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1 AVM FACULDADE INTEGRADA IRACEMA PAZ DOS SANTOS PARTICIPAÇÃO DA FAMILIA NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR EM CONJUNTO COM A ESCOLA RIO DE JANEIRO 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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AVM FACULDADE INTEGRADA

IRACEMA PAZ DOS SANTOS

PARTICIPAÇÃO DA FAMILIA NO DESENVOLVIMENTO

ESCOLAR EM CONJUNTO COM A ESCOLA

RIO DE JANEIRO 2013

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IRACEMA PAZ DOS SANTOS

PARTICIPAÇÃO DA FAMILIA NO DESENVOLVIMENTO

ESCOLAR EM CONJUNTO COM A ESCOLA

Monografia apresentada, como requisito para conclusão de curso em pós-graduação de Psicopedagogia na AVM Faculdade Integrada.

Orientadora: Profª Simone Ferreira

RIO DE JANEIRO 2013

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Agradecimentos

Antes de tudo, a DEUS, pois sem Ele nada seria possível, as minhas filhas que

sempre me apoiam, aos meus queridos alunos, que me fazem querer aprender

sempre mais, para assim melhorar a minha prática em sala de aula e

finalmente ao meu amado esposo pelo seu apoio incondicional, sua coragem e

paciência durante a minha trajetória.

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“O direito à educação (...) não é apenas o direito de frequentar escolas: é também, na medida em que vise à educação ao pleno desenvolvimento da personalidade, o direito de encontrar essas escolas tudo aquilo que seja necessário à construção de um raciocínio pronto e de uma consciência moral desperta.” Jean Piaget.

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Metodologia

Vários especialistas afirmam que a família é à base da educação, no

entanto devido a vários fatores essa família vem enfrentando várias mudanças

e o que se observa é que acaba ficando para a escola a função de suprir todas

as carências impostas por essas mudanças. Gerando um grande mal estar,

pois o que se tem pela frente são crianças e adolescentes sem limites, sem

noções básicas de convivência em grupos, sem objetivos.

Para Donatelli, existe uma questão pendente em todas as escolas, a

questão da disciplina que trás à tona debates intensos. De um lado, os pais,

em sua maioria ausente e do outro os professores que vivem a angustia da

contradição de estar entre o autoritarismo puro e simples e a convivência

aberta e dialógica com os jovens.

A participação da família no desenvolvimento escolar em conjunto com

a escola, apresenta, através de pesquisas bibliográficas esclarecimentos sobre

a importância familiar no cotidiano do educando, visto que, uma das principais

causas de dificuldades de muitos alunos é a ausência dos responsáveis na

rotina da criança.

Piaget afirma que os valores morais são construídos a partir da

interação do sujeito com os diversos ambientes sociais e será a convivência

diária, principalmente com o adulto, que ela irá construir seus valores,

princípios e normas morais.

A pesquisa a seguir tem como objetivo incentivar e apoiar estudos,

adquirir informações, através de pesquisas bibliográficas e incentivar, a

construção de estratégias que levem a um entendimento da importância da

parceria da família com a escola. Promover uma reflexão sobre o processo de

educação com apoio familiar. Formando um pensamento critico sobre os

benefícios existentes nesta parceria.

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Resumo

Família e a escola é um assunto que ocupa hoje lugar de destaque

em toda discussão que leva em conta os interesses da criança. Sendo assim, a

ausência da família é um agravante nas situações onde a indisciplina e a

dificuldade de aprendizagem são tópicos constantes nas reuniões escolares. O

principal objetivo deste trabalho é argumentar através de pesquisa bibliográfica

a importância da parceria da escola com a família, na vida escolar da criança.

É conscientizar família e escola do seu papel, bem como a necessidade em

transformar a escola em um lugar acolhedor e atraente, com uma educação

dinâmica, reflexiva e capaz de acolher os anseios dos educandos.

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SUMÁRIO

Página

Introdução ...................................................................................................... 8

Capítulo I – A Família .................................................................................... 10

Capítulo II – A escola .................................................................................... 17 Capítulo III – Parceria família e escola ........................................................ 31 Conclusão ...................................................................................................... 36

Bibliografia .................................................................................................... 38 Webgrafia ....................................................................................................... 40 Índice .............................................................................................................. 41

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INTRODUÇÃO

Para eficácia da convivência do aluno na escola, seu relacionamento

com o outro, a disciplina em sala de aula e nas demais dependências da

escola, é necessário que haja uma comunhão entre escola e família.

Segundo Albertina de Mattos (2009, p. 26), em sua obra, Família e

Escola, relata o seguinte:

É na base familiar que a criança começa a construir sua real identidade, que será formada a partir das experiências e da forma como aprendeu a lidar com as informações que recebe. Essa particularidade – a base familiar - forma a personalidade da criança por meio da carga genética, das características pessoais, das influências do meio onde vive e, principalmente, da interação entre esses fatores que norteiam seu caráter.

É fato que a ausência ou omissão dos responsáveis, na rotina

escolar do educando, deixa um elo quebrado nessa corrente, ESCOLA X

EDUCANDO X FAMÍLIA. A participação dos responsáveis na vida escolar é

essencial, visto que, somente esta parceria dará a escola capacidade de

caminhar, encaminhar e crescer junto com o educando.

A falta ou omissão da família ou responsáveis, aliados a angustia e

às vezes despreparo dos professores e aos próprios alunos, que vivem na

maioria das vezes em áreas onde é negligenciado o acesso à saúde e a

cultura, torna ainda pior a educação. O senso de respeito, que deveria ser

estabelecido fica aniquilado pelo pensamento de “poder”, que surge em

detrimento da falta de limites. E esse poder não conhece, não entende, ou

simplesmente não respeita as regras e o direito do outro.

O caráter é construído desde a infância com ensinamentos e

exemplos e para tanto se faz necessário que haja uma postura consciente do

papel da família na vida dessa criança, para que ela tenha um referencial no

qual possa se guiar. É somente através de uma aliança entre a escola e a

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família, buscando soluções conjuntas que a tarefa de educar se tornará mais

prazerosa e digna.

Albertina de Mattos (2009) complementa o entendimento acima

afirmando: “A segurança possibilita à criança a construção de sua própria

identidade, com um conjunto de experiências que irão moldar sua

personalidade e sua forma de agir e reagir diante das diferentes situações”.

