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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O MANDADO DE SEGURANÇA EM FACE DO CONCURSO PÚBLICO. Por: Jorge Luis Aguiar Gonçalves Orientador Prof. Jean Alves Rio de Janeiro, 19 de junho de 2015. 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O MANDADO DE SEGURANÇA EM FACE DO CONCURSO

PÚBLICO.

Por: Jorge Luis Aguiar Gonçalves

Orientador

Prof. Jean Alves

Rio de Janeiro, 19 de junho de 2015.

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O MANDADO DE SEGURANÇA EM FACE DO CONCURSO

PÚBLICO.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Processual Civil.

Por: Jorge Luis Aguiar Gonçalves

3

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus por permitir

concluir mais uma etapa vitoriosa na

minha caminhada, a minha esposa

Katia que está sempre ao meu lado, ao

Angelo, meu pastor e incentivador, ao

meu amado filho Leandro, aos amigos

e parentes.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu amado,

bondoso e fiel Deus, pois os sonhos que

Ele sonhou para a minha vida estão a

cada dia tomando forma, e sendo um a

um realizados, ao Espírito Santo de Deus

que tem guiado os meus passos, e

Senhor e Salvador, Jesus Cristo que é o

meu espelho e exemplo de vida.

5

RESUMO

O trabalho em forma ampla surgiu após participar de vários concursos

públicos e ocorrerem fatos em que as Bancas Examinadoras cobravam nas

provas objetivas, questões que traziam respostas em duplicidade, questões

com temas não previstos no edital, questões inconstitucionais e questões com

erro material grotesco.

Ocorre que em todos os casos foram impetrados recursos

administrativos contra as questões, não havendo mudança de gabarito por

parte das Bancas Examinadoras. Desta forma, sem conseguir a solução

administrativa, recorria ao judiciário, que ao final decidia sempre a favor das

Bancas Examinadoras, com o mesmo argumento: “O Judiciário não tem

competência para julgar questões sobre formulação de questões de concurso

público.”

O presente trabalho discute a possibilidade do Poder Judiciário realizar

controle judicial das provas objetivas do concurso público. Inicialmente, aborda

a conceituação, natureza jurídica e princípios que norteiam o processo. Após,

destaca-se o controle judicial e o sistema de controle. E por fim, aborda-se o

controle jurisdicional incidente sobre a prova objetiva, hipóteses de cabimento

do controle e a jurisprudência brasileira.

6

METODOLOGIA

Os métodos que levaram ao problema proposto, apesar de ocorrer

constantemente no judiciário, é pouco debatido no meio jurídico, desta forma a

coleta de informações de dados foi extremamente restrita pela falta de debates

do assunto, foi fundamentada, portanto, pela farta jurisprudência que apesar

de ser pacífica não é aplicada nos casos concretos, através de artigos

publicados por doutrinadores, advogados, bacharéis em direito.

Entretanto, apesar de não haver questionamentos doutrinários

publicados em livros, jornais, revistas, questionários, a jurisprudência é pacifica

sobre o tema, mas os julgados são totalmente adversos, como demonstrará na

sequencia deste trabalho.

O fato de escrever sobre o tema começou com a experiência pessoal de

participar de vários concursos públicos e ocorrer os fatos descritos, e apesar

da jurisprudência pacífica do tema, nunca consegui modificar uma decisão

administrativa através do judiciário, fato este que incentivou-me a escrever

sobre o referido problema.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - Do Concurso Público 11

1.1 – O Conceito 1.2 – A Origem 1.3 – Forma de Ingresso no Serviço Público 1.4 - Princípios administrativos que norteiam o processo 1.5 – Do Controle Judicial 1.6 – Sistema de Controle

CAPÍTULO II - Do Controle Judicial 21

2.1 - Do Princípio da Legalidade e a Possibilidade do Judiciário Corrigir Atos Discricionários Viciados. 2.2 - Da Competência do Poder Judiciário para Apreciar Questões De Concurso Público Acometidas de Erros Materiais. 2.3 - O Que Se Entende por Erro Material Evidente? 2.4 - Das Questões com duas assertivas corretas. 2.5 - Do Recurso Extraordinário 632.853 (STF) e Sua Repercussão no Mundo Jurídico. 2.6 – Questões em Desacordo com o Edital.

CAPÍTULO III – Da Jurisprudência 35

CAPÍTULO IV – Do Mandado de Segurança 42 3.1 – Mandado de Segurança no Processo Civil 3.2 – Histórico 3.3 – Conceito e Finalidade 3.4 – Objeto 3.5 – Natureza Jurídica 3.6 – Provimento Mandamental 3.7 – Autonomia de Instâncias 3.8 – Cabimento do Mandado de Segurança 3.9 – Requisitos do Mandado de Segurança 4.0 – Do Direito Liquido e Certo 4.1 – Espécies: Repressivo e Preventivo

8

4.2 – Legitimação: Ativa e Passiva 4.3 – Prazo para a Impetração e Decadencial do Mandado de Segurança 4.4 – Órgão Judicial Competente 4.5 – Medida Liminar CONCLUSÃO 54

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 58

ÍNDICE 60

FOLHA DE AVALIAÇÃO 61

9

INTRODUÇÃO

O presente trabalho aborda o controle jurisdicional das provas

objetivas do concurso público, no sentido de fazer uma reflexão sobre tal tema,

o qual tem grande relevância na sociedade brasileira.

O concurso público é a forma de acesso aos cargos e empregos

públicos eleitos pela Constituição Federal de 1988, regido pelos princípios da

isonomia, impessoalidade, moralidade e eficiência, sendo a forma mais

democrática de ingresso no serviço público, livre de qualquer tipo de influência

e favoritismo.

O acesso do povo aos cargos públicos é cobiçado desde a antiguidade

através dos sorteios, compra e venda, herança, arrendamento, nomeação,

eleição, e por fim, concurso público, sendo este, utilizado como mecanismo de

seleção pessoal para assumir cargo ou emprego público baseado no critério da

meritocracia.

Com o advento da Constituição Federal de 1988, somente é possível o

ingresso dos servidores públicos na administração direta e indireta seja da

União, Estados, DF e Municípios através do concurso público, salvo,

provimento de cargos comissionados.

O Poder Judiciário também realiza controle nos atos emanados da

Administração Pública sejam os atos vinculados como também os

discricionários, estes com algumas ressalvas.

Nos atos vinculados, todos os elementos do ato administrativo estão

definidos em lei e devem observar sempre a competência, forma, objeto,

motivo, finalidade sob pena de tornar-se nulo. Nos atos discricionários, há

vinculação apenas da forma, competência e finalidade, ficando o objeto e

motivo a critério da administração pública.

10

Nesse sentido, pontua-se que, havendo violação a lei ou ao edital na

realização do concurso público, o Poder Judiciário realizará controle judicial

devendo o ato ser anulado com base na legalidade e nos princípios

constitucionais.

No tocante, ao mérito das questões, a posição majoritária da

jurisprudência, entende que o juízo formulado pela banca examinadora com

seus critérios científicos e pedagógicos não são passiveis do controle judicial,

salvo se houver alguma afronta ao ordenamento jurídico.

O controle judicial incidente sobre a prova objetiva é exercido quando

nas questões formuladas pela banca examinadora ou resposta dada pela

mesma constar, por exemplo: alternativa incorreta corrigida como correta ou

inexistência de opção verdadeira; questões com duas assertivas corretas;

questões em desacordo com o edital.

Insta destacar que, o objetivo deste trabalho não é exaurir a discussão

acerca do controle jurisdicional no concurso público, mas sim dar a

oportunidade aos operadores do Direito realizar um estudo aprofundando

sobre tal tema.

11

CAPÍTULO I

DO CONCURSO PÚBLICO

1.1 - O Conceito.

O concurso público é um procedimento administrativo que seleciona os

melhores candidatos para prover os cargos e funções públicas. O Estado afere

quais, dentre os candidatos inscritos, possuem maior aptidão intelectual, física

e psíquica para exercer cargos, empregos e funções públicas.

Marcelo Caetano1 nos ensina que o concurso público é o mais legítimo sistema de mérito, ou seja, traduz:

“Um certame de que todos podem participar nas mesmas

condições, permitindo que sejam escolhidos realmente os

melhores candidatos. Baseia-se o concurso público em três

postulados fundamentais. O primeiro é o princípio da igualdade,

pelo qual se permite que todos os interessados em ingressar no

serviço público disputem a vaga em condições idênticas para

todos. Depois, o princípio da moralidade administrativa, indicativo

de que o concurso veda favorecimentos e perseguições pessoais,

bem como situações de nepotismo, em ordem a demonstrar que

o real escopo da Administração é o de selecionar os melhores

candidatos. Por fim, o princípio da competição, que significa que

os candidatos participem de um certame procurando alçar-se à

classificação que os coloque em condições de ingressar no

serviço público.“

1 CAETANO, Marcelo. Manual do direito Administrativo, Volume II, p. 638.

12

Para Hely Lopes Meirelles2, o concurso público é:

“O meio técnico posto à disposição da Administração Pública

para obter-se moralidade, eficiência e aperfeiçoamento do serviço

público e, ao mesmo tempo, propiciar igual oportunidade a todos

os interessados que atendam aos requisitos da lei, fixados de

acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,

consoante determina o art. 37, II, da CF. Pelo concurso afastam-

se, pois, os ineptos e os apaniguados que costumam abarrotar as

repartições, num espetáculo degradante de protecionismo e falta

de escrúpulos de políticos que se alçam e se mantêm no poder

leiloando cargos e empregos públicos.”

Desses dois conceitos emanados pelos ilustres doutrinadores acima,

podemos concluir que o concurso público é o meio através o qual a

Administração Pública seleciona, segundo critérios preestabelecidos no edital e

vinculados à Constituição da República e à lei, os melhores candidatos para

exercer a atividade pública e, assim, por conseguinte, prestar o serviço público

de melhor qualidade.

É uma forma de evitar apadrinhamentos, benefícios individuais ou

favorecimentos pessoais. O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula nº

6853, que veda qualquer forma de provimento em cargos, empregos e funções

públicas sem o prévio concurso público. Eis o enunciado da súmula:

“É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie

ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso

público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a

carreira na qual anteriormente investido”.

2 MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, 27ª edição, p. 409.

13

1.2 – Origem.

Desde a Antiguidade é buscado um processo/mecanismo de ingresso

das pessoas para atuar em serviço do Estado.

Inicialmente, a seleção era realizada através de sorteio, no qual não

havia a seleção pela qualidade técnica-científica, sendo a escolha realizada

pelo acaso/sorte, ficando afastados a interferência pessoal e favoritismo.

Na Idade Média, os cargos e empregos públicos eram ocupados pela

população através da compra e venda destes, de maneira que, os cargos

públicos tornaram verdadeiras mercadorias sendo vendidas as pessoas com

maior poder aquisitivo.

Esse tipo de seleção, novamente, não privilegiava a competência do

funcionário e sim o poder econômico deste.

Posteriormente, surge a herança que é decorrente da compra e venda,

sendo os cargos públicos passado de pai para filho. E o arrendamento, que

também era uma compra e venda da ocupação do serviço público, contudo

não transferia em definitivo o cargo, pois eram alugados por prazo

determinado.

Após o arrendamento, utilizou-se a nomeação, que até hoje existe,

sendo ocupado o cargo por pessoa escolhida pelo governante sem qualquer

análise de currículo, conhecimento, bastando apenas indicação.

E por fim, o concurso público que, na atualidade, é o mais justo e

equânime, pois está livre de favoritismo, influências e é impessoal, sendo

escolhidos os melhores candidatos para trabalhar em favor do povo.

