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Dos cursos de Psicoterapia deDos cursos de Psicoterapia deDos cursos de Psicoterapia deDos cursos de Psicoterapia deDos cursos de Psicoterapia deorientação psicanalítica e deorientação psicanalítica e deorientação psicanalítica e deorientação psicanalítica e deorientação psicanalítica e dePsicopatologia e psicoterapiaPsicopatologia e psicoterapiaPsicopatologia e psicoterapiaPsicopatologia e psicoterapiaPsicopatologia e psicoterapiapsicanalítica ao Depsicanalítica ao Depsicanalítica ao Depsicanalítica ao Depsicanalítica ao Deparparparparpartamento detamento detamento detamento detamento defffffororororormação em psicanálise:mação em psicanálise:mação em psicanálise:mação em psicanálise:mação em psicanálise:uma história.uma história.uma história.uma história.uma história.Reflexão crítica sobre o Reflexão crítica sobre o Reflexão crítica sobre o Reflexão crítica sobre o Reflexão crítica sobre o destinodestinodestinodestinodestino de um nome. de um nome. de um nome. de um nome. de um nome.Uma história transgeracional*Uma história transgeracional*Uma história transgeracional*Uma história transgeracional*Uma história transgeracional*

Maria Luiza Scrosoppi Persicano

Pulsional Revista de Psicanálise, ano XIII, no 137, 47-71

Narrativa da história transgeracional iniciada com o Curso de Psicoterapiade Orientação Psicanalítica, planejado em 1975, no bojo da constituição doInstituto Sedes Sapientiae. É o primeiro curso de psicanálise fora da I.P.A, emSão Paulo. Até este momento, a formação psicanalítica é atribuição exclusivada I.P.A., então lugar da verdadeira psicanálise.Analisa três cisões, com significativas alterações de denominação: a saída dosfundadores pertencentes à I.P.A.; logo depois, a separação entre o Curso de Psi-copatologia e Psicoterapia Psicanalítica e o Curso de Psicanálise; dez anosdepois, cisão no Curso de Psicopatologia e Psicoterapia Psicanalítica, que setransforma em Departamento Formação em Psicanálise.Palavras-chave: Formação psicanalítica, instituição psicanalítica, cisões e cursos

de psicanálise

* Texto apresentado e discutido no Encontro Sul-Americano dos Estados Gerais da Psicanálise,realizado em São Paulo, de 13 a 15 de novembro de 1999.

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Como contar o que não pode ser conta-do?Não há o que não possa ser contado, por-que a engenhosidade humana e a força dametáfora não têm limite.Como preservar a incompreensibilidadedo que é incompreensível?Preservar o incompreensível compete àsreligiões o que compete à literatura e tam-bém, de outro modo, à ciência, é iluminar.Como evitar a traição do evento pelacompreensão? E a traição de si?Chegar ao entendimento de um evento échegar à verdade – e a verdade não trainada. O escritor que é verdadeiro consi-go mesmo não trai nada.Será possível repetir, com palavras, umconhecimento perpetuamente adiado?Conhecimento adiado é conhecimento per-dido, porque a verdade existe numpresente perpétuo.Quem é capaz de testemunhar sem se ado-nar de um fato?

Não se pode ser testemunha de um even-to sem alterá-lo.Como fazer coincidir narrativa e testemu-nho? A história e a leitura? Quais são oslimites da metáfora?Narrativa e testemunho se confundem noato da imaginação... Mas história e leituranão deveriam jamais se confundir: algumacoisa aconteceu. E nós sabemos! Os limi-tes da metáfora são os limites do mundo.Como preservar a literalidade do even-to?Preservar a literalidade do evento? Penseem Conrad. Basta fazer o leitor enxergar!Fazer o leitor enxergar!Como traduzir tudo isto em palavras?O tradutor é um mágico – desmontandoBabel.

Extraído de Trinta Perguntas Para IanMcEwan de Arthur Nestrovski e de Trin-ta Respostas de Ian McEwan (in Folha deS. Paulo, 19/10/99 e 12/12/98)

Narrative of the transgenerational history started with the PsychoanalyticalOrientation Psychotherapy Course, planned in 1975, along with theorganization of the Instituto Sedes Sapientiae. It’s the first psychoanalysis coursenot organized by IPA in São Paulo. Until that moment, the graduation inpsychoanalysis was an I.P.A.’s exclusive matter, the proper seat of the trulypsychoanalysis then.It analyses three scissions, with meaningful changes in their names: the exit ofthe founders belonging to the I.P.A.; right after, the split between thePsychopathology and Psychoanalytical Psychotherapy Course and thePsychoanalysis Course; ten years later, scission in the Psychopathology andPsychoanalytical Psychotherapy Course, which changes into Graduation inPsychoanalysis Department.Key Words: Graduation in psychoanalysis, psychoanalytical institution, scissions

and psychoanalysis courses.

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O atual Departamento Formação emPsicanálise do Instituto Sedes Sapien-tiae, que na sua história “sofreu trêsdecisivas experiências de Cisão”(Persicano, 1998, p. 1) nasceu original-mente sob o nome de Curso dePsicoterapia de Orientação Psicanalítica,o qual foi planejado em 1975, no bojoda constituição do Instituto Sedes Sa-pientiae, e iniciado em 1976. Só poderiater sido assim batizado por seus funda-dores, assim nomeado, pois até estaépoca, em todo Brasil, a formação ana-lítica é considerada uma atribuiçãoexclusiva das Sociedades ligadas à As-sociação Internacional de Psicanálise(International Psicanalitical Association– IPA), então lugar privilegiado da “ver-dadeira” psicanálise.

A INSTITUIÇÃO DA PSICANÁLISE

A verdadeira psicanálise, é a produçãode uma prática, de um território onde aúnica e absoluta verdade está presente,onde os que não fazem parte de umaformação específica – as realizadas nasSociedades oficiais – não são autoriza-dos a serem psicanalistas por nãopoderem ter acesso à verdadeira psica-nálise, nem dizer que a exercem(Coimbra, 1995).Devemos lembrar que, com a institui-ção formal da psicanálise, houve um“deslocamento da questão da transmis-são e da autorização que deixou de servirtual para ser formal” (Berlinck, 1988,p. 71), deslocamento este problemáticoquanto mais se caracterize uma coinci-dência entre o virtual e o formal em

alguns psicanalistas, fortalecendo a con-fusão de que o virtual na transmissão ena autorização é e foi devido ao formal.Isto foi o ocorrido com a psicanálisequando Sándor Ferenczi, em 1928, de-fendeu a redução da “equação pessoal”do psicanalista na prática da psicanáli-se, de modo a reduzir o âmbito daintuição e da magia, “buscando articu-lar a prática ao âmbito da techné e daepistemé psicanalíticas” (ibid.; p. 9), le-vando à criação da AssociaçãoPsicanalítica Internacional (IPA)”. Deve-se aqui lembrar, também, o papel atébem recentemente considerado inexpres-sivo do psicanalista Max Eitington que,desde denúncias não comprovadas em1988, passou a ser revisto e visto comodecisivo. Essa figura polêmica pareceter possuído grandes habilidades po-líticas, diplomáticas e burocráticas, efoi ele quem apresentou, em 1925, an-tes da criação da Comissão Didática, umprojeto que tinha por objetivo homoge-neizar a transmissão da psicanálise(Rodrigué, 1998). Nesta moção, Eiting-ton propunha: 1) a formação deveriaescapar às iniciativas individuais, e fu-gir da jurisdição do analista; 2) cadaassociação deveria responder pela acei-tação ou recusa de um candidato localperante a IPA, que ratificaria a medidasob sua responsabilidade; 3) introduzia-se a regulamentação da supervisão (nãoera mais suficiente a análise pessoal, sen-do necessária também uma supervisão,denominada “análise de controle”). Te-ria dito um dia de si mesmo, quando nocomando da Policlínica de Berlim: Sou

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eu que tenho o controle nas mãos (ibid.;p. 147, cit. Eitington, 1923).Freud dá força a estas questões, paradefender o movimento psicanalítico, emcarta a Ernest Jones:

O senhor Eitington e Ferenczi são, de fato,indivíduos cruciais no movimento, e o fu-turo depende principalmente da unanimi-dade entre vocês (ibid.; p. 149, cit.,Hugues, 1993, o grifo é meu).

A política institucional (...) na IPA, deu de-finitiva ênfase à adequação da prática adeterminadas técnicas que rotinizaram aclínica, a técnica e a teoria. Ou seja, nesteprocesso, algo que era considerado defundamental importância pelo próprio Fe-renczi (e por Freud) foi sendo olvidado: abásica função da técnica e da teoria comosustentáculos da poiesis, o exercício dacriação (...) techné, epistemé e poiesis searticulam no tratamento, na cura e em suasreflexões. Ora, a poiesis é aquele compo-nente da “equação pessoal” que é overdadeiro motor da psicanálise e que sebaseia no desejo do analista (Berlinck,1988, p. 9).

