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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR AJUDANDO A SALVAR OS RIOS DO GRANDE RIO Por: Marcio Augusto Pereira Campos Matrícula 46816 Orientador Prof. Vera Agarez Duque de Caxias 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR AJUDANDO A SALVAR

OS RIOS DO GRANDE RIO

Por: Marcio Augusto Pereira Campos

Matrícula 46816

Orientador

Prof. Vera Agarez

Duque de Caxias

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR AJUDANDO A SALVAR

OS RIOS DO GRANDE RIO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Educação Ambiental.

Por: Marcio Augusto Pereira Campos

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos que acreditaram, aos

que acreditam, aos que não

acreditaram e aos que jamais

acreditarão.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, que

com esforço me apoiaram, mesmo que à

distância, a alçar vôos mais altos...

RESUMO

A Educação Ambiental escolar deveria ser utilizada como uma ferramenta para

a conscientização ambiental de alunos e das comunidades, infelizmente não é

aproveitada ou é subaproveitada no estado do Rio de Janeiro. Há uma

motivação, mas faltam recursos didáticos e capacitações para que os

profissionais de ensino possam fomentar e trabalhar esse que é um dos temas

transversais mais explorados pela mídia e nas universidades brasileiras.

SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO.............................................................................................................01

METODOLOGIA..........................................................................................................02

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................03

1. Geomorfologia Fluvial e Poluição............................................................................07

1.1. Rios.....................................................................................................................07

1.2. Lixo e Poluição...................................................................................................10

2. Educação Ambiental..................................................................................................12

3. Análise e Diagnóstico.................................................................................................17

3.1. Unidades Escolhidas...........................................................................................17

3.2. Algumas Considerações.....................................................................................25

CONCLUSÃO................................................................................................................27

BIBLIOGRAFIA BÁSICA...........................................................................................31

FOLHA DE AVALIAÇÃO...........................................................................................33

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

1

INTRODUÇÃO:

Desde que se começou a pensar e a falar em Educação Ambiental,

desenvolvimento sustentável, manejo ambiental e afins, a poluição, seja ela

dos sistemas fluviais, lagunares, marítima, do ar, sonora ou visual, jamais

deixou de estar presente nestas discussões, e isto nos levou a trabalhar dentro

desta vertente ecológica, realizando um estudo focado na poluição dos rios que

cortam o Grande Rio (Cidades do Rio de Janeiro e parte da Baixada

Fluminense).

Através da Educação Ambiental Escolar, que ainda não é encontrada na

grade curricular e nem é praticada na maioria das escolas públicas e

particulares do Grande Rio, poderíamos encontrar algumas formas de

utilização desta ferramenta valiosa e poderosa de modificação das ações

humanas e de conscientização discente e popular, tornando possível despoluir

ou deixar de poluir estes rios e canais, evitando assim que as águas poluídas

cheguem até a Baía de Guanabara e ao Oceano Atlântico.

Utilizando-nos de análises empíricas e científicas, realizamos um

diagnóstico dos problemas ambientais que são encontrados nestes rios e

discutimos formas e métodos de como evitá-los ou minimizá-los fazendo uso

das prerrogativas da Educação Ambiental.

Para fecharmos este trabalho de pesquisa, ainda fizemos visitas a

unidades escolares públicas e privadas da região para conversarmos com os

alunos, direção e professores, com o intuito de fomentar a utilização da Ed.

Ambiental nestes estabelecimentos de ensino e ajudar a despoluir alguns rios.

2

METODOLOGIA:

Este trabalho foi realizado através do mapeamento geográfico e do

diagnóstico da situação dos rios que cortam as áreas dos municípios do Rio de

Janeiro e de parte da Baixada Fluminense (Grande Rio), além da confecção de

doze questões enfocando os conteúdos relacionados com a Educação

Ambiental e o cotidiano escolar. Essas questões foram apresentadas a

professores do nono ano do Ensino Fundamental e do terceiro ano do Ensino

Médio (formação geral) de duas escolas públicas localizadas nas imediações

de alguns destes rios com o intuito de identificar as ações praticadas pelos

corpos docente e discente das unidades escolares visitadas.

Foi realizado também estudos empíricos e bibliográficos no que tange a

história destes rios e riachos e a urbanização dos entornos, visando esclarecer

o porquê de haver tanta poluição causada por esgoto sanitário oriundo do

sistema pluvial da CEDAE (Companhia Estadual de Água e Esgoto do Estado

do Rio de Janeiro)

Houve além dos supracitados eventos, um estudo dirigido com o

levantamento de dados junto ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e as

prefeituras das cidades de Mesquita, Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de

Meriti, Duque de Caxias, Belford Roxo e Rio de Janeiro para a condensação

das informações a respeito das unidades fluviais e os sistemas de coleta de

lixo e esgoto sanitário das cidades estudadas.

3

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

A sociedade humana passou rapidamente por um processo de evolução

tecnológica que lhe garantiu a possibilidade de modificar o que chamamos de

espaço natural. Mas até onde um espaço pode ser considerado natural?

existem espaços naturais e espaços artificiais ou humanizados? Qual é o grau

aceitável de transformações existente para que um espaço seja considerado

natural? É preciso refletir a respeito desta e de algumas outras considerações

que serão apresentadas.

