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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO Por: Elaine Xavier de Castro Rodrigues Orientador Prof. Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 2014 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO

Por: Elaine Xavier de Castro Rodrigues

Orientador

Prof. Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro

2014

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neurociências Pedagógica.

Por: Elaine Xavier de Castro Rodrigues

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me capacitar e me motivar, em

todos os momentos, ao meu marido, filho e

minha mãe e a todos que os profissionais da

educação, que de alguma forma, me

inspiraram e me encantaram nesta trajetória.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu marido e minha mãe, pela

generosidade, minha eterna gratidão.

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RESUMO

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo abordar a importância da

afetividade do educador no processo ensino e aprendizagem, que servirá de

fonte para reflexão para aqueles envolvidos no processo educativo.

Especificamente aborda a relação entre afeto e cognição, as influências que a

afetividade, a emoção e os estímulos captados pelo cérebro terão no cotidiano

escolar. Demonstrando como a neurociência contribui para o bom desempenho

do trabalho do professor e como pode ser um importante e essencial

instrumento para redirecionar as práticas pedagógicas no contexto da

educação infantil.

Palavras-chave: Neurociência, Aprendizagem, Emoção, Educação, Cérebro.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi por análise bibliográfica de autores, informações

de revistas, artigos científicos e livros que abordam o estudo das estruturas

cerebrais a, neurobiologia das emoções, a fisiologia da aprendizagem, da

afetividade, emoções, cognição e cérebro. Os principais autores utilizados

neste trabalho foram: Gazzaniga, Machado, Marta Relvas, Roberto Lent, e

outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I- Embriogênese do Sistema Nervoso 09

CAPÍTULO II- Neurobiologia das Emoções 19

CAPÍTULO III- A Neurociência na Educação 31

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

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INTRODUÇÃO

Não pode-se mais pensar em uma educação significativa,

contextualizada e de qualidade na Educação, sem que o professor não tenha

um conhecimento prévio, acerca do órgão responsável pela aprendizagem e

“ator principal”: o cérebro.

Nasce-se com quase noventa bilhões de neurônios, que irão estabelecer

conexões ao longo da vida, através das experiências relacionadas aos

estímulos que captamos pelos nossos sentidos. Onde os nervos sensitivos

captam os estímulos externos e fazem conexões com o tálamo, que tem a

função de encaminhar esses estímulos para as outras partes do cérebro. Este,

porém, realiza tal função em sintonia com o hipotálamo, que identifica se a

informação é agradável ou não. Caso positivo, produz serotonina e quando é

desagradável, estimula as suprarrenais a produzir cortisol adrenalina. Quando

o cérebro produz serotonina, a aprendizagem acontece de maneira

significativa, pois há interesse no assunto abordado.

A emoção e o afeto devem permear as práticas pedagógicas na

Educação, onde o professor deverá ter conhecimento e entendimento, que o

processo de aprendizagem de cada aluno está conectado entre a objetividade

e a subjetividade, entre o educador e o educando, entre o saber e o não saber,

na troca e partilha de saberes.

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CAPÍTULO I

Embriogênese do Sistema Nervoso

1.1 A Formação do Cérebro

“O cérebro é o maior instrumento da Evolução Humana. Use-o para não perder suas potencialidades.” (Relvas, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação – Despertando Inteligências e Afetividade no processo da Aprendizagem. Rio de Janeiro, 4ª edição. WAK Editora, 2009.).

O cérebro é o único órgão do corpo que necessita de muito tempo para

crescer e desenvolver-se, passando por mudanças anatômicas e funcionais

surpreendentes desde a etapa pré-natal até o início da vida adulta. Este

fantástico, enigmático e complexo processo é a enorme demonstração de um

órgão que constrói a um organismo e constrói a si mesmo. Esta construção

começa a tão somente três semanas depois da concepção, quando a grande

maioria das mamães ainda não sabe que têm uma nova vida em seu ventre. O

sistema nervoso central se origina em uma lâmina repleta de células chamada

placa neural, na superfície dorsal do embrião. Posteriormente, esta placa

dobra sobre si mesma, formando um canal que, à medida que o

desenvolvimento prossegue, faz-se mais profundo, fechando as paredes que o

compõem, originando um tubo conhecido como tubo neural.

Quando as células se unem, algumas células neuroectodérmicas se

separam das suas vizinhas porque deixam de ser similares e geram a crista

neural. O tubo neural e a crista são as estruturas mais precoces do sistema

nervoso. O tubo neural originará as estruturas do sistema nervoso central

(encéfalo e medula espinhal) e a crista às do sistema nervoso periférico

(gânglios espinhais e nervos) e a outras estruturas não neurais (melanócitos,

células da medula suprarrenal e alguns componentes esqueléticos da cabeça).

Nesse momento precoce do desenvolvimento, ainda não há neurônios

constituídos. O embrião ainda não é dotado de sensações, percepções nem de

outras funções típicas do sistema nervoso maduro, pois as células ainda não

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se comunicam como farão posteriormente. Lent explica que o tubo neural

contém duas aberturas ou neuróporos, uma caudal rostral e outra que

rapidamente se fecham. O tubo neural aparenta ser uniforme, mas ele se

diferencia e se dobra, originando áreas que exibem estruturas e funções

variadas. Inicialmente surgem no pólo mais rostral três dilatações que

compõem as três vesículas encefálicas primitivas. A partir da porção mais

cranial, observar-se então, o procencéfalo, o mesencéfalo, o rombencéfalo. A

medula primitiva é encontrada caudalmente a elas. A partir desse momento,

alguns dobramentos começam a acontecer no sistema nervoso, alterando a

sua forma novamente. Agora, ao invés de um tudo cilíndrico, passa a ser um

tubo contorcido. Somente a medula primitiva mantém-se cilíndrica, formando

posteriormente a medula espinhal. No mesencéfalo surge a flexura cefálica,

que induz o procencéfalo a se dobrar para baixo e para trás. Outras flexuras

vão aparecendo. Uma caldalmente (flexura cervical) entre o rombencéfalo e a

medula espinhal, fazendo com que a porção posterior do tubo a se dobre para

baixo. Outra no rombencéfalo, a flexura pontina, que dobra o encéfalo ao meio.

Devido às diferenças no ritmo de proliferação celular que acontecem em cada

uma das áreas do sistema nervoso, surgem essas flexuras. Ao passo que as

dobras surgem, as três vesículas iniciais se transformam em cinco: o

prosencéfalo divide-se em telencéfalo e dienféfalo; o mesencéfalo mantém-se

uma estrutura única e o rombencéfalo transforma-se em mielencéfalo e

metencéfalo. Desta forma, as estruturas do sistema nervoso são formadas.

(LENT, 2008)

A estrutura que se forma mais tardiamente a partir do prosencéfalo é o

córtex cerebral. Mesmo que comece a se desenvolver aproximadamente na

oitava semana de gestação, seu processo de maturação é gradual e segue

durante muitos anos depois do nascimento. É responsável pelas habilidades

mais nobres e refinadas, únicas no ser humano. Ocupa-se do funcionamento

cognitivo e possui um enorme número de células nervosas. Têm zonas

específicas denominadas lobos, localizados nos dois hemisférios cerebrais. Os

primeiros que surgem são os lobos frontais, seguidos pelos lobos parietais,

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temporais e occipitais. Todas as regiões do cérebro têm sua origem na etapa

pré-natal, e as funções que desempenham se fortalecem a partir das conexões

que vão se estabelecendo entre as células que as compõem.

Entre as variadas responsabilidades e funções que têm os lobos,

podemos mencionar as seguintes:

•Frontais: pensamento, planejamento, decisão, juízo, criatividade,

resolução de problemas, comportamento, valores, hábitos. É altamente

executivo.

•Parietais: informação sensorial (tato, dor, gustação, pressão,

temperatura), dados espaciais, verbais e físicos.

•Temporais: audição (tom e intensidade do som), linguagem, memória

e emoção.

• Occipitais: informação visual.

Todas as regiões do cérebro têm sua origem na etapa pré-natal, e as

funções que desempenham se fortalecem a partir das conexões que vão se

estabelecendo entre as células que as compõem.

Em tão somente vinte semanas de gestação, o sistema nervoso e o

cérebro passam por surpreendentes transformações morfológicas e, em um

abrir e fechar de olhos, sua estrutura básica já está formada; assim mesmo,

várias zonas começam a trabalhar em circuitos para gerenciar algumas

funções especiais, como por exemplo, a audição e a visão.