Esta ortodoxia da IPA vai se repetir emtoda a história da psicanálise, ocorren-do, também, em parte, com outrosmovimentos dissidentes, ao se consti-tuírem como instituição formal, após seafastarem da IPA.

Já não é mais a instituição virtual criadapor Freud que constitui o psicanalista.Aqui, como se sabe, era a análise pes-soal, a análise de controle (que éconhecida também por supervisão) e o es-tudo da literatura psicanalítica que faziamum psicanalista. (Ibid.; p. 72).

A psicanálise se transforma de institui-ção virtual de um grupo em instituiçãoformal e daí chega à organização cor-porativa, indo, por fim, se configurarcomo um Estado instituinte, que faz asleis da verdadeira psicanálise.Na instituição psicanalítica, até as trans-formações dos anos 60, o pensador quedivergia, discordava de certos termosteóricos fundamentais, rompia com apsicanálise e terminava por desenvolverum outro sistema.

Adler e sua vontade de poder, Jung e oinconsciente dessexualizado, Reich e a an-terioridade do corpo ao significante,Binswanger e o existencialismo. Saíram.Construíram seus esquemas teórico-clíni-cos e estabeleceram formas de transmis-são independentes da psicanálise. Mon-taram as assim chamadas outras correntesde psicoterapia, reconhecidamente nãofreudianas. A Associação Internacional vêsob seu manto o monopólio do saber, datransmissão e da legitimidade psicanalí-tica, a despeito das tendências internas:freudianos, kleinianos, bionianos, winni-cotianos, kohutianos, analistas do ego(Nogueira Filho, 1999, p. 1, grifo meu).

Esta coalescência entre o ato de expulsarcertas formulações e os formuladores e oato de admitir diferenças entre outras for-mulações e formuladores mostra que há umconjunto de pontos que define e distin-gue a psicanálise como campo epistemo-lógico (ibid.; p. 2, grifo meu).

Não por acaso, nos anos 60,

... um psicanalista Jacques Lacan, foi ex-comungado. E não foi possível dizer “estediscordou dos termos teóricos fundamen-

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tais, não é mais um analista”. Não foipossível denominá-lo, valorosamente oupejorativamente, de psicoterapeuta, psi-cólogo analítico, existencialista, bioener-geta. Continuou psicanalista. (ibid.; p. 4,grifo meu).

Rompe-se, portanto, nos anos 60 o mono-pólio. Surge uma novidade. Transmitia-sea psicanálise, analisavam-se os sujeitosfora da Associação Internacional. Não hácomo dizer que Lacan e os que a ele seagregaram não querem saber da sexualida-de, da abstinência, da transferência, dadialética que se opõe ao imanentismo bio-lógico. Não há como dizer que Lacan e osque a ele se agregaram tornaram-se um elode transmissão de menor qualidade, deuma psicanálise trash (...) De ora em dian-te, o grupo, a associação, o instituto, odepartamento, sem a obrigatoriedade decaução universitária, que mostrar-se con-sistente em suas produções teóricas eclínicas, manter-se atuante por algum tem-po e construir uma tradição, organizardebates, formar novos sujeitos comprome-tidos com a causa analítica, adquiriu odireito à transmissão (ibid; p. 4).

É dentro deste contexto geracional queirá surgir, num outro contexto, o dosanos setenta brasileiros, em São Paulo,um curso de psicoterapia psicanalíticano Sedes.

A CONSTITUIÇÃO DO CURSO DE PSICOTE-RAPIA DE ORIENTAÇÃO PSICANALÍTICA

Em São Paulo, este é o primeiro cursode teoria e técnica psicanalítica fora daIPA, portanto só poderia ter sido, comoo foi, denominado de curso de psicote-rapia de orientação psicanalítica e não

de psicanálise. Eufemisticamente eradenominado de curso paralelo de psi-canálise, o que, junto com o nome,indicava duas ambigüidades de interpre-tação de sentidos. Estas ambigüidadesmarcarão o destino do curso e das pes-soas que com ele forem se envolver enele se revolver.Para o Sedes, este primeiro curso repre-senta mais uma das formas de alcançaros princípios já delineados por MadreCristina, que logo seriam referendados,em 1977, pela carta de princípios doInstituto Sedes Sapientiae. Princípios derompimento com o elitismo dominanteno pensamento da época, de aproxima-ção do saber à realidade social e políticabrasileiras, de construção de um pensa-mento e uma prática de crítica etransformação social. A proposta eraformar profissionais de psicanálise quese opusessem ao discurso e à práticadominantes. Mas, retomemos, agora, asambigüidades latentes na constituição docurso e subjacentes à escolha de seunome próprio.Na primeira ambigüidade, de um lado,podia ser e era lido que se abria a di-vulgação da psicanálise para fora da IPA,democraticamente, dando subsídios des-ta área aos psicoterapeutas em geral,sem significar que estes passariam a serconsiderados psicanalistas ao final docurso. O termo orientação psicanalíticadizia de algo que não era psicanálise osuficiente, só se orientava por e para ela,era uma alternativa para ela.De outro lado, podia ser e também eralido como uma promessa de formação

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de psicanalistas fora da IPA. O termocurso paralelo referia-se implicitamen-te a uma formação paralela à IPA,portanto paralelo à formação oficial depsicanalistas e não apenas a um apren-dizado de psicoterapia de orientaçãopsicanalítica. Entretanto, dentro destepólo da primeira ambigüidade residiauma segunda ambigüidade e um impas-se latente de juramento para o grupo.Esta formação de analistas fora da IPAse constituiria num modelo independen-te e competente de formação por si eem si mesma, diferenciado da IPA quan-to aos critérios de definição de saber ede praxis? Ou desta se esperava queviesse a preencher os mesmos critériosde definição de saber e de praxis afir-mados pela IPA, e, em futuro não tãodistante, a ser reconhecida pela própriaIPA como um Study Group, uma novaAssociação filiada à IPA, mas separadada Sociedade Brasileira de Psicanálise deSão Paulo – SBPSP, no Estado de SãoPaulo, a exemplo do Rio de Janeiro?Esta segunda ambigüidade, que se intro-duzia dentro da primeira, tinha portantoeste segundo lado, o mais grave, que di-luía as diferenças entre o fora da IPA eo dentro da IPA. O paralelo poderia sero paralelo à SBPSP, no sentido de vir ase tornar uma nova sociedade da IPA emSão Paulo e não um modelo diferencia-do de formação.Veremos que isto está revelado pelo per-curso histórico deste grupo deformação, que desenvolveremos a se-guir, nas histórias de cisões e nastransformações de denominações que

foram ocorrendo com o passar do tem-po. Não é senão por estas razões que,já nos seus inícios, o curso se constituicom uma especial e peculiar equipe decurso, que ao nosso olhar de hoje nosaparece como tendo sido, na época,uma tentativa de solução de compromis-so da situação descrita acima, que sebuscava olvidar, mas que os fatos irãoseqüencialmente insistir em desfazer, atéfinalmente, mais tarde, ser recusada taltentativa, como se nunca tivesse existi-do, trazendo em seu ventre uma sériede confusões de língua entre os mem-bros, provocando cisões radicais, ondealguém terá de sair dono absoluto detoda a verdade política e psicanalítica ealguém terá de ser desvalorizado, porser fora-da-lei e/ou alienado da verda-de, detentor de toda uma culpa, sempossibilidade de luto ou expiação. Esteé o legado de toda a primeira geraçãofundadora, “canga impura” (parafrasean-do Berlinck, p.17) do inconscientepresente na fundação, no próprio ato defecundar e gestar este curso no Sedes,uma espécie de crime da primeira gera-ção para com todos de todas as geraçõesfuturas que acorrerão capturados e apri-sionados por um dos vértices dasambigüidades, quando não pela própriaambigüidade em si mesma. A “trans-missão transgeracional” (conformedefinição do termo dada por Granjon,1998, p. 29) que se deu, de geração emgeração, se revela pelos fatos crus, e poristo com efeito de violência, que serãovividos pelas gerações futuras, dos maisdiferentes modos, sem poupar ninguém.

