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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O Professor e a Avaliação – compromisso e desafio Por: Sílder Lamas Vecchi Orientador Prof. Dr.Vilson Sérgio de Carvalho Piraúba 2007 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O Professor e a Avaliação – compromisso e desafio

Por: Sílder Lamas Vecchi

Orientador

Prof. Dr.Vilson Sérgio de Carvalho

Piraúba

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PROFESSOR E A AVALIAÇÃO – COMPROMISSO E DESAFIO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Docência

Superior

Por: Sílder Lamas Vecchi

3

AGRADECIMENTOS

.... A Deus

“A todo o momento Tu estavas aqui:

nas palavras de um amigo, na

orientação de um professor, nas

páginas de um livro, Tu estavas aqui.

Obrigado Senhor, pelos momentos

difíceis porque sentimos a Tua

proteção.Obrigado Senhor, pela Vida,

porque sentimos a imensidão do Teu

amor “.

Aos meus pais Rômulo e Divina

“A vocês que me deram a vida; a vocês

que enxugaram as minhas lágrimas; a

vocês que trabalharam dobrado,

sacrificando seus sonhos em favor dos

meus.A vocês que nas horas mais

difíceis me incentivaram, mostrando o

grande universo à minha frente.

Obrigado pelo sonho que concretizo”

4

DEDICATÓRIA

À minha esposa

Querida Marjorye, nossos cominhos se

cruzaram, partilhamos cada descoberta,

desafio e conquista. Dividimos medo,

incerteza e insegurança ... mas somamos

entusiasmo, força e alegria...

Dedico a você mais esta vitória, por ter

acreditado no meu ideal!

Ao meu filho

Querido William, sua presença tornou

mais significativa a nossa caminhada.

Hoje temos um pouco do outro em cada

um de nós.

Você me tornou mais forte e estimulou

meus planos futuros. É preciso buscar

com o coração...

Você tornou mais doce e fascinante o

aprendizado da vida.

Esta conquista também é sua.

5

RESUMO

“Avaliação – grande desafio!

... se amamos nossos alunos o bastante para não expulsá-los de nosso mundo

e não abandoná-los aos seus próprios recursos”

Hannah Arendt

Os últimos anos em nosso país, têm sido marcados por uma rigorosa

crítica à qualidade do ensino brasileiro. Entre os pontos analisados e criticados

a Avaliação sobrepõe-se como um dos mais relevantes e responsáveis pela

situação de caos em que se encontra o ensino e a aprendizagem no Brasil.

Na concepção transmissiva do conhecimento, que se caracteriza pela

passividade do aluno, a Avaliação é estática e consiste na devolução do

transmitido. É uma avaliação memorística, decorativa, autoritária, repetitiva,

sem sentido, preocupada apenas com o produto e a nota – é o que se vê ainda

hoje, na maioria das escolas.

Na perspectiva da construção do conhecimento ligada aos interesses e

à realidade do aluno, com uma interação efetiva entre professor-aluno-

conhecimento, a Avaliação é dinâmica, reflexiva e problematizadora

objetivando o acompanhamento e a ajuda ao aluno, tendo em vista o seu

desenvolvimento nos aspectos cognitivo, social e afetivo – o que se idealiza na

segunda perspectiva é a ênfase centrada no processo (como o aluno aprende)

e não no produto final, ou melhor verifica-se o produto no processo.

Ao professor como agente da transformação caberá o papel de

acompanhar todo o processo, coletando dados, informações sobre o aluno e

cuidadosamente registrando suas necessidades e possibilidades. Como diz

Dalben “ O processo de ensino torna-se um desafio para o professor que

estará atento à investigação das questões que lhe merecem maior

investimento pedagógico e conseqüentemente alteração nos

encaminhamentos didáticos.”

6

O sistema de ensino que valoriza a cultura da nota, a análise

quantitativa dos resultados, precisa e deve ser repensado. Numa nova

abordagem de ensino e de aprendizagem é preciso refletir sobre o sentido da

nota, como também, a questão do significado do erro, já que a Avaliação

consiste num processo de reflexão de conhecimento e de investigação da

realidade pedagógica.

O “erro” faz parte do processo de aprender e deve ser utilizado de forma

construtiva; é suporte para o crescimento, para o avanço nesse processo. O

erro expressa tentativas, revela a trajetória do aluno na sua aprendizagem,

permitindo uma interação permanente entre professor-aluno-conhecimento no

sentido de ajuda e superação de hipóteses, na direção de outras mais

complexas.

No contexto da aprendizagem significativa em que se valoriza o

processo – como o aluno aprende – compete ao professor analisar os erros

para identificar as razões que levaram o aluno a cometê-los e assim, intervir no

processo. Essa intervenção do professor no momento em que ocorre o erro

constitui, de certa forma, uma modalidade de recuperação de estudos e é

muito importante para assegurar a aprendizagem.

O Professor que, atento, no ato de ensinar, percebe as dificuldades dos

alunos, analisa os seus erros e imediatamente intervém, através de atividades

diversificadas de ensino, estará fazendo uma recuperação processual.

A Avaliação está no cerne do processo educativo, constituindo uma de

suas dimensões fundamentais.

Em nosso trabalho ressaltamos a Avaliação como mecanismo

direcionador e decisivo no decorrer da vida acadêmica de nossos alunos bem

como em sua vida afetiva e social.

Para o professor compromissado efetivamente com a Educação de

Qualidade, a Avaliação representa uma análise reflexiva dos avanços e

saberes trazidos e construídos, bem como as dificuldades dos alunos,

podendo redefinir sua Prática Pedagógica.

7

METODOLOGIA

Definido o tema do trabalho “O Professor e a Avaliação – compromisso

e desafio” – o próximo passo foi conseguir a bibliografia, que foi encontrada na

biblioteca da UNIPAC –Piraúba . (Faculdade de Normal Superior, situada à rua

Francisco Álvares Vieira, nº .... Bairro Piraubinha – Piraúba – Minas Gerais).

Gentilmente a Diretora da Faculdade Professora Ana de Oliveira

Gravina nos cedeu livros e materiais referentes ao tema do trabalho.

