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GESTÃO DE PROJETOS
O PAPEL DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO – UMA
ABORDAGEM SOBRE RESISTÊNCIA À MUDANÇAS
Rafael Zacarias dos Pilares
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
RAFAEL ZACARIAS DOS PILARES
O PAPEL DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA
IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO – UMA
ABORDAGEM SOBRE RESISTÊNCIA À MUDANÇAS
Trabalho apresentado a AVM – Faculdade
Integrada como requisito parcial para conclusão
do curso de especialização em Gestão de
Projetos.
Orientadora: Profª Úrsula Gomes
Rio de Janeiro – RJ 2015
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha mãe que sempre me encorajou a superar os desafios e ao meu
filho que me motiva ainda mais a ser bem sucedido em minha carreira profissional.
DEDICATORIA
Essa especialização dedico a minha mãe que ao
longo da minha vida acadêmica sempre me
apoiou com tudo aquilo que eu precisei e me
proporcionou a possibilidade de atingir este
objetivo.
"Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar a qualquer lugar, descobri que não necessário dominar a força e sim a razão. Descobri que acima de tudo é necessário querer"
AmyrKlink
RESUMO
Os constantes avanços tecnológicos e sua aplicabilidade às técnicas de gestão vêm sendo observados em estudos acadêmicos e como prática de mercado. Muitos focam seus trabalhos em como implementar as técnicas desenvolvidas e suas melhorias, e evidências mostram que se acaba deixando de lado o aspecto humano dessa transformação. Este estudo busca a teoria de autores que focalizaram seus trabalhos na psicologia da mudança, para mostrar a necessidade do foco nas pessoas durante a implantação de um SIG. Palavras chave: cultura organizacional, resistência à mudança, sistema integrado de gestão.
ABSTRACT
The constant technological advances and their applicability to the management techniques have been observed in academic studies and as market practice. Many focus their work on how to implement the techniques developed and their improvements , and evidence shows that it ends up leaving aside the human aspect of this transformation . This study seeks theory of authors who focused their work on the psychology of change, to show the necessity of focusing on people during the implementation of a GIS. Keywords: organizational culture, resistance to change, integrated management system.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 9 CAPITULO I 1. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO 11 CAPITULO II 2. O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E POSSÍVEIS OBSTÁCULOS 14 CAPITULO III 3. O FATOR HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES 15
3.1. MUDANÇA ORGANIZACIONAL 16 3.2. RESISTÊNCIA À MUDANÇAS 18 3.3. PRINCÍPIOS PARA NEUTRALIZAR A RESISTÊNCIA NA IMPLANTAÇÃO 20 3.4. EQUIPES DE IMPLANTAÇÃO: OS PAPÉIS NA GESTÃO DA MUDANÇA 21 3.5. APRENDIZAGEM E GESTÃO DO CONHECIMENTO 22 CONCLUSÃO 25 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 26
9
1. INTRODUÇÃO
Em tempos de globalização e internet, a comunicação e competição entre
as empresas passam a ter caráter mundial. Avanços tecnológicos devem ser
incorporados pelas organizações de forma imediata, não só para garantir a sua
competitividade, mas principalmente para garantir sua sobrevivência no mercado. A
realidade organizacional traz consigo a necessidade de adaptação constante. Mesmo
as líderes do mercado precisam mudar, melhorar e inovar.
Uma ferramenta utilizada cada vez mais frequentemente pelas
organizações, característica do avanço tecnológico e das comunicações, é o SIG
(sistema integrado de gestão), que se caracteriza como um sistema gerencial que dá
uma visão integrada das áreas da empresa.
A implementação deste tipo de sistema requer uma reformulação da
organização empresarial e do modelo de trabalho, com a mudança de foco da
organização indo da estrutura funcional para a orientação por processos. Essa
mudança mexe com a cultura da empresa, que deve enfatizar as características e
comportamentos para sua sobrevivência.
