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Documento do Banco Mundial APENAS PARA USO OFICIAL Relatório nº 72350-BR BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOCUMENTO DO PROGRAMA PARA UM EMPRÉSTIMO PROPOSTO NO MONTANTE DE US$ 150 MILHÕES PARA O ESTADO DE SERGIPE COM GARANTIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PARA UM EMPRÉSTIMO PARA POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO EM APOIO A POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO NO ESTADO DE SERGIPE 11 de abril de 2013 Departamento de Desenvolvimento Humano Unidade de Gestão de País Brasil Região da América Latina e do Caribe Este documento está sendo divulgado antes de ser considerado pelo Conselho de Administração. Isso não implica que já se pressupõe o resultado. Este documento poderá ser atualizado após sua consideração pelo Conselho e a versão atualizada será divulgada de acordo com a política do Banco sobre acesso à informação. Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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Documento do

Banco Mundial

APENAS PARA USO OFICIAL

Relatório nº 72350-BR

BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO

DOCUMENTO DO PROGRAMA

PARA UM EMPRÉSTIMO PROPOSTO

NO MONTANTE DE US$ 150 MILHÕES

PARA O

ESTADO DE SERGIPE

COM GARANTIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

PARA UM

EMPRÉSTIMO PARA POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO EM APOIO A

POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO NO ESTADO DE SERGIPE

11 de abril de 2013

Departamento de Desenvolvimento Humano

Unidade de Gestão de País – Brasil

Região da América Latina e do Caribe

Este documento está sendo divulgado antes de ser considerado pelo Conselho de Administração. Isso não implica

que já se pressupõe o resultado. Este documento poderá ser atualizado após sua consideração pelo Conselho e a

versão atualizada será divulgada de acordo com a política do Banco sobre acesso à informação.

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ii

BRASIL – EXERCÍCIO FINANCEIRO DO GOVERNO

1º de janeiro a 31 de dezembro

EQUIVALÊNCIA CAMBIAL

(Taxa de Câmbio em 23 de outubro de 2012)

Unidade Monetária Real (R$)

US$ 1,00 R$ 2,02

PESOS E MEDIDAS

Sistema Métrico

ADEMA Administração Estadual do Meio Ambiente (State Environmental

Administration)

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento (Inter-American Development

Bank)

BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (International

Bank for Reconstruction and Development)

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (National Bank

for Economic and Social Development)

CADIN Cadastro Informativo dos Créditos Não Quitados com o Estado (State

Registry of Unpaid Credits)

CadÚnico Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Single Registry

for Social Programs of the Federal Government)

CEAC Centro de Atendimento ao Cidadão (Citizens’ Attention Center)

COHIDRO Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação (Company

for Development of Water Resources and Irrigation)

CPS Estratégia de Parceria de Países (Country Partnership Strategy)

DPL Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento (Development Policy Loan)

EMDAGRO Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (State Company for

Agriculture and Livestock Development)

FMI Fundo Monetário Internacional (International Monetary Fund)

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação (Fund for Maintenance and

Development of Basic Education and Valorization of Education

Professionals)

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brazilian Institute of

Geography and Statistics)

IDE Investimento Direto Estrangeiro (Foreign Direct Investment)

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Basic Education

Development Index)

i-Gesp Sistema Integrado de Gestão Pública (Integrated Financial Management

Information System)

IOF Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a

Títulos e Valores Mobiliários (Tax on Financial Transactions)

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Institute for Economic Analysis)

IPSAS Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (International

Public Sector Accounting Standards)

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal (Fiscal Responsibility Law)

PFM Gestão das Finanças Públicas (Public Financial Management)

PIB Produto Interno Bruto (Gross Domestic Product)

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (National Household Survey)

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PNAIC Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Literacy at the Right

Age Program)

PPA-P Plano Plurianual Participativo (Multiyear Participatory Plan)

RCL Receita Corrente Líquida (Net Current Revenue)

SEAGRI Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural (State

Secretariat of Agriculture and Rural Development)

SEED Secretaria de Estado da Educação (State Secretariat of Education)

SEFAZ Secretaria de Estado da Fazenda (State Secretariat of Finance)

SEIDES Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social

(State Secretariat of Inclusion, Protection and Social Development)

SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (State

Environmental and Water Resources Secretariat)

SEPLAG Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão (State

Secretariat of Planning, Budget and Management)

SEPM Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (Special State Secretariat

of Women)

SES Secretaria de Estado da Saúde (State Secretariat of Health)

SIGA Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (Integrated Management School

System)

SUAS Sistema Único de Assistência Social (Social Assistance System)

SUS Sistema Único de Saúde (Unified Health System)

Vice-Presidente:

Diretora de País:

Gerente Setorial:

Chefe da Equipe do Projeto:

Hasan A. Tuluy

Deborah L. Wetzel

Joana Godinho

Tania Dmytraczenko

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BRASIL

SERGIPE: INCLUIR PARA DESENVOLVER

SUMÁRIO

SÍNTESE DO EMPRÉSTIMO E DO PROGRAMA

Error! Bookmark not defined. I. INTRODUÇÃO

Error! Bookmark not defined. II. CONTEXTO DO PAÍS

Error! Bookmark not defined. A. EVOLUÇÃO ECONÔMICA RECENTE NO BRASIL .......................................................... 2 B. PANORAMA MACROECONÔMICO ATUAL .................................................................... 4 C. EVOLUÇÃO SOCIOECONÔMICA E FISCAL RECENTE EM SERGIPE ......................... 7

III. O PROGRAMA DO GOVERNO E OS PROCESSOS PARTICIPATIVOS .............................. 10 IV. APOIO DO BANCO AO PROGRAMA DO GOVERNO

Error! Bookmark not defined. A. JUSTIFICATIVA PARA O ENVOLVIMENTO DO BANCO E CONEXÃO COM A CPS

Error! Bookmark not defined. B. COLABORAÇÃO COM O FMI E OUTROS DOADORES

Error! Bookmark not defined. C. ESCOLHA DO INSTRUMENTO E RELAÇÃO COM OUTRAS OPERAÇÕES DO

BANCO

................................................................................................................................................. Erro

r! Bookmark not defined. D. LIÇÕES EXTRAÍDAS

Error! Bookmark not defined.6 E. FUNDAMENTOS ANALÍTICOS

Error! Bookmark not defined. V. A OPERAÇÃO PROPOSTA – SERGIPE: INCLUIR PARA DESENVOLVER....................... 20

A. DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO.............................................................................................. 20 B. ÁREAS DE POLÍTICA

Error! Bookmark not defined. VI. IMPLEMENTAÇÃO DA OPERAÇÃO ......................................................................................... 40

A. IMPACTOS SOCIAIS E SOBRE A POBREZA .................................................................... 40 B. ASPECTOS AMBIENTAIS

Error! Bookmark not defined. C. IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Error! Bookmark not defined. D. ASPECTOS FIDUCIÁRIOS

Error! Bookmark not defined. E. DESEMBOLSO E AUDITORIA

Error! Bookmark not defined. F. RISCOS E MITIGAÇÃO DE RISCOS ................................................................................... 50

ANEXOS

ANEXO 1. SERGIPE: CARTA DE POLÍTICAS ........................................................................................ 54 ANEXO 2. SERGIPE: INCLUIR PARA DESENVOLVER – MATRIZ DE POLÍTICAS ..................... 83 ANEXO 3. VISÃO GERAL DO PAÍS E DO ESTADO .............................................................................. 88 ANEXO 4. ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE FISCAL...................................................................... 92 ANEXO 5. RELAÇÕES FISCAIS INTERGOVERNAMENTAIS NO BRASIL ..................................... 101 ANEXO 6. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO ..................................................... 104

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ANEXO 7. IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Error! Bookmark not defined. ANEXO 8. IMPACTOS SOCIAIS E SOBRE A POBREZA

Error! Bookmark not defined.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Brasil: Indicadores Macroeconômicos, 2005-2016 ........................................................................... 4 Tabela 2. Valor Agregado (% do total) ............................................................................................................. 7 Tabela 3. Ações de Política Propostas para o Programa Sergipe: Incluir para Desenvolver ........................... 22 Tabela 4. IDEB das Escolas Estaduais de Sergipe, 2009 .................................................................................. 32 Tabela 5. PIB per Capita de Sergipe em Relação ao de Outros Estados .......................................................... 36

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. PIB Real, 2000-2010 (2000=100) ..................................................................................................... 7

LISTA DE CAIXAS

Caixa 1: O Federalismo Fiscal Brasileiro e o Controle do Desempenho Fiscal Subnacional ........................... 6 Caixa 2: Princípios de Boas Práticas Relativas à Condicionalidade ................................................................. 221

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O documento Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento “Sergipe: Incluir para Desenvolver” foi elaborado por uma

equipe do BIRD composta por Tania Dmytraczenko (Chefe da Equipe do Projeto, LCSHH), Daniela Pena de Lima

(Chefe Adjunta da Equipe do Projeto, LCSHH), Magnus Lindelow (LCSHD), José Manuel Rodriguez Alvarez (LCSPS),

Rafael Chelles Barroso (LCSPE), Leandro Oliveira Costa (LCSHE), Maria Madalena dos Santos (LCSHE), Maria de

Fátima Amazonas (LCSAR), Alberto Coelho Gomes Costa (LCSSO), Gunars Platais (LCSEN) e Joseph Kizito Mubiru

(LCSFM). Esta operação foi realizada sob a orientação geral de Deborah L. Wetzel (Diretora de País, LCC5C), Keith

Hansen (Diretor Setorial, LCSHD) e Joana Godinho (Gerente Setorial, LCSHH). A revisão por pares ficou a cargo de

Bert Voetberg (SASHN), Jonas Frank (PRMPS), Andreas Blom (AFTED), Jorge Muñoz (ARD), Juan Carlos Parra

Osorio (SDV) e Roland Clarke (LCSPS).

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SÍNTESE DO EMPRÉSTIMO E DO PROGRAMA

BRASIL

SERGIPE: INCLUIR PARA DESENVOLVER

Mutuário Estado de Sergipe, Brasil, com garantia da República Federativa do

Brasil

Entidade executora Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão de

Sergipe (SEPLAG)

Dados do

financiamento

US$ 150 milhões

Tipo de operação Empréstimo para políticas de desenvolvimento não parcelado a ser

desembolsado na efetivação do empréstimo

Principais áreas de

política

O empréstimo proposto apoiará medidas de política destinadas a:

Consolidar as inovações na gestão fiscal e no setor público

Ampliar o acesso a serviços públicos de saúde e educação de

melhor qualidade

Promover o desenvolvimento socioeconômico e o crescimento

inclusivo no interior do Estado

Principais

indicadores de

resultado

Ampliar a capacidade de resposta às queixas dos cidadãos nos

Centros de Atendimento ao Cidadão (CEACs) ao aumentar, de

15% para 90%, a parcela de queixas que recebem uma explicação

por escrito em CEACs específicos

Reduzir o prazo para produzir os relatórios gerenciais acordados

por meio do i-Gesp, o Sistema Integrado de Gestão Pública

Aumentar a receita com a arrecadação de impostos em atraso de

0,43% para 0,52% do saldo de impostos em atraso

Aumentar a porcentagem de maternidades que adotam o protocolo

para a classificação de risco na realização do parto para 75% de

todas as maternidades geridas pelo Estado

Reduzir o índice de cesarianas no hospital de referência

Maternidade Nossa Senhora de Lourdes de 55,2% para 50,2%

Aumentar em 40% o número de gestores escolares selecionados

por mérito e com compromissos de gestão firmados

Aumentar o número de municípios que recebem apoio do

Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) para

38 (50% do total de municípios do Estado)

Aumentar em dez vezes o número de unidades de pequenos

produtores capacitados nos Núcleos de Produção de Leite e que

vendam pelo menos 90% da sua produção para mercados privados

e públicos/institucionais

Aumentar em 20% o número de pequenos produtores incluídos no

Programa de Produção Agroecológica e vinculados a Organizações

de Controle Social que vendam diretamente em feiras

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agroecológicas e para mercados privados e públicos/institucionais

Aumentar para 50% o número de trabalhadores sazonais que se

beneficiam do programa Mão Amiga incluídos no programa

Sergipe Alfabetizado, com 1/8 sendo mulheres

Aumentar em 5% o número de famílias com renda per capita

inferior a R$ 70,00 por mês que vivem nos 15 municípios mais

pobres incluídas no CadÚnico

Aumentar em 75% o número de mulheres em situação de violência

ou vulnerabilidade atendidas na Rede de Atendimento à Mulher

Vítima de Violência

Objetivo(s) de

desenvolvimento do

programa e

contribuição para a

Estratégia de

Parceria com o País

(CPS)

O objetivo das políticas de desenvolvimento da operação proposta é

melhorar a gestão do setor público e ampliar o acesso a serviços

públicos de qualidade e as oportunidades econômicas para os

extremamente pobres no Estado de Sergipe.

A operação proposta é plenamente compatível com o objetivo geral da

Estratégia de Parceria com o Brasil para o período 2012–15 e com os

objetivos estratégicos de aumentar a eficiência dos investimentos

públicos, melhorar a qualidade dos serviços públicos e ampliar a sua

oferta, e promover o desenvolvimento econômico regional. Também

está inteiramente alinhada com a meta do Governo de Sergipe de

erradicar a pobreza, conforme descrito no Plano Plurianual

Participativo (PPA-P) 2012-2015.

Riscos e mitigação

de riscos

A análise de riscos para esta operação vai de riscos moderados a

baixos e depende, em sua maior parte, do nível e da situação da

implementação das reformas propostas, da secretaria executora

responsável, da adesão necessária das partes envolvidas e de a reforma

de políticas ser um mandato do Estado ou depender de outros atores

nas esferas nacional ou subnacional. Os riscos específicos por

categoria são:

Fatores nacionais, estaduais e setoriais: risco moderado a baixo

Fatores sociais e ambientais: risco moderado (social), risco moderado

(ambiental)

Fatores fiduciários: risco baixo

Fatores institucionais e de implementação: risco moderado a baixo

De modo geral, as medidas de mitigação abrangem o planejamento e

monitoramento detalhados das ações necessárias, a capacitação de

funcionários e campanhas de comunicação.

Número da operação P129652

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DOCUMENTO DO PROGRAMA PARA UM

EMPRÉSTIMO PROPOSTO PARA O ESTADO DE SERGIPE

COM GARANTIA DA

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PARA UM

EMPRÉSTIMO PARA POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO EM APOIO A

POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO NO ESTADO DE SERGIPE

I. INTRODUÇÃO

1. A operação proposta é um Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento (DPL)

não parcelado para o Estado de Sergipe, no montante de US$ 150 milhões. O objetivo de

desenvolvimento do programa é apoiar o Governo de Sergipe no fortalecimento de políticas

públicas que melhorem a gestão do setor público e ampliem o acesso dos extremamente

pobres a serviços públicos de qualidade e a oportunidades econômicas no Estado. Este DPL é

plenamente compatível com a Estratégia de Parceria com o Brasil do Banco Mundial para os

exercícios financeiros de 2012 a 2015 (Relatório nº 63731-BR), discutido pelos Diretores

Executivos em 1º de novembro de 2011. A CPS está fundamentada nas estratégias regionais

do Banco e da Corporação Financeira Internacional, as quais visam criar oportunidades de

crescimento e trabalho, concentrar-se nos pobres e vulneráveis, fortalecer a governança,

promover a ação coletiva global e estimular a inovação e a competitividade do setor privado.

2. Desde o início dos anos 1990, o Brasil vem testemunhando uma redução

sustentada da pobreza e da desigualdade, e a parcela dos brasileiros que vivem em

situação de pobreza caiu de 42% em 1990 para 21% em 2009.1 Os pobres se beneficiaram

de níveis de inflação mais baixos, do crescimento econômico, de um aumento acelerado do

salário mínimo, da liberalização do comércio e da consequente geração de empregos. Entre as

iniciativas direcionadas em favor dos pobres, destacam-se o programa de transferência de

renda de âmbito nacional Bolsa Família, as transferências por meio da Previdência Social,

os investimentos significativos em todos os níveis e os programas de desenvolvimento rural

de grande escala de inspiração comunitária em toda a região Nordeste. A melhoria dos

indicadores do consumo e da renda foi acompanhada por avanços importantes em uma série

de indicadores de bem-estar não ligados à renda, como acesso a saúde, educação, água

potável, saneamento e eletrificação. Com relação à desigualdade, o coeficiente de Gini recuou

de pouco menos de 0,61 para cerca de 0,54, e a incidência da pobreza extrema caiu

praticamente duas vezes mais rápido do que a da pobreza como um todo.

3. Contudo, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios no combate à pobreza,

à vulnerabilidade e à exclusão social, sobretudo na região Nordeste e na sua zona rural. A pobreza no Brasil continua mais arraigada na zona rural (29%) do que nas grande regiões

metropolitanas (10%) e nos centros urbanos menores (13%). Cerca de 59%2 dos pobres do

país residem na região Nordeste, principalmente em áreas rurais, vilarejos e pequenas cidades,

onde a atividade econômica costuma girar em torno da agricultura e dos serviços relacionados

a ela. O crescimento no Nordeste equivaleu ou superou as taxas nacionais ao longo da década

passada; contudo, o ponto de partida com relação à renda e ao bem-estar foi

1 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, 2010.

2 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2010.

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consideravelmente mais baixo do que a média nacional e, assim, são necessários

investimentos sustentados e reformas para fechar essa lacuna.

4. Embora Sergipe tenha um desempenho relativamente bom no que tange aos

principais indicadores de desenvolvimento frente aos demais Estados do Nordeste, ele

fica bem atrás da média nacional. Nos últimos anos, os indicadores da educação, da saúde e

do aumento da renda subiram a um ritmo mais acelerado do que em outros Estados

nordestinos, o que se traduziu no índice de desenvolvimento humano mais alto na região.

Apesar dos avanços, Sergipe ainda figura bem abaixo da média nacional no tocante aos

principais indicadores de desenvolvimento. O Governo de Sergipe reconhece que, para

reduzir essa diferença, será necessário atingir os segmentos mais pobres da população. Para

tanto, o Governo delineou um programa ambicioso para erradicar a pobreza no Estado, o qual

está alinhado com o programa Brasil sem Miséria, do Governo Federal. Além disso, por meio

de um processo de planejamento participativo, definiu uma série de estratégias destinadas a

aliviar a pobreza e buscou o apoio do Banco Mundial para pô-la em prática.

5. O DPL proposto enfocará três áreas de política identificadas pelo Governo como

desafios à consecução dos seus objetivos de redução da pobreza. São elas:

i) a consolidação das inovações na gestão fiscal e no setor público; ii) a ampliação do acesso a

serviços públicos de saúde e educação de melhor qualidade e iii) a promoção do

desenvolvimento socioeconômico e do crescimento inclusivo no interior do Estado.

II. CONTEXTO DO PAÍS

A. EVOLUÇÃO ECONÔMICA RECENTE NO BRASIL

6. A economia brasileira desacelerou de forma considerável em 2011 e 2012.

O crescimento do PIB real foi fraco, registrando 0,9% em 2012, frente a 2,7% em 2011. Com

uma tendência de crescimento estimada em cerca de 4%, essa desaceleração representa um

grande enfraquecimento do desempenho econômico. A desaceleração decorreu de fatores

internos e externos. Políticas monetárias e fiscais mais austeras destinadas a controlar

pressões de superaquecimento anteriores enfraqueceram a demanda interna. A demanda

externa foi reduzida por um enfraquecimento prolongado e pela incerteza nas economias

avançadas, bem como pela desaceleração do crescimento nas principais economias

emergentes, como a China. Embora a desaceleração tenha sido sentida de forma generalizada,

a produção industrial e a demanda por investimentos foram afetadas de forma

desproporcional.

7. Os indicadores recentes oferecem sinais tênues de que a recuperação está

ganhando força. Dados trimestrais apontam para a melhoria da demanda por investimentos

no fim de 2012, após quatro trimestres consecutivos de contração. O impulso do fim de 2012

também se acelerou no setor de serviços, ao passo que a produção industrial teve uma ligeira

desaceleração, embora tenha sido mantida uma tendência positiva. Dados mensais indicam

um bom crescimento da produção industrial em janeiro (em torno de 2,5% em comparação

com o mês anterior e descontada a sazonalidade), o que, de modo geral, foi o caso em cerca

de 67% das empresas industriais. No mesmo intervalo, a produção de bens de capital

começou a registrar um forte crescimento, de 8,2%, após dois meses de declínio.

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8. O desempenho decepcionante do crescimento brasileiro levou a várias

intervenções na forma de políticas. Inicialmente, a política monetária passou por um ciclo

de forte relaxamento, com a taxa referencial de juros sendo reduzida em 525 pontos-base,

para um nível sem precedentes de 7,25% em outubro de 2012, ciclo esse que foi recentemente

interrompido. A política fiscal ganhou um viés mais expansionista, na esteira de um

enfraquecimento cíclico da arrecadação e de medidas de estímulo discricionárias na forma de

cortes de impostos e aumento dos gastos, o que levou a um superávit primário de 2,4%, bem

abaixo da meta de 3,1%. As intervenções no campo fiscal se destinavam a reanimar a

indústria por meio de reduções dos encargos sobre a folha salarial, financiamento maior e a

custo mais baixo por intermédio de bancos federais, cortes nos impostos sobre bens de

consumo duráveis selecionados e redução do custo da energia. Um imposto sobre as

transações financeiras e uma intervenção mais firme no câmbio ajudaram a reverter a

apreciação real da taxa de câmbio, o que respaldou a competitividade externa da indústria.

Tabela 6. Brasil: Indicadores Macroeconômicos, 2005-2016

9. O lado financeiro da economia brasileira suportou bem a desaceleração. O sistema bancário manteve a sua solidez e resiliência. Apesar da rápida expansão do crédito,

taxas de juros mais baixas aliviaram a pressão sobre os devedores, contendo a inadimplência e

permitindo que os indicadores da qualidade dos ativos se mantivessem estáveis de modo

geral. Os indicadores de solvência e de liquidez permaneceram em níveis confortáveis.

Estimativas

Indicador 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Contas nacionais

Crescimento do PIB real 4,0 6,1 5,2 -0,3 7,5 2,7 0,9 3,1 3,7 3,5 3,7

Investimento interno bruto 16,8 18,3 20,7 17,8 20,2 19,7 17,6 20,8 21,2 21,5 21,9

Setor externo

Conta corrente 13,6 1,6 -28,2 -24,3 -47,3 -52,5 -54,2 -62,9 -69,3 -82,7 -87,4

Saldo do comércio de mercadorias 46,5 40,0 24,8 25,3 20,1 29,8 19,4 15,0 14,5 8,2 6,2

Exportações (FOB) 137,8 160,6 197,9 153,0 201,9 256,0 242,6 262,2 274,8 299,8 331,2

Importações (FOB) 91,4 120,6 173,1 127,7 181,8 226,2 223,2 247,2 260,3 291,6 325,0

Serviços não fatores, líquidos -9,6 -13,2 -16,7 -19,2 -30,8 -37,9 -41,1 -41,9 -44,9 -45,9 -47,1

Renda e transferências correntes, líquidas -23,2 -25,3 -36,3 -30,3 -36,6 -44,3 -32,6 -36,0 -38,9 -45,0 -46,5

Investimento direto, líquido -9,4 27,5 24,6 36,0 36,9 67,7 68,1 60,0 60,0 60,8 62,9

Ações em carteira, líquidas 1 6,8 24,8 -7,3 39,7 43,9 16,0 3,3 4,6 4,7 4,8 4,9

Reservas internacionais brutas 85,8 180,3 193,8 238,5 288,6 352,0 373,1 390,6 404,7 423,9 437,3

Conta corrente (% do PIB) 1,3 0,1 -1,7 -1,5 -2,2 -2,1 -2,4 -2,4 -2,5 -2,8 -2,7

Governo geral

Total das receitas e doações 34,6 34,3 35,0 33,9 35,4 35,0 35,0 35,3 35,4 35,5 35,5

Total da despesa 38,1 36,9 36,3 36,9 38,1 37,6 38,1 38,2 38,3 38,3 38,2

Despesas correntes 36,1 35,1 34,0 34,7 34,1 35,4 35,6 35,7 35,7 35,7 35,5

das quais: pagamentos de juros 6,8 6,1 5,4 5,2 5,2 5,7 5,4 5,2 5,1 5,0 4,9

Despesas de capital 1,9 1,8 2,2 2,2 4,0 2,3 2,5 2,5 2,6 2,6 2,7

Saldo primário 3,3 3,5 4,1 2,2 2,5 3,1 2,4 2,3 2,2 2,2 2,2

Saldo global -3,5 -2,6 -1,3 -3,0 -2,7 -2,6 -3,0 -2,9 -2,9 -2,8 -2,7

Dívida bruta do setor público 66,7 65,2 63,5 66,9 65,2 64,9 65,0 62,7 60,6 58,7 56,9

Preços

Deflator do PIB 6,1 5,9 8,3 7,2 8,2 7,0 6,0 5,5 5,3 4,9 4,9

Índice de preços ao consumidor (fim do período)

3,1 4,5 5,9 4,3 5,9 6,5 5,8 5,7 5,5 5,3 4,9

Preços ao produtor (fim do período) 4,3 9,4 9,8 -4,1 13,8 4,1 11,1 5,2 5,0 4,7 4,7

Por memória:

PIB nominal (em bilhões de R$) 2.369 2.661 3.032 3.239 3.770 4.143 4.403 5.294 5.768 6.273 6.809

Fonte: FMI, BCB, IBGE, EIU, cálculos do Banco Mundial.

(em bilhões de US$, salvo indicação em contrário)

(em porcentagem do PIB)

(variação percentual anual)

Nota 1: Ações em carteira não abrangem títulos da dívida.

(variação percentual real anual)

(em porcentagem do PIB)

Projeções

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Quanto ao balanço de pagamentos, o déficit em transações correntes fechou 2012 em 2,4%,

em vista da deterioração da balança comercial, porém o investimento direto estrangeiro

continuou a ser mais do que suficiente para cobrir esse déficit. Contudo, os fluxos de carteira

demonstraram uma volatilidade significativa: dinamizados pelos diferenciais de taxas de

juros, os fluxos de entrada foram elevados até que a aversão ao risco crescesse em todo o

mundo, a taxa de juros de referência fosse reduzida e as transações financeiras passassem a

ser tributadas.

B. PANORAMA MACROECONÔMICO ATUAL

10. O crescimento deve fortalecer-se gradativamente ao longo de 2013, encerrando o

ano em 3,1%. A expectativa é que a demanda interna impulsione a economia. À medida que

a confiança do consumidor se fortaleça, o consumo — que havia desacelerado, mas se

mantinha relativamente resiliente — deve ser impulsionado pelos fundamentos da economia

favoráveis. O investimento havia sofrido um forte recuo, porém deve recuperar-se com a

melhora do sentimento e será ajudado pelo desenvolvimento de novos campos de petróleo

offshore e pelos preparativos para os grandes eventos dos próximos anos. Embora a

conjuntura externa deva estabilizar-se, ou até mesmo melhorar, a contribuição da demanda

externa deve permanecer reduzida por fatores estruturais que afetam a competitividade das

exportações, bem como pelo provável aumento da demanda por importações em decorrência

do fortalecimento da demanda interna.

11. As perspectivas para a inflação continuam a constituir um desafio. O hiato

negativo do produto resultante do fraco desempenho recente da economia não evitou o

surgimento de pressões inflacionárias, uma tendência que deve ser acentuada ainda mais à

medida que a recuperação se consolide. Os riscos inflacionários surgiram em função do

rápido crescimento da massa salarial (superando o aumento da produtividade), em parte

devido à escassez da oferta de mão de obra, com os aumentos de salário afetando os preços

dos serviços em especial. Com vistas ao futuro, as autoridades precisarão encontrar um

equilíbrio entre o apoio à retomada da economia e a proteção contra a volta da inflação.

12. Os riscos para o panorama no curto prazo continuam centrados na conjuntura

externa. A deterioração da economia mundial causada por uma possível desaceleração nos

Estados Unidos e/ou na China, combinada com um agravamento da situação fiscal em alguns

países da zona do euro, poderia traduzir-se em uma queda da demanda externa pelos produtos

exportados pelo Brasil e em uma deterioração das relações de troca. O Brasil também

permanece vulnerável ao sentimento do mercado, o que constitui um risco para a entrada de

fluxos de carteira e de investimento direto estrangeiro (IDE). Contudo, as vulnerabilidades

externas do Brasil são atenuadas por vários fatores, como o nível adequado de reservas

externas, a composição favorável da dívida externa, a cobertura integral da conta corrente

pelo IDE e um nível de modo geral baixo de abertura comercial.

13. Uma desaceleração prolongada pode pôr em risco a consecução das metas fiscais. Caso a economia permaneça fraca, os resultados fiscais podem se deteriorar, tanto em função

do crescimento mais fraco da receita e da elevação das despesas em decorrência do ciclo,

como da possibilidade de mais estímulos fiscais e quase-fiscais. Outros riscos fiscais a serem

monitorados decorrem de múltiplas fontes, como o aumento do salário mínimo em janeiro de

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2013, a desoneração de determinados setores da indústria e as atividade quase-fiscais do

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

14. O quadro macroeconômico global do Brasil é considerado adequado e sustentável

no médio prazo. O quadro de políticas do Brasil (mais detalhes sobre o federalismo fiscal

brasileiro podem ser encontrados na Caixa 1, abaixo) permitiu às autoridades dispor de espaço

suficiente para responder a crises atuais e passadas, valendo-se de um conjunto de medidas

fiscais, monetárias e externas para estimular a demanda. A dívida bruta do setor público deve

cair no futuro, a despeito das dificuldades em manter o saldo fiscal diante das grandes

necessidades de investimento e da pressão exercida pelo aumento das despesas correntes.

A flexibilidade do câmbio e o nível relativamente elevado de reservas externas proporcionam

uma segurança a mais no que diz respeito às contingências externas.

15. O principal desafio do Brasil no médio prazo é tirar proveito do seu potencial de

crescimento ainda não explorado. Para continuar a subir mais degraus na escala da renda

per capita e, ao mesmo tempo, garantir o crescimento inclusivo e sustentável, o Brasil

precisará tirar partido desse potencial, criando melhores condições para o crescimento. Isso

exigirá explorar não apenas a dinâmica do crescimento interno no país (que está ligada ao

grande mercado interno e à crescente classe média), mas também obter mais benefícios da

atual integração do Brasil à economia mundial.

16. Para energizar os fatores de crescimento subjacentes, serão necessários esforços

determinados ao longo de vários anos para enfrentar os gargalos estruturais de longa

data. Entre esses desafios, o principal é a necessidade de acelerar a formação de capital

humano e reforçar a sua qualidade, a fim de elevar os padrões de vida e impulsionar o

crescimento da produtividade. Além disso, é preciso elevar os investimentos públicos e

privados para eliminar os crescentes gargalos em termos de infraestrutura e assentar as bases

para o crescimento liderado pela inovação. Ademais, outros desafios dizem respeito à

importância de desenvolver um mercado de capitais privado de longo prazo, um mercado de

trabalho mais flexível e um ambiente de negócios mais ágil que promova a concorrência

interna e a competitividade externa.

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Caixa 3: O Federalismo Fiscal Brasileiro e o Controle do Desempenho Fiscal Subnacional

A orientação da política fiscal dos Estados brasileiros sempre foi um elemento importante da gestão

macroeconômica no Brasil. Até o fim da década de 1990, as políticas fiscais expansionistas adotadas pelos

Estados e a falta de um controle efetivo do endividamento resultaram em frequentes crises da dívida

subnacionais. Em três diferentes ocasiões (1989, 1993 e 1997), o Governo Federal foi obrigado a assumir e

reescalonar as dívidas dos Estados. A maior operação ocorreu em 1997, ao abrigo da Lei 9,496, quando a

União reestruturou dívidas estaduais no montante de R$ 200 bilhões (o equivalente a 12% do PIB do país).

Na operação de 1997, as dívidas foram refinanciadas em 30 anos. Essa dívida refinanciada, chamada de dívida

intralimite, paga uma taxa de juros real de 6%, com o valor nominal da dívida sendo corrigido pela inflação.

O serviço da dívida ficou limitado a 13% da receita líquida corrente dos Estados. Todo montante do serviço da

dívida acima desse teto é recapitalizado e acrescido ao saldo da dívida intralimite. Caso haja saldos residuais

no fim do período do acordo (2028), o Estado deve pagá-los no prazo de 10 anos.

O resgate de 1997 foi feito sob a condição de os Estados adotarem programas de ajuste fiscal e reformas

estruturais de médio prazo. Em contrapartida do pacote de resgate, os contratos de renegociação da dívida

estabelecem a implementação de Programas de Ajuste Fiscal (PAFs) em períodos móveis de três anos a serem

acordados entre a Secretaria do Tesouro Nacional e os 25 Estados cujas dívidas foram resgatadas pelo Tesouro

durante o período do contrato. Os PAFs estabelecem metas anuais para o endividamento, saldos primários,

gastos com pessoal, receita tributária e investimentos públicos, a fim de garantir uma redução gradual do

endividamento. Além disso, esses programas preveem reformas estruturais, como privatizações ou outras

iniciativas de modernização do setor público.

Os controles sobre o desempenho fiscal subnacional foram reforçados ainda mais com a aprovação da Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF) em 2000. A LRF institucionalizou a disciplina fiscal em todos os níveis de

governo, com a adoção de fortes restrições orçamentárias no âmbito de um marco único. Ela proíbe

terminantemente as operações de refinanciamento de dívida entre diferentes níveis do governo, atacando assim

o problema do risco moral nas relações fiscais intergovernamentais decorrente de sucessivos resgates

financeiros. Resoluções complementares do Senado Federal também proíbem a obtenção de empréstimos se:

i) a dívida consolidada líquida for duas vezes maior que a receita corrente líquida (RCL) ii) as novas operações

de financiamento ultrapassarem 16% da RCL e (iii) o serviço da dívida ultrapassar 11,5% da RCL. Também é

proibido tomar empréstimos caso isso vá contra os cronogramas de redução da dívida definidos nos acordos de

renegociação da dívida no âmbito da Lei 9.496. Por último, conforme resolução do Senado Federal, a emissão

de títulos pelos governos subnacionais está proibida até 2020.

Esse sistema de controles resultou em superávits estaduais e municipais sucessivos - um ajuste que continuou

ao longo de quatro mandatos federais. Além disso, esse sistema também favoreceu a adoção de programas de

despesa pelos governos subnacionais. Além dos controles sobre o endividamento, as exigências da LRF

aumentaram a transparência e fortaleceram as práticas orçamentárias.

Transparência: Informações sobre a execução do orçamento e o cumprimento da LRF — inclusive uma

declaração das medidas corretivas caso os dispositivos pertinentes tenham sido descumpridos — são prestadas

regularmente. Os municípios e os estados também são obrigados a informar os resultados da execução fiscal

do ano anterior ao Ministério da Fazenda. Cabe ao Poder Legislativo de cada esfera de governo, auxiliada pelo

respectivo Tribunal de Contas, monitorar a observância das metas e tetos fiscais.

Instituições orçamentárias: A LRF estipula metas fiscais obrigatórias mais rigorosas na elaboração da Lei de

Diretrizes Orçamentárias (LDO), reforçando seu papel na preparação do orçamento e na gestão das finanças

públicas de modo geral. A LRF também prevê uma avaliação detalhada dos passivos contingentes do governo

e reforça o vínculo entre a Lei Orçamentária Anual (LOA) e a LDO. Existe também uma lei complementar

sobre crimes fiscais que se aplica a todas as esferas da administração pública, prevendo até a detenção das

autoridades que deixarem de cumprir a LRF.

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C. EVOLUÇÃO SOCIOECONÔMICA E FISCAL RECENTE EM SERGIPE

17. Sergipe sofreu graves efeitos da crise fiscal e externa do país no fim da década de

1980 e início da década de 1990. De 1985 a 1990, embora o Brasil tenha crescido 2% ao ano,

em média, e a região Nordeste, 0,2%, a taxa de crescimento média de Sergipe foi de -7,1%.

O único investimento do Governo Federal digno de nota feito em Sergipe nesse período foi a

construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, que foi inaugurada em 1994, mas só passou a

operar plenamente em 1997. A participação do Estado no PIB regional caiu para 4,3% em

1995 e recuou ainda mais, para 4,1%, em 2000.3

18. A economia do Estado ganhou algum impulso recentemente. A agropecuária e a

indústria de transformação cresceram 44,9% e 26,4%, respectivamente, entre 2004 e 2010, em

Sergipe, frente a 8,4% e 15% na região Nordeste como um todo. Contudo, em função das

flutuações na indústria extrativa, o PIB global em Sergipe cresceu 24,8%, ritmo semelhante

ao da região Nordeste (25,4%). No entanto, dados mais recentes, de 2011 e 2012, mostram

que a economia sergipana novamente está apresentando um desempenho inferior ao da

economia nacional. As vendas no varejo cresceram 15,7% no Brasil e 5,9% no Estado entre

2010 e 2012. A produção de petróleo cresceu 0,6% no país no mesmo período, mas recuou

2,2% em Sergipe. A produção de cimento também registrou um crescimento fraco no Estado

(4,9%), frente a 8,6% de crescimento registrado no país como um todo em 2011.

Figura 2. PIB Real, 2000-2010 (2000=100) Tabela 7. Valor Agregado (% do total)

19. A composição do PIB de Sergipe é, de modo geral, semelhante à do Brasil, salvo

algumas notáveis diferenças. A indústria de transformação responde por cerca de dois terços

do valor agregado pela indústria no país como um todo, ao passo que a sua participação no

Estado é inferior a um terço.4 Em contrapartida, a indústria extrativa e os serviços públicos

(eletricidade, gás, água) representam mais de 40% do valor agregado pela indústria em

Sergipe, porém menos de 20% no Brasil, conforme indicado na Tabela 2.

