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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA PENA DE MORTE NO BRASIL Por: Elza Nila de Almeida Orientador Prof. Jose Roberto Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PENA DE MORTE NO BRASIL

Por: Elza Nila de Almeida

Orientador

Prof. Jose Roberto

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PENA DE MORTE NO BRASIL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito e processo penal.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe Sonia e ao

meu marido Gustavo que me

incentivaram e me ajudaram muito para

que eu pudesse chegar até aqui, e as

pessoas que, direta e indiretamente

contribuíram para confecção deste

trabalho.

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DEDICATÓRIA

A minha mãe Sonia, que tanto me ajudou

a minha filha Milena pelo amor que me

dedica, e ao meu marido Gustavo que

sempre está do meu lado me dando

forças.

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RESUMO

A pena de morte é a forma mais horrenda e drástica das sanções penais

que a humanidade já vivenciou.

Hoje, ela é ainda utilizada em muitos países, como os Estados Unidos

da América e a China.

No Brasil, é prevista por meio da exceção contida no art. 5º, inciso

XLVII, alínea “a”, da Constituição Federal de 1988, admite-se

excepcionalmente a possibilidade de aplicação da pena capital nos casos de

guerra declarada.

Os crimes admissíveis da pena de morte e a forma em que é executada

a mesma estão disciplinados no Código Penal Militar e Processual Militar,

respectivamente.

Apesar desta exceção admitida no Brasil, este ainda é um rancoroso

instrumento remanescente no ordenamento jurídico, não podendo vingar em

um país que se afirma como Estado Democrático de Direito e consagrador dos

direitos humanos.

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METODOLOGIA

Este trabalho monográfico foi elaborado a partir de leitura de livros e de

artigos publicados na internet sobre o tema em tela: “Pena de Morte”. Neste

projeto pude esquiçar sobre a origem e as formas de execuções, além de me

colocar sob os dois viés dessa discussão, ou seja, estar sob o ponto de vista

dos parentes da vítima e do agressor, e resumir tudo isso sob o aspecto legal.

O que serviu para enriquecer meus conhecimentos jurídicos, especialmente no

Direito Processual Penal, sinto me na obrigação de dar créditos, aos meus

familiares, que foram incentivadores, me permitindo concluir esta obra.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A História da pena de morte 10

CAPÍTULO II - Argumentos contra e a favor 18

CAPÍTULO III – O fim da pena de morte no Brasil 25

CONCLUSÃO 32

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35

BIBLIOGRAFIA CITADA 36

ÍNDICE 37

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INTRODUÇÃO

Pena de morte; assunto tão antigo quanto o próprio crime e quanto à

própria existência humana na face da terra, é hoje, apesar de seus milênios de

existência, um grande expoente dos debates sociais, jurídicos e estatais.

A pena é utilizada pelo homem como forma de purificação por má

conduta cometida. As espécies de penas são: pecuniárias, privativas de

liberdade, restritivas de direitos, e restritivas de liberdade.

Curiosidade, ojeriza, cólera, piedade, aversão, terror são sentimentos

imediatamente presentes quando ao contato com notícias como: “morre ex-

ditador Saddam Hussein enforcado, executores confirmam a audição de seu

pescoço estalando imediatamente após acionamento da forca”.

A pena capital consiste em delicado e controverso tema, cujo interesse

maior não mais reside nos países que a aboliram, nem mesmo naqueles que a

admitem com veemência, mas sim em todo e qualquer agrupamento humano,

cujos avanços científicos, tecnológicos, educacionais, culturais, jurídicos e

estatais não apresentam equidade com modalidade penal tão bruta e

ultrajante.

Busca-se fundamentar e justificar tal sanção na agressividade crescente

dos atos criminosos, no teor hediondo de determinados crimes, na ira divina,

nas normas sociais, na segurança da nação e num contínuo e extenso rol de

afirmativas, cuja natureza cada vez soa mais falso e insuficiente.

É no centro de tais debates que repousam, intranquilamente, o Direito e

o Estado, cada vez mais interpelados, reprimidos, chamados à

responsabilidade de liderar ações que de forma satisfatória façam

regulamentar ou possivelmente cessar esses comuns e segmentados

“massacres oficiais”.

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Não que se possa esperar decisões e transformações repentinas em tal

campo com rapidez e eficiência, mas deve-se, fundamentalmente, lançar

sustentáculos no caráter principal da pena: punir, sancionar, redimir, castigar,

reter, reabilitar, fazer arrepender, recompor, mas nunca, matar; o que aliás,

consiste em crime, dos piores e mais hediondos que um ser humano é capaz

de cometer, dependendo dos rigores de crueldade impostos à vítima.

No entanto, a essência da pena de morte consiste em matar quem

errou, ou seja, o que deve verter em efetivo castigo, torna-se crime defronte à

equivocada visão tanto do Estado, quanto de seu sistema judiciário e penal.

Sobre a pena de morte, suas origens, evolução, modalidades de execução,

visão estatal, jurídica e humanitária, o presente trabalho mostra um enfoque

analítico e profundo ao tema.

As principais causas da violência são, as de ordem sociológica como a

fome, o desemprego, as más condições de vida, entre outras, as de ordem

estrutural, a estrutura social e econômica do capitalismo que atingem os países

em desenvolvimento direta e indiretamente; e também a estrutura social

brasileira e as instituições estatais, dentre elas a polícia, como aparelho

repressivo estatal, e o judiciário, como aparelho judicial. Sendo certo, então, do

Estado que vem a violência institucional, expressão da violência das classes

que detêm a hegemonia no aparelho político do Estado.

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CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA PENA DE MORTE

Também conhecida como pena capital, a pena de morte é a

condenação à morte daquele que tenha cometido crimes como traição à pátria

e assassinato, a sentença é dada pelo poder judiciário. Esse tipo de sentença

já foi abolida em vários lugares do mundo, porém ainda existem países os

quais ainda admitem esse tipo de pena.

Até o fim do Império, a pena de morte derramou muito sangue no Brasil.

Durante mais de 300 anos, índios, rebeldes e escravos, entre outros, morreram

pelas mãos do Estado condenados pela morte.