3 STF, Súmula 685.

14

O professor José dos Santos Carvalho Filho4 define que:

“Concurso público é o procedimento administrativo que tem por

fim aferir as aptidões pessoais e selecionar os melhores

candidatos ao provimento de cargos e funções públicas. Na

aferição pessoal, o Estado verifica a capacidade intelectual, física

e psíquica de interessados em ocupar funções públicas e no

aspecto seletivo são escolhidos aqueles que ultrapassam as

barreiras opostas no procedimento, obedecida sempre a ordem

de classificação. Cuida-se, na verdade, do mais idôneo meio de

recrutamento de servidores públicos.”

Nessa linha de entendimento, Diógenes Gasparini5 sustenta que:

“É o procedimento posto à disposição da Administração Pública

direta e indireta, autárquica e fundacional pública de qualquer

nível de governo, para a seleção do futuro melhor servidor,

necessário à execução de serviços sob sua responsabilidade.”

Dessa forma, o concurso público é o meio mais idôneo de seleção de

servidores públicos, no qual verifica a capacidade intelectual, psíquica e física,

dependendo do cargo, selecionando sempre os candidatos mais preparados.

De acordo com Lopes (1980), os primeiros fatores básicos da

motivação humana são o hedonismo e o idealismo. O primeiro explica que o

homem não ama a dor e o desconforto, mas o prazer e o conforto. Eis aí a

razão dos conselhos acerca de como tornar agradáveis as condições e o

ambiente de trabalho, a fim de que aquele fator seja satisfeito, resultando no

aumento da motivação.

4 CARVALHO FILHO, José dos Santos, manual de Direito Administrativo. 18 edição. Rio de Janeiro, Lúmen Júris, 2007. 5 GASPARINI, Diógenes, Direito Administrativo. 5ª edição, São Paulo, Saraiva, 2000.

15

1.3 - Forma de ingresso no serviço público.

O Concurso público tem a finalidade precípua de aferir as aptidões

pessoais do candidato selecionando apenas os melhores candidatos que serão

classificados para serem nomeados e empossados nos cargos e empregos

públicos.

O Estado visa verificar a capacidade intelectual, física, e psíquica do

candidato com interesse em ingressar no serviço público sendo respeitadas

todas as fases do certame, tornando-se o mecanismo mais eficaz de

provimento de vagas dos servidores públicos.

No art. 37, II, da Constituição Federal de 1988 prevê que a investidura

em cargo ou emprego público depende de uma aprovação prévia em concurso

público de provas ou de provas e títulos dependendo da natureza e

complexidade do cargo ou emprego, ficando excluídos os cargos em

comissões.

Nota-se que, o legislador atentou ao fato de que os títulos têm o cunho

apenas de refletir-se na classificação dos candidatos e não na aprovação.

Tendo em vista, o meio mais hábil, atualmente, para auferir a

capacidade pessoal é através das provas de conhecimento, apesar destas,

sofrerem fatores exógenos que não é o papel desse trabalho.

Portanto, em conformidade, ao princípio da proporcionalidade,

razoabilidade e impessoalidade, moralidade, é inevitável que o concurso

público seja realizado através de provas ou provas e títulos, pois tem o papel

de coibir qualquer favorecimento de candidatos.

16

Como já dito, o certame visa privilegiar o mérito, haja vista que todos

os candidatos realizam as mesmas provas permitindo que os melhores

candidatos sejam classificados.

Adiantando já, pois serão expostos linhas abaixo, que em

conformidade com o Princípio da Igualdade, o concurso público permite que

todos os candidatos disputem as vagas em condições iguais.

Da mesa forma que o Princípio da Moralidade e Eficiência visam coibir

o favorecimento e perseguições pessoais, de sorte que, e que em tese, serão

selecionados os melhores para trabalhar no Estado.

1.4 - Princípios administrativos que norteiam o processo.

Os princípios são uma espécie da norma presente na Constituição que

se aplicam as demais espécies das normas constitucionais. É dotada de certa

abstratividade, pois na maioria das vezes não estão expressos no texto,

contudo tem o objetivo de imprimir significado as demais normas. Ou seja, os

princípios têm o papel de guiar a interpretação da Constituição, de modo que,

haja uma unidade, coesão das normas, levando em consideração o sistema

constitucional.

Em suma, os princípios são normas que consagram valores que

servem de fundamento para todo o ordenamento jurídico, irradiando sobre tais

para transformá-lo em sistema harmônico e coeso.

Nesse sentido abordaremos como princípios administrativos que

justificam o ingresso no serviço público o princípio da legalidade,

impessoalidade, moralidade, eficiência e razoabilidade.

O Principio da Legalidade, disposto no Art. 5º, inciso II da

Constituição Federal dispõe que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de

17

fazer alguma coisa senão em virtude de lei e o Art. 37, caput, da CF/1988

prevê que a Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos Poderes

da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos

princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,

ou seja, é um dever da administração pública obedecer ao ordenamento

jurídico, pois deve fazer apenas o previsto na lei.

Nesse compasso, o Art. 37, II, da CF/1988 estabelece que a

investidura em cargo ou emprego público dar-se-á com a aprovação prévia em

concurso público, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão

declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Em sede de concurso

público, é incontestável que a Administração Pública vincula-se ao edital,

podendo ser objeto de controle.

Sendo assim, conclui-se que, não é admitido qualquer ato normativo

da Administração Pública que contenha imposições que não foram

estabelecidas em lei.

O Princípio da Impessoalidade caracteriza-se pelo fato da

Administração Pública selecionar no certame o candidato mais qualificado para

investir no cargo público, de sorte que, evita qualquer tipo de influência política,

favorecimento e perseguições.

A impessoalidade visa privilegiar o interesse público, na medida em

que seleciona os melhores candidatos desprovidos de marcas pessoais e

particulares, sem qualquer interferência alheia.

A Declaração dos Direitos do Homem e dos Cidadãos6, de 26 de

agosto de 1789, no Art. 6º determina que:

6 Declaração dos Direitos do Homem e dos Cidadãos, artigo 6º.

18

“Todos os cidadãos, sendo iguais aos seus olhos, são igualmente

admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos,

segundo a capacidade deles, e sem outra distinção do que a de

suas virtudes e talentos.”

A exigência da realização de concurso público para investidura em

cargo ou emprego público visa assegurar o Princípio da Moralidade, tendo

em vista que, após a Constituição Federal de 1988, o ingresso na

Administração Pública é possível apenas através de concurso público, salvo

cargos em comissão.

Tal princípio impõe ao administrador público a não dispensa dos

preceitos éticos que sempre devem está presente nas suas condutas.

Como já dito antes, a administração tem um interesse público para que

sejam atendidos os valores e princípios previstos na Constituição Federal, de

maneira que, havendo qualquer ato que contrarie o interesse público,

consequentemente, viola o princípio da moralidade.

O artigo 37 da CF/88 trás como fundamental o Princípio da

Publicidade, portanto os atos da Administração Pública devem ser públicos,

desta forma trazendo total transparência.

O Princípio da Eficiência introduzido, no caput, do Art. 37 da

CF/1988, através da Emenda Constitucional de nº 19/98 visou garantir a

Administração Pública boa gestão, otimização dos resultados, qualidade do

serviço prestado.

A razoabilidade é uma conduta administrativa pautada na justiça,

adequação, amparada numa necessidade real, de modo que, nos concursos

públicos não se poderá exigir dos candidatos conhecimentos não necessários

19

para o exercício do cargo ou emprego, capacitação física incompatível com a

função, limite de idade, sexo, altura inadequada para o cargo do certame.

1.5 - Controle judicial.

O Poder Judiciário exerce o controle judicial através da fiscalização das

atividades administrativas do Estado seja emanada do Poder Executivo, do

Legislativo ou do próprio Judiciário. O Poder Judiciário tem o papel de fiscalizar

a legalidade e constitucionalidade de atos e leis, de maneira que, quando os

poderes se distanciam dos parâmetros da legalidade e constitucionalidade tem

que haver uma restauração da legitimidade que é realizado pelo controle

judicial.

O Judiciário examina os atos da Administração Pública, de qualquer

natureza, sejam gerais ou individuais, unilaterais ou bilaterais, vinculados ou

discricionários, unicamente no aspecto da legalidade. Caso, o Judiciário

constate que o ato emitido pela Administração for contrário à lei ou à

Constituição será declarado inválido.

Pontua-se que, o controle judicial é exercido tanto nos atos vinculados

quanto nos discricionários, pois é imprescindível a obediência aos requisitos de

validade.

1.6 - Sistema de controle.

Sistema de controle é o conjunto de instrumentos existentes no

sistema jurídico que tem a finalidade de fiscalizar a legalidade dos atos da

Administração.

Podendo ser contencioso administrativo ou unidade de jurisdição.

20

O sistema do contencioso administrativo ou sistema da dualidade de

jurisdição é caracterizado pela dualidade de jurisdição, ou seja, além da Justiça

do Poder Judiciário o ordenamento prevê a Justiça Administrativa.

Nos países que adotam o citado sistema, por exemplo, França e Itália,

a Justiça Administrativa exerce jurisdição e competência sobre determinados

objetos, contudo, necessariamente, uma das partes será o Poder Público.

Tendo em vista que, o sistema administrativo aprecia apenas conflitos

de natureza pública e seus órgãos julgadores são totalmente

especializados/técnicos, em razão da matéria julgada.

Por outro lado, o ponto negativo dar-se com o fato da garantia da

imparcialidade, haja vista que o órgão julgador pertence ao Estado e este

também tem interesse na lide, pois é essencial seu interesse no sistema

administrativo.

O sistema da unidade de jurisdição consiste na função jurisdicional a

ser exercida apenas pelo Poder Judiciário, de maneira que, todos os litígios

administrativos ou privados podem está sujeitos a decisão do Poder Judiciário,

com algumas exceções.

A previsão constitucional da unidade da jurisdição está prevista no

Artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal de19887, pois é garantido que a:

“lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou

ameaça a direito.”

7 Artigo 5º, XXXV, da CF/88.

21

A Administração Pública não exerce função jurisdicional, pois todos

seus atos poderão ser reapreciados pelo Poder Judiciário. O controle judicial

dos atos da administração é exclusivamente de legalidade, tendo em vista que

não tem a capacidade de avaliar o mérito administrativo, ou seja, os critérios

de conveniência e oportunidade dos atos, pois são privativos do poder público.

O judiciário confronta apenas os atos administrativos que são

incompatíveis com a lei ou a Constituição declarando sua invalidade e

proibindo seus efeitos ilícitos.

Nota-se que o judiciário realiza o controle judicial após a publicação

dos atos administrativos, pois os atos da administração têm presunção de

legitimidade e autoexecutoriedade.

Entretanto, há algumas situações que o judiciário pode realizar um

controle prévio dos atos desde que haja um risco irreversível contra direitos

individuais ou coletivos, tendo esse controle fundamento no Art. 5º, XXXV, da

CF/1988, no qual o Poder Judiciário não deixará de apreciar lesão ou ameaça

a direito.

CAPÍTULO II

DO CONTROLE JUDICIAL EM PROVAS DE CONCURSO

PÚBLICO

2.1 – Do Princípio Da Legalidade e a Possibilidade Do Judiciário

Corrigir Atos Discricionários Viciados.

22

Consoante se depreende da doutrina pátria, em especial aquela

voltada ao estudo do Direito Administrativo, os atos administrativos são

balizados pela vinculação e discricionariedade. Por poder vinculado entende-se

aquele ato em que "a lei não deixou opções; ela estabelece que diante de

determinados requisitos, a Administração deve agir de tal ou qual forma", por

sua vez o poder discricionário caracteriza-se pela "adoção de uma ou outra

solução feita segundo critérios de oportunidade, conveniência, justiça,

equidade, próprios da autoridade, porque não definidos elo legislador".

Disto infere-se que os ditos atos administrativos discricionários podem

ser objeto de revogação, unicamente pela Administração Pública, por motivos

de conveniência e oportunidade, ao passo que os atos administrativos

vinculados podem ser anulados, pela Administração e pelo Judiciário, com o

fito de afastar ilegalidades que acometem o ato.