1.2 Neurogênese

O cérebro humano é construído com a participação de

aproximadamente noventa bilhões de células nervosas chamadas neurônios,

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que trabalham como unidade anatômica e funcional do sistema nervoso

central. Um neurônio prototípico maduro (o mais comum) apresenta três

regiões essenciais: os dendritos (que recebem informação de outros

neurônios), o corpo celular (que é o centro metabólico celular; contém o núcleo

que armazena os genes da célula, os retículos sendo plasmático rugoso e liso

que sintetizam as proteínas da célula) e o axônio (principal unidade condutora

do neurônio).

No entanto, os neurônios não são as únicas células presentes. Elas

recebem suporte de outros tipos de células chamadas glias, as quais, entre

outras funções, participam na produção da mielina (uma lipoproteína que

recobre o axônio, o isola e assegura a condução da informação a grande

velocidade) e recolhe os restos celulares. Além disso, as glias são

fundamentais no processo de migração, pois algumas delas servem de “trilhos”

para impulsionar aos neurônios até seu lugar final na rede.

A origem dos neurônios, a neurogênese, começa muito cedo, desde

a formação do tubo neural. Estima-se que entre 50 000 e 100 000 novos

neurônios são gerados a cada segundo entre a 15ª e 20ª semanas de vida.

Para cada uma das regiões que foram se formando, migrarão milhões de

neurônios, que, já localizados, necessitam iniciar contato com as demais

células agregadas. Através de conexões, os neurônios começam a se

comunicar, fenômeno conhecido como sinaptogênese. A transferência da

informação entre neurônios acontece em lugares de contato especializado

chamados de sinapses, que podem ser do tipo elétrica ou química. Nas

sinapses elétricas, as correntes iônicas passam diretamente pelas junções

comunicantes (região de aproximação entre duas células) para as outras

células. A transmissão é ultrarrápida, já que o sinal passa praticamente

inalterado de uma célula para outra. Nas sinapses químicas, a informação

chega através de mensageiros químicos chamados neurotransmissores. A

sinaptogênese começa na estrutura mais baixa do sistema nervoso, na medula

espinal, aproximadamente na 15ª semana da gestação. Para o momento do

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nascimento, todo o circuito neuronal necessário para a adaptação do bebê ao

novo entorna já estão conectados e mielinizados.

Durante a etapa pré-natal e a primeira infância, o cérebro produz muitos

mais neurônios e conexões sinápticas de que chegará a necessitar, como uma

forma de garantir que uma quantidade suficiente de células chegue a seu

destino e que conectem-se de forma adequada. No entanto, para se organizar,

o sistema nervoso programa a morte celular de vários neurônios (apoptose) e a

poda de milhares de sinapses que não estabeleceram conexões funcionais ou

que “já cumpriram sua tarefa”. As sinapses que envolvem “neurônios

competentes e ativos na rede” são as que permanecerão e a funcionalidade de

cadaum destes circuitos neuronais é o que nos permitirá aprender, memorizar,

perceber, sentir, mover-nos, ler,somar ou emitir, desde respostas reflexas até

as mais complexas análises relacionadas à física quântica.

A mielinização das fibras nervosas começa na medula espinal e vai

subindo até chegar ao cérebro. Onde, as diferentes zonas são mielinizadas

pouco a pouco, respeitando um largo processo programado geneticamente, o

mesmo que durará muitos anos depois do nascimento. Atualmente, sabe- se

que as zonas subcorticais que controlam funções vitais e reflexas são

mielinizadas antes que as regiões corticais que controlam habilidades mais

sofisticadas, sendo o córtexpré-frontal o último a ser mielinizado.

. A mielinização das fibras nervosas, logo que são estabelecidas as

sinapses, é altamente relevante para o surgimento e fortalecimento das

funções. Quanto maior for a mielinização, maior será a funcionalidade dos

circuitos neuronais. Embora os genes controlem o processo de mielinização,

os fatores ambientais podem afetar seu grau e qualidade. A desnutrição, tanto

da mãe gestante como da criança, é um dos fatores que afetam ao processo

de mielinização, já que as células gliais também são sensíveis à qualidade da

nutrição.

1.3 A emoção no período pré-natal:

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Na etapa pré-natal, o ser humano começa a construir-se a si mesmo.

Para respeitar a sequência de acontecimentos relacionados à estruturação e

funcionalidade do cérebro nesta etapa.

A etapa pré-natal é a primeira etapa do ciclo vital e o ventre materno é o

primeiro entorno do ser humano. É nesse entorno onde presencia- se o milagre

da vida, a enigmática capacidade do cérebro que, embora não esteja

suficientemente maduro, começa a construir um organismo entre uma mistura

de estabilidade e mudanças, que ao mesmo tempo em que lhe permite ser,

permite-lhe projetar-se a si mesmo para chegar a ser.

Transtornos emocionais durante a gravidez aumentam a produção dos

hormônios do estresse, especialmente cortisol e norepinefrina, podendo

provocar a destruição em excesso de neurônios e sinapses, modificando a

organização e a fisiologia do cérebro do feto. Consequentemente há prejuízos

futuros em relação à capacidade da criança em lidar com o estresse. “A

exposição prolongada aos hormônios do estresse, como a adrenalina e o

cortisol, prepara o cérebro do feto para reagir no “modo” lutar ou fugir em todas

as ocasiões mesmo quando não é o mais apropriado.” (MENTE e CÉREBRO,

“A mente do bebê”, v. 02, p. 74).

Segundo a revista Mente e Cérebro, alguns feitos psicobiológicos do

estresse podem ser observados, como: inibição da ramificação dos dentritos;

migração celular confusa, resultando na formação de circuitos errados;

destruição de sinapses na área da amígdala e do hipocampo, afetando a

memória e o sistema ativador reticular e hipotalâmico; redução da produção de

ocitocina (relacionado ao comportamento social) e de serotonina; diminuição

do peso cerebral, do conteúdo de DNA e da síntese de ácido nucléico no

cérebro; intensificada geração do hormônio vaso pressina, (relacionado ao

comportamento territorial, agressivo e do estímulo sexual); diminuição da

capacidade de cognitiva (aprendizado); alterações no desenvolvimento do

corpo caloso e do cerebelo, principalmente do vermis cerebelar, podendo

desencadear no autismo.

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Em contraste com a situação acima citada, quando a mãe está focada

na felicidade e no amor, o cérebro do bebê é “banhado” por endorfinas e

neurormônios (semelhante a ocitocina) que liberam uma extensa sensação de

bem-estar. (MENTE e CÉREBRO, “A mente do bebê”, v. 02, p. 74)

Os estudiosos afirmam que “as experiências de vida no período

neonatal, como as sensações (relacionadas à fome, por exemplo), ativam vias

neurais específicas com a respectiva associação límbica, modulando o humor

e a emoção (tônus afetivo). Padrões rudimentares de atividade neural

fornecerão a base do desenvolvimento psicológico da criança. Tais padrões

permitem entender de que forma os bebês acumulam experiências iniciais e

como isso afetará o seu comportamento mais tarde.” (MENTE e CÉREBRO,

Especial N° 26, 2011, p. 35).

Durante a etapa pré-natal ocorrerão vários processos essenciais para a

vida do ser humano. Desde o ventre materno, a estruturação do sistema

nervoso e do cérebro, conjuntamente com o despertar de várias funções,

prepararão a este ser para uma nova etapa: o nascimento.

Ao nascer, o cérebro de um bebê pesa aproximadamente a quarta

parte do que chegará a pesar quando for um adulto, e isto graças a tudo o que

aconteceu dentro do ventre materno. Mas o nascimento, em si, também é um

momento especial para o cérebro do bebê: por um lado está a fortaleza do

dever cumprido, pois cresceu e se desenvolveu adequadamente até chegar o

dia do nascimento e enfrentar o novo entorno, e, por outro lado, a fragilidade

do momento. A facilidade ou dificuldade com a qual nasce um bebê, a rapidez

com que começa a respirar e a efetividade do médico obstetra podem afetar

significativamente o processo de desenvolvimento cerebral. Interrupções no

processo de oxigenação do cérebro podem ser cruciais e causar danos

cerebrais em diferentes graus. Estima-se que 30% dos casos de paralisia

cerebral é resultado da falta de oxigenação durante este período perinatal. Um

nascimento em condições apropriadas desempenha um papel decisivo, pois

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permite ao bebê uma adaptação harmônica com o novo ambiente, que está

pleno de sons, luzes, cheiros, temperaturas e texturas, além de facilitar a tarefa

de encontrar um “cérebro externo” que o adapte ao novo mundo.

Para a etapa pós-natal, pode- se observar aspectos importantes que

perfilarão o desenvolvimento infantil, como algumas características

anatômicas, funcionais e sensoriais que refletem o nível de desenvolvimento

do sistema nervoso do bebê.

