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Documento do Banco Mundial SOMENTE PARA USO OFICIAL Relatório Nº 65455-BR BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOCUMENTO PROGRAMÁTICO DE PROPOSTA DE EMPRÉSTIMO NO VALOR DE US$ 200 MILHÕES AO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE COM A GARANTIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PARA UM EMPRÉSTIMO DE POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO INCLUSIVO DE BELO HORIZONTE 9 de maio de 2013 Redes de Desenvolvimento Sustentável e Redução da Pobreza e Gestão Econômica Unidade de Gestão de País Brasil Região da América Latina e Caribe Este documento está sendo divulgado antes da consideração pela Diretoria. Isso não implica um resultado presumido. Este documento pode ser atualizado após a consideração pela Diretoria e o documento atualizado será disponibilizado de acordo com a política do Banco sobre acesso à informação. Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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Documento do

Banco Mundial

SOMENTE PARA USO OFICIAL

Relatório Nº 65455-BR

BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO

DOCUMENTO PROGRAMÁTICO

DE PROPOSTA DE EMPRÉSTIMO

NO VALOR DE US$ 200 MILHÕES

AO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE

COM A GARANTIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

PARA UM

EMPRÉSTIMO DE POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO INCLUSIVO DE BELO

HORIZONTE

9 de maio de 2013

Redes de Desenvolvimento Sustentável e Redução da Pobreza e Gestão Econômica

Unidade de Gestão de País Brasil

Região da América Latina e Caribe

Este documento está sendo divulgado antes da consideração pela Diretoria. Isso não implica um resultado

presumido. Este documento pode ser atualizado após a consideração pela Diretoria e o documento atualizado será

disponibilizado de acordo com a política do Banco sobre acesso à informação.

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Brasil – EXERCÍCIO FINANCEIRO

1º de janeiro – 31 de dezembro

EQUIVALÊNCIA MONETÁRIA

(Taxa de câmbio vigente em 17 de abril)

Unidade Real (R$)

US$1,00 R$1,99

Pesos e medidas Sistema métrico

ABREVIATURAS E ACRÔNIMOS

AEIS

BCB

BH

BHPREV

BHTRANS

BNDES

CDRU

CEF

CEPAC

Áreas Especiais de Interesse Social

Banco Central do Brasil

Belo Horizonte

Belo Horizonte Previdência

Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

Concessão de Direito Real de Uso

Caixa Econômica Federal

Certificado de Potencial Adicional de Construção

BIRD

ICLEI

ICMS

BID

IFC

IGP

FMI

IPCA

Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

International Council for Local Environmental Initiatives

Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

Banco Interamericano de Desenvolvimento

Corporação Financeira Internacional

Índice Geral de Preços

Fundo Monetário Internacional

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo

COMFORÇA

CPS

Comissão de Acompanhamento e Fiscalização da Execução do Orçamento

Participativo Estratégia de parceria com o país

DPL

DRENURBS

DRM

Empréstimo para política de desenvolvimento

Programa de Recuperação Ambiental de Belo Horizonte

Gestão do risco de desastres

GBR

RMBH

OOR

Gestão baseada em resultados

Região Metropolitana de Belo Horizonte

Orçamento orientado para resultados

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPTU

IQVU

ISA

ISAVC

ISS

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

Índice de Qualidade de Vida Urbana

Índice de Salubridade Ambiental

Indicador das Condicionantes Sócio-Ambientais para a vida na cidade

Imposto sobre serviços

ITBI Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis

LRF

PIB

Lei de Responsabilidade Fiscal

Produto interno bruto

LRF

M&A

Lei de Responsabilidade Fiscal

Monitoramento e avaliação

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MCMV Minha Casa, Minha Vida

NAC

RCL

OP

OPD

OPH

Núcleos de Alerta de Chuvas

Receita corrente líquida

Orçamento Participativo

Orçamento Participativo Digital

Orçamento Participativo de Habitação

PAC

PAF

PASEP

PBH

PEAR

Programa de Aceleração do Crescimento

Plano de Ação Familiar

Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

Prefeitura de Belo Horizonte

Programa Estrutural em Áreas de Risco

PEUC

GFP

Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios

Gestão financeira pública

PLHIS

PPAG

PPP

Plano Local de Habitação de Interesse Social

Plano Plurianual

Parceria Público-Privada

PNUD

URBEL

ZEIS

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte

Zona Especial de Interesse Social

SMAGC

SMF

SMPS

SUDECAP

Secretaria Municipal Adjunta de Gestão Compartilhada

Secretaria Municipal de Finanças

Secretaria Municipal de Política Social

Superintendência de Desenvolvimento da Capital

Vice-Presidente: Hasan A. Tuluy

Diretora do país: Deborah L.Wetzel

Gerente Setorial: Anna Wellenstein

Líder da equipe de trabalho: Alessandra Campanaro

Co-Líderes da equipe de trabalho Thadeu Abicalil e Rafael Barroso

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ii

BRASIL

EMPRÉSTIMO DE POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO INCLUSIVO DE BELO HORIZONTE

SUMÁRIO

I. Introdução ..................................................................................................................... 1 II. Contexto do país ........................................................................................................... 2

A. Evolução econômica recente do Brasil ........................................................................... 2 B. Situação macroeconômica atual...................................................................................... 3 C. Situação socioeconômica e fiscal de Belo Horizonte ..................................................... 7

III. O Programa do governo e processos participativos ..................................................... 10 IV. Apoio do Banco ao programa do Governo ................................................................... 12

A. Ligação com a CPS ......................................................................................................... 12 B. Relação com outras operações do Banco ........................................................................ 14 C. Base analítica .................................................................................................................. 16 D. Colaboração com o FMI e outros doadores .................................................................... 18 E. Lições aprendidas ........................................................................................................... 19

V. Empréstimo de Política de Desenvolvimento Urbano Inclusivo de Belo Horizonte ............ 20 A. Descrição da operação .................................................................................................... 20 B. Áreas de política ............................................................................................................. 21

VI. Implementação da operação ......................................................................................... 40 A. Pobreza e impacto social ................................................................................................ 40 B. Aspectos ambientais ...................................................................................................... 45 C. Implementaçao, monitoramento e avaliação ................................................................... 46 D. Aspects fiduciários ......................................................................................................... 47 E. Desembolso .................................................................................................................... 49 F. Riscos e Mitigação .......................................................................................................... 50

ANEXOS

ANEXO 1: Carta de Política de Desenvolvimento .................................................................. 52 ANEXO 2: Matriz do Empréstimo de Política de Desenvolvimento Urbano Inclusivo de Belo

Horizonte ................................................................................................................................... 61 ANEXO 3: Situação econômica do Brasil ............................................................................... 64 ANEXO 4: Análise fiscal de Belo Horizonte ........................................................................... 73 ANEXO 5: O país em resumo .................................................................................................. 85 ANEXO 6: Mapa da região de Belo Horizonte ........................................................................ 87

TABELAS Tabela 1. Brasil: indicadores econômicos selecionados e projeções (2006:2016) ..................... 3 Tabela 2. Crescimento anual da população (%) ......................................................................... 7 Tabela 3. Resumo das ações prévias à operação proposta ....................................................... 20

BOXES

Boxe 1: Federalismo fiscal brasileiro e o controle do desempenho fiscal subnacional ............. 6

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iii

O Empréstimo para Política de Desenvolvimento Urbano Inclusivo de Belo Horizonte foi preparado por

uma equipe do BIRD composta de Anna Wellenstein, Alessandra Campanaro, Ana Campos, Monica

McDonough, Alexandra Panman, Valerie Santos, Patricia Acevedo (LCSDU), Rafael Chelles

Barroso, Yaye Seynabou Sakho (LCSPE), Fabio Pittaluga, Alberto Costa, Flavia Carbonari, Jessica

Gallegos (LCSSO), Catarina Portelo, Alejandro Alcala Gerez, (LEGLA), Augusto Mendonça,

Catalina Marulanda (LCSEN), Joseph Mubiru Kizito (LCSFM), Georges Darido (LCSTR), Miguel

Santiago Oliveira (CTRLN), Deborah L. Wetzel, Boris Utria, Tania Lettieri (BSBWB), Ede Jorge

Ijjasz-Vasquez, Paul Kriss (LCSSD), Wambui G. Gichuri e Thadeu Abicalil (LCSWS).

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iv

RESUMO DO EMPRÉSTIMO E PROGRAMA

BRASIL

EMPRÉSTIMO DE POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO INCLUSIVO DE

BELO HORIZONTE

Mutuário Município de Belo Horizonte

Agência

Implementado

ra

Secretaria Municipal de Finanças

Dados do

financiamento

US$ 200 milhões com uma garantia soberana da República Federativa do

Brasil. Empréstimo flexível do BIRD vinculado ao compromisso, com

spread variável, amortização personalizada, período de carência de seis

meses e prazo de vencimento de 25,5 anos. Todas as opções de conversão

selecionadas. Os prêmios para tetos ou bandas da taxa de juros e a

comissão inicial serão financiados com recursos próprios.