No primeiro capítulo serão conceituados os diferentes modelos de

família e a importância da mesma como base na formação moral e de como a

falta de comprometimento prejudica no crescimento e caráter do indivíduo. No

segundo capítulo será discutida como a escola participa do crescimento do

indivíduo, tanto intelectual, social e afetivo. Destacando o seu papel formador,

e de como a indisciplina e a ausência familiar prejudica o desenvolvimento do

educando, reiterando a importância da escola na busca de meios para criar

alternativas onde as famílias se torne parceira da escola nesta empreitada. O

terceiro capítulo irá tratar da parceria escola-família enfatizando os benefícios

proporcionados a ambas as partes, e principalmente a criança, que cresce

cercado de grupos que só visam o seu bem estar.

Ao final deste trabalho serão demonstrados, enfatizando a reflexão

sobre as interações entre escola e família, os aspectos positivos que estão

presentes nesta relação e que influenciarão o processo de aprendizagem deste

educando.

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CAPÍTULO I

TIPOS DE FAMILIAS

A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem uma família, biológica ou não, um ponto de referencia fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais.”(BRASIL, MEC, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. 2001, p. 11).

1.1 Tipos de família

A família é o primeiro grupo do qual a criança faz parte e cabe a ela

levá-la ao desenvolvimento do seu caráter e consequentemente da sua

capacidade para viver em sociedade.

É um erro pensar na família como a imagem clássica de pai e mãe

casados e filhos. Tais configurações familiares já não são as regras nos dia

atuais. A pluralidade dos grupos familiares pode ser facilmente notada no dia a

dia na sociedade.

Segundo Michell Maron (2010), as famílias podem ser classificadas

da seguinte maneira: família matrimonializada ou nuclear, que é aquela erigida

na relação jurídica do casamento; a família criada pela união estável que é

outro tipo de união constitucional, tanto a família matrimonializada quanto à

união estável tem na sua relação, homem e mulher na sua base. Existe ainda a

família substituta, que é implementada pelo ECA, e que decorre da guarda,

tutela e adoção; a família monoparental onde há apenas um dos ascendentes

em relação com o descendente, tal como pais solteiros.

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Desta forma observa-se, que na sociedade contemporânea, não há

um modelo único de família em que pai, mãe, filhos e irmãos integram este

grupo. A atipicidade das famílias é tamanha que se pode ainda encontrar vários

outros modelos de família, como por exemplo: a família recomposta, que trata

da reunião de pessoas que pertenceram a outras famílias, famílias onde os

avós ou outros parentes são os responsáveis além dos lares de famílias

adotivas. Outro tipo de família é a extensa descrita pelo ECA.

ECA. Art. 25 Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.

Quanto a família substituta pode-se afirmar que ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de fielmente desempenhar todos os cuidados com a criança.

No que se refere aos diferentes modelos familiares vale ressaltar

que independe da formação familiar, a função da família é alimentar, educar e

proteger, desempenhando um papel fundamental para a vida da criança e que

não se pode negligenciar a criança deixando a responsabilidade para outros. A

família tenha ela a formação que for é a principal responsável para o

crescimento da criança e sua inserção na sociedade.

É a partir da família que a criança começa sua historia no Universo,

segundo a autora Albertina de Mattos. Sua evolução a cada dia depende de

como ela irá se perceber e perceber o meio em que vive e que irá interagir,

descobrir e redescobrir suas realidades, assumir e corrigir seus erros,

amadurecer e tomar consciência ou não dos seus atos. Para tanto se faz

necessário à presença de uma pessoa que a oriente nesta relação. Portanto

independentemente de laços sanguíneos. Família é aquela que ama e cuida e

a vivencia e convivência com essa família é que irá em parte definir o futuro

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desta criança. Inegavelmente, a presença de sentimentos como: afeto,

solidariedade, entrega, são essenciais em uma família.

1.2 A família como base

A Chegada de uma criança é sempre esperada com ansiedade e ela

logo começara a fazer parte de grupo social chamado família. O qual irá guiá-la

na construção da sua identidade e será o seu refúgio ao longo da vida.

Com apoio da família a criança começa a tomar consciência de si e

vai percebendo a imensidão do mundo que a cerca. Vai amadurecendo aos

poucos e armazenando informações e tomando consciência de sua existência

e de certa forma sofrendo interferências do convívio humano. A família nesse

contexto serve como apoio e incentivo para lidar com seus medos e conflitos,

como também irá influenciar na construção do seu caráter.

Caráter é o conjunto dos traços particulares, o modo de ser, sua

índole, sua natureza e temperamento, enfim é a soma de nossos hábitos,

virtudes e vícios. E a família pode influenciar e deve contribuir nessa

construção.

No universo familiar a criança deve ser o centro das atenções e

independente do modelo de família, o que deve ser levado em conta é a

qualidade afetiva e os valores que serão inseridos desde os primeiros

momentos de sua vida. O vinculo afetivo com a família pode durar toda a vida

da criança, daí a importância desta na sua formação.

Segundo o entendimento de Albertina Mattos (2009):

Para que a criança aprenda desde cedo a conquistar seu espaço, a escolta dos adultos nos primeiros tempos da vida será de fundamental importância. O brincar, o escutar e o

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acompanhar darão à criança a certeza de que é amada e protegida.

E acrescenta, ainda que a troca de aprendizagem com a família fará

com que a criança tenha os pais como referencia e por esse motivo é

imprescindível que se tenha bons exemplos.

A primeira ligação afetiva, com certeza, esta na família, como

também a transmissão de valores, que a criança levará vida afora.

Deve-se criar condições para que a criança cresça e aprenda com

seus erros. Sempre apoiando e orientando. Faz-se necessário um diálogo

constante e incansável. O responsável deve ter a sensibilidade de

compreender seu filho e perceber as várias formas que a criança usa para se

comunicar, reservar um tempo para a criança, mostrar que se preocupa com

ela. Acompanhar seu desenvolvimento no dia a dia da escola e aprender não

só a ouvi-la como também ensina-la a ouvir. Sempre de forma compressiva e

carinhosa. Se negar a ouvir uma criança, é empurra-la para longe de si e de

todos os valores que se poderiam ensinar.

É na infância e principalmente nos primeiros anos, que começa a ser

inserida na criança a formação de valores, noções de honestidade e respeito

ao outro. Papel que deve iniciar com a família através de exemplos. Não

importa a localidade onde esta família vive. È dever dos pais e responsáveis

inserir esses valores.

