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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO: A utilização do audiovisual na escola Por: Mariana Gesteira da Silva Orientador Prof. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO: A utilização do audiovisual na escola

Por: Mariana Gesteira da Silva

Orientador

Prof. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO:

A utilização do audiovisual na escola

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Tecnologia educacional

Por: Mariana Gesteira da Silva

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RESUMO

Esta pesquisa visa a discutir a utilização de filmes na sala de aula e a produção

de vídeos no âmbito da educação. Contudo, o trabalho com recursos

audiovisuais se insere em um debate mais amplo sobre meios de produção,

mídias de massa e novas mídias (internet, tecnologias digitais etc.) – suas

possibilidades e potencialidades. As novas mídias possibilitam a emergência

de novos discursos e processos de subjetivação, encontros e possibilidades de

existir distintas daquelas propagadas pela sociedade de consumo através das

mídias de massa. Assim, o professor, ao utilizar o audiovisual na educação,

promove o encontro da escola com a cultura a fim de construir uma educação

transformadora.

PALAVRAS-CHAVE: educação, comunicação, audiovisual, mídia, novas

mídias, mídia de massa, processo de subjetivação, subjetividade.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica com o objetivo de

coletar informações para a discussão sobre a utilização do audiovisual na

educação. Através das leituras dos filósofos pós-estruturalistas Deleuze e

Guattari, suas perspectivas sobre mídias e subjetividade, a pesquisa foi

conduzida. Foram utilizados, ainda, textos, artigos e livros sobre audiovisual,

comunicação e educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I – Educação e comunicação: 8

possibilidades e potencialidades

CAPÍTULO II – Utilização de filmes na sala de aula: debates e questões 17

CAPÍTULO III – Produção de vídeos e educação por projetos: 28

criação e auto-expressão

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

6

INTRODUÇÃO

As mídias oferecem inúmeras possibilidades no trabalho com tecnologia

na escola. Nesta pesquisa, optamos por investigar e discutir a utilização do

audiovisual, mais especificamente, de filmes e de vídeos no contexto escolar,

contextualizando-os dentro de um debate mais amplo acerca de mídia, meios

de produção e processos de subjetivação.

De acordo com a metodologia de pesquisa que utilizamos (pesquisa

bibliográfica), percebemos ser necessário fazer um debate teórico acerca das

mídias de massa (cinema, televisão etc.) e das novas mídias (internet,

tecnologias digitais, blogs, facebook, twitter, youtube etc.) vinculando-as à crise

dos meios de produção – que se reflete na crise do próprio modelo escolar – e

às mídias como produtoras de discursos e de subjetividades.

Em seguida, as discussões são sobre duas possibilidades de trabalho

com audiovisual: exibição de filmes na sala de aula; e produção de vídeos

pelos alunos. Essas duas maneiras de se trabalhar com o audiovisual podem

ser articuladas ou não, mas devem ser planejadas e, preferencialmente,

fazerem parte de um projeto da escola ou do próprio professor. Optamos,

propositalmente, em não fechar a questão sobre o trabalho com filmes e vídeos

(exibir um filme e logo em seguida produzir um vídeo; somente exibir o filme,

ou apenas produzir vídeos), para que não fique demasiadamente normativo. O

que propomos são sugestões de utilização do audiovisual a partir da pesquisa

bibliográfica e das reflexões sobre o tema.

Inicialmente, pretendíamos criar uma metodologia para o trabalho com

audiovisual na qual a exibição de filmes se articulava a produção de vídeos.

Havia também a ênfase ao trabalho com a disciplina de língua portuguesa

voltada para alunos dos anos finais do ensino fundamental (do 6° ao 9° ano).

No planejamento inicial, não havia o debate sobre mídia de forma mais ampla e

nem mesmo o debate teórico sobre subjetividade e processo de subjetivação,

nem, tampouco, a discussão sobre meios de produção. Essas questões foram

surgindo ao longo das leituras e foram “linkadas” aos temas discutidos ao longo

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da Pós-graduação em Tecnologia Educacional. Desse modo, o trabalho tornou-

se mais expositivo, mais voltado à reflexão.

Refletir sobre o audiovisual tira o professor de uma posição passiva. O

professor deveria ser antes de tudo um pesquisador, pois, do contrário, corre o

risco de tornar-se mero repetidor. O maior dos riscos de repetir mais do mesmo

é reproduzir preconceitos, valores pré-concebidos, subjetividades pré-

codificadas. Assim, as dimensões crítica e criativa não podem estar

dissociadas do ensinar.

Atualmente, os meios de comunicação e as tecnologias adquirem

grande relevância. Enquanto os alunos são nativos digitais, o professor é

migrante nesse mundo, mas justamente está aí a oportunidade de que haja

mais intercâmbios de saberes e perspectivas. O professor não é o único

detentor do saber. Perceber que a educação é um processo é um desafio que

implica abdicar de poder e criar relações mais horizontais com os alunos.

Portanto, refletir sobre o audiovisual na escola, pensar na apropriação

dos recursos audiovisuais por parte de professores e de alunos se relaciona

com pensar uma escola que cria e produz, indo muito além da mera

reprodução daquilo que já está previamente dado – seja ao professor ou ao

aluno.

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CAPÍTULO I

Educação e comunicação

Possibilidades e potencialidades

Os debates acerca das relações entre comunicação e educação não

estão isolados, ao contrário, se inserem em discussões mais amplas que

envolvem desde mudanças nos meios de produção a processos de

subjetivação.

A crise que advém das transformações dos meios de produção tem

impacto, sobretudo, na educação (não é à toa que o modelo escolar está em

crise também). Os sistemas de educação básica, tecnológica e superior

antecedem ao mundo do trabalho e por isso possuem com esse estrita relação.

A mídia de massa é propagadora de ideologias, forma e informa, e a

escola pode ser reprodutora dessas ideologias dominantes ou pode ser

transformadora, ao fomentar pensamento crítico e promover processos de

subjetivação. As novas mídias – internet, tecnologias digitais etc. – são

importantes ferramentas no momento atual, podendo produzir outras

subjetividades para professores e para alunos, além de outros espaços

discursivos.

1.1. Questões sobre meios de produção, mídia e

educação

O audiovisual surgiu na primeira metade do século XX revolucionando

costumes e práticas culturais. A mídia de massa, através do cinema e da

televisão, criou uma indústria criativa voltada para o consumo e o

entretenimento, mas foi além ao construir valores simbólicos que foram

9

assimilados pela coletividade. Desse modo, embora não seja o seu objetivo

principal, a mídia de massa termina educando.

Na contemporaneidade, dado ao barateamento das tecnologias digitais,

é possível que, além de espectadores, todos possam ser produtores do

audiovisual. Isso leva a uma relação com a mídia na qual se passa de

consumidor a “prozumidor”. A possibilidade de que qualquer pessoa possa

produzir conteúdo audiovisual se coaduna tanto com a educação por projetos,

como com o mundo do trabalho que se delineia atualmente, no qual é preciso

ser criativo e inventivo.

