doenças transmitidas por alimentos no brasil
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Doenças transmitidas por alimentos, suas características e formas de controle.TRANSCRIPT
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC
FERNANDA BRIGATO
PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS NO BRASIL,
AGENTES ETIOLÓGICOS E ASPECTOS GERAIS.
2014
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1 INTRODUÇÃO
É impossível determinar exatamente quando, na história da humanidade, o homem tomou
conhecimento da existência dos microorganismos e da sua importância para os alimentos.
(FRANCO; LANDGRAF, 2002).
Os hábitos alimentares da sociedade estão modificados e pouco se assemelham
àqueles do século passado. A globalização do comércio, associada aos avanços na ciência e
tecnologia de produção, processamento e distribuição de alimentos, possibilitou a
disponibilidade de uma grande variedade de alimentos. Contudo, esses avanços
proporcionaram maiores oportunidades de contaminação e crescimento de patógenos nos
alimentos. Muitos surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTA), contidos em uma
pequena comunidade, podem, agora, tomar dimensões globais (EMBRAPA, 2013).
Existem aproximadamente 250 tipos de doenças alimentares, muitas são causadas por
microorganismos patogênicos, responsáveis por sérios problemas de saúde pública e
expressivas perdas econômicas. A OMS estima que, anualmente, mais de um terço da
população mundial adoeçam devido às doenças e somente uma pequena proporção são
notificados (OLIVEIRA et al., 2010).
Dados de estudo também do Ministério de Saúde apontam que entre o ano 2000 e 2014,
no ano de 2014 aconteceu as menores incidências em casos de DTAs, sendo até setembro de 2014
registrados 209 (BRASIL, 2014).
Entre 2000 e 2014 os principais agentes etiológicos das DTAs associados aos surtos no
Brasil foram causados por agentes não identificados (53,84), Salmonella spp. (18,09%),
Estafilococos aureus (9,23), Escherichia coli (6,33), Bacilos cereus (3,7%), Hepatite A (2,79),
Clostridium perfringes (2,51), Rotavírus (2,33), Shigela spp. (1,16), Coliformes (1,13) e outros
(1,4%) (BRASIL, 2014).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005), no processo de transmissão
das DTAs, os alimentos são considerados veículos dos agentes infecciosos e tóxicos. A
contaminação pode ocorrer durante todas as etapas da cadeia alimentar. Entre as principais
formas de contaminação, destacam-se a manipulação e a conservação inadequadas dos
alimentos. Os manipuladores representam, consequentemente, um importante elo na cadeia
epidemiológica das DTAs.
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma revisão sobre as principais DTAs
ocorridas no Brasil, seus agentes etiológicos e aspectos gerais bem como os principais
alimentos envolvidos e medidas preventivas a serem tomadas.
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2 DESENVOLVIMENTO
2.2 DTAs. Definição e Dados Estatísticos.
DTA é um termo genérico, aplicado a uma síndrome geralmente constituída de
anorexia, náuseas, vômitos e/ou diarreia atribuída à ingestão de alimentos ou água e muitas
vezes não acompanhada de febre (BRASIL, 2004).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2014), dados disponíveis de surtos apontam
como agentes etiológicos mais frequentes os de origem bacteriana os três primeiros são
Salmonella spp., Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Sendo que em 2014 documentou-
se 1522 casos de surtos de Salmonella, 759 de Estafilococus aureus e 475 de E. coli.
2.2.1 Salmonella. Características.
A Salmonella é o gênero mais frequente envolvido em surtos de doenças transmitidas
por alimentos, fato que se harmoniza com sua ampla distribuição na natureza, podendo estar
presente no solo, na água, nos animais e seres humanos (GERMANO; GERMANO, 2000).
São bacilos Gram-negativos, anaeróbios facultativos, eles produzem gás a partir de
glicose (exceto a S. typhi). Por serem anaeróbias facultativas as salmonelas são pouco
afetadas pelas variações do potencial de oxirredução do substrato. Além disso, revelam pouca
exigência em nutrientes disponíveis, sendo ainda fracas competidoras na presença de uma
microbiota variada no alimento, particularmente bactérias láticas (FRANCO; LANDGRAF,
2002).
