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SUMARIO

Grupo de Adolescentes

Organizadores

Comunidade Santa Marta

Associação de Moradores

Dinâmicas e Temas trabalhados

Para o Grupo Crescer

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o Grupo de

adolescentes

O desejo de começar a trabalhar com adolescentes tratando temas sobre a educação e saúde surgiu de duas agentes da Clínica da Família Santa Marta: Suelen e Joeslânia (Jojô), em 2011. Logo em seguida, outra agente de saúde, chamada Joana, se uniu a elas, fechando assim a parceria entre as agentes com o objetivo de criar um grupo de orientação.

Em uma das reuniões de planejamento da clínica, que acontece semanalmente, a representante da saúde do adolescente junto a CAP, Dilma, as visitou. Ao saber do interesse das agentes em trabalhar com adolescentes, ela as convidou para um congresso sobre adolescência. A partir disso, a vontade de criar o grupo de adolescentes ficou ainda maior, e consequentemente, as agentes resolveram marcar a primeira reunião, em agosto de 2011, para começarem a fazer os planejamentos do grupo.

As agentes contaram com o apoio de residentes, enfermeiros e colegas de equipe para o planejamento do grupo. Todos discutiram, avaliaram e trouxeram temas, dinâmicas e tipos de abordagens a serem tratados nos encontros do grupo.

Em 9 de setembro de 2011, as atividades começaram de fato a acontecer na Clínica da Família. Como o grupo ainda não era conhecido, as agentes buscavam os

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adolescentes da comunidade que estavam pela rua. O número de participantes do grupo era em média de 8 pessoas a cada encontro. Dessa forma, Joana, Jojô e Suelen começaram a perceber que o ambiente da Clínica não era um atrativo e foram em

busca de um novo local que os adolescentes se sentissem mais a vontade e que fosse dentro da comunidade, com o objetivo de se aproximarem mais dos moradores.

Essa oportunidade surgiu quando conversaram com o professor de dança Claudio Luiz e sua esposa Denise Almeida (alunos de dança da Academia Nossa Arte, existente há 3 anos na Associação de Moradores, e que tem como professor o Cesar Carvalho), que davam aula voluntariamente para adolescentes na Associação de Moradores, dando sequencia a uma iniciativa do próprio professor Cesar de criar uma turma para crianças e adolescentes. Claudio achou interessante essa parceria, já que, além da proposta do grupo acrescentar conhecimento aos seus alunos, também iria atrair novos adolescentes para a sua aula.

As atividades de orientação em saúde começaram a acontecer com o grupo de dança já existente (com aulas duas vezes por semana, as terças e quintas), na Associação dos Moradores, em fevereiro de 2012, onde acontecem quinzenalmente desde então. Essa parceria não só aumentou o numero de adolescentes participantes, como também, fez com que o grupo começasse a se fortalecer.

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Organizadores

Joana D’arc Almeida

Organizadora do Grupo de Adolescentes Vida em Movimento. Orientadora em Saúde Adolescente.

Agente de Saúde da Clínica da Família Santa Marta.

Nascida, criada e moradora da Comunidade.

Cláudio Luiz Lima Costa dos Santos

Organizador do Grupo de Adolescentes Vida em Movimento.

Professor de dança de salão do grupo de adolescentes.

Morador da comunidade há 5 anos.

Jueslânia Carvalho (Jojô)

Organizadora do Grupo de Adolescentes Vida em Movimento.

Orientadora em Saúde Adolescente.

Agente de Saúde da Clínica da Família Santa Marta.

Nascida, criada e moradora da Comunidade.

Denise da Conceição

Organizadora do Grupo de Adolescentes Vida em Movimento.

Professora de dança de salão do grupo de adolescentes.

Nascida, criada e moradora da comunidade.

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A Comunidade

Santa Marta

O terreno onde se localiza o Morro Santa Marta era parte de uma chácara que pertenceu ao Barão de Macaúbas no século XIX. Em 1901, os jesuítas fundaram o Colégio Santo Inácio e para a sua expansão, compraram terrenos vizinhos, inclusive o da área do morro. Os primeiros moradores eram de origem humilde e foram contratados para ampliar a igreja do Colégio.