Embora o mundo tenha mudado no último século, o modelo escolar

segue o mesmo. A configuração das salas de aula com carteiras enfileiradas,

com um professor no púlpito em que era o único detentor do saber, chegando,

em um passado recente, a promover castigos físicos, visava a produzir adultos

dóceis, conformados e obedientes (ao sistema, ao chefe etc., em suma, ao

hegemônico). A escola não está apartada do mundo, reflete valores e

expectativas. Numa cultura estratificada, com papéis previamente definidos,

todos tinham o seu lugar. Os “destinos” já estavam traçados previamente.

A escola que conhecemos atualmente remonta à segunda metade da

Revolução Industrial. É nesse período que surge a escola universal – outrora

somente a elite tinha acesso aos estudos formais – como forma de preparar os

futuros trabalhadores. Na primeira metade da Revolução Industrial, as crianças

trabalhavam nas fábricas de forma similar aos adultos, submetidas a péssimas

condições de trabalho e a jornadas extenuantes. Logicamente, os

trabalhadores não se conformavam com essas condições de trabalho que lhes

eram impostas. Assim, a segunda metade da Revolução Industrial foi marcada

por uma série de conquistas (como a universalização da educação) e pela

regulamentação do trabalho.

No Brasil, a escola chega à universalização tardiamente. Somente na

década de 1990 culmina o processo, que havia sido iniciado na Era Vargas

(começo da industrialização no Brasil). Desse modo, o Brasil no século XXI tem

que lidar com uma população que, até pouco tempo atrás, estava excluída e

desassistida pelas políticas públicas e agora frequenta a escola.

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A crise do modelo escolar faz parte de uma crise maior que é a dos

próprios meios de produção, o que evidencia a estrita relação que a escola

possui com o mundo do trabalho. Não é por acaso que os Estados Unidos da

América e toda a Europa enfrentam índices de desemprego galopantes. Além

da economia, os meios de produção interferem de maneira significativa na

cultura e nas relações. O dado relevante do momento atual é que os meios de

produção nunca foram tão acessíveis. Na primeira década do século XXI, as

tecnologias digitais tornaram-se baratas a ponto de que camadas baixas e

médias da população pudessem comprá-las.

Atualmente, vivemos uma era pós-industrial a qual pode ser chamada de

Sociedade do Conhecimento. Como o próprio nome indica, o conhecimento

ganha relevância. Anos atrás, a economia voltava-se majoritariamente para a

produção de bens tangíveis, e grande contingente populacional trabalhava na

linha de produção das fábricas. Entretanto, na Sociedade do Conhecimento o

que está em evidência é a produção de bens intangíveis – ideias,

conhecimento, design etc.. Um bom exemplo disso é a moda em que a roupa

propriamente (em termos de matéria-prima) é barata, o que agrega valor ao

produto é o design, o conceito por detrás da peça, em suma, é o pensamento e

a intencionalidade que valorizam a roupa. É, por esse motivo, que o estilista é

mais bem remunerado do que a costureira, que somente executa a

concretização da ideia. No âmbito da tecnologia, não faltam exemplos em que

aspectos intangíveis agregam valor. A empresa Apple, por exemplo, é mais

valorizada pelo design de seus produtos, por evocar exclusividade, beleza e

glamour, que propriamente pela tecnologia material e lógica envolvida

(processador, memória RAM, HD), pois nisso seus produtos se assemelham às

demais empresas do ramo.

Dessa forma, se fortalece o Terceiro Setor da economia, que envolve a

oferta de serviços à população. Esse cenário exige pessoas mais qualificadas e

criativas. Há menos oferta de empregos, possibilidade de se criar novos

trabalhos e maneiras diferentes de se ganhar dinheiro. O emprego fixo está em

extinção. O que haverá é trabalho, tarefas a serem cumpridas. Nesse contexto,

cresce o empreendedorismo, que é uma forma de se criar trabalho

identificando demandas. Um bom exemplo disso é a utilização de sites, blogs

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e mídias sociais como espaço laboral. Atualmente, há empresas que existem

apenas no mundo virtual e vendem os mais variados objetos. Existem também

blogueiros que, por escreverem ou postarem vídeos sobre um determinado

tema, possuem tantos acessos em seus blogs que empresas passam a

patrociná-los a fim de divulgar seus produtos. No caso das redes sociais, há

empresas e pessoas que começam a se especializar em marketing utilizando

essas ferramentas, criando virais para a rede. Portanto, os exemplos são

inúmeros e é inimaginável o que está por vir.

1.2. Mídia e subjetividade

A sociedade de consumo, tendo a cultura de massa como uma de suas

expressões, foi construída de maneira hierárquica e vertical, criando costumes,

produzindo e naturalizando comportamentos. A cultura de massa cria padrões

discursivos e comportamentais; são verdadeiros nichos de subjetividade nos

quais as pessoas passam a se enquadrar. O triunfo da imagem reduz as

pessoas a meros símbolos. Contudo, o perigo de se assumir uma subjetividade

pré-codificada é o de restringir demasiadamente formas e possibilidades de

existir. A vida é feita de encontros e possibilidades e o ser humano não é obra

acabada, está constantemente sendo construído, vivendo a processualidade; o

devir.

Deleuze e Guattari (1992) concebem a vida como acontecimento que se

produz como um devir, um fazer-se, nos desafia com uma lógica do sentido,

não com categorias entrincheiradas. Assim, não haveria um ser, mas sim o

sendo, entendido como múltiplas possibilidades em si mesmo, em constante

construção e mutação. Entretanto, a multiplicidade vem sendo ordenada em

subjetividades fixas, como forma de corresponder a papéis pré-determinados,

podendo vir a reproduzir aquilo que é esperado pelo hegemônico. De forma

que a possibilidade de inventar a si mesmo se converte em dever de assimilar

uma subjetividade pré-estabelecida como forma de ser legitimado pela

sociedade de consumo.

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Assim, a possibilidade de inventar-se, o que constituiria novos

paradigmas, converte-se em uma procura nostálgica de uma essência

ontológica “perdida”, buscando nichos de subjetividades, que são criados pela

sociedade de consumo. O consumo e a cultura de massa, na

contemporaneidade, constituem uma das principais “tecnologias do eu” -

entendida como forma de construção de subjetividades. O sujeito é uma

construção social, não dispondo de essência capaz de fundamentar suas

ações e determinar suas escolhas. O sujeito é, em suma, o resultado de uma

construção discursiva, e o consumo a narrativa orientadora de subjetividades.

Como bem observa ROCHA (2012):

A sociedade de consumo se caracteriza por ser absolutamente inclusiva. Não há minoria ou movimento que escape à sua lógica: gays, mães solteiras, negros, crianças. Todos encontram aí seu lugar, desde que possam consumir. E a indústria vem descobrindo sucessivamente novos nichos. Os adolescentes nos anos 1950-1960, as crianças a partir dos anos 1970, e mais recentemente os homossexuais, os negros etc. Toda diferença surge como uma demanda virtual por novos produtos, toda atitude ou comportamento configura um nicho de mercado, toda minoria é um público-alvo potencial.