Naquela época, eram passíveis de pena de morte crimes tão díspares

quanto o assassinato e a violação da correspondência do rei, incluindo

adultério, estupro, falsificação de moedas, incesto, sexo com animais ou com

freiras, rebeliões e feitiçaria.

Embora as leis da colônia sejam bem conhecidas, não há muita

documentação sobre o modo como a pena de morte era aplicada naquela

época, nem números precisos sobre a quantidade de pessoas executadas. O

que ficou, na maioria das vezes, foram relatos de casos famosos, como os

ligados a lutas contra a Coroa Portuguesa. “Já no Império, além da

documentação estar mais completa, havia os jornais dando as notícias de

execuções, uma fonte imprescindível”, diz o historiador João Luiz Ribeiro,

especialista no assunto. Segundo ele, entre 1833 e 1876, só em Minas Gerais,

São Paulo e Rio de Janeiro, ao menos 230 pessoas receberam a pena de

morte. Mas ainda existem dúvidas sobre outras 180 que podem ter sido mortas

da mesma forma.

Nessas três províncias, 643 condenados à morte viram suas penas se

transformar em prisão perpétua. A partir de 1876, isso se tornaria regra, as

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penas de morte no Império costumavam ser transformadas em “galés

perpétuas”, ou seja, trabalhos forçados até a morte.

1.1 – As crueldades do período colonial.

A pena capital chegou ao Brasil pouco depois de Cabral. Naquela época

não existiam julgamentos, as execuções, geralmente, eram sumárias.

Em 1530, ano da chegada da primeira expedição de ocupação vinda de

Portugal, liderada por Martim Afonso de Souza, começaram os assassinatos

feitos em nome do Estado. Um dos primeiros ocorreu por causa do fidalgo

português Pero Lopes Souza, irmão de Martim Afonso, ele estava alojado

numa fortaleza em Pernambuco que foi atingida por duas flechas. Ele não se

feriu, mas, desconfiado dos franceses que habitavam a região, mandou que

todos eles fossem presos e enforcados. A execução coletiva só parou quando

dois dos estrangeiros assumiram a culpa.

No início do século 16, quem recebia sentenças de morte eram

principalmente índios, piratas, traficantes, hereges e invasores franceses, a

maioria da população podia ser encaixada em pelo menos uma dessas

categorias.

Ainda no ano de sua fundação, em 1549, Salvador foi palco de uma

execução exemplar, ordenada pelo seu governador e fundador, Tomé de

Souza. Um índio matou um português e, como punição, foi amarrado à boca

de um canhão e quando o projétil foi disparado, o condenado se despedaçou

no ar, na frente de uma plateia composta por colonos e nativos.

No Egito, a pena de morte remonta à antiguidade; assemelha-se ao

comportamento animal: abandona um membro da espécie à senha de outros

predadores quando o percebe incapaz, por fraqueza ou doença. Era assim que

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faziam, jogavam o condenado às feras, sejam leões, tigres, crocodilos,

serpentes, aranhas peçonhentas, além das aves de rapina e peixes carnívoros.

Entre os hebreus, haviam penas expiatórias e corporais terríveis contra

a idolatria, a blasfêmia pública e as leis religiosas. A pena era pecuniária para

os delitos contra a propriedade. Nos crimes de morte, os parentes da vítima

tinham direito de matar o assassino. Nos delitos contra o pudor havia pena de

morte para o adultério homossexualismo e o estuprado devia casar-se com

sua vítima. Muitas dessas penas estão escritas nos livros da Bíblia Sagrada,

em Gênesis, Êxodo, Levítico, Deuteronômio.

Na Babilônia, o Código Sagrado de Hamurabi - Rei Babilônico que

governou no período de 1728 a 1687 a.C., estabelecia as penas de: açoites,

multa, de talião (“olho por olho dente por dente” ou ”vida por vida”) e de morte

em vinte e nove oportunidades.

Na Índia, através do Código de Manu a pena era uma instituição pública

imposta pelo rei e era de morte e de expulsão da casta.

No Grécia, com Dracon, a única pena era a de morte. Uma de suas

modalidades era a precipitação, isto é, o lançamento de bebês quando

apresentassem defeitos físicos, do alto do monte Taigeto, Esparta (cidade

militiar).

Entre os romanos, após o julgamento “pater família”, surgiu a lei das XII

Tábuas com as seguintes penas: açoite, multa, de talião, de morte, prisão,

desterro, escravidão, infâmia, privação de cidadania e confiscação.

Para os Germânicos, concedia-se até a faculdade aos grupos familiares,

de vingarem os crimes cometidos contra seus parentes.

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As modalidades de pena de morte utilizadas na Idade Média e Moderna

foram as de: enfossamento - o condenado é atirado a uma fossa, um buraco e

sobre ele se coloca terra ou outra matéria que venha a asfixiar. Na França, as

mulheres cumpriam esta pena, pois conforme a moral da época, “seria

indecente pendurá-las deixando aparecer as pernas até a altura do joelho”;

esmagamento - submete-se o corpo do condenado a pressões físicas que

culminam por romper ou quebrar ossos do esqueleto e triturar órgãos

essenciais. Bastante usada em sessões de tortura, inclusive nos tempos

inquisitoriais: empalação - faz-se penetrar pelo orifício anal um pedaço de pau

pontiagudo, fazendo atravessar o corpo da vítima por vezes saindo pela boca,

peito ou costas e em determinados casos isso se fazia de maneira que não

ferisse letalmente os principais órgãos com o objetivo de prolongar, assim, o

padecimento; fatiação ou esfolamento - matava-se a vítima fatiando-a ou

mesmo despelando-a. Muito utilizada na França e Inglaterra ao longo da

Guerra dos 100 anos; retalhamento - secciona-se os membros do condenado,

usando um machado, cutelo sabre ou serrote. Praticado na França e Espanha

até fim do século XVIII; fogueira - pena mais utilizada durante a Inquisição.