Depois do nascimento, as experiências do dia a dia do bebê

desempenharão um papel importante no desenvolvimento de seu cérebro. O

número de novas sinapses se incrementa de forma exponencial no período

pós-natal, especialmente durante as primeiras duas semanas de vida. Nesta

etapa do desenvolvimento, a produção de novos neurônios (neurogênese) e a

conexão entre eles (sinaptogênese) aumentam a possibilidade de modificação

na função cerebral (plasticidade cerebral), que depende principalmente das

primeiras experiências. Isto significa que se nesta etapa o bebê está exposto a

uma privação emocional, ocorrerão fenômenos de morte neuronal (apoptose)

no plano cerebral, incidindo em uma maior vulnerabilidade ao estresse e na

diminuição da resposta imunológica da criança.

Os seres humanos necessitam de uma experiência pós-natal

significativa para que se adaptem ao novo entorno e aprendam uma forma de

comunicação que lhes permita sobreviver nele. Neste sentido, as canções de

ninar, as conversas da mamãe com seu bebê, seu tom e timbre de voz desde

os momentos iniciais de vida ajudarão ao bebê a produzir e decodificar os sons

da fala que constituirão a base da linguagem, pois as experiências diárias

modificarão os circuitos neuronais durante os períodos denominados críticos

para a aprendizagem da linguagem falada. Um período crítico se refere ao

tempo durante o qual um determinado comportamento é especialmente

suscetível às influências ambientais específicas, visto que necessita delas para

se desenvolver normalmente. Mas os períodos críticos não se vinculam

somente à aquisição de comportamentos; também estão relacionados com os

circuitos do sistema nervoso. Um caso mais familiar de período crítico

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vinculado à aquisição da linguagem é o referente ao segundo idioma, que em

geral se deve aprender antes de chegar à puberdade para que exista uma

fluência completa. A atividade neuronal gerada pelas interações com o mundo

exterior logo ao nascer proporciona um mecanismo pelo qual o meio ambiente

pode influenciar na estrutura e na função do sistema nervoso. O

desenvolvimento das capacidades sensórioperceptivas e das habilidades

motoras, também é um fenômeno crucial dentro dos períodos críticos.

Durante a primeira infância, os circuitos do córtex cerebral possuem um

estado de alta plasticidade (adaptações dos circuitos neuronais frente à

aprendizagem ou frente às contingências) que faz com que possam ser

modificados

facilmente. Nessa etapa do desenvolvimento, a ausência de experiências

sensoriais, principalmente as relacionadas com a visão e a audição, pode ter

sérias consequências funcionais.

O que se aprende desde os primeiros meses de vida é retido ou

armazenado em nosso cérebro graças a memória. A memória é inferida a

partir do comportamento. Não há aprendizagem sem memória nem memória

sem aprendizagem. As distintas capacidades intelectuais e motoras são

adquiridas à medida que amadurecem as estruturas nervosas necessárias

para sua aquisição.

Os sistemas de memória vão se desenvolvendo em paralelo com o

processo de amadurecimento dos circuitos nervosos e, o mais interessante é

que muitas informações que estão armazenadas em nossa memória de longo

prazo foram aprendidas na primeira infância.

O cérebro do recém-nascido necessita atravessar várias fases de

amadurecimento para poder adquirir e mostrar suas distintas capacidades e

habilidades. Algumas dessas habilidades, como sabe - se, requerem ser

adquiridas ou aprendidas em um determinado momento para que se

estruturem de forma apropriada , como é o caso da linguagem, anteriormente

mencionada. Outra área que merece muita atenção é a área motora. O corpo é

o “sócio estratégico” que tem o cérebro para seguir seu processo de

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desenvolvimento: do corpo chega a informação e para o corpo vai a

informação que emite o cérebro. As áreas do sistema nervoso relacionadas

com o movimento são as primeiras a se consolidarem, já que desde o ventre

materno o bebê vem ensaiando seus primeiros movimentos. Para a

aprendizagem de habilidades motoras, o bebê necessita, primeiramente,

oportunidades para descobrir e utilizar seu corpo. Estar de boca para baixo

desde os primeiros meses, ser balançado (com pouca intensidade e duração),

arrastar-se, engatinhar, escalar, abrir e fechar objetos são atividades que

permitirão uma maior maturação do sistema nervoso e do cérebro. As

habilidades motoras aprendidas na primeira infância (como caminhar, correr,

agarrar, segurar, soltar, andar de bicicleta, entre outras) serão recordadas ao

longo da vida.

As demais aprendizagens estarão mediadas principalmente por fatores

ambientais que têm efeitos diretos na consolidação estrutural e funcional

destas aprendizagens no cérebro. Neste sentido, o sono é considerado uma

gente importante para o desenvolvimento do cérebro, já que significa a

consolidação da aprendizagem de caráter bioquímico. A consolidação da

memória de longo prazo se realiza quando o cérebro passa pela fase de sono

profundo (REM) e isto se dá desde a primeira infância.

Outro fator de suma importância a levar em conta no desenvolvimento e

amadurecimento cerebral da criança é a nutrição. O cérebro da criança requer

determinados nutrientes (certo tipo de ácidos graxos), além de glicose, água,

sal, entre outros, para cumprir com suas funções essenciais como a

neurotransmissão e a neurogênese, assim como para proteger-se contra o

estresse oxidativo. Tudo isto, permitirá a maximização do potencial cognitivo

das seguintes etapas do desenvolvimento cerebral. Cabe ressaltar que,

indiscutivelmente, o alimento mais completo e rico em todos os aspectos para

os bebês é o leite materno. Investigações realizadas têm demonstrado que os

ácidos graxos encontrados no leite materno são ideais para o desenvolvimento

do sistema nervoso, além de ter qualidade imunológica e psicológica.

O papel do afeto, bem como do sono e da nutrição, é fundamental

nessa etapa inicial da vida para o amadurecimento neurobiológico e o

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desenvolvimento emocional, motor e cognitivo das crianças. Atualmente, sabe

– se da importância do vínculo afetivo desde o início da vida, pois é este que

permite ao bebê se adaptar ao entorno, regular sua ansiedade, confiar em si

mesmo, buscar sua autonomia e, principalmente, o ajuda a regular o

funcionamento de todas as estruturas cerebrais relacionadas com as emoções

e o comportamento.

Do mesmo modo, não pode - se deixar de mencionar as experiências

sensório-perceptivas como essenciais para o desenvolvimento cerebral nos

primeiros meses de vida. Por exemplo: os neurônios que foram designados ao

circuito visual somente poderão cumprir de maneira ideal suas funções se

estiverem expostos às experiências sensoriais com o ambiente.

Embora possam abrir seus olhos, os bebês não podem observar ou

interpretar o que está em seu entorno.

A mielinização gradual desses circuitos, somada às experiências com a

luz, os objetos, as formas, as cores, o movimento, a profundidade, são alguns

elementos que facilitarão o desenvolvimento visual a tal grau que as crianças

poderão, em poucos anos, apresentar uma excelente acuidade visual que lhes

permita encontrar diferenças sutis entre duas imagens parecidas. Da mesma

forma, os demais sistemas sensoriais têm seu desenvolvimento dependente da

experiência, de modo que o adulto pode facilitar oportunidades, cuidar da

qualidade dos estímulos e organizar informação para que o cérebro do bebê

possa extrair de cada uma das experiências os insumos que necessita para

construir-se, amadurecer e chegar à funcionalidade.

A primeira infância é a plataforma de decolagem de nosso universo

sensorial e perceptivo, que não somente nos permitirá manter-mo-nos vivos

(para aproximarmos ou distanciarmos de um estímulo), mas também será o

veículo para a condução de informação cognitiva, motora e emocional,

principalmente.

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CAPÍTULO II

NEUROBIOLOGIA DAS EMOÇÕES

2.1- Definição de emoção

Podem ser encontrados vários conceitos diferentes de acordo com o

enfoque de cada autor ou com a escola de pensamento.

2.1.1- Ato de mover-se moralmente;

Perturbações do espírito, provocada por situações diversas e que se

manifesta como alegria, tristeza, raiva, etc;

Estado de animo despertado por sentimento estético, religioso, etc;

(Aurélio Buarque de Holanda,2002,p.257).

2.1.2- Do ponto de vista biológico, a emoção pode ser definida como um

conjunto de reações químicas e neurais subjacentes à organização de certas

respostas comportamentais básicas e necessárias à sobrevivência dos

animais.(Roberto Lent,2008, p. 254).

