes brasileiros.

A Parmalat tinha objetivos empresariais específicos: ganhar mercado no Brasil através de uma publicidade no maior esporte do país, o futebol. Em seus quadros, gente séria e competente como Marcos Bagatella e acima de tudo, José Carlos Brunoro, esse um gênio da área. Lembro que logo depois de ter assumido o futebol do Palmeiras, a multinacional italiana anunciou intenção de contratar Maradona, já em fim de carreira. Foi um factóide, mas veio para gritar: nosso trabalho é sério. E foi.

O Palmeiras ganhou títulos, chegou à Libertadores e foi vice mundial, perdendo para o fraco Manchester United. Perdendo porque Felipão deixou Evair no banco em detrimento de um Asprilla sem ritmo tampouco emoção. Perdendo por uma falha bisonha do goleiro Marcos.

Mas o acordo com a Parmalat acabou, pois a empresa atingiu seus objetivos profissionais (hoje, ganha até da Nestlé) e a diretoria do Palmeiras, capitaneadas por Mustafá Contursi, nem deu bola. Achou que tudo daria certo.

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Pois bem: desde que a Parmalat definitivamente se afastou, o Palmeiras não ganhou rigorosamente mais nada. Não digo que a Parmalat fosse a melhor coisa do mundo, mas para o Palmeiras e sua diretoria inepta, sem dúvida era uma das melhores.

Hoje, o Palmeiras faz campanhas medianas (como fazia antes da Parmalat, na época do jejum), tem um elenco pavoroso (somente Marcos, Arce, Pedrinho e Muñoz teriam lugar em qualquer time do mundo), técnicos medíocres (culminando com Celso Roth, incrivelmente péssimo) e poucos títulos. Aliás, nenhum.

E por quê? Meu tio foi diretor de futebol do Palmeiras na época da chamada “2ª Academia” e por vezes, tempos mais tarde, me levou à Sala de Troféus do clube. Numa dessas visitas, conheci Mustafá Contursi. Eu tinha algo em torno de dez anos e mal me lembro do que meu tio falou à minha mãe, que me acompanhava.

Mas lembro que foi dito que Mustafá não gostava de futebol, adorava a parte social do clube e tudo mais. A imprensa esportiva diz o mesmo. O excelente jornalista Mauro Betting chega a afirmar que, se dependesse de Mustafá, o Palmeiras seria como o Juventus: um grande patrimônio social e um time “para disputar”, como se diz.

O Palmeiras não é lugar disso, Mustafá. Deixe de amadorismo e lembre-se que por trás da gloriosa camisa verde-e-branca existe 15 milhões de apaixonados que não querem Taddei, Alexandre, Galeano, Titi, Magrão, Claudecir, Tuta, Lopes, Fábio Júnior, Donizete, Misso, Rovílson, Thiago Mathias, Edmílson e outras mediocridades. Infelizmente, prevejo um futuro sombrio para o Palmeiras. Fora do Brasileiro, como há muito eu previ e longe dos títulos. A Parmalat foi o Pelé do Palmeiras; ela venceu dirigentes amadores mas foi vencida por incompetentes.

NOSSO COMENTÁRIO

Esse texto foi escrito um ano antes da fatídica campanha do Palmeiras no Campeonato Brasileiro de 2002, que culminaria com seu posicionamento final na tábua de classificação entre os quatro piores times do campeonato daquele ano, levando-o a participar do campeonato brasileiro na Série B em 2003. Em resumo, entende-se que o texto do Sr. Luiz Fernando Bindi foi a crônica da morte anunciada. O que o autor pedia em sua crônica era somente o resgate do grande Palmeiras do passado, pois se sentia humilhado ao ver seu clube do coração sendo administrado de forma tão amadora, desorganizada e descompromissada.

No ano seguinte, mais precisamente em 17 de Dezembro de 2002, poucos dias após o já comentado rebaixamento para a série B, o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO publicou notícia sobre a contratação do zagueiro Índio. Vejam o que diz:

PALMEIRAS CONTRATA ZAGUEIRO ÍNDIO

O primeiro indício de que Levir Culpi não ficará no Palmeiras foi dado ontem. O clube contratou o zagueiro Índio junto ao Juventude sem ouvir o técnico. Foi rompida assim a promessa do presidente Mustafá Contursi de que “só acertaria a chegada de novos jogadores depois de ouvir a avaliação do treinador”.

A contratação foi muito fácil, como o presidente do Palmeiras gosta. Índio é dono do passe e seu salário era baixo para um clube grande. De acordo com o jornal O Pioneiro, de Caxias do Sul, recebia R$ 10 mil mensais. Não foi difícil pagar o dobro para tê-lo por um ano. Em segredo, o zagueiro fez ontem exames médicos em São Paulo. E foi aprovado.

Mustafá também entrou em contato com Edmundo. Mas a conversa não evoluiu. Como o salário oferecido foi inferior ao de Zinho e Dodô, o atacante não quis nem discutir e voltou a conversar com empresários representando clubes japoneses.

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O presidente do Palmeiras, candidato à reeleição em janeiro, continua atrás de reforços baratos para o clube, especialmente um lateral-esquerdo. Vários empresários buscam um jogador que preferencialmente seja dono do passe. Assim fica mais fácil para Mustafá convencê-lo a ganhar menos.

NOSSO COMENTÁRIO

O último parágrafo, em destaque, diz tudo. A política do bom e barato prevalecendo, em detrimento da perspectiva da montagem de um elenco de atletas que estivessem à altura do nome Palmeiras, contribuindo, dessa forma, a diminuir as possibilidades de conquista de campeonatos. Além disso, o texto mais uma vez deixa em evidência que o futebol na Sociedade Esportiva Palmeiras continuava sendo direcionado pelos ditames da diretoria, pois realizava negociações com atletas sem o aval da comissão técnica da época. Para ratificar o que foi comentado, entende-se ser necessária a leitura da seguinte matéria assinada pelo jornalista Eduardo Arruda, publicada na FOLHA DE SÃO PAULO em 20 de dezembro de 2002, logo após o término do campeonato brasileiro daquele ano:

APÓS QUEDA, PALMEIRAS PÕE O FUTEBOL EM TERCEIRO PLANO

Para Mustafá Contursi, se alguma coisa tiver de quebrar no Palmeiras, que seja o futebol. Por essa, nem os maiores aliados do presidente palmeirense esperavam. Na última reunião de diretoria, o dirigente disse que o futebol será a terceira prioridade do clube no ano que vem. Em seu discurso para a cúpula palmeirense, Contursi surpreendeu e declarou que as finanças do clube estarão em primeiro lugar no ano que vem. Em seguida, na hierarquia administrativa, virá o patrimônio. E só depois estará o departamento de futebol.

O plano de gestão de Contursi, que ainda não lançou oficialmente sua candidatura à reeleição no pleito de janeiro, deixou a maioria dos dirigentes - vários deles também são conselheiros do clube - de cabelos em pé.

Entre os membros da situação, é quase unanimidade que o futebol deve ditar os rumos do Palmeiras no ano que vem, principalmente após o fiasco deste ano, em que o time acabou rebaixado para a segunda divisão do Brasileiro.

Aliás, conselheiros mais próximos do presidente palmeirense têm feito pressão para que ele tente uma virada de mesa. Na avaliação deles, o Palmeiras não tem de posar de moralizador do futebol.

O mal-estar provocado pelas declarações de Contursi veio à tona com a indignação de um dos participantes da reunião, que levantou a voz para o dirigente.

Diante de olhares desconfiados, o dirigente calou a todos quando disse que quem não estivesse satisfeito que passasse para o lado da oposição, liderada pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

Contursi deixou claro que está preocupado com as finanças principalmente porque, na segunda divisão, o clube receberá metade do valor da cota de televisão que receberia se tivesse permanecido na Série A do Nacional. Nos últimos 22 meses, o Palmeiras deixou sair de seus cofres quase R$ 22 milhões. Em reunião em janeiro de 2001, Mustafá Contursi disse aos conselheiros que tinha em caixa R$ 40 milhões. No último encontro, afirmou que o número caiu para R$ 18 milhões.

Ontem, Contursi não foi localizado pela reportagem, que tentou contato por meio de seu celular, para comentar o assunto. Além de tentar dar novo fôlego ao caixa do clube, o dirigente, aproveitando o momento eleitoral, também já começou a revigorar o patrimônio do clube.

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Os portões e as paredes da entrada do Parque Antarctica pela avenida Francisco Matarazzo estão sendo pintados. No último sábado, Contursi reuniu os conselheiros para apresentar o novo centro de treinamento do clube, que ainda está em construção, no Parque Ecológico do Tietê, para as categorias de base palmeirenses.

NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se importante frisar o decréscimo de valores que a Sociedade Esportiva Palmeiras teve em seus cofres em cerca de R$ 22 milhões em período inferior a dois anos. De qual forma ocorreu este decréscimo médio de um milhão de reais por mês nos cofres da instituição, se não ocorreram grandes investimentos em contratações e tão pouco ocorreu a reforma alardeada pelo Sr. Mustafá no estádio do Palestra Itália, é que fica como incógnita.

CAPÍTULO 3

O CASO RHUMELL

Esse caso foi divulgado pela imprensa quando do término do contrato de fornecimento de material esportivo por parte da empresa Rhummel à Sociedade Esportiva Palmeiras em Janeiro de 2003. O jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, publicou em 16 de janeiro daquele ano a seguinte matéria:

RHUMELL DEIXA PALMEIRAS APÓS 10 ANOS

Durou quase 10 anos o casamento entre o Palmeiras e a Rhumell, com quem o clube tinha contrato para a distribuição de materiais esportivos. O presidente Mustafá Contursi achou melhor rescindir o vínculo, que terminaria no fim do ano, principalmente por causa de comentários de conselheiros da oposição e de torcedores de que ele tinha parte na empresa. O Palmeiras está muito próximo de fechar acordo com a multinacional italiana Diadora, que pagará aproximadamente US$ 1,2 milhões por ano. A inglesa Umbro também está na briga, mas "corre por fora". Pessoas da oposição garantem que a Umbro está oferecendo mais que a Diadora e que o Palmeiras estaria fazendo mau negócio ao fechar com o grupo italiano. A diretoria nega veementemente. "Primeiro, ainda não fechamos com a Diadora, estamos estudando uma série de propostas. E depois, não vamos levar em conta apenas o dinheiro, mas também o projeto oferecido pela empresa", explicou Patrice Rozenbaum, diretor de Marketing do Palmeiras. A Rhumell e o Palmeiras farão uma rescisão bilateral. Portanto, ninguém precisará pagar multa. Os indícios de que a distribuidora está saindo do Palmeiras são percebidos na pré-temporada do time, em Pouso Alegre. A Rhumell não mandou o número suficiente de uniformes de concentração para os atletas.

NOSSO COMENTÁRIO

Há um velho ditado que afirma: “quem não deve não teme”. Se não devia, por qual razão o então presidente Mustafá Contursi, justamente no último ano do contrato firmado com a empresa Rhumell teria cedido à pressão e rescindido o contrato com essa empresa? Por outro lado, questiona-se também por qual motivo estaria o Sr. Mustafá disposto a fechar contrato com uma empresa (Diadora) deixando outra (Umbro) que havia feito uma proposta financeira maior?

Já no dia seguinte, mais precisamente em 17 de janeiro, publicou-se outra matéria veiculada no jornal FOLHA DE SÃO PAULO, assinada por Rodrigo Bueno, confirmando que o Palmeiras havia fechado o contrato de fornecimento de material com a italiana Diadora:

NA SEGUNDA DIVISÃO, PALMEIRAS SE ACERTA COM A DIADORA

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Uma nova parceria entre o Palmeiras e uma multinacional italiana está costurada. A Diadora, que até hoje restringiu sua entrada no esporte brasileiro basicamente ao tênis, aproveita brecha deixada pela Rhumell e, segundo a Folha apurou, vestirá o clube do Parque Antarctica, que caiu para a segunda divisão, neste ano.

A empresa italiana confirmou estar negociando com o Palmeiras. Luis Alfredo Maia, gerente de negócios da Diadora, por intermédio da assessoria de imprensa da multinacional, disse que "existe um projeto para o investimento em grandes times de futebol no Brasil e que o Palmeiras foi um dos times procurados pela firma".

Mustafá Contursi, reeleito recentemente presidente do Palmeiras, rejeitou em outras oportunidades ofertas de concorrentes da Rhumell, o que lhe rendeu críticas da oposição - a multinacional Umbro teria oferecido R$ 3 milhões anuais ao clube, que preferiu usar a marca Reebok, cujos produtos são feitos pela Rhumell, por um valor muito menor.

O contrato entre Palmeiras e Diadora renderia ao time paulista R$ 1,28 milhão em cada um dos seus três anos de vigência. Além disso, o clube ganharia outro R$ 1,3 milhão no início da parceria. Segundo a assessoria de imprensa da Diadora, "apesar de o Palmeiras estar hoje na segunda divisão do futebol brasileiro, ainda é um grande clube a ser explorado" - a empresa estaria tendo contato com outros times do país.

A Rhumell, que construiu forte elo com o Palmeiras na gestão de Mustafá Contursi, estaria passando por uma crise financeira. O presidente do Palmeiras, que teria ligações com a Rhumell, estaria rompido agora com a firma.

A CPI do Futebol chegou a pedir a quebra do sigilo bancário da Rhumell. Ninguém da empresa foi localizado para falar sobre o rompimento com o Palmeiras. Contursi também não foi achado.

NOSSO COMENTÁRIO

Se o Palmeiras fechou acordo com a empresa Diadora ainda que com desvantagens financeiras em relação à proposta apresentada pela empresa Umbro, não estariam os mesmos interesses do sr. Mustafá, denunciados por conselheiros da oposição e que fizeram com que o contrato com a Rhumell fosse rescindido, decidindo pelo acordo com a Diadora e não com a Rhumell? Que interesses seriam esses? Quais teriam sido as ligações do Sr. Mustafá com a Rhumell e quais seria suas novas ligações com a empresa Diadora? O problema é que essas ligações nunca vieram à tona, pois até mesmo a CPI do futebol, que na época investigava as operações escusas envolvendo clubes, entidades e empresas, não foi a fundo o suficiente para desvendar esses mistérios, respondendo a esses questionamentos.

O caso “Palmeiras & Rhumell” acabou ganhando um novo capítulo no início deste ano, quando o ex-presidente do Palmeiras Luiz Gonzaga Beluzzo (gestão 2009-2010) recebeu críticas impetradas pelo atual diretor jurídico do Palmeiras, Piraci Oliveira, sobre o contrato firmado com a fornecedora de material esportivo Adidas no período de sua gestão. A resposta do ex presidente foi publicada no site UOL, em 30 de Maio de 2012 e foi assinada por Danilo Lavieri:

RELAÇÃO COM ADIDAS PRECISA SER APURADA

Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-presidente do Palmeiras, não gostou de ver o contrato acertado por ele com a Adidas criticado. Em contato com o UOL Esporte, o economista enviou um comunicado oficial onde faz críticas a Piraci de Oliveira, atual diretor jurídico, e a seu padrinho político e também ex-presidente Mustafá Contursi.

Na resposta enviada, Belluzzo revelou que o time fechou um contrato de R$ 70 milhões por quatro anos, bem inferior ao oferecido pela Adidas ao Flamengo, que quer pagar R$ 350 milhões por dez anos de vínculo, o que gerou críticas de Piraci.

Ele argumenta que, quando assinou, os valores eram ótimos perto da prática do mercado. Há, ainda, um valor de enxoval que não está incluído nestes valores. Por isso, na época da assinatura, especulou-se que o valor era de R$ 80 milhões.

Por fim, ele ironiza o contrato assinado por Mustafá com a Rhumell. Na época, o Palmeiras não ganhava absolutamente nada pelo acordo. O documento do acordo nunca veio à tona. A Rhumell, inclusive, nem existia no Brasil e foi criada pelo ex-presidente, em referência à original, a Hummel, que tem forte atuação na Europa. Especula-se no Conselho do clube que a marca foi criada por um "laranja" de Mustafá Contursi, que nega veementemente a versão.

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Veja a resposta de Belluzzo na íntegra:

"Sobre o contrato da Adidas assinado em dezembro de 2010, quando eu era o presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, informo que os valores à época nos deixava como o segundo clube no país com o maior contrato de patrocínio junto a uma empresa de material esportivo, atrás somente do Flamengo.

Seguem os valores do contrato: R$ 17 milhões em 2011, R$ 17 milhões em 2012, R$ 17 milhões em 2013, e R$ 19 milhões em 2014. É importante ressaltar que o contrato anterior vencia em dezembro de 2011. O que fizemos foi atualizar os valores. É isso que uma gestão deve fazer.

Cabe, portanto, a quem me sucedeu, atualizar o contrato de acordo com mercado atual, se concluírem que os valores estão defasados. Mas o Piraci e o Mustafá devem estar com saudades do acordo que fizeram com a Rhumell, aquela marca pirata que ambos transformaram em oficial e até hoje o contrato é um mistério, já que ninguém nunca viu."

NOSSO COMENTÁRIO

Incisivo em sua resposta, o ex-presidente Beluzzo não somente questionou as bases do acordo realizado entre a Sociedade Esportiva Palmeiras e a empresa Rhumell, como chegou a afirmar que tal empresa na verdade estaria funcionando de forma ilegal. Seria mesmo a empresa Rhumell com a qual o então presidente Mustafá Contursi manteve contrato durante nove anos, uma empresa “pirata”? Quais informações poderiam ter levado o Sr. Beluzzo a fazer tal afirmação? Pedimos ao leitor que leiam matéria sobre o assunto publicado no. Site TERRA em 01 de Novembro de 2000, assinada por Júlio César Barros:

EMPRESA DE MATERIAIS ESPORTIVOS TEM SIGILO QUEBRADO

A Rhumell, empresa de materiais esportivos, teve o seu sigilo bancário quebrado pela CPI do senado, a notícia foi dada pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), em entrevista exclusiva ao Terra Esportes.

"O pedido de quebra partiu do Ministério da Fazenda, que estava tendo seu trabalho de investigação dificultado pela Rhumell", disse o senador. "Para tentar fugir das investidas do Ministério, a empresa muda constantemente de endereço, mas agora não tem com escapar", finalizou Dias, que preside a CPI do senado.

Entre os clubes brasileiros que a Rhumell fornece material esportivo, estão Palmeiras e Gama.

NOSSO COMENTÁRIO

Seguindo a mesma linha, a FOLHA DE SÃO PAULO, publicou em sua edição de 02 de novembro de 2000 a matéria a seguir:

MINISTRO DENUNCIA RHUMELL E EMPRESA TEM SIGILO QUEBRADO

A empresa de materiais esportivos Rhumell, fornecedora do Palmeiras, terá seu sigilo bancário quebrado pela CPI do Futebol, conforme requerimento aprovado ontem pela manhã durante depoimento do ministro Waldeck Ornélas (Previdência) à comissão do Senado.

Segundo Ornélas, a empresa vem fugindo dos fiscais do ministério. “Ela vai se mudando de endereço dentro da Grande São Paulo", disse.

A suspeita da Previdência é que a empresa não esteja recolhendo os 5% de contribuição previstos na lei para os patrocinadores.

De acordo com o ministro, os principais problemas com os patrocinadores dos clubes de futebol são a inexistência de escritura adequada, a falta de recolhimento de valores devidos e a não discriminação de fatos geradores.

No caso das empresas estrangeiras, o ministro disse que muitas vezes elas afirmam desconhecer a lei sobre o assunto.

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Mas os parlamentares vão mais longe, acreditando que a empresa possa estar envolvida em outras irregularidades. “Vamos solicitar ao Banco Central a determinação do sigilo (uma espécie de quebra) da Rhumell", disse o senador Álvaro Dias, presidente da CPI.

O parlamentar disse que a quebra de sigilo de empresas suspeitas será uma prática muito usada pela CPI do Futebol.

Oficialmente, a Rhumell não quis se pronunciar sobre a quebra de sigilo bancário da empresa. A Folha de S.Paulo ligou ontem para representantes da empresa Impas, que possui os direitos da marca Rhumell, em São Paulo.

Em um primeiro momento, um funcionário da empresa, que se identificou apenas como Osman, disse que a empresa não estava sabendo da determinação da CPI. Após insistência da reportagem, porém, ele afirmou saber da situação, mas que não era a pessoa responsável para dar esclarecimentos sobre o fato. Depois, voltou atrás, dizendo que a Impas não possuía ligação alguma com a Rhumell. Um outro funcionário da empresa, no entanto, que pediu para não ser identificado, confirmou que a Impas representa a marca Rhumell no país. Além de confeccionar o uniforme do Palmeiras, a Rhumell fornece material esportivo para o Gama, pivô do imbróglio que quase inviabilizou a disputa do Campeonato Brasileiro de 2000.

NOSSO COMENTÁRIO

Acuada com a ação dos parlamentares componentes da CPI do futebol, a empresa Rhumell, na época, entrou com um processo do STF (Superior Tribunal Federal) contra a quebra do sigilo. A resposta do STF à Rhumell veio à tona em 26 de Outubro de 2001 por meio de artigo publicado no site UNIVERSO JURÍDICO:

SUPREMO NEGA RECURSO DA RHUMELL CONTRA QUEBRA DE SIGILO

O Supremo Tribunal Federal negou Mandado de Segurança (MS 23835) ajuizado pela Rhumell Industrial e Comercial LTDA, contra quebra de seu sigilo bancário e fiscal determinado por ato da CPI das Associações Brasileiras de Futebol, do Senado Federal.

A Rhumell, empresa de material esportivo que patrocina clubes, tentou evitar a quebra do sigilo alegando que não havia sido fundamentado conforme determina a Constituição Federal (artigo 58, parágrafo terceiro, combinado com o artigo 93, inciso IX).

O ministro Néri da Silveira, relator da matéria, entendeu que não tem razão a empresa e foi seguido pelos demais ministros. Ele afirmou em seu voto que, apesar de não haver uma fundamentação em sentido estrito, ou seja, igual à de um juiz, isso havia sido suprido pelo elemento de prova colhido pela CPI que havia levado à determinação da quebra de sigilo.

A prova em questão foi um depoimento dado à CPI pelo Ministro da Previdência e Assistência Social (MPAS), Waldeck Ornellas. Ele disse aos senadores que a Rhumell era devedora da Previdência e utilizava-se de vários artifícios para dificultar a fiscalização do MPAS. O depoimento levava a crer na existência de fortes indícios de não pagamento das cotas patronais previdenciárias referente ao patrocínio de clubes. Diante disso, o ministro Néri votou pela legalidade da quebra de sigilo determinada pela CPI.