Bibliografia:

MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria – Metodologia do

Trabalho Científico – 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

LIMA, Adriana de Oliveira – Avaliação Escolar: Julgamento ou

construção? 7.ed. Petrópolis, R.J: Vozes, 2001.

RABELO,Edmar Henrique – Avaliação: Novos Tempos, Novas

Práticas.7.ed.Petrópolis. R.J: Vozes, 1998.

GANDIN,Danilo – A Prática do Planejamento Participativo, 12.ed.

Petrópolis, R.J: Vozes 2004.

LIBÂNEO, José Carlos – Didática, 24.ed.São Paulo: Cortez, 2005.

HAYDT, Regina Célia Cazaux – Avaliação do Processo Ensino –

Aprendizagem. 6.ed. São Paulo: Ática, 2003.

HOFFMANN, Jussara – Avaliação: Mito e Desafio, 32.ed. Porto Alegre.

RS: Mediação, 2003.

HOFFMANN, Jussara – Avaliação Mediadora, 23.ed. Porto Alegre. RS:

Mediação, 2004.

DALBEN, Ângela I.L.de F – O Currículo escolar e a realidade do

cotidiano. Educação em Revista, BH (15):30-3, jun.1996.

LUCKESI, Cipriano Carlos – Avaliação da aprendizagem escolar. 3.ed.

São Paulo: Cortez, 2001.

ESTEVE, J.M. Mudanças Sociais e Função Docente. Campinas:

Papirus, 1996.

8

VASCONCELOS, Celso dos S. – Construção do Conhecimento em sala

de aula. São Paulo: Libertad, 1996.

FREIRE, Paulo – Educação e mudança. R.J.: Paz e Terra, 1983.

De posse do material bibliográfico, conversamos com o coordenador

pedagógico professor Uanderson .... , sobre a possibilidade de nós ser

concedida uma entrevista. A professora Fátima responsável pela cadeira de

Práticas Pedagógicas e a professora Andressa ocupante da cadeira de História

na Faculdade de UNIPAC de Piraúba se dispuseram a responder um

questionário sobre o Processo Avaliativo daquela instituição.

Combinamos voltar em dia e hora pré-determinado para entregarmos o

questionário e realizarmos a entrevista, que, devidamente analisados e

interpretados, serão anexados e este trabalho.

Objetivando enriquecer as fontes de pesquisas e informações visitamos

os seguintes sites:

-http://www.lesley.edu/journals/jppp/2/review_port.html – Quinta-Feira 4 de

janeiro de 2007. 10:52hs.

http://www.patiopaulista.sp.gov.br/downloads/32/avaliacaocotidianoescolar_est

aban.doc - Quinta-Feira 4 de janeiro de 2007. 10:34hs.

-http://www.centrorefeducacional.com.br/avapque.htm terça-feira 23 de janeiro

de 2007. 10:45hs.

- http://www.pucsp.br/ecurriculum/ - terça-feira 23 de janeiro de 2007. 10:54hs.

O trabalho foi iniciado após muita leitura, anotações, rascunhos e

releituras e análise comparativa. Foi utilizado o método dedutivo.

Montamos um esquema com os capítulos que seriam abordados nessa

monografia seguindo o modelo de configuração enviado pelo projeto A Vez do

Mestre.

9

SUMÁRIO

Introdução ........................................................................................................ 11

Capítulo I – Nova realidade – exigência de uma nova postura ........................ 14

Capítulo II – O professor sujeito de transformação social ............................... 17

Capítulo III – Repensando a prática pedagógica na sala de aula .................... 19

Capítulo IV – A Avaliação na perspectiva da construção do conhecimento .... 21

Capítulo V – A dimensão pedagógica da Avaliação ........................................ 23

Capitulo VI – Características da Avaliação ...................................................... 25

Capítulo VII – procedimentos e instrumentos de Avaliação ............................. 27

Conclusão ........................................................................................................ 31

Anexo 1 – Entrevista ........................................................................................ 33

Anexo 2 – Questionário.................................................................................... 37

Bibliografia Consultada .................................................................................... 42

Bibliografia Citada ............................................................................................ 43

Índice ............................................................................................................... 44

Folha de Avaliação........................................................................................... 45

10

INTRODUÇÃO

“Uma visão sem ação não passa de um sonho.

Ação sem visão é só um passatempo.

Mas uma visão com ação pode mudar o mundo”

Joel Baker

A tarefa principal do professor é garantir a unidade didática entre

ensino e aprendizagem. Ensino e aprendizagem são duas facetas de um

mesmo processo. O professor planeja, dirige e controla o processo de ensino,

tendo em vista estimular e suscitar a atividade própria dos alunos para a

aprendizagem.

Em sentido geral qualquer atividade humana praticada no ambiente em

que vivemos pode levar a uma aprendizagem. Desde que nascemos estamos

aprendendo, e continuamos aprendendo a vida toda.

A aprendizagem escolar tem um vínculo direto com o meio social que

circunscreve não só as condições de vida dos alunos, mas também a sua

relação com a escola e o estudo, sua percepção e compreensão das matérias.

A consolidação dos conhecimentos depende do significado que eles carregam

em relação à experiência no meio social.

A atividade dos alunos consiste no enfrentamento da matéria por suas

próprias forças cognoscitivas, porém, dirigidas e orientadas pelo professor. A

inter-relação entre os dois momentos do processo de ensino - supõe a

confrontação entre os conteúdos sistematizados (do professor) e a experiência

sócio-cultural concreta dos alunos, isto é, a experiência que trazem do seu

meio social, os conhecimentos que já dominam, as motivações e expectativas

em relação à Vida.

O Professor deve conhecer as experiências sociais e culturais dos

alunos: o meio em que vive, as relações familiares, a educação familiar, as

motivações e expectativas em relação a Escola e o seu futuro.

Muitas vezes os próprios professores e a escola contribuem para

aumentar as desvantagens já trazidas pelos alunos e em decorrência de suas

11

condições de origem. É para aprender que as crianças vêem à Escola. E seus

hábitos, modo de falar, de se expressar, seu vocabulário, sua percepção das

matérias são diferentes do modo de ser do professor.