Após o estudo das obras de alguns autores, (CPRM, 2004; SMA, 1997 e

PEDRINI, 1998) foi verificado que, mesmo que não se expressando com as

mesmas palavras, todos concordam que poluição significa a ocorrência de

substâncias tóxicas em graus elevados no ambiente, fato que fica evidente,

porque a exemplo do lixo, que além de atrair insetos, pequenos animais

transmissores de doenças e poluir os ecossistemas, pode causar a morte do

ambiente e dos seres que o habitam, inclusive o homem. Os materiais

contaminados e resíduos sólidos jogados indiscriminadamente nos efluentes

são os maiores responsáveis pela poluição fluvial, com agressões muitas vezes

fatais ao meio ambiente, neles estão incluídos os dejetos humanos ou esgoto

sanitário, o lixo doméstico e muitas vezes o lixo industrial, que contêm produtos

químicos (cianureto, pesticidas), metais venenosas (mercúrio, cádmio, chumbo)

e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais de onde são despejados.

Os resíduos sólidos (lixo) são amontoados e normalmente levados para os

cursos d’água pela chuva (quando não são jogados diretamente pelas pessoas,

4

os líquidos são despejados em valões, rios e mares, os gases são lançados ao

ar, assim, a saúde do ambiente, e conseqüentemente dos seres vivos que nele

vivem, se tornam ameaçadas, podendo levar a grandes tragédias, algumas

delas bastantes conhecidas e fáceis de serem lembradas, tamanha foi à

violência contra o meio ambiente e ao homem.

Apesar de reconhecer a importância dos recursos hídricos para sua

sobrevivência, a humanidade freqüentemente se aproveitou dos benefícios

gerados pela presença de águas fluviais sem a devida preocupação com a

preservação de sua qualidade. Especialmente nas áreas urbano-industriais, a

expansão das atividades humanas acaba gradualmente acarretando diversas

mudanças na dinâmica e configuração das bacias de drenagem, tais como o

aumento das áreas impermeáveis, canalização e retilinização dos cursos

d’água, assoreamento, poluição da água etc. (CUNHA, 2003). Assim, as

conseqüências das diversas mudanças realizadas ao longo dos rios são

percebidas com maior intensidade, devido à sua influência na sociedade, tais

como a escassez dos recursos hídricos, inundações, doenças etc.

Nesse contexto, a fim de sistematizar conhecimentos sobre as pequenas

bacias hidrográficas que cortam os municípios do Grande Rio (Rio de Janeiro e

parte da Baixada Fluminense) e que são contribuintes da Baía de Guanabara,

há a necessidade de se realizar um estudo com a finalidade de contribuir para

um melhor entendimento da dinâmica fluvial de rios alterados pela expansão

urbana a partir de levantamentos de informações e trabalhos de campo,

buscando potencialidades e problemas que podem ser identificados, além de

apresentar propostas pedagógicas de, trabalhando juntamente com os

professores (de unidades públicas e privadas), buscar a relevância do

5

entendimento acerca das bacias hidrográficas na vida de seus futuros

educandos, sendo este um dos elementos do lugar em que vivem. É de

extrema importância o estudo acerca dos processos fluviais, já que a

sociedade é quem tem sido influenciada diretamente pelas conseqüências das

transformações das redes de drenagem, principalmente em áreas urbanas.

É fundamental, além de capacitar os profissionais de ensino que já

atuam nestas unidades, atrair futuros professores para a importância da

dinâmica fluvial em áreas urbanizadas e seus impactos para as comunidades

que habitam as planícies de inundação destes rios, para que os mesmos

venham a atuar futuramente alertando comunidades e futuros educandos sobre

os riscos da falta de preservação dos rios, atrelada a uma compreensão das

dinâmicas sócio-espaciais existentes, identificando os agentes que atuam

nesse processo, propondo soluções para minimizar os impactos negativos às

comunidades que vivem nessas áreas. Destacando, portanto, a importância de

trabalhar junto à população, esclarecendo, basicamente, sobre os mecanismos

da dinâmica fluvial e suas conseqüências para a comunidade. Ações que

podem ser realizadas, como evitar jogar lixo, esgoto e entulho nas margens

dos rios são ações que, embora dentro de todo um conjunto complexo de

possíveis soluções em uma escala local, poderiam se mostrar efetivos, mas

sempre considerando reflexões sobre a bacia de drenagem enquanto unidade

de gestão, numa perspectiva sistêmica. Nesse contexto, emerge a importância

de se trabalhar com a questão ambiental nas escolas locais, onde se situam

boa parte de pertencentes às famílias afetadas pelos eventos extremos de

drenagem, abordando os problemas intrínsecos à sua realidade, se utilizando

de suas experiências para, além de incitar os educandos a uma reflexão,

6

auxiliar em soluções possíveis. Assim, a importância das atividades

desempenhadas pelo professor se reafirma junto à sociedade como agente

promovedor de uma educação sócio-ambiental efetiva, que considere posturas

e práticas que possam ser tomadas por todos os membros da sociedade e,

mais diretamente, por seus educandos, buscando não só a compreensão de

todo um processo de segregação espacial e de políticas públicas ineficientes,

mas todas as suas conseqüências, na tentativa de minimizar os impactos do

atual quadro de degradação ambiental, mais precisamente no que tange às

bacias hidrográficas do Grande Rio.

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1. GEOMORFOLOGIA FLUVIAL E POLUIÇÃO:

Para uma definição geral, podemos dizer que a Geomorfologia Fluvial

interessa-se pelo estudo dos processos e das formas relacionadas ao

escoamento dos rios (CHRSTOFOLETTI, 1981). Os rios constituem os

agentes mais importantes no transporte dos materiais intemperizados,

carreados das áreas mais elevadas para as mais baixas e dos continentes

para o mar, de importância ímpar e sem paralelo entre todos os processos

morfogenéticos.