NOSSO COMENTÁRIO

Ao final das investigações da CPI, o relatório final foi divulgado pelo Senado Federal. A síntese do depoimento do ministro Waldeck Ornellas sobre as investigações realizadas sobre a empresa Rhumell encontra-se no seguinte texto:

SENADO FEDERAL

RELATÓRIO FINAL DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (VOLUME IV)

Criada por meio do Requerimento nº 497, de 2000-SF, “destinada a investigar fatos envolvendo as associações brasileiras de futebol”.

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Presidente: Senador ALVARO DIAS

Vice-Presidente: Senador GILBERTO MESTRINHO

Relator: Senador GERALDO ALTHOFF

Brasília, 2001

O Ministro da Previdência e Assistência Social, Sr. Waldeck Ornelas, interpelado pelo Senador Antero Paes, referiu–se a Rhummell como uma empresa difícil de ser alcançada pela fiscalização, tendo em vista que adotava a prática de promover frequentes alterações no endereço de sua sede social:

SR. ANTERO DE BARROS – Sr. Presidente, Srs. Senadores, Sr. Ministro, gostaria de fazer inicialmente algumas indagações. Eu gostaria que V. Exª falasse sobre essa empresa, da qual acaba de ser requerida a quebra do sigilo bancário, a Rhumel. É esta empresa que tem vários endereços, que tem criado embaraços à fiscalização do Ministério da Previdência Social? ... SR. WALDECK ORNELAS – Respondendo às perguntas de V. Exª. A empresa que V. Exª pergunta é efetivamente essa. Tem mudado de endereço sistematicamente. Nós não conseguimos localizá–la para fiscalizar. As suspeitas se estendem ao relacionamento do Palmeiras com o Banco Lavra, dirigido pelo Sr. Márcio Papa, ex–Presidente do Conselho Deliberativo do clube. A falência do banco pode ter trazido prejuízos ao clube, com perda dos valores depositados no banco. CONCLUSÃO Embora esta CPI não tenha coligido provas de irregularidades no Palmeiras, obteve muitos indícios de que o atual grupo dirigente não tem compromisso com o princípio da transparência de gestão, que deve estar presente nas sociedades sem fins lucrativos.

NOSSO COMENTÁRIO

O relatório da CPI, apesar de não provar nada de criminoso referente à empresa Rhumell, sugere que houve má gestão de negócios, levando o Palmeiras a ter um prejuízo muito grande nessa relação com a empresa, sugerindo também a existência de interesses escusos que não os normalmente firmados em um contrato de fornecimento de materiais esportivos. Que os envolvidos possam responder.

CAPÍTULO 4

A FARRA DOS EMPRESÁRIOS

Não é de hoje que se ouvem comentários sobre a influência de empresários nas negociações de atletas relacionados às categorias de base do Palmeiras. São denúncias de pagamento de comissões, interferência direta em escalações, pressões de toda sorte. Tratando de forma aberta essa questão, ocorreu a publicação de uma matéria pelo portal TERRA, em 13 de maio de 2003:

EMPRESÁRIOS DOMINAM DIVISÕES DE BASE DO PALMEIRAS

Vagner (ele mesmo, o Vagner Love) é a maior promessa do Palmeiras depois de anos. E já é realidade para Gilmar Rinaldi. O empresário detém 40% do passe do jogador. Edmílson, outra revelação das divisões de base, pertence ao Palmeiras, mas em parceria com outro empresário: Iko Martins, ex-sócio de José Mário Pavan na gestão do União São João.

O presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, confirmou isso no programa Bate Bola, da ESPN Brasil, na última sexta-feira. Admitiu que boa parte das divisões de base do clube está nas mãos de empresários. E que eles trafegam também pelo Palmeiras B, a sucursal que pretende ser um celeiro de craques para o clube.

"Hoje tenho quatro jogadores em parceria com o Palmeiras", diz o empresário Sérgio Mazza.

Mazza tem, hoje, parcerias com o Palmeiras nos passes do zagueiro Carlos Eduardo e do meia Lozov, ambos do Palmeiras B. Do atacante Ânderson, dos juniores. E do lateral-direito Pedro, que jogou nos profissionais e está no Figueirense.

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"Todos os clubes fazem coisas parecidas", diz o presidente Mustafá Contursi sobre essas parcerias. Anos atrás, Mustafá conversou com a Parmalat sobre a possibilidade de clube e multinacional criarem um largo projeto para as divisões de base. Mustafá diz que a conversa não foi adiante porque jamais houve uma proposta concreta. No que é rebatido por José Carlos Brunoro, ex-diretor de esportes da multinacional.

"Eu conversava por meio do vice-presidente Serafim Del Grande. Ele trazia os recados de que o presidente não queria a parceria".

"Se o Palmeiras tivesse uma estrutura mais competente não dependeria tanto de empresários", afirma Sérgio Mazza.

Entre 1993 e 1996, a Parmalat sonhava ampliar a parceria com o Palmeiras da categoria profissional. Não conseguiu porque Mustafá Contursi não aceitou que a multinacional ficasse com 50% dos valores obtidos em eventuais negociações. Em vez de construir alojamentos, o Palmeiras ergueu um ginásio para as modalidades olímpicas.

Quando a Parmalat deixou o time, em janeiro de 2000, o clube tinha R$ 40 milhões em caixa. Era do que se gabava o presidente Mustafá Contursi. Três anos e 54 contratações depois, o clube tem R$ 8 milhões em caixa, de acordo com a oposição.

Mustafá contesta o valor apontado pela oposição. Ele diz que o clube tem R$ 20 milhões em ativos, mas o problema é que uma parte não está nos cofres.

Por que um clube precisa de um empresário? Quem conta é Sérgio Mazza, sócio do Palmeiras, que trafega com tranqüilidade pelas divisões de base do clube.

Mais ou menos como fazia Wágner Ribeiro, responsável pelas carreiras de Kaká, França e Robinho, enquanto os presidentes Paulo Amaral e José Augusto Bastos Neto mandavam no futebol Tricolor.

"Por que um clube precisa de empresário? Bem, eu trabalho com confecção, onde a crise chegou há cinco anos. No futebol, chegou faz só dois anos. Antes disso, eu podia descobrir um jogador, levá-lo ao clube e, depois da aprovação, reivindicar uma remuneração".

Hoje em dia o clube não paga. Então, o que acontece? Combinamos uma porcentagem dos direitos. Fico com 10%, 20%. O contrato entre o clube e o atleta diz que o empresário ficará com uma porcentagem de uma negociação.

"É assim que funciona. Claro que, quanto melhor a estrutura do clube menor a dependência do empresário", explica.

NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se que as partes do texto que se encontra em destaque demonstram claramente como as coisas aconteciam (e, provavelmente, continuam acontecendo) nos “bastidores” das categorias de base. O que causa estranheza, para não dizer indignação, é o entendimento de que a base poderia ter sido profissionalizada da mesma forma que o futebol profissional, na época da Parmalat, já que essa era a intenção da empresa parceira da Sociedade Esportiva Palmeiras. Todavia, a princípio, por afirmar que a empresa Parmalat jamais havia feito uma proposta oficial para que a parceria inicial fosse estendida às categorias de base (argumento prontamente rebatido pelo Sr. José Carlos Brunoro, representante direto da Parmalat no Palmeiras) e depois, pelo fato de que o Sr. Mustafá não teria concordado com a divisão dos lucros dessa nova parceria, o processo de profissionalização das categorias de base do futebol palmeirense acabou por não ocorrer. Daí, perguntamos, entre Brunoro, um homem experiente na gestão esportiva e o Sr. Mustafá, um “obscuro” personagem da política palmeirense, em qual palavra dever-se-ia dar créditos?

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Ocorrendo no texto a menção da herança de R$ 40 milhões que a Parmalat disponibilizou para a Sociedade Esportiva Palmeiras, quando do encerramento da parceria, entende-se oportuno aproveitar a oportunidade para mais uma vez, assim como ocorreu no CAPIÍTULO 1 desse “documento”, solicitar ao Sr. Mustafá Contursi esclarecimentos sobre o paradeiro desse dinheiro.

Ainda abrangendo a questão sobre as “ingerências” ocorridas no futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras, entende-se importante observar a reportagem assinada por Danilo Lavieri que foi publicada no dia 31 de maio de 2012 no site UOL, onde o autor denuncia a existência de um ”ESQUEMA SÃO CAETANO”. Sugere-se, nesse caso, aos leitores que têm estômago fraco que leiam com cautela:

OPOSIÇÃO DO PALMEIRAS APURA ATUAÇÃO DE EMPRESÃRIO E SUPOSTO “ESQUEMA SÃO CAETANO”

Conselheiros ligados à oposição do Palmeiras levantaram suspeitas em torno da atuação do empresário e ex-jogador Giuliano Aranda. As suspeitas são de que Magrão, como é conhecido o agente, estaria aproveitando o fato de ser genro de Nairo Ferreira, presidente do São Caetano, para conduzir negociações entre os dois clubes, beneficiar a equipe do ABC e ganhar porcentagens em cima dos negócios.

Betinho veio do São Caetano após o fim de seu contrato no Azulão. Mazinho e Fernandinho vieram do Oeste, mas têm direitos econômicos no São Caetano. Depois de sair do Palmeiras, Carmona foi para o S. Caetano e já tem proposta. Lateral direito Artur é do S. Caetano e chegou ao Palestra por empréstimo. Luan é de Magrão e custou R$ 500 mil de comissão. Patrik é outro jogador de Magrão que, segundo conselheiro, é favorecido.

Nos últimos cinco meses, quatro jogadores que chegaram ao Palmeiras têm algum tipo de ligação com o São Caetano: Artur, Betinho, Fernandinho e Mazinho. O primeiro tem os direitos econômicos presos ao time do ABC e está no Palestra Itália por empréstimo. O segundo, por sua vez, chegou ao time de Felipão após ter seu vínculo encerrado com a equipe do Anacleto Campanella.

Já Mazinho e Fernandinho, que chegaram no início de maio vindos do Oeste, têm parte de seus direitos econômicos no Azulão. A divisão com o São Caetano foi confirmada pelo diretor de futebol da equipe do interior paulista, Cidão de Freitas.

Há ainda o caso de Pedro Carmona. O jogador foi dispensado do Palmeiras no mês passado e acertou com o São Caetano. A oposição palmeirense, no entanto, lamenta que o clube alviverde não tenha negociado o meia em janeiro, quando recebeu uma proposta do futebol japonês.

Coincidentemente, o presidente do time do ABC confirmou também ter recebido uma proposta por Pedro Carmona e estuda negociá-lo. O meia disputou apenas um jogo pelo São Caetano. “O Carmona vai para o São Caetano e vai ser vendido por lá, tem outros vários jogadores do São Caetano caindo de paraquedas aqui. Eu não posso afirmar nada, mas tudo isso é estranho”, reclamou o oposicionista Seraphim Del Grande, ex-diretor de futebol do Palmeiras. Além dessa proximidade com o São Caetano, os oposicionistas também lançam dúvidas por conta da proximidade de Magrão com Galeano, já que o empresário era justamente quem cuidava, mesmo que de modo informal, da carreira do agora gerente de futebol palmeirense.

No ano passado, Magrão já havia sido alvo de polêmica no Palmeiras. Empresário de Luan, ele foi decisivo para a transferência do atacante, no ano passado. Os oposicionistas, no entanto, reclamaram do fato de o agente ter recebido duas comissões (uma pelo empréstimo e, posteriormente, uma de R$ 500 mil, pela negociação definitiva), já que a prática não é comum no futebol.

Magrão, ex-atacante do Palmeiras e de outros times, hoje é empresário de futebol. Além de Luan, Magrão também é empresário de Patrik. O jogador foi contratado pelo Palmeiras quando estava no São Caetano. Apesar de, inicialmente, ficar na equipe B alviverde, foi alçado ao elenco principal assim que Galeano foi contratado como gerente de futebol.

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O UOL Esporte conversou com Nairo Ferreira, Magrão e Galeano. O presidente do São Caetano confirmou que o empresário é casado com sua filha, mas negou que este fato esteja favorecendo o clube que preside em negociações com o Palmeiras.

O empresário justificou a investigação envolvendo a sua atuação no clube alviverde como parte de um jogo político. “Eu fui jogador na época do Seraphim, por exemplo, e ele é um dos que está reclamando. Entendo que ele faça isso por estar na oposição e queira atacar a situação. Mas não tem nada disso”, disse Magrão.

Já Galeano, por sua vez, não nega nenhuma informação e, assim como Magrão, também credita a investigação aos problemas políticos internos do clube. “Aqui no Palmeiras tudo tem um fundo político. Mas vale ressaltar que o Patrik, por exemplo, foi contratado justamente pelo Seraphim”, completou.

O empresário, por meio da sua assessoria de imprensa, negou qualquer ligação com Galeano e ter se beneficiado com as negociações entre São Caetano e Palmeiras.

Confira a nota:

"A respeito das últimas informações divulgadas pela imprensa, o empresário Giuliano Aranda vem por meio de sua assessoria esclarecer que:

Inicialmente lamenta a falta de responsabilidade de alguns dirigentes ao levantarem acusações sem nenhum tipo de prova e, principalmente, usar a imprensa como plataforma política, já que se aproximam as eleições na Sociedade Esportiva Palmeiras.

Giuliano Aranda trabalha diretamente apenas com o atacante Luan Michel de Louzã e com o meia Patrick Camilo, atualmente no Palmeiras. O empresário afirma que não tem nenhum tipo de ligação com os outros atletas citados na matéria do Portal UOL vinculando seu nome.

Giuliano Aranda também ressalta que além do Palmeiras, agencia jogadores em diversas outras equipes tanto no Brasil quanto fora do país e lamenta ser alvo de acusações “vazias” e oportunistas.

O agente rechaça qualquer tipo de ligação direta com o ex-jogador Galeano, atualmente coordenador técnico do Palmeiras. Ambos apenas jogaram juntos.

O empresário faz questão de ressaltar que seu vinculo familiar com o presidente do A.D. São Caetano, Nairo Ferreira de Souza não interfere em sua atuação profissional, que é independente e dentro da ética.

Giuliano Aranda já comunicou seus advogados, que vão tomar as medidas cabíveis na justiça contra as falsas informações.”

NOSSO COMENTÁRIO

No dia seguinte a essa reportagem o site TERCEIRO TEMPO, do jornalista Milton Neves, em matéria assinada por Vitor Pajaro, divulgou a seguinte notícia:

TIRONE É ACUSADO DE ESCONDER COMISSÃO PAGA A EMPRESÁRIO E COF PROMETE REUNIÃO TENSA

A ligação do empresário Giuliano Aranda, o Magrão, com o Palmeiras continua dando dor de cabeça para a diretoria. Depois do UOL Esporte noticiar que os opositores da atual gestão levantaram suspeitas em torno da atuação do ex-jogador no clube, foi a vez de um dos membros efetivos do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) revelar que o presidente Arnaldo Tirone escondeu o real valor da comissão paga ao empresário na contratação do atacante Luan.

Segundo Gilto Avallone, o documento que ilustra a reportagem comprova que Magrão recebeu R$ 500 mil de comissão por ter agenciado a chegada do atacante. "Mentiram para mim, eles mandaram uma relação que mostra que o valor seria de R$ 400 mil e que só duas parcelas de R$ 100 mil haviam sido pagas", disse, revoltado.

O integrante do conselho afirmou ainda que irá cobrar uma justificativa da atual diretoria na noite desta quinta-feira, quando será realizada uma reunião do COF.

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"A reunião hoje vai ser um pouco mais tensa. Não vou falar nada ainda para não precipitar as coisas. Eu tenho uma desconfiança e se for isso mesmo, terei certeza".

Na época, os oposicionistas já tinham sido contra a comissão para o empresário. Eles alegavam que seria um absurdo o agente ter recebido duas comissões (uma pelo empréstimo e outra pela negociação definitiva), já que a prática não é comum no futebol.

O pedido de Felipão, que gosta muito do futebol de Luan, teria feito a atual diretoria aceitar o que foi imposto pelo agente, mesmo contra alguns integrantes da cúpula atual. A reportagem tentou falar com o presidente do Palmeiras e não obteve sucesso.

NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se que seria no mínimo ingenuidade considerar que as ingerências então cometidas durante a gestão Sr. Mustafá Contursi enquanto estava diretamente à frente do comando da Sociedade Esportiva Palmeiras pudessem não estar sendo cometidas na gestão dos anos de 2011 e 2012, dessa feita sob o comando do Sr. Arnaldo Tirone. Por quê? - Poderia questionar o leitor - Vale recordar que durante a campanha para a presidência da Sociedade Esportiva Palmeiras, ocorrida no final do ano de 2010 e início de 2011, já que as eleições para presidente nesse clube regularmente ocorrem no final de janeiro, um dos “cabos eleitorais” do então candidato Arnaldo Tirone foi justamente o Sr. Mustafá Contursi. Confirmando essa ligação e ratificando a influência do Sr. Mustafá sobre a gestão do Sr. Tirone, devemos ler a matéria publicada no jornal esportivo LANCENET, publicada no dia seguinte ao veredicto que conclamou Arnaldo Tirone como presidente da Sociedade Esportiva Palmeias:

Paulo Nobre e Salvador Hugo Palaia, derrotados, somaram 117 votos, nem perto dos 158 de Tirone. Desde a eleição de Affonso Della Monica (201 votos contra 40 de Seraphim Del Grande), em 2005, não havia uma goleada nas urnas.

– Esses votos mostram que o Conselho não está contente. O Palmeiras está precisando de uma virada. Mas eu não posso prometer isso no primeiro momento. Eu prometo transparência e dignidade com o dinheiro do clube – afirmou o novo presidente do Palmeiras.

– Essa votação me incentiva e me credencia a ter uma tranquilidade maior para tocar o Palmeiras – completou Arnaldo Tirone.

Opositor ferrenho às últimas duas gestões, Mustafá Contursi agora é situação. Membro do COF, o ex-presidente será uma espécie de conselheiro especial de Tirone.

– Se ele precisar, é minha obrigação ajudar. Não só estar por trás, mas também pela frente – afirmou o ex-presidente palmeirense.

Contursi ficou 12 anos no poder (década de 90 e início dos anos 2000), marcado por glórias na era Parmalat e pela queda para Série B, em 2002. Mustafá deixou o comando no início de 2005, após volta à Série A e, em seguida, rachou com o sucessor Affonso Della Monica.

– É preciso dar uma enxugada. O maior problema não está no futebol, mas nas despesas indiretas: contratos, assessorias, consultorias, contratação de funcionários por tempo indeterminado, salários elevados, quadro funcional que hoje é mais de 700 – disse Mustafá.

NOSSO COMENTÁRIO

Mesmo não estando o Sr. Mustafá Contursi diretamente no poder, como presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, não seria, caro amigo leitor, possível compreender a situação em que se encontra a Sociedade Esportiva Palmeiras nos tempos atuais à medida que se compara a forma de gerir o clube da atual gestão e das gestões anteriores comandadas pelo Sr. Mustafá? Se o amigo leitor julga ainda não ter subsídios suficientes para entender a gestão Tirone, contribuir-se-á, na seqüência desse trabalho com novas informações a fim de dirimir algumas dúvidas.

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CAPÍTULO 5

A CENSURA

Tempos atrás foi aberto um debate no fórum PTD (Palmeiras Todo Dia) sobre a existência de um possível movimento de censura dentro do clube buscando coibir a manifestação de associados contra os desmandos e ingerências realizados por parte da diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras. A princípio, da forma como as discussões e informações surgiram no fórum, a existência desse movimento de censura acabou sendo tomada como uma especulação. Todavia, após observar a matéria publicada em 15 de janeiro do ano de 2004, na FOLHA DE SÃO PAULO, assinada por Fernando Mello, a existência do referido movimento foi confirmado:

NOVO ESTATUTO TORNA OFICIAL A CENSURA NO PALMEIRAS

O novo estatuto do Palmeiras, bloqueado pela Justiça comum na semana passada, oficializa a censura no Parque Antarctica e dá à diretoria poderes para expulsar do clube os sócios que fizerem críticas à administração.

Com maioria folgada no Conselho Deliberativo, os advogados da situação esperam derrubar no Tribunal de Justiça a liminar obtida pela oposição para implantar a “Constituição palmeirense”, que coloca o clube de acordo com a Lei Pelé e com o Código Civil.

A Folha teve acesso ao documento, que permite ainda a inclusão da Sociedade Esportiva Palmeiras como única sócia da Palmeiras S.A., empresa criada por Mustafá Contursi sem aval preliminar do Conselho Deliberativo.

Os trechos mais polêmicos do novo estatuto dizem respeito à possibilidade de a Diretoria Executiva (presidente e os quatro vices) eliminar, “por justa causa”, sócios que cometerem falta grave.

Segundo o artigo 33, é classificado como grave as seguintes infrações: “acusar, publicamente, qualquer autoridade da SEP ou criticar ato da administração”, “apresentar-se dentro da SEP, para prática desportiva, com uniformes ou trajes diversos daqueles determinados pela Diretoria Executiva” e “manifestar-se contra a SEP nas competições desportivas”, entre outras.

No estatuto anterior, aprovado em 16 de dezembro de 1996, essas práticas já estavam vedadas aos sócios. A diferença é a inclusão, no novo código, do seguinte parágrafo: “A infração a qualquer dispositivo contido neste artigo por qualquer associado constitui justa causa para a exclusão do infrator do quadro associativo”.

Na campanha que antecedeu a última eleição do clube, no início de 2003, Contursi suspendeu dois sócios ligados à facção Muda Palmeiras, que trajavam camisa da oposição. Os dois foram à Justiça e anularam a punição.

Questionado pela Folha se a nova redação não oficializava a censura no Parque Antarctica, Antônio Carlos Corcione, diretor jurídico palmeirense, concordou. “Em nove meses de trabalho, ninguém tinha falado disso. Tendo a concordar com você, é esquisito mesmo. Me comprometo a levar aos conselheiros sua visão e, se eles concordarem, retiraremos o parágrafo único”, afirmou.

O advogado, no entanto, disse que o estatuto não aumenta o poder do presidente. “Ao contrário. Antes, ele poderia suspender um sócio por até um ano. Era uma coisa abusiva. O máximo, agora, são apenas 60 dias.”

Outro ponto da “Constituição palmeirense” que irritou a oposição foi o aumento da carência para que o sócio tenha direito a voto - passou de um para três anos.