2.1.3- A emoção é a combinação de um processo avaliatório mental,

simples ou complexo, com respostas dispositivas a esse processo em sua

maioria dirigidas ao corpo propriamente dito, resultando num estado emocional

do corpo, mas também dirigidas ao próprio cérebro (núcleos

neurotransmissores no tronco cerebral), resultando em alterações mentais

adicionais. (Antonio Damásio,1996.p168).

2.2- Classificação das emoções

Segundo Antonio Damásio, as emoções podem ser classificadas em

emoções primárias, secundárias e de fundo.

2.2.1- Emoções primárias - São consideradas inatas ou não aprendidas.

São comuns a todos os indivíduos da nossa espécie independente de fatores

socioeconômicos. As principais são a alegria, a tristeza, o medo, o nojo, a raiva

e a surpresa.

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2.2.2- Emoções secundárias - São mais complexas e dependem de

fatores socioculturais, ou seja, são aprendidas. Um exemplo disto é a vergonha

que,dependendo da cultura ou da época, pode variar ao ser sentida.

2.2.3- Emoções de fundo - Estão relacionadas com o bem-estar ou mal-

estar, com a calma ou com a tensão. Os estímulos que induzem essas

emoções são geralmente internos, gerados por processos físicos ou mentais

contínuos.

O Ser Humano é um ser biopsicossocial e suas emoções são

importantes porque agregam significados na comunicação, pois quando nos

comunicamos o nosso corpo também fala. As expressões faciais comunicam

sentimentos, emoções e reações intencionalmente ou não. A emoção dá um

colorido à vida, fazendo nos sentir mais humanos. Pessoas com determinadas

lesões que não manifestam emoções são consideradas como “robotizadas”.

A emoção tem componentes internos e externos. Os componentes

internos são subjetivos, é o sentir a emoção, ou seja, é a experiência

emocional. Os componentes externos são considerados a expressão da

emoção, que envolve padrões de atividade motora, somática e visceral. Estes

padrões podem variar de acordo com o tipo de emoção ou da espécie. Por

exemplo, o choro é a expressão da tristeza no homem, enquanto na alegria a

expressão é o sorriso. No cachorro, o abanar da calda é reconhecida como

expressão da alegria.

De acordo com Angelo Machado, é possível expressar emoções sem

senti-las. O exemplo disto é o ator que simula os padrões motores ligados a

expressão da emoção sem, no entanto, senti-la. (Angelo

Machado,2006,p.275).

Segundo Antonio Damásio, nossas decisões são baseadas nas

antecipações emocionais muitas das vezes inconscientes. (Roberto Lent,

p.264).

O estado emocional influencia nossas decisões futuras que podem ser

construídas com base nas nossas experiências anteriores em situações

àquelas que simulamos mentalmente. Desta forma, as nossas decisões não

levam em conta apenas a avaliação racional das conseqüências de nossas

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ações no futuro, mas também como nos sentiríamos após ter tomado a

decisão.

Baseado nestas afirmações é possível perceber o quanto o corpo e a

mente interagem contestando o dualismo de Descartes, no qual separa a

mente do cérebro e do corpo.

2.3- Teorias sobre emoções

Observações da expressão das emoções em animais e em humanos,

além da experiência emocional em humanos, levaram ao desenvolvimento de

teorias relacionadas à expressão e à experiência emocional.

Várias teorias foram elaboradas para explicar o que são as emoções e

de que maneira elas são geradas. As principais teorias foram as de William

James, Carl Lange, Walter Cannon, Philip Bard.

2.3.1- O psicólogo e filósofo William James e o psicólogo Carl Lange

propuseram em 1884, que as emoções são experimentadas a partir da

percepçãdas alterações fisiológicas em nosso organismo, como por exemplo, a

taquicardia, a sudorese e a contração muscular, ou seja, essas alterações

fisiológicas é que nos levariam a sentir uma determinada emoção. Por

exemplo, sentiríamos medo porque correríamos de um animal feroz. Embora

posteriormente esta teoria tenha sido desacreditada por alguns autores, mais

recentemente, ela voltou a ser considerada no que se refere à importância dos

estados corporais para a emoção.

2.3.2- O fisiologista Walter Cannon em 1927 se contrapôs a ideia de

James, afirmando que podemos vivenciar as emoções mesmo que nenhuma

mudança fisiológica seja produzida. A ativação corporal não contribui muito

para as sensações emocionais.

A proposta de Cannon é que a informação emocional é processada pelo

encéfalo e ao mesmo tempo seriam geradas a ativação corporal e a

experiência consciente da emoção. (Roberto Lent, 2008, p.225).

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A teoria Cannon-Bard propunha que a experiência emocional pode

ocorrer independentemente de uma expressão emocional. A pessoa não

precisa chorar para estar triste, basta apenas que ocorra a ativação apropriada

do seu tálamo em resposta à situação.

2.4- A neurobiologia das emoções

Paul Broca foi o primeiro a fazer o mapeamento das funções cerebrais,

realizadas a partir da observação dos pacientes com danos cerebrais.

Identificou o lobo límbico (limbo=imagem) o qual compreende um anel

composto por estruturas corticais situadas na face medial e inferior do cérebro.

Durante o século XX, alguns pesquisadores começaram a investigar de

maneira mais sistemática as regiões cerebrais que estariam envolvidas na

emoção. Em 1937, o neuroanatomista James Papez descreveu um circuito

responsável pelo mecanismo de elaboração das funções da emoção e da sua

expressão. O circuito de Papez é uma parte essencial da história sobre a base

neural das emoções.

Papez acreditava que a atividade evocada em áreas neocorticais por

projeções do córtex cingulado adicionaria o colorido emocional. Assim, a

experiência da emoção era determinada pelo córtex cingulado. Acreditava que

a expressão emocional fosse governada pelo hipotálamo. O córtex cingulado

projeta para o hipocampo e este projeta para o hipotálamo por meio de feixes

de axônios chamados fórnix. Efeitos do hipotálamo atingem o córtex por meio

de uma estação retransmissora nos núcleos anteriores do tálamo. O fato de

que a comunicação entre o córtex e o hipotálamo é bidirecional significa que o

circuito de Papez é compatível com as teorias da emoção de James-Lange e

Cannon-Bard.

A teoria de Papez foi ampliada por MacLean que destacou a

importância do hipotálamo para a expressão emocional e do córtex cerebral

para a experiência emocional. Em 1952, introduziu na literatura a expressão:

Sistema Límbico, incluindo ao circuito de Papez, a amígdala, o septo e o córtex

pré-frontal.

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De acordo com a maioria dos autores, as estruturas abaixo

relacionadas fazem parte do sistema límbico:

-Giro do cíngulo – É chamado por alguns autores de mesocórtex. Esta

estrutura recebe informações do núcleo anterior do tálamo e do neocórtex. A

estimulação elétrica desta estrutura provoca fenômenos alucinatórios

complexos, mudanças emocionais e sensação de estar sonhando.

-Giro parahipocampal – Situa-se na face inferior do lobo temporal. Está

relacionada ao armazenamento da memória.

-Hipocampo – É uma estrutura localizada nos lobos temporais do

cérebro. Tem importante participação no fenômeno da memória e participa na

regulação de atividades viscerais e endócrinas. Papez observou um aumento

da reatividade emocional causada por lesões nesta área devido ao vírus da

raiva.

-Núcleos mamilares – Pertencem ao hipotálamo e situam-se nos corpos

mamilares. Recebem fibras do hipocampo que chegam pelo fórnix e se

projetam para os núcleos anteriores do tálamo e para a formação reticular.

-Núcleos anteriores do tálamo – Situam-se no tubérculo anterior do

tálamo. Recebem fibras dos núcleos mamilares e projetam-se para o giro do

cíngulo.

-Área septal – Situa-se abaixo do rostro do corpo caloso. Tem conexões

extremamente amplas e complexas, destacando-se suas projeções para o

hipotálamo e para a formação reticular através do feixe prosencefálico medial.

-Corpo amigdalóide – Situa-se no lobo temporal. É constituído de

numerosos subnúcleos e suas conexões são extremamente amplas e

complexas.

-Hipotálamo – Controla a maioria das funções vegetativas, grande parte

das funções endócrinas e muitos aspectos do comportamento emocional.

Sabe-se hoje que as áreas relacionadas com os processos emocionais

envolvem o hipotálamo, a área pré-frontal e o sistema Límbico. A maioria

dessas áreas está relacionada com a motivação, principalmente com os

processos motivacionais, ou seja, aqueles estados de necessidades ou de

desejo essenciais à sobrevivência da espécie ou do indivíduo como por

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exemplo, a fome, o sexo e a sede. Por outro lado, as áreas encefálicas ligadas

ao comportamento emocional também controlam o sistema nervoso autônomo,

tendo em vista a importância deste sistema na expressão das emoções.