Mas, afinal, estaria a discricionariedade administrativa imune à

análise do Poder Judiciário?

Conforme mencionado alhures, o ato administrativo discricionário não

é revestido de requisitos legais expressos, logo, pode o administrador adotar

seus próprios critérios baseando-se num juízo de conveniência e oportunidade.

Tal característica impede o juiz de apreciar o mérito do ato

administrativo, vez que isto importaria indevida invasão judicial em âmbito de

estrita competência da Administração Pública.

Entretanto, cabe levar a efeito a lição de Maria Sylvia Zanella Di

Pietro8, cujo dispor transcreve-se, in verbis:

"Com relação aos atos discricionários, o controle judicial é

possível, mas terá de respeitar a discricionariedade administrativa

8 DI PIETRO, Maria Sylvia Zannela. Direito Administrativo. 19ª edição. São Paulo. Editora Atlas, 2006.

23

nos limites em que ela é assegurada à Administração Pública

pela lei. (...) A rigor pode-se dizer que, com relação ao ato

discricionário, o Judiciário pode apreciar os aspectos da

legalidade e verificar se a Administração não ultrapassou os

limites da discricionariedade; neste caso, pode o Judiciário

invalidar o ato, porque a autoridade ultrapassou o espaço livre

deixado pela lei e invadiu o campo da legalidade".

Ante as premissas doutrinárias mencionadas pode-se abstrair que a

discricionariedade administrativa possui limites, não podendo, portanto, o

administrador invocar juízo de conveniência e oportunidade para legitimar

arbitrariedades, que conduza o ato administrativo ao campo da ilegalidade.

Assim, o Princípio da Legalidade, esculpido no caput do artigo 37 da

Carta Magna, assume papel deveras relevante no sentido de moderar a

discricionariedade administrativa, legitimando o Judiciário a revisar o ato

administrativo discricionário sem que haja intervenção na vontade do

administrador, mas, apenas, corrigindo estas arbitrariedades, evidenciadas

quando a Administração Pública extrapola seus limites.

Nas palavras de Alexandre de Moraes9:

"Tal princípio visa combater o poder arbitrário do Estado. Só por

meio das espécies normativas devidamente elaboradas conforme

as regras de processo legislativo constitucional, podem-se criar

obrigações para o individuo, pois são expressão da vontade

geral.”

9 DE MORAES, Alexandre. Revista de Direito Administrativo. São Paulo. Editora Atlas S.A nº 243, set/dez 2006.

24

Em outras linhas, o princípio constitucional em voga autoriza ao

Judiciário revisar atos administrativos discricionários eivados de vícios que, por

sua vez, denotem ilegalidade.

Ainda sobre o tema, imperioso levar a efeito a importante reflexão do

jurista José Sérgio da Silva Cristovam10, in verbis:

"Não se pode mais negar a justiciabilidade do mérito

administrativo, sob o fundamento de que as questões referentes

ao mérito do ato administrativo não podem ser revistas pelo

Poder Judiciário, pois que, estaria o juiz atuando como

administrador, em afronta ao princípio da separação dos Poderes.

(...) É que as questões de mérito derivam da discricionariedade

administrativa, e são, em última análise, a sua própria medida. O

mérito administrativo, portanto, configura-se naquela faixa

decisória em que o administrador, segundo apreciação subjetiva,

preenche a finalidade da norma com uma medida capaz de

alcançar o resultado pretendido. Ocorre que, por vezes, o agente

administrativo transborda a legitimidade de sua apreciação

meritória, editando medidas inadequadas, que restringem de

forma desarrazoada direitos subjetivos dos cidadãos. (...) Se a

atuação administrativa limita de modo inadequado e

desproporcional determinado direito fundamental, ilegítima se

mostra a medida adotada viciada quanto aos aspectos de mérito

ou de legalidade, gravitando fora do campo da legítima atividade

discricionária."

Com efeito, pode-se aferir que a discricionariedade administrativa não

pode servir de "escudo" para obstar a análise judicial de atos administrativos

10 CRISTÓVAM, José Sérgio da Silva. Algumas Considerações acerca do controle jurisdicional do mérito administrativo. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, nº 802, 13/09/2005.

25

viciados, eis que representaria indevida ratificação de atos arbitrários,

prejudiciais aos cidadãos. Desta forma, forçoso reconhecer a legitimidade do

Poder Judiciário para revisar tais atos que, apesar da conveniência e

oportunidade que o revestem, mostram-se notadamente ilegais.

2.2 – Da Competência Do Poder Judiciário Para Apreciar Questões

De Concurso Público Acometidas De Erros Materiais.

Sem maiores delongas, imperioso destacar "ab initio" que, no passado,

os Tribunais Superiores afastavam de plano a apreciação de questões

relativas a certames públicos entendendo que “não cabia ao Poder Judiciário

examinar o critério de formulação e avaliação das provas e notas atribuídas

aos candidatos, ficando sua competência limitada ao exame da legalidade do

procedimento administrativo.”

Contudo, o entendimento em destaque já não possui o caráter

absoluto de outrora, eis que a jurisprudência evoluiu. Logo, apesar de da regra

que veda ao Poder Judiciário examinar o mérito (natureza técnico-científica) de

quesitos que perfazem concursos públicos, admite-se, porém, a anulação de

questões eivadas de vícios materiais aferíveis ao primeiro golpe de vista (primo

ictu oculi).

Prova da citada evolução jurisprudencial pelo STJ11, dentre outros

entendimentos no mesmo sentido:

“(RMS 19.062/RS, Resp. 174291/DF, RMS 14.202/RS, RMS

28.854/AC, etc.) destaca-se o RMS 28.204/MG, julgado pelo STJ

em 18/02/2009, cujo teor pede-se vênia para transcrever, in

verbis: EMENTA: ADMINISTRATIVO – RECURSO EM

11 STJ, RMS 19.062/RS, REsp 174291/DF, RMS 14.202/RS, RMS 28.854/AC, 18/02/2009.

26

MANDADO DE SEGURANÇA – CONCURSO PÚBLICO –

CONTROLE JURISDICIONAL – ANULAÇÃO DE QUESTÃO

OBJETIVA – POSSIBILIDADE – LIMITE – VÍCIO EVIDENTE –

PRECEDENTES – PREVISÃO DA MATÉRIA NO EDITAL DO

CERTAME. 1. É possível a anulação judicial de questão objetiva

de concurso público, em caráter excepcional, quando o vício que

a macula se manifesta de forma evidente e insofismável, ou seja,

quando se apresente primo ictu oculi. Precedentes. 2. Recurso

ordinário não provido.”

O decisum acima transcrito permite asseverar que, em se tratando de

questão eivada de vício grosseiro e perceptível de plano pelo juiz, pode o

Poder Judiciário anular o quesito viciado, sem que isso importe substituição da

Banca Examinadora pelo Poder Judiciário.

Em outras linhas, anular quesito de concurso público eivado de vício

material evidente não significa intromissão do magistrado nos elementos

técnico-científicos da questão, isto porque não se discute os critérios de

formulação da questão, suas bases científico-doutrinárias, tampouco a

correção ou não de uma linha de pensamento adotada pela Banca

Examinadora, mas, sim, "erros grosseiros" que a tornam viciada.

Neste ínterim vale consignar o brilhante entendimento doutrinário

manifestado por José dos Santos Carvalho Filho12, que, por sua vez, reforça a

possibilidade do Judiciário anular quesitos de concurso eivados de vícios

materiais, in verbis:

"A jurisprudência tem se orientado no sentido de que só são

passíveis de reexame no Judiciário as questões cuja impugnação

se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus conferidos

12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 17ª Edição, Rio de Janeiro, Lúmen Juris, 2007.

27

pelos examinadores. O mais comum nesses casos é a chamada

prova de múltipla escolha, nas quais apenas uma alternativa é

aceita pela banca. Se o interessado comprova que há mais de

uma alternativa, a questão é de legalidade, e o Judiciário deve

anular a questão, atribuindo ao candidato os pontos que perdeu

em relação a ela."

Da leitura conjugada da jurisprudência do STJ e da doutrina pátria

pode-se abstrair, sem maiores dificuldades, que uma vez maculada a questão

por razões de ilegalidade autoriza-se ao Judiciário anular o quesito, sem que

haja invasão quanto ao mérito da questão.

Em outras palavras, a revisão do quesito, pelo juiz, dá-se apenas e tão

somente para resguardar a legalidade, aviltada pela presença de erro material

que prejudica seu escorreito entendimento.

Destacada a possibilidade do Poder Judiciário, excepcionalmente,

anular quesitos de concurso público acometidos de vícios latentes, cabe, neste

diapasão, conhecer o que se entende por erro material evidente ou

insofismável.

2.3 – O Que Se Entende Por Erro Material Evidente?

Data máxima vênia, esta parece ser a maior dificuldade dos

magistrados e Tribunais país afora, visto que inúmeros são os julgados

conflitantes no tocante à qualificação do chamado erro material evidente. Não

obstante, o Superior Tribunal de Justiça – STJ13, julgando o RMS 28.204/MG,

esclarece com lapidar clareza o que seria tal erro grosseiro, in verbis:

13 STJ, RMS 28.204/MG.

28

"O mero confronto entre as questões da prova e o edital pode ser

suficiente para verificar a ocorrência de um defeito grave,

considerando como tal não apenas a formulação de questões

sobre matéria não contida no edital, mas também a elaboração

de questões de múltipla escolha que apresentem mais de uma

alternativa correta, ou nenhuma alternativa correta, nas hipóteses

em que o edital determina a escolha de uma única proposição

correta.”

O brilhante voto exarado pela Ministra Eliana Calmon evidencia a

possibilidade do Judiciário revisar questões de certames públicos, desde que

aviltados os princípios da legalidade e/ou da vinculação ao edital do concurso.

Outrossim, basta ao jurisdicionando demonstrar inequívoco

desrespeito ao edital do certame, bem como a elaboração de quesitos que

contenham duplicidade de respostas ou nenhuma resposta correta a ser

assinalada pelo candidato.

Outrossim, uma vez demonstrado o erro material insuperável,

inexistiria resposta adequada para responder o quesito requerido na questão,

já que o subtraído o direito do candidato assinalar quaisquer dos itens que o

compõem, tornando latente a violação ao Princípio da Legalidade, caso não

anulado o item pela Banca Examinadora.

O entendimento jurisprudencial14 infra, corrobora a tese sob exame, in

verbis:

PROCESSUAL CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. QUESITO DE

PROVA OBJETIVA. ADMISSIBILIDADE DE ANULAÇÃO PELO

14 TRF-5, AC 106703 PE 0027664-69.1996.4.05.0000 Relator: Desembargador Federal Manoel Erhardt (Substituto) J. 25/06/2002 Órgão Julgador: Terceira Turma.

29

PODER JUDICIÁRIO EM CASOS EXCEPCIONAIS.

INOCORRÊNCIA DE PREJUÍZOS AOS DEMAIS CANDIDATOS

APROVADOS. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO.

INEXISTÊNCIA. - EXCEPCIONALMENTE, RESTANDO

DEMONSTRADO QUE A RESPOSTA CONSIDERADA

CORRETA PELA BANCA EXAMINADORA ESTÁ,

OBJETIVAMENTE, EM DESACORDO COM O RAMO DE

CONHECIMENTO INVESTIGADO, HOUVER ERRO MATERIAL

OU VÍCIO NA FORMULAÇÃO DA QUESTÃO, É ADMISSÍVEL O

PODER JUDICIÁRIO ANULAR QUESTÃO DE CONCURSO. SE

COM A ADIÇÃO DOS PONTOS REFERENTES AO QUESITO

ANULADO AS OUTRAS NOTAS OBTIDAS PELOS AUTORES

DA AÇÃO FICA COMPROVADO, POR CERTIDÃO DA

INSTITUIÇÃO RESPONSÁVEL PELA REALIZAÇÃO DO

CONCURSO, O PREENCHIMENTO DAS DEMAIS CONDIÇÕES

EXIGIDAS NO EDITAL, É DE SE RECONHECER A

APROVAÇÃO DESTES NA PRIMEIRA ETAPA DO CONCURSO

PÚBLICO. - AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA OS DEMAIS

CANDIDATOS APROVADOS. IMPOSSIBILIDADE DE QUEM

NÃO FOI LITISCONSORTE ATIVO SE BENEFICIAR DA

SENTENÇA. INEXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO

NECESSÁRIO. - PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA

REJEITADA. - APELAÇÃO DOS AUTORES PARCIALMENTE

PROVIDA. APELAÇÃO DA UNIÃO E REMESSA OFICIAL

IMPROVIDAS.