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A composição, coordenação e orienta-ção deste primeiro curso é efetuada em1975, a convite de Madre Cristina, porum analista filiado à IPA, Roberto Aze-vedo, que ficara dez anos na Europa,para fazer sua formação, e que recém-chegara ao Brasil, em 1974. São convi-dados por ele para serem professores docurso, mais sete analistas da SBPSP:Fábio Herrmann, Deodato Curvo Azam-buja, Isaías Melsohn, Orestes Forlenza,Arlindo José Adeodato da Cunha, Deo-cleciano Bendochi Alves e MiltonZaidan, e uma psicanalista não filiada àIPA, Regina Schnaiderman. Esta, sendo“de esquerda” e “não isolando a leiturado inconsciente do contexto históricosocial” (Coimbra, 1995; p. 90) e tendosido preterida duas vezes pela SBPSP, jávinha se conduzindo, com “estilo pró-prio de fazer psicanálise” (ibid.; p. 91),por um caminho como “psicanalista nãofiliado” (Berlinck, 1988) e como forma-dora de futuros psicanalistas por fora daSBPSP. O curso se inicia em 1976.Seguindo um roteiro previsível, se nosbasearmos nas exposições acima, nemse completa o primeiro semestre de cur-so e a Sociedade oficial, a SBPSP exerceo monopólio, pressiona, proibindo seuspsicanalistas de terem qualquer cargo naIPA se ministrarem aulas de psicanálisefora da IPA. Dos oito da SBPSP saemseis, para seguir carreira exclusiva naSBPSP, cinco deles tendo chegado a di-datas. Está feita a primeira cisão, ospólos da primeira ambigüidade não sesustentam juntos. Mal a criatura nasci-da, já os fatos abalavam a manutenção

da solução de compromisso latente. Per-manecem apenas Roberto Azevedo eFábio Herrmann da IPA, além de Regi-na Schnaiderman.O curso passa a ser preenchido comprofessores, dentre alguns alunos, quejá possuíam certa formação não filiadapor fora do Curso do Sedes (SEDES,1998) e dentre os psicanalistas argenti-nos, Ana Maria Sigal, que já estava noBrasil há algum tempo, e os argentinosque chegavam ao Brasil no ano de 1977:os casais Carlos Guilhermo Bigliani eLea Beatriz N. de Bigliani, Mario PabloFuks e Lucía Barbero Fuks, e, em se-guida, Tito Schutz, ano em que logocomeçaram a ministrar as aulas.Dissolvia-se, assim, aparentemente aprimeira ambigüidade: agora o cursopassa a ser dito como alternativo, umaforma alternativa de e na formação depsicanalistas. Porém, o nome permane-ce, pois permanece e se potencializa asegunda ambigüidade, que tem embuti-da nela a questão básica de qual jura-mento se escolhe como grupo alterna-tivo. Esta é a questão que se evidenciae se polariza com a chegada dos argen-tinos.“O que é um psicanalista argentino”? Adiáspora psicanalítica Argentina de1976, provocada pela ditadura militar,levou à emigração de muitos deles parapaíses da Europa e da América Latina,dentre eles o Brasil. “Os psicanalistasargentinos passaram a influenciar, de ma-neira marcante, a dinâmica de campo daslocalidades para onde emigraram” (Ber-linck, 1988, pp. 65-67, grifos meus).

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Isto “possibilitou a constituição, em SãoPaulo, de uma nova formação social dapsicanálise: o psicanalista que se cons-titui e se autoriza fora da instituição ofi-cial” (ibid.; p. 68). Distingue-se, poristo, o assim mito do psicanalista argen-tino (não é mais preciso que seja argen-tino de nacionalidade, e há o de nacio-nalidade argentina que não é psicanalistaargentino) e por ser responsável “pelaconstituição de uma determinada escu-ta que marca a clínica e que é, a meuver, a escuta contemporânea. Trata-sede uma escuta pluralista sensível ao so-frimento, que se constitui... naquilo quechamo de instituição virtual da psicaná-lise” (ibid.; p. 68).

A escuta que denomino pluralista e queatribuo a um “certo” psicanalista argen-tino só se constitui a partir de uma cisãodas instituições oficiais ou oficiosas. Emoutras palavras a filiação institucional ins-titui, por definição, uma escuta pura, ondeficam recalcados ou denegados aspectosque não estejam referidos diretamente aocorpus teórico-metodológico que predomi-na na instituição... A filiação institucionalformal determina a escuta já que as insti-tuições psicanalíticas têm sido criadaspara a transmissão, vale dizer, a determi-nação de uma escuta... O que ocorre, en-tretanto, com a escuta do psicanalista quenão se filia a nenhuma instituição formal?(ibid.; p. 71, os grifos são meus).

São estes psicanalistas sem filiação ins-titucional formal os que pertencem àinstituição virtual.Entretanto, são também este tipo, deno-minado psicanalistas argentinos, os que

trazem outra nova para seus diversoslugares de inserção:

Em primeiro lugar, queremos acabar comcerta forma de especialização. Se por psi-canalista entende-se um cidadão que sefecha em seu consultório para atender adez pacientes na razão de três ou quatrosessões semanais, durante seis, sete oumais anos... não queremos mais ser, nemformar, esse tipo de psicanalista. Se porpsicanalista entende-se aquele sujeitopara quem sua profissão – dentro da es-treiteza do exercício antes apontada – é aúnica, suficiente e exclusiva contribuiçãoque a sociedade espera dele... não quere-mos ser, nem formar, esse tipo depsicanalista (Baremblitt, 1984; p. 91).

Podemos dizer que, a partir deste mo-mento histórico para a instituição dapsicanálise em São Paulo e no Brasil, noSedes as ambigüidades iniciais tenderãoa se potencializar em opostos e em gru-pos radicalmente opostos, como doislados irreconciliáveis do mesmo confli-to. A partir daí tudo indica ter havidouma dificuldade crescente em manter asolução de compromisso fundadora,com tendência crescente a mecanismosde cisão e recusa, envolvendo a sobre-vivência e o poder, para que pólosideológicos tão díspares em sua visãode mundo e do papel da psicanálise, pu-dessem afirmar e negar objetivosopostos, dentro do mesmo grupo. Nabase, é agora um grupo impossibilitadode sustentar um juramento comum, le-vado por isso a equívocos nos objetivosque deveriam ser comuns, destinado ir-remediavelmente ou a naufragar ou aevoluir para uma Cisão.

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É contra o risco de ruptura de grupo quecada um deve fazer um juramento: jurar-se-á contra toda força “centrífuga”, contrao próprio risco da liberdade que interessaa cada um na medida em que é atraídopara outra parte, por uma outra dimensãode si mesmo. O juramento está na ditadu-ra do mesmo em cada um... O juramento éo poder de cada um sobre todos e de to-dos sobre cada um: ele me garante contraminha própria liberdade e institui o meucontrole sobre a liberdade do Outro. Elefundamenta assim o grupo em sua perma-nência... O juramento é a aparição de umestatuto de permanência no grupo: que setenha realmente feito o juramento, ou quedele se tenha feito a economia aparente,resulta que a organização do grupo setorna o objetivo imediato do grupo orga-nizado... O grupo se toma sempre (a partirdo juramento) e primeiramente como ob-jetivo: ele se trabalha para poder trabalhar,quer dizer, procurar objetivos comuns”(Lapassade, 1983; pp. 235-236, cit. Sartre,Crítica da razão dialética).

O espírito de equipe é a interdependên-cia dos poderes em ligação a um objetivocomum... A função é determinação inde-terminada que deixa lugar à criatividadeindividual (ibid.; p. 238).

E, assim, levarão quatro anos até que agrande cisão, aqui historicamente pre-nunciada, ocorra. Era uma cisãoconstitutiva do Curso de Orientação Psi-canalítica. Não havia como evitá-la oucontorná-la eternamente. Esta cisão étraumática, se dá em fins de 1979 umracha, como ficou apelidado, no que jáestava estruturalmente rachado. Para al-guns, as questões essenciais aqui já

expostas podiam estar claras. Porém,com certeza, não estavam totalmenteclaras, naquele momento, para muitosdos envolvidos, a interferência nestasescolhas (para ambos os lados) de mar-cas traumáticas da história anterior eatual da época, enfim, da diáspora Ar-gentina e dos crimes recusados daditadura do milagre brasileiro. Além dis-to, e também em parte determinadas poristo, questões outras, como questões deordem pessoal, de prestígio, de afetivi-dade, de poder, de partidarismo ouapenas simpatia, interferiram nas iden-tificações e nos reagrupamentos daspessoas, como sempre ocorre em situa-ções como estas. Muitos dos quechegavam como novos alunos ao cur-so, não se deram conta de nenhumclima de mal-estar, de nenhum proble-ma no curso, até serem convocados aoptar em uma assembléia.Estão de acordo com as exposições aci-ma a respeito das ambigüidades, bemcomo com o histórico que se seguirá,as descrições feitas por Coimbra (1995)que afirma que bem antes da oficializa-ção do racha já começaram a ficarclaras as diferenças de concepção so-bre a formação analítica proposta porcada grupo.

