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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
NEUROPSICOLOGIA DA MENTE AUTISTA E A NEUROPLASTICIDADE CONTRIBUINDO EM SUAS EMOÇÕES, RELACIONAMENTOS E
APRENDIZAGEM.
Por: Rejane Maria de Abreu Escobar
Orientador
Profª. Marta Relvas
Rio de Janeiro,
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
NEUROPSICOLOGIA DA MENTE AUTISTA E A NEUROPLASTICIDADE CONTRIBUINDO EM SUAS EMOÇÕES,
RELACIONAMENTOS E APRENDIZAGEM.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociências
Por: Rejane Maria de Abreu Escobar.
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AGRADECIMENTOS
À Deus o meu agradecimento principal,
pois se não fosse Ele eu não estaria
aqui. Ele sempre esteve presente em
minha vida. Quando a minha força se
esgotou Ele a renovou. Quando eu
pensava que seria o fim, Ele lutou e
Venceu por mim.
Aqueles que sempre me ajudaram,
sempre estiveram ao meu lado, me
dando forças pra continuar, mesmo
quando tudo parecia difícil: meus filhos,
minha mãe, meus amigos. A eles o
meu muito obrigado, pois vocês
souberam compreender a minha falta
de tempo, desculparam o meu
nervosismo e sempre me ajudaram nos
momentos mais difíceis. Incentivando-
me e mostrando que eu era capaz de
alcançar os meus sonhos.
A minha querida Orientadora
Professora Marta Relvas, que me
direcionou no decorrer deste trabalho
com muito carinho e dedicação.
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DEDICATÓRIA
...Dedico a meus filhos, com o firme
propósito de incentivá-los a jamais desistir
de seus sonhos, e a almejar cada vez
mais vitórias. Pois, abaixo de Deus, eles
são a razão do meu sucesso...
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"O autismo como tema toca nas mais profundas questões de ontologia, pois envolve um desvio radical no desenvolvimento do cérebro e da mente. Nossa compreensão está avançando, mas de uma maneira provocadoramente vagarosa. O entendimento final do autismo pode exigir tanto avanços técnicos como conceituais para além de tudo com o que hoje podemos sonhar.”
Oliver Sachs, Oliver Sachs, Oliver Sachs, Oliver Sachs, Um antropólogo em Marte, 1995Um antropólogo em Marte, 1995Um antropólogo em Marte, 1995Um antropólogo em Marte, 1995
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RESUMO
Este Trabalho apresenta uma pesquisa exploratória, que vem mostrar as funções do cérebro autista e a sua neuroplasticidade melhorando o controle inibitório do comportamento e a flexibilidade mental. O autismo foi identificado nos anos 40 deste século pelos médicos Leo Kanner e Hans Asperger. Obviamente é um estado que sempre existiu em todas as épocas e culturas. A partir dos estudos destes autores, outras pesquisas se seguiram no conhecimento desta síndrome. Os sintomas giram em torno de uma tríade principal: comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação social e atividades restritas e repetitivas. A metodologia aplicada é baseada na coleta de dados bibliográficos de alguns autores como: Roberto Lent, Eugênio Cunha, Marta Relvas, Lou Oliver, Roberte Metring, entre outros que tratam o tema abordado sobre autismo. Também foram utilizados Blogs e artigos, perfazendo um material que contribui para o esclarecimento dos profissionais da Neurociência, Psicologia e Educação. O problema central engloba a questão em termos neuropsicológicos, de como funciona a mente do autista e a forma que a plasticidade cerebral pode melhorar o desempenho das funções do cérebro autista, modificando seu modo diferenciado de aprender, pensar, se organizar e se relacionar. A hipótese apontada abrange que na área da neuropsicologia focando os diferentes ambientes culturais, ecológicos e cognitivos, reformulando suas conexões funcionais e emocionais, ampliando seus limites, na família, na escola e na interação social. A delimitação do tema se afere ao estudo sobre este transtorno, está focado em desenvolver um rico conhecimento e uma nova forma de lidar com a inabilidade do paciente em mostrar interesses sociais e comunicação verbal com meio onde vive. O Autista precisa ser visto como alguém a ser desvendado, seu mundo possui significados, suas manifestações comportamentais são limitadas e rígidas, com interesses restritos, repetitivos e sem objetivo notável. A forma heterogênea deste transtorno, provavelmente, deve-se a soma de fatores etiológicos, ambientais e genéticos. A meta é possibilitar o conhecimento desse cérebro e as formas de adaptações para inclusão do autista na sociedade.
Palavras Chaves: Autismo Infantil. Neuropsicologia. Plasticidade. Aprendizagem.
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ABSTRAT
This work presents an exploratory study, which goes to show the functions of the autistic brain and its neuroplasticity improving inhibitory control of behavior and mental flexibility. Autism was identified in 40 years of this century by doctors Leo Kanner and Hans Asperger. Obviously it's a state that has always existed in all ages and cultures. From the authors of these studies, other research followed the knowledge of this syndrome. Symptoms revolve around a major triad: impairments in communication, difficulties in social interaction and restricted and repetitive activities. The methodology is based on bibliographic data collection of authors like Roberto Lent, Eugene Cunha, and Marta Grasses, Lou Oliver, Roberte Metring and others who treat the topic addressed on autism. Were also used Blogs and articles comprising a material that contributes to the understanding of professional Neuroscience, Psychology and Education. The central issue involves the question in terms neuropsychological, how the mind works and the way the autistic brain plasticity can improve the performance of the functions of the autistic brain, modifying their differently to learn, think, organize and relate. The event aimed to cover the area of neuropsychology focusing the different cultural, ecological and cognitive reframing their functional and emotional connections, expanding its boundaries, in the family, at school and in social interaction. The delimitation of the subject is gauged to study on this disorder, is focused on developing a rich knowledge and a new way of dealing with the inability of the patient to show interest in social and verbal communication with the environment where he lives. The Autistic needs to be seen as someone to be unraveled, his world has meaning, its behavioral manifestations are limited and stiff, with restricted interests, repetitive and pointless remarkable. The shape of this heterogeneous disorder, probably due to the sum of etiologic factors, environmental and genetic. The goal is to enable knowledge of the brain and forms of adaptations for inclusion in the autistic society.
Key Words: Infantile Autism. Neuropsychology. Plasticity. Learning.
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METODOLOGIA
Este Trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória, baseada na coleta
de dados bibliográficos de alguns autores como: Roberto Lent, Eugênio Cunha,
Marta Relvas, Lou Oliver, Roberte Metring, entre outros que tratam o tema
abordado sobre autismo.
A metodologia de estudo utilizada é classificada como teórica, tendo
sido utilizados livros como, por exemplo, “Neurociência e transtornos de
aprendizagem”, de Marta Relvas; “Autismo e inclusão” de Eugênio Cunha;
“Neuropsicologia e aprendizagem” de Roberte Metring, entre outros. E alguns
sites de pesquisas entre eles destacados: O mundo azul; Autismo infantil.
Também foram utilizados Blogs e artigos, perfazendo um material que contribui
para o esclarecimento dos profissionais da Neurociência, Psicologia e
Educação.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10
CAPÍTULO I
1 - HISTÓRIA DO AUTISMO ...................................................................... 15
1.1 - A neuropsicologia do cérebro autista ............................................ 17
1.2 - As conexões, integrações e limitações da mente autista. ............. 20
CAPÍTULO II - ............................................................................................. 26
2 - PLASTICIDADE NEURAL DO CÉREBRO AUTISTA ............................ 26
2.1 - O desenvolvimento de novos canais na integração com a família
e a escola .................................................................................................... 31
2.2 - A intervenção precoce e as transformações da atividade cerebral
do autista. .................................................................................................... 34
CAPÍTULO III - ............................................................................................ 38
3 - O MUNDO AUTISTA E SUA INCLUSÃO SOCIAL ................................ 38
3.1 - O diagnóstico e tratamento do autismo ........................................ 41
3.2 - O cérebro masculino e o autismo ................................................. 43
3.3 - As melhoras na integração do cérebro do indivíduo autista ......... 45
CONCLUSÃO ............................................................................................. 49
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 52
10
INTRODUÇÃO
O autismo foi identificado nos anos 40 deste século pelos médicos Leo
Kanner e Hans Asperger. Obviamente é um estado que sempre existiu em
todas as épocas e culturas. A partir dos estudos destes autores, outras
pesquisas se seguiram no conhecimento desta síndrome.
Segundo o Ministério da Saúde (2000), os autistas são reconhecidos
pelas seguintes características, que podem se apresentar em conjunto ou
isoladamente: apresentam isolamento mental, daí o nome autismo; Esse
isolamento despreza, exclui e ignora o que vem do mundo externo; possuem
uma insistência obsessiva na repetição, com movimentos e barulhos repetitivos
e estereotipados; adotam elaborados rituais e rotinas; têm fixações e
fascinações altamente direcionadas e intensas; apresentam escassez de
expressões faciais e gestos; não olham diretamente para as pessoas; têm uma
utilização anormal da linguagem; apresentam boas relações com objetos;
apresentam ansiedade excessiva; não adquirem a fala ou perdem a
anteriormente adquirida.
As manifestações autistas são objeto de estudo de várias áreas de
conhecimento científico, e são as contribuições das ciências biológicas e
genéticas que tem encontrado as suas respostas na investigação da doença.
Para Cunha (2012) o autismo é uma síndrome proveniente de causas
ainda desconhecidas, mas com grande contribuição de fatores genéticos.
Trata-se de um transtorno complexo com sintomas e quadros comportamentais
distintos, que gera, entre outras coisas, comprometimentos na habilidade de
comunicação e dificuldades do ponto de vista da interação social.
Segundo o autor os sintomas giram em torno de uma tríade principal:
comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação social e
atividades restritas e repetitivas, o que ocasiona uma forma de pensar rígida,
muito literal e com pouca ingerência simbólica.
Esse trabalho vem mostrar as funções do cérebro autista e a sua
neuroplasticidade melhorando o controle inibitório do comportamento e a
flexibilidade mental.
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O problema central engloba a questão em termos neuropsicológicos,
de como funciona a mente do autista e de que forma a plasticidade cerebral
pode melhorar o desempenho das funções do cérebro autista, modificando seu
modo diferenciado de aprender, pensar, se organizar e se relacionar?
A hipótese apontada abrange que na área da neuropsicologia há uma
desordem neurobiológica no autista e a plasticidade cerebral dá capacidade ao
cérebro em se remodelar em função de experiências vividas pelo indivíduo,
abrangendo os diferentes ambientes culturais, ecológicos e cognitivos,
reformulando suas conexões funcionais e emocionais, ampliando seus limites,
na família, na escola e na interação social.