A família deve ser a geradora de afeto e segurança. Proporcionar

sentimentos de aceitação, utilidade, mas também deve impor limites e noções

do que é correto, pois se aprender desde cedo, mais fácil será sua convivência

com os vários grupos do qual irá participar.

A criança precisa entender que o adulto (pai, mãe, responsável),

está comprometido com ela, precisa se sentir segura e crer que pode contar

com o outro. Isso ajudará na evolução tanto emocional quanto intelectual. Em

contrapartida os pais têm que focar e buscar o que é melhor para os filhos.

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Albertina de Mattos (2009) afirma que a confiança que a criança

adquire nos adultos é fundamental, já que os pais encontram-se como ponto de

referencia para a aprendizagem da criança – seu porto seguro.

Essa segurança lhe dará futuramente, base para desempenhar seu

papel na sociedade de forma digna e correta.

Em entrevista a psicóloga Lidia Weber afirma: “Os pais tem que

entender que só eles são capazes de tomar decisões e passar valores para

suas crianças”.

E acrescenta: “Educação é trabalho [...] Tem de investir, tem de

fazer um esforço. Tem de dar a real importância a esse tempo com os filhos...

Fortalecer a autoestima. Os pais devem sempre mostrar que o amor pelos

filhos é incondicional”.

O amor sustenta a família, o amor com propósito. Aquele que se

preocupa com o outro. É capaz de ser responsável, tolerante, porém exigente.

De ensinar valores como lealdade, respeito e transmitir confiança.

Quando verdadeiramente o adulto se envolve e se responsabiliza

por educar uma criança, deve interagir e conviver com a criança, em todas as

suas fases de vida.

A ausência desse amor leva a criança a buscar realização em outros

caminhos que nem sempre serão os corretos. A falta de orientação e amor

contribui para a falta de comunicação, tão necessária no convívio familiar que

atualmente é invadido pelos meios de comunicação: televisão, internet, que se

utilizados de forma incorreta acabam contribuindo para afastar a criança da

escola e até mesmo da família.

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1.3 Ausência ou omissão da família

Como exigir de uma criança atos como educação e respeito se tais

valores não foram ensinados e se não vivenciam diariamente através de

exemplos e diálogos?

Muitos pais e responsáveis tem dificuldades para educar seus filhos

por vários motivos: A jornada de várias horas de trabalho que o pai tem que

desempenhar e que o deixa distante dos filhos; a entrada da mulher no campo

de trabalho para ajudar nas despesas da casa e os filhos acabam sendo

criados em creches ou por outros familiares, desta forma a mulher fica distante

dos filhos durante o dia, e a noite, chega cansada e ainda tem que realizar os

afazeres da casa; em alguns casos, os irmãos mais velhos ficam responsáveis

por cuidar dos mais novos, mesmo sem ter, às vezes, maturidade para isso,

ficando responsável inclusive por levar e pegar os irmãos na escola. Existem

ainda muitos casos de responsáveis que negligenciam os filhos por causa de

vícios (álcool, drogas), imaturidade (pais adolescentes) ou simplesmente não

se sentem responsáveis por eles e aqueles que criam os filhos em ambientes,

no qual cultivam uma educação baseada na compensação material e

transferem para a escola as funções básicas da educação de uma criança.

Tornando-os assim, crianças ou adolescentes sem noções básicas de respeito

ao outro.

O que se observa nos dias atuais é a incapacidade que as famílias

encontram de proporcionar aos filhos a construção de respeito, senso de

responsabilidade. Transferindo para outros as suas funções.

A realidade é que atualmente existe um grande equivoco em relação

à forma de se criar os filhos.

Em alguns lares onde as crianças deveriam ser protegidas, ao

contrário são submetidas a várias ações de violência pela própria família. A

violência doméstica que é mais comum do que se pode imaginar.

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A violência doméstica pode ser praticada de diferentes maneiras: a

violência sexual que traz consequências tanto físicas quanto psicológica, a

violência física, que na maioria das vezes é usada como disciplinadora, a

violência psicológica onde ocorre um terror psicológico e a criança é

constantemente agredida com palavras que lhe causam vergonha e opressão.

Tal tratamento pode fazer com que a criança se torne tímida e retraída.

O que mais impressiona é a indiferença que esse assunto é tratado

em algumas escolas e a incapacidade de se fazer um trabalho realmente sério

para ajudar essas crianças, por medo ou negligencia. A criança desprotegida e

violentada nos seus direitos se torna alvo de vários questionamentos. Acaba

ficando rotulada como indisciplinada ou com dificuldades de aprendizagens.

A falta de atenção à vida cotidiana da criança e de percepção de

como é o seu desenvolvimento, deixa claro a falta de experiência, a negligencia

ou indiferença dos pais ou responsáveis que deveriam mais que nunca amar e

proteger seus filhos e a omissão daqueles que observam sem nada fazer. O

que se vê, é a ausência de papéis definidos, no qual a criança possa ter um

referencial. A família “abandona” a criança na escola se omitindo das suas

obrigações. A criança além da falta de amor e atenção em casa, ainda se vê

em volta com disciplinas, normas e regras impostas pela escola ultrapassada e

que não apresenta nenhum atrativo para a criança. Neste contexto, existe

somente um perdedor, a criança, que cresce em meio a tanta dificuldade e falta

de compromisso.

Segundo Içami Tiba (2011), “Hoje, não basta ser pais. É preciso que

eles se preparem para serem educadores e ajudar os filhos a construírem um

futuro.”

Dai a importância da família não só se fazer presente como também

se unir a escola e buscar uma educação de qualidade para suas crianças. Uma

escola que mais do que ensinar uma disciplina, esteja interessada em formar

cidadãos.

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CAPÍTULO II

A ESCOLA

2.l A escola como formadora

A escola é o estabelecimento público ou privado onde se ministra

ensino coletivo.

A escola tem a responsabilidade de garantir que o conhecimento científico e filosófico seja oferecido com qualidade a fim de que possam ser transformados em fazeres e saberes para emancipação intelectual do aluno e que estimulem o domínio de conteúdos que ganharão significação, tanto para educador como para educando. (RODRIGUES, 2013)

A escola é um lugar de formação e deve responsabilizar-se pela

transmissão de conhecimentos capazes de formar cidadãos comprometidos e

preparados para interagir na sociedade. Cabe ao professor trabalhar as

diferenças de cada aluno, identificar suas dificuldades e explorar ao máximo

suas potencialidades.