É impossível, assim, o sucesso escolar das crianças se tais diferenças

não são levadas em conta principalmente no que se refere ao processo de

Avaliação quando tais diferenças deveriam servir de ponto de partida para uma

Avaliação construtiva e democrática.

Pode-se afirmar que a Avaliação tem assumido, e já há muito tempo,

uma função seletiva, uma função de exclusão daqueles que continuam a ser

rotulados “ menos capazes”, com problemas familiares, com problemas de

aprendizagem, sem vontade de estudar, sem assistência familiar” e muitos

outros termos parecidos.

“O valor da Avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar

conhecimento de seus avanços e dificuldades. Cabe ao professor desafiá-lo a

superar as dificuldades e continuar progredindo na construção dos

conhecimentos” (LUCKESI, 2001).

Modificar, portanto a forma de avaliar implica na reformulação do

processo didático pedagógico, deslocando também a idéia da Avaliação do

ensino para a Avaliação da aprendizagem. Neste sentido , diz Perrenoud “ O

importante não é fazer como se cada um houvesse aprendido, mas, permitir a

cada um aprender”.

12

CAPÍTULO I

NOVA REALIDADE – EXIGÊNCIA DE UMA NOVA

POSTURA

“Não se compreende todo o caminho num grande e único passo:

novas estradas se abrem quando se persiste no caminhar”

(Autor desconhecido)

Queremos afirmar nossa crença na Educação democrática e,

sobretudo no professor como sujeito de transformação.

Consideramos que há possibilidades de transformação, porque o

homem, principalmente o professor pode atuar sobre a realidade.

É o homem que faz a História

- Quem sabe faz a hora...

“ A situação dos professores perante a mudança social é

comparável à de um grupo de atores, vestidos com traje

de determinada época, a quem sem prévio aviso se muda

o cenário, em metade do palco, desenrolando um novo

pano de fundo, no cenário anterior. Uma nova encenação

pós-moderna, colorida e florescente, oculta a anterior,

clássica e severa. A primeira reação dos atores seria a

surpresa. Depois, tensão e desconcerto, com um forte

sentimento de agressividade, desejando acabar o

trabalho para procurar os responsáveis, a fim de, pelo

menos, obter uma explicação. Que fazer? Continuar a

recitar versos, arrastando largas roupagens em metade

de um cenário pós moderno, cheio de luzes

intermitentes? Parar o espetáculo e abandonar o

trabalho? Pedir ao público que deixe de rir para que

ouçam os versos? O problema reside em que,

13

independentemente de quem provocou a mudança, são

os atores que dão a cara. São eles, portanto, quem terão

que encontrar uma saída honrosa, ainda que não sejam

os responsáveis”. (J.M.ESTEVE.Mudanças Sociais e

Função Docente p. 97).

Ser agente de transformação implica na capacidade de criar condições

– objetivas e subjetivas – para a mudança da realidade. É justamente neste

momento tão difícil, num mundo em constante transformação, que o professor

tem a possibilidade de recuperar sua dignidade e assumir seu papel como

agente da História. Deve buscar no cotidiano da escola, na sala de aula, no

convívio com os alunos, mudar a sua ação, estudar, refletir, (ação-reflexão-

ação) .

Lutar pela construção de um homem novo e de uma nova sociedade.

Educação pela e para cidadania: entendida com a participação consciente e

ativa de todos no processo que vise o resgate da qualidade da educação.

A pressuposto fundamental de qualquer trabalho educacional é

acreditar que as coisas podem mudar. A educação nasce da esperança; se o

professor não tem esperança, se não confia na possibilidade de mudança de

se mesmo, do aluno, da realidade, seu trabalho educacional carece de sentido.

Não uma esperança vazia, ingênua; sim uma esperança crítica, sabendo que

transformar a realidade é bem mais difícil do que imaginamos, mas não

impossível.

O Professor tem que sair da posição reativa, defensiva e partir para a

Auto-crítica e reconstrução de sua proposta pedagógica, o que não é uma

tarefa simples, mas necessária.

A que distinguir a verdadeira e a falsa impossibilidade. A verdadeira

decorre de nossos limites. A falsa decorre do tabu e da resignação (E.MORIN,

O Método III, p.28).

14

CAPÍTULO II

O PROFESSOR – SUJEITO DE TRANSFORMAÇÃO

SOCIAL

“O longo vôo das aves, desde o gelado Canadá ao calor do Brasil, ultrapasse

todas as dificuldades, porque as aves “sabem” o seu destino”

(Autor desconhecido)

Vivemos atualmente, talvez, uma das maiores crises na Educação. No

entanto, no cotidiano escolar, quando se fala em mudar, logo vêm com mil

desculpas e resistências. Não temos a menor dúvida de que há uma série de

limites; entretanto, os limites não devem ser pontos de lamentação, mas sim

pautas de luta e superação.

Cremos que é mais do que chegada a hora do professor se assumir

como agente histórico de transformação, comprometendo-se com a alteração

tanto das condições objetivas, quanto subjetivas de seu trabalho.

A ação do professor tem a ver com uma opção política, tenha ele

consciência disto ou não, uma vez que, através dela esta inserido no destino

do País, contribuindo para a continuidade ou para superar algumas

contradições em direção a uma sociedade mais justa, livre e solidária.

Se o professor não tomar consciência e lutar contra, estará reforçando

o sistema excludente, ainda que involuntariamente... Sabemos que a essência

não se dá a revelar de imediato. Esta imersão no imediato, no cotidiano a

crítico é o processo de alienação a que estamos submetidos. O que estamos

procurando fazer é superar esta alienação no campo da educação. Esta

superação é duplamente importante: primeiro quando o educador, como sujeito

da História passa a dominar melhor seu próprio trabalho; em segundo lugar,

pela especificidade do trabalho educacional, ou seja, pela preciosidade da

“matéria prima”: estamos interferindo na formação de novos cidadãos!