A delimitação do tema se afere ao estudo sobre este transtorno, está
focado em desenvolver um rico conhecimento e uma nova forma de lidar com
a inabilidade do paciente em mostrar interesses sociais e comunicação verbal
com meio onde vive. Pessoas com Autismo são vistas como pertencentes a
um mundo estranho e sem significados. O Autista precisa ser visto como
alguém a ser desvendado, seu mundo possui significados, suas manifestações
comportamentais são limitadas e rígidas, com interesses restritos, repetitivos e
sem objetivo notável. A forma heterogênea deste transtorno, provavelmente,
deve-se a soma de fatores etiológicos, ambientais e genéticos. A meta é
possibilitar o esclarecimento no contexto de busca por uma perspectiva mais
solucionável para este complexo transtorno
Este trabalho justifica-se em implementar a discussão a respeito da
neuropsicologia da mente autista e como a neuroplasticidade pode modificar o
comprometimento do sistema neurológico no cérebro. Pela neuroplasticidade,
o cérebro pode alterar o circuito através do desenvolvimento de novos canais e
novas rotas, facilitando assim as emoções, os relacionamentos e a
aprendizagem.
Segundo Relvas (2012, p. 37), quando a Neurociência dialoga com a
Psicanálise, entende-se que o ID fica localizado no Sistema Límbico, sede das
emoções e o SUPEREGO no córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio.
Desta forma, nos contermos neuropsicológicos, a mente autista possui
prejuízos na capacidade de inibir comportamentos automáticos ou impulsivos e
12
de modificar o comportamento conforme a demanda de novas situações, além
de dificuldades de socialização e comportamentos repetitivos. Cientistas
descobriram que as pessoas com autismo apresentam padrões anormais de
comunicação entre as células cerebrais. Em algumas partes do córtex, as
células fazem conexões demais, e em outras, não estabelecem conexões
suficientes.
A proposta é desenvolver um estudo que mostre o grau de
comprometimento do cérebro autista e a intensidade variável que vai desde
quadros mais leves, como a síndrome de Asperger (na qual não há
comprometimento da fala e da inteligência), até formas graves em que o
paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e
é portador de comportamento agressivo e retardo mental.
O objetivo geral abrange um sintético apanhado teórico sobre o
Autismo, focando o tema no estudo de três funções neuropsicológicas
afetadas: memória, função executiva e atenção. E demonstrar que a através
da neuropsicologia pode-se enxergar que muitas das características
percebidas no autista estão relacionadas ao lobo frontal. E a plasticidade
cerebral leva as conexões cerebrais a uma integração do cérebro que fará o
indivíduo mais receptivo e funcional.
Já os objetivos específicos estão relacionados a conhecer e identificar
o autismo, suas limitações e criatividades; Identificar a neuropsicologia do
cérebro autista, suas conexões e integrações; Salientar através da Plasticidade
Cerebral no autista o desenvolvimento de novos canais na integração com a
família e a escola; Elucidar possíveis melhoras na integração do cérebro do
indivíduo autista mais receptivo e funcional na aprendizagem.
A metodologia aplicada abarca-se sobre uma pesquisa exploratória,
baseada na coleta de dados bibliográficos de alguns autores: Roberto Lent,
Eugênio Cunha, Marta Relvas, Lou Oliver entre outros.
A metodologia de estudo utilizada é classificada como teórica, tendo
sido utilizados livros e sites de pesquisas que contribuem para o
esclarecimento dos profissionais da Neurociência, Psicologia e Educação.
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O trabalho monográfico se dividirá em três capítulos cujo primeiro
abrange um sintético apanhado sobre a História do Autismo, a neuropsicologia
do cérebro autista, suas conexões, integrações e suas limitações.
Segundo Lent (2008) a distribuição dos neurônios no córtex cerebral
que é a área que controla os movimentos percebem desequilíbrios nos
neurotransmissores, substâncias químicas que ajudam as células nervosas a
se comunicarem. Dois dos neurotransmissores que parecem ser afetados são
a serotonina, que afeta emoção e comportamento, e o glutamato, que tem um
papel na atividade dos neurônios. Juntas, essas alterações do cérebro podem
ser responsáveis pelos comportamentos do autista.
O segundo capítulo irá salientar através da Plasticidade Cerebral do
autista o desenvolvimento de novos canais na integração com a família e a
escola.
A Perturbação Autística está associada a alterações ao nível cerebral, a
intervenção precoce pode ajudar a criança autista a ter uma atividade cerebral
mais normal, visto que esta provoca transformações nas sinapses
neuronais que ainda se encontram flexíveis devido à plasticidade neural que
estas crianças ainda apresentam. (SILVA, 2012)
O perfil das aptidões cognitivas do autista é normalmente desigual em
relação ao nível global de inteligência. O nível da linguagem receptiva que
engloba a compreensão da linguagem são inferiores ao da linguagem
expressiva que engloba o vocabulário. Os autistas podem apresentar uma
ampla gama de sintomas comportamentais tais como hiperatividade, redução
do campo de atenção, impulsividade, agressividade, comportamentos inquietos
e incontroláveis em respostas a estímulos sensoriais, como cheiros,
hipersensibilidade ao som, alimentos, sentimentos como o medo, receio,
abrangendo sinais neurológicos inespecíficos. (VALLE, et. al., 2007)
Para Neto (2007), a plasticidade cerebral pode ocorrer através da
eliminação de neurônios que não estão sendo utilizada, assim na modificação
do dinamismo morfológico e funcional daqueles neurônios que são utilizados,
através do crescimento dos seus dendritos e axônios, na formação de novas
sinapses e modificação na produção das substâncias neurotransmissoras,
14
facilitando a integração do autista a família e a escola. É fundamental que
a família assuma um papel ativo no processo de intervenção.
O terceiro capítulo irá elucidar as possíveis melhoras na integração do
cérebro do indivíduo autista mais receptivo e funcional na aprendizagem.
O autismo é uma alteração cerebral, uma desordem que compromete
o desenvolvimento psiconeurológico e afeta a capacidade da pessoa se
comunicar, compreender, falar e seu convívio social. Essa patologia é diferente
do retardo mental ou da lesão cerebral, embora algumas crianças com autismo
apresentem essas doenças. (METRING, 2011)
As relações entre mente e corpo representam um constante desafio
para a neuropsicologia que busca desvendar suas implicações. As dificuldades
em delimitar as fronteiras entre organismo e o psiquismo impulsionam diversas
pesquisas determinadas a melhorar a compreensão do comportamento
humano para estimular as manifestações saudáveis e prevenir o surgimento de
doenças comuns na atualidade. (VALLE, et. al., 2007)
15
CAPÍTULO I
HISTÓRIA DO AUTISMO
A palavra “autismo” deriva do grego “autos”, que significa “voltar-se
para si mesmo”. O autista é uma pessoa que não consegue expressar-se por
seus sentimentos, parece isolar-se em um mundo diferente, vazio e sombrio. A
primeira pessoa a utilizá-la foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuler em 1911,
para se referir a um dos critérios adotados em sua época para a realização de
um diagnóstico de Esquizofrenia.
Segundo Silva (2012), ao ouvir a palavra autismo, vem à mente a
imagem de uma criança isolada em seu próprio mundo, impenetrável, que vive
de forma solitária e introvertida, balança o corpo de forma continua, alheia a
tudo e a todos, tendo uma vida limitada, que não faz muito sentido. Porém, o
autismo é um transtorno global do desenvolvimento infantil, que se manifesta
antes dos 3 anos de idade e se prolonga por toda a vida.
Os psiquiatras Leo Kanner e Hans Asperger foram os pioneiros no
estudo do autismo, no início dos anos 40, os termos "autismo" e "autista" foram
criados para abordar aspectos de seus pacientes, e assim descrevê-los em
suas pesquisas. Antes, os autistas eram taxados de retardados mentais,
loucos ou com distúrbios emocionais. (CUNHA, 2012)
“Enquanto Kanner usava este termo para traduzir o autismo clássico, Asperger descrevia indivíduos mais capacitados e inteligentes. Muito depois Dr. Lorna Wing do Reino Unido adotou o termo Síndrome de Asperger para definir autistas com mais capacidades. Alguns médicos usam o termo clássico Kranner para descrever autistas clássicos.” (Trecho retirado do site http://www.autimismo.com.br)
Em 1956, ele elege dois sinais como básicos para a identificação do
quadro: o isolamento e a imutabilidade e confirma a natureza inata do
16
distúrbio. O quadro do autismo passou, desde então, a ser referido por
diferentes denominações, tendo sido descrito por diferentes sinais e sintomas
dependendo da classificação diagnóstica adotada a partir dos dois sinais
básicos estabelecidos por Kanner.
Segundo Oliver (2011) o autismo pode ser definido como uma
alteração cerebral, afetando a comunicação do indivíduo com o meio externo.
Isso atrapalha ou impede a capacidade de estabelecer relacionamentos,
reconhecer pessoas e/ou objetos, tornando o indivíduo alienado em relação ao
ambiente externo. Para o autor alguns autistas apresentam normalidades na
inteligência e na fala, enquanto outros apresentam também retardo mental,
mutismo ou outros retardos no desenvolvimento da linguagem. Um distúrbio
que pode variar de um grau leve a um grau severo. Sendo considerado
limitrofia, em casos leves ou vistos como portadores da Síndrome de Asperger,
que é um tipo de autismo com inteligência normal.
Cunha (2012) relata que para se identificar o autismo é necessário
observar seu aparecimento nos primeiros anos de vida, provenientes de
causas genéticas ou por uma síndrome ocorrida durante o período de
desenvolvimento da criança. O autismo possui no seu espectro as incertezas
que dificultam, na maioria dos casos, um diagnóstico precoce.
Segundo o autor não há um padrão fixo para a forma como ele se
manifesta, e os sintomas variam gradativamente. O autismo compreende a
observação de um conjunto de comportamentos agrupados em uma tríade
principal: comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação social
e atividades restrito-repetitivas.
Para o Ministério da Saúde (2000) o DSM-IV-TR (Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais), publicado pela American Psychiatric
Association, e o CID 10 (Classificação Internacional de Doenças), da
Organização Mundial de Saúde, são consoantes ao descreverem o autismo,
onde apontam alguns distúrbios com quadros autísticos:
A Síndrome de Asperger difere do autismo clássico, principalmente por
não ocorrer retardo mental, atraso cognitivo e considerável prejuízo na
linguagem. Neste caso a criança desenvolve interesses particulares em
17
campos específicos, modos de pensamentos complexos, rígidos e
impermeáveis a novas ideias. (CUNHA, 2012)
Autismo Atípico é uma categoria que deve ser usada quando existe um
comprometimento grave e global do desenvolvimento da interação social, da
comunicação verbal e não verbal e a presença de estereotipias de
comportamentos, interesses e atividades, não satisfazendo os critérios do
transtorno autista, devido à idade tardia de seu início.
Transtorno de Rett é proveniente de causas desconhecidas e com
severo retardo mental. Esse transtorne é relatado até o momento em apenas
crianças do sexo feminino. Ocorre pelo desenvolvimento progressivo de
múltiplos déficits específicos após um período de funcionamento normal
durante os primeiros meses de vida. Possui severo prejuízo no
desenvolvimento da linguagem expressiva e receptiva, aliado a um grave
retardo mental e psicomotor, além da probabilidade da incidência de
convulsões. (SILVA, 2012)
1.1 - A neuropsicologia do cérebro autista
A neuropsicologia surgiu com o objetivo de estudar alterações de
comportamentos em consequência de lesões cerebrais. Os estudos e
pesquisas realizados ao longo do tempo foram formando corpo teórico e
construindo sua identidade científica. São abordadas três grandes teorias
neuropsicológicas para explicação do autismo, e a sua relação com as
componentes comunicativa e linguística da síndrome: a teoria da mente, a
teoria da coerência central e a teoria das funções executivas. (VALLE, et. al,
2007)
O autismo é uma perturbação neurodesenvolvimental invasiva que
pressupõe défices na interação social e na comunicação, e um repertório de
comportamentos, atividades e interesses estereotipados, repetitivos e restritos.