3 Fonte: IBGE e Ipeadata.

4 Em 2010, as atividades da indústria de transformação e a indústria extrativa combinada com os serviços

públicos representavam, respectivamente, 58% e 22% da participação no total da atividade industrial no PIB

brasileiro, enquanto os números para esses mesmo setores em Sergipe eram 26% e 47%, respectivamente.

95

100

105

110

115

120

125

130

135

140

145

150

155

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Brasil Nordeste Sergipe

Brasil Sergipe

Agropecuária 5,3 4,6

Indústria 28,1 28,6

Indústria extrativa 3,0 5,8

Indústria de transformação 16,2 7,4

Serviços públicos 3,2 7,8

Construção civil 5,7 7,6

Serviços 66,6 66,9

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Finanças Públicas em Sergipe

20. As principais fontes de receita de Sergipe são transferências do Governo

Federal.5 Em 2011, as transferências representaram 44,7% das receitas do Estado, ao passo

que as receitas tributárias responderam por 36,5%. Essa relação foi praticamente mantida nos

últimos três anos. Também em 2011, as transferências totalizaram R$ 3,1 bilhões e as receitas

tributárias somaram R$ 2,4 bilhões. A principal transferência vem do Fundo de Participação

dos Estados (FPE) e a principal fonte de tributos é um imposto sobre o valor agregado —

R$ 2,5 bilhões e R$ 2 bilhões, respectivamente, em 2011. As receitas aumentaram entre 2004

e 2011, passando de R$ 3,6 bilhões para R$ 6,6 bilhões, um crescimento médio anual de

8,9%. A única exceção foi 2009, quando as receitas caíram 2,6% em decorrência da crise. O

ritmo de crescimento das receitas mostrou-se instável. Por exemplo, elas cresceram 13,7% em

2010, mas apenas 6,1% em 2011. Embora as principais fontes de aumento do montante da

receita tenham sido as transferências federais e os impostos sobre o valor agregado, as

maiores taxas de crescimento foram registradas na arrecadação de taxas (21,4%) e do Imposto

sobre a Transmissão Causa Mortis e por Doação (18,2%).

21. A principal despesa do Estado é com a folha de pessoal — R$ 3,8 bilhões em

2011. A segunda maior é com bens e serviços (R$ 1,4 bilhão), seguida pelas transferências

para os municípios (R$ 0,6 bilhão). Os pagamentos de juros sobre a dívida somaram

R$ 120 milhões e a amortização da dívida, R$ 164 milhões. Com a soma dessas duas rubricas,

o serviço da dívida equivale a 4,3% das receitas. Por último, as despesas de investimento

totalizaram R$ 418 milhões, o equivalente a 6,3% das receitas do Estado. As despesas

cresceram, em média, 9,7% ao ano, entre 2004 e 2011. A principal causa foi a remuneração de

funcionários, que teve um crescimento médio de 11,4%, acrescendo R$ 2 bilhões em novas

despesas entre 2004 e 2011. Durante a crise de 2009, as receitas diminuíram, mas as despesas

cresceram 10,1%, revelando a dificuldade do Governo de controlar os gastos e mantê-los em

linha com o desempenho das receitas.

22. Em termos das funções, a composição das despesas está bastante concentrada na

educação, saúde e segurança pública. Essas três rubricas representaram 41% do total das

despesas do Governo em 2011. Essa concentração é compatível com o padrão notado em

outros Estados e reflete a divisão de responsabilidades pela execução das despesas na

federação. Ela explica também a participação maior da folha salarial nas contas do Governo,

pois essas atividades exigem muita mão de obra.

23. Embora Sergipe venha obtendo bons resultados fiscais, houve uma deterioração

nos últimos anos. As despesas cresceram mais do que as receitas entre 2004 e 2011 — 9,7%

e 8,9%, respectivamente. Esse padrão se traduziu em saldos operacionais brutos menores,

ainda que positivos. Em 2004, esse saldo equivalia a 15,5% da receita corrente líquida (RCL),

mas, em 2011, havia caído para 5,7% da RCL. Da mesma maneira, o saldo primário

deteriorou-se, passando de números rigorosamente positivos de 2004 a 2008 para um déficit

médio de R$ 209 milhões de 2009 a 2011. O desequilíbrio entre as taxas de crescimento das

receitas e das despesas se tornou mais proeminente após a crise de 2009, quando as despesas

cresceram 10% em termos reais, enquanto as receitas caíram 2,6%. Nos dois anos seguintes,

o ritmo de crescimento das despesas foi igual ou superior ao do crescimento das receitas, uma

5 Para mais detalhes sobre as relações fiscais intergovernamentais, consulte o Anexo 5.

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indicação de que o Estado encontrava dificuldades em controlar as despesas e restabelecer o

equilíbrio fiscal anterior à crise.

24. O Governo vem cumprindo os limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF), embora os coeficientes de endividamento tenham subido. Em 2011,

os gastos com a folha, conforme definidos na Lei de Responsabilidade Fiscal, chegaram a

56,6% da RCL. A razão dívida consolidada líquida/receita corrente líquida está em 46,2%,

acima dos 24,4% registrados em 2008, porém ainda abaixo do limite de 200%. Essa elevação

se deve à nova dívida contraída pelo Estado após três anos sem qualquer desembolso, a fim de

reforçar os níveis de investimento público. Apesar do endividamento maior, o serviço da

dívida em 2011 (5,8% da RCL) está praticamente no mesmo nível que em 2008 (5,7% da

RCL), quando a razão dívida consolidada líquida/RCL esteve no seu nível mais baixo.

O Estado não tem nenhuma garantia pendente e, nos últimos dois anos, o montante dos

recursos de empréstimos foi inferior a 16% da RCL.

25. Os riscos fiscais estão sob controle e não constituem uma ameaça para a

sustentabilidade das finanças do Estado no médio prazo. O principal passivo contingente

tem o seu custo estimado em mais de R$ 170 milhões e se trata de antigos reajustes salariais

da época do lançamento do Plano Real, em 1994. O Estado cumpre as determinações legais

quanto à vinculação de despesas para setores como a educação e a saúde. Mais

especificamente, paga aos professores o salário mínimo definido em nível nacional e cumpre

as exigências de vinculação dos gastos com saúde estabelecidas na recém-aprovada Lei

Complementar Federal 141/12.

26. A dívida do Estado de Sergipe é sustentável, pois, em nenhum dos cenários,

as projeções da razão dívida/receitas apresentam um aumento constante. Além do

cenário atual, em que todas as variáveis são mantidas constantes, foram construídos dois

outros cenários. O cenário de referência prevê uma ligeira contenção do crescimento das

despesas em termos reais e uma taxa de investimento de 8,2% da RCL. O cenário mais

pessimista pressupõe um declínio das receitas nos primeiros anos e uma elevação das taxas de

investimento financiada por um aumento do endividamento. Em todos os três cenários,

a razão dívida consolidada líquida/RCL cai para menos de 10% até 2021, apesar de seguir

trajetórias diferentes.

27. O Governo de Sergipe conta com um quadro macroeconômico adequado, um

programa de despesas, e acordos fiscais com o governo central. Embora os saldos fiscais

tenham sofrido uma deterioração nos últimos anos, o déficit primário está melhorando e não é

alto em relação à RCL. Além disso, não é necessário um corte drástico das despesas para que

o Estado volte a gerar saldos primários positivos, mesmo que ele venha a aumentar os gastos

de investimento de forma moderada. As despesas são compatíveis com as regras fiscais e com

as responsabilidades atribuídas aos Estados no arcabouço federativo brasileiro. Além disso,

não se preveem riscos fiscais significativos para as finanças do Estado no médio prazo. Por

último, os acordos fiscais intergovernamentais se baseiam principalmente em regras e são

garantidos por preceitos legais. A Caixa 1 e os Anexos 5 e 6 apresentam mais detalhes.

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III. O PROGRAMA DO GOVERNO E OS PROCESSOS PARTICIPATIVOS

28. O programa do Governo de Sergipe reflete o seu compromisso com a inclusão

social, com o alívio da pobreza e com a erradicação da miséria, e está baseado em um

amplo processo de planejamento participativo. Tanto o plano de desenvolvimento de longo

prazo como o plano plurianual do Governo foram elaborados por meio de um processo

participativo, com consultas a uma ampla gama de partes interessadas, como governos

municipais, o setor privado, a sociedade civil e organizações não governamentais (ONGs).

Começando em 2007, o Governo lançou novos mecanismos de participação dentro do seu

processo de planejamento. Foram organizadas conferências em todos os 75 municípios para

identificar as demandas prioritárias das populações locais e eleger representantes municipais

para oito conferências territoriais, as quais foram organizadas posteriormente para discutir e

selecionar demandas com abrangência territorial e estadual. No fim de 2008, foi convocada

uma conferência estadual, e planos de ação, projetos e metas prioritários foram acordados

entre o Estado e a sociedade. Cerca de 24 mil pessoas participaram da primeira rodada de

conferências municipais e identificaram 8.671 ações prioritárias; 900 representantes

municipais participaram das conferências territoriais e estaduais. As ações prioritárias

aprovadas, voltadas para produtos e resultados no curto prazo, foram consolidadas no Plano

Plurianual Participativo (PPA-P).

29. Em 2011, o Governo aprofundou o desenvolvimento dos processos de

planejamento participativo na tentativa de incorporar objetivos estratégicos de médio e

longo prazo. A elaboração do plano estratégico de longo prazo do Estado evoluiu de uma

tentativa de reunir e alinhar os conhecimentos técnicos necessários para a gestão estratégica e

orçamentária, a participação dos cidadãos e o controle social sobre o planejamento e a

implementação de políticas. Inicialmente, as secretarias e os órgãos estaduais se reuniram

para discutir as diretrizes estratégicas do Governo e definir as áreas prioritárias.

Posteriormente, a implementação do PPA-P anterior pelo Governo foi avaliada em uma nova

rodada de conferências territoriais que reuniram centenas de representantes municipais. Mais

de 80% das 377 propostas identificadas nessas conferências foram incluídas no

PPA-P 2012-15. As políticas apoiadas por essa operação foram examinadas e validadas nessas

conferências e, em seguida, incluídas nas diretrizes estratégicas do Governo.

30. Além disso, assim como em outros Estados do Brasil, cada setor do Governo

recorre a conselhos estaduais, que atuam como órgãos consultivos e deliberativos, para a

aprovação das suas políticas e ações, bem como aos serviços de um ombudsman para

resolver as queixas dos cidadãos. Assim, as políticas apoiadas por esta operação foram

discutidas e aprovadas em quatro conselhos estaduais — Conselho Estadual de Assistência

Social, de Desenvolvimento Rural Sustentável, de Saúde e de Educação —, que reúnem

representantes do Estado e da sociedade civil. As Secretarias da Saúde e da Educação também

contam com o serviço de ombudsman, que pode ser acessado pessoalmente ou por meio de

linha direta, correio, emails ou pela Internet; esses serviços mantêm registros, respondem a

consultas e apresentam um relatório anual sobre as reclamações e queixas. Esse novo modelo

de governança reforçou a transparência e a prestação de contas. O Governo de Sergipe criou

dois órgãos na sua estrutura de planejamento: a “Sala de Situação” e o Observatório de

Sergipe. Os objetivos são: a) estabelecer uma política de gestão de informações econômicas,

estatísticas, geográficas e cartográficas destinada a melhorar a análise das políticas públicas

usando os indicadores socioeconômicos de forma mais robusta; b) monitorar a implementação

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do plano estratégico de longo prazo e do PPA-P, apoiar o processo de tomada de decisões e

ampliar o acesso da sociedade a informações sobre as políticas públicas; e c) melhorar a

divulgação e a disseminação de informações e aumentar a transparência.

31. Por meio do processo de planejamento participativo descrito acima, o Estado de

Sergipe identificou estratégias destinadas a alcançar o objetivo da erradicação da

pobreza extrema até 2016. Os quatro eixos estratégicos definidos no PPA-P 2012-2015 são:

1) desenvolvimento social e afirmação da cidadania; 2) gestão pública de excelência;

3) infraestrutura produtiva e logística; e 4) desenvolvimento econômico inclusivo. O PPA-P

também resume os principais desafios para a consecução desse objetivo e estabelece as

políticas e programas prioritários em cada eixo. O programa apoiado por este DPL está

plenamente alinhado com o programa do Governo descrito no PPA-P. Algumas características

de destaque do programa do Governo nas áreas apoiadas pelo DPL — os eixos 1, 2 e 4,

especialmente — são descritos abaixo.

Eixo 1: Desenvolvimento social e afirmação da cidadania

32. O Governo de Sergipe reconhece que a saúde ruim é um grande obstáculo para a

consecução dos objetivos de desenvolvimento social. O Governo estabeleceu como pontos

centrais do seu plano estratégico fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) em Sergipe e

estruturar a prestação do serviço de saúde de modo a assegurar o direito dos cidadãos à saúde.

Com esse objetivo em mente, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) está implementando uma

série de iniciativas; entre as mais pertinentes para esta operação, destacam-se: i) melhorar o

atendimento materno, neonatal e infantil na rede do SUS em Sergipe; ii) melhorar e ampliar

as Clínicas de Saúde da Família; iii) ampliar a oferta regional de atendimento especializado,

inclusive em casos de gravidez de alto risco; iv) expandir e tornar mais eficiente o Serviço de

Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que prevê o transporte de gestantes em casos de

emergência e v) ampliar o acesso a fármacos ao aumentar a participação no programa

Farmácias Populares.

33. As políticas educacionais do Governo de Sergipe estão inteiramente alinhadas

com as do Ministério da Educação. O Estado adotou a estratégia do Ministério para

melhorar os indicadores da educação, o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.

Nessa estratégia, os Estados são obrigados a formular um Plano de Ações Articuladas (PAR).

O plano de Sergipe foi estruturado em 2011, em torno das seguintes áreas principais:

i) a qualidade do programa de ensino, centrado no desenvolvimento de atividades para apoiar

o crescimento intelectual e cognitivo, as capacidades e as habilidades dos alunos para que se

tornem pessoas bem preparadas e cidadãos melhores; ii) a expansão do ensino secundário e

técnico por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

(PRONATEC); iii) a modernização da gestão da educação com a adoção de um sistema

meritocrático e a participação da comunidade escolar na seleção dos gestores das escolas, com

ênfase na formulação de estratégias baseadas nas escolas, abrangendo a comunidade escolar,

os pais e outras partes interessadas no processo de tomada de decisões referentes às escolas;

iv) a criação de um programa para o desenvolvimento curricular a fim de fortalecer as

metodologias de ensino para melhorar o aprendizado; v) a melhoria da infraestrutura escolar,

do material didático e dos equipamentos em apoio ao aprendizado; vi) o desenvolvimento e a

melhoria de sistemas de monitoramento e avaliação para apoiar o reforço da qualidade e

vii) a prestação de assistência técnica aos 75 sistemas de educação municipais para reforçar a

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qualidade do ensino nas escolas municipais. As políticas apoiadas por este DPL fazem parte

dessa estratégia mais ampla.

34. Na área da proteção social e da inclusão produtiva, o objetivo do Governo é

promover o acesso das populações socialmente vulneráveis e em situação de risco a

atividades de geração de renda. As iniciativas do Governo para alcançar esse objetivo são:

i) a expansão dos programas de transferência de renda e o apoio aos produtores sazonais de

cana-de-açúcar e laranja no âmbito do programa Mão Amiga; ii) a criação de centros de

assistência social de referência, bem como centros para a inclusão produtiva; iii) feiras

agroecológicas; iv) a implementação de atividades de defesa civil, como a criação de grupos

comunitários em áreas de risco; v) a promoção de atividades para aumentar a qualificação

profissional das populações vulneráveis; vi) incentivos ao empreendedorismo e à organização

de cooperativas para promover atividades de geração de renda e vii) a centralização e a

expansão dos serviços para trabalhadores, como a colocação de emprego e outras atividades

para integrar os trabalhadores no mercado de trabalho.

Eixo 2: Gestão pública de excelência

35. O programa do Governo prevê como desafio macro a promoção da gestão

pública com inovação e qualidade, sob a coordenação da Secretaria de Estado de

Planejamento, Orçamento e Gestão (SEPLAG). Essa política implica interações com a

Secretaria da Fazenda (SEFAZ), a Secretaria de Comunicação Social (SECOM),

a Controladoria Geral do Estado (CGE) e a Secretaria da Administração (SEAD). Os

objetivos são: i) orientar as ações públicas de modo melhorar a resposta às demandas dos

cidadãos, enfatizando a inovação e a qualidade dos serviços públicos prestados, adotando uma

cultura empreendedora para fortalecer a prestação de contas pelos resultados, estabelecendo

sistemas de avaliação e reforçando os programas estratégicos do Governo; ii) promover a

otimização das receitas do Estado e o equilíbrio das finanças públicas, melhorando os

mecanismos legais, operacionais, tecnológicos e de gestão para buscar o reforço dos sistemas

tributário, fiscal e contábil; e iii) fortalecer os meios de comunicação e a gestão pública do

Estado, incorporando o conhecimento e a transparência às ações do governo e reforçando as

ferramentas de comunicação e inclusão social.

36. No âmbito dessa política, o programa do Governo em termos de gestão pública

prevê doze iniciativas. As que estão mais diretamente conectadas às atividades abrangidas

por esta operação são as seguintes: i) estabelecer e disseminar programas, projetos e

ferramentas tecnológicas para a modernização da gestão pública do Estado, como, entre

outras, o i-Gesp, o Programa de Modernização Financeira, o Programa de Modernização das

Receitas e da Gestão Fiscal, Financeira e de Ativos; ii) ampliar os canais de acesso virtual aos

serviços públicos e prover uma infraestrutura de informação apropriada para oferecer, por

meio da Internet, informações de interesse público sobre o Estado de Sergipe e sobre as ações

do Governo, dando prioridade a bases de dados econômicos, cartográficos, geográficos e

estatísticos; iii) promover a comunicação aberta para assegurar a transparência das ações do

governo, usando todos os canais à disposição para chegar aos cidadãos; iv) reforçar a

educação fiscal, sobretudo ao estimular os cidadãos a exigir a nota fiscal e v) otimizar a

recuperação de dívidas fiscais, combatendo a evasão fiscal e criando cadastros de

contribuintes devedores.

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Eixo 4: Desenvolvimento econômico inclusivo

37. O programa de desenvolvimento territorial é o ponto central da estratégia de

desenvolvimento econômico inclusivo do Governo de Sergipe. O programa visa reduzir as

grandes desigualdades entre a região metropolitana e o interior do Estado, bem como entre

determinados grupos populacionais — por exemplo, negros e brancos, e mulheres e homens.

O programa do Governo prevê: i) o estabelecimento da infraestrutura básica para apoiar a

produção (como o abastecimento de água, cisternas, armazéns comunitários, a eletrificação

rural); ii) a criação de hortas comunitárias; iii) o apoio à melhoria da administração do

agronegócio familiar; iv) a promoção de parcerias entre os agricultores familiares e os

mercados institucionais; v) o apoio aos agricultores familiares por meio de empréstimos,

seguro agrícola e desenvolvimento de projetos para a comercialização da produção de

pequenos agricultores do semiárido do Estado; vi) o fortalecimento das cadeias produtivas de

importância estratégica, inclusive a produção de derivados do leite; vii) a recuperação e

manutenção da infraestrutura de irrigação para uso comunitário e viii) a estruturação da

produção de sementes e a criação de um banco de sementes para promover a autossuficiência

na produção desses insumos.

38. Outro objetivo de desenvolvimento importante do Governo de Sergipe é

promover a igualdade de gênero por meio da inclusão social e econômica das mulheres. Para aumentar a capacidade do Estado para formular e implementar políticas visando a

igualdade de gênero, foi criada recentemente a Secretaria Especial de Políticas para as

Mulheres (SEPM). Os seus principais objetivos são reduzir todas as formas de violência

contra a mulher, melhorar os serviços prestados às vítimas e promover a autonomia

econômica das mulheres em todo o Estado por meio da capacitação e de programas de

emprego. Para ser mais eficaz na promoção da igualdade de gênero, a Secretaria visa

fortalecer o monitoramento institucional da implementação dos programas e políticas de

gênero e incorporar as questões de gênero a todos os setores. Para tanto, a Secretaria está:

i) ampliando a coordenação com secretarias-chave para incorporar as questões de gênero aos

programas estaduais; ii) adotando um quadro de políticas abrangente para promover políticas

sustentáveis de igualdade de gênero e iii) formulando um plano de ação para a gestão

estratégica com vistas a padronizar a prestação e os tipos de serviços oferecidos às mulheres

vítimas de violência.

IV. APOIO DO BANCO AO PROGRAMA DO GOVERNO

A. JUSTIFICATIVA PARA O ENVOLVIMENTO DO BANCO E CONEXÃO COM A

ESTRATÉGIA DE PARCERIA COM O BRASIL (CPS)

39. O objetivo mais amplo da Estratégia de Parceria com o Brasil (CPS) do Grupo

do Banco Mundial para 2012–15 (Relatório nº 63731-BR), discutida pelos Diretores

Executivos em 1º de novembro de 2011, é ajudar o Brasil a alcançar sua meta de

crescimento mais acelerado, mais inclusivo e com mais sustentabilidade ambiental, em

um ambiente de estabilidade macroeconômica. As prioridades do Brasil na sua parceria

com o Banco Mundial estão estabelecidas nessa Estratégia de Parceria. A estratégia está

centrada em problemas de desenvolvimento de segunda geração que exigem soluções

inovadoras, em termos de melhoria dos quadros de política nacionais e da busca de maneiras

de implementar programas com os governos subnacionais. Especificamente, a CPS identifica

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quatro objetivos estratégicos: i) aumentar a eficiência dos investimentos públicos e privados;

ii) melhorar a qualidade e ampliar a prestação de serviços públicos para famílias de baixa

renda; iii) promover o desenvolvimento econômico regional e iv) continuar a melhorar a

gestão sustentável dos recursos naturais e a aumentar a resiliência ao clima, ao mesmo tempo

em que contribui para o desenvolvimento das economias locais e ajuda a suprir a crescente

demanda mundial por alimentos.

40. A CPS contempla a manutenção ou aumento dos empréstimos aos Estados e

municípios, com destaque para as operações multissetoriais. O Governo Federal está

interessado no apoio do Banco Mundial a governos subnacionais como forma de reforçar a

implementação de políticas nacionais, que vão desde o arcabouço da responsabilidade fiscal

até programas estratégicos de investimento na área social e em infraestruturas. Os governos

subnacionais demandam soluções integradas para o desenvolvimento multissetorial que

superem desafios complexos e multidimensionais para o desenvolvimento e combinem apoio

técnico e financeiro, usando instrumentos personalizados.

41. O objetivo da operação proposta é apoiar o Estado de Sergipe no fortalecimento

de políticas públicas que melhorem a gestão do setor público e ampliem o acesso dos

extremamente pobres a serviços públicos de qualidade e a oportunidades econômicas.

Assim, a operação proposta é plenamente compatível com o objetivo mais amplo da CPS para

os exercícios financeiros de 2012 a 2015 e com os objetivos estratégicos de aumentar a

eficiência dos investimentos públicos, melhorar a qualidade e ampliar a prestação dos serviços

públicos, e promover o desenvolvimento econômico regional.

B. COLABORAÇÃO COM O FMI E OUTROS DOADORES

42. Considerando que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não trabalha

diretamente com os governos estaduais, não houve uma colaboração direta com o Fundo

nesta operação específica. Contudo, o Banco Mundial e o Fundo cooperam intensamente

para o programa do Brasil como um todo. Isso é compatível com o Plano de Ação Conjunto

do FMI–Banco Mundial (JMAP), que, no intuito de melhorar a coordenação na esfera

nacional, preconiza que técnicos do Banco Mundial e do Fundo se consultem pelo menos uma

vez por ano quando da elaboração de seus planos de trabalho. Os escritórios do Banco

Mundial e do Fundo no Brasil também têm se reunido regularmente.

43. As principais instituições de fomento que operam no Brasil são o Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o

Banco Mundial. Apenas o BID atua em Sergipe no momento. Ele concluiu recentemente as

negociações para um empréstimo de US$ 5,8 milhões para Sergipe, que fortalecerá a gestão

fiscal no intuito de reforçar a geração de receitas e aumentar a eficácia e a qualidade das

despesas públicas. Além disso, US$ 1,7 milhão foram transferidos para Sergipe por meio de

um projeto federal, o Programa Nacional de Apoio à Modernização da Gestão e do

Planejamento dos Estados Brasileiros e do Distrito Federal (PNAGE). A área de política 1 do

DPL será inteiramente coordenada com os projetos de gestão fiscal e do setor público do BID.

44. O Governo também está preparando um empréstimo para o setor de saúde com o

BID. O projeto, a ser implementado de 2013 a 2016, terá quatro componentes:

i) o fortalecimento da administração da saúde por meio da capacitação e da implementação de

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sistemas administrativos; ii) a expansão da rede de atendimento especializado,

particularmente com relação ao tratamento do câncer e aos serviços para os portadores de

deficiências; iii) a melhoria das condições de vida das populações que vivem em situação de

pobreza extrema mediante investimentos em saneamento e a substituição dos materiais para a

construção de moradias que abrigam vetores de doenças e iv) o monitoramento e a avaliação.

Essas áreas abrangidas pelo futuro projeto do BID são distintas das apoiadas por este DPL;

assim os dois empréstimos são complementares.

C. ESCOLHA DO INSTRUMENTO E RELAÇÃO COM OUTRAS OPERAÇÕES DO

BANCO

45. DPL ou Empréstimo para Investimento. A operação apoia um conjunto de reformas

institucionais e de política vinculadas ao programa do Governo de Sergipe para promover a

inclusão social e erradicar a pobreza extrema. Além de ser claro e coerente, o programa se

baseia em um processo de planejamento participativo robusto. Até o momento, o apoio ao

Estado se deu na forma de empréstimos para investimento. O Estado solicitou um empréstimo

de desembolso rápido para permitir investimentos estratégicos e identificou uma série de

reformas institucionais e de política que apoiariam a implementação eficaz do programa.

O sistema de gestão das finanças públicas do Estado tem regras e controles internos sólidos,

além de uma definição clara das responsabilidades e dos mecanismos institucionais para a

gestão das finanças públicas. Portanto, um DPL é o instrumento apropriado para apoiar o

Estado.

46. DPL não parcelado ou em duas parcelas? Um DPL não parcelado foi considerado

apropriado porque permitiria o desembolso rápido de recursos para suprir as necessidades

prementes de financiamento do Estado. Poderão ser consideradas as maneiras possíveis de

manter o envolvimento com o Estado em áreas prioritárias, dependendo do interesse do

Estado e da capacidade de financiamento do Banco Mundial.

47. Este DPL será a terceira operação com o Estado de Sergipe. As operações

anteriores foram empréstimos para investimentos específicos. O componente do

desenvolvimento rural e da inclusão produtiva deste DPL tira partido do envolvimento

anterior no âmbito do Projeto Integrado de Combate à Pobreza Rural do Estado de Sergipe

(P110614, Empréstimo 7595-BR), o qual foi aprovado em 2008 e busca ajudar o Estado a

reduzir os níveis de pobreza rural ao melhorar o bem-estar e a renda dos pobres em áreas

rurais. O Programa de Redução da Pobreza Rural apoiado por esse projeto se baseou em uma

“marca” de desenvolvimento impulsionado pela comunidade característica do Nordeste

brasileiro e contribuiu para a criação de associações comunitárias e para a operação de

conselhos municipais deliberativos em 78 municípios. Essa abordagem — que tem como

premissa a gestão dos recursos pelos beneficiários, a definição de metas simples, claras e

verificáveis, a transparência e a parceria com as autoridades locais e com a sociedade civil —

contribuiu para a melhoria da interação entre as comunidades e as autoridades locais, para

uma participação mais eficaz dos agricultores familiares pobres no processo de tomada de

decisões na esfera municipal e para o aumento da transparência e do controle social sobre as

decisões municipais. Assim, o Programa de Redução da Pobreza Rural continua a ser um

instrumento crucial para a consecução dos objetivos de redução da pobreza rural nos Estados

do Nordeste. Mais recentemente, em janeiro de 2012, o Banco Mundial aprovou o Projeto

Águas de Sergipe (P112074, Empréstimo 8113-BR). Esse projeto apoia melhorias na

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qualidade de vida da população local e no meio ambiente como um todo por meio do

abastecimento de água para aproximadamente 2 milhões de pessoas que vivem em Sergipe.

Está alinhado com o programa Água para Todos, do Governo Federal, que beneficia o Estado

e visa garantir à população rural e a famílias em extrema pobreza amplo acesso a água, seja

para consumo ou para a produção de alimentos e para a pecuária. O seu enfoque é altamente

complementar em relação ao DPL. Especificamente, as ações anteriores do DPL relacionadas

a práticas agrícolas sustentáveis e à inclusão produtiva complementam as intervenções

apoiadas pelo Projeto Águas de Sergipe que buscam promover o uso sustentável dos recursos

e o aumento da renda das famílias rurais e dos grupos menos favorecidos.

48. Não houve operações com o Estado no setor social. Contudo, o DPL é compatível

com os projetos federais na área da saúde e os complementa. Destacam-se o Projeto de

Investimentos para a Qualificação do Sistema Único de Saúde – QUALISUS-REDE

((P088716, Empréstimo 7632-BR), que também apoia a criação de redes regionais de saúde

em alguns Estados, e o Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da Família – PROESF

(P095626, Empréstimo 7545-BR), que apoia a implementação da Estratégia de Saúde da

Família em municípios selecionados, inclusive dois em Sergipe. Embora o

QUALISUS-REDE não ofereça qualquer tipo de financiamento ao Estado de Sergipe,

o enfoque do DPL em termos de políticas está estreitamente vinculado com as reformas e os

instrumentos apoiados por essa operação federal.

49. Em todos os setores, a operação estará estreitamente alinhada com outros DPLs

no Brasil e, em especial, no Nordeste. Atualmente, existem DPLs em apoio a temas de

política semelhantes nos Estados da Bahia (Desenvolvimento Socioeconômico para o

Crescimento Inclusivo – P126351, Empréstimo 8177-BR), de Pernambuco (Expandindo as

Oportunidades e Aumentando a Equidade no Estado de Pernambuco – P106753, Empréstimo

8142-BR) e do Piauí (Crescimento Verde e Inclusão no Piauí – P126449, Empréstimo

8128-BR). Isso oferece oportunidades significativas de fecunda complementação e

aprendizado.

D. LIÇÕES EXTRAÍDAS

50. A concepção da operação proposta se baseia em lições extraídas da

implementação de DPLs em todo o mundo, bem como das experiências recentes com

DPLs estaduais no Brasil. Ao preparar a operação, o Banco Mundial visou implementar as

boas práticas destacadas no documento 2009 Development Policy Retrospective, que passa em

revista as políticas de desenvolvimento à época.6 Destacam-se a adaptação do programa

conforme as necessidades do Estado, a aplicação de princípios de boas práticas de

condicionalidade (Caixa 2, abaixo) e a definição de um quadro de resultados com vínculos

claros entre as ações apoiadas pelo DPL, os resultados previstos e os objetivos do Governo de

Sergipe.

51. As experiências com os DPLs recentes na esfera estadual sublinham a

importância da adesão do cliente ao programa de reformas, a necessidade de um estreito

diálogo com o Estado e a importância da coordenação com o Governo Federal. O plano

estratégico do Governo de Sergipe foi formulado por meio de um amplo processo

6 World Bank, 2010a.

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participativo, e as ações apoiadas pela operação do Banco Mundial estão plenamente

alinhadas com as estratégias definidas, muitas das quais antecipam a implementação de

programas nacionais. Ademais, as ações de política e os resultados previstos foram

submetidos ao crivo de todas as secretarias envolvidas.

E. FUNDAMENTOS ANALÍTICOS

52. A ampliação do acesso a oportunidades — determinada pela consecução de

funções específicas, como a saúde, educação e a geração autônoma de renda — aumenta

a produtividade global e promove o aprofundamento do crescimento. É necessário adotar

políticas ativas, bem como estabelecer as condições políticas para a sua sustentabilidade,

de modo a desencadear círculos virtuosos entre a equidade, o crescimento e a redução da

desigualdade ex post.7 Ademais, um estudo do Banco Mundial de 2009, “A Comparative

Perspective on Poverty Reduction in Brazil, China and India”, destacou que as reformas da

política social em prol dos pobres desempenham um importante papel na sustentação da

redução da pobreza, mesmo durante um período de estagnação da economia.8

53. Os objetivos e ações de política específicos apoiados por esta operação tiveram

como fundamentação uma análise de dados setoriais e estudos executados pelo Banco

Mundial, pelo Governo ou por outros parceiros. O foco recai também sobre os Objetivos

de Desenvolvimento do Milênio que estão longe de serem atingidos em 2015 (Anexo 7).

54. Gestão fiscal e do setor público: A avaliação do Grupo de Avaliação Independente

de 2010 intitulada “World Bank Engagement at the State Level: The Cases of Brazil, India,

Nigeria, and Russia”, sobre o envolvimento do Banco Mundial no nível estadual, confirmou a

pertinência e o impacto sobre o desenvolvimento das operações subnacionais e validou o forte

enfoque do Banco Mundial na melhoria da gestão do setor público na esfera estadual.9

As operações de empréstimo no Brasil se dão, em sua maioria, no nível subnacional,

sobretudo nos Estados do Nordeste. Normalmente, trata-se de projetos destinados a melhorar

o financiamento e a gestão dos setores — sobretudo os que fazem uso intenso de recursos

humanos, como educação e saúde — e, ao mesmo tempo, modernizar secretarias centrais,

como Fazenda, Planejamento, Recursos Humanos e Gestão Pública (a despeito da maneira

como estejam organizadas as instituições que regem essas áreas temáticas em cada Estado).

Essas operações apoiam melhorias em áreas como arrecadação de tributos, gestão financeira,

coordenação entre o planejamento e o orçamento, gestão dos recursos humanos, gestão do

patrimônio, compras e serviços de informação aos cidadãos, entre outras, sempre com a

intenção de fortalecer os resultados alcançados no setor. A concepção de sistemas coerentes,

sobretudo na gestão de recursos humanos e do patrimônio, exige uma forte coordenação entre

as secretarias centrais e setoriais, bem como a flexibilidade para adaptar os novos sistemas às

necessidades específicas de cada setor. Essa é a abordagem adotada pela última geração de

operações de empréstimo na região Nordeste (entre outras, a Abordagem Setorial Ampla de

Recife e as operações de empréstimo para investimentos específicos em Alagoas, Rio Grande

do Norte e Pernambuco); essa também é a abordagem proposta neste DPL. Além de ser uma

7 Bourguignon et al., 1997; Levy e Walton, 2008.

8 Ravallion, 2009.

9 World Bank, 2010b.

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área central do envolvimento, a gestão do setor público costuma servir como porta de entrada

para um envolvimento mais amplo.

55. Saúde: O estudo recém-concluído pelo Banco Mundial intitulado “Brazil’s Sistema

Único de Saúde After 20 Years: Achievements, Challenges, and Unresolved Issues” confirma

que o Sistema Único de Saúde — cujo fortalecimento é um dos objetivos do Governo de

Sergipe — ajudou a melhorar a cobertura, as condições de saúde e a proteção financeira.10

Esse sucesso se deve, em parte, à expansão da atenção primária de saúde mediante, entre

outras coisas, a priorização do acesso de grupos vulneráveis e de baixa renda por meio do

Programa Saúde da Família. Esse estudo também aponta a necessidade de melhorar os

mecanismos de encaminhamento e a integração entre os prestadores, ampliar o acesso a

atendimento especializado, fortalecer os acordos entre as esferas de governo e fazer com que

eles deem mais ênfase ao desempenho, e reforçar os sistemas de informação enfocando os

indicadores de qualidade. As políticas para a saúde apoiadas no âmbito desta operação

ajudarão a eliminar essas restrições. Elas enfocam especificamente a atenção à saúde materna

porque, a despeito dos avanços na redução da mortalidade materna nos últimos anos,11

é

preciso fazer mais para que o país consiga cumprir o quinto Objetivo de Desenvolvimento do

Milênio, sobretudo nos Estados mais pobres do Nordeste que estão abaixo da média nacional.

No seu estudo na região metropolitana de Aracaju, Ribeiro et al. (2009) revelaram que um

terço das mulheres que passavam por consultas pré-natais recebiam atendimento inadequado e

que a probabilidade de isso ocorrer era maior entre as mulheres pobres que recorriam à rede

pública. As intervenções na saúde materna e neonatal também contribuirão para a consecução

do quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, pois a maioria das mortes infantis

(68,8%) ocorre nos primeiros 28 dias de vida (IBGE 2010).

56. Educação: Foram extraídas experiências de vários estudos e programas desenvolvidos

por outros Estados brasileiros e, em especial, nordestinos que apresentam problemas

semelhantes. Um estudo concluído recentemente pelo Banco Mundial, “Achieving

World-Class Education in Brazil: The Next Agenda”, mostra os principais avanços e

armadilhas no sistema educacional brasileiro nos últimos 15 anos e delineia a agenda futura

para alcançar melhorias na educação nos diferentes níveis.12

Além disso, o estudo do Banco

Mundial “Knowledge and Innovation for Competitiveness in Brazil” faz uma análise da

capacidade do Brasil para produzir conhecimento e inovação em diversos setores.13

Esse

estudo destacou a necessidade de fazer uma reavaliação do sistema educacional brasileiro,

da sua infraestrutura de tecnologia da informação e do quadro de políticas para estimular a

inovação, a fim de assegurar que a economia como um todo cresça rápido o bastante para

acompanhar o ritmo da concorrência mundial e, ao mesmo tempo, garantir avanços na luta

contra a pobreza. Outras lições importantes foram extraídas do estudo “Making School Work:

New Evidence on Accountability Reforms” e do documento “School Resources and

Educational Outcomes in Developing Countries: A Review of the Literature from 1990 to

2010”.14

Este último documento examina estudos publicados durante a última década que

investigam as características específicas de escolas e professores que produzem impactos

10

Gragnolati et al., 2012. 11

Dados dos censos do IBGE de 2000 e 2010. 12

Bruns et al., 2012. 13

World Bank, 2008. 14

Bruns et al., 2011; Glewwe et al., 2011.