A seguir serão descritas algumas vias neurais que estão integradas

funcionalmente e relacionadas a algumas emoções como, por exemplo: o

medo, a alegria, a tristeza, a raiva, o prazer, a aversão e a ansiedade.

- Medo – É uma emoção que pode ser aprendido na maioria das vezes,

mas também pode ser causado por estímulos que por si só desencadeiam

respostas de medo. Um exemplo disto é o caso de sons fortes e súbitos. Neste

caso é chamado de medo incondicionado. Já o medo condicionado é gerado a

partir de um estímulo neutro, ou seja, está associado a um contexto

normalmente inócuo, mas que em algum momento foi associado a situações

ameaçadoras e tornaram-se “avisos” de que podem acontecer novamente.

Existem também os medos implícitos, cujas causas não podem ser descritas

com precisão porque não foram percebidas conscientemente quando se foi

exposto a ela em associação a alguma situação ameaçadora. As reações de

medo envolvem atos comportamentais e manifestações fisiológicas. A

amígdala é uma estrutura que funciona como botão de disparo das reações

emocionais, principalmente do medo, devido a suas conexões aferentes que

são capazes de receber os estímulos causadores do medo. Geralmente os

estímulos condicionados devem ser analisados pelo córtex cerebral para

depois serem vinculados à amígdala. Estímulos que envolvem situações

sociais que provocam medo ou ansiedade são vinculados à amígdala através

dos córtices pré-frotal e cingulado. Recentemente com a utilização de técnicas

de imagem funcional tornou possível comprovar que a amígdala também está

relacionada ao reconhecimento das expressões faciais de medo em seres

humanos. A participação da amígdala nas reações de medo envolvem

manifestações fisiológicas, reações comportamentais e a memória. O medo

condicionado é uma forma de memória implícita que depende da amígdala,

porém ela também modula a memória explícita segundo a influência de

estímulos emocionais relevantes. Esta modulação é possibilitada pelas

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conexões que existem entre o complexo amigdalóide e o córtex que fica

entorno do hipocampo. As conexões que a amígdala recebe do córtex pré-

frontal veiculam a participação funcional deste no processamento neural das

emoções expressas na face e nos gestos corporais das pessoas com quem

interagimos diariamente. Interpretar as emoções dos outros é importante na

vida social, possibilitando assim o planejamento de comportamentos e ações.

- Ansiedade e estresse – O medo crônico pode resultar em estresse

ou ansiedade. Segundo Lent, geralmente se usa o termo estresse quando se

identifica uma causa geradora de medo crônico.( Lent, 2008,p727). Já a

ansiedade é decorrente de um estado de tensão ou apreensão decorrentes de

uma expectativa de que algo ruim irá acontecer num futuro próximo. A

ansiedade patológica é quando há um sofrimento intenso ou prejuízos na vida

da pessoa como no caso dos transtornos de ansiedade generalizada, fobias,

síndrome do pânico. Tanto na ansiedade quanto no estresse os ajustes

fisiológicos atingem o sistema nervoso autônomo, o sistema endócrino e

imunológico. A ativação da divisão simpática causa taquicardia, taquipnéia,

sudorese e piloereção.

- Reações de luta e fuga – O comportamento de luta ou ataque é

desencadeado a partir de reações de medo que ocorrem logo após o

aparecimento do estímulo ameaçador. O ataque é um comportamento

agressivo e a semelhança entre a agressividade dos animais e dos homens

indica a existência de mecanismos neurais comuns preservados ao longo da

evolução. A conexão direta entre o hipotálamo e o sistema nervoso autônomo

se dá mediante projeções hipotalâmicas para regiões do tronco encefálico,

destacando o núcleo do trato solitário. Além dessas vias eferentes, o nervo

craniano vago representa também um importante componente aferente,

ativando áreas cerebrais superiores. Suas projeções aferentes ascendem ao

prosencéfalo através do núcleo parabraquial e lócus ceruleus conectando-se

diretamente com todos os níveis do prosencéfalo (hipotálamo, amígdala e

regiões talâmicas que controlam a ínsula e o córtex orbito-frontal e pré-frontal).

O sistema nervoso autônomo está diretamente envolvido nas situações

de luta e fuga e imobilização. Tais mecanismos estão relacionados a um

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mecanismo de neurocepção na qual o indivíduo age conforme sua percepção

de segurança ou ameaça a respeito do meio onde ele se encontra. O tom de

voz, os movimentos e as expressões faciais são indicadores tanto para as

pessoas como para os animais que ajudam em suas percepções. O se sentir

“seguro” em relação ao ambiente é devido aos mecanismos inibitórios que

atuam sobre as estruturas límbicas que controlam comportamentos de luta e

fuga, como as regiões laterais e dorso medial da substância cinzenta

pariaquedutal. Toda vez que a pessoa percebe o meio ambiente como

ameaçador, a amígdala desencadeia estímulos excitatórios sobre a região

lateral e dorsolateral da substância cinzenta pariaquedutal que então estimula

as vias do trato piramidal produzindo as respostas de luta e/ou fuga. Em

algumas situações, a pessoa pode ficar paralisada, esta resposta decorre da

estimulação da região ventrolateral ao aqueduto cerebral de Sylvius, que

também estimula as vias neurais do trato corticoespinal lateral. Em situações

de luta e fuga, ocorre elevação da freqüência cardíaca e da pressão arterial. Já

no caso de imobilização ocorre intensa bradicardia e queda de pressão arterial.

- Agressão – A agressão entre indivíduos é um comportamento social

complexo que evoluiu entre os animais no contexto da defesa e da obtenção

de recursos para a sobrevivência e reprodução. Pessoas violentas apresentam

baixo teor de serotonina no cérebro nas mesmas regiões associadas à

agressividade dos animais. A serotonina é sintetizada por neurônios do tronco

encefálico, cujas fibras ascendem às regiões superiores, inclusive o córtex

cerebral, formando circuitos cuja função é “controlar o gatilho” dos

comportamentos. Quando ocorre transmissão sináptica serotonérgica, o córtex

bloqueia os comportamentos agressivos que seriam disparados pelas regiões

mais baixas. Então, a razão contém a emoção. O humano aprende a controlar

nossos impulsos agressivos. Porém, um ambiente social violento e

transgressor influencia fortemente aqueles indivíduos cujo perfil genético os

torna suscetíveis a desenvolver comportamentos agressivos, resultando em

alterações cerebrais nas regiões que normalmente regulam esses

comportamentos.

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- Raiva – A raiva é manifestada basicamente por comportamentos

agressivos, os quais dependem do envolvimento de diversas estruturas e

sistemas orgânicos para serem expressos. No século XX, Flynn (1960)

identificou que comportamentos agressivos eram provocados pela estimulação

de áreas especificadas do hipotálamo localizadas no hipotálamo lateral e

medial, respectivamente. A raiva é uma emoção relacionada às funções da

amígdala em decorrência de conexões com o hipotálamo e outras estruturas.

Há estudos envolvendo a participação de neurotransmissores na modulação

da raiva e agressão. A serotonina é um neurotransmissor implicado nesta

regulação, assim como os sistemas dopaminérgico e glutaminérgico. Os

antidepressivos dopaminérgicos e psicoestimulantes são potencializadores da

raiva e os antidepressivos e estabilizadores do humor podem exercer efeitos

depressores sobre a raiva.

- Prazer e recompensa – O centro de recompensa está

relacionado,principalmente, ao feixe prosencefálico medial nos núcleos lateral

e ventromedial do hipotálamo, havendo conexões com o septo, a amígdala,

algumas áreas do tálamo e os gânglios da base. O centro de punição é

descrito com a localização na área cinzenta que rodeia o aqueduto central de

Sylvius, no mesencéfalo, estendendo-se as zonas periventriculares do

hipotálamo e tálamo, estando relacionado à amígdala e ao hipocampo e

também às porções laterais do hipotálamo e as porções laterais da área

tegmental do mesencéfalo.

A dopamina parece ser fundamental na mediação dos efeitos de

recompensa. Neurônios dopaminérgicos projetam-se da área tegmentar ventral

do feixe prosencefálico medial. Além disso, drogas que causam dependência

química aumentam a eficácia da dopamina e provocam sua liberação no

núcleo acubens, demonstrando o papel desse neurotransmissor nos

mecanismos de recompensa e/ou prazer. Porém, as investigações até agora

realizadas permanecem com resultados ambíguos, principalmente no âmbito

dos estudos farmacológicos os quais indicam que os antagonistas da

dopamina aumentam a taxa de autoregulação enquanto os antagonistas

diminuem essa mesma taxa.