Donatelli (2004) entende que:

A escola, em sua função social, deveria ser um local de aprendizagem, do conhecimento da herança intelectual e cientifica legados pela civilização e, por tabela, contribuir para a socialização das crianças. Qualquer contribuição a mais deveria ser tarefa da família, a começar por ditar princípios morais que norteiam assim a vida de seus membros e pares.

Para tanto é necessário que os professores e demais funcionários

da escola estejam preparados, incentivados e envolvidos emocionalmente, é

preciso criar coragem para enfrentar os desafios que surgem, pois se a escola

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não dispuser de profissionais qualificados, não poderá oferecer uma educação

de qualidade. Luiz Schettini (2010) nos chama atenção quando diz: “Cabe ao

professor esquadrinhar sua interioridade para identificar se está

adequadamente preparado para sua função no que diz respeito ao exercício da

paciência, da esperança, do carinho”.

A escola no decorrer dos anos foi se perdendo no seu papel de

instituição social e o professor passou a ser visto mais como tutor que

educador.

Se o corpo docente não estiver consciente do seu papel: de

orientador e mediador na vida do educando, não provocará mudanças e,

consequentemente, crescimento intelectual e, porque não dizer, moral. É

necessário que haja mudanças no conceito de estudar e ensinar. É necessário

que haja principalmente amor. Amor pelo seu trabalho, amor pelo seu

semelhante.

Paulo Freire em seu livro Educação e Mudança (1985), afirma:

Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar. Não há educação imposta. Quem não ama não compreende o próximo, não o respeita. Não há educação do medo, nada pode temer da educação quando se ama.

Lilian Lima (2011. p. 27) ainda afirma:

Hoje, uma prática educativa para alcançar o sucesso, precisa se respaldar na dialética, isto é, na percepção de que nem sempre a realidade é linear, mas permeada de contradições (...). A escola deve construir um currículo vivo que abarque saberes, conteúdos, desperte a utilização das habilidades e aprimore as competências, de modo que o aluno possa ir do saber a consciência critica.

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Wolmer Ricardo (2012) caminha na mesma esteira, afirmando: “A

escola não deveria ser o lugar para educar o aluno, mas sim o lugar onde ele

daria continuidade ao processo de socialização”.

Não cabe mais a escola um papel tradicional e arcaico, mais sim de

ser dinâmica e motivadora, ser um lugar de boa convivência, porém onde suas

regras fossem compreendidas e respeitadas.

A escola deveria ser a porta de entrada da vida fora do contexto

familiar e não substituta ou babá. Deveria ser o lugar que ajuda na tomada de

consciência, da diversidade do que rodeia o ser humano e não lugar de

desabafo e de descarregar as frustrações e insatisfações. A tarefa de fornecer

a ordem moral e ética é da família ou da escola?

Pelo que se pode observar não é isso que acontece. Na maioria das

vezes as crianças entram na escola sem noções básicas de respeito, educação

e valores, que deveriam ser fundamentados no primeiro grupo social do qual

faz parte, “a família”.

A escola segundo Donatelli (2004) tornou-se refém da incapacidade

de compreender o que acontece ao seu redor, em especial com a família.

E como esperar que essa criança tenha bons hábitos de estudo se

na sua rotina diária não lhe é cobrado horários e nem mesmo lhe perguntam

sobre a escola.

Como esperar que sua convivência com os outros indivíduos do

grupo seja cordial, pacífica e de respeito, se é tratado com violência às vezes

dentro da própria casa por aqueles que deveriam lhe proteger e cuidar.

Como esperar que a criança se concentre e realize diferentes

atividades que necessitam esforço intelectual e físico, se estiverem mal

alimentadas, mal orientadas e que muitas vezes são oriundas de famílias

desestruturadas, desinformadas e que as vezes tem como único objetivo,

receber benefícios que o governo fornece por cumprir o que deveria ser

obrigação das famílias, que é colocar os filhos na escola e zelar pela sua

educação.

20

È ingênuo crer que crianças que trabalham nas ruas, porta de

supermercados, carvoarias, plantações entre tantas outras que exploram a

infância, tenham forças para aprender.

A escola, precária e desassistida pelo poder público e que esta

sempre servindo de degrau político, como slogan de campanha, acaba

assumindo funções, que sozinha não dará conta de resolver, e é nesse

contexto que surgem os mais variados conflitos.

Um extrato do texto do autor Jaime Luiz Zorzi, trabalhado em sala de

aula nos diz:

Considerando dados publicados pelo INEP (2012), uma população de mais de quarenta milhões de crianças e jovens compõe o universo de estudantes frequentando o ensino elementar (...) considerando-se o desempenho escolar cerca de 40%, ou mais, estão, tendo dificuldade de aprendizagem...

Alunos com todas as dificuldades, sociais, familiares ou psicológicas

e o professor que em meio a tanta turbulência, acaba, de certa forma, perdido

sem conseguir desempenhar sua verdadeira função: Preparar para vida, levar

o aluno a apropriar-se de valores, fornecer elementos para um

desenvolvimento completo, tanto para si como para o outro, tornar-se uma

pessoa consciente e responsável pela transformação do espaço que está

inserido.

A escola como formadora necessita mais do que nunca buscar

meios de alcançar e ocupar definitivamente o seu lugar na vida desses

educandos necessita refletir sobre a sua prática, se reestruturar e se reinventar

para alcançar as necessidades de cada aluno, necessita ganhar ritmo e força,

criar meios para trabalhar a indisciplina, o desinteresse, as dificuldades,

conhecer o aluno, suas carências, explorar seus conhecimentos e mais do que

nunca, buscar o apoio incondicional da família, que por muitas vezes

esquecem o seu papel e a sua função. É necessário desenvolver a

21

sensibilidade para perceber e sentir o outro para melhor desenvolver o

processo educativo.

Deve-se levar em conta também sua interação com o meio, suas

ideias, descobertas e desejos.

Em relação a este tema SALTINI (2008 apud Freire, p. 35)

Para que uma educação seja válida, toda ação educativa deverá necessariamente ser precedida de uma reflexão sobre o homem, e uma análise profunda do meio de vida concreta que se quer educar, melhor dizendo, daquele que se quer ajudar a se educar. Sem essa reflexão sobre o homem, arriscamos a adotar métodos educativos e de agir de tal modo que o homem ficaria reduzido à condição de objeto. Sem a análise do meio cultural e concreto, corremos o risco de realizar uma educação pré-fabricada e castradora. Para ser válida a educação deverá levar em conta que o fator primordial do homem, sua vocação ontológica, é aquela de Ser-Sujeito nas condições em que ele vive em um lugar preciso, em um momento e num certo contexto.