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bastante positivos sobre o aprendizado e o tempo passado na escola em países em

desenvolvimento.

57. Desenvolvimento socioeconômico e crescimento inclusivo: Resultados de estudos

setoriais e nacionais foram integrados à concepção de políticas para fomentar o acesso a

mercados e o crescimento da renda, bem como a agricultura sustentável e a inclusão

produtiva. O estudo de 2003 do Banco Mundial intitulado “Rural Poverty Alleviation in

Brazil: Toward an Integrated Strategy” confirmou a pertinência e o impacto sobre o

desenvolvimento de políticas que apoiam os meios de subsistência de pequenos produtores

rurais como esforços cruciais para combater a pobreza e a fome, sobretudo quando uma

abordagem multissetorial é adotada. O Estado de Sergipe fez uma avaliação em 2011

(“Determinação do Perfil Socioeconômico das Unidades Produtoras de Derivados do Leite”),

mapeando o perfil socioeconômico dessas unidades no Alto Sertão Sergipano, uma das

regiões mais pobres do Estado e com uma concentração mais alta de produção de laticínios.15

Esse estudo, que orienta o Estado na estruturação das suas políticas destinadas a ampliar o

acesso aos mercados, aumentar a renda e expandir a agricultura sustentável, identificou as

oportunidades e os desafios enfrentados pela cadeia produtiva dos derivados do leite na região

e delineou opções para aumentar a produtividade e a renda dos produtores. Os investimentos

em conhecimento — sobretudo na forma de tecnologia — apareceram de maneira uniforme e

com destaque na maioria das estratégias para promover o desenvolvimento da agricultura

sustentável. Ademais, as lições extraídas do Projeto Integrado de Combate à Pobreza Rural do

Estado de Sergipe (P110614) oferecem um retrato claro dos avanços e desafios na agricultura

e no desenvolvimento rural, retrato esse que serviu de base para a concepção desta operação.

Em apoio a políticas para promover a proteção social e evitar a violência baseada no gênero,

o relatório “World Development Report 2012: Gender Equality and Development” fornece

indícios de que testemunhar situações de violência entre os pais quando criança constitui um

fator de risco para que as mulheres enfrentem situações de violência do seu próprio parceiro e

para que os homens usem de violência contra a sua parceira. Ademais, dados da Secretaria

Especial de Políticas para as Mulheres indicam que, em Sergipe, há uma correlação positiva

entre a participação na força de trabalho e a violência doméstica para as mulheres com menos

escolaridade ou que eram jovens quando se casaram pela primeira vez. Isso é compatível com

o modelo teórico de que as mulheres com pouco poder de negociação podem enfrentar um

risco maior de violência doméstica ao ingressar na força de trabalho, pois o marido busca

fazer face ao aumento desse poder decorrente da participação da mulher no mercado.

A necessidade de manter-se atento a esse possível risco cresce em vista do aumento da

participação da mulher na força de trabalho e do número de famílias chefiadas por mulheres

entre os censos de 2000 e 2010. Além disso, o World Development Report 2012 constata que

a melhoria da nutrição das mães está associada à melhoria da saúde e do índice de

sobrevivência das crianças. As políticas relacionadas ao gênero apoiadas por este DPL estão

alinhadas com as ações recomendadas no relatório.

15

Ribeiro et al., 2011.

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V. A OPERAÇÃO PROPOSTA – SERGIPE: INCLUIR PARA DESENVOLVER

A. DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO

58. O objetivo das políticas de desenvolvimento da operação proposta é melhorar a

gestão do setor público e ampliar o acesso a serviços públicos de qualidade e a

oportunidades econômicas para os extremamente pobres. O DPL multissetorial enfocará

três áreas de política identificadas pelo Governo como desafios à consecução dos seus

objetivos de redução da pobreza. São elas: i) a consolidação das inovações na gestão fiscal e

no setor público; ii) a ampliação do acesso a serviços públicos de saúde e educação de melhor

qualidade e iii) a promoção do desenvolvimento socioeconômico e do crescimento inclusivo

no interior do Estado. A operação apoiará o Governo de Sergipe na concretização do seu

compromisso de erradicar a pobreza no Estado promovendo reformas estruturais e ampliando

a prestação de serviços públicos essenciais. A operação é compatível com os princípios de

boas práticas para a aplicação da condicionalidade — identificação nacional, harmonização,

adaptação, essencialidade, transparência e previsibilidade.16

A Caixa 2, abaixo, delineia como

esses princípios foram aplicados na preparação deste DPL.

59. O Programa também trata o gênero como uma questão transversal em vista do

efeito dos desequilíbrios entre os gêneros sobre a pobreza no Nordeste (conforme

destacado no Anexo 8 e na análise do impacto social e sobre a pobreza). Especificamente,

o gênero é tratado nas políticas relacionadas à saúde, à inclusão produtiva e à prevenção da

violência baseada no gênero. Para solucionar as questões transversais do gênero, o Estado

criou a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e formulou um plano de ação,

endossado pela equipe do projeto, descrevendo ações para prevenir e mitigar a violência

contra as mulheres, bem como intervenções para proteger as vítimas por meio de uma rede

estadual e de ações multissetoriais para resolver questões mais amplas ligadas ao gênero,

como o emprego. O plano de ação, cujo objetivo é aumentar a eficácia do apoio do Estado,

se concentra em: i) melhorar o diagnóstico das questões de gênero nas esferas regional e

estadual; ii) estabelecer prioridades para o diálogo sobre políticas com os governos

municipais, os atores alheios ao Estado e os parceiros no desenvolvimento; iii) fortalecer a

incorporação das questões de gênero nas instituições do Estado; iv) definir claramente os

papéis e as responsabilidades visando a implementação dessas ações; v) estabelecer um

conjunto de indicadores para monitorar os avanços realizados e vi) oferecer capacitação

adicional e apoio técnico às equipes locais para que trabalhem em conjunto com as Delegacias

da Mulher e o Judiciário. Ademais, o plano de ação do Estado contempla planos de ação

municipais, a serem formulados pelas equipes locais dos Centros de Referência de

Atendimento às Mulheres e por outras instituições.

16

World Bank, 2009 e 2010.

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21

60. As ações prévias que constituem condições para o desembolso dentro da operação

proposta, assim como os resultados previstos, estão sintetizados na Tabela 3. A matriz de

políticas completa é apresentada no Anexo 2.

Caixa 4: Princípios de Boas Práticas Relativas à Condicionalidade

Princípio 1: Reforçar a identificação

Há indícios claros de que a operação apoia políticas e programas com os quais há identificação,

conforme expresso no PPA-P 2012-2015 e em outros documentos da estratégia do Governo.

O PPA-P é resultado de um amplo processo de consultas ao longo de um ano inteiro, fundamentado nos

princípios da participação popular e da transparência (ver a Seção III acima).

O Governo tem um histórico sólido de implementação de reformas, bem como apoio popular, conforme

evidenciado pela reeleição do então governador.

A operação será concluída dentro do mandato do atual Governo; assim, o ambiente de políticas e a

economia política devem se manter estáveis.

Princípio 2: Concordar de antemão com o governo e outros parceiros financeiros a respeito de um esquema

coordenado de responsabilização

A matriz de políticas acordada com o Governo resume as ações de política a serem tomadas antes da

aprovação da operação e delineia claramente as ações, os resultados previstos e os indicadores

mensuráveis usando dados do Governo.

O monitoramento será feito pela SEPLAG e pelas secretarias de cada setor encarregadas de

supervisionar as atividades nas áreas definidas na matriz de políticas.

A operação complementa projetos financiados por outros doadores, bem como outros projetos

financiados pelo Banco Mundial.

Princípio 3: Adaptar o esquema de responsabilização e as modalidades de apoio do Banco Mundial para

atender as circunstâncias do país

O programa do Governo foi a principal fonte das ações de política, as quais foram selecionadas em

parceria com o Governo e estão plenamente alinhadas com o Plano Estratégico do Governo 2011-2014.

A matriz de políticas foi submetida ao crivo de todas as secretarias envolvidas.

Princípio 4: Selecionar, como condições de desembolso, tão somente ações cruciais para alcançar resultados

O Governo e os técnicos do Banco Mundial que participaram da concepção do DPL proposto

consideraram que as ações selecionadas têm um impacto positivo ou neutro sobre o alívio da pobreza e

vão resultar em mudanças substanciais nos setores.

Foram evitadas etapas do processo, como planos de ação.

Princípio 5: Proceder a avaliações transparentes do andamento do programa que resultem em um apoio

financeiro previsível e baseado no desempenho

O progresso realizado será revisto pelo Governo usando processos institucionais já existentes para a

prestação de contas.

A matriz de políticas descreve os objetivos, ações e indicadores para medir os resultados, inclusive os

cenários de referência, as metas e as fontes dos dados.

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22

Tabela 8. Ações de Política Propostas para o Programa Sergipe: Incluir para Desenvolver OBJETIVOS AÇÕES DE POLÍTICA RESULTADOS PREVISTOS

Ação de política 1: O Estado de Sergipe

padroniza os serviços voltados para atender as

necessidades/queixas dos cidadãos ao emitir

a) o Decreto 28.837, de 18 de outubro de 2012,

que regulamenta o modelo de “guichê único”

(publicado no Diário Oficial do Estado em

22 de outubro de 2012) e b) a Portaria 3.242,

de 29 de outubro de 2012, que cria o Estatuto

dos Serviços de Atendimento ao Cidadão

(publicada no Diário Oficial do Estado em 31

de outubro de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado do

Planejamento, Orçamento e Gestão

Ampliar a capacidade de resposta

às queixas dos cidadãos nos

Centros de Atendimento ao

Cidadão (CEACs)

Referência (outubro de 2011):

15% das queixas recebem uma

explicação por escrito nos CEACs

da Riomar e da Rua do Turista

Final (dezembro de 2013): 90%

das queixas recebem uma

explicação por escrito nesses

mesmos CEACs

Ação de política 2: O Estado de Sergipe emite

o Decreto 28.830, de 16 de outubro de 2012,

tornando obrigatório o uso do i-Gesp

(abrangendo os processos de i) planejamento,

ii) orçamento, iii) execução orçamentária e

financeira, iv) contabilidade pública e v) gestão

de contratos) no Poder Executivo, com um

cronograma de implementação para a base de

dados de preços, a gestão da dívida,

a integração com os sistemas de recursos

humanos e os módulos de compras e

monitoramento do patrimônio (publicado no

Diário Oficial do Estado em 18 de outubro de

2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da

Fazenda

Reduzir o prazo para produzir os

relatórios gerenciais acordados, por

meio do i-Gesp

Referência (dezembro de 2010):

relatórios indisponíveis no sistema

anterior (SAFIC)

Final: (dezembro de 2013) quatro

relatórios17

produzidos

automaticamente

Ação de política 3: O Estado de Sergipe emite

o Decreto 28.843, de 19 de outubro de 2012,

que regula um processo virtual e integrado —

entre a Secretaria de Estado da Fazenda, a

Procuradoria Geral do Estado e o Judiciário —

para a cobrança de impostos em atraso

(publicado no Diário Oficial do Estado em 23

de outubro de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da

Fazenda, Procuradoria Geral do Estado de

Sergipe

Aumentar a receita com a

arrecadação de impostos em atraso

como porcentagem do saldo de

impostos em atraso

Referência (dezembro de 2011):

0,43%

Final (dezembro de 2013): 0,52%

Área de política 2: Melhoria no acesso e na qualidade dos serviços públicos

2.a Saúde

Ação de política 4: A Secretaria de Estado da

Saúde publica um Termo Aditivo ao Contrato

de Ação Pública (TCAP) que abrange o Rede

Cegonha, um programa prioritário para a saúde

materno-infantil, integrando ações e serviços

Aumentar a porcentagem de

maternidades que adotam o

protocolo para a classificação de

risco na realização do parto

(Acolhimento com Classificação

17

Os quarto relatórios são: 1) Controle da Venda de Ativos, 2) Comparação da Receita Arrecadada,

3) Comparação da Amortização da Dívida e 4) Construção/Instalações/Aquisição de Propriedades para Uso pelo

Governo Estadual.

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23

OBJETIVOS AÇÕES DE POLÍTICA RESULTADOS PREVISTOS

municipais no âmbito do SUS–Sergipe

(publicado no Diário Oficial do Estado em 25

de abril de 2012)

Ação de política 5: Os planos regionais anuais,

que preveem a implementação do Rede

Cegonha, são aprovados pelo Colegiado

Interfederativo Estadual – CIE (emissão das

deliberações referentes às regiões de Aracaju,

Itabaiana, Estância, Nossa Senhora do Socorro,

Propriá, Lagarto e Nossa Senhora da Glória, 24

de maio a 22 de junho de 2012). A força dessa

ação é respaldada também pela validação dos

planos pelo Ministério da Saúde por meio da

publicação da Portaria 3.069, de 27 de

dezembro de 2012 (publicada no Diário Oficial

da União em 28 de dezembro de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da

Saúde, Ministério da Saúde

de Risco – ACCR)

Referência (dezembro de 2011): 1

Final (dezembro de 2013): 3

(75% de todas as maternidades

geridas pelo Estado em operação

em condições normais em 2013)18

Reduzir o índice de cesarianas no

hospital de referência Maternidade

Nossa Senhora de Lourdes, de

acordo com as diretrizes da

Portaria 3.477/1998

Referência (dezembro de 2011):

55,2%

Final (dezembro de 2013): 50,2%

Ação de política 6: O Estado de Sergipe emite

o Decreto 29.120, de 6 de março de 2013, que

implementa um novo modelo de gestão escolar

baseado no uso de estratégias de gestão

baseadas em resultados e na seleção de gestores

escolares por mérito e por meio de processos

participativos/democráticos (publicado no

Diário Oficial do Estado em 8 de março de

2013)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da

Educação

Aumentar o número de gestores

escolares selecionados por mérito e

com compromissos de gestão

firmados

Referência (dezembro de 2011):

zero

Meta (dezembro de 2013): 151

gestores escolares selecionados e

com compromissos de gestão

firmados (40% das 378 escolas

estaduais)

Ação de política 7: O Estado de Sergipe emite

a Portaria 6.146, de 4 de outubro de 2012, que

estabelece a colaboração entre o Estado e os

municípios para apoiar a implementação do

Programa Nacional de Alfabetização na Idade

Certa (PNAIC) na rede municipal de ensino

(publicada no Diário Oficial do Estado em

10 de outubro de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da

Educação

Aumentar o número de municípios

que recebem assistência técnica do

Estado para a implementação do

PNAIC

Referência (dezembro de 2011):

zero

Meta (dezembro de 2013): 38

municípios (50% de todos os

municípios do Estado)

18

Uma de cada cinco maternidades públicas do Estado estará funcionando em instalações temporárias enquanto

uma nova maternidade é construída.

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24

OBJETIVOS AÇÕES DE POLÍTICA RESULTADOS PREVISTOS

Ação de política 8: O Estado de Sergipe emite

o Decreto 28.733, de 27 de agosto de 2012, que

organiza a produção de modo a incluir os

agricultores familiares nos Núcleos de

Produção de Leite, os quais fazem parte do

sistema de produção intensiva Balde Cheio.

Esse sistema visa melhorar a qualidade ao

oferecer certificação das condições sanitárias

dos derivados do leite, bem como melhoria

genética do rebanho no perímetro irrigado do

Jabiberi (publicado no Diário Oficial do

Estado em 30 de agosto de 2012)

Responsabilidade: Companhia de

Desenvolvimento de Recursos Hídricos e

Irrigação (COHIDRO)

Aumentar o número de unidades

de pequenos produtores

capacitados nos Núcleos de

Produção de Leite e que vendam

pelo menos 90% da sua produção

para mercados privados e

públicos/institucionais19

Referência (dezembro de 2011): 3

Final (dezembro de 2013): 30

Ação de política 9: O Estado de Sergipe

promulga a Lei 7.270 em 17 de novembro de

2011, que cria o Programa de Produção

Agroecológica para inclusão de agricultores

familiares e estabelece instrumentos para

oferecer incentivos à produção ambientalmente

sustentável (publicada no Diário Oficial do

Estado em 23 de novembro de 2011)

Responsabilidade: Empresa de

Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe

(EMDAGRO)

Aumentar o número de pequenos

produtores incluídos no Programa

de Produção Agroecológica e

vinculados a Organizações de

Controle Social que vendam

diretamente em feiras

agroecológicas e para mercados

privados e públicos/institucionais24

Referência (dezembro de 2011):

83 produtores, 5 mulheres

Final (dezembro de 2013):

100 produtores, 15 mulheres

Ação de política 10: Certificação20

de que os

participantes do programa estadual de

transferência e geração de renda Mão

Amiga estão cadastrados no programa

Sergipe Alfabetizado (certificação datada de

23 de agosto de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da

Inclusão, Assistência e Desenvolvimento

Social e Secretaria de Estado da Educação

Aumentar o número de

trabalhadores sazonais que se

beneficiam do programa Mão

Amiga incluídos no programa

Sergipe Alfabetizado

Referência (fevereiro de 2012):

zero

Final (dezembro de 2013): 565 (ou

50%), com 1/8 sendo mulheres

Ação de política 11: O Estado de Sergipe

promulga a Lei 7.251, de 31 de outubro de

2011, que cria o sistema detalhado de

transferência de recursos para financiar a

assistência social nos municípios e

institucionaliza acordos de cofinanciamento

com dois municípios (publicada no Diário

Aumentar o número de famílias

com renda per capita inferior a

R$ 70,00 por mês que vivem nos

15 municípios mais pobres

incluídas no CadÚnico

Referência (janeiro de 2010):

39.582 famílias

19

Programas do Governo Federal para a aquisição de alimentos: i) Programa de Aquisição de Alimentos da

Agricultura Familiar (PAA), criado pela Lei Federal 10.696/2003, e ii) Programa Nacional de Alimentação

Escolar (PNAE), criado pela Lei Federal 11.947/2009. 20

Um funcionário de alto escalão da Secretaria de Educação, da Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e

Desenvolvimento Social ou de um órgão pertinente emite um certificado de aprovação que atesta a exatidão da

lista de participantes.

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25

OBJETIVOS AÇÕES DE POLÍTICA RESULTADOS PREVISTOS

Oficial do Estado em 7 de novembro de 2011)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da

Inclusão, Assistência e Desenvolvimento

Social e Ministério de Desenvolvimento Social

e Combate à Fome

Final (dezembro de 2013): 41.561

famílias

Ação de política 12: Acordo de Cooperação

Técnica firmado entre o Estado e pelo menos

um município em cada uma das 4 (quatro)

regiões com maior concentração de violência

baseada no gênero (Sul Sergipano, Agreste,

Baixo São Francisco e Alto Sertão) para

descentralizar os programas de apoio e

proteção das mulheres rumo ao interior do

Estado, conforme exigido pelo Acordo de

Cooperação de 21 de julho de 2009 entre o

Estado e o Governo Federal (acordos firmados

em 9 de outubro de 2012 com os municípios de

Poço Redondo, no Alto Sertão Sergipano,

Propriá, no Baixo São Francisco, e Itabaiana,

no Agreste Sergipano, acordo firmado em 7 de

dezembro de 2012 com o município de

Estância, no Sul Sergipano)

Responsabilidade: Secretaria de Estado de

Segurança Pública e Secretaria Especial de

Políticas para as Mulheres

Aumentar o número de mulheres

em situação de violência ou

vulnerabilidade atendidas na Rede

de Atendimento à Mulher Vítima

de Violência

Referência (março de 2012): 3.985

Final (dezembro de 2013): 6.973

B. ÁREAS DE POLÍTICA

Área de política 1: Consolidação das inovações na gestão fiscal e no setor público

Objetivos de política do governo e desafios

61. O objetivo do Governo de Sergipe é alcançar uma gestão pública de excelência ao

promover a responsabilidade fiscal e inovações na administração pública. Nesse

contexto, as ações tomadas pelo Estado demonstram um compromisso de i) melhorar a

resposta aos cidadãos; ii) implementar novas ferramentas integradas para a gestão do

orçamento, das finanças e dos recursos humanos e iii) combater a evasão fiscal para garantir

contribuições justas para as despesas públicas.

62. Atualmente, os processos por trás dos serviços oferecidos pelo Governo aos

cidadãos não são padronizados. Embora esses serviços sejam prestados em um único espaço

— os Centros de Atendimento ao Cidadão (CEACs) —, os processos não são uniformes.

As informações e o atendimento são prestados por funcionários diferentes, dependendo da

natureza da atividade, e de acordo com protocolos diferentes. A falta de padronização

prejudica a qualidade do atendimento e é óbvia não apenas nos CEACs, mas também em cada

unidade da administração do Estado que atende os cidadãos, como o Departamento de

Trânsito, a Secretaria de Segurança Pública e a Secretaria da Fazenda.

63. Há bastante espaço, tanto do lado da oferta como da demanda, para melhorar o

acesso dos cidadãos a dados, informações e serviços oferecidos pelo Governo. Do lado da

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demanda, o modelo atual não atende as expectativas dos cidadãos; no momento, é preciso

cumprir diferentes exigências para cada serviço solicitado. Pesquisas sobre a qualidade dos

serviços dos CEACs mostram a insatisfação com a qualidade do atendimento. Do lado da

oferta, funcionários e chefes dos CEACs identificaram problemas e gargalos, como o

enfraquecimento da rede estabelecida com os gestores e representantes de órgãos do Governo

com os quais existem parcerias e que prestam atendimento, uma redução progressiva dos

recursos humanos lotados nos CEACs, equipamentos obsoletos ou insuficientes e falta de

manutenção. Outros desafios à implementação desta política abrangem: a) a indiferença ou

mesmo resistência dos quadros técnicos e administrativos frente à política de padronização;

b) as dificuldades em disseminar o conhecimento e as práticas necessárias para adotar o novo

paradigma entre os funcionários que operam a rede dos CEACs; c) o risco de descontinuidade

na prestação dos serviços enquanto as mudanças são implementadas e d) a existência de

diversos sistemas de tecnologia da informação e da comunicação, o que prejudica o

intercâmbio de dados e a integração entre os novos e os antigos sistemas.

64. No que diz respeito à implementação de sistemas integrados de gestão pública,

existe uma forte demanda de todos os setores da administração pública do Estado por

uma maior integração dos dados, informações e procedimentos, bem como por um

melhor controle gerencial. Atualmente, a base de dados de preços e os sistemas para a

gestão da dívida, dos recursos humanos e das compras e patrimônio são isolados e não têm

uma estrutura de dados relacional, o que dificulta a comunicação entre eles e o controle de

processos. Esses sistemas isolados tampouco oferecem interfaces de fácil uso para facilitar a

produção de informações gerenciais. Além disso, a Controladoria Geral do Estado e as

Secretarias da Fazenda (SEFAZ) e de Planejamento, Orçamento e Gestão (SEPLAG)

careciam de ferramentas para produzir informações em tempo real. Suprir as demandas do

Tesouro Nacional e do Tribunal de Contas do Estado era uma tarefa cercada de dificuldades

operacionais. Ademais, a falta de continuidade sistêmica nas bases de dados produzia

informações históricas incompatíveis, exigindo um esforço adicional para conectar os dados e

interpretar os resultados ao longo dos exercícios financeiros. Por último, o antigo Sistema de

Administração Financeira e Contábil (SAFIC) usava uma plataforma tecnológica

descontinuada, tanto em termos de hardware como de software. Com a adoção do novo

Sistema Integrado de Gestão Pública (i-Gesp), diferentes sistemas serão unificados. O i-Gesp

é um sistema integrado de gestão e informação que conecta as áreas de planejamento,

orçamento, finanças, contabilidade e logística do Estado. Oferece ferramentas para obter uma

melhor qualidade na gestão e controle das despesas públicas e dos recursos públicos, pois

simplifica, racionaliza e padroniza a gestão pública. O Estado também poderá cumprir a

exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal de que as empresas estatais usem o i-Gesp

(anteriormente, elas tinham o seu próprio sistema de execução e contabilidade). A conta

única, antes gerida pelo Banco do Estado de Sergipe, também será integrada no sistema

i-Gesp.

65. A expectativa é que a implementação de um sistema integrado reduzirá os custos

operacionais e financeiros associados à operação de todos os módulos do sistema e

oferecerá procedimentos, relatórios e balanços padronizados e mais confiáveis.

Especificamente, espera-se que o prazo médio para produzir relatórios gerenciais e fechar o

balanço anual seja reduzido.

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66. Contudo, a implementação de um sistema integrado — iniciada em janeiro de

2011 com o lançamento dos módulos de planejamento, orçamento, controle

orçamentário e financeiro, contabilidade pública e gestão de pagamentos em atraso —

enfrenta alguns desafios. Os principais são i) adaptar os processos de trabalho, formados ao

longo de décadas, a uma ferramenta nova e complexa e ii) integrar as novas ferramentas

tecnológicas, regras e funcionalidades em um período curto. Os riscos mais significativos são

a resistência dos funcionários a um sistema de trabalho diferente que exigirá mais esforço

deles para dominar novos conceitos e práticas em um período curto e a possível resistência

das empresas estatais ao novo sistema.

67. Com respeito à administração tributária, há uma demanda clara por parte da

sociedade e de todos os setores por mais justiça fiscal e transparência. Existe a

consciência de que todos os cidadãos e empresas devem cumprir as suas obrigações com o

fisco e que esse cumprimento afeta diretamente a capacidade do Estado de mobilizar os

recursos necessários para melhorar as políticas públicas e a qualidade dos serviços prestados

aos cidadãos. Do lado da oferta, o Governo de Sergipe está fortemente empenhado em

combater a evasão e as fraudes fiscais não apenas para aumentar os seus recursos, mas

também para reforçar a legitimidade do Governo. Para alcançar esse objetivo, o Governo visa

ampliar e melhorar as ferramentas e procedimentos para cobrar impostos em atraso, buscando

reduzir o prazo entre a geração e a cobrança. As lacunas ora existentes são consideráveis.

Na fase administrativa, são necessários 616 dias, em média, para que as prestações sejam

pagas e 189 dias para proceder à liquidação; na fase judicial, esses prazos chegam a

1.313 dias para as prestações e 2.613 dias para a liquidação.

68. Os baixos índices de cobrança de impostos em atraso são um problema

generalizado no Brasil, tanto na esfera federal como na estadual, e Sergipe não foge à

regra. Essa situação fica longe do ideal porque transforma a procrastinação do pagamento em

uma estratégia confiável para as empresas, solapando o pagamento voluntário e espontâneo

pelos contribuintes. A fim de coibir esse comportamento, o Governo de Sergipe instituiu o

Cadastro Informativo dos Créditos Não Quitados21

com o Estado (CADIN), com a aplicação

de sanções aos contribuintes que não cumprem as suas obrigações. Promoveu também a

inclusão de impostos em atraso em bureaus de crédito como a Serasa, a maior instituição

desse tipo fora dos Estados Unidos. O Estado também integrou todos os órgãos do Governo e

o Judiciário no processo de cobrança de impostos em atraso, o que permite ao Estado

acompanhar os pagamentos em atraso desde a sua origem até a fase judicial, se necessário.

Trata-se de uma iniciativa totalmente nova no Brasil.

Ações de política específicas a serem apoiadas no âmbito desta operação

69. Para melhorar o atendimento aos cidadãos, propõe-se um novo sistema dentro

dos CEACs, que combinará a padronização de todos os processos e um modelo de

“guichê único”. O guichê único, definido como um modelo em que o cidadão recebe os

diversos serviços de que ele precisa de um único funcionário público, é considerado um

exemplo de boa prática. Tal sistema ajudará a diminuir o tempo médio gasto pelos cidadãos

para obter os serviços prestados nos CEACs. Especificamente, a expectativa é que o tempo

médio seja reduzido em 30%, aliviando uma das principais restrições à melhoria da qualidade

21

Créditos mantidos pelo Governo contra outras partes.

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do atendimento aos cidadãos. O decreto que regulamenta a política de atendimento aos

cidadãos estabelecerá a padronização dos processos e o modelo de “guichê único” como

elementos fundamentais do novo sistema.

70. Como complemento dessas duas medidas essenciais, será elaborada e aprovada a

“Carta de Serviços”. Essa Carta especificará os direitos fundamentais dos cidadãos como

usuários dos CEACs e oferecerá outras informações sobre os serviços prestados por essas

unidades. Trata-se de uma importante ferramenta do lado da demanda, que complementará a

política do Estado tendente a estabelecer um sistema de oferta padronizado e unificado ao

garantir aos cidadãos a prestação dos dez serviços mais solicitados. Esses serviços atualmente

representam mais de 60% das ações dos CEACs, e a Carta especificará as providências a

serem tomadas para a prestação de cada serviço e o tempo necessário para a sua

implementação. Essa Carta é uma inovação na esfera estadual no Brasil; a única experiência

semelhante se encontra no Estado do Acre, mas lá o atendimento é terceirizado em vez de ser

prestado por funcionários do Estado.

71. Com respeito à modernização dos processos-chave de planejamento, orçamento,

execução orçamentária e controle, o Governo de Sergipe está implementando o i-Gesp,

uma solução de tecnologia da informação e da comunicação voltada para a gestão

pública. O i-Gesp proporciona mais agilidade, flexibilidade, integração, controle,

transparência e qualidade do que o sistema antigo, que estava defasado em termos de

tecnologia e processos e não permitia a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade

do Setor Público (IPSAS), que todos os Estados Brasileiros deverão adotar até 2013. É um

sistema inteiramente integrado e contém módulos que abrangem as principais áreas de gestão:

i) planejamento; ii) orçamento; iii) controle orçamentário e financeiro; iv) contabilidade

pública e v) gestão de contratos. Além disso, é um sistema de desenvolvimento recente que

vem sendo efetivamente implementado desde janeiro de 2011 sem qualquer regulamentação.

A intenção do Governo é que o i-Gesp sirva como um sistema de Planejamento dos Recursos

do Governo (GRP ou Government Resource Planning, em inglês). Como o sistema engloba o

ciclo completo da atividade administrativa, é necessário regulamentação para estabelecer o

uso obrigatório no Executivo. Esta operação apoia a adoção dessa regulamentação. Por meio

de um decreto que regulamenta um conjunto de regras essenciais sobre as principais

características do i-Gesp, os seus objetivos e os seus componentes (módulos), o Governo

pretende dar transparência ao novo sistema, disseminar o seu conteúdo e proporcionar

segurança jurídica. A regulamentação também abrangerá um cronograma de implementação

para a base de dados de preços, a gestão da dívida e a adoção da nova regulamentação

nacional sobre a Contabilidade Pública em 2013; a integração com os sistemas de recursos

humanos e de compras em 2014; e a integração com a gestão de patrimônio em 2015.

72. A implementação do i-Gesp trará várias vantagens significativas e facilitará o uso

de boas práticas reconhecidas. Com relação às vantagens, a implementação do i-Gesp

implica a melhoria das condições técnicas para gerir o planejamento, o orçamento, a execução

orçamentária e financeira e a contabilidade; a melhoria das condições para o cumprimento das

obrigações legais com órgãos de controle interno e externo; e o aumento da flexibilidade em

termos de tecnologia para fazer face a necessidades futuras, como a integração de outros

sistemas e a concepção e implementação de novos módulos de gestão. Quanto a facilitar a

implementação de boas práticas reconhecidas, o i-Gesp permite a adoção do modelo do Plano

de Contas do Tesouro Nacional, que visa a padronização da contabilidade pública em todos os

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Estados; a implementação de um Plano de Conta Única para toda a administração do Estado,

a ser usado por todos os órgãos e entes do Executivo em Sergipe; e o uso do conceito de conta

corrente contábil, que permite análises mais detalhadas das operações contábeis. Por último,

o sistema i-Gesp também implica a aplicação do conceito de programação financeira como

ferramenta de gestão para a execução orçamentária, bem como o uso de Unidades Gestoras

Coordenadoras e Unidades Gestoras Executoras, o que vai melhorar as condições de gestão

para a execução orçamentária dentro das diversas unidades orçamentárias (secretarias,

empresas estatais e outros entes da administração pública estadual).

73. Para combater a evasão fiscal, o Estado implementará um processo virtual e

integrado para a cobrança de impostos em atraso. Essa virtualização significa que todos os

documentos relativos à recuperação de impostos em atraso estão disponíveis para todas as

partes (agentes do fisco, procuradores do Estado e juízes) em formato eletrônico e não mais

em papel. Ademais, ao integrar todos os sistemas em uma única ferramenta de fluxo de

trabalho, elimina-se a necessidade de solicitar informações por meio de memorandos,

acelerando o processo. Ela também serve como ferramenta de monitoramento eficaz para os

participantes. Esse sistema também prevê a aplicação do CADIN e a inscrição dos devedores

na Serasa, instrumentos importantes para a recuperação de impostos em atraso. Além disso,

como a inclusão de uma empresa no CADIN a impede de ser contratada pela administração

pública e a sua inscrição na Serasa pode limitar o seu acesso a crédito bancário, têm-se

ferramentas importantes para aumentar o pagamento voluntário dos tributos estaduais.

A virtualização e a integração dos processos de recuperação de impostos em atraso facilitará a

interação entre os órgãos envolvidos (a SEFAZ, a Procuradoria Geral do Estado e o

Judiciário), ampliando a capacidade do Estado para cobrar impostos em atraso. Esses

processos precisarão ser regulamentados por meio de decreto para que tenham força de lei.

Em outubro de 2011, o CADIN e a inscrição de devedores no Serasa foram regulamentados

por meio de decreto. Agora, o Governo está elaborando um decreto para regulamentar a

virtualização e a integração dos processos para a cobrança de dívidas. Cumpre notar que esse

sistema é uma inovação no campo do combate à evasão fiscal na esfera estadual no Brasil;

apenas São Paulo conta com um processo virtual, mas sem a integração dos órgãos

envolvidos.

Área de política 2: Melhoria no acesso e na qualidade dos serviços públicos

Saúde

Objetivos de política do governo e desafios

74. A universalização de serviços de saúde de qualidade, voltados para o cliente,

é um dos objetivos principais do Governo, embora ele reconheça os enormes desafios

que tem pela frente nessa área. A estratégia delineada pelo Governo de Sergipe é fortalecer

o Sistema Único de Saúde (SUS) ao, entre outras coisas: i) aderir ao programa federal Rede

Cegonha, a fim de melhorar a qualidade dos serviços de atenção materno-infantil,

e ii) reforçar a integração entre os níveis de atenção, inclusive na rede de atenção materna e

neonatal. Do ponto de vista do gênero, esse enfoque é justificado porque, embora a

expectativa de vida no nascimento seja mais alta para as mulheres (75 anos) do que para os

homens (68 anos), as mortes relacionadas à gravidez continuam a ser um risco significativo.

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30

75. A mortalidade materno-infantil melhorou de forma significativa em Sergipe na

última década. No entanto, os indicadores estaduais — 66 mortes maternas por 100 mil

nascidos vivos e 31,4 mortes infantis por mil nascidos vivos — ainda são superiores às

médias nacionais, 58 e 22,5, respectivamente (Anexo 7, IBGE 2010). As principais causas da

mortalidade materna em Sergipe, assim como no restante do Brasil, são a pré-eclâmpsia

(hipertensão durante a gravidez), a eclâmpsia (uma afecção grave que provoca convulsões e

sangramento) e as infecções pós-parto. Além disso, a maioria das mortes infantis ocorrem no

período neonatal e muitas poderiam ter sido evitadas com a devida atenção no período

pré-natal e durante o parto. Por exemplo, uma análise recente das mortes de recém-nascidos

em Sergipe identificou que um número desproporcional de neonatos estava infectado pela

sífilis congênita. Outras análises identificaram uma série de gargalos na prestação da atenção

pré-natal apropriada. Ocorriam gargalos em cada nível da cadeia de atenção, assim como na

comunicação entre níveis. Destacam-se a falta de testes-diagnóstico, a demora de seis

semanas ou mais para obter os resultados de testes cujo processamento era centralizado;

falhas na comunicação dos resultados aos pacientes e, por último, atrasos na administração do

tratamento à gestante e ao seu parceiro. Com respeito à sífilis congênita, a Secretaria de

Estado da Saúde (SES) tomou medidas, desde então, para corrigir as falhas em cada nível.

76. Contudo, uma abordagem mais sistêmica é necessária para atacar o problema de

forma mais ampla. O Governo de Sergipe identificou que, para obter avanços em termos dos

resultados da saúde materno-infantil, é preciso reforçar a qualidade do atendimento pré-natal

no nível da atenção primária, melhorar o encaminhamento para atendimento especializado e

reduzir o índice de cesarianas desnecessárias. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) estima

que, em 2012, aproximadamente 6 mil das 40 mil gestações foram classificadas como de alto

risco. Embora 90% das gestantes no Estado tenha tido pelo menos quatro consultas de

pré-natal, menos de 50% receberam os testes-diagnóstico básicos recomendados para fazer a

detecção precoce de afecções ou doenças que poderiam pôr em risco a mãe ou o feto. Mesmo

no caso das mulheres cuja gravidez foi identificada como de alto risco, as falhas no sistema de

encaminhamento fazem com que muitas mulheres não recebam o atendimento especializado

de que precisam nos níveis mais elevados da rede. A falta de integração na rede de prestação

de serviços também significa que há uma descontinuidade na atenção entre os serviços

relacionados à gravidez (prestados no nível da atenção primária) e o parto propriamente dito,

que, na maioria dos casos no Brasil, é feito em hospitais. Outro fator que contribui para esse

quadro é que os índices de cesarianas em Sergipe — na faixa de 60% a 70% em algumas

maternidades — estão bem acima da média de 15% para o país recomendada pela

Organização Mundial da Saúde.22

Entre os riscos associados a cesarianas, em comparação

com partos naturais, destacam-se taxas mais altas de mortalidade materna, hemorragias e

infecções maternas, assim como uma possibilidade maior de bebês prematuros ou com baixo

peso ao nascer.