Roberto Azevedo, apoiado por algunsprofessores, defende a existência de pro-vas, de uma formação em paralelo para oscandidatos a monitores, uma maior hierar-quia, não permitindo a participação detodos os alunos nas decisões sobre o cur-so. Por seu lado Regina Schnaiderman eoutros apostam no contrário: maior parti-

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cipação dos alunos e professores, nãodogmatismo teórico prático. O primeirogrupo acusa Regina Schnaiderman e seugrupo de serem populistas, democratistase mesmo demagógicos, de estarem preo-cupados com uma psicanálise aplicadaaos estabelecimentos sociais e, por con-seguinte, assistencialista. Especialmenteos argentinos da segunda geração, liga-dos a Roberto Azevedo, são contra atransformação do Sedes em um centro deformação teórico-prático, como funciona-vam os hospitais públicos na Argentinaantes do golpe de 1976. Alegam defenderuma formação psicanalítica consistente enão somente aplicada aos estabelecimen-tos sociais. Por sua vez, o grupo ligado àRegina Schnaiderman considera que osoutros querem a reprodução da hierarquiaque há na SBPSP – seu elitismo, autorita-rismo e dogmatismo – e que representama psicanálise ritualística de divã nos seusenquadres clássicos, desqualificando otrabalho nos estabelecimentos e valorizan-do o atendimento privado. Defendem umaformação não dogmática, sem as “verda-des” absolutas de certas linhas detrabalho, aberta e engajada no contextopolítico social brasileiro (p. 157).

Em fins de 1979, a partir do fator emer-gente em torno de uma discussão dequais ex-alunos da 1a turma poderão vira ser incorporados como professores –Regina quer Miriam Chnaidermann, Ro-berto quer Eliana Rache Humberg e JoãoSérgio Telles – não se chega a um acor-do e, ao final do ano, Roberto Azevedodecide sair, com quem o apóia, do cur-so e criar um novo curso dentro doSedes, após permissão solicitada e ob-tida de Madre Cristina.

A ORGANIZAÇÃO DOCURSO DE PSICOPATOLOGIA EPSICOTERAPIA PSICANALÍTICA

É assim criado por Roberto Azevedooutro curso denominado de Curso dePsicopatologia e Psicoterapia Psicanalí-tica, a partir de agora apelidado noscorredores do Sedes de Curso do Rober-to, ao lado do Curso de Psicoterapia deOrientação Psicanalítica, apelidado deCurso da Regina. Este último, em 1981,passa a se denominar Curso de Psica-nálise e, mais tarde, Departamento dePsicanálise.Curiosidade digna de respeito e reflexãoséria são os termos dos programas decurso lançados em 1980, junto com aconstatação, nada irrelevante, de queeste será o primeiro ano em que, nosmanuais do Instituto Sedes Sapientiae,pela primeira vez, surgem programasque diferenciam os diversos cursos deespecialização.Encontramos já nas primeiras linhas deobjetivos do “Curso da Regina” uma ci-tação do “1o Anteprojeto do Estatuto doDepartamento de Psicoterapia de Orien-tação Psicanalítica – 1977”. Eram osseguintes termos:

Promover e desenvolver atividades de for-mação, pesquisa e assistência no campoda saúde mental, fundadas e orientadascientificamente em e pela psicanálise, en-quanto teoria, método e técnica, e tambémpor disciplinas afins e complementares, emconcordância com os fins gerais do Ins-tituto Sedes Sapientiae (Sedes Sapientiae,1976/1985, grifos meus).

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Interessante notar que antes do racha jáse tentava constituir um Departamento.E, nas primeiras linhas do “Curso doRoberto”:

O curso de formação de psicopatologiae psicoterapia psicanalítica se caracteri-za por adotar a psicanálise como teoriageral que se refere ao conhecimento cien-tífico do psiquismo, da qual deriva umateoria psicopatológica e uma técnica tera-pêutica e de investigação. Abrange tantoa área de psicoterapia individual comogrupal e institucional. O curso visa criarmelhores condições de acesso a forma-ções de profissionais, procurando garantirum alto nível de qualidade de ensino...bem como a verificação da possibilidadede estender sua aplicação a outras áreas(Sedes Sapientiae, 1976-1985, grifosmeus).

Aqui, assim, os destinos se separame esta exposição seguirá, a partir deagora, os caminhos do Curso de Psico-patologia e Psicoterapia Psicanalítica (onosso), que pretendia, na época, con-centrar-se totalmente... na formação adequada de psicanalistasde clínica particular, não tendo a atençãovoltada, de modo precípuo, para serviçosinstitucionais. Nem tinha como objetivo oatendimento de pacientes da clínica doInstituto, sendo exigido de cada aluno, naseleção, que, de preferência, tivessem pa-cientes em psicoterapia individual, em seuconsultório particular, ou se dispusessema tê-los no futuro (Persicano, 1998, p. 2).Em fins de 1979, na cisão, ficam comRoberto Azevedo o seguinte grupo deprofessores: a portuguesa Maria Rita

Mendes Leal, os argentinos Tito Schutz,Guilhermo e Lea Bigliani, também osprofessores em psicopatologia psiquiá-trica Itiro Shirakawa e Ladislau RuyUngar Glausiusz (que ministravam es-tas aulas teóricas desde o início do cursoem 1976), além dos psicanalistas cola-boradores, recém-formados pelo curso,Eliana Rache Humberg e João SérgioSiqueira Telles. Sairão, pois já estavamcom viagem anunciada, Maria Rita, paraPortugal, em fins de 1979 e Tito, paraa Argentina, em fins de 1980. Entrampara o curso, em 1980, os novos argen-tinos, Oscar Manuel Miguelez e Nora B.Susmanski de Miguelez, e, em seguida,Maria Carpossi, que já estava no Brasildesde 1976; além de Antônio CarlosPacheco e Silva Filho, psicanalista efe-tivo da SBPSP, em 1981. Em 1980 sãoprofessores do novo Curso de Psicopa-tologia e Psicoterapia Psicanalítica doSedes: Roberto Azevedo, Itiro Shiraka-wa, Maria Rita Mendes Leal, MariaCarpossi, Tito Schutz, Lea e Guilher-mo Bigliani, e ainda os professoresgenericamente denominados como co-laboradores. Este é o nome que constano manual do Sedes da época, sem aespecificação do nome próprio do pro-fissional e que se referia aos nomes de:Ladislau Glausiusz, Eliana Humberg,João Sérgio Siqueira Telles, Oscar Ma-nuel Miguelez e Nora B. Susmansky deMiguelez. É em 1981 que Oscar e NoraMiguelez tornam-se professores especi-ficados como tal, no manual, enquantoEliana Humberg e Sérgio Telles só se-rão inseridos no manual com seu nome

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em 1982. Este grupo de professoresserá logo denominado e autodenomina-do Staff de titulares. Justamente, nesteano, outros profissionais surgem semqualquer denominação no manual, nemgenérica, com a denominação circulan-te de monitores.A partir de 1982, até 1989, vários psi-canalistas, assim que se formam nocurso são convidados pelos diferentesprofessores titulares remunerados peloSedes (até 1985 os professores do Ins-tituto Sedes recebiam como autônomos,depois pela CLT), a participarem da ati-vidade de ministrar aulas no Sedes, emcondição de monitoria não remuneradajunto ao curso, para quem quisesseaprofundar seus estudos e ter aprendi-zado em ministrar aulas teóricas empsicanálise, junto aos professores maisexperientes.A proposta inicial de monitoria temfinalidade dupla. A primeira, de propor-cionar um espaço para a continuidade deformação aos psicanalistas. A segunda,de garantir futuros professores titularespara o caso de saída de alguns. Na se-gunda proposição, estava encoberta,mas comprovado pela continuação dosfatos, revelada pela história que se se-guirá, uma espécie de atitude deprevenção de garantia de adeptos, e otemor e, portanto, a possibilidade de umracha. Isto porque, dentro da primeiraproposição, havia algo da ambigüidadefundante do grupo, que infalivelmentelevava à segunda proposição.Na primeira proposição, havia o desejode associação de pessoas que se reco-

nhecessem entre si como membros deum mesmo grupo. Em complemento eem paralelo a esta mesma idéia já estásurgindo, mas sob uma forma diferen-ciada de um centro de estudos, um novolugar de inserção para os egressos docurso, o Centro de Estudos em Psico-patologia, Psicoterapia e Psicanálise –CEPSI.No Curso, enquanto isto, com o esta-belecimento da monitoria e com ajustificativa realística de melhor rendi-mento, o resultado foi que, alguns anosdepois, já tínhamos cada subgrupo deprofessores titulares cercado de seusmonitores, concentrados nos estudosexclusivos ao pequeno grupo, em gru-pos cada vez mais fechados e isoladosentre si, separando-se pelos anos de cur-so em composição com a oposiçãokleinianos x freudianos.Os termos titular, Staff e monitor, ine-xistentes na estrutura do InstitutoSedes, são as sintomáticas denomina-ções-apelido recebidas, indicativas dehierarquia e subalternidade. Só que setratam de psicanalistas e de profissio-nais cada qual já com seu específicopercurso independente de profissão ematuridade. Difícil dizer, naquele mo-mento, em quantos coincidia serpsicanalista virtual com ser, ou vir a ser,autorizado formalmente como psicana-lista pela instituição.As primeiras turmas de monitores tra-balham nos vários anos de curso aomesmo tempo. Entram dez monitoresnos anos de 1982 e 1983: Eliane Miche-lini, Oswaldo de Vitto, Milton Della Nina