Na prática, isso significa que o grupo de Mustafá Contursi tem tudo para seguir no poder, mesmo se o presidente se afastar, como prometeu. “O colégio eleitoral será o mesmo de

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2003. E é justo que seja, até para evitarmos a adesão de sócios que nunca pisaram no clube e que só vêm aqui para votar”, diz Corcione.

NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se como no mínimo questionável o fato da diretoria comandada pelo Sr. Mustafá Contursi promover mudanças no estatuto que possibilitassem, entre outras coisas, criar condições de suspender ou até mesmo expulsar sócios que fizessem críticas diretas à administração, ou seja, à própria diretoria. Contudo, mais do que coibir manifestações críticas à gestão administrativa, o novo estatuto ainda proibia manifestações de apoio às chapas contrárias à chapa apoiada pela direção em períodos de eleição. Que objetivos teria a diretoria da época a tomar tais atitudes?

Causar-lhe-ia estranheza, caro leitor, se o fato da implantação da censura no Palmeiras fosse uma tentativa de calar as críticas dos conselheiros da oposição à falta de transparência no processo da “parceria” firmada pela diretoria entre a Sociedade Esportiva Palmeiras” e a empresa PALMEIRAS S/A?

Não seria no mínimo suspeito uma diretoria, no seu último ano de gestão (2004), criar “novas” regras impedindo que sócios até então eleitores tivessem que esperar mais dois anos para voltar a adquirir o direito do voto? Utilizar-se do seu poder à frente de uma instituição criando formas de impedir críticas ao seu próprio trabalho e impedir manifestações abertas de sócios a grupos de oposição? Você, caro leitor, não gostaria de obter respostas por parte do Sr. Mustafá Contursi e membros da sua diretoria à época sobre as indagações aqui colocadas?

CAPÍTULO 6

AS DENÚNCIAS DE FRAUDES

Entre tantas denúncias de fraudes, desmandos, ingerências e prejuízos aos cofres da Sociedade Esportiva Palmeiras, diante de tantas evidências de incursões por parte da diretoria comandada pelo Sr. Mustafá Contursi com o objetivo de deixar as contas e os negócios envolvendo o Palmeiras fora do foco da imprensa e da torcida, alguns jornalistas se interessaram em investigar alguns fatos que estavam sendo levantados pelo Ministério Público, orientado pela CPI do futebol. Como resultado dessas investigações, a FOLHA DE SÃO PAULO publicou notícia veiculada em 18 de Outubro de 2008, assinada por Eduardo Arruda, Lilian Christofoletti e Ricardo Perrone:

MINISTÉRIO PÚBLICO INVESTIGA SUSPEITA DE ESQUEMA DE NOTAS FRIAS: TESTEMUNHAS FALAM EM COMPRA DE DÓLARES E ÁRBITROS

O Ministério Público paulista investiga suposto esquema de emissão de notas frias no Palmeiras. De acordo com o órgão, o clube teria sido lesado ao menos entre 2001 e 2004.

Três dos depoentes afirmam que a operação envolveria compra de dólares e de juízes.

Foi aberto um procedimento criminal e outro cível para apurar, respectivamente, suposta prática de enriquecimento ilícito e superfaturamento por parte de dirigentes. Todos os citados negam as acusações.

São 16 os suspeitos de enriquecer ilegalmente. Esse é o segundo caso envolvendo notas fiscais num clube paulistano. O primeiro foi no Corinthians, arqui-rival palmeirense.

Nos dois casos, a suspeita principal é a de que o esquema serviria para remunerar dirigentes que, em tese, se dedicam aos clubes voluntariamente.

Por meio de depoimentos de ex-funcionários e de documentos, a Promotoria entende que a emissão de notas frias era prática comum e que há indícios de uso de empresas fantasmas. Agora o órgão quer saber o tamanho do rombo no caixa.

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A primeira acusação foi feita por Carlos Kamal, ex-supervisor do vôlei do Palmeiras, que trabalhou no clube entre 1988 e 2004. Outros dois ex-funcionários da agremiação confirmaram o que foi dito por Kamal.

Em depoimento à Promotoria, Kamal afirmou que, entre 2001 e 2004, “foram praticados crimes de estelionato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, entre outros”.

De acordo com a versão dele, o esquema começou em 2001, quando o então jogador de vôlei do Palmeiras Talmo de Oliveira “pediu a emissão de nota fiscal para a empresa FT Esportes Ltda. para acerto de Imposto de Renda de R$ 5.000, sem que existisse contrapartida em serviços prestados ao clube”.

O ex-funcionário afirmou ter recorrido a Durval Colossi, tesoureiro do Palmeiras na época], que teria dito que tal operação só poderia ser autorizada pelo então presidente do clube, Mustafá Contursi. Segundo ele, dois ou três dias depois, Colossi autorizou a emissão da nota para a FT Esportes. Cópia da nota, de 6 de junho de 2001, foi entregue à Promotoria.

Dias depois, ainda segundo Kamal, a então diretora do Palmeiras Dirce Pagnotta e Colossi voltaram a procurá-lo pedindo a emissão de outras notas frias por ordem de Mustafá “para a compra de dólares americanos para pagamento a árbitros de futebol profissional”.

O Ministério Público também ouviu Luiz Simões de Oliveira, assistente técnico do vôlei entre 1990 e 2001, que afirmou ter visto “três ou quatro vezes o Talmo na sala do Kamal preenchendo notas frias”. “A informação que tenho é que era para a compra de árbitros a pedido da diretoria, da Dirce [Pagnotta], do Luiz Carlos [Pagnotta] e do Mustafá”, contou em seu depoimento.

Em março deste ano, foi ouvido Paulo César de Aguiar, preparador físico do time de vôlei entre 1995 e 2002.

Em depoimento, Aguiar disse que as declarações de Kamal são verdadeiras e que, por ter dividido a mesma sala de trabalho com o ex-supervisor, presenciou o preenchimento das notas e ouviu que o objetivo era comprar dólares e árbitros.

O ex-supervisor entregou ainda 21 notas à Promotoria, que totalizam R$ 94,78 mil. A suspeita da Promotoria, no entanto, é que o esquema tenha desviado quantia bem maior.

O Ministério Público analisa a situação patrimonial dos 16 membros da diretoria citados e de dez empresas ligadas a cartolas de Mustafá. Na esfera criminal, apura-se se as notas vieram de empresas fantasmas.

NOSSO COMENTÁRIO

Emissão de notas frias. Como justificar legalmente tal ato? Impossível. Como entender a função da emissão de notas frias? Entende-se que tal ato só pode ocorrer com o intuito de utilizar essas notas a fim de buscar justificar gastos irregulares quando da prestação de contas. Mas, gastos irregulares com o quê, ou com quem? A princípio os investigadores citaram a possibilidade de ter ocorrido a compra de dólares e de árbitros. Dólares até compreende-se ser possível, só restaria saber em que ou para quem esse dinheiro foi aplicado ou entregue. Agora, utilizado para a compra de árbitros? Entende-se que, sinceramente, nesse caso, a suspeita não deveria cair sobre o time do Parque Antárctica, já que nos campos de futebol o histórico que se mostra sobre a Sociedade esportiva Palmeiras SEMPRE foi de ser prejudicada por erros de arbitragem. Todavia, se essa compra de árbitros viesse a ser comprovada, saindo por parte “daquela” gestão, certamente se ocorresse a comprovação não haveria espanto. Quem sabe, se esses jornalistas investigassem outro parque... Contudo, quando os jornalistas citam nomes de pessoas que teriam testemunhado a emissão de notas frias, inclusive com supostas justificativas de onde o valor descriminado nessas notas seria aplicado, ou melhor, desviado, questiona-se, quais os resultados dessas denúncias? Três dias depois, a mesma FOLHA DE SÃO PAULO, por meio dos jornalistas Eduardo Arruda e Ricardo Perrone, publicou uma nova matéria sobre o assunto:

PROMOTORIA APURA OUTRA FRAUDE NO PALMEIRAS

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O suposto esquema de emissão de notas frias que teria lesado o Palmeiras entre 2001 e 2004, como revelou a Folha no sábado, não é o único apurado pelo Ministério Público paulista no Parque Antarctica.

Uma nota no valor de R$ 76.487,75, emitida em nome do clube pela Valtec Wicom Comércio e Serviços Ltda, no dia 1º de novembro de 2006, também gerou a suspeita de fraude. Este novo caso ocorre já na atual administração, de Affonso Della Monica, presidente do clube desde janeiro de 2005.

E, mais recente, aparentemente não tem ligação com o anterior, da época em que Mustafá Contursi era o mandatário. O mecanismo, porém, seria o mesmo: manutenção de caixa dois para o pagamento de conselheiros, oficialmente não remunerados.

Os promotores ficaram intrigados porque a Valtec firmou com o clube, em setembro de 2006, contrato de prestação de serviços de consultoria de seguros. Mas, pelo cadastro nacional de pessoa jurídica, sua atividade é “comércio varejista especializado em equipamentos de telefonia e comunicação”. O clube ficou de pagar R$ 326 mil em quatro parcelas. O representante do Palmeiras no contrato é José Cyrillo Jr., então vice do clube. Hoje, ele é diretor administrativo.

Pela investigação preliminar do órgão, o endereço da empresa, na zona norte de São Paulo, não bate. A Folha foi ao local e não encontrou sinal da Valtec. Ninguém estava na casa. Uma vizinha, que não quis se identificar, afirmou que lá vive uma família e que, em 2004, o imóvel era ocupado por uma empresa de contabilidade.

O Ministério Público não localizou Roberto Carlos D” Almeida, que no contrato é procurador da Valtec. A combinação desse fato com o endereço incorreto e a prestação de um serviço que não é o do ramo de atividade da empresa geraram a suspeita de nota fria. “O Ministério Público faz mais diligências para tentar localizar a empresa e o dono. Queremos saber se ela prestou o serviço, se ela pode trabalhar com seguros, de onde veio o dinheiro e para onde foi”, disse o promotor José Carlos Blat.

NOSSO COMENTÁRIO

Dessa feita, as denúncias recaíram sob a gestão do Sr. Affonso Della Monica, com supostos desvios de dinheiro dos cofres com o objetivo específico de remunerar conselheiros. Mais do que o desvio de dinheiro, não teria o leitor curiosidade em saber qual seria o interesse por parte daquela diretoria em, utilizando uma expressão popular, “manter os conselheiros no cabresto”? No mesmo dia em que a Folha de São Paulo publicou essa matéria, o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, em matéria assinada por Juliano Costa, publicou o direito de resposta do Sr. Mustafá Contursi sobre as acusações que estavam sendo imputadas à sua gestão:

MUSTAFÁ CONTURSI NEGA DESVIO DE DINHEIRO NO PALMEIRAS

O ex-presidente Mustafá Contursi classifica como "caluniosas" as acusações de que tenha existido um esquema de notas frias no Palmeiras entre 2001 e 2004, fim de sua gestão. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público.

Mustafá diz que já prestou depoimento e que está à disposição das autoridades para prestar novos esclarecimentos. "Já dissecaram minha vida uma vez. Pegaram a declaração de Imposto de Renda e questionaram até gastos de R$ 400. Não encontraram nenhuma irregularidade e, no final, me deram um atestado de idoneidade."

Nas investigações, até a filha de Mustafá, Milene, apareceria como suspeita de enriquecimento ilícito. "Ela vive na Alemanha e já avisei que, pelo crime de enriquecimento de cultura, vai pegar prisão perpétua", ironizou Mustafá.

As denúncias foram feitas por Carlos Kamal, ex-supervisor do departamento de vôlei do clube. Outros dois ex-funcionários, mantidos em anonimato, teriam confirmado as acusações. "Este cidadão [Kamal] moveu ação trabalhista contra o clube. Pediu R$ 4,5 milhões e ganhou R$ 380 mil, por determinação da Justiça. Não duvido que os outros dois também não tenham ações trabalhistas contra o clube."

Mustafá diz não ter dúvidas de que a exposição desse inquérito, que existe desde 2004, veio à tona por motivos políticos. "É muito estranho que um assunto como esse, já batido, volte com tudo justamente numa semana de muita agitação política no clube."

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Segunda-feira será votada pelo Conselho Deliberativo a proposta de Affonso Della Monica de reforma do estatuto do clube, com pretexto de "adequação de calendário". O projeto precisará ser aprovado também numa Assembléia de Sócios. Se passar, Della Monica fica no cargo até dezembro de 2009, e não até o próximo mês de janeiro, como está programado.

Mustafá é contra e tem um grupo de seguidores que também votará contra. Na visão do ex-presidente, as denúncias contra ele visam a minar sua força política e garantir a aprovação do projeto de Della Monica - que, ironicamente, era vice de Mustafá entre 2001 e 2004.

NOSSO COMENTÁRIO

E então, caro leitor? As respostas foram esclarecedoras? Seria, utilizando-se do velho jargão político, tudo manobra ou “intriga da oposição”? O Sr, Mustafá tentou justificar as denúncias do Sr. Carlos kamal, conforme mostra a matéria. Mas, mesmo nessa tentativa de justificar as acusações o Sr, Mustafá não estaria o mesmo dando um exemplo de quão nociva à Sociedade Esportiva Palmeiras a sua gestão foi? Observem, caríssimos amigos leitores, a incapacidade de administrar o Palmeiras acabou desfalcando o cofre da instituição em, segundo o próprio ex-presidente, cerca de R$ 380.000,00 devido a ações trabalhistas. Trezentos e oitenta milhões no mínimo. E quanto às outras acusações? E quanto aos outros acusadores? Quais motivos teriam os acusadores?

No dia 02 de Junho de 2012, no site LAMCENET, na coluna DE PRIMA foi publicada uma matéria da qual, destacam-se as seguintes palavras:

Dois ex-diretores da gestão de Mustafá Contursi prestaram depoimentos nos últimos dias, após a 23ª Delegacia de Polícia de São Paulo reabrir o inquérito que apurava a existência de notas frias no Palmeiras, entre 2000 e 2005.

Conselheiros do Palmeiras afirmam que membros da atual diretoria incentivaram o recomeço das investigações, cujo maior alvo é o ex-presidente Mustafá Contursi, que comandou o clube entre 1993 e 2004.

NOSSO COMENTÁRIO

Quais conselheiros teriam incentivado novas investigações? Certamente esses não estão entre aqueles supostamente agraciados com os benefícios irregulares. Entende-se, nesse caso, a necessidade de acreditar que há motivos nobres em ações desenvolvidas pelos conselheiros, afinal, apesar das acusações de supostas irregularidades, não se pode jogar todos numa mesma vala. Até por questão de esperança, entende-se a necessidade de acreditar na existência de trigo no meio do joio. Ainda sobre investigações de fraudes, em período mais recente, em 26 de Janeiro de 2012, Danilo Lavieri publicou no site UOL um texto em que denunciou três ex-dirigentes da “gestão” Luiz Gonzaga Belluzzo (2009-2010) de terem desviado recursos do clube:

RELATÓRIO DO PALMEIRAS APONTA QUE VERBA DESVIADA PODE TER VIRADO SUBORNO A FISCAIS

O relatório final do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) do Palmeiras sobre os quase R$ 300 mil que sumiram das contas do clube indica que a verba pode ter sido usada para subornar fiscais da Receita Federal. Segundo o documento que o UOL Esporte teve acesso, diz que fiscais foram cobrar impostos atrasados pessoalmente no clube, quando o então presidente, Luiz Gonzaga Belluzzo, estava internado no hospital, e Salvador Hugo Palaia era o presidente interino. No dia seguinte a visita, cinco comprovantes de recebimento adiantados (tratados como "vales no relatório) de R$ 50 mil apareceram no caixa, levantando a suspeita por parte do órgão que orienta e fiscaliza o presidente, Arnaldo Tirone. A análise foi conduzida e assinada por Alberto Strufaldi, Emílio Acocella, Francisco Gervásio Primo e Gilto Antônio Avallone, todos membros do COF, que ouviram os envolvidos no caso. A conclusão foi de que a verba não entrou no caixa do Palmeiras, mas também não entrou na conta dos três ex-diretores que estão sendo investigados pelo sumiço: Francisco Busico, Antônio Carlos Corcione e Pedro Jorge Renzo de Carvalho. Como o destino do dinheiro ainda é desconhecido, o relatório pede a expulsão dos três do quadro de associados e considera o trio culpado.

No relatório, há documentos assinados por Pedro Jorge Renzo de Carvalho e por Antônio Carlos Corcione de dois depósitos na conta do clube de R$ 888.104,22 e R$ 260 mil, datados do dia 6 e 7 de outubro de 2010, respectivamente. A verba inicialmente foi depositada na

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conta de Renzo pela exigência da Justiça Federal de que tudo fosse repassado a uma agência da Caixa Econômica Federal.

Na época, o banco estava em greve, e o clube não poderia abrir nenhuma conta. Com medo de que a decisão fosse cancelada mediante uma nova ação judicial, Renzo repassou a verba para seu domínio e, em seguida, com o fim da paralisação da instituição financeira, enviou ao clube, segundo documento obtido pelo UOL Esporte.

O fato é que só aproximadamente R$ 1,1 milhão dos R$ 1,4 milhão que a agremiação ganhou na 5ª Vara Cível da Justiça Federal entraram no balanço do clube, também de acordo com o relatório. Segundo explicação de Corcione e de Renzo, eles entregaram a verba no clube e tiraram R$ 30 mil para o pagamento de um escritório de advocacia que agiu em Brasília prestando serviços ao clube neste caso. Há recibo no relatório do COF comprovando a ação.

O documento também contém um protocolo assinado pelo então diretor financeiro, Francisco Busico, de que ele havia recebido os R$ 260 mil em dinheiro vivo. Ele, por sua vez, explica que estava no hospital, acompanhando sua mulher que estava internada em estado terminal, e que assinou sem ver o pacote de dinheiro, apenas confiando em Corcione e Renzo. Sua mulher morreu no dia 7 de novembro de 2010.

Procurado pessoalmente pela reportagem nesta quinta-feira, Busico disse que está tranquilo e que não precisaria roubar o clube para sobreviver. Ele lamenta o fato de sofrer acusações mesmo se dedicando ao clube enquanto sua mulher estava internada. O ex-diretor afirma ainda que por diversas vezes colocou dinheiro do próprio bolso para cobrir furos no caixa, mas sem apresentar comprovantes disso.

Corcione, por sua vez, colocou o sigilo bancário e fiscal à disposição do Conselho para que a decisão de retirá-lo ou não do quadro de associados seja tomada e disse que a investigação vai parar antes da conclusão por intervenção da Justiça Comum. Segundo ele, não há argumentos legais para que um órgão do clube siga com esse processo de maneira interna. Atualmente, Pedro Renzo já está com processo judicial para provar que não tem culpa e estuda cobrar honorários do clube após o fim do imbróglio.

Ambos argumentam que toda a investigação que está sendo conduzida no COF contra eles tem fundo político.

Até o fim do mês, novas testemunhas do caso serão ouvidas. Com esse processo concluído, o presidente da comissão instaurada no Conselho, Seraphim del Grande, vai dar seu parecer. Caso seja decidido que os três devem ser expulsos, a maioria absoluta dos conselheiros, ou seja, cerca de 150 pessoas, precisam acompanhar a decisão do relator.

NOSSO COMENTÁRIO

Desta feita, as denúncias de fraude deram-se em ocorrências de suposto desvio de dinheiro ocorridas na gestão do Sr. Luis Gonzaga Beluzo. As investigações ocorreram pelos membros do Comitê de Orientação Fiscal, já na gestão do Sr. Arnaldo Tirone (2011-2012).

Em 12 de agosto de 2012, foi publicada no PORTAL IG, setor de esportes, a seguinte matéria com novos “esclarecimentos” sobre o assunto:

Conselheiros esquecem "partidos" e tentam esclarecer os R$ 300 mil que não aparecem na contabilidade

Um suposto sumiço de até R$ 300 mil das contas do Palmeiras está mobilizando todas as alas do Conselho palmeirense e até mesmo unindo rivais da política. As constantes conversas entre Seraphim Del Grande, que apoiou Paulo Nobre na última eleição, e Piraci de Oliveira, ligado a base que elegeu Arnaldo Tirone, são só um exemplo disso. Eles tentam deixar as diferenças políticas de lado para entender o destino dessa verba e, se preciso, punir os culpados.

O fato é que em 2010, com a autorização do clube, Pedro Jorge Renzo de Carvalho, advogado do Palmeiras e sócio de Antônio Carlos Corcione, que é conselheiro do time, resgatou cerca de R$ 1,1 milhão de valores referentes a tributos discutidos na Justiça. Posteriormente, a contabilidade do clube só registrou a entrada de aproximadamente R$ 880 mil. Renzo, que também é advogado do presidente Arnaldo Tirone, foi questionado sobre o

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assunto e defendeu-se exibindo documentos que foram assinados por Francisco Busico, então responsável pelo departamento financeiro do clube.

Ele ainda explicou que essa diferença de quase R$ 300 mil foi paga em dinheiro para cobrir um furo no caixa e colocou-se à disposição do comitê de sindicância que foi eleito pelo COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) para novos esclarecimentos. Parte dessa quantia ainda teria servido para o pagamento de um advogado e essa operação também teve recibo.

Na última quinta-feira, inclusive, esse comitê fez uma nova reunião, colheu novas declarações e deve exibir um relatório com conclusões nos próximos dias. Corcione explica que tudo não passa de uma confusão da contabilidade do clube e faz questão de ressaltar a idoneidade de Busico e Renzo.

NOSSO COMENTÁRIO

Que o leitor chegue às suas próprias conclusões. Sugere-se, no mínimo, que as investigações continuem em andamento. Ainda sobre fraudes, nova matéria foi publicada na WEB, no dia primeiro de junho de 2012 sob autoria e responsabilidade do Sr. Ricardo Perrone:

INQUÉRITO POLICIAL INVESTIGA SUSPEITA DE DESVIO DE DINHEIRO E OUTRAS IRREGULARIDADES NO PALMEIRAS

Corre na 23ª Delegacia de Polícia de São Paulo um inquérito que promove devassa na vida do Palmeiras entre o início dos anos 2000 e 2010. Os investigadores farejam desvio de dinheiro, envolvimento de cartolas com empresários e sonegação fiscal, além de outras suspeitas.

A investigação começou no Ministério Público, em 2007. Um ex-funcionário, ao cobrar direitos trabalhistas, fez uma série de acusações. Uma delas é a de que a diretoria, então comandada por Mustafá Contursi, apresentava notas frias para justificar gastos informais. No MP, o ex-presidente e outros citados negaram todas as acusações.