Ações de política específicas a serem apoiadas no âmbito desta operação

77. O DPL ajudará o Governo a melhorar a qualidade dos serviços de saúde materna

e neonatal, sobretudo nos casos de gravidez de alto risco. A SES planeja alcançar esse

objetivo aderindo ao Rede Cegonha, um programa de atendimento materno-infantil lançado

em 2011 pelo Ministério da Saúde. O Rede Cegonha é uma estratégia do Ministério da Saúde

22

Organização Mundial da Saúde (1985). Appropriate technology for birth. “Lancet” 326:436-7.

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que estabelece um novo modelo para a assistência à mãe e à criança no nascimento e descreve

melhorias na rede de atenção materna e neonatal. O seu objetivo é reduzir as taxas de

mortalidade materno-infantis em todo o país, mas mais especificamente em áreas defasadas,

como o Nordeste. O programa prevê a identificação precoce de gestantes, a implementação do

protocolo para a classificação de pacientes de acordo com os níveis de risco (Acolhimento

com Classificação de Risco – ACCR) em toda a rede de atenção materna e neonatal, inclusive

no atendimento pré-natal, no parto e na atenção pós-natal; o estabelecimento de vínculos

formais entre as gestantes e a unidade de encaminhamento onde será feito o parto, assim

como com a rede de transporte em caso de emergência; a ampliação da abrangência dos

diagnósticos oferecidos nos níveis de atenção primária e especializada; e o fortalecimento do

sistema de gestão de informações em todos os níveis. O programa insta os municípios e

Estados a, com apoio do Governo Federal, formular planos de ação regionais visando a

implementação dessas e de outras disposições. Esses planos — na forma do Termo Aditivo ao

Contrato de Ação Pública — definem claramente metas quantitativas e qualitativas,

as atividades a serem realizadas, as funções e responsabilidades, e as transferências

financeiras da esfera federal para a municipal que servem de incentivo para a implementação

do programa. Ademais, os planos definem como a consecução dos resultados do programa

será monitorada e avaliada. O Ministério da Saúde validará os planos e verificará, a cada ano,

os resultados obtidos. Essa verificação será feita em colaboração com o Conselho Nacional de

Secretários de Saúde (CONASS) e com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de

Saúde (CONASEMS).

78. A implementação da estratégia do Rede Cegonha em Sergipe, com apoio do

Ministério da Saúde, deve resultar em mudanças significativas que contribuirão para a

melhoria da qualidade dos serviços prestados. Entre as mudanças importantes relacionadas

à maneira como o sistema funciona, destacam-se: i) a definição clara de indicadores e metas

para a saúde materna e neonatal; ii) a criação de uma estrutura de gestão que reúne

administradores e prestadores de diferentes níveis da rede de serviço para formular planos de

trabalho baseados em evidências e fundamentados em análises situacionais que definam os

serviços a serem prestados, assim como a alocação das despesas correntes e dos investimentos

de capital; iii) a disponibilidade de quadros técnicos descentralizados do Ministério da Saúde

que ofereçam apoio na implementação do programa na esfera municipal, assim como apoio

no local aos prestadores dos serviços, e iv) a criação de um fórum para a discussão e

validação de planos envolvendo um amplo grupo de partes interessadas, inclusive

representantes da sociedade civil. Ademais, o Termo Aditivo ao Contrato de Ação Pública

cria uma estrutura jurídica que define e regulamenta as funções e responsabilidades das três

esferas de governo (municipal, estadual e federal) com respeito à formulação de políticas,

à organização do sistema de saúde e à prestação dos serviços. Por último, a participação

federal é acompanhada de recursos financeiros, além do apoio técnico já citado.

Educação

Objetivos de política do governo e desafios

79. O objetivo do Governo de Sergipe é ampliar o acesso a serviços públicos de

qualidade em toda a rede pública de ensino do Estado ao: i) fortalecer a gestão nas

escolas geridas pelo Estado e ii) melhorar os resultados do aprendizado nas escolas

municipais de ensino fundamental. O desempenho de Sergipe no setor da educação tem

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sido fraco ao longo da última década. A taxa de analfabetismo no Estado tem melhorado, mas

ainda é alta, com 17% de analfabetos entre as pessoas com 10 anos ou mais em 2010 (Censo,

2010), em comparação com a taxa nacional de 9%. A média dos anos de escolaridade da

população adulta (25 anos ou mais) figura entre as dez mais baixas do Brasil (6,3 anos),

embora ela seja ligeiramente superior à média da região Nordeste (6 anos). A taxa líquida de

frequência escolar no ensino médio em todo o Estado é de 37%, inferior às médias da região

Nordeste (40%) e do Brasil (49%). Isso descreve o desafio enfrentado pelos Estados do

Nordeste, como Sergipe, para melhorar a qualificação para o mercado de trabalho e competir

com as regiões Sul e Sudeste. Com respeito ao fluxo de alunos no sistema educacional,

a distorção entre o ano escolar e a idade nos anos mais avançados do ensino fundamental e do

ensino médio é de 46% e 52%, respectivamente, em Sergipe, enquanto o Brasil registra 30% e

35%. O índice de matrícula e o desempenho das meninas são superiores aos dos meninos

tanto no ensino fundamental como no médio (os índices de aprovação são 76,5% para as

meninas e 67,5 para os meninos no ensino fundamental e 73,5% e 62,5%, respectivamente, no

ensino médio).

80. Embora os indicadores econômicos de Sergipe sejam relativamente bons em

comparação com os da região Nordeste como um todo, os indicadores da educação

salientam a necessidade urgente de melhorar a qualidade do ensino fundamental. Desde

o lançamento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) pelo Ministério da

Educação, o desempenho de Sergipe melhorou ligeiramente nos primeiros anos do ensino

fundamental, passando de 3,0 em 2005 para 3,9 em 2011, uma discreta melhoria em relação à

meta projetada pelo Ministério para o Estado em 2011 (3,8). Contudo, o desempenho nos anos

mais avançados do ensino fundamental ficou estagnado em 2,9 desde 2005, bem abaixo da

meta de 3,3 projetada para 2011. No ensino médio, o Estado alcançou 2,9, mais uma vez

abaixo da meta de 3,1 fixada pelo Ministério para o período; Sergipe permaneceu como o

quarto Estado mais mal classificado na região Nordeste. Trata-se de uma situação difícil se

considerarmos que os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE) alcançam 6,0 ou mais na escala do IDEB.

81. Os índices de repetência e evasão escolar também são altos. No ensino médio,

o índice de repetência de 13,7% em 2011 foi superior à média do Nordeste, de 10,4%.

Também no ensino médio, a evasão escolar foi de 13,2% em 2011, ligeiramente superior à de

outros Estados do Nordeste, como o Piauí (11,5%) e a Bahia (12,5%). Os índices de

aprovação nos ensinos médio e fundamental, 73% e 76%, respectivamente, são os mais baixos

entre os Estados do Nordeste.

Tabela 9. IDEB das Escolas Estaduais de Sergipe, 2009

Ensino fundamental (1º ao 9º ano)

Ensino médio 1º ao 4º ano 5º ao 9º ano

2005 2007 2009 2011 2005 2007 2009 2011 2005 2007 2009 2011

Brasil 3,9 4,3 4,9 5,1 3,3 3,6 3,8 3,9 3,0 3,2 3,4 3,4

Nordeste 2,9 3,3 3,7 3,9 2,6 2,8 3,0 3,1 2,7 2,8 3,1 3,0

Sergipe 3,0 3,4 3,7 3,9 2,9 2,9 2,7 2,9 2,8 2,6 2,9 2,9

82. Assim como em outros Estados do Brasil, o baixo desempenho de Sergipe na

educação é reflexo da fraca coordenação das políticas e programas entre o Estado e os

municípios. A falta de coordenação e de uma divisão clara de responsabilidades entre a

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Secretaria de Estado da Educação e as 78 secretarias municipais de educação tornam a

administração do setor desnecessariamente ineficiente na sua resposta às exigências e desafios

do sistema. Os problemas associados aos sistemas paralelos criam dificuldades para otimizar

recursos, responsabilizar e garantir a existência de padrões e pré-requisitos comparáveis em

termos de insumos e produtos do sistema. Ademais, apesar da forte política de

municipalização do ensino fundamental nos Estados nordestinos, que conta com apoio do

Governo Federal, Sergipe ainda tem um número considerável de escolas administradas pelo

Estado que oferecem os primeiros anos do fundamental.

83. O sistema de ensino público do Estado enfrenta vários obstáculos. Destacam-se:

i) a cobertura insuficiente da educação básica, sobretudo no ensino médio e nos programas de

ensino técnico e profissionalizante; ii) baixos resultados do aprendizado; iii) gestão ineficiente

das escolas e falta de mecanismos de mérito para a seleção dos gestores e pessoal técnico para

as escolas e iv) planejamento fraco e baixa capacidade para monitoramento e avaliação.

Ações de política específicas a serem apoiadas no âmbito desta operação

84. O Governo entende que é necessária uma abordagem mais profissional e

participativa na gestão das escolas. Atualmente, os gestores escolares são nomeados

segundo critérios políticos e têm pouca experiência administrativa. Percebendo que melhorias

na qualidade e na eficiência também são afetadas pela gestão da escola e tomando nota da

experiência positiva de vários Estados no Brasil, o governo vai adotar um modelo mais

descentralizado de gestão escolar, dando mais autonomia às escolas e oferecendo incentivos

para que elas sejam mais responsáveis perante a comunidade escolar e o Governo do Estado.

Ademais, o Governo pretende institucionalizar a gestão e o monitoramento do sistema de

ensino das escolas usando os seguintes instrumentos: criação de compromissos de gestão a

serem firmados entre a SEED e os gestores escolares; um índice para avaliar o desempenho da

escola; diretrizes curriculares estruturadas, a criação de Conselhos Escolares e o

fortalecimento do Sistema Escolar de Gestão Integrada (SIGA).

85. O DPL ajudará o Governo a promover o fortalecimento da gestão escolar e os

resultados do aprendizado nas escolas públicas. Como ação prévia, o Governador

promulgará um decreto que estabelece um novo sistema de gestão para as escolas

administradas pelo Estado, definindo um processo meritocrático e participativo/democrático

para selecionar os gestores das escolas. Em termos concretos, a principal mudança resultante

dessa política será a substituição da nomeação de gestores com base em critérios políticos por

um processo de seleção de duas etapas. A primeira etapa do processo envolve uma análise das

qualificações profissionais e uma prova de conhecimentos práticos em gestão escolar (seleção

meritocrática). Na segunda etapa, os candidatos com as maiores pontuações apresentam uma

proposta à comunidade escolar, que então elege o gestor da sua preferência (processo

participativo/democrático). Na fase da eleição, os gestores escolares serão eleitos pela

comunidade escolar, representada pelos professores, alunos e pais em um processo

participativo que aumenta a interação entre a escola e a comunidade. Os candidatos eleitos são

então nomeados pelo Governo para um mandato de três anos, prorrogável por mais três anos.

Um decreto que cria esse novo sistema de gestão para as escolas administradas pelo Estado

será promulgado pelo Governador. O novo sistema vai definir um processo de seleção

meritocrático para os gestores escolares, fortalecer os Conselhos Escolares e assegurar que os

gestores selecionados estejam técnica e juridicamente aptos a administrar os recursos

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humanos, financeiros e técnicos das escolas. Os resultados desejados do apoio deste DPL ao

fortalecimento da gestão escolar são a seleção meritocrática de gestores escolares em 40% das

378 escolas administradas pelo Estado, inclusive com a assinatura de compromissos de

gestão, a adoção de diretrizes para avaliação e o uso do Sistema Integrado de Gestão

Acadêmica (SIGA).

86. O DPL apoiará o Governo na melhoria da coordenação no sistema educacional

como um todo por meio da institucionalização do novo regime de colaboração entre o

Estado e os subsistemas municipais para a implementação do Programa Nacional de

Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Como ação prévia, uma Portaria será publicada

estabelecendo as diretrizes para os acordos técnicos entre a SEED e os sistemas de ensino

municipais para apoiar a implementação do PNAIC, entre outros programas. O resultado

desejado do apoio deste DPL é a elevação dos índices de alfabetização das crianças nos

primeiros anos do ensino fundamental nas escolas municipais. Os resultados do programa

serão medidos pela aplicação da Provinha Brasil, que testa o nível de alfabetização das

crianças, e por uma avaliação externa no fim do terceiro ano escolar.

87. Nesse novo regime de colaboração entre os Estados e os subsistemas dos

municípios, a SEED pretende implementar o PNAIC nas escolas administradas pelo

Estado e apoiar a sua implementação nas escolas municipais. O PNAIC é um programa

integrado destinado a alfabetizar em português e matemática todas as crianças até o terceiro

ano do ensino médio. Esse programa nacional tem como alvo todas as crianças das escolas

estaduais e municipais nas áreas rurais e urbanas. As principais características do programa

são: i) a educação continuada dos professores alfabetizadores por meio de uma série de

atividades, como a capacitação e o uso de material de apoio às atividades de ensino e

aprendizagem para as crianças do primeiro ao terceiro ano; ii) diretrizes curriculares e

iii) a supervisão e o apoio técnico em caráter permanente aos professores que trabalham no

programa. A gestão do programa é dividida entre o Governo Federal, os Estados e os

municípios. A SEED ficará encarregada de oferecer assistência técnica e orientação aos

municípios participantes do PNAIC. Essa iniciativa visa garantir que todas as escolas

municipais alcancem o objetivo de alfabetizar as crianças na idade certa, conforme medido

por exames anuais e avaliações externas envolvendo todos os alunos que concluam o terceiro

ano. O programa também será monitorado pelo Conselho Estadual de Educação, pelos

Conselhos Municipais de Educação e pelos Conselhos Escolares por meio de reuniões e

visitas.

Área de política 3: Promoção do desenvolvimento socioeconômico com crescimento

inclusivo

Acesso ao mercado e crescimento da renda

Objetivos de política do governo e desafios

88. Sergipe ainda é, em grande medida, uma economia agrícola, com cerca de 30%

da população vivendo em áreas rurais. Embora a participação da agropecuária na economia

do Estado tenha sido apenas 6% em 2008 (frente a 4,6% em 2007), essa porcentagem

subestima a dependência da economia em relação à produtividade desse setor. Boa parte da

economia rural não é monetária e muitas atividades de outros setores dependem

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essencialmente da agropecuária e são suscetíveis a flutuações da sua produção. Ademais,

a inclusão econômica dependerá cada vez mais da expansão da agropecuária comercial,

sobretudo no Alto Sertão, uma das regiões mais pobres do Estado, porém, contraditoriamente,

um dos territórios mais produtivos para o milho e o leite (cuja produção cresceu 280% e 18%,

respectivamente, entre 2006 e 2009). O milho e o leite são produzidos essencialmente por

produtores familiares.

89. Embora o ritmo da criação de empregos em Sergipe durante a última década

tenha sido mais lento do que a média nacional, tanto na região metropolitana como no

interior do Estado, foram criados no Estado mais de 54 mil novos empregos (um

aumento de 98%) no período entre 2007 e 2010. A proporção de trabalhadores sem carteira

assinada em ambas as áreas recuou entre 1995 e 2011. Contudo, no interior, essa proporção

ainda se situava acima de 50% em 2011, o que reflete o desafio ainda maior da informalidade

nos mercados locais.

90. Entre 2007 e 2010, o Programa de Desenvolvimento Industrial de Sergipe atraiu

110 novas indústrias, um aumento de 56% em comparação com o período entre 2003 e

2006. A tendência positiva na geração de empregos formais permitiu a Sergipe reduzir

bastante a taxa de desemprego, com uma trajetória de queda contínua. O crescimento

econômico, o acesso a crédito e a queda da taxa de desemprego contribuíram para uma forte

redução do índice de pobreza no Estado.

91. Sergipe avançou na melhoria dos indicadores econômicos e sociais nos últimos

anos. No entanto, embora o seu PIB per capita seja o mais alto da região Nordeste, ele está

em décimo oitavo entre as 27 unidades da Federação.23

A despeito dos avanços recentes,

o Estado enfrenta desafios significativos: os níveis de pobreza ainda são inaceitavelmente

altos em Sergipe, com 15% da população vivendo abaixo da linha de pobreza extrema

regional24

e quase um terço dessas pessoas (29%) vivendo nas áreas rurais. É evidente que,

para manter os ganhos em termos de inclusão social e alcançar uma redução substancial dos

atuais níveis de pobreza, será necessário um crescimento econômico mais rápido e inclusivo.

23

Fonte: IBGE, 2010. 24

A “linha de pobreza extrema” é definida pelo Governo do Brasil como uma renda inferior a R$ 70 por mês.

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Tabela 10. PIB per Capita de Sergipe em Relação ao de Outros Estados

Estados – Região Nordeste

Posição do PIB per

capita entre os Estados

do Nordeste

Posição do PIB per

capita no país

Sergipe 1º 18 º

Bahia 2 º 19 º

Pernambuco 3 º 20 º

Rio Grande do Norte 4 º 22 º

Ceará 5 º 23 º

Paraíba 6 º 24 º

Alagoas 7 º 25 º

Piauí 8 º 26 º

Maranhão 9 º 27 º

Fonte: IBGE, 2010.

Ações de política específicas a serem apoiadas no âmbito desta operação

92. O DPL apoiará o Governo na melhoria das políticas e mecanismos institucionais

para promover o desenvolvimento socioeconômico e o crescimento inclusivo no interior

do Estado, sobretudo nas áreas rurais. Isso deve resultar em ganhos socioeconômicos para

os pobres e os grupos sociais mais vulneráveis. Nas reuniões com as principais partes

interessadas, destacou-se a relação de causa e efeito entre o desenvolvimento rural social e

ambientalmente sustentável e as reformas baseadas na integração de: i) assistência técnica

direcionada para os pequenos e médios produtores e as comunidades tradicionais,

ii) programas de inclusão produtiva e iii) políticas de proteção social conforme o proposto

nesta operação. A combinação dessas reformas complementares deve surtir impactos

positivos nas áreas social, econômica e ambiental para as famílias rurais pobres, assim como

promover o uso de tecnologias verdes nas práticas agropecuárias em Sergipe. A expectativa é

que a reforma das políticas institucionais, aliada às políticas socioeconômicas e de

crescimento inclusivo, contribuirá de forma positiva para a redução da pobreza e a melhoria

das práticas sustentáveis em ecossistemas frágeis. Isso também deve contribuir para o reforço

do vínculo entre os grandes produtores e os pequenos produtores familiares, ajudando a

superar a instabilidade social nas áreas rurais.

93. O DPL apoiará a ampliação do acesso a mercados e o crescimento da renda por

meio do fortalecimento dos principais núcleos da agropecuária familiar, como os

Núcleos de Produção de Leite. O Estado prestará apoio aos produtores rurais na forma de

capital inicial, assistência técnica e extensão rural em cadeias de produtores selecionados,

com vistas a permitir uma maior participação no mercado, sobretudo em nichos institucionais,

como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), bem como em mercados

privados. Os resultados desejados a serem alcançados por meio da melhoria da assistência

técnica e de cursos de capacitação são: um aumento do número de pequenos produtores

incluídos no Núcleo de Produção de Leite e que vendam pelo menos 90% da sua produção

para mercados privados e públicos.

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Agricultura sustentável e inclusão produtiva

Objetivos de política do governo e desafios

94. No Nordeste, a seca, o solo pobre, a escassez de água e a distribuição desigual de

terras e de renda contribuem bastante para a pobreza, a vulnerabilidade e a exclusão

social, as quais são mais marcantes nas áreas rurais. Desde 1993, os governos estaduais no

Nordeste buscam interromper esse círculo vicioso por meio de investimentos em várias

gerações de operações de desenvolvimento lideradas pela comunidade em toda a região.

Em complementação a esses programas, duas décadas de programas federais de grande escala

em favor dos pobres, além de políticas macroeconômicas sólidas, promoveram um

crescimento econômico rápido e generalizado e reduziram os índices de pobreza na zona rural

nordestina e em Sergipe. Contudo, ainda é um desafio oferecer às famílias rurais pobres

opções produtivas e sustentáveis e promover a inclusão social e econômica.

Ações de política específicas a serem apoiadas no âmbito desta operação

95. O DPL apoiará políticas que combinam a inclusão produtiva e a ação afirmativa

para promover o uso sustentável das áreas rurais. Essas políticas contribuem para a

redução da pobreza ao atenuar as restrições ambientais que pioram a vida dos pobres no

bioma da caatinga. Além disso, por reduzirem o uso de produtos químicos, práticas e

tecnologias agropecuárias sustentáveis diminuem os custos para os produtores familiares e

facilitam o cumprimento das exigências agroecológicas nas atividades agropecuárias. Essas

políticas também estimulam os produtores a incluir tecnologias novas e ambientalmente mais

sólidas nos seus sistemas produtivos, reduzindo a sua pegada ambiental. Não raro,

os pequenos produtores familiares são a principal ameaça ao bioma porque estão assentados

nas terras mais frágeis, recorrem a sistemas produtivos mais rudimentares (a agricultura de

coivara) e carecem de conhecimento e recursos para promover a conservação do solo. O uso

intensivo da terra e o desmatamento da caatinga, assim como o uso excessivo de pesticidas,

são os principais fatores por trás da degradação ambiental, da erosão, do assoreamento dos

cursos de água e da contaminação das nascentes.

96. A conscientização ambiental também é um fator crucial para reforçar o senso de

responsabilidade coletiva, a sensação de pertencer a uma comunidade e os vínculos

afetivos com o ambiente rural. Esses ingredientes contribuem para formar a coesão social

necessária para administrar com eficácia os recursos comuns. A promoção do

desenvolvimento ambientalmente sustentável nessa região deve surtir impactos positivos

sobre a saúde e o bem-estar da população em geral. A adoção de tecnologias sustentáveis

contribuirá para: i) a gestão dos recursos naturais (sobretudo, para a otimização do uso da

água e o aumento da sua eficiência) na área em questão e ii) a expansão dessa metodologia e

enfoque para outras áreas rurais. O Governo já preparou marcos, baseados no Programa de

Produção Agroecológica, que estabelecem os princípios básicos em cada uma dessas áreas;

esses marcos foram apresentados à população por meio de um processo de divulgação.

Durante a preparação do projeto, fizeram-se avaliações sobre a capacidade global de gestão

no tocante às questões sociais e ambientais. O Governo, que já tinha uma capacidade

relativamente boa para implementar e coordenar ações de política nessas áreas, também está

apoiando um reforço ainda maior dos sistemas estaduais. A existência das políticas e marcos

atuais deve garantir o cumprimento satisfatório no âmbito da operação proposta.

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97. As mulheres são o principal grupo a promover as práticas de conservação na

agricultura familiar. Além disso, também aceitam com mais frequência práticas

sustentáveis. Portanto, é importante incluir as mulheres na assistência técnica e nos cursos de

capacitação que apresentem novas metodologias e apoiem as atividades produtivas. Indícios

de todo o mundo sugerem que as sociedades que promovem uma maior igualdade de

oportunidades para homens e mulheres têm maior crescimento, menos pobreza e melhores

resultados em termos de desenvolvimento. Ainda assim, pelo mundo afora, as mulheres não

conseguem ter o mesmo nível de participação que os homens em muitos aspectos da vida em

sociedade quando não podem expor o seu ponto de vista sobre decisões que afetam as suas

vidas, não têm uma representação política justa, carecem de acesso livre à educação,

enfrentam a discriminação no emprego, não têm direito a terra nem à sua propriedade ou

sofrem com a violência nos seus próprios lares.

98. Este DPL apoiará a agricultura sustentável e a inclusão produtiva.

Ele: i) promoverá o uso de práticas agrícolas ambientalmente sustentáveis — o crescimento

inclusivo verde;25

ii) promoverá a inclusão das mulheres nas atividades produtivas por

intermédio das suas organizações produtivas e iii) ampliará as oportunidades de trabalho e

renda para a população mais vulnerável (especialmente os trabalhadores rurais sazonais da

cultura da cana-de-açúcar e da laranja). Os resultados esperados são que pelo menos 50% dos

trabalhadores sazonais do programa Mão Amiga no Estado serão incluídos no programa

Sergipe Alfabetizado e que pelo menos 60% dos trabalhadores participem de cursos de

capacitação do Estado para inserção em mercados/empresas formais. Ademais, esse programa

reconhece que o crescimento sustentado é necessário para suprir as necessidades urgentes de

desenvolvimento dos pobres do Estado e que há margem suficiente para crescer de forma

mais limpa sem desacelerar o crescimento.

Proteção social e prevenção da violência baseada no gênero

Objetivos de política do governo e desafios

99. O Governo reconhece que, para erradicar a pobreza extrema, é essencial

fortalecer a gestão dos serviços de proteção social e aumentar a oferta de serviços para

os pobres. Para fazer face a esses desafios, o governo formulou o Sergipe Mais Justo, um

plano para erradicar a pobreza extrema no Estado. Esse plano reúne várias ações em áreas

diversas, como saúde, educação, habitação, agropecuária, acesso a água potável, meio

ambiente e inclusão econômica e social. Assim, foi concebido um conjunto de medidas que

tira partido do arcabouço definido pelo Governo Federal para o programa nacional de alívio

da pobreza, o Brasil Sem Miséria. O objetivo é reduzir a desigualdade na população

fortalecendo a coordenação entre programas de transferência de renda e inclusão produtiva,

bem como ampliando o acesso a serviços públicos. Essas medidas visam melhorar a oferta de

serviços por meio do cofinanciamento de serviços sociais prestados pelos municípios e da

melhoria da identificação de famílias pobres que têm direito a receber assistência no âmbito

25

O crescimento inclusivo verde é o caminho para o desenvolvimento sustentável. Uma variedade de falhas

institucionais, no mercado e nas políticas significa que o capital natural tende a ser usado de maneiras

economicamente ineficientes e que geram desperdício, sem levar na devida conta os verdadeiros custos sociais

do esgotamento dos recursos e sem reinvestir de maneira adequada em outras formas de riqueza. Essas falhas

ameaçam a sustentabilidade do crescimento no longo prazo e os progressos realizados em termos de bem-estar

social.

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dos programas sociais federais, estaduais e municipais. Um dos principais desafios do Sergipe

Mais Justo é encontrar e incluir os mais vulneráveis e os mais pobres no Cadastro Único

(CadÚnico) dos programas sociais do Governo Federal, um instrumento para identificação e

classificação das famílias de baixa renda. Até o momento, o CadÚnico tem sido usado

exclusivamente como um cadastro dos beneficiários do Bolsa Família. A intenção agora é

ampliar a função desse instrumento ao usá-lo como cadastro para todos os programas sociais,

a fim de identificar e classificar as pessoas e famílias pobres de todos os municípios

brasileiros. A Busca Ativa, que visa identificar e incluir esse conjunto mais amplo de

beneficiários no CadÚnico, será implementado por meio de acordos entre o governo estadual

e os municípios.

100. A abordagem da sustentabilidade dos meios de subsistência pode ser usada como

base para explorar as questões relacionadas à subsistência do ponto de vista do gênero. O patrimônio, as estratégias de sobrevivência, as vulnerabilidades e os resultados refletem as

diferenças entre mulheres e homens, entre as famílias chefiadas por mulheres e as chefiadas

por homens, e entre as mulheres que chefiam uma família e as que não.

101. As funções e as responsabilidades dos gêneros estão relacionadas a expectativas

culturais sobre as funções, responsabilidades e o comportamento de mulheres e homens. O termo distingue os aspectos construídos socialmente dos determinados biologicamente no

que tange a ser homem ou mulher. As mudanças nas funções de cada gênero ocorrem em

resposta à evolução das circunstâncias econômicas, naturais ou políticas, o que passa pelos

esforços que visam o desenvolvimento. As mulheres e os homens desempenham funções

múltiplas na sociedade, relacionadas à produção, à família ou à reprodução, e à comunidade.

Os homens tendem a se concentrar nas funções ligadas à produção e à comunidade, e

costumam cumprir as suas múltiplas funções de forma sequencial. As mulheres, em

contrapartida, normalmente assumem todas essas funções simultaneamente e precisam

encontrar um equilíbrio para dividir seu tempo entre as diferentes exigências.

102. A análise dos gêneros deve ser incorporada à análise dos meios de subsistência e,

assim, representa outro pilar do desenvolvimento de políticas. Essa análise deve ser parte

integrante da implementação do programa e das atividades para monitorar o progresso e

avaliar o impacto do programa.

Ações de política específicas a serem apoiadas no âmbito desta operação

103. O DPL apoiará a proteção social e a prevenção da violência baseada no gênero.

Especificamente: i) fortalecerá o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) ao incluí-lo no

CadÚnico e cofinanciá-lo em pelo menos 20% de todos os municípios e ii) ampliará o apoio

dos governos estadual e municipais para promover a proteção das mulheres ameaçadas pela

violência e vulnerabilidade ao aumentar em 50% o número de mulheres atendidas pela Rede

de Atendimento à Mulher Vítima de Violência.

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VI. IMPLEMENTAÇÃO DA OPERAÇÃO

A. IMPACTOS SOCIAIS E SOBRE A POBREZA

104. As ações de política apoiadas por esta operação devem ter um impacto global

positivo sobre a pobreza e as desigualdades sociais, pois buscam eliminar restrições

fundamentais ao crescimento socialmente inclusivo e reforçar os processos democráticos

da governança pública em Sergipe. A operação apoiará mudanças de política que vão:

i) modernizar a gestão do Estado, melhorar a qualidade do atendimento aos cidadãos e elevar

as receitas do Estado ao aumentar a eficiência fiscal; ii) ampliar o acesso a serviços públicos

melhores nas áreas da saúde e educação, beneficiando, em maior medida, as mulheres e

crianças mais pobres; iii) promover o acesso ao mercado e o crescimento da renda em prol

dos agricultores familiares, os quais representam uma parcela excessivamente grande da

população menos favorecida do Estado e abrangem as comunidades tradicionais e os povos

indígenas;26

e iv) promover a inclusão social ao adaptar a assistência social para chegar até os

grupos sociais mais vulneráveis e fortalecer os programas para prevenir e combater a

violência baseada no gênero. Para avaliar os possíveis efeitos distributivos dessas mudanças

de políticas sobre a sociedade e a pobreza, recorreu-se a uma análise de dados secundários, a

entrevistas e a consultas em grupos de discussão envolvendo partes interessadas

fundamentais.27

105. Fez-se uma análise do contexto de referência. Ela revelou que: a) as condições

sociais em Sergipe são piores do que as médias nacionais; b) a pobreza e a pobreza extrema

são mais intensas nas áreas rurais — os extremamente pobres representam 28,9% da

população que vive nessas áreas, em comparação com 10,1% da população urbana — em

virtude da concentração de terras, da baixa produtividade e do acesso limitado dos pequenos

produtores familiares a renda monetária e empréstimos; c) a pobreza tem como fortes

26

O povo Xocó — que abrange uma população de 400 pessoas — é o único grupo indígena em Sergipe. Habita a

Aldeia Indígena de Caiçara/Ilha de São Pedro (4,317 hectares). Os seus meios de subsistência são análogos aos

das populações pobres em áreas ribeirinhas e rurais, combinando a agricultura de subsistência, a criação de gado

e a pesca. No Estado, 21 comunidades rurais e uma comunidade urbana foram certificadas pela Fundação

Palmares como quilombolas. Apenas uma recebeu do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

(Incra) o título de propriedade da terra. 27

Essas entrevistas foram feitas durante os meses de fevereiro e abril de 2012. Envolveram representantes das

organizações da sociedade civil no Conselho Estadual de Saúde e representantes das equipes de saúde da família

dos municípios de Estância e Nossa Senhora do Socorro; a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do

Sergipe (FETASE) e a Federação da Agricultura do Estado de Sergipe (FAESE); a Federação das Indústrias do

Estado de Sergipe e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe

(FECOMERCIO-SE); o Conselho Estadual de Educação, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da

Rede Oficial do Estado de Sergipe (SINTESE), professores e gestores de três escolas estaduais (Escola Estadual

24 de Outubro e Colégio Estadual Costa e Silva, no município de Aracaju, e Colégio Estadual Edélzio Vieira de

Mello, no município de Capela); organizações e comunidades quilombolas; representantes dos Sindicatos de

Trabalhadores Rurais dos municípios de Boquim, Pacatuba e Capela, onde predominam as culturas da cana-de-

açúcar e da laranja, e beneficiários do programa estadual Mão Amiga; produtores de leite envolvidos no

programa estadual Balde Cheio (Assentamento Jabiberi, no município de Tobias Barreto) e duas organizações de

produtores orgânicos dos municípios de Areia Branca e Itabaiana; associações comunitárias de bairros pobres de

Aracaju (Confederação Nacional de Moradores e Entidades Comunitárias do Brasil, Federação das Associações

de Moradores de Aracaju e Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju); representantes da

sociedade civil no Conselho Estadual de Assistência Social e três organizações de mulheres (Federação das

Mulheres de Sergipe, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher e Grupo de Mulheres Negras Maria

do Egito).

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determinantes a raça, o gênero, a escolaridade e a idade; e d) o combate à violência baseada

no gênero é uma preocupação cada vez maior no Estado.28

Nesse cenário, os impactos sociais

e econômicos combinados das políticas apoiadas por esta operação devem ser positivos para a

população mais vulnerável.

106. As políticas de inclusão produtiva e social tratam de determinantes-chave da

pobreza rural no Estado de Sergipe e podem contribuir de forma positiva para a

melhoria dos meios de subsistência e da qualidade de vida dos pobres nas áreas rurais. Os dados disponíveis e as consultas às partes interessadas indicaram que há uma cadeia causal

positiva entre o apoio à produção de leite e a redução da vulnerabilidade de pequenos

produtores familiares. A produção leiteira é uma atividade central e uma fonte confiável de

renda monetária para esses produtores. Hoje em dia, porém, eles enfrentam algumas restrições

fundamentais ao tentar aumentar a produtividade e a produção, melhorar os seus rebanhos e as

condições sanitárias da produção de leite e ganhar acesso a mercados novos e mais formais.

As entrevistas com produtores que já se beneficiaram das políticas para fortalecer a cadeia

produtiva do leite, as quais serão apoiadas por esta operação, mostram impactos positivos

dessas políticas sobre os ganhos, as condições de trabalho, a saúde e os padrões de vida. Esses

produtores agora conseguem alimentar devidamente e durante o ano todo um rebanho três

vezes maior do que conseguiam antes de se beneficiarem dessas políticas. A produção diária

de leite cresceu dez vezes, a carga de trabalho foi reduzida e a saúde das pessoas melhorou,

pois passaram de um sistema produtivo que dependia fortemente de agroquímicos para um

sistema agroecológico. Antes, eram obrigados a trabalhar fora das suas propriedades,

ganhando pouco; agora, muitos deles contratam trabalhadores de forma contínua para

trabalharem nas suas propriedades. Uma importante limitação à ampliação dessas políticas é o

elevado nível de analfabetismo e/ou a taxa de analfabetismo funcional dos produtores mais

velhos, uma vez que o programa Balde Cheio exige o controle rigoroso das atividades e,

portanto, a capacidade de ler e escrever. Na sua área-piloto, essa limitação foi superada com o

envolvimento dos membros mais jovens das famílias no registro das informações.

107. As políticas em apoio à agricultura agroecológica também podem ter impactos

positivos sobre a renda e sobre as condições de saúde dos agricultores familiares,

embora atinjam um grupo mais restrito de produtores rurais. A produção agroecológica

requer muita mão de obra, o que exige mais dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, porém, por

não depender de agroquímicos, pesticidas nem fertilizantes, os seus produtos podem reduzir

os riscos para a saúde dos produtores e, também, dos consumidores. Embora os custos e a

produtividade dos produtos agroecológicos sejam comparáveis aos dos produtos

convencionais, o seu mercado está em expansão e tem uma margem considerável sobre o dos

produtos convencionais. Além disso, os produtores agroecológicos se beneficiam de subsídios

mais altos ao vender a sua produção aos mercados institucionais. Em consequência, a taxa de

lucratividade é altamente competitiva. No entanto, a necessidade de deixar a terra sem cultivo

por um período de dois anos antes de obter a certificação de produtor orgânico, bem como a

falta de assistência técnica, restringe a ampliação e o impacto dessa política. A política

apoiada por esta operação aumentará a assistência técnica e deve trazer retornos positivos para

os produtores agroecológicos.

28

A análise completa dos impactos sociais e sobre a pobreza, contendo um exame mais aprofundado das

condições de referência, é apresentada no Anexo 7.

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108. As reformas de políticas relacionadas à inclusão social beneficiarão de forma

direta e positiva alguns dos grupos mais vulneráveis da população rural — os colhedores

de laranja e os cortadores de cana-de-açúcar — por meio de transferências de renda

sazonais. Esses trabalhadores estão entre os mais desfavorecidos na agricultura familiar.

Normalmente, eles não têm acesso à terra, trabalham em condições precárias e enfrentam o

desemprego sazonal. O perfil socioeconômico dos beneficiários do programa estadual Mão

Amiga em 2011 mostra que os índices de analfabetismo e pobreza entre esses grupos ainda

são piores do que a média entre as populações rurais. O analfabetismo prejudica as

oportunidades de vida de 15% dos colhedores de laranja e de 21% dos cortadores de cana. As

taxas de pobreza e de pobreza extrema entre os cortadores de cana chegam a 42% e 7%,

respectivamente, e a 19% e 72% entre os colhedores de laranja. A maioria dessas famílias

(76%) tem direito a receber ajuda no âmbito do programa Bolsa Família, do Governo Federal,

e 65% delas estão efetivamente cadastradas no programa. Em 2011, o Mão Amiga já

beneficiou 7,673 famílias de cortadores de cana e colhedores de laranja (36% e 64% do total,

respectivamente) em 29 municípios, reduzindo o peso do desemprego sazonal por meio de

transferências de renda. A prevalência e a continuação da pobreza nesses dois grupos sociais

se devem a fatores crônicos e passageiros (essencialmente, o desemprego sazonal).29

O programa de transferência de renda do Estado deve gerar impactos positivos sobre a

redução da pobreza porque a privação cíclica de renda é uma condição que adia ou dilui o

possível impacto de políticas concebidas para aumentar a capacidade dos pobres (como os

programas públicos nas áreas da educação e saúde). Esse programa também deve ter um

impacto positivo maior sobre as novas gerações de colhedores de laranja e cortadores de cana,

que podem se beneficiar mais das atividades de formação de capital humano, como a

alfabetização e a capacitação para o trabalho e, assim, ter mais acesso a empregos mais bem

remunerados.30

Contudo, existe um consenso entre as principais partes interessadas em torno

da preocupação de que será necessário um esforço no âmbito do Mão Amiga para fechar a

lacuna entre a capacitação para o trabalho oferecida e as qualificações exigidas pelos

mercados de trabalho regionais. O objetivo seria produzir melhores resultados em termos de

abertura do acesso dos beneficiários a mercados de trabalho formais, bem como surtir

impactos mais sustentáveis sobre a mão de obra, a renda e os padrões de vida.