As organizações modernas se vêem envolvidas num ambiente dinâmico e
de incertezas, onde mudanças ocorrem diariamente em uma velocidade não antes
imaginada. A evolução da tecnologia de informação tem contribuído
significativamente, não só como um estímulo, mas também como uma ferramenta que
possibilita essa mudança, permitindo às empresas se prepararem para um futuro de
incertezas. Temos acompanhado o processo vivido mundialmente por organizações
que têm procurado, como solução para as pressões provocadas pelas mudanças de
mercado e pela concorrência, os Sistemas Integrados de Gestão (SIG) devido à
necessidade que elas tem de serem mais ágeis não só no acompanhamento do seu
negócio, como também no lançamento de novos produtos, na avaliação de
alternativas de negócio, na incorporação de outras empresas adquiridas e na troca de
informações com seus clientes e fornecedores. Os SIGs são uma resposta da
tecnologia de informação a esses desafios. A substituição dos antigos pacotes de
software não integrados por modernos sistemas de informação e gestão integrados,
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cada vez mais ocupará espaço nas estratégias das organizações modernas. Essas
substituições, na maioria das vezes, não se restringem apenas a mudanças de
tecnologia. Com elas, as organizações são levadas a mudar processos, pessoas,
estruturas e culturas. Como gerenciar simultaneamente todos esses aspectos?
A metodologia de Project Managementl tem sido uma grande e importante ferramenta
que veio possibilitar e ajudar as organizações no gerenciamento dessas mudanças.
O presente estudo justifica-se a partir das organizações, ao optarem pela
implantação de um SIG, acreditam que pelo simples fato de selecionarem o melhor
sistema disponível no mercado, bem como uma consultoria experiente que lhe dê
suporte metodológico para a implantação desse SIG para garantir o sucesso do
projeto. Entretanto, essas organizações se esquecem de atentar para outros fatores
como, por exemplo, se a organização está preparada para a mudança, se a
metodologia está sendo bem empregada, se a consultoria está adotando as técnicas
Adequadas.
As técnicas de Project Management incorporam uma série de fases
relacionadas ao seu processo, organização e estrutura. O presente trabalho não
pretende se aprofundar no detalhamento de todas as fases do Project Management.
Esta abordagem irá procurar atentar para questões que tem despertado grande
interesse de estudo como: Gerenciamento da Mudança.
11
CAPITULO I
1. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO
A nova ordem econômica globalizada, no que se refere à organização
empresarial, gira em torno da inovação contínua baseada na flexibilidade dos seus
atores, uma vez que estes possuem diferentes culturas, valores e crenças, ou estão
separadas geograficamente.
O intenso uso da tecnologia da informação transforma o modus operandi
das empresas, tendo influência nos métodos, processos e relações de trabalho, pois
esta prática altera as estratégias empresarias, as estruturas organizacionais, etc.
Neste contexto, os SIGs vêm fornecer condições de apoio à busca das
oportunidades futuras. Um dos principais objetivos da sua implantação é a busca do
conhecimento e monitoração do desempenho organizacional e o planejamento de
recursos de informação, apontando oportunidades de negócio e adquirindo vantagem
competitiva.
A possibilidade de integrar as áreas da empresa por um único sistema,
trazida pelo MRP II, deixou de se restringir à fábrica. Os sistemas com este escopo
maior permitem que elas automatizem e integrem seus processos, compartilhando os
dados da organização. Em suma, os SIGs são pacotes de sistemas informatizados
que têm como finalidade integrar diversas áreas da empresa, auxiliando e
proporcionando recursos e procedimentos aos usuários para um gerenciamento
eficiente das informações, e obtendo, assim, um alto desempenho nas atividades
operacionais e estratégicas, com o menor custo possível.
Segundo Cameira (2003), a adoção de um SIG facilita o acompanhamento
dos indicadores de desempenho da empresa, agiliza as estruturas de suporte para
clientes e membros da organização, auxilia na identificação de problemas com
produtos e sistemas de produção e na percepção de oportunidades e ameaças.
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Os SIGs podem ser usados em qualquer segmento de indústria, pois
possuem características existentes em todos os sistemas, ao mesmo tempo
apresentando funcionalidades específicas, parametrizadas de acordo com o cliente.