1.1. Rios:

O rio é uma corrente contínua de água, mais ou menos caudalosa, que

deságua noutra, no mar ou lago. É o volume de água quem nomina um rio

como arroio, ribeira, ribeiro, riacho, ribeirão, igarapé, reservando-se o termo

rio principal para o de maior volume e extensão e de rios tributários para os

demais elementos componentes da bacia de drenagem (CUNHA, 2003).

No que tange ao trabalho dos rios, é preciso distinguir entre transporte,

erosão e deposição do material detrítico. Este material é composto pelos

sedimentos ou fragmentos desagregados de rochas, geralmente suscetível

ao intemperismo e ao transporte, indo constituir os depósitos sedimentares,

assim, os sedimentos são transportados pelos rios de três maneiras

diferentes: solução, suspensão e saltação.

8

Os constituintes intemperizados das rochas que são transportados em

solução química compõem a carga dissolvida dos cursos d’água. A

quantidade de matéria em solução depende, em grande parte, do

escoamento superficial. A carga dissolvida é transportada na mesma

velocidade da água e é carregada até onde a água caminhar, a deposição

desse material só se processa quando houver saturação (por evaporação,

por exemplo).

Segundo ROSS (1990), nos últimos 50 anos, as atividades humanas têm

aumentado a sua influência sobre as bacias de drenagem e,

conseqüentemente, sobre os rios e canais que as constituem.

Dois grandes grupos de mudanças fluviais induzidas pelo homem:

1) Modificações ocorridas diretamente no canal fluvial para controlar

vazões (reservatórios) ou para alterar a forma do canal visando

estabilização de margens, atenuar efeitos de enchentes,

inundações, erosão ou deposição de material, retificar canal e

extrair cascalhos.

2) Mudanças fluviais indiretas, resultantes da ação humana,

realizadas fora da área dos canais, mas que modificam o

comportamento da descarga e da carga sólida. São atividades

ligadas ao uso da terra: remoção da vegetação, emprego de

práticas agrícolas indevidas, construção de casas e prédios e

urbanização.

Em ambos os tipos de mudança fluvial (direta ou indireta) os efeitos

podem ser transmitidos a longas distâncias, as modificações identificadas em

9

quase todas as unidades fluviais do Rio de Janeiro e do Grande Rio são as

canalizações e a urbanização.

A canalização é uma obra de engenharia realizada no sistema fluvial que

envolve a direta modificação da calha do rio e desencadeia consideráveis

impactos, no canal e na planície. A utilização desse tipo de obra é considerada

imprópria, com efeitos prejudiciais ao ambiente. A passagem da draga,

aprofundando o canal, provoca o abaixamento do nível de base, favorecendo a

retomada erosiva dos afluentes, aumentando a erosão e o aumento

deposicional.

A urbanização (com a remoção da vegetação, o asfaltamento, a

construção de casas e prédios dentre outras mudanças no uso da terra)

aumenta a área de impermeabilização, causando um aumento no fluxo de água

que flui em direção ao canal principal. Há, também, a ocupação de margens,

áreas que sofrem no período de cheia do rio.

Eventos recentes comprovam que a ocupação dessas áreas deve ser

acompanha de um estudo preventivo para evitar catástrofes.

10

1.2. Poluição:

A poluição é um dos principais males do mundo moderno. Fazendo par com

a violência. Podemos definir a poluição como a introdução pelo homem, direta

ou indiretamente de substâncias ou energia no ambiente, provocando um efeito

negativo no seu equilíbrio, causando assim danos na saúde humana, nos seres

vivos e no ecossistema ali presente.

Os agentes de poluição, normalmente denominados como poluentes,

podem ser de natureza química, genética, ou sob a forma de energia, como

nos casos de luz, calor ou radiação.

Uma interpretação mais ampla do termo deu origem a idéias como poluição

sonora, poluição visual e poluição luminosa. No caso da poluição sonora, esta

é o efeito provocado pela difusão do som em grande quantidade, muito acima

do tolerável pelos organismos vivos, através do meio ambiente. Dependendo

de sua intensidade causa danos irreversíveis em seres vivos. Além dos

supracitados tipos de poluição, ainda podemos citar outras formas de poluição,

tais como: Poluição atmosférica, Poluição hídrica, Poluição do solo, Poluição

térmica e Poluição Luminosa.

Os poluentes mais freqüentes e seus efeitos mais temidos são as Dioxinas -

provenientes de resíduos, podem causar câncer, má-formação de fetos,

doenças neurológicas, etc.

Partículas de cansadez (materiais particulados) - emitidas por carros e

indústrias. Infectam os pulmões, causando asmas, bronquite, alergias e até

câncer.

11

Chumbo - metal pesado proveniente de carros, pinturas, água contaminada,

indústrias. Afeta o cérebro, causando retardo mental e outros graves efeitos na

coordenação motora e na capacidade de atenção.

Mercúrio - tem origem em centrais elétricas e na incineração de resíduos.

Assim como o chumbo afeta o cérebro, causando efeitos igualmente graves.

Pesticidas: Benzeno e isolantes (como o Ascarel) - podem causar distúrbios

hormonais, deficiências imunológicas, má-formação de órgãos genitais em

fetos, infertilidade, câncer de testículo e de ovário.