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(sairá em inícios de 1986), Aristides Ci-carelli, Vilma Guilherme Santos Araujo(esta última ficará apenas um ano), em1982. Ede de Oliveira Silva, Alícia Car-men Raul Brasileiro de Mello, MariaAntonieta Pisano Motta, Flávio Emboa-ba Moreira, Richard Chemtob Carazzo,em 1983.A partir de 1984, os monitores serão dis-tribuídos por ano específico, nãoatendendo mais a diferentes anos, juntoaos professores titulares responsáveisde anos. Entram mais nove monitoresem 1984: Armando Colognese Junior,Emir Tomazelli, Maria Teresa ScandellRocco, Roberto Azevedo Filho, Sylviade França Guimarães (saiu em inícios de1990), Elza Mendonça de Macedo, Ma-rília de Freitas Pereira e Luiz Antonio deOliveira Silva (estes três últimos ficamapenas um ano).A partir de 1985, o grupo de professo-res suspende o convite pessoal e iniciaa exigência de provas para que um psi-canalista ex-aluno possa vir a ser mo-nitor. Institui-se uma avaliação tríplice,com entrega prévia de Curriculum Vi-tae: uma prova teórica escrita abrangen-do a matéria dos quatro anos, duasapresentações orais ante o Staff, emconjunto, de professores. Estas apre-sentações orais constavam de uma aulaexpositiva a respeito de um tema esco-lhido previamente pelo candidato e deuma apresentação de caso clínico, aten-dido pelo candidato (e que não podia tersido supervisionado por ninguém doStaff). Assim, sob estas condições maismonitores foram aprovados, nos anos

de 1985 e de 1987, com direito a classi-ficação por notas para poder escolher oano em que queria trabalhar. Em iníciosde 1985, da turma que se formara em1984, entram como assistentes: José Car-los Garcia, Maria Helena Saleme, MariaCristina Perdomo, Clair Arradi (sairá em1988, após grave acidente de automó-vel), Suzana Alves Viana e Giselle Groe-ninga de Almeida. Em inícios de 1987,da turma que se formara em 1986: Ma-ria Luiza Scrosoppi Persicano, HomeroVettorazzo Filho e Ésio dos Reis Filho(este último sai em fins de 1988, pararetornar só em 1995 como professor).A monitoria era tarefa árdua: horas depreparo de textos e de reuniões sema-nais prolongadas com os professores decurso, muitas vezes em finais de sema-na e, ainda assim, em horários noturnos.Uma dedicação exclusiva à instituição,um estudo exigente, rigoroso e sem tré-gua. E, por isso, davam também essesprofessores titulares o melhor de si nes-tes estudos com seus monitores. Aexigência clínica era maior ainda: era es-perado que cada psicanalista que fossemonitor se dedicasse a supervisões fre-qüentes e contínuas com um ou doistitulares ou com algum psicanalista re-conhecido por algum membro do Staff.E logo após o primeiro ano de monito-ria, cada vez mais, estarão essesmonitores, e os que os seguirem, minis-trando sozinhos as aulas de semináriosem pequenos grupos, sem a presença doprofessor contratado no Sedes. Cabiatambém ao monitor mais antigo ensinare acompanhar pormenorizadamente os

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novos colegas monitores no primeiroano de curso, em inúmeras reuniões.Circulava entre todos o desejo pelo ideal,de um curso de excelência teórica e téc-nica: talvez se possa dizer que ojuramento do grupo da época, Staff emonitores, era um ideal de excelênciaem formação. Isto exigia a burocratiza-ção que vinha acontecendo. Circulavam,ao largo disto, avaliações informais dequalidade dentro dos subgrupos e entreos subgrupos, com a contrapartida dedesejos individuais e grupais de reco-nhecimento e ascensão profissional,tanto nos consultórios como na hierar-quia de poder formal ou informal que foise estabelecendo lenta e vigorosamentena instituição.Em abril de 1986, é aberta aos monito-res mais antigos o mesmo tipo de provapara ascenderem a professor titular,ocupando novas vagas abertas no Staff.Candidatam-se para duas vagas abertasem dois dos anos do curso: Flávio Em-boaba Moreira, Richard ChemtobCarazzo, Oswaldo de Vitto e Ede de Oli-veira e Silva. Todos aprovados, comuma ordem classificatória de pequenasdiferenças. Mas a instituição Curso nãooferece lugar para muitos. O primeirocolocado se candidatara para as duasvagas, o segundo colocado para a vagado 4o ano, o terceiro e o quarto candi-dato para a vaga do 2o ano. O resultadofoi que só o primeiro e o terceiro colo-cados passaram a professores do Staff,Richard Chemtob Carazzo, para o 4o

ano e Oswaldo de Vitto, para o 2o ano.Neste momento altamente delicado da

instituição, o grupo perde Flávio Emboa-ba, que se retira voluntariamente. Ede deOliveira e Silva permanece como moni-tor e, no mesmo ano, será convidado aplanejar, organizar e coordenar, junto aRoberto Azevedo, Eliana Rache e Ri-chard Chemtob Carazzo, um novogrupo de formação de quatro anos, nacidade de Campinas, o que será de enor-me importância na seqüência dosacontecimentos. E será, neste momen-to histórico, na virada de 1986 para1987, que, os até então monitores, pordecisão em reunião do Staff, passam aser denominados professores assistentes,e assim nomeados no manual do Sedes.Entretanto, são professores voluntários,não remunerados.Pelos mesmos métodos de avaliação,entraram, nos anos seguintes, mais as-sistentes: uma em 1988 – MarizildaPaulino, e sete em 1989 – Rogério Coe-lho de Souza, Maria Elizabeth F. B. R.de Moraes, Cecília Noemi de Camargo,Nadia Chamma, Lucia Maria A. Maciel,Denia Hukai e Maria Rosa Maris Sales,a “Rosí”.Temos, neste período todo, o que é de-finido como um grupo em processo deburocratização. No estágio da organiza-ção, o grupo se define para cada umpela distribuição de tarefas, pela função.É o nível institucional de ligações, detransmissão de ordens, da organizaçãoburocrática. “O sistema burocrático en-contra um de seus fundamentos essen-ciais nos mistérios do conhecimento”(Lapassade, 1983; p. 18). Configura-seum monopólio do “saber” que confere

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um poder de dominação e, portanto, deexigência de subordinação a ele. Todasas informações, cada vez mais, inclusi-ve as das áreas específicas de conheci-mento, vão se organizar em torno dosistema deste “saber”, num monopóliodo Staff ou em minimonopólios desubgrupos kleinianos x freudianos. O“saber” é instrumento de competição oude apropriação. Há exigência de unani-midade também deste “saber” dentro desubgrupos. Os subgrupos suspendem astrocas de conhecimento entre si. A pro-dução individual e a criatividade ficam,automaticamente, cerceadas.Falta espaço para este grupo-organiza-ção que evolui para uma instituição for-mal. Para se proteger da ameaça dedeslocamento de membros ou de disso-lução, o grupo vai buscar uma unidade,produzindo-se cada vez mais, a si mes-mo, sob a forma de um grupo institu-cionalizado: “órgãos, funções e podervão transformar-se em instituições”.

Faz-se sentir uma exigência de unanimida-de: ela pode ser vista na rejeição dosopositores como traidores. Essa rejeiçãodaqueles que desviam pode ser analisadano exemplo histórico do conflito entre gi-rondinos e montagnards e nos processosde depuração no conflito. É a integração-terror, na qual cada um é depurador edepurado. O terror não é ditadura de umgrupo minoritário, é, ao contrário, uma es-trutura fundamental do grupo em suatotalidade (Lapassade, 1983; p. 248, cit.Sartre, Crítica da razão dialética).