A mídia de massa propaga essas subjetividades pré-definidas a que o

trecho acima se refere e costuma produzir um discurso bastante homogêneo,

unilateral e vertical. As emissoras de televisão e jornais (expressões da mídia

de massa) possuem linhas editorias que refletem a manutenção e a

preservação do status quo. Entretanto, as novas mídias, bem como sua

facilidade de acesso e barateamento, vêm possibilitando algo até então inédito:

a auto-expressão e a oportunidade de se produzir outros discursos que não o

da cultura massa. A internet horizontaliza as relações – todos podem ser

famosos e importantes, dizer o que pensam – sem a necessidade de instâncias

legitimadoras. Guattari, em Caosmose, já previa que as novas mídias

mudariam as relações, como se pode observar no trecho abaixo:

As evoluções tecnológicas, conjugadas a experimentações sociais desses novos domínios, são talvez capazes de nos fazer sair do período opressivo atual e de nos fazer entrar em uma era pós-mídia, caracterizada por uma reapropriação e uma re-singularização da utilização da mídia. (Acesso aos bancos de dados, às video-tecas, interatividade entre os protagonistas etc...). (Guattari,1992, p.16)

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As novas mídias estão auxiliando as mudanças nas formas de

organizações discursivas, o que torna possível a re-estruturação das

configurações de representação de subjetividades e o mais importante: a auto-

expressão. As novas tecnologias possibilitam formas mais colaborativas e

democráticas de acesso e de construção do conhecimento em meios de

comunicação como a internet, por exemplo. Estamos vivendo um momento de

transição entre a era da mídia de massa para aquilo que Guattari chama de era

pós-mídia, representada pelo uso das novas tecnologias digitais. As

tecnologias digitais tornaram possível a feitura de filmes em maior escala.

Assim, a célebre frase de Glauber Rocha – que representava o ideal cinema

novista brasileiro – “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” passa a ser

possível para todos.

Os novos sujeitos do discurso – expressão utilizada por Ivana Bentes –

encontram também um espaço de fala nesse contexto. Esses novos sujeitos

discursivos são as minorias de todo tipo que se mobilizam através da internet,

que produzem vídeos digitais, que escrevem nos blogs, no facebook e no

twitter. Essa nova realidade da comunicação permite encontros e associações,

mobilizações sociais, além da multiplicação de discursos e de visibilidade de

outras formas de pensar que não a hegemônica.

1.2.1. Mídia, subjetividade e educação

No contexto escolar, o debate sobre novas mídias e subjetividade é

relevante como possibilidade e potencialidade de outras formas de existir, de

produção discursiva, de deslocamento do lugar do aluno e do professor.

Atualmente, o professor encarna frequentemente a figura da vítima e a do

“coitadinho”, já o aluno é o desinteressado e o indisciplinado. Essas categorias

que se remetem a professores e a alunos tratam de subjetividades pré-

codificadas. A produção de conhecimento e a expressão através das mídias

produzem outra subjetividade para alunos e professores. A escola pode tanto

ser uma instituição transformadora, como pode ser reprodutora e propagadora

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das ideologias dominantes. A possibilidade de que mais vozes sejam ouvidas,

o barateamento dos meios de produção e a possibilidade de que sejam

utilizados na escola são bem observados por AMORA no trecho abaixo:

Com a internet de alta velocidade, celulares com câmera, gravadores de vozes capazes de registrar mais de 50 horas de conversa, impressora a laser – todos produtos acessíveis às camadas médias da população e até baixas da população – a produção de produtos para meios de comunicação tem a oportunidade de deixar de ser completamente monopolizada por grupos e pessoas que detinham estes meios. Para o sistema educacional esta possibilidade é ainda maior, já que, organizados em um sistema próprio, professores, alunos e pais têm maior capacidade de cotizarem-se para terem acesso a estes meios de produção de conteúdos de mídia. (Amora, 2008, p.20)

No entanto, apesar de o audiovisual fazer parte do quotidiano da maioria

das pessoas, e de ser mais acessível atualmente – como indica a citação

acima –, sua utilização na escola é bastante limitada. Esse fato se deve à falta

de recursos audiovisuais nas escolas, mas, sobretudo, à de um projeto escolar

que vise à utilização das mídias digitais. Não menos importante, há a falta de

conhecimento técnico dos professores e de uma reflexão sobre essas

ferramentas que poderiam ser integradas ao seu trabalho.

O professor não precisa ser um grande conhecedor dos meios digitais,

mas deveria ter alguma intimidade com essas novas ferramentas de

comunicação. Lidar com as mídias digitais pode ser um tanto intimidador para

os professores (principalmente os mais velhos), pois possuem códigos próprios

– tal qual uma linguagem – contudo, não podem ser ignoradas, já que fazem

parte da realidade da maioria das crianças, dos adolescentes e dos jovens.

Adquirir conhecimento técnico exige boa vontade e alguma dose de esforço,

mas é preciso encarar essa nova realidade sob o risco de tornar-se um

excluído digital.

Outro aspecto, não menos importante, a ser levado em consideração, é

a reflexão sobre a utilização das novas tecnologias. Utilizar a tecnologia como

instrumento didático exige planejamento e reflexão, pois, do contrário, as

atividades propostas pelo professor podem dar a sensação ao aluno de que

não está tendo aula, de que o professor é permissivo ou desinteressado por

seu trabalho. Uma aula utilizando somente a tecnologia pura também não é

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adequada. A tecnologia é uma ferramenta, um meio, não um fim em si mesma.

A relação com a mídia vai sendo construída pelos alunos em seus quotidianos,

porém cabe ao professor mediar, na escola, essa relação, fomentar um olhar

crítico sobre as mídias.

A utilização das mídias pelos professores deveria fazer parte de um

projeto escolar preferencialmente. O professor é costumeiramente

responsabilizado por todo fracasso escolar, quando, em sua maioria, os

problemas são de ordem estrutural. Além da falta de recursos materiais e

tecnológicos, o mais frequente para o professor é ter que enfrentar dificuldades

de acesso às salas de informática e de vídeo – que costumam estar sempre

fechadas. Muitas vezes há falta de manutenção dos equipamentos e de

funcionários capacitados para lidar com questões técnicas específicas. Assim,

por receio de que sejam avariados, os aparelhos eletroeletrônicos têm o seu

acesso restringido. Além disso, a reflexão sobre a utilização sobre tecnologia

deveria ser pauta de projetos nas escolas e não ação individual de professores.

Se a tecnologia entra na agenda da escola, até mesmo professores mais

resistentes serão impelidos a participar e a utilizar as novas tecnologias em

suas aulas.

1.3. O trabalho com audiovisual na escola

Existem inúmeras possibilidades de utilização do audiovisual na escola.

Neste trabalho, optamos por discutir o uso dos filmes na sala de aula e, em

seguida, a produção de vídeos. Essas são duas possibilidades de trabalho com

audiovisual (não as únicas), que podem ser realizadas de maneira articulada

ou não.

Nos próximos capítulos, discutiremos a utilização de filmes, que podem

tanto estar vinculados às disciplinas escolares, a temas tratados nas aulas

(inclusive temas transversais) como ao estudo da própria linguagem

cinematográfica. A ênfase do debate está nas maneiras de se trabalhar os

filmes, nos usos na sala de aula – adequados e inadequados.

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Em relação à produção de vídeos, está implícito o trabalho com a

linguagem cinematográfica e a apropriação de tecnologias digitais por parte

dos alunos e dos professores. Abordaremos a produção de vídeos como parte

de um projeto escolar em que os alunos são instigados a participar e a produzir

conhecimento através da prática.

