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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A PSICOMOTRICIDADE NUMA VISÃO PSÍQUICA NO PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO COM CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ADULTOS Por: Maria das Dores carvalho da Silva Orientador Professora: MS. Fátima Alves Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PSICOMOTRICIDADE NUMA VISÃO PSÍQUICA NO

PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO COM CRIANÇAS,

ADOLESCENTES E ADULTOS

Por: Maria das Dores carvalho da Silva

Orientador

Professora: MS. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PSICOMOTRICIDADE NUMA VISÃO PSÍQUICA NO

PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO COM CRIANÇAS,

ADOLESCENTES E ADULTOS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade

Por: Maria das Dores Carvalho da Silva.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que tem me

fortalecido nessa jornada, a professora

Rosa M. Prista por ter me indicado o

caminho da psicomotricidade, a

professora Fátima Alves por está

dando continuidade a esse caminho

que me leva a ter sonhos maravilhosos

e imensuráveis, e as amigas, Aline

Botelho, Denise Ribeiro, Márcia Coelho

e Shirlei Macedo, companheiras da

psicomotricidade.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho as pessoas que

tenho atendido na psicoterapia, onde a

psicomotricidade tem me dado amplo

conhecimento para realização

profissional.

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RESUMO

A importância da psicomotricidade no processo psicoterapêutico com objetivo

de ampliar mais o conhecimento no âmbito da psicologia e fazer uso da

abordagem psicomotora, em prol de realizar um trabalho com mais

possibilidades para o indivíduo elaborar e vivenciar fantasias psíquicas através

da dinâmica corporal. Dando liberdade as pessoas atendidas (criança,

adolescente e adulto) para que possam ser reconhecerem através do

movimento de seus corpos, e também para que sejam educados e/ou

reeducados em suas possibilidades.

Palavras-chaves: psicomotricidade, psicoterapia, movimento, educação e

reeducação.

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METODOLOGIA

A pesquisa será desenvolvida através de levantamento bibliográfico

preliminar, elaboração de um plano provisório de assunto, planejamento das

fontes de busca, leitura do material, organização lógica do assunto e redação

dos textos. A análise das informações será baseada na interpretação dos

elementos identificados nos textos, e seu aproveitamento reflexivo e

argumentativo. A priori, referências bibliográficas a serem pesquisadas:

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: Corpo, ação e emoção. Rio de janeiro,

Wak, 2003. AUCOUTURIER&LAPIERRE. Bruno: Psicomotricidade e Terapia.

Porto Alegre, Artes Médicas, 1986. AUCOUTURIER, Bernard. O método

Aucouturier: Fantasmas de ação e prática psicomotora. São Paulo,

Idéias&letras, 2007. PRISTA, R. M. Deficiência Mental ao Espelho: A

humanização de Ser através da Psicomotricidade. Intencionalidade,

Inteligência, Complexidade. Rio Janeiro, CEC, 2009.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A constituição da imagem corporal na clínica psicomotora 10

CAPÍTULO II - A psicoterapia num enfoque psicomotor 21

CAPÍTULO III – Educação e reeducação psicomotora na psicoterapia 33

CONCLUSÃO 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43

ÍNDICE 46

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INTRODUÇÃO

Sabe-se que a psicomotricidade e a psicologia são duas ciências

distintas, porém não impedi da psicologia fazer uso da psicomotricidade,

com objetivo de desenvolver, educar e reeducar corporalmente o indivíduo

no processo psicoterapêutico.

A psicomotricidade no atendimento psicoterapêutico faz-se quebrar

paradigmas arcaicos, que ainda para muitos profissionais de psicologia só

veem o corpo como comportamento numa visão psíquica relacionado à

psicologia. Perdendo a oportunidade de aprofundar em observar e trabalhar

mais os movimentos que o corpo traz na terapia e permitir que o corpo se

manifeste espontaneamente.

O primeiro capítulo abordará: A constituição da imagem corporal na

clínica psicomotora, onde o individuo faz-se reconhecido como parte do

espaço em que é atendido com o reconhecimento de sua imagem no

espelho, na relação do eu corporal com o outro em relação ao objeto

amado, na relação do eu corporal com o outro na abordagem psicomotora,

consciência corporal e conceitos funcionais e relacionais.

Afirma Fátima Alves (2007, p. 67), “consciência da lateralidade e da

discriminação de direita e esquerda nos auxilia a perceber os movimentos

do corpo no espaço”.

O segundo capítulo abordará: A psicoterapia num enfoque

psicomotor oferece ao psicólogo de realizar um trabalho mais profundo e com

mais êxito, em que o corpo pode vivenciar e elaborar situações aparecidas no

ambiente. Neste sentido, a abordagem psicomotora alcança seu atendimento

em todas as fases: crianças, adolescentes, adultos e terceira idade (idoso).

O terceiro capítulo abordará: A educação e reeducação psicomotora

na psicoterapia no atendimento de pessoas “ditas normais” e também com

pessoas com necessidades especiais, com a realização de uma avaliação

psicomotora. É muito importante ressalta que educação e reeducação

psicomotora sejam oferecidas com satisfação ou lúdica, e não maneira

hostil e arrogante.

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Compreender a outra pessoa não é apenas considerá-la como

um objeto de análise intelectual sobre a qual devemos exercer

um poder de dominação “outorgado por nossa ciência”, mas

sim antes de tudo, tentar captar o sentido de seu testemunho

emocional. (AUCOUTURIER. 2007 p. 249).

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CAPÍTULO I

A CONSTITUIÇÃO DA IMAGEM CORPORAL NA CLÍNICA

PSICOMOTORA

Para que uma imagem corporal seja constituída faz-se necessário

à presença do outro (semelhante) com o qual há uma identificação, de modo

que antecipa uma unidade ainda não existente. Pondo fim a vivência do corpo

fragmentado infantil, em decorrência da sua imaturidade. Não sendo apenas

uma imagem, porém apoiado no eu - corporal. Este é constituído através da

imagem do outro, a imagem especular, em uma relação imaginária através do

próprio corpo. “Conceitua Garcia Rosa (2005, pg. 213), “esse tipo de relação

que caracteriza o imaginário, Lacan o chama de dual”. O termo expressa a

natureza especular da relação que consiste numa oposição imediata entre a

consciência e o outro”.

Depois da constituição da imagem caracterizada pelo imaginário, a

relação do eu com o outro continua com acesso ao simbólico, não que o

simbólico estivesse ausente, pois a criança já é simbolizada pelos outros, até

mesmo antes de nascer. Sendo assim, o imaginário não se encontra

dissociável ao simbólico, porém um instante comandado à Ordem simbólica.

A relação com o outro se procede de várias maneiras tanto na

expressão verbal quanto na expressão corporal, e também na aquisição de

objetos que tem por objetivo de representar os símbolos na dinâmica

psicomotora. Onde no decorrer da interação do eu com o outro, os

significantes vão tendo significados, ou seja, o corpo não é mais confundido

com os objetos que o cerca, pois através da exploração dos movimentos o eu

corporal vai adquirindo consciência do seu corpo.

Graças aos deslocamentos e a coordenação de seus

movimentos, isto é, graças ao uso cada vez mais diferenciado

e preciso de seu corpo, a criança vai tomando consciência,

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adquirindo conhecimento e progressivamente dominando os

elementos que constituem o mundo dos objetos. (ALVES.

2007. p. 26).

1.1. Imagem no espelho

A fase do espelho inicia-se aos seis meses de vida da criança e

termina por volta dos dezoito meses, durante essa experiência sua imagem no

espelho é vista como imaginário, e não como real, pois ainda não tem a

capacidade de distinguir o real do imaginário, o que se produz é o eu

especular.

Não devemos, porém, ver na fase do espelho o momento da

constituição do sujeito. Essa fase é ainda dominada pelo

imaginário e o que ai se produz apenas um ego especular.