Sem provas contundentes, a promotoria enviou o caso para Polícia Civil. E novas denúncias apareceram. Entre elas, está um contrato de seguro. O serviço teria sido pago a uma empresa que trabalha com eletrodomésticos, indício de uso de notas frias.

Empréstimo de dirigente para o clube sem contrato e pagamento feito por empresário de jogador para cartola engrossam o inquérito, que tem 11 volumes.

Mais de uma dezena de dirigentes deve ser ouvida. Os policiais pretendem chamar ex-presidentes e ex-diretores.

Um dos envolvidos nos trabalhos disse ao blog que tudo o que se imagina de irregularidade no futebol aparece nas denúncias. Daí a serem verdadeiras são outros quinhentos.

Muitas das denúncias são consideradas vagas e diretores citados não estão mais em seus cargos. A principal dificuldade da polícia nesse cenário é a produção de provas.

“Sei que existe a investigação, mas não tenho detalhes. Meu nome não aparece ali, não é nada recente, nada que diga respeito a essa administração”, afirmou Tirone ao blog.

NOSSO COMENTÁRIO

Espera-se, caro amigo leitor, que esse inquérito iniciado em junho de 2012 possa realmente realizar a varredura indicada na matéria e que muitos esclarecimentos sobre as mais diversas situações “obscuras” expostas nesse trabalho possam vir à tona, não somente com o objetivo de trazer esses esclarecimentos, mas, também de punir os culpados pelos desvios caso sejam confirmados, imputar penas financeiras exigindo o retorno do dinheiro, se de fator comprovados os desvios, aos

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cofres da Sociedade Esportiva Palmeiras e também coibir futuras ações que possam lesar o patrimônio dessa instituição.

CAPÍTULO 7

A CAMPANHA CONTRA A ARENA PALESTRA

A Arena Palestra Itália ou Nova Arena, como é chamada pelos milhões de palmeirenses distribuidos pelo globo terrestre, será a nova casa de futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras e terá como destino receber, além das partidas de futebol, eventos de outras naturezas. A construção da Nova Arena, no mesmo lugar onde se encontrava o antigo e saudoso Estádio Palestra Itália ou Parque Antárctica, iniciou-se no ano de 2010 e tem previsão de inauguração no final do ano de 2013. Sem a aplicação de um centavo oriundo de verbas públicas, a transformação do Estádio Palestra Itália em Arena, teve seu custo previsto em torno de R$ 300 milhões de reais. A realização dessa grandiosa obra, sem ajuda governamental de qualquer espécie e em qualquer nível (nacional, estadual ou municipal) só foi possível devido a um acordo assinado entre A Sociedade Esportiva Palmeiras e a empresa WTorre Properties/Arenas, do Grupo Wtorre. Nesse acordo, ficou estabelecido que, entre outras questões, a WTorre administrará a Nova Arena durante 30 anos exercendo totais direitos de uso, arcando com todas as despesas decorrentes da construção, uso e manutenção. Caberá à Sociedade Esportiva Palmeiras participação percentual nesses lucros que irão gradativamente crescendo no decorrer dos anos. O novo estádio tem previsão de capacidade para 46 mil lugares para espectadores sentados em partidas de futebol seguindo todas as recomendações/exigências da Federation International Footbol Association (FIFA). Várias outras benfeitorias também estão previstas como amplo estacionamento, quadras poliesportivas, etc. Segundo consta, o principal idealizador desse projeto e responsável pelo acordo com a Wtorre foi o Sr. Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras no biênio 09-10.

Apesar de todos esses aspectos que envolveram o acordo que possibilitou à Sociedade Esportiva Palmeiras adquirir sem custo algum um estádio novo, moderno e altamente rentável, não foram poucas as manifestações de “conselheiros” contrários à construção da obra Inicialmente colocando-se em oposição à formalização do acordo entre a Sociedade Esportiva Palmeiras e a empresa Wtorre e, depois de formalizado o contrato, manifestando-se contrários ao início das obras e, pior ainda, sugerindo a paralização das obras depois de iniciadas. Entre as manifestações, pode ser observada em matéria publicada em 28 de abril de 2011, na qual é apresentado um relato de entrevista do Sr. Mustafá Contursi ao site GLOBO ESPORTE, aos jornalistas Diego Ribeiro e Juliano Costa, conforme segue:

MUSTAFÁ CONTURSI REPROVA ARENA PALESTRA: “TOMARA QUE PARE A OBRA”

Crítico ferrenho da construção da Arena Palestra nos moldes propostos pela WTorre – com anuência da diretoria anterior, comandada por Luiz Gonzaga Belluzzo -, o ex-presidente do Palmeiras Mustafá Contursi sugere que as obras sejam paralisadas imediatamente. Ainda com enorme influência dentro do clube, o ex-presidente quer a revisão de vários pontos do contrato firmado com a WTorre. E diz que, caso a empresa não concorde, a saída pode ser judicial – mesmo que, para isso, “a comunidade palmeirense” tenha de arcar com os custos da reforma de um estádio que, hoje, está quase todo no chão.

Pelo contrato, a WTorre se compromete a bancar todo o investimento na Arena, orçada em R$ 300 milhões, mas fica com parte de todos os lucros gerados – renda de jogos, eventos, shows, venda de cadeiras, camarotes, etc. – por 30 anos. Mustafá quer reduzir isso pela metade. Nos cálculos do ex-presidente, a WTorre já vai recuperar todo o investimento em cinco anos.

Para Mustafá, a empresa e a antiga diretoria do clube agiram de “má fé” ao pressionar conselheiros e sócios a votarem pela aprovação do contrato. Mais de 80% se posicionaram a favor. Mustafá credita isso a uma “gigantesca estratégia de marketing”, criada para explorar o anseio da torcida em ter um estádio moderno “a qualquer custo.” Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Mustafá defendeu seus pontos de vista..

GE: Que pontos o senhor gostaria que fossem revistos no contrato?

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MC: Primeiro o prazo. Outra questão é aquele desastre todo dentro do clube. O cronograma não foi respeitado, é um absurdo, só isso já era suficiente para desqualificar a empresa. Primeiro deveriam mexer nas áreas sociais para depois iniciar a demolição.

GE: Mas o cronograma foi afetado por fatores alheios à vontade da empresa. Foram pelo menos dois anos para conseguir a liberação da Prefeitura.

MC: E como você vai confiar numa empresa que não sabe que a Prefeitura demora dois anos para liberar uma planta? Ela demora oito meses para liberar a planta de uma casa! (A WTorre) propõe um cronograma desses, engana 15 milhões de torcedores e agora quer bater na gente. Estão fazendo chantagem, mas não vamos nos acovardar em busca dos nossos direitos e convicções. Tudo está voltado para a ameaça. Vamos parar a obra? Ótimo! Tomara que pare a obra! Como não sabiam que demoravam dois anos e meio para aprovar um projeto? GE: Quando o cronograma foi apresentado, ninguém questionou isso?

MC: Mandamos para todos os associados um documento para o debate. Queríamos debater. Não houve debate. Na minha opinião, 80% dos conselheiros que aprovaram não tiveram conhecimento de cronograma, nada disso. Houve uma publicidade que levou a mensagem dizendo que era a modernidade, o futuro, que tínhamos de lutar por isso. Era a manifestação geral. Não estávamos contra, mas faltou o debate. Hoje o clube gasta milhares de reais para ter atividades fora do clube. Perdemos associados a cada mês. De janeiro para cá está acontecendo isso, são quase 3 mil a menos. Caiu de 13.160 para 10.830 em três meses.

GE: O senhor acha que houve má fé da empresa? Da diretoria anterior?

MC: De 80% daqueles que aprovaram, não.

GE: E dos que apresentaram o projeto?

MC: Sim, sem dúvida nenhuma.

GE: Mas má fé da empresa ou da diretoria que comandou o negócio?

MC: Acho que houve cumplicidade. Se os debates se estendessem, a relação de acordo não seria da forma como interessava para a empresa. Aquela ansiedade de ter um estádio moderno, ter Copa do Mundo... Tudo isso que está feito para ter dois jogos de Copa do Mundo não vale o risco.

GE: Mas o presidente Belluzzo sempre falou que não era para ter Copa. O projeto para 45 mil lugares não previa isso...

MC: Com 45 mil daria para ter. Os publicitários formadores de imagem falaram inclusive que iam trazer a Itália para jogar aqui.

GE: Para treinar, não?

MC: Não, jogar.

GE: Não, senhor. Nunca falaram em jogos de Copa. A ideia era trazer a Itália para treinar no novo estádio.

MC: Que seja.

GE: É diferente.

MC: Treinar é no Centro de Treinamento, está bom, não tem importância. Mas ouvi muitas vezes que teria jogo da Itália. Bem, isso é insignificante. Enfim, quem assinou não agiu levianamente, mas agiu sobre o impacto da ansiedade de ter uma nova arena. Achavam que não podiam dizer não.

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GE: Foi tudo precipitado, então?

MC: Claro, por isso pedimos o debate. Provei em uma reunião que em cinco anos a empresa recupera o investimento. Em 15 anos seria um contrato muito interessante, que era o nosso projeto inicial.

GE: De qualquer forma, o projeto foi votado e passou. O senhor foi voto vencido.

MC: Houve etapas não cumpridas. Sou intransigente na defesa dos interesses do clube. Há um dispositivo no Código Civil que diz que você pode contestar acordos em que há desequilíbrio entre as partes. Temos de lutar para melhorar a relação do Palmeiras, ou com essa empresa, ou com outra que vier...

GE: O senhor falava em construir a Arena, mas não conseguiu e recebe muitas críticas por isso.

MC: Desde os anos 90 há essa expectativa em torno do novo estádio. Foi por isso que houve aquela ansiedade que eu disse. Reconheço a responsabilidade que nós tivemos, mas já tínhamos começado o prédio de camarotes (do lado direito das cabines de TV, perto das piscinas). Era só demolir o restaurante e abrir os 149 camarotes, o dinheiro estava lá. O plano estava sendo seguido. Não estou comparando gestões. Não aconteceu? Paciência. Mas não é por isso que vai acontecer da pior maneira para o clube.

GE: O presidente Arnaldo Tirone o consulta antes de decisões sobre a Arena?

MC: Tenho colaborado pontualmente, como colaboraria em qualquer gestão. Minha manifestação é dentro do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização). O Tirone anda muito ocupado, por todos os problemas que o Palmeiras está enfrentando.

GE: O senhor acha que as obras podem mesmo ser paralisadas?

MC: Paralisar a obra não, porque aí o Palmeiras teria de tomar providências para finalizar isso de outra forma.

GE: Mas no início da entrevista o senhor disse: “Tomara que pare a obra”.

MC: Se for decisão deles, tomara que pare e vamos discutir. O Palmeiras não vai parar, vai procurar seus interesses, com eles (WTorre), ou com outros, ou com a própria força.

GE: Se fosse para a Justiça, a empresa estaria muito bem respaldada, não? Afinal, está tudo assinado pelo Palmeiras.

MC: Mas eles não estão cumprindo com vários pontos daquilo que foi assinado. E fantasiam muito. Eles falam que o Palmeiras deixaria de gastar R$ 9 milhões por ano nos jogos, mas provei no Conselho Deliberativo que são R$ 3 milhões.

GE: O senhor tem dito que a WTorre poderia recuperar em cinco anos todo o investimento feito na Arena (R$ 300 milhões) e o que viesse depois seria lucro para eles (por 25 anos). Como chegou a esse cálculo?

MC: Veja, nos cinco primeiros anos de cessão, o Palmeiras receberia 5% dos direitos de todo o faturamento da Arena. Em números redondos, seriam R$ 15 milhões. Para que o Palmeiras receba pelos 5% esse valor, quanto seria esses 95%?

GE: R$ 285 milhões...

MC: Isso, e esse número foi produzido por eles (Mustafá apresenta um prospecto feito pela própria empresa, mostrando o quanto o novo estádio renderia por ano). São números deles. O Palmeiras também receberia 20% sobre locações para jogos, shows, restaurante, lanchonete, academia, eventos... Nos primeiros cinco anos, 20% totalizam R$ 19 milhões. A WTorre receberia 80%, quatro vezes esse valor.

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GE: Por volta de R$ 76 milhões...

MC: Sim. Some isso aos R$ 285 milhões e dá R$ 361 milhões. Ou seja, em cinco anos eles já pagaram o estádio.

GE: Mas é um investimento da empresa, que está entrando com um dinheiro que o clube não tem para construir algo que o clube sempre quis. Natural que a empresa vá querer a contrapartida o mais rápido possível e o lucro por mais tempo, não? O Palmeiras concordou. O contrato está assinado.

MC: Sim, não estou discutindo o que eles fizeram, mas sim o que o Palmeiras fez. O que levou a fazer um negócio desses aí? A empresa não iria achar ruim, claro. Mas estou falando do equilíbrio entre as partes. São R$ 361 milhões em cinco anos para eles. E a gente?

NOSSO COMENTÁRIO

Ao observar as “palavras” do entrevistado entende-se a necessidade de destacar alguns pontos específicos. Entre esses pontos observamos que o Sr. Mustafá Contursi nem de longe lembra aquele Mustafá Contursi que em sua gestão mudou o estatuto do clube criando um movimento de censura sobre os associados e conselheiros. Não parece-lhe estranho, caro leitor, que apareça esse senhor solicitando democracia e a realização de debates e mais debates sobre a questão do acordo entre a Sociedade Esportiva Palmeiras e a WTorre? Outro ponto interessante foi observar o entrevistado usando um fato inverossímil (o uso da Arena na Copa de 2014) ou por má fé ou por desconhecimento a fim de justificar a sua opinião de que o acordo entre o Palmeiras e a WTorre ocorreu à toque de caixa. Em outro ponto, ainda que o próprio entrevistador tenha mostrado que a decisão sobre o fechamento do contrato entre o Palmeiras e a WTorre não foi decidida em um processo de consulta em que ele - Mustafá - foi derrotado ainda assim, o entrevistado resiste em aceitar a derrota do seu grupo, falando até em código civil com a finalidade de anular uma decisão em que 80% do conselho mostrou-se favorável. Não estaria, caro leitor, o próprio Mustafá Contursi ofendendo um dos itens do estatuto que ele mesmo ajudou a construir ao estar realizando críticas diretas ao processo legítimo que levou ao conselho decidir favoravelmente pelo acordo entre a Sociedade Esportiva Palmeiras e a WTorre? Não seria interessante se o Sr. Mustafá Contursi pudesse ser “punido” por esse ato? Outra questão a ser observada são os argumentos finais do Sr. Mustafá que o levam a posicionar-se contra a Nova Arena. Nesses argumentos a principal preocupação parece ser o lucro que a empresa WTorre irá ter, segundo ele o lucro será tão grande que em um prazo de cinco anos a empresa já terá o retorno de todo o investimento realizado. Então, em nenhum instante o entrevistado fala que a Sociedade Esportiva Palmeiras terá prejuízos com a Arena construída, a não ser no processo natural da construção, com o afastamento de alguns sócios, mas, não há como construir sem um “pouco de bagunça”, há? As críticas do entrevistado sobre o acordo parecem ser muito mais pelo que ele considera como “pouco lucro” do Palmeiras nos anos iniciais. Caro leitor, se o saudoso Palestra Itália continuasse em pé, que lucro o Palmeiras teria em termos de grandes eventos? E os custos de manutenção que o clube deixará de pagar com a Nova Arena, isso também não acaba revertendo-se em lucro? Sobre as “reformas” que o Sr. Mustafá Contursi afirma ter começado, a quem beneficiaria a construção de um prédio com mais de 140 camarotes?

Em 04 de Maio de 2011, Paulo Vinícius Coelho, jornalista da ESPN, teceu comentários em seu blog criticando a exigência de um seguro-garantia por parte do Sr. Arnaldo Tirone, presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras quando do início das obras da Nova Arena:

ESPECIALISTA DIZ QUE EXIGÊNCIA DO PALMEIRAS NÃO EXISTE NO MERCADO

A AON patrocina o Manchester United e é reconhecida como a principal empresa de seguros do mundo. No Brasil, seu diretor de produtos financeiros, Adriano Lanfranchi de Almeida, foi consultado por este blog para saber qual sua opinião sobre a exigência do Palmeiras, de ter um seguro-garantia de 100%, antes de assinar a ratificação da escritura da Arena Palestra. “Se o clube está dizendo isso, trata-se de uma bobagem. No mundo inteiro, não existe seguro dessa ordem para obras desse tipo.” A ratificação é o cumprimento de uma formalidade burocrática. A escritura foi assinada em junho de 2010, com a ressalva de que deveria ser ratificada quando estivesse estabelecido o seguro-garantia. Antes disso, os Conselhos Deliberativo e Fiscal do Palmeiras já haviam aprovado o contrato para a construção da nova Arena.

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Segundo Lanfranchi, os seguros-garantia foram criados no Brasil pela lei de licitações públicas, em 1993. Não têm por objetivo ressarcir o valor integral do projeto. Não se trata de um seguro como de um automóvel, com indenização prevista no valor avaliado do produto. Trata-se de um seguro de performance, ou seja, uma apólice que protege da falência da construtora. Que remunera uma parte do valor total a ser gasto, para ser aplicado enquanto se negocia outra construtora. “O dinheiro a ser pago varia de 5% a 20% do valor da obra, pela lei”, explica Adriano Lanfranchi. No caso da Arena Palestra, o seguro-garantia é de 38%. Em todas as reformas de estádios para a Copa do Mundo, Maracanã e Mineirão incluídos, a apólice é de 10%.

O presidente do Palmeiras considera desnecessário ter pressa para assinar a ratificação da escritura da Arena Palestra. A W. Torre deu prazo até sexta-feira. Tirone julga que pode não haver tempo para fazer isso, se precisar ouvir o Conselho Fiscal.

“Preste atenção. Eu vou ouvir o Conselho Fiscal, mas isso não significa que eu não vá assinar. Eu tenho o meu tempo. Esse é um negócio grandioso e não pode ser resolvido com pressa”, justifica o presidente do Palmeiras.

Tirone tem sido um bom presidente para o Palmeiras e toma decisões ao seu estilo, definido por aliados como “bagre ensaboado”. Esquiva-se e consegue o que pretende. No caso da Arena, pode ser diferente. Pela estrutura política do clube, é quase impossível contentar a todos os lados. O presidente terá de tomar uma posição clara, definitiva e rápida. Ou assina e entra na história como o dirigente que ergueu o novo estádio, ou não assina e deixa o clube em obras por tempo indeterminado.

Em ambos os casos, terá desafetos. Ou o grupo político de Mustafá Contursi, que faz restrições ao projeto da Arena. Ou um grupo de sócios que já anuncia processar Tirone por gestão temerária, no caso de atrasar a construção do estádio.

O empresário Walter Torre, sócio da construtora W. Torre, diz que a exigência de que a ratificação da escritura seja assinada até sexta-feira não se dá por uma queda-de-braço com o clube, mas como garantia para cumprir compromissos do momento atual da Arena: "Não se trata de minha empresa ficar nervosa com a relação com o Palmeiras, mas da necessidade de realizar compras importantes para este momento da obra", disse, em entrevista à rádio Bandeirantes, na última segunda-feira.

Além da ampliação do seguro-garantia, o Palmeiras exigiu ter acesso ao cronograma de obras. A construtora responde que o cronograma sempre esteve à disposição do clube e que só não tem sido visto porque o antigo diretor, José Cyrillo, responsável pela comunicação com a W. Torre, não foi substituído depois das eleições para presidente do Palmeiras.

NOSSO COMENTÁRIO

Suspeita-se, nesse caso, de pura e simples manobra política por parte do Sr. Arnaldo Tirone ao realizar tal ato. Será que o Sr. Tirone imaginava que após todos os acertos realizados e ratificados pelos conselhos gestor e fiscal da Sociedade Esportiva Palmeiras seria possível sobrepor a sua vontade à decisão dos conselheiros ao realizar exigências totalmente fora dos padrões do mercado? Caro amigo leitor, será possível que essas ações do Sr. Arnaldo Tirone não estivessem ocorrendo por influências do Sr. Mustafá Contursi? Questiona-se isso porque mais tarde, no dia 04 de dezembro de 2012, publicou-se no portal GLOBO com palavras do Sr. Arnaldo Tirone reconhecendo a importância da Arena afirmando que com o novo estádio o Palmeiras se tornará um dos clubes mais ricos do Brasil. Entende-se importante, nesse caso, ressaltar que tal reconhecimento do Sr. Tirone deu-se após o rompimento das relações de apoio à sua gestão por parte do Sr. Mustafá Contursi, noticiado na mídia em julho de 2011.

Ainda sobre a tentativa da gestão Tirone em “dificultar” o andamento das obras da Nova Arena, no dia 11 de Maio, o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO publicou a seguinte notícia:

OBRAS NA AREA PALESTRA ESTÃO PARALISADAS POR TEMPO INDETERMINADO

Os funcionários da WTorre, que nas últimas semanas começavam o seu trabalho na reforma do Palestra Itália diariamente às 8 horas, vão ter de mudar a rotina a partir desta quarta-

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feira. Eles já foram avisados que as obras para a futura Arena Palestra estão momentaneamente paralisadas. O presidente da empresa, Walter Torre, cansou de esperar pela definição de Arnaldo Tirone e resolveu dar um basta na situação. Sua medida pode ser revista caso o presidente palmeirense assine o novo contrato.

Torre aguardava a assinatura de Tirone até o final da tarde desta terça, prazo final que já havia sido estendido em três dias. Na última segunda, diretores e conselheiros do clube se reuniram na Academia de Futebol para discutir o contrato e a nova proposta da empresa, mas nada ficou acertado. A maior reclamação do Palmeiras é em relação ao seguro da obra, o chamado "seguro performance", que cobre 38% do valor total da construção (o estádio vai custar cerca de R$ 300 milhões) caso ela não saia do papel.

A WTorre já havia aumentado esta quantia (era de apenas 10%), mas, mesmo assim, Tirone pede mais. "Incluímos ainda na escritura uma garantia pessoal, minha e dos outros diretores da empresa, garantindo a fiança caso a obra não saia", disse Torre, nesta terça, à Agência Estado. "Eu já não sei o que eles querem de verdade. Estamos desde 14 de janeiro aguardando a assinatura do documento", lamentou.