O objetivo de se trabalhar com filmes e produção de vídeos é ampliar o

conhecimento de mundo dos alunos, suas referências estéticas, fomentar o

pensamento crítico e reflexivo, além da sensibilidade para a arte. A feitura de

vídeos exercitará a criatividade, o trabalho em equipe (divisão de tarefas,

liderança etc.), possibilitando uma integração maior da escola, a auto-

expressão e a produção discursiva.

17

CAPÍTULO II

Utilização de filmes na sala de aula

Debates e questões

Ao pensar em passar um filme para os alunos, o professor pretende,

inicialmente, inovar em suas aulas, sair da rotina. Contudo, algumas questões

podem surgir sobre como utilizar os filmes na sala de aula. O primeiro aspecto

é planejar a atividade. O professor não deveria se tornar um mero reprodutor

de conteúdo ou estar preso ao livro didático. Para trabalhar com filmes, deve

estar disposto a experimentar e a pesquisar.

Preferimos os filmes ficcionais (cinema) como possibilidade de trabalho

na sala de aula aos documentários específicos das áreas de conhecimento. O

cinema envolve o exercício do deleite e do prazer. Infelizmente, a escola vem

se afastando da vida quotidiana e acaba “didatizando” demais, racionalizando

tudo. Algumas experiências precisam ser sentidas, pois é dos encontros (com

pessoas, com a arte etc.) que vamos além de nós mesmos. São esses

encontros que promovem processos de subjetivação.

Portanto, quando trabalha com o cinema na sala de aula, o professor

ajuda a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada. O

cinema é capaz de sintetizar na forma de obra de arte os campos da estética,

do lazer, da ideologia e dos valores sociais mais amplos. O professor atua

como mediador e desvela os discursos e intenções subjacentes, sinaliza,

ainda, a beleza e o encantamento estético.

A seguir, discutiremos: a adequação e a abordagem do filme; como

assistir a um filme; e os vários usos do cinema e dos vídeos na escola.

Posteriormente, faremos algumas considerações sobre o uso de filmes em

disciplinas e áreas específicas. Todos esses aspectos são relevantes no que

concerne a utilização dos filmes na sala de aula.

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2.1. Adequação e abordagem do filme

Quando escolher um filme para ser exibido, o professor deve levar em

consideração o problema da adequação e da abordagem do filme por meio de

reflexão prévia sobre os seus objetivos gerais e específicos. As questões que

costumam influir no desenvolvimento e na adequação das atividades são:

possibilidades técnicas e organizativas para a exibição dos filmes; articulação

com o currículo e/ou tema discutidos em aula; adequação à faixa etária dos

alunos.

2.1.2. Sobre possibilidades técnicas e organizativas

É sabido que as escolas brasileiras sofrem com inúmeros problemas

estruturais e com escassez de recursos materiais. Atentos a essa realidade,

não poderíamos deixar de discutir a questão técnica para a exibição dos filmes

na escola. Contudo, além da dimensão técnica, é preciso levar em

consideração também o planejamento e a organização para que a sessão com

vídeo seja realizada a contento.

Não se trata de fazer uma exibição cinematográfica perfeita (ar

condicionado, poltronas confortáveis, pipoca etc.), mas de ser realista e tomar

ciência previamente das condições da escola. Apesar das dificuldades, as

escolas costumam ter um material básico que permite a exibição de filmes,

como televisão e aparelho de DVD. Entretanto, é preciso verificar se estão em

plena capacidade de uso (se não estão avariados, se precisam de algum tipo

de reparo), se o tamanho da tela e o som da TV estão adequados ao tamanho

da sala – talvez sejam necessárias caixas de som. É também importante que o

equipamento esteja instalado, pronto para uso, pois é bastante frequente que

se utilize o tempo de aula para fazer ajustes técnicos (como instalação de

cabos), isso compromete o trabalho e os atrasos na exibição do filme geram

tédio e indisciplina nos alunos.

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Atualmente, muitas escolas contam com aparelho de data show e

computador, o que permite que os filmes sejam exibidos em uma tela mais

ampla (já que o vídeo é projetado na parede). Outra vantagem de se utilizar o

computador para exibir os filmes, é a possibilidade de usar suportes variados

que vão além do dvd, como vídeo on demand (caso a escola possua internet

banda larga), pendrive, HD externo ou o próprio computador (nos três últimos o

vídeo está previamente armazenado). O computador pode ser ainda conectado

ao aparelho de televisão, caso ambos possuam entrada HDMI, para utilizar

essa entrada é necessário tão somente um cabo próprio.

A internet torna-se aliada do professor no momento de exibir os filmes,

pois permite a pesquisa e a sua obtenção através de donwload. Isso possibilita

a constituição de um acervo próprio e enfrenta um problema comum que é o de

não encontrar filmes antigos e clássicos nas vídeo-locadoras. Desse modo, o

professor deveria incluir em seu planejamento como e onde encontrar os filmes

que gostaria de exibir sob o risco de que, quando necessite exibi-los, estejam

fora de catálogo, ou de ficar limitado aos lançamentos da moda expostos nas

vídeo-locadoras.

Importante também é avaliar o tempo de aula e o tempo do filme. Um

tempo de aula costuma ter 50 min de duração e um longa metragem, 90 min.

Uma possível forma de solucionar o problema do tempo é pedir “emprestado” o

tempo de aula de um professor de outra disciplina. Nesse caso, poderia ser

feito um trabalho interdisciplinar, por exemplo. Mas antes de lançar mão dessa

alternativa, o professor deve analisar se é de fato necessário exibir todo o filme,

talvez exibir cenas ou trechos dê conta da atividade planejada, talvez exibir um

curta-metragem seja o mais adequado.

20

2.1.3. Sobre currículo/ conteúdo, habilidades e conceitos

presentes nos filmes

Um dos maiores riscos de se exibir um filme na escola é a sua total

desvinculação com o currículo e/ou conteúdo trabalhado. Assim, é preciso

planejar a exibição como parte de um projeto pedagógico. O vídeo não pode

ser atividade simplesmente recreativa sob o risco de enfraquecer o seu uso e

desmoralizar o professor, pois os alunos pensarão que não estão tendo aula –

no momento oportuno, abordaremos detalhadamente os maus usos do vídeo

na escola.

Segundo as orientações de NAPOLITANO (2003), há três categorias

básicas que devem ser levadas em consideração no momento da escolha do

filme que dizem respeito ao currículo/conteúdo, habilidades e conceitos

apresentados pelo filme.

a) Conteúdo curricular: “os filmes podem ser abordados conforme os

temas e conteúdos curriculares das diversas disciplinas que formam as

grades do ensino fundamental e médio, tanto público como particular.

(...)”.

b) Habilidades e competências: “o trabalho sistemático e articulado com

filmes na sala de aula (e projetos escolares relacionados) ajuda a

desenvolver competências e habilidades diversas, tais como leitura e

elaboração de textos; aprimoram a capacidade narrativa e descritiva;

decodificam signos e códigos não-verbais; aperfeiçoam a criatividade

artística e intelectual; desenvolvem a capacidade de crítica sociocultural

e político-ideológica, sobretudo em torno dos tópicos mídia e indústria

cultural. (...)”.

c) Conceitos: “os conceitos presentes nos argumentos, nos roteiros e nas

situações direta e indiretamente relacionadas com os filmes

selecionados pelo professor são inumeráveis, podendo ser retirados ou

21

inferidos diretamente do conteúdo fílmico em questão ou sugeridos

pelos problemas e debates suscitados pelas atividades com cinema em

sala de aula e projetos escolares.”.