A escola representa para alguns alunos talvez o único espaço

significativo do sentido de pertencer a algum lugar. No sentido de produzir algo

e ser valorizado por isso. O lugar onde de certa forma se sinta seguro. A escola

precisa educar-se para educar.

Para o educador Tião Rocha, o afastamento da realidade do

educando, do seu mundo, do seu universo e tradições familiares é um

problema sério de falta de identificação do individuo com sua identidade. E

afirma:

(...) Precisamos escancarar isso. Não precisamos de sala, precisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os instrumentos possíveis que levem o menino a aprender. Não podemos ter um modelo como a escola, que deixa a maioria para trás, aproveita o mínimo e vai “informando” gente que não é crítica, que não pensa, que não age, que não é bom cidadão

22

Não há como criar uma criança com seu direito pleno de educação e

cidadania, se a escola e a família não se unirem. A família precisa estar

estruturada para cuidar dos seus filhos e a escola para cuidar dos seus

educandos. A escola não tem como cumprir sua função se não conseguir lidar

as dificuldades e sem buscar na família um aliado, tanto para o processo de

ensino e aprendizagem, como no relacionamento e disciplina da criança.

2.2 – Escola e a disciplina

O objetivo da educação é criar homens capazes de realizar coisas

novas, que sejam criativos, inventivos, descobridores. È formar mentes críticas,

que aprendam a descobrir as coisas, que sejam ativos e participativos,

solidários e coerentes.

Walmer Ricardo (2012), ainda afirma que:

Cabe a escola uma educação libertadora a qual ofereça ao aluno a busca de conhecimento pertinente às suas necessidade para que ele se torne um protagonista e, também, um cidadão critico e ativo, mudando o seu ambiente e minimizando suas ansiedades.

Para que isso aconteça, é preciso disciplina e interesse. A escola

define então, um conjunto de regras sobre convivência e respeito que deveriam

ser seguidas dentro do espaço escolar. No entanto, para que essas regras

sejam seguidas é preciso que os educandos tenham assimilado conceitos

anteriores na família, pois de nada adianta a escola afirmar valores se tais

valores não foram ensinados.

Se o indivíduo não foi cuidado, amado e orientado no seu lar, não

será capaz de fazer o mesmo na escola. A forma como a criança se relaciona

na escola esta diretamente relacionada à forma como é tratada em casa ou no

local em que vive.

23

Existem vários fatores que influenciam a disciplina ou indisciplina na

escola. É um erro esperar que indivíduos com diversidades ideológicas se

comportem ou tenham os mesmos objetivos que 30 ou 40 anos atrás.

É um erro achar que crianças que não tem a devida educação e

orientação em casa e que vivem soltas pelas ruas e calçadas, apesar de terem

famílias, de repente sentem-se e se comportem, seguindo determinadas regras

que nunca lhe foram ensinadas.

As famílias negligenciam seus filhos e descarregam eles na escola

como se fossem elas, as responsáveis e na maioria das vezes culpam os

professores pelo seu fracasso. Essas famílias não conseguem mais impor

limites e respeito, de forma que o educando se perde na falta de disciplina,

onde a escola acaba por ter que cumprir uma função que deveria ter sido

trabalhado pelos responsáveis.

Se a família coloca a criança na escola, mas não acompanha o seu

desenvolvimento e sua rotina escolar, pode-se dar ai um processo indisciplinar

e a família deve ser chamada a sua responsabilidade. Sem disciplina não há

respeito e consequentemente condições de aprendizagem e crescimento.

A criança que não é assistida pela família e pela escola sofre com os

castigos constantes por não se adaptar a sala de aula, os professores sofrem

com a rotina difícil e agonizante da escola e as péssimas condições de

trabalho, a família sofre com os constantes chamados da escola para tentar

solucionar o problema e finalmente a sociedade acaba recebendo um cidadão

incapaz de conviver de forma harmoniosa e digna na sociedade.

O Estatuto da Criança e do adolescente diz em seu art. 5º:

Nenhuma Criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Existem casos, onde as crianças são “abandonadas” dentro da

própria casa, como bem explica Luiz Schettini (2010):

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O abandono não se caracteriza apenas pelo fato de as pessoas não terem um espaço que as contenha por um pouco de tempo, enquanto vivem. Há os que usufruem de todas as benesses de uma moradia, dos cuidados físico e alimentares e, no entanto, são abandonados afetivamente. E quando, ainda, recebem os reflexos de um afeto instintual, falta-lhe a ternura de que tanto precisam. A ausência da ternura esmaece as cores do afeto e faz esquecer a forma acolhedora característica do amor que um dia existiu na pessoa humana.

Pode-se afirmar também que um grande aliado à indisciplina e

dificuldade de aprendizagem, é a falta de compromisso de determinados

professores, que demonstram pouco ou nenhum interesse no cotidiano do

aluno. Que tem como única preocupação, cumprir sua jornada de trabalho

totalmente desvinculado de qualquer sentimento. Sem ter a preocupação de se

fazer entender, de ver a criança, interagir com ela e estabelecer vínculos

afetivos.

Segundo Wolmer a socialização não é função apenas da escola. Ela

começa no seio familiar, mas a escola tem também essa incumbência, além de

educar.

E cita (Durkheim 1978 apud Poyer, p.22 )

[...] educação é a ação exercida junto às crianças, pelos pais e mestres, É permanente, de todos os instantes, gerais. Não há período na vida social, não há mesmo por assim dizer, momento no dia em que as novas gerações não estejam em contato com seus maiores e, em que, por conseguinte, não recebam deles influência educativa.

Salas de aulas tradicionais, discursos ultrapassados, professores

maus preparados e com carga horária exaustiva para complementar os baixos

salários, não despertam o interesse nos alunos.

Deve-se considerar também a falta de investimentos na educação,

como já foi citado anteriormente, pois de nada adianta discursos políticos de

25

combate à pobreza e a miséria, enquanto não investirem verdadeiramente na

educação.

Segundo Lilian Lima (2011):

A miséria de um povo não esta apenas na escassez de recursos materiais, nas panelas vazias ou nas mordias indignas. Um País se torna miserável, quando sua gente não tem conhecimento este capaz de transformar o indivíduo em um cidadão, a massa em povo e o País em nação. “Estas transformações só a educação pode oferecer.”