(GARCIA. 2005 p.212).

A primeira imagem será o rosto da mãe, do pai ou substitutos,

serão nos rostos dos outros que a criança se vê; que na perspectiva lacaniana

a imagem do objeto será um espelho para a criança na dinâmica identificatória.

Como diz Lacan (1998), Basta compreender o Estádio do Espelho

como uma identificação, no sentido pleno que a análise atribui a esse termo,

ou seja, a transformação produzida no sujeito quando ele assume uma

imagem.

A imagem corporal se funda através do outro, e pode ser expressa

de várias maneiras: aparência física, comportamentos, atitudes etc... O outro

será seu espelho no decorrer da vida, pois o individuo se identificará com

alguém, mesmo que seja de maneira inconsciente.

No processo de identificação com o outro no mundo externo, o eu

tem sua origem no sistema Perceptivo-Consciente (Pcs - Cs) que tem uma

parte modificada pela influência do mundo externo. Ao passo que envolve um

processo de identificação que se procede em várias etapas na vida da pessoa.

Tal como sinaliza o saber freudiano: Relata Sigmund Freud (1923, p.233),

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“designado o eu não apenas como uma projeção de superfície, mas acima de

tudo um eu corporal”.

A criança ao olhar para o outro vê a si próprio, e tem a percepção

de que o outro tenha a mesma visão, ou seja, um duplo eu. Há uma

importância de reciprocidade para que haja uma capacidade criativa no

subjetivo do sujeito que acontece num espaço de tempo prolongado numa

dialética eu - outro. Nesse período a criança não tem discernimento do seu eu

corporal como um todo, mesmo que perceba os pés, pernas, braços e mãos,

ela tem uma visão fragmentada de si, pois não se vê por inteiro.

Ao se deparar com o reflexo de imagem no espelho, será um

encontro com o outro que é ela mesma, diante de uma imagem desconhecida,

esta a seduzirá, levando-a a um confronto com a imagem. No início acontece

uma confusão que é dada pela relação estigmatizada que se tem com o outro,

porém esta ideia é desmistificada com a experiência do eu - real com eu -

imagem.

Reconhecendo-se através desta imagem, a criança recupera

assim a dispersão do corpo esfacelado numa totalidade

unificada, que é a representação do próprio corpo. A imagem

do corpo é, portanto, estruturante para a identidade do sujeito,

que através dela realiza assim sua identificação primordial.

(DOR. 1989, p, 80).

Diante de sua verdadeira imagem numa visão holística a criança

passa a distingui as outras pessoas de sua imagem, nomeando-se e

nomeando os outros, de modo que faz uso da linguagem. Em seu período de

desenvolvimento passa por várias fases, saindo da infância para adolescência,

da fase adulta para o envelhecimento, onde haverá mudanças corporais, como

perdas e ganhos. Durante essas fases ocorre uma relação corporal entre o eu,

o outro e objetos substitutos.

De acordo com André Lapierre e Bernard Aucouturier (1984 p. 54),

“A relação psicomotora é a única relação possível antes do aparecimento da

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linguagem e permanece como um fator determinante durante os primeiros

anos”.

1.2. A relação do eu corporal com o outro em relação ao

objeto amado

A relação dual (eu-outro) tem seu início no período de gestação

com a mãe. Durante esse tempo a criança é acolhida no ventre materno, que

também é conhecido como “envelope materno”, sendo assim a mãe passa a

ser ponto crucial no desenvolvimento psicológico do filho. O equilíbrio biológico

dependerá dos objetos externos trazidos para parte intrauterina.

Segundo Bernard Aucouturier (2007, p. 24), “em um “envelope

satisfatório”, o feto vive intensas interações sensório-motoras preparatórias

para sua vida extrauterina”.

A relação tem continuidade com a presença do pai que

psicologicamente se sente em estado de gravidez junto à esposa. Onde

poderá ter sonhos persecutórios se sentindo rejeitado pela mulher que irá

colocar outra pessoa em seu lugar ou reviver a angústia passada do seu

Complexo de Édipo, que para não ser castrado pelo pai, seu “rival”, resolve

renunciar seu amor que sente por sua mãe.

A relação triangular que se estabelecerá trará ressonâncias de

sua própria vida passada, durante a resolução de seu Édipo. O

processo é ambíguo, porque ama o filho e sente que será

amado por ele, como ama e foi amado por seu pai. Mas

também odiou seu pai como um competidor, na luta pela posse

da mãe, e temeu ser por ele castrado. Assim, teme o ódio e a

destruição de seu filho, bem como os seus, atualizando suas

angustias não resolvidas na fase edipiana. (RAPPAPORT,

FIORI, HERZBERG. 1981 p.13).

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Após o nascimento do bebê o primeiro contato com o mundo

externo é através do seio materno, essa relação é nutrida de ambivalência

(amor e ódio), onde a mãe é vista como um objeto parcial, por ter uma visão

fragmentada da imagem, a criança não distingui como um todo, de maneira

que ainda não há uma percepção psíquica real do mundo externo. Para ele o

seio bom é aquele que o alimenta no momento de sua necessidade fisiológica,

então é projetado no objeto amado o instinto de vida, e o seio mal é o que não

o alimenta, o objeto frustrador; por isso é odiado, e nele é projetado o instinto

de morte.

Relata Melanie Klein (1952, p.217), “supomos que há sempre uma

interação, embora em várias proporções, dos impulsos libidinais e agressivos,

correspondendo à fusão dos instintos de vida e de morte”.

Com a percepção distorcida dos seios a criança passa por

momentos de angústias, ela pensa que vai ser destruída, sofrendo a “angústia

persecutória” ou “angústia paranoide”. Mais adiante, no terceiro mês de vida,

com o a maturação do sistema nervoso predomina a posição depressiva que

se instala do sexto mês até o fim do primeiro ano de vida, sendo designada

“angústia depressiva”, que é gerada pelo temor de destruí o objeto de amor

(mãe), pelo fato de antes sentir ódio. Com a integração da imagem, a criança

percebe que tanto o seio amado quanto o seio odiado faz parte do objeto total

(mãe).

Todos esses desenvolvimentos estão refletidos na relação do

bebê com a mãe (e, em certa medida, com o pai e outras

pessoas). A relação com a mãe como pessoa, que se

desenvolveu gradualmente enquanto o seio ainda figurava

como o principal objeto, torna-se agora mais completamente

estabelecida e a identificação com ela ganha em vigor quando

a criança pode perceber e introjetar a mãe como uma pessoa

(ou, por outras palavras, como um "objeto completo"). (KLEIN.

1952 p.230).

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1.2.1. A relação do eu corporal com o outro na abordagem psicomotora

As relações com os outros estão estreitamente ligada à

atividade motora e sensório-motora da criança. É esta

atividade que permite a conhecer as coisas e as pessoas,

diferenciar-se, adaptar-se e integrar-se. (ALVES. 2007. p.26).

A relação do eu corporal com o outro ocorre gradativamente com

movimentos revelador, em que o corpo do terapeuta se encontra disponível

para receber o outro corpo, tendo o cuidado com suas questões não

resolvidas para não atrapalhar ou interromper o outro corpo na elaboração

psicomotora. No espaço oferecido como seu, o individuo se senti livre para

realizar seus desejos, porque ás vezes é reprimido por movimentar-se de

forma “diferente” não sendo aceito no âmbito familiar ou social.

O corpo do terapeuta deve ser revelador do que a criança não

pode dizer nem escrever, nem desenhar; fantasmas que ela

exprime inconsciente em seu modo de agir. (LAPIERRE, &

ACOUTURIER. 1984 p.66).