É possível entender nesta linha o que se-guirá acontecendo com este grupo que

busca, ao mesmo tempo, em oposiçãoa tudo isto, se instituir como um Cen-tro de Psicanálise, mas que terá esteespaço também contaminado pelas con-tradições.Assim, em setembro de 1990, a Revis-ta PATHOS – Psicanálise Contemporâ-nea, do CEPSI, em sua única edição,publica o alusivo artigo de Fausta CruzBrito, do Instituto Venezuelano de Psi-canálise, “Montescos e Capuletos naFormação Analítica”. Uma curiosidadeimportante é que, em 1988, uma outrarevista de uma única edição, Ensaios.Fórum de Debates Psicanalíticos, forapublicada pelo mesmo CEPSI, revelan-do a questão com o saber e com a pro-dução acima apontada.O curso, por sua vez, já está mais queenredado na repetição da contradiçãooriginal dos fundadores: busca uma ins-tituição formal da psicanálise num lugar,o Instituto Sedes Sapientiae, que nãoobjetiva oferecer espaços hierárquicos,e que visa “a formação de profissionaisde modo a perseguir constante reflexãoe postura crítica, a estimular uma prá-tica de transformação social e oexercício da cidadania” (Persicano,1998; p. 1).Nessa altura, final de 1988, início de1989, a maioria dos professores assisten-tes antigos, escolhidos por convite, bemcomo a maioria dos assistentes quehaviam sido submetidos à avaliação trí-plice, já eram profissionais reconhe-cidos como psicanalistas e por práticaacadêmica em psicanálise. Alguns jáeram ou tinham sido professores e

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coordenadores em faculdades e uni-versidades. Dentre estes pode-se exem-plificar até o caso isolado e específicoda autora deste artigo, que é um teste-munho de uma curiosidade esclarecedo-ra, pois esta também já era professoracontratada pelo Sedes, sendo membroprofessora e supervisora da equipe doCurso de Psicanálise da Criança, desdeinícios de 1986, e pelo Curso de Psico-terapia e Psicopatologia Psicanalítica re-cebia, do Instituto Sedes, em confiança,atestado de professora assistente volun-tária. E como professora contratada nãopagava estacionamento do Sedes, mes-mo quando vinha dar aulas como assis-tente voluntária, o que não era o casode seus colegas assistentes que tinhamde pagar o referido estacionamento. Pa-rece que alguns destes só se deram con-ta disto por essa época. Porém, o fatordecisivo para o que acontecerá em se-guida, foi a experiência de um grupo,dentre os assistentes do Sedes, de pes-soas que haviam sido escolhidas, em iní-cios de 1986, para serem professores esupervisores titulares no Centro de Psi-canálise de Campinas – CPCAMP, por-tanto, referendados por tal escolha e pelaprática desde 1987.

O SURGIMENTO DEGRUPOS INSTITUINTES:

CAMPINAS E CEPSI CAMPINAS

Em 1986, um grupo de três psicólogas,Sandra Giuntini, de Jundiaí; MargaridaVilhena, de Itu e Elisabeth Scanavino, deAmericana, tendo recebido indicação deOswaldo Dante Di Loretto, se reuniram

e vieram a São Paulo, ao Sedes, paraconversar com Madre Cristina e solici-tar a abertura de um grupo de estudosou curso de psicanálise na região deCampinas. Madre Cristina orientou-aspara que voltassem com duas cartas en-dereçadas aos dois diretores de curso depsicanálise que poderiam atender a estepedido, pessoalmente. As cartas foramendereçadas às pessoas físicas de Ro-berto Azevedo e Mario Fuks, depoisforam apresentadas, junto com abaixo-assinado de pessoas da região, à MadreCristina. Consta que apenas RobertoAzevedo respondeu à solicitação, rece-beu-as em seu consultório, permitiu queassistissem a um evento no Sedes e, apartir daí, montou o grupo de coorde-nação de um curso independente emCampinas, o CPCAMP, com dois pro-fessores do Sedes, Eliana Rache(professora do 3o ano do Sedes) e Ri-chard Chemtob Carazzo (professor do4o ano do Sedes), mais o ainda moni-tor do Sedes, Ede Oliveira e Silva (do2o ano do Sedes). Para ministrarem au-las e supervisões, também como titularesdeste curso de Campinas e serem remu-nerados aos moldes de valor médio dehora de autônomo, foram convidadosos seguintes monitores do Sedes, aquiem São Paulo subordinados aos seguin-tes anos: Maria Cristina Perdomo eRoberto Azevedo Filho (do 1o ano doSedes, coordenado aqui por Sérgio Tel-les e Guilhermo Bigliani), AlíceaBrasileiro de Melo (do 2o ano do Sedes,coordenado aqui pelo casal Miguelez),Maria Antonieta Pisano Motta, a “Tina”,

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Eliane Michelini Marracini, Emir Toma-zelli, Suzana Alves Viana, GiselleGroeninga de Almeida, Maria LuizaScrosoppi Persicano (do 3o ano do Se-des, coordenado por Eliana Rache);Armando Colognese Junior e HomeroVettorazzo Filho (do 4º ano do Sedes,coordenado por Roberto Azevedo). Ma-ria Antonieta, Roberto Filho e ElianeMarracini não se dispõem à viagem, nes-te momento. Estes dois últimos irãomais tarde entrar no CPCAMP, depois de1990, assim como entrarão como no-vos professores do CPCAMP, pelos anosde formados, mais assistentes dos res-pectivos anos do Sedes: em 1988,Marizilda Paulino (4o ano) e, em 1989,Rogério Coelho de Souza e Denia Hukai(3o ano), Maria Elizabeth Moraes e Ma-ria Rosa Maris Sales (2o ano), além dasassistentes antigas Maria TeresaScandell Rocco (1o ano) e Maria Hele-na Saleme (4o ano). As idas a Campinaseram precedidas de reuniões de estu-dos, e o preparo dos professores erafeito pelos colegas mais experientes na-quela matéria, havendo, portanto, trocascurriculares do conteúdo estudado nossubgrupos do Sedes, que até então vi-nham trabalhando sem trocas contínuas.As viagens a Campinas eram realizadasem grupos de três, no início, e, a partirdo ano seguinte, quatro ou cinco pro-fessores no mesmo carro. Assim, já em1987, pessoas que nunca tinham esta-do no mesmo subgrupo em São Paulo,começaram a trocar informações entresi e a respeito das experiências, ao mes-mo tempo, desafiadoras e gratificantes

em aulas teóricas e em seminários clí-nicos ministrados em Campinas, a res-peito das experiências no Sedes, arespeito do Curso de Psicopatologia ePsicoterapia Psicanalítica, do Staff, dolugar ali ocupado pelos monitores, dashistórias de satisfações e insatisfaçõesde cada um, da falta de recebimento pe-las aulas e a ausência de perspectivaimediata no Curso do Sedes, acompa-nhada de cada vez por um númeromaior de monitores entrando no Sedesa cada ano, e, enfim, até da obrigato-riedade de pagamento do estaciona-mento do Sedes pelos monitores ouassistentes.Os professores do Staff do Curso doSedes que não haviam sido convidadosa Campinas não aceitaram a criação e aexistência do CPCAMP por um misto derazões, desde questão pessoal até porconsiderarem que o Curso de Campinasdeveria ser extensão do Sedes. A situa-ção também incomodou a algunsmonitores de 1o, 2o e 4o anos não con-vidados (os de 3o ano, que ministravamMelanie Klein em São Paulo, haviamsido todos convidados).A questão de Campinas coloca o grupodo Sedes numa circulação de informa-ção jamais conseguida antes no Cursode Psicoterapia e Psicopatologia Psica-nalítica.

CEPSI

Paralelamente ao Curso, evoluía todauma história do CEPSI.Em complemento ao aperfeiçoamentoorganizacional do Curso e à busca de no-

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vos espaços de inserção para quem eraegresso do curso, surge o CEPSI, que nonome também repete as ambigüidadesoriginárias. Psicopatologia e psicotera-pia psicanalíticas. Centro de estudos.Study Group. Um sinal na escolha pos-terior de um endereço oficial, outro quenão o do Sedes? Este é o do consultó-rio de Roberto Azevedo. Uns, ligados aRoberto, desejavam um Study Group,outros não. Entretanto, apesar da deno-minação, em seu início o CEPSI surgecomo idéia legítima de continuidade vir-tual de formação, e isto não é senão, denovo, apenas um dos pólos integrantesda ambigüidade originária. A idéia é deum centro de estudos, como um espa-ço entre iguais, que mantivesse a todosligados, após o curso, em contínua for-mação virtual. Buscava-se um lugar paraaquilo descrito por Nogueira Filho (1999):

Trata-se de psicanalistas que – não semproblemas – reúnem-se em grupos e ... fa-lam, discutem, lêem, brigam, amam, põem-se ao outro. Se mais que isso o grupo, aassociação, o instituto, o departamento sefizer representar no amplo campo das dis-cussões culturais, sociais e científicas e,de quebra, receber o reconhecimento dacomunidade psicanalítica, não tem a me-nor razão para envergonhar-se de seu tí-tulo, de suas produções e da qualidadede seu trabalho (grifos meus).