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Os estudos dos sentimentos positivos começo na década de 1950 com

os experimentos dos psicólogos James Olds e Peter Milner. O experimento

ficou conhecido como autoestimulação, porque o próprio animal ligava o

estímulo à sua vontade. Os psicólogos observaram que o animal aprendia a

levantar a alavanca e parecia gostar disto, pois repetia o procedimento várias

vezes.

Atualmente é possível diferenciar entre a vivência positiva (sentimento

de prazer) e o comportamento consumatório induzido pelo prazer. Podemos

observar esta diferença, por exemplo, no comportamento compulsivo de comer

que se origina de uma emoção positiva provocada pelo paladar agradável de

um alimento, mas que pode levar a obesidade. A sensação de prazer provém

geralmente de alguma fonte de estimulação sensorial e considera-se que as

regiões neurais que a produzem dão o “colorido” aos sentidos. Em

experimentos realizados com animais no qual se injetaram diferentes

substancias em pontos do sistema nervoso cerebral indicou que os peptídeos

opióides e o neurotransmissor dopamina são particularmente importantes no

processo das emoções positivas. Nos seres humanos, constatou-se um

aumento da atividade por meio de neuroimagem funcional no núcleo

acumbente, durante consumo de sucos de frutas e alimentos saborosos.

Nesses indivíduos constatou-se o envolvimento de regiões corticais, como o

córtex insular, o cingulado anterior e o orbifrontal, possivelmente envolvidas

com os aspectos cognitivos ligados as emoções.

Quanto a dopamina, verificou-se que é o neurotransmissor da via que

liga a área tegmentar ventral do mesencéfalo aos núcleos da base. Sua

atuação nas emoções positivas parece estar relacionada aos comportamentos

consumatórios do que propriamente às vivências emocionais de prazer.

- Alegria – A indução da alegria (respostas de expressões faciais de

felicidade), à visualização de imagens agradáveis e/ou à indução de

recordações de felicidade e prazer sexual provocou a ativação dos gânglios

basais e o putâmem. Os gânglios basais recebem uma rica inervação de

neurônios dopaminérgicos, do sistema mesolímbico, que está intimamente

relacionado à geração do prazer e do núcleo estriado ventral. A dopamina age

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utilizando receptores opióides e gabaérgicos no estriado ventral, na amígdala e

no córtex orbifrontal (como prazer sensorial) enquanto outros neuropeptídeos

estão envolvidos na geração da sensação de satisfação por meio de

mecanismos homeostáticos.

- Tristeza – A tristeza e a depressão podem ser vistas como pólo de um

mesmo processo. A primeira é considerada fisiológica e a segunda, patológica

e está associada a déficits em áreas estratégicas do cérebro, incluindo regiões

límbicas. Estudos recentemente demonstraram que a realização de atividades

que evocam esse sentimento relaciona-se à ativação de áreas centrais, como

os giros occiptais inferior e medial, giro temporais póstero-medial e superior e

amígdala dorsal ressaltando-se também a participação do córtex pré-frontal

dorsomedial. Em indivíduos normais observou-se por meio de tomografia por

emissão de pósitrons (PET) ,que a indução da tristeza relaciona-se a ativação

de regiões límbicas, do giro do cíngulo,da ínsula anterior, desativação cortical,

córtex pré-frontal direito e parietal inferior e diminuição do metabolismo da

glicose no córtex pré-frontal.

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CAPÍTULO III

A Neurociência e a aprendizagem

3.1 Contextualização

O progresso das pesquisas e desenvolvimento na área da neurociência

ligada ao processo de aprendizagem tem sido entendida como sendo uma

revolução para a área da educação.

Conforme Relvas (2009): a neurociência é uma ciência recente que

estuda o sistema nervoso central bem como sua complexidade, através de

bases científicas, dialogando também com a educação, através de uma nova

subárea, a neurodidática ou neuroeducação. Este ramo novo da ciência estuda

educação e cérebro, entendendo este último como um órgão “social”, passível

de ser modificado pela prática pedagógica.

Por definição, segundo Bear (2002) a Neurociência da aprendizagem,

é o estudo do aprendizado do cérebro. É a constatação de como as “redes

neurais” são estabelecidas no ato da aprendizagem, bem como de que forma

os estímulos atingem ao cérebro, da maneira como as memórias são

consolidadas, e de como o indivíduo tem acesso a essas informações

armazenadas.

Atualmente, estudos neurobiológicos de comportamento são realizados

cobrindo a distância entre os neurônios e a mente. Existe uma preocupação de

como se relacionam as moléculas responsáveis pela atividade de células

nervosas com a complexidade dos processos mentais. Bear (2002),

se aventurou a pensar que a investigação sobre o cérebro têm um impacto

direto na educação e, com base na obra de Edelman, sobre a capacidade o

cérebro humano de categorizar, postulou que essa capacidade pode ser a

chave para entender as diferenças individuais.

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Bear (2002) propõe cinco estágios sucessivos de desenvolvimento no

processo de maturação cerebral:

1. Primeiro estágio: corresponde ao desenvolvimento das capacidades de

alerta e focalização atencional, relacionado à formação reticular, região

subcortical localizada no bulbo raquidiano;

2. Segundo estágio: caracteriza-se pela coordenação progressiva entre áreas

motoras e sensoriais primárias e secundárias do cérebro, a qual caracteriza o

surgimento da inteligência sensório-motora. Esta maturação envolve

primeiramente o córtex motor (frontal posterior) e seqüencialmente as

três áreas sensoriais primárias: as áreas parietais (somestésicas); occipitais

(visuais) e, posteriormente, as áreas visuais;

3. Terceiro estágio: emerge após o desenvolvimento das áreas sensoriais e

motoras secundárias, que vão ampliando gradativamente a sua capacidade de

tratamento das informações oriundas de regiões subcorticais e áreas primárias

adjacentes. A maturação destas áreas resulta na sofisticação gradual das

percepções e possibilita o armazenamento destas na memória. Nesse estágio

também ocorre a lateralização progressiva das funções de linguagem no

hemisfério esquerdo, a qual habilita a criança a significar suas experiências.

Além disso, a maturação da área motora secundária (córtex pré-motor) é

efetuada, permitindo a sua integração com áreas sensoriais e a organização e

produção de sequências motoras complexa, como as produções fonológicas.

Esse estágio corresponde àquele que Piaget denominou pré-operatório,

caracterizado pela emergência do pensamento simbólico e representacional;

4. Quarto estágio: este estágio caracteriza-se pela maturação das áreas

terciárias relacionadas aos lobos parietal, temporal e occipital. O

enriquecimento e a diversificação dos circuitos neuronais entre os três lobos

torna possível a integração intermodal (auditiva, visual e somestésica),

responsáveis pelo que Piaget denominou operações concretas;

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5. Quinto Estágio: caracteriza-se pela emergência do pensamento formal,

resultante da progressiva maturação das áreas pré-frontais, fortemente

relacionadas nos processos de pensamento hipotético-dedutivo e na auto-

regulação dos comportamentos.

Segundo Lent (2004), a tarefa básica da neurociência é tentar explicar

como servem milhões de células nervosas individuais no cérebro para produzir

o comportamento e como, por sua vez, estascélulas são influenciadas pelo

ambiente, incluindo o comportamento de outros indivíduos.

De fato, a neurociência está contribuindo para uma maior

compreensão deste aspecto, dando respostas a questões de grande interesse

para os educadores. Evidências mostram que tanto o cérebro em

desenvolvimento quanto um cérebro maduro, tem estruturas parecidas no

processo de aprendizagem.

Durante o desenvolvimento de novas vias neurais, as sinapses

mudam o tempo todo e é assim que o indíviduo se lembra das experiências

vividas. A neuroeducação é entendida como o desenvolvimento de

neuromente durante a escolaridade, não sendo somente uma mistura de

neurociência e ciências da educação. Trata-se de uma nova composição

original.

Bartoszeck (2005) observa que, por razões históricas, a neurobiologia

e educação tiveram poucas oportunidades de reunir, pela primeira vez as

causas da fraqueza mental e dos talentos excepcionais. O autor afirma que a

neuroeducação não é apenas a prática de educação especial, mas uma teoria

emergente que visa entender o aprendizado e conhecimento em geral, e acima

de tudo, uma oportunidade para aprofundar a individualidade de cada pessoa

e não uma plataforma única para as mentes.