Isto permite uma flexibilização de seu uso em organizações com características e
portes diferentes. No entanto, a implantação requer planejamento e alto investimento,
equipe treinada, equipamentos e tempo hábil para a sua execução.
O conceito de SIG spassou a ser o novo paradigma que direcionou o
desenvolvimento de sistemas aplicativos. Empresas industriais e comerciais
passaram a adotar esta tecnologia tão rápido quanto possível.
Alguns dos fatores que levam os SIGs a ser um dos tópicos mais discutidos nesse
momento, independente da indústria, foram: maior competição, necessidade de
incrementos de qualidade e variedade nos produtos, bem como a redução dos tempos
e dos custos de desenvolvimento de novos aplicativos, no custo da tecnologia, na
redução do volume de pessoal (tanto em níveis gerenciais e como nos overheads).
Outro fator relevante que propiciou a migração para sistemas de SIG, foi o aumento
das fusões e aquisições observado em praticamente todas as indústrias. As empresas
necessitam de tecnologias que possibilitem rapidamente acomodar este tipo de
mudança, que possam ser rapidamente aplicadas às suas novas divisões, plantas ou
negócios.
À medida que o tempo passa, observa-se que os sistemas de SIGs
incorporam mais características que permitem análises em tempo real, previsão de
tendências e otimização de processos, rotas de distribuição (Logística) e controles.
Por integrar as informações de todas as plantas, negócios e departamentos da
empresa, através de uma base contábil única, o SIG viabiliza análises em tempo real
de diversas questões fundamentais para o negócio da organização como a quantidade
e qualidade dos produtos, dos insumos em estoque, a satisfação dos clientes, os
níveis de rentabilidade por produto e segmento de clientes, entre outros.
Alguns sistemas de SIGs permitem também a realização de simulações dessas
variáveis, muito antes do planejamento da produção ser realizado. Módulos
financeiros e de planejamento recebem informações diretamente dos módulos de
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manufatura, distribuição e suprimentos permitindo que decisões sejam tomadas de
modo rápido e eficiente.
Naturalmente, decisões das empresas sobre investimentos em SIGs não
se limitam a estudos financeiros. Usualmente consideram também aspectos
estratégicos e tecnológicos do negócio. Entretanto, na maior parte das vezes, tais
decisões implicam em mudanças na estrutura organizacional e nos processos de
negócio da empresa, provocando mudanças nas rotinas e, eventualmente, na sua
cultura. Nem sempre a organização está preparada para enfrentar e lidar com essas
mudanças. Atualmente, os processos de mudança "constituem uma dinâmica própria
de cada organização, e costumam ser subestimados quanto à importância que a
contínua mudança nos processos têm sobre a dinâmica própria de cada Organização.
14
CAPITULO II
2. O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E POSSÍVEIS OBSTÁCULOS
O processo de implantação de um SIG não se dá de forma única e
constante, variando de acordo com o pacote selecionado para a implantação, a
complexidade da organização e a metodologia adotada. Para que o sucesso de uma
implantação deste porte seja alcançado deve-se preparar o background da
organização para receber o sistema, garantindo que os processos, tecnologia e
pessoas estejam alinhados à sua estratégia de negócio.
Considerando-se a implantação de um SIG como uma mudança estratégica
organizacional, cabe ressaltar que o gerenciamento do processo implica na alteração
da estratégia realizada até o momento e dos recursos disponíveis para aproxima-la
da estratégia pretendida.
A orientação por processos evidencia as oportunidades de melhoria, torna
mais claro o posicionamento de cada unidade organizacional dentro de uma cadeia
de valor integrada e reduz drasticamente os custos operacionais das empresas como
um todo.
A adaptação tecnológica é o próximo item na análise dos recursos da
organização. É necessário que a arquitetura tecnológica esteja alinhada com os
processos existentes na empresa e que todos os sistemas e ferramentas previamente
existentes sejam substituídos (com migração de dados) ou compatíveis com a
tecnologia sendo implantada.