No presente estudo iremos nos ater somente à Poluição Hídrica.

12

2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

A Educação Ambiental brasileira começou a tomar forma e expressão após

a sua introdução nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), sendo

tratada como um tema transversal de importância ímpar.

A Educação Ambiental é um ramo da educação cujo objetivo é a

disseminação do conhecimento sobre o ambiente, a fim de ajudar à sua

preservação e utilização sustentável dos seus recursos. É uma metodologia de

análise que surge a partir do crescente interesse do homem em assuntos como

o ambiente devido às grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo

nas últimas décadas.

No Brasil a Educação Ambiental assume uma perspectiva mais

abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de

recursos naturais, mas incorporando fortemente a proposta de construção de

sociedades sustentáveis. Mais do que um segmento da Educação, a Educação

em sua complexidade e completude.

A educação ambiental tornou-se lei em 27 de Abril de 1999, sob a Lei

N° 9.795 – Lei da Educação Ambiental, que em seu Art. 2° afirma: "A educação

ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,

devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades

do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

A educação ambiental tenta despertar em todos a consciência de que o

ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão

13

antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de

tudo esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante. Nas

palavras de TRIGUEIRO (2003):

"A educação ambiental é a ação educativa permanente pela

qual a comunidade educativa têm a tomada de consciência de

sua realidade global, do tipo de relações que os homens

estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas

derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela

desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando

com a comunidade, valores e atitudes que promovem um

comportamento dirigido a transformação superadora dessa

realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais,

desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes

necessárias para dita transformação."

"A educação ambiental é um processo de reconhecimento de

valores e clarificações de conceitos, objetivando o

desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes

em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-

relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios

biofísicos. A educação ambiental também está relacionada

com a prática das tomadas de decisões e a ética que

conduzem para a melhora da qualidade de vida”

14

"Entendem-se por educação ambiental os processos por meio

dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores

sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua

sustentabilidade."

De acordo com o Art. 1o da Lei no 9.795 de abril de 1999:

"Processo em que se busca despertar a preocupação

individual e coletiva para a questão ambiental, garantindo o

acesso à informação em linguagem adequada, contribuindo

para o desenvolvimento de uma consciência crítica e

estimulando o enfrentamento das questões ambientais e

sociais. Desenvolve-se num contexto de complexidade,

procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas

também a transformação social, assumindo a crise ambiental

como uma questão ética e política.”

Os problemas causados pelo aquecimento global obrigaram o mundo a

refletir sobre a necessidade de impulsionar a educação ambiental. O cenário é

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muito preocupante e deve ser levado a sério, pois as conseqüências vão atingir

a todos, sem distinção.

Trata-se de processo pedagógico participativo permanente para incutir

uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, estendendo à

sociedade a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas

ambientais.

No ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, além de

outros meios de comunicação é responsável pela educação do indivíduo e

conseqüentemente da sociedade, uma vez que há o repasse de informações,

isso gera um sistema dinâmico e abrangente a todos.

A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e

com cenários urbanos perdendo desta maneira, a relação natural que tinham

com a terra e suas culturas. Os cenários, tipo shopping centers, passam a ser

normais na vida dos jovens e os valores relacionados com a natureza não tem

mais pontos de referência na atual sociedade moderna.

A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação,

que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico

participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência

crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a

capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

O relacionamento da humanidade com a natureza, que teve início com

um mínimo de interferência nos ecossistemas, tem hoje culminado numa forte

pressão exercida sobre os recursos naturais.

16

Atualmente, são comuns a contaminação dos cursos de água, a poluição

atmosférica, a devastação das florestas, a caça indiscriminada e a redução ou

mesmo destruição dos habitats faunísticos, além de muitas outras formas de

agressão ao meio ambiente.

Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o

comportamento do homem em relação à natureza, no sentido de promover sob

um modelo de desenvolvimento sustentável (processo que assegura uma

gestão responsável dos recursos do planeta de forma a preservar os interesses

das gerações futuras e, ao mesmo tempo atender as necessidades das

gerações atuais), a compatibilização de práticas econômicas e

conservacionistas, com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida

de todos.

A Educação Ambiental é subdividida em formal e informal:

Formal é um processo institucionalizado que ocorre nas unidades de

ensino;

Informal se caracteriza por sua realização fora da escola, envolvendo

flexibilidade de métodos e de conteúdos e um público alvo muito variável em

suas características (faixa etária, nível de escolaridade, nível de conhecimento

da problemática ambiental, etc.).

17

3. ANÁLISE E DIAGNÓSTICO:

3.1. Unidades Escolhidas:

Para a realização deste trabalho de pesquisa foram escolhidas duas

unidades fluviais de relativa importância para a Baixada Fluminense, ambas

nascem na cidade do Rio de Janeiro, passam por no mínimo três cidades

da Baixada Fluminense e drenam para a Baía de Guanabara.

Não é uma tarefa muito fácil encontrar na literatura referências sobre a

hidrografia da Baixada Fluminense, poucos autores se deram ao trabalho

de realizar estudos a respeito das bacias de drenagem da Baixada

Fluminense, e por se tratar de um trabalho acadêmico relevante, não é

aconselhável realizar um estudo tão somente baseado no empirismo. Por

isso foi de fundamental importância a visita ao IPAHB (Instituto de

Pesquisas Históricas e Análises Sociais da Baixada Fluminense) para

pesquisar e assistir a uma palestra do Prof. Gênesis Torres baseada em

seu livro “Baixada Fluminense: a Construção de uma História”.