Os colonos portugueses não estavam imunes à pena capital, embora ter

uma boa posição social ajudasse bastante. Nos assassinatos, por exemplo, se

o acusado fosse um fidalgo, as Ordenações Filipinas diziam que o caso devia

ser bem analisado antes de se optar pela pena de morte. Mesmo assim, se

tornaram comuns as execuções de “homens bons”. Como o coronel Fernão

Bezerra Barbalho, dono de engenho em Pernambuco que, por suspeitar de

infidelidade, assassinou a esposa e as três filhas. Já estávamos na segunda

metade do século 17, quando já existiam julgamentos organizados.

Condenado, o coronel foi degolado em 1687.

Ter o pescoço cortado era o principal método usado para executar

nobres e membros da elite. Morrer na forca era algo vergonhoso, destinado à

ralé. Mas a violência das leis nem sempre era aplicada na prática. Os

condenados podiam apelar ao rei – que, com seu “direito de graça”, muitas

vezes os perdoava. “Essa estratégia mantinha toda a força da autoridade, mas,

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ao mesmo tempo, permitia ao soberano ser magnânimo”, diz Arno Wehling,

presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

1.2 – Os avanços com a colonização.

Com o passar do tempo, o avanço da colonização, a partir do século 17,

consolidou-se a escravidão de africanos, trazidos ao Brasil para cuidar de

engenhos e de toda sorte de trabalhos braçais. Apesar de viverem humilhados,

durante boa parte do período colonial os escravos dificilmente eram

condenados e executados. Isso porque muitos morriam no tronco, sob o jugo

de seus proprietários. “Era no próprio engenho, longe dos olhos do Estado,

que eles eram mortos, e ficava tudo por isso mesmo”, diz o historiador Ilmar

Rohloff de Mattos, diretor do Departamento de História da Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro.

A partir do século 18, Portugal começou a intervir mais na política da

colônia. O principal foco de fiscalização era Minas Gerais, por causa dos

metais preciosos descobertos por lá. O crescimento da opressão levou a

revoltas, quase sempre punidas exemplarmente. Em casos como o do mineiro

Tiradentes, não bastava para as autoridades que o réu fosse enforcado e

esquartejado. A sentença do inconfidente foi a de “morte para sempre”, o que

significava matar também sua memória: derrubar sua casa, salgar o terreno

para que nada mais crescesse por lá e declarar infames todos os seus

descendentes.

Após a Independência, em 1822, a tortura do réu e a mutilação do

cadáver passaram a ser vistas como barbárie.

Em 1830, surgiu o Código Criminal do Império, o texto manteve a pena

de morte, mas o fez apenas para homicídios e revoltas escravas. Todas as

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mortes tinham que ser pela forca. Foram banidas a tortura, o esquartejamento

e a exposição de corpos.

As normas do Código, entretanto, não foram seguidas instantaneamente

em todos os cantos do país.

Em 1831, os escravos Narciso e Elesbão mataram seu senhor, Luiz

José de Oliveira, a facadas e foiçadas em Jundiaí, São Paulo, os dois

confessaram o crime e ainda admitiram ter bebido o sangue do morto. Narciso

foi julgado e enforcado, já Elesbão, depois da confissão, passou a negar ter

participado do crime, seu julgamento durou quatro anos, mas no fim, o juiz

municipal José Mendes Ferraz resolveu ignorar o Código e se ater às antigas

Ordenações. Ele exigiu que, depois que a sentença de morte fosse executada,

as mãos e a cabeça do escravo fossem cortadas e penduradas em postes. Ao

expor as mãos em Campinas e a cabeça em Jundiaí, o juiz pretendia intimidar

o público.

Com a entrada em vigor a lei de 10 de junho de 1835, estabelecia-se

que os escravos homicidas não deveriam ser julgados segundo os princípios

liberais do Código Criminal. Pois se ficasse provado que o escravo tinha

matado ou ferido gravemente seu senhor ou alguém da família dele, a única

pena possível era a de morte.

Essa rigidez decorria do medo gerado por uma série de revoltas

escravas acontecidas entre 1807 e 1835, cujos ápices foram a Insurreição de

Carrancas, de 1833, em Minas, que acabou com o enforcamento de 12

escravos, e a Rebelião dos Malês, em 1835, na Bahia, que resultou no

fuzilamento de quatro negros.

Se até os últimos anos do Brasil Colônia os escravos foram minoria

entre os executados em nome da lei, eles passaram a ser maioria durante o

Império.

A sentença de morte para os cativos era tão certa que eles já a

conheciam de antemão, pois a legítima defesa não valia para escravos. No

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interrogatório, reconheceu que nada que ele dissesse poderia mudar seu

destino.

Se naquele tempo até pessoas ricas e poderosas podiam ser

condenadas à morte sem provas ou certezas, quantos miseráveis e inocentes

teriam sido estupidamente pendurados numa corda antes que a pena de morte

acabasse?

A partir de 1854, por determinação de Pedro II, em todas as sentenças

de morte a última palavra sobre a execução caberia a ele”, diz Ribeiro. O

monarca, então, se habituou a reverter penas, incluindo as de escravos,

transformando-as em prisão perpétua.

Enquanto entre 1833 e 1853 pelo menos 130 escravos foram

executados, entre 1854 e 1876 o número baixou para 50. A última execução

de homem livre aconteceu em 1861, quando Antônio José das Virgens foi

enforcado na Paraíba. Embora legalmente a pena capital continuasse

existindo, ela foi desaparecendo na prática.

Com relação ao Brasil: quando colônia de Portugal, os que aqui viviam,

estavam sujeitos às Ordenações Portuguesas, nas quais estava a pena de

morte. Proclamada a Independência, em 1822, a pena de morte veio a figurar

no Código Penal do Império em 1830. Com a proclamação da República, em

1889, e a promulgação do novo Código Penal, em 1890, a pena de morte foi

abolida, só admitindo esta no caso da legislação militar em tempo de guerra.

Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas assume o poder. Em 1934 é

entregue a Nova Constituição, a qual proíbe a pena de morte, com exceção da

legislação militar em caso de guerra com país estrangeiro. Após a intentona

comunista de 1935, foram aprovadas três emendas constitucionais. A primeira

delas equiparou a comoção infestina grave, com finalidade subversiva das

instituições políticas e sociais, ao estado de guerra.

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1.3 – As Inovações da pena de morte.