Por último, mas não menos importante, está o fator “humano” da
organização e sua cultura. Em casos de mudança estratégica deve-se identificar os
processos que respondem pelo desenvolvimento da estratégia incipiente. É preciso
conhecer os aspectos culturais da organização, pois as decisões estratégicas
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tomadas são produtos dos pressupostos e valores da empresa, partes integrantes da
sua cultura organizacional.
CAPITULO III
3. O FATOR HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES
Dentre as diversas conceituações populares, cultura é o ato ou modo de
cultivar e, ainda, o complexo dos padrões de comportamento de crenças, das
manifestações culturais, intelectuais, etc, transmitidos coletivamente, e típicos de uma
sociedade. Uma abordagem mais moderna divide seus componentes em dois grupos:
formais e informais.
Os componentes formais da cultura organizacional são, muitas vezes,
difíceis de entender devido à importância que estes elementos têm em definir o que é
ou não aceitável dentro da organização. Alguns elementos deste conjunto são:
missão, visão, políticas, regras e normas. Já os componentes informais da cultura
organizacional são manifestações tangíveis ou intangíveis de valores compartilhados
pelos membros da organização e variam de valores muito específicos para aqueles
envolvidos até os que são guias gerais de comportamento. Dentre estes componentes
pode-se citar artefatos, símbolos, cerimônias, histórias e mitos.
Alguns autores dividem a análise da cultura organizacional em três níveis
de profundidade que caracterizam o quão intrínseco são seus componentes: o nível
dos artefatos ou da cultura observável; dos valores compartilhados; e das
pressuposições básicas ou suposições comuns.
A cultura observável é aquela facilmente percebida pelo ambiente externo,
sendo composta pelos métodos de trabalho, histórias, símbolos, heróis, cerimônias e
rituais corporativos (componentes informais). Este nível da cultura é fácil de ser
observado, mas muito difícil de ser decifrado. O observador pode descrever o que ele
vê e sente, mas não pode reconstruir o que as coisas dizem num grupo, ou se elas
refletem as pressuposições que as circundam.
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O segundo nível de análise trata dos valores compartilhados pelos atores
da organização. Estes valores são considerados como o núcleo da cultura
organizacional e ajudam a transformar as atividades de rotina em ações efetivas e
importantes que caracterizam a organização em questão. Além disso, estes valores
fazem a ligação do que é importante para a organização e os valores vigentes da
sociedade, podendo representar uma possibilidade de vantagem competitiva quando
bem administrados.
O nível cultural mais profundo é aquele que avalia as suposições comuns,
verdades implícitas inerentes às organizações, formadas pelas experiências vividas
em conjunto. Esse processo resulta nos mitos (crenças não-confirmadas, aceitas sem
análise) criados pela organização.
Cabe ressaltar que culturas muito fortes com sistemas de valores coesos
podem apresentar uma maior resistência às mudanças, principalmente àquelas que
vão de encontro ao ponto de vista vigente na organização.
3.1. MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Até meados da década de 70, a ideia de mudança estava centrada no
conceito de alteração de organogramas, na criação ou modificação de cargos. É
somente nos anos 80 que a nova abordagem vai ganhar forma, pois, após operar todo
tipo de mudança em suas empresas, muitos administradores perceberam que ainda
era necessário mudar os valores comuns e as crenças dos grupos para que os
resultados surgissem.
Em um novo momento, as mudanças organizacionais passaram a ser
vistas como processos de melhoria contínua, influenciados pelo boom das teorias de
qualidade total e os processos de produtividade. O tema ganhou importância
principalmente pela velocidade das mudanças, aumentando o grau de preocupação
das organizações com este processo.
Qualquer que seja a definição adotada para “mudança”, uma organização
está sempre sujeita a situações mutáveis, tanto no contexto externo como no interno,
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de acordo com o processo natural de mudança. Esse processo de mudança é dito
“natural”, pois admite que todas as organizações estão sujeitas a forças
desestabilizadoras para o status quo.