109. As políticas de inclusão social também contribuirão para aumentar o bem-estar

social ao buscar atingir as pessoas menos favorecidas e tornar as políticas sociais

29

A pobreza crônica está associada mais comumente à falta de capital humano, à composição demográfica das

famílias, à localização da residência, à falta da posse de bens físicos e ao trabalho mal remunerado. De forma

distinta, o tamanho das famílias, as transferências do governo, a sazonalidade das atividades econômicas,

a migração e os eventos que marcam o ciclo da vida são os principais fatores que contribuem para a pobreza

passageira. 30

A raça, a escolaridade, o trabalho informal, o gênero e a residência na região Nordeste do Brasil são as

características que mais determinam a permanência da pobreza e a mobilidade descendente dos adultos nas áreas

urbanas brasileiras. A maioria dos pobres (73%) está sujeita à pobreza principalmente em função da persistência

do seu estado de pobreza no passado, contra o qual intervenções de curto prazo no mercado de trabalho e

transferências de renda por si só não são eficazes porque não alteram as características adversas das pessoas e

famílias (como a falta de escolaridade ou de bens). No entanto, políticas de transferência de renda, as quais são

necessárias para retirar as famílias da pobreza durante um certo período, também podem ajudar a reduzir as

possibilidades de essas mesmas famílias retornarem à pobreza caso a persistência da pobreza derive do grau de

dependência da pobreza atual em relação ao estado de pobreza no passado. Consequentemente, políticas de

combate à pobreza mais eficazes devem combinar um enfoque multissetorial que busque melhorar o capital

humano e ampliar o acesso a serviços públicos de qualidade, com uma ampla política de redistribuição de renda

(Ribas e Machado, 2007 e 2008).

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acessíveis a elas. As partes interessadas manifestaram o seu pleno apoio aos esforços do

Estado para tratar a pobreza como um fenômeno multidimensional e buscar atingir as famílias

extremamente pobres e, muitas vezes, “invisíveis” que, historicamente, fogem à atenção da

rede de serviços sociais e vivem em uma situação de pobreza que tende a se perpetuar e piorar

a cada nova geração. De modo geral, essas famílias não são vistas, ouvidas nem atendidas,

embora apresentem índices acima da média em termos de gravidez na adolescência e partos

prematuros, desnutrição, doenças crônicas e mortalidade entre crianças, negligência e

violência contra as crianças e mulheres; crianças fora da escola ou trabalhando; dependência

de drogas e alcoolismo; condições de moradia precárias e baixo nível de escolaridade das

mães. As partes interessadas concordaram que as principais falhas na tentativa de chegar até

essas famílias estão na esfera municipal e dizem respeito à fraca disseminação e entendimento

das políticas estaduais, à interferência política na seleção de recursos humanos e beneficiários,

a condições de trabalho precárias, à alta rotatividade dos assistentes sociais e ao fraco controle

social. As políticas apoiadas por esta operação atacarão esses problemas ao cofinanciar o

Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em pelo menos 20% dos municípios.

A expectativa é que as famílias extremamente pobres sejam quem mais venha a se beneficiar

do acesso aos serviços sociais que têm o potencial de produzir maiores dotações de capital

humano, novas oportunidades de trabalho e um reforço dos bens das famílias.

110. As políticas nas áreas da inclusão social e da saúde também terão um impacto

positivo sobre as questões de gênero e devem beneficiar principalmente as mulheres

pobres e os seus filhos. Ha um consenso entre as organizações em prol das mulheres de que

as medidas propostas para fortalecer a capacidade do Estado para prevenir e combater a

violência baseada no gênero são bastante necessárias e benéficas. Na opinião dessas

organizações, também é necessário que essas políticas tenham o respaldo de uma melhor

divulgação das condenações impostas a homens violentos e das medidas educativas para

mudar a cultura e o comportamento baseados no gênero. As políticas de saúde apoiadas por

esta operação respondem a preocupações fundamentais identificadas pelos principais

interessados (usuários, trabalhadores e profissionais de saúde) com respeito à saúde materno-

infantil. Ao buscar reduzir a incidência das taxas de mortalidade materno-infantil, bem como

a incidência da gravidez precoce e/ou de risco, essas políticas podem beneficiar mais os

pobres, uma vez que estes dependem bastante do sistema público de saúde.

111. Por último, os pobres serão quem mais se beneficiará das políticas que ampliam o

acesso ao ensino público de melhor qualidade. As entrevistas feitas com as principais partes

interessadas sobre o setor da educação revelaram grandes divergências. Contudo, também

mostraram pontos em comum. Elas concordam quanto ao fraco desempenho de Sergipe nos

principais indicadores educacionais — resultados do aprendizado fracos, índices elevados de

repetência e de evasão escolar e um alto número de jovens fora da escola — e quanto à

necessidade de melhorar a qualidade do ensino e do aprendizado nas escolas públicas. Todos

têm uma opinião crítica sobre as interferências políticas na administração das escolas, que

resulta em ineficiência e na baixa qualidade dos serviços educacionais. Por último, valorizam

as ações tendentes a aumentar a participação da comunidade nos processos de tomada de

decisões nas escolas. As políticas apoiadas por esta operação tratam das questões relacionadas

à interferência política, à participação da comunidade e à qualidade do aprendizado nas

escolas públicas. A expectativa é que essas políticas beneficiarão mais as crianças e jovens

pobres, uma vez que são eles os principais usuários das escolas municipais e estaduais em

Sergipe, assim como nos demais Estados do Brasil. Considerando a correlação forte e positiva

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entre a educação, a melhoria das oportunidades de emprego e a renda, também se espera que

essas políticas contribuam de forma positiva para romper o círculo vicioso que reproduz a

pobreza, criando novas e melhores oportunidades de vida para as crianças e os jovens da

metade inferior da sociedade de Sergipe.

B. ASPECTOS AMBIENTAIS31

112. Sergipe conta com um arcabouço legislativo sólido que lhe permite cumprir com

as suas obrigações ambientais. A estrutura legal vem sendo reforçada nos últimos cinco

anos, com ênfase no licenciamento ambiental e na conformidade com a regulamentação

ambiental. Desde 2007, várias estratégias foram aplicadas e melhoraram o desempenho do

Estado em áreas cruciais como a gestão dos recursos hídricos, o licenciamento ambiental e

outras atividades de controle e fiscalização. A agenda ambiental do Estado também foi

ampliada.

113. Contudo, alguns componentes dessa agenda exigem revisões do arcabouço legal e

institucional. Alterações recentes na regulamentação federal exigem que as políticas de

alguns Estados sejam atualizadas; por exemplo, a política de resíduos sólidos precisa estar em

conformidade com as novas normas estabelecidas na lei nacional sobre o assunto. A gestão

dos recursos hídricos estaduais requer o fortalecimento das instituições para dar continuidade

à implementação do modelo atual. Os avanços obtidos em algumas políticas ambientais

avançadas no Estado precisam ser consolidados. Por exemplo, é necessário instituir a política

referente à mudança climática. O Governo já tem uma estratégia para a sua implementação.

114. O Estado está dotado de recursos e capacidade instalada significativos para a

proteção ambiental, com uma ampla agenda de responsabilidades ambientais. Os recursos organizacionais do sistema de gestão ambiental estadual foram reforçados, o que

apoiou a expansão das atividades e um grande aumento da capacidade de gastos. A obtenção

de recursos para a gestão ambiental por meio da concessão de licenças e autorizações também

cresceu, em reflexo do desempenho das atividades da Administração Estadual do Meio

Ambiente (ADEMA), da Superintendência de Recursos Hídricos (SRH) e da Secretaria de

Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) na organização do sistema de

gestão desses recursos no Estado.

115. Apesar desse panorama positivo, a capacidade da ADEMA para custear as suas

despesas operacionais está diminuindo. Considerando a agenda do Governo e as

responsabilidades institucionais, percebe-se que os recursos e a capacidade instalada na esfera

estadual são insuficientes para atender a todas as demandas. A importância conferida ao meio

ambiente ainda é muito baixa, o que se reflete na participação mínima do meio ambiente nos

gastos do Estado e no fato de o órgão técnico responsável estar saturado. As equipes técnicas

da SEMARH e da ADEMA estão sobrecarregadas pelo volume de trabalho representado pelo

trabalho de rotina na formulação, implementação, monitoramento, avaliação e conformidade

dos projetos ambientais. Como exemplo, em 2011, cada técnico produziu 22 atos

administrativos.

31

Esta seção se baseia em uma avaliação ambiental (Neves 2012) com uma extensa revisão da literatura e uma

lista completa da legislação pertinente.

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116. A capacidade para a gestão ambiental na esfera municipal ainda é precária,

apesar das melhorias nos últimos anos. Os gestores estaduais têm apoiado o fortalecimento

da capacidade local, uma vez que está um curso, no Estado, uma iniciativa de

descentralização. Até o momento, apenas um município está inteiramente pronto para

desempenhar as suas atribuições referentes ao meio ambiente. Assim, o Estado reconhece a

necessidade de continuar a apoiar os governos locais no curto e médio prazo.

117. A avaliação do impacto ambiental das ações de política apoiadas por este DPL

mostra que o programa resulta em impactos benéficos e adversos sobre a qualidade do

meio ambiente. O Estado conta com a capacidade institucional para a gestão e proteção do

meio ambiente. Os aspectos mais fracos da capacidade e dos recursos disponíveis dizem

respeito às limitações operacionais e à uniformidade na dotação de pessoal. O impacto

ambiental global deste DPL pode ser positivo caso as ações possivelmente benéficas sejam

ampliadas e caso sejam adotadas estratégias para neutralizar os prováveis impactos adversos.

Essas estratégias teriam dois focos, a saber: uma ampliação da capacidade operacional do

sistema de governança ambiental e a regularização das questões institucionais pendentes.

118. A visão e os planos estratégicos do Estado favorecem a descentralização e a

desconcentração das políticas, com a participação ativa dos municípios em

conformidade com as características cooperativas do federalismo brasileiro. No contexto

deste DPL, a atenção à saúde é promovida mediante ações cooperativas e descentralizadas.

Contudo, a situação atual das capacidades ambientais na esfera municipal indica que, mesmo

que sejam intensificados os esforços do Estado para promover o fortalecimento institucional

nos municípios, a concentração das responsabilidades na esfera estadual será um traço

decisivo das instituições ligadas ao meio ambiente em Sergipe, no curto e no médio prazo.

119. As atividades destacadas na Carta Consulta indicam que a execução de algumas

das políticas públicas que podem vir a ser apoiadas por esta operação talvez gerem

impactos ambientais adversos. As áreas em particular identificadas como de possível risco

são: i) setor da saúde — a operação pode vir a apoiar políticas para melhorar a cobertura e a

qualidade dos serviços públicos (R$ 300 milhões foram destinados ao setor para cobrir a

infraestrutura e a prestação de serviços); ii) setor da educação — planeja-se aumentar a oferta

de capacitação e formação profissional, o que abrange a reforma de escolas e a construção de

12 novas escolas e iii) desenvolvimento inclusivo — são várias as atividades no setor privado

que poderiam ter impactos ambientais, porém, em vista da concepção atual do programa,

esses impactos são considerados pouco significativos.

C. IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

120. Esta é uma operação multissetorial abrangendo três áreas de política: 1) gestão

fiscal e do setor público; 2) serviços públicos nos setores da saúde e educação; e

3) desenvolvimento socioeconômico, passando pela agropecuária, proteção social e

gênero. Em vista da sua natureza, a operação seria implementada por sete secretarias do

Estado de Sergipe, a saber: Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão

(SEPLAG), Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ), Secretaria de Estado da Saúde (SES),

Secretaria de Estado da Educação (SEED), Secretaria de Estado da Agricultura e

Desenvolvimento Rural (SEAGRI), Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SEPM)

e Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social (SEIDES). Essas

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secretarias vão monitorar a implementação e os resultados nas suas respectivas áreas técnicas,

enquanto a SEPLAG também vai ter uma função coordenadora.

121. A preparação desta operação está sendo liderada pela SEPLAG. Essa secretaria

ficará encarregada das atividades gerais de coordenação, monitoramento e avaliação do DPL

e, assim, será o principal interlocutor do Banco Mundial, inclusive durante a implementação.

Como coordenador formal, a SEPLAG deverá compilar todas as informações relacionadas à

operação fornecidas pelas demais secretarias participantes e elaborar os documentos

necessários. Nesse sentido, duas tarefas devem ser desempenhadas: i) fornecer informações

em tempo hábil e em um formato satisfatório ao Banco, a fim de cumprir as condições

exigidas do empréstimo não parcelado e ii) facilitar a conclusão em tempo hábil das

atividades necessárias para cumprir essas condições.

122. A SEPLAG também será responsável pela implementação das reformas previstas

no âmbito da área de política 1. Especificamente, se encarregará das ações destinadas a

aumentar a qualidade dos serviços para os cidadãos mediante o desenvolvimento de processos

e procedimentos padronizados. Além disso, trabalhará com a SEFAZ para implementar

atividades destinadas a modernizar processos essenciais das funções de planejamento,

orçamento e controle por meio da revisão de processos e da criação de um novo sistema de

informação.

123. A SEFAZ ficará responsável pela consolidação fiscal, pelas reformas associadas à

melhoria do uso do patrimônio do Estado, pelo aumento das receitas do Estado e pela

diminuição da evasão fiscal, conforme previsto na área de política 1. Para tanto, trabalhará

em conjunto com a Procuradoria Geral do Estado e o Poder Judiciário para melhorar as

ferramentas e procedimentos, inclusive os associados às informações eletrônicas.

124. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Secretaria de Estado da Educação

(SEED) supervisionarão a implementação da área de política 2, abrangendo os setores

da saúde e da educação, respectivamente. A SES está encarregada da execução de políticas

relacionadas à saúde que abrangeriam a gravidez de alto risco e a atenção neonatal. Isso será

feito com a criação de redes de saúde regionais entre os municípios do Estado de Sergipe e

com a sua adesão ao Rede Cegonha, o programa federal de saúde materno-infantil.

A participação dos municípios também exigiria a aprovação do Ministério da Saúde e a

divulgação dos planos regionais. Já a SEED supervisionaria a execução de reformas para

ampliar o acesso, melhorar a qualidade e aumentar a eficiência do ensino fundamental,

sobretudo por meio da melhoria do modelo de gestão das escolas do Estado e do apoio ao

Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), do Ministério da Educação,

o que exigiria o fortalecimento da descentralização e acordos entre o Estado e os municípios

participantes.

125. Por último, a área de política 3 será implementada pela Secretaria de Estado da

Agricultura e Desenvolvimento Rural (SEAGRI), pela Secretaria de Estado da Inclusão,

Assistência e Desenvolvimento Social (SEIDES) e pela Secretaria Especial de Políticas

para as Mulheres (SEPM). Essas secretarias apoiarão, respectivamente, reformas nas áreas

da agropecuária (cadeia produtiva do leite, oferta de sementes e raízes tuberosas,

e “crescimento verde inclusivo”); oportunidades de trabalho e renda; e inclusão e proteção das

mulheres vulneráveis. Essas políticas e reformas seriam implementadas mediante o apoio à

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capacitação; o acesso aos mercados, a participação no programa de alfabetização,

transferências entre fundos para financiar a identificação e cadastramento dos mais

vulneráveis (Busca Ativa), assim como a inclusão nos programas de proteção social;

e o fortalecimento da rede de proteção para as mulheres em situação de violência. Essas

atividades também receberiam o apoio de outras instituições, como a Companhia de

Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação (COHIDRO) e a Empresa de

Desenvolvimento Agropecuário (EMDAGRO).

D. ASPECTOS FIDUCIÁRIOS

Gestão das finanças públicas

126. A Constituição da República Federativa do Brasil fundamenta a gestão das

finanças públicas em todos os níveis de governo do país. As exigências e diretrizes mais

detalhadas relacionadas aos procedimentos de gestão das finanças públicas (GFP) a serem

adotados por todos os níveis de governo estão contidos em um arcabouço jurídico bem

elaborado. Esse arcabouço foi elaborado por meio da adoção de uma série de reformas

jurídicas e institucionais ao longo de vários anos para ajudar a fortalecer a responsabilidade e

a transparência na condução das finanças públicas no Brasil. A Lei de Normas Gerais de

Direito Financeiro (Lei 4.320, de 1964) regulamenta os controles financeiros, o processo de

elaboração do orçamento e a prestação de contas nos níveis federal, estadual e municipal.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 2000, estabeleceu exigências específicas quanto à

disciplina macroeconômica e fiscal que definem muitos aspectos da gestão das finanças

públicas. O contexto em que essas leis são implementadas advém da crescente demanda por

responsabilidade e prestação de contas no uso dos recursos públicos e de várias iniciativas

lançadas nas diversas esferas de governo destinadas a aumentar a eficiências dos gastos

públicos.

127. O sistema de GFP de Sergipe tem regras e controles internos sólidos, além de

uma definição clara das responsabilidades e dos mecanismos institucionais para a gestão

das finanças públicas. O compromisso do Governo de Sergipe com um sistema sólido de

GFP está evidente na sua estratégia de desenvolvimento, que reconhece a transparência,

a prestação de contas e o aumento da eficiência dos gastos públicos como elementos

fundamentais para garantir o crescimento econômico equitativo no Estado.

128. O sistema de classificação do orçamento é regido por regras federais compatíveis

com normas internacionais. Essas regras também preveem exigências específicas

relacionadas à inclusão de informações completas na documentação orçamentária. O processo

de elaboração do orçamento é organizado e foi concebido de modo a promover a participação

de todas as partes interessadas e órgãos setoriais relevantes. O processo é orientado por

procedimentos de elaboração bem definidos e por um calendário que estabelece o devido

sequenciamento das atividades, para que haja tempo suficiente para a realização de cada uma

delas. O Estado vem cumprindo sistematicamente os prazos de elaboração dos principais

documentos orçamentários e de apresentação ao Legislativo para deliberação e aprovação.

Esses documentos são o Plano Plurianual Participativo (PPA-P), a Lei de Diretrizes

Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). O Governo do Estado está

empenhado em melhorar as perspectivas de médio prazo em seu processo de planejamento e

orçamento.

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129. Contudo, ainda existem alguns pontos fracos na gestão das finanças públicas no

Estado. Para eliminá-los, o Governo fez uma série de reformas para melhorar a eficiência,

a transparência e a prestação de contas no uso de recursos públicos. Essas reformas visavam o

fortalecimento dos vínculos entre o planejamento estratégico e o processo de elaboração do

orçamento, o reforço da capacidade das funções de contabilidade e auditoria interna e a

atualização de seus sistemas de informação.

130. O Brasil já definiu um cronograma para a adoção das Normas Internacionais de

Contabilidade do Setor Público (IPSAS) por todos os entes do Governo Federal até 2013. A intenção com a adoção das IPSAS é melhorar a qualidade e a pertinência das informações

financeiras disponíveis para as decisões dos gestores do setor público. Isso reforçaria a

transparência e a responsabilidade na gestão dos recursos públicos e, ao mesmo tempo,

apoiaria o objetivo do Estado de aumentar a eficiência na gestão desses recursos. O Governo

de Sergipe está empreendendo uma série de reformas para preparar-se para a implementação

das novas normas de contabilidade. Por exemplo, criou um comitê para coordenar as

atividades nessa área e lançou um programa de sensibilização de todos os servidores sobre as

mudanças administrativas necessárias. A preparação também prevê um programa de

capacitação para assegurar que os servidores públicos tenham as qualificações e

conhecimentos necessários para implementar as novas normas de contabilidade.

131. As informações financeiras no Brasil têm um elevado nível de transparência. Isso

se dá em virtude do uso da Internet e de outras mídias para disseminar informações sobre

planos, orçamentos, relatórios financeiros periódicos e demonstrações financeiras anuais.

O Estado vem constantemente conseguindo elaborar as suas demonstrações financeiras dentro

dos prazos estipulados. As leis pertinentes são bastante claras quanto às obrigações

relacionadas à elaboração dessas demonstrações financeiras. O governo está empenhado em

assegurar que a quantidade, qualidade e formato dessas informações sejam suficientes para

permitir uma ampla participação nos processos de elaboração e acompanhamento da execução

do orçamento.

132. O Estado definiu como prioritária a implementação do novo Sistema Integrado

de Gestão Pública (i-Gesp), um software adquirido no âmbito de um acordo com o

Estado de Pernambuco. O objetivo é atualizar os sistemas de informação de Sergipe de

modo a permitir a geração automática de relatórios orçamentários do exercício corrente e

reduzir o risco de surgirem imprecisões na classificação e registro dos dados. Essa atualização

também reforçará a integração efetiva dos sistemas contábeis e, ao mesmo tempo, apoiará a

adoção das novas normas e regulamentos contábeis.

133. A função de auditoria interna fica a cargo da Controladoria Geral do Estado

(CGE), que tem autonomia suficiente para tanto. A CGE tem acesso suficiente a outras

secretarias do Governo de modo a permitir-lhe fazer suas auditorias. De modo geral, suas

recomendações são implementadas, em parte como resultado da estreita colaboração com o

Tribunal de Contas do Estado (ver abaixo). A Controladoria pretende modernizar a sua

metodologia de auditoria e reforçar a capacidade dos seus recursos humanos.

134. A atribuição de auditar as demonstrações financeiras de Sergipe está investida

pela Constituição no Tribunal de Contas do Estado, que, grosso modo, está apto a

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realizar auditorias de escopo razoável. No passado recente, o Tribunal conseguiu apresentar

relatórios ao Legislativo (responsável pela revisão e aprovação das contas) em tempo hábil.

As ações recomendadas são geralmente implementadas, conforme comprovado pelos

relatórios do próprio Tribunal. O exame do orçamento e das demonstrações financeiras pelo

Legislativo segue regras e procedimentos claros. Atualmente, o Tribunal está empreendendo

reformas visando a adoção de práticas modernas de auditoria e o alinhamento dos seus

métodos com as normas internacionais.

135. Em consequência da avaliação acima, o Banco está satisfeito que o ambiente de

GFP no Estado de Sergipe é adequado para apoiar a operação proposta. Além disso,

a estratégia de desenvolvimento do Governo e as ações empreendidas para implementar

reformas refletem de maneira satisfatória seu compromisso com o aprimoramento do

ambiente de GFP.

Ambiente de controle cambial

136. O FMI fez uma avaliação das salvaguardas do Banco Central do Brasil em

outubro de 2002 e a atualizou em março de 2004. Concluiu-se que o Banco Central não

apresentava vulnerabilidades generalizadas que poderiam comprometer a salvaguarda dos

recursos do Fundo. O Banco também examinou as demonstrações financeiras do Banco

Central para avaliar se o ambiente de controle cambial permanecia adequado. Como parte

desse exame, o Banco Mundial examinou as demonstrações financeiras referentes aos

exercícios findos em 31 de dezembro de 2006 a 2011. As demonstrações continham notas

explicativas às demonstrações e um relatório da auditoria independente realizada por um

escritório de auditoria internacional. Desse relatório constava um parecer sem ressalvas sobre

as demonstrações financeiras de todos os anos. As notas explicativas, parte integrante das

demonstrações, apresentavam uma explicação detalhada das políticas de gestão de risco do

Banco Central, inclusive as relacionadas aos instrumentos financeiros adotados para

administrar as reservas internacionais. Em relação aos riscos operacionais, as notas afirmam

que o Banco Central “usa sistemas de controle interno considerados adequados para suas

atividades”. A conclusão do Banco Mundial com base no exame das demonstrações

financeiras foi que o ambiente de controle que rege as operações do Banco Central, através do

qual as divisas do empréstimo tramitariam, mantinha-se adequado.

E. DESEMBOLSO E AUDITORIA

137. A operação proposta seguirá os procedimentos de desembolso do Banco Mundial

para empréstimos para políticas de desenvolvimento. Os recursos do empréstimo serão

desembolsados com a condição de que o programa de políticas de desenvolvimento seja

implementado de maneira satisfatória e não estarão vinculados a compras específicas.

Após a entrada em vigor, os desembolsos serão feitos pelo Banco Mundial em uma conta

mantida pelo Estado na Caixa Econômica Federal, um banco comercial considerado aceitável

pelo Banco Mundial, pois se trata de uma instituição que: i) é financeiramente sólida; ii) está

autorizada a manter a conta na moeda acordada entre o Banco Mundial e o Estado;

iii) é auditada regularmente e recebeu relatórios de auditoria satisfatórios; iv) está apta a

executar um grande número de transações imediatamente; v) está apta a desempenhar uma

variada gama de serviços bancários de maneira satisfatória; vi) está apta a fornecer

demonstrativos detalhados da conta; vii) faz parte de uma rede de correspondentes bancários

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satisfatória e viii) cobra taxas razoáveis pelos seus serviços. A conta será denominada em

reais e não fará parte das reservas internacionais oficiais do país. Contudo, o Banco Central

será informado do depósito desse montante. Tão logo os recursos sejam depositados na conta,

a Caixa Econômica Federal creditará um montante equivalente na conta única do Tesouro do

Estado usada para financiar as despesas do orçamento. O Estado enviará confirmação ao

Banco Mundial de que: i) os recursos do empréstimo foram recebidos na conta denominada

em moeda nacional e ii) um montante equivalente foi creditado na conta que financia as

despesas orçadas. Essa confirmação será enviada ao Banco Mundial no prazo de 30 dias após

o pagamento. Se o mutuário desejar que os recursos sejam depositados em um banco

comercial diferente da Caixa Econômica Federal, precisará obter a aprovação do Banco a essa

mudança. Caso os recursos do empréstimo sejam usados para fins inaceitáveis, conforme

definido no Acordo do Empréstimo de Desenvolvimento, o Banco Mundial exigirá do Estado

a restituição do montante. À luz das conclusões relacionadas à adequação do ambiente de

gestão das finanças públicas do Estado, não serão estabelecidas outras disposições fiduciárias

para esta operação.

F. RISCOS E MITIGAÇÃO DE RISCOS

138. Fatores nacionais, estaduais e setoriais. Risco moderado a baixo. Conforme descrito

na contextualização nacional e estadual, apesar dos riscos externos e dos desafios em termos

de políticas internas, o quadro macroeconômico global do Governo do Brasil é considerado

sustentável no médio prazo. Na esfera estadual, a economia sergipana cresceu nos últimos

anos, registrando o mais alto crescimento do PIB (25,2%) em comparação com os demais

Estados no Nordeste e com o país como um todo. Além disso, o Governo de Sergipe vem

cumprindo os limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), e não parece

haver riscos para a sustentabilidade fiscal no médio prazo. O Governo do Estado também vem

demonstrando uma forte identificação e o desejo de implementar e manter as reformas de

política a serem apoiadas por esta operação, o que também é reforçado pela estabilidade

política no Estado nos últimos anos.

139. Fatores sociais. Risco moderado. Foi feita uma análise do impacto social e sobre a

pobreza, passando por um exame dos dados secundários e por entrevistas em grupos de

discussão com as principais partes interessadas. A análise concluiu que a combinação dos

impactos sociais e econômicos sobre a população mais vulnerável deve ser positiva. Os riscos

sociais associados à operação são moderados e dizem respeito: a) ao risco de nem todas as

mulheres informarem casos de violência baseada no gênero, o que pode limitar o impacto das

políticas dissuasivas; b) às elevadas taxas de analfabetismo e/ou de analfabetismo funcional

entre os pobres e os produtores rurais mais velhos, o que pode afetar o sucesso das políticas

de inclusão produtiva e social; c) a necessidade de deixar a terra sem cultivo por longos

períodos antes de obter a certificação de produtor orgânico, o que pode tornar a agricultura

orgânica menos atraente para os produtores pobres e os pequenos proprietários de terra;

e d) a lacuna entre os cursos de capacitação oferecidos e as qualificações exigidas pelos

mercados de trabalho regionais, o que pode transformar o programa Mão Amiga em, tão

somente, uma política compensatória de transferência de renda e não um programa de

qualificação para o trabalho.

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140. Fatores ambientais. Risco moderado. Foi feita uma avaliação ambiental e a

conclusão foi que os aspectos ambientais das intervenções do programa devem ser positivos.

Os riscos ambientais associados à operação são moderados e dizem respeito: a) ao risco de a

capacidade institucional para assegurar a conformidade com as normas ambientais não ser

suficiente para fazer face à expansão da demanda pelos serviços e b) de os trabalhadores das

cultura da cana-de-açúcar e da laranja no âmbito do programa Mão Amiga não receberem

capacitação suficiente e adequada para minimizar uma possível exposição a pesticidas. Essa

capacidade institucional será fortalecida por meio da operação, minimizando os possíveis

riscos. O Estado está estudando formas de incluir no programa Mão Amiga um componente

de capacitação reforçada para chegar até essas populações possivelmente vulneráveis.

141. Fatores fiduciários. Risco baixo. Os procedimentos de gestão das finanças públicas

são bem desenvolvidos no Brasil e adotados por todas as esferas de governo. Um arcabouço

jurídico sólido foi desenvolvido ao longo de vários anos para ajudar a fortalecer a

responsabilidade e a transparência na gestão das finanças públicas no país. O sistema de GFP

de Sergipe tem regras e controles internos sólidos, além de uma definição clara das

responsabilidades e dos mecanismos institucionais para a gestão das finanças públicas.

Os pontos fracos estão sendo resolvidos pelo Estado por meio de uma série de reformas,

as quais mitigariam os riscos relacionados à gestão das finanças.

142. Fatores institucionais e relativos à implementação. Risco moderado a baixo.

A análise vai de riscos moderados a baixos para os fatores institucionais e relativos à

implementação. Ela depende, em sua maior parte, do nível e da situação da implementação

das reformas propostas, da secretaria executora responsável, da adesão necessária das partes

envolvidas e de a reforma de políticas ser um mandato do Estado ou depender de outros atores

nas esferas nacional ou subnacional. Os parágrafos a seguir descrevem a capacidade de

implementação e os respectivos riscos para cada uma das secretarias envolvidas.

143. A SEPLAG é a principal secretaria encarregada da gestão, orçamento e

planejamento e, assim, conta com a estrutura e os conhecimentos técnicos para

coordenar outros órgãos e executar as atividades sob a sua responsabilidade. Contudo,

no que respeita à melhoria da qualidade do atendimento aos cidadãos, pode haver riscos

relacionados à capacidade da SEPLAG para desenvolver e integrar diferentes sistemas em

tempo hábil e capacitar funcionários nos novos processos propostos associados ao guichê

único. Além disso, pode haver riscos e atrasos relacionados às mudanças físicas necessárias

nas instalações que prestam esse atendimento, além de resistência dos funcionários aos novos

processos propostos. As medidas de mitigação abrangeriam reuniões regulares,

o planejamento e monitoramento das ações necessárias, a elaboração de documentos de

arquitetura, a capacitação dos funcionários e campanhas de comunicação.

144. A SEFAZ demonstra uma capacidade de implementação acima da média quando

comparada com outras secretarias e instituições estaduais em virtude do acesso histórico

a pessoal técnico capacitado e bem remunerado. Além disso, uma característica singular do

Governo de Sergipe é a forte cooperação entre a SEFAZ, a Procuradoria Geral do Estado e o

Poder Judiciário. Os riscos para esta operação estão associados a dificuldades em integrar

vários sistemas com tecnologias diversas, manter uma boa coordenação e as relações entre as

partes envolvidas, e a resistência dos funcionários e empresas dependentes ao novo modus

operandi e ao sistema. As medidas de mitigação abrangeriam o planejamento detalhado e o

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monitoramento das ações necessárias, a capacitação de funcionários sobre o uso do novo

sistema, simulando situações do dia a dia no trabalho, e a disponibilidade de uma equipe de TI

para oferecer suporte em tempo hábil e atender às necessidades dos funcionários.

145. Os homólogos da SES estão confiantes de que podem assumir a responsabilidade

de implementar as reformas de políticas e as atividades associadas ao programa Rede

Cegonha. A SES destacou que o programa é uma prioridade da Presidente. Dessa maneira,

a SES beneficiou-se da sólida parceria e do forte apoio do Ministério da Saúde na

implementação do Termo Aditivo ao Contrato de Ação Pública (TCAP),32

o instrumento legal

entre as esferas federal e estadual que descreve as atividades, funções e responsabilidades

relacionadas às redes regionais de saúde, como o Rede Cegonha. Os possíveis riscos

associados às reformas e os indicadores propostos no âmbito desta operação são os seguintes:

i) uma das ações prévias referentes ao setor da saúde depende do Ministério da Saúde, ou seja,

não está sob a tutela de Sergipe; ii) as verbas federais para as redes regionais de saúde

seguiriam a tabela de valores definidas pelo SUS para o reembolso de serviços de saúde e,

assim, talvez não cubram os custos efetivos, o que implica o cofinanciamento pelo Estado

e/ou pelos municípios; e iii) o fluxo das recompensas baseadas nos resultados não está claro,

uma vez que várias metas são, por natureza, regionais e, assim, exigem ações em diversos

níveis da rede de atendimento, quando apenas os municípios têm o direito a receber os

recursos (ou seja, as regiões não constituem entidades gestoras de recursos). Outro desafio —

e risco — diz respeito às falhas dos sistemas de dados da SES, que precisariam ser reforçados

para apoiar devidamente o processo de gestão baseada em informações. A fim de mitigar o

primeiro risco, foi criado um grupo de representantes do Estados, dos municípios e do

Ministério da Saúde, com uma agenda e um plano de trabalho definidos a serem cumpridos.

De acordo com a SES, a questão dos recursos seria mitigada por verbas complementares dos

Estados e dos municípios sempre que necessário, o que foi permitido recentemente pelo

Ministério da Saúde para algumas intervenções.

146. Quanto à SEED, os riscos relacionados às reformas da política educacional estão

associados ao estabelecimento de um sistema meritocrático para a seleção de gestores

das escolas administradas pelo Estado e à resistência que esse processo pode enfrentar

pelas partes interessadas, como o sindicato dos professores. Contudo, a implementação

dessa política está sendo precedida por um amplo debate envolvendo os professores e

gestores, o Conselho Estadual de Educação, responsáveis pelas políticas do setor, autoridades

do Governo e outras partes interessadas. Ademais, a SEED contratou um consultor que está

prestando apoio na definição de políticas estruturais e na adoção de um modelo de gestão

baseada em resultados mediante a criação de um guia segundo o qual as escolas, professores e

alunos serão monitorados e avaliados.

147. A SEAGRI e os órgãos associados a ela, EMDAGRO e COHIDRO, já têm a

experiência, infraestrutura e capacidade técnica para implementar as políticas e ações

apoiadas por este DPL. Além disso, a EMDAGRO conta com pessoal para oferecer

assistência técnica em 40 municípios. Já a COHIDRO tem a infraestrutura e pessoal

trabalhando em seis perímetros irrigados em Sergipe; a capacidade atual poderia abranger 75

municípios do Estado.

32

No futuro próximo, o TCAP será substituído pelo Contrato Organizativo de Ação Pública (COAP), o novo

instrumento jurídico para regulamentar as parcerias entre a União e os Estados.

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148. A SEIDES é responsável pelas políticas de proteção social, as quais são

implementadas no âmbito de uma ampla rede de serviços sociais em todo o Estado. Além

disso, muitas dessas políticas são obrigações previstas na Constituição ou resultam de acordos

e parcerias com o Governo Federal; assim, os riscos são baixos. A implementação das

políticas e ações desta operação reforçaria o trabalho ora em andamento, permitindo a

obtenção de resultados mais amplos e robustos.

149. A SEPM está executando atividades que resultam de políticas e acordos bem

estabelecidos com o Governo Federal. Além disso, conta com o apoio de outras instituições

estaduais e municípios para a implementação. Assim, embora a SEPM tenha sido criada

recentemente, em 2011, não se contemplam riscos importantes no âmbito da operação na área

relacionada à proteção das mulheres e prevenção da violência baseada no gênero.

150. A ADEMA e a SEMARH contam com recursos significativos e capacidade

instalada para a proteção ambiental; contudo, eles são insuficientes para atender a toda

a demanda. Na esfera municipal, eles são, na melhor das hipóteses, desiguais. A importância

conferida ao meio ambiente ainda é muito baixa, o que se reflete na participação mínima do

meio ambiente nos gastos do Estado e no fato de o órgão técnico responsável estar saturado.

Até o momento, apenas um município está inteiramente pronto para desempenhar as suas

atribuições referentes ao meio ambiente.

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ANEXOS

ANEXO 1. SERGIPE: CARTA DE POLÍTICAS

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SERGIPE LETTER OF DEVELOPMENT POLICY (UNOFFICIAL TRANSLATION)

GOVERNMENT OF SERGIPE OFFICE OF THE GOVERNOR

Official Letter No. 3.299/2012 Ref.GE No. 303/2012

Aracaju, October 03, 2012 Mr. Jim Yong Kim President The World Bank Washington, DC Subject: Sergipe – Development through Inclusion – Letter of Development Policy

This document provides an overview of the public policies of the State of Sergipe, as well as a general, up-to-date view of the State’s economic and fiscal situation. It also includes the Government’s objectives for the years ahead, set out in the 2012-2015 Multiyear Plan – Sergipe: Development through Inclusion, which are broken down into initiatives aimed at the eradication of extreme poverty, the promotion of inclusive economic development and the building of a more equitable society.