Com efeito, uma vez comprovado o erro material na formulação do

quesito, deve o Poder Judiciário anular a questão guerreada, já que frustrada a

regra editalícia que impõe a marcação de uma alternativa, exsurgindo, então, a

citada afronta ao Princípio da Legalidade.

30

2.4 – Das Questões com duas assertivas corretas.

Da mesma forma, o entendimento jurisprudencial, ratifica a tese que

defende a anulação de quesitos eivados de vício material evidente ou aferível

de plano pelo juiz, haja vista que a discricionariedade, manifestada quando da

elaboração do quesito, dá espaço a arbitrariedade, face á duplicidade de

respostas.

Desta feita, ante a casuística proposta aliada às orientações

jurisprudenciais e doutrinárias citadas neste tópico, podemos inferir que erro

material evidente e insofismável é aquele perceptível de plano pelo juiz, cujo

vício seja tal que impossibilite o escorreito entendimento do quesito pelo

candidato e obstaculize a obediência das normas editalícias, que, via de regra,

prevê a marcação de única resposta adequada para resolvê-lo.

Como se vê deve o magistrado usar de toda sensibilidade para

distinguir um mero vício material de um erro material evidente e insuperável,

bem como perceber se a demanda exige a intromissão do Judiciário nos

elementos técnico-científicos da questão ou, apenas, age para corrigir

equívocos grosseiros, contrários à legalidade.

O ilustre Carvalho Filho15 entende que:

“Se o interessado comprova que há mais de uma alternativa, a

questão é de legalidade, e o Judiciário deve anular a questão,

atribuindo ao candidato os pontos que ele perdeu”.

A maior parte da doutrina segue a orientação do ilustre doutrinador

citado acima no sentido de anular a questão quando houver duas alternativas

corretas, tendo em vista a dúvida que o candidato sofre no momento de marcar

a alternativa.

31

Esse equívoco da Administração Pública na aplicação da prova de

constar mais de uma questão correta na alternativa põe o candidato em

dúvida, de modo que, tem o condão de violar o principio da moralidade,

legalidade e boa fé.

Conclui-se que, não pode ser admitida pela banca a possibilidade da

aceitação das duas assertivas como correta, mantendo a validade da questão,

tendo em vista que, inicialmente, foi enunciado que existia apenas uma

questão correta.

Portanto, caso a própria administração pública não anule a questão

equivocada, cumpre ao Poder Judiciário realizar, em decorrência da teoria dos

motivos determinantes que dispõe que a invocação de motivos de fato falso,

inexistentes ou incorretamente qualificados viola o próprio ato.

Neste contexto, faz-se mister compulsar o entendimento

jurisprudencial16, in verbis:

"ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AUDITOR FISCAL

DA RECEITA FEDERAL. QUESTÃO OBJETIVA. DUPLICIDADE

DE RESPOSTA. ANULAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1. A duplicidade

de respostas de questão de prova objetiva de concurso público

enseja a anulação judicial, no controle de legalidade dos atos

administrativos, vez que foi inobservada norma do edital que regia

o certame, que previa a existência de uma única resposta correta

para cada questão. A anulação no caso ensejou a atribuição dos

pontos correspondentes a todos os candidatos que realizaram a

prova. Entendimento que se harmoniza com a jurisprudência do

15 CARVALHO FILHO. José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 17ª edição. Rio de Janeiro. Lúmen Juris, 2007. P.550. 16 AC 0013722-14.2006.4.01.3400/DF, Rel. Desembargadora Federal Maria Isabel Gallotti Rodrigues, Conv. Juiz Federal Rodrigo Navarro De Oliveira (conv.), Sexta Turma, e-DJF1 p.259 de 14/06/2010.

32

STJ e desta Corte. 2. Apelação e remessa oficial, tida por

interposta, às quais se nega provimento.”

2.5 – Do Recurso Extraordinário 632.853 (STF) e Sua Repercussão

No Mundo Jurídico.

Recentemente o Supremo Tribunal Federal – STF, nos autos do

recurso em epígrafe, reconheceu repercussão geral à temática que aborda a

possibilidade do Poder Judiciário examinar quesitos inerentes a concursos

públicos. Desta maneira, manifestou-se o Ministro Gilmar Mendes17, in verbis:

"Entendo configurada a relevância social e jurídica da matéria,

uma vez que a presente demanda ultrapassa os interesses

subjetivos da causa, e a solução a ser definida por este Tribunal

balizará não apenas este recurso específico, mas todos os

processos em que se discute idêntica controvérsia. Assim,

manifesto-me pela existência da repercussão geral."

A demanda, objeto de análise pelo STF, tem fulcro em certame público

para provimento de cargos na área de Saúde, do Estado do Ceará, em que os

candidatos suscitam duplicidade de respostas na prova de múltipla escolha.

Segundo os autos, 10 (dez) quesitos apresentariam duplicidade,

quando o instrumento editalício determina assinalar apenas uma assertiva

correta.

Ratificando o entendimento manifestado pelo juiz singular, o Tribunal

de Justiça do Ceará, em sede de apelação, negou provimento ao recurso

interposto pelo Estado e decidiu pela anulação de 8 (oito) das 10 (dez)

questões impugnadas pelos requerentes.

17 inhttp://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussaoGeral/decisao.asp?decisao=3776774

33

Tal decisão reafirma a necessidade de respeito aos princípios da

legalidade e vinculação ao edital que, uma vez aviltados, autorizam ao

Judiciário anular tais atos objurgados, sem que isso importe intromissão no

mérito da questão elaborada pela Banca Examinadora do certame público.

O tema chegou ao STF por meio do Recurso Extraordinário 632.853,

pelo qual o estado do Ceará argui injustificável invasão do Poder Judiciário

sobre o mérito do ato administrativo, denotando suposta usurpação dos

critérios discricionariamente adotados pela Administração Pública.

Como mencionado no inicio do discurso, o Ministro Gilmar Mendes

reconheceu repercussão geral ao Recurso e, num futuro próximo, decidirá pela

possibilidade ou não do Poder Judiciário apreciar questões de concurso

público eivadas de vícios.

Muito embora a decisão proferida em sede de Recurso Extraordinário

não possua efeito “erga omnes,” como é o caso das Ações Diretas de

Inconstitucionalidade e Constitucionalidade, o relator do recurso, ao pronunciar

repercussão geral ao recurso, asseverou que "a solução a ser definida por este

Tribunal balizará não apenas este recurso específico, mas todos os processos

em que se discute idêntica controvérsia."

Noutras palavras, face ao caráter “inter partes” da decisão proferida em

sede de RE, seus efeitos, a priori, não transcendem às partes que a integram,

todavia, o Ministro Gilmar Mendes expressamente dispôs que o decisum

servirá de paradigma para os demais litígios com idêntico objeto.

Em razão disso, juízes singulares e Tribunais Brasil afora, deverão

considerar os termos da decisão proferida pelo STF, sem, contudo, restarem

vinculados a ela, tampouco ensejando às partes o direito de Reclamação, visto

não se tratar de decisão de efeito erga omnes.

34

Seja como for, fato é que a futura decisão do STF representará

importante paradigma no tocante à discussão acerca da possibilidade do

Poder Judiciário anular quesitos de certames públicos, amenizando a

quantidade de decisões conflitantes, quiçá ratificando o entendimento do STJ,

há tempos avançado e condizente à realidade confusa dos certames públicos

brasileiros.

2.6 - Questões em desacordo com o edital.

No tocante a possibilidade da existência de questão não abrangida por

assuntos não previstos anteriormente no edital resulta na violação do Principio

da Vinculação ao Instrumento Convocatório.

É inadmissível a possibilidade da manutenção de uma questão que

constem assuntos não previstos no edital, tendo em vista que além da violação

a vinculação ao edital, resulta na afronta a boa-fé, legalidade, moralidade. Haja

vista, todo o sacrifício do candidato com estudos, dinheiro, tempo e, no

momento da prova, constar um tema não constante no edital.

Dessa forma, conclui-se que, os temas das disciplinas constantes no

conteúdo programático contido no edital fixa os limites a serem abordados nas

provas objetivas, bem como nas discursivas.

Lenoar Madalena18 salienta que:

“Em havendo indagações sobre matérias não contempladas no

edital, anula-se toda a questão. Antes disso, contudo, compete ao

judiciário analisar comparativamente a essência da questão com

o conteúdo programático previsto no edital.”

18 MADALENA, Lenoar Bendini. Controle jurisdicional nos concursos públicos. Jus Navigandi, Teresina: 6/abril/2005. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/6560/ controle-jurisdicional-nos-concursos-públicos /2. Acesso em: 21/jan/ 2016.

35

Cabe pontuar ainda que, mesmo as matérias que sofram modificações

legislativas supervenientes a publicação do edital podem está constante na

prova do concurso desde que estejam vinculadas ao edital.

Nessa linha, segue abaixo decisão do Superior Tribunal de Justiça19:

“O fato de a Emenda à Constituição que prevê a reforma do

Poder Judiciário ter entrada em vigor após a publicação de edital

não inviabiliza a formulação de questões a seu respeito, tendo em

vista que o seu conteúdo apresenta pertinência com aquele

previsto no edital.”

CAPÍTULO III

DA JURISPRUDÊNCIA

Conforme a farta jurisprudência, o Poder Judiciário pode rever os atos da Administração Pública, e anulá-los quando eivados de nulidades, conforme discorrido neste trabalho.

Duplicidade de Resposta20 em Questão de Concurso Público

TJ-DF - APELAÇÃO CÍVEL AC 20020110290508 DF (TJ-DF) - Data de publicação: 24/06/2004 - Ementa: ADMINISTRATIVO - DUPLICIDADE DE RESPOSTA EM QUESTÃO DE CONCURSO PÚBLICO - ANULAÇÃO. 1. A VEDAÇÃO IMPOSTA AO JUDICIÁRIO, QUE NÃO PODE SE IMISCUIR NO MÉRITO DAS QUESTÕES SUBMETIDAS AOS CANDIDATOS EM CONCURSO PÚBLICO, POR NÃO LHE SER PERMITIDO TRANSMUDAR-SE EM BANCA EXAMINADORA, NÃO PODE SER TIDA COMO DOGMA, MORMENTE PORQUE, NA HIPÓTESE, AFERE-SE A

19 STJ, RMS 21.650/ES, Relator Ministro Paulo Medina, Sexta Turma, DJ 02.10.2006. 20 Encontrado em: - 2ª Câmara de Direito Público 09/07/2015 - 9/7/2015 Agravo Regimental AGR 3861883 PE (TJ-PE) José Ivo de Paula Guimarães.