Lewin (1947) desenvolveu a teoria dos campos de força para explicar a
desestabilização do status quo e a conseqüente mudança organizacional. Para ele
existiria sempre um equilíbrio entre forças provocadoras de mudanças e a resistência
a elas, sendo que a inércia organizacional é vencida e acontece uma mudança quando
a força desestabilizadora é maior do que a resistência a ela. Caso a força de
resistência seja igual ou maior que a força motriz de mudança, a organização
permanecerá inalterada.
Identificar e compreender as forças de pressão para mudança são passos
fundamentais para garantir seu sucesso. Mas as pressões e os processos de
mudança não são sentidos apenas nas organizações. As pessoas também enfrentam
tais desafios, entendendo-os e respondendo-lhes ativamente. Novas competências e
motivações individuais e de grupo, aumentam a exigência sobre o desenvolvimento
estratégico e organizacional, agindo como fator de pressão.
Em consequência de várias condições, envolventes ou individuais, certas
organizações antecipam a mudança através de uma liderança com uma visão
estratégica que vai além do contexto em que atuam. Esta visão estratégica pode se
tornar a base de revoluções tecnológicas, de segmentação de clientelas e
concorrentes, do surgimento de novos níveis de competência e motivação internas e,
ainda, como fonte influenciadora das orientações de governos e organizações
multinacionais.
Como instinto natural de sobrevivência, essas organizações buscam
mecanismos para responder a essas pressões, seja ao pressenti-las ou em resposta
a elas. De acordo com esse modelo, o processo “natural” se inicia pela existência de
forças desestabilizadoras de mudanças, que podem ser originárias tanto do contexto
como de dentro da organização.
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Se o ajuste proposto conseguir lidar com as forças desestabilizadoras,
então a organização será mantida. Para qualquer forma de ajuste proposto, o
resultado é uma organização mudada. Se não houver o sucesso esperado, o processo
terá de ser reiniciado, levando-se em conta novos ajustes.
A introdução de um SIG é considerada, em muitos casos, como uma
mudança de caráter revolucionário, pois altera os processos organizacionais onde
está sendo inserido, transformando a relação entre os empregados e até mesmo a
maneira de se conduzir negócios. Nestes casos, é natural se deparar com movimentos
de resistência às mudanças impostas, motivados pela apreensão com relação à nova
tecnologia.
3.2. RESISTÊNCIA À MUDANÇAS
Kaufman (1971) afirma que a mudança organizacional não é
invariavelmente boa ou ruim, progressista ou conservadora. Ela pode tomar qualquer
das direções em qualquer situação dada. Mas ela é sempre confrontada com forças
que a colocam em xeque e que restringem a capacidade das organizações reagirem
a novas condições – as vezes com graves resultados.
Kaufman prossegue, então, descrevendo os fatores dentro das
organizações que resistem à mudança. Tais fatores incluem "os estabilizantes"
(familiaridade com padrões existentes), a "oposição à mudança" por parte de grupos
que podem ter motivações altruístas ou egoístas, e uma simples "incapacidade para
a mudança". Este último ponto diz respeito ao fato das organizações desenvolverem
"bloqueios mentais" que impedem a capacidade de mudar.
A mudança organizacional pode ameaçar grupos dentro das organizações,
além de ameaçar àqueles que beneficiam da atribuição atual de recompensas e
recursos. Isto tanto pode ocorrer horizontalmente, entre as unidades organizacionais,
quanto no eixo vertical.
Existem fatores adicionais que contribuem para a resistência à mudança.
Kaufman (1971) denomina-os "obstáculos sistêmicos" à mudança. Trata-se de
obstáculos do sistema global em que as organizações operam. Incluem fatores como
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os investimentos no status quo; a acumulação de restrições oficiais ao
comportamento, como as leis e regulamentos; restrições ao comportamento não-
oficiais e não-planejadas, sob a forma de costumes informais; acordos
interorganizacionais, tais como os contratos entre operários e administração.