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Para Platão e posteriormente Descartes, corpo e mente, são
categorias independentes que englobam tipos diferentes de realidade, ao
passo que para Spinoza, tanto pensamento como matéria são atributos de
uma única substância real. (CUNHA, 2012)
Segundo Valle (et. al, 2007), a Síndrome de Asperger costuma ser
mais comum em indivíduos do sexo masculino, pode ser encontrada em
famílias com membros que apresentam os mesmos sintomas ou semelhantes,
e traz consigo características relacionadas a alterações qualitativas nas áreas
da interação social recíproca, no desenvolvimento de padrões restritos e
repetitivos de comportamento, atividades e interesses, além de
comportamentos estereotipados e fala ecolálica.
Desde crianças, as pessoas com Síndrome de Asperger impressionam
com sua capacidade de memorizar. Elas apresentam uma memória como se
fosse fotográfica que, ao longo do tempo, manifesta-se em diversos contextos.
Para Silva (2012), os portadores da Síndrome também costumam
apresentar um quociente intelectual normal ou acima do normal. No entanto,
possuem dificuldades relacionadas à flexibilidade de seus pensamentos, o que
proporciona certa desvantagem e até mesmo prejuízo qualitativo em seu
processo de aprendizagem diante dos próprios erros cometidos. Esta
dificuldade gera um ciclo de difícil correção no que dizem respeito ao seu
comportamento, eles também são capazes de aprender a tocar instrumentos
musicais de maneira sublime, assim como pintar quadros que fielmente
retratam avenidas e outros locais, de realizar cálculos matemáticos
rapidamente sem o uso de calculadoras.
Segundo a autora, em relação ao comportamento, portadores da
Síndrome de Asperger apresentam severo prejuízo na área da interação social
recíproca. Por esta razão, as crianças com idade escolar costumam apresentar
algumas dificuldades de interação social. Tem dificuldades de ter empatia com
os colegas e professores, além de ausência de contato visual, expressão facial
e utilização de gestos que favoreçam a interação social. Costuma apresentar
certa ingenuidade e ausência de percepção sobre a privacidade alheia,
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mostram-se emocionalmente fragilizados e vulneráveis, em geral são ansiosos
e imprevisíveis diante de situações que fogem ao seu normal.
Crianças com autismo não possuem interesses em ter amigos, ou não
sabem como estabelecer relacionamentos amigáveis. O terceiro critério é a
falta de espontaneidade em dividir momentos agradáveis, interesses ou
conquistas com outras pessoas. A falta de reciprocidade social ou emocional é
responsável pelo quarto critério. Por exemplo, uma pessoa com autismo pode
monopolizar uma conversa sem perceber que a outra pessoa está chateada ou
com pressa para terminar a conversa. (CUNHA, 2012)
O autismo é considerado uma síndrome neuropsiquiátrica. Embora
uma etiologia específica não tenha sido identificada, estudos sugerem a
presença de alguns fatores genéticos e neurobiológicos que podem estar
associados ao autismo (anomalia anatômica ou fisiológica do Sistema Nervoso
Central; problemas constitucionais inatos, predeterminados biologicamente).
Fatores de risco psicossociais também foram associados. Nas diferentes
expressões do quadro clínico, diversos sinais e sintomas podem estar ou não
presentes, mas as características de isolamento e imutabilidade de condutas
estão sempre presentes. (OLIVER, 2011)
As pesquisas realizadas pela autora Relvas (2009) mostra que
Vygotsky concebe o cérebro como um sistema flexível, plástico apto a servir a
novas e diferentes funções, é também o substrato material da atividade
psíquica que cada criança carrega consigo desde o nascimento. A análise
psicológica deve ser capaz de conservar as características básicas nos
processos psicológicos. Enfim a transformação é algo contínuo e capaz de
levar a um desenvolvimento surpreendente ao longo da história.
A avaliação neuropsicológica das funções executivas se vale de
diferentes procedimentos, que podem ser agrupados em baterias de testes de
acordo com os objetivos específicos de cada avaliação. O resultado de uma
avaliação neuropsicológica ampla servirá de subsídios para o delineamento de
estratégias de intervenção na reabilitação de aspectos cognitivos,
comportamentais e emocionais, associados a quadros de lesões ou
20
disfunções, no intuito de melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida.
(MACHADO, 2004)
Segundo relato de CUNHA (2007), o autista aprende pelo desempenho
imitativo, sugerindo-se a inclusão de tarefas de imitação nos instrumentos de
diagnóstico, uma vez que os défices ao nível da imitação constituem uma
característica importante e específica.
Para o autor, a síndrome do espectro autista é fundamentada numa
desordem neurológica ligada à maneira como os neurônios se conectam, à
maneira como os vários centros de processamentos neuronais colaboram
entre si, e formam redes de comunicação distintas e integradas. A base da
problemática da síndrome não é como o autista se comunica com o mundo,
mas como seus neurônios se comunicam entre si.
Para Oliver (2011), no aspecto que envolve o autismo quanto à
distribuição por sexo, o autismo é muito mais comum em meninos do que em
meninas, sendo tipicamente relatadas razões de 4:1 ou 5:1. No entanto,
quando as meninas são afetadas, isto ocorre com maior gravidade. As
comparações de várias amostras sugerem que a maioria dos indivíduos
autistas funciona dentro da faixa de retardo mental, os meninos superam as
meninas em todos os estudos de autismo. Há alguma evidência de que a
super-representação de meninos é mais marcada na presença de QI mais
elevado e de sintomas autísticos mais clássicos. A menor proporção por sexo,
no grupo profundamente retardado significa que meninas com autismo têm
danos cerebrais mais severos do que meninos autistas.
1.2 - As conexões, integrações e limitações da mente autista.
Vygotsky acredita que o propósito central da aprendizagem não é o
acúmulo de informações e procedimentos. A sua tese principal é que o cérebro
humano, com sua capacidade de pensamento exigível, imaginar em conjunto,
ter ideias, antecipar e refletir sobre fatos é consequência do relacionamento da
21
criança com um adulto mais experiente que lhe apresenta problemas somente
um pouquinho acima da capacidade de solução desta criança instigando-a a
pensar, a fazer conexões e assim, expandir a sua capacidade de raciocínio.
Segundo Relvas (2009) aparentemente não existe diferenças
estruturais entre o encéfalo masculino e o feminino, mas ocorrem reações
diferentes em vários aspectos, como o tamanho dos hemisférios, a formação
do corpo caloso, as estruturas do córtex cerebral e as conexões neurais.
O sistema nervoso origina-se do ectoderma embrionária e se localiza
na região dorsal. Durante o desenvolvimento embrionário, o ectoderma sofre
uma invaginação, dando origem à goteira neural, que se fecha, formando
o tubo neural. Este possui uma cavidade interna cheia de líquido, o canal
neural.
Barbirato (2009) relata que o cérebro é um conjunto dinâmico,
continuamente modelado a partir de experiências sensoriais e de
aprendizagem. O sistema nervoso contém uma extensa rede de neurônios,
células nervosas que se intercomunicam e que passam, depois do nascimento
por várias fases de amadurecimento e organização. Para o autor se na hora do
parto houver diminuição de oxigenação no cérebro da criança, isso pode
produzir manifestações específicas, com grandes repercussões futuras,
especialmente no âmbito do desenvolvimento psicomotor. O autor enfatiza que
crianças com alterações comportamentais e dificuldades de aprendizagem
sofreram alguma lesão neurológica entre o final da gestação e o parto.
Jean Piaget procurou explicar o desenvolvimento intelectual, partindo
da ideia de que os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e às
organizações do meio ambiente, procurando um equilíbrio que concebe o
desenvolvimento intelectual. (OLIVEIRA, et. al., 2001)
O sistema nervoso humano tem uma função básica de receber
informações sobre as variações externas e internas e produzir respostas a
essas variações através dos músculos e glândulas. Desta forma ele contribui,
juntamente com o sistema endócrino, para a homeostase do organismo. Além
do mais, o sistema nervoso humano possui as chamadas funções superiores
que inclui: a memória, que corresponde à capacidade de armazenar
22
informações e depois resgatá-las, o aprendizado, o intelecto, o pensamento e
a personalidade. Para Relvas (2009):
“O córtex pré-frontal está relacionado com as funções superiores representadas por vários aspectos comportamentais humanos. Recebe impulsos nervosos dos lobos parietal e temporal por meio de feixes de longas fibras de associações situados no giro cíngulo. Lesões bilaterais da área pré-frontal determinam perda de concentração, diminuição da habilidade intelectual e déficit de memória e julgamento. Já o lobo temporal, situado na parte posterior está relacionado com a recepção e a decodificação de estímulos auditivos, que coordenam os impulsos visuais, e a parte anterior está relacionada com a atividade motora visceral que corresponde a olfação e a gustação, com alguns aspectos de comportamentos instintivos.” (p.27)
Para Cunha (2012) a criança aprende por meio de brincadeiras, com
os pais, com os colegas e os professores na escola. Eles fazem amizades e
adquirem habilidades motoras e cognitivas, simplesmente com a vivência,
essas impressões penetram na mente através de seus sentidos.
O autor também relata em seus estudos que Maria Montessori diz que
a criança cria a própria “carne mental”, usando coisas que estão em seu
ambiente. Montessori chama a mente da criança como “mente absorvente”.
Para a mente do autista há uma relação diferente entre o cérebro e os
sentidos, e as informações nem sempre se tornam em conhecimentos.
Para um diagnóstico clínico preciso do Transtorno Autista, a criança
deve ser bem examinada, tanto fisicamente quanto psiconeurologicamente. A
avaliação deve incluir entrevistas com os pais e outros parentes interessados,
observação e exame psicomental e, algumas vezes, de exames
complementares para doenças genéticas e ou hereditárias. Segundo a Dra.
Lou de Oliver (2011) apesar de muitos autores afirmarem não haver uma
causa conhecida para o autismo, alguns estudos mesmo que questionáveis,
citam a hiperoxigenação logo após o nascimento, crianças que sofreram de
anoxia perinatal apresentam mais tendência ao autismo. Quem defende esse
23
raciocínio é B. Rimland, que levou a hipótese de que uma lesão no sistema
reticular poderia dar origem ao autismo.
Outros autores também contribuíram para essa teoria como Schecter
(1957) e W. R. Keeler, afirmando que crianças cegas por fibroplasia retrolental
apresentam manifestações semelhantes ao autismo, porém estas concepções
foram combatidas e Órnitz e Ritvo (1968) levantou a hipótese de que o autismo
pode ser resultado de uma subcarga ou sobrecarga do sistema nervoso
central, sendo causa também de outros distúrbios. Para Oliver (2011) do ponto
de vista epistemológico, os diversos distúrbios de aprendizagem, são questões
deveras complexas, que permeiam os parâmetros de uma análise mais
profunda.