Conforme consta no site da Turisbaixada: “A Baixada Fluminense, tem

uma área aproximada de 3.800 km². É formada principalmente pelos

municípios de São João de Meriti, Nilópolis, Nova Iguaçu, Duque de Caxias,

Belford Roxo, Mesquita e Queimados. Possui uma extensa bacia

hidrográfica com os rios: Rio Meriti-Pavuna com 450 km²; Iguassú com 650

km²; Estrela-Inhomirim com 450 km²; Surui com 150 km²; O Magé com 150

18

km²; Macacú com 1.750 km² , o Sarapuí com 120 km².e o Guaxindiba com

20 km².”

As diversas bacias hidrográficas da Baixada Fluminense drenam para

apenas duas grandes bacias que deságuam na Baía de Guanabara e na

Baía de Sepetiba. Tendo esta segunda bacia como rio principal o Guandu,

de onde é captada a água para grande parte da região metropolitana do Rio

de Janeiro e parte da regiões sul fluminense.

Todos estes rios da baixada são, sem dúvida, muito influenciados pelo

relevo da área, que compreende as Serras do Mar, das Araras, da

Mantiqueira e dos Órgãos. As unidades fluviais que cortam a baixada, em

geral nascem nas serras e maciços e descem as encostas, muitas vezes de

forma abrupta, formando lindas cachoeiras. E após chegarem as planícies,

onde a declividade é pequena e a força hídrica torna-se extremamente

baixa, encontram muitas dificuldades para o escoamento. Desta maneira,

naturalmente formam várias curvas (meandros) até as suas fozes.

A intervenção humana nestas unidades fluviais vem causando o

assoreamento dos rios, causado principalmente pelo desmatamento das

encostas e margens. Por conta desta perda da capacidade de escoamento

formou-se, ao longo dos cursos destes rios e riachos, áreas inundadas e

inundáveis, gerando charcos, brejos e alagados, como podemos verificar ao

longo da extensão da Rodovia Presidente Dutra, dentro dos limites da

Baixada Fluminense.

Hoje quase todos estes rios e riachos encontram-se retilinizados (com as

suas margens muradas pelo homem e suas profundidades aumentadas

19

através das dragagens) ou canalizados, no entanto as inundações

periódicas seguem acontecendo, principalmente nos meses de verão.

Na Bacia hidrográfica que drena para a Baía de Guanabara o principal

rio é o Iguassú, que deu nome à cidade de Nova Iguaçu e para onde correm

vários afluentes e tributários como o Rio Botas e o Rio Tinguá. Ao longos

dos anos vários rios e riachos da Baixada Fluminense sofreram alterações

devido às urbanizações e controle de enchentes, e por este motivo, antes

de desaguar na Baía de Guanabara, o Rio Iguaçu foi ligado através de uma

transposição ao Rio Sarapuí, que também corta o que hoje é os municípios

de Mesquita e Duque de Caxias. Outro rio importante é o Meriti-Pavuna,

cortando as cidades do Rio de Janeiro, Nilópolis, São João de Meriti e

Duque de Caxias, este rio também serve de limite entre estes municípios.

Já na Bacia hidrográfica que drena para na Baía de Sepetiba, como já

foi relatado anteriormente, o principal rio é o Guandu, que é formado pelo

encontro dos rios Ribeirão das Lajes e pelo rio Santana. Todavia se faz

necessário dizer que o grande volume de água do Guandu, que é captado

para tratamento e abastecimento da cidade do Rio de Janeiro e dos

municípios do Grande Rio e parte da região sul fluminense, não é

proveniente apenas dos rios tributários da região. Na verdade o Rio Guandu

sofre um aumento significativo em seu volume de água devido à

transposição do Rio Paraíba do Sul, feita através do Rio das Velhas, com a

utilização de um sistema de barragens e elevatórias que começa em Barra

do Piraí e termina jogando a água no Ribeirão das Lajes, que de acordo

com o estudo de GUERRA (1997) é um dos principais rios tributários de

segunda ordem da bacia do Guandu.

20

Infelizmente, nas duas principais bacias hidrográficas da Baixada

Fluminense os rios estão completamente poluídos, principalmente pelo

esgoto doméstico lançado sem nenhum tratamento na maioria dos casos.

Estes rios só não estão contaminados nos seus altos cursos, próximos às

nascentes no alto das serras e maciços.

A Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro (CEDAE)

ainda mantém barragens para a captação de água para tratamento na

Reserva Biológica de Tinguá e no Geoparque Municipal da Serra do Vulcão

em Nova Iguaçu, para posterior distribuição domiciliar que vem a abastecer

centenas de milhares de pessoas na Baixada Fluminense.

Além das unidades fluviais já descritas, outras importantes unidades

vêm a se juntar aos afluentes maiores dos rios que formam as bacias de

Sepetiba e da Guanabara, antes, num passado não muito distante, há verca

de uns trinta ou quarenta anos atrás, havia uma infinidade de pequenos

riachos, córregos e igarapés, lagoas e pântanos que recebendo estas

águas acabavam por formar a nascente de alguns rios, como o Meriti e o

Pavuna, que, depois de muita intervenção humana nos sues cursos,

acabaram por se unirem formando uma só unidade fluvial, o Rio Meriti-

Pavuna, que desde o mapeamento da Superintendência Estadual de Rios e

Lagoas (SERLA) em 1996, passou a se chamar apenas Rio Pavuna.