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LEGALIDADE DO GABARITO, EM FLAGRANTE DISCORDÂNCIA COM A PREVISÃO DO EDITAL. 2. APELO IMPROVIDO

TJ-DF - APELAÇÃO CÍVEL AC 290503420028070001 DF 0029050-34.2002.807.0001 (TJ-DF) - Data de publicação: 24/06/2004 - Ementa: ADMINISTRATIVO - DUPLICIDADE DE RESPOSTA EM QUESTÃO DE CONCURSO PÚBLICO - ANULAÇÃO. 1. A VEDAÇÃO IMPOSTA AO JUDICIÁRIO, QUE NÃO PODE SE IMISCUIR NO MÉRITO DAS QUESTÕES SUBMETIDAS AOS CANDIDATOS EM CONCURSO PÚBLICO, POR NÃO LHE SER PERMITIDO TRANSMUDAR-SE EM BANCA EXAMINADORA, NÃO PODE SER TIDA COMO DOGMA, MORMENTE PORQUE, NA HIPÓTESE, AFERE-SE A LEGALIDADE DO GABARITO, EM FLAGRANTE DISCORDÂNCIA COM A PREVISÃO DO EDITAL. 2. APELO IMPROVIDO. TJ-PE - Agravo Regimental AGR 3861883 PE (TJ-PE) - Data de publicação: 09/07/2015 - Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCURSO PÚBLICO. EXISTÊNCIA DE QUESTÕES SEM CONSONÂNCIA COM O INSTRUMENTO EDITALÍCIO E COM POSSÍVEL DUPLICIDADE DE RESPOSTAS CORRETAS. CABÍVEL O CONTROLE DE LEGALIDADE PELO JUDICIÁRIO. RECURSO IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1. No caso em apreço, verificou-se que as questões 21 e 22 da prova de Língua Estrangeira (Espanhol) aparentemente exigiram do candidato conhecimentos de morfologia e sintaxe gramatical, em detrimento às regras preconizadas no instrumento convocatório, cujo conteúdo programático abordou expressamente apenas as matérias "Compreensão e interpretação de textos" e "Tipologia textual". 2. Além disso, convém destacar que o Laudo Técnico acostado às fls. 91/95 indica uma possível duplicidade de respostas corretas na questão 21, fato este que, se confirmado, caracterizará inequívoco descumprimento aos itens 6.4, 6.4.1 e 6.4.2 do Edital, que concebem a existência de apenas uma resposta correta dentre as alternativas (a, b, c, d, e) de cada questão da prova. 3. Nesse contexto, diante da desconformidade das questões da prova do concurso público com o edital, cabe ao Judiciário intervir para preservar o respeito ao princípio da legalidade e da vinculação ao instrumento convocatório, através da anulação dos quesitos correspondentes, cuja pontuação será atribuída a todos os candidatos de forma igualitária, em reverência ao princípio da isonomia. 4. A intervenção do Poder Judiciário em situações como a dos autos não implica ingerência no mérito administrativo, e, assim, violação do princípio da

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separação dos poderes, na medida em que não cuida a hipótese de exame dos critérios de formulação ou correção da questão, mas de controle da legalidade do ato administrativo, mediante a análise da observância, pela Administração, do princípio da vinculação ao edital. 5. À unanimidade de votos, negou-se provimento ao Agravo Regimental.

TRF-2 - AC APELAÇÃO CIVEL AC 201151010012997 (TRF-2) - Data de publicação: 25/10/2012 - Ementa: AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. ANULAÇÃO DE QUESTÃO OBJETIVA. DUPLICIDADE DE RESPOSTAS. FLAGRANTE ILEGALIDADE OU INOBSERVÂNCIA DO EDITAL. CONTROLE DO PODER JUDICIÁRIO. POSSIBILIDADE. 1 - No que se refere à possibilidade ou não de o poder judiciário anular questões objetivas aplicadas em concurso público, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça considera que, em regra, sua competência limita-se à análise da legalidade das normas instituídas no edital e dos atos praticados na realização do concurso, sendo vedado o exame dos critérios de formulação dos itens, de correção de provas e de atribuição de notas aos candidatos, matérias de responsabilidade da banca examinadora. 2 - Excepcionalmente, entretanto, em caso de flagrante ilegalidade de questão objetiva de prova de concurso público ou ausência de observância às regras do edital, tem-se admitido sua anulação pelo poder judiciário por ofensa ao princípio da legalidade. 3 - Ante a ocorrência de erro grosseiro na formulação da questão impugnada, qual seja, a existência de duas respostas corretas, e a consequente violação à disposição do edital que prevê a existência de uma única resposta correta para cada questão, deve ser decretada a sua anulação, com a consequente atribuição da pontuação relativa à referida questão ao candidato e sua participação nas demais etapas do concurso público. 4 - Agravo interno provido para, reformando a decisão agravada, dar provimento ao recurso de apelação interposto pela parte autora e julgar prejudicado o recurso de apelação interposto pela FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB, o qual se restringia ao pedido de aumento do valor fixado a título de honorários advocatícios.

TJ-DF - APELAÇÃO CÍVEL AC 20020110290508 DF (TJ-DF) - Data de publicação: 24/06/2004 - Ementa: ADMINISTRATIVO - DUPLICIDADE DE RESPOSTA EM QUESTÃO DE CONCURSO PÚBLICO - ANULAÇÃO. 1. A VEDAÇÃO IMPOSTA AO JUDICIÁRIO, QUE NÃO PODE SE IMISCUIR NO MÉRITO DAS QUESTÕES SUBMETIDAS AOS CANDIDATOS EM CONCURSO PÚBLICO, POR NÃO LHE SER PERMITIDO TRANSMUDAR-SE EM BANCA EXAMINADORA, NÃO PODE SER TIDA COMO

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DOGMA, MORMENTE PORQUE, NA HIPÓTESE, AFERE-SE A LEGALIDADE DO GABARITO, EM FLAGRANTE DISCORDÂNCIA COM A PREVISÃO DO EDITAL. 2. APELO IMPROVIDO.

TJ-DF - APELAÇÃO CÍVEL AC 290503420028070001 DF 0029050-34.2002.807.0001 (TJ-DF) - Data de publicação: 24/06/2004 - Ementa: ADMINISTRATIVO - DUPLICIDADE DE RESPOSTA EM QUESTÃO DE CONCURSO PÚBLICO - ANULAÇÃO. 1. A VEDAÇÃO IMPOSTA AO JUDICIÁRIO, QUE NÃO PODE SE IMISCUIR NO MÉRITO DAS QUESTÕES SUBMETIDAS AOS CANDIDATOS EM CONCURSO PÚBLICO, POR NÃO LHE SER PERMITIDO TRANSMUDAR-SE EM BANCA EXAMINADORA, NÃO PODE SER TIDA COMO DOGMA, MORMENTE PORQUE, NA HIPÓTESE, AFERE-SE A LEGALIDADE DO GABARITO, EM FLAGRANTE DISCORDÂNCIA COM A PREVISÃO DO EDITAL. 2. APELO IMPROVIDO.

TJ-PE - Agravo Regimental AGR 3861883 PE (TJ-PE) - Data de publicação: 09/07/2015 - Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCURSO PÚBLICO. EXISTÊNCIA DE QUESTÕES SEM CONSONÂNCIA COM O INSTRUMENTO EDITALÍCIO E COM POSSÍVEL DUPLICIDADE DE RESPOSTAS CORRETAS. CABÍVEL O CONTROLE DE LEGALIDADE PELO JUDICIÁRIO. RECURSO IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1. No caso em apreço, verificou-se que as questões 21 e 22 da prova de Língua Estrangeira (Espanhol) aparentemente exigiram do candidato conhecimentos de morfologia e sintaxe gramatical, em detrimento às regras preconizadas no instrumento convocatório, cujo conteúdo programático abordou expressamente apenas as matérias "Compreensão e interpretação de textos" e "Tipologia textual". 2. Além disso, convém destacar que o Laudo Técnico acostado às fls. 91/95 indica uma possível duplicidade de respostas corretas na questão 21, fato este que, se confirmado, caracterizará inequívoco descumprimento aos itens 6.4, 6.4.1 e 6.4.2 do Edital, que concebem a existência de apenas uma resposta correta dentre as alternativas (a, b, c, d, e) de cada questão da prova. 3. Nesse contexto, diante da desconformidade das questões da prova do concurso público com o edital, cabe ao Judiciário intervir para preservar o respeito ao princípio da legalidade e da vinculação ao instrumento convocatório, através da anulação dos quesitos correspondentes, cuja pontuação será atribuída a todos os candidatos de forma igualitária, em

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reverência ao princípio da isonomia. 4. A intervenção do Poder Judiciário em situações como a dos autos não implica ingerência no mérito administrativo, e, assim, violação do princípio da separação dos poderes, na medida em que não cuida a hipótese de exame dos critérios de formulação ou correção da questão, mas de controle da legalidade do ato administrativo, mediante a análise da observância, pela Administração, do princípio da vinculação ao edital. 5. À unanimidade de votos, negou-se provimento ao Agravo Regimental.

TRF-2 - AC APELAÇÃO CIVEL AC 201151010012997 (TRF-2)21 - Data de publicação: 25/10/2012 - Ementa: AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. ANULAÇÃO DE QUESTÃO OBJETIVA. DUPLICIDADE DE RESPOSTAS. FLAGRANTE ILEGALIDADE OU INOBSERVÂNCIA DO EDITAL. CONTROLE DO PODER JUDICIÁRIO. POSSIBILIDADE. 1 - No que se refere à possibilidade ou não de o poder judiciário anular questões objetivas aplicadas em concurso público, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça considera que, em regra, sua competência limita-se à análise da legalidade das normas instituídas no edital e dos atos praticados na realização do concurso, sendo vedado o exame dos critérios de formulação dos itens, de correção de provas e de atribuição de notas aos candidatos, matérias de responsabilidade da banca examinadora. 2 - Excepcionalmente, entretanto, em caso de flagrante ilegalidade de questão objetiva de prova de concurso público ou ausência de observância às regras do edital, tem-se admitido sua anulação pelo poder judiciário por ofensa ao princípio da legalidade. 3 - Ante a ocorrência de erro grosseiro na formulação da questão impugnada, qual seja, a existência de duas respostas corretas, e a consequente violação à disposição do edital que prevê a existência de uma única resposta correta para cada questão, deve ser decretada a sua anulação, com a consequente atribuição da pontuação relativa à referida questão ao candidato e sua participação nas demais etapas do concurso público. 4 - Agravo interno provido para, reformando a decisão agravada, dar provimento ao recurso de apelação interposto pela parte autora e julgar prejudicado o recurso de apelação interposto pela FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UNB, o qual se restringia ao pedido de aumento do valor fixado a título de honorários advocatícios.

21 Encontrado em: de questões em provas de concursos públicos, esta Colenda Turma tem consolidado entendimento..., em casos excepcionais, havendo flagrante ilegalidade de questão objetiva de prova de concurso público... relativa a questões de concurso público, quando verificado desrespeito ao princípio da legalidade.

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TRF-2 - AC APELAÇÃO CIVEL AC 200851010210528 (TRF-2) - Data de publicação: 16/07/2012 - Ementa: ADMINISTRATIVO - APELAÇÕES E REMESSAS - CONCURSO PÚBLICO - FORMULAÇÃO DE QUESITOS - DUPLICIDADE DE RESPOSTAS - ERRO MATERIAL - ANALISTA JUDICIÁRIO -- TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO - NULIDADE DE QUESTÃO - CABIMENTO. 1 - É possível a anulação judicial de questão objetiva de concurso público, em caráter excepcional, quando o vício que a macula se manifesta de forma evidente e insofismável 2 - Em se tratando de prova objetiva, a análise de determinados aspectos, como a adequação do teor da questão ao conteúdo programático previsto no edital ou a existência de mais de uma resposta correta para uma mesma questão ou a correta apresentação do gabarito, não se encontra fora da órbita de atuação do Judiciário. 3 - Em análise perfunctória, observa-se que a Banca Examinadora do Concurso para o cargo de Analista Judiciário - Área Administrativa - do TRT da 1ª Região considerou como resposta correta a letra “b” da questão nº 32, caderno “J”, desconsiderando, todavia, que a questão da letra “a” também se afigura correta, a teor do art. 62 , § 1º , alínea “b”, do texto constitucional . 4 - Restando configurada irregularidade no gabarito da questão nº 32 da prova de Analista Judiciário - Área Judiciária do concurso sub judice, merece, a princípio, esta ser anulada. 5 - Precedentes: (RMS 24080?MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ 29.6.2007 ; RMS 19062?RS, Rel. Ministro Nilson Naves, Sexta Turma, DJ 3.12.2007; AG: 2008.02.01.016388-3/RJ - Relator D.F. Sergio Schwaitzer - DJU: 14/01/2009. 6 - Recursos e remessas necessárias desprovidas. Sentença mantida.