Esses três aspectos têm como objetivo balizar o professor no momento

do planejamento das atividades com filmes. São orientações que podem ser

utilizadas de maneira articulada ou de forma independente.

2.1.4. Sobre a faixa etária dos alunos

Algo que o professor não pode perder de vista é que o filme é para os

alunos e não para ele mesmo. Isso implica perceber que, embora o filme lhe

pareça muito bom, pode não agradar a seus alunos. O valor estético do filme é

um critério importante na escolha (inclusive pelo propósito de ampliar o

conhecimento de mundo dos alunos e as suas referências estéticas e

existenciais), contudo, não se podem relegar a um segundo plano fatores como

faixa etária, referências culturais, sociais e até religiosas. O objetivo é ampliar

as referências dos alunos, não agredi-lo ou chocá-lo. Portanto, o professor

deve, de antemão, colocar-se as seguintes questões:

a) O filme está adequado à faixa etária dos alunos? – a

classificação indicativa do filme pode ajudar nesse sentido.

b) O filme está adequado para o nível de conhecimento do

aluno? – ao ciclo, a série.

c) O filme está adequado ao repertório sociocultural do aluno?

Caso o filme não se adeque à faixa etária do aluno ou seu nível de

aprendizado ou referências socioculturais, o professor pode selecionar algumas

cenas que julgue mais interessantes. Se o problema do filme for utilizar uma

22

linguagem cinematográfica com a qual o aluno não esteja familiarizado, o

professor pode pedir que os alunos façam uma pesquisas prévia. A pesquisa

pode gerar empatia e interesse pelo filme que será exibido posteriormente.

2.2. Como assistir a um filme

De acordo com NAPOLITANO (2003:28), “o cinema na sala de aula

pode ser abordado pelo conteúdo, pela linguagem ou pela técnica, três

elementos que estão presentes nos filmes.”.

Segundo o autor, o conteúdo pode se dividir em fonte – quando o tema

abordado pelo filme se relaciona diretamente com o conteúdo trabalhado na

disciplina do professor – ou em texto-gerador – quando o professor enfatiza

aspectos como a linguagem e estrutura cinematográfica; temas políticos,

sociais, ideológicos, existenciais etc.. Nesse último caso, os temas transversais

podem se encaixar perfeitamente.

Já “o uso pela linguagem ocorre quando o professor não trabalha com

as questões de conteúdo e representação narrativa do filme em si (a “história”),

mas quando se utiliza do filme como mote para atividades de exercício do olhar

(cinematográfico), formação de espectador, elaboração e aprimoramento de

outras linguagens específicas em questão (mas não se preocupando em

analisá-lo de forma estrutural e abrangente).”. (NAPOLITANO, 2003, p.28)

No caso da abordagem da técnica do cinema, “o mais importante é o

estudo das técnicas e tecnologias que tornam o cinema possível (desde a

filmagem até a exibição, em mídias variadas).” (NAPOLITANO, 2003, p.29).

Esse tipo de abordagem é especialmente interessante quando o professor visa

à produção de vídeos com seus alunos. Assim, seriam discutidas as técnicas e

processos utilizados no cinema e, em seguida, se trataria da produção de

vídeos e das tecnologias digitais para a feitura de vídeos em sala de aula –

sobre a produção de vídeos abordaremos de maneira mais específica no

terceiro capítulo deste trabalho.

23

2.3. Os vários usos dos filmes na escola

Em relação à exibição de filmes na escola, tomamos por base as

indicações de MORAN (1995). Embora seja um texto antigo para o tema do

audiovisual, ainda se mostra interessante para o trabalho com filmes. Fizemos

apenas pequenas adaptações ao texto original, mas preservamos as

nomenclaturas propostas pelo autor quando achamos conveniente – algumas

das nomenclaturas julgamos desnecessárias e, por isso, as descartamos.

Nos tópicos a seguir, abordaremos especificamente a questão dos usos

adequados e inadequados dos filmes na sala de aula.

2.3.1. Usos inadequados dos filmes em aula

• Vídeo-tapa-buraco: o vídeo é utilizado como um recurso não planejado e

inesperado, como, por exemplo, ausência de um professor. Usar o vídeo

dessa forma eventualmente pode ser útil; contudo, passa a ser um

problema se utilizado repetidas vezes, pois banaliza o uso do vídeo e

produz um sentimento no aluno de que não está havendo aula.

• Vídeo-enrolação: o vídeo apresenta pouca ou nenhuma relação com a

aula do professor. É usado somente para cumprir a carga horária de

aula.

• Vídeo-deslumbramento: o professor empolgado com os recursos

audiovisuais e multimídia utiliza o vídeo desnecessariamente, sem levar

em consideração outras possibilidades e recursos. Isso termina

empobrecendo a aula.

24

• Vídeo-perfeição: o professor vê defeitos e problemas de informação ou

estéticos nos vídeos. Nesse caso, os vídeos que apresentam conceitos

questionáveis poderiam ser utilizados para debates e discussões sobre

o tema em questão – mostrar por que não é adequado, que o tema

poderia ser abordado de outra maneira.

• Só vídeo: Não é adequado do ponto de vista didático exibir um filme sem

discuti-lo ou associá-lo a outra atividade desenvolvida pelo professor. É,

em suma, um vídeo desvinculado, que não se encaixa em um trabalho

contínuo.

2.3.2. Propostas de utilização dos filmes

1. Vídeo como sensibilização: o vídeo é utilizado como elemento

motivador, sensibilizador, interessante para introduzir um novo tema. A

partir da exibição do vídeo, o aluno é suscitado à pesquisa, convidado a

estudar novos temas.

2. Vídeo como ilustração: o vídeo ajuda a produzir uma memória visual a

respeito do conteúdo ou do tema estudado. Certas vezes, alguns

assuntos parecem demasiadamente abstratos ou desinteressantes para

os alunos. Além disso, o vídeo pode ser a porta para realidades ainda

desconhecidas pelos alunos.

3. Vídeo como simulação: o vídeo pode mostrar experiências que seriam

perigosas de serem realizadas ou demonstrar o crescimento acelerado

de uma planta, por exemplo. Esse tipo de uso dos vídeos pode agregar

conhecimento, sobretudo, às disciplinas de química, física, biologia e

geografia.

25

4. Vídeo como conteúdo de ensino: O vídeo pode apresentar o conteúdo

de forma direta ou de forma indireta. De forma direta, quando o vídeo

apresenta de forma específica o conteúdo ou o tema da aula do

professor. De forma indireta, quando o vídeo mostra um tema de

maneira mais ampla, possibilitando múltiplas abordagens e relações

com outras disciplinas (interdisciplinaridade).

5. Vídeo como produção: Este tipo de utilização dos vídeos é tão

importante e potente, atualmente, que dedicamos o capítulo III somente

a esse tipo de abordagem. A produção de vídeos entra como parte de

uma metodologia proposta para o trabalho com vídeos na sala de aula.