A partir da década de 1960, teve início a especulação imobiliária em torno do terreno da comunidade Santa Marta, e havia o interesse na remoção das pessoas que ali viviam. Assim, moradores se organizaram para fundar a Associação de Moradores do Santa Marta, em atividade até hoje.

Como em toda comunidade, todas as mudanças e melhorias eram feitas pelas mãos dos moradores, em mutirões. Durante muitos anos não havia luz elétrica e nem água encanada nas casas. E por muito tempo, o único meio de se chegar ao pico era subindo as muitas escadarias da comunidade, porém, em 2008 foi instalado o Bonde do Plano Inclinado, que facilitou a circulação e o acesso dos moradores.

A comunidade sofreu muito com a violência decorrente do tráfico de drogas, mas em 2008 a Secretaria de Segurança implantou lá a primeira UPP da cidade do Rio de Janeiro. O policiamento trouxe algumas melhorias,

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mas também possibilitou que os moradores se mobilizassem para reivindicar ao poder público outras questões, como na área da saúde, porque o posto de saúde que funcionava no alto do morro já estava há anos fechado. Em função disso, no ano de 2009 houve a negociação para a implantação da Clínica da Família Santa Marta, uma unidade de saúde que hoje atende à toda a população.

O morro Santa Marta hoje é um dos muitos pontos turísticos da cidade. Tanto cariocas, quanto estrangeiros procuram conhecer e visitar a comunidade, isso foi muito em função da implantação da UPP, porém, ele já era

famoso mundialmente antes. Ele foi visitado em 1998 pela Rainha Elizabeth II. E foi também cenário de um videoclipe do cantor Michael Jackson, filmado em 1996, o que trouxe bastante visibilidade para o morro.

Ele se situa no bairro de Botafogo, e fica logo abaixo do Cristo Redentor. Por ter grande inclinação, possui uma vista privilegiada da cidade, uma visão quase 360 graus. O acesso ao cume (chamado de Pico pelos moradores) pode ser feito por entre as vielas e escadas, também por meio de carro pela subida pelo bairro de Laranjeiras, ou então através do bonde do Plano Inclinado.

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Associacao de moradores

Nos anos 60, com a especulação imobiliária na cidade do Rio, o interesse pela remoção dos moradores da comunidade era grande. Porém, como estavam estabelecidos e organizados no local ha algum tempo, eles conseguiram se organizar e criar a Associação de Moradores do Santa Marta, que existe e atua no morro até os dias de hoje.

O prédio da Associação se encontra no início do morro, após subir o pé da escada, numa viela, na Av. Padre Hélio, número 25. É um prédio de quatro andares onde funcionam a administração, tem um salão para eventos, onde acontecem os encontros do grupo e as aulas de dança, há também uma sala para aulas de informática, e no último andar uma laje, com uma vista privilegiada tanto da comunidade, quanto da cidade.

A Associação de Moradores é um centro que agrega diversos eventos comunitários da favela. Está disponível para realização de confraternizações e é um local que procura agregar e colaborar com todos os moradores.

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Dinamicas e jogos

Para decidirem os temas que serão tratados nos próximos encontros, ao final de todas as dinâmicas Joana e Jueslânia pedem aos adolescentes que escrevam o tema que mais tem curiosidade e depositem na caixa de sugestões. Uma semana antes de cada encontro, as agentes se reúnem para discutir os temas sugeridos e escolher o que julgam mais importante para ser abordado.

Elas recorrem a muita pesquisa em livros, internet e aos profissionais da clínica para se familiarizarem ao assunto e estarem preparadas para as perguntas que poderão surgir. 0 método que as agentes encontraram como melhor forma de fazer com que os jovens se envolvam nos temas, é através de dinâmicas e jogos que são criados ou adaptados por elas. Em cada reunião Joana e Jueslânia apresentam o assunto de forma bastante simples, trazendo natruralidade ao tema.