O processo neuropsicológico do ato de aprender assume o papel de
importância, como a atenção, a memória e as funções executivas, os distúrbios
atencionais e as funções corticais de percepção, planejamento, organização e
inibição em todos os processos de aprendizagem. Aprender torna-se uma ação
livre, sem prisões, que requer cuidado, objetivo e método, onde deve se levar
em conta as variáveis, além da natureza neurobiológica, os fatores sociais e
culturais. (RELVAS, 2012)
Para Relvas o cérebro tem flexibilidade de revitalizar suas funções por
realocações de suas redes neuronais, em conjunto com interferências
ambientais, se responsabilizando pelo comportamento adaptativo e criativo
intrínseco á comunidade humana.
No olhar de Silva (et. al., 2012), os comportamentos das pessoas com
autismo, assim como a socialização e a linguagem, possuem um espectro de
gravidade e são divididos em duas categorias, sendo a primeira tratar-se de
comportamentos motores estereotipados e repetitivos, como pular, balançar o
corpo ou as mãos, bater palmas, agitar ou torcer os dedos e fazer caretas.
Algumas crianças são bem agitadas e parece não ouvir ordens, ou comandos
e agem conforme seus interesses. A segunda categoria está relacionada com
comportamentos disruptivos, tais como compulsões, rituais e rotinas,
insistência, mesmice e interesses circunscritos que são caracterizados por uma
24
aderência rígida a alguma regra ou necessidade de ter as coisas somente por
tê-las.
A autora relata que no campo da neuropsicologia os estudos tem
demonstrado que indivíduos com autismo aparentam ter dificuldades na área
cognitiva de funções executivas. E essas funções são um conjunto de
processos neurológicos que permitem que a pessoa planeje coisas, inicie uma
tarefa, se controle para continuar a executar a tarefa, tenha atenção, e consiga
resolver um problema. São pessoas resistentes a mudança na rotina e tendem
a usar a memória daquilo que já fizeram ao invés de planejar novas ações para
resolução do problema. Ficam aflitas quando há mais de uma opção para
escolher, têm dificuldade para generalizar regras e informações, esses padrões
causam impacto em suas habilidades de aprendizagem e nos
desenvolvimentos de comportamentos adaptativos.
Segundo Cunha (2012) um mundo repleto de responsabilidade e
surpresas pode ser desafiante e confuso para o autista, por isso ele sente
segurança em sua rotina. Na leitura do mundo exterior, há a ingerência de dois
mecanismos elementares, a sensação que é o registro imediato fornecido
pelos sentidos ao cérebro que irá produzir a percepção, que por sua vez é a
capacidade de associar, comparar e interpretar as sensações.
A inteligência espacial regula sentidos de lateralidade e
direcionamento, e com isso o indivíduo aperfeiçoa sua coordenação motora e a
percepção corporal, concedendo-lhe orientação física. Gardner (2000, apud
Cunha, 2012) assevera que, de modo geral, as crianças aprendem os valores
e as habilidades de sua cultura, observando os adultos e os imitando. O autista
também, por isso é importante que as crianças brinquem em conjunto a
inclusão é necessária para que haja uma percepção e desenvolvimento da
capacidade imaginativa.
Nos termos da Lei 12.764/12 (Institui a Política Nacional de Proteção
dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista), essa lei inovou
ao garantir à pessoa com Autismo "o acesso a ações e serviços de saúde, com
vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo: a) o
diagnóstico precoce, ainda que não definitivo; b) o atendimento
25
multiprofissional; c) a nutrição adequada e a terapia nutricional; d) os
medicamentos; e) informações que auxiliem no diagnóstico e tratamento", além
de assegurar, em casos de comprovada necessidade, direito a acompanhante
especializado para a pessoa com Autismo incluída nas classes comuns de
ensino regular (art. 3°).
Para Maia (2011) o autismo pode ser conceituado como uma síndrome
clínica, classificada por:
“uma deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação social, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social, padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns”. (p. 33)
Para Relvas (2009), em um sistema de ensino e aprendizagem,
devem-se levar em consideração os fatores afetivos de modo que se torne a
interação com o educando mais flexível e adaptável. O corpo e o cérebro
formam um organismo indissociável. E o grande desafio da sociedade da
informação é estimular uma saudável relação emocional tanto quanto racional
com as informações.
No início do século XX, a questão educacional passou a ser abordada,
porém, ainda é muito contaminada pelo estigma do julgamento social. Nos dias
de hoje, entre todas as situações da vida de uma pessoa com necessidades
especiais, uma das mais críticas é a sua entrada e permanência na escola.
Ainda hoje, embora mais sutil, pratica-se a “eliminação” de crianças deficientes
do ambiente escolar. Por tudo isso os professores agora estão sendo
preparados para adaptar a criança com necessidades especiais para prolongar
a sua permanência na escola dita normal.
26
CAPÍTULO II
PLASTICIDADE NEURAL DO CÉREBRO AUTISTA
Os neurônios são capazes de se modificar durante toda a vida e até
mesmo se autoreproduzir em algumas partes do cérebro. A Plasticidade
Cerebral é uma capacidade adaptativa do SNC (Sistema Nervoso Central), e
tem como habilidade modificar a organização estrutural e funcional em
resposta aos estímulos ambientais.
O conceito da plasticidade cerebral para Lent (2008) tem se revelado
extremamente fértil no domínio da fisiologia do movimento. Segundo o autor
até os anos de 1980, acreditava-se que, uma vez estabelecidas durante o
desenvolvimento, às representações sensorimotoras tornavam-se estáveis,
permanecendo fixas por toda a vida adulta. Mas recentemente, tem-se
demostrado que essas representações são dinâmicas e estão em constante
mudança no cérebro humano, em função do aprendizado, da experiência
individual e dos estímulos ambientais. A plasticidade neural consiste no
conjunto de formas pelas quais essas modificações são implementadas,
constituindo de base para o funcionamento normal do encéfalo humano.
Segundo Relvas (2009) os estímulos ambientais constituem a base
neurobiológica da individualidade do homem, assim as mudanças no ambiente
interferem na plasticidade cerebral, e na aprendizagem.
Para Neto (2007), a Plasticidade Cerebral poderá ocorrer através
da eliminação de neurônios que não estão sendo utilizados; da modificação do
dinamismo morfológico e funcional daqueles neurônios que são utilizados,
através do crescimento dos seus dendritos e axônios; modificação dos
dendritos, espinhas dendríticas, terminal axônico, na formação de novas
sinapses e a modificação na produção das substâncias neurotransmissoras.
27
Em uma visão neurobiológica da aprendizagem, Pode-se dizer que,
quando ocorre a ativação de uma área cortical, determinada por certo estimulo,
provoca alterações também em outras áreas, pois o cérebro não funciona
como regiões isoladas. Segundo Relvas (2009), isso ocorre em virtude da
existência de um grande número de vias de associações organizadas, atuando
de um lado para o outro sem sair da massa cinzenta, podendo também
constituir feixes longos que trafegam pela substância branca para conectar um
giro a outro de um lobo a outro, dentro do mesmo hemisfério cerebral, que são
denominadas conexões intra-hemisféricas.
Pesquisas revelam que problemas de aprendizagem são mais comuns
em meninos que em meninas e que essas diferenças cognitivas refletem
projeções sociais.
O cérebro humano é susceptível em responder a estímulos desde antes
do nascimento e até mesmo em idades muito avançadas. Assim percebe-se
que qualquer faixa etária é sensível ao desenvolvimento das inteligências,
quanto mais se utiliza o cérebro, mais ele responde positivamente à
aprendizagem, o estímulo é necessário à evolução das inteligências. (VALLE,
et. al., 2007)
A unidade básica fundamental do sistema nervoso é o neurônio, que
permite a transmissão e o tratamento de dados e informações que transitam
entre o meio externo e interno e o córtex cerebral. A quantidade de neurônios e
as conexões cerebrais são enormes. O neurônio constitui-se de um corpo
celular e de terminais de comunicação: axônio, que é um prolongamento do
neurônio responsável por conduzir os impulsos elétricos do corpo como
músculos, os telodentros são ramificações do axônio em sua parte final; e os
dendritos são prolongamentos especializados na recepção de estímulos
nervosos. (METRING, 2011)
O autor relata que o sistema nervoso é dividido em central (SNC) e
periférico e estão associados às questões de captação e processamento de
informações, geração de soluções, comportamentos, memórias, julgamentos e
avaliações.
28
A diversidade dos achados neuropatológicos aliada às falhas das teorias
psicodinâmicas direcionou as pesquisas para a busca de pontes teóricas entre
o cérebro autista e seu padrão comportamental. Uma das teorias cognitivas do
autismo é baseada em três áreas centrais da interação social --- imitação,
atenção conjunta e relacionamento interpessoal --- e estas foram prejudicadas
em alguma fase do desenvolvimento, resultando em sérias limitações. (LENT,
2008)
Para Lent, o cérebro autista possui irregularidades em suas estruturas,
como no corpo caloso, que facilita a comunicação entre os dois hemisférios do
cérebro; na amígdala, que afeta o comportamento social e emocional; e
no cerebelo, que está envolvido com as atividades motoras, o equilíbrio e a
coordenação. Há também desequilíbrios nos neurotransmissores, que são
substâncias químicas que ajudam as células nervosas a se comunicarem. Dois
dos neurotransmissores que parecem ser afetados são a serotonina, que afeta
emoção e comportamento, e o glutamato, que tem um papel na atividade dos
neurônios. Juntas, essas alterações do cérebro podem ser responsáveis pelos
comportamentos do autista.
Metring (2011) diz que o sistema nervoso central é um canal de
comunicação que fica entre a vida orgânica e a vida mental, onde transitam
informações que geram os comportamentos e a aprendizagem, e pode ser
dividido em Sistema Nervoso Autônomo Parassimpático (SNAp), Simpático
(SNAs) e Entérico ou Visceral.
O SNAs situado do lado direito, responsável pela estimulação de ações orgânicas que permitam a esse organismo, responder adequadamente às situações de estresse, colocando o organismo em situação de alerta, ativando ou relaxando determinados órgãos e vísceras. O SNAp situado do lado esquerdo, é responsável pela estimulação de ações orgânicas que colocam o organismo em situação de repouso e calma, como a desaceleração dos batimentos cardíacos e contração pupilar. O Sistema Nervoso Entérico ou Visceral é constituído de uma rede de neurônios que integram o sistema digestivo como um todo. (p. 47)
29
Segundo Metring, essa informação é de extrema importância na área da
educação, pois o SNAs começa a atuar desde o nascimento e continua
atuando até o final da vida. Já o SNAp precisa ser treinado, isso significa que
organicamente o corpo está pronto a manter o estado de vigília, alerta, sem
relaxar, assim as funções viscerais estão preocupadas somente com a
manutenção da vida, podendo acomodar o uso das funções mentais.