A tendência do mundo Contemporâneo é a abolição da pena capital. Os

Códigos Penais do mundo todo obedecem a algumas normas; só se pune na

certeza, havendo dúvidas, absolve-se; passando determinado tempo, o delito

não pode mais ser punido; a fixação da pena deve levar em conta a

personalidade do agente, os motivos do crime e as circunstâncias agravantes e

atenuantes; se a lei nova beneficiasse o réu, devia ser a ele aplicada quanto

ao crime cometido na vigência da lei velha; devia ser respeitado o amplo direito

de defesa; ninguém além, do poder público, poderia executar a pena; a pena

não passava da pessoa do delinquente, salvo nos casos de obrigação de

reparar o dano ou de decretação de perdimento de bens casos em que, ante a

morte deste, os herdeiros responderão até o total do patrimônio herdado; o

crime deve ser anteriormente definido em lei.

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CAPÍTULO II

O FIM DA PENA DE MORTE NO BRASIL

De 1876 até a Proclamação da República, o imperador impediu todas as

execuções, fazendo do Brasil um dos primeiros países a abolir a pena capital,

ainda que não oficialmente. O fim formal veio com a primeira Constituição

republicana, de 1891. A partir daí, as forcas, guilhotinas, fogueiras, cadeiras

elétricas, injeções letais, fuzilamentos e outras formas de execução não teriam

mais vez no Brasil. Ao menos amparadas por lei. Por aqui, a pena de morte

está prevista no Código Penal Militar e na Constituição, em caso de guerra.

A constituição do Estado Novo, outorgada em 10 de novembro de 1937

por Getúlio Vargas, admitiu a possibilidade de se instituir, por lei, a pena de

morte para outros crimes além de militares cometidos em tempos de guerra. O

decreto nº 4.766, de 1 de outubro de 1949, instituiu a pena capital como pena

máxima para inúmeros "crimes militares e contra a segurança do Estado".

Durante o regime militar, a Lei de Segurança Nacional, decretada em 29

de setembro de 1969 (e revogada pela nova Lei de Segurança, de 17 de

dezembro de 1978) estabeleceu a pena capital para vários crimes de natureza

política, quando deles resultasse morte. Alguns militantes da esquerda armada

até foram condenados à morte, mas suas penas foram comutadas

pelo Superior Tribunal Militarem prisão perpétua. Não houve assim qualquer

execução legal, mas, como se sabe, mais de trezentos militantes foram

assassinados antes mesmo de terem a oportunidade de serem julgados,

segundo informações coletadas durante anos de trabalhos, por comissões de

anistia e direitos humanos oficialmente reconhecidas pelo Estado brasileiro.

A pena de morte foi abolida para todos os crimes não-militares

na Constituição de 1988 em seu artigo 5º, inciso XLVII. Atualmente, é prevista

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para crimes militares, somente em tempos de guerra, valendo notar que o país

não se engajou em um grande conflito armado desde a Segunda Guerra

Mundial. O Brasil é o único país de língua portuguesa que prevê a pena de

morte na Constituição.

A Constituição de 1937, que marca o início da ditadura do Estado Novo

é de caráter altamente autoritário, restringindo os Direitos Individuais e Sociais

e prevendo a pena de morte no art. 122, item 13, que, de forma bastante

incoerente, encontra-se prevista justamente na parte dos Direitos e Garantias

Individuais. Nota-se o caráter anticomunista do texto, que se refere à “ditadura

de uma classe social”.

Quando um golpe militar depõe o presidente João Goulart, que tentava

iniciar reformas sociais de base que feriam os interesses do capital

internacional no Brasil. Em 1968, o processo político no país radicaliza-se

ainda mais com o AI-5. Sucessivamente foram editados novos Atos

Institucionais, dentre os quais o n°14, que prevê a pena de morte, alterando,

assim, a redação do texto da constitucional. Este Ato Institucional fazia

referência à guerra revolucionária, ou subversiva, e a guerra psicológica

adversa que perturbavam o país, atingindo a Segurança Nacional.

No período Republicano, a pena de morte, quando admitida, tinha um

caráter eminentemente político. No entanto a pena de morte está prevista em

nosso código penal militar, no art.55, para aplicação somente em tempos de

guerra, em alguns casos, como: traição, favorecimento do inimigo e tentativa

contra a soberania do Brasil.

A constituição atual também admite a pena de morte, única e

exclusivamente nos casos de guerra declarada, ao dispor, em seu artigo 5°,

XLVII: “Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,

nos termos do art. 84, XIX”. A Constituição Federal de 1988 não só proíbe que

a lei infraconstitucional venha estabelecer pena de morte no seu art. 5°, inciso

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XLVII, com também proíbe que seja objeto de deliberação a proposta de

emenda à constituição que vise estabelecer pena de morte.

Carlos Ayres Brito, em “Inconstitucionalidade do plebiscito sobre a pena

de morte”, ressalta que: “o plebiscito é meio de o povo se investir na função

legislativa comum, substituindo o legislador ordinário. Não mais que isto. A

fuga desta coordenada só pode ocorrer nos casos apontados pela própria

Constituição e eles se esgotam nas matérias de que tratam os arts. 18 §§ 3° e

4° das disposições permanentes e o n° 2 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórios. Logo, não é pela via da consulta popular direta

que se vai instituir uma medida que a Lei Maior excomunga, como a pena de

morte”.

O 'artigo 84 autoriza a pena de morte nas seguintes condições:

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo

Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das

sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente,

a mobilização nacional; Código Militar Penal.

A pena de morte é regulamentada pelo Código Militar Penal (CMP), que

em seus artigos declara:

• Art. 55 – As penas principais são:

De morte; reclusão; detenção; prisão; impedimento; suspensão do

exercício do posto, graduação, cargo ou função e reforma.

• Art. 56 – A pena de morte é executada por Fuzilamento.

• Art. 57 – A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada,

logo que passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser

executada senão depois de sete dias após a comunicação.

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• Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de

guerra, pode ser imediatamente executada, quando o exigir o interesse da

ordem e da disciplina militares.

Alguns artigos do CMP em que a pena de morte é prevista:

• Art. 355 (Traição). Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado

aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o

Brasil.