6. Vídeo como avaliação: do professor, dos alunos e do processo de

ensino-aprendizagem.

7. Vídeo-espelho: neste caso, o vídeo funciona como um espelho e revela

comportamentos, atitudes e como se dão as interações. Ao filmar a si

mesmo ou ao grupo, se tem uma importante ferramenta de feedback e

aprimoramento pessoal e coletivo. Através do vídeo, podem-se

identificar cacoetes, defeitos, habilidades e os papéis que cada um

exerce no grupo.

De acordo com MORAN (1995), o vídeo como sensibilização seria o uso

mais importante na sala de aula. Esse tipo de uso se caracteriza pelo filme ser

utilizado como motivação para os temas que serão abordados em aula pelo

professor. Entretanto, embora seja essa uma maneira interessante de se

trabalhar, parece subestimar a experiência de se assistir a filmes. Por isso, é

questionável que o vídeo como sensibilização seja “o uso mais importante” e

não apenas mais uma possiblidade de uso do vídeo. Um filme pode ser mais

interessante do que o conteúdo que o professor irá ensinar.

26

A escola costuma ser excessivamente intencional, porém certos

aspectos sempre lhe escaparão. A forma como um filme afeta a cada um é

incontrolável. Não se pode perder de vista que filmes oferecem uma

experiência estética, que pode ser transformadora – mais até do que o

conteúdo ensinado pelo professor.

Portanto, essas nomenclaturas acima são indicações que sugerem

formas de se trabalhar com os filmes, não regras para serem seguidas

estritamente, é importante que o professor faça ele mesmo as adaptações que

julgar necessárias.

2.4. Algumas considerações sobre o uso de vídeos em

disciplinas e áreas específicas

O professor pode trabalhar com filmes na sala de aula partindo de

diversas abordagens – como já foi sugerido anteriormente. A forma de

trabalhar com filmes mais frequente envolve os conteúdos disciplinares

tradicionais como forma de ilustrar, explicar ou aprofundar um determinado

conteúdo. Nesse caso, o professor sugere questões, redações ou trabalhos

sobre os aspectos levantados pelos filmes.

A interdisciplinaridade é uma possibilidade interessante e uma forma de

driblar um certo engessamento que uma abordagem uni-disciplinar pode dar

sobre o tema exposto no vídeo. Aliás, parece perigoso que o filme seja utilizado

de maneira estritamente pedagógica, sem considerar o prazer e o deleite

estético.

É possível, através dos filmes, ir além da própria disciplina e trabalhar

temas interdisciplinares e atuais como movimentos sociais, política e conflitos,

violência urbana, indústria cultural e mídia, ética e cidadania, orientação sexual

27

e saúde. Isso amplia o repertório de trabalho com os vídeos, sem deixar a

intencionalidade pedagógica de lado.

Outro aspecto interessante a ser trabalhado, é a própria linguagem

cinematográfica. No momento atual, com o barateamento das tecnologias

digitais e a possibilidade de se fazer seus próprios vídeos, o conhecimento e o

aprofundamento da linguagem audiovisual fomentam e qualificam a produção

audiovisual de professores e alunos.

No próximo capítulo, discutiremos como a produção de vídeos nas

escolas pode ser um instrumento potente de criação, de experimentação

estética e de produção de subjetividade.

28

CAPÍTULO III

Produção de vídeos e educação por projetos

Criação e auto-expressão

A produção de vídeos na escola possibilita uma experiência que

extrapola a mera apreensão de conteúdos. Como todos os discursos possuem

intencionalidade, saber desvelá-los, bem como produzir outros discursos, faz

parte de uma educação crítica e transformadora. Os espaços de fala, os

discursos e os meios de produção, tradicionalmente, pertencem ao

hegemônico, portanto, apropriar-se dos meios de produção e ser capaz de

construir outros discursos é uma ação política, que envolve a disputa pela

construção de imaginários a respeito de grupos sociais e de territórios.

A educação por projetos se coaduna com uma formação crítica e

participativa dos alunos, uma maneira bem mais interessante de se trabalhar

do que a tradicional, visto que horizontaliza a relação professor/aluno, e

fomenta a pesquisa, o senso crítico e a troca de saberes.

Neste capítulo, pretendemos discutir como a democratização do acesso

às mídias possibilitou a emergência de novos sujeitos discursivos e, a partir

desse exemplo, como a escola pode apropriar-se dos recursos audiovisuais e

criar um espaço transformador através dos encontros e possibilidades

despertados pelo uso criativo das mídias. Proporemos, ainda, formas de

produção dos vídeos, além das etapas para a sua realização.

3.1. Mídias, movimentos sociais e educação

O debate sobre os usos e potencialidades de produção audiovisual na

escola se insere em um contexto mais amplo no qual as novas mídias são

apropriadas por sujeitos que outrora estavam excluídos dos meios de

29

produção. O barateamento das novas mídias possibilitou a emergência de

novos sujeitos do discurso, de vozes que não tinham espaço para expressão.

Com a democratização das novas mídias e das tecnologias digitais, emerge

uma geração de cineastas oriundos das periferias. Esse fato demonstra a

potência e as inúmeras possibilidades que a produção de audiovisual permite.

De acordo com Ivana Bentes:

Da moda ao ativismo, da "atitude" à música e ao discurso político, vemos emergir novos sujeitos do discurso, que saem dos territórios reais, morros, periferias, guetos e ascendem à esfera midiática, trazendo o germe de um discurso político renovado, fora das instituições tradicionais: o Estado, o partido, o sindicato, o movimento estudantil, etc. e próximos da cultura urbana jovem: música, show, TV, internet, moda.

Desse modo, como afirma Bentes, os novos sujeitos do discurso

ascendem à esfera midiática; o cinema é uma dessas vertentes na qual

ganham espaço. O fato de pobres poderem falar de si mesmos veio sendo

festejado como uma grande revolução. Há filmes – normalmente curtas-

metragens – que são produzidos com tecnologias digitais e que percorrem

festivais mundo a fora, ganhando inúmeros prêmios, como Neguinho e Kika

(2005), de Luciano Vidigal, e Mina de fé (2003), de Luciana Bezerra. Essa

produção de audiovisual digital, além de ser exibida em festivais de cinema e

na internet (youtube, por exemplo), encontra espaço de exibição em

cineclubes, que também ficam nas periferias, formando uma espécie de cadeia

produtiva alternativa.

Entretanto, embora a produção parta da periferia, muitas vezes é

mediada por um discurso pré-estabelecido sobre pobreza e territórios, como

forma de encontrar ressonância na sociedade de consumo. Às vezes, o que se

observa, é a obrigatoriedade de que esses filmes correspondam a um “ideal”

de pobreza, portanto, ao invés de um discurso transformador, termina-se

reproduzindo o discurso hegemônico.

Pelo exposto acima, fica evidente o quanto a produção audiovisual é um

potente instrumento que pode ser utilizado na educação, mas que também

possui seus riscos pela possibilidade de se reproduzir discursos do status quo.