Sendo um corpo revelador, o terapeuta deve se conter do domínio de

suas pulsões e reações tônicas, sua função corporal será de um objeto

ativo, recebendo o outro (a pessoa atendida) sem restringí-lo. Respondendo

seus fantasmas de medos, de fuga, de prazer, de segurança, de destruição

e outros. No corpo do outro que a criança projeta suas angústias,

ansiedades e emoções, assim o corpo passa a ser o simbólico do corpo da

mãe e do pai. A partir do outro que o eu - corporal vivencia seus fantasmas

através dos símbolos na abordagem psicomotora.

Um símbolo é uma representação do objeto que guarda uma

relação direta e direta e íntima com a coisa representada. Ele

não é vazio de significado já que pode haver um rudimento de

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vínculo natural entre significante e significado. (MONTAGNA.

pg.60).

Durante o processo psicoterapêutico uma criança imagina dirigir um

carro e convida o terapeuta para lhe fazer companhia, o local é montado o

pela criança, com cadeiras posicionadas diante do espelho, brinquedos para

colocar os pés, uma peneira redonda como volante e dois bichinhos de

pelúcia simbolizando os filhos, que em sua fantasia vivência uma pessoa

adulta referente alguém que lhe promove afeto.

Essa criança representa o carro: “porque ela se identificou com

o motorista do carro, que o representa para ela, o pai ou a mãe

que ela admira, ama e que dirige essa máquina mágica que

corre muito depressa. A capacidade de representar está,

então, condicionada a um laço afetivo de identificação”.

(AUCOUTURIER. 2007 p.189).

No decorrer das sessões, várias situações se procedem através do

imaginário, elaborando seus fantasmas corporais, mostrando a todo tempo

mesmo de maneira inconsciente que os movimentos corporais

proporcionam e favorecem desenvolvimento na organização do corpo em

terapia.

Toda ação no espaço e no tempo é uma realização parcial do

desejo inconsciente de agir sobre “o objeto”, mas, apesar

dessa realização parcial, a ação é também prazer, pois

compensa uma perda no nível simbólico: é por que a criança

age, reproduz, inversa, desmonta, busca, constrói e aprende

por ela mesma. (AUCOUTURIER. 2007 p. 63).

1.3. Consciência Corporal

O corpo conscientizado de suas ações entende que ele é o próprio

sujeito revelador de sua consciência corporal, essa ideia é produza a partir da

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constituição da imagem do eu-corporal com o outro (sujeito), que

anteriormente vindo de uma visão partida, que se completa através do

reconhecimento como ser separado, porém se identificando com o outro. Na

dinâmica desse processo em concordância com os objetos e o espaço que o

cerca, emergir o esquema corporal que desenvolve na criança a consciência

corporal. Possibilitando-a de explorar o corpo com mais intensidade, a fim de

desenvolvê-lo no sentido motor e psicológico, com o objetivo de organizá-lo.

De acordo com Freitas (2008) pode-se conceituar a organização

do corpo a partir dos três aspectos:

Imagem Corporal: sentimentos e atitudes que uma pessoa tem em

relação ao seu próprio corpo.

Esquema Corporal: imagem esquemática do próprio corpo, que só

se constrói a partir da experiência do espaço, do tempo e do movimento.

Consciência Corporal: reconhecimento, identificação e diferenciação

da localização do movimento e dos inter-relacionamentos das partes corporais

e do todo.

O corpo deixaria de ser fragmentado e passaria a fazer parte

de um trabalho interdisciplinar, desenvolvendo-se a

consciência corporal, pois é o corpo que possibilita a dialética

da consciência e do mundo e que torna viável a presença de

um sujeito intencional, enquanto que a consciência permite que

o corpo se torne um corpo vivo, um corpo humano, um corpo

no mundo, fazendo com que temos consciência do mundo por

causa do nosso corpo. (NETO. 2007, p. 163).

Conhecer o corpo é uma experiência única de cada indivíduo, está

voltada para sua vivência familiar, social e cultural, que nem sempre há um

tempo propício para todos referente ao seu desenvolvimento, pois o resultado

da evolução psicomotora está relacionado à ação do corpo. Uma criança ao

nascer traz consigo mecânismos sensórios para o funcionamento de

percepções do tato, da visão, da audição, do paladar e do olfato, mesmo que

ainda lhe falte à coordenação e o domínio destas, que vai se aprimorando

com seu estímulo exterior; porém algumas são vetadas de conhecer e viver

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movimentos do seu próprio corpo. Exemplo: uma mãe que não deixa seu filho

brincar com outras crianças, a falta de promoção do momento lúdico, os

brinquedos são guardados para não quebrarem, então não lhe é permitido ter

fantasia, nem imaginação, para elaborar as angústias, sentir emoções e

prazer e ter afeto, sendo ainda as atividades da criança realizadas pela mãe

impedindo seu desenvolvimento corporal para alcançar maturidade

psicomotora.

As atividades lúdicas são indispensáveis para a apreensão

dos conhecimentos artísticos e estéticos, pois possibilitam o

desenvolvimento da percepção, da imaginação, da fantasia e

dos sentimentos. (ALMADA, Dom 1999, p.10).

A consciência corporal é fundamental na vida da pessoa, pois

promove condição de lidar com ela mesma e com as outras pessoas, pois

saber lidar com o corpo, é saber lidar com as diversidades da vida. Sabe-se

que o corpo em desarmonia traz muitos transtornos tanto funcional e como

relacional.

O ser humano deve – ou deveria – ser capaz de ouvir suas

necessidades. A capacidade de ouvir, a natureza lhe deu. Mas,

muitas e muitas vezes, seu ciclo natural de carga e descarga

está inibido em sua totalidade ou em fases isoladas. E tal

inibição tem ecos na história de vida de cada um. (VOLPI,

2002, p. 56).

1.3.1. Conceitos Funcionais e Relacionais O conhecimento dos conceitos funcionais possibilita ao terapeuta

de trabalhar o corpo nas suas disfunções por meios de atividades, após uma

avaliação psicomotora. O bom funcionamento do corpo faz com que o mesmo

execute movimentos sem desperdício de energia contribuindo para a vitalidade

corporal. Os conceitos funcionais são: coordenação dinâmica global,

coordenação motora fina, equilíbrio, ritmo, respiração, esquema corporal,

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organização espacial, postura, lateralidade, tônus, respiração, organização

temporal, relaxamento, percepção sensorial. Todos esses sistemas funcionais

são trabalhados no decorrer da terapia psicomotora de modo espontâneo,

educação e reeducação psicomotora.

Bueno (1998), as condutas funcionais referem-se àquelas cuja ação,

quantidade e mensuração são possíveis de ser percebidas e que

conjuntamente formam a integralização motora do ser humano num espaço e

num tempo determinado.

Na medida em que o indivíduo explora seu corpo em várias

atividades terá a possibilidade de conhecê-lo melhor numa dialética profunda,

tendo uma intimidade corporal que o leva a descobrir habilidades,

competências e também limitações. Esta prática do diálogo refere-se ao

sistema relacional de interagir com outros corpos através de sentimentos

bons ou maus, contribuindo para a estrutura da personalidade. Os conceitos

relacionais são: expressão, afetividade, agressividade, comunicação, limite e

corporeidade.

A psicomotricidade com enfoque relacional na perspectiva que

se trabalha serve para estimular comunicação vocal (fala

expressiva através da palavra), uma vez que ela não fica

limitada às expressões verbais que a criança utiliza na ação de

brincar, mas também porque são estabelecidas estratégias

pedagógicas na rotina da sessão que permitem que a criança

desenvolva a capacidade de comunicar ao grupo dos iguais,

seus jogos, suas produções e suas representações realizadas

no decorrer da sessão. (NEGRINE, 2002, p. 62).

A psicomotricidade é uma abordagem que desenvolver a consciência

corporal, autoconhecimento através do movimento e possibilita uma vida

emocional equilibrada; podendo conhecer até mesmo o desconhecido através

do corpo em realizar movimentos que, até então, pareciam impossíveis para

alcançar grandes projeções; sendo assim, a consciência só se revela a partir

do corpo e de seu movimento:

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Se o indivíduo não quisesse ou não estivesse determinado a

começar a se movimentar, ele nada conheceria. Se nada lhe

resistisse, conheceria menos ainda, não suspeitaria de

qualquer existência, ele nem mesmo teria a ideia de si próprio.