We are convinced that financial support from the World Bank, in the form of

a Development Policy Loan (DPL), will greatly strengthen the initiatives included in the Sergipe Plan: Development through Inclusion, and have a positive impact on the expected results. 1. Public Policies in the State of Sergipe: context, recent progress, objectives and challenges The aim of public policies in the State of Sergipe in recent years has been to consolidate social policies and, at the same time, promote sound economic growth. In 2007, economic development through social inclusion was incorporated into the State’s public policy agenda, to allow for a refocusing of state action.

In the State of Sergipe, the first initiatives based on this new development paradigm date from the 2008-2011 Multiyear Plan – Development with Inclusion through Rights and Income, under which efforts were already under way to implement “a new development model for the reduction of social exclusion and social and regional inequalities.”

The realignment of state action in Sergipe broadly follows the same trend

observed in the agenda of the Federal Government, where the imperative of social

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inclusion with economic development has gained significant impetus in the last decade. The convergence of the federal and state programs can be viewed as a major factor in the increasing effectiveness of public policies in Sergipe in recent years.

With GDP growth rates above the national average and significant

improvements in its social indicators, results made possible by the acknowledged success of implemented policies, Sergipe intends to strengthen the public policies instituted in 2007.

Despite the international financial crisis that erupted at end-2008, the

growth of market price GDP in Sergipe remained above 5 percent between 2007 and 2010, except in 2008 when it fell to 2.6 percent. In 2009, Sergipe had the fourth highest growth rate among all Brazilian states.

Other economic indicators show that Sergipe’s economy became stronger

and more dynamic during the period. The increase in the number of formal jobs created in the State was nearly 100 percent greater than in the preceding four years. Spurred by the Sergipe Industrial Development Program, a total of 110 new industrial enterprises were launched, resulting in a significant jump in employment in the sector. Both consumption and credit expanded sharply between 2007 and 2010.

Sizable investments in the expansion of potassium operations and in the

fertilizer industry in the State are projected. Increased investment in the oil and natural gas industry is also planned, following confirmation of a new deep-water exploration area in the Sergipe basin. This discovery constitutes a milestone in this important segment of Sergipe’s economy, with the potential to double oil and natural gas production.

Sergipe has made equally significant strides in the social arena. The

improvement in recent years in such social indicators as access to basic sanitation, income, access to consumer goods, and living conditions has surpassed the national average.

Between 2007 and 2010, the promotion of productive inclusion through

income growth carried the economic development process to the interior of the State. More than half of all the new jobs created during the period were generated in cities in the interior of the State, primarily as a result of the development of industrial centers in the textile, food, and footwear industries and in the sugarcane production chain. In 2011, jobs created in the interior of the State accounted for 62 percent of the total.

Family farming began to play an important role in social inclusion in the

semi-arid region of the State, owing in large part to the expansion of dairy farming and the growing of corn. The policy of rural development through the promotion of family farming, the encouragement of agribusiness and the strengthening of local production chains contributed to the growth of these two economic sectors in the

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State’s interior. Between 2006 and 2009, corn production in Sergipe grew from 185,000 tons to 703,000 tons, representing a 280 percent increase in production. Milk production during the same period rose 18 percent, in addition to the advances made in processing the product.

With significant improvements in the social indicators of health, education

and per capita income, Sergipe is proud to have the highest Human Development Index (HDI) and the best Socioeconomic Development Index (Índice de Desenvolvimento Socioeconomico — IDSE/FGV) of all the states in the northeast region. However, according to a survey conducted in 2010 by the Ministry of Social Development and Hunger Alleviation (MDS), it is estimated that more than 300,000 people, or close to 15 percent of the total population, are still living in extreme poverty in the State of Sergipe.

The Multiyear Plan Sergipe: Development through Inclusion 2012-2015 is

aimed at strengthening the model for development with social inclusion through the implementation of public policies targeting the poorest segment of the population. The goal driving the Plan is the eradication of extreme poverty, which will guide the action of the State of Sergipe in the years ahead. Priority is therefore given to initiatives under four strategic pillars: (i) social development and affirmation of citizenship; (ii) excellence in public management; (iii) productive and logistical infrastructure; and (iv) inclusive economic development.

The Plan also includes a policy monitoring and assessment methodology.

Following the preparation of specific action plans defining objectives, goals, indicators, timeframes and responsible parties, a situation room will oversee the priority actions and programs. This unit, in addition to allowing for a more integrated and interdisciplinary approach to monitoring and assessment, will incorporate the cross-cutting nature of public policies through Governance Centers in four areas, in line with the strategic pillars defined in the Plan. The methodology permits comprehensive monitoring of the implementation process, to facilitate the provision of technical and analytical assistance to the Government Strategic Center.

The methodology has been applied to the process of monitoring and

assessing the Sertão Sergipano Agenda and the Plan for a Sergipe Mais Justo. The latter aims to expand public policies for productive inclusion and income generation, with priority given to the population living in extreme poverty. Monitoring is carried out continuously by a “situation room,” which consolidates data from the various responsible agencies and entities, prepares physical and financial monitoring reports assessing the progress of actions, and proposes adjustments and solutions.

The reports produced by the “situation room” support the decision-making

and direction of the monthly meetings of the Policy Integration Committees (Social Infrastructure Policy Committee, Committee for Policies on Access to Public Services, and Productive Inclusion Policy Committee) and of the quarterly

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Management Committee meetings, and are made available directly to the Governor of the State.

2. Fiscal situation of the State of Sergipe

In 2011, the State of Sergipe observed the prudential limit established in the

Fiscal Responsibility Law, with total personnel expenditure accounting for 56.54 percent of net current revenue, of which 46.76 percent in the Executive Branch, 5.12 percent in the Judicial Branch, 1.63 percent in the Public Prosecutor’s Office and 3.03 percent in the Legislative Branch.

State revenue totaled R$ 6.05 billion, representing nominal growth of 11.5

percent compared to 2010. Expenditure in 2011 was of the order of R$ 6.03 billion, indicating nominal growth of 10.3 percent since 2010.

Of particular note is the fact that deducting total expenditure from total

revenue reveals that the State of Sergipe achieved a surplus of R$ 21.5 million in 2011, which, compared to 2010, represents an increase of 142.0 percent. This positive development confirms that the adjustments made by the Government of Sergipe in the wake of the 2008 crisis are producing results. The deficit of R$ 130.1 million in 2009 was reduced to R$ 50.2 million in 2010 and eliminated in 2011, the year in which the surplus occurred.

In 2011, revenue from the main state tax, the ICMS (state sales tax),

amounted to R$ 1,958.1 million, the equivalent of approximately 81 percent of tax revenue and 32 percent of the State’s total revenue, representing nominal growth of 11.66 percent compared to the same period of the preceding fiscal year. The upward trend of IPVA (motor vehicle ownership tax) revenue continued, as a result of the national policy of temporarily reducing motor vehicle taxes. In 2011, IPVA revenue amounted to R$ 93.5 million, representing nominal growth of 17.10 percent compared to 2010.

3. Policies included in the World Bank operation The State of Sergipe, in view of the priorities defined in the multiyear plan, especially with reference to the incentivizing goal – the eradication of extreme poverty in the State –, proposes the composition of the project in three policy areas: (i) consolidation of fiscal management and innovations in public management; (ii) promotion of improvement in access to and the quality of public services and (iii) further deconcentration of development and productive inclusion in the territories. These three areas are reflected in the following specific objectives, which can be supported by the loan:

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3.1. Policy 1 – Consolidation of fiscal management and innovations in public management

3.1.1 Improve the quality of citizen service

The State of Sergipe’s citizen service policy is guided by the need to offer the population practicality and promptness in the delivery of public services through centralization in a single location. This is the rationale behind the Citizen Service Center (CEAC) network, which, in the last decade, has provided relevant services to the population of Sergipe, with more than eight million services provided between 2001 and 2011 in the three permanent units set up in the capital of Sergipe (Riomar, Rodoviária and Rua do Turista) and in one mobile unit, which, in the last three years, has traveled through all 75 (seventy-five) of Sergipe’s municipalities.

Currently, the processes involved in providing services to citizens, both

within the CEAC network and in various units of the State Transit Department (DETRAN), the Secretariat of Public Safety (SSP), the Secretariat of Finance (SEFAZ) and other agencies, are not standardized, which compromises the quality of the services, inasmuch as each service is provided in accordance with a different protocol.

Thus, despite centralization in a single location, the current processes

involved in providing services in the CEACs are determined by the type of service provided, so that citizens are required to appear at different windows, depending on the type of service requested.

Consequently, the adoption of a “one-stop shop” is proposed for the one-

time receipt of requests for all services offered at each CEAC unit. In addition, a document will be prepared with information on the

procedures, commitments and service standards for the top ten services requested in Citizen Service Centers. This document, entitled “Charter of Services” will be widely disseminated, making it possible, on the one hand, to establish criteria for efficiency and effectiveness in the provision of services for the Public Administration and, on the other, to enhance credibility and build citizens’ confidence in the services.

Simplification of these processes, through standardization and implementation of the “one-stop shop,” with the expected reduction in the service delivery time, are the main challenges facing the State in its effort to improve the quality of service. Accordingly, the aim of the proposed adoption of a Citizen Service Policy, in parallel with implementation of the “one-stop shop” and broad dissemination of the “Charter of Services,” is to ensure that public services are provided promptly and are of high quality.

3.1.2 Modernize key planning, budgeting, execution and control processes

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In the field of fiscal management, the state Government is adopting the

strategy of reviewing processes and putting in place a new integrated public management system known as i-Gesp (Integrated Financial Management Information System).

The establishment of the i-Gesp system is one of the most important

milestones in the recent process of modernizing the management of the public expenditure process in the State of Sergipe. The system is an IT solution for State Public Management that provides greater agility, flexibility, integration, control, transparency and quality.

The system is fully integrated and includes planning, budgeting, budget

execution, and financial and accounting modules. Because this system incorporates the entire range of government actions, requiring the use of the i-Gesp system in the executive branch is key to the success of the policy.

The system is being implemented gradually, with the main planning,

budgeting, budget execution, and financial and accounting models already in place. The next steps are implementation of the Price Bank, Public Debt Management, Integration with Human Resources (HR) Systems, and Asset Procurement and Control modules, which, in the medium term, will make the system a Government Resource Planning (GRP) system, with work schedules provided for in a decree that will require the use of the system in the executive branch.

It is expected that the i-Gesp system will help reduce the labor and financial

costs associated with all the modules included in the system, in addition to providing procedures, reports and standardized, more reliable balance sheets. Reduction of the average amount of time spent preparing management reports and the annual financial statements is one of the many specific impacts that adoption of the new system will have on State public management.

3.1.3. Boost revenue by combating tax evasion

The State of Sergipe plans to boost revenue by combating tax evasion. It plans to augment and improve tools and procedures for the collection of claims, with a view to shortening the period between the generation of a tax claim and its subsequent collection.

The establishment of the State Register of Unpaid Credits (State CADIN) and

the listing of debtors in Serasa33 will be important tools for the recovery of tax claims and will contribute significantly to increasing voluntary state tax

33

SERASA – Centralização de Serviços dos Bancos S/A – is a private Brazilian enterprise that collects and

analyzes personal economic and financial information to support credit-related decisions, such as those

concerning loans. It was created by banks with a view to centralizing information and reducing administrative

costs (source: http://www.significados.com.br/serasa/).

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compliance, given that the “negative status” of supplier enterprises listed in registers of defaulters will disqualify them from contracting with public entities and may also prevent them from obtaining bank loans.

The purpose of the project to “virtualize” the past-due debt process is to

permit monitoring of the judicial execution of tax proceedings, through the agencies involved: Sergipe Secretariat of State for Finance (SEFAZ), Office of the Attorney General of Sergipe (PGE) and the Tribunal of Justice (TJ).

Implementation of the State Register of Unpaid Credits (State CADIN) and

the listing of debtors in Serasa, as well as the initiative to virtualize the past-due debt process, need to be regulated by a Decree in order to be legally effective.

In October 2011, regulations were issued concerning the State Register of

Unpaid Credits (State CADIN) and the listing of debtors in Serasa. The state Government is currently preparing a decree that will regulate virtualization of the past-due debt process.

3.2. Policy 2 – Promote improvements in access to and the quality of public services 3.2.1. Improve the quality of maternal-infant care in high-risk cases in response to a major cause of maternal mortality

Policies designed to expand access to and improve the quality of health care are key to strengthening the functioning of assistance networks in an integrated manner. Specialized networks providing care for women, such as the Rede Cegonha [stork] and Amamenta [breastfeeding] networks, emphasize state-provided maternal-infant care, the objective of which is to increase the number of pregnant women receiving care under the program, especially those at high risk, and to reduce maternal-infant mortality.

It should be noted that in terms of dealing with maternal-infant health issues, the performance of the State of Sergipe, like other states in the northeast region, is troubling. However, in 1985-2000, the rate of infant mortality improved significantly. In the last decade, the reduction of that rate in the State of Sergipe has kept pace with the national trend, with an average decrease of 1.72 percent per year.

The maternal mortality and infant mortality indicators are viewed as indicators of health system effectiveness and are useful in analyzing the health status of an administrative territory.

The Rede Cegonha program, the objective of which is to strengthen and improve maternal-infant care, involves actions in Sergipe ranging from welcoming expectant mothers to a Family Health Clinic (CSF) to helping with the assessment of delivery risks at admission in maternity hospitals. The program also seeks to

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promote the following: (i) family participation at the time of delivery; (ii) natural childbirth; and (iii) breastfeeding and the donation of breast milk to the breast milk bank. To implement health networks in the State, including the Rede Cegonha, the Government of Sergipe signed a Public Action Contract (CAP), which reorganizes and defines the functioning of the SUS (Unified Health System) at the regional level, with accountability for each sub-national entity, the decentralization of care and the proposal of goals for observing health indicators.

The inclusion of federal entities in the Public Action Contract, pursuant to the Amendment to the Public Action Contract (TCAP), guaranteed more resources for the structuring of the Rede Cegonha, for maternal-infant care, and for the Urgent and Emergency Care network. Sergipe is the first Brazilian state to sign that document.

3.2.2. Improve the management of schools in the State of Sergipe system

The education indices in the Sergipe state system, such as the Basic

Education Development Index (IDEB), show that student performance is not commensurate with the joint efforts of teachers, managers and the government.

Analysis of the data produced by the system suggests that the disappointing

progress is attributable, among other factors, to the weak administrative management and teaching practices pursued in the schools. Much of this weakness is related to the nonobservance of criteria, especially meritocratic criteria, in the school director selection processes. The current process for the selection of directors does not require knowledge of minimum school management standards or of the educational policies that should be implemented in the schools.

To strengthen the education management policy, the State Government is

issuing a decree establishing a new merit-based system for the selection of school directors in the state system. In support of this policy and, with the help of a specialist in education management, the State Government is working jointly with managers and teachers in Sergipe to develop a forum for the discussion and development of pedagogical technologies aimed primarily at improving education outcomes.

In addition to the merit-based selection of directors, current efforts include

the training of managers and teachers with a view to improving the processes of planning, diagnosis and ongoing assessment of education activities. As an output of the workshops already held, two instruments were prepared: the “Management Agreement” and the “Guidance Index.” The former consists of a diagnosis and the establishment of a set of educational goals and actions defined for the system and for each school and agreed among the parties, in a collective commitment for improving the quality of education in the Sergipe state system.

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The latter document institutes procedures for monitoring and assessing the various dimensions of school activities, based on the systematic monitoring of daily school activities and the results they produce.

Parallel to this task, the State Government has introduced curricular

standards for the system and is discussing with the schools the development and systematization of school curricula. As part of these efforts, draft decrees and decree-laws have been prepared to standardize the merit-based selection of directors and other measures to improve education initiatives.

3.2.3. Improve learning conditions in the municipal basic education system

The effort of the State Government to improve the education indicators in the State of Sergipe must extend beyond the education system it manages. Some of the weakness of Sergipe’s education system is attributable to the municipalities, as demonstrated in indices such as the IDEB. Based on this observation, and considering the fact that the municipal system educates approximately 284,000 students (the State system has close to 200,000 students34 and the private system 96,900) the State administration understands that state and municipal policies and actions need to be coordinated and that the entire knowledge base and structure of the State Secretariat of Education must be made available to strengthen education in the State.

Consequently, one of the State Government’s objectives is to improve the

learning conditions in the municipal elementary education system, by supporting implementation of the National Program for Literacy at the Right Age (PNAIC) in the municipalities. To attain this objective, a state-municipal cooperation mechanism will be established for implementation of the PNAIC, including the formation of a central administrative unit, specifically to ensure coordination of the State policy with the municipal systems.

The PNAIC is an integrated program promoting literacy in the Portuguese

language and in mathematics up to the third year of elementary education, for all children in Brazil’s municipal and state schools. It is characterized by the integration of various actions and teaching materials that contribute to literacy; by the fact that the program is managed jointly by the Federal Government, the states and the municipalities; and by its aim of guaranteeing students’ right to learning and development, as determined through annual assessments.

The pillars put in place in the PNAIC to improve education are: teaching

materials, literature, digital education technologies, assessment and supervision, and social mobilization.

Accordingly, and considering the deficiencies of the municipalities, the main

objective of the partnership between these two groups – state and municipal – is to

34 Source: MEC/INEP – 2011 Basic Education Census

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improve education indices using new teaching tools, with the state accepting responsibility for coordination of the Program and for technical cooperation and assistance to the municipalities for implementation of the PNAIC in Sergipe. 3.3. Policy 3 – Promote socioeconomic development with inclusive growth 3.3.1. Strengthen the milk and dairy production chain, with a focus on family farming

Most of Sergipe’s dairy industry, which is based on small family farms, is located in the semi-arid region of the State. Dairy production in Sergipe recently experienced significant growth, with rates higher than those of other regions with better weather.

The structure of land ownership is quite fragmented, with small production

units predominating. Close to 90 percent of the production units are small landholdings of fewer than 30 hectares, each with a small herd: approximately 10 cows producing roughly 50 liters per day. This activity is the main source of income and means of participation in the market for nearly all family producers. The production is also characterized by the widely dispersed supply of milk, generally of poor quality, costly to produce primarily because of the intensive feeding required, and totally dependent on external purchases; by the poor organizational capacity of producers with low levels of education; and by a production process that is environmentally aggressive and depletes natural resources.

The milk and dairy production chain in Sergipe is expected to experience

demand growth in the medium term of roughly 300,000 liters of milk per day, with the start of operations of a large-scale dairy company currently under development in the sub-humid area of the State. It is unlikely that this volume can be supplied with the current production in the above-mentioned inland dairy region, amounting to approximately 800,000 liters per day, which are already committed to satisfying existing demand.

In this context, dairy farming is a potentially favorable option for the

economic conversion of producers in the irrigated perimeters of this region, provided that intensive, low-cost and environmentally conscious farming techniques are employed on sustainable bases.

Social inclusion through reinforcement of the milk production chain in the

semi-arid region requires improvement of the productive organization, through the inclusion of family farmers in intensive milk production centers, as well as improvement of the sanitary conditions of the product.

The State Government is therefore developing a program for the inclusion of

family producers in milk production centers, with prior training in intensive systems and sanitary practices. The idea is to replicate the model of the Balde Cheio, Intensive Milk Production System project for other organizations in the State.

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3.3.2. Promote the use of environmentally sustainable agricultural practices – “green growth”

Among other things, the aim of organic farming is to guarantee economic and ecological sustainability, maximize social benefits, minimize reliance on nonrenewable energy, and whenever possible, to use biological and mechanical cultivation methods, instead of synthetic materials (agrochemicals), as well as eliminate the use of genetically modified organisms.

In summary, it can be said that the objective of organic farming is the

formation of more balanced ecosystems, in order to preserve the biodiversity, cycles and biological activities of the soil. Consequently, action is generally taken through systems designed to support the growth of organic farming.

In Sergipe, the technical assistance and rural extension service, which is

under the responsibility of the State Company for Agriculture and Livestock Development (EMDAGRO), and other institutional partners are carrying out a series of green agriculture initiatives in the southern, rural and eastern areas of the State. More specifically, these actions take the form of technical assistance and ongoing training programs for specialists and producers, using ecologically based demonstration units, especially for produce.

The requirements for selling organic products in Brazil and elsewhere in the

world depend in large measure on the relationship of trust between producers and consumers, as well as quality control systems. Brazilian legislation exempts family farmers from the requirement of certification of organic products, enabling them to sell organic products directly to consumers.

As a result of this alternative, the work of EMDAGRO is growing and, in 2012,

this policy is expected to apply to 100 family farmers, including 15 women, through Social Control Organizations (OCS), which will allow for the direct sale of products at outdoor organic markets to be set up in those territories.

Thus, it is expected that actions under this policy will include the training of

specialists and producers in organic production systems, the improvement of environmental quality and the preservation of natural resources, the expansion of marketing channels for organic products and, lastly, increased family income and food security for consumers. 3.3.3. Expand employment and income opportunities for the socioeconomically vulnerable population (seasonal rural workers engaged in the growing of sugarcane and oranges)

The objective of productive inclusion is to promote access to income for people living in situations of social risk and vulnerability. The cycle of poverty

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reproduction and household dependence on government social programs can only be broken when the necessary conditions for these households to gain autonomy and provide for themselves are created.

This is one of the main “pillars” of the national plan to eradicate poverty,

Brasil Sem Miséria, and of the corresponding plan in Sergipe, Sergipe Mais Justo. In rural areas, alternatives are being considered to increase family farm production, and interaction with the Agriculture and Food Security Programs is substantial.

One of the State Government’s foremost productive inclusion initiatives in

rural areas is the Helping Hand Program (Programa Mão Amiga), the aim of which is to implement measures to alleviate the effects of seasonal unemployment in the period between the sugarcane and orange crops, aimed at income generation, greater food security, vocational training and improvement of the quality of life of the affected population.

The annual goal of the Helping Hand Program is to help 10,000 workers:

5,000 orange grove workers and 5,000 sugarcane workers. The program provides assistance in the amount of R$ 190.00 during the four months between crops. In exchange, the worker or a member of his family attends professionalization courses and/or citizenship, health and agriculture modules.

Effective implementation of the partnership with the State Secretariat of

Education, with a view to including in the State Literacy Program illiterate rural workers covered by the Helping Hand Program, is yet another step toward breaking the cycle of poverty in the poorest regions of Sergipe. 3.3.4. Strengthen the Unified Social Assistance System (SUAS)

Since the 1998 Constitution, social assistance through the Unified Social Assistance System (SUAS) has become a universal, non-contributory, decentralized, and participatory policy that provides social protection services and assistance benefits to the socially vulnerable population.

The strengthening of the SUAS in Sergipe over the years has resulted in

significant advances: approximately 239,566 households are beneficiaries of the Bolsa Família Program, out of a universe of 358,808 households registered in the CadÚnico (single registry database) in March 2011; the coverage of Social Assistance Reference Centers (CRAS) now extends to all 75 municipalities in Sergipe, in addition to 35 Specialized Social Assistance Centers (CREAS) located in 32 municipalities and one Specialized Homeless Center (CREASPOP) located in the capital.

However, much remains to be done in terms of the management and quality

of services at the municipal level. Moreover, the Brasil Sem Miséria Plan and, at the state level, the Plan for a Sergipe Mais Justo, give rise to new demands and new challenges for the organization and delivery of social assistance services. Such

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is the case with actively seeking out the extremely poor, which places more complex demands on social assistance managers, workers and advisors. This will undoubtedly place greater technical, political and ethical demands on these individuals.

In these circumstances, the State Government’s willingness to establish

“state co-financing” will be a major step forward. This involves the transfer of financial resources from the State Social Assistance Fund (FEAS) to the Municipal Social Assistance Funds (FMAS) to co-finance the improvement of management, services, programs, projects and possible benefits, such as, for example, active targeting in the municipalities. 3.3.5. Increase the access of women living in violent situations to protection and prevention programs and better quality services

The inequality between women and men in Brazil is an incontrovertible and

persistent fact. The World Economic Forum’s most recent Global Gender Gap Index (GGI), issued in November 2011, shows that Brazil is in 82nd place among the 135 countries in the ranking, behind all the other South American countries. The study demonstrates, in sub-indices, that the gender gap in Brazil is greatest in the areas of “political empowerment” and “economic participation and opportunities.”

The problem of violence against women widens the gender gap in Brazil,

primarily among the most disadvantaged where women live in a situation of greater social vulnerability.

The subject of gender inequality achieved public policy status in recent

years with the creation of government institutions and actions to tackle inequality and violence against women. In July 2009, the State of Sergipe signed the National Pact on Combating Violence Against Women, the aim of which is to reinforce the National Policy to Combat Violence Against Women through the implementation of integrated public policies throughout Brazil.

In parallel with the lines of action in the Pact, the State of Sergipe has

worked hard to expand the network of “Women’s Assistance Centers” by delegating responsibility for specialized services to key municipalities. The services provided by these centers for women living in situations of violence or vulnerability include shelters, specialized know-how, and services designed to re-educate aggressors and instill a sense of accountability.

Plans are under way to formalize the Terms for Technical Cooperation

between the State and the key municipalities in each planning area. With the expansion of the service network, it is expected that larger numbers of women victims of violence will receive help.

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4. Request for financial assistance The State of Sergipe would like to strengthen its partnership with the World Bank through a Development Policy Loan (DPL) in the amount of US$150,000,000.00 (one hundred fifty million U.S. dollars), to be disbursed in accordance with the financial schedule for the operation.

These resources will be used to provide financial support for the policies described in this document and for the development policies plan of which they are a part, thus making a major contribution, in terms of scope, to greater economic development with social inclusion and the reduction of extreme poverty in the State of Sergipe.

Respectfully,

JACKSON BARRETO DE LIMA

Acting Governor of the State of Sergipe

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ANEXO 2. SERGIPE: INCLUIR PARA DESENVOLVER – MATRIZ DE POLÍTICAS

OBJETIVOS AÇÃO DE POLÍTICA INDICADOR DE RESULTADOS

Ação Prévia 1: O Estado de Sergipe padroniza os serviços

voltados para atender as necessidades/queixas dos

cidadãos ao emitir a) o Decreto 28.837, de 18 de outubro

de 2012, que regulamenta o modelo de “guichê único”

(publicado no Diário Oficial do Estado em 22 de outubro

de 2012) e b) a Portaria 3,242, de 29 de outubro de 2012,

que cria o Estatuto dos Serviços de Atendimento ao

Cidadão (publicada no Diário Oficial do Estado em 31 de

outubro de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado do Planejamento,

Orçamento e Gestão (SEPLAG)

Ampliar a capacidade de resposta às queixas

dos cidadãos nos Centros de Atendimento

ao Cidadão (CEACs)

Linha de base (outubro de 2011): 15% das

queixas recebem uma explicação por escrito

nos CEACs da Riomar e da Rua do Turista

Meta (dezembro de 2013): 90% das queixas

recebem uma explicação por escrito nesses

mesmos CEACs

Ação Prévia 2: O Estado de Sergipe emite o Decreto

28.830, de 16 de outubro de 2012, tornando obrigatório o

uso do i-Gesp (abrangendo os processos de

i) planejamento, ii) orçamento, iii) execução orçamentária

e financeira, iv) contabilidade pública e v) gestão de

contratos) no Poder Executivo, com um cronograma de

implementação para a base de dados de preços, a gestão

da dívida, a integração com os sistemas de recursos

humanos e os módulos de compras e monitoramento do

patrimônio (publicado no Diário Oficial do Estado em 18

de outubro de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da Fazenda

Reduzir o prazo para produzir os relatórios

gerenciais acordados, por meio do i-Gesp

Linha de Base (dezembro de 2010):

relatórios indisponíveis no sistema anterior

(SAFIC)

Meta (dezembro de 2013): quatro

relatórios35

produzidos automaticamente

Ação Prévia 3: O Estado de Sergipe emite o Decreto

28.843, de 19 de outubro de 2012, que regula um processo

virtual e integrado — entre a Secretaria de Estado da

Fazenda, a Procuradoria Geral do Estado e o Judiciário —

Aumentar a receita com a arrecadação de

impostos em atraso como porcentagem do

saldo de impostos em atraso

Linha de Base (dezembro de 2011): 0,43%

35

Os quarto relatórios são: 1) Controle da Venda de Ativos, 2) Comparação da Receita Arrecadada, 3) Comparação da Amortização da Dívida e

4) Construção/Instalações/Aquisição de Propriedades para Uso pelo Governo Estadual.

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84

OBJETIVOS AÇÃO DE POLÍTICA INDICADOR DE RESULTADOS

para a cobrança de impostos em atraso (publicado no

Diário Oficial do Estado em 23 de outubro de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da Fazenda,

Procuradoria Geral do Estado de Sergipe

Meta (dezembro de 2013): 0,52%

2.A.1 MELHORAR A

QUALIDADE DOS SERVIÇOS

DE ATENÇÃO MATERNO-

INFANTIL PARA GESTANTES

DE ALTO RISCO

Ação Prévia 4: A Secretaria de Estado da Saúde publica

um Termo Aditivo ao Contrato de Ação Pública (TCAP)

que abrange o Rede Cegonha, um programa prioritário

para a saúde materno-infantil, integrando ações e serviços

municipais no âmbito do SUS-Sergipe (Data: 25 de abril

de 2012)

Ação Prévia 5: Os planos regionais anuais, que preveem a

implementação do Rede Cegonha, são aprovados pelo

Colegiado Interfederativo Estadual – CIE (emissão das

deliberações referentes às regiões de Aracaju, Itabaiana,

Estância, Nossa Senhora do Socorro, Propriá, Lagarto e

Nossa Senhora da Glória, 24 de maio a 22 de junho de

2012). A força dessa ação é respaldada também pela

validação dos planos pelo Ministério da Saúde por meio

da publicação da Portaria 3.069, de 27 de dezembro de

2012 (publicada no Diário Oficial da União em 28 de

dezembro de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da Saúde,

Ministério da Saúde

Aumentar a porcentagem de maternidades

que adotam o protocolo para a classificação

de risco na realização do parto

(Acolhimento com Classificação de Risco –

ACCR)

Linha de Base (dezembro de 2011): 1

Meta (dezembro de 2013): 3 (75% de todas

as maternidades geridas pelo Estado em

operação em condições normais em 2013)36

Reduzir o índice de cesarianas no hospital

de referência Maternidade Nossa Senhora

de Lourdes, de acordo com as diretrizes da

Portaria 3.477/1998

Linha de Base (dezembro de 2011): 55,2%

Meta (dezembro de 2013): 50,2%

2.B.1 MELHORAR A GESTÃO

NAS ESCOLAS DA REDE DO

ESTADO DE SERGIPE

Ação Prévia 6: O Estado de Sergipe publica o Decreto

29.120, de 6 de março de 2013, que implementa um novo

modelo de gestão escolar baseado no uso de estratégias de

gestão baseadas em resultados e na seleção de gestores

escolares por mérito e por meio de processos

participativos/democráticos (publicado no Diário Oficial

Aumentar o número de diretores

selecionados por mérito e com

compromissos de gestão firmados

Linha de Base (dezembro de 2011): zero

Meta (dezembro de 2013): 151 diretores

selecionados e com compromissos de gestão

36

Uma de cada cinco maternidades públicas do Estado estará funcionando em instalações temporárias enquanto uma nova maternidade é construída.

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85

OBJETIVOS AÇÃO DE POLÍTICA INDICADOR DE RESULTADOS

do Estado em 8 de março de 2013)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da Educação

firmados (40% das 378 escolas estaduais)

2.B.2 MELHORAR A

APRENDIZAGEM NO ENSINO

FUNDAMENTAL NA REDE

MUNICIPAL

Ação Prévia 7: O Estado de Sergipe publica a Portaria

6.146, de 4 de outubro de 2012, que estabelece a

colaboração entre o Estado e os municípios para apoiar a

implementação do Programa Nacional de Alfabetização na

Idade Certa (PNAIC) na rede municipal de ensino

(publicada no Diário Oficial do Estado em 10 de outubro

de 2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da Educação

Aumentar o número de municípios que

recebem assistência técnica do Estado para

a implementação do PNAIC

Linha de Base (dezembro de 2011): zero

Meta (dezembro de 2013): 38 municípios

(50% de todos os municípios do Estado)

3.A.1 FORTALECER A

CADEIA PRODUTIVA DO

LEITE E DERIVADOS COM

FOCO NA AGRICULTURA

FAMILIAR

Ação Prévia 8: O Estado de Sergipe publica o Decreto

28.733, de 27 de agosto de 2012, que organiza a produção

de modo a incluir os agricultores familiares nos Núcleos

de Produção de Leite, os quais fazem parte do sistema de

produção intensiva Balde Cheio. Esse sistema visa

melhorar a qualidade ao oferecer certificação das

condições sanitárias dos derivados do leite, bem como

melhoria genética do rebanho no perímetro irrigado do

Jabiberi (publicado no Diário Oficial do Estado em 30 de

agosto de 2012)

Responsabilidade: Companhia de Desenvolvimento de

Recursos Hídricos e Irrigação (COHIDRO)

Aumentar o número de unidades de

pequenos produtores capacitados nos

Núcleos de Produção de Leite e que vendam

pelo menos 90% da sua produção para

mercados privados e

públicos/institucionais37

Linha de Base (dezembro de 2011): 3

Meta (dezembro de 2013): 30

3.B.1 PROMOVER O USO

AMBIENTALMENTE

SUSTENTÁVEL DAS

PRÁTICAS AGRÍCOLAS –

“CRESCIMENTO VERDE”

Ação Prévia 9: O Estado de Sergipe promulga a Lei 7.270

em 17 de novembro de 2011, que cria o Programa de

Produção Agroecológica para inclusão de agricultores

familiares e estabelece instrumentos para oferecer

incentivos à produção ambientalmente sustentável

(publicada no Diário Oficial do Estado em 23 de

Aumentar o número de pequenos produtores

incluídos no Programa de Produção

Agroecológica e vinculados a Organizações

de Controle Social que vendam diretamente

em feiras agroecológicas e para mercados

privados e públicos/institucionais38

37

Programas do Governo Federal para a aquisição de alimentos: i) Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), criado pela Lei Federal

10.696/2003, e ii) Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), criado pela Lei Federal 11.947/2009.

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86

OBJETIVOS AÇÃO DE POLÍTICA INDICADOR DE RESULTADOS

novembro de 2011)

Responsabilidade: Empresa de Desenvolvimento

Agropecuário de Sergipe (EMDAGRO)

Linha de Base (dezembro de 2011): 83

produtores, 5 mulheres

Meta (dezembro de 2013): 100 produtores,

15 mulheres

3.B.2 AMPLIAR AS

OPORTUNIDADES DE

TRABALHO E RENDA PARA A

POPULAÇÃO MAIS

VULNERÁVEL

SOCIOECONOMICAMENTE

(ESPECIALMENTE OS

TRABALHADORES RURAIS

SAZONAIS DA CULTURA DA

CANA-DE-AÇÚCAR E DA

LARANJA)

Ação Prévia 10: Certificação38

de que os participantes do

programa estadual de transferência e geração de renda

Mão Amiga estão cadastrados no programa Sergipe

Alfabetizado (certificação datada de 23 de agosto de

2012)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da Inclusão,

Assistência e Desenvolvimento Social e Secretaria de

Estado da Educação

Aumentar o número de trabalhadores

sazonais que se beneficiam do programa

Mão Amiga incluídos no programa Sergipe

Alfabetizado

Linha de Base (fevereiro de 2012): zero

Meta (dezembro de 2013): 565 (50%), com

1/8 sendo mulheres

3.C.1 FORTALECER O

SISTEMA ÚNICO DE

ASSISTÊNCIA SOCIAL

(SUAS) – BUSCA ATIVA

PARA INCLUSÃO NO

CADÚNICO

Ação Prévia 11: O Estado de Sergipe promulga a

Lei 7.251, de 31 de outubro de 2011, que cria o sistema

detalhado de transferência de recursos para financiar a

assistência social nos municípios e institucionaliza

acordos de cofinanciamento com dois municípios

(publicada no Diário Oficial do Estado em 7 de novembro

de 2011)

Responsabilidade: Secretaria de Estado da Inclusão,

Assistência e Desenvolvimento Social e Ministério de

Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Aumentar o número de famílias com renda

per capita inferior a R$ 70,00 por mês que

vivem nos 15 municípios mais pobres

incluídas no CadÚnico

Linha de Base (janeiro de 2010): 39.582

famílias

Meta (dezembro de 2013): 41.561 famílias

38

Um funcionário de alto escalão da Secretaria de Educação, da Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social ou de um órgão pertinente

emite um certificado de aprovação que atesta a exatidão da lista de participantes.