15

O professor precisa ter esta percepção mais global para poder re-

significar sua ação, até porque não serão poucas as resistências que

provavelmente encontrará na tentativa de realizar uma prática transformadora.

Citando VASCONCELLOS:

“Nesta busca de resgate da dignidade de seu trabalho, é

fundamental professor ter convicção da sua proposta,

considerá-la de fato muito significativa para os alunos,

sentir que tem algo importante a trabalhar com aquele

grupo, que supera o senso comum (isto porque sua

proposta é bem preparada e atende às reais

necessidades dos educandos). Se o próprio professor

não estiver convencido da relevância do que ensina,

como poderá ser capaz de motivar o aluno? Esta

convicção lhe dá autoridade. Deve, então, acreditar de

maneira profunda naquilo que está propondo, querer de

fato ensinar e, mais do que isso, querer realmente que o

aluno aprenda”.

16

CAPÍTULO III

REPENSANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA, NA SALA DE

AULA

“ Se não conhecemos nossos pontos fracos, nossas falhas e nossas

incoerência não poderemos alcançar nenhuma dignidade”

(Autor desconhecido)

A renovação pedagógica que altera a lógica transmissiva dos

conteúdos escolares, na sala de aula, aponta para a necessidade do professor

repensar sua prática educativa e re-significar as metodologias, estratégias e

procedimentos de ensino na direção da construção coletiva do conhecimento.

“... a prática de pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo”

(FREIRE,Paulo,1983).

Essa nova perspectiva exige do professor o emprego variado de

procedimentos didáticos que permitam uma participação coletiva efetiva e que,

também, atendam aos alunos na sua diversidade social, cultural e econômica,

bem como na maneira de ser, nos ritmos de aprendizagem, vivências e

valores, aptidões, potencialidades e habilidades.

A ação educativa comprometida com a diversidade deve garantir a

todos um ensino de qualidade com o propósito do desenvolvimento da

socialização e do sucesso dos alunos.

É indiscutível que a intervenção pedagógica do professor, no ato

educativo deve considerar a atenção à diversidade, organização do espaço do

tempo, utilização adequada de material didático e de metodologia de ensino.

17

CAPÍTULO IV

A AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DA CONSTRUÇÃO

DO CONHECIMENTO

“Não será possível pescar nenhum peixe razoável sem

pensar no anzol e na rede, sem distinguir o rio do mar,

sem conhecer linhas e iscas, sem apanhar chuva e

sentir o sol”

Pesquisas e estudos da comunidade acadêmica têm revelado que O

Processo de Avaliação representa um dos grande entraves para uma prática

pedagógica competente. Alarmantes índices de repetência e evasão na escola

vêm ocorrendo no nosso sistema de ensino, comprovados por diversas

investigações.

O fracasso escolar recai sobre os setores menos favorecidos da

sociedade, numa evidência de que a escola não se reorganizou para ensinar

de modo satisfatório esse setor da população.

Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –

Indicadores Sociais – Mostram dados elevados da reprovação e evasão: no

ensino de primeiro grau, de cada 1000 alunos que iniciam, 204 terminam a

oitava série (21%), dos quais somente 58 não repetiram um ano durante os

oito anos (6%). (VASCONCELLOS)

Os altos índices de evasão e repetência que caracterizam o fracasso

escolar evidenciam uma grande contradição da escola. Fala-se em igualdade

de direitos e de oportunidades para todos os cidadãos e, no entanto, a prática

escolar se mostra excludente em relação à maioria da população, expulsando

da escola grande número de alunos.

A Avaliação escolar é uma questão muito séria e tem raízes político-

pedagógicas profundas no sistema educacional inserido num sistema social

determinado.

18

O fenômeno avaliativo não é neutro, ele ocorre no cotidiano da sala de

aula e se orienta por uma determinada concepção de homem, de sociedade,

de cultura e de educação.

As diferenças entre os alunos – Culturais, Econômicas e Sociais – são

reais e representam diferentes estilos, níveis e modos de aprendizagem.

Prentendendo-se neutra, científica e técnica, a Avaliação reduz a

situação escolar, socialmente determinada, a uma relação objetiva entre o

aluno e o conhecimento, ignorando outros determinantes dessa relação, como

aqueles de ordem política e social.

É fundamental, hoje, reverter em nossas escolas, a cultura da

repetência e criar a cultura do sucesso. Acreditar que todos têm condições de

aprender.

19

CAPÍTULO V

A DIMENSÃO PEDAGÓGICA DA AVALIAÇÃO

“ Se alguém quer que as pessoas participem

deve, antes de mais nada levá-las a sério”

A escola crítica e criativa enfatiza a Avaliação dinâmica, num processo

que integra a aprendizagem do aluno e a intervenção pedagógica do professor,

na direção da construção do conhecimento e da formação da cidadania

consciente e participativa.

Nessa perspectiva, o ato de avaliar constitui-se no processo ação-

reflexão-ação em que o professor redireciona o ensino no sentido da

aprendizagem:

ϑ Como meu aluno aprende ?

ϑ O que é significativo para sua aprendizagem?

ϑ Como se efetiva o ensino ?

Essas questões devem orientar a prática pedagógica numa reflexão

contínua sobre os resultados da avaliação, o que permite:

ϑ ao professor, redimensionar a sua intervenção no processo de

ensino, rever metodologias alternativas de trabalho, criar novos recursos

didáticos mais adequados ao desenvolvimento do aluno;

ϑ ao aluno, acompanhar o desempenho de sua trajetória escolar,

identificar as suas conquistas, os seus avanços, bem como os seus pontos

fracos, as suas dificuldades e potencialidades para orientação e reorientação

de seu próprio estudo.

Como nos ensina Paulo Freire, “ Só se participa na medida em que

participamos”. Promover a participação dos envolvidos é antes um exercício de

democracia que contribui para a construção da cidadania. É a participação

ativa das pessoas envolvidas na avaliação que potencia a melhoria do ensino.