Quando colocados em situação de estresse à criança ativa as atividades
SNAs e como resultado disso, todo um complexo de situações orgânicas será
ativado, despejando uma forte dose de adrenalina na corrente sanguínea que
fará com que haja acelerações em todo o sistema cardiorrespiratório, e
alterações nos sistemas de apoio, como o digestivo, e produção de hormônios,
e um sequestro de sangue do cérebro para manter a musculatura irrigada e
alimentada pra a situação de fuga. Assim havendo menos circulação de
sangue, haverá menos energia. Para o autor as escolas devem estar atentas a
essas necessidades, preparando ambientes e situações que provoquem o
mínimo de aversão e estresse para pensar num melhor aproveitamento do
cérebro para os processos de aprendizagem. O aprendizado é uma arma
poderosa na luta pela sobrevivência e é uma característica inata do cérebro.
(METRING, 2011)
Para Relvas (2009), havendo lesão ou danos amigdalares, a criança
perde a noção de afetividade em relação aos estímulos, não sabendo como
reagir diante determinadas situações, podendo ter uma reação dócil, ou uma
superexcitação amigdalar que pode fazer com que a pessoa fique
extremamente irritada e violenta diante do menor estímulo. Há então uma
oscilação de sentimentos e uma grande quantidade de adrenalina pode colocar
todo o organismo em situação de risco permanente. É importante que se tenha
conhecimento desses detalhes nos planejamentos de atividades de ensino.
Segundo Cunha (2012), as manifestações do autismo variam,
dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo.
Os testes realizados em crianças autistas demonstraram heterogeneidade e
dispersão de resultados diferentes, como em alguns campos específicos há
um desempenho excepcional. Em razão de diversas patologias e
30
comprometimentos, o autismo deixa de ser visto como um quadro específico,
para ser considerada uma síndrome que abarca subtipos variados de
sintomas.
A teoria cognitiva do autismo assume a hipótese de que uma criança
autista não pode representar os estados mentais dela mesma ou dos outros,
ou seja, tem uma forma própria de se relacionar com o mundo exterior, não
interagindo com outras pessoas, inclusive com os pais. (Ibid.)
Para Maia (2011) a evolução do transtorno autista é variável, a metade
apresenta muito pouco ou nenhum progresso e, na outra metade, pode-se ver
uma melhora mínima ou até um inesperado progresso. Os parâmetros do
Quociente de Inteligência (QI), a presença ou a recuperação da linguagem são
os que predizem a qualidade da evolução do caso em específico.
São chamadas autistas as crianças que têm inaptidão para estabelecer
relações normais com o outro; um atraso na aquisição da linguagem e, quando
ela se desenvolve, uma incapacidade de lhe dar um valor de comunicação.
Essas crianças apresentam igualmente estereotipias gestuais, uma
necessidade imperiosa de manter imutável seu ambiente material, ainda que
deem provas de uma memória frequentemente notável. Contrastando com
esse quadro, elas têm, a julgar por seu aspecto exterior, um rosto inteligente e
uma aparência física normal. (Leo Kanner, apud, OLIVER, 2011)
Para Lent (2008), todo o tecido nervoso apresenta plasticidade, que é a
capacidade de alterar de modo mais ou menos prolongado a sua função e a
sua forma. A neuroplasticidade deriva dos fenômenos do desenvolvimento
ontogenético, mas pode se estender até a maturidade. Durante o
desenvolvimento, no entanto, é mais expressiva do que na fase adulta. O autor
relata que como exemplos de neuroplasticidade a neogênese que ocorre em
algumas regiões do cérebro influenciada por fenômenos ambientais; a
regeneração bem-sucedida de axônios periféricos submetidos a lesões, e a
regeneração malsucedida dos axônios do sistema nervoso central. Nas
sinapses é que a plasticidade se mostra mais característica, sendo
considerada a base funcional da memória.
31
Relvas (2009) descreve que na recuperação do cérebro lesado, são
consideradas inúmeras possibilidades terapêuticas, capazes de demonstrar
bons resultados. A plasticidade cerebral é um tema que suporta abordagens
terapêuticas multidisciplinares neurológicas, voltadas ao desenvolvimento de
melhores condições cerebrais para o ato de aprender.
Vygotsky (2007, apud Cunha, 2011) afirma que é importante o
entendimento dos processos mentais do indivíduo para delinear programas de
tratamento educacional e desenvolver ao máximo as potencialidades
cognitivas.
O aluno com autismo é também um aprendiz que elabora suas ideias,
ordena suas ações, fazendo sincronização entre o funcionamento psíquico e a
capacidade motora. Sua cognição possui plasticidade, altera estruturas,
adapta-se a novas condições, mediada por estímulos. (CUNHA, 2011)
2.1 - O desenvolvimento de novos canais na integração com a
família e a escola
A prática escolar é uma grande oportunidade para profissionais e
familiares construírem um repertório de ações inclusivas para o aprendente
com autismo. Perfazendo uma concepção de aprendizagem que inclui desafios
e superação, sempre com o intuito de propiciar a autonomia, na escola e na
família. (CUNHA, 2011)
Giancaterino (2010) diz que “a escola deve ser vista como um ponto de
encontro, onde diversos profissionais, diferentes forças e interesses se
encontram e se articulam para, em um esforço coletivo, traçar as grades metas
da instituição”. E a família deve fazer parte desse esforço coletivo, onde o foco
maior é a criança e sua transformação em um ser social, capaz de exercer sua
cidadania.
Piaget defendia a ideia de que, para a criança aprender algo é
necessário desafiá-la. O desafio é sempre um estímulo ao uso da área do
32
córtex pré-frontal que é órgão regulador, onde os neurônios são especializados
em atividades nobres, onde as funções mentais superiores são realizadas,
como julgamento, planejamento, criação de estratégias, organização da
linguagem e do pensamento, censura moral e social, controle de atenção e
concentração, armazenamento de informação para elaboração de processos
crítico e transformador. (METRING, 2011)
Por meio do conhecimento de como o cérebro funciona e de como
suas atividades cerebrais biológicas, psicológicas, sociais e ambientais, se
adaptam. Relvas (2009) relata que o ser humano utilizou de suas inteligências
múltiplas, construindo possibilidades de sobrevivência, em uma adaptação
competitiva e solidária para o desenvolvimento da espécie, garantindo, a
evolução do cognitivo, emocional, afetivo e social, tanto nos homens quanto
nas mulheres.
A educação se faz presente tanto nos lares, pois é no ambiente
familiar que são transmitidos os valores sociais e a estrutura pessoal de cada
membro da sua família, quanto nas escolas, por isso é necessária à parceria
entre a família e a escola, num sentido de amparo. Ao reforçar essa parceria
temos um ambiente mais saudável, menos desfavorecido de acontecimentos
que venham a atrapalhar o trabalho dos profissionais de educação. E em
contrapartida os educandos têm mais respaldo em suas ações que serão
menos indisciplinares e mais condizente com realizações de tarefas plausíveis
ao que chamamos de comportamento exemplar. (CARVALHO, 2009)
O ambiente escolar é surpreendentemente progressivo no estímulo de
vivências, devendo ser preparado de forma adequada à diversidade discente.
Educar na diversidade e para a diversidade é um desafio. (OLIVER, 2011)
Cunha (2012) descreve que uma criança típica aprende, por meio de
brincadeiras, com os pais, os colegas e os professores na escola. Faz
amizades e adquire habilidades motoras e cognitivas. Maria Montessori diz que
a criança cria a própria “carne mental”, usando as coisas que estão no seu
ambiente. Ela chama a mente da criança de “mente absorvente”. Para uma
criança autista existe uma relação diferente entre o cérebro e os sentidos, e as
informações nem sempre se tornam em conhecimento. A criança precisa
33
entender a função de cada objeto e seu manuseio adequado. As estereotipias
e formas incomuns de manuseio, criadas pelo autista causam atraso no
desenvolvimento motor, principalmente nos mais finos.
A criança autista é extremamente atraída por objetos que rodam e
balançam, assim deve-se aproveitar esse fascínio para ensinar à criança a
forma correta de utilização do objeto, sendo imprescindíveis à virtude da
paciência e a espera por resultados não imediatos. (Ibid.)
O convívio com um autista é por demais desgastantes, pois, exige dos
familiares uma atenção permanente. Muitas vezes são hiperativos e/ou
agressivos, o que eleva a carga de tensão do ambiente doméstico. A família
pode colaborar de maneira muito especial para o desenvolvimento da criança
portadora de autismo na escola, principalmente fornecendo aos profissionais
informações sobre as formas de comunicação da criança. Havendo pelo
menos uma forma de comunicação utilizada pela criança, outras podem ser
desenvolvidas (PORTO, 2011).
Para Cunha (2011) é normal à criança autista sentir-se desconfortável
e intimidada em um ambiente novo. É normal buscar apoio nas coisas ou nos
movimentos que a atraem, mantendo-se permanentemente concentrada neles,
esquecendo de todo o resto. É normal a birra quando alguém o contraria. É
normal o medo e a raiva ganharem proporções traumáticas. É preciso
aprender a se relacionar com a realidade do mundo autístico.
Na concepção de Piaget a compreensão do desenvolvimento cognitivo,
ressalta que nele se insere o desenvolvimento da sensação, da percepção e
da imaginação. Estes processos psicológicos humanos desenvolvem-se pela
experiência do indivíduo em seu ambiente, dependendo das atividades que
realiza em seu grupo social. (PORTO, 2012)
Todo e qualquer relacionamento se baseia no respeito às diferenças, e
não na transformação do outro naquilo que ele nunca poderá ser. O apoio da
família é de extrema importância no acompanhamento do autista, essa tríade
entre escola, família e autista, é necessária á formação da criança em suas
experiências e desenvolvimentos físicos, emocionais e cognitivos. (OLIVER,
2011)
34
Alguns filósofos traçaram alguns conceitos sobre a inteligência, como
por exemplo, Platão foi o primeiro a crer que a inteligência vinha da cabeça,
por ter esta uma forma aproximada de uma esfera, que considerava símbolo
da perfeição. Já Aristóteles, acreditava que a mente se encontrava no coração,
pelo fato de ser o órgão quente e pulsante, e a cabeça servia apenas de
refrigeração do corpo. Para Leonardo da Vinci, o pensamento vinha do
cérebro, porém não sabia como isso ocorria. René Descartes, com a frase
“penso, logo existo”, consagrou sua tese de que o pensamento podia viver
dentro da cabeça, mas era algo imaterial como a alma. Alguns antigos
procuravam medir a inteligência pelo tamanho do crânio e da testa. Segundo
pesquisadores a inteligência é emoção, e as crianças que aprendem a
controlar suas emoções são inteligentes. Quanto mais à criança aprender a
controlar seus impulsos e aprender a negociar com os outros para realizar
seus desejos, mais inteligente ela será. (RELVAS, 2009)
2.2 - A intervenção precoce e as transformações da atividade
cerebral do autista
Foi Hipócrates, através da Medicina Moderna, que surgiu com a ideia
de que o cérebro se dividia em duas extremidades, chamadas de hemisférios e
que neles estavam a todas as funções biológicas da mente. Para ele partia do
cérebro a função de adaptação do ser humano ao meio que o cerca, a forma
de aprendizagem, a interação em se relacionar socialmente.