(MAINE B.(1799), apud FIGUEIREDO (2007), p.73).

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CAPÍTULO II

A PSICOTERAPIA NUM ENFOQUE PSICOMOTOR

A princípio a psicomotricidade foi direcionada para área médica, no

início do século XIX ao final do século XX, com intervenção nos problemas

motores relacionados aos estudos da neuropsiquiatria infantil, com o nome de

reeducação psicomotora. Mais adiante o enfoque psicomotor se estende com a

contribuição da psicologia, pedagogia e educação física, que passaram a se

beneficiar da psicomotricidade para suas atividades profissionais. Essas

ciências interligadas enriqueceram o trabalho psicomotor com o indivíduo,

possibilitando-o de reconhecer seu corpo através do movimento.

A identidade da Psicomotricidade e a validade dos conceitos

que emprega para se legitimar revelam uma síntese

inquestionável entre o afetivo e o cognitivo, que se encontram

no motor, é a lógica do funcionamento do sistema nervoso, em

cuja integração maturativa emerge uma mente que transporta

imagens e representações e que resulta duma aprendizagem

mediatizada dentro dum contexto sócio-cultural e sócio-

histórico. (FONSECA, 1989).

A abordagem psicomotora no processo psicoterapêutico nos

tempos contemporâneos quebra paradigmas no âmbito da psicologia,

proporcionando um atendimento amplo, não só psicológico ao mesmo tempo

motor, tendo um olhar mais profundo para o sistema funcional, onde o

terapeuta ao perceber um movimento contraditório do corpo pode intervir com

a educação ou reeducação psicomotora; podendo ser realizadas com base de

uma avaliação psicomotora com o objetivo de aprimorar o desenvolvimento

corporal.

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O movimento é um importante fator de unificação das

diferentes partes de nosso corpo, e através dele chegamos a

uma relação definitiva com o mundo externo e com os objetos,

sendo que só através do contato com o exterior nos tornamos

capazes de correlacionar às diversas impressões relativas a

nosso corpo. (SCHILDER, 1994, p.101).

A terapia num enfoque psicomotor tornar-se visível ao indivíduo de

todas as fases: criança, adolescente e adulto ao idoso, tendo espaço livre para

elaborar seus conflitos funcionais e relacionais, com um ambiente que favorece

entrar em evidência com seu próprio corpo, que se sente motivado pela

liberdade da expressão oferecida, que aos poucos o corpo enrijecido vai se

liberando das travas colocadas com o decorrer do tempo, dando um sentido a

maneira de viver.

Reker (1997) afirma que o sentido de vida está associado a ter um

propósito, uma direção, uma razão para a existência, ter uma percepção de

identidade pessoal e interesse social, além de sentir-se satisfeito com a vida.

Outrora o tempo de atendimento com duração de cinquenta minutos

ficava ocioso de perguntas e devolução, porém com a abordagem psicomotora

passa a ser mais diversativa, produtiva e criativa, é por isso que o local fornece

vários materiais: brinquedos, colchonetes, almofadas, folhas para desenhar,

revistas para recortar, lápis de cor, argila... Todos esses objetos têm um

significado em seu manuseio e um caráter interventivo, também a liberdade

corporal que pode se exercida como: pular, soltar, brincar, correr, cantar,

dançar, ouvir música, e outras formas de agir que surgirão no decorrer dos

atendimentos. Com essa oferta promissora a psicomotricidade é uma

abordagem que busca atender as necessidades de maneira global.

A prática psicomotora respeita, então, as potencialidades de

cada indivíduo e seu direito de ter um lugar na sociedade. De

acordo com seu marco, a criança pode se expressar por meio

de uma grande variedade de canais de comunicação,

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expressão e criação, entre os quais a motricidade é o principal.

(MARTINEZ; PEÑALVER; SÁNCHE, 2003, p. 14).

2.1. Atendimento a criança A primeira comunicação da criança inicia-se ainda na fase

intrauterina, onde os primeiros movimentos percebidos pela mãe ocorrem no

período do quarto mês de gestação. Durante o processo de gestação a mãe

sente o movimento do bebê pelos deslocamentos que são realizados como se

fossem “chutes”, e por sua vez retorna com expressão verbal indagando o

comportamento do filho, e ao mesmo tempo conversando com carinho, com o

ser intrauterino que está para nascer; de maneira que mesmo de modo

“passivo”, mãe e filho já mantém um diálogo.

[...] momentos de alegria e de comunicação em que a criança

reage a uma estimulação, diverte-se em dar pontapé e

esquivar-se quando alguém tenta pagá-la, deslocando-se

lentamente no útero, para alcançar a mão que se colocou

espalmada perto dela, como um gatinho que se deixa acariciar

as costas, momentos de felicidade. Nos quais por acaso, por

estarem ambos disponíveis no mesmo momento, mãe e filho

podem encontrar-se. (AUCOUTURIER. 2007 p. 27).

Na terapia psicomotora, o terapeuta ocupa um lugar simbólico do

corpo da mãe e do pai sendo fantasiado de várias maneiras, para assegurar

uma relação tônico-afetiva. Essa experiência na abordagem psicomotora faz

com que a criança vivencie seus conflitos e seus atos de prazer, através do

lúdico e com a presença de outro corpo (terapeuta) que será seu objeto

revelador.

Nessas condições, o corpo do terapeuta se torna revelador,

para a criança, do que ela não vivenciou, ou vivenciou demais,

ou mal vivenciou, da perda do corpo do outro no plano da

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relação tônico-afetiva, da falta, da identidade, em suma

revelador das relações fantasmáticas para com a mãe e com o

pai ou mais precisamente com o corpo deles. (LAPIERRE, &

AUCOUTURIER. 1984 p. 67).

Com o atendimento voltado somente para os conflitos psíquicos, o

terapeuta (psicólogo) não percebe os movimentos funcionais do corpo em

desacordo, mas com o conhecimento das funções motoras, sua visão passa a

ser ampla no que concerne à psicomotricidade. Como por exemplo: a criança

ao entra no espaço da terapia psicomotora, o terapeuta solicita para que tire o

tênis, depois ao recolocá-lo, observa o procedimento de amarrar o cadarço,

havendo dificuldade na coordenação motora fina, pode se trabalhada no

decorrer do atendimento psicomotor.

Coordenação motora fina é uma coordenação segmentar,

normalmente com a utilização das mãos exigindo precisão nos

movimentos para a realização das tarefas complexas,

utilizando também os pequenos grupos musculares. (ALVES,

2007, p.58).

No espaço psicomotor a criança é livre para vivenciar situações do

seu cotidiano, acontecimentos familiares, sociais, ou até mesmo fantasias

imaginadas por ela, é como se fosse uma peça teatral representada pelo

próprio personagem, que no caso é a própria criança, nesse jogo simbólico se

realiza os desejos psíquicos e ao mesmo tempo o corpo entra em

concordância através dos movimentos.

Quando a realidade não é sempre propícia para permitir-lhe

experimentar seus diferentes personagens, a criança refugiar-

se-á no imaginário e criará assim um universo fantástico que

não será nitidamente diferenciado do mundo material, que

conserva o caráter mágico. (LE BOULCH, 1992, p.97).

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No mundo “fantástico de brincadeiras”, cercado por vários objetos, a

criança aos poucos vai se revelando, esse espaço lhe fornece condição de

elaborar, vivenciar e organizar. O espaço passa a ser pessoal entre o “eu e o

outro”, onde somente o terapeuta tem conhecimentos dos acontecimentos,

exceto alguns assuntos a serem transmitidos para os responsáveis, que não

venham tirar a confiança depositada pela criança. A aceitação será através

do vínculo feito por ambos, então o espaço é explorado com mais intensidade

pelo corpo em movimento.