Outros obstáculos sistêmicos à mudança dizem respeito aos recursos. As
organizações podem não ter capacidade financeira ou de pessoal para se
empenharem em esforços no sentido da mudança, mesmo que seja identificada a
necessidade de mudar.
Todas as mudanças provocam sentimentos mais ou menos fortes. Algumas
das necessidades mais fortes dos seres humanos são as necessidades de segurança
e estabilidade, auto-estima, e manter uma imagem coerente do mundo. Ao considerar
as necessidades psicológicas tais como as necessidades que estão sempre
subjacentes às ações dos indivíduos e das instituições, torna-se mais fácil
compreender a razão porque as pessoas reagem de determinada forma.
No processo de mudança pode-se destacar alguns estereótipos mais
freqüentes identificados nas organizações afetadas: indiferença; rejeição passiva;
rejeição ativa; sabotagem; colaboração; entusiasmo não comprometido; e entusiasmo
comprometido. A variação no comportamento resultante de mudanças se dá pelo fator
humano. Os dois principais diferenciais são a conscientização e a intensidade de
resposta às mudanças.
A criação de um gráfico cartesiano com estas duas variáveis permite o
enquadramento dos comportamentos em quatro grupos principais, que caracteriza o
comportamento provável dos indivíduos (indecisão, inércia, rejeição ou adaptação).
Entender e saber como trabalhar para evitar e/ou neutralizar as resistências
às mudanças, em seus diversos estágios, acarretadas pela implantação de um
sistema integrado de gestão, em especial de um SIG, é um requisito imprescindível
para atingir o sucesso da mesma.
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3.3. PRINCÍPIOS PARA NEUTRALIZAR A RESISTÊNCIA NA IMPLANTAÇÃO
Não é possível listar ou generalizar todas as respostas observadas em
processos de mudança. Como mencionado anteriormente, o comportamento de cada
organização frente às mudanças impostas a ela está ligado à sua cultura e por isso
variam de com a empresa.
Kotter (2001) observa que a quantidade de mudanças organizacionais
profundas e traumáticas tem crescido substancialmente nas últimas décadas, e que
os esforços de mudança ajudaram algumas organizações a se adaptarem às
condições de transformação, aprimoraram a posição competitiva de outras e
preparam algumas para o futuro, mas, a maioria dos casos foi frustrante, com recursos
desperdiçados, empregados demitidos ou frustrados.
As empresas, e as pessoas, que vivem esforços de mudança difíceis e não
muito bem sucedidos passam a suspeitar dos motivos da necessidade de
transformação, achando que ela trará consequências negativas, sendo esta uma das
principais causas de resistência.
No entanto, algumas organizações têm descoberto como fazer novas
estratégias, aquisições, reestruturação e até mesmo a adoção de novas tecnologias
funcionarem bem. Elas se baseiam em padrões importantes: a mudança útil tende a
ser associada a um processo de várias etapas que gera a força e motivação suficiente
para anular todas as expressões de inércia.
Os métodos usados nas transformações bem-sucedidas baseiam-se em
um critério especial: a mudança fundamental não acontecerá facilmente por várias
razões mostradas anteriormente. Por mais que se possa observar que os custos são
altos e os produtos de baixa qualidade, a mudança não será fácil, pois existirão
culturas centradas internamente, processos burocráticos, pouca confiança, falta de
trabalho em equipe, falta de liderança e o medo que o ser humano tem do
desconhecido. Segundo Kotter, para obter sucesso, essas barreiras devem ser bem
neutralizadas com um programa de oito itens, aplicável em organizações de qualquer
porte.
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As quatro primeiras etapas do processo de transformação ajudam a
descongelar o status quo inflexível. As fases cinco a sete apresentam muitas práticas
novas e a última etapa estabelece as mudanças na cultura corporativa e auxilia a sua
implementação.