A escola não visa a formar cineastas, mas a fomentar o senso crítico e o

30

conhecimento da linguagem audiovisual. Assim, através da criatividade e da

expressão estética o projeto com produção de vídeos pode agregar muito ao

trabalho dos professores.

3.2. Educação por projetos e produção de vídeos na escola

O uso das tecnologias deve ser um projeto preferencialmente da escola.

O professor costuma ser excessivamente responsabilizado pelo fracasso ou

pelo êxito do processo educativo, contudo, ele é apenas parte do processo, um

de seus elementos. Como já pudemos explanar em momento anterior, o

modelo educacional possui uma série de entraves e de vícios, e não se adequa

mais ao momento atual (Sociedade do Conhecimento).

Uma maneira possível de se trabalhar atualmente, atravessando o

próprio modelo educativo, é através da constituição de projetos. Os projetos

possuem a vantagem de horizontalizar relações, fomentar o conhecimento

através da pesquisa. Assim, através da educação por projetos, professores e

alunos têm a oportunidade de trocar conhecimentos. Em relação à tecnologia,

frequentemente os alunos sabem mais do que os professores, pois são nativos

digitais, enquanto os professores são migrantes. Desse modo, ao se trabalhar

com projetos, pode haver intensa troca de saberes entre professores e alunos.

A feitura de vídeos exercitará a criatividade dos alunos, o trabalho em

equipe (divisão de tarefas, liderança etc.), possibilitará uma integração maior

da escola, a auto-expressão, produção de discursos, elevação da autoestima e

a produção de subjetividade.

A produção de vídeos permite, ainda, um trabalho interdisciplinar, uma

troca de saberes mais intensa entre professores. Ao associar várias disciplinas

em um projeto, se rompe com diques que apartam e desassociam saberes.

Sair das “caixinhas” que alocam conhecimentos (que são as disciplinas

escolares) contextualiza de maneira mais ampla e abrangente o conteúdo que

está sendo trabalhado.

31

3.2.1. Possibilidades de produção de vídeos

De acordo com MORAN (1995), há três possibilidades de se trabalhar

com a produção de vídeos na escola; são elas: como documentação, como

intervenção e como expressão. Abaixo, segue a classificação proposta por

Moran com algumas adaptações.

a) Como documentação → Trata-se de um material produzido pelo

próprio professor ou pelos alunos e possui caráter documental. Envolve

o registro de eventos, aulas, estudos dos meios, experiências,

entrevistas, depoimentos. “O professor deve poder documentar o que é

mais importante para o seu trabalho, ter o seu próprio material de vídeo,

assim como tem os seus livros e apostilas para preparar as suas aulas.

O professor estará atento para gravar o material audiovisual mais

utilizado, para não depender sempre do empréstimo ou do aluguel dos

mesmos programas.” Em relação aos alunos, podem registrar seu dia a

dia, os moradores de seus bairros ou ruas, denunciar casos de poluição

etc.. O objetivo é refinar o olhar para questões de sua comunidade,

registrar memórias e tradições.

b) Como intervenção → A partir de um material em vídeo que já existe,

professores e alunos podem “interferir, modificar um determinado programa,

um material audiovisual, acrescentando uma nova trilha sonora ou editando

material de forma compacta ou introduzindo novas cenas com novos

significados”. No caso do professor, ao fazer modificações no vídeo, ele

pode facilitar o entendimento dos alunos e editar partes que julgue

inapropriadas. “O professor precisa perder o medo, o respeito ao vídeo,

assim como ele interfere num texto escrito, modificando-o, acrescentando

novos dados, novas interpretações, contextos mais próximos do aluno.”.

32

c) Como expressão → Este tipo de produção audiovisual talvez seja a

mais interessante e potente por permitir a expressão e a experimentação

estética de professores e alunos. Neste caso, o vídeo funciona “como nova

forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente das

crianças e dos jovens. As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa

incentivar ao máximo a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. (...)

Filmar é uma das experiências mais envolventes tanto para crianças como

para adultos. Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma

determinada matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também

produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em

lugares visíveis dentro da escola e em horários em que muitas crianças

possam assistir a eles.”.

As nomenclaturas acima foram propostas por MORAN (1995). No

original, havia a ênfase aos professores nas produções de vídeo como

documentário e como intervenção. Já no caso da produção como expressão, a

ênfase estava nos alunos. Entretanto, consideramos que todas essas maneiras

apresentadas para a produção de vídeos se adequam tanto a professores

quanto a alunos. Atualmente, as tecnologias digitais são bastante acessíveis a

todos e cada um pode utilizá-las de maneira criativa de acordo com as suas

condições e possibilidades.

A produção de vídeos constrói um novo espaço de fala para professores

e alunos, pois ambos passam a um devir cineasta, que os desloca dos papéis

previamente dados. Não se pode, portanto, menosprezar a dimensão subjetiva

no trabalho com audiovisual.

33

3.2.2. Etapas para a produção de vídeos

Para trabalhar com produção de vídeos, o ideal é que o professor tenha

alguma cultura cinematográfica e que conheça elementos do audiovisual, pois

isso enriquecerá seu trabalho – embora não o inviabilize caso os desconheça.

O audiovisual é tão difundido na atualidade que, intuitivamente, todos sabem o

que é uma cena, um plano fechado ou um plano aberto (podem não conhecer

as nomenclaturas, mas sabem do que se trata). Contudo, tornar-se consciente

dos recursos audiovisuais, de uma certa linguagem que vem sendo utilizada,

possibilita mais experimentações e uma reconstrução do olhar para vivenciar o

audiovisual. Não menos importante, seria interessante, ainda, criar uma

metodologia de trabalho até chegar ao vídeo propriamente.

A fim de produzir o vídeo, sugerimos as seguintes etapas:

a) Pré-produção – Neste momento, o professor, junto com os alunos, verá

o que é necessário para produzir o vídeo. Deve-se escolher o tipo de

vídeo (ficção ou documentário), o gênero (comédia, drama etc.),

escrever o argumento (trata-se de um resumo da história a ser contada)

e, em seguida, o roteiro, escolher quem será o diretor, o elenco e discutir

o figurino – caso seja ficção. Ver quais elementos técnicos possuem,

como câmera digital fotográfica, filmadora digital, câmera do celular etc..

Ainda em relação aos elementos técnicos, é preciso ver quem será o

editor do vídeo, e qual será o programa de edição utilizado (pode-se

utilizar o Windows Movie Maker, que é um programa bastante

acessível). Na etapa da pré-produção, é preciso ser bastante realista.