O espaço vivido pela criança é uma representação de um

corpo muito amado sobre o qual ela anda tranquilamente,

equilibra-se com segurança, cai, rola solta com prazer, pega os

objetos com delicadeza e firmeza, mas, em outros momentos,

esse espaço é uma representação de um corpo pouco amado,

a ser eliminado (no qual ela joga longe, aperta, ataca, destrói

violentamente). (AUCOUTURIER. 2007 p.156).

Ao perceber que está num espaço com vários objetos que lhe é

oferecido, a criança começa a se sentir valorizada, pelo fato de um adulto dar-

lhe a devida atenção às suas vivências lúdicas, principalmente às que vivência

intensamente algumas situações, pois pode vivenciá-las sem ser impedido

através da expressão motora, algo importante que está sendo expresso pelo

corpo.

A expressividade motora permite à criança fazer aparecer o

“objeto” através do conflito entre o desejo de amá-lo e de odiá-

lo. Sabemos que a evolução desse desejo depende

amplamente da maneira pela qual os pais permitem à criança

viver a continuidade do prazer dessa contradição inconsciente.

(AUCOUTURIER. 2007 p.152).

A percepção do terapeuta em relação à criança será fundamental

para uma avaliação psicomotora, realizada a partir do olhar e do conhecimento

diferenciado, que será avaliada a expressão motora demasiadamente agitada

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e passiva, que poderão ser distúrbios de sintomas de sofrimento psíquico, ou

desorganização motora. De modo que, a criança com vínculo formado com o

terapeuta através da confiança conseguirá elaborar seus conflitos.

Para as crianças que apresentam fixidez emocional, a ajuda

consistirá em desbloqueá-la pela via das brincadeiras de

reasseguramento profundo, modificando, assim, suas imagens

obsessivas. “As ressonâncias tônicas emocionais”

compartilhadas entre a criança e o terapeuta vão permitir esse

desbloqueio. (AUCOUTURIER. 2007 p.157).

Algumas crianças são encaminhadas para atendimento terapêutico

com a queixa de dificuldade de aprendizagem, durante a abordagem

psicomotora percebe-se que a falta da leitura e escrita se procedem pela

deficiência nos sistemas funcionais, incluindo a falta de uma relação – tônica –

emocional que a criança não vivência consigo mesma e também com os outros

(crianças e adultos). Uma criança que não tem consciência de seu esquema

corporal, não reconhece a si própria, sendo impedida de ingressar no mundo

da aprendizagem.

Só a partir de certo nível de organização motora, do domínio,

do gesto e do instrumento, esquema corporal, estruturação

espacial, percepção temporal, discriminação visual e auditiva a

criança poderá começar a ler e a escrever. (PETTY, 1995,

p.123).

2.2. Atendimento ao adolescente

A adolescência é um período de transição que se inícia depois da

infância, sendo que no Brasil, começa aos 11 anos e termina aos 18/20 anos

de idade podendo variar de cultura para cultura. Essa fase é marcada por

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transformação física, psicológica e social, e tem como ponto de iniciação à

puberdade – amadurecimento sexual.

[...] A adolescência começa na biologia e termina na cultura –

naquela junção onde o menino e a menina atingiram razoável

grau de independência psicológica em relação aos pais. E por

isso carecem de precisão de definição e a programação

cronológica da adolescência. O fim não é claro. O próprio

começo - a puberdade em si – é uma “festividade móvel” que

varia segundo fatores climáticos e hereditários e está sujeita a

ser detonada ou retardada por muitas influências externas.

(MARTIN. 1991 p.18).

O adolescente percebe a perda da identidade infantil, dos pais da

infância, do corpo infantil, e questiona fatos com os pais, passa a ser mais

crítico, principalmente, em relação ao que lhe é proibido, logo ao mesmo

tempo em que lhe é atribuído à responsabilidade de ser adolescente e também

de ser criança, fato que lhe causa confusão psíquica. Uma das situações que

envolvem divergência são as mudanças fisiológicas, que para alguns jovens se

tornam ambivalentes, podendo ser narcísica (amada demasiadamente) e

declinada (odiada).

[...] Às vezes há mudanças desconcertantes que vão do

narcisismo longínquo ao ódio e depreciação de si mesmo. E

pode ser difícil acreditar que a mesma pessoa seja capaz de

grosseria insensibilidade num momento e de atenciosa

generosidade em outro. (MARTIN. 1991 p. 28).

A mudança da imagem corporal torna-se consequência dos

conflitos para o adolescente, de modo que a psicomotricidade tem como base

de interferência para uma reestruturação e reorganização da imagem corporal

do sujeito, que anteriormente foi constituída com a imagem do outro. Esse

processo será constituído a partir consciência corporal de uma nova

identidade.

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Os jovens desenvolvem, durante a adolescência, um conjunto

de sentimentos a atitudes com relação ao corpo que contribui

de maneira significativa para o seu sentido evolutivo de

identidade pessoal. Estas impressões subjetivas da objetivas

do corpo são chamadas imagem física. (MARTIN. 1991 p. 26).

A insuficiência dos sistemas funcionais e relacionais na infância

acarreta prejuízos na adolescência, fato que dificulta muitos adolescentes de

apresentarem bons desempenhos em suas funções motoras e em seus

relacionamentos tanto familiar quanto social. Um adolescente que na infância

foi impedido de brincar com outras crianças, não participou de festas na

escola, e também não teve a contribuição do adulto para brincar, e recebeu

superproteção, terá sérias dificuldades no funcionamento do esquema

corporal, porque é a partir da inclusão com outras pessoas que o corpo vai

ganhado significado.

O esquema corporal é um elemento básico indispensável para

a formação da personalidade da criança, sendo seu núcleo

central, pois reflete o equilíbrio entre as funções psicomotoras

e a sua maturidade. A consciência do corpo é alcançada pela

percepção do mundo exterior, da mesma forma que a

percepção do mundo acontece por meio do corpo. (BUENO.

1998 p. 57).

Sendo a abordagem psicomotora um tratamento que abrange o

indivíduo como um todo, o terapeuta (psicólogo) pode fazer atendimento de

forma lúdica (jogar bola, peteca, dominó, jogos de quebra cabeça, pular corda,

musica, etc.), esse procedimento traz para o jovem um novo sentimento para

movimentar o corpo, induzindo-o a reconhecer seu esquema corporal,

desenvolver e expandir o afeto, a comunicação, a expressão, e até mesmo a

“agressividade” para se projetar no mundo externo.

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O movimento é um importante fator de unificação das

diferentes partes de nosso corpo, e através dele chegamos a

uma relação definitiva com o mundo externo e com os objetos,

sendo que só através do contato com o exterior nos tornamos

capazes de correlacionar às diversas impressões relativas a

nosso corpo. (SCHILDER, 1994, p.101).

O movimento corporal é uma expressão de se comunicar, é a

maneira que o corpo está traduzindo sua forma de falar, porém acontecem

situações que muitos pais não percebem em seus filhos (adolescentes), a

variação que o corpo se apresenta e a atitude relacional do jovem no meio

ambiente em que vive. O que leva a entender a falta do reconhecimento do

próprio corpo dos pais, que devido a essa falha não conseguem detectar

situações problemáticas que ocorrem justamente nessa fase, sendo:

envolvimento com drogas, distúrbios emocionais, ansiedade, depressão,

fobias, anorexia nervosa e bulimia e outras. Esses problemas que envolvem

alguns jovens podem ser de várias ordens (familiar, ambiental, social, etc.),

mesmo com acompanhamentos de outros profissionais, a terapia psicomotora

é essencial, onde mente-corpo é trabalhado à medida que é trazido no espaço

psicoterapêutico.