As pessoas normalmente tentam implementar mudanças focando
simplesmente nas etapas cinco a sete, percorrem as etapas sem concluir as tarefas,
não conseguem reforçar as etapas anteriores no decorrer do processo, o senso de
urgência se dissipa ou a coalizão rompe. Ao negligenciar as atividades preparatórias
não se estabelece uma base sólida para continuar o processo e sem passar pela etapa
oito nunca se atingirá a linha de chegada, ou seja, será impossível implementar a
mudança.
3.4. EQUIPES DE IMPLANTAÇÃO: OS PAPÉIS NA GESTÃO DA MUDANÇA
Em processos de mudança costuma-se ter uma equipe especialmente
voltada para a realização da mudança. Esta equipe pode ser formada por membros
da própria organização ou externos, contratados para direcionar a mudança
trabalhando em conjunto com a equipe interna.
Os principais papéis ocupados pelos membros da organização em
processos de mudança referente à implantação de uma nova tecnologia são o comitê
de projeto (que pode trabalhar com um diretor/ consultor), patrocinador, gerentes,
líderes e usuários finais.
O comitê de projeto tem a função de dar condições para que a mudança
aconteça e estabelecer seus pré-requisitos mínimos. Ele pode ser chamado de
“proponente” por ser o grupo que quer que a mudança aconteça, mas que não tem
poder. São as pessoas que têm idéias e sugestões, mas que precisam convencer a
parte operante para que a mudança seja assimilada por eles.
O patrocinador representa o grupo de pessoas que, pela influência exercida
sobre a organização, apóia e se compromete com a mudança para que ela alcance o
sucesso. Ele pode ser ainda um indivíduo ou grupo a quem cabe legitimar a mudança
proposta.
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Os gerentes ou líderes de projeto formam o conjunto de agentes de
mudança e têm a responsabilidade de fazer a mudança acontecer com sucesso,
dentro dos prazos e orçamentos estabelecidos, respeitando os aspectos humanos
envolvidos.
A liderança e o patrocínio das mudanças são considerados fatores críticos
para o sucesso. O papel dos líderes pode ser definido como deflagradores do
processo de mudança, mantendo a liderança viva e persistente. Já os patrocinadores
apóiam as mudanças deflagradas na organização e constroem a sustentação para
que o processo de transformação aconteça.
Por último, tem-se o usuário final, considerado também como alvo da
mudança proposta (alvo por ser um grupo que precisa mudar de opinião para se
adaptar às mudanças). Cabe ressaltar que os patrocinadores e líderes também são
alvos dela.
Neste ponto, vale ressaltar a importância da formação da equipe como um
todo. As equipes devem ser montadas atentando-se para o número de níveis
gerenciais, distância física, nível de confiança entre os membros que compõem os
grupos e até mesmo o número de pessoas em cada um deles, de forma a evitar que
estes fatores interfiram no sucesso da mudança.
3.5. APRENDIZAGEM E GESTÃO DO CONHECIMENTO
Senge (1999, p.16) lembra que "em uma organização capaz de aprender,
os líderes são projetistas, professores e atendentes. Esses papéis requerem novas
habilidades: a habilidade de montar uma visão compartilhada, desafiar modelos
mentais comuns e desenvolver modelos de pensamento mais sistêmicos".
Como toda a tecnologia, a implantação de um SIG apresenta uma curva de
aprendizado e de assimilação. Segundo Cruz (1998), o processo de aceitação de uma
nova tecnologia apresenta algumas etapas básicas, como na figura 1a.
O ponto A representa o ponto de inflexão, momento crítico do projeto onde
ele ultrapassa o ponto de ruptura ou acaba fracassando, por despreparo da
organização ou da própria tecnologia adotada. É o momento que exige maior
23
dedicação da equipe de gestão da mudança, uma vez que envolve a quebra do
paradigma de como tudo era feito antes da implantação.
Passado o ponto de ruptura, a aceitação e aprendizagem da tecnologia
crescem de forma acelerada, pois a mudança é vista como benéfica para a
organização. Este crescimento acorre até o ponto de saturação (B), quando a
ferramenta continua sendo utilizada, mas o esforço de aceitação para domínio da
mesma já se esgotou. Este ponto pode ser maléfico, pois propicia que a organização
caia em estado de inércia, sem inovar na utilização da ferramenta e aproveitar suas
potencialidades. Para evitar que o aproveitamento diminua é preciso introduzir
medidas de revitalização (ponto C), oferecendo desafios e incentivando a criatividade.