Segundo Relvas (2009) na formação do cérebro humano, existe o
cérebro primitivo ou arquencéfalo, responsável pela autopreservação e
agressão, é formado pelas estruturas do tronco encefálico e cerebelo, pelo
antigo núcleo da base, o globo pálido e pelos bulbos olfatórios. O cérebro
intermediário, que é a unidade cerebral responsável pelas emoções, e é
formado pelas estruturas do sistema límbico e corresponde ao aprendizado
das relações afetivas e o cuidado e proteção com os mais próximos. O cérebro
35
superior é responsável pelas tarefas intelectuais, e compreende o neocórtex e
alguns grupos neurais e subcorticais. Essas três estruturas se formam durante
o desenvolvimento do embrião e do feto, e foram aparecendo uma após a
outra.
As dificuldades de aprendizagem não são uma condição ou síndrome
simples, nem decorrem apenas de uma única etiologia, é a manifestação de
um conjunto de condições e de problemas heterogêneos e de uma diversidade
de sintomas e de atributos que obviamente subentendem diversificadas e
diferenciadas respostas clínico educacionais. Para Fonseca (apud, Porto,
2012), dificuldades de aprendizagem é um termo geral que se refere a um
grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas
na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da
escrita e do raciocínio matemático. Tais desordens, consideradas intrínsecas
ao indivíduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfunção do sistema
nervoso central, podem existir com as dificuldades de aprendizagem.
Para Cunha (2011), o padrão de comportamento autístico impõe
rigidez a uma série de aspectos do funcionamento diário, tanto em atividades
novas como em hábitos e brincadeiras. O estímulo e a rotina podem ser
grandes aliados ao trato do autista, a rotina pode ser transformada em uma
ferramenta, criando uma possibilidade de aprendizagem. O estímulo para uma
saudável vida diária traz confiança e pode abrir oportunidades para o ensino
de novas habilidades. As descobertas do autista são muito influenciadas pelas
sensações com pouca interferência cognitiva. Estimular a percepção de uma
criança ajuda o desenvolvimento de abstrações, pensamentos e ideias.
A autora também enfatiza que para melhor aproveitamento das
propostas pedagógicas, devem ser observados alguns aspectos como: a
capacidade sensorial, o autista tem o tato, a audição e a visão como campos
perceptivos extremamente sensíveis. Às vezes o autista não suporta barulhos,
assustando-se ou se atraem pelo ruído, no campo visual se atêm a observar
detalhes no ambiente, imperceptíveis e não atentam para o conjunto. Em
relação à audição é necessário falar de forma disciplinada e manter o ambiente
o mais equilibrado possível. A percepção tátil poderá ser o caminho para
36
realizar descobertas, por meios de materiais de desenvolvimento ou
brinquedos pedagógicos. A capacidade espacial, que caracteriza a
fragmentação da percepção visual, a habilidade espacial torna-se limitada,
fixando detalhes menores em detrimento da consciência global. A inteligência
espacial regula os sentidos de lateralidade e direcionamento.
O aspecto social da vida é a parte que a maioria das pessoas
frequentemente aprecia acima de todas as outras. As crianças em fase de
idade escolar gostam das brincadeiras e de fazer novas amizades ao contrário
das crianças com autismo, que preferem afastar-se das outras crianças e
centrarem em Objetos. Em geral as pessoas autistas são confrontadas pela
sua incapacidade natural aos desafios a diferentes situações sociais, no dia-a-
dia. (MAIA, 2011)
Cunha (2011) relata que dentro de uma aula bem planejada e
motivada, o aluno regular e o autista, estarão produzindo processos químicos
do cérebro, conexões biológicas e neurológicas, ininterruptas correntes
elétricas que resultam em sinapses, assim estarão possuindo interesses que
ajudarão sua cognição, dentro das suas peculiaridades.
Quando se aplica o conceito de plasticidade cerebral à educação, é feito
uma adequação do sistema nervoso diante das influencias ambientais,
restabelecendo ou restaurando funções desorganizadas por condições
patológicas. Para Relvas (2012), esse processo favorece a motricidade,
percepção e linguagem, remodelando o cérebro em função das experiências
do sujeito, reformulando as conexões em virtude das necessidades,
aumentado à capacidade regenerativa.
Ainda que a criança autista não aprenda perfeitamente o que se busca
ensinar, ela estará trabalhando sempre a interação, a comunicação, a
cognição e os movimentos. Haverá conquistas e erros, mas o trabalho nunca
será em vão, mesmo que ocorram mais erros que acertos. O afeto é o
primordial valor na dinâmica e na superação das dificuldades. (CUNHA, 2011)
A inclusão da criança autista no ensino regular é necessária, para que a
mesma aprenda a viver na interação social e assim ao adquirir este raciocínio
possa imitar as crianças desenvolvendo assim a consciência própria, desta
37
forma começam a perceber as relações de causa/efeito do meio onde está
inserida, em relação às suas ações. Os educadores têm um papel importante
no que diz respeito à introdução física, acadêmica e social das crianças com
autismo na classe regular, sensibilizando todos os alunos para as diferenças
com o objetivo promover atitudes positivas em relação à adaptação de toda
escola. Aprendendo assim a lidar com a diversidade de uma forma positiva
sem abalar a autoestima da criança. (METRING, 2011)
Para Vygotsky (2007, apud, Cunha, 2011), na educação a comunicação
propicia a socialização fundamental para o aprendizado. A instrução escolar,
mediante a socialização, cria o que o autor chama de “zona de
desenvolvimento proximal”, um conceito central em sua teoria, definindo
funções ainda não amadurecidas, que ainda se encontram no processo de
maturação do desenvolvimento. A dificuldade do autista pode ser sanada pelo
suporte educacional para promover a interação social dentro e fora da escola,
ou seja, na família e nos demais ambientes.
38
CAPÍTULO III
O MUNDO AUTISTA E SUA INCLUSÃO SOCIAL
Não se pode pensar em inclusão, sem pensar em um ambiente
inclusivo. Educação inclusiva significa provisão de oportunidades justas a todos os
estudantes, incluindo aqueles com deficiências severas, para que eles
recebam serviços educacionais eficazes, com os necessários serviços
suplementares de auxílios e apoios, em classes adequadas, a fim de prepará-
los para uma vida produtiva como membros plenos da sociedade. (SILVA,
2012)
Segundo Silva (2012), a criança com autismo tem uma hiperatividade
física diferente daquela que é portadora de Transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH), estudos no campo da neuropsicologia têm
demonstrado que indivíduos com autismo aparentam ter dificuldades na área
cognitiva de funções executivas. Essas funções são um conjunto de processos
neurológicos que permitem que a pessoa planeje coisas, inicie uma tarefa, se
controle para continuar a tarefa, tenha atenção e, finalmente resolva o
problema.
Freire (1997, apud, Metring, 2011) fala que não há educação fora das
sociedades humanas e não há homem no vazio. A escola deve educar,
também, para o desenvolvimento da autonomia do aprendente, abrangendo
toda a complexidade que há na individualidade de cada um, pois a natureza
humana é uma unidade complexa, é um só tempo físico, biológico, psíquico,
cultural, social e histórico.
Para Cunha (2011), quando se fala em mundo autístico, é notório
reconhecer as dificuldades na comunicação, na linguagem e no
relacionamento social. Porém, são sensíveis e é pelo afeto que se faz essa
comunicação, segundo o autor pelo “pelo afeto que nos tornamos escultores
de nós mesmos no mundo exterior”.
39
Segundo pesquisas, o autismo não causa outras doenças, mas outras
doenças podem favorecer seu desencadeamento. Os fatores externos que
causam o autismo são as doenças infecciosas da gravidez, como a rubéola, a
sífilis e a toxoplasmose; as doenças infecciosas do cérebro, como a meningite;
as lesões traumáticas; o uso de drogas pelos pais; além de doenças genéticas
que cursam com retardo mental. A disfunção cerebral faz com que a criança
estabeleça reações pouco usuais a sensações diversas, como ouvir, ver, tocar
e degustar. (METRING, 2011)
Para Barbirato (2009), autismo é um transtorno evasivo do
desenvolvimento que se manifesta antes do terceiro ano de vida e no qual um
severo comprometimento neurológico, leva ao desenvolvimento desordenado
da criança. A condição é crônica e a evolução é prejudicada nas áreas
psíquica, social e linguística. A disfunção cerebral faz com que a criança
estabeleça reações pouco usuais a sensações diversas.
Incluso neste rol de pessoas com necessidades educativas especiais
está o autista. Este não é considerado como uma pessoa com deficiência, mas
como um indivíduo com transtornos globais do desenvolvimento. O autismo é
definido com sendo: um distúrbio do desenvolvimento. Uma deficiência nos
sistemas que processam a informação sensorial que faz com que a criança
reaja a alguns estímulos de maneira excessiva, enquanto a outros reage
debilmente. E que, muitas vezes a criança se ‘ausenta’ do ambiente das
pessoas que a cercam a fim de bloquear os estímulos externos que lhe
parecem avassaladores. O autismo é uma anomalia da infância que isola a
criança de relações interpessoais. Ela deixa de explorar o mundo à sua volta
permanecendo em vez disso em seu universo interior, em seu mundo autista.
(OLIVER, 2011)
É importante que se socialize o autista ao mundo exterior e uma das
estratégias utilizadas é a formativa em educação inclusiva, que vem desde a
Educação Básica até a Educação Superior e aos processos de formação
permanente, que perpassam por buscas de novos pontos de ação-reflexão-
ação, visando à construção efetiva de novos modos e formas de pensar e agir
em Educação. O universo da aprendizagem para uma escola inclusiva e para
40
uma sociedade de todos, necessita criar estratégias de vínculos entre o real e
os conteúdos concretos, pois estes fazem parte da herança cultural acumulada
pela humanidade, aos mundos dos campos simbólicos e psíquicos do sujeito
humano em processo de atividade cognoscente. (VALLE, et. al., 2007)
O artigo 59, da LDBEN, (1996), preconiza que os estabelecimentos de
ensino devem garantir aos alunos da educação especial, currículos,
procedimentos, métodos, recursos, e estratégias, para uma organização
específica em atendimento às suas necessidades.
Para complementar as ações da educação especial, tem-se no artigo 24
do Decreto n° 3.298/99 que regulamenta a Lei n° 7.853/89, que a oferta da
educação especial deve ser gratuita e obrigatória, nos estabelecimentos
públicos de ensino e que todo aluno com necessidades especiais têm direito
aos mesmos benefícios concedidos aos demais alunos, como transporte
escolar, merenda escolar e bolsa de estudos, ou seja, que eles não tenham
tratamento diferenciado dos demais colegas devido a sua deficiência.
O importante é que mesmo tendo suas diferenças, sua limitações, o
aluno com autismo ou alguma deficiência seja tratado igualmente perante os
outros colegas, pois estes possuem os mesmos direitos de um “cidadão
comum”, inclusive o direito de não serem discriminados devido à sua condição,
como se pode ver na Convenção de Guatemala (1999), promulgada no Brasil
pelo Decreto n° 3.956, em 2001, que afirma:
... As pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não serem submetidas a discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano (BRASIL, 2001, p.2).
Segundo Valle (et. al., 2012) para que se possam ter visões e revisões
no ato de incluir, a condição fundamental é a investigação. Investigar é fazer
valer a capacidade humana de busca de compreensão para que seja
percebida a realidade. A inclusão é essencial para o movimento de ser
investigador. A inclusão só pode acontecer se cada sujeito buscar relacionar
41
criticamente com modelos, valores, histórias, heranças. É preciso que os
mediadores de pessoas em formação, reconheçam e ensinem que cada um é
diferente, tem experiências diferentes. Assim se aflorará a beleza e a magia de
uma sociedade melhor, mais inclusiva e menos preconceituosa.