A descoberta e valorização do corpo do individuo deve estar

subordinada à forma de manifestação expressa naquela

determinada situação. Qualquer manifestação corporal

expressa deve ser revelada, pois traz em si a natureza

espontânea do gesto. (BUENO, 1998, p.73).

2.3. Atendimentos ao adulto

A fase adulta é dividida em duas etapas de 20 aos 35 anos e dos 35

aos 50/55 anos. A primeira etapa caracteriza-se pela maturidade do indivíduo

em relação a galgar mais crescimento profissional, assumi o papel

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materno/paterno, escolhas de amizades, sua motricidade está voltada para sua

atividade profissional e algum tipo de esporte.

Afirma jocian M. Bueno (1998, p. 39), “Para os indivíduos que são

treinados motoramente em algum esporte, é o momento de total expressão

das habilidades do rendimento motor”.

A segunda etapa é chamada de meia-idade, onde as pessoas

estão voltadas mais para as atividades profissionais e para a família, deixando

de lado os exercícios físicos por causa do tempo corrido imposto pelo dia a dia.

De acordo com jocian M. Bueno (1998, p. 39), “A atividade motora,

no geral, diminui, o que é lamentável e contraindicado. Nos indivíduos

treinados, ocorre a manutenção de rendimentos motores máximos”.

Com a agitação dos tempos contemporâneos os adultos têm

passado por momentos de estresse constante, em busca de especialização na

área profissional, cuidado com os filhos, conflitos com filhos adolescentes,

mudanças de hábitos pessoais (trabalhar em dois empregos), separação,

casamento, nascimento, falecimento, são ocorrências que movem a estrutura

emocional e corporal deixando-os em desequilíbrio e em desordem.

[...] Além disso, a forma como o sujeito se expressa com o

corpo traduz sua disposição ou sua indisposição nas relações

com coisas ou pessoas. Esse aspecto psicológico, muito

importante, ajuda-nos a identificar melhor certas perturbações

devidas a fatores afetivos. (DE MEUR & STAES, 1991, p.10).

2.3.1. Terceira idade

A terceira idade caracteriza-se pela pessoa do idoso, que é uma

fase adulta em que as pessoas possuem mais experiências de vida, com início

aos 55 anos de idade sendo prolongando até o fim de vida de cada indivíduo.

Para alguns teóricos essa fase dar início após os indivíduos atingiram

realizações pessoais na maturidade (fase adulta), sendo que nem todos os

idosos conseguem chegar a uma velhice de plena satisfação, pois isso vai

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depender do ponto de vista social, econômico, familiar e ambiental de cada

pessoa. Levando ainda em consideração que para muitos a velhice é

estigmatizada como impossibilidade de uma vida sadia.

De modo geral associa-se o idoso e velhice à enfermidade. É

muito cômodo e inexato concluir que a velhice representa

enfermidade generalizada. Doença e redução de capacidade

não são a mesma coisa, embora apresente desvios

semelhantes em relação a um estado de saúde “ideal”.

(BUENO, 1998, p. 39).

Com a chegada da terceira idade o estado fisiológico do individuo

tende enfraquecer devido à deterioração do organismo maduro que faz parte

do processo de envelhecimento normal, que pode apresentar esquecimentos,

fato que não o impedi de levar uma vida normal. Os movimentos motores não

apresentam a mesma coordenação, comprometendo o ritmo e equilíbrio, a

visão e a audição, havendo interferência, o que é comum na idade; porém

outros idosos apresentam alterações motoras, psicológicas e mentais com

mais comprometimento levando-os ao um envelhecimento patológico. Em

todos esses fatos a psicomotricidade estimular os movimentos para que o

idoso tenha uma qualidade de vida melhor.

A psicomotricista Fátima Alves (2007), explica que com o tempo as

funções neurológicas, psíquicas, cognitivas e afetivas apresentam mudanças

que tornam o sistema psicomotor (junção das funções apresentadas) mais

regressivo, denunciando perdas de noções, desorganização e desintegração

motora, por isso é tão importante estimular os movimentos corporais dos

idosos através de atividades que proporcionem prazer.

Há períodos em que o idoso se sente sozinho, com a saída dos

filhos - para o casamento, morar fora do estado em caso de estudo ou

mudança de emprego, estes fatos recebem o nome de síndrome do ninho

vazio, e também a perda do cônjuge, em alguns casos há idosos que convivem

com parentes, mas se sentem sós, por não terem pessoas para dialogar com

eles, que tenha um espirito de amor, paciência e sabedoria. E é na prática

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psicomotora terapêutica que o idoso vai encontrar esse espaço de harmonia,

seja individual ou em grupo, onde poderá se expressar e se comunicar com o

outro num âmbito de afetividade.

Fátima Alves (2007), As emoções estão diretamente ligadas ao

desenvolvimento corporal. O emocional, as emoções relativas a tristezas,

alegrias, angústias, dores, ansiedades e aflições tanto quanto outras têm um

papel fundamental em todo esse processo. Os movimentos ficam limitados e

carregados a ponto de se tencionarem e evitar um desempenho mais

harmonioso.

A terapia psicomotora nos tempos modernos para os idosos

consente invalidar preconceitos que era colocado como o fim da vida, como, a

pessoa debilitada, aposentada, ou que não podia fazer exercícios físicos, pois

estes seriam movimentos acelerados para quem já estava com os ossos

fracos, porém com o estudo aprimorado da ciência o idoso precisa e necessita

que o corpo se movimente para dá vida ao indivíduo.

Segundo Fátima Alves (2013, p.101), ”A prática psicomotora dá

oportunidade ao idoso de desenvolver estruturas psicomotoras almejadas com

alguns valores, como partilhar, agir, respeitar, aprender e reaprender”.

Sabe-se que a idade mais avançada requer cuidados especiais, as

restrições médicas têm que serem respeitadas, as atividades motoras tem

horário determinado, nem todos conseguem permanecer o mesmo tempo que

o outro, pois cada um tem seu limite. Certos materiais são necessários para

serem usados nas atividades para oferecer conforto ao corpo, por exemplo: os

colchonetes são utilizados devido à sensibilidade corporal e temporal do corpo.

O idoso tem que se senti confortável na realização de seus movimentos, de

maneira que é importante que tenha consciência de seu movimento dando

uma ressignificação.

De acordo com Fátima Alves (2013, p. 107), “o idoso tem de ter o

conhecimento de cada movimento aplicado e buscar a consciência do

conhecimento por meio do seu próprio conhecimento”.

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CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO E REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA

PSICOTERAPIA

A educação e a reeducação psicomotora articulada à psicoterapia

exercem a função de um atendimento diferenciado com o olhar na dinâmica

corporal com a finalidade de intervi nas funções não desenvolvidas. A ação no

processo de desenvolvimento do indivíduo se faz sempre presente em sua

vivência, porém nos primeiros estágios de vida são importantes para que a

criança tenha liberdade de executar e elaborar seus movimentos, pois esses

não desenvolvidos terão disfunções nas fases futuras.

Afirma Jocian M. Bueno (1998, p.17), “O movimento é o principal

elemento no crescimento e no desenvolvimento da criança. Toda ação está

pertinente a um e todo ato motor tem uma ação e um significado”.

Arnold Lucius Gesell (1960) citado por Jocian Machado Bueno

(1998, p. 29, 30, 31), psicólogo desenvolvimentista que demonstrou maior

interesse pelos aspectos maturacionais em desenvolvimento humano. Estudou

sobre retardo mental, mas relatou que para compreender essa patologia teria

que entender o desenvolvimento normal do indivíduo, como está demonstrado

no quadro a seguir:

1 ano

- conhecimento do próprio corpo;

- distinção entre figuras familiares e estranhas;

- inicio do andar;

- inicio do jogo manipulavo;

-“idade desarrumadora” _ desabrochar da

mobilidade.