20

Nesse contexto, o problema do professor é avaliar para dar novo

encaminhamento à sua ação pedagógica, no planejamento, na execução e na

avaliação, assumindo um posicionamento pedagógico claro e explícito e

redefinindo cotidianamente a sua prática. Sobre isso, HOFMANN nos diz:

“ O papel do avaliador, ativo em termos do processo

transforma-se no de partícipe do sucesso ou fracasso dos

alunos, uma vez que os percursos individuais serão mais

ou menos favorecidos a partir de suas decisões

pedagógicas que dependerão, igualmente, da amplitude

das observações. Pode-se pensar a partir daí, que não é

mais o aluno que deve estar preparado para a escola,

mas professores e escola é que devem preparar-se para

ajustar propostas pedagógicas favorecedoras de sua

aprendizagem”.

21

CAPÍTULO VI

CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO

“ Tanto vale a noite como o dia: tudo depende

do que você quer alcançar com seu tempo”

Tendo em vista o redirecionamento da ação pedagógica – da

abordagem transmissiva do conhecimento para a abordagem de construção do

conhecimento – a concepção da Avaliação é processual, dinâmica,

participativa e problematizadora:

ϑ Processual - ocorre contínua e permanentemente no decorrer do

processo de aprendizagem do aluno para a verificação do seu

desenvolvimento: avanços, dificuldades e possibilidades;

ϑ Dinâmica – utiliza, em todos os aspectos ( cognitivos, afetivos e

psicomotores), diversos instrumentos e procedimentos para um melhor

conhecimento e acompanhamento dos alunos;

ϑ Participativa - envolve tudo e todos; alunos, professores e outros

profissionais da escola refletem conjuntamente sobre a prática educativa da

sala de aula e da escola como um todo;

ϑ Problematizadora – Investiga o desenvolvimento e necessidades do

aluno para intervenção nessa realidade e alto-regulação do processo de

ensino e aprendizagem, levanta dados para compreensão do processo de

aprendizagem do aluno e para reflexão do professor sobre a sua prática

pedagógica.

“A regulação das aprendizagens, uma das lógicas da

Avaliação, de acordo com PERRENOUD, conta com a

participação do avaliado tendo como primado a

autoavaliação, o que desencadeará a autoregulação”.

A mudança das práticas avaliativas exige a mudanças de concepções

no cotidiano docente. Segundo LUCKESI :

22

“Para que a Avaliação Educacional assuma o seu

verdadeiro papel de instrumento dialético de diagnóstico

para o crescimento, terá de se situar e estar a serviço de

uma Pedagogia que esteja preocupada com a

transformação social e não com a sua conservação. A

Avaliação deixará de ser autoritária se o modelo social e

a concepção teórico-prática, também não forem

autoritário. Se as aspirações socializantes da humanidade

se traduzem num modelo socializante e democrático, a

Pedagogia e a Avaliação em seu interior também se

transformarão na perspectiva de encaminhamentos

democráticos”.

A Avaliação, Segundo RABELO:

“ tem por objetivo detectar informações sobre o

desenvolvimento da aprendizagem dos alunos e assim

ajustar o ensino de acordo com as suas necessidades. O

professor, por sua vez, deve trabalhar em função da

construção diária do conhecimento nos alunos,

promovendo a formação de um cidadão crítico,

participativo e responsável politicamente”.

CAPÍTULO VII

23

PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

“Andar algum passo, a cada dia, na direção traçada é tão importante

como debater o rumo e questionar se caminhamos nele”

Avaliar simplesmente por avaliar não transforma a realidade. É preciso

deixar clara a finalidade, bem como o destino a ser dado aos resultados, enfim,

dar transparência ao processo de avaliação e orientar novas ações que

permitirão melhor qualidade no ensino.

A complexidade do processo de aprendizagem dificulta, na Avaliação,

o estabelecimento de instrumentos e procedimentos do real desenvolvimento

dos alunos como um todo, nos diferentes aspectos cognitivos, afetivos e

sociais.

É a partir da concepção de ensino e aprendizagem, da relação

pedagógica que se estabelece, das orientações da prática educativa e do

entendimento da função avaliativa no processo de ensino, que se torna

possível delinear procedimentos de Avaliação capazes de informar sobre os

processos de aprendizagem que ocorrem na trajetória da escolaridade do

aluno.

Assim, o professor deve utilizar técnicas e instrumentos de avaliar

diferenciados, ciente de que há diferentes tipos de Avaliação e de que ela

desempenha funções diversas. A seleção desses procedimentos deve também

considerar as diferenças dos alunos, suas formas variadas de expressão e de

comunicação, bem como a especificidade dos conteúdos curriculares.

Compete à criatividade do professor a escolha de procedimentos de

Avaliação que favoreçam o uso de diferentes linguagens para a manifestação

do processo de desenvolvimento do aluno como um todo.

Algumas sugestões:

ϑ Observação: é uma das técnicas que o professor dispõe para melhor

conhecer o comportamento de seus alunos, identificando suas dificuldades e

24

avaliando seu desempenho nas várias atividades realizadas e o seu progresso

na aprendizagem.

A observação de forma sistemática ou informal, no cotidiano da escola

e em sala de aula, permite ao professor acompanhar, orientar e ajudar o aluno

no seu processo de aprendizagem. É aconselhável que o professor adquira o

hábito de registro dessas observações para que constituam subsídios de

análises e discussão, em reuniões pedagógicas, onde o corpo docente soma

esforços numa Avaliação participativa, trocando informações quanto aos

objetivos educacionais alcançados ou não, visando sempre o progresso dos

alunos.

ϑ Trabalhos em grupo: a produção coletiva do conhecimento em

trabalhos em grupo, orientados pelo professor, é um valioso recurso em que se

avalia a cooperação, a troca, o confronto, o compartilhar idéias, o envolvimento

e comprometimento dos alunos.

ϑ Prova: a prova constitui um instrumento importante de Avaliação

quando utilizada de maneira significativa, procurando resgatar o seu objetivo

de ajuda ao aluno no seu processo de aprendizagem. O nível de complexidade

da prova de corresponder ao que foi ensinado na sala de aula e seu conteúdo

deve ser significativo para o aluno, evitando-se a prova difícil, complicada,

como, também, aquela de baixo nível cognitivo. Os resultados devem ser

analisados e discutidos com os alunos.