Tipo de

Operação Uma parcela de US$ 200 milhões

Principais

áreas de

política

Inclusão social; sustentabilidade ambiental/resiliência climática;

desenvolvimento urbano/governo/setor público e gestão fiscal

Principais

Indicadores de

resultados

Promover o desenvolvimento urbano inclusivo mediante políticas

inovadoras focadas nos cidadãos pobres e vulneráveis: Número de

famílias beneficiadas pela regularização fundiária entre 2009 e 2013; Base

2011 = 8.768; Meta 2013 = 12.155. Número de novas unidades

habitacionais de baixa renda; Base 2011 = 1.470; Meta 2013 = 5.302.

Número de terrenos transferidos pela Caixa; Base 2011 = 0; Meta 2013 =

1.470. Número de pessoas em conjuntos habitacionais após dois anos;

Base 2011 = 75%; Meta 2013 = > 85%. Número de famílias com plano de

ação implementado; Base janeiro de 2011 = 750; Meta dezembro de 2013

= 1.500. Percentagem de famílias chefiadas por mulheres com um plano

de ação dedicado; Base 2011 = 0; Meta 2013= 60%. Número de casas

reformadas em resultado do programa; Base dezembro de 2011 = 0; Meta

2013 = 250. Número de serviços prestados nas unidades de BH Resolve;

Base = 94.678; Meta 2013 = 148.500. Percentagem de usuários

classificando os serviços das unidades de BH Resolve como bons ou

excelentes. Base 2010 = 0; Meta 2013 90.

Apoiar práticas ecológicas e sustentáveis. Plano de Ação Municipal sobre

Mudança Climática que integra e referencia iniciativas setoriais em

resíduos sólidos, água, energia e silvicultura urbana com o objetivo de

promover eficiência e sustentabilidade; Base 2011 = 0; Meta 2013 = 1.

Base de dados consolidada: (i) parâmetros hidrológicos e climáticos; (ii)

desastres e danos; Base 2011 = 0; Meta 2013 = 1. Número de relatórios

mensais do sistema de alerta precoce; Base 2011 = 0; Meta 2013 = 12.

Habilitar governança urbana sustentável do ponto de vista social e fiscal:

Percentagem de resultados obtidos anualmente de acordo com o

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v

cronograma; Base 2010 = 33%; Meta 2013 = 70%. Demanda efetiva de

projetos decididos pela comunidade que são incluídos no plano plurianual

da cidade; Base 2011 = 0%; Meta 2013 = 25%. Aumento no número de

participantes da sociedade civil em processos participativos (OP Digital,

OP Regional, PPR); Base 2011 = 10%; Meta 2013 = 15%. Déficit atuarial

do plano de aposentadoria dos funcionários públicos. Base 2010 = R$

6,933 bilhões. Meta 2013 = R$ 6,857 bilhões.

Tendo em vista o tempo decorrido entre a preparação da operação e a

discussão pela Diretoria, os resultados estão se dirigindo para a

implementação da operação.

Objetivo de

desenvolvime

nto do

Programa e

contribuição à

Estratégia de

Parceria com

o País (CPS)

O objetivo da operação proposta é apoiar o desenvolvimento urbano

integrado e sustentável e reduzir a vulnerabilidade social em Belo

Horizonte. Isso será obtido introduzindo enfoques inovadores para

abordar o planejamento urbano, desenvolvimento ambientalmente

sustentável, inclusão e participação social e governança sustentável. A

operação proposta é totalmente congruente e estreitamente vinculada com

os objetivos da CPS para o Brasil, 2012-2015, discutida pelos Diretores

Executivos em 1º de novembro de 2011. Em particular, por meio de suas

ações prévias, o empréstimo para política de desenvolvimento (DPL)

ajudará o município a aumentar o investimento e terá um impacto

significativo no fortalecimento dos sistemas de proteção social mediante a

promoção de habitações acessíveis e melhores condições de vida para as

populações mais vulneráveis. Esse DPL municipal também cumpre a

diretriz de interação com governos subnacionais contida na CPS.

Riscos e

mitigação

A operação enfrenta vários tipos de risco, inclusive risco politico e

institucional relacionado à coordenação das intervenções do Banco com

as de outros parceiros (Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID,

Corporação Financeira Internacional - IFC), outros programas municipais,

riscos de reputação que podem surgir em caso de desastre natural se as

pessoas não estiverem satisfeitas com a resposta de Belo Horizonte.

Também há riscos ambientais e sociais associados aos possíveis impactos

das políticas apoiadas pela operação (inclusive possível reassentamento

de famílias que vivem em áreas de alto risco de desabamento e

inundação) como parte da estratégia governamental de habitação e gestão

do risco de desastres, risco de implementação devido ao número de

órgãos municipais envolvidos na coordenação das ações e pequeno risco

de que a reforma das pensões incluída na operação não seja aprovada ou

seja questionada posteriormente. Os riscos estão sendo abordados

mediante uma estreita coordenação e comunicação com o governo

municipal sobre os planos de implementação das reformas de políticas e

estratégias conexas e revisão do sistema municipal de salvaguardas

ambientais e sociais durante a preparação do projeto para assegurar que os

impactos ambientais e sociais sejam adequadamente abordados no

programa do governo.

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BRASIL

EMPRÉSTIMO DE POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO INCLUSIVO

DE BELO HORIZONTE

I. INTRODUÇÃO

1. Este documento apresenta uma proposta de empréstimo de política de

desenvolvimento (DPL) ao Município de Belo Horizonte (BH) no valor de US$ 200

milhões. O objetivo da operação proposta é apoiar o desenvolvimento urbano integrado e

sustentável e reduzir a vulnerabilidade social em Belo Horizonte. Isso será obtido

introduzindo enfoques inovadores para abordar o planejamento urbano, desenvolvimento

ambientalmente sustentável1, inclusão e participação social e governança sustentável. Há dois

motivos para essa interação com Belo Horizonte: ajudar o governo a lidar com os desafios

decorrentes de seu compromisso com políticas inovadoras e adquirir experiência à medida

que BH se converte num laboratório de experimentação.

2. O desenvolvimento em Belo Horizonte seguiu dois caminhos contrastantes. Por

um lado, o crescimento econômico e os serviços municipais melhoraram, mas, por outro,

a desigualdade e os assentamentos informais aumentaram. A cidade de Belo Horizonte,

capital de Minas Gerais, tem 2,4 milhões de habitantes que vivem em 331,4 km2 (a densidade

demográfica é quase 7.300 habitantes por quilômetro quadrado). Devido à sua geografia a

negligência histórica da população mais vulnerável, os moradores mais pobres sofreram com

habitação inadequada e acesso deficiente a infraestrutura e serviços básicos. Em resultado, os

indicadores sociais e econômicos nas vilas são mais baixos que em outras partes da cidade.

3. Estratégias proativas de desenvolvimento urbano integrado são urgentemente

necessárias para abordar a exclusão social e criar governança eficaz e sustentável no

longo prazo para beneficiar todos os moradores. Reconhecendo essas prioridades, Belo

Horizonte adotou um enfoque prático propondo novos mecanismos participativos de tomada

de decisões para promover a inclusão e participação direta dos cidadãos na alocação do

orçamento, formulação de políticas e planejamento. O município também apoia novas

políticas e práticas de reassentamento e está adotando um enfoque muito inovador para atingir

as famílias mais vulneráveis formulando um plano de ação de desenvolvimento específico

para cada família não atingida atualmente pelos programas sociais, ajustado às suas

necessidades específicas. Essa operação vai recompensar e apoiar essas políticas.

4. O valor agregado desta operação reside na potencial parceria de conhecimento

com o município. Belo Horizonte pode se tornar um importante laboratório de

experimentação com novas ideias e processos de planejamento e gestão urbana, à luz do

conhecimento que o Banco proporciona ao cliente em questões específicas como habitação,

práticas de reassentamento, programas sociais, adaptação e mitigação da mudança climática e

gestão baseada em resultados (veja a seção sobre valor agregado na página 12 deste

documento).

5. A operação proposta segue a experiência positiva do empréstimo ao município do

Rio de Janeiro. No Rio, o trabalho no âmbito municipal foi acompanhado de apoio a

1 Em todo o documento, referências a práticas ou políticas sustentáveis no contexto do meio ambiente são

intercambiáveis com as chamadas práticas ou políticas “verdes”.

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2

políticas no âmbito estadual, que criou sinergias e um forte alinhamento de políticas de

prestação de serviços (especialmente saúde e educação) num contexto de fortes políticas

territoriais e de desenvolvimento sustentável no âmbito estadual. Como aconteceu no Rio de

Janeiro, a operação proposta também se beneficiará da duradoura relação do Banco com o

Estado de Minas Gerais, particularmente nas áreas de governança urbana e metropolitana no

âmbito municipal e estadual. A operação está plenamente alinhada com a Estratégia de

Parceria com o País (CPS) e criará um ambiente para permitir a coordenação de políticas entre

os governos estadual e municipal mediante um enfoque de desenvolvimento integrado.