Deste lado do pólo não tinha o CEPSI,em seu início, nenhuma aspiração deideal. Só desejava o reconhecimentocomo Study Group.Assim, neste momento, em contraposi-ção ao curso, espontaneamente irrompe,

retornando, sob nova cara, a dicotomiae a oposição subliminar e sub-reptíciaentre as idéias de psicanálise formal ver-sus virtual, a conflitiva originária dosfundadores entre uma instituição buro-crática de formação versus um centrovirtual de estudos.É em 1984 que se forma o CEPSI, ten-do como diretoria do primeiro biênio,1984-1986, um grupo de profissionaisformados pelo curso: Eduardo NavajasFilho (da turma que se forma em 1981),Heloisa Ópice, Luciana Gentilezza e Vi-cente Sílvio Nogueira (turma de 1983).Nesta diretoria não havia especificaçãode cargos. O grupo-organização noCEPSI inicia-se na gestão seguinte. OCEPSI acompanha, a partir daí, o orga-nizacional do curso, com cargos esta-tutários, com direito a reeleição, o quegerou a permanência, a partir de 1986até a cisão que se avizinha de 1990-1991, de Roberto Azevedo no cargo depresidente, além da estabilidade de ou-tras pessoas nos cargos.A partir da segunda diretoria, biênio1986/1987 o CEPSI já se compõe orga-nizativamente com muitos cargos dediretoria e com Roberto Azevedo comopresidente; Elza Mendonça de Macedo,Barbosa Coutinho (de turma formadaantes de 1980), Norma Lottemberg Se-mer e Suely Gevertz (ambas da turmaque se forma em 1986) como 1o e 2o e3o secretários e suplente; Lea Katte Bri-ckmann Rotemberg (turma de 1984),Heloisa Ópice (1983) e Lilian Dóra Gat-taz (turma de 1981) como 1a e 2a

tesoureiras e suplente; Milton Della

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Nina, Flávio Emboaba, Arthur NevesSobrinho (turma de 1985) e FranciscoAlgodoal Filho (turma de 1980) comocoordenador, vices e suplente de coor-denadoria científica.No biênio 1988-1989 mudam apenasalguns cargos. Roberto Azevedo, presi-dente; Elza Mendonça de Macedo, SoniaMaria B. Albuquerque Parente (da tur-ma formada em 1984) e GiselleGroeninga de Almeida, 1o e 2o secretá-rias e suplente. Lea K. BrickmannRotemberg, Richard Chemtob Carazzoe Homero Vettorazzo Filho, 1o, 2o tesou-reiros e suplente. Francisco CaldeiraAlgodoal Filho e Arthur Neves Sobrinhoe Marly Teresinha Michelini Goulart (daturma que se forma em 1986), coorde-nador, vice e suplente de coordenadoriacientífica.Os nomes em itálico eram membros docorpo docente, em sua maioria assisten-tes, afora Roberto Azevedo. Portanto, acrise instituinte vinda dos assistentes,que atingia o curso, chegava ao CEPSI.A diretoria eleita para a gestão 1990-1991 viverá uma série de encontros edesencontros até rachar ao meio juntocom a cisão do curso em 1990-1991.Era composta de treze pessoas, sendooito docentes do curso, dois professo-res e seis assistentes: Roberto Azevedo,presidente; Maria Teresa Scandell Roc-co, Maria Elizabeth Moraes e ArthurNeves Sobrinho, 1a, 2a e suplente de se-cretaria; Lea K. Brickmann Rotemberg,Richard Chemtob Carazzo e Marizildade Oliveira Paulino, 1o, 2o e suplentede tesouraria; Emir Tomazelli, Rogério

Nogueira Coelho de Souza, DurvalMazzei Nogueira Filho (turma de 1983),coordenador, vice e suplente da comis-são científica; Claudia Paula Leicand(turma de 1986), Giselle Groeninga deAlmeida e Marly Michelini Goulart.

A CISÃO “DEPURADORA” DE UMNOVO GRUPO QUE SE FORMA

Outros fatos importantes ocorrem em1988 e 1989. Em 1988, Roberto Aze-vedo e Eliana Rache se casam, o quenão era esperado pela maioria dos pro-fessores e dos assistentes, sequer pelamaioria dos do subgrupo a que perten-ciam, o subgrupo kleiniano. Em marçode 1989, um membro antigo do Staff,Mari Carpossi, decide retornar a seupaís, mas, antes disso, é pesarosamen-te perdida por falecimento. Abre-seuma vaga no Staff e a assistente MariaAntonieta Pisano Mota, em 1989, sub-mete-se ao concurso para professora eé aprovada como titular entrando noStaff em 1990.O Staff estava assim composto: freudia-nos: Lea e Guijo Bigliani, Oscar e NoraMiguelez, Sérgio Telles e Oswaldo deVitto; kleinianos: Roberto Azevedo eEliana Rache, Richard Chemtob Ca-razzo, Antonio Carlos Pacheco e SilvaFilho e Maria Antonieta Pisano Mota.Em 26 de abril de 1989, os vinte e cin-co assistentes do Sedes se reúnem, apartir da convocação do assistente Ar-mando Colognese Junior para discutir opagamento do estacionamento entre osassistentes e outros assuntos. Esta con-vocação atendia aos anseios da maioria.

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Nesta reunião todos os assistentes ela-boram um abaixo-assinado dirigido aosprofessores titulares, “resolvendo ser deinteresse comum” (sic); reuniões men-sais exclusivas permanentes de profes-sores assistentes do Curso de Psicopa-tologia e Psicoterapia Psicanalítica, nodocumento marcadas previamente aténovembro de 1989. Até então os assis-tentes só se reuniam em subgrupos esempre, ou na maioria das vezes, sob acoordenação do professor titular. Reu-niões de grupo exclusivas tinham sido,até então, atribuição e atividade especí-ficas do grupo do Staff, e antes de Cam-pinas ninguém, entre os assistentes, ha-via sequer desejado uma reunião só deassistentes.Até Campinas os assistentes não eramum grupo e o Curso e o Staff eram umgrupo-organização. Com Campinas deu-se o grupo em seriação entre os assis-tentes, “um por todos, todos por um”,com juramento firme de pertença e an-seio de liberdade, de rompimento da su-bordinação e de conquista de seu lugarsocial na instituição. Uma revolução, umgrupo com força instituinte nunca an-tes acontecida dentro do Curso, desdesua origem. Só que com isso, deu-se,sem qualquer planejamento, o desman-telamento e a implosão final do Staff, oqual há muito não tinha união e juramen-to comuns, sendo que cada grupo de ti-tulares se apoiava em seu subgrupo deassistentes para resistir no Staff. Nãohavia mais como o Staff se manter atra-vés da estrutura de perpétua oposiçãoMontescos x Capuletos, freudianos x

kleinianos. Nem como integrar-se aoímpeto instituinte dos assistentes. Doantigo Staff só permaneceram Oscare Nora Miguelez que, em momento de-cisivo, se reconheceram unidos às as-pirações dos assistentes durante asreuniões entre titulares e assistentesque perduraram dos fins de 1989 até1991.Em 1989, a crise dos assistentes envol-veu uma questão importante referente aodireito de fazer supervisão por parte dosassistentes e de qual deles poderiarealizá-las, o que era reivindicado juntoa um Staff em crise interna, rachado,Roberto Azevedo concordando com al-guns assistentes e parte do grupoargentino concordando com uns, partecom outros. A dúvida de quem autori-zava quem a ser supervisor começavaentre os próprios líderes dos assistentes,prolongando-se, daí, no Staff. Duranteeste período de confusões é que come-çam as reuniões conjuntas entre titularese assistentes. Se o estacionamento logoem inícios de 1989 tornou-se gratuito atodos, as supervisões são um problemaque se arrasta por 1990 e 1991.O ano de 1989 é peculiarmente difícil,repleto de reuniões prolongadas, tensase, muitas vezes, de verbal violência. OStaff, rachado, se esfacela, ficam às vis-tas as antigas oposições internas.Roberto Azevedo, em final de 1989, so-licita demissão do Curso e sai sozinhonaquele momento. O ano de 1990 con-tinua repleto de discussões grupaisacirradas e desgastantes. Pacheco e Sil-va Filho sai em fins de 1990.

Dos cursos de psicoterapia de orientação psicanalítica... 67

Em novembro de 1990, explode a notí-cia de que Roberto Azevedo abria, para1991, um curso de formação em sua clí-nica particular, sendo um curso dequatro anos com o mesmo nome docurso do Sedes. Dos professores e as-sistentes convidados na época, todosaceitaram se tornar também professo-res da Clínica Roberto Azevedo: RichardChemtob Carazzo, Eliana Rache, MariaAntonieta Pisano Mota optam logo porsair do Sedes. Outros que aceitam, pre-tendem ficar no Sedes: Eliane MicheliniMarracini, Giselle Groeninga de Almei-da, Roberto Azevedo Junior, AlíceaBrasileiro de Mello, Rogério Coelho deSouza, Marizilda Paulino, Maria Eliza-beth F.B.R. Moraes. Entretanto, o grupode professores, que a partir do início de1991 irá se transformar todo em titula-res, vai, agora, rachar. O grupo que nãofoi à Clínica Roberto Azevedo ficoucomposto de pessoas diversas: tanto depessoas que não foram convidadas eque não esperavam por isso, como depessoas que ou nunca teriam queridoser convidadas ou nunca teriam ido seo fossem, por optarem pelo Sedes. Im-possível historiar com certeza, a não serse fosse apenas de mim por mim mes-ma. Porque era só um mundo misto deraiva, tristeza, revolta, desamparo... e aviolência do novo grupo que se formaregressivamente e que faz um juramen-to de pertença e de exclusão, tem umefeito que força a saída de quem haviaoptado pela clínica particular de Rober-to Azevedo. O grupo faz a exigência dejuramento de fidelidade a seus membros.