Através da inclusão de alunos com necessidades especiais nas escolas
é possível desenvolver na cultura escolar o respeito às diferenças e
consequentemente contribuir para diminuir ou eliminar o preconceito, que é
uma das razões para se praticar a exclusão tanto na escola quanto na
sociedade, além de permitir que os alunos especiais aprendam com outras
crianças e estejam suscetíveis a diversidade. (MAIA, 2011)
3.1 - O diagnóstico e tratamento do autismo
Segundo Oliver, (2011), até fins da década de 60, o autismo era
considerado uma forma de esquizofrenia infantil e classificada dentro da
categoria das “psicoses infantis”. Em 1980, com o surgimento da terceira
edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III),
da Associação Americana de Psiquiatria, o autismo se converteu no protótipo
de um novo grupo de transtornos do desenvolvimento descrito sob o título de
transtornos globais do desenvolvimento. Com a publicação da quarta edição do
manual (DSM-IV) em 1994, pela primeira vez foi incluído o termo qualitativo
para descrever as deficiências dentro dos critérios maiores, definindo a
extensão das deficiências ao invés da absoluta presença ou ausência de um
comportamento particular como suficiente para critério diagnóstico.
Maia (2011) complementa que a classificação atual DSM-IV-TR,
publicado em 2000, usa o termo transtorno global do desenvolvimento para
abranger o largo espectro de distúrbios do desenvolvimento com as
características que incluem cinco subtipos comportamentais: Transtorno
Autista (autismo clássico); Síndrome de Asperger; Transtorno Desintegrativo
da Infância (Síndrome de Heller); Síndrome de Rett; TGD-SOE (Transtorno
Global do Desenvolvimento sem outra Especificação), ou seja, quando não
42
preenche adequadamente os critérios diagnósticos para os transtornos
anteriores.
De acordo com o autor com a grande variabilidade clínica que ocorre em
indivíduos autistas, que inclui indivíduos com todos os níveis de inteligência e
habilidade de linguagem, tornou-se mais apropriado o uso do termo Transtorno
do Espectro Autista (TEA).
Para Cunha (2011), o padrão de comportamento autístico torna a forma
de uma tendência que impõe rigidez e rotina a uma série de aspectos do
funcionamento diário, tanto em atividades novas como em hábitos familiares e
brincadeiras. A Perturbação Autística varia de criança para criança, por isso,
destacam-se características comuns em crianças que se percebido
precocemente ajudam o reconhecimento do transtorno:
- Perturbação na interação do bebê (como primeiro sinal de alerta); - Aparenta ser surdo, mas não é; - Apresenta dificuldade em estabelecer contato visual; - Age como se não soubesse o que se passa com as outras pessoas; - Pode começar a desenvolver a linguagem, mas pode cessar a sua aquisição sem motivo aparente; - Por vezes ataca as pessoas sem motivo; - Não está normalmente disponível para comunicar com as pessoas; - Não explora o ambiente, ou novidades, fixando-se em poucas coisas; - Apresenta gestos repetitivos e sem motivo aparente, como se balançar em movimentos repetitivos ou balançar as mãos; - Cheira, lambe e morde roupas ou objetos; - Mostra-se insensível a ferimentos e pode magoar-se a si próprio. (p. 28 e 29)
Maia (2011) complementa que existem crianças com síndromes
neurológicas bem definidas que se associam a um comportamento autista.
Alguns fatores pré-natais incluem exposição intrauterina à rubéola, talidomida
(uma droga teratogênica) ou valproato (uma medicação para epilepsia),
esclerose tuberosa, síndrome de Cornélia de Lange, anormalidades
cromossômicas, como síndrome do X-frágil, síndrome de Angelman e, mesmo
43
ocasionalmente, síndrome de Down, assim como anormalidades cerebrais,
como a hidrocefaliamni. Condições pós-natais associadas com autismo são
fenilcetonúria não tratada, espasmos infantis, encefalite herpética e, muito
raramente, lesões focais cerebrais.
Muitos acham estranho o comportamento dos autistas, mais é
importante incluí-los à sociedade, pois eles possuem dificuldades em fazê-lo. É
preciso o desenvolvimento de uma metodologia criativa, estruturada e
interessante para o trabalho com autistas. Há diversas técnicas para eles se
sociabilizarem e cada uma tem um nível de eficiência de acordo com o perfil
psicossocial de cada indivíduo. Os autistas devem ser estimulados a
desenvolverem todas as atividades, sem discriminação. (VALLE, et. al., 2012)
3.2 - O cérebro masculino e o autismo
Para Metring (2011), o cérebro humano é a máquina mais perfeita e
complexa existente no planeta. O cérebro humano passou a existir no
momento em que o animal começou a necessitar de planos mais elaborados
para dar conta de sua sobrevivência e manipular o meio onde vivia. Essa
camada é chamada neopálio, ou neocórtex. Neo de novo, portanto, manta
mais nova. Nessa nova massa, concentram-se as funções intelectuais, a lógica
e a razão. O neocórtex existe em muitos animais, mas somente no ser humano
ele consegue seu pleno desenvolvimento. Porém para o funcionamento
adequado ser atingido é necessário que todo o cérebro trabalhe em conjunto.
Relvas (2007) descreve o caminho percorrido pelos estímulos cerebrais
no processo de aprendizagem da seguinte maneira:
- O córtex cerebral, nas áreas do lobo temporal, recebe, integra e organiza as percepções auditivas; - Nas áreas do lobo occipital, o córtex recebe, integra e organiza as percepções visuais.
44
- Nas áreas temporais e occipitais se ligam às áreas do lobo frontal, situadas na terceira circunvolução frontal, responsável ela articulação das palavras. A articulação frontal ascendente é responsável pela expressão da escrita (grafia). - A área parietotemporoccipital é responsável pela integração gnóstica, e as áreas pré-frontais, pela integração práxica, desde que essas funções sejam moduladas pelo afeto e pelas condições cognitivas de cada um. Nesse processo, são ativadas as funções perceptivas e motoras, além das funções cognitivas do ato de aprender, produzindo modificações no Sistema Nervoso Central. O Ato de aprender é como um “ato de plasticidade cerebral”, modulando por fatores intrínsecos genéticos e extrínsecos que se pautam na experiência do sujeito. (p. 92)
Durante a gestação, o cérebro do bebê em formação recebe grandes
quantidades de hormônios secretados pelos ovários ou testículos do embrião
em desenvolvimento. Esses hormônios darão ao cérebro uma conformação
masculina ou feminina, de acordo com a gônada do feto, e também irão
interferir no hipotálamo tornando-o sensível aos feromônios masculinos ou
femininos, determinando assim a orientação sexual. (CUNHA, 2011)
Conforme Silva (2012), segundo o psiquiatra Baron-Cohen, o cérebro
feminino é mais bem adaptado para o mundo social, mais ligado a sentimentos
e emoções. Já o cérebro masculino busca sempre uma razão para cada ação
e, nesse sentido, está mais envolvido com o mundo lógico, com regras por trás
do funcionamento dos sistemas. Para a autora desde pequenos os garotos se
identificam com áreas relacionadas a mecânica, elétrica ou hidráulica, tentando
entender o funcionamento de tudo. O raciocínio concreto, a identificação com
as ciências exatas e a capacidade de trabalhar com números, acompanham os
meninos desde cedo. Meninas utilizam a inteligência emocional, são mais
criativas nas brincadeiras de “faz de conta”, se imaginam mães ao ninar suas
bonecas, são dóceis, afetivas.
Para Valle (et. al., 2012), o cérebro masculino é cerca de 9% maior do
que o feminino tendo uma maior dimensão da substância branca, e a
quantidade de massa cinzenta que é associada às funções cognitivas
superiores, é idêntica em ambos os sexos. No entanto, o corpo caloso,
estrutura que estabelece a conexão entre os hemisférios cerebrais direito e
45
esquerdo, é proporcionalmente mais desenvolvido nas mulheres. Os neurônios
das mulheres parecem formar maior número de conexões (sinapses), porém
os homens têm em média uns 20 milhões de neurônios a mais, as áreas
cerebrais que controlam a linguagem masculina estão limitadas ao hemisfério
cerebral esquerdo, a mulher utiliza os dois hemisférios ao falar.
Silva (2012) relata que o mecanismo responsável por essas diferenças
corre por conta da exposição do sistema nervoso à ação da testosterona
produzida pelos testículos durante a vida embrionária e neonatal. Meninas que
nascem com hiperplasia adrenal congênita, condição genética em que ocorre
aumento de produção de testosterona, exibem comportamento mais
semelhante ao dos meninos. Segundo a autora um cérebro masculino não
precisa estar exclusivamente em um homem. Existem homens com cérebros
mais femininos e muitas mulheres com cérebros mais masculinos.
O psiquiatra Leo Kanner, alega que a incidência é de quatro a cinco
homens para cada mulher, mas quando a doença se dá no sexo feminino é
mais grave. O psiquiatra explica que em toda psiquiatria infantil as doenças
acometem mais os meninos e, como regra geral, quando as meninas são
acometidas, são por quadros mais graves. Essa proporção seria mais um
indicativo das questões genéticas. (OLIVER, 2011)
3.3 - As melhoras na integração do cérebro do indivíduo autista
Para Lent (2008) as bases neurológicas das emoções remontam as
contribuições fundamentais da primeira metade do século XX, das quais se
destacam evidências clínicas e experimentais que apontam o hipotálamo como
o responsável pela integração de diversas respostas endócrinas, autonômicas
e comportamentais essenciais para a sobrevivência do indivíduo e da espécie.
Onde ele é a peça fundamental no controle da homeostasia do meio interno e
o controle neural de comportamentos.
46
As questões neurológicas, as abordagens neuropedagógicas, as
contribuições da plasticidade neural, os estudos epistemológicos de Piaget,
que buscavam respostas a respeito do desenvolvimento da inteligência
humana, o enfoque interacionista de Vygotsky e a integração dos conjuntos
funcionais como o afeto, o cognitivo, o motor e o pessoal, presentes nos
estudos de Wallon, juntamente com as contribuições da Neurociência e dos
trabalhos de Gardner, Damásio e Goleman, dentre outros. (OLIVER, 2011)
Além, da pesquisa de Paulo Freire, de escopo social e de valoração do
aluno, e de Maria Montessori, que possibilitou ao educador um olhar sobre sua
prática docente atendendo aos anseios do aprendente e favorecendo a sua
autonomia. Esses autores enriquecem e dão sustentação teórica à atuação
psicopedagogia que atende alunos típicos ou com dificuldades de
aprendizagem. (Idem)
Biologicamente existe no cérebro humano, a produção de impulsos
eletroquímicos que resultam em funções mentais, pensamentos, sentimentos,
dor, alegria e movimentos motores, que são incessantemente estimulados no
ambiente. Segundo, Cunha (2011), nenhuma área do nosso ser integral pode
assumir exclusivamente a responsabilidade pelo aprendizado. Somos seres
adaptáveis às contingências biológicas ou não, porque todos os canais de
aprendizagem estão interligados, articulados e acessíveis aos estímulos.