Como ainda acredita que o Palmeiras vá arcar com o seu compromisso, Torre aguarda uma posição do clube sem acioná-lo na Justiça. Este, aliás, seria o último passo da empresa. Se Tirone assinar o documento nesta quarta, as obras voltarão a ser executadas.

Torre alega já ter gasto R$ 40 milhões na reforma do estádio e não pretende encerrar o acordo com o clube. Porém, a história vai mudar caso o Palmeiras postergue ainda mais a assinatura final. "Já estamos preparados com a documentação e temos as ferramentas jurídicas. Estamos 100% dentro do contrato", garantiu Torre.

O primeiro passo seria cada um nomear o seu advogado e, então, eles escolheriam um terceiro perito para analisar o caso. Após isso, demoraria cerca de um mês para a resposta - e só depois a Justiça entraria em ação. A WTorre, no entretanto, espera que o Palmeiras resolva logo esse imbróglio para que as obras continuem. "Não queremos que (as obras) fiquem paradas", falou.

Alguns conselheiros do Palmeiras alegam que outras construtoras já teriam entrado em contato com o clube caso a WTorre desista do negócio. Essa era uma forma de pressionar a construtora, que não ligou para as notícias e confirmou o que vinha ameaçando há tempos.

NOSSO COMENTÁRIO

Quando são analisadas as notícias, não seria possível imaginar que todos os atos da diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras que levaram à paralisação das obras de construção do novo estádio teriam ocorrido de forma orquestrada? Se observarmos a entrevista inicial dada pelo Sr. Mustafá Contursi criticando com veemência o acordo realizado, ainda que aprovado por 80% do conselho, chegando a afirmar que queria a paralisação das obras. Se recordarmos o fato citado nos capítulos anteriores de que o Sr. Mustafá Contursi apoiou a candidatura do Sr. Tirone e, mais do que isso, posicionou-se como um dos seus conselheiros “de cabeceira”. Depois, observando as exigências contratuais descabidas do Sr. Arnaldo Tirone tentando sobrepor a sua vontade à já declarada aprovação dos conselhos gestor e fiscal. Os fatos não se encaixam? Porém, em nome do bom senso, ou, mais provavelmente por pressão política, o Sr. Arnaldo Tirone acabou assinando o contrato com a WTorre em 13 de maio, pondo fim ao imbróglio por ele mesmo criado.

Resolvido o problema? Danilol Lavieri, setorista do portal IG, publicou a seguinte notícia, em 29 de Setembro de 2011:

INDEFINIÇÃO DE LOCAL DA SAUNA ATRASA OBRAS DA ARENA PALESTRA

Afinal, onde vai ficar a sauna do Palmeiras após as reformas da nova Arena? A pergunta que parece ser irrelevante para o torcedor que só pensa no time de futebol está causando uma verdadeira dor de cabeça para a WTorre e também para a comissão que representa os interesses do clube. Sem um lugar no projeto que foi assinado antes das obras começarem, a pequena sala que servirá para sócios suarem um pouco está atrapalhando o andamento das obras.

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O enrosco começou ainda na administração passada, quando o representante do clube era José Cyrillo Júnior. O conselheiro havia acordado com a empresa de engenharia que, para as reformas não atrasarem muito por causa da sauna, as obras começariam antes mesmo desta definição. O acerto seria feito entre eles durante as demolições. Fato é que um acordo não saiu, a administração mudou e os representantes também. Agora, nomes como Pasquale Bruno e Alberto Strufaldi conversam com representantes da WTorre atrás de uma solução, mas ainda não a encontraram.

“Quando eu saí do Palmeiras, passei tudo para o Strufaldi. Assinamos um projeto sem um lugar para ela, mas conversaríamos a respeito. Inicialmente, a sauna ficaria nos vestiários, mas vimos que isso tiraria muito espaço útil do vestiário, por isso chegamos a conversar em colocar no prédio de quadras, mas ainda não tínhamos chegado a um acordo definitivo”, disse Cyrillo, que hoje não tem função administrativa e recebe críticas por ter "escondido" o projeto enquanto estava à frente das definições.

Em conversas recentes com a empresa, chegou-se a um acordo de que a sauna seria construída na área em cima dos novos vestiários, onde, originalmente, ficarão os caminhões das televisões que fazem a transmissão do jogo. Para que isso acontecesse, o clube cederia espaço de duas quadras durante os dias de jogos para que os veículos pudessem ter um bom lugar para estacionar.

O problema é que as quadras, no projeto original, são de propriedade do clube e, para que isso fosse colocado no papel, para evitar problemas futuros, o Palmeiras precisaria assinar um documento cedendo a área por cerca de 30 dias ao longo do ano para a WTorre. Isso provocaria uma nova votação entre os associados, já que a mudança do contrato não pode ser feita sem a aprovação da maioria. Há, também, a ala de conselheiros que culpa Piraci Oliveira, dizendo que o diretor jurídico tenta de todo jeito atrasar a obra.

Sendo Piraci o responsável por isso ou não, a obra do estádio já está atrasada em cerca de 30 dias em parte do estádio. Isso porque o Palmeiras não quer ocupar o novo vestiário enquanto não tiver uma definição da sauna. Sendo assim, não desocupa os vestiários antigos, que ficam embaixo da arquibancada e também na parte inferior a parte do gramado que será derrubado, atrás do gol das piscinas.

Sendo assim, o processo de demolição daquele local fica prejudicado, assim como a etapa que faz as fundações para que o estádio possa crescer naquele local. Antes, o prazo era para que a desocupação dessas instalações fosse feita em 19 de setembro. Dez dias depois, ninguém prefere cravar uma data para que a mudança aconteça. Chegou-se a cogitar a instalação da sauna no prédio de quadras e no administrativo, mas ainda não houve acordo. Enquanto isso, WTorre e Palmeiras tentam entrar em acordo para que a obra não atrase ainda mais.

NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se, nesse caso, importante recordar o fato de que o Sr. Piraci Oliveira, mais um dos conselheiros que buscou dificultar o desenvolvimento das obras de construção da Nova Arena, foi um dos três conselheiros entre os 173 votantes do Conselho Deliberativo que se posicionaram contra a aprovação do projeto da construção de um novo estádio, antes mesmo de se definir pela escolha da empresa WTorre.

CAPÍTULO 8

A GESTÃO TIRONE E FRIZZO: A DESCONSTRUÇÃO

Além da questão comentada no capítulo anterior, envolvendo a resistência oferecida pela gestão do Sr. Arnaldo Tirone em assinar documentos que permitiam dar continuidade ao andamento das obras de demolição do antigo estádio Palestra Itália e permitir o início de construção da Nova Arena, entende-se a necessidade de que outras situações envolvendo casos e descasos dessa diretoria que precisam ser analisados. Estaria a gestão Tirone tentando deliberadamente desconstruir todos os atos pendentes e que haviam sido encaminhados pela gestão anterior? Buscando subsídios, inicia-se esse capítulo recordando o imbróglio gerado pelo vice-presidente do clube, Sr.Roberto Frizzo, com o técnico Luiz Felipe Scolari, sobre a suspensão das despesas de hospedagem da funcionária que exercia a função de nutricionista dos atletas que compunham o elenco profissional do departamento de

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futebol do clube. A notícia foi publicada no site GLOBO ESPORTE em 05 de março de 2011, dois meses após a eleição de Tirone:

FELIPÃO SE IRRITA COM ECONOMIA DE DIRETORIA E DEIXA CONCENTRAÇÃO

A contenção de gastos promovida pela diretoria do Palmeiras começa a tirar do sério o técnico Luiz Felipe Scolari. Nesta sexta-feira, o Palmeiras decidiu que a nutricionista Alessandra Favano não precisaria mais se concentrar com o elenco nas vésperas dos jogos, o que significaria uma diária a menos de hotel para pagar. Felipão, porém, irritou-se com a medida e chegou a deixar a concentração na tarde de sexta para dar seu lugar à nutricionista. Segundo informações da diretoria, ele voltou e pernoitou com o grupo,

Antes do jogo contra o Santo André, neste sábado, o técnico não quis se pronunciar sobre o assunto e demonstrou certo desconforto. A tradicional entrevista coletiva que ele concede após os jogos foi cancelada. O vice-presidente Roberto Frizzo admitiu a economia, mas preferiu minimizar o fato.

- Isso faz parte de um corte de gastos, é natural o que estamos tentando implantar. É preciso reequilibrar as contas do Palmeiras, e para isso vamos economizar em tudo que for supérfluo. A nutricionista mora em São Paulo e julgamos que não seria necessário colocá-la na concentração - disse o dirigente, antes da partida deste sábado.

A política de contenção do Palmeiras já havia impedido o clube de contratar reforços, principalmente um centroavante. A última das tentativas, com Ricardo Bueno, do Atlético-MG, melou depois que o clube mineiro só aceitou negociar o atacante em definitivo. O Alviverde buscava um empréstimo ou troca por algum jogador do elenco.

Felipão já liberou espaço na folha salarial do clube para a chegada de novos nomes, com as saídas de Edinho, Vitor e Tadeu. Além disso, colocou Lincoln e Maurício Ramos na lista de negociáveis do Palmeiras. A intenção é envolver a dupla em alguma negociação para poder gastar menos.

NOSSO COMENTÁRIO

Faz-se necessário recordar que o técnico da Sociedade Esportiva Palmeiras não foi contratado pelo clube nessa gestão e sim pela gestão anterior, comandada pelo ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo. Nesse caso, percebe-se que a ação do vice-presidente do Palmeiras já teria criado, logo na primeira semana de trabalho frente ao clube, um certo desconforto na sua relação ou, melhor dizendo, na relação da diretoria com técnico de futebol. Por que? Primeiro porque a decisão do Sr. Frizzo de impedir a nutricionista de permanecer prestando serviços durante o período da concentração dos atletas parece ter ocorrido sem nenhuma consulta ao técnico. Estando o técnico à frente, como comandante de uma comissão técnica do futebol, não seria natural a necessidade de, diante de qualquer decisão à respeito de modificações na estratégia relacionada ao futebol passasse ao menos pela consulta desse comandante? E quanto às contratações, as solicitações do técnico seriam ou não consideradas? Seria a contenção de gastos efetivamente o principal objetivo da diretoria ao tomar tal decisão?

Se as ações da diretoria comandada pelo Sr. Tirone buscavam gerar economia aos cofres da Sociedade Esportiva Palmeiras, como explicar o fato de que essa mesma diretoria desperdiçou a oportunidade de conquistar alguns euros para os cofres do clube? Esse dinheiro seria arrecadado com a participação do time profissional do Palmeiras em dois amistosos que seriam realizados na Espanha. O portal LANCENET publicou uma matéria em 11 de março de 2011 na qual o Sr. Roberto Frizzo “explicou” a razão do cancelamento desses amistosos:

DIRETORIA CANCELA AMISTOSOS DO VERDÃO NA ESPANHA

O retorno do Palmeiras aos gramados do futebol europeu está adiado. A diretoria resolveu cancelar os amistosos que faria na Espanha no fim deste mês de março. Dessa vez, não foram os problemas financeiros que atrapalharam o planejamento. Segundo dirigentes houve uma falta de "congruência".

- Os jogos foram cancelados. Pelo conjunto da obra, não ficou uma coisa congruente. As partidas eram em datas liberadas pela Fifa e até iríamos receber para disputá-las. Mas na análise de toda a conjuntura, achamos melhor não viajar - afirmou o vice-presidente de futebol do Verdão, Roberto Frizzo ao LANCENET!.

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O Alviverde disputaria dois amistosos na Espanha. O primeiro, em 29 de março, contra Betis ou Mallorca. Já o segundo seria no dia 31, contra o Espanyol, em Barcelona. Pela programação inicial, a delegação viajaria no dia 26 e retornaria em 1º de abril. Nesse período, o time teria de pedir a alteração das datas dos jogos contra Bragantino, pelo Paulistão, e Uberaba-MG, pela Copa do Brasil.

NOSSO COMENTÁRIO

Caro leitor, se o clube tinha disponibilidade de data, iria receber um bom dinheiro para jogar dois amistosos, haveria a liberação do clube para realizar essas partidas e o vice-presidente diz que o Palmeiras acabou não realizando os amistosos pela falta de congruência, à que conclusão pode-se chegar? Procurando-se no dicionário o significado da palavra “congruência” encontram-se como sinônimos as palavras igualdade e coincidência. Caro Sr. Frizzo, faltou igualdade em quê? Coincidência com o quê? Que conjuntura foi analisada desfavorável a ponto de “acharem” melhor não viajar? Teria sido o fato de que esses amistosos foram acertados pela diretoria anterior, comandada pelo seu opositor o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo?

O óbvio é que o Palmeiras deixou de arrecadar dinheiro, mas, talvez ainda mais importante que o dinheiro não arrecadado, não teria sido ocorrido total falta de visão da diretoria em desperdiçar uma oportunidade ímpar do Palmeiras voltar a atuar em gramados da Europa?

Nesse sentido, julga-se importante recordar que o futebol profissional da Sociedade Esportiva já brilhou em gramados espanhóis conquistando por três vezes o famoso troféu Ramón de Carranza. O Palmeiras foi o primeiro clube brasileiro a conquistar esse troféu no ano de 1969, vencendo ninguém mais, ninguém menos que o time do Real Madrid. Aliás, nas duas outras conquistas palmeirenses, o Palmeiras voltaria novamente a impor uma derrota ao Real Madrid, desta feita no ano de 1975, vencendo também o poderoso Barcelona de Cruyiff em 1974.

Questiona-se se não seria básico o princípio de um gestor em buscar colocar o seu trabalho, o produto de sua empresa ou mesmo a empresa que ele está comandando em evidência em um mercado tão importante quanto é o mercado europeu? Uma gestão no futebol com essa falta de visão tende a desempenhar um trabalho efetivamente profissional? Seria essa falta de visão das coisas um prenúncio do que resultaria a gestão comandada pelos Srs. Tirone e Frizzo? Comparando a economia ocorrida com a diminuição dos custos de estadia não permitindo o alojamento da nutricionista com os atletas nas concentrações e os valores que deixaram de ser arrecadados quando o time do Palmeiras deixou de realizar os dois amistosos nos gramados espanhóis, caro leitor, não seria possível notar, parafraseando o Sr. Frizzo, “uma certa falta de congruência” por parte dessa diretoria?

Dando seqüência ao suposto processo de “desconstrução”, em 27 de maio de 2011, o site MÁQUINA DO ESPORTE divulgou a seguinte notícia:

PALMEIRAS PLANEJA RESSUSCUTAR AVANTI EM DOIS MESES

O Avanti, programa de sócios-torcedores do Palmeiras, está com os dias contados. Após a eleição de Arnaldo Tirone como presidente e a nomeação de nova diretoria de marketing, agora composta por três diretores, um dos focos do clube será a reformulação da campanha. A previsão é que nova ação seja lançada em julho.

"Nós entendemos que sócios-torcedores têm de ter vantagens que talvez o Palmeiras não tenha dado até agora", avalia Rubens Reis Júnior, diretor de marketing do Palmeiras. "Nós vamos pensar em descontos, brindes melhores, mais comodidade, mas é certo que precisamos alavancar isso em dois anos de forma violenta".

O Avanti, caso não seja totalmente extinto pelos novos dirigentes, deverá ser profundamente revitalizado, com alterações em preços, modalidades de adesão e vantagens concedidas. O intuito é tornar o Palmeiras um dos clubes com mais associados do país, algo que, nas atuais condições, está muito distante de acontecer.

Em outubro do ano passado, quando Rogério Dezembro ainda era diretor de marketing da equipe paulista, o programa de sócios do Palmeiras registrava quatro mil filiados. Esse número foi atingido depois de mais de um ano de existência da ação. O fracasso palmeirense, à época, foi creditado aos preços, que foram reduzidos.

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Mesmo com valores 20% mais baixos e com a chegada de ídolos da torcida, como Kléber e Valdivia, o departamento de marketing do clube não conseguiu emplacar o Avanti. Agora, com Bruno Frizzo, Marco Polo Del Nero Filho e Rubens Reis Júnior como diretores de marketing, o Palmeiras espera enfim acertar no novo programa.

NOSSO COMENTÁRIO

O programa Avanti foi criado a fim de angariar sócios torcedores à Sociedade Esportiva Palmeiras e colocado em ação no ano de 2009, sob a gestão do Sr. Luiz Gonzaga Belluzzo. O programa foi paralisado quando do início da gestão Tirone, em 2010 com a justificativa de que precisava passar por melhorias a fim de tornar-se mais atrativo. O relançamento do programa deu-se apenas em junho do ano de 2012. Entende-se, nesse caso, a necessidade de um esclarecimento por parte dos dirigentes da Sociedade Esportiva Palmeiras se o tempo superior a um ano utilizado para fazer essas modificações no programa foi realmente necessário e também se as modificações realizadas trouxeram as melhorias idealizadas e conseqüentemente um maior número de sócios ao programa ou não. Interessante seria também uma leitura mais profunda sobre as duas versões do programa Avanti, a fim de verificar quais são os direitos desse tipo de “associação” perante os trâmites internos do clube como, por exemplo, direito de voto. Por meio dessa análise seria importante verificar se ocorreram ou não modificações sensíveis na segunda versão do programa Avanti em relação aos direitos do associado. Com a palavra os conselheiros.

Outro caso “interessante” da gestão Tirone refere-se aos novos empreendimentos, no caso, a construção do novo Centro de Treinamento na cidade de São Roque, próximo de São Paulo. Vejam a notícia veiculada no site globo.com em 06 de junho de 2011:

APÓS VISITA À SÃO ROQUE, TIRONE SE ACERTA E GARANTE OBRAS DE NOVO CT

Com início previsto para o primeiro semestre de 2011 e adiado para o fim do ano, a obra do novo CT para as categorias de base do Palmeiras, em São Roque, vai mesmo sair do papel. Após visitar a cidade e se reunir com o prefeito Efaneu Godinho, o presidente Arnaldo Tirone acertou os últimos detalhes para sacramentar o início dos trabalhos no terreno, cedido pela prefeitura em troca da contratação de mão de obra local e apoio a programas de incentivo ao esporte na cidade. O prazo de entrega é de 18 meses.

- Conversei com o prefeito, visitamos o terreno. Tudo que foi determinado vai sair do papel, agora é questão de tempo para definir as últimas burocracias. Mas para quem achava que não sairia, aí está. Vamos trabalhar muito para entregar tudo nos prazos estipulados – destacou Tirone.

A reunião foi na quarta-feira passada, e agora o Palmeiras confirma a retomada do projeto, lançado na gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo – seu vice, Gilberto Cipullo, foi o principal idealizador. O terreno em São Roque, a 60 quilômetros de São Paulo, tem 65 mil metros quadrados e fica, segundo o clube, em um bairro de fácil acesso. Atualmente, a base treina em um CT em Guarulhos, próximo ao Parque Ecológico do Tietê. Problemas ambientais impedem a ampliação do espaço.

A obra será realizada em parceria com a construtora Carbone, o escritório de advocacia Pinheiro Neto e a agência de marketing Brunoro Sport Business, de José Carlos Brunoro, e está orçada em cerca de R$ 30 milhões. O principal diferencial será um alojamento para 80 atletas. Os recursos virão de uma Lei de Incentivo Fiscal, e o projeto já é aprovado junto ao Ministério do Esporte. A intenção também é utilizar o CT na pré-temporada da equipe profissional. Dentro do Palmeiras, a expectativa era enorme pelo acerto com São Roque. Em reunião com os Eternos Palestrinos, grupo de sócios remidos que ajuda o clube, Tirone foi questionado sobre a viabilidade do novo CT e respondeu que as obras seriam realizadas. Para que as máquinas comecem a trabalhar, ainda faltam documentações exigidas pela prefeitura, que devem ser entregues nas próximas semanas.

NOSSO COMENTÁRIO

Destacou-se em negrito o trecho da notícia no terceiro parágrafo a fim de frisar que a idéia e os trâmites iniciais que permitiriam o acordo para a construção do novo CT partiu da administração do Sr. Belluzzo e não do Sr. Tirone. De acordo com a afirmação do presidente Tirone, tudo estava certo e o início das obras para a construção do novo CT aconteceria entre final de 2011 e o início de 2012. Contudo, passados aproximadamente seis meses daquele que seria o prazo estipulado para o seu início, as obras ainda não estavam

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ocorrendo. No início do mês de junho de 2012 o site UOL em parceria com a FOLHA DE SÃO PAULO publicou a seguinte matéria:

PALMEIRAS PERDE CHANCE DE TER CT DE R$ 27 MILHÕES

O Palmeiras desperdiçou aproximadamente R$ 27 milhões ao engavetar projeto de construir um centro de treinamentos para categorias de base financiado exclusivamente com dinheiro público. Apesar de ter recebido área de 65 mil metros quadrados em São Roque (a 66 km de São Paulo) e de ter obtido autorização para captar cerca de R$ 23 milhões, o clube nunca iniciou as obras. Os prazos para usufruir dos incentivos já expiraram.

A Prefeitura de São Roque já notificou o Palmeiras, pedindo a devolução do terreno avaliado em R$ 4 milhões que havia sido concedido ao clube para abrigar o novo CT.

Segundo o diretor de desenvolvimento econômico da cidade, Leodir Ribeiro, o acordo acabou em 6 de abril, e o time tem até a próxima semana para entregar a área."Temos outros projetos para instalar lá. Fizemos nossa parte. Todos os alvarás foram aprovados. Acho que eles estão perdendo um negócio muito bom", disse Ribeiro.

A data limite para levantar com empresas interessadas o dinheiro para financiar a obra também ficou no passado.

NOSSO COMENTÁRIO

Observem que o Palmeiras iria desembolsar muito pouco para realizar esse empreendimento, pois a verba seria concedida quase que na totalidade pelo Ministério do Esporte, por meio da Lei de Incentivo Fiscal. Em contrapartida caberia à Sociedade Esportiva Palmeiras a obrigação de fornecer treinamento a técnicos e professores da cidade. Entende-se, portanto, que o ocorrido só pode demonstrar a má fé ou má vontade por parte dessa diretoria em relação a dar continuidade aos projetos já iniciados na gestão anterior, como no caso dos jogos amistosos do Palmeiras na Espanha, ou a total falta de capacidade da atual diretoria comandada pelo Sr. Arnaldo Tirone em gerir o clube. De qualquer forma, assim como no caso dos jogos amistosos que deixaram de ser realizados em campos da Europa, mais uma vez os cofres da Sociedade Esportiva Palmeiras acabaram sendo lesados em função de erros da administração Tirone e mais uma vez, ações pendentes e que haviam sido encaminhadas pela gestão anterior acabaram não tendo continuidade.