6. A operação proposta começou a ser preparada em 2011 e experimentou atrasos;

contudo, durante esse período não ocorreu defasagem ou reversão de ações prévias. A

operação proposta foi avaliada e negociada com o cliente durante 2011-2012. O projeto estava

pendente da resolução de aprovações internas com a administração do cliente, que já foram

resolvidas. Confirmou-se que as ações prévias ao projeto continuam guiando a política

municipal e permanecem válidas.

II. CONTEXTO DO PAÍS

A. SITUAÇÃO ECONÔMICA RECENTE DO BRASIL

7. A economia brasileira desacelerou significativamente em 2011 e 2012. O PIB real

cresceu 0,9% em 2012 em comparação com 2,7% in 2011. Com o crescimento tendencial

estimado em cerca de 4%, essa desaceleração do crescimento representa um grande

enfraquecimento do desempenho econômico. A desaceleração foi provocada por fatores

internos e externos. Políticas monetárias e fiscais mais rigorosas para reduzir as pressões de

superaquecimento enfraqueceram a demanda interna. A demanda externa foi prejudicada pela

fraqueza e incerteza nas economias avançadas e crescimento lento nas principais economias

emergentes, como a China. Embora a desaceleração tenha ocorrido em todos os setores, a

produção industrial e a demanda de investimento foram afetadas de maneira desproporcional.

8. O crescimento desapontador do Brasil provocou várias intervenções nas políticas.

A política monetária sofreu um afrouxamento agressivo: a SELIC baixou 525 pontos, para

7,25%, em outubro de 2012. Contudo, após quatro meses de estabilidade, o Banco Central

aumentou a taxa para 7,5% em abril de 2013 em resposta ao aumento da inflação (que chegou

a 6,6% em março de 2013). A política fiscal tornou-se mais expansionista na esteira da

fraqueza cíclica da receita e medidas discricionárias de estímulo na forma de corte de

impostos e aumento dos gastos, que levou a um superávit primário de 2,4% – bem abaixo da

meta de 3,1%. As intervenções fiscais destinadas a reviver a indústria mediante redução dos

encargos trabalhistas, financiamento mais barato e mais expansivo através do banco de

desenvolvimento, corte de impostos sobre alguns bens de consumo duráveis e reduções no

preço da energia. Um imposto sobre transações financeiras e uma melhor intervenção cambial

ajudaram a reverter a valorização da taxa de câmbio real, apoiando a competitividade externa

da indústria.

9. O lado financeiro da economia brasileira enfrentou bem a desaceleração. O

sistema bancário continua sólido e resiliente. Apesar do rápido crescimento do crédito, taxas

de juros mais baixas reduziram as pressões sobre os mutuários, contendo a inadimplência e

permitindo uma ampla estabilização dos indicadores de qualidade dos ativos. Os indicadores

de solvência e liquidez continuaram em nível confortável. O balando de pagamentos registrou

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3

um déficit em conta corrente de 2,4% no fim de 2012 devido à deterioração no saldo

comercial, mas o investimento estrangeiro direto foi mais do que suficiente para cobrir o

déficit. Contudo, os fluxos de carteira mostraram volatilidade significativa: impulsionadas

pelos diferenciais das taxas de juros, as entradas foram fortes até que aumentou a aversão ao

risco global, a SELIC foi reduzida e foram lançados impostos sobre as transações financeiras.

A Tabela 1 apresenta detalhes dos indicadores econômicos e projeções.

Tabela 1. Brasil: Indicadores econômicos selecionados e projeções (2006:2016)

B. PERSPECTIVAS MACROECONÔMICAS

10. Prevê-se que o crescimento aumente gradualmente em 2013, chegando a 3,1% no

fim do ano. A demanda interna deve guiar a recuperação. À medida que aumenta a confiança

do consumidor, o consumo - que havia desacelerado, mas continuava relativamente resiliente

– deve ser impulsionado pela situação favorável dos fundamentos. O investimento, que

registrou uma grande queda, deve ter uma recuperação à medida que o sentimento melhorar e

será ajudado pelo desenvolvimento de novos campos de petróleo na plataforma continental e

preparativos para os próximos megaeventos. Enquanto o ambiente externo provavelmente vai

se estabilizar, se não melhorar, a contribuição da demanda externa provavelmente continuará

Estimates

Indicator 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

National Accounts

Real GDP Growth 4.0 6.1 5.2 -0.3 7.5 2.7 0.9 3.1 3.7 3.5 3.7

Gross domestic investment 16.8 18.3 20.7 17.8 20.2 19.7 17.6 20.8 21.2 21.5 21.9

External Sector

Current account 13.6 1.6 -28.2 -24.3 -47.3 -52.5 -54.2 -62.9 -69.3 -82.7 -87.4

Merchandise trade balance 46.5 40.0 24.8 25.3 20.1 29.8 19.4 15.0 14.5 8.2 6.2

Exports (fob) 137.8 160.6 197.9 153.0 201.9 256.0 242.6 262.2 274.8 299.8 331.2

Imports (fob) 91.4 120.6 173.1 127.7 181.8 226.2 223.2 247.2 260.3 291.6 325.0

Nonfactor services, net -9.6 -13.2 -16.7 -19.2 -30.8 -37.9 -41.1 -41.9 -44.9 -45.9 -47.1

Income and current transfers, net -23.2 -25.3 -36.3 -30.3 -36.6 -44.3 -32.6 -36.0 -38.9 -45.0 -46.5

Direct investment, net -9.4 27.5 24.6 36.0 36.9 67.7 68.1 60.0 60.0 60.8 62.9

Portfolio equity, net 1 6.8 24.8 -7.3 39.7 43.9 16.0 3.3 4.6 4.7 4.8 4.9

Gross international reserves 85.8 180.3 193.8 238.5 288.6 352.0 373.1 390.6 404.7 423.9 437.3

Current account (% of GDP) 1.3 0.1 -1.7 -1.5 -2.2 -2.1 -2.4 -2.4 -2.5 -2.8 -2.7

General Government

Total Revenues and Grants 34.6 34.3 35.0 33.9 35.4 35.0 35.0 35.3 35.4 35.5 35.5

Total Expenditure 38.1 36.9 36.3 36.9 38.1 37.6 38.1 38.2 38.3 38.3 38.2

Current Expenditure 36.1 35.1 34.0 34.7 34.1 35.4 35.6 35.7 35.7 35.7 35.5

of which: Interest payments 6.8 6.1 5.4 5.2 5.2 5.7 5.4 5.2 5.1 5.0 4.9

Capital Expenditure 1.9 1.8 2.2 2.2 4.0 2.3 2.5 2.5 2.6 2.6 2.7

Primary Balance 3.3 3.5 4.1 2.2 2.5 3.1 2.4 2.3 2.2 2.2 2.2

Overall Balance -3.5 -2.6 -1.3 -3.0 -2.7 -2.6 -3.0 -2.9 -2.9 -2.8 -2.7

Gross Public Sector Debt 66.7 65.2 63.5 66.9 65.2 64.9 65.0 62.7 60.6 58.7 56.9

Prices

GDP Deflator 6.1 5.9 8.3 7.2 8.2 7.0 6.0 5.5 5.3 4.9 4.9

Consumer Price Index (eop) 3.1 4.5 5.9 4.3 5.9 6.5 5.8 5.8 5.7 5.3 4.9

Producer Prices (eop) 4.3 9.4 9.8 -4.1 13.8 4.1 11.1 4.8 5.1 4.7 4.7

Memorandum items:

Nominal GDP (in R$ billions) 2,369 2,661 3,032 3,239 3,770 4,143 4,403 5,294 5,768 6,273 6,809

Source: IMF, BCB, IBGE, EIU, WB Calculation

Projections

Note 1: Porfolio equity does not include debt securities

(in percent of GDP)

(annual percent change)

(annual real percent change)

(in percent of GDP)

(in US$ billions, unless noted)

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refreado por fatores estruturais que afetam a competitividade das exportações, bem como o

provável aumento da demanda de importações provocado pela força da demanda interna.

11. A inflação continua sendo um desafio. O hiato de produção negativo que resultou do

fraco desempenho recente da economia não impediu o surgimento de pressões inflacionárias,

uma tendência que pode se acentuar à medida que a recuperação se firmar. Os riscos de

inflação surgiram na esteira do rápido crescimento dos salários (acima do crescimento da

produtividade) em parte devido a um mercado de trabalho restringido, sendo que os aumentos

salariais afetaram particularmente os preços dos serviços preços. Ao planejar as políticas, as

autoridades precisam manter o equilíbrio entre apoiar a recuperação e medidas para impedir o

ressurgimento da inflação.