Figura 1 - Curvas de aceitação
A curva anterior pode ser sobreposta à curva de aceitação de mudanças
(figura 1b), que aponta as suas várias fases, como desconhecimento, conhecimento,
entendimento, aceitação e comprometimento da organização com a mudança
implementada. Esta última fase acontece quando a mudança é incorporada a cultura
organizacional.
Adaptando o conceito de cibernética de Bauer (1999, p.47), “teoria de
sistemas cujos fundamentos são a comunicação, ou a circulação de informações tanto
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entre o sistema e o ambiente, como internamente ao sistema, e o controle, ou a
regulação do funcionamento do sistema em decorrência do ambiente”, pode-se obter
um modelo análogo representando o processo de assimilação gradativa de
mudanças.
Desta forma, pode-se inferir que os novos comportamentos são
introduzidos à organização e, automaticamente, entram em choque com os valores
correntes. Uma breve comparação entre eles leva à adoção dos comportamentos
considerados “melhores”, ou mais adequados, e a cultura organizacional é alterada,
como se aprendesse novos valores.
Esta nova cultura entra novamente em choque com os padrões de
comportamento a serem adotados e o processo recomeça. Cabe ressaltar que este
processo de aprendizagem é contínuo, pois, mesmo que a organização assimile por
completo a mudança introduzida, o ambiente está sempre em constante movimento,
levando a novas transformações.
Cavalcanti (2001, p.103), para falar das learning organizations, coloca que
os “erros e acertos são transformados em fatores que agregam valor à empresa e ao
negócio”. Assim, o sistema cibernético de assimilação de mudanças pode ser utilizado
nas learning organizations, pois representa a evolução das mesmas na busca de
adaptação às mudanças.
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CONCLUSAO
Este trabalho teve como objetivo mostrar a importância dos
aspectos culturais das organizações e suas influências em mudanças estratégicas,
em especial na implantação de um SIG e identificando possíveis manifestações de
resistência sem deixar que elas afetem o sucesso da administração da implantação
da mudança.
A realização deste trabalho encontrou dificuldades em identificar uma
bibliografia que trate da questão comportamental no tocante às implantações de SIGs.
A maioria da bibliografia relacionada à resistência à mudança é focada em passos que
devem ou não ser seguidos, sem levar em consideração que cada organização reage
de forma diferente a um mesmo estímulo.
É importante traçar o perfil das organizações que tenham obtido sucesso
na neutralização a cada tipo de resistência mostrado, criando mecanismos que não
sejam apenas fórmulas básicas, mas que se moldem às características individuais da
cultura organizacional de cada empresa, respeitando suas singularidades e se
adequando à sua realidade.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUER, R. (1999) - Gestão da Mudança – Caos e Complexidade nas Organizações. Ed. Atlas. São Paulo.
CAMEIRA, R. (2003) - Hiper-Integração: Engenharia de Processos, Arquitetura Integrada de Sistemas Componentizados com Agentes e Modelos de Negócios Tecnologicamente Habilitados. Rio de Janeiro.
CAVALCANTI, M. (2001) - Gestão de Empresas na Sociedade do Conhecimento. Ed. Campus. Rio de Janeiro.
CRUZ, T. (1998) - Workflow – A Tecnologia que Vai Revolucionar os Processos. Editora Atlas. São Paulo.
KAUFMAN, H. (1971) - The Limits of Organizational Change, University of Alabama Press.
KOTTER, J.P. (2001) - The New Rules: How to Succeed in Today’s Post-Corporate World.
LEWIN, K. (1947) - Frontiers in Group Dynamics: Concept, Method and Reality in Social Science. Human Relations, vol. n
o 1.
SENGE, P. (1999) - A Dança das Mudanças. Ed. Campus. Rio de Janeiro.