• Art. 356 (Favor ao inimigo). Favorecer ou tentar o nacional favorecer o

inimigo, prejudicar ou tentar prejudicar o bom êxito das operações militares,

comprometer ou tentar comprometer a eficiência militar

• Art. 358 (Coação ao comandante). Entrar o nacional em conluio, usar

de violência ou ameaça, provocar tumulto ou desordem com o fim de

obrigar o comandante a não empreender ou a cessar ação militar, a recuar

ou render-se.

• Art. 365 (Fuga em presença do inimigo). Fugir o militar, ou incitar à fuga,

em presença do inimigo.

• Art. 368 (Motim, revolta ou conspiração). Praticar qualquer dos crimes

definidos nos artigos. 149 e seu parágrafo único, e 152.

• Art. 372 (Rendição ou Captulação). Render-se o comandante, sem ter

esgotado os recursos extremos de ação militar; ou, em caso de

capitulação, não se conduzir de acordo com o dever militar.

• Art. 384 (Dano em bens de interesse militar). Danificar serviço de

abastecimento de água, luz ou força, estrada, meio de transporte,

instalação telegráfica ou outro meio de comunicação, depósito de

combustível, inflamáveis, matérias-primas necessárias à produção,

depósito de víveres ou forragens, mina, fábrica, usina ou qualquer

estabelecimento de produção de artigo necessário à defesa nacional ou ao

bem-estar da população e, bem assim, rebanho, lavoura ou plantação, se o

fato compromete ou pode comprometer a preparação, a eficiência ou as

operações militares, ou de qualquer forma atenta contra a segurança

externa do país.

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• Art. 390 (Abandono de Posto). Praticar, em presença do inimigo, crime

de abandono de posto, definido no Art. 195.

• Art. 392 (Deserção em presença do inimigo). Desertar em presença do

inimigo.

• Art. 401 (Genocídio). Praticar, em zona militarmente ocupada, o crime

previsto no Art. 208 (genocídio).

Embora esses crimes somente sejam aplicados em tempo de guerra,

todos eles preveem penas de prisão, atribuindo a pena de morte, somente em

casos extremos.

Portanto, nem através da emenda poderá se recriar a pena de morte no

Brasil, pois o art.60 §4° transformou todos os direitos e garantias individuais

em cláusulas pétreas da constituição (imodificáveis).

“Que cinismo dos que falam da inviolabilidade do direito à

vida, justamente para os que acabam com ela dia a dia. E

aí vem a grande mentira dos que se recusam a aceitar a

minha Emenda de plebiscito. E são centenas. Dizem eles

que a Constituição proíbe a pena de morte. É falso. Se há

pena de morte em caso de guerra, a pena de morte

existe. (...) Ela não está proibida pela Constituição. Este é

um dos muitos motivos que fazem desta Carta um

documento que às vezes aparenta falsidade e cinismo.

Quando se diz que não há pena de morte a não ser em

caso de guerra, há pena de morte. Este não é um país

que a Anistia Internacional chama de “abolicionista”; só

não tem pena de morte quem não a admite para nada.

(...) A pena de morte está prevista na nossa Constituição.

E mais ainda – ela não delimita a sua aplicação. Ela não

diz que será por traição, espionagem, deserção, violação

de blecaute ou o chamado toque de recolher. É preciso

muita falta de senso para ignorar tudo isto. Quando se diz

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que haverá pena de morte em caso de guerra declarada,

eu poderia inclusive, por comparação, afirmar que a

guerra declarada existe, e é muito séria: dos bandidos

contra os homens de bem. Só que os bandidos usam as

armas mais modernas, escolhem o local onde vão atacar,

armam a tocaia, sequestram homens, mulheres e

crianças, torturam e matam pessoas, enquanto os

homens de bem não têm como se defender. (...) Nós

estamos em guerra há muitos anos. Mas, se eles não

quiserem admitir que é também essa a guerra a que se

refere a Constituição, lembrem-se que os crimes que

durante um conflito armado podem levar uma pessoa à

morte são muito menos infames do que os do bandido

que estupra e liquida uma família ou os daqueles que leva

uma mulher ao estupro, à tortura e à morte. Ou o que põe

o revólver na cabeça de um taxista, toma-lhe o dinheiro e

o táxi e depois fuzila esse homem, quase sempre um pai

de família. A mim, o que me revolta é que os defensores

dos assassinos não demonstram qualquer indignação em

relação a isso.” NETTO, 1991, p. 58-59.

Sendo assim, ao Presidente da República compete privativamente

declarar guerra nos casos de agressão estrangeira, conforme rege o art. 84,

inciso XIX, CF/88. E, declarando guerra contra Estado estrangeiro, talvez uma

situação excepcionalíssima que o país possa enfrentar, mas que nunca possa

ser descartada por completo. Será possível condenar cidadãos (civis ou

militares, nacionais ou estrangeiros) à pena capital quando tenham praticado

certos crimes em tempos de guerra.

Essa ressalva proclamada pela atual Carta Magna foi trazida já por uma

tradição das Constituições brasileiras passadas.

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Observa Jorge Cesar de Assis (2007, p. 152-153) “que a Constituição de

1891 negava a admissão à pena de morte, salvo disposição da legislação

militar em tempo de guerra. A Constituição de 1934 também consignou essa

exceção, estabelecendo que a pena capital poderia ocorrer para os casos

previstos na legislação militar em tempo de guerra contra país estrangeiro. A

Constituição Federal de 1969 igualmente disciplinava que, quanto à instituição

da pena de morte, fica ressalvada a legislação aplicável em caso de guerra

externa. Por outro lado, a Constituição de 1937 (Constituição “Polaca”),

outorgada pelo Presidente Getúlio Vargas e que vigorou durante a Ditadura do

Estado Novo, “atribuiu ao legislador ordinário a faculdade de prescrever a pena

de morte para crimes expressamente mencionados, inclusive para o homicídio

cometido por motivo fútil e com extremos de perversidade” (ASSIS, 2007, p.

152).

Ou seja, passou a admitir a pena de morte até mesmo para crimes de

natureza não militar, o que, no entanto, não foi acompanhada pelo Código

Penal de 1940 e pelo Código Penal Militar de 1944, que negaram a aplicação

desta pena em tempos de paz.