A prova deve ser um entre muitos outros instrumentos de Avaliação.

ϑ Produção dos alunos: todas as produções devem ser analisadas

para se ter um quadro da real aprendizagem dos alunos. É importante

considerar os textos, relatórios orais e escritos, resumos, pesquisas e outras

formas de expressão, como momentos de sistematização e registros capazes

de permitir maior conhecimento do aluno, de seus avanços, progressos e

dificuldades. Pode ser de grande auxílio no processo avaliativo a organização

de pastas individuais onde se colecionam os trabalhos mais significativos dos

alunos.

ϑ Auto-avaliação: A auto-avaliação se bem conduzida, constitui-se num

importante instrumento de formação do aluno, que permite o desenvolvimento

25

de sua consciência crítica. Os critérios de auto-avaliação devem ser definidos

conjuntamente entre professores e alunos durante o processo de ensino e

aprendizagem.

Se pretendemos, conforme prega a moderna pedagogia, que nossos

alunos sejam ativos no processo de aprendizagem, eles devem tornar-se

ativos também no seu processo de Avaliação.

ϑ Os Conselhos de Classe: Os Conselhos de Classe se constituem um

momento, um espaço da Avaliação do processo pedagógico na busca de

alternativas para a superação dos problemas educativos da escola. Essa

Avaliação se realiza de forma participativa envolvendo professores,

coordenadores e alunos. O Conselho de Classe é uma instância coletiva que

reflete a relação professor-aluno, as concepções de ensino e aprendizagem e,

também, a concepção de Avaliação que o professor tem.

O Conselho de Classe, na escola formativa, deve ser um meio e não

uma finalidade constituindo-se na análise e troca de experiências da prática

pedagógica dos professores. Ele deve refletir os princípios filosóficos, políticos,

sociológicos e pedagógicos que orientam a relação educativa com vistas ao

crescimento e ao desenvolvimento dos alunos como cidadãos conscientes.

CONCLUSÃO

26

“ Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum –

para si mesmo ou para os outros – abandoná-lo quando assim ordena o seu

coração [...] Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes

quantas julgar necessário... Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma

pergunta: possui esse caminho um coração?”

Na tentativa de contribuir para uma reflexão sobre a complexidade do

problema da Avaliação, nesse trabalho, foi ressaltada a necessidade de

analisar a postura pedagógica assumida pelo professor compromissado com a

educação e o desafio que representam as mudanças necessárias à uma nova

prática educativa que transforme educadores e educando e lhes garanta o

direito a uma autonomia pessoal na construção de uma sociedade democrática

que a todos respeita e dignifica.

A Avaliação é um processo pedagógico que deve se apoiar em

princípios e valores comprometidos com a transformação social, a partir do

reconhecimento do compromisso político da escola com as classes populares.

A Avaliação, que impede a expressão de determinadas “vozes” é uma prática

de exclusão na medida em que vai selecionando o que pode e deve ser aceito

na escola e precisa ser abolido.

Conclui-se que a tarefa é difícil, mas não impossível. A mudança é

necessária para atender a todos, sem distinção. A Avaliação deve ser

construtiva e democrática comprometida com a inclusão, com a pluralidade,

com respeito as diferenças, com a construção coletiva. Um movimento

direcionado pelo professor compromissado com uma redefinição de seu

processo Ensino-Aprendizagem.

Pelas respostas obtidas com a Entrevista e o Questionário gentilmente

respondidos pelo Coordenador e pela professora de Práticas Pedagógicas do

Normal Superior na UNIPAC de Piraúba, pudemos concluir que a Prática da

Avaliação na escola superior de nossa pequena e interiorana cidade mineira é

(em sua maioria) democrática e transformadora.

Ficamos positivamente surpresos ao lermos as respostas e

constatarmos o empenho de professores e coordenadores em avaliar

27

diferentes momentos do trabalho escolar, diagnosticando, corrigindo falhas

estimulando o desenvolvimento e o crescimento dos alunos num processo

contínuo.

Esta postura foi reconhecida pelo Conselho Estadual de Educação de

Minas Gerais ao conferir o conceito “A” à Faculdade de Educação e Estudo

Social de Piraúba – UNIPAC.

Repensar a Avaliação em práticas menos excludentes, deve ser a

preocupação de toda Escola e de todo educador democrático.

Cabe ao professor compromissado evitar o ensino elitista e autoritário;

saber dialogar; questionar; negar e substituir as crenças, preconceitos, valores,

conhecimentos e costumes já consolidados em busca dos processos

emergentes em construção, que possam anunciar novas possibilidades de

aprendizagem e de desenvolvimento, com o objetivo de agir conforme as

necessidades dos alunos individual e coletivamente.

“ Trilhar o caminho de uma educação compartilhada, construída em processo de “mão dupla”, na solicitude, exige compromisso político, trabalho, perseverança, paciência histórica e [...] não é um processo indolor, mas ao mesmo tempo extremamente prazeroso ”. (CAPPELLETTI)

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ANEXO 1

INTERNET

http://www.comciencia.br/reportagens/universidades/uni16.shtml

O sistema de avaliação da educação superior no Brasil Otaviano Helene

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC) tem examinado a situação do ensino superior no Brasil sob ópticas diferentes e complementares. O Censo da Educação Superior, a Avaliação Institucional, a Avaliação das Condições de Ensino e o Exame Nacional de Cursos (ENC) formam um sistema abrangente que mostra qualitativa e quantitativamente a situação da educação superior no País.

O censo, realizado anualmente, faz um retrato do ensino superior a partir da coleta de um amplo leque de informações, como número de alunos, concluintes, cursos, instituições e docentes. A Avaliação das Condições de Ensino é realizada quando o curso necessita do credenciamento ou da sua renovação. Trata-se de uma verificação feita por uma comissão de professores que analisa o curso no seu próprio local de funcionamento, considerando o corpo docente, a infra-estrutura e o projeto didático-pedagógico.