Desde o início do século XIX e perdurando por todo o século XX, estes

rios foram muito utilizados para o despejo de dejetos humanos e industriais

e ficaram extremamente poluídos, tendendo ao desaparecimento em meio

ao grande processo de assoreamento.

21

Pelas particularidades apresentadas e por se inserirem completamente

na proposta deste trabalho de pesquisa, os rios Pavuna e Sarapuí foram

escolhidos para a observação e estudo.

Ambos os rios nascem no Maciço de Gericinó/ Mendanha, no bairro de

Bangu e cortam no mínimo duas cidades da Baixada Fluminense, além do

Pavuna-Meriti que ainda corta a cidade do Rio de Janeiro, e deságuam na

Baía de Guanabara.

O Rio Pavuna possui aproximadamente quatorze quilômetros de curso e

nasce no pântano do Sítio do Retiro, na serra de Bangu, no maciço de

Gericinó-Mendanha, na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro.

Infelizmente não tivemos acesso a sua nascente, por conta de problemas

com traficantes de drogas, o Exército Brasileiro impede o acesso ao Sítio do

Retiro, que fica próximo ao polígono de tiro do Campo de Instrução de

Gericinó.

O Rio Pavuna serve de limite entre as cidades do Rio de Janeiro e

Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias. Desemboca na Baía de

Guanabara, na altura da Ilha do Governador. Pouco depois de sua

nascente, esse rio já passa a receber esgoto in natura, lixo e despejos de

resíduos industriais. Seu fluxo foi retificado (retilinização do curso fluvial) em

vários pontos e suas margens ou sofrem com grandes processos de

assoreamento, de erosão ou mesmo pela urbanização.

O Rio Sarapuí também nasce na serra de Bangu, no município do Rio de

Janeiro, numa altitude de aproximadamente 900m, dentro da comunidade

da Nova Aliança. Por ser dominada por uma milícia (grupo paramilitar que

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explora economicamente os serviços que são fornecidos à comunidade e

dão uma falsa sensação de segurança) também não nos foi permitido o

acesso à nascente do Rio Sarapuí, que de sua origem até a foz, no rio

Iguaçu, tem cerca de 36 km e desde a sua nascente, por estar localizada

dentro de uma comunidade carente que não é atendida pelos serviços de

saneamento básico, já recebe esgoto doméstico in natura e lixo.

De acordo com as informações obtidas nas pesquisas realizadas no

Instituto de Pesquisas e Análises Históricas e de Ciências Sociais da

Baixada Fluminense (IPAHB), a ocupação das margens da bacia do Iguaçu-

Sarapuí está diretamente relacionada à história do município de Nova

Iguaçu, que desde a sua criação, em 1833 até bem pouco tempo atrás,

continha as terras que hoje pertencem aos municípios de Mesquita,

Queimados, Duque de Caxias, Nilópolis, São João de Meriti e Belford Roxo.

A ocupação desordenada e os ciclos econômicos que se sucederam na

área ao longo dos anos refletem, ainda hoje em dia, os graves problemas

ambientais e sociais que se verificam ao longo de toda a bacia. O rio

Sarapuí passou a integrar a bacia do rio Iguaçu no início do século XX, por

ocasião das primeiras grandes obras de saneamento básico na Baixada

Fluminense, quando seus cursos médios e inferior foram retificados e sua

foz desviada para o curso inferior do rio Iguaçu. Ambos os rios

apresentavam-se, anteriormente, bastante sinuosos.

Ross (2009), afirma que o relevo da bacia se caracteriza principalmente

por duas unidades: a Serra do Mar, com o relevo típico desta região,

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conhecido como Mares de Morro, onde se encontra o ponto culminante da

bacia, o pico do Tinguá, (1600m), e a planície da Baixada Fluminense.

O clima na região é quente e úmido, com uma estação bastante chuvosa

no verão, temperatura média em torno de 22°C e a precipitação média

anual em torno de 1700mm. A vegetação remanescente da bacia é a da

Mata Atlântica e ocorre predominantemente ao norte e nordeste, na serra

do Tinguá, e na serra de Madureira-Mendanha.

Em pesquisa feita nas dependências do INEA (Instituto Estadual do

Ambiente) que atualmente é composto pela FEEMA (Fundação Estadual de

Estudos do Meio Ambiente), SERLA (Superintendência Estadual de Rios e

Lagoas) e pelo IEF (Instituto Estadual de Florestas), coletamos informações

que afirmam que a refinaria de petróleo de Duque de Caxias, localizada na

margem esquerda do rio Iguaçu, próxima a sua foz, ocupou grande parte da

área de ocorrência do primitivo manguezal que se encontra, atualmente,

confinado num pequeno trecho do estuário do rio. Quanto à atividade

potencialmente poluidora, das 155 empresas consideradas prioritárias para

o controle pela Fundação Estadual de Estudos do Meio Ambiente - FEEMA,

localizam-se na área pertencente à bacia do Rio Iguaçu/Sarapuí, dentre

outras, as seguintes empresas: Acesita Sandvik; Açúcar Pérola Indústria e

Comércio Ltda; Atlantic Indal de Conservas S/A; Bayer do Brasil S/A;

Bergitex Indústria Têxtil Ltda; Casas Sendas Comércio e Indústria S/A; Cia

Progresso Indal - Fábrica Bangu; Marvin S/A; Nitriflex Indústria e Comércio

S/A; Petrobrás Distribuidora S/A; Petroflex Indústria e Comércio S/A;