2 a 3 anos

- Noção de sua personalidade (nome, imagem no

espelho, fotos);

- fase de oposição;

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- desenvolvimento considerável da linguagem;

- Inicio da socialização;

- disciplina esfincteriana.

4 anos

- fase contraditória e do interesse pelos outros.

5 a 6 anos

- cooperação e das disciplinas sociais.

7 a 8 anos

- plena integração do corpo;

- aperfeiçoamento das habilidades adquiridas

anteriormente;

- reconhecimento da lateralizarão no outro;

- instalação forte da conduta ética e da

importância de valores e normas;

- procura de contatos fora de casa.

9 a 10 anos

- Automatização dos movimentos habituais até se

tornarem ágeis;

- mais relaxados na postura;

- levanta alternativas para solucionar problemas;

- relaciona cooperativamente com a comunidade;

- explica conceitos abstratos;

- valoriza grupos de amigos.

11 a 12 anos

- Combina movimentos e equilibra habilidade e

força muscular;

- reflexo e espontâneo;

- movimentos expressivos tanto faciais quanto

corporais;

- início da adolescência.

O desenvolvimento normal na terapia psicomotora através do

movimento de livre expressão é permitir ao mesmo tempo uma educação

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psicomotora vivenciada pelas brincadeiras espontâneas da criança ou

oferecida pelo terapeuta (psicólogo). É nesse espaço educativo que as

pessoas (crianças, adolescentes, adultos e idosos) têm a restruturação de sua

imagem corporal, a consciência de seu esquema corporal reforçada e a

relação com o outro no processo de identificação, onde são alcançadas três

metas básicas com objetivos de:

- A aquisição do domínio corporal: definindo a lateralidade, a orientação

espacial, desenvolvendo a coordenação motora, o equilíbrio e a flexibilidade.

- Controle da inibição voluntária: melhorando o nível de abstração,

concentração e desenvolvendo as gnosias.

- Desenvolvimento sócio afetivo: reforçando as atitudes de lealdade,

companheirismo e solidariedade.

VAYER & PICQ (1985) apontam que se devem pesquisar mais

técnicas eficazes para obter progresso no comportamento do indivíduo. A

conscientização do corpo, o domínio do equilíbrio, o controle e mais adiante a

eficácia das diferentes coordenações gerais e segmentares, a organização do

esquema corporal, a orientação no espaço e a possibilidade de adaptação ao

mundo exterior são os principais objetivos da educação psicomotora.

Bernard Aucouturier (2007) ressalta que uma educação

psicomotora depende da empatia gerada no ambiente onde o terapeuta está

aberto as atividades que surgirão, ou seja, o corpo do outro (terapeuta) deve

está pronto para receber o outro corpo (da pessoa atendida) e compartilhar

com o outro quando for solicitado. O de espaço de atendimento deve ser

iluminado, limpo, e com vários materiais: espelho, colchonetes, bolas e balões,

tecidos coloridos, lençóis, cordas, bambolês, tubos de papelão ou de fibra,

argila e massinha, música, sucata, tinta, papel A quatro, lápis de cor, lápis de

cera, lápis, borracha, variedades de brinquedos (bonecas e bonecos, peteca,

carrinhos e outros). Para os autores a abordagem educativa não se limita

apenas as pessoas “ditas normais” estendem-se para as pessoas com

deficiências mentais, dando-as a oportunidade de explorar o espaço

terapêutico, a fim de desenvolver maturidade corporal e mental com o seu

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próprio vir a ser. E até a reeducação ser dá no espaço terapêutico de maneira

satisfatória.

O que mais frequentemente bloqueia a dinâmica da evolução

da criança é a sua dependência, consciente e inconsciente, do

desejo do adulto: dependência passiva (submissão) ou

dependência agressiva (oposição). Quando a criança

reencontra a dinâmica de seu próprio desejo, sua evolução é

muito rápida. (AUCOUTURIER & LAPIERRE. 1986 p. 28).

3.1. Educação Psicomotora com Deficientes Mentais

Segundo AAAMR – Associação Americana de Deficiência Mental

(2002) e DSM – IV, definem que deficiência mental é um estado na redução

notável intelectual significante que se apresenta no indivíduo abaixo da média,

associado a limitações pelo menos em dois aspectos do funcionamento

adaptativo: comunicação, cuidados pessoais, competências domésticas,

habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e

segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho.

A deficiência mental por muito tempo foi discutida de forma

estigmatizada em que a pessoa era estereotipada como débil mental,

retardada, mongoloide, excepcionais, mais a frente passando a ser deficientes

mentais e atualmente de portadores de necessidades especiais; o que gerava

uma limitação à pessoa levando-a a uma vida sem progresso. A partir do

século XIX, os estudos científicos apontam uma visão diferenciada,

possibilitando as pessoas especiais de se tornarem mais habilitado na

sociedade.

Uma pessoa portadora de necessidades especiais tem muito a

dizer, a estimular, a transformar. Mas é preciso tocar a alma

para acreditar, sentir e saber lidar com estes recursos que não

perpassam por uma linguagem racional. (PRISTRA. 2009

p.79).

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Uma pessoa com necessidades especiais ao movimentar seu corpo

com livre expressão no espaço terapêutico como todas as outras pessoas

“ditas normais” terá a oportunidade de explorar o espaço. Permitindo que o

corpo mostre espontaneidade é dando-lhe autonomia através de seus gestos,

mimicas, gritos, sorrisos, choro e outros. Esse procedimento também é

favorecido com a intervenção do terapeuta numa dialética profunda afetiva

corporal, que com intervenções psicomotoras favorece ao indivíduo conhecer

novas vivências. Foi o que aconteceu com Bruno, personagem verídico do

livro: Bruno: Psicomotricidade e Terapia, acometido por uma lesão cerebral

orgânica tendo com consequência um retardo em seu desenvolvimento

psicomotor, passando por várias situações difíceis em sua vida, mas Bruno

venceu muitos obstáculos ao encontrar alguém com um olhar diferenciado

para suas potencialidades num processo entre o eu e o outro.

Não se trata de negar a organicidade, porém não se trata,

igualmente, de “supervalorizá-la”. A criança está aí, com seus

problemas, suas “deficiências”, suas “falhas”, mas também

com suas potencialidades, e recusamo-nos a fixa a priori e

sem apelação os limites de suas potencialidades.

(AUCOUTURIER & LAPIERRE. 1986 p.24).

A atuação da família ao tratamento de pessoas com necessidades

especiais é de extrema importância para que o trabalho tenha continuidade no

âmbito familiar. A família sem informação ficar impedida de ajudar, por causa

de uma cultura arcaica que ainda se perdura em algumas comunidades; mas o

terapeuta que trabalha com uma visão ampla tem por competência de

trabalhar também com a família.

A família, a que chegar buscando tratamento para o portador

de deficiência mental, traz consigo uma bagagem cultural que

até então o sustentou em seu meio. Ao longo dos anos, o

conhecimento de especialistas vai lentamente mortificando

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esta subjetividade, padronizando ações e impedindo a

existência do desejo e desagregando direitos e deveres do

cidadão. (PRISTRA. 2009 p.76).

O olhar sem preconceito para as pessoas com necessidades

especiais faz toda a diferença no sujeito, onde esse se constitui sua imagem a

partir do outro, sendo a imagem do outro seu espelho, o que lhe fará ter

consciência de sua imagem, possibilitando-as de desenvolver seu sistema

motor, afetivo e cognitivo. De maneira que em primeiro lugar está o movimento

livre, sem se enquadrado; deixando-as que se busquem suas subsistências.

As reeducações ou educação setoriais são provavelmente

necessárias, mas vêm mais tarde, quando os mecanismos de

interação global já estiverem suficientemente desenvolvidos.