A Avaliação Institucional é uma verificação aos moldes das Condições de Ensino, que leva em conta as mesmas dimensões, além de considerar também o Plano de Desenvolvimento Institucional. É realizada cada vez que uma instituição de ensino superior procura se credenciar e, depois disso, repetida a cada quatro anos. Além dessas avaliações, operacionalizadas pelo Inep, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) faz ainda a avaliação dos cursos de pós-graduação, completando assim o quadro das condições do ensino superior no País.

O ENC, que atribui um conceito ao curso a partir de uma prova aplicada aos formandos, é uma parte apenas desse sistema. E, embora o exame tenha assumido uma dimensão hipertrofiada, ele deve ser colocado em sua devida proporção: apenas um dos vários instrumentos adotados no âmbito do Ministério da Educação para conhecer a realidade da educação superior.

Algumas características do ENC podem ser apontadas pela sua exacerbada repercussão. O ENC é obrigatório, embora não corresponda a um dever cívico, nem gere direitos. É exatamente o contrário: não fazê-lo gera punições. O resultado do exame leva a um ordenamento dos cursos superiores, sem significar necessariamente que os classificados entre os piores sejam ruins e os classificados entre os melhores sejam bons. Em certas áreas do conhecimento, cursos com nota

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D são perfeitamente aceitáveis e, em outras, cursos com B podem estar abaixo de qualquer patamar aceitável.

Uma instituição de bom nível, com um corpo docente bem preparado e condições de funcionamento adequadas, por exemplo, que esteja instalada numa região tradicionalmente carente de ensino, provavelmente apresentará nas primeiras turmas de formandos desempenho aquém do que seria desejado. Entretanto, essa é uma situação transitória que será superada. Após um período de tempo mais longo, se a instituição causar uma interferência no desenvolvimento cultural e escolar na região, os estudantes passarão a ter um desempenho adequado. Neste caso, uma nota baixa no ENC não traduz essa situação específica e penaliza um esforço de melhoria de um quadro educacional.

Por outro lado, um curso com conceito A no ENC numa região bastante densa e desenvolvida do País pode adicionar pouco conhecimento aos estudantes. É o que acontece quando os jovens que têm acesso ao ensino superior possuem, previamente, uma sólida formação educacional e cultural. Neste caso específico, a nota A pode refletir muito mais este perfil de entrada do que propriamente aquilo que o curso proporcionou de ganho em termos de conhecimento.

Uma outra questão é o boicote, que faz com que excelentes cursos fiquem colocados entre os piores e, como conseqüência, alguns entre aqueles com desempenho E sejam guindados ao conceito D, outros que deveriam ter recebido D recebem C, e assim por diante. Finalmente, uma outra razão que ampliou as dimensões do ENC foi a enérgica oposição tomada por associações ligadas a avaliações de cursos em várias áreas do conhecimento, pesquisadores da área educacional e entidades estudantis e científicas. Isso tudo serviu para chamar a atenção para o ENC, ofuscando, conseqüentemente, os outros estudos sobre o ensino superior brasileiro e outras possibilidades de avaliação mais comprometidas com a realidade nacional e com os anseios da sociedade.

O programa do Presidente Lula apresentado à sociedade afirmava claramente a necessidade de rever o Exame, e o Ministério da Educação, coerente com esta diretriz, tem proposto o seu aperfeiçoamento. Para isso, vamos ouvir pessoas e associações e estudar os outros mecanismos de avaliação já em uso no Brasil e aqueles utilizados em outros países.

Não podemos deixar que a luz do holofote lançada sobre o ENC nos ofusque e nos impeça de estudar os resultados de todos os processos de avaliação do ensino superior de forma a diagnosticar seus problemas e apontar possíveis soluções. É preciso lembrar também que o sistema de avaliação construído durante o governo FHC tinha uma perspectiva liberalizante para a educação, completamente diferente da proposta do governo Lula. Otaviano Helene é presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC)

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ANEXO 2

ENTREVISTA

Instituição Escolar – Faculdade de Educação e Estudo Social de Piraúba – UNIPAC. Endereço – Piraubinha Fone: 3573-2289 Entrevistado – Uanderson Luís Dutra Cargo ou Função- Coordenador Pedagógico Normal Superior Entrevistador – Sílder Lamas Vecchi Uanderson Luis Dutra, resindente em Rio Pomba-MG à Av. Dr. José Neves, nº 420 é formado pela Universidade Presidente Antônio Carlos – Visconde do Rio Branco, pós-graduado pela UFV e Mestre em Gestão de Negócios pela – UFSC. Diretor do Colégio Exitus – Instituição de ensino da educação infantil ao médio com sede em Rio Pomba-MG situado à Rua Coronel Antônio Pedro, nº384, Bairro Rosário. Sua experiência pedagógica é bastante vasta, uma vez que exerce esta função desde 1993 no CEFET – Uberlândia atualmente em Rio Pomba. Convidado a fazer parte do corpo docente da UNIPAC de Piraúba aceitou o convite/desafio que se fazem profissionais da educação comprometidos com alunos das classes populares que não têm seus saberes reconhecidos (como são os da UNIPAC (de Piraúba) e são frenqüentemente impedidos de ampliar seus conhecimentos não conseguindo escapar do perverso círculo da exclusão. Uanderson vem trabalhando de forma eficiente. Contando com a Diretoria e o corpo docente interessados em mudanças que pudessem, ressaltar num momento de transformação do sentido da escola ele vem se dedicando a UNIPAC-Piraúba e conseguindo excelentes resultados demonstrando, na prática, que uma faculdade de interior, quando tem profissionais preocupados verdadeiramente com uma educação de qualidade pode transformar a realidade. Conduzir um processo de coordenação pedagógica numa faculdade que dá seus primeiros passos exige um profissional sério, respeitoso, compromissado e competente e ao mesmo tempo sensível, criativo, solidário e comprometido com a educação. Perguntas para direcionar a Entrevista S.L.V. – Que princípios norteiam a Avaliação, nesta Faculdade? U.L.D. – A faculdade preocupa em trazer a Avaliação como um momento de privilégio vivido pelo aluno, pois este tem a oportunidade de demonstrar o que aprendeu continuamente. Temos o Avaliar seguindo sempre os princípios éticos de cada educando e fazendo com que este avaliar não seja excluidor, mas sim oportunizador. S.L.V. – A UNIPAC Piraúba usa da auto-avaliação? Como processa? Qual seria a função pedagógico-educativa da auto-avaliação? U.L.D. – Sim, questionário. A auto-avaliação é utilizada como um momento onde cada educando possa observar desde sua participação até o entendimento do método