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87

OBJETIVOS AÇÃO DE POLÍTICA INDICADOR DE RESULTADOS

3.C.2 AMPLIAR O APOIO

DOS GOVERNOS ESTADUAIS

E MUNICIPAIS AOS

PROGRAMAS QUE VISAM A

PROTEÇÃO DAS MULHERES

EM SITUAÇÃO DE

VIOLÊNCIA OU

VULNERABILIDADE

Ação Prévia 12: Acordo de Cooperação Técnica firmado

entre o Estado e pelo menos um município em cada uma

das 4 (quatro) regiões com maior concentração de

violência baseada no gênero (Sul Sergipano, Agreste,

Baixo São Francisco e Alto Sertão) para descentralizar os

programas de apoio e proteção das mulheres rumo ao

interior do Estado, conforme exigido pelo Acordo de

Cooperação de 21 de julho de 2009 entre o Estado e o

Governo Federal (acordos firmados em 9 de outubro de

2012 com os municípios de Poço Redondo, no Alto Sertão

Sergipano, Propriá, no Baixo São Francisco, e Itabaiana,

no Agreste Sergipano, acordo firmado em 7 de dezembro

de 2012 com o município de Estância, no Sul Sergipano)

Responsabilidade: Secretaria de Estado de Segurança

Pública e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres

Aumentar o número de mulheres em

situação de violência ou vulnerabilidade

atendidas na Rede de Atendimento à Mulher

Vítima de Violência

Linha de Base (março de 2012): 3.985

Meta (dezembro de 2013): 6.973

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88

#ANEXO 3. VISÃO GERAL DO PAÍS E DO ESTADO

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89

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90

Sergipe: Visão Geral

P r i n c i p a i s i n d i c a d o r e s d e d e s e n v o l v i m e n to

2 0 10

P op u laç ão, m ead os d o an o (m i lh ões ) 1,A 2,1 190,8

Área (m i lh ares d e k m 2) A 22 8.515

C res c im en to m éd io d a p op u laç ão (2000-2010, % ) 1,A 1,50 1,17

P op u laç ão u rb an a (% d o to ta l d a p op u laç ão) 1,A 74 84

2 0 0 9

P IB (p reç os c orren tes , b i lh ões d e U S $) 2,B,C 10 1.622

P IB (p reç os c orren tes , b i lh ões d e R $) C 20 3 .239

P IB p er c ap i ta (p reç os c orren tes , U S $) 2,B,C,D 4.902 8 .472

P IB p er c ap i ta (p reç os c orren tes , R $) C,D 9.787 16.918

C res c im en to d o P IB (% ) C 4,44 -0,31

C res c im en to d o P IB p er c ap i ta (% ) D 3,39 -1,29

Ín d ic e d e in c id ên c ia d a p ob rez a a U S $1,25 p or d ia (P P C , % ) E 10,0 6,1

Ín d ic e d e in c id ên c ia d a p ob rez a a U S $2,00 p or d ia (P P C , % ) E 19,3 10,8

Ín d ic e d e in c id ên c ia d a p ob rez a ex trem a ( l in h a n ac ion al d e p ob rez a) 3,F 13,49 7,28

Ín d ic e d e in c id ên c ia d a p ob rez a ( l in h a n ac ion al d e p ob rez a) 3,F 37,63 21,42

G in i F 0,576 0,543

E x p ec tativ a d e v id a ao n as c er (an os ) G 71,7 73,3

M orta l id ad e in f an ti l (p or m i l n as c id os v iv os ) - 2010 H 15,0 13,9

D es n u tr iç ão in f an ti l (% d os m en ores d e c in c o an os ) - 2006 G 2.0* 1,9

*Região Nordeste

A l f ab etis m o (% d a p op u laç ão c om m ais d e 15 an os ) A 81,6 90,4

Ín d ic e l í q u id o d e m atr í c u la n o en s in o p r im ár io (% d a f a ix a etár ia) I 97,2 97,6

A c es s o a f on tes d e ág u a tra tad a (% d as f am í l ias ) 5,I 87,0 84,4

A c es s o a m elh ores c on d iç ões d e s an eam en to (% d as f am í l ias ) 6,I 53,1 59,1

F i n a n ç a s p ú b l i c a s J

2 0 0 1 2 0 0 9 2 0 0 1 2 0 0 9

R ec ei tas c orren tes ( in c l . d oaç ões ) 20,6 21,5 17,2 18,9

R ec ei ta tr ib u tár ia 7,3 7,6 7 ,5 8 ,0

D es p es as c orren tes 18,5 22,3 15,6 17,7

R es u l tad o g lob al 0,3 0,8 (1,9) (3 ,3)

S u p eráv i t p r im ár io 1,5 (0,8) 1,7 1,3

.. .. .. ..

(% d o P IB )

S e r g i p e B r a s i l

S e r g i p e B r a s i l

6 4 2 0 2 4 6

Less than a year

5-9

15-19

25-29

35-39

45-49

55-59

65-69

75-79

Sergipe, Distribuição Etária 2010 (% do total da população)

Homens Mulheres

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

1995 1998 2002 2005 2008

Sergipe, Índice de Incidência da Pobreza (% da população) - LInhas Nacionais de Pobreza (IPEA)

Pobreza extrema Pobreza

0,880,78

0,73

0,690,65

0,45

0,57

0,42

0,220,26

0,33

0,46 0,48

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*

DC

L/R

CL

Dív

ida

e R

ece

ita C

orr

en

te L

íqu

ida

(e

m b

ilhõ

es d

e R

$ d

e 2

01

2)

DCL/RCL DCL RCL

Sergipe, Dívida Consolidada Líquida (DCL) e Receita Corrente Líquida (RCL), 2000-2012*

* Até agosto de 2012

Menos de um ano

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91

Sergipe

T e n d ê n c i a s e c o n ô m i c a s d e l o n g o p r a z o

19 8 0 - 19 9 1 19 9 1- 2 0 0 0 2 0 0 0 - 2 0 10

19 8 0 19 9 1 2 0 0 0 2 0 10

B ras i l 119,0 146,8 169,8 190,8 1,93 1,63 1,17

S erg ip e 1,2 1,5 1,8 2,1 2,34 1,99 1,50

19 9 5 - 2 0 0 0 2 0 0 0 - 2 0 0 5 2 0 0 5 - 2 0 0 9

19 9 5 2 0 0 0 2 0 0 5 2 0 0 9

B ras i l 927.037 1.024.052 1.174.788 1.358.203 2,01 2 ,78 3 ,69

S erg ip e 5.036 5.678 7.346 8.288 2,65 3 ,94 4 ,33

B ras i l 799.097 882.724 1.012.657 1.170.759

S erg ip e 4.341 4.894 6.332 7.144

S e to r e c o n ô m i c o C

19 9 5 2 0 0 0 2 0 0 5 2 0 0 9 19 9 5 - 2 0 0 0 2 0 0 0 - 2 0 0 5 2 0 0 5 - 2 0 0 9

B ras i l 5 ,8 5 ,6 5 ,7 5 ,6 3 ,27 4,18 3,14

S erg ip e 6,5 4 ,6 4 ,4 5 ,9 -1,41 6,28 9,16

B ras i l 27,5 27,7 29,3 26,8 1,08 2,50 1,39

S erg ip e 26,0 24,7 33,3 27,9 3 ,67 3,85 3,79

B ras i l 18,6 17,2 18,1 16,6 0 ,25 2,90 0,05

S erg ip e 14,5 14,0 10,7 8 ,6 3 ,81 4,33 3,66

B ras i l 0 ,8 1,6 2 ,5 1,8 3 ,06 6,36 2,06

S erg ip e 1,5 2 ,2 6 ,0 5 ,2 3 ,69 0,20 2,02

B ras i l 66,7 66,7 65,0 67,5 2 ,13 2,90 4,35

S erg ip e 67,5 70,7 62,3 66,2 2 ,32 3,63 3,84

2 O s d ad os d o P IB e d o P IB p er c ap i ta d o B ras i l f oram ti rad os d o re la tór io W orld E c on om ic O u tlook , d o F M I. O s n úm eros ref eren tes ao E s tad o d e S erg ip e f oram es tim ad os u s an d o a p ar tic ip aç ão n o to ta l d o P IB

(c on tas reg ion ais d o IB G E ) e a es tim ativ a d a p op u laç ão em 2009, am b as d o IB G E .

3 A l in h a d e p ob rez a ex trem a é es tim ad a c om o u m a c es ta d e c on s u m o c om as c a lor ias m í n im as n ec es s ár ias p ara a s ob rev iv ên c ia d e u m a p es s oa d e ac ord o c om a O M S . A l in h a d e p ob rez a é d u as v ez es o v a lor

d a l in h a d e p ob rez a ex trem a.4 D ad os ad m in is tra tiv os u s an d o a B u s c a A tiv a.

5 A c es s o à red e d e ab as tec im en to d e ág u a p or f am í l ia (T ab elas d o IB G E ).

6 A c es s o à red e d e es g oto ou a f os s a s ép tic a l ig ad a à red e d e es g oto p or f am í l ia (T ab elas d o IB G E ).

(c res c im en to an u al m éd io % )

P op u laç ão, m ead os d o an o (m i lh ões ) 1,A

P IB (p reç os c on s tan tes 1998, m i lh ões d e R $) 2,B,C

P IB (p reç os c on s tan tes 1998, m i lh ões d e U S $) 2,B,C

(c res c im en to an u al m éd io % )

(% d o P IB )

A g rop ec u ár ia

In d ús tr ia

T ran s f orm aç ão

(c res c im en to an u al m éd io % )

F on tes : A – C en s o 2010/IB G E ; B – F M I, W E O ; C – c on tas reg ion ais /IB G E ; D – IB G E ; E – B an c o M u n d ia l ; F - IP E A , u s an d o P N A D /IB G E ; G – M in is tér io d a S aúd e/D atas u s ; H – M in is tér io d a

S aúd e/M S /S V S /D A S IS /C G IA E ; I – P N A D /IB G E ; J – T es ou ro N ac ion al .

1 O s n úm eros s e ref erem ao C en s o d e 2010 d iv u lg ad o rec en tem en te p elo IB G E . A p op u laç ão b ras i le i ra d e 194,9 m i lh ões m en c ion ad a n o tex to e n a tab ela “ V is ão G era l d o B ras i l ” é a es tim ativ a of ic ia l d o IB G E d o

to ta l d a p op u laç ão em 2010, q u e es tav a d is p on í v e l à ép oc a d a e lab oraç ão d o d oc u m en to e h av ia s id o p u b l ic ad a an tes d a c on c lu s ão d o C en s o.

N otas :

E x trativ a

S erv iç os

-0,01

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0,07

0,08

1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

Crescimento do PIB

Brasil Sergipe

-6%

-4%

-2%

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

Crescimento do PIB per capita

Brasil Sergipe

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92

ANEXO 4. ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE FISCAL

A4.1. As principais fontes de receita de Sergipe são transferências do Governo Federal.

Em 2011, as transferências representaram 44,7% das receitas do Estado, ao passo que as

receitas tributárias responderam por 36,5%. Essa relação foi praticamente mantida nos últimos

três anos. Também em 2011, as transferências totalizaram R$ 3,1 bilhões e as receitas

tributárias somaram R$ 2,4 bilhões. Outras fontes de receitas são as contribuições sociais para

o custeio do plano de pensão do funcionalismo público e outras pequenas receitas, como

rendas e dividendos pagos por empresas estatais.

A4.2. A principal transferência vem do Fundo de Participação dos Estados e totalizou

R$ 2,5 bilhões em 2011, ou 80% da receita de transferências do Estado. Trata-se de uma

transferência do Governo Federal determinada por lei, composta de recursos do Imposto de

Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados. Em virtude da produção considerável de

petróleo e energia, Sergipe também recebe transferências de royalties, que somaram

R$ 163 milhões em 2011.

A4.3. A principal fonte de receitas tributárias é o ICMS, um imposto sobre o valor

agregado, que arrecadou R$ 2 bilhões em 2011. Esse imposto é cobrado sobre todos os

bens e alguns serviços (comunicações e transportes) nas operações internas e interestaduais,

com a maior parte da receita vindo dos setores de combustíveis, de energia e de

telecomunicações. A segunda maior fonte de receitas tributárias é o imposto de renda que

incide sobre a folha do funcionalismo público, enquanto a terceira é o Imposto sobre a

Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Figura A4.1: Composição das Receitas,

2011

Figura A4.2: Composição das Transferências,

2011

A4.4. As receitas aumentaram de forma constante entre 2004 e 2011, registrando um

crescimento médio anual de 8,9%. A exceção foi 2009, quando as receitas caíram 2,6% em

decorrência da crise. As receitas passaram de R$ 3,6 bilhões em 2004 para R$ 6,6 bilhões em

2011. As maiores taxas de crescimento foram registradas na arrecadação de taxas (21,4%) e

do Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e por Doação (18,2%), com ambas as receitas

aumentando mesmo durante a crise. Contudo, o maior aumento em termos absolutos veio do

ICMS e das transferências federais.

36,5%

12,6%

46,9%

3,9%

Impostos Contribuições sociais Transferências Outras

80,7%

5,5%

5,3%8,5%

FPE Saúde Royalties Outras

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93

A4.5. As despesas cresceram, em média, 9,7% ao ano, entre 2004 e 2011, superando o

crescimento das receitas. Em 2009, por exemplo, enquanto as receitas caíram 2,6%, as

despesas cresceram 10,1%, revelando a dificuldade do Governo de controlar os gastos e

mantê-los em linha com as receitas. Por outro lado, as despesas caíram 1,4% em 2007, o ano

inicial do primeiro mandato do atual governador. O principal fator para o aumento dos gastos

foi a remuneração de funcionários, que teve um crescimento médio de 11,4%, acrescendo

R$ 2 bilhões em novas despesas entre 2004 e 2011.

Figura A4.3: Composição da Receita

Tributária, 2011 Figura A4.4: Composição das Despesas,

2011

Nota: A despesa com o Fundeb39

na Figura A4.4 diz respeito à perda líquida do Estado em função de as suas

transferências para o Fundeb superarem as transferências recebidas desse fundo.

A4.6. A principal despesa do Estado é com a folha de pessoal— R$ 3,8 bilhões em 2011.

A segunda maior é com bens e serviços (R$ 1,4 bilhão), seguida pelas transferências para os

municípios (R$ 0,6 bilhão). Os pagamentos de juros sobre a dívida somaram R$ 120 milhões

em 2011, enquanto a amortização da dívida totalizou R$ 164 milhões. Com a soma dessas

duas rubricas, o serviço da dívida equivale a 4,3% das receitas. Por último, as despesas de

investimento totalizaram R$ 418 milhões. Em termos da classificação funcional, as principais

rubricas das despesas são a educação, a segurança pública e a saúde.

A4.7. Sergipe tinha 60 mil funcionários na sua folha de pagamento no fim de 2011. A maioria deles (70,4%) está na ativa, enquanto o resto compreende aposentados ou

pensionistas.40

A relação entre funcionários públicos na ativa e o total da população é de

aproximadamente 1:49. Os funcionários públicos estão concentrados na educação (46,3%),

segurança pública (18,9%) e saúde (15,2%). O número de funcionários na ativa cresceu

10,6% entre 2004 e 2011; contudo, o salário médio aumentou 214% em termos nominais,41

39

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da

Educação (Fundeb) recebe recursos de todas as três esferas de governo e faz transferências para os municípios e

Estados com base no número de alunos matriculados. 40

Para os efeitos deste texto, os pensionistas são os parentes (esposas e descendentes) de funcionários públicos

que tenham morrido. 41

A taxa de inflação no mesmo período foi de 52,7%.

83,4%

11,3%

3,9%1,4%

ICMS IRRF IPVA Outros

60,9%

1,9%

10,3%

21,4%

5,5%

Folha salarial Pagamentos de jurosTransferências Bens e serviçosFundeb

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94

o que demonstra que a política de ganhos salariais reais do funcionalismo público é o

principal fator a impulsionar o crescimento da folha salarial nas contas do Governo.

A4.8. Apesar da elevada proporção de funcionários na ativa em relação a funcionários

aposentados, o déficit do plano de aposentadoria do funcionalismo público vem

aumentando rapidamente. Na verdade, esse déficit cresceu mais de oito vezes entre 2004 e

2011 (de R$ 33 milhões para R$ 318 milhões), o que equivale a um crescimento médio anual

de 38%. Isso se deve à decisão de segregar os pagamentos das aposentadorias em dois fundos.

O fundo antigo está pagando a maior parte dos benefícios e recebendo contribuições apenas

de servidores admitidos antes da criação do novo fundo, ao passo que o novo — criado com

base em um modelo de capitalização — faz menos pagamentos e está recebendo uma parcela

crescente das contribuições. As perspectivas de sustentabilidade do plano de aposentadoria no

longo prazo estão melhorando; contudo, os custos de transição devem pressionar mais as

contas do Governo no curto e no médio prazo.

A4.9. Embora Sergipe venha apresentando bons resultados fiscais, registrou-se uma

tendência de deterioração nos últimos anos. As despesas cresceram mais do que as receitas

entre 2004 e 2011 — 9,7% e 8,9%, respectivamente. Esse padrão se traduziu em saldos

operacionais brutos menores, ainda que positivos. Em 2004, esse saldo equivalia a 15,5% da

receita corrente líquida (RCL), mas, em 2011, era de 5,7% da RCL. Ademais, a deterioração

continuou desde a crise (2009) até hoje, pois o Governo não conseguiu controlar as despesas e

mantê-las em linha com a desaceleração do crescimento das receitas.

A4.10. O saldo primário também se deteriorou entre 2004 e 2011. O Estado registrou um

superávit primário de R$ 56,6 milhões em 2004, equivalente a 2,8% da RCL. Foram

registrados superávits primários até 2008, com valores particularmente significativos em 2007

e 2008. De 2009 em diante, em decorrência da crise que prejudicou a arrecadação,

a dificuldade do Governo em controlar o crescimento das despesas e o aumento ou a

manutenção dos níveis de investimento levaram o Estado a registrar déficits primários em três

anos consecutivos, de 2009 a 2011.

Figura A4.5: Crescimento Real das Receitas e

Despesas, 2005-2011

Figura A4.6: Despesas com Pessoal/RCL,

2004-2011

A4.11. O aumento dos recursos de empréstimos permitiu ao Estado manter os

investimentos e evitar novas deteriorações do seu saldo global. O Governo de Sergipe

649,0

371,0

659,2

890,8

270,5 266,6 277,9

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

700,0

800,0

900,0

1.000,0

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Saldo operacional bruto Receitas Despesas

55,6%

49,0%

54,6%54,0%

49,1%

55,2%54,4%

56,6%

44,0%

46,0%

48,0%

50,0%

52,0%

54,0%

56,0%

58,0%

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Despesas com pessoal/RCL

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95

recebeu R$ 1 bilhão em empréstimos entre 2009 e 2011, após três anos (2006 a 2008) sem

registrar desembolsos de empréstimos.

A4.12. O Governo de Sergipe vem cumprindo os limites estabelecidos pela Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF). Em 2011, os gastos com a folha, conforme definidos na Lei

de Responsabilidade Fiscal, chegaram a 56,6% da RCL. A razão dívida consolidada

líquida/receita corrente líquida está em 43,4%, bem abaixo do limite de 200%. O Estado não

tem nenhuma garantia pendente e, nos últimos dois anos, o montante dos recursos de

empréstimos foi inferior a 16% da RCL.

A4.13. A dívida consolidada do Estado montou a R$ 2,8 bilhões em 2011, o equivalente a

58% da RCL. A razão dívida consolidada líquida/RCL foi de 43,4%. O Estado não tem

dívida mobiliária pendente no mercado. A maior parte da dívida é de natureza contratual

(77,5%) e decorrente de sentenças judiciais (14,6%). O principal credor é o Governo Federal

(39% do saldo da dívida) em função do socorro financeiro oferecido a todos os Estados no

passado. O segundo maior credor é o BNDES, com 24,2% do saldo da dívida. Entre os

demais credores internos, figuram outros bancos estatais, como a Caixa Econômica Federal e

o Banco do Nordeste do Brasil.

A4.14. O saldo da dívida externa monta a apenas R$ 39 milhões ou 1,4% do total da

dívida. O único credor externo do Estado é o BIRD, com dois programas de redução da

pobreza rural. A maior parte da dívida contraída pelo Estado tem juros fixos. Contudo, parte

da dívida é indexada e tem como principal índice o IGP-DI, em função da operação de

socorro financeiro promovida pelo Governo Federal em 1997. Com respeito a essa dívida,

Sergipe está em melhor situação do que a maioria dos Estados brasileiros, pois paga a taxa de

juros mais baixa (6%) e não está gerando saldos residuais. Além disso, os pagamentos

mensais equivalem a aproximadamente 2% da receita líquida real, enquanto o teto previsto no

contrato de renegociação da dívida é de 13%.

A4.15. Os coeficientes de endividamento relativos estão subindo, o que se deve, em parte,

aos seus níveis iniciais baixos e à assunção de novas dívidas pelo Estado. Após três anos

sem qualquer desembolso, Sergipe recorreu a empréstimos para reforçar os níveis de

investimento público no Estado. Assim, a razão dívida consolidada líquida/RCL subiu de

21,8% em 2008 para 43,4% em 2011. No entanto, ela ainda se situa bem abaixo do limite de

200% estabelecido na LRF. Apesar do endividamento maior, o serviço da dívida em 2011

(5,8% da RCL) está praticamente no mesmo nível que em 2008 (5,7% da RCL), quando a

razão dívida consolidada líquida/RCL esteve no seu nível mais baixo.

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96

Tabela A4.1: Estatísticas das Finanças Públicas do Estado de Sergipe, 2004-2011 (milhões de R$, valores constantes)

42

Nota: O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) é um imposto sobre o valor

agregado. O IPVA é o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. O ITCMD é o Imposto sobre a

Transmissão Causa Mortis e por Doação. IRRF é o Imposto de Renda Retido na Fonte e incide sobre os

vencimentos do funcionalismo público.

42

Para produzir a demonstração das estatísticas das finanças públicas do Governo do Estado de Sergipe e para

garantir a possibilidade de comparação das demonstrações referentes a diferentes anos, foi preciso fazer alguns

ajustes nos relatórios fiscais apresentados pelo Governo segundo as normas brasileiras sobre as contas fiscais.

As transferências para os municípios foram registradas como despesa em 2011, em oposição a uma dedução das

receitas, e a contribuição previdenciária paga pelo Estado também foi registrada como receita. Por último,

a perda líquida em que o Estado incorreu em função das transferências relativas ao Fundeb foi registrada como

despesa em todo o período.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

I. RECEITAS 3.631,9 4.198,1 4.595,5 4.823,7 5.614,2 5.469,5 6.220,2 6.597,4

Tributos 1.407,5 1.541,2 1.670,9 1.759,8 1.855,6 1.925,2 2.275,8 2.408,9

ICMS 1.260,1 1.368,9 1.443,8 1.521,1 1.591,5 1.637,8 1.920,2 2.007,9

IPVA 41,3 44,3 49,9 60,3 66,4 75,3 85,2 93,5

OUTROS 106,1 127,9 177,3 178,4 197,7 212,1 270,4 307,4

ITCMD 2,3 3,0 2,8 3,5 4,3 4,7 8,7 7,5

IRRF 96,9 115,7 152,3 156,8 171,7 184,9 238,2 273,0

Taxas 6,9 9,2 22,2 18,0 21,7 22,5 23,5 26,9

Contribuições sociais 410,1 412,8 441,9 537,2 599,8 642,9 777,7 833,5

Transferências 1.591,4 1.961,2 2.103,6 2.298,4 2.812,7 2.612,7 2.826,5 3.094,7

Transferências correntes 1.534,4 1.937,5 2.051,2 2.228,3 2.627,0 2.492,3 2.685,1 2.950,3

Transferências de capital 57,1 23,7 52,4 70,1 185,6 120,4 141,4 144,4

Outras receitas correntes 222,9 282,9 379,1 228,3 346,1 288,7 340,2 260,3

Receita de juros 15,2 19,5 11,2 11,7 75,7 60,0 75,8 41,2

Receita de ativos não financeiros 48,7 78,5 83,9 28,8 32,6 32,4 23,5 55,5

Outras receitas correntes 159,0 184,8 284,0 187,8 237,8 196,3 240,8 163,6

II. DESPESAS 3.314,9 3.549,1 4.224,5 4.164,5 4.723,4 5.199,0 5.953,6 6.319,4

Remuneração de funcionários 1.811,4 2.003,9 2.412,4 2.568,9 2.834,0 3.201,8 3.644,3 3.850,0

Pagamentos de juros 118,8 131,9 120,8 112,3 92,6 86,9 108,1 119,8

Outras despesas correntes 1.222,8 1.221,9 1.473,4 1.233,8 1.521,4 1.640,1 1.887,4 1.999,0

Transferências para municípios 362,7 403,3 456,0 485,8 526,8 535,1 643,7 647,9

Bens e serviços 860,2 818,6 1.017,4 748,0 994,5 1.105,0 1.243,7 1.351,0

Serviços contratados (terceiros) 369,2 356,2 463,5 373,7 504,9 635,9 831,4 888,5

Outros bens e serviços 490,9 462,4 553,9 374,3 489,6 469,1 412,3 462,5

Fundeb, perda líquida 161,9 191,4 217,9 249,5 275,4 270,1 313,8 350,6

III. SALDO OPERACIONAL BRUTO (I - II) 317,0 649,0 371,0 659,2 890,8 270,5 266,6 277,9

% da RCL 15,5 25,6 12,9 21,2 23,4 6,9 5,8 5,7

IV. TRANSAÇÕES EM ATIVOS NÃO FINANCEIROS 363,9 386,9 463,5 187,1 407,0 472,4 637,4 470,2

Investimentos em ativos não financeiros 168,5 254,7 350,5 167,9 284,3 288,4 534,5 418,3

Investimentos em ativos financeiros 195,4 132,2 113,0 19,2 122,7 184,0 102,9 51,9

V. CAPACIDADE/NECESSIDADE LÍQUIDA DE FINANCIAMENTO (III - IV) -47,0 262,1 -92,5 472,1 483,8 -201,9 -370,8 -192,2

VI. SALDO PRIMÁRIO (V + Pagamentos de juros líquidos) 56,6 374,4 17,1 572,7 500,8 -175,0 -338,5 -113,6

% da RCL 2,8 14,8 0,6 18,5 13,2 -4,4 -7,3 -2,3

VII. TRANSAÇÕES EM ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS 47,0 -86,2 -108,2 -154,3 -159,4 56,2 317,2 213,1

Novos empréstimos 157,1 37,1 0,0 0,0 0,0 191,4 436,5 376,0

Amortizações, líquidas (110,7) (123,7) (131,3) (156,6) (160,4) (135,8) (119,8) (164,6)

Amortizações recebidas 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Amortizações pagas 110,7 123,7 131,3 156,6 160,4 135,8 119,8 164,6

Alienação de ativos 0,7 0,4 23,1 2,3 1,0 0,6 0,5 1,8

VIII. NECESSIDADE BRUTA DE FINANCIAMENTO (Serviço líquido da dívida - VI) 214,3 236,0 240,9 257,2 177,3 162,7 152,0 243,2

% da RCL 10,5 9,3 8,4 8,3 4,7 4,1 3,3 5,0

VIII. SALDO GLOBAL (VI + VII) 103,5 288,2 -91,1 418,4 341,3 -118,8 -21,3 99,5

Por memória:

Receita corrente liquida (RCL) 2.043,1 2.536,7 2.865,7 3.102,9 3.799,8 3.934,3 4.629,4 4.905,6

Investimentos não financeiros/RCL 8,2% 10,0% 12,2% 5,4% 7,5% 7,3% 11,5% 8,5%

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97

Figura A4.7: Dívida Consolidada Líquida e Serviço da Dívida (% da RCL), 2004-2011

A4.16. Os riscos fiscais estão sob controle e não constituem uma ameaça para a

sustentabilidade das finanças do Estado no médio prazo. O principal passivo contingente

tem o seu custo estimado em mais de R$ 170 milhões e se trata de antigos reajustes salariais

da época do lançamento do Plano Real, em 1994. O Estado cumpre as determinações legais

quanto à vinculação de despesas para setores como a educação e a saúde. Mais

especificamente, paga aos professores o salário mínimo definido em nível nacional e cumpre

as exigências de vinculação dos gastos com saúde estabelecidas na recém-aprovada

Lei Complementar Federal 141/12.

Projeções

A4.17. As contas fiscais do Governo de Sergipe foram projetadas até 2015 para avaliar a

sustentabilidade fiscal deste ponto em diante. Fizeram-se projeções da dívida por um

período de 10 anos para avaliar a sustentabilidade da dívida. Os pressupostos econômicos

para as análises fiscal e da sustentabilidade da dívida estão de acordo com a tabela

apresentada no panorama macroeconômico atual constante do documento principal.

Os pressupostos fiscais do cenário de referência são apresentados abaixo.

A4.18. O cenário de referência foi construído de modo a refletir uma continuação das

práticas atuais no Estado. As receitas foram projetadas de forma conservadora, pressupondo

uma elasticidade igual a um, o que é inferior aos números de algumas rubricas, como o IPVA

e o ITCMD. Em virtude da forte vinculação de gastos e da política de expansão da folha de

pagamentos, não se preveem grandes retrações das despesas em termos absolutos. Contudo,

a previsão é que o Governo de Sergipe reduza a taxa de crescimento das despesas em função

da deterioração dos saldos fiscais, das regras fiscais impostas aos governos subnacionais e da

obrigação de manter uma política fiscal prudente para obter garantias do Governo Federal

para os seus empréstimos. Os gastos com bens e serviços devem aumentar em termos reais,

mas a um ritmo inferior ao do crescimento do PIB e das receitas, e o aumento da folha de

pagamentos também será contido, ficando abaixo das taxas de inflação e de expansão do PIB.

Os investimentos devem crescer de forma moderada e os recursos de empréstimos ficarão

restritos aos desembolsos de empréstimos já contraídos e a dois novos desembolsos de

64,7%

45,3%

57,1%

42,3%

21,8%26,7%

33,3%

43,4%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Dívida consolidada líquida/RCL Serviço da dívida/RCL

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98

200 milhões em 2014 e 2015, em linha com os Programas de Ajuste Fiscal que estão sendo

celebrados entre os Estados e o Tesouro Nacional.

Tabela A4.2: Pressupostos para a Projeção Fiscal de Referência

A4.19. Os pressupostos acima também foram usados no exercício de sustentabilidade da

dívida. As projeções das razões dívida/RCL estão ilustradas na Figura A4.8. A linha da

situação atual reflete a previsão da razão dívida/receita caso nenhum outro empréstimo além

do DPL proposto seja contraído nem sejam feitos desembolsos dos empréstimos ora

existentes. Leva-se em consideração também que parte dos recursos do DPL serão usados

para pagar um empréstimo-ponte concedido pela Caixa Econômica Federal, conforme

informado pelo Governo de Sergipe e exigido nos termos do contrato de empréstimo.

O cenário de referência reflete as projeções fiscais de referência apresentadas na Tabela A4.2,

ao passo que o cenário mais pessimista representa uma crise em que as receitas são afetadas

em 2012 e 2013 e os investimentos são elevados para 12% da RCL, exigindo a contração de

mais empréstimos para financiá-los.

A4.20. A dívida do Estado de Sergipe é sustentável, pois, em nenhum dos cenários,

as projeções da razão dívida/receitas apresentam um aumento constante. O nível

reduzido de alavancagem reflete o pagamento das dívidas renegociadas com o Governo

Federal em decorrência da operação de socorro financeiro de 1997. Entre 2011 e 2020,

o saldo da dívida prevista nesse contrato, a maior dívida do Estado, será reduzido à metade.

Ademais, em todos os cenários, o Estado cumprirá a LRF. Na verdade, o nível de

endividamento do Estado ficará bem abaixo do limite de 200%.

I. RECEITAS

ICMS Crescimento do PIB e inflação

IPVA Crescimento do PIB e inflação

ITCMD Crescimento do PIB e inflação

IRRF Crescimento no mesmo ritmo que o da remuneração de funcionários

Taxas Crescimento do PIB e inflação

Contribuições sociais Crescimento no mesmo ritmo que o da remuneração de funcionários

Transferências correntes Crescimento do PIB e inflação

Transferências de capital Crescimento da inflação nos últimos três anos, média

Receita de juros Crescimento da inflação

Receita de ativos não financeiros Crescimento da inflação no período 2008-2010, média

Outras receitas correntes Crescimento do PIB e inflação

II. DESPESAS

Remuneração de funcionários Crescimento do PIB e inflação com redução em 2012

Pagamentos de juros Imputados pelo exercício de sustentabilidade da dívida

Transferências para municípios Crescimento no mesmo ritmo que o do ICMS e do IPVA

Serviços contratados (terceiros) Crescimento da inflação em 2012 e inflação mais 2% em termos reais

Outros bens e serviços Crescimento da inflação em 2012 e inflação mais 2% em termos reais

Fundeb, perda líquida Crescimento no mesmo ritmo que o dos impostos e das transferências correntes

IV. TRANSAÇÕES EM ATIVOS NÃO FINANCEIROS

Investimentos em ativos não financeiros Crescimento do PIB e inflação

Investimentos em ativos financeiros Crescimento da inflação nos últimos três anos, média

VII. TRANSAÇÕES EM ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS

Novos empréstimos Desembolsos planejados em relação à dívida contraída mais 200 milhões em 2014 e 2015

Amortizações pagas Imputadas pelo exercício de sustentabilidade da dívida

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99

Figura A4.8: Projeções da Razão Dívida/RCL, 2012-2021

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Situação atual Referência Cenário mais pessimista

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100

Tabela A4.3: Projeções das Estatísticas das Finanças Públicas do Estado de Sergipe, 2012-2015 (milhões de R$, valores correntes)

2011 2012 2013 2014 2015

I. RECEITAS 6.597,4 6899,5 7576 8263,3 8995,7

Tributos 2.408,9 2548,2 2798,5 3058,9 3334

ICMS 2.007,9 2148,4 2359,5 2579 2810,9

IPVA 93,5 100,1 109,9101 120,1 131

OUTROS 307,4 299,7 329,2 359,8 392,1

ITCMD 7,5 8,1 8,9 9,7 10,6

IRRF 273,0 262,8 288,7 315,5 343,9

Taxas 26,9 28,8 31,6 34,6 37,7

Contribuições sociais 833,5 802,6 881,5 963,5 1050,2

Transferências 3.094,7 3298,8 3617,3 3942,5 4285,8

Transferências correntes 2.950,3 3156,7 3466,8 3789,4 4130,1

Transferências de capital 144,4 142,2 150,5 153,1 155,7

Outras receitas correntes 260,3 249,9 278,7 298,4 325,7

Receita de juros 41,2 43,3 45,7 48,0 50,3

Receita de ativos não financeiros 55,5 31,5 40,8 40,3 46,4

Outras receitas correntes 163,6 175,0 192,2 210,1 229,0

II. DESPESAS 6.319,4 6339,5 6907,9 7486,6 8111,5

Remuneração de funcionários 3.850,0 3707,4 4071,7 4450,5 4850,7

Pagamentos de juros 119,8 118,6405 107,9 86,7 81,2

Outras despesas correntes 1.999,0 2140,2 2318,4 2501,4 2691,3

Transferências para municípios 647,9 693,3 761,4 832,2 907

Bens e serviços 1.351,0 1446,9 1557,1 1669,2 1784,3

Serviços contratados (terceiros) 888,5 951,6 1024 1097,7 1173,4

Outros bens e serviços 462,5 495,4 533,1 571,5 610,9

Fundeb, perda líquida 350,6 373,2 409,9 448,1 488,3

III. SALDO OPERACIONAL BRUTO (I - II) 277,9 560 668,1 776,7 884,2

% da RCL 5,7 10,9 11,85983 12,64098 13,21891

IV. TRANSAÇÕES EM ATIVOS NÃO FINANCEIROS 470,2 568,4 576,3 604,1 650,7

Investimentos em ativos não financeiros 418,3 447,5 475,5 504,4 534

Investimentos em ativos financeiros 51,9 120,8 100,9 99,7 116,7

V. CAPACIDADE/NECESSIDADE LÍQUIDA DE FINANCIAMENTO (III - IV) -192,2 -8,3 91,8 172,6 233,4

VI. SALDO PRIMÁRIO (V + Pagamentos de juros líquidos) -113,6 67,0 154,0 211,2 264,3

% da RCL -2,3 1,3 2,7 3,4 4,0

VII. TRANSAÇÕES EM ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS 213,1 45,0 114,1 97,6 32,7

Novos empréstimos 376,0 272,0 515,9 277,9 200,0

Amortizações, líquidas (164,6) (228,0) (402,8) (181,3) (168,3)

Amortizações recebidas 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Amortizações pagas 164,6 228,0 402,8 181,3 168,3

Alienação de ativos 1,8 1,0 1,0 1,0 1,0

VIII. NECESSIDADE BRUTA DE FINANCIAMENTO (Serviço líquido da dívida - VI) 243,2 303,3 465,1 220,0 199,1

% da RCL 5,0 5,9 8,3 3,6 3,0

VIII. SALDO GLOBAL (VI + VII) 99,5 112,0 268,1 308,8 296,9

Por memória:

Receita corrente liquida (RCL) 4.905,6 5.130,2 5.633,3 6.144,3 6.688,9

Investimentos não financeiros/RCL 8,5% 8,7% 8,4% 8,2% 8,0%

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101

ANEXO 5. RELAÇÕES FISCAIS INTERGOVERNAMENTAIS NO BRASIL

A5.1. O Brasil é um país federativo, composto de 26 Estados, além do Distrito Federal,

e 5.564 municípios. A cada esfera de governo é facultado levantar os seus próprios recursos

explorando bases de incidência específicas. A distribuição das responsabilidades pela

cobrança de tributos é, de modo geral, compatível com princípios econômicos que sugerem

que bases de incidência móveis devem ser tributadas pelo governo central e bases imóveis,

pelos governos subnacionais.

A5.2. Em termos gerais, o Governo Federal pode cobrar impostos sobre a renda

pessoal (IRPF), os ganhos das pessoas jurídicas (IRPJ), os produtos industrializados

(IPI), as operações financeiras (IOF), os combustíveis (CIDE), a propriedade rural

(ITR) e as importações (II). O Governo Federal também cobra contribuições sociais sobre os

lucros das pessoas jurídicas (CSLL), a folha de pagamentos (contribuições previdenciárias) e

a renda das pessoas jurídicas (PIS/COFINS). As contribuições sociais se destinam a financiar

as despesas com saúde, proteção social e previdência social. Diferentemente das receitas

tributárias, as contribuições sociais não são divididas entre os governos subnacionais.43

A5.3. A maior fonte de receitas tributárias do Governo do Estado é o ICMS, um

imposto de valor agregado. Além disso, são cobrados impostos sobre a propriedade de

veículos automotores (IPVA) e sobre as heranças e doações (ITCMD). Os municípios têm o

direito de tributar as propriedades urbanas (IPTU), os serviços (ISS) e a transmissão de

propriedades (ITBI).

A5.4. Para compensar as disparidades regionais, a Constituição também abre espaço

para transferências federais para os Estados e municípios, bem como para

transferências dos Estados para os municípios. As receitas dos impostos federais (IPI,

IRPF e IRPJ) compõem o Fundo de Participação dos Municípios e dos Estados (FPM e FPE,

respectivamente). O FPM é formado por 23,5% de receitas do IPI e do IRPF/IRPJ, enquanto o

FPE é formado por 21,5% de receitas do IPI e do IRPF/IRPJ. Os Estados também têm o

direito de receber outros 10% da arrecadação do IPI para compensá-los pela eliminação do

ICMS sobre a exportação de produtos industrializados. As transferências da Lei Kandir e do

Auxílio Financeiro para Fomento às Exportações também se destinam a compensar a perda da

receita do ICMS sobre as exportações de produtos primários, que passaram a ser isentos em

1997. Uma parcela de 25% do IPI-exportação e da Lei Kandir também é transferida para os

municípios. O Governo Federal também é obrigado a repassar 29% das receitas da CIDE.

Os recursos da CIDE são divididos entre os Estados de acordo com a extensão da sua malha

viária, o consumo de combustíveis e a população, além de uma parcela de 10% que é dividida

igualmente. Os Estados, por sua vez, são obrigados a dividir com os municípios 25% das

receitas transferidas da CIDE. Além das transferências acima mencionadas, os Estados e

municípios recebem uma pequena transferência de recursos do IOF e transferências setoriais

destinadas a financiar a saúde e a educação. Os Estados e municípios também podem receber

recursos transferidos voluntariamente pelo Governo Federal. Essas transferências são

definidas no âmbito de grandes programas federais ou caso a caso. Normalmente, têm como

objetivo cobrir despesas de capital e são regidas por acordos específicos. Por último, dos três

43

Uma exceção é o Salário-Educação, uma contribuição imposta sobre a folha de pagamentos das empresas

privadas para financiar as despesas com educação.

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102

tributos estaduais, dois deles (25% do ICMS e 50% do IPVA) são divididos com os

municípios. O IPVA é dividido de acordo com o número de veículos automotores registrados

em cada cidade, enquanto o ICMS é dividido de acordo com o valor agregado em cada cidade

(75%) e de acordo com leis estaduais (os 25% restantes). Também é importante notar que,

embora os Estados transfiram recursos para os municípios, eles não exercem controle algum

sobre as finanças municipais.

A5.5. A Figura A6.1 representa graficamente as relações fiscais intergovernamentais

discutidas acima. Os tributos são classificados de acordo com a sua base de incidência.

Os tributos em azul são cobrados diretamente pela esfera de governo na linha correspondente,

ao passo que os tributos em verde indicam as receitas transferidas. A Figura A6.2 mostra os

números agregados correspondentes para as relações fiscais intergovernamentais em 2010,

incluindo os royalties do petróleo.

Figure A5.1: Alocação de Impostos e Transferências Fiscais Intergovernamentais no Brasil

Figura A6.2: Receita Arrecadada e Receita após Transferências por Esfera de Governo, 2010

Fonte: Afonso e Castro, 2011.

Pessoa FísicaPropriedade Transações Empresas Outros

Federal

Estadual

Municipal

ITR

IPVA

IPTU

ICMS

ITCMD

ISS

ITBI

IRPFII

IOFIPI

CIDE

PIS/COFINS

IRPJ

CSLL

Prev. Social

ITR

IPVAIPI

CIDE

ICMS

IPI

CIDEIRPJ

IRPJ

IRPF

IRPF

% do PIB % do total % do PIB % do total

Federal 23,8 67,8% 20,0 57,0%

Estadual 9,2 26,2% 8,7 24,7%

Municipal 2,1 6,0% 6,4 18,3%

TOTAL 35,2 100,0% 35,2 100,0%

Arrecadação de tributos Receita após transferências

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103

A5.6. A disciplina fiscal em termos agregados é imposta por intermédio da Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF), dos Contratos de Renegociação da Dívida entre os entes

subnacionais e o Governo Federal e dos controles sobre a oferta e a demanda de crédito

ao setor público. A LRF institucionalizou a disciplina fiscal em todas as esferas de governo,

com a adoção de fortes restrições orçamentárias no âmbito de um marco único. Ela proíbe

terminantemente as operações de refinanciamento de dívida entre diferentes níveis do

governo, atacando assim o risco moral decorrente de sucessivos resgates financeiros. Também

estabelece limites para a dívida, o serviço da dívida, as despesas com a folha e as garantias

dos governos subnacionais. Os Contratos de Renegociação da Dívida vinculam os governos

subnacionais a uma razão dívida/receita rigorosa e declinante, bem como a resultados

positivos em termos de saldo primário. As exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal

precisam ser cumpridas para que os governos subnacionais possam contrair empréstimos.

Esses governos também precisam receber a autorização do Governo Federal para tomar

empréstimos externos. No caso de empréstimos internos, aplica-se um limite de R$ 1 bilhão

sobre o saldo do crédito ao setor público, e são concedidas isenções apenas a programas

patrocinados e operados pelo governo. Por último, os governos são obrigados a publicar

balanços anuais, resumos bimestrais da execução orçamentária e, a cada quatro meses,

um relatório sobre os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A conformidade

com as regras fiscais é garantida pelo Tesouro Nacional e pelo Tribunal de Contas.

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104

ANEXO 6. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO

Indicadores Referência Efetivo Meta para 2015 Situação Referência Efetivo Meta para 2015 Situação

Objetivo 1. Erradicar a pobreza extrema e a fome

Meta 1.A: Reduzir pela metade a proporção da população cuja

renda é inferior a US$ 1 por dia

1.1 Proporção da população com renda inferior a US$ 1,25 por dia

(PPC, %)15,5 (1990) 3,8 (2009) 7,8 Já alcançada 68,5 (1991)b 51,0 (2010)b 34,3 Fora do rumo

Meta 1.C: Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção da

população que sofre de fome

1.8 Prevalência de crianças abaixo do peso com idade até cinco

anos (%)4,5 (1996) 2,2 (2007) 2,3

a Já alcançada 11,7 (1999)c 3 (2008)c 5,9 Já alcançada

Objetivo 2: Alcançar a universalização do ensino fundamental

Meta 2.A: Garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos os

sexos, tenham concluído o ensino primário

2.2 Índice de conclusão do ensino fundamental, ambos os sexos 107,7 (2000) 105,8 (2005) 100,0 Já alcançada 70,3 (1991) 92,6 (2009) 100,0 No rumo certo

2.2 Índice de conclusão do ensino fundamental, meninos 107,8 (2000) 109,8 (2001) 100,0 Já alcançada N/A N/A 100,0 --

2.2 Índice de conclusão do ensino fundamental, meninas 107,7 (2000) 111,2 (2001) 100,0 Já alcançada N/A N/A 100,0 --

Objetivo 3. Promover a igualdade dos gêneros e a autonomia das

mulheres

Meta 3.A Eliminar as disparidades entre os gêneros no ensino

fundamental e médio, se possível até 2005, e, em todos os níveis, o

mais tardar até 2015

3.1 Relação meninas/meninos no ensino fundamental e médio 1,06 (1991) 1,02 (2007) 1,00 Já alcançada N/A N/A 1,00 --

Objetivo 4: Reduzir a mortalidade infantil

Meta 4.A: Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a

mortalidade das crianças menores de cinco anos

4.1 Taxa de mortalidade das crianças até cinco anos por 1000

nascidos vivos55,7 (1990) 20,6 (2009) 18,6 No rumo certo 36 (1994) 21 (2008) 12 Fora do rumo

Objetivo 5: Melhorar a saúde materna

Meta 5.A: Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de

mortalidade materna

5.1 Taxa de mortalidade materna por 1000 nascidos vivos 120 (1990) 58 (2008) 30,0 Fora do rumo 64 (1996) 66 (2008) 16 Fora do rumo

Objetivo 7. Garantir a sustentabilidade ambiental

Meta 7.C: Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da

população sem acesso sustentável a água potável e saneamento

básico

7.8 Proporção da população sem acesso a uma fonte de água

potável (%)12 (1990) 03 (2008) 6,0 Já alcançada 42 (1991) 15 (2008) 21 Já alcançada

7.9 Proporção da população sem acesso a melhores condições de

saneamento (%)31 (1990) 20 (2008) 15,5 Fora do rumo 68 (1991) 25 (2008) 34 Já alcançada

a Metade do número de 1996.b Linha nacional de pobreza.c Crianças até dois anos de idade.

Indicadores Selecionados – Sergipe

Fonte: Indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (Nações Unidas). Sergipe – Sínteses Estaduais: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade – ORBIS, 2010).

Indicadores Selecionados – Brasil

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105

ANEXO 7. IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A7.1. Os meios de subsistência das jovens e mulheres no Brasil melhoraram

significativamente no último quarto de século. As mulheres agora representam 53% da

força de trabalho e 52,3% da força de trabalho na zona rural no Brasil. Além disso, há mais

meninas do que meninos no ensino médio e mais da metade dos universitários é do sexo

feminino.4 Em algumas áreas, porém, o avanço rumo à igualdade de gênero tem sido limitado.

A taxa de mortalidade das mulheres após o parto variou apenas ligeiramente no Brasil, caindo

de 1.677 mortes em 2000 para 1.590 em 2007. Embora o Brasil tenha adotado estratégias e

leis para combater a violência contra as mulheres (por meio da Lei Maria da Penha), ainda é

necessário fortalecer e ampliar redes multidisciplinares — abrangendo a assistência jurídica às

vítimas, o apoio psicológico, a aplicação das leis, os serviços sociais e a moradia — para que

o país possa alcançar uma redução significativa na vulnerabilidade das mulheres à violência e

seus efeitos.

A7.2. Apesar dos avanços substanciais realizados na última década em termos de

direitos políticos, sociais e civis das mulheres, o Brasil e Sergipe continuam a sofrer com

desigualdades baseadas no gênero. Conforme indicado na Figura A7.1, as mulheres no país

e no Estado conseguiram reduzir a diferença no ensino fundamental e continuaram a manter

níveis mais elevados de escolaridade após o ensino médio em comparação com os homens.

Não obstante, essas conquistas não reduziram as assimetrias de gênero em termos do índice de

participação no mercado de trabalho, do acesso a relações de trabalho menos precárias e dos

níveis de renda, conforme mostrado nas Figuras A7.1 a A7.3.

Figura A7.1: Assimetrias na Educação Baseadas no Gênero, Brasil e Sergipe, 2001-2008

Fontes: IBGE, PNAD 2001, 2004 e 2008. Soares 2010.

43%

36%

28% 28%

25%

22%

34%

29%

25%27%

24%

21%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

2001 2004 2008 2001 2004 2008

Sergipe Brasil

Parcela da população (15 anos ou mais) com até 4 anos de escolaridade

Homens Mulheres

3%

4%

5%

6%

7%

8%

4%

6%7% 7%

8%

9%

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

2001 2004 2008 2001 2004 2008

Sergipe Brasil

Parcela da população (20 anos ou mais) com 15 anos ou mais de escolaridade

Homens Mulheres

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106

Figura A7.2: Assimetrias no Mercado de Trabalho Baseadas no Gênero, Brasil e Sergipe,

2001-2008

Fontes: IBGE, PNAD 2001, 2004 e 2008. Soares 2010.

Figura A7.3: Assimetrias na Renda Monetária Baseadas no Gênero, Brasil e Sergipe, 2001-2008

Fontes: IBGE, PNAD 2001, 2004 e 2008. Soares 2010.

A7.3. Além disso, as assimetrias baseadas no gênero são reforçadas pela discriminação

racial, tanto no Brasil como em Sergipe. O nível de escolaridade das mulheres não brancas

tende a ser inferior ao das mulheres brancas, o que torna aquelas menos capazes de participar

do mercado de trabalho e de se envolver em relações de trabalho menos precárias. Isso

também as empurra para a parte mais baixa da escala de renda.

A7.4. Para fechar as lacunas em matéria de gênero, o Governo de Sergipe decidiu

priorizar políticas e ações voltadas para a redução dos desequilíbrios entre os gêneros.

As políticas estaduais para ampliar as oportunidades de trabalho e renda deram atenção

especial à inclusão das mulheres. As políticas de saúde deram grande ênfase à melhoria dos

86% 87%84% 85% 85% 84%

56%

64%

58% 56%59% 60%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2001 2004 2008 2001 2004 2008

Sergipe Brasil

Participação no mercado de trabalho (pessoas com 20 anos ou mais)

Homens Mulheres

8%

4%

5%

7%

6% 6%

4%

2%3%

4% 4%5%

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

2001 2004 2008 2001 2004 2008

Sergipe Brasil

Parcela da população (20 anos ou mais) em empregos com poder de decisão

Homens Mulheres

50% 48% 49%

38% 38% 36%

67%62% 63%

58% 56%53%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

2001 2004 2008 2001 2004 2008

Sergipe Brasil

Parcela da população (10 anos ou mais) sem renda ou com renda inferior a um salário mínimo

Homens Mulheres

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107

resultados em termos de saúde materna. Além disso, em 2009, o Estado aderiu ao Pacto

Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, celebrado entre os governos

federal, estaduais e municipais e regido por cinco eixos estruturais: i) garantir a aplicabilidade

das normas relacionadas à violência contra as mulheres; ii) garantir a segurança pública e o

acesso à Justiça; iii) assegurar os direitos sexuais e reprodutivos, combatendo o tráfico de

mulheres; iv) dar autonomia às mulheres em situações de violência e ampliar os seus direitos;

e v) expandir e fortalecer a Rede de Atendimento à Mulher Vítima de Violência. Ademais,

o Governo de Sergipe criou a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SEPM) em

2011, a qual conta com Coordenadorias Municipais de Políticas para as Mulheres em 28 dos

75 municípios.

A7.5. A iniciativa do Estado está inteiramente alinhada com os objetivos do Banco

Mundial de reduzir as disparidades e desigualdades de gênero ao fortalecer a voz das

mulheres na família e na sociedade e ao reduzir a mortalidade feminina. Nos últimos

cinco anos (exercícios financeiros de 2006 a 2010), mais de US$ 65 bilhões (37%) dos

empréstimos e doações do Banco Mundial foram destinados a operações orientadas pelo

gênero,44

em áreas como educação, saúde, acesso à terra, serviços financeiros e agropecuários,

emprego e infraestrutura. No ano passado, a proporção do apoio orientado pelo gênero chegou

a quase metade do total dos nossos empréstimos, somando cerca de US$ 26,3 bilhões.

44

As operações orientadas pelo gênero consideram sistematicamente as desigualdades de gênero e buscam

incorporá-las na concepção, implementação, impacto previsto e monitoramento dos projetos.

Fontes: 1World Development Report 2012, Gender Equality and Development, Banco Mundial;

2Gender and

Governance in Rural Services: Insides from India, Ghana, and Ethiopia, Banco Mundial e International Food

and Policy Research Institute (IFPRI); 3Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

Censo da Educação Superior: sinopse estatística – 2005/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira. – Brasília: O Instituto, 2007; 4Anuário das Mulheres Brasileiras, Departamento Intersindical de

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ANEXO 8. IMPACTOS SOCIAIS E SOBRE A POBREZA

A8.1. As ações de política apoiadas por esta operação devem ter um impacto global

positivo sobre a pobreza e as desigualdades sociais, pois buscam eliminar restrições

fundamentais ao crescimento socialmente inclusivo e reforçar os processos democráticos

da governança pública em Sergipe. A operação apoiará mudanças de política que vão:

i) modernizar a gestão do Estado, melhorar a qualidade do atendimento aos cidadãos e elevar

as receitas do Estado ao aumentar a eficiência fiscal; ii) ampliar o acesso a serviços públicos

melhores nas áreas da saúde e educação, beneficiando as mulheres e crianças mais pobres;

iii) promover o acesso ao mercado e o crescimento da renda em prol dos agricultores

familiares, os quais representam uma parcela excessivamente grande da população menos

favorecida do Estado e abrangem as comunidades tradicionais e os povos indígenas;45

e

iv) promover a inclusão social ao adaptar a assistência social para chegar até os grupos sociais

mais vulneráveis e fortalecer os programas para prevenir e combater a violência baseada no

gênero. Para avaliar os possíveis efeitos distributivos dessas mudanças de políticas sobre a

sociedade e a pobreza, recorreu-se à análise de dados secundários, a entrevistas e a consultas

em grupos de discussão envolvendo partes interessadas fundamentais.46

A expectativa é que a

combinação dos impactos sociais e econômicos sobre a população mais vulnerável seja

positiva.

Contexto de referência

A8.2. As informações de referência revelam que as condições sociais em Sergipe são

piores do que as médias nacionais.47

O PIB per capita médio do Estado equivale a apenas

61% da média nacional, a taxa de mortalidade infantil e a taxa de analfabetismo (entre

45

O povo Xocó — que abrange uma população de 400 pessoas — é o único grupo indígena em Sergipe. Habita a

Aldeia Indígena de Caiçara/Ilha de São Pedro (4.317 hectares). Os seus meios de subsistência são análogos aos

das populações pobres em áreas ribeirinhas e rurais, combinando a agricultura de subsistência, a criação de gado

e a pesca. Como as suas terras estão localizadas na bacia do Rio São Francisco, as suas atividades produtivas são

menos vulneráveis aos ciclos de estiagem. No Estado, 21 comunidades rurais e uma comunidade urbana foram

certificadas pela Fundação Palmares como quilombolas. Apenas uma recebeu do Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (Incra) o título de propriedade da terra. 46

Essas entrevistas foram feitas durante os meses de fevereiro e abril de 2012. Envolveram representantes das

organizações da sociedade civil no Conselho Estadual de Saúde e representantes das equipes de saúde da família

dos municípios de Estância e Nossa Senhora do Socorro; a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do

Sergipe (FETASE) e a Federação da Agricultura do Estado de Sergipe (FAESE); a Federação das Indústrias do

Estado de Sergipe e a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe

(FECOMERCIO-SE); o Conselho Estadual de Educação, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da

Rede Oficial do Estado de Sergipe (SINTESE), professores e gestores de três escolas estaduais (Escola Estadual

24 de Outubro e Colégio Estadual Costa e Silva, no município de Aracaju, e Colégio Estadual Edélzio Vieira de

Mello, no município de Capela); organizações e comunidades quilombolas; representantes dos Sindicatos de

Trabalhadores Rurais dos municípios de Boquim, Pacatuba e Capela, onde predominam as culturas da

cana-de-açúcar e da laranja, e beneficiários do programa estadual Mão Amiga; produtores de leite envolvidos no

programa estadual Balde Cheio (Assentamento Jabiberi, no município de Tobias Barreto) e duas organizações de

produtores orgânicos dos municípios de Areia Branca e Itabaiana; associações comunitárias de bairros pobres de

Aracaju (Confederação Nacional de Moradores e Entidades Comunitárias do Brasil, Federação das Associações

de Moradores de Aracaju e Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju); representantes da

sociedade civil no Conselho Estadual de Assistência Social e três organizações de mulheres (Federação das

Mulheres de Sergipe, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher e Grupo de Mulheres Negras Maria

do Egito). 47

IPEA (2010).

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pessoas com 15 anos ou mais) estão, respectivamente, 40% e 68% acima das médias

nacionais. O índice de pobreza caiu acentuadamente no Estado nos últimos anos, mas

permanece alto e revela diferenças inter-regionais significativas, inclusive em termos de raça

e gênero. No período entre 1995 e 2008, o índice de pobreza caiu 31%, mas ainda supera em

68% a média brasileira. O número de pessoas que vivem em situação de extrema pobreza foi

reduzido pela metade, mas ainda é quase o dobro da média do Brasil. No Estado, o índice de

Gini, que mede a desigualdade, recuou a um ritmo mais lento do que no país como um todo

(7% em comparação com 10%).

A8.3. Há uma forte relação positiva entre a maioria das áreas rurais do Estado e a

pobreza extrema. Assim, conforme mostra a Figura A8.1, abaixo, a pobreza extrema está

concentrada na bacia do São Francisco (na fronteira norte do Estado), bem como nos

municípios ao sul em que as taxas de urbanização são mais baixas. Dados do censo de 2010

mostram que 15% da população do Estado (ou seja, 311.162 pessoas) viviam na pobreza

extrema, o que representa 29% da população das áreas rurais e 10% da população das áreas

urbanas do Estado. Cerca de 83% das famílias que vivem em áreas rurais e 56% das que

vivem em áreas urbanas têm renda nominal per capita igual ou inferior a um salário mínimo

por mês.

Figura A8.1: Mapa da Pobreza Extrema em Sergipe, 2011

A8.4. Em Sergipe, há uma correlação positiva entre a pobreza rural e a concentração

de terras, a baixa produtividade e o baixo acesso de pequenos agricultores familiares a

rendas monetárias e empréstimos. São mais de 100 mil propriedades rurais no Estado e os

agricultores familiares são responsáveis pelo cultivo de 90% delas. A propriedade média tem

14,7 hectares, mas o tamanho médio das propriedades dos pequenos agricultores familiares é

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metade disso (7,9 hectares).48

Ao todo, as 90.330 propriedades familiares somam apenas

48,1% das terras agrícolas do Estado. O valor total da produção e o total da renda dessas

propriedades mal chegam a um quarto em comparação com os das propriedades não

familiares. Apenas uma pequena porcentagem das propriedades familiares e não familiares

(8% e 6%, respectivamente) tem acesso a crédito para investimento.

A8.5. A raça, o gênero, a idade e o analfabetismo são determinantes fundamentais da

pobreza e da pobreza extrema em Sergipe. As pessoas não brancas abrangem 71% da

população total do Estado e representam 77% da população em situação de pobreza extrema;

elas têm menos anos de escolaridade e a taxa de analfabetismo é mais alta do que entre os

brancos.49

Os não brancos também são a maioria das pessoas que vivem em aglomerados

subnormais.50

As mulheres representam praticamente metade (51%) dos extremamente

pobres, mas existem desequilíbrios de gênero, os quais se refletem, por exemplo, em níveis de

renda mais baixos entre as mulheres (apenas 77% da renda dos homens). As assimetrias de

gênero são reforçadas por padrões culturais que tradicionalmente atribuem o trabalho

doméstico às mulheres; assim, enquanto os homens de 16 anos ou mais gastam uma média de

10,1 horas por semana em tarefas domésticas, as mulheres na mesma faixa etária gastam mais

de duas vezes esse tempo nessas tarefas (27,8 horas por semana), o que reduz a sua

capacidade para ingressar no mercado de trabalho e/ou faz com que carga de trabalho delas

seja mais pesada do que a deles. As famílias chefiadas por uma mulher com filhos, quase 22%

das famílias que vivem em Sergipe, são as mais afetadas por essas assimetrias. Ademais,

é excessivamente grande a proporção de jovens e analfabetos entre os extremamente pobres:

eles representam, respectivamente, 49% e 32% desse grupo populacional, mas apenas 20% e

16%, respectivamente, da população como um todo.

A8.6. Apesar de algumas melhorias nas últimas décadas, os sistemas educacional e de

saúde do Estado continuam a apresentar um desempenho fraco, o que reduz a qualidade

de vida e prejudica as perspectivas dos pobres, pois eles dependem desses sistemas. Quase 96% das crianças e jovens do quintil de renda mais baixo e 86% do segundo quintil

mais baixo estão matriculadas em escolas públicas; elas compõem uma parcela

desproporcional, 35% e 26%, respectivamente, dos alunos dessas escolas. As famílias pobres

também são as que mais dependem do sistema de saúde pública.51

Além disso, o número de

mortes maternas, de recém-nascidos e de crianças é maior entre os pobres. Isso reflete,

em parte, o uso menos frequente do atendimento preventivo em Sergipe em relação ao país

48

As propriedades familiares fazem uso intenso de mão de obra — para gerar cada ocupação no setor agrícola,

uma propriedade familiar exige 3,15 hectares, enquanto uma propriedade não familiar necessita de

17,94 hectares. Na agricultura familiar, a força de trabalho é caracterizada pelo desequilíbrio de gênero, com

uma forte predominância de homens (71% da mão de obra ocupada) e é composta, na sua maioria, por

trabalhadores com laços familiares com o proprietário da terra (88%), com apenas uma pequena minoria

assalariada (menos de 3%). 49

A taxa de analfabetismo chega a 12% entre os brancos, 18% entre os negros e 18% entre os mestiços.

A escolaridade média é de 7,7 anos entre os brancos, 6,5 anos entre os negros e 6,3 anos entre os mestiços. 50

Aglomerados subnormais referem-se a assentamentos irregulares, informais e precários, como as favelas.

Em Sergipe, apenas 4% da população vive nessas condições. Cerca de 81% das famílias que vivem nesses

aglomerados têm renda per capita inferior a um salário mínimo por mês, em comparação com apenas 58% do

total da população do Estado. 51

Em Sergipe, apenas 16,4% da população conta com a cobertura de um plano de saúde privado. Assim como

nos demais Estados do Nordeste, a maioria dos beneficiários desses planos são pessoas cuja renda mensal é

superior a cinco salários mínimos.

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como um todo, o que se traduz em taxas de mortalidade no Estado superiores às médias

nacionais.52, 53

A8.7. Episódios relacionados à violência baseada no gênero têm sido relatados

sistematicamente nos últimos anos e há um número crescente de inquéritos policiais

nessa área. Os dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública

apontam um número constante de ocorrências registradas em delegacias de polícia (uma

média anual de 4.638 em todo o Estado) e um número crescente de inquéritos policiais

relacionadas à violência contra a mulher (um aumento de 45% em dois anos). Nos últimos

três anos, as ameaças (32%), calúnia e difamação (19,7%), violência doméstica (17%) e

agressões físicas (14%) foram os principais tipos de ocorrências registradas pelas mulheres.

Impactos distributivos previstos nos campos social e econômico

A8.8. As políticas de inclusão produtiva e social tratam de determinantes-chave da

pobreza rural em Sergipe e podem contribuir de forma positiva para a melhoria dos

meios de subsistência e da qualidade de vida dos pobres nas áreas rurais. Os dados

disponíveis e as consultas às partes interessadas indicaram que há uma cadeia causal positiva

entre o apoio à produção de leite e a redução da vulnerabilidade de pequenos produtores

familiares. A produção leiteira é uma atividade central e uma fonte confiável de renda

monetária para esses produtores. Hoje em dia, porém, eles enfrentam algumas restrições

fundamentais ao tentar aumentar a produtividade e a produção, melhorar os seus rebanhos e as

condições sanitárias da produção de leite e ganhar acesso a mercados novos e mais formais.

As entrevistas com produtores que já se beneficiaram das políticas para fortalecer a cadeia

produtiva do leite, as quais serão apoiadas por esta operação, mostram os impactos positivos

dessas políticas sobre os ganhos, as condições de trabalho, a saúde e os padrões de vida. Esses

produtores agora conseguem alimentar devidamente e durante o ano todo um rebanho três

vezes maior do que conseguiam antes de se beneficiarem dessas políticas. A produção diária

de leite cresceu dez vezes, a carga de trabalho foi reduzida e a saúde das pessoas melhorou,

pois passaram de um sistema produtivo que dependia fortemente de agroquímicos para um

sistema agroecológico. Ademais, os seus ganhos com a produção de derivados do leite agora

são suficientes para melhorar o padrão de vida das suas famílias. Antes, eram obrigados a

trabalhar fora das suas propriedades, ganhando pouco; agora, muitos deles contratam

trabalhadores de forma contínua para trabalharem nas suas propriedades. Uma importante

limitação à ampliação dessas políticas é o elevado nível de analfabetismo e/ou a taxa de

analfabetismo funcional dos produtores mais velhos, uma vez que o programa Balde Cheio

exige o controle rigoroso das atividades e, portanto, a capacidade de ler e escrever. Na sua

área-piloto, essa limitação foi superada com o envolvimento dos membros mais jovens das

famílias no registro das informações.

52

A taxa de mortalidade infantil no Estado caiu de 37,5 por mil nascidos vivos em 2004 para 31,4 em 2009.

Embora seja inferior à média regional de 33,2, ainda está bem acima da média nacional (22,5 por 1000). Houve

520 mortes fetais e infantis em 2011, das quais 306, ou 59%, decorreram de causas evitáveis. 53

Um recente estudo transversal sobre todos os partos no hospital maternidade de Aracaju (que responde por

cerca de 40% de todos os partos no Estado de Sergipe) revelou que 69% das mães eram consideradas pobres

(renda inferior a três salários mínimos), 21% eram adolescentes e 20% eram solteiras. Em torno de 31,6% de

todos os partos foram cesarianas, e as crianças com baixo peso ao nascer e prematuras corresponderam a 7,2% e

7,7% de todos os recém-nascidos, respectivamente (Ricardo Queiroz Gurgel et al., 2009).

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A8.9. As políticas em apoio à agricultura agroecológica também podem ter impactos

positivos sobre a renda e sobre as condições de saúde dos agricultores familiares,

embora atinjam um grupo mais restrito de produtores rurais. A produção agroecológica

requer muita mão de obra, o que exige mais do trabalhador. Ao mesmo tempo, porém, por não

depender de agroquímicos, pesticidas nem fertilizantes, os seus produtos podem reduzir os

riscos para a saúde dos produtores e, também, dos consumidores. Embora os custos e a

produtividade dos produtos agroecológicos sejam comparáveis aos dos produtos

convencionais, o seu mercado está em expansão e o seu valor de mercado tem uma margem

considerável sobre a dos produtos convencionais. Além disso, os produtores agroecológicos

se beneficiam de subsídios mais altos ao vender a sua produção aos mercados institucionais.

Em consequência, a taxa de lucratividade é altamente competitiva. No entanto, a necessidade

de deixar a terra sem cultivo por um período de dois anos antes de obter a certificação de

produtor orgânico, bem como a falta de assistência técnica, restringe a ampliação e o impacto

dessa política. A política apoiada por esta operação aumentará a assistência técnica e deve

trazer retornos positivos para os produtores agroecológicos.

A8.10. As reformas de políticas relacionadas à inclusão social beneficiarão de forma

direta e positiva alguns dos grupos mais vulneráveis da população rural — os colhedores

de laranja e os cortadores de cana-de-açúcar — por meio de transferências de renda

sazonais. Esses trabalhadores estão entre os mais desfavorecidos na agricultura familiar.

Normalmente, eles não têm acesso à terra, trabalham em condições precárias e enfrentam o

desemprego sazonal. O perfil socioeconômico dos beneficiários do programa estadual Mão

Amiga em 2011 mostra que os índices de analfabetismo e pobreza entre esses grupos ainda

são piores do que a média entre as populações rurais. O analfabetismo prejudica as

oportunidades de vida de 15% dos colhedores de laranja e de 21% dos cortadores de cana.

As taxas de pobreza e de pobreza extrema entre os cortadores de cana chegam a 42% e 7%,

respectivamente, e a 19% e 72% entre os colhedores de laranja. A maioria dessas famílias

(76%) tem direito a receber ajuda no âmbito do programa Bolsa Família, do Governo Federal,

e 65% delas estão efetivamente cadastradas no programa. Esse grupo vulnerável se

beneficiaria da capacitação oferecida pelo programa Mão Amiga, que deve prestar orientação

sobre os riscos da exposição a pesticidas e sobre o uso desses produtos. Em 2011, o Mão

Amiga beneficiou 7.673 famílias de cortadores de cana e colhedores de laranja (36% e 64%

do total, respectivamente) em 29 municípios, reduzindo o peso do desemprego sazonal por

meio de transferências de renda. A prevalência e a continuação da pobreza nesses dois grupos

sociais se devem a fatores crônicos e passageiros (essencialmente, o desemprego sazonal).54

O programa de transferência de renda do Estado deve gerar impactos positivos sobre a

redução da pobreza porque a privação cíclica de renda é uma condição que adia ou dilui o

possível impacto de políticas concebidas para aumentar a capacidade dos pobres (como os

programas públicos nas áreas da educação e saúde). Esse programa também deve ter um

impacto positivo maior sobre as novas gerações de colhedores de laranja e cortadores de cana,

que podem se beneficiar mais das atividades de formação de capital humano, como a

alfabetização e a capacitação para o trabalho e, assim, ter mais acesso a empregos mais bem

54

A pobreza crônica está associada mais comumente à falta de capital humano, à composição demográfica das

famílias, à localização da residência, à falta da posse de bens físicos e ao trabalho mal remunerado. De forma

distinta, o tamanho das famílias, as transferências do governo, a sazonalidade das atividades econômicas,

a migração e os eventos que marcam o ciclo da vida são os principais fatores que contribuem para a pobreza

passageira.

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remunerados.55

Contudo, existe um consenso entre as principais partes interessadas em torno

da preocupação de que será necessário um esforço no âmbito do Mão Amiga para fechar a

lacuna entre a capacitação para o trabalho oferecida e as qualificações exigidas pelos

mercados de trabalho regionais. O objetivo seria produzir melhores resultados em termos de

abertura do acesso dos beneficiários a mercados de trabalho formais, bem como surtir

impactos mais sustentáveis sobre a mão de obra, a renda e os padrões de vida.

A8.11. As políticas de inclusão social também contribuirão para aumentar o bem-estar

social ao buscar atingir as pessoas menos favorecidas e tornar as políticas sociais

acessíveis a elas. As partes interessadas manifestaram o seu pleno apoio aos esforços do

Estado para tratar a pobreza como um fenômeno multidimensional e buscar atingir as famílias

extremamente pobres e, muitas vezes, “invisíveis” que, historicamente, fogem à atenção da

rede de serviços sociais e vivem em uma situação de pobreza que tende a se perpetuar e piorar

a cada nova geração. De modo geral, essas famílias não são vistas, ouvidas nem atendidas,

embora apresentem índices acima da média em termos de gravidez na adolescência e partos

prematuros, desnutrição, doenças crônicas e mortalidade entre crianças, negligência e

violência contra as crianças e mulheres; crianças fora da escola ou trabalhando; dependência

de drogas e alcoolismo; condições de moradia precárias e baixo nível de escolaridade das

mães. As partes interessadas concordaram que as principais falhas na tentativa de chegar até

essas famílias estão na esfera municipal e dizem respeito à fraca disseminação e entendimento

das políticas estaduais, à interferência política na seleção de recursos humanos e beneficiários,

a condições de trabalho precárias, à alta rotatividade dos assistentes sociais e ao fraco controle

social. As políticas apoiadas por esta operação atacarão esses problemas ao cofinanciar o

Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em pelo menos 20% dos municípios.

A expectativa é que as famílias extremamente pobres sejam quem mais venha a se beneficiar

do acesso aos serviços sociais que têm o potencial de produzir maiores dotações de capital

humano, novas oportunidades de trabalho e um reforço dos bens das famílias.

A8.12. As políticas nas áreas da inclusão social e da saúde também terão um impacto

positivo sobre as questões de gênero e devem beneficiar principalmente as mulheres

pobres e os seus filhos. Ha um consenso entre as organizações em prol das mulheres de que

as medidas propostas para fortalecer a capacidade do Estado para prevenir e combater a

violência baseada no gênero são bastante necessárias e benéficas. Na opinião dessas

organizações, também é necessário que essas políticas tenham o respaldo de uma melhor

divulgação das condenações impostas a homens violentos e das medidas educativas para

mudar a cultura e o comportamento baseados no gênero. As políticas de saúde apoiadas por

esta operação respondem a preocupações fundamentais identificadas pelos principais

55

A raça, a escolaridade, a informalidade, o gênero e a residência na região Nordeste do Brasil são as

características que mais determinam a permanência da pobreza e a mobilidade descendente dos adultos nas áreas

urbanas brasileiras. A maioria dos pobres (73%) está sujeita à pobreza principalmente em função da persistência

do seu estado de pobreza no passado, contra o qual intervenções de curto prazo no mercado de trabalho e

transferências de renda por si só não são eficazes porque não alteram as características adversas das pessoas e

famílias (como a falta de escolaridade ou de bens). No entanto, políticas de transferência de renda, as quais são

necessárias para retirar as famílias da pobreza durante um certo período, também podem ajudar a reduzir as

possibilidades de essas mesmas famílias retornarem à pobreza caso a persistência da pobreza derive do grau de

dependência da pobreza atual em relação ao estado de pobreza no passado. Consequentemente, políticas de

combate à pobreza mais eficazes devem combinar um enfoque multissetorial que busque melhorar o capital

humano e ampliar o acesso a serviços públicos de qualidade, com uma ampla política de redistribuição de renda

(Ribas e Machado, 2007 e 2008).

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interessados (usuários, trabalhadores e profissionais de saúde) com respeito à saúde

materno-infantil. Ao buscar reduzir a incidência das taxas de mortalidade materno-infantil,

bem como a incidência da gravidez precoce e/ou de risco, essas políticas podem beneficiar

mais os pobres, uma vez que estes dependem bastante do sistema público de saúde.

A8.13. Por último, os pobres serão quem mais se beneficiará das políticas que ampliam o

acesso ao ensino público de melhor qualidade. As entrevistas feitas com as principais partes

interessadas sobre o setor da educação revelaram grandes divergências. Contudo, também

mostraram pontos em comum. Elas concordam quanto ao fraco desempenho de Sergipe nos

principais indicadores educacionais — resultados do aprendizado fracos, índices elevados de

repetência e de evasão escolar e um alto número de jovens fora da escola — e quanto à

necessidade de melhorar a qualidade do ensino e do aprendizado nas escolas públicas. Todos

têm uma opinião crítica sobre as interferências políticas na administração das escolas, que

resulta em ineficiência e na baixa qualidade dos serviços educacionais. Por último, valorizam

as ações tendentes a aumentar a participação da comunidade nos processos de tomada de

decisões nas escolas. As políticas apoiadas por esta operação tratam das questões relacionadas

à interferência política, à participação da comunidade e à qualidade do aprendizado nas

escolas públicas. A expectativa é que essas políticas beneficiarão mais as crianças e jovens

pobres, uma vez que são eles os principais usuários das escolas municipais e estaduais em

Sergipe, assim como nos demais Estados do Brasil. Considerando a correlação forte e positiva

entre a educação, a melhoria das oportunidades de emprego e a renda, também se espera que

essas políticas contribuam de forma positiva para romper o círculo vicioso que reproduz a

pobreza, criando novas e melhores oportunidades de vida para as crianças e os jovens da

metade inferior da sociedade de Sergipe.

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