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CAPÍTULO III

ARGUMENTOS CONTRA E A FAVOR DA PENA DE

MORTE

3.1 - Argumentos a favor da pena de morte.

Aqueles que defendem a existência da pena de morte têm como

argumentos:

- É a única que possui eficácia intimidativa para combater a grande

criminalidade. Argumentam que, nos países onde foi abolida, houve um

aumento de crimes;

- Constitui um meio mais rápido e eficaz para se efetuar a solução artificial qual

a sociedade deve realizar, eliminando da sua convivência os indivíduos

antissociais e inadaptados à vida social;

- É insubstituível, pois, aquela pela qual se propõe substituí-la, a prisão

perpétua, se executada em situação de extremo rigor, constitui-se mais

intolerável que a própria morte, se executada com suavidade torna-se inócua

para os grandes criminosos.

O fato é que boa parte dos defensores da pena de morte são

oportunistas que pretendem refletir a opinião pública geral, ou o senso comum,

sem nenhuma base científica. Estes são mal informados, e de ignorância

absoluta ao acreditar que a pena de morte irá diminuir a criminalidade violenta,

porém muitas vezes estão influenciados pelos meios de comunicação.

Para fundamentar estes argumentos, alguns recorrem até à Bíblia para

sustentar que a Igreja não tem motivos para excomungar a pena de morte.

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Contudo, deve-se levar em consideração à época na qual foram escritos

os livros da Bíblia havia uma outra realidade no combate aos crimes: a pena

de morte.

Atualmente, dá-se um enfoque maior na teoria da ressocialização e

readaptação do condenado ao convívio social; diminuindo, assim, a

superlotação dos presídios. No entanto, para que isso ocorra é necessária a

participação da comunidade como um todo e a decisão na realização de

projetos governamentais.

3.2- Argumentos contrários a pena de morte.

Modernamente, os partidários da abolição da pena de morte usam de

argumentos de ordem moral, até considerações de caráter prático e social.

Em relação aos argumentos de ordem moral, diz-se ao fato de que a

justiça humana toma às mãos, juízos e prerrogativas inerentes à Onipotência

Divina, rompendo definitivamente o laço de solidariedade que nos une com os

outros homens, criados como nós, à imagem e semelhança de Deus.

Quanto aos argumentos de ordem social e prático, podem ser assim

enumerados:

1- A irreparabilidade da pena de morte, que não oferece recurso

contra os erros judiciais, sendo este, sem dúvida um dos

argumentos mais fortes e ao qual não cabe réplica.

2- A pena de morte não tem o caráter intimidativo que seus

defensores lhe atribuem, pois as características demonstram que

nos países onde existe a pena de morte, o índice de

criminalidade chega a ser maior e os crimes mais sofisticados

(estímulo a violência).

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3- A pena de morte não intimida certos criminosos, tais como

aqueles que são portadores de uma insensibilidade moral total,

os assassinos profissionais, os apaixonados e os fanáticos, que

delinquem por motivos sociais (fome, miséria, desemprego, etc.)

ou políticos.

Este último caso é o que “normalmente ocorrem nas ditaduras, que

tornam a pena de morte como modo de reprimir qualquer oposição política

dirigida contra o regime. Foi o que aconteceu na Itália fascista, na Alemanha

nazista, no Brasil de Getúlio Vargas e na Cuba de Fidel.

“Pode-se dizer que o fato da pena de morte receber tão generosa

acolhida nos regimes autoritários só pode ser explicado pela utilidade que

possui como arma repressiva contra seus opositores”. BRITO, Ricardo, A

pena de morte e os Direitos Humanos, pgs.47-48.

4- Há uma inclinação mundial para abolição da pena de morte. o

ordenamento jurídico internacional está preocupado em evitar

retrocessos (e anacronismos); criando, assim, normas que

previnem o retorno da pena capital nos ordenamentos nacionais.

5- A pena de morte é discriminatória. Segundo estatísticas

levantadas nos EUA, a maior parte dos condenados são negros,

homens e receberam apenas uma educação escolar primária. Já

no Brasil, a realidade nos constata que apenas os pobres são

condenados, e se a pena de morte fosse aplicada voltar-se-ia

somente contra os pobres.

6- ”A pena de morte é contrária a dignidade humana, pois o homem

não é mais uma res; a escravidão e a servidão não existem, e o

modo de produção é baseado no trabalho livre e no capital. A

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pena de morte por ofender a vida, agride a história e entrava a

evolução da humanidade”.

Nota-se, em todos os países que ainda têm a pena capital como

sentença para crimes hediondos, ou mesmo crimes comuns que, apesar da

redução da criminalidade, na minoria desses países, a imposição da pena é

feita na maioria deles por regimes totalitários e/ou fundamentalistas religiosos.

Então, que há muitas execuções sumárias por parte de ditadores ou

grupos religiosos que visam manter-se no poder, executando possíveis

dissidentes políticos e rebeldes, sob a taxação de um artigo qualquer da

constituição daquele país sobre o indivíduo, como o da prática de adultério, por

exemplo, no caso de países onde a religião dita os princípios constitucionais,

para que lhe seja apregoada a pena capital.

Nos países que adotam a sentença e são ditos democráticos, observa-

se uma sequência histórica de equívocos judiciais, disparidades e segregações

com grupos de indivíduos que estão no corredor da morte, além de uma

inobservância de diversos aspectos que devem ser acatados para se aplicar,

segundo a lei daquela sociedade, a pena de morte.

Como nos Estados Unidos, que possui 37 estados observantes da pena

capital, por exemplo, onde se observa que mesmo pessoas com problemas

mentais que cometeram delitos movidos por essas patologias são executadas,

ainda que haja uma exceção da lei nesses casos. A pena de morte acaba se

tornando uma outra barreira para o bem-estar social, segundo os defensores

da abolição de pena capital.

Os argumentos de ordem social e moral, pois o ser humano enquanto

ser pensante de sentimentos, direitos e deveres, sociável, mutável e cultural,

não pode ser tratado como uma estatística quando no tocante à vida. Não se

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podem promover mortes em detrimento de outras mortes ou danos graves

visando à estabilidade ou a soberania de um Estado de direito.