Não adianta imaginar uma história mirabolante de difícil ou improvável

execução. O ideal é trabalhar com elementos simples e acessíveis. É

preciso planejar quanto tempo terá o vídeo. O ideal é que tenha de 1 min

a 15 min, e, se o vídeo for mais elaborado, no máximo 30 min.. O roteiro

pode ser escrito utilizando diversos métodos, o importante é ter em vista

que se está produzindo uma história para ser vista e não lida. O roteiro é

34

uma das etapas mais importantes num filme, pois a partir de uma boa

história é mais fácil produzir um vídeo de qualidade. Pode-se fazer um

filme ruim com um bom roteiro, mas dificilmente se poderá fazer um bom

filme a partir de um roteiro ruim. Embora seja um processo também

intuitivo, escrever um roteiro exige alguma técnica. Nas oficinas de

GARCÍA MÁRQUEZ (1996), se parte de uma cena interessante para, a

partir de então, se desenvolver a história. Os roteiros são elaborados de

maneira coletiva e participativa. Essa é uma metodologia que pode ser

facilmente adaptada à escola.

b) Produção – A produção corresponde ao momento em que o vídeo é

filmado e, se tudo tiver sido planejado a contento, deverá ser a etapa

mais prazerosa. Nesse momento, também é importante manter a

organização e evitar a dispersão dos alunos. É preciso, ainda, selecionar

com cuidado a locação para as filmagens. Como se trata de uma

produção de baixo custo, os fatores externos tornam-se ainda mais

importantes para a captação de boas imagens e do som. O ideal é que

se filme em um ambiente externo com luz natural, e que não esteja

chovendo ou o tempo esteja nublado. Provavelmente, o microfone

utilizado será o da própria câmera – que é pouco potente – e, por isso, é

preciso filmar num local no qual haja pouca interferência de ruídos

externos sob o risco de não se registrar os diálogos.

c) Pós-produção – Nesta etapa, o material bruto filmado vai ser editado. O

ideal é que o diretor do filme acompanhe este momento. É preciso ter

atenção aos cortes e a continuidade das cenas. Por isso, antes de se

editar, é conveniente que se faça a decupagem do material, anotando no

papel tudo o que aparece no vídeo (e o momento exato em que ocorre)

para, em seguida, dar início à edição. Outro aspecto importante é

planejar a exibição do vídeo, que pode ser num evento que ocorra

regularmente na escola (como dia das mães, semana da consciência

35

negra etc..), ou pode ser num festival de cinema produzido com o intuito

de se exibir os trabalhos dos alunos.

Essas etapas – pré-produção, produção e pós-produção – visam a

organizar o trabalho do professor e são baseadas nos esquemas utilizados

para as filmagens no cinema, mas foram adaptadas livremente (não

correspondem estritamente a tudo aquilo que se faz no cinema profissional).

Obviamente, as etapas, bem como as sugestões dadas, podem ser adaptadas

à realidade de trabalho de cada professor.

36

CONCLUSÃO

O debate sobre mídias e produção audiovisual se insere em um contexto

que extrapola o universo escolar, se relaciona com transformações dos meios

de produção que reverberam na economia, no mundo do trabalho e, inclusive,

em processos de subjetivação. Pudemos perceber que o modelo de escola que

existe atualmente remonta à segunda metade da Revolução Industrial, e que

não se adequa mais à atualidade em que é necessário ser criativo e inventivo.

O barateamento das tecnologias digitais possibilita a apropriação dos

meios de produção por mais pessoas. Isso acarreta a produção de outras

narrativas e a emergência de novos sujeitos discursivos. A partir de encontros

e de experimentação, as novas mídias permitem a produção de outras

subjetividades, ao contrário da mídia de massa – expressão da sociedade de

consumo – em que as subjetividades são previamente dadas.

Embora não resolva o problema do modelo escolar, a educação por

projetos permite que a escola encontre espaço para a criação, a

experimentação e a pesquisa. Contudo, não se pode perder de vista que a

escola precisa ser reestruturada. Algumas ações possuem um efeito paliativo e

adiam o inevitável: a reforma do modelo escolar.

A escola se relaciona com o mundo do trabalho, e a atual crise escolar

é reflexo da crise da economia e dos próprios modelos de produção. A

Sociedade do Conhecimento exige menos trabalhadores, mas, em

compensação, os trabalhos envolvem atributos mais humanos como

criatividade e inventividade.

Alguns movimentos sociais de caráter sociocultural – como Movimento

Enraizados, Observatório de Favelas, Afroreggae, dentre outros – vêm dando

respostas a essa demanda por uma educação e por uma formação humana

que vai além dos conteúdos acadêmicos estritamente e produzem outros

espaços existenciais. A arte e a expressão fazem parte do processo de

formação e de produção de subjetividade.

37

Desse modo, o trabalho com tecnologias digitais deve fazer parte,

preferencialmente, de um projeto escolar a fim de que inclusive os professores

mais refratários se envolvam. Os professores são costumeiramente

culpabilizados por todo o fracasso escolar, quando são parte de um processo.

Portanto, embora sua ação pessoal seja efetivamente importante, não possui o

mesmo impacto de quando todos na escola estão envolvidos.

Nesse contexto, o trabalho com audiovisual permite o encontro da

escola com a cultura a fim de criar novos espaços de fala para professores e

alunos, além de ajudar a construir uma educação transformadora.

38

BIBLIOGRAFIA

BENTES, Ivana. O copyright da miséria e os discursos sobre a exclusão.

http://www.universidadenomade.org.br. Acesso em 12/12/12.

COSTA, Antonio. Compreender o cinema. São Paulo, Globo, 2003.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Rio de Janeiro, Ed 34,

1992.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do

oprimido. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2011.

FREIRE, Wendel (org.); AMORA, Dimmi... [et. al.] Tecnologia e educação: as

mídias na prática docente. Rio de Janeiro: Walk Ed., 2008.

GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel [et. al.]. Oficina de roteiro de Gabriel García

Márquez: como contar um conto. Niterói, Rj: Casa Jorge Editorial, 1996.

GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

GUIMARÃES, Glaucia. TV e educação na sociedade multimidiática: o discurso

sedutor em imagem, som e palavra. Rio de Janeiro: Quartet, 2010.

MORAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. In: Comunicação & educação.

São Paulo: ECA/ Ed. Moderna, jan./abr., 1995.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo,

Contexto, 2003.

39

ROCHA, Silvia Pimenta Velloso. O homem sem qualidades: modernidade,

consumo e identidade cultural. http://www.contemporanea.uerj.br. Acesso em

05/12/12.

40

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

RESUMO 3

METODOLOGIA 4

SUMÁRIO 5

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I

(Educação e comunicação: 8

possibilidades e potencialidades)

1.1 - Questões sobre meios de produção, mídia e educação 8

1.2 - Mídia e subjetividade 11

1.2.1 - Mídia, subjetividade e educação 13

1.3 - O trabalho com audiovisual na escola 15

CAPÍTULO II

(Utilização de filmes na sala de aula: debates e questões) 17

2.1- Adequação e abordagem do filme 18

2.1.2 - Sobre possibilidades técnicas e organizativas 18

2.1.3 - Sobre currículo/ conteúdo, habilidades e conceitos 20

presentes nos filmes

2.1.4 - Sobre a faixa etária dos alunos 21

2.2 - Como assistir a um filme 22

2.3 - Os vários usos dos filmes na escola 23

2.3.1 - Usos inadequados dos filmes em aula 23

2.3.2 - Propostas de utilização dos filmes 24

2.4 - Algumas considerações sobre o uso de vídeos em 26

disciplinas e áreas específicas

41

CAPÍTULO III

(Produção de vídeos e educação por projetos: criação e 28

auto-expressão)

3.1. Mídias, movimentos sociais e educação 28

3.2. Educação por projetos e produção de vídeos na escola 30

3.2.1. Possibilidades de produção de vídeos 31

3.2.2. Etapas para a produção de vídeos 33

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40

42

FOLHA DE AVALIAÇÃO