12. Os riscos para a perspectiva de médio prazo continuam centrados no ambiente

externo. Um agravamento da economia global provocado por uma possível desaceleração dos

EUA e/ou China, junto com um agravamento da situação fiscal de alguns países na zona do

euro, pode se traduzir numa menor demanda externa para os produtos exportados pelo Brasil,

bem como uma deterioração nas relações de troca. O Brasil continua vulnerável ao sentimento

do mercado, representando um risco tanto para a carteira quanto para os fluxos de IED.

Contudo, as vulnerabilidades externas do Brasil são mitigadas por vários fatores, como níveis

adequados de reservas internacionais, composição favorável da dívida externa, conta corrente

totalmente coberta por IED e baixo grau geral de abertura comercial.

13. Uma desaceleração prolongada representaria um risco para a consecução das

metas fiscais. Se a economia continuar fraca, a situação fiscal deve deteriorar-se em resultado

tanto de um crescimento menor da receita e maiores gastos devido ao ciclo como da

probabilidade de estímulo fiscal e quase-fiscal adicional. Os riscos fiscais adicionais a serem

monitorados decorrem de múltiplas fontes, como o aumento do salário mínimo em janeiro de

2013, isenção fiscal para algumas indústrias e as atividades quase-fiscais do BNDES.

14. O quadro macroeconômico geral do Brasil é considerado adequado e sustentável

no médio prazo. As políticas do Brasil (veja no Boxe 1 mais detalhes sobre o federalismo

fiscal do Brasil) têm proporcionado às autoridades margem suficiente para responder às crises

anteriores e à crise atual com uma gama de medidas fiscais, monetárias e externas para

estimular a demanda. A dívida bruta do setor público deve diminuir no future, apesar das

dificuldades em manter o saldo fiscal face às grandes necessidades de investimento e pressões

do atual crescimento das despesas. Taxas de câmbio flexíveis e reservas internacionais

relativamente grandes proporcionam conforto adicional para enfrentar as contingências

externas.

15. O desafio decisivo no médio prazo para o Brasil consiste em aproveitar seu

potencial de crescimento. Para continuar a subir na escada da renda per capita, e ao mesmo

tempo assegurar que o crescimento seja inclusivo e sustentável, o Brasil precisa aproveitar seu

potencial criando melhores condições de crescimento. Isso exigirá não só aproveitar o

dinâmico crescimento interno (que está ligado ao seu grande mercado interno e crescente

classe média), mas também obter mais benefícios da integração do Brasil à economia

mundial.

16. Energizar os motores subjacentes do crescimento exigirá esforços plurianuais

determinados para abordar os persistentes gargalos estruturais. Entre esses desafios

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destaca-se a necessidade de acelerar e fortalecer a qualidade da formação de capital humano

para elevar os padrões de vida e aumentar o crescimento da produtividade. Além disso, existe

a necessidade de aumentar o investimento público e privado, abordar os crescentes gargalos

de infraestrutura e assentar as bases para um crescimento liderado pela inovação. Outros

desafios importantes estão relacionados à importância de desenvolver um mercado de capital

de longo prazo privado, um mercado de trabalho mais flexível e um ambiente de negócios

mais ágil que promova a competição interna e a competitividade externa. O Anexo 3

apresenta em detalhes a situação econômica recente do Brasil e as perspectivas

macroeconômicas.

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Boxe 1: Federalismo fiscal e controle do desempenho fiscal subnacional no Brasil

A situação fiscal dos estados sempre foi um elemento importante na gestão macroeconômica do Brasil. Até

fim dos anos 1990, as políticas fiscais expansionistas dos estados e a falta de controles efetivos de seu

endividamento resultaram em frequentes crises da dívida subnacional. Em três ocasiões (1989, 1993 e 1997)

o Governo Federal teve que assumir e reestruturar a dívida dos estados. A maior operação ocorreu em 1997,

no âmbito da Lei 9496, quando o Governo Federal reestruturou R$ 200 bilhões (12% do PIB) das dívidas dos

estados.

Na operação de refinanciamento de 1997, as dívidas foram refinanciadas em 30 anos. Essa dívida

refinanciada, chamada de dívida intralimite, tem uma taxa de juros real de 6% e o valor nominal dívida

aumenta com a inflação. O serviço da dívida foi limitado a 13% da receita corrente líquida dos estados.

Qualquer serviço da dívida acima desse limite de 13% é recapitalizado e adicionado ao estoque de dívida

intralimite. No fim dos contratos (em 2028), se houver saldo residual da dívida, o estado deve pagar o

restante em 10 anos.

O socorro de 1997 foi condicionado ao cumprimento pelos estados de programas de ajuste fiscal e reforma

estrutural de médio prazo. Em troca do pacote de resgate, os contratos de renegociação da dívida incluem a

implementação de um Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal (PAF) de três anos a ser acordado pela

STN e os 25 estados que tiveram sua dívida resgatada pela Secretaria do Tesouro Nacional durante o período

do contrato. Os PAFs estabelecem metas anuais para endividamento, saldo primário, despesas com pessoal,

receita tributária e investimento público, de modo a garantir uma redução gradual da dívida. Além disso, os

PAFs incluem reformas estruturais, como privatização ou outras iniciativas de modernização do setor

público.

O controle do desempenho fiscal subnacional foi fortalecido pela aprovação da Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF) em 2000. A LRF institucionalizou a disciplina fiscal em todos os níveis de governo,

incorporando restrições orçamentárias num quadro unificado. Explicitamente proíbe operações de

refinanciamento da dívida entre níveis de governo, abordando o problema do risco de improbidade nas

relações fiscais entre governos causado por socorros sequenciais. Resoluções complementares do Senado

também proíbem o endividamento se: (i) a dívida consolidada líquida exceder duas vezes a receita corrente

líquida (RCL) (ii) novas operações de crédito excederem 16% da RCL; (iii) serviço da dívida exceder 11.5%

da RLC. O endividamento também é proibido se violar os esquemas de redução da dívida estabelecidos pelos

contratos de renegociação da dívida nos termos da Lei 9496. Finalmente, segundo resolução do Senado

Federal, a emissão de títulos de governos subnacionais está proibida até 2020. Esse sistema de controle

resultou em repetidos superávits estaduais e municipais, um ajuste que continuou por quatro administrações

federais. Além disso, esse sistema também favorece a adoção de programas apropriados de gastos pelos

governos subnacionais. Além do controle sobre o endividamento, os requisitos da LRF melhoraram a

transparência e fortaleceram as práticas orçamentárias.

Transparência: os resultados orçamentários e cumprimento da LRF — inclusive uma declaração das medidas

corretivas se as disposições relevantes forem descumpridas — são informados regularmente. Os municípios e

estados também devem informar os resultados fiscais do ano anterior ao Ministério da Fazenda. O legislativo

de cada nível de governo, auxiliado pelo respectivo Tribunal de Contas, monitora a observância das metas e

tetos fiscais.

Instituições orçamentárias: a LRF introduz requisitos mais rigorosos para as metas fiscais na preparação da

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), fortalecendo seu papel na preparação do orçamento e gestão fiscal

em geral. A LRF também recomenda uma avaliação detalhada do passivo contingente do Governo e fortalece

o vínculo entre a Lei de Orçamento Anual (LOA) e a LDO. Uma Lei dos Crimes Fiscais complementar é

aplicada a todos os níveis da administração pública, com a possibilidade de detenção para os funcionários

públicos que não cumprirem a LRF.

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C. SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA E FISCAL DE BELO HORIZONTE

Crescimento Econômico

17. Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais, tem 2,4 milhões de habitantes

e uma área total de apenas 331,4 km2. A cidade representa somente 3,5% da região

metropolitana.2 Entre 2000 e 2010, BH teve a menor taxa anual de crescimento demográfico

(0,6%) entre as cidades vizinhas, e sua posição está caindo.3 Isso se deve à área limitada e

falta de espaços para construção de moradias. BH tem uma alta densidade populacional (7.291

habitantes por quilômetro quadrado) e seu tamanho pequeno atua como barreira ao

crescimento demográfico. A Tabela 2 apresenta o crescimento demográfico de BH desde

1950.

Tabela 2. Crescimento demográfico anual (%)

1950/60 1960/70 1970/80 1980/91 1991/00 2000/10

Belo Horizonte 6,8 6,1 3,7 1,2 1.1 0.6

Região

Metropolitana de

Belo Horizonte

5,4 5,4 4,6

2,5

2.4 1.1

Estado de Minas

Gerais

2,5 1,6 1,6

1,3

1,4 0.9

Fonte: IBGE

18. Belo Horizonte, uma cidade planejada fundada em 1897, passou a ser um centro

político e administrativo de Minas Gerais e um importante centro industrial na segunda

metade do século 20. Os planos originais eram de uma cidade de no máximo 200.000

moradores, com pouco espaço para uso industrial. Em 1945, a população chegou a 273.000

habitantes, e a cidade se tornou a mais industrializada do estado, com 14% da produção

industrial. A atividade industrial ocorria em áreas sem zoneamento específico.