Outra situação que mostra o despreparo do grupo comandado pelo Sr. Tirone em gerir a Sociedade Esportiva Palmeiras foi mostrada pela matéria do portal MARCA BRASIL – IG, publicada em 14 de Dezembro de 2011:

PALMEIRAS ATRASA PAGAMENTOS E MULTA POR EWERTON CRESCE 100%

O Palmeiras desperdiçou mais de R$ 600 mil devido a um atraso de três meses no pagamento da multa rescisória do atacante Ewerthon. Devido à demora, o clube precisou pagar em dobro os direitos de imagem do atleta, divididos em cinco parcelas e com vencimento em datas diferentes.

O detalhe é que os departamentos financeiro, jurídico e administrativo do clube, além do setor de contabilidade, foram avisados no dia 2 de fevereiro de 2011 que precisariam quitar pelo menos uma parte da dívida até o dia 15 de abril do mesmo ano para evitar o aumento do problema. E tudo isso aconteceu justamente no período em que o clube fazia de tudo, até cortava impressoras coloridas, para economizar dinheiro.

O iG teve acesso a dois documentos. Um deles mostra o acordo feito entre Palmeiras e jogador. Segundo apurou a reportagem, Ewerthon deixaria o clube com direito a receber cerca de R$ 3,2 milhões. O valor foi diminuído após acordo comandado pelo ex-advogado do Palmeiras André Sica, ainda na gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo. O saldo devedor caiu para R$ 1,7 milhão, valor dividido em R$ 1,1 milhão de direitos trabalhistas e os R$ 600 mil de direitos de imagem. A única condição imposta pelo atacante foi uma grande multa em caso de atraso.

A primeira parcela, vencida em 19 de janeiro de 2011, com o valor de R$ 202 mil, foi paga normalmente ainda pela gestão de Belluzzo. As três na sequência, cada uma no valor de R$ 100 mil e com vencimento nos dias 15 de fevereiro, 15 de março e 15 de abril, foram deixadas de lado, acarretando em um aumento de R$ 600 mil para R$ 1,2 milhão. O detalhe é que, pelo acordo, esse valor que era parcelado precisaria ser pago à vista.

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Arnaldo Tirone ficou sabendo do atraso e foi imediatamente cobrar o então gerente administrativo, Sérgio do Prado, que se defendeu com um documento protocolado por todas as áreas. O cargo de Sérgio não permitia que ele pagasse as dívidas, já que sua função era apenas gerenciar os problemas e delegar as funções. Neste caso, o pagamento ficaria sob responsabilidade do vice-financeiro Walter Munhoz e dos funcionários contratados para aquele setor, encabeçado por Marcos Bagatella, indicado de Mustafá Contursi.

“Eu fui atacado covardemente por várias vezes pelas mesmas pessoas. O que joga do meu lado é a verdade, que não prescreve. Eu sempre cumpri minhas funções do jeito mais correto possível e sempre fui atacado. Mesmo encaminhando os documentos e provando que a culpa não era minha, as pessoas insistiam em tentar me derrubar”, comentou Sérgio em contato com o iG. “Eu enviei documento até para quem nem devia falar nada e ficou me criticando”, completou.

Questionado sobre o problema, Gilto Avallone respondeu com versões contraditórias. Primeiro, afirmou que o departamento financeiro foi avisado quando a dívida já havia sido vencida. Depois, informado do documento, disse que precisaria buscar mais detalhes e solicitou contato com Walter Munhoz para melhores explicações.

Também em contato com o iG, Walter Munhoz reclamou da alta dívida deixada pela gestão anterior e disse que o clube renegociou os valores devedores. O vice-financeiro apontou um suposto rombo ao assumir o setor e citou vários números. Mas não disse se a dívida com Ewerthon aumentou ou diminuiu e nem comentou o motivo do atraso do pagamento.

“No dia 18 de janeiro, um dia antes do término da gestão, foi assinada a rescisão antecipada do contrato de trabalho do jogador. Com o clube com saldo bancário de R$ 1,256 milhão e dívidas já vencidas e não pagas pela gestão de R$ 50,056 milhões, tentamos desde o início renegociar o valor, sem sucesso. No dia 28 de novembro, foi conseguido um acordo com os advogados do jogador. Agora, a dívida será paga em 12 parcelas, sendo que a primeira vence no dia 15 de dezembro e a última no dia 16 de novembro de 2012”, afirmou ele por meio de e-mail.

Por meio de seu empresário, Ewerthon também não falou em valores e apenas confirmou que o pagamento do acordo ficou atrasado em mais de seis meses, mas que um novo acordo foi feito e que a dívida seria paga.

A reportagem ainda tentou contato com o presidente Arnaldo Tirone por celular desde sexta-feira e não obteve retorno. Marcos Bagatella, gerente financeiro, disse que não fala com a imprensa. O diretor jurídico, Piraci Ubiratan, não respondeu às tentativas. André Sica, o ex-advogado do clube, apenas afirmou que fez parte das renegociações, mas não quis comentar o tema.

NOSSO COMENTÁRIO

Seria essa mais uma demonstração de revanchismo da atual gestão com a gestão anterior? Estaria a gestão Arnaldo Tirone mais interessada em desmontar as ações pendentes da gestão anterior do que realmente desenvolver ações que levem ao crescimento e engrandecimento da Sociedade Esportiva Palmeiras? O fato é que o atraso dos valores devidos ao atleta Ewerton e o aumento dos valores a serem pagos devido à multa prevista levou a um grupo de conselheiros a pedir uma investigação mais apurada do fato, uma vez que havia indícios de que o diretor jurídico do Palmeiras, Sr. Piraci Oliveira, estaria envolvido na questão. Sobre essa ação dos conselheiros foi divulgada matéria na seção DE PRIMA, publicada pelo LANCENET em 17 de Janeiro de 2012.

PIRACI É ALVO DE INVESTIGAÇÃO NO PALMEIRAS

Quinze conselheiros do Palmeiras entraram na semana passada com um pedido de investigação contra Piraci Oliveira. O diretor jurídico é visto como responsável pelo aumento da dívida do clube com Ewerthon. Ele, no entanto, afirma que não se envolveu na rescisão com o atacante e que a dívida é muito inferior a R$ 600 mil, como declarado pelos conselheiros.

NOSSO COMENTÁRIO

Em outra mão de conduta, ou seja, de forma contrária aos quinze conselheiros que manifestaram-se preocupados com o prejuízo decorrente desse “esquecimento” por parte da

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diretoria, manifestou-se o Sr. Arnaldo Tirone com um certo descaso sobre o suposto envolvimento do Sr. Piraci no prejuízo de 600 mil reais causados pelo aumento de 100% da multa do jogador Ewerton. A manifestação do Sr. Tirone, pode ser observada na matéria transcrita abaixo, conforme foi publicada no site VERDAZZO! Em janeiro de 2012:

Imagine que você é um ex-jogador em atividade, está na sua casa de praia descansando, e de repente toca seu celular. Do outro lado da linha, alguém lhe diz: “olha, eu sei de um jeito que você pode ganhar R$ 600 mil, dentro da lei, é só você me dar uma parte e ficar calado“. Se foi isso o que realmente aconteceu, ninguém sabe, mas não dá para descartar a hipótese.

O caso tem que ser investigado com rigor, mas parece que a diretoria do clube, estranhamente, se resignou com a perda e vai varrer a sujeira pra baixo do tapete. A mesma diretoria que criou caso por causa de diária de nutricionista no hotel, que cortou o toner colorido nas impressoras, que demitiu profissionais competentes, sempre sob a justificativa de cortar gastos – ou migalhas. Se somarmos todas essas “economias” não se chega a esses R$ 600 mil. Há duas semanas o grupo Fanfulla promoveu uma confraternização de fim de ano, como é tradicional, na Academia de Futebol. Já quase no fim, depois que vários associados já tinham deixado o local, Tirone chegou para prestigiar o evento. Além de ter sido cobrado severamente durante cerca de uma hora e meia sobre diversos assuntos, desde contratação de atletas, passando por gestão, marketing, política, bastidores, e tudo o mais que os leitores possam imaginar, foi questionado sobre esse caso. Sua resposta foi preocupante.

- O Piraci [de Oliveira] perdeu nessa, mas já ganhou bastante em outros assuntos. O saldo é positivo.

Isso foi dito na frente de cerca de 50 associados. De maneira inacreditável, o presidente do clube justificou a queima de seiscentos mil reais com outros supostos ganhos para o clube por parte do departamento jurídico. Claro, gerou muita indignação, e mais cobranças. Tirone manteve-se minimizando o caso.

NOSSO COMENTÁRIO

Observa-se no primeiro parágrafo da matéria publicada no site VERDAZZO, destacado em negrito que, de fato, investigações seriam e continuam sendo necessárias a fim de esclarecer de uma vez por todas qual foi a quantia paga ao referido atleta decorrente da tal multa. E também para esclarecer se o erro ocorreu por falta de competência ou de propósito, por má fé e interesse nas circunstâncias ou oportunidades geradas pelo ato.

Outra situação exemplificando o suposto processo de “desconstrução” por parte da gestão Tirone de todos os acordos firmados pela gestão anterior, deu-se quando o Comitê de Orientação Fiscal, liderado pelo Sr. Mustafá Contursi “conseguiu” a reprovação de um acordo financeiro conquistado pela diretoria anterior permitindo quitar dívidas, entre elas à da contratação do atleta chileno Valdívia, contratado para compor o elenco profissional de futebol do clube. Segundo consta, a diretoria da gestão Belluzzo havia conseguido um aporte financeiro que garantiria quitar boa parte das dívidas do clube, incluindo a dívida contraída na contratação de Valdívia. Na época, o COF, comandado pelo grupo do Sr. Mustafá Contursi, recomendou ao Banif não fornecer o aporte financeiro pois, caso a gestão Beluzzo ou seus aliados não vencessem a eleição do ano seguinte, não haveria garantias para que o acordo financeiro fosse cumprido, o que levou a instituição a negar o aporte. Com isso, as dívidas de momento, inclusive a relacionada à contratação do atleta Valdívia, não foram pagas. Ao não ocorrer o pagamento da dívida usando o acordo realizado pela gestão anterior, a forma encontrada pela gestão Tirone para resolver o problema foi publicada em 20 de Dezembro de 2011, pelo portal GLOBO.COM.

POR VALDÍVIA, PALMEIRAS FAZ “CREDIÁRIO” E PAGARÁ 157% DE JUROS ATÉ 2015

Mesmo jogando pouco e contestado por parte da torcida e diretoria, Valdivia vai custar caro aos cofres do Palmeiras. Bem caro. O investimento, que era de R$ 14 milhões, deve acabar na casa dos R$ 36 milhões, por conta de juros e correção - 157% a mais do que o valor original. Valdivia foi contratado em agosto de 2010 do Al-Ain, dos Emirados Árabes. Como o Verdão não tinha recursos próprios, recorreu a uma carta de crédito de € 6,2 milhões (R$ 14

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milhões na época) do Banco Banif. Foi a saída encontrada pela direção anterior, comandada por Luiz Gonzaga Belluzzo, para bancar o retorno do então queridinho da torcida.

Belluzzo saiu, um novo grupo assumiu, e a dívida foi sendo postergada. O novo presidente, Arnaldo Tirone, também não conseguiu juntar recursos para pagar a dívida, que vencia em agosto. O Banif concordou em postergar a cobrança por mais alguns meses. Mas o prazo acabou. E um novo acordo teve de ser costurado

O clube parcelou a dívida que tem com o Banif em 48 pagamentos, de valores não confirmados oficialmente, mas que chegam a aproximadamente R$ 750 mil cada. No fim, o Palmeiras vai pagar mais do que o dobro do valor inicial: cerca de R$ 36 milhões.

Com o parcelamento, a dívida só termina de ser paga entre o fim de 2015 e o início de 2016 – o vínculo do Mago com o Verdão vence antes, em agosto de 2015. Ou seja: Valdivia terá 32 anos quando o Palmeiras terminar de pagar a dívida pela sua contratação. No valor final estão incluídos todos os encargos burocráticos da transação, que não tinham relação com o Banif, mas foram atrelados ao mesmo pagamento depois de um acordo.

Em agosto deste ano, o total da dívida chegava a R$ 20 milhões. Os juros embutidos pelo banco farão o número aumentar muito. O vice-presidente financeiro Walter Munhoz sabe disso, mas confessa que não houve alternativa melhor para selar um acordo com o Banif.

- Demos uma parceladinha na dívida sim, só assim poderemos pagar tudo. Não posso revelar valores porque há uma cláusula de confidencialidade. Mas como há juros, é natural que esse número seja um pouco maior do que o inicial - admitiu o dirigente.

Durante a temporada, o presidente Arnaldo Tirone cogitou negociar Valdivia para honrar a dívida provocada pela chegada do mesmo jogador. Recebeu apenas uma proposta do Al-Sadd, do Qatar, mas recusou. Agora, a postura da diretoria é outra: dar todo o suporte ao Mago para que ele volte a brilhar e consiga uma sequência de jogos. O Palmeiras entende que ainda tem chances mínimas de recuperar o investimento.

O presidente Arnaldo Tirone foi procurado para falar sobre o assunto, mas não respondeu às chamadas. O vice-presidente Roberto Frizzo admite que o Palmeiras vai pagar mais pelo Mago, mas acredita que o jogador pode responder com boas atuações.

- Ele é um jogador importante. O pagamento é assunto do departamento financeiro, mas nós acreditamos que ele pode render muito mais. 2012 pode ser o ano dele, sem lesões, que é o mais importante - disse Frizzo.

Até agora, Valdivia não justificou o enorme esforço feito para a sua chegada. Nesta temporada, o Mago disputou apenas 28 das 69 partidas do Palmeiras (40,5% do total), e fez quatro gols.

NOSSO COMENTÁRIO

De uma forma ou de outra, caro leitor, deixando de pagar a multa do atleta Ewerton ou construindo esse novo acordo para o pagamento do atleta Valdívia, não teria sido esse mais um caso de negligência por parte da diretoria comandada pelo Sr. Arnaldo Tirone em relação aos compromissos firmados pela gestão anterior? Não estaria mais uma vez a gestão Tirone mostrando a sua falta de capacidade em administrar a Sociedade Esportiva Palmeiras? Não estaria mais uma vez a gestão Tirone lesando os cofres da Sociedade Esportiva Palmeiras? Aguardam-se, também nesse caso, novos esclarecimentos e novas investigações.

CAPÍTULO 9

GESTÃO TIRONE E FRIZZO: DESORGANIZAÇÃO

A fim de levar ao leitor condições de avaliar a qualidade e capacidade de gerir as “coisas” da Sociedade Esportiva Palmeiras por parte da diretoria comandada pelo Sr. Arnaldo Tirone, faz-se necessário recordar algumas notícias publicadas na mídia. Notícias que vão dos vários desentendimentos entre a comissão técnica e os dirigentes até a não participação de ao menos um representante da Sociedade Esportiva Palmeiras no congresso técnico do Paulistão 2012 na Federação Paulista de Futebol. Danilo Lavieri publicou no portal IG em 19 de outubro de 2011 a seguinte matéria:

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BAGUNÇA ADMINISTRATIVA PÕE FINANCEIRO EM SAIA JUSTA NO PALMEIRAS

O sócio palmeirense que consumir algo nas dependências do clube não vai identificar a Sociedade Esportiva Palmeiras no recibo do produto emitido por máquinas da Redecard. Um provável erro administrativo no Palmeiras faz com que tais máquinas emitam recibo com o nome do gerente financeiro do clube, Marcos Bagatella.

O iG teve acesso a dois exemplos de notas emitidas com tal engano. Por criar a indesejável suspeita de que o dinheiro usado pelo sócio esteja sendo redirecionado para Bagatella, tal erro criou desconforto para a gestão do presidente Arnaldo Tirone. Funcionários e diretores trataram de cobrar a operadadora de cartões por uma solução.

Em contato com o iG, Bagatella mostrou certa irritação com o que afirma ser um erro e reconheceu que o fato poderia prejudicar sua imagem, especialmente em um clube onde tudo vira motivo de crise política. O dirigente afirmou que a confusão é da Redecard e pode ter ocorrido por ele ser o funcionário responsável pelo contato entre clube e empresa.

Foto: Cupom fiscal da máquina usa nome de gerente financeiro no lugar do clube

"Eu estou com este problema desde a semana passada. Hoje (quarta-feira) falei com o Walter Munhoz (vice-presidente financeiro) e a gente já cobrou a Redecard. Talvez por eu estar em contato com eles e pedido algumas alterações no sistema que tínhamos, o nome fantasia da nota foi alterado. A gente queria um controle maior das notas, para saber se eles estavam cumprindo com todas as obrigações na hora de depositar", explicou Bagatella, que diz ter passado de máquina em máquina para checar qual estava emitindo o recibo com seu nome.

O gerente financeiro ainda repassou ao iG a explicação da Redecard e um comprovante de que toda a verba estaria sendo direcionada para a conta do Palmeiras, independente da mudança do nome fantasia do clube. A nota emitida pelas máquinas também levavam o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) que é da agremiação.

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Foto: Cópia do sistema da Redecard enviada ao iG por Bagatella com dados do Palmeiras

Walter Munhoz, o vice financeiro, também falou sobre o problema. "Eu recebi algumas reclamações dos sócios. Estamos apurando e conversando com a Redecard para entender o que aconteceu. Deve ter sido algum erro do sistema deles, já que o Bagatella é o responsável pelo contato entre Palmeiras e Redecard."

Membros da oposição palmeirense, de grupos como Fanfulla, enviaram pedidos de explicação a Bagatella e a Munhoz. Não chegaram a desconfiar de fraude, mas afirmaram que o erro é muito grave e pode causar desconfianças caso não seja resolvido.

NOSSO COMENTÁRIO

A falta de organização chegou a tal ponto que se permitiu a ocorrência de erros de uma administradora de cartões de crédito que levaram a expor o nome de um membro da diretoria palmeirense a uma situação, no mínimo, constrangedora, na qual sócios poderiam entender que ao pagar à Sociedade Esportiva Palmeiras por algum produto comprado, o valor do pagamento poderia estar sendo enviado à conta do tal dirigente e não do clube.

A fim de observar o despreparo da diretoria, importante observar a forma de conduta do Sr. Roberto Frizzo, numa seqüência de desentendimentos entre o mesmo e o Sr. Luis Felipe Scolari, comandante da comissão técnica do time de futebol profissional. Nesse caso, é importante recordar aos amigos leitores o fato de que os desentendimentos entre esses dois senhores provavelmente teve início já no início da gestão Tirone, naquele episódio em que o vice-presidente teria feito economia excluindo a participação da nutricionista do alojamento quando nos períodos de concentração sem realizar consulta prévia ao chefe da comissão técnica.

Observe, caro amigo leitor, o seguinte trecho de matéria assinada por Adriano Fernandes no blog Memória Futebol, em 18 de agosto de 2011:

FELIPÃO VETA DIRIGENTE EM SUA SALA, APÓS FALAR ATÉ EM DEMISSÃO

Arnaldo Tirone provavelmente está mais preocupado com a entrevista coletiva de Luís Felipe Scolari depois do jogo desta quinta do que com o resultado da partida contra o Bahia. Ele deverá ir à concentração para acalmar o técnico. Existe o temor que Felipão detone Roberto Frizzo, vice de futebol, diante das câmeras após o duelo. Isso porque as últimas 48 horas foram de tensão no Palestra Itália. A crise que se arrastava entre o técnico e o vice explodiu na terça-feira. Felipão se irritou quando soube que problemas trabalhistas emperravam a troca de Ricardo Bueno por Pierre e que o Atlético-MG não pagaria pelo empréstimo do volante. Descobriu pelo lado mineiro que o acordo costurado por ele havia sido ignorado pela diretoria alviverde, que aceitara a transferência gratuita.

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“Se o senhor fez isso mesmo, eu vou pedir demissão”, chegou a dizer o treinador para o presidente, de acordo com seus aliados. Tirone negou ser o responsável por topar liberar Pierre de graça. Scolari explodiu quando Frizzo assumiu a autoria da negociação. Chegou a abandonar o cartola numa sala, interrompendo a conversa.

A partir daí, defensores dos dois desafetos usaram munição pesada para tentar minar o inimigo. O grupo de Felipão lançou críticas contra o estilo Frizzo de administrar, alegando que as negociações tocadas por ele costumam enroscar em algum ponto. E queixam-se do pagamento de comissões a empresários, como nas contratações de Paulo Henrique e Gerley.

Afirmam que Frizzo foi contra a vontade de Felipão de adquirir Luan. E ainda insistiu na compra de Henrique, quando havia uma negociação para trazê-lo de graça, por empréstimo. Enxergam no vice um aliado de Pepe Dioguardi, empresário de Kléber e desafeto de Felipão. Reclamam também de sua amizade com outro agente, José Luís Galante, empresário de Paulo Henrique, e que trouxe o argentino Facundo para o time B. "Não houve confusão nenhuma nos negócios que fiz. E não favoreço empresário. Mas é natural no futebol que algumas pessoas tenham mais simpatia com uns empresários do que com outros. Talvez estejam reclamando por isso", disse Frizzo ao blog.

NOSSO COMENTÁRIO

Desorganização, desmando, má fé, qual palavra seria mais apropriada, nesse caso, caros leitores? Que avaliação se faz de uma direção em que o técnico de futebol é quem faz o contato e realiza acordos com outros clubes para a negociação de atletas? Essa função não caberia ao diretor de futebol? E se havia uma negociação encabeçada pelo técnico que, conforme mostra a matéria, possibilitaria a chegada ao clube do atleta Henrique com custo zero, não deveria no mínimo haver ciência dessa negociação por parte do vice-presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras? Havendo ciência, por qual motivo o dirigente optaria pela opção de pagar pelo atleta e não a de continuar as negociações já realizadas? E no caso Pierre, se mais uma vez o treinador havia intermediado a negociação envolvendo a ida do atleta Pierre ao Clube Atlético Mineiro, recebendo em troca o atleta Daniel Carvalho por empréstimo e mais uma quantia em valores, por qual motivo teriam os dirigentes optado por realizar essa troca, conforme mostra o texto, abdicando de compensações financeiras?