TRF-4 - AGRAVO DE INSTRUMENTO AG 50213756620134040000 5021375-66.2013.404.0000 (TRF-4) - Data de publicação: 24/09/2013 - Ementa: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 458 E 535 DO CPC . ALEGAÇÕES GENÉRICAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 284 DO STF, POR ANALOGIA. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. DESNECESSIDADE DE CITAÇÃO DOS DEMAIS CANDIDATOS. QUESTÃO OBJETIVA. DUPLICIDADE DE RESPOSTAS AFERIDAS POR PERÍCIA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. DECISÃO Trata-se de recurso especial interposto pela UNIÃO, com fulcro nas alíneas a e c do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, assim ementado (fls. 330/338): ADMINISTRATIVO. CONCURSO DE POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL. INTERFERÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO NA CORREÇÃO DE QUESTÃO DE

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PROVA OBJETIVA. POSSIBILIDADE. ANULAÇÃO DE QUESTÃO. RACIOCÍNIO LÓGICO. DUPLICIDADE DE RESPOSTAS. PERITO DO JUÍZO. 1. A jurisprudência pátria, em sua maioria, não é favorável a que o julgador se substitua à comissão julgadora do concurso, para fins de proceder à correção de provas. Contudo, este posicionamento se refere particularmente a questões de ordem subjetiva, não podendo ser estendido a casos como o presente, de impugnação a questão objetiva, que exige resposta única. 2. Havendo duplicidade de respostas, pode o Judiciário se pronunciar acerca da exatidão da resposta fornecida pela Banca Examinadora. 3. Instado a se pronunciar sobre o assunto (questão de raciocínio lógico), o Perito do Juízo, Professor Titular do Núcleo de Matemática da Universidade Federal do Ceará, ofereceu as seguintes informações: "Sobre a questão de nº 22, vimos que os dados do enunciado não são suficientes para que a resposta seja unicamente determinada. Exibimos abaixo duas soluções que satisfazem às condições do enunciado, uma com resposta 14 e outra com resposta 11". 4. Em face da duplicidade de respostas, apontada pelo Perito do Juízo, a manutenção da anulação da questão de nº. 22 é medida que se impõe. 5. Apelação e Remessa Oficial não providas. Apresentados embargos.

TJ-DF - Agravo de Instrumento AG 126771820088070000 DF 0012677-18.2008.807.0000 (TJ-DF) - Data de publicação: 06/04/2009 - Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCURSO PÚBLICO. PROVIMENTO PARA O CARGO DE TÉCNICO PENITENCIÁRIO. QUESTÕES DE CONCURSO. DUPLICIDADE DE RESPOSTA E AUSÊNCIA DE RESPOSTA. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL. INDEFERIMENTO. ILEGALIDADES NÃO DEMONSTRADAS. 1. CONQUANTO RECONHEÇA QUE O PODER JUDICIÁRIO POSSA ANALISAR QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS, À LUZ DA LEGALIDADE, NA HIPÓTESE VERTENTE NÃO FOI DEMONSTRADA, À EXCEÇÃO DA QUESTÃO N. 46 QUE APRESENTAVA MATÉRIA NÃO PREVISTA NO EDITAL, QUALQUER ILEGALIDADE CAPAZ DE INQUINAR O CERTAME. 2. O AGRAVANTE NÃO DEMONSTROU A ILEGALIDADE DO ATO PRATICADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA RELATIVA ÀS QUESTÕES DO CONCURSO PARA O CARGO DE TÉCNICO PENITENCIÁRIO, RAZÃO PELA QUAL NÃO HÁ COMO PROSSEGUIR NAS DEMAIS ETAPAS DO CERTAME. 3. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E NÃO PROVIDO

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Portanto, conforme os vários julgados trazidos a colação, podemos

concluir que as questões objetivas que trazem duplicidade de respostas são

nulas, em consonância com a jurisprudência, que é pacífica em relação ao

tema proposto.

CAPÍTULO IV

Do MANDADO de SEGURANÇA no PROCESSO CIVIL

3.1 – Mandado de Segurança no Processo Civil.

O mandado de segurança é uma forma de se tutelarem direitos subjetivos que estejam ameaçados de lesão ou que já foram violados, por ato da autoridade pública responsável.

Acrescenta-se a essa definição quanto ao mandado de segurança, os comentários do Professor Celso Ribeiro Bastos22 que diz ser:

“...um recurso técnico-jurídico que pressupõe uma determinada evolução no processo de controle do poder estatal e, consequentemente, da repercussão deste sobre os indivíduos,...”

Recurso que pretende resguardar a segurança efetiva dos direitos e garantias fundamentais dispostos na Constituição Federal.

Próximo do final do século XVIII, com fortalecimento do direito constitucional, consagrou-se a busca por maior segurança das liberdades individuais em oposição ao arbítrio e supremacia, até então presente dos agentes e integrantes do poder público.

O acesso do indivíduo aos órgãos estatais, a fim de evitar ou coibir abusos ou ilegalidades, só se tornou realidade com o surgimento da divisão e independência dos poderes.

22 Bastos, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22° ed. Atual – São Paulo: Saraiva - 2001. (p.244).

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Desse modo, ao se “tripartir” o poder em: Legislativo, Executivo e Judiciário, a intenção foi fortalecer o controle do poder pela divisão de suas funções, próprias dos Estados Democráticos de Direito. Os direitos disciplinados na Constituição Federal ao assegurarem diversos preceitos fundamentais tiveram que, ao mesmo tempo, proporcionar os instrumentos práticos capazes da realização material e da obediência dos particulares ao Estado a seus mandamentos.

Surgiu assim, como um dos mecanismos constitucionais, o Mandado de Segurança, a fim de possibilitar ao cidadão o reconhecimento e a obtenção da segurança jurídica necessária, ao caso concreto, da parte prejudicada pelo ente ou agente público.

3.2 – Histórico.

Para o doutrinador Nilson Reis, a origem do Mandado de Segurança remota a carta magna do ano de 1215, esta outorgada por João Sem Terra, na Inglaterra.

No entanto, para os juristas Alfredo Buzaid e Carlos Mário, o Mandado de Segurança é uma criação do direito brasileiro. Tem origem através da formação do instituto constitucional processual do Habeas Corpus do qual tem inspiração do “writ of injunction” do direito americano.

O Doutrinador Othon Sidou (Dicionário Jurídico, p.69), relata que a base que originou o Mandado de Segurança está no livro III, das Ordenações Filipinas23, que disciplina:

“[...] o juiz provocado pela pessoa ofendida ou que temer ofensa, expedirá ‘mandado...de segurança [...]’ ”.

Esses mandados ou cartas de segurança, segundo Marcello Caetano24 diz que:

“’[...] eram o instrumento público em que se consignava a garantia do respeito dos direitos de um indivíduo ameaçado por outrem,

23 Ordenações Filipinas 24 Marcello Caetano apud Remédio, José Antônio. Mandado de Segurança Individual e Coletivo – São Paulo: Saraiva, 2002.p.115.

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fosse particular, fosse autoridade pública, dada pelo ameaçador, ou pelo juiz em nome de El-Rei.”

No Brasil, com a libertação do colonialismo português começa conforme as palavras de Ulderico Pires dos Santos25:

“...a ideia de reparação dos direitos individuais, afetados por atos ilegais do Estado, uma vez que, durante o domínio lusitano, imperava o absolutismo monárquico português...”

Assim, até o ano de 1926 através da carta constitucional de 1891, o cidadão brasileiro tinha como meio processual apto na defesa de seu interesse por ato lesivo emanado da administração pública, o remédio do Habeas Corpus, protegendo-se o direito do indivíduo de forma sumária e efetiva.

Reportando-se ao Império existia um órgão julgador dos litígios entre administração e administrado chamado de Conselho de Estado. Entretanto, com a proclamação da república brasileira, o sistema adotado foi a estadunidense, fundado no “common law”, inspirado na ideia de que qualquer lesão devesse ser apreciada pelo poder judiciário.

Com o passar das décadas, tendo-se por base o direito mexicano, ocorreu a divisão de atribuições constitucionais entre o Habeas Corpus e o Mandado de Segurança a partir do ano de 1934. Após, com a promulgação da constituição de 1937, por seu caráter totalitário e em virtude do momento histórico vivido pela nação brasileira, suprimiu-se o “mandamus” pelo governo vigente na época.

Transcorridos quase dez anos. Retorna a vigorar o Mandado de Segurança com a promulgação da Constituição de 1946 regido com finalidade de proteger o direito líquido e certo do cidadão. A Constituição atual de 1988 manteve em linhas gerais o instituto do Mandado de Segurança constituído em 1946.

25 Ulderico Pires dos Santos apud Remédio, José Antônio. Mandado de Segurança Individual e Coletivo – São Paulo: Saraiva, 2002.p.115.

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3.3 – Conceito e Finalidade.

O art. 5° inciso LXIX da Constituição Federal discorre sobre a concessão de Mandado de Segurança para obter proteção de direito líquido e certo; desde que o direito a ser beneficiado pelo “mandamus”, não possa ser amparado nas hipóteses de Habeas Corpus ou Habeas Data.

Entretanto, não basta o mero desrespeito a direito líquido e certo, a fim de se postular o mandado de segurança, mas que também, o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder seja autoridade pública ou agente de pessoas jurídica no exercício de atribuições do Poder Público competente.

O Mandado de Segurança segundo De Plácido e Silva26 exprime:

“...a ação intentada pela pessoa no sentido de ser assegurado em um direito, certo e incontestável, ameaçado ou violado por ato de autoridade, manifestadamente inconstitucional e ilegal [...] sua finalidade é a de anular o ato ilegal, que violou o direito, ou de impedir que se execute a ameaça contra o direito.”

Nas palavras de Hely Lopes Meirelles27, pode-se definir mandado de segurança como:

“...o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.”

Assim, o Mandado de Segurança é uma ação ou instrumento que visa defender os indivíduos de atos ilegais ou abusos de poder, praticados em violação a um direito constituído. Recaindo-se seus efeitos contra atos vinculados ou discricionários emanados pela autoridade.

26 De Plácido e Silva. Dicionário Jurídico. Forense: Rio de Janeiro, 2004 p.878. 27 Hely Lopes Meirelles apud Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.153.

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Desse modo, a finalidade do Mandado de Segurança é evitar dano ou ameaça de lesão aos indivíduos que se encontram sob a obrigatória regulação de seus interesses particulares pela atividade e administração do ente estatal, ainda que delegadas as outras pessoas jurídicas, como por exemplo, os concessionários de serviços públicos. Daí se funda o Estado Democrático de Direito galgado nas liberdades civis e políticas, assegurando-se a proteção de direitos e garantias individuais e coletivas pelo acesso amplo ao judiciário.

3.4 – Objeto.

O objeto do Mandado de Segurança se dá por exclusão, não sendo matéria própria de Habeas Corpus ou de Habeas Data será cabível a impetração do writ, por isso, tem um caráter residual.

Os remédios processuais constitucionais buscam na sua essência um meio efetivo de controlar os atos da administração pública, pelo respaldo do judiciário, sem, no entanto, atuar por sentenças condenatórias.

O Mandado de Segurança tem como objeto a correção de ato de autoridade pública ou de agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público, comissivo ou omissivo, devido pela ilegalidade ou por abuso de poder, ofensivo a direito liquido e certo, individual. É uma exigência que se pede para a proteção do direito.