Outras anomalias sociais não só a violência causam inúmeras mortes

que, em suma, são por falta de ação efetiva e eficaz do estado, como por

exemplo a fome e o sistema de saúde precários de um país.

Conclui-se que a violência, além dos fatores psicológicos de

personalidade de um criminoso, também ocorre por culpa do Estado. Ou seja,

para se aplicar a pena capital a um criminoso, pelo mesmo critério sócio-

político que a justificaria, teria de se aplicá-la também aos representantes do

poder público que também deixam de promover políticas e ações que

garantam o direito à vida, segundo a Convenção Internacional de Direitos

Humanos.

Decisão jurisprudencial sobre o assunto:

EXTRADIÇÃO PASSIVA DE CARÁTER INSTRUTÓRIO SUPOSTA PRÁTICA DE HOMICÍDIO DOLOSO – OBSERVÂNCIA, NA ESPÉCIE, DOS CRITÉRIOS DA DUPLA TIPICIDADE E DA DUPLA PUNIBILIDADE – LEGISLAÇÃO DO ESTADO REQUERENTE QUE COMINA, NO CASO, A PENA DE PRISÃO PERPÉTUA OU, AINDA, A PENA DE MORTE - INADMISSIBILIDADE DESSAS PUNIÇÕES NO SISTEMA CONSTITUCIONAL BRASILEIRO (CF, ART. 5º, XLVII, “a” e “b”)– NECESSIDADE DE O ESTADO REQUERENTE ASSUMIR, FORMALMENTE, O COMPROMISSO DIPLOMÁTICO DE COMUTAR QUALQUER DESSAS SANÇÕES PENAIS EM PENA DE PRISÃO NÃO SUPERIOR A 30 (TRINTA) ANOS - SÚDITO ESTRANGEIRO QUE ALEGA POSSUIR FILHA BRASILEIRA – CONDIÇÃO QUE NÃO RESTOU PROVADA NOS AUTOS - CAUSA QUE, AINDA QUE EXISTENTE, NÃO OBSTA A ENTREGA EXTRADICIONAL – SÚMULA 421/STF – RECEPÇÃO PELA VIGENTE CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA – EXIGÊNCIA, NA ESPÉCIE, DE DETRAÇÃO PENAL –

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EXTRADIÇÃO DEFERIDA, COM RESTRIÇÃO. DUPLA TIPICIDADE E DUPLA PUNIBILIDADE

. - O postulado da dupla tipicidade – por constituir requisito essencial ao atendimento do pedido de extradição - impõe que o ilícito penal atribuído ao extraditando seja juridicamente qualificado como crime tanto no Brasil quanto no Estado requerente. Delito imputado ao súdito estrangeiro, que encontra, na espécie em exame, correspondência típica na legislação penal brasileira

. - Não se concederá a extradição, quando se achar extinta, em decorrência de qualquer causa legal, a punibilidade do extraditando, notadamente se se verificar a consumação da prescrição penal, seja nos termos da lei brasileira, seja segundo o ordenamento positivo do Estado requerente. A satisfação da exigência concernente à dupla punibilidade constitui requisito essencial ao deferimento do pedido extradicional. Inocorrência, na espécie, de qualquer causa extintiva da punibilidade. EXTRADIÇÃO E PRISÃO PERPÉTUA: NECESSIDADE DE PRÉVIA COMUTAÇÃO, EM PENA TEMPORÁRIA (LIMITE MÁXIMO DE 30 ANOS), DA PENA DE PRISÃO PERPÉTUA – EXIGÊNCIA QUE SE IMPÕE EM OBEDIÊNCIA À DECLARAÇÃO CONSTITUCIONAL DE DIREITOS (CF, ART. 5º,XLVII, “b”) . - A extradição somente será efetivada pelo Brasil, depois de deferida pelo Supremo Tribunal Federal, tratando-se de fatos delituosos puníveis com prisão perpétua, se o Estado requerente assumir, formalmente, quanto a ela, perante o Governo brasileiro, o compromisso de comutá-la em pena não superior à duração máxima admitida na lei penal do Brasil (CP, art. 75), eis que os pedidos extradicionais – considerado o que dispõe o art. 5º, XLVII, “b” da Constituição da República, que veda as sanções penais de caráter perpétuo – estão necessariamente sujeitos à autoridade hierárquico- -normativa da Lei Fundamental brasileira. Doutrina. Precedentes. EXTRADIÇÃO - PENA DE MORTE - COMPROMISSO DE COMUTAÇÃO

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. - O ordenamento positivo brasileiro, nas hipóteses de imposição do “supplicium extremum”, exige que o Estado requerente assuma, formalmente, no plano diplomático, o compromisso de comutar, em pena privativa de liberdade não superior ao máximo legalmente exeqüível no Brasil (CP, art. 75, “caput”), a pena de morte, ressalvadas, quanto a esta, as situações em que a lei brasileira - fundada na Constituição Federal (art. 5º, XLVII, “a”) – expressamente permite a sua aplicação, caso em que se tornará dispensável a exigência de comutação. Hipótese inocorrente no caso. EXISTÊNCIA DE FILHO BRASILEIRO SOB DEPENDÊNCIA DO EXTRADITANDO: IRRELEVÂNCIA JURÍDICA DESSE FATO

. - A existência de relações familiares, a comprovação de vínculo conjugal e/ou a convivência “more uxorio” do extraditando com pessoa de nacionalidade brasileira constituem fatos destituídos de relevância jurídica para efeitos extradicionais, não impedindo, em conseqüência, a efetivação da extradição. Precedentes

. - Não obsta a extradição o fato de o súdito estrangeiro ser casado ou viver em união estável com pessoa de nacionalidade brasileira, ainda que, com esta, possua filho brasileiro

. - A Súmula 421/STF revela-se compatível com a vigente Constituição da República, pois, em tema de cooperação internacional na repressão a atos de criminalidade comum, a existência de vínculos conjugais e/ou familiares com pessoas de nacionalidade brasileira não se qualifica como causa obstativa da extradição. Precedentes. DETRAÇÃO PENAL E PRISÃO CAUTELAR PARA EFEITOS EXTRADICIONAIS

. - O período de duração da prisão cautelar decretada no Brasil, para fins extradicionais, deve ser integralmente computado na pena a ser cumprida, pelo súdito estrangeiro, no Estado requerente.