REDUC; Braspol; Briosol Indústria e Comércio; Cia Dinâmica de

Refrigerantes; Ethyl Brasil Aditivos S/A; Frigorífico Santa Lúcia; Petrobrás

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Terminais de Óleos; Philipe Martin Indústria e Comércio e Confecção Ltda;

Sadia Concórdia S/A e IBF- Indústria Brasileira de Filmes. A disposição dos

resíduos sólidos urbanos na área da bacia é realizada, principalmente, junto

à foz, na margem direita dos rios Sarapuí e Iguaçu no aterro sanitário de

Gramacho, que recebe o lixo doméstico de toda a região do Rio de Janeiro

e do grande Rio. Das 7,7 mil toneladas/dia de lixo produzido na região

hidrográfica da Baía de Guanabara, 5,5mil toneladas são dispostas em

Jardim Gramacho, de onde saem cerca de 800 mil litros diários de chorume

(caldo ácido e tóxico) para as águas da Baía de Guanabara. A população

residente na bacia foi estimada em cerca de 2,1 milhões de pessoas, das

quais 180 mil vivem na área inundável da bacia, onde as condições sócio-

ambientais são precárias.

De acordo com a SERLA, as nascentes de qualquer rio são

especialmente protegidas, cujas águas são destinadas ao abastecimento

doméstico com simples desinfecção e à preservação do equilíbrio natural

das comunidades aquáticas, no entanto, nas unidades escolhidas para este

estudo, não tivemos acesso a nenhum tipo de informação quanto à

proteção das nascentes destes rios, não obstante, de acordo com o

Exército Brasileiro, o rio Pavuna tem as suas água utilizadas para consumo

humano (de militares durante instruções de guerra), sem ter apresentado

nenhum tipo de problema nos últimos 40 anos, de onde pudemos concluir

que o rio Pavuna começa a ser poluído quando sai dos limites do Campo de

Instrução de Gericinó, ao contrário do rio Sarapuí, que recebe esgoto

sanitário já nos sues primeiros metros.

25

3.2. Algumas Considerações:

Como o objetivo deste trabalho é o de apresentar algumas propostas

com possíveis soluções para o problema da poluição fluvial nos rios e

riacho do Grande Rio através da Educação Ambiental, devemos considerar

alguns aspectos de suma importância para a proposição de atividades que

poderiam ser desenvolvidas.

Com base nas pesquisas de campo, não identificamos, em nenhuma

das escolas visitadas, qualquer atividade desenvolvida em Educação

Ambiental. Apenas atividades correlatas de Ciências e Biologia, utilizando

apenas a Ed. Ambiental como tema de “semana do meio ambiente”.

Não há em qualquer das escolas visitadas, sequer um profissional

graduado ou pós-graduado na área ambiental, o que dificulta muito todo o

processo de desenvolvimento de ações dirigidas para a comunidade

docente ou discente, de forma que nos pareceu não haver interesse da

administração, seja ela pública ou privada, de manter esses profissionais

em seus quadros, salvo em alguns casos específicos em que há um curso

técnico de meio ambiente, o que não ocorreu nas unidades escolares

visitadas.

Grande parte do problema da poluição nas unidades fluviais escolhidas

para este trabalho é de responsabilidade da própria população, os

moradores do entorno dos rios e riachos utilizam suas margens como

verdadeiros depósitos de lixo. Além disso, ainda fazem ligações de esgoto

irregulares que levam os dejetos urbanos para a rede de coleta pluvial, que

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deságua nos rios e riachos das bacias locais. Foram identificados muitos

pontos em que o esgoto sanitário é despejado diretamente nas águas das

unidades fluviais estudadas.

O descaso das autoridades também é grande e compromete a saúde,

não apenas dos rios e riachos, mas também da Baía de Guanabara, que é

o local de deságüe de aproximadamente 70% das bacias de drenagem da

Região Metropolitana do Rio de Janeiro, na qual se enquadram ainda as

cidades de Niterói e São Gonçalo e de cerca de 60% das bacias do Rio e

do Grande Rio.

Grande parte dos alunos das unidades escolares visitadas, tanto as de

Ensino Fundamental quanto as de Ensino Médio, não têm o conhecimento

da existência de uma Educação Ambiental e jamais foram apresentados a

nenhuma unidade de conservação ambiental, seja através de visitas

guiadas, passeios escolares ou excursões, o que poderia ser utilizado como

forma de incentivo aos interesses dos estudantes em colaborar ou mesmo

se inserir na causa ambiental, ou ainda despertar nestes alunos a vontade

de escolher uma das áreas ambientais como opção de estudo ou profissão.

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CONCLUSÃO:

Feitos o diagnóstico e as considerações quanto aos problemas

encontrados, podemos concluir que há a necessidade indissociável de

capacitar os profissionais de educação, sejam eles professores, diretores ou

pessoal de apoio, introduzir a Educação Ambiental como disciplina pertencente

aos currículos do Ensino Fundamental, primeiro e segundo segmentos, Ensino

Médio e nas grades do Ensino Superior de disciplinas diretamente ligadas à

questão ambiental e a didática, como Pedagogia, Biologia, Química, Geografia

e Física, para que a Educação Ambiental se faça presente no cotidiano destes

futuros profissionais, reeducar a população e punir a todos que desrespeitarem

as leis ambientais, seja no micro ou no macro problema.