É correto afirmar que as dificuldades de aprendizagem podem se

constituir em um enorme obstáculo para a vida do aluno. Onde a escola, que

não sabe lidar com a situação, recorre à família, que por sua vez, desestrutura

e mal informada, nem sempre compreende a gravidade da situação e entende

que a responsabilidade é da escola.

Tal situação exige esforço, paciência, estudo e porque não dizer,

amor. Luiz Schettini (2010) afirma no seu livro Pedagogia da ternura:

O processo educativo pede o carinho dos sábios diante da insipiência dos ignorantes. Os que ainda não sabem, provavelmente, só chegarão, a saber, quando os que sabem se achegarem a eles sem amedrontá-los e sem os sufocarem com a sua “sabedoria”. Ser terno é chegar aos poucos, devagar, para, pouco a pouco, acompanhar o ritmo dos mais lentos até fortalecê-los para que possam se tornar ágeis.

Ainda na mesma linha, SALTINI (2008) afirma:

A educação é uma arte. Não é uma mera profissão ser educador. Manipulamos a educação com as duas mãos: a do afeto e a da lei e das regras [...] O afeto buscando o prazer se transforma em interesse, e este, por sua vez, provoca a interação com o meio.

26

Na ausência destes, os educandos são os mais prejudicados, pois

desmotivados, acabam se desinteressando pelos estudos tornando-se apáticos

e “invisíveis”, evadindo das escolas ou partem para indisciplina como forma de

esconderem suas dificuldades, prejudicando não só o seu desempenho, como

o desempenho dos colegas e o trabalho do professor em sala de aula.

A criança não nasce indisciplinada, ela adquire determinadas

características e comportamentos, de acordo com o meio em que ela vive e,

portanto assimila no decorrer dos anos o que aprendeu por ensinamentos ou

exemplos.

Pode-se ver casos onde professores e escola lutam contra

intolerância de alguns responsáveis, que passam a tratar e aceitar a

indisciplina como uma coisa natural e até casos onde a criança é incentivada,

por mais inacreditável que possa parecer, a ter certos comportamentos que

não deveriam ser tolerados em sala de aula. Para TAVARES (2012), “O erro

cometido pela família está em atribuir suas funções à escola a ponto de se

omitir dessa responsabilidade e nem sequer ser um bom exemplo do que foi

ensinado por ela”.

Na escola é fundamental conciliar a flexibilidade da educação com os

limites necessários para conviver e compartilhar os mesmos espaços.

Vale ressaltar, que apesar de tantos percalços, os professores

devem tentar de alguma forma, diminuir tal discrepância, buscando

informações e não soluções, pois só através de muito estudo e boa vontade,

será capaz de minimizar tais situações. O professor não deve se limitar a

instruir, ou apenas ensinar desvinculado da vida do aluno. Necessita mais que

nunca saber ouvir.

SANTOS (2012) entende que: “é necessário que o professor saiba

detectar o potencial do educando, explorando-o ao máximo, a fim de atender

as suas necessidades, respeitando suas limitações”.

Da mesma forma, é importante que a família, que deveria ser a

principal interessada no sucesso da criança, seja envolvida e compreenda seu

27

papel e do quanto os seus esforços, dedicação e interação são fundamentais

para ajudar a criança a enfrentar suas dificuldades. Uma família dará mais

qualidade a vida escolar da criança se for lugar de equilíbrio e bem estar.

Dando a escola suporte para trabalhar com essa criança. Auxiliando professor

no processo de educação.

2.3- O professor educador

Crianças não são máquinas, nas quais colocamos informações que

serão registradas de imediato. Faz-se necessário conhecer, interpretar este

ser. Estar atento a cada detalhe que se possa observar e que dará sinais da

capacidade de cada um. Levar em consideração o conhecimento prévio, o

meio onde a criança esta inserida, a família e principalmente como é tratado

por essa família.

Baseado nestes conhecimentos e refletindo sobre a forma de como

lidar com as diferenças de cada um, o trabalho não se tornara necessariamente

mais fácil, porém dará diretrizes para encontrar o melhor caminho para lidar

com a criança.

Com estas informações o professor pode traçar metas e criar

estratégias para lidar com as dificuldades dos alunos, explorando o que cada

um é capaz de aprender e como aprende, bem como buscar o apoio da família

quando necessário. Como diz SALTINI (2008): O conhecimento torna-se parte

da pessoa quando se encontra inserida no contexto vital, pois a vida explica

somente por si mesma e busca explicação por si mesma.

O papel do professor é despertar a harmonia, respeito e percepção.

Ser mentor das descobertas das crianças. Acreditar na sua capacidade e

apoia-la nas suas conquistas, proporcionar experiências nas quais as crianças

possam desenvolver o seu lado criativo, fazer descobertas e refletir sobre suas

ações.

28

Desta forma é necessário também que o professor seja tratado com

dignidade, pois nenhuma sociedade se formará consciente ou se afirmará sem

valorizar o professor.

O professor como educador deve estabelecer uma relação de

diálogo com o aluno. Deve ter uma postura transformadora e oferecer

oportunidades para que ele exercite suas potencialidades.

SALTINI (2008) também define o professor como: “Aquele que

informa e educa aquele que procura conduzir o ser humano ao seu pleno

desenvolvimento e conhecimento do mundo de realidade interna e externa”.

O conhecimento do outro é um fator que ajudaria bastante o trabalho

do professor. Estar atento à criança, que em algum momento, dará sinais, nem

sempre claro, das dificuldades.

A postura do professor será percebida na maneira como lida com tal

situação, na sua capacidade de compreender o que se passa na cabeça do

seu aluno. No ato de compreender um olhar e buscar uma resposta. Na

sutileza de estabelecer uma convivência pacifica e respeitosa e saber o

momento e a forma correta de impor limites.

O educador consciente promove interação, é flexível, prioriza o

educando como um todo e está sempre reavaliando a sua prática.

Segundo Paulo Freire (2011 p. 25), postula que: “Ensinar não é

transmitir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito

criador, da forma ou alma a um corpo [...] Quem ensina aprende ao ensinar e

quem aprende ensina ao aprender.”

O professor educador tem muito a aprender com o educando. Seus

hábitos, localidade onde mora e como não dizer a habilidade para viver ou

“sobreviver” em meio às diversidades, mostra muito o porquê de determinados

comportamentos.