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CONCLUSÃO

A pena, de acordo com a política criminal dos povos democráticos, tem

por fim a recuperação do indivíduo - e não seu isolamento -, objetivando,

acima de tudo, a sua reintegração na sociedade. A pena de morte é,

virtualmente, o oposto a esta política; é completamente irracional, contrária à

filosofia do direito.

A violência urbana é responsabilidade exclusiva do Estado, e em um

Estado no qual se sucedem governos comprometidos com o domínio das elites

em todos os setores sociais e, consequentemente, com a exclusão e

encarceramento da pobreza em guetos urbanos ou em presídios desumanos,

o resultado não poderia ser outro.

O sucateamento do aparato de Segurança Pública é também reflexo do

desapego do Estado à sua função de proteção e organização social. No

capitalismo o Estado é burguês e, como tal, tem tendido a atuar apenas como

sustentáculo do poder das elites econômicas. Esse problema é estrutural e,

assim, pode ser percebido na Segurança, na Educação, na Saúde e em todos

os outros setores da sociedade, priorizando o lucro de empresas privadas em

detrimento da construção de serviços públicos efetivos e voltado à totalidade

da população.

No que se refere à Segurança, a mentalidade meramente repressiva

nada mais é do que reflexo do total desapego à democracia real e aos

interesses da maioria da população. A política de Segurança Pública começa

por trancafiar a juventude negra e pobre em cadeias superlotadas e que

servem apenas ao reforço da situação de exclusão, e chega ao genocídio

dessa mesma população pelo Estado armado, não sem antes passar pela

formação de milícias, incentivo à segurança privada e ao cercamento de tudo o

que poderia ser espaço de convivência e diálogo – literal e metaforicamente

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falando.

Criminalizar mais, excluir mais, aprofundar a violência estatal contra a

população, não são caminhos que levarão à redução da violência, como já

provaram as experiências das últimas décadas. Incluir, construir diálogo e

cidadania e refundar o Estado sob outra perspectiva são medidas que levarão

a uma mudança real. O que não seguir por esse eixo não passará de

enganação. Isso é o nosso país.

Vez ou outra, a pena de morte ganha espaço de discussão toda vez que

algum crime hediondo estampa a primeira página dos noticiários. O calor do

momento e o próprio sentimento de revolta se transformam em grandes

combustíveis de pessoas que vociferam contra os responsáveis por atos de

extrema violência. Reconhecendo a figura de um criminoso incorrigível,

acreditam que a extinção da vida se torna a melhor escolha para esse tipo de

situação.

De fato, alguns campos do conhecimento como a psicologia e a

neurologia apontam a presença de pessoas que se portam de forma alheia às

regras sociais. Matam, roubam, estupram, enganam e destroem sem que

necessariamente demonstrem algum arrependimento pelos seus atos. Para

alguns desses estudiosos, alterações de dimensão física e biológica explicam

a existência de alguns criminosos capazes dos mais inomináveis atos de

crueldade.

Contudo, devemos ver que boa parte dos criminosos não se enquadra

nesse tipo de perfil, onde a pessoa se comporta assim em razão de uma

limitação física. É sabido por todos que a maioria esmagadora dos criminosos

é gerada em nichos em que a miséria, a violência e outros vários tipos de

adversidade contribuem para que o contraventor venha a existir. Sob tal

aspecto, vemos que a criminalidade está relacionada diretamente com a

própria desigualdade fomentada por nossas instituições e governantes.

Sendo assim, como poderíamos determinar a coerência existente na

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pena de morte aplicada contra aqueles que são, antes de qualquer coisa,

vítimas do próprio sistema em que vivem? Ao executar um criminoso, por mais

brando e indolor que o método utilizado possa parecer, a sociedade e o

governo que a representa se abstém da responsabilidade de proteger, formar

e, nesses casos, recuperar os cidadãos vitimados pela chaga da

marginalização.

Paralelamente, devemos observar que a pena de morte é um tipo de

punição que coloca em questão a própria noção de justiça de um povo. Em

muitas culturas, é comum ouvir que a família vítima de um homicida, por

exemplo, espere que ele “apodreça na cadeia”. De tal forma, vemos que a

crença na reabilitação do sujeito é completamente desacreditada e substituída

por um senso de justiça calcado na vingança contra o mal cometido por

alguém.

Os defensores da pena de morte alegam que a utilização desse tipo de

punição deve se restringir a casos muito específicos em que a recuperação se

mostra completamente ineficaz. Nesse sentido, reincidentes, psicopatas e

genocidas seriam os alvos principais para esse tipo de penalidade. Já outros

defensores, alegam que a simples existência da pena de morte é

suficientemente capaz de inibir um grande número de pessoas a cometerem

um amplo universo de crimes graves.

Fora da preocupação de defender ou repudiar a pena de morte,

devemos pensar todo um aspecto de questões que são ativadas através da

mesma. Os preceitos morais, a configuração das leis, o funcionamento do

sistema penitenciário são apenas alguns dos pontos atingidos por esse debate.

Vale, assim, ressaltar que não existe um modelo de justiça imune às falhas.

Mas devemos frisar o quão importante é a justiça responder, da melhor forma

possível, a sociedade que representa.

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Dia 18/08/2013 às 18:32.

• Site:http://www.brasilescola.com/sociologia/penademorte.Dia 28/08/2013

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

HISTÓRIA DA PENA DE MORTE 10

1.1 – As crueldades do período colonial 11

1.2 – Os avanços com a colonização 14

1.3 – As inovações da pena de morte 17

CAPÍTULO II

O FIM DA PENA DE MORTE NO BRASIL 18

CAPÍTULO III

ARGUMENTOS CONTRA E A FAVOR DA PENA DE MORTE 25

3.1 – Argumentos a favor da pena de morte 25

3.2 – Argumentos contrários a pena de morte 26

CONCLUSÃO 32

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35

BIBLIOGRAFIA CITADA 36

ÍNDICE 37