Aos governos estadual e municipais, além da capacitação profissional,

também caberia o desenvolvimento de programas de coletas seletivas de lixo e

a recuperação dos sistemas de esgotamento sanitário e de escoamento das

águas pluviais, direcionando as águas das chuvas diretamente aos rios e

riachos e tratando os esgotos domésticos e industriais, aumentando a

freqüência da passagem do caminhão da coleta de lixo, fiscalizando e punindo

mais severamente aos que ignoram as leis ambientais, desde o grande

poluidor até aquele que joga um papel de bala na rua.

Ao governo federal, caberia a inserção da Educação Ambiental como

disciplina nos currículos dos ensinos fundamental, médio e superior.

Com base nas propostas descritas acima, dentro de um período médio

de vinte anos, os rios e riachos da região do Grande Rio voltariam a ter vida,

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diversos outros estudos, como o do CPRM (2004) já comprovaram que as

unidades pluviais do Grande Rio, se simplesmente deixassem de ser poluídas,

voltariam a ser repovoados com a fauna e flora aquática em dez ou quinze

anos, estando plenamente recuperados em trinta ou trinta e cinco anos.

Faltam vontade política e participação popular para que possamos salvar

os rios do Grande Rio. É certo que isso não resolveria plenamente os nossos

problemas ambientais, mas certamente melhoraria a qualidade de vida dos

moradores do entorno que, além de terem onde pescar, eles teriam onde

nadar, bater papo, tomar sol e outros tipos de lazer sem terem de se preocupar

com ratos, lixo baratas, doenças e nenhum outro problema decorrente da

poluição.

Não há dúvidas que isso também melhoraria muito a qualidade da água

da Baía de Guanabara, aumentando a população de peixes e a qualidade dos

mananciais, manguezais e praias que hoje estão mortas, como as praias de

Ramos, da Bica, Galeão, as praias da ilha do fundão e Praia de Mauá,

proporcionando uma diminuição dos preços dos pescados, valorizando as

unidades imobiliárias das áreas e proporcionando um ganho significativo para o

estado do Rio de Janeiro em muitos outros aspectos, como o turismo, o

transporte, que poderia ser melhor explorado se não tivéssemos rios

assoreados, a qualidade da água encanada e o direcionamento correto do lixo,

dentre outros benefícios.

Atualmente temos grandes unidades de tratamento de esgoto no Rio de

Janeiro, mas é necessário que se refaça todo o processo de coleta dos esgotos

domiciliares, desviando todas as ligações irregulares e direcionando-as para a

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rede de captação que conduz às estações para o tratamento do esgoto

doméstico, permitindo que apenas as águas pluviais chegassem aos rios e

riachos, para que possamos dar uma sobrevida, uma pequena chance de

recuperação às nossas unidade fluviais.

Há uma discussão há muitos anos entre a Petrobrás, o governo federal,

a CEDAE, o governo estadual do Rio de Janeiro e a Universidade Federal do

Rio de Janeiro para realizar um trabalho de despoluição do Canal do Cunha,

que separa a Ilha do Fundão do continente e que está completamente poluído

pelo lixo e pelo esgoto da cidade do Rio de Janeiro.

Muitos estudos já foram realizados acerca de processos de despoluição

da Baía de Guanabara através do tratamento das águas dos rios que ali

deságuam. A principal parceria para a despoluição da Baía de Guanabara

havia sido estabelecida no governo de Anthony Garotinho, em 2000, entre o

governo do estado, a CEDAE, o Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID) e o Japan Bank for International Cooperation (JBIC). Mas, embora as

obras tenham sido iniciadas e se desenvolvendo muito bem durante os anos

iniciais do projeto, foram esquecidas e abandonadas no governo seguinte, do

qual o próprio Anthony Garotinho era o secretário de governo e sua esposa,

Rosinha Matheus, era a governadora do estado.

Por fim, acreditamos que a Educação Ambiental pode ser muito mais

que uma ferramenta ou um tema transversal, pode ser a forma motora que

impulsionará a nossa civilização para uma comunhão plena com a mãe

natureza, respeitando a vida como um todo e sabendo como manejar os

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recursos naturais para que não haja desperdícios e mantendo a qualidade de

vida das pessoas e animais em um patamar elevado.

É imprescindível que a Educação Ambiental seja inserida inteiramente

nos currículos dos Ensinos Fundamental, Médio e Superior para que

coloquemos profissionais capacitados e, talvez até mesmo engajados com a

causa ambiental no mercado de trabalho e principalmente nas escolas, onde

notamos nos profissionais de educação, fossem eles professores, diretores,

pessoal de apoio ou alunos, uma grande falta de conhecimento acerca da

Agenda 21 e da Educação Ambiental Escolar.

Desta forma todos poderemos seguir com as nossas atividades

cotidianas e desfrutar de todos os benefícios que o meio ambiente nos oferece

sem termos que nos preocupar se o curso d’água em que nos banhamos é

poluído ou não, se os alimentos que consumimos estão ou não contaminados

por agrotóxicos ou se a água que bebemos é de boa qualidade, pois já

saberíamos e confiaríamos nas respostas.

Terminamos este trabalho com um pensamento de Maurício Francisco

Ceolin:

“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores...

Se não houver flores, valeu a sombra das folhas...

Se não houver folhas, valeu a intenção da semente ...”

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BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Coordenação de Educação

Ambiental. A implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília,1998.

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