Dando continuidade, no site Terra em 14 de janeiro de 2012, foi publicada a seguinte matéria:

FRIZZO REBATE “BOBEIRA” DE FELIPÃO E IRONIZA EPISÓDIO DOS CAMARÕES O vice-presidente de futebol do Palmeiras, Roberto Frizzo, retrucou a cutucada de Luiz Felipe Scolari neste sábado. O treinador condenou as "piadinhas e deboches" por parte da diretoria alviverde com relação aos reforços para 2012. Para o dirigente, isso é "bobeira" do comandante. Ele ainda relembrou com ironia do famoso "episódio dos camarões" protagonizado por Felipão no ano passado. "É uma bobeira. Não tem nada a ver. Qual a piada que eu fiz para depreciar as pessoas? Eu só fiz piadas para não falar com vocês (imprensa) sobre o jogador. Eu não quero ficar abrindo sobre as contratações. Falar que as minhas piadas prejudicam seria o mesmo que dizer que o elenco ficou chateado com expressão de que ele queria camarão, que ele estava dizendo que os outros eram jogadores piores. E não é isso, é?", ironizou o vice palmeirense. Minutos antes, Felipão havia dado entrevista detonando a postura da diretoria alviverde e fazendo referência a supostas piadinhas por parte dos cartolas. Para o comandante, o time paulista deixa de contratar diversos jogadores por causa de citações mal-colocadas por seus representantes. "Por piadinhas mal-colocadas o Wagner (que era disputado por Palmeiras e Fluminense, mas acertou mesmo com os cariocas) não veio. Pensou que debocham dele. Aí, perco jogadores. Tem que fazer pergunta sobre piadinhas a quem as faz e a quem pode tirar os jogadores daqui. Ninguém quer ser debochado", decretou o treinador, que começou o ano contrariado pela ausência de reforços de peso no Palmeiras. NOSSO COMENTÁRIO

No primeiro ano da gestão Tirone, os resultados da Sociedade Esportiva Palmeiras nos campos do futebol profissional foram bastante insatisfatórios. Não fosse a participação no

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campeonato paulista onde uma arbitragem equivocada alijou o Palmeiras de chegar às finais, nos demais campeonatos em que o clube participou nenhum resultado de expressão foi obtido. Na verdade, em termos de campeonato brasileiro, a campanha acabou ficando como uma das piores da história alviverde. O que dizer de um vice-presidente que em vez de trabalhar junto com a comissão técnica avaliando as necessidades e buscando reforços ao elenco de futebol, fica dado a piadinhas e gracejos em suas entrevistas? Onde está o presidente do clube que permite que a imagem da Sociedade Esportiva Palmeiras seja levada ao público na imprensa por meio de entrevistas classificadas, no mínimo, como “pouco sérias”? Ao manifestar-se com gracejos não estaria o Sr. Frizzo denegrindo a imagem do clube? Não estaria contribuindo para que acordos com atletas fossem realizados?

Ainda em 14 de janeiro de 2012, o jornal GAZETA ESPORTIVA publicou matéria da qual destacamos o trecho a seguir, assinada por Fellipe Lucena:

FELIPÃO DIZ QUE “PIADINHAS” AFASTAM REFORÇOS E ENTRA EM ATRITO COM FRIZZO

Após acumular fracassos em negociações, o Palmeiras entrou em campo pela primeira vez em 2012 ainda em busca de reforços. Após a vitória por 1 a 0 no amistoso contra o Ajax, neste sábado, Luiz Felipe Scolari disse que algumas "piadinhas" afastaram jogadores como o lateral direito Jonas e o meia Wagner. O técnico não admite, mas o vice de futebol Roberto Frizzo é o maior alvo de sua reclamação.

O dirigente é conhecido por responder com ironia ao ser questionado sobre negociações. Nesta sexta-feira, por exemplo, disse que "o Palmeiras não é a Marinha para saber de barco" ao falar sobre o interesse alviverde pelo atacante argentino Hernán Barcos, da LDU. "O Wagner era quase nosso, mas foi para o Fluminense por causa de algumas piadinhas mal colocadas. Ele não quis o clube porque achou que debochavam dele. É aí que perco jogadores", chiou Scolari. "Só tenho o Cicinho para a lateral direita. O atleta que eu queria para ser peça de reposição era o Jonas. Por piadinhas, não acertos ou inviabilizações, ele não veio", emendou.

O treinador não quis confirmar que as críticas são direcionadas a Roberto Frizzo, com quem já tem atritos há algum tempo. "Tem que fazer perguntas a quem faz as piadinhas. Jogar no Palmeiras, para mim, é uma grande honra, mas, se vamos debochar, ninguém vai querer. Estou falando no geral, entendam como quiserem", finalizou.

NOSSO COMENTÁRIO

A desorganização no futebol da Sociedade Esportiva Palmeiras parece evidente, à medida que cada um parece falar o que bem entende e da forma que lhe parece conveniente.

Passados esses episódios no começo de 2012, Luiz Felipe Scolari voltou à carga contra a diretoria, em declaração dada à AGÊNCIA ESTADO, em notícia publicada por Daniel Akstein Batista em 10 de maio de 2012:

FELIPÃO CRITICA OMISSÃO DA DIRETORIA DO PALMEIRAS

Mais uma vez, o técnico Luiz Felipe Scolari aproveitou a entrevista coletiva após um jogo para criticar a diretoria do Palmeiras. Depois da goleada sobre o Paraná por 4 a 0, quarta-feira à noite, na Arena Barueri, pela Copa do Brasil, o treinador cobrou reforços e afirmou que é papel dos dirigentes virem a público para avisar a torcida que falta dinheiro nos cofres do clube.

"Eu apresentei uma lista com sete nomes e não contrataram nenhum”, reclamou. "Se não tem dinheiro, tenho que ver outro tipo de contratação, como o Mazinho, que não custou nada”, exemplificou.

A bronca não parou por aí. "Vou mais uma vez ajudar o Palmeiras, mas espero que os dirigentes tenham hombridade pra falarem que não tem dinheiro. E ainda digo pra torcida: o Barcos tem dois cartões amarelos e eu só tenho ele como centroavante. Sou mais identificado com o Palmeiras do que alguns dirigentes que aí estão.”

Da sua lista, Felipão adiantou que chegou a pedir a contratação do atacante Borges. O gerente de futebol César Sampaio confirmou o nome do atacante.

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"Existia a chance, mas em uma conversa acabamos descartando. Ele está bem empregado e o Santos não pensa em negociá-lo."

Sampaio tentou não entrar em rota de colisão com Felipão e lembrou que ele mesmo havia avisado na semana passada que o Palmeiras estava sem dinheiro. E disse ainda que dois jogadores de renome podem chegar ao clube, mas apenas para a disputa do Brasileiro. "Estamos ainda procurando uma engenharia financeira para isso.” NOSSO COMENTÁRIO

Questiona-se, então: se o gerente de futebol afirmou que o referido jogador, destaque em negrito, não seria negociado porque o clube onde estava jogando não pretendia fazê-lo, porque é que pouco tempo depois esse clube negociou o atleta com o Cruzeiro de Belo Horizonte? Fica ou não fica, caro leitor, a dúvida se de fato ocorreu o contato dos dirigentes da Sociedade Esportiva Palmeiras com o clube detentor dos direitos federativos do jogador?

Não bastassem os deboches do vice-presidente e o “equívoco” do gerente de futebol, tratou o presidente Tirone em pessoa de, como maior representante do clube, contribuir para denegrir a imagem do clube ao tecer comentários, no mínimo inapropriados, sobre um possível investimento de um grupo estrangeiro no clube. Esses comentários podem ser observados na seginte matéria veiculada no site UOL em 03 de Junho de 2012:

IRONIA, MARCA REGISTRADA NA GESTÃO TIRONE / FRIZZO / PIRACI.

O grupo de investimentos Eleven Fund Investimen, sediado nos Emirados Árabes Unidos, quer levar Ronaldinho Gaúcho para o Palmeiras. O clube por sua vez, tratou do assunto com desconfiança e ironia. A informação foi revelada na edição deste domingo do jornal “Lance!”.

A empresa estaria disposta a pagar a maior parte do salário de Ronaldinho através de parcerias com patrocinadores. O plano é semelhante ao que a Traffic fez, sem sucesso, com o meia no Flamengo.

“Vamos fazer de tudo para colocar Ronaldinho no Palmeiras. Pensamos no Palmeiras porque acreditamos na ascensão do clube e vemos como o time ideal para ele jogar”, disse Felipe Rubini, diretor do Eleven na América.

O objetivo do grupo, que está iniciando suas atividades no Brasil, é chamar atenção do mercado para alavancar seus negócios. Rubini disse que atletas das categorias de base palmeirense também estão na mira da empresa.

“Investir em jogadores importantes é bom. Valorizar nosso fundo é sempre interessante. Não conversamos com o Palmeiras sobre outros jogadores, mas caso o clube tenha interesse, estamos abertos a discutir esse possível negócio”, falou o investidor.

Pelo lado alviverde, a história gera desconfiança. Ao “Lance!”, o presidente Arnaldo Tirone tratou a possível negociação como “poesia” e ironizou o fundo de investimento.

“Fundo árabe a troco de quê? Eles vão pôr dinheiro a custo zero? Não vão. O Palmeiras não vai remunerar nenhum fundo árabe. Nosso fundo é da Itália. Se fosse alguma empresa italiana, tudo bem”, afirmou o dirigente.

“Tudo tem um custo, ninguém dá dinheiro de graça. Ninguém vai dar presente de Papai Noel para o Palmeiras. E Papai Noel só em dezembro”, completou o palmeirense.

Ronaldinho Gaúcho está sem clube desde quinta-feira, quando pediu demissão do Flamengo. O meia cobra do clube indenização de R$ 40 milhões referentes a salários atrasados, direito de imagem e cláusula de rescisão. O time carioca notificou o Palmeiras por supostamente aliciar seu ex-camisa 10 e ameaça entrar na Justiça caso o atleta chegue a um acordo com a equipe do Palestra Itália.

NOSSO COMENTÁRIO Entende-se, caro leitor, que nesse caso, comentários são absolutamente desnecessários. O texto destacado em negrito fala por si. Apenas mais um exemplo da falta de profissionalismo daqueles que comandam a Sociedade Esportiva Palmeiras. Se os dirigentes do clube agem de forma irresponsável em suas manifestações, desrespeitando a Sociedade Esportiva Palmeiras ao tratar com desdém questões de interesse do clube, há como cobrar de associados que tenham esse respeito? Observe, caros amigos leitores, o que teria ocorrido,

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segundo o fato descrito pelo site PARMERISTA, em 24 de Junho de 2012, durante a disputa do clássico conhecido por derby: QUESTÃO DE HONRA

Esta tarde, durante o Derby, vários associados acompanhavam a transmissão da partida dentro do clube pela televisão. Quando o SCCP empatou o jogo, uma sócia não se conteve e comemorou o gol. Isso mesmo. Uma associada torcedora do time da plebe da marginal sem número vibrou com um gol de seu time DENTRO DO PALMEIRAS. Na mesma semana em que nosso presidente prestigiou o lançamento de um livro de Andrés Sanchez e pediu um autógrafo não na página 3, mas em sua camisa, os legítimos palmeirenses associados do clube foram infringidos a este tipo de afronta.

O artigo 33 do Estatuto, em seu inciso XI, determina:

Art. 33 - É defeso ao associado e constitui infração grave:

XI. Manifestar-se contra a SEP nas competições desportivas.

Na verdade, o artigo 33 do estatuto, redigido durante a gestão mustafista, tem incisos que em muito remetem a regras de regimes autoritários de triste memória. O inciso XI, no entanto, parece ser bem razoável. Um torcedor dos maledetos comemorar um gol dentro do Palmeiras, contra o Palmeiras, é um completo absurdo.

Dezenas de legítimos palmeirenses, incluindo várias meninas, ficaram indignados e partiram para tirar satisfações. Percebendo o que fez, a associada passou a invocar sua relação de amizade com o diretor jurídico Piraci de Oliveira, ameaçando, aos gritos, de celular em punho (uau!), que ia chamar o amigo e tirar todos do clube, cheia das razões!

A folgada também é próxima da diretora social do clube, Sylvia Boggian, que correu em defesa da amiga. Fazendo valer sua condição de diretora, usou a autoridade sobre os seguranças, atitude que teria sido correta se fosse apenas para evitar que o clima esquentasse mais. Mas houve vários relatos de testemunhas de que a diretora, já protegida ao lado da amiga, passou então a ironizar os palmeirenses, deixando-os mais revoltados. No fim, a tal torcedora retirou-se do clube alguns minutos depois, e tudo voltou ao normal. Há alguns fatos emblemáticos nessa história toda:

A comemoração do gol em si é inadmissível. Se eu tivesse algum amigo que torcesse para os maledetos e fosse sócio do clube, jamais permitiria que ele ficasse entre nós durante a transmissão. É falta de palestrinidade. É uma vergonha.

A imediata reação da cidadã, de achar que por ser amiga do diretor jurídico Piraci de Oliveira poderia fazer o que quisesse. Isso é um retrato de como se sentem as pessoas que fazem parte do círculo próximo à diretoria e à presidência. Acham-se tão donos do clube que se vêem no direito de até comemorar um gol contra o Palmeiras.

A atitude da diretora Sylvia, de zombar dos torcedores revoltados, pelo fato de ter a segurança a seu lado, é reprovável, para dizer o mínimo. Há certos princípios, que aprende-se em casa, que impedem que uma pessoa minimamente alinhada com relacionamentos sociais pratique. E ela é Diretora Social, vejam que ironia.

Os associados que presenciaram o fato – e são dezenas – já estão preparando uma representação para ser formalizada no clube, para que a associada seja, pelo menos, suspensa. Mais que a punição à torcedora rival em si, uma suspensão significaria o Palmeiras fazendo-se respeitado dentro de seu próprio território. A diretoria de sindicância, cujo diretor é Reynaldo Palazzi, por mais que tenha relações de amizade com os envolvidos, tem a obrigação de tratar o caso com absoluta isenção e defender a honra do clube e dos torcedores que se sentiram aviltados com a atitude. Uma absolvição, ou uma pena leve como “advertência” nos encherá de vergonha e nos fará crer que a atual diretoria não defende o palmeirense nem mesmo dentro do próprio Palmeiras.

NOSSO COMENTÁRIO Entende-se que nesse caso caberia sim uma ação do conselho contra a ação da sócia, da diretora, assim como caberiam outras ações por parte do conselho competente de, no mínimo, cobrar uma conduta mais íntegra por parte dos dirigentes que se encontram à frente do futebol, pois também seus posicionamentos de forma despojada em entrevistas e

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sua forma de tratar as “coisas” do futebol também caracterizam falta de respeito à instituição que representam. Outro episódio que serve de exemplo da falta de profissionalismo, para não dizer seriedade, com que as “coisas” do Palmeiras são geridas pelo grupo do Sr. Tirone dá-se novamente atingindo o programa Avanti do sócio torcedor. Por um erro grosseiro da empresa responsável na montagem do site e a falta de fiscalização dos setores responsáveis no Palmeiras, causou-se um constrangimento enorme junto à comunidade japonesa. Esse erro pode ser observado em matéria que foi publicada na FOLHA DE SÃO PAULO em 29 de junho de 2012. A notícia foi assinada por Rafael Reis:

PROGRAMA SÓCIO TORCEDOR DO PALMEIRAS FAZ PIADA COM JAPOSENES E GERA POLÊMICA

Um erro no sistema do Avanti, o programa de sócio-torcedor relançado pelo Palmeiras nesta quinta-feira, deixou o clube em situação desconfortável com a colônia japonesa.

Ao selecionar o Japão como país no preenchimento do cadastro para o programa, o torcedor verá abrir como opções de estados para escolha "Alex Muntaronakombi" e "Carlos Takacaranomuro", nomes que ironizam a língua japonesa.

"Fiquei indignado. Queria fazer o plano e vi uma palhaçada dessas. Nunca vi uma empresa tirar sarro dos clientes. Fiquei assustado. Até desisti de fazer o plano", afirmou o palmeirense Alexander Jun Matsuda, 43, que trabalha em uma fábrica de peças para computador em Suzuka.

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Reprodução

O diretor jurídico do Palmeiras, Piraci Oliveira, lamentou o ocorrido, eximiu o clube de culpa e disse que já encaminhou falha para a Outplan, empresa responsável pelo programa.

"O Palmeiras não sabe fazer site. Contratamos alguém para isso. É um problema técnico que precisa ser resolvido."

No começou da tarde desta sexta, a Outplan, após reportagem da Folha, consertou o problema. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa lamentou o ocorrido e disse que comprou a base de dados já pronta de um fornecedor terceirizado. Até as 12h desta sexta-feira, o programa de sócio-torcedor já havia tido 6.200 adesões, superando a expectativa da diretoria de conseguir 5 mil assinaturas até domingo. Apenas quem adquiriu o Avanti já pode comprar ingressos para a primeira partida da final da Copa do Brasil, quinta-feira, contra o Coritiba, em Barueri. A venda para torcedores comuns começa na segunda.

NOSSO COMENTÁRIO

Além dos maus tratos ao Palmeiras, pode-se observar maus tratos e falta de respeito aos torcedores palmeirenses, como no caso da seguinte matéria postada no site VERDAZZO, em 09 de Junho de 2012. Essa matéria explica de que forma ocorreu a “venda” de ingressos para o primeiro jogo da final da Copa do Brasil:

SENHOR ARNALDO TIRONE: A TORCIDA QUER EXPLICAÇÕES!

A torcida do Palmeiras vive um drama desde que o time se classificou para as finais da Copa do Brasil: conseguir ingressos para assistir aos confrontos contra o Coritiba. Para o jogo de ida, a diretoria de Arnaldo Tirone acelerou o relançamento do Avanti, e praticou sem nenhum pudor a venda casada. Pelo Twitter, através de um já conhecido diretor, alardeou que quem não fosse do Avanti não conseguiria ingressos, já que esperavam cerca de 10 mil associações, liberando a venda de 3 ingressos por associado. A atitude beira a picaretagem. A estimativa foi feita no chute, mas serviu para que torcedores, no desespero de não ficar de fora de uma final após quatro anos, aceitassem a venda casada. Os ingressos se esgotaram no fim de semana, e a venda em bilheterias,

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suspensa, o que nos faz crer que realmente os 26 mil ingressos destinados à nossa torcida se esgotaram pelo programa de sócio-torcedor. Mas o pior seria revelado mais tarde. O borderô da CBF revelou que apenas 12.240 ingressos foram vendidos antecipadamente pelo Avanti, o que significa que 16.317 ingressos foram vendidos de outra forma – mas não pelas bilheterias. A diretoria, em matéria veiculada no jornal Diário de S.Paulo assinada pelo jornalista Jorge Nicola, afirmou: “Vendemos os ingressos para conselheiros, diretores, patrocinadores… Também aproveitamos a oportunidade para fazer relacionamento, vendendo para possíveis futuros parceiros”. O torcedor palmeirense é fanático, mas não é cego nem burro como essa diretoria parece acreditar. Como é que uma quantidade tão grande de ingressos acaba sendo desviada do torcedor real desta forma, apenas para conselheiros, diretores e patrocinadores? Que critério é esse? A versão fica menos crível ainda quando deparamos com cambistas virtuais, gente fazendo a festa na internet vendendo ingressos a R$ 200 usando programas que criam contas falsas no Twitter. Isso sem falar nos cambistas tradicionais. Pensaram que acabou? A vergonha ficou maior ainda quando, à 0h desta segunda-feira, foram abertas as vendas pela internet dos supostos 4 mil ingressos reservados à nossa torcida para a finalíssima no Couto Pereira. Imediatamente a mensagem que nossos torcedores receberam é que o setor já estava esgotado. Não houve venda. Tudo já estava direcionado. Considerando que a Futebol Card vende a carga de ingressos que sobra depois que a diretoria pega seu quinhão, que redistribui para honrar compromissos com conselheiros e parceiros (como a agência de viagens Palmeiras Tour), e que essa sobra foi de ZERO INGRESSOS, podemos concluir que mais uma vez a diretoria abusou do poder de distribuir ingressos, e quem se frustrou com isso, para variar, foi o torcedor comum, que não teve sequer a chance de disputar um ingresso nos canais devidos. Quem não é amigo de patrocinador, ou não comprou na Palmeiras Tour, ou não é amigo de conselheiro, ou sabe-se lá mais o que (4 mil é muito ingresso), vai ter que procurar cambista. O mínimo que se espera da diretoria, se quiser mostrar transparência, é que divulgue uma lista detalhada sobre o destino dos ingressos, tanto nos jogos da ida como os da volta. Quantos foram para os conselheiros e diretores? E para a Palmeiras Tour? E para a Kia? E para “futuros parceiros” – e quem seriam eles? Contando os dois jogos, vinte mil ingressos foram pra essa turma? Que critério é esse? E o tal rastreamento de cambistas? E a torcida, como fica??? A gestão de Arnaldo Tirone, que envergonha os palmeirenses a cada vez que se expõe na imprensa, que mesmo sendo presidente do clube se envolve em episódio de troca de tapas com conselheiro (mesmo sendo o Gilto Avallone), agora tem que responder sobre as razões da torcida do Palmeiras não ter acesso a ingresso em bilheterias – sejam físicas ou virtuais, sem ter que ser obrigado a adquiri-los via venda casada, ou por pacotes em agências credenciadas, ou por cambistas. A torcida quer explicações! NOSSO COMENTÁRIO Para que o amigo leitor tenha melhor compreensão sobre o fato, entende-se importante lembrar que a diretoria da gestão Tirone optou por paralisar o programa Avanti a fim de promover uma reformulação e que em 27 de maio de 2011, os três novos diretores de marketing do Palmeiras (sendo que um é filho do Frizzo e outro é filho do Del Nero) disseram que iriam relançar o Avanti no prazo de dois meses. O relançamento, na verdade, só veio a ocorrer às vésperas do Palmeiras nas finais da Copa do Brasil. Daí, aproveitando-se da situação, os diretores utilizaram-se do artifício “venda casada” entre Avanti e ingressos, ou seja, prometendo ao torcedor que se associassem ao programa Avanti o direito de adquirir automaticamente três ingressos para os jogos do Palmeiras nas finais do campeonato. Não obstante à artimanha utilizada pela diretoria, o mais grave acabou sendo a indisponibilidade dos ingressos que sobraram após a venda casada com o programa Avanti à torcida “comum” do Palmeiras, já que esses ingressos que sobraram acabaram sendo destinados pela diretoria levando em questão apenas seus interesses em agradar “parceiros”. Entende-se, contudo, que o maior exemplo que permite mostrar o tamanho do despreparo, desorganização, descaso e incompetência da direção comandada pelo Sr. Arnaldo Tirnone

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seja observado na seguinte matéria publicada na seção PITACOS DO PALMEIRAS, do site LANCENET em 26 de outubro de 2012:

TIRONE: DESPREPARO E MAIS UM ABSURDO NO COMANDO DO PALMEIRAS Imagine que você tem uma empresa. Hoje, aconteceu uma reunião importantíssima sobre um dos principais compromissos e obrigações dela para o próximo ano. Mas você não estava sabendo. Pior: não sabia que ninguém representou a empresa no encontro, e a cadeira destinada a ela ficou vaga. Algo absurdo. Agora, transfira isso para um time de futebol do tamanho do Palmeiras e veja, mais uma vez, nas mãos de quem está o clube. A entrevista de Arnaldo Tirone ao LANCENET! na tarde desta quinta-feira só ratificou o que já era óbvio: o despreparo dele para comandar o clube. O presidente não saber que haveria o congresso técnico do Campeonato Paulista e ser pego de surpresa com a informação de que ninguém do Palmeiras estava presente beira o amadorismo. Tirone alegou que havia chegado de viagem há pouco tempo. Mas ele desembarcou da Colômbia às 14h30 de quarta-feira. Tempo suficiente para ficar sabendo de uma reunião no dia seguinte e designar alguém para comparacer, certo? Vice-presidente, diretor financeiro, diretor jurídico, gerente de futebol… Cargos e pessoas não faltavam para representar o Palmeiras. Hoje, o clube não tem comando. Afinal, o presidente não foi para Recife, no meio da crise, segundo ele para não dar trabalho aos seguranças. Enquanto isso aproveitava o feriado prolongado em Campos do Jordão com a família. As “Tironadas” não param por aí. Desde atender ligações no próprio celular dizendo que é o irmão, até mentir que não estava em um lugar onde foi visto, o mandatário vai se especializando nas trapalhadas. A cada atitude ou entrevista, Tirone mostra não ter a mínima condição de comandar o Palmeiras. E o pior: ele fala em tentar a reeleição. Ou teria “largado” pelo fato de saber que no próximo ano não será mais o presidente? Não se sabe. Mas enquanto isso, o time tem atuação ridícula na Colômbia, é eliminado da Sul-Americana, e luta contra o rebaixamento no Brasileirão. Tudo sob o olhar tranquilo e distante de Arnaldo Tirone. É bom lembrar que ele também fez coisas boas e acertou em alguns momentos, como nas compras de Barcos e Wesley, e conquistou o título da Copa do Brasil. Inclusive, parece ser uma pessoa boa, honesta e sem maldade. Mas todas as trapalhadas passam por cima do que foi positivo.