31

proporcionado durante o curso. Tem como função fazer com que possa ser melhorado para que sua prática docente faça o diferencial no mercado de trabalho. S.L.V. – Que importância você, como Coordenador Pedagógico, atribui à: nota; erro; observação; conhecimento real do aluno pelo professor; trabalho em grupo; reuniões pedagógicas, na função avaliativa do processo ensino e aprendizagem, desta instituição? U.L.D. – Eu como Coordenador Prdagógico observo muito a atuação dos educandos/profissionais como parte integrante do processo de formação do seu humano, como cidadãos que vão agir criticamente na sociedade modificando-a. Não vejo importância em Avaliar para ter nota, mas sim para um “balanço” onde professores e futuros profissionais vêem o que deve ser mudado para que aconteça uma aprendizagem sólida e real. O erro deve ser visto como uma nova chance para se fazer correto, pois é através do erro que temos a possibilidade de melhorar. O professor deve avaliar dia-a-dia procurando agir sempre através do que é real para o aluno, dando oportunidade de aprender pela vivência. A importância das reuniões pedagógicas é oportunizar aos educadores um momento de troca de experiências, onde um ajuda o outro a tornar suas aulas melhores e práticas, inovando sempre um prol do educando. S.L.V. – Esta é uma faculdade inclusiva? O que tem sido feito para efetivar esta inclusão? U.L.D. – A faculdade procura agir sempre de forma inclusiva atendendo nossos alunos de acordo com a realidade de cada um para que estes sejam profissionais que atendem seus educandos da mesma forma, preocupando sempre com a individualidade. S.L.V. – Você acha que seria necessário mudar alguma coisa no processo Avaliativo da Faculdade? O que seria? Por quê? Para que? U.L.D. – Sim. Não só a faculdade, mas todas as Instituições deveriam procurar uma nova maneira e um novo conceito de avaliar, pois este não deve ser somente um momento de “acertos de contas” como alguns professores costumam fazer. Este no método deve ser visto como uma forma de rever o que foi aprendido avaliando tanto o aluno quanto o professor para que ambos mudem, preocupando mais com o que o educando/profissional pode levar para vida, associando sempre a teoria com a prática, podendo realmente modificar algo no ambiente onde está inserido.

32

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria – Metodologia do

Trabalho Científico – 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

LIMA, Adriana de Oliveira – Avaliação Escolar: Julgamento ou construção?

7.ed. Petrópolis, R.J: Vozes, 2001.

RABELO,Edmar Henrique – Avaliação: Novos Tempos, Novas

Práticas.7.ed.Petrópolis. R.J: Vozes, 1998.

GANDIN,Danilo – A Prática do Planejamento Participativo, 12.ed. Petrópolis,

R.J: Vozes 2004.

LIBÂNEO, José Carlos – Didática, 24.ed.São Paulo: Cortez, 2005.

HAYDT, Regina Célia Cazaux – Avaliação do Processo Ensino –

Aprendizagem. 6.ed. São Paulo: Ática, 2003.

HOFFMANN, Jussara – Avaliação: Mito e Desafio, 32.ed. Porto Alegre. RS:

Mediação, 2003.

HOFFMANN, Jussara – Avaliação Mediadora, 23.ed. Porto Alegre. RS:

Mediação, 2004.

33

BIBLIOGRAFIA CITADA

1 - DALBEN, Ângela I.L.de F – O Currículo escolar e a realidade do cotidiano.

Educação em Revista, BH (15):30-3, jun.1996.

2 - LUCKESI, Cipriano Carlos – Avaliação da aprendizagem escolar. 3.ed. São

Paulo: Cortez, 2001.

3 - PERENOUD,Philippe –Avaliações – p. 165, 1999.

4 - ESTEVE, J.M. Mudanças Sociais e Função Docente. Campinas: Papirus,

p.97, 1996.

5 - MORIN, E. O Método III, p. 28.

6 - VASCONCELOS, Celso dos S.- p. 24/25, 1996.

7 - FREIRE, Paulo – p. 15 -1983.

8 - VASCONCELLOS, Celso dos S, p. 15/16, 1996.

9 - HOFFMANN, Jussara p.18, 2004.

10 - LUCKESI, Cipriano Carlos – p.42, 2001.

11 - RABELO, Edmar Henrique p. 57, 1998.

12 - CAPPELLETTI – Jornal da Educação p.3, 1986.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ....................................................................................................... 2

AGRADECIMENTO ......................................................................................... 3

DEDICATÓRIA................................................................................................. 4

RESUMO ......................................................................................................... 5

METODOLOGIA .............................................................................................. 8

SUMÁRIO ........................................................................................................ 10

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11

Capítulo I – Nova realidade – exigência de uma nova postura ........................ 14

Capítulo II – O professor sujeito de transformação social ............................... 17

Capítulo III – Repensando a prática pedagógica na sala de aula .................... 19

Capítulo IV – A Avaliação na perspectiva da construção do conhecimento .... 21

Capítulo V – A dimensão pedagógica da Avaliação ........................................ 23

Capitulo VI – Características da Avaliação ...................................................... 25

Capítulo VII – procedimentos e instrumentos de Avaliação ............................. 27

CONCLUSÃO .................................................................................................. 31

ANEXO 1 – INTERNET .................................................................................... 37

ANEXO 2 – ENTREVISTA ............................................................................... 33

ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO .......................................................................... 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 42

BIBLIOGRAFIA CITADA .................................................................................. 43

ÍNDICE ............................................................................................................. 44