O cérebro exibe o crescimento de conexões neuronais e, segundo
pesquisas em comportamento biológico, acredita-se que a memória implica
mudanças estruturais nos circuitos neurais, há um desenvolvimento maior de
células neurônios em ambientes com estímulos externos. A presença de
estímulos, como cores, músicas, sensações cenestésicas, variedade de
interação com colegas e parentes das mais variadas idades, exercícios
corporais e mentais, pode ser benéfica. Atividades multidisciplinares podem
recuperar as funções perdidas, quando submetidas à estimulação mental
intensa e diversificada. (RELVAS, 2009)
O conhecimento não se constrói linearmente, mas segue caminhos não
ortodoxos e até divergentes, tecidos na complexidade, como fala Edgar Morin,
articulando cognição, motricidade, culturas, saberes, interações. As práticas
47
sociais, onde estão incluídas as práticas pedagógicas da escola, contribuem
grandemente para os artefatos educativos que dão tessitura ao saber.
Para Silva (2012), o processo de aprendizagem é desencadeado a partir
da motivação. Esse processo se dá no interior do sujeito, estando, entretanto,
intimamente ligado às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio,
principalmente, seus professores e colegas. Nas situações escolares, o
interesse é indispensável para que o estudante tenha motivos de ação para
apropriar-se do conhecimento.
Para Cunha (2011) os trabalhos artísticos estimula o foco de atenção de
qualquer aprendente, pois demandam proficuamente a concentração, servindo
como intervenção psicopedagógica. Na pintura, no desenho ou nas atividades
com massa, os canais da sensibilidade são os melhores receptores da
aprendizagem. Por eles, de forma lúdica, podem ser alcançados resultados
motores e cognitivos essenciais à educação do indivíduo e principalmente do
autista.
Segundo o autor, a música, também, desenvolve habilidades que estão
ligadas à memória, à representação geométrica e à leitura, pois, os
movimentos no uso dos instrumentos fomentam constante articulação
psicomotora e ajudam no desenvolvimento da linguagem. São
instrumentalizadores de propostas educacionais motores e cognitivos e de
relações afetivas com o saber.
O lúdico ainda é a melhor forma de acessar o cérebro por várias vias
sensórias, pois, desde muito cedo, nosso cérebro gosta de brincar. Isso vale
para crianças, adolescentes ou adultos. Na brincadeira, o sistema límbico
permite maiores impressões de prazer do que de desprazer. Portanto, junto ao
lúdico, pode se associar conteúdos importantes para a vida do aprendiz.
(BOMTEMPO, 2004, p.124, apud, METRING, 2011).
Conforme Valle (et. al., 2012), quando se fala em aprendizagem,
entende-se que se trata de um processo complexo, que a partir de ocorrências
e mudanças no interior do indivíduo, manifesta-se exteriormente, expressando-
se por meio de ações cognitivas, emocionais e comportamentais. Ademais,
48
quem aprende realiza a função social da educação, apropriando-se de
conhecimentos que irão fazer parte do seu patrimônio intelectual e prático.
Relvas (2009) relata que as emoções são fortes aliadas para a espécie
humana, pois a crescente interligação da amígdala cerebral (emoção) e córtex
(razão) envolvem fibras que saem do córtex para a amígdala e vice versa. Se
essas vias neurais alcançarem equilíbrio, é possível que o embate entre
pensamento e emoção possa ser resolvido, não pela dominância dos centros
emocionais pelas cognições corticais, mas por uma integração mais
harmoniosa de razão e paixão. Com crescente conexão entre o córtex e a
amígdala, cognição e emoção poderão começar a trabalhar em conjunto. O
desenvolvimento emocional é influenciado pela hereditariedade intrínseca e
pela aprendizagem extrínseca.
49
CONCLUSÃO
O autismo é uma síndrome comportamental com características de um
distúrbio de desenvolvimento. Sua etiologia ainda não foi definida, porém com
avanços da neurociência algumas investigações sugerem que existem alguns
fatores genéticos e ambientais que são considerados determinantes.
Existem algumas teorias que se destacam como as psicogenéticas,
biológicas, psicológicas, afetivas e as cognitivas.
O tratamento do autismo se dá pela área da educação, onde as
atividades com a criança autista visam à sua independência, trabalhar a
comunicação e a linguagem expressiva e receptiva, possibilita sua autoria nas
ações, facilitando os processos pedagógicos de ensino e aprendizagem.
Atividades que estimulem elaborações cognitivas na área da comunicação,
unindo a ação sensitiva, tão comum nos autistas, com interesses afetivos,
possibilitando o aperfeiçoamento das suas habilidades e sua inserção social.
Na teoria psicogenética, Kanner em 1943 considerou o autismo como
uma perturbação do desenvolvimento, sugerindo a possibilidade de existência
de uma componente genética que com o passar do tempo se revelou correta,
esta perspectiva fundamenta-se nas teorias psicanalistas e defendem que as
crianças autistas eram normais no momento do nascimento, mas que devido a
fatores familiares o desenvolvimento afetivo das crianças era afetado, o que
provocava um quadro autista.
Nas teorias biológicas, as perturbações do espectro autista, revelam
indícios de que existiria uma origem neurológica de base. Partindo das
hipóteses psicogenéticas, um dos primeiros argumentos estava relacionado
com o fato de que as crianças autistas possuem grande probabilidade de vir a
sofrer de epilepsia, indicando a existência de uma perturbação neurológica, os
genes desempenham um papel importante no aparecimento desta
perturbação, por isso a doença se manifesta mais em homens que em
mulheres. Alguns autores associam o autismo com vários distúrbios biológicos
como paralisia cerebral, rubéola pré-natal, toxoplasmose, infecções por
50
citomegalovírus, encefalopatia, esclerose tuberosa, meningite, hemorragia
cerebral, fenilcetonúria e vários tipos de epilepsia, assim partindo dessas
concepções hoje se aceita que o autismo resulta de uma perturbação de
determinadas áreas do sistema nervoso central, que afetam a linguagem, o
desenvolvimento cognitivo e intelectual e a capacidade de estabelecer
relações.
Nas teorias psicológicas o autismo é definido em termos
comportamentais, a princípio uma dessas teorias verificou que a criança com
autismo falhava na associação dos estímulos recebidos com a memória.
Depois foi detectado um défice cognitivo básico subjacente, em que autistas
armazenavam as informações verbais de forma neutra, sem analisar, atribuir
significado ou reestruturar, dificultando assim a realização de tarefas. Esta
hipótese desencadeou a pesquisa de uma patologia encefálica, sobretudo nos
níveis das funções linguísticas. Uma disfunção nos dois hemisférios, do corpo
caloso ou do tronco cerebral. Surgindo a teoria da tríade de incapacidades
comportamentais presentes no autismo.
Teoria afetiva partiu da tese de Kanner de que crianças com autismo
sofriam de uma inabilidade inata de se relacionarem emocionalmente com
outras pessoas e foi retomada por Hobson em 1993. A teoria afetiva sugere
que o autismo se origina de uma disfunção primária do sistema afetivo, uma
inabilidade inata básica para interagir emocionalmente com os outros,
acarretando uma falha no reconhecimento de estados mentais e um prejuízo
na habilidade para abstrair e simbolizar, dificultando assimilar tanto as
informações sensoriais quanto a experiência perceptiva, por isso, o desvio do
olhar, o retraimento da interação social, reações negativas por parte do autista.
Na teoria cognitiva, Ritvo em 1976, tornou-se um dos autores pioneiros
a considerar a síndrome Autística como uma desordem do desenvolvimento
causada por uma patologia do sistema nervoso central, salientando os déficits
cognitivos do autismo. Nesta concepção, cientistas concordam que é
importante que se diagnostique o quanto antes a síndrome autista para que
seja feita uma intervenção precoce.
51
Vários autores ao longo dos anos em suas análises, relativas às
manifestações autistas, estabelecem um conjunto de sinais e sintomas
específicos capazes de identificar a patologia autista, e capazes de reunir o
consenso entre várias análises teóricas, segundo os autores, a aplicação do
diagnóstico autístico vem de um sistema de classificação diagnóstica, preciso e
com o menor número de erros possível, tem sido feito por profissionais
capacitados através de anamnese e o histórico do paciente, respaldando-se no
Manual de Diagnósticas e Estatísticas de Distúrbios Mentais (DSM-IV) e CID-
10 (Classificação Internacional de Doenças), publicada pela Organização
Mundial de Saúde.
A síndrome do autismo pode ser encontrada em todo o mundo e em
famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Os sintomas,
causados por disfunções físicas do cérebro, podem ser verificados pela
anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo, estas
características são: Distúrbios no ritmo de aparecimento de habilidades físicas,
sociais e linguísticas; Reações anormais às sensações, ainda são observadas
alterações na visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de
manter o corpo; Fala ou linguagem ausentes ou atrasados.
Não se conhece a cura definitiva, mas já é possível conseguir bons
tratamentos que podem tornar o autismo independente, e, em alguns casos,
até produtivo. O diagnóstico e tratamento precoce, a educação especial, e em
certos quadros clínicos às medicações, pode interagir ou reintegrar o indivíduo
autista na sociedade. O apoio dos pais, aliado a educação especial, pode
colaborar muito para que o autista consiga expandir suas capacidades de
aprendizado, comunicação e relacionamento com a sociedade e em paralelo
diminuir sua agitação ou agressividade, melhorando assim a qualidade de vida
do autista e da sua família.
A intervenção mais importante no autismo é a reabilitação precoce e
intensiva, direcionada para o transtorno do comportamento e da comunicação.
Sendo esta adquirida em conjunto com a família, a escola e profissionais
qualificados de apoio como psicólogos, neurologistas entre outros.
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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53
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54
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO .................................................................................... 02
AGRADECIMENTOS .................................................................................. 03
DEDICATÓRIA............................................................................................. 04
EPÍGRAFE ................................................................................................... 05
RESUMO ..................................................................................................... 06
ABSTRAT .................................................................................................... 07
METODOLOGIA .......................................................................................... 08
SUMÁRIO .................................................................................................... 09
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10
CAPÍTULO I
1 - HISTÓRIA DO AUTISMO ...................................................................... 15
1.1 - A neuropsicologia do cérebro autista ............................................ 17
1.2 - As conexões, integrações e limitações da mente autista. ............. 20
CAPÍTULO II - ............................................................................................. 26
2 - PLASTICIDADE NEURAL DO CÉREBRO AUTISTA ............................ 26
2.1 - O desenvolvimento de novos canais na integração com a família
e a escola .................................................................................................... 31
2.2 - A intervenção precoce e as transformações da atividade cerebral
do autista. .................................................................................................... 34
CAPÍTULO III - ............................................................................................ 38
3 - O MUNDO AUTISTA E SUA INCLUSÃO SOCIAL ................................ 38
3.1 - O diagnóstico e tratamento do autismo ........................................ 41
3.2 - O cérebro masculino e o autismo ................................................. 43
3.3 - As melhoras na integração do cérebro do indivíduo autista ......... 45
CONCLUSÃO ............................................................................................. 49
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 52
ÍNDICE ......................................................................................................... 54