Para Antônio Raphael Silva Salvador28, o objeto litigioso do mandado de segurança é:

“...o conflito entre o comportamento do órgão público e a pretensão da pessoa atingida...”

Define Celso Agrícola Barbi29, que o direito líquido e certo do Mandado de Segurança, em regra:

28 Antônio Raphael Silva Salvador apud Remédio, José Antônio. Mandado de Segurança Individual e Coletivo – São Paulo: Saraiva, 2002.p.137. 29 Celso Agrícola Barbi apud Remédio, José Antônio. Mandado de Segurança Individual e Coletivo – São Paulo: Saraiva, 2002.p.137.

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“...diz respeito a direito subjetivo individual, embora, na atualidade, tenha passado a abranger também os interesses difusos, legítimos ou coletivos.”

3.5 – Natureza Jurídica.

O Mandado de Segurança é uma ação constitucional especial, de natureza civil, tendo-se como objeto da demanda, a proteção de direito líquido e certo. A lesão ao direito do postulante pode estar na eminência de ocorrer ou, encontrar-se já sofrendo os efeitos do ato lesivo, do qual se quer impedir sua manutenção. Aqui, bem leciona Castro Nunes30, ao declarar que o mandado de segurança é:

“... uma garantia constitucional que se define por meio de pedir em juízo é garantia judiciária e, portanto, ação no mais amplo sentido, ainda que de rito especial e sumaríssimo...”

Embora de natureza cível nada impede a propositura de mandado de segurança em nível de ato ou processo penal. Segundo o Jurista Nagib31, o Mandado de Segurança é ação:

“... de impugnação de atos estatais, descabendo em face de atos privados, salvo se estes decorrem de execução de atividade pública, por delegação do serviço público.”

Não é cabível o Mandado de Segurança contra lei ou ato administrativo genérico ou abstrato, já sumulado, embora aceite a impugnação em face de lei formal em que se tenha o conteúdo aplicação concreta ou individual sobre a pessoa.

Além disso, não é aceitável a impetração do Mandado de Segurança, caso tenha por objeto impugnar decisão judicial transitada em julgado, em virtude de que da existência de remédio específico para essa finalidade, qual seja, a ação rescisória.

30 Castro Nunes apud Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000.p.154. 31 Slaibi Filho, Nagib. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p.468.

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No que se refere aos juizados especiais, em decorrência de seu procedimento simplificado, pode ocorrer falta de recurso próprio para impugnar as decisões dos juízes, tendo-se autores admitido o uso do mandado de segurança junto a turma recursal para impugnar atos não susceptíveis de recurso inominado que lei prevê contra a sentença.

3.6 – Provimento Mandamental.

O provimento que se quer com o writ é claramente o mandamental, ou seja, o juiz não substitui, com sua atividade, a atividade administrativa, o juiz manda que o administrador proceda de determinada forma.

Desse modo, por exemplo, o Mandado de Segurança não é substitutivo de uma ação de cobrança (súmula 269), visto que ao ser concedido o mandado, este não produz os efeitos patrimoniais ao débito passado, os quais devem ser cobrados pela via processual em juízo judicial ou reclamados administrativamente. Tem natureza de ação é por isso forma coisa julgada.

Portanto, na execução do Mandado de Segurança ou de sua liminar que tenha efeitos de antecipação de tutela definitiva, segundo o Jurista Nagib32 deve ser feito da seguinte maneira:

“...se faz através de ordem à Autoridade impetrada através de ofício ou de mandado de intimação do que foi decidido e não pelo procedimento de precatório estabelecido pelo Código de Processo Civil.”

3.7 – Autonomia de Instâncias.

Existindo recurso administrativo com efeito suspensivo, mesmo nesta

hipótese não embaraça a impetração de Mandado de Segurança contra a omissão da autoridade (súmula 429), já que o pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo decadencial para sua interposição (súmula 430).

32 Slaibi Filho, Nagib. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2004.p.471.

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3.8 – Cabimento do Mandado de Segurança

O Mandado de Segurança é cabível, em tese, contra todas as autoridades pertencentes aos Poderes Públicos, inclusive perante o Ministério Público. Salienta Ary Florêncio Guimarães33, sobre o âmbito de atuação da ação:

“[...] ‘o instituto, em última análise, daquilo que os publicistas chamam de obrigações negativas do Estado. O Estado como organização sócio jurídica do poder não deve lesar os direitos dos que se acham sob a sua tutela, respeitando, consequentemente, a lídima expressão desses mesmos direitos, por via da atividade equilibrada e sensata dos seus agentes, quer na administração direta, quer no desenvolvimento do serviço público indireto.’”

Embora a incidência do Mandado de Segurança seja ampla, ela é residual, em virtude de que apenas após o exame das hipóteses de ocorrência, ao caso concreto, do Habeas Corpus e Habeas Data, caberá seu ajuizamento.

3.9 – Requisitos do Mandado de Segurança

São os requisitos para a impetração de Mandado de Segurança à ocorrência das seguintes condições:

a) Ação ou omissão de autoridade pertencente ao Poder Público ou de particulares em decorrência de delegação concedida pelo Estado;

b) Ato ilegal ou abuso de poder;

c) Lesão ocorrida ou ameaça de lesão;

d) Caráter subsidiário: verificar se o caso fático se enquadra nas possibilidades de Habeas Corpus ou Habeas Data. Ocorrendo a necessidade de se obter certidões objetivas sobre sua pessoa ou de solicitar informações sobre terceiros, mas que envolve situações de interesse particular, a ação cabível será o mandado de segurança; ao contrário, do que ocorre quando se busca informações pessoais constante nos bancos de dados das entidades públicas em que, aí sim, a ação pertinente será o Habeas Data.

33 Ary Florêncio Guimarães apud Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.154.

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Pelo exposto, segundo o Professor Alexandre Moraes34:

“[...] a negativa estatal ao fornecimento das informações englobadas pelo direito de certidão configura o desrespeito a um direto liquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder passível de correção por meio de mandado de segurança.”

A lei n° 1533/51 que disciplina o processamento do Mandado de Segurança, no seu o artigo 5°, menciona as hipóteses em que não se deve impetrar o MS, nos casos em que se tenha: ato que caiba recurso administrativo ou que ainda não foi esgotado; ato judicial; coisa julgada; ato disciplinar (em algumas circunstâncias); lei em tese; deliberações legislativas e envolvendo o mérito do ato administrativo.

4.0 – Do Direito Liquido e Certo.

Segundo Professor Alexandre de Morais, o direito líquido e certo:

“[...] é o que resulta de fato certo, ou seja, é aquele capaz de ser comprovado de plano, por documentação inequívoca.”

Desse modo, o Mandado de Segurança não prospera em alegações carentes de comprovação, até porque, seu rito tem por característica a celeridade. A proteção emanada pelo Mandado de Segurança não é irrestrita a qualquer direito prejudicado. Por esse fato a medida pede que seja, o direito “certo“ e “incontestável.”

Portanto, para o Professor Alexandre de Moraes35, o titular do direto líquido e certo seria aquele impetrante que demonstrasse formalmente o:

“[...] comando legal, este mesmo isento de dúvida, como também a sua efetiva subsunção à norma abstratamente considerada, pela implementação em seu prol dos pressupostos legais.”

34 Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.155. 35 Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.246.

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Conjuga-se dois elementos para a obtenção do mandado, o primeiro, em relação a situação fática violada que se deve enquadrar na hipóteses da lei, o segundo, na próprio conteúdo pertencente a norma, legítima a produzir seus efeitos.

4.1 – Espécies: Repressivo e Preventivo

Existem duas espécies de Mandado de Segurança: o primeiro chamado de repressivo em que já ocorreu o ato ou abuso tido por ilegal; o segundo denominado de preventivo que ocorre quando existe o justo receio do impetrante vir a sofrer os efeitos da violação de um direito líquido e certo por parte da autoridade.

Nesta situação, faz-se como requisito para o mandado, comprovar o

impetrante perante o judiciário, especificamente, qual a ação ou omissão emanada da autoridade que poderá de forma concreta pôr em risco o direito do impetrante. Menciona o Professor Caio Tácito Apud Moraes36 que:

“[...] ‘atos preparatórios ou indícios razoáveis, a tendência de praticar atos, ou omitir-se de fazê-lo, de tal forma que, a conservar-se esse propósito, a lesão de direito se torne efetiva.’”

4.2 – Legitimação: Ativa e Passiva

No polo ativo da relação jurídica, encontra-se o titular do direito liquido e certo, ao qual não incidiu nas hipóteses de Habeas Corpus ou Habeas Data. O titular desse direito pode ser tanto pessoa física (pelo atual código a nomenclatura adequado é pessoa natural) quanto à pessoa jurídica, esta nacional ou estrangeira e seja ou não domiciliada no Brasil.

Importante citar que as universalidades dispostas em lei (espólio,

massa falida) e os órgãos públicos despersonalizados com capacidade processual (chefia do poder executivo, mesas do congresso, senado, câmara dos deputados, Assembleias, Ministério Público), entre outros.

Surge no polo passivo da ação a autoridade coatora que pratica ou ordena concretamente a execução ou inexecução do ato impugnado, será responsabilizado pelas possíveis consequências de seu ato ou abuso no exercício da função administrativa tendo competência para corrigir a ilegalidade praticada, podendo a pessoa jurídica de direito público, da qual faça parte ingressar como litisconsorte.

36 Caio Tácito apud Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.247.

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A jurisprudência se manifesta no sentido de que a propositura de Mandado de segurança contra autoridade incompetente para figurar no polo passivo afetará uma das condições da ação, qual seja, a legitimidade da causa, o que incide na extinção do processo sem julgamento de mérito.

Não incide em exceção quanto a pessoa jurídica de direito público ingressar na lide no estado ou fase em que se encontra o processamento do mandado, porque a decisão proferida produzirá efeitos contra o próprio ente estatal.

4.3 – Prazo para a Impetração e Decadencial do Mandado de Segurança.

O impetrante detém de 120 dias para impetrar o Mandado de

Segurança a contar do conhecimento oficial do ato a ser impugnado. O prazo é decadencial do direito ao ingresso judicial da pretensão, não se suspendendo ou interrompendo após sua impetração. 4.4 – Órgão Judicial Competente.

No art. 18 da lei 1533/51 institui o prazo de 120 (cento e vinte dias), a contar da ciência do ato impugnado.

Esse prazo é decadencial, não se admitindo a suspensão nem a interrupção. Extingue o direito de ação para impetração do “mandamus”, mas não impede a discussão da causa por outro meio processual apto.

4.5 – Órgão Competente.

O STF na sua competência originária disposta no art.102, I, d; recursal ordinária se denegatória a decisão (art.102, II da CF), e extraordinária, conforme art.102, III da CF.

O STJ de acordo com o preceituado pela lei 105, I, “b” e, ainda por competência recursal ordinária (art.105, II, “b”) para os Mandados de Segurança julgados pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais dos estados, do distrito federal e territórios, quando denegatória a decisão, aberta a possibilidade do recurso especial do art. 105, III da CF.

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Pelo art.108, “c” da CF cabe aos tribunais regionais federais julgar os Mandados de Segurança em face de atos do próprio tribunal e de juiz federal.

Aos juízes federais cabe julgar, residualmente, em face de autoridades federais, os Mandados de Segurança (art.109, VIII).

Na justiça eleitoral (art.121 §3°) são irrecorríveis suas decisões.

4.5 – Medida Liminar

A medida liminar é uma providência cautelar destinada a preservar a possibilidade de satisfação, pela sentença, do direito do impetrante, impedindo que a decisão pelo retardamento da concessão da medida não mais satisfaça a necessidade do impetrante.

A medida liminar não envolve pré-julgamento do mérito. É uma decisão autônoma no sentido que não vincula o juiz a mantê-la e por ser precária não influi no juízo por ocasião da sentença que disporá com liberdade seja concedendo a liminar seja a denegando.