19. Entre 1950 e 1980, Belo Horizonte e sua região metropolitana (RMBH) se

consolidaram como uma região industrial. A CEMIG foi criada para resolver o problema

dos apagões que prejudicava o desenvolvimento industrial em BH. Esse período viu o

surgimento de dois poderosos conglomerados de construção localizados em BH que se

beneficiaram de grandes obras públicas, inclusive a construção de Brasília. A industrialização

da RMBH foi impulsionada pelos programas do governo federal e pela aglomeração industrial

em São Paulo e Rio de Janeiro. A abundância de recursos naturais, como ferro e outros

metais, na região conhecida como Quadrilátero Ferrífero permitiu que as indústrias extrativas

e do aço florescessem e depois passassem à produção metalo-mecânica, inclusive bens de

capital e transportes. As cidades vizinhas de Betim e Contagem se tornaram centros

industriais, absorvendo as industries que não podiam se estabelecer em Belo Horizonte.

Assim, BH gradualmente se tornou um foco sofisticado de atividades do setor terciário.

20. Nos anos 1990, à medida que o Brasil passava por uma reorganização de suas

capacidades produtivas, tornou-se claro que a RMBH estava competindo por

investimentos com outras regiões industriais. Essas regiões incluíam Curitiba e Porto

Alegre, bem como outras cidades médias e grandes do Estado de São Paulo, e as áreas

industriais mais tradicionais do Nordeste. O mesmo processo de descentralização industrial e

2 Em comparação, o Rio de Janeiro representa 23% da região metropolitana.

3 BH era a 3ª maior cidade do país em 1990, a 4ª em 2000 e atualmente é a 6ª.

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incentivo fiscal que havia beneficiado Belo Horizonte no passado agora estava prejudicando a

cidade.

21. Durante a década atual, o desenvolvimento econômico de Belo Horizonte e Minas

Gerais chegou a uma encruzilhada. Por um lado, a enorme demanda da China por metais

está alimentando um ciclo inédito de investimento em minas novas e reabilitadas. Por outro, o

setor industrial de RMBH está sofrendo a concorrência internacional, o que é agravado pelos

obstáculos estruturais ao desenvolvimento que existem no Brasil.

22. O governo estadual e o municipal estão promovendo o desenvolvimento em

indústrias novas e modernas, promovendo o corredor norte da região metropolitana. As

atividades promovidas, inclusive biotecnologia, produtos farmacêuticos, nanotecnologia,

aeroespacial, microeletrônica e turismo de negócios ainda estão numa etapa inicial, mas

compartilham vantagens competitivas, inclusive uma força de trabalho altamente educada e

especializada e vínculos com centros locais de pesquisa.

23. Em 2010, o PIB de Belo Horizonte foi de R$ 51,6 bilhões (US$ 29,3 bilhões) e o

PIB per capita R$ 21.748 (US$ 12.362), em comparação com R$ 39.450 em São Paulo e R$

30.088 no Rio de Janeiro. Grande parte do crescimento de Belo Horizonte na segunda metade

do século 20 foi produto de atividades industriais na região metropolitana. A riqueza agrícola

e mineral do estado proporcionou a base para o crescimento da indústria pesada nos anos

1950 e 1960. A partir dos anos 1980, a economia se tornou um centro de serviços urbanos

dentro dos aglomerados industriais que evoluíram na região metropolitana. Em 2010, 85% do

PIB da cidade foi gerado por serviços. Os restantes 15% são dominados pelas atividades

industriais, inclusive construção e serviços de utilidade pública, que evoluíram no sentido de

processos mecânicos e técnicos “de alta tecnologia”. A atividade agrícola é escassa, refletindo

as características urbanas e área reduzida de Belo Horizonte.

Situação Fiscal

24. A receita fiscal per capita foi R$ 932.15 (US$ 477.05) em 2012. A receita fiscal

como percentagem do PIB atingiu 3,3% em 2010, segundo maior nível entre as capitais

brasileiras. O coeficiente entre a receita corrente líquida (RCL) e o PIB foi 9,2% em 2010. As

principais despesas incluem educação (30% da receita) e saúde (15% da receita e

transferências).

25. O orçamento municipal prevê R$ 7 bilhões de receita em 2011, um aumento de

7,7% em comparação com 2010 (R$ 6,5 bilhões).4 Apesar do elevado coeficiente entre

4 Segundo o padrão GFS. Veja a

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receita fiscal e PIB, 50,3% da receita corrente de BH proveio de transferências estaduais e

federais em 2012. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um

imposto estadual que deve ser dividido (25%) com os municípios. A transferência do ICMS

para Belo Horizonte representou R$ 783 milhões em 2012. A cidade recebe uma média de

11,3% da receita total de ICMS transferida pelo Estado de Minas Gerais. Sua maior fonte de

receita própria é o imposto sobre serviços (ISS), que arrecadou R$ 856,8 milhões em 2012.

Embora a receita de capital não seja uma fonte importante de renda, prevê-se seu crescimento

à medida que o município contrair empréstimos e receber transferências federais para a

construção de infraestrutura e obras públicas.

26. As despesas recorrentes (R$ 2,8 bilhões) e a folha de pagamento (R$ 2,6 bilhões)

foram as maiores rubricas em 2012.5 Em termos das funções do governo, a maior parte dos

no Anexo 4. 5 As despesas recorrentes incluem gastos de manutenção como TI, publicidade de serviços gerais e aluguéis, bem

como subsídios fornecidos pelo governo. As despesas recorrentes, junto com a folha de pagamento e pagamento

de juros da dívida compreendem as despesas correntes do governo.

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recursos do município destinou-se a despesas de saúde (R$ 2 bilhões) e educação (R$ 1,2

bilhão). Essas duas áreas fazem uso intensivo da mão de obra e são descentralizadas, o que

ajuda a explicar os grandes gastos nessas duas categorias. O serviço da dívida chegou a R$

372 milhões em 2012, ou 6,1% da RCL do município. Por último, em 2012 a PBH investiu

R$ 1,041 bilhão principalmente em construção e recuperação de estradas e programa de

drenagem (DRENURBS).

27. A dívida total municipal em fevereiro de 2013 era de R$ 2,5 bilhões, dentro dos

limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O coeficiente entre a

dívida consolidada líquida (DCL) e a RCL era 21,2% em fevereiro de 2013, bem abaixo do

limite de 120%. Os principais credores do município são o governo federal e bancos públicos,

como a Caixa Econômica Federal (CEF), BNDES e Banco do Brasil. Cerca de 12% da dívida

de BH foi contraída junto a companhias de ônibus privadas que operam o sistema de

transporte da cidade. O município também tem uma dívida com a COPASA.6 A dívida

decorrente de ordens judiciais que obrigam o governo a efetuar pagamentos (precatórios)

chegou a R$ 379 milhões. Por fim, a folha de pagamento como percentagem da RCL, que é

um importante teto estabelecido pela LRF, atualmente é 38,5%, bem abaixo do limite de 54%

para o executivo.

28. Embora a crise econômica global tenha afetado Belo Horizonte em 2009, a receita

municipal mostrou resiliência e cresceu quase 10% em termos reais em 2010 e 2011, mas

diminuiu para 4,5% em 2012. O município optou por manter a taxa atual de crescimento das

despesas; assim, as despesas aumentaram 9,9% em termos nominais de 2008 a 2009. O

resultado foi um saldo primário e global negativo levando em conta todas as despesas

empenhadas. Contudo, a disciplina fiscal foi reconquistada nos anos seguintes e BH registrou

um superávit primário de R$ 118 milhões em 2012. Prevê-se um aumento moderado da

receita nos próximos anos devido à revisão do valor dos imóveis para fins do imposto predial.

Do lado das despesas, o investimento deve ter o maior aumento relativo devido à construção

de infraestrutura e obras públicas para facilitar a mobilidade urbana.

29. O programa de despesas e os arranjos fiscais do município com o governo central

são considerados apropriados. As despesas são dirigidas para as áreas em que o município

deve atuar. São financiadas mediante fontes estáveis e as transferências são quase todas

baseadas em regras. Os resultados orçamentários mostram que os procedimentos são

satisfatórios para cumprir o programa fiscal.

30. Segundo a Constituição do Brasil, os municípios são entidades autônomas. Nesse

sentido, não precisam de autorização do governo estadual para arrecadar impostos, contrair

empréstimos e efetuar despesas publicas. Também têm autonomia politica, já que os prefeitos

e vereadores são eleitos diretamente pela população, sem interferência indevida do governo

estadual. Além disso, transferências fiscais, em sua maioria, baseiam-se em regras com

critérios estabelecidos na legislação. Ademais, as transferências federais aos municípios não

passam pelo orçamento estadual. Finalmente, o estado e o município têm contas totalmente

separadas. Portanto, de acordo com o Documento da Diretoria sobre Empréstimos de Política

de Desenvolvimento a Subdivisões Politicas, o Banco não considerou necessário avaliar a

política macroeconômica do governo do Estado de Minas Gerais.