Na perspectiva de Lent (2004, p.15):

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A neurociência se constitui em uma grande aliada do professor para poder identificar o individuo como ser único, pensante, atuante, que aprende de uma maneira toda sua, única e especial. Desvendando os mistérios que envolvem o cérebro na hora da aprendizagem, a neurociências disponibiliza, ao moderno professor (neuroeducador), impressionantes e sólidos conhecimentos sobre como se processam a linguagem, a memória, o esquecimento, o sono, a atenção, o medo, como incorporamos o conhecimento, o desenvolvimento infantil, as nuances do desenvolvimento cerebral desta infância e os processos que estão envolvidos na aprendizagem acadêmica.

Conforme Lent (2004), algumas descobertas fundamentais da Neurociência, que estão expandindo o conhecimento dos mecanismos da aprendizagem humana, são:

1. A aprendizagem muda a estrutura física do cérebro.

2. Essas mudanças estruturais alteram a organização funcional do

cérebro; em outras palavras, a aprendizagem organiza e reorganiza o cérebro.

3. Diferentes partes do cérebro podem estar aptas para aprender em tempos

diferentes.

4. O cérebro é um órgão dinâmico, moldado em grande parte pela experiência.

A organização funcional do cérebro depende da experiência e beneficia-se

positivamente dela. Sendo o cérebro moldado pelos genes, o desenvolvimento

e a experiência, ele molda suas experiências e a cultura onde vive.

5. O desenvolvimento não é simplesmente um processo de desenvolvimento

impulsionado biologicamente, mas também um processo ativo que obtém

informação essencial da experiência. Em resumo, a Neurociência está

começando a dar algumas iluminações (insights), se não respostas finais, a

perguntas de grande interesse para os educadores.

Lent (2004), a propósito dos significativos avanços no campo da

neurofisiologia da aprendizagem e da memória, adverte que todos esses

dados, que nos aproximam ao entendimento da "linguagem máquina" do

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cérebro, são muito difíceis de relacionar com as sofisticadas características da

aprendizagem humana.

3.2 A questão da aprendizagem e a neurociência

O aprender é um processo pelo qual se adquire uma determinada

informação e se armazena para poder a usar quando faça falta. Segundo

Kandel (2004), a aprendizagem produz-se como consequência de uma série

de processos químicos e elétricos.

Depois de ser captados por meio dos sentidos, todos os estímulos que

recebe um indivíduo se dirigem ao cérebro, mas parte destes não chegam a

ele. Por que ocorre isto? Segundo o referido autor, o cérebro tem certos

“guardiões”, que funcionam como obstáculos prévios e impedem atingir a

aprendizagem total e completa, isto é, existem uma série de filtros que

protegem ao cérebro da sobrecarga de informação à que está exposto

diariamente, permitindo o rendimento, a assimilação, só da informação que ao

cérebro lhe interessa.

Kandel (2004) afirma que estes filtros favorecem a discriminação e a

atenção do cérebro ao que realmente importa absorver como aprendizagem.

Os filtros estão presentes no sistema de aprendizagem RAD: o sistema

reticular de ativação (RAS), o filtro positivo da Amígdala e a intervenção de

Dopamina. A cada um deles se determina pelas emoções, se são positivas, o

acesso da novidade ao cérebro se realizará com maior rapidez.

Kandel (2004) acrescenta que as emoções são de relevante

importância para a aprendizagem, porque determinam finalmente a decisão do

ser humano em eleger entre várias opções. O uso da razão mantém-se

limitado à análise das probabilidades, mas é na decisão final que as emoções

determinam a escolha de uma opção segundo as sensações produzidas.

Mesmo assim, se o cérebro detecta estresse, pode combater e bloquear a

informação. Demonstrou-se que o nível elevado de estresse provoca os

Lóbulos Pré-frontais (LPF - áreas mais evoluídas do cérebro) implicados nas

funções cognitivas.

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Para Grispun (2004, p. 36), há dois pontos focais relevantes para uma

ótima aprendizagem: ·.

Em primeiro lugar, o estado de ânimo do “aluno” ou a predisposição que este tenha para a captação de uma informação inovadora. Se o aluno está contente, a informação recebida será aprendida com maior facilidade, caso contrário, de nada valerão as explicações do professor. Em segundo lugar está a metodologia empregada, que é muito importante na aprendizagem porque depende em grande parte da maneira pela qual o estudante se predisponha a aprender.

Assim mesmo, sabe-se que são as emoções que conduzemàmemória,

isto significa que se as emoções são prazerosas,rejeiçãoàinformaçãoinovadora

será menor, e, portanto, a aprendizagem mais efetiva.

Para a neurociência, o cérebro se agiliza a aprendizagem quando se

incorpora mediante esquemas, mapas, gráficos e qualquer outra ferramenta

que permita a formalidade e a ordem.

A informação mostrada de forma organizada e estruturada incorpora

uma atitude positiva para captar a atenção do aluno. Tal informação maximiza-

se quando esta se relaciona com aprendizagens prévias, isto é, vivências

pessoais que os alunos têm e que permitem entender melhor o que é

aprendido.

Na perspectiva de Kandel (2004) aprender mediante a experiência

pode resultar melhor, mediante as sensações de um fato específico, sobre um

evento em especial. Assim, a cada vez que se repita a situação se estará

melhor preparado para a enfrentar, porque deixará de ser nova para o

indivíduo, que reagirá mais rápido e melhor.

Integrar experiências valiosas nas quais participem adultos pode

estimular a produção de dopamina nas crianças e adolescentes e, desta

maneira, os ajudar a encontrar prazer em suas ações.

Na avaliação de Grispun (2004) a neurociência tem o potencial para

realizar importantes contribuições à educação entendendo os processos

biológicos e ambientais que influem na aprendizagem. Fatores biológicos

afetam a resposta cerebral às experiências do meio ambiente. Por sua vez, o

ambiente de aprendizagem influi sobre os processos biológicos.

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A investigação sobre o funcionamento do cérebro humano tem

incrementado o entendimento de alguns dos processos cognitivos para a

educação tais como: aprendizagem, memória, alfabetização, leitura-escrita,

inteligência, tomada de decisões, linguagem, entendimento de textos, cálculo,

manipulação dos símbolos numéricos, o sonho e as emoções.

Grispun (2004, p. 35) acrescenta que:

Estes achados e os métodos científicos podem ter envolvimentos favoráveis em cenários educativos formais. Por exemplo, estudos de neuroimagens funcionais, técnica moderna para examinar o processamento cerebral, sugerem que os principais sistemas de leitura de textos alfabéticos estão lateralizados ao hemisfério esquerdo. Outras áreas cerebrais têm sido descritas como chaves para alguns dos processos mais importantes da aprendizagem, incluindo a zona occipito-parietal inferior para o processamento de propriedades visuais, formas de letras e ortografia, e a zona temporo-occipital, sócia a habilidades de leitura.

Assim mesmo, as neurociências pesquisam as diferenças que existem

na organização cerebral de pessoas adultas alfabetizadas e analfabetas. Além

disso, as neurociências contribuem para a educação aumentando o

entendimento das bases neurais da aprendizagem, permitindo identificar

pessoas com risco de fracassar na aprendizagem.

Investigações focalizadas no cérebro averiguando aspectos da

atenção, memória, linguagem, leitura, matemática, sono, e cognição, estão

trazendo valiosas contribuições para a educação.

Os estudos têm demonstrado que o ser humano, ao nascer, tem quase

noventa bilhões de neurônios, embora sem as informações e a aprendizagem

ainda armazenadas ou memorizadas. Sem desconsiderar as pesquisas sobre

a aprendizagem no útero materno, é ao crescer, estabelecendo relações no

“mundo exterior”, que, no cérebro são formadas as redes neurais de

conhecimentos.

Os avanços e descobertas na área da neurociência ligada ao processo

de aprendizagem é sem dúvida, uma grande revolução para o meio

educacional. A neurociência da aprendizagem, em termos gerais, é o estudo

de como o cérebro aprende. É o entendimento de como as redes neurais são

estabelecidas no momento da aprendizagem, bem como de que maneira os

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estímulos chegam ao cérebro, da forma como as memórias se consolidam, e

de como temos acesso a essas informações armazenadas.