Muitos do Sedes saem do CPCAMP:Emir, Suzana, Maria Cristina, Maria He-lena, Maria Teresa e Ede. Do Sedessaem, em seqüência, um após o outro,em 1991: Richard, Eliana, Roberto Jr.,Tina; Eliane e Giselle; Marizilda e MariaElisabeth; Rogério e Alícea. A Comis-são de Curso nesta época eram AlíceaBrasileiro de Melo, Maria Cristina Per-domo, Nora Susmanski e Suzana AlvesViana.O Curso recebe, já em 1991, o novonome de Curso Formação em Psicaná-lise. Ness ano, ainda sirão: Nadia Cha-ma, Lucia Maciel, além de, em 1992,Denia Hukai e Rosí Sales (esta pede li-cença, em julho de 1993, por dois anos,sem retornar). E, também, em 1992, LeaBigliani, Guijo Bigliani, Sérgio Telles eOswaldo de Vitto.

A “morte do grupo” está no horizonte dogrupo-Apocalipse, como sugere a seguin-te passagem do “Espoir”. “Quanto ao queouvimos da janela ... é Apocalipse da fra-ternidade. Ela os comove. Eu bem ocompreendo: é uma das coisas mais como-ventes que existem sobre a terra, e não évista com freqüência. Ela deve, no entan-to, transformar-se sob pena de morte(Lapassade, 1983; p. 235).

Essa transformação é a morte e o re-nascimento do grupo juramentado.

Isso se passa, no entanto, no constrangi-mento e na violência: pode ser visto nocaso limite do linchamento de um dosmembros (o traidor) pelo grupo juramen-tado: esse linchamento mantém a“fraternidade-terror” entre os que linchame o que é linchado, que é colocado como

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membro do grupo e dependente de suasanção (ibid.; p. 235).

Assim, durante os anos de 1990 e 1991,arrastou-se “a terceira cisão”, de efeitocentrífugo, “também traumática, comsaída do Instituto Sedes Sapientiaee do Curso de muitos profissionaisque se dirigiram para um curso a serdado em uma clínica particular” (Per-sicano, 1998). Foi isto, e muito maisque isto.Em março de 1991, o Boletim do CEPSIno 1, ano VI, publica o Editorial “O in-crível exército de Brancaleone”; orelatório de atividades do Exercício de1990, sob o título “E la nave va...”; e“O discurso análogo ao apagamento daluz durante o fox-trot pelo Dr. Manda-rim Pedroso”.Ainda nestes primeiros meses de 1991,ocorrem, com a vinda de FrançoisRoustand e René Major, “As confron-tações”, realizadas no Instituto deEstudos Avançados da USP, evento in-terdisciplinar do qual o CEPSI participacom o comando de Roberto na presi-dência. A diretoria do CEPSI, marcadapelo que ocorria no curso, se desenten-de na distribuição das quinze vagasdestinadas ao CEPSI. Roberto Azevedosai, então, do CEPSI. Seguem-no outraspessoas da diretoria. E, em 22 de abrilde 1991, o CEPSI, por meio de abaixo-assinado de cinco membros de direto-ria, Claudia Aguiar, Durval Mazzei,Emir Tomazelli, Maria Teresa Rocco eMarly Goulart, convoca assembléiapara dissolução da diretoria e conse-

qüente convocação imediata de eleiçõesde nova chapa de diretoria.Permanecem, em 1992, como profes-sores no Curso Formação emPsicanálise: Aristides Cicarelli (sairá em1996), Armando Colognese, CecíliaNoemí de Camargo, Ede de Oliveira eSilva, Emir Tomazelli, Homero Vetorazzo,José Carlos Garcia, Maria Cristina Per-domo, Maria Helena Saleme, MariaLuiza Scrosoppi Persicano, Maria Tere-sa Scandell Rocco, Maria Rosa MarisSales (sairá em 1995), Nora Miguelez,Oscar Miguelez e Suzana Alves Viana.Em 1993, entra para ministrar aulas nocurso, Maria Beatriz Romano de Godoy,psicanalista candidata da SBPSP, que nãohavia sido aluna do Curso Formação,por solicitação dos professores de 3o anoque ministravam M. Klein. Neste anoforam professores convidados de semi-nários optativos do curso: AntonioMuniz de Resende e Gilberto Safra. AComissão de Coordenação de Curso écomposta, neste período, por José Car-los Garcia, Suzana Alves Viana, NoraMiguelez, Maria Cristina Perdomo. Em1995 entrava no curso como professorDurval Mazzei Nogueira Filho e retor-nava Ésio dos Reis Filho.Em 1995, após a criação do Departa-mento Formação em Psicanálise, oprograma do Curso se altera, orga-nizando-se em dois núcleos paralelosde ensino: Núcleo freudiano e Núcleokleiniano, em seminários semestrais,de seqüência optativa a partir do 2o

ano.

Dos cursos de psicoterapia de orientação psicanalítica... 69

A DENOMINAÇÃO EM VIASDE UMA HISTÓRIA

Este período, que se inicia em 1992 até1995, ficou caracterizado como sendode profundas transformações de objeti-vos no antigo Curso de Psicoterapia ePsicopatologia Psicanalítica, que passa-ra, em 1991, a denominar-se CursoFormação em Psicanálise.

Como o próprio nome revela, buscou-se,na alteração do nome próprio, passar aum curso definido pela formação de psi-canalistas e não de psicoterapeutaspsicanalíticos, como se isto significasse,de modo necessário e institucionalizado(nada contra a opção ou ideal individual),um vestíbulo ou um precursor para umafutura formação em psicanálise em insti-tuição mais autorizada (Persicano, 1998).

Concomitante transformação foi a de-corrente e crescente tendência paraampliar os objetivos institucionais, co-meçando pela participação, cada vezmaior, junto ao serviço clínico do Insti-tuto Sedes Sapientiae.Em 1992 é criado o Boletim Formaçãoem Psicanálise, transformado em Re-vista Boletim Formação em Psicanáliseem 1993, pela Comissão Editorial dosanos de 92, 93 e 94: Maria Luiza Scro-soppi Persicano, coordenadora; Ede deOliveira e Silva; Claudia Paula Leicand,Artur Filhou José e Fernanda Pinto Frei-re. Com publicação ininterrupta até hoje.Em 1993, reúnem-se todos os coorde-nadores de comissão pensando umDepartamento, em uma Comissão deCoordenação de Departamento, não

oficial, como início de um funciona-mento departamental, com a presençados coordenadores das diversas comis-sões: Curso: José Carlos Garcia;Eventos: Maria Teresa Scandell Rocco;Clínica: Aristides Costa Cicarelli (repre-sentante da coordenadora da comissãode clínica Rosí Sales); Publicações: Ma-ria Luiza Scrosoppi Persicano.Em fins de 1994, José Carlos Garciaconvoca um ato de fundação e o Cursotransforma-se em Departamento Forma-ção em Psicanálise, tendo, em 95, porprimeira Comissão de Coordenação deDepartamento: José Carlos Garcia, co-ordenador; Maria Teresa Rocco,secretária, Alícea Cobello e Liane Bar-ros, suplentes de secretaria; SuelyGevertz, tesoureira; Fernanda Pinto Frei-re e M. Celina Anhaia Melo, suplentesde tesouraria. Comissão de Coordena-ção de Curso: Ede Oliveira Silva, Ésiodos Reis Filho, Durval Mazzei Noguei-ra Filho. Comissão de Divulgação:Denise Vieira Lee e Cleusa Nery. Coor-denador da Comissão de Eventos: JoséPedro Lopes da Silva. Coordenador daComissão de Publicações: Hélio BaesMartins. Coordenador da Comissão deClínica: Arlete Scodelário.Em primeiro de janeiro de 1998 é vota-do o Regimento Interno do Departa-mento. A Comissão de Coordenação deDepartamento da gestão 1997-1998 era:Armando Colognese, coordenador; Ma-ria Beatriz Romano de Godoy, secreta-ria; Margarida Godoi Arduino,tesoureira; Liane Barros Silva e Fernan-da Pinto Freire.

70 Pulsional Revista de Psicanálise

Um Departamento nomeado Formaçãoem Psicanálise, apelidado no Sedes porFormação, em busca de ser um espaçode reflexão permanente, horizontal e de-mocrática. Um Departamento que aospoucos busque ampliar seus serviços, demodo cada vez mais condizente com osprincípios do Sedes, colaborando nabusca da nova face do Sedes, apresen-tando-se frente a novas questões deinteresse para a transformação social.Um Departamento ofertando serviços,de início na Clínica do Sedes, com aperspectiva futura de oferta a outras ins-tituições. Um Departamento, um nomeem vias de uma história... que não serepita.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Dos cursos de psicoterapia de orientação psicanalítica... 71

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____ . Cursos de Especialização e Aper-feiçoamento, 1994. São Paulo: SedesSapientiae (publicação interna).

____ . Cursos de Especialização e Aper-feiçoamento, 1995. São Paulo, SedesSapientiae (publicação interna).

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