6 Essas dívidas tiveram origem em acordos de reconhecimento da dívida entre o município e as companhias, que

em troca resolveram sua situação de inadimplência fiscal.

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Análise da dívida

31. Considera-se que a dívida do município é sustentável porque, além de estar num

nível baixo, seu índice, os riscos de taxa cambial e taxa de juros são equilibrados, e tem

um perfil positivo de amortização e vencimento. O coeficiente entre a dívida e a receita é

de 21,2% e a maior parte da dívida está indexada ao IPCA, que está fortemente

correlacionado à receita. O perfil de vencimento mostra um padrão declinante, sem

concentração de grandes pagamentos. A análise de sensibilidade também mostra que a

projeção do serviço da dívida resiste a choques relevantes em seus principais fatores. O

empréstimo do Banco Mundial acrescentará 0,5% ponto percentual da RCL ao serviço da

dívida de 2012 a 2014. O Anexo 4 contém uma análise detalhada.

Desenvolvimento Urbano e Social e Crescimento Verde

32. Belo Horizonte tem um longo histórico de problemas de moradia inadequada.

Mesmo antes de sua fundação, a cidade registrava a existência de favelas. Desde os anos

1980, BH foi pioneira em políticas para lidar com o problema da moradia inadequada, mas

ainda é necessário fazer mais. Quase meio milhão de pessoas em BH ainda vivem em vilas e

favelas, e a informalidade urbana aumentou de 14% em 1991 para 21,5% atualmente. A

incidência de pobreza é distribuída desigualmente em termos espaciais e está correlacionada

com condições de moradia, desigualdade, acesso a emprego e gênero. A incidência de

pobreza nas favelas é aproximadamente 2,5 vezes maior do que a das pessoas que vivem em

outros lugares. Finalmente, pesquisas extensivas documentaram que a pobreza e a exclusão

social afetam predominantemente famílias com mais de três filhos, mães solteiras com filhos,

e famílias com jovens e mulheres como chefes do lar. Em relação ao desenvolvimento verde,

o PBH ainda não elaborou um plano de ação abrangente que enfoque a mitigação e a

adaptação à mudança climática. Contudo, políticas sustentáveis são integradas no modelo de

gestão com base em resultados da cidade (BH Metas e Resultados) assim como nos três

índices (IQVU, ISAVC e ISA) que direcionam a alocação de recursos.

III. O PROGRAMA DO GOVERNO E OS PROCESSOS PARTICIPATIVOS

33. Em 2008, o governo de Belo Horizonte introduziu um modelo de prestação de

serviços orientado por resultados que forneceu um novo quadro para administrar e

monitorar o desenvolvimento urbano e iniciativas de políticas sobre prestação de

serviços. O BH Metas e Resultados é uma iniciativa municipal em conformidade com o

programa Estado de Minas Gerais por Resultados de 2003, que identifica objetivos de

políticas específicos, define indicadores de resultados e formula projetos para alcançar

objetivos determinados. Em Belo Horizonte, o novo modelo de serviço orientado por

resultados fornece um quadro intermediário para um enfoque multissetorial que aborde os

desafios e vulnerabilidades do município. O modelo inclui os seguintes elementos: (i)

definição de áreas prioritárias; (ii) introdução de programas estruturais para ajudar a alcançar

resultados; (iii) acordo sobre um quadro de resultados para cada setor ou área. O quadro

estabelece objetivos em doze áreas de políticas, incluindo educação, saúde, competitividade,

moradia e uso da terra, e fornece um monitoramento transparente das políticas públicas

através de um conjunto de indicadores. Adicionalmente, 40 projetos específicos (projetos

sustentadores) foram identificados para o período 2009–2012 e o exercício está sendo feito

novamente para 2013-2016, com resultados visados e métricas de desempenho. Esses projetos

são a ligação chave com o orçamento anual (PPA). Os detalhes dos projetos (incluindo as

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equipes de gestão responsáveis) são incorporados em um novo sistema de monitoramento.

Esse sistema engloba uma avaliação semanal do desempenho pelo governo. Os resultados são

continuamente atualizados no site Metas e Resultados7 para assegurar transparência e

responsabilidade.

34. Cumprindo as normas de transparência e direcionamento com base em

resultados, 10% do orçamento municipal para desenvolvimento urbano são alocados

através do envolvimento direto do cidadão. Esquemas de participação comunitária no

orçamento direcionaram mais de US$ 170 milhões para 1.000 projetos de obras públicas entre

1993 e 2008. Essa participação foi alcançada através de três canais: (i) o Orçamento

Participativo (OP), criado em 1993 e baseado na participação comunitária local em decisões

sobre recursos a serem alocados para projetos locais; (ii) o Orçamento Participativo da

Habitação (OPH) relativo a decisões acerca da alocação de recursos para moradia de baixa

renda; e (iii) o Orçamento Participativo Digital (OPD), um mecanismo participativo de

alocação de recursos para projetos municipais com base na internet. Os dois primeiros canais

envolvem cidadãos locais em projetos de desenvolvimento em seu bairro. O sistema de OP

permite que os cidadãos votem num orçamento alocado bienalmente para decidir quais obras

públicas devem ser financiadas. Os cidadãos também elegem um comitê (comissão regional

de monitoramento do orçamento participativo, ou COMFORÇA) para monitorar a execução

dessas obras.

35. Nos últimos 18 anos, o município de Belo Horizonte liderou e consolidou sua

experiência com procedimentos de consulta e governança participativa. O debate sobre

políticas acerca de setores a serem apoiados pela operação proposta está ancorado na

participação de organizações da sociedade civil e organizações comunitárias, legalmente

constituídas para desempenhar papéis deliberativos com relação a importantes setores de

políticas por meio de conselhos municipais e fóruns. Adicionalmente, milhares de pessoas

(em sua maior parte dos bairros mais vulneráveis e grupos de renda mais baixa) foram

envolvidas através do OP e do OPH em processos de tomada de decisões sobre políticas

públicas para a construção de infraestrutura prioritária, a provisão de serviços públicos e a

melhoria da moradia urbana. A experiência mais recente de promoção do uso da internet para

consultas públicas online visando a atingir e incluir a classe média e os jovens (que

geralmente não participam desses processos) mobilizou centenas de milhares de pessoas para

participarem da seleção de obras prioritárias na cidade. A composição e o desempenho desses

grupos foram avaliados e o município está comprometido em melhorar as metodologias para

responder aos desafios de aumentar a participação popular de maneira contínua.

36. Belo Horizonte tem um longo histórico de participação dos cidadãos na gestão da

cidade e políticas propostas para o DPL foram endossados em várias reuniões plenárias

com representação genuína da sociedade civil. Os programas projetos e políticas de

assistência social são deliberados pelo Conselho Municipal de Assistência Social, composto

de 40 membros, que foi criado em 1996. Metade dos membros do Conselho é constituída de

representantes dos usuários do Sistema Municipal de Assistência Social, que realizam

reuniões mensais abertas ao público. Os Conselhos Regionais de Assistência Social têm um

papel consultor e monitorador sobre as políticas de assistência social implementadas em seus

territórios. Os conselhos regionais são compostos de representantes dos usuários de serviços

7 www.bhmetaseresultados.com.br

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de assistência social e representantes municipais.8 O Conselho Municipal de Habitação

(composto de vinte membros) e a Conferência Municipal de Habitação possuem poderes

deliberativos sobre políticas públicas para a habitação e desenvolvimento urbano. Esse

conselho também se reúne mensalmente e realiza reuniões semestrais abertas ao público. A

cada dois anos, é realizada uma Conferência Municipal de Habitação. Finalmente, a política

sobre reforma de pensões foi amplamente discutida com representantes de sindicatos de

funcionários públicos e associações e a maioria das suas propostas foi introduzida no projeto

de lei. Adicionalmente, o Município de Belo Horizonte mantém um portal de transparência

em seu site por meio do qual os cidadãos podem ter acesso a informação sobre orçamentos e

gastos públicos, assim como sobre a implementação tanto do Plano de Ação Plurianual do

Governo como do programa de planejamento do BH Metas e Resultados. Finalmente, visando

a renovação da participação popular em processos de tomada de decisões, o município criou

recentemente a Subsecretaria Municipal de Gestão Compartilhada, cuja missão é estender e

integrar a participação da sociedade civil na gestão da cidade, fortalecendo os canais

existentes de participação e alcançando novos atores sociais.

IV. APOIO DO BANCO AO PROGRAMA DO GOVERNO

A. LIGAÇÃO COM A CPS

37. O Brasil e o Banco Mundial revisaram sua parceria na Estratégia de Parceria do

Grupo do Banco Mundial para 2012-2015 (Relatório #63731-BR) discutida pelos

Diretores Executivos em 1º de novembro de 2011. Durante esse período de quatro anos, o

Banco focaliza o seguinte: (i) aumentar a eficiência do investimento público e privado; (ii)

melhorar a qualidade e expandir a provisão de serviços públicos para famílias de baixa renda;

(iii) promover o desenvolvimento econômico regional através de investimentos estratégicos e

políticas; e (iv) melhorar a gestão sustentável de recursos naturais e a resiliência à mudança

climática.

38. O DPL proposto fará o programa do Banco avançar em três dos quatro objetivos

estratégicos da CPS. O empréstimo ajudará o município a aumentar o investimento através

de apoio orçamentário e no longo prazo ajudando a focar no desequilíbrio do sistema de

previdência social dos funcionários públicos. A operação também terá impactos significativos

no fortalecimento do sistema de proteção social, fornecendo moradia acessível para grupos de

baixa renda e melhorando as condições de vida de populações vulneráveis mediante apoio a

programas municipais como o Pré e Pós Morar e o Família Cidadã, Cidade Solidária. A

operação também promoverá a agenda de crescimento verde apoiando o desenvolvimento de

políticas municipais sobre mudança climática e programas de desenvolvimento

ambientalmente sustentável. Finalmente, modernizando as ações do governo municipal sobre

gestão de riscos de desastres (GRD) e a agenda verde, esse DPL promoverá os quatro

objetivos da CPS aumentando a resiliência da cidade à mudança climática.

39. O DPL focaliza outro objetivo da CPS, que é o envolvimento com governos

subnacionais. Essa operação envolverá a capital de Minas Gerais, um estado com o qual o

Banco tem uma relação longa e sólida. Esse compromisso duplo cria a oportunidade de

8 Além disso, a gestão do programa BH Cidadania inclui comissões locais que avaliam a estratégia e

implementação do programa, mobilizam a rede de parceiros locais, disseminam ações locais e implementam o

plano de ação local.

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sinergia futura entre os dois níveis de administração, modernizando políticas e a prestação de

serviço aos moradores de Belo Horizonte. De fato, a nova operação de Minas Gerais em

preparação pode apoiar políticas de governança metropolitana.

Valor Agregado

40. A operação agregará valor ao município de Belo Horizonte através de seu pacote

de reformas políticas inovadoras, financiamento atraente e geração de conhecimento.

Através da implementação de reformas pioneiras, a operação tem o potencial de converter

Belo Horizonte numa “cidade de aprendizado” para outros grandes centros urbanos no Brasil

e no mundo. A parceria com Belo Horizonte complementará a forte parceria que o Banco tem

com o Estado de Minas Gerais, atendendo assim a outra exigência da CPS. A maioria das

áreas e ações políticas apoiadas por essa operação foi influenciada e/ou implementada durante

o período de preparação do projeto. Alguns aspectos desse trabalho são detalhados mais

adiante.

41. O pacote de reforma construído com o cliente em questões específicas como o

desenvolvimento habitacional, reassentamento, programas sociais, adaptação à

mudança climática e sua mitigação e a gestão com base em resultados vai contribuir

para promover práticas de políticas e acumular conhecimento. O envolvimento com o

Banco vai ajudar o município a institucionalizar boas práticas (como no enfoque de gestão

baseada em resultados) na governança de longo prazo, assim como práticas no setor

habitacional e social que atualmente estão sendo seguidas informalmente. Na área do uso do

solo, o Banco ajudou o município de Belo Horizonte a reforçar a relação entre políticas de

transporte e habitação através da aplicação do Modelo Integrado do Uso do Solo e Transporte

(MUST) cofinanciado por doações específicas e pelo orçamento municipal.

42. O Banco e o município estão trabalhando juntos para institucionalizar melhores

praticas na área de política de reassentamento. As práticas de reassentamento (pré e pós)

existem em Belo Horizonte há anos. Contudo, hoje elas não são obrigatórias e são seguidas

voluntariamente pelos praticantes. O Banco está apoiando o PBH na construção de um

programa de reassentamento com base nessas práticas, padronizando práticas e criando um

manual. O Banco também examinou o conteúdo do manual para assegurar harmonização com

padrões federais nessa área. Dessa forma, práticas informais e não documentadas se tornam

legalmente codificadas, contribuindo para sua sustentabilidade.

43. Na agenda verde, a operação apoia o município para que adote uma abordagem

mais estratégica, integrada à gestão de prioridades ambientais locais num contexto que

também leve em conta os impactos globais da mudança climática. De fato, a operação

fortalecerá o trabalho que está sendo feito pelo município consolidando e coordenando todas

as iniciativas que enfocam prioridades locais, que atualmente estão dispersas e não

coordenadas. A operação também ajudará o município a formalizar e operacionalizar a agenda

de mitigação da mudança climática e integrar a agenda de GRD. Isso ajudará o município a

colher sinergias entre todos os esforços da agenda verde e a melhor monitorá-los. O Banco e o

município também realizarão uma avaliação TRACE para avaliar o potencial de eficiência

energética de BH, tornando Belo Horizonte a primeira cidade piloto na América Latina a

exibir essa nova política de desenvolvimento ambientalmente sustentável. Finalmente, o

Banco está comprometido com BH em um diálogo para melhorar a gestão baseada em

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resultados e mecanismos participativos, bem como sobre a execução de medidas de

sustentabilidade fiscal no longo prazo.

44. Do lado da governança, o Banco está criando uma parceria com BH para

avançar na fronteira tecnológica da participação dos cidadãos. Belo Horizonte está

integrando um componente de planejamento participativo em seu sistema de orçamento

participativo para tornar o sistema mais forte e aumentar o envolvimento da cidade com seus

cidadãos. O Banco está apoiando o município na criação de um projeto piloto para ligar o

portal na internet e serviços de reclamação do cidadão (serviços 311) a um aplicativo de

celular e integrar o uso de SMS para aumentar o acesso e promover ainda mais a participação

na governança da cidade.

B. RELAÇÃO COM OUTRAS OPERAÇÕES DO BANCO

45. A operação proposta reflete o maior compromisso do Banco com governos

subnacionais. Esse DPL segue-se à implementação do DPL de Consolidação Fiscal para

Eficiência e Crescimento do Município do Rio de Janeiro (P117244), que foi aprovado pela

Diretoria em julho de 2010 e elaborado para ajudar o município do Rio de Janeiro a criar o

espaço fiscal necessário para investimentos na melhora da qualidade e eficiência da prestação

de serviços públicos, especialmente em áreas pobres. Outros exemplos desse envolvimento

aprofundado incluem DPLs de ajuste fiscal (Consolidação Fiscal para Eficiência e

Crescimento do Município do Rio de Janeiro, P111665, Sustentabilidade Fiscal do Rio

Grande do Sul, P106767 e Reforma da Gestão Pública e Fiscal de Alagoas, P103770) e

operações setoriais (Minas Gerais, P101324, Ceará, P106765, Pernambuco, P106208, e

Distrito Federal, P107843).

46. O Banco está envolvido em esforços de desenvolvimento urbano em 10

municípios através de duas séries de APLs municipais. Além disso, forneceu apoio aos

estados de Pernambuco, Bahia e Ceará através de Financiamentos de Projetos de

Investimento. Essas operações apoiam as cinco linhas de atividades dos Sistemas de Cidades:

urbanização para o crescimento e alívio da pobreza, Estratégia de Governo Urbano e Local do

Banco Mundial de 2009 (gestão, governança e financiamento da cidade, pobreza urbana,

cidades e crescimento econômico, planejamento da cidade, solo e moradia e meio ambiente

urbano, mudança climática e gestão de desastres). Essas operações permitem que o Banco

ganhe experiência de base no planejamento e implementação de investimentos e reformas de

políticas em grandes centros urbanos do Brasil.

47. As atividades do Banco no Brasil estão fornecendo apoio consolidado por meio de

grandes operações. As operações recentes no Brasil passaram de projetos específicos de

pequena escala para um enfoque mais holístico, englobando vários setores relacionados para

produzir resultados com um efeito multiplicador. Um desses projetos é o DPL para

Desenvolvimento Urbano e Habitacional do Rio de Janeiro (P122391), aprovado em março de

2011, que adotou um enfoque integrado de desenvolvimento urbano no apoio ao governo do

estado para fortalecer suas políticas de planejamento e gestão do crescimento territorial na

região metropolitana.

48. A operação proposta segue de perto o modelo do DPL de Desenvolvimento

Urbano e Habitacional do Rio de Janeiro. Apesar de o DPL do Rio de Janeiro ter sido

concedido ao governo do Estado do Rio (enquanto a operação proposta é para o município de

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Belo Horizonte), continua sendo um bom modelo para a operação proposta por causa de seu

enfoque multissetorial de desenvolvimento integrado para fortalecer políticas de planejamento

e gestão do crescimento territorial, promovendo o fornecimento de moradia acessível e

criando programas integrados de desenvolvimento social direcionados aos pobres.

49. O apoio do Banco ao Estado de Minas Gerais tem sido amplamente

multissetorial, com ênfase especial na gestão fiscal e do setor público. O programa de

Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais, aprovado em abril de 2006 (P088543),

reforçou a Lei de Responsabilidade Fiscal do Brasil e os controles fiscais federais apoiando

melhoras na eficiência e eficácia do uso e alocação de recursos públicos e inovações na gestão

publica e fortalecendo a gestão baseada em resultados no governo do estado. Também apoiou

a gestão fiscal, a gestão do setor público e o desenvolvimento do setor privado no estado. O

Programa de Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais II, aprovado em maio de 2008

(P101324), foi uma continuação dessa operação, acompanhado de um financiamento

adicional (P119215) aprovado em abril de 2010. Um terceiro DPL para o Estado do Rio foi

aprovado em agosto de 2012 (P126465). Este inclui um foco na gestão metropolitana que

possui implicações diretas para o DPL proposto. Adicionalmente, o Banco se envolveu com o

município de Belo Horizonte em 2011 e 2012 através de uma doação do Fundo Global para o

Meio Ambiente (GEF), o Projeto de Transporte Sustentável e Qualidade do Ar do GEF

(P114010).

50. O Banco estabeleceu um diálogo de longo prazo com o Brasil acerca do setor

habitacional e forneceu apoio ao recente desenvolvimento da política nacional de

habitação, que resultou no maior financiamento de moradias de baixa renda. O

Empréstimo Programático para o Crescimento Sustentável e Equitativo, para habitação, e o

Empréstimo de Assistência Técnica paralelo ao setor de habitação apoiou o governo do Brasil

na revisão das políticas de financiamento do setor, incluindo subsídios direcionados e

mercados fundiários, com ênfase num melhor acesso para os pobres. Essas operações

apoiaram o desenvolvimento de um plano nacional de moradia (PlanHab) aprovado em

dezembro de 2008, particularmente o desenvolvimento e implementação de subsídios de

moradia para os pobres através do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).

Essas atividades foram importantes para o financiamento de moradia no programa Minha

Casa, Minha Vida e no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

51. O Banco também investigou mecanismos de governança participativa no Brasil. O Documento Econômico e Setorial Abrangente (ESW) sobre as práticas de orçamento

participativo em Porto Alegre foi concluído em 2008 (P095802). O estudo não encontrou uma

relação consistente positiva entre o OP e resultados fiscais. Contudo, foi encontrada uma

relação positiva, embora não muito robusta, entre o OP e o crescimento favorável aos pobres.

Finalmente, embora reconheça sua importância, o estudo apresentou várias sugestões para

transformar o OP numa ferramenta de responsabilidade social mais abrangente.

52. A Corporação Financeira Internacional (IFC) está apoiando um projeto de

Parceria Público-Privada em Belo Horizonte. A Atenção Primária BH aprovada em agosto

de 2010 com um orçamento estimado em US$ 3,2 milhões oferece assistência consultiva ao

município de Belo Horizonte para melhorar a rede de atenção primária à saúde através de

parcerias público-privadas (PPPs). O objetivo é implementar PPPs em 147 clínicas de atenção

primária em BH.

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C. BASES ANALÍTICAS

53. A operação proposta baseia-se em amplas discussões e análises de políticas nos

setores urbano, habitacional e desenvolvimento social no Brasil. Um relatório do Banco de

2006 fornece um diagnóstico abrangente e recomendações estratégicas sobre desenvolvimento

urbano.9 Ele ressalta quatro prioridades estratégicas para a formulação de políticas no Brasil:

competitividade, financiamento (cidades merecedoras de crédito), mercados fundiários e

prestação de serviços e desenvolvimento institucional (cidades parceiras). O relatório oferece

informações importantes (particularmente sobre mercados fundiários e regulamentação) para

a operação atual. A operação também se beneficiará de trabalho anterior da AAA sobre

orçamento participativo em Porto Alegre e do programa setorial Criação de uma Base de

Evidências para a Redução do Crime e da Violência no Brasil (P116659). Trabalhos analíticos

mais recentes do Banco em desenvolvimento urbano focaram áreas especificas, como

Assistência Técnica no Crescimento das Cidades e Competitividade (P101424), entregue em

junho de 2009. Por último, a operação também terá sinergias com o amplo programa de GRD

que está sendo lançado pelo Banco a pedido do governo federal (P126154).

54. Com mais de 10 anos de experiência na prestação de apoio analítico para

reforma e formulação de políticas habitacionais no Brasil, o Banco tem um profundo

conhecimento desse complexo setor. O Banco ofereceu apoio para a formulação da Política

Nacional de Habitação, o Plano Nacional de Habitação e uma série de missões do setor

habitacional no contexto do DPL de Desenvolvimento Urbano e Habitacional do Rio de

Janeiro e o Empréstimo para Assistência Técnica do Setor Habitacional (P050761). Este

último forneceu análise técnica e recomendações sobre questões importantes de políticas de

subsídio, financiamento de moradia, acordos institucionais e reforma da gestão do solo. Além

disso, o Banco concluiu duas fases da Assistência Técnica e Orientação na Implementação do

Minha Casa Minha Vida e Integração no Plano Nacional de Habitação (P117727 e P125651).

O Banco também está fornecendo apoio nas áreas de subsídios para moradia e monitoramento

e avaliação do setor de habitação.

55. Uma série de estudos foi executada por acadêmicos e o Banco Mundial sobre

questões de política social, urbanização e desenvolvimento urbano integrado no Brasil, e

mais especificamente em Belo Horizonte. Um estudo de Tonucci Filho e Avila10

analisou os

processos e políticas para regularizar vilas e favelas em Belo Horizonte. O estudo mostrou

que o crescimento do investimento através do PAC exigirá um enfoque mais intersetorial para

reduzir desigualdades espaciais na área metropolitana. Um enfoque territorial integrado ao

desenvolvimento urbano também foi proposto por Albano Felix11

em seu estudo da eficácia

de políticas de desenvolvimento social e territorial em BH. Além disso, políticas sociais e

processos de orçamentos participativos foram extensivamente analisados durante os quase 20

anos de implementação em Belo Horizonte.

9 Relatório Nº 35749-BR, novembro de 2006 (Brasil: Insumos para uma Estratégia para as Cidades).

10 Tonucci, J. e J. Avila, Urbanização da Pobreza e Regularização de Favelas em Belo Horizonte.

www.academia.edu 11

M. Felix, O Território Social: Uma Nova Abordagem Para a Implantação de Ações de Politicas Sociais.

http://www.favelaeissoai.com.br/upload/territ%F3rio%20social%20revisto2.pdf

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56. O Banco Mundial também realizou uma série de estudos analíticos que ajudam a

posicionar as ações de políticas apoiadas por este DPL. Entre eles o documento do Setor

Econômico intitulado Reassentamento Involuntário no Brasil: um Exame de Políticas e

Práticas, 2011 (P112026). Esse estudo examinou políticas e a implementação de

reassentamentos no Brasil identificando boas práticas em andamento e utilizando uma

avaliação do marco jurídico e institucional de aquisição de terras para projetos públicos. O

estudo concluiu que o Brasil estabeleceu “boas práticas” para a identificação de impactos

adversos resultantes da aquisição de terras, bem como para o planejamento abrangente devido

ao remanejamento físico, melhores consultas às pessoas afetadas e o desenho de programas de

reabilitação econômica com base agrária.

57. O Banco também realizou vários estudos das dimensões sociais do

desenvolvimento urbano no Brasil. Análises de experiências e impactos do

desenvolvimento urbano em São Paulo e Salvador são referências bastante úteis para os

aspectos de desenvolvimento social do DPL proposto. Por exemplo, um resultado desses

estudos foi o estabelecimento de um sistema de informação georreferenciado sobre

assentamentos informais no município de São Paulo (HABISP), similar ao que o município de

Belo Horizonte já implementou. O HABISP recebeu o Prêmio de Melhores Práticas para Base

de Dados no Melhoramento das Condições de Vida de 2008 (UN-HABITAT) e poderia

oferecer melhores práticas e lições aprendidas para Belo Horizonte nessa área. Outra

iniciativa útil é um projeto global para aprimorar assentamentos informais, liderado pela

âncora do Desenvolvimento Social, que se concentra nos obstáculos da economia politica ao

desenvolvimento.

58. Em termos de crescimento verde, esse DPL se baseia numa série de projetos e

iniciativas focadas em abordagens municipais para a mitigação da mudança climática. O

Estudo de Baixo Carbono para o Brasil de 2010 forneceu informação histórica e tendências do

setor que são úteis no desenho dos componentes dessa operação relativos à mudança

climática. O Documento Econômico e Setorial sobre Desenvolvimento de Cidades Verdes no

Brasil (P118238), entregue em junho de 2011, sublinhou a importância de desenvolver planos

municipais integrados de mudança climática que incorporem medidas de mitigação e

adaptação, no contