domingos pereira da silva - emprestimo consignado bmg

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA CIDADE E COMARCA DE CURIMATÁ Tramitação Prioritária Art. 71 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) DOMINGOS PEREIRA DA SILVA, brasileiro, casado, aposentado, portador (a) da Cédula de Identidade RG nº. 2.476.197 SSP/PI e do Cadastro de Pessoas Físicas CPF/MF sob nº. 987.140.743-20 , residente e domiciliado no povoado ipueiras, CEP 64.960-000, nesta Comarca de Curimatá- PI por seu advogado infra-assinado (cf. Instrumento de mandato em anexo), vêm, com o costumeiro respeito, com fundamento na Lei 9.099/95 e no artigo 282 do Código De Processo Civil à presença de Vossa Excelência, propor a presente; 1

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EXMO

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA NICA DA CIDADE E COMARCA DE CURIMAT

Tramitao Prioritria

Art. 71 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) DOMINGOS PEREIRA DA SILVA, brasileiro, casado, aposentado, portador (a) da Cdula de Identidade RG n. 2.476.197 SSP/PI e do Cadastro de Pessoas Fsicas CPF/MF sob n. 987.140.743-20 , residente e domiciliado no povoado ipueiras, CEP 64.960-000, nesta Comarca de Curimat-PI por seu advogado infra-assinado (cf. Instrumento de mandato em anexo), vm, com o costumeiro respeito, com fundamento na Lei 9.099/95 e no artigo 282 do Cdigo De Processo Civil presena de Vossa Excelncia, propor a presente;ao declaratria de inexistncia de relao juridica, REPETIO DE INDEBITO cumulado com danos morais

Em face do BANCO ITAU BMG CONSIGNADO S.A, inscrita no CNPJ 33.885.724/0001-19, com sede na PC ALFREDO EGYDIO DE SOUZA ARANHA, n 100, COMPLEMENTO TORRE CONCEIO ANDAR 9, BAIRRO PARQUE JABAQUARA, CEP : 04.344-902, CIDADE DE SO PAULO, expendendo para tanto, os motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:

1. DOS FATOS

O Requerente segurado da previdncia social e recebe uma aposentadoria no valor de um salario mnimo. Ao se dirigir para agencia bancaria do banco brasil desta cidade para realizar um emprstimo ficou sabendo atravs dos funcionrios do banco do brasil que j havia um emprstimo em seu nome junto ao banco ITAU BMG, motivo pelo qual se dirigiu Agncia do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, para averiguar a razo do desconto.

Ao analisar o extrato de seu beneficio previdencirio fornecido pelo INSS o Requerente constatou a existncia de vrios emprstimos ativos junto ao Banco Ru conforme se verifica nos documentos acostados nos autos. Diante, do crime ora realizado a parte autora se dirigiu at a delegacia de policia para registrar um boletim de ocorrncia conforme faz provas em anexo. Desta feita, a instituio financeira Requerida muito embora esteja realizando os descontos mensais, os referidos emprstimos em momento algum foi solicitado pela Autora, que de igual modo, no autorizou qualquer pessoa para que realizasse transao financeira em seu nome, tampouco emprestou seus documentos a terceiros, bem como no os perdeu.

Assim sendo a requerente nunca recebeu valor nenhum, e os referidos valores esto sendo descontado em sua conta.

Vale ressaltar que a parte autora aposentado e necessita da aposentadoria integral para sua subsistncia ficando impossibilitado de honrar compromissos financeiros necessrios a subsistncia de sua famlia.Destarte, imperiosa a interveno do Poder Judicirio para fins de declarao de inexistncia do dbito sub judice, bem assim para condenar a requerida a ressarcir os prejuzos a repetio de indebito dos valores bem como de ordem moral suportados pela requerente, em face do emprstimo realizado. 2. DO DIREITO

luz do disposto no 2 do art. 3 da Lei n. 8.078/90, entende-se por fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica que fornece produtos ou presta servios mediante remunerao do consumidor.

O consumidor, por seu turno, conforme se depreende do art. 2 do mesmo Diploma Legal, pode ser definido como aquele que adquire ou utiliza produtos ou servios na qualidade de destinatrio final.

Da que, em sendo o demandado uma pessoa jurdica de direito privado que presta atividade de natureza comercial, indubitvel o seu enquadramento no conceito legal de fornecedor, com a consequente submisso s normas consumeristas e de ordem pblica estabelecidas na Lei n. 8.078/90.

Portanto, no restam dvidas acerca da aplicao das normas pblicas de defesa do consumidor insertas na Lei n. 8.078/90, haja vista a caracterizao da Requerente como destinatria final dos servios bancrios e do Demandado como fornecedor de servios bancrios, nos termos dos arts. 2 e 3, 2 da aludida norma.

Alis, cumpre ressaltar que o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA sumulou referido entendimento por meio da Smula n 297 assim consubstanciada:

O cdigo de defesa do consumidor aplicvel s instituies financeiras.

DA INVERSO DO NUS DA PROVA

Como forma de facilitar a defesa dos direitos do consumidor, parte mais vulnervel da relao consumerista, o legislador ptrio estabeleceu, no inciso VIII, do art. 6, da Lei n. 8.078/90, a possibilidade de inverso do nus da prova, desde que configurada a verossimilhana das alegaes ou a hipossuficincia do consumidor.

A teor do que preceitua a Legislao Consumerista, as regras do nus da prova, estabelecidas no art. 333 do Cdigo de Processo Civil brasileiro, devem ser mitigadas diante das peculiaridades das situaes concretas postas em juzo, como forma de se buscar a verdade real e, tambm, superar os obstculos existentes para uma das partes no atinente produo de prova sobre alegaes de fatos relevantes para o deslinde da causa.

Saliente-se que, na hiptese vertente, clarividentes se mostram os dois pressupostos de aplicao da aludida regra, j que a Requerente, alm de no reunir condies tcnicas suficientes para comprovar a ocorrncia da contratao indevida, no detm as informaes detalhadas sobre os valores que foram indevidamente descontados de seus rendimentos, tendo, ainda, colacionado exordial documentos hbeis a fazer prova da plausibilidade do direito ora invocado.

Destarte, imperiosa a aplicao da regra de inverso do nus da prova em favor da Suplicante, sob pena de criao de obstculos defesa dos seus direitos, impondo-se ao Suplicado o nus de comprovar em juzo a sua no responsabilidade pelo prejuzo suportado pela Autora.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO DEMANDADO

Assevera o CDC em seu art. 14, caput e 1, II, que:

Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos a prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e riscos.

1 O servio defeituoso quando no fornece a segurana que o consumidor dele pode esperar, levando-se em considerao as circunstancias relevantes, entre as quais:

(...)

II o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

(...)

No caso em comento, tem-se que o servio prestado pelo Requerido no foi solicitado pela Requerente, o que permitiu a ocorrncia do evento danoso. Portanto, em sendo a responsabilidade do tipo objetiva, isto , aquela que independe da comprovao de culpa, mas apenas da demonstrao do nexo causal entre o fato ilcito e o prejuzo sofrido, o Demandado deve responder pelos prejuzos suportados pelo Autor.

DA DECLARAO DE INEXISTNCIA DO DBITO

No caso em tela, resta claro o interesse autoral em ver judicialmente declarada a inexistncia da dvida que lhe vem sendo, indevidamente, cobrada pelo Demandado, vez que no efetuou qualquer espcie de emprstimo.

Com isso, percebe-se que admitir a manuteno da cobrana do dbito sub cogitatione seria o mesmo que acobertar a negligncia do Requerido, o qual, sem as cautelas devidas, permitiu a contratao de emprstimo sem a anuncia da Requerente.

DA REPETIO DO INDBITO

Dispe o art. 42, pargrafo nico do CDC, que o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel.

Resta clara a pretenso da Requerente, a qual foi surpreendido com descontos em seu benefcio para pagamento de emprstimo que no contratou. Ora, se a Requerente no tem qualquer dvida com o Requerido, no se justificam os descontos realizados pelo mesmo, devendo a instituio financeira devolver em dobro o valor cobrado indevidamente.

No mesmo diapaso, tem-se o seguinte aresto:

TUTELA ANTECIPADA - DESCONTO INDEVIDO - APOSENTADORIA - EMPRSTIMO NO CONTRATADO - PROVA DE NATUREZA NEGATIVA - CONCESSO DA LIMINAR - CESSAO DOS DESCONTOS - RECURSO PROVIDO. - imperiosa a concesso da liminar a fim de que cessem os descontos sobre valores percebidos a ttulo de aposentadoria, se o agravante afirma no ter contratado o suposto emprstimo, mormente, considerado o carter alimentar do benefcio (Apelao Cvel n 1.0720.08.044509-4/001(1) Dcima Terceira Cmara Cvel, Tribunal de Justia de MG Relator: Cludia Maia Relator do Acordo: Nicolau Masselli Julgamento: 18/09/2008 Publicao: 04/11/2008).

NEGCIOS JURDICOS BANCRIOS. AO REVISIONAL. CONTA-CORRENTE E EMPRSTIMO. Capitalizao de juros no contratada. Possibilidade da compensao e repetio do indevido. Apelo provido. (Apelao Cvel N 70027958800, Segunda Cmara Especial Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Marcelo Cezar Muller, Julgado em 28/01/2009)

DO DANO MORAL

O Cdigo de Defesa do Consumidor extremamente claro ao prever o direito do consumidor de ter seu dano moral reparado, quando atingido. o que reza o art. 6, VI, ipsis litteris:

Art. 6 - So direitos bsicos do consumidor:

VI a efetiva preveno e reparao de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.

Segundo o ilustre doutrinador Rizzatto Nunes inclusive nem o fato de o consumidor sequer ter pago o valor cobrado indevidamente, suprime seu direito ao pleito de indenizao por perdas e danos materiais e/ou morais. Se por qualquer motivo o consumidor sofrer dano material (por exemplo, teve de contratar advogado e pagar honorrios e despesas) e/ou dano moral em funo da cobrana indevida, tem direito a pleitear indenizao, por fora das regras constitucionais e legais aplicveis (CF, art. 5, X; CDC, art. 6, VI).

No presente caso, a conduta do Demandado ocasionou danos morais a Autora, pois a mesma teve seu parco rendimento reduzido por fato no provocado por ela, sendo surpreendida por descontos em sua aposentadoria, os quais no contratou. Tal fato lhe provocou profunda angstia, aborrecimento e privaes, vez que pessoa idosa, aposentada que recebe apenas salrio mnimo, no dispondo de outros meios econmicos para suprir suas necessidades bsicas e de sua famlia.Nas relaes de consumo aplicvel a teoria da responsabilidade objetiva, consoante a qual, para caracterizao do dever de indenizar do fornecedor, basta a comprovao da existncia do ato ilcito (emprstimo no contratado e descontos indevidos) e do nexo de causalidade entre este e o dano sofrido pelo consumidor (perda patrimonial decorrente dos descontos indevidos), sendo desnecessria qualquer averiguao acerca da ocorrncia de culpa ou dolo do fornecedor de produtos ou do prestador de servios.

Sem dvidas deve haver reparao moral suficiente para repreender a parte Requerida a fim de que tenha mais cautela na execuo de seu mister no submetendo outros aposentados e pensionistas a situaes semelhantes. E, em relao a Requerente, cabvel o arbitramento de indenizao suficiente para tentar amenizar todo o transtorno e aborrecimentos por ele experimentados.

Nessa esteira, segue jurisprudncia abaixo:

INDENIZAO - DANO MORAL - DBITO INDEVIDO EM BENEFCIO DE APOSENTADORIA - CULPA DA INSTITUIO FINANCEIRA - OBRIGAO DA INSTITUIO FINANCEIRA EM OFERECER SEGURANA. A instituio bancria responsvel, objetivamente, pelos danos causados aos seus clientes e/ou terceiros pelos servios por ela prestados. O desconto indevido de valor de emprstimo no contratado, que reduz ainda mais o parco benefcio recebido pelo aposentado, gera dano morais, que prescindem de prova. (Apelao Cvel 1.0145.06.301899-1/001(1) Relator: Mota e Silva Relator do Acordo: Mota e Silva Julgamento: 22/03/2007 Publicao: 24/04/2007)

A indenizao por dano moral independe de qualquer vinculao com prejuzo patrimonial ou dependncia econmica daquele que a pleiteia, por estar diretamente relacionada com valores eminentemente espirituais e morais (TJMS, 1 Turma, Rel. Des. Elpdio Helvcio Chaves Martins, RT 726/360 destaque nosso).

3. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelncia:

1. Ordenar a CITAO da instituio financeira REQUERIDA no endereamento inicialmente indicado, quanto presente ao, sendo esta realizada por via posta - visando maior economia e celeridade processual, para que, perante esse juzo, apresente defesa que tiver, dentro do prazo legal, sob pena de confisso quanto matria de fato ou pena de revelia, conforme art. 20 da lei 9.099/95; 2. Que a referida ao seja processada e julgada pelos moldes dos juizados especiais com a devida aplicao da lei 9.099/95, bem como a tramitao prioritria deste feito, nos termos do art. 71 da Lei 10.741/03; 3. A determinao da inverso do nus da prova em favor da consumidora, ante a verossimilhana das alegaes autorais e sua cabal hipossuficincia financeira, nos termos do que autoriza o art. 6, VIII, do CDC; 4. A concesso da medida tutelar antecipatria, nos termos do art. 273, da Lei Adjetiva Civil, a fim de suspender os referidos descontos, arbitrando multa diria Requerida no valor deR$ 1.000,00(hum mil reais) em caso de desobedincia de ordem judicial.5. declarao de inexistncia de todo e qualquer dbito lanado em nome da promovente pela promovida, anulando todos os emprstimos realizados em nome da requerente;

6. a PROCEDNCIA DO PEDIDO em todos os seus termos, para declarar a inexistncia da dvida da Requerente em relao ao Requerido cessando os descontos efetuados em sua aposentadoria, bem como condenando o Banco Reclamado restituio em dobro dos valores ilegalmente descontados do beneficio previdencirio da Autora, acrescidos de correo monetria; requer ainda a condenao a indeniz-la pelos danos morais sofridos, em quantia a ser arbitrada por Vossa Excelncia;7.0 A condenao em custas processuais e honorrios advocatcios, na base de20%sobre o valor da condenao.Pretende provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente a prova documental, depoimento pessoal e oitiva das testemunhas a serem oportunamente arroladas, sem prejuzo das demais que se fizerem necessrias no curso da instruo processual.

D-se causa o valor de R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Curimat (PI), 02 de fevereiro de 2015.

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Murilo Sousa Arrais

Advogado - OAB/PI N 10958

NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor, Saraiva: So Paulo: 2005, p. 500

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