Hoje, Tirone, mais uma vez, é motivo de piada. Como tem sido o Palmeiras nos últimos meses. É óbvio que ele não é o único dos inúmeros problemas do Alviverde. Inclusive, foi colocado no cargo por votos dos conselheiros. Mas, na figura de presidente, deveria ao menos ter uma postura que condiz com isso.

Depois, que o clube não reclame do calendário, do regulamento ou qualquer coisa do Paulistão. Afinal, quando as decisões foram tomadas, não havia ninguém do segundo maior vencedor da competição na história para participar. Um amadorismo, infelizmente, já conhecido no Palmeiras.

NOSSO COMENTÁRIO

Quantas vezes na gestão Tirone, caro amigo leitor, você se questionou por que de ver resultados de julgamentos de atletas, técnico e outros serem desfavoráveis ao Palmeiras, enquanto em situações semelhantes para outros clubes o resultado era favorável ou, no mínimo, mais brando? Quantas vezes nessa gestão você se perguntou por que aquele árbitro reincidente em erros cometidos contra o time do Palmeiras continuava sendo escalado para apitar em jogos do Palmeiras? Quantas vezes nessa gestão, caro amigo leitor, você leu reportagens onde atletas, dirigentes, jornalistas denegriram a imagem da Sociedade Esportiva Palmeiras sem um posicionamento dessa diretoria em defesa dos direitos do Palmeiras? Quantas vezes, caro amigo leitor, você leu notícias de bate-boca entre “profissionais” contratados pelo Palmeiras e dirigentes ou envolvendo dirigentes e associados ou conselheiros e dirigentes, ou outros? Entende-se que a melhor resposta ou justificativa à esses questionamentos está no fato de que possivelmente todos esses fatos estão ligadas à

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forma de gerir dessa diretoria comandada pelo Sr. Tirone. Uma gestão desorganizada e omissa em suas responsabilidades dificilmente toma iniciativas de defesa, ou quando tem iniciativas apresentam-se de forma ineficaz, não conseguindo defender esses direitos com a presteza e qualidade que uma instituição da importância da Sociedade Esportiva Palmeiras realmente merece.

Para demonstrar a sua “preocupação” com o Palmeiras, um dia após o rebaixamento do time de futebol no campeonato brasileiro, o Sr. Arnaldo Tirone foi passear, conforme noticiou o site GLOBO.COM em 19 de novembro de 2012:

APÓS QUEDA, TIRONE VAI À PRAIA NO RIO: “BANHO PARA TIRAR O ESTRESSE” Um dia depois da queda do Palmeiras à Série B do Campeonato Brasileiro, o presidente Arnaldo Tirone foi flagrado na praia do Leblon, no Rio de Janeiro, para onde se dirigiu após o empate em 1 a 1 com o Flamengo, domingo, em Volta Redonda. Nesta segunda-feira, após uma reunião na cidade, Tirone foi à praia para “tomar um banho de mar e desestressar”, de acordo com entrevista concedida pelo presidente ao portal Estadão. Tirone entendeu que não havia problema em passar uma tarde na praia, mesmo com a profunda crise no Palmeiras. Por isso, ele não gostou da repercussão de sua passagem pelo Rio de Janeiro, registrada por uma foto no portal da revista Veja. – Fui ao jogo, sofri com o time e hoje eu tinha uma reunião no Rio de Janeiro. Aproveitei e fiquei por aqui. Qual o problema? Tomei um banho de mar para desestressar. Se o jogo foi em Volta Redonda, no Rio, qual o problema eu aproveitar e dar uma passada na praia? Se o jogo fosse em Piracicaba, até poderiam reclamar de eu estar na praia. Mas foi no Rio. Ficar reclamando disso é maldade pura – criticou o presidente. Em contato com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM, Tirone apenas se limitou a dizer que estava no Rio, sem querer especificar quais tarefas iria realizar no local, e se foi ou não ao Leblon. Nesta terça-feira, o presidente terá uma reunião com o técnico Gilson Kleina, o gerente de futebol César Sampaio e o vice Roberto Frizzo. A intenção é retificar o planejamento para a próxima temporada, que não incluía a disputa da Série B. Uma grande reformulação deve ocorrer, e quatro saídas já estão definidas: Betinho, Leandro Amaro, Daniel Carvalho e João Vitor. NOSSO COMENTÁRIO

Retornando após o seu descanso o Sr. Tirone mais uma vez mostraria a sua preocupação com as “coisas” da Sociedade Esportiva Palmeiras. Em 6 de dezembro de 2012, foi publicada a seguinte notícia no Blog do Perrone:

HOMENAGEM AO PALMEIRAS É CANCELADA EM FESTA DO BRASILEIRÃO E GERA ATRITO ENTRE CLUBE, CBF E FPF O Palmeiras passou por novo constrangimento na festa de encerramento do Brasileirão, na segunda. O clube seria homenageado pela conquista da Copa do Brasil, mas a cerimônia foi cancelada. Segundo organizadores, Arnaldo Tirone não teria se apresentado no horário previsto. O presidente nega tal fato. Diz que chegou com antecedência, mas não foi avisado sobre a homenagem. O episódio gera desconforto entre clube, CBF e Federação Paulista, que abraçou a festa do Campeonato Brasileiro. O incidente incomodou o ministro do Esporte. Aldo Rebelo, palmeirense, ficou chateado com o fato de seu time não ter sido citado no evento. Os campeões de todas as divisões do Nacional receberam as suas taças. José Maria Marin faria a entrega do troféu da Copa do Brasil ao presidente palmeirense num gesto simbólico, já que ela fora recebida em campo. Integrante do “staf” responsável pela festa falou sobre o assunto ao blog, mas pediu para seu nome não ser citado. Afirmou que precisava da presença de Tirone até as 21h30, pelo menos meia hora antes do início da celebração. Como ele não chegou a tempo, o Palmeiras foi riscado da cerimônia. Com uma dose de indignação, o cartola contesta a versão. Confira o depoimento de Tirone ao blog: “Cheguei às 21h20, dei entrevista e entrei às 21h30. A festa começava às 22h, então dava tempo. Logo na chegada fui cumprimentar os presidentes da Federação Paulista e da CBF.

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Acontece quem ninguém me avisou que haveria homenagem ao Palmeiras. Não recebi ofício informando isso. Meu convite era para a festa do Brasileirão, não tem nada a ver com a Copa do Brasil. Na manhã da festa, eles me pediram para mandar a taça pra eles. Eu mandei, já tinha mandado há alguns dias para eles fazerem uma filmagem. Fiquei esperando até o final da cerimônia para ver se falariam algo do Palmeiras. Não falaram. Poderiam ter avisado aos apresentadores e terem me chamado sem taça mesmo. E outra, o César Sampaio estava lá desde cedo. Se precisavam de alguém antes, tinha um representante do Palmeiras. Acho que eles esqueceram ou houve uma falha de comunicação. Mas eu não vou ficar com essa culpa.” “Abandonada” durante a festança, a taça foi entregue de volta na secretaria do Palmeiras. Esse foi o segundo episódio polêmico envolvendo a diretoria alviverde em eventos ligados a Del Nero, conselheiro palmeirense. Nenhum diretor do clube compareceu à reunião na Federação Paulista em que foram decididos detalhes do Estadual. NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se, a “essas alturas do campeonato”, a desnecessidade de tecer comentários. Somente fica o lamento pelo descaso e o abandono, pelo desrespeito e oportunismo com que a Sociedade Esportiva Palmeiras veio sendo comandada no decorrer dos anos 90 até o período atual.

CAPÍTULO 10

A TENTATIVA DE GOLPE CONTRA AS DIRETAS

Há o prenúncio de uma nova era na Sociedade Esportiva Palmeiras. A conquista dos palmeirenses da realização de eleições diretas no clube poderá vir a ser uma verdadeira redenção na política alviverde. E, para ratificar essa conquista, algumas etapas já foram vencidas, faltando poucas para a implantação definitiva da democracia nas alamedas do Palestra Itália. Não obstante, apesar do anseio da comunidade alviverde, algumas figuras da “política” interna, ainda relutam em aceitar a democracia no Palmeiras. O ex-presidente Mustafá Contursi tenta, como um peixe a se debater fora d’água, minar o processo de modernização, de renovação no processo eleitoral na Sociedade Esportiva Palmeiras. Talvez esse senhor tenha chegado à conclusão de que, com a participação dos sócios na eleição, sua influência no processo eleitoral passe a ser nula. Influência essa que, de acordo com as questões levantadas nesse trabalho, permite-se concluir foi altamente prejudicial aos interesses da comunidade palestrina, vide os efeitos da gestão Tirone sobre a Sociedade Esportiva Palmeiras, diretoria eleita com o seu irrestrito apoio. A fim de se observar as tentativas da “oposição” à implantação do voto direto na Sociedade Esportiva Palmeiras, solicita-se a leitura da seguinte matéria, publicada em 25 de outubro de 2012, no site LANCENET:

MUSTAFÁ CRITICA ELEIÇÕES DIRETAS E DEFENDE CONSELHO GESTOR NO VERDÃO

O ex-presidente do Palmeiras Mustafá Contursi se mostrou contrário ao projeto de eleições diretas, com a particpação dos sócios, no Palmeiras. Para ele, a proposta ainda precisa ser melhor analisada. Ele acredita que a discussão tem sido usada por algumas pessoas para retomarem o poder político no Verdão. - É um assunto para debate, uma mudança radical de administração. Nesse momento, tem um objetivo político, não democrático. Aqueles que estiveram (no poder) endividaram o clube em R$ 160 milhões, prometeram trazer R$ 100 milhões. Nada disso aconteceu - declarou o antigo dirigente ao criticar a gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo, ao LANCENET!. - Estão fazendo o mesmo tipo de campanha, com trio elétrico, agressões, intimidações, ofensas. É uma grande manifestação, com publicitários, formadores de opinião, assessores, para retomarem o poder por essa demagogia, junto ao associado - completou. O ex-presidente também defendeu sua proposta de um Conselho Gestor. A intenção é separar o futebol do social, tirando o poder do presidente no departamento. Assim, as diretas não teriam efeito.

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- Foi um estudo feito de uma terceira via entre os que defendem o clube-empresa. Sou contrário, a coletividade perde o controle sobre o clube. Não é o presidente, toda a coletividade. Se transforma numa empresa e vai mudando de dono. Temos vários exemplos pelo mundo todos, alguns de sucesso outros de fracasso. Esse sistema que os presidentes nos últimos mandatos assumiram de um presidencialismo absoluto, como se fosse uma monarquia, isso já não funciona mais. Essa proposta a ser debatida, com muitas alterações que podem ser feitas, leva a uma terceira via que é um meio termo entre administração empresarial com controle externo, que no caso seria o conselho deliberativo e o próprio associado - declarou Mustafá. Os conselheiros irão votar o projeto das diretas, “engavetado” desde março, em reunião extraordinária, ainda sem data. Não haverá votação conjunta com a proposta do Conselho Gestor.

NOSSO COMENTÁRIO

Já no primeiro parágrafo, destacado em negrito, observa-se que a oposição às eleições diretas por parte do Sr. Mustafá Contursi dá-se por preocupação em perder poderes políticos. Se, por um lado esse senhor justifica que há o interesse de “algumas pessoas” em aprovar as diretas para retomar o poder, não estaria ele opondo-se ao processo democrático com a preocupação de perder poder? Então, caro amigo leitor, não fica claro a partir deste “discurso” que a única preocupação dos “políticos” palmeirenses está em quem vai assumir o poder? E a Sociedade Esportiva Palmeiras, onde fica nessa história? Será que esses senhores que comandam a política palmeirense têm verdadeiro interesse nas “coisas” do Palmeiras ou seus interesses na verdade são apenas “seus”? Na verdade, após todos os relatos apresentados nesse trabalho, entende-se que esses questionamentos têm resposta mais do que óbvia, tantos foram os exemplos de mandos, desmandos, atos de autoritarismo, atos não explicados, desorganização, o processo de desconstrução, etc.

Sobre as etapas para a aprovação das eleições diretas no Palmeiras, foram publicadas duas notícias que aqui colocamos uma em seguida à outra. A primeira em 02 de outubro de 2012 no site SUPERESPORTES.COM e a segunda matéria, publicada em 03 de outubro de 2012, escrita por Guilherme Palenzuela na coluna DE PRIMA, no LANCENET:

CONSELHEIROS APROVAM ELEIÇÕES DIRETAS NO PALMEIRAS A PARTIR DE 2014

Uma das mudanças mais cobradas no Palmeiras foi atendida nesta segunda-feira. Por unanimidade dos 191 membros presentes, o Conselho Deliberativo aprovou a adoção de eleições diretas no clube a partir de 2014. Para a mudança estatutária ser sacramentada, basta o aval dos sócios em votação que deve ser realizada em novembro – e dificilmente eles se recusarão a ter participação efetiva na escolha dos presidentes.

Mesmo com a aprovação das eleições diretas, o formato não será usado no próximo pleito, marcado para janeiro de 2013. Por um acordo com o presidente do Conselho Deliberativo, José Ângelo Vergamini, as diretas só poderão ser utilizadas a partir de 2014 – ano do centenário palmeirense, mas que não deve ter eleições, já que os mandatos são de dois anos.

No momento da votação pela mudança do projeto, Vergamini pediu que quem fosse contrário à adoção de eleições se manifestasse. Como ninguém votou contra, o novo formato foi aprovado pelo Conselho Deliberativo com a concordância de todos os presentes na reunião.

Antes da avaliação dos sócios, os conselheiros ainda votaram em relação aos regulamentos das eleições diretas. Após muita confusão, com bate-boca e troca de empurrões entre os presentes, ficou definido que a análise dos regulamentos será feita em nova reunião do Conselho Deliberativo marcada para o próximo dia 22.

Antes da reunião desta segunda-feira, na Academia de Futebol, centenas de torcedores, a maioria ligada à torcida organizada Mancha Alviverde, ocuparam parte da avenida Marquês de São Vicente usando xingamentos, gritos, faixas e cartazes cobrando a alteração. A manifestação se encerrou por volta das 21 horas, quando entraram todos os conselheiros.

Havia o temor por uma manobra que adiasse a definição, o que não ocorreu com a presença de 191 conselheiros, outros 92 não compareceram, um deles Paulo Nobre, cotado a se candidatar à presidência em janeiro. A votação foi aberta por opção de 188 dos membros

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presentes do Conselho Deliberativo – dois preferiam voto secreto, um deles o diretor jurídico Piraci Oliveira, e um se absteve de opinar.

A pressão pela adoção de eleições diretas já tinha ocorrido durante a tarde com carta aberta do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em documento lido no início da reunião presidida por Vergamini. Também foram lidos e-mails no qual o ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo pedia e depois desistia de sua renúncia do quadro de conselheiro vitalício. Belluzo também não esteve na votação desta segunda-feira.

CONSELHEIROS DO PALMEIRAS DIZEM QUE MUSTAFÁ TENTOU TRAVAR VOTAÇÃO DAS DIRETAS Conselheiros do Palmeiras afirmam que o ex-presidente Mustafá Contursi pediu para que boa parte de seu grupo não fosse à reunião que aprovou as eleições diretas, anteontem. Dizem que Contursi também pediu para que alguns não assinassem a lista de presença, com a intenção de não atingir o quórum mínimo de 142 conselheiros.

NOSSO COMENTÁRIO

Entende-se que se essas matérias por um lado trazem notícias alvissareiras aos palmeirenses, afinal ocorreu finalmente a aprovação das eleições diretas na Sociedade Esportiva Palmeiras a partir do ano de 2014. Mas trazem também à tona denúncias de conselheiros que mostram mais um exemplo do modus operandi do Sr. Mustafá tentando travar e impedir o processo democrático de votação do projeto das eleições diretas. Você, caro amigo leitor palmeirense, se surpreendeu com essa “denúncia” dos conselheiros?

Contudo, entende-se importante observar outras “artimanhas” por parte do Sr. Mustafá que, vislumbrando uma possível derrota com a aprovação da eleição direta na Sociedade Esportiva Palmeiras, buscou conquistar brechas a fim de manter seu poder. Para tanto, sugere-se a leitura da matéria assinada por Danilo Lavieri e publicada em 18 de agosto de 2012 no site UOL:

MUSTAFÁ CONTURSI CONSEGUE COLOCAR EM VOTAÇÃO PROPOSTA QUE INSTITUI AMADORISMO NO PALMEIRAS Depois de algum tempo sem aparecer no noticiário, Mustafá Contursi volta à tona no Palmeiras. O UOL Esporte apurou que o ex-presidente conseguiu colocar sua proposta de formação de um Conselho Gestor para o futebol em pauta junto com a votação das eleições diretas. Na prática, o plano de Mustafá reforça o amadorismo no principal setor do clube.

Isso porque a ideia do ex-presidente é manter o controle do departamento de futebol nas mãos de conselheiros e associados do Palmeiras, o que impede a profissionalização do setor. Hoje, há um resquício de profissionalismo com apenas um diretor profissional, que é o ex-jogador César Sampaio. Além disso, se aprovado, o Conselho Gestor deixa o presidente do clube com poder apenas para a parte social, ou seja, sem poder de decisão no setor que atrai cerca de 16 milhões de torcedores.

Além de concordarem com inclusão da proposta do Conselho Gestor na votação, os oposicionistas conseguiram convencer o presidente do Conselho Deliberativo, José Ângelo Vergamini, a convocar a votação das eleições diretas por tirarem a ação judicial que moviam contra o "engavetamento".

Ex-diretor de futebol e um dos grandes entusiastas da mudança estatutária, Wlademir Pescarmona considera justo que a proposta de Mustafá vá para votação do Conselho desde que uma mudança não seja atrelada a outra.

"O Mustafá foi lá e conseguiu as assinaturas necessárias para colocar a proposta dele em votação. Ele fez o processo normal, que precisa ser feito e tem o direito de ter o Conselho votado. Mas uma coisa não tem nada a ver com a outra, são parágrafos independentes. Ou seja, a gente pode aprovar as diretas e pode reprovar o Conselho do Mustafá", disse Pescarmona.

Os processos para que as eleições diretas e o Conselho Gestor sejam oficializados são iguais. As propostas vão para a votação dos quase 300 membros do Conselho Deliberativo. Depois,

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a proposta vai para a aprovação na Assembleia e é instituída dependendo da taxa de aprovação entre os sócios.

NOSSO COMENTÁRIO

Finaliza-se esse trabalho com a expectativa de que a Sociedade Esportiva Palmeiras possa finalmente fazer uma verdadeira reforma nos estatutos e conseqüentemente na forma de trabalhar as questões da política interna no clube. Para tanto, entende-se que essas mudanças no estatuto ocorram a fim de impedir que sigam os mesmos moldes de gestão e gestores sobre as questões do futebol alviverde. Permitir aos conselheiros o poder de definição das questões do futebol, de acordo com os inúmeros exemplos expostos nesse trabalho, provavelmente contribuirá para que continuem os jogos de interesses pessoais sobressaindo-se aos interesses da Sociedade Esportiva Palmeiras. Continuará permitindo que políticos com interesses próprios usem de artimanhas e de suas influências a fim de conquistar o poder sobre o departamento mais importante da Sociedade Esportiva Palmeiras que é o departamento de futebol. Encerra-se aqui esse trabalho, reforçando os vários pedidos de explicações e solicitando mais uma vez consciência aos conselheiros, pois o voto de cada um pode fazer a diferença entre o melhor e o pior para a Sociedade Esportiva Palmeiras.

O nosso muito obrigado a todos.

Palmeiras “Rei do Brasil”, nós te amamos!!!

Direito de resposta: Oferecemos a todos citados nas matérias um espaço para esclarecimento, mas até a véspera da publicação do PDF apenas o presidente Arnaldo Tirone nos contatou, sendo que não nos enviou nada para ser publicado dentro do prazo estipulado. O espaço seguirá à disposição.

Cabe ressaltar que as matérias contidas neste Dossiê não são de autoria do PTD ou dos elaboradores do documento.