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DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS – Casos atendidos nos serviços de referência e de dispensação de medicação – NOTIFICADOS À SEÇÃO DE CONTROLE DE DST/AIDS DA SES/RS Considerações iniciais: As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), até meados de 2005, eram notificadas através do SINAN. Infelizmente, esses dados tinham pouca confiabilidade – em função da sub-notificação (estimada) – levando a uma decisão do Ministério da Saúde de liberar os Estados para que organizassem sistemas próprios de avaliação epidemiológica das DST. A Seção de Controle das DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado do RGS ( SC DST/Aids – SES/RS) definiu, então, iniciar o controle epidemiológico das DST – notificação dos casos – atrelado à distribuição dos medicamentos nos serviços dispensadores abastecidos pela SES/RS. Essa escolha foi feita em função da facilidade do retorno da informação, além da possibilidade de avaliar o uso adequado dos medicamentos distribuídos. Sabemos que mesmo tendo 100% das notificações dos casos atendidos nos serviços de referência de DST/Aids (SR DST/Aids), isso representa apenas uma parcela dos casos (reais) no estado – além dos casos atendidos em outros serviços, sabemos que existe uma grande parcela de indivíduos que procuram tratamento direto nas farmácias – por indicação de parentes, amigos ou até mesmo de funcionários do estabelecimento – sem fazer uma consulta médica e um diagnóstico adequado. Entretanto, a regularidade do recebimento das notificações, permite avaliar a tendência desses agravos além de outros indicadores epidemiológicos e operacionais das DST. As fichas de notificação própria para notificação das DST são distribuídas para as CRS que repassam aos SR DST/Aids dos municípios. São eles: 1ª CRS – 5 municípios + 16 postos em Porto Alegre = 21 serviços de referência 2ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência 3ª CRS – 4 municípios + 9 postos em Pelotas = 13 serviços de referência 4ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 5ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência 6ª CRS – 4 municípios = 4 serviços de referência 7ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 8ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 9ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 10ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 11ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 12ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência 13ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 15ª CRS – 7 municípios = 7 serviços de referência 16ª CRS – 6 municípios + 2 postos em Lajeado = 8 serviços de referência 17ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência 18ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência Os dados são digitados e analisados utilizando o programa Epiinfo 2002. Nesse informe, estamos mostrando resultados de 5925 notificações recebidas pela SC DST/Aids – 3200 notificações no período de janeiro de 2006 até dezembro de 2007 –, introduzidas no BD, aleatoriamente, e representam cerca de ¼ do total de casos notificados nesse período – e todos os casos de 2008, até 31 de maio. Avaliação epidemiológica:

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Page 1: DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS – Casos …20-%20avalia%E7%E3o%20... · DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS – Casos atendidos nos serviços de referência e de dispensação

DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS– Casos atendidos nos serviços de referência e de dispensação de medicação –NOTIFICADOS À SEÇÃO DE CONTROLE DE DST/AIDS DA SES/RS

Considerações iniciais:As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), até meados de 2005, eram

notificadas através do SINAN. Infelizmente, esses dados tinham pouca confiabilidade– em função da sub-notificação (estimada) – levando a uma decisão do Ministério daSaúde de liberar os Estados para que organizassem sistemas próprios de avaliaçãoepidemiológica das DST.A Seção de Controle das DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado do RGS ( SCDST/Aids – SES/RS) definiu, então, iniciar o controle epidemiológico das DST –notificação dos casos – atrelado à distribuição dos medicamentos nos serviçosdispensadores abastecidos pela SES/RS. Essa escolha foi feita em função dafacilidade do retorno da informação, além da possibilidade de avaliar o uso adequadodos medicamentos distribuídos.

Sabemos que mesmo tendo 100% das notificações dos casos atendidos nosserviços de referência de DST/Aids (SR DST/Aids), isso representa apenas umaparcela dos casos (reais) no estado – além dos casos atendidos em outros serviços,sabemos que existe uma grande parcela de indivíduos que procuram tratamentodireto nas farmácias – por indicação de parentes, amigos ou até mesmo defuncionários do estabelecimento – sem fazer uma consulta médica e um diagnósticoadequado. Entretanto, a regularidade do recebimento das notificações, permite avaliara tendência desses agravos além de outros indicadores epidemiológicos eoperacionais das DST.

As fichas de notificação própria para notificação das DST são distribuídas paraas CRS que repassam aos SR DST/Aids dos municípios. São eles:

1ª CRS – 5 municípios + 16 postos em Porto Alegre = 21 serviços de referência 2ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência 3ª CRS – 4 municípios + 9 postos em Pelotas = 13 serviços de referência 4ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 5ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência 6ª CRS – 4 municípios = 4 serviços de referência 7ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 8ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência 9ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência10ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência11ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência12ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência13ª CRS – 3 municípios = 3 serviços de referência15ª CRS – 7 municípios = 7 serviços de referência16ª CRS – 6 municípios + 2 postos em Lajeado = 8 serviços de referência17ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência18ª CRS – 2 municípios = 2 serviços de referência

Os dados são digitados e analisados utilizando o programa Epiinfo 2002.Nesse informe, estamos mostrando resultados de 5925 notificações recebidas

pela SC DST/Aids – 3200 notificações no período de janeiro de 2006 até dezembro de2007 –, introduzidas no BD, aleatoriamente, e representam cerca de ¼ do total decasos notificados nesse período – e todos os casos de 2008, até 31 de maio.

Avaliação epidemiológica:

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• Os 5925 casos analisados mostraram que a proporção de mulheres atendidascom DST foi expressivamente maior – 87.4% dos casos. Isso, provavelmentereflete o fato de que as mulheres procuram mais o tratamento adequado doque os homens – essa situação é relatada em alguns estudos publicados.

• Das 5178 mulheres atendidas, 288 (5.6% das mulheres) estavam gestantes –357 (6.9%) não informaram e 561 (10.8%) tinham menos de 12 ou mais de 50anos de idade (portanto, não se aplica).

• A maioria dessas 288 gestantes (208 – 72.2%) teve como diagnósticosindrômico “corrimento vaginal” – diagnóstico etiológico de gardnerella,tricomonas e candidíase. Entretanto, foram também diagnosticados 19 casosde sífilis e 5 casos de infecção por HIV. Também, quatorze gestantes (4.9%)tinham história prévia de HIV/Aids.

• As faixas-etárias predominantes ficaram entre 20 e 40 anos de idade.Entretanto, foram notificados 37 (0.7%) casos em crianças (até 10 anos deidade) além de 176 (3.0%) casos em indivíduos com mais de 60 anos de idade.

• Chama atenção a baixa escolaridade da população estudada – quase 70% dospacientes referiram ter apenas, ou menos do que, o primeiro grau completo.

• Na maioria das consultas o motivo do atendimento foi “estar sintomático”.Entretanto, em 3.0% dos casos o motivo da consulta foi “contato com DST” eem 0.5% foi “suspeita (ou história) de abuso sexual”.

Quadro 1: Casos de DST atendidos nos SR DST/Aids do RGS, notificados à SCDST/Aids – SES/RS, distribuição segundo algumas variáveis demográficas e motivodo atendimento, de janeiro de 2006 a maio de 2008.

VARIÁVEL N = 5925 PROPORÇÃOSEXOMasculino 743 12.5 %Feminino 5178 87.4 %Outro 1 0.0%Ignorado 3 0.1%FAIXA ETÁRIAAté 10 anos 37 0.7 %10 – 20 anos 903 15.2 %20 – 30 anos 1962 33.1 %30 – 40 anos 1434 24.2 %40 – 50 anos 934 15.8 %50 – 60 anos 401 6.8 %60 – 70 anos 129 2.2 %Mais de 70 anos 47 0.8 %Ignorado 77 1.3 %ESCOLARIDADEAnalfabeto 149 2.5 %Até 4ª série 1530 25.8 %Até 8ª série 2392 40.4 %2º Grau (completo ou incompleto) 1195 20.2 %Superior (completo ou incompleto) 159 2.7 %Ignorada 454 7.7 %Não se aplica 46 0.8 %MOTIVO DO ATENDIMENTOSintomático 4362 73.6 %Fazer exames / confirmar diagnóstico 1072 18.1 %Revisão 285 4.8 %

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Contato com DST 132 2.2 %Abuso sexual 31 0.5 %Ignorado 43 0.7 %Fonte: Seção de Controle de DST/Aids – SES/RS

As variáveis seguintes foram analisadas por sexo, em função das peculiaridadesde exposição envolvidas nos resultados, e estão descritos nos quadros abaixo.

• Observa-se que entre os homens com diagnóstico de DST existia umaproporção maior de indivíduos sem companheiro fixo – ao contrário dasmulheres que, na maioria, tinham companheiro fixo há mais de 1 ano.

Quadro 2: Casos de DST atendidos nos SR DST/Aids do RGS, notificados à SCDST/Aids – SES/RS, distribuição segundo a situação marital e das gestantes, porsexo, de janeiro de 2006 a maio de 2008.

VARIÁVEL / SEXO MASCULINO FEMININO OUTROSITUAÇÃO MARITAL N % N % N %Sem companheiro fixo 345 46.4 964 18.6 Zero -Com companheiro fixo(– de 1 ano)

105 14.1 706 13.6 1 100.0

Com companheiro fixo(+ de 1 ano)

265 35.7 3260 63.0 Zero -

Não se aplica 8 1.1 29 0.6 Zero -Ignorado 20 2.7 219 4.2 Zero -GESTANTESim NSA - 288 5.6 NSA -Não - 3972 76.7 -Não se aplica - 561 10.8 -Ignorado - 357 6.9 -TOTAL 743 ### 5178 ### 1 ###Fonte: Seção de Controle de DST/Aids – SES/RS

• Tanto para homens como para mulheres, o diagnóstico sindrômico maisfreqüente foi “corrimento uretral/vaginal” sendo que, para os homens osagentes etiológicos mais prevalentes foram: “gonorréia e clamídia” enquantoque as mulheres tiveram maior freqüência de “gardnerella, tricomonas ecandidíase”.

• As úlceras genitais também foram bastante freqüentes entre os homens –herpes genital e sífilis.

• Entre as mulheres, como era de se esperar, a freqüência de diagnósticosetiológicos não definidos foi bem maior do que entre os homens – é sabido quegrande parte das DST femininas são oligosintomáticas e, frequentemente, dedifícil diagnóstico do agente etiológico, apenas ao exame físico.

• Chama à atenção a baixa freqüência de notificação de casos de condilomaacuminado (verrugas genitais) entre as pacientes do sexo feminino, pois ésabido que essa dst é bastante freqüente entre as mulheres gaúchas – issoprovavelmente se deve ao fato do tratamento para essa DST não estar na listados medicamentos distribuídos pela SES/RS.

• Quanto à história de diagnóstico prévio de DST, a maioria dos pacientesatendidos não soube informar ou referiu não ter tido, entretanto, ainda observa-se uma alta freqüência de recidivas, ou re-infecções – herpes, gonorréia esífilis – especialmente entre os homens.

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Quadro 3: Casos de DST atendidos nos SR DST/Aids do RGS, notificados à SCDST/Aids – SES/RS, distribuição segundo diagnóstico etiológico, sindrômico e históriaprévia de DST, por sexo, de janeiro de 2006 a maio de 2008.

VARIÁVEL / SEXO MASCULINO FEMININO OUTRO TOTALDST – DIAG.ETIOLÓGICO

N % N % N % N %

Gonorréia / Clamídia 344 46.3 553 10.7 1 100.0 898 15.2Sífilis 65 8.7 63 1.2 Zero - 128 2.2Herpes genital 67 9.0 105 2.0 Zero - 172 2.9Condiloma acuminado 62 8.3 81 1.6 Zero - 143 2.4Hepatite B Zero - Zero - Zero - Zero -Hepatite C Zero - Zero - Zero - Zero -Gardnerella/Tricomonas 17 2.3 1621 31.3 Zero - 1638 27.7Candidíase 24 3.2 1141 22.0 Zero - 1165 19.7Duas DST simultâneas 10 1.3 142 2.7 Zero - 152 2.7Não definido 154 20.7 1467 28.3 Zero - 1621 27.4Não tem Zero - 5 0.1 Zero - 5 0.1TOTAL 743 ### 5178 ### 1 ### 5922 ###DST – DIAGNÓSTICOSINDRÔMICOCorrim. Uretral / Vaginal 500 67.3 3543 68.4 1 100.0 4044 68.3Corrimento cervical Zero - 1178 22.8 Zero - 1178 19.9Úlcera genital 84 11.3 96 1.9 Zero - 180 3.0Sífilis não primária 48 6.5 47 0.9 Zero - 95 1.6Verrugas genitais 61 8.2 83 1.6 Zero - 144 2.4Herpes genital (1ª inf.) 26 3.5 42 0.8 Zero - 68 1.2Duas DST simultâneas 10 1.3 142 2.7 Zero - 152 2.7Não definido 14 2.0 42 0.8 Zero - 56 0.9Não tem Zero - 5 0.1 Zero - 5 0.0TOTAL 743 ### 5178 ### 1 ### 5922 ###DST – DIAGNÓSTICOPRÉVIOGonorréia / Clamídia 164 22.1 257 5.0 1 100.0 422 7.1Sífilis 29 3.9 63 1.2 Zero - 92 1.6Herpes genital 28 3.8 46 0.9 Zero - 74 1.2Condiloma acuminado 32 4.3 98 1.9 Zero - 130 2.2Hepatite B 1 0.1 5 0.1 Zero - 6 0.1Hepatite C 3 0.4 5 0.1 Zero - 8 0.1Gardnerella/Triconomas 6 0.8 827 16.0 Zero - 833 14.1HIV/Aids 19 2.6 125 2.4 Zero - 144 2.4HIV/Aids + uma DST 7 0.9 4 0.1 Zero - 11 1.8Duas DST ou + 8 1.1 27 5.2 Zero - 35 5.9Não sabe 223 30.0 2053 39.7 Zero - 2276 38.4Não teve 223 30.0 1668 32.2 Zero - 1891 31.9TOTAL 743 ### 5178 ### 1 ### 5922 ###Fonte: Seção de Controle de DST/Aids – SES/RS