O pH ótimo para multiplicação da Salmonella fica próximo de 7,0, sendo que valores
superiores a 9,0, e inferiores a 4,0, são bactericidas. Dependendo da natureza do ácido
utilizado para a acidificação, o pH mínimo pode subir para 5,5. As salmonelas não toleram
concentrações de sal superiores a 9%. O nitrito é inibitório e seu efeito é acentuado pelo pH
ácido (FRANCO; LANDGRAF, 2002).
A temperatura ideal é 35 a 37MC, sendo a mínima de 5MC e a máxima de 47MC. A
atividade de água mínima para o crescimento da bactéria é 0,95, em ambiente úmido a
resistência da bactéria é muito inferior àquela apresentada em ambiente seco .A máxima
porcentagem de NaCl para a multiplicação é 9,0, sendo que a presença de sacarose pode
dobrar a resistência térmica (GERMANO;GERMANO, 2000; FRANCO; LANDGRAF
2002).
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Principais alimentos envolvidos e medidas de controle
São considerados alimentos que predispõem o crescimento e/ou manutenção de
Salmonella spp. Todos aqueles com alto teor de umidade e alta porcentagem de proteína,
como por exemplo, produtos lácteos, ovos, carnes e derivados. Alimentos deixados expostos
por muito tempo são mais vulneráveis ao crescimento da bactéria. Produtos alimentares de
origem animal como carne de frango e ovos têm sido são os maiores responsáveis pela
distribuição mundial de salmonelose (CARMO, 2014).
A completa prevenção da contaminação dos alimentos, principalmente os de origem
animal, é praticamente impossível, em face à ampla distribuição da bactéria no ambiente e a
existência frequente de portadores assintomáticos. No entanto, a adoção de medidas
higiênico-sanitárias no manuseio e processamento de alimentos, o controle de rações e
alimentos para animais, a rígida adoção de práticas higiênicas na criação, transporte e abate de
animais, a distinta separação em nível industrial, das operações com matérias-primas daquelas
com produtos em processo ou terminados, a rigorosa adoção de programas de limpeza e
desinfecção das instalações e equipamentos, a prevenção de contaminações cruzadas, seja por
meio de utensílios, equipamentos ou manuseio (LEITAO et al., 1988).
2.2.2 Staphylococcus Aureus. Características.
São cocos Gram-positivos e facultativas aeróbias, mesófilas, apresentando temperatura
de crescimento na faixa de 7M C a 47,8 M C; as enterotoxinas são produzidas entre 10MC e 46MC,
com ótimo entre 40MC e 45MC (FRANCO; LANDGRAF, 2002).
As bactérias deste gênero são tolerantes a concentrações de 10 a 20% de NaCl e a
nitratos, o que torna os alimentos curados potenciais veículos para as mesmas. Em relação ao
pH, S. aureus cresce na faixa de 4 a 9,8, e com ótimo entre 6 e 7. Quanto à aw o valor mínimo
de aw é 0,86, apesar de já ter sido relatada a multiplicação desses micro-organismos em
alimentos com aw de 0,83 (FRANCO; LANDGRAF, 2002).
A temperatura para destruição do S. aureus varia entre 43 segundos e 8 min a 60º C,
onde as culturas mais jovens apresentam maior sensibilidade a esta mudança de temperatura
(LOIR et al., 2003).
Principais alimentos envolvidos e medidas de controle
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As fontes de contaminação por Staphylococcus aureus são produtos lácteos com leite,
creme, tortas recheadas com creme, salada de batata, atum, carnes (principalmente de aves),
ovos, atum, presunto, macarrão, etc. Na maioria das vezes, são produtos que requerem muita
manipulação no preparo, já que Staphylococcus aureus é um micro-organismo presente na
pele (ALVES, 2012; FRANCO; LANDGRAF, 2002).
A manipulação dos alimentos pelo homem, um dos reservatórios desta bactéria, já
indica uma provável contaminação. O aquecimento do alimento logo após a sua manipulação
destrói a bactéria e ajuda na prevenção da intoxicação. No entanto se cuidados especiais não
foram tomados após este aquecimento, o microrganismo poderá desenvolver-se e produzir a
toxina (FRANCO; LANDGRAF, 2002).
Para prevenir a contaminação é importante manter os alimentos suscetíveis sobre
refrigeração. O resfriamento rápido de toda massa alimentícia é uma das medidas para
prevenção e controle desta intoxicação. Quando da impossibilidade destas medidas deve-se
tomar cuidados especiais para se evitar a contaminação no preparo (FRANCO; LANDGRAF,
2002; CARMO, 2002).
2.2.2 Escherichia Coli. Características.
É a espécie predominante entre os diversos microrganismos anaeróbios facultativos
que fazem parte da flora intestinal de animais de sangue quente. Esse microrganismo pertence
à família Enterobacteriaceae e entre suas principais características destacam-se: bacilos Gram
negativos, catalase positivos e oxidases negativos não esporulados, capazes de fermentar
glicose com produção de ácido e gás. A maioria fermenta também a lactose, com produção de
ácido e gás, embora alguns sejam anaerogênicos. Mesófilo, que cresce na faixa de
temperatura de 7 a 37MC (FRANCO; LANDGRAF, 2002).
As patogênicas sobrevivem geralmente às temperaturas de refrigeração, apesar de
ocorrer uma ligeira redução após uma a cinco semanas de armazenamento. A E. coli é
destruída por irradiação. A presença de oxigênio aumenta o efeito letal da irradiação, que
chega ao máximo à temperatura entre 45 e 50 M C (CARMO, 2012).
A atividade de água para multiplicação possui um valor mínimo de 0,86 e o pH para
multiplicação mínima é de 4,3 a 4,3, ótimo de 6,0 a 8,0 e máximo de 9, 0 a 10,0. E. coli cresce
em temperaturas que variam de 7 a 50 M C, embora sua temperatura ótima seja de 37 M C.
(CARMO, 2012).
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Principais alimentos envolvidos e medidas de controle.
A transmissão ao homem pode ocorrer pelo consumo de alimentos contaminados,
principalmente carne e leite crus ou mal cozidos, e também pelo consumo de vegetais crus.
Outra possibilidade é a transmissão de pessoa a pessoa, pela via fecal‐oral. O controle das
contaminações por E. coli e outras bactérias patogênicas é realizado unicamente através da
desinfecção dos vegetais que forem consumidos crus, utilizando solução clorada, e do
completo cozimento dos alimentos (GERMANO; GERMANO, 2000).
De acordo com a Resolução RDC – ANVISA 216/2004, e Portaria SES/RS n 78/2009,
os procedimentos de higienização dos alimentos hortifrutigranjeiros devem seguir os
seguintes critérios:
a) Seleção dos alimentos, retirando partes ou produtos deteriorados e sem condições
adequadas;
b) Lavagem criteriosa dos alimentos um a um, com água potável;
c) Desinfecção por imersão em solução clorada com 100 a 250ppm de cloro livre, por 15
minutos, ou demais produtos adequados, registrados no Ministério da Saúde, liberados para
esse fim e de acordo com as indicações do fabricante.
3 CONCLUSÃO
Não temos a dimensão exata dos surtos de doenças infecciosas alimentares devido à
falta de informação, ou seja, os dados podem ser perder no caminho e também não é sempre
que a população procura um médico para relatar os sintomas já que eles são tão corriqueiros.
O conhecimento que hoje se tem das características dos microrganismos e dos
métodos ou processos de controle microbiano permite, se rigorosamente aplicado, produzir
alimentos com grande qualidade microbiológica e, portanto seguros, do ponto de vista
sanitário, para os consumidores. A implantação de Boas Práticas de Fabricação se faz
obrigatória para promover a segurança alimentar aos consumidores de forma eficaz e eficiente
no controle das DTAs.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CARMO, L.S. Revista Minas Faz Ciência, n.11, jun/ago., 2002. Disponível em: <http://revista.fapemig.br.htm>. Acesso em: 12 Nov. 2014
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LOIR, Y. LE; BARON, F.; GAUTIR, M. Staphylococcus aureus and food poisoning: Genetic Molecular Research, v.2, n.1, p.63-76, 2003.
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