Uma setorização demasiado precoce das atividades da criança

mata sua criatividade, sua “abertura de espirito” e suas

possibilidades de evolução pessoal que se encontram em

função das conexões pessoais que conseguiu construir seu

aparato neurológico. A multidisciplinaridade não é contribuição

exterior; ela se constrói no cérebro da criança.

(AUCOUTURIER & LAPIERRE. 1986 p.77).

A educação psicomotora está sempre presente na vida das

pessoas que pode ao mesmo tempo se reeducando a partir de suas invertidas

incorretas, pois na tentativa de buscar pelos seus objetivos podem alcançar

novas habilidades no decorrer da terapia psicomotora e/ou em seus afazeres

do dia a dia. Procurando entender dessa forma, é por isso que na terapia

psicomotora é necessário observar as atividades livres exercidas pela pessoa

e entendê-la em suas propostas trazidas para que não haja uma percepção

mal interpretada. Depois da observação o terapeuta pode fazer uma avaliação

psicomotora, a fim de compensar as funções inadequadas e inadaptadas

apresentada na linguagem verbal e corporal.

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Afirma Jocian Machado Bueno (1988, p. 85), “em termos gerais,

reeducar significa educar o que o individuo não assimilou adequadamente em

etapas anteriores”.

3.2. Avaliação Psicomotora

A avaliação psicomotora no processo psicoterapêutico não pode ser

descartada em nenhuma hipótese, pois se faz necessária nesse trabalho em

que o terapeuta (psicólogo) tem uma olhar diferenciado com a parte funcional

do indivíduo, que é através dela que se pode diagnosticar problema do mau

funcionamento do corpo, dando assim procedimento às atividades propostas.

Infelizmente pessoas não tem bom êxito em seu tratamento por falta do

conhecimento do profissional em relação ao funcionamento corporal, visando

somente os movimentos corporais de maneira psíquica, e não psicomotor.

A avaliação de qualquer aspecto é fundamental importância,

pois através dela é possível obter as informações necessárias

para trabalhar com o indivíduo que apresenta o problema

detectado. (ALVES. 2007 p.141).

No primeiro encontro no espaço terapêutico è necessário saber o

histórico de vida da pessoa, que recebe o nome de Anamnese, onde serão

colhidos todos dados: desenvolvimento intrauterino, condições pré-natal e pós-

parto, índice do apgar, peso, patologias, desenvolvimento motor, afetivo e

cognitivo, histórico escolar, relações interpessoal, com a família e no âmbito,

dados pessoais das pessoas que convivem no lar familiar, patologia crônica ou

degenerativa na família. Essas informações ajudam muito no processo do

atendimento, mas isso não descarta a observação do terapeuta que é

fundamental, seguida de outros procedimentos (Provas Motoras, Testes

Projetivos, Testes Psicomotor) para uma boa avaliação:

È através dela que você terá acesso ao histórico familiar,

características do ambiente familiar, dados pessoais, dados do

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desenvolvimento motor, seu comportamento e todos os

aspectos motores das áreas psicomotoras, suas dificuldades

ou não. (ALVES. 2007 p.141).

Prova motora é um instrumento (Escalas de Desenvolvimento

Motor) que consiste em identificar a idade motora da criança indicando o

estágio do desenvolvimento motor em que se encontra. Alguns autores como,

Piaget, Wallon, Gesell, Denver, fornecem contribuições acerca do

desenvolvimento da evolução da fase infantil.

“Designa um conjunto de atividades marcadas por uma determinada

idade. Permite determinar o avanço ou o atraso motor de uma criança, de

acordo com os resultados alcançados nas provas”. (NETO, 2002, p.29).

Testes projetivos voltados para aquisição da personalidade do

indivíduo, onde a pessoa se projeta para que obtenha um resultado de acordo

com sua personalidade.

“Designa um conjunto de testes ou de provas utilizadas para avaliar

vários aspectos ou a totalidade da personalidade de um sujeito.” (Neto, 2002,

p.30).

Vitor Fonseca (1995), teste psicomotor se refere ao perfil motor das

crianças com dificuldades, normais e com necessidades especiais mentais.

Sua função é detectar as dificuldades motoras, realizando em crianças com

idade de 4 a 12 anos; sendo que o psicólogo terá que ter um conhecimento

amplo da psicomotricidade em prol de adotar atividades psicomotoras que

condiz com as condições específicas da criança atendida.

A observação psicomotora (OPM) das atividades espontâneas é

essencial, pois é nela que o indivíduo revela sua personalidade sem se

esconder, sendo aplicada em todas as pessoas (criança, adolescente, adulto e

idoso). Durante esse processo de observação livre, o terapeuta deve evitar

fazer anotações e pontuar atividades para que não tenha constrangimento.

Observando com um olhar verificado para os conflitos, afetos, emoção,

funções motoras, desenvolvimento cognitivo, relação interpessoal e

intrapessoal.

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Na OPM, o observado observa-se a si próprio, disposição

interior peculiar que exige necessariamente uma avaliação

crítica dos resultados obtidos, pois nos comportamentos

observados na análise dos fatores da OPM há fatores objetivos

e subjetivos que misturam dialeticamente. (FONSECA. 1995

p.264).

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CONCLUSÃO

A prática psicomotora fundada através da psicomotricidade teve seu

início com o tratamento voltado somente para pessoas com necessidades

especiais, na área psiquiátrica, priorizando a parte funcional, mas com o passa

do tempo surgi um novo olhar de conceitos com uma visão mais ampla em prol

de beneficiar as pessoas (crianças, adolescentes, adultos e idosos)

independentes de terem ou não necessidades especiais.

Com o objetivo de quebra conceitos sem fundamentos e

preconceituosos a psicomotricidade se revela para a psicologia como uma

abordagem de um valor imensurável em todos os sentidos: motor, cognitivo e

afetivo, permitindo que o corpo seja avaliado tanto de maneira funcional como

de maneira relacional. Importante ressalta que nos cursos de especialização

de psicomotricidade o número de estudantes de psicologia não chega a 10%,

ignorando um nível maior de atuação da psicomotricidade no processo

psicoterapêutico.

Com o número insuficiente de profissionais de psicologia nos

cursos, mostrar-se que a abordagem não alcançou ainda em ampla escala

desses profissionais, o que preocupa muito na questão do atendimento de uma

criança que precisa se avaliado como um todo, e não somente o movimento do

corpo voltado à psique. Visto que um déficit de aprendizagem pode estar

relacionado ao funcionamento de uma das partes do corpo, de maneira que o

profissional com o conhecimento da psicomotricidade tem a capacidade de

detectar a dificuldade do funcionamento corporal da pessoa.

Muitas pessoas podem ser mais beneficiadas pela psicomotricidade

nos tratamentos, a partir do conhecimento do profissional da área de psicologia

em atuar com a abordagem psicomotora, de modo que esse enfoque de atuar

concede uma extensa vantagem ao psicólogo no seu exercício de trabalho

com a pessoa de forma espontânea, na forma de educar e reeducar;

possibilitando ao indivíduo a uma condição de existência melhor.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

A CONSTITUIÇÃO DA IMAGEM CORPORAL NA CLÍNICA PSICOMOTORA 10 1.1. Imagem no espelho 11 1.2. A relação do eu corporal com o outro em relação ao objeto amado 13 1.2.1. A relação do eu corporal com o outro na abordagem psicomotora 14 1.3. Consciência Corporal 16

1.3.1. Conceitos Funcionais e Relacionais 18

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CAPÍTULO II

A PSICOTERAPIA NUM ENFOQUE PSICOMOTOR 21

2.1. Atendimento a criança 23

2.2. Atendimento ao adolescente 26

2.3. Atendimentos ao adulto 29

2.3.1. Terceira idade 30

CAPÍTULO III

EDUCAÇÃO E REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA PSICOTERAPIA 33

3.1. Educação psicomotora com deficientes mentais 36

3.2. Avaliação Psicomotora 39

CONCLUSÃO 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43

ÍNDICE 46