A neurociência vem desvendar o que antes era desconhecido sobre o

momento da aprendizagem. O cérebro, o “ator principal”, esse órgão fantástico

e fascinante, é matricial no processo de aprendizagem. Suas regiões, lobos,

sulcos, anatomia tem função e real importância num trabalho em conjunto,

onde cada um precisa e interage com o outro. Compreender o papel do

hipocampo na consolidação da memória, a importância do sistema límbico,

responsável pelas emoções, desvendar os mistérios que envolvem a região

frontal, sede da cognição, linguagem e escrita, poder entender os mecanismos

atencionais e comportamentais das crianças com dificuldade de aprendizagem,

as funções executivas e o sistema de comando inibitório do lobo pré-frontal é

hoje fundamental na educação, assim como compreender as vias e rotas que

norteiam a leitura e escrita, regida inicialmente pela região visual mais

específica (parietal), que reconhece as formas visuais das letras e depois

acessando outras áreas para que a codificação e decodificação dos sons

sejam efetivas. Como não penetrar nos mistérios da região temporal,

relacionado a percepção e identificações de sons, onde os reconhece por

completo( área temporal verbal, que produz os sons para que se possa fonar

as letras).Não esquecendo da região occipital, que tem como uma de suas

funções, coordenar e reconhecer os objetos assim como o reconhecimento da

palavra escrita. Assim, cada órgão se conecta e se interliga nesse trabalho,

onde cada estrutura com seus neurônios específicos e especializados

desempenham um papel importantíssimo, nesse complexo e fascinante,

processo chamado aprendizagem.

“Na vida cotidiana, sempre que você se defronta com uma determinada

situação, há geralmente uma cena real ou imaginária que você avalia com

bases inicialmente em informações sensoriais: visuais, auditivas e outras. Esse

conjunto de informações sensoriais é então comparado com arquivos situados

em sua memória e ponderados, segundo seu significado emocional” (LENT).

A aprendizagem e a educação estão intimamente ligadas ao

funcionamento do cérebro, o qual é moldável aos estímulos do ambiente. Tais

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estímulos levam os neurônios a formar novas sinapses. Assim, a

aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do

ambiente, ativando sinapses, tornando-as mais “intensas”. Como

consequência, estas se constituem em circuitos que processam as

informações, com capacidade.

O ensino bem sucedido provocando alteração na taxa de conexão

sináptica, afeta a função cerebral. Por certo, isso depende da natureza

currículo, da capacidade do professor (quanto a um pesquisador), do método

de ensino, do contexto da sala de aula e familiar. Fatores que interagem com

as características do cérebro do indivíduo.

“Nós humanos, temos um cérebro com estruturas cognitivas evoluídas, possuímos um néocortex que nos dá a propriedade de pensar, sentir, fazer. Dois hemisférios cerebrais separados, que se completam. Quando estimulados, elaboram comandos e respostas por meio dos circuitos neurais. “Desafiar” o cérebro dos nossos educandos é favorecer uma aprendizagem criativa”. (RELVAS)

O cérebro é único não existindo outro igual, cada individuo tem o seu de

forma distinta resultando na interação dinâmica entre natureza e ambiente,

respectivamente genética e estimulação onde tudo que o sujeito realiza

acontece á partir de uma comunicação entre os neurônios.

As pessoas aprendem de forma diferentes onde um único método não é

o ideal para todos os alunos, necessário se faz, várias estratégias diferentes

de ensinar daí, permitir ao educando sempre que possível a escolha, não é

uma proposta revolucionária, necessita de professores preparados,

sintonizados e comprometidos com a educação e com o método a aplicar ao

desenvolver um ensino diversificado e diferenciado, capaz de identificar,

respeitar e aproveitar o estilo de aprendizagem preferencialmente mais

adequado para seus alunos.

A neurociência aplicada à educação pode ser compreendida como o

estudo da estrutura, do desenvolvimento, da evolução e do funcionamento do

sistema nervoso sob enfoque plural: biológico, neurológico, psicológico,

matemático, físico, filosófico e computável, voltado para aquisição de

informações, resoluções de problemas e principalmente, mudança de

comportamento. Nessa equação complexa, processos químicos e interações

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ambientais se aproximam e se complementam. Na prática, a aproximação

entre as neurociências e a pedagogia pode reverter em grandes e potentes

melhorias na qualidade de vida para milhares de estudantes. Segundo Relvas,

estudar a Neuropedagogia é fazer a releitura das principais teorias de

aprendizagem. Mas também é reconhecer que é uma Ciência, que estuda a

aprendizagem no contexto do processo químico, celular, anatômico, funcional,

patológico, comportamental do sistema nervoso, evidenciando assim, uma

visão sistêmica e integradora do estudante. E que a abordagem neurocientífica

da aprendizagem compreende o entendimento da formação da inteligência, da

emoção e do comportamento na interface do contexto escolar, nas dimensões

biológica, psicológica, emocional, afetiva e social.

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CONCLUSÃO

A partir de estudos feitos ao longo deste trabalho, ficou nítido o

quanto a emoção é um mecanismo fundamental, a “chave mestra”, no

processo de desenvolvimento e aprendizagem, já que estudos comprovam,

que desde o ventre materno, já fazem parte da vida do ser humano.

Após o nascimento, e ao longo da vida, não será diferente. Todos os

sentimentos e sensações e a forma de lidar com essas emoções, será

determinante, para o desenvolvimento bio-psico-social da criança.

Está intrínseco neste trabalho que pais, educadores e alunos devem

estar em harmonia na consolidação da aprendizagem, focalizando sempre as

reais necessidades de tempo, oportunidade, fatores socioeconômica e

bagagem ao qual cada um apresenta, assim como fatores externos,

destacando ainda a importância do desenvolvimento afetivo/emocional e seus

limites, para oportunizar o aprendiz pelo viés que mais o motive e encante.

E principalmente, reconhecer o aluno como único em suas

capacidades e dificuldades no exercício de aprender a aprender.

Entretanto, há de se pensar mais nas neurociências como provedora

de conhecimentos, pois todos os processos de aprendizagem são

acompanhados por alterações cerebrais.

Neste contexto, a afetividade e a sensibilidade do professor,

fundamentada nos conhecimentos neurocientífico, irão permear um

aprendizado significativo, contextualizado e encantador, promovendo e

possibilitando novas conexões neurais, otimizando a aprendizagem.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BARTOSZECK, A. Neurociência na Educação.Revista das

Faculdades Integradas Espíritas, v- 1,p 1-6.2005

BEAR,M.F,Connors,B.W &

Paradiso,M.A.Neurociências:Desvendando o Sistema

Nervoso.Porto Alegre:Artmed,2002

GRINSPUN, M.P.S.Z. Os Novos Paradigmas em Educação: Os

caminhos Viáveis para uma Análise. Revista Brasileira de

Estudos Pedagógicos, v. 75 n°179. Brasília, 2004

MACHADO, Angelo: Neuroanatomia Funcional. 2° Ed- São Paulo,

Editora Atheneu, 2004

KANDEL, E. R.,Schwartz, J. H & Jesse, T. M. Fundamentos da

Neurociência e do Comportamento. Rio de janeiro: Prentice Hall

do Brasil, 2004

GAZZANIGA,M.Neurociência cognitiva- A biologia da

mente;tradução Angelica Rosat 2° Ed- Porto Alegre: Artmed,

2006

LENT,Roberto. Cem Bilhões de Neurônios? Conceitos

fundamentais de neurociência. 2° Ed- São Paulo:Editora

Atheneu, 2010

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Páginas da revista “Mente e Cérebro” com artigos relacionados a

neurociências

RELVAS,Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação:

Despertando Inteligência e Afetividade no Processo de

Aprendizagem.4°Ed-Rio de Janeiro:Wak Editora,2009

RELVAS,Marta Pires. Neurociência e Educação:Potencialidades

dos Gêneros Humanos na sala de Aula. Rio de janeiro:Wak

Editora,2009

RELVAS,Marta Pires. Neurociência na Prática Pedagógica. Rio

de Janeiro:Wak Editora,2012

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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO ....................................................................... 2

AGRADECIMENTO.........................................................................3

DEDICATÓRIA................................................................................ 4

RESUMO........................................................................................ 5

METODOLOGIA............................................................................. 6

SUMÁRIO ...................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ................................................................................8

1.EMBRIOGÊNESE DO SISTEMA NERVOSO ....................................... 9

1.1 A formação do cérebro...............................................................9

1.2 Neurogênese ...........................................................................11

1.3A emoção no período pré- natal ...............................................13

2.NEUROBIOLOGIA DAS EMOÇÕES ..................................................20

2.1 Definição de emoção ...............................................................20

2.2Classificação das emoções ......................................................20

2.3Teoria das emoções .................................................................22

2.4 A neurobiologia das emoções ............................................... 23

3.A NEUROCIÊNCIA E A APRENDIZAGEM ..........................................31

3.1Contextualização.......................................................................31

3.2 A questão da aprendizagem e a neurociência ....................... 35

CONCLUSÃO.................................................................................................. 41

BIBLIOGRAFIA.................................................................................42