O professor educador semeia esperança e aguça a curiosidade do

educando e não faz da sua cabeça depósito para acumular, diariamente

saberes que não acrescentará em nada seu desenvolvimento social.

29

Vê o mundo sempre com olhos esperançosos de dias melhores, de

uma política educacional que atenda os anseios da sociedade.

Quer construir uma escola, que ensina enquanto aprende. Que

pesquisa duvida, intervém, estimula, respeita e tem coerência no que faz.

FALCÃO (1991, p.117) confirma tais afirmações quando diz:

Sendo pessoa acessível, estimuladora, entusiasmada e coerente, o professor tende a funcionar como ponto de referencia para o aluno em sua vida. O professor deve conscientizar-se de que, além da matéria, ele transmite o seu ser; consequentemente, deve impor-se o esforço para crescer como pessoa e capacitar-se a exercer influência num rumo positivo, construtivo, educativo. Além da matéria, o professor deve entender que lhe cabe ensinar o valor da dedicação ao próprio trabalho, o encanto pelo estudo, o interesse pelo ser humano - pontos que ele ensina na medida em que os vive.

O professor deve estar atento também às habilidades que o aluno

demonstra em determinadas áreas, perceber que o aluno pode aprender de

diferentes maneiras e que pode apresentar mais ou menos afinidades com

determinadas disciplinas. Trabalhar essas diferenças de uma de forma atrativa

e agradável, é uma forma de incluir o aluno para que ele não se sinta diferente.

Pode-se afirmar que alguns professores ainda encontram muita

dificuldade para trabalhar com essas crianças. Não é justo a criança ficar

prejudicada por que o professor não é capaz de adequar sua metodologia para

o trabalho em sala de aula visto que suas aulas já não atendem as dificuldades

dos alunos.

A falta de qualidade pela qual passa a educação vem afastando a

possibilidade dos alunos crescerem como cidadãos críticos e com capacidade

de pensar e agir por suas próprias vontades.

O que se vê saindo das escolas, são pessoas manipuláveis e sem

capacidade intelectual para mudar o rumo das próprias vidas. A luta que alguns

professores travam para amenizar tal situação é árdua. Faz-se necessário que

a família comece a fazer a sua parte e entre nessa luta. De que maneira?

30

Apoiando a escola, cumprindo o seu papel de gestora, Trabalhar em conjunto

com a escola e cobrando para que ela se torne verdadeiramente um lugar de

socialização.

31

CAPÍTULO III

PARCERIA FAMÍLIA-ESCOLA

3.1 Parceria família-escola

Segundo Marcos Pereira dos Santos (2012 apud Macedo, 1999): “A

família é um grupo social composto por indivíduos relacionado uns aos outros

em razão de fortes afetos recíprocos ocupando um lar ou conjunto de lares que

persiste por anos e décadas”.

Complementando o entendimento, Wolmer (2012) afirma: “Cabe à

família, auxiliar na educação escolar do educando, lembrando que ela é a

principal responsável pela educação dos filhos”.

Proteger, amar, preservar e educar os filhos, incontestavelmente é

dever da família e quando a família deixa de cumprir esta função deixa também

de zelar por um futuro melhor para esta criança.

A escola é um ambiente de aprendizagem e de conhecimento,

engrandecendo as habilidades e valores necessários a socialização do

indivíduo, formando cidadãos de senso crítico e autônomo, e conhecedor de

seus direitos e deveres.

No que se refere à criança, o ambiente familiar e educacional está

interligado, pois ambos têm a função de zelar e preparar a criança para viver

em sociedade, de maneira que, devem unir-se em prol deste pequeno

indivíduo. Cada um desempenhando sua função distinta, porém vinculada a

outra.

Segundo a Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988, no seu artigo 227, aduz: é dever da família, da sociedade e do estado assegurar a criança e ao adoslescente prioridade, o direito a vida, a saúde a alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalizão, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade

32

e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

De forma que a união destes grupos é quase que obrigatória, para a

formação moral, intelectual e para o bem estar da criança.

A educação é um processo que precisa de envolvimento e confiança

e a harmonia destes dois grupos é que definirá o aproveitamento e

desenvolvimento educacional da criança como um todo.

Está mais que provado, que nas comunidades onde famílias se

envolvem cada vez mais em atividades escolares e na rotina dos filhos. As

mudanças ocorrem com mais facilidades, notando-se claramente as grandes

transformações, pois o sucesso do aluno depende também dessa união.

A escola não pode caminhar sozinha. A escola não pode ser a única

responsável pelo papel de mediador entre a criança e a aprendizagem da

leitura e da escrita.

Para promover atitudes de mudança é preciso envolver a família e

até mesmo a comunidade que a criança esta inserida. A família necessita

prestigiar e principalmente valorizar a escola. Demonstrar que se importa

realmente pelo espaço educacional do qual seu filho faz parte. Devem ser

inseridos numa percepção de grupos.

Independente da vida conturbada ou não, as crianças estão ai, e faz-

se necessário investir na essência, na transmissão de valores, princípios, que

parecem ter ficado ultrapassados e que necessitam ser resgatados.

A criança que convive com bons exemplos, provavelmente se sentirá

mais segura, passa a ter um referencial, ganha mais respeito e confiança.

De acordo com o pensamento de Wolmer Ricardo (apud Delors

2001, p. 111), a família é: “o primeiro lugar de toda e qualquer educação e

assegura por isso, a ligação entre afetivo e o cognitivo, assim como a

transmissão dos valores e normas”.

E complementa:

33

É na escola que o educando consolidará a socialização, mas para que isso ocorra, a família deve ser inserida neste meio de maneira que possa apoiá-lo e demonstrar por meio de práticas os ensinamentos passados pela escola, como o coletivo, o não preconceito, a não discriminação etc.

Não existe mais lugar para o individualismo na nossa sociedade. De

nada adianta o avanço das tecnologias dentro e fora das escolas, se não forem

utilizadas com e para a melhoria da qualidade de ensino. Faz-se necessário

mais que nunca, resgatar e destacar valores, buscando aperfeiçoar e fortalecer

a personalidade do aluno e a parceria com a família é fundamental para selar

este compromisso.

Se a família e a escola não se unirem para amparar suas crianças, é

fato, que elas encontraram quem as ampare e necessariamente não lhes serão

oferecidos bons exemplos. O que mais se encontra na sociedade, são

indivíduos prontos para explorar esses pequenos das mais variadas formas,

que por um motivo o outro, encontram-se desorientados e consequentemente

os resultados podem ser desastrosos: drogas, más companhias entre outros,

podem vir a fazer parte da vida desta criança.