Para a suspensão in limine do ato a qual é dirigido é necessário segundo Celso Ribeiro Bastos37:

“[...] a) ser relevante o fundamento do pedido; b) do ato impugnado poder resultar dano não suscetível de reparação pela decisão final.”

A proteção dada pelo Mandado de Segurança por meio de liminar está relacionada ao devido processo legal e a prestação da atividade jurisdicional, recai-se sobre o direito subjetivo público do impetrante à obtenção da liminar quando provados seus pressupostos específicos, que são o “fumus boni iuris e o periculum in mora”.

37 Bastos, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22° ed. Atual – São Paulo: Saraiva, 2001. p.248.

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O fortalecimento do direito constitucional consagrou uma maior proteção dos direitos e garantias individuais. Propiciou-se com as garantias uma maior liberdade individual em oposição à supremacia do poder estatal.

O Mandado de Segurança é uma criação do direito brasileiro, em que pese opinião em contrário. É um instrumento eficaz de segurança jurídica e de cumprimento dos preceitos constitucionais e legais. Atua contra atos e abusos da autoridade pública ou daquelas que exercem função pública.

Portanto, inegável a contribuição do Mandado de Segurança para a concretização efetiva dos direitos dos cidadãos perante o ente público, rompendo-se com a inércia das reparações de danos e consolidando um Estado Democrático de Direito.

CONCLUSÃO

O concurso público é o meio mais idôneo encontrado pelo constituinte

de 1988 para preenchimento de cargos, empregos e funções públicas, uma

vez que, pautado pelos princípios constitucionais, garante a escolha do melhor

candidato, e o mais preparado, dentre todos que quiserem participar do

certame, para o exercício da função pública.

A razão subjacente ao postulado do concurso público traduz-se na

necessidade essencial de o Estado conferir efetividade ao princípio

constitucional de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, vedando-se, desse modo, a prática inaceitável de o Poder Público

conceder privilégios a alguns ou de dispensar tratamento discriminatório e

arbitrário a outros.

Neste presente trabalho analisamos diversos princípios constitucionais

que devem ser respeitados pela Administração Pública quando da realização

do concurso público.

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O administrador público, ao realizar o concurso público, deve se

sujeitar aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, sob pena de

praticar atos eivados de ilegalidade e, por conseguinte, nulos.

Pelo Princípio da Isonomia, pudemos deferir que é direito de qualquer

cidadão a garantia de acesso igualitário nos cargos e empregos públicos

oferecidos pela Administração Pública através de concursos.

Vimos também que qualquer ato praticado pelo gestor público que

favoreça determinados cidadãos durante a realização do concurso público

constitui flagrante violação ao princípio da impessoalidade.

Outro princípio que deve ser observado na realização do concurso

público é o da Publicidade e, assim, a Administração Pública não pode realizar

qualquer etapa do concurso público de forma sigilosa.

O concurso público é um instituto que deve concretizar, ainda, os

Princípios da Moralidade, da Impessoalidade e da Eficiência no acesso a

cargos e empregos públicos.

Os administrados participantes do certame têm, constitucionalmente,

garantido o direito à ampla defesa e acesso a todas as fases do concurso

público.

E, para que o concurso público seja no Brasil cada vez mais um

instrumento democrático de acesso aos cargos e empregos públicos, bem

como para que respeite sempre os princípios constitucionais, tem sido

fundamental a atuação dos Tribunais de Contas dos Estados, bem como a

atuação do Poder Judiciário, no controle dos atos administrativos oriundos do

concurso público.

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A jurisprudência evolui cada vez mais no controle dos atos

administrativos emanados do concurso público. Podemos citar o direito à

nomeação que, inicialmente, era negado pelo STJ e que, atualmente, já

permite que o candidato aprovado dentro do limite de vagas previstas no edital,

durante o prazo de validade do certame, tenha direito subjetivo à nomeação

para o cargo a que concorreu e foi habilitado, ressalvadas as hipóteses de

fatos supervenientes, devidamente motivados, pertinentes e suficientes para

justificar a não nomeação do candidato.

Outro ponto em que a jurisprudência evoluiu foi no controle das

questões objetivas do concurso público. A princípio, o Poder Judiciário

afastava a possibilidade de controle judicial das questões objetivas do certame,

por entender que se tratava de matéria exclusiva de mérito administrativo.

Entretanto, com as arbitrariedades da Administração Pública em certos

concursos, o Poder Judiciário passou a entender que não compete ao Poder

Judiciário apreciar os critérios utilizados pela Administração na formulação do

julgamento de provas, salvo se as questões forem mal formuladas e ensejarem

a duplicidade de respostas.

Nesse caso, o Poder Judiciário, frente ao vício do ato da Banca

Examinadora, pode declarar nulas tais questões, com atribuição dos pontos a

todos os candidatos que participaram do concurso público.

Assim, com a participação efetiva dos Órgãos de Controle, podemos,

então, concluir que o instituto do concurso público está a se aperfeiçoar no

sentido de ser o meio mais idôneo de seleção de futuros funcionários público,

sempre com respeito aos princípios constitucionais.

Conclui-se, portanto que o Poder Judiciário ao encontrar algum dos

erros suscitados ao longo desta obra, deve agir conforme a farta jurisprudência

recomenda, anulando o ato eivado de nulidade, ocorre que muitos julgadores

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insistem em devolver o tema para que a Administração Pública resolva, não

agindo conforme a jurisprudência pátria.

Desta forma, deve haver uma fiscalização maior em relação aos

julgados que de forma uniforme não apreciam o mérito da questão, e com

sentenças totalmente adversas ao pedido.

Conclui-se, portanto, que apesar da jurisprudência estar pacificada em

relação ao tema proposto, muitos julgadores insistem em não seguir a

jurisprudência pátria.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1. [1] CAETANO, Marcelo. Manual do Direito Administrativo. Vol. II, p. 638. 2. [2] MEIRELLES, Hely Lopes, Direito Administrativo Brasileiro, 27ª edição, p. 409). 3. [3] Súmula nº 685 STF. 4. [4] CARVALHO FILHO, José dos Santos, manual de Direito Administrativo. 18 edição. Rio de Janeiro,

Lúmen Júris, 2007. 5. [5] GASPARINI, Diógenes, Direito Administrativo. 5ª edição, São Paulo, Saraiva, 2000. 6. [6] Declaração dos Direitos do Homem e dos Cidadãos, artigo 6º. 7. [7] Artigo 5º, XXXV, da CF/88. 8. [8] DI PIETRO, Maria Sylvia Zannela. Direito Administrativo. 19ª edição. São Paulo. Editora Atlas, 2006.

9. [9] DE MORAES, Alexandre. Revista de Direito Administrativo. São Paulo. Editora Atlas S.A nº 243, set/dez 2006.

10. [10] CRISTÓVAM, José Sérgio da Silva. Algumas Considerações acerca do controle jurisdicional do mérito administrativo. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, nº 802, 13/09/2005. Disponível em:

http://jus.com.br/revista/texto/7258"> - http://jus.com.br/revista/texto/7258/algumas-consideracoes-

acerca-do-controle-jurisdicional-do-merito-administrativo” >.

11. [11] STJ, RMS 19.062/RS, REsp 174291/DF, RMS 14.202/RS, RMS 28.854/AC, 18/02/2009. 12. [12] CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 17ª Edição, Rio de Janeiro,

Lúmen Juris, 2007. 13. [13] STJ, RMS 28.204/MG. 14. [14] TRF-5, AC 106703 PE 0027664-69.1996.4.05.0000 Relator: Desembargador Federal Manoel Erhardt

(Substituto) J. 25/06/2002 Órgão Julgador: Terceira Turma.

15. [15] CARVALHO FILHO. José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 17ª edição. Rio de Janeiro. Lúmen Juris, 2007. P.550.

16. [16] AC 0013722-14.2006.4.01.3400/DF, Rel. Desembargadora Federal Maria Isabel Gallotti Rodrigues, Conv. Juiz Federal Rodrigo Navarro De Oliveira (conv.), Sexta Turma, e-DJF1 p.259 de 14/06/2010.

17. [17] inhttp://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussaoGeral/decisao.asp?decisao=3776774

18. [18] MADALENA, Lenoar Bendini. Controle jurisdicional nos concursos públicos. Jus Navigandi, Teresina: 6/abril/2005. Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/6560/ controle-jurisdicional-nos-

concursos-públicos /2. Acesso em: 21/janeiro/2016.

19. [19] STJ, RMS 21.650/ES, Rel. Ministro Paulo Medina, Sexta Turma, DJ 02.10.2006)

20. [20] Encontrado em: - 2ª Câmara de Direito Público 09/07/2015 - 9/7/2015 Agravo Regimental AGR 3861883 PE (TJ-PE) José Ivo de Paula Guimarães.

21. [21] Encontrado em: de questões em provas de concursos públicos, esta Colenda Turma tem consolidado entendimento..., em casos excepcionais, havendo flagrante ilegalidade de questão objetiva de prova de concurso público... relativa a questões de concurso público, quando verificado desrespeito ao princípio da legalidade.

22. [22] Bastos, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22° ed. Atual – São Paulo: Saraiva, 2001. (p.244).

23. [ 23] Ordenações Filipinas

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24. [24] Marcello Caetano apud Remédio, José Antônio. Mandado de Segurança Individual e Coletivo – São Paulo: Saraiva, 2002.p.115.

25. [25] Ulderico Pires dos Santos apud Remédio, José Antônio. Mandado de Segurança Individual e Coletivo – São Paulo: Saraiva, 2002.p.115.

26. [26] De Plácido e Silva. Dicionário Jurídico. Forense: Rio de Janeiro, 2004 p.878.

27. [27] Hely Lopes Meirelles apud Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.153.

28. [28] Antônio Raphael Silva Salvador apud Remédio, José Antônio. Mandado de Segurança Individual e Coletivo – São Paulo: Saraiva, 2002.p.137.

29. [29] Celso Agrícola Barbi apud Remédio, José Antônio. Mandado de Segurança Individual e Coletivo – São Paulo: Saraiva, 2002.p.137.

30. [30] Castro Nunes apud Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000.p.154.

31. [31] Slaibi Filho, Nagib. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p.468.

32. [32] Slaibi Filho, Nagib. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2004.p.471.

33. [33] Ary Florêncio Guimarães apud Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.154.

34. [34] Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.155.

35. [35] Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.246.

36. [36] Caio Tácito apud Moraes, Alexandre de. Direito constitucional. 7° ed. Revista ampliada e atualizada. São Paulo: Atlas, 2000. p.247.

37. [37] Bastos, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22° ed. Atual – São Paulo: Saraiva, 2001. p.248.

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ÍNDICE

Folha de Rosto 1

Apresentação 2

Agradecimentos 3

Dedicatória 4

Resumo 5

Metodologia 6

Sumário 7

Introdução 9

Capítulo I - Do Concurso Público 11

1.7 – O Conceito 1.8 – A Origem 1.9 – Forma de Ingresso no Serviço Público 1.10 - Princípios administrativos que norteiam o processo 1.11 – Do Controle Judicial 1.12 – Sistema de Controle Capítulo II - Do Controle Judicial 21

2.1 - Do Princípio da Legalidade e a Possibilidade do Judiciário Corrigir Atos Discricionários Viciados. 2.2 - Da Competência do Poder Judiciário para Apreciar Questões De Concurso Público Acometidas de Erros Materiais. 2.3 - O Que Se Entende por Erro Material Evidente? 2.4 - Das Questões com duas assertivas corretas. 2.5 - Do Recurso Extraordinário 632.853 (STF) e Sua Repercussão no Mundo Jurídico. 2.6 – Questões em Desacordo com o Edital. Capítulo III – Da Jurisprudência 35

Capítulo IV – Do Mandado de Segurança 42 Conclusão 54

Bibliografia Consultada 58

Índice 60

Folha de Avaliação 61

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Folha de Avaliação: