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Resumo ESTUDOS ESTRUTURAIS E CONFORMACIONAIS DE UM DERIVADO ACIL- HIDRAZÔNICO QUE APRESENTA AÇÃO INIBITÓRIA FRENTE À ENZIMA FOSFODIESTERASE-4 Sheyla Welma Duarte Silva (PQ) *1 , Tatiane Luciano Balliano (PQ) 1 , Marconi Galileu de Almeida Teixeira(IC) 1 , Isabela Nunes Lemos (IC) 1 . [email protected] 1 Laboratório de Cristalografia e Modelagem Molecular (LabCriMM), Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), Universidade federal de Alagoas (UFAL), Campus A.C.Simões BR 104 Norte Km 97 Tabuleiro do Martins 57072-970 Maceió-AL, Brasil. Introdução A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas extremamente comum (GOODMAN, 2005). Atinge cerca de 3 a 5% de todas as pessoas em alguma época da vida, apresentando altos números de óbitos e elevado impacto socioeconômico, constituindo um grave problema de saúde pública (GUYTON, 2002) (CORREIA, 2008). Anualmente ocorrem cerca de 350.000 internações por asma no Brasil, corroborando para a quarta causa de hospitalizações pelo Sistema Único de Saúde e sendo a terceira causa entre crianças e adultos jovens (J BRAS PNEUMOL, 2006). Atualmente, os principais tipos de fármacos utilizados no tratamento da asma são os broncodilatadores, que aliviam os sintomas de broncoespasmo, e os agentes antiinflamatórios, sendo que estes diminuem a inflamação das vias aéreas (CORREIA, 2008). Entretanto, pelo fato das terapias realizadas com esses medicamentos não serem totalmente eficazes e provocarem efeitos adversos, vários estudos já vêm sendo direcionados para uma nova classe de substâncias, os inibidores da enzima fosfodiesterase-4, que apresentam atividade antiinflamatória e broncodilatadora ao mesmo tempo (CORREIA, 2008).

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Resumo

ESTUDOS ESTRUTURAIS E CONFORMACIONAIS DE UM DERIVADO ACIL-HIDRAZÔNICO QUE APRESENTA AÇÃO INIBITÓRIA FRENTE À ENZIMA

FOSFODIESTERASE-4

Sheyla Welma Duarte Silva (PQ)*1, Tatiane Luciano Balliano (PQ)1, Marconi Galileu de Almeida Teixeira(IC) 1, Isabela Nunes Lemos (IC) 1. [email protected] 1 Laboratório de Cristalografia e Modelagem Molecular (LabCriMM), Instituto de Química e Biotecnologia (IQB), Universidade federal de Alagoas (UFAL), Campus A.C.Simões BR 104 Norte Km 97 Tabuleiro do Martins 57072-970 Maceió-AL, Brasil.

Introdução

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas extremamente

comum (GOODMAN, 2005). Atinge cerca de 3 a 5% de todas as pessoas em alguma

época da vida, apresentando altos números de óbitos e elevado impacto

socioeconômico, constituindo um grave problema de saúde pública (GUYTON, 2002)

(CORREIA, 2008). Anualmente ocorrem cerca de 350.000 internações por asma no

Brasil, corroborando para a quarta causa de hospitalizações pelo Sistema Único de

Saúde e sendo a terceira causa entre crianças e adultos jovens (J BRAS PNEUMOL,

2006).

Atualmente, os principais tipos de fármacos utilizados no tratamento da asma

são os broncodilatadores, que aliviam os sintomas de broncoespasmo, e os agentes

antiinflamatórios, sendo que estes diminuem a inflamação das vias aéreas

(CORREIA, 2008). Entretanto, pelo fato das terapias realizadas com esses

medicamentos não serem totalmente eficazes e provocarem efeitos adversos, vários

estudos já vêm sendo direcionados para uma nova classe de substâncias, os

inibidores da enzima fosfodiesterase-4, que apresentam atividade antiinflamatória e

broncodilatadora ao mesmo tempo (CORREIA, 2008).

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A enzima fosfodiesterase-4 (PDE-4) hidrolisa o monofosfato cíclico de 3’5’-

adenosina (AMPc) quebrando a ligação fosfodiester existente nesta molécula, logo

sua inibição leva ao aumento das concentrações intracelulares do AMPc e

conseqüentemente provoca o relaxamento do músculo liso, potencializando o efeito

broncodilatador dos β-agonistas, isto se deve ao fato do AMPc apresentar

propriedades imunomodulatórias (CAMPOS, 2003). Além disto, como a

fosfodiesterase-4 é a PDE predominante nas células inflamatórias, tem-se que, sua

inibição terá também um efeito antiinflamatório, o que é de grande utilidade para o

tratamento da asma (CAMPOS, 2003) (BARNES, 2004).

Uma vantagem de administrar fármacos específicos é que isto pode produzir

ações antiinflamatórias sem alguns dos efeitos colaterais associados aos inibidores

não-seletivos das PDEs, como é o caso da teofilina (GOODMAN, 2005). Cuja

manipulação pode afetar a PDE3 que está presente no coração. Portanto vários

efeitos colaterais estão relacionados ao seu uso como: sintomas gastrintestinais,

manifestações neurológicas, arritmia cardíaca e parada cárdio-respiratória (J BRAS

PNEUMOL, 2006).