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TEMAS SUGERIDOS E JOGOS

Os temas já tratados desde o início do grupo foram: gravidez na adolêscencia, DST, homofobia, auto estima, sexo, cuidados com o corpo, responsibilidade, tuberculose, higiene e contaminação, colocação de preservativos, reciclagem, entre outros. Geralmente o tema mais pedido é relacionado a sexualidade, um assunto recorrente e que desperta muita curiosidade nessa fase da vida dos jovens.

A seguir serão citados como foram realizados alguns dos jogos:

Jogo da verdade e consequência sobre sexo:As agentes escreveram perguntas sobre sexo em

cartolinas, as cortaram em formato retangular e as revestiram com contact. Elas faziam as perguntas para cada adolescente e eles deveriam responder verdad ou falso. Caso o jovem errasse a resposta, deveria realizar a consequência que era solicitada.

Jogo do DSTAs agentes pintaram as mãos de alguns jovens

de quatro cores: azul, amarelo, vermelho e branco e colocaram luvas nas mãos de outros. Então solicitaram

que cada um apertasse a mão de um colega. Após esse processo elas pediram para que os jovens que ficaram com a mão da mesma combinação de cor se runissem.

Elas explicaram que cada combinação de cor gerada com os apertos de mãos representavam as relações sexuais sem preservativo, o que gerou uma doença sexualmente transmissível. Com isso, mostraram letras com a cor de cada grupo, que representavam a doença que foi gerada e pediram para que eles formassem a palavra com o nome da doença. Em seguida, pediram para que quem estava com a luva e que também apertou a mão de todos os participantes, retirassem as luvas, o que revelou as mãos limpas e consequentemente nenhuma doença por conta da utilização de preservativo.

Jogo da TuberculoseAs agentes dividiram os jovens em dois grupos e

fizeram um jogo de tabuleiro com perguntas sobre tuberculose. Os jovens deveriam responder se a pergunta feita era verdadeirou ou falsa. Vencia quem acertasse o maior número de respostas

Jogo da Auto EstimaAs agentes levaram um chapéu e disseram para os

jovens que dentro do chapéu continha a foto de alguém

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famoso e que eles deveriam dizer se ‘tiravam’ o chapéu para essa pessoa ou não. O que os adolescents não sabiam, era que, na realidade, dentro do chapéu havia um espelho e que eles deveriam dizer se ‘tiravam’ o chapéu para si mesmo, o que fez com que os jovens refletissem sobre suas atitudes.

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Para o grupo crescer

O Grupo de Adolescentes Vida em Movimento hoje acontece na Associação de Moradores, e é fruto do esforço de pessoas que se dedicam voluntariamente por acreditarem na importância desse trabalho. Ele conta com alguns apoiadores, poucos, mas muito importantes.

O crescimento ficou evidente nos últimos meses, desde o seu primeiro encontro muitas coisas mudaram e se renovaram. E pessoas passaram e acrescentaram ao grupo.

A vontade das agentes de saúde em trabalhar com os temas de educação e saúde com adolescentes se tornou realidade, porém o grupo ainda caminha com dificuldades, mas busca atingir autonomia e poder se tornar um grupo chamado de Multiplicador. Elas têm o objetivo de chegar a toda a comunidade, do pé ao pico. Mas para crescer não basta apenas terem maior número de pessoas frequentando, é preciso criar uma estrutura sólida para o grupo, em vários sentidos.

Por ser um grupo voluntário, é preciso contar com a boa vontade das pessoas para contribuírem. Além das dinâmicas realizadas pelas agentes, que precisam sempre de matérias diversos, o grupo faz um lanche de confraternização, distribui camisinhas e kits odontológicos, os alunos precisam de roupas adequadas para as aulas de dança, etc. Todas essas questões pesam

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muito no dia-a-dia das reuniões. Não ter os apoios consolidados pode acabar por enfraquecer e frustrar tanto os organizadores, quanto os adolescentes. Por isso, é muito importante o apoio externo de pessoas que se comprometam e acreditem na relevância do grupo.

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Documento redigido e elaborado com apoio das alunas de Design da PUC-Rio Betina Monte-Mór, Fernanda Costa e Paula Bohm.

Junho de 2012.