Somente quando escola e família se perceberem como parceiras, se

comprometerem com o outro e lutarem juntas, inclusive por um sistema

educacional melhor, é que se darão ao educando condições de uma educação

de qualidade no seu sentido mais amplo. Materiais e espaços recheados de

recursos por si só não funcionam. Eles precisam ser humanizados. Precisam

vir acompanhados de ações. Ações que fortalecerão a convivência com a

família e trarão somente perspectivas positivas para a vida da criança.

Uma criança que esta emocionalmente amparada pela família e que

encontra na escola um lugar seguro e que lhe desperte a vontade de crescer e

participar daquele ambiente, certamente terá mais força para resistir e se

afastar das ruas, das mas companhias e todas as coisas ruins que elas podem

lhe proporcionar.

34

3.2 Pontos positivos na parceria família x escola

Com a presença da família, a escola e consequentemente a criança

só tem a ganhar. Podem-se citar vários pontos positivos quando a escola

trabalha em conjunto com a família.

• Integração da comunidade, por intermédio da família;

• A melhoria na qualidade da educação a partir da colaboração

recíproca;

• Envolvimento da família que torna a criança mais segura;

• A criança mais segura e estimulada demonstra mais interesse e

consequentemente se torna mais participativa;

• Melhora a capacidade da aprendizagem já que a criança é

acompanhada diariamente em casa;

• A criança assimila regras e limites com mais facilidade se estiver

orientada pela família;

• Famílias integradas, e bem acolhidas pela escola participam com

mais interesse das diferentes atividades proporcionadas pela

escola;

• Com uma escola mais atrativa a evasão escolar tende a diminuir;

• A escola tem a capacidade de resgatar o educando se der a ele

opção de escolhas;

• Juntas, escola e família podem buscar alternativas para melhor

trabalhar a diferentes dificuldades encontradas nas salas de aula;

• Clima escolar harmonioso;

• Contribui para a cultura de paz nas escolas reduzindo a violência.

Somente quando a escola estiver conectada com a família e com a

comunidade, se renovando a cada dia e refletindo sobre a sua prática diária

35

será capaz de se transformar em um lugar de sonho, segurança e

aprendizagem e de desenvolver um trabalho digno e de qualidade.

Buscar parcerias é o primeiro passo para que qualquer projeto possa

dar certo e com a escola não poderia ser diferente.

Uma educação de qualidade não é só questão de dinheiro, mas

também motivação, qualificação e, mas que tudo união.

36

CONCLUSÃO

O entendimento entre família e escola é algo complexo, porém

necessário.

A escola que espera alunos educados e com valores morais

formados, interessados em aprender tudo que é ensinado, necessita mudar os

seus conceitos, se preparar para uma nova sociedade, evoluir tecnicamente e

afetuosamente, não só favorecer a participação da família como também

promover diálogos construtivos e produtivos, buscar um equilíbrio e uma

renovação, tornar o ensino dinâmico e atraente, mudar a forma como vê e

como lida com o aluno, que por sua vez, vem mudando a sua forma de estudar

e de ver a escola.

A escola para a criança se transformou em um lugar ultrapassado,

chato e sem atrativos.

A família, que por sua vez vê a escola como única responsável pela

formação moral e intelectual do aluno, deve buscar o entendimento do seu

papel real e da necessidade de criar vínculos com a escola. Tornarem-se pais

e responsáveis comprometidos com o sucesso escolar dos filhos. Observar o

caminhar da criança estimulando-a no seu dia-a-dia no sentido de ver a escola

como um local de formação e não só o local aonde vai se encontrar com os

amigos.

Apoiar, educar, direcionar a criança hoje para que amanhã seja um

adulto melhor.

Não se pode e não se deve mais educar uma criança como no

passado. O castigo deu lugar ao diálogo, a palmada é condenada, gritos só

ensinam a criança a gritar também.

O que fazer então para educar este individuo?

37

Tal resposta não se encontra fácil, porém uma coisa é certa. A

mudança na forma da família olhar para escola e a escola olhar para a família é

crucial.

A interação da família é primordial para o avanço escolar da criança,

tanto como apoio nas dificuldades, como na aquisição de regras e limites que

irão orientar sua trajetória escolar.

A ausência da família submete a criança a uma série de faltas tanto

educacionais como emocionais, prejudiciais ao seu desenvolvimento.

A distância entre o papel da família e da escola necessita diminuir

cada vez mais.

Educar não é fácil. Os conflitos sociais, as dificuldades que

encontram, não podem mais servir de desculpas.

Família e escola necessitam trabalhar juntas, pois só assim

encontrarão coordenadas, para atingirem o objetivo principal “a criança”. Se

começarem a olhar para a mesma direção e caminhar juntas com certeza a

caminhada será menos árdua.

A escola que ganha suporte familiar, passa a ser vista como aberta,

dinâmica e a família ganha se beneficiando com um ensino de qualidade e

escolas humanizadas com ambientes atrativos para os educando.

O futuro da criança depende da educação. Educação é um processo

que dura toda a vida, e o início de tudo esta na família e na escola.

38

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39

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http:/www.jurua.com.br/entrevista3.asp?id=107. Acessado em: 30/04/2013.

41

Índice

Página

Capa ............................................................................................................... 1

Contracapa .................................................................................................... 2

Agradecimento .............................................................................................. 3

Dedicatória ..................................................................................................... 4

Metodologia ................................................................................................... 5

Resumo .......................................................................................................... 6

Sumário .......................................................................................................... 7

Introdução ...................................................................................................... 8

Capítulo I – A Família .................................................................................... 10

1.1 - Tipos de famílias .................................................................................... 10 1.2 - A família como base ............................................................................... 12 1.3 - Ausência ou omissão da família ............................................................ 15 Capítulo II – A escola .................................................................................... 17 2.1 - A escola como formadora ...................................................................... 17 2.2 - A escola e a disciplina ............................................................................ 22 2.3 - O professor educador ............................................................................ 27 Capítulo III – Parceria família e escola ........................................................ 31 3.1 - Parceria família x escola ......................................................................... 31 3.2 – Pontos positivos na parceria família-escola ........................................... 34

Conclusão ...................................................................................................... 36

Bibliografia .................................................................................................... 38 Webgrafia ....................................................................................................... 40 Índice .............................................................................................................. 41