Fármacos responsáveis pela inibição da PDE4 já vem sendo estudados, e os

ensaios clínicos mostraram potencial inibitório na fase tardia da asma, reduzindo as

respostas a alérgenos. O cilomilast (Ariflo®) e roflumilast (Daxas®) são exemplos de

inibidores promissores, porém tanto estes fármacos como a maioria dos PDEi

possuem efeitos colaterais indesejáveis como náuseas e vômitos (BARNES, 2004)

(CORREIA, 2008).

Dessa forma torna-se de extrema importância o surgimento de moléculas mais

potentes e seletivas para tratamento dessa enfermidade, uma vez que os fármacos

disponíveis comercialmente apresentam efeitos colaterais. Nesse âmbito, este

trabalho apresenta a determinação estrutural e análise conformacional de um

derivado acil-hidrazônico que se mostrou ativo frente à enzima fosfodiesterase-4

(PDE4), principal alvo empregado no planejamento de moléculas com atividade

broncodilatadora.

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Metodologia

Os cristais da molécula em estudo nesse trabalho foram gentilmente cedidos

pelo Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas – LASSBIO, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que mantém colaboração com o

grupo de Cristalografia e Modelagem Molecular desta Universidade. A determinação

estrutural e análise conformacional da referida molécula obedeceu a seguinte

metodologia: foi selecionado um cristal da amostra e colocado em uma fibra fina de

vidro onde foi posteriormente fixado na cabeça goniométrica do difratômetro

automático KAppa CCD, equipamento para difração de raios X empregado nesse

experimento, de onde foram coletados as intensidades dos feixes de raios X

difratados. Tais dados foram processados e a estrutura foi resolvida utilizando o

pacote de programas contido no WingX v1.80.05 (SHEL97). Ciclos de refinamentos

foram feitos até que os dados convergissem, o que acontece quando as variações

dos parâmetros não forem mais perceptíveis. A partir de então, utilizando o programa

Ortep-3 v.2.02, contido no WingX v1.80.05, foi possível visualizar os elipsóides de

vibração anisotrópica. E por fim, foi utilizado o programa Mercury v2.2 (GROOM,

2008) para analisar empacotamento cristalino identificando as ligações e interações

de hidrogênio.

Resultados

O composto em estudo apresentou sistema cristalino monoclínico e grupo

espacial P21/c com os seguintes parâmetros: a=13,7627(2) Å, b=8,0064(1) Å,

c=15,3853(2) Å; β=86,140(1)°; Z=4 moléculas/cela; reflexões únicas = 4030; reflexões

observadas = 3261; R(obs)=0,0388. Apenas o hidrogênio da ligação clássica com

nitrogênio foi localizado no mapa de densidade eletrônica. A partir da análise das

distâncias e ângulos de ligação, foi possível determinar a estrutura com dois anéis

aromáticos: A e B, separados por uma cadeia principal. O anel A está ligado a um

grupo nitro, já o anel B contém ligação com dois grupos metoxilas, um na posição

meta em relação à cadeia principal e o outro em posição para. O valor médio para as

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distâncias C-C dos anéis aromáticos A e B foram 1,381(2) Å e 1,390(2) Å

respectivamente e os ângulos formados estão na média de 120,0(15)° para o anel A e

119,98(14)° referente ao anel B, o que está de acordo com a literatura. Os oxigênios

presentes no grupo nitro estão ligados ao nitrogênio por distâncias de 1,221(2) e

1,219(2) Å, mostrando valores próximos pois possuem mesmo ambiente químico.

Este grupo por sua vez apresenta ângulo de 124,18(16) Å e encontra-se ligado ao

anel aromático A, à uma distância de 1,476(2) Å. As metóxilas meta e para

apresentam distâncias equivalentes entre seus oxigênios e o anel, 1,373(18) e

1,371(19) Å, e ângulos de 117,19(12) e 116,92(13)°, sendo tal diferença devido a

efeito de ressonância.

Conclusão

Após a determinação estrutural e análise conformacional do composto

estudado neste trabalho, através da localização dos átomos, pode-se confirmar que a

estrutura corresponde com a proposta sugerida pelo Laboratório de Avaliação e

Síntese de Substâncias Bioativas – LASSBIO, da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), grupo colaborador que cedeu a referida amostra. Também foi

possível verificar que as distâncias e ângulos interatômicos presentes na molécula

estavam de acordo com os valores esperados. Foi verificada uma diferença em

relação aos ângulos das metoxilas, a qual pode ser explicada devido aos efeitos de

ressonância do anel aromático B.

Palavras-chaves: Difração de raios X, Asma, Fosfodiesterase-4.

Referências BARNES, Peter J. NEW DRUGS FOR ASTHMA. NATURE REVIEWS | DRUG DISCOVERY. VOLUME 3 | OCTOBER 2004 CAMPOS, Hisbello. XISTO, Debora. ZIN, Walter A. ROCCO, Patricia R.M. Inibidores de fosfodiesterases: novas perspectivas de uma antiga terapia na asma? J Pneumol 29(6) – nov-dez de 2003.

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CORRÊA, Maria Fernanda P., MELO, Giany O. de. COSTA, Sônia S. Substâncias de origem vegetal potencialmente úteis na terapia da asma. Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 18 (Supl.): 785-797, Dez. 2008. GOODMAN & GILMAN, Alfred. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. Rio de Janeiro: McGraw-HILL Internacional do Brasil LTDA. 10. ed. 2005, pag. 551-563. GUYTON, Arthur C. HALL , John E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 10 ed. 2002. J BRAS PNEUMOL. IV Diretrizes Brasileiras para o Manejo da Asma. J Bras Pneumol. 2006;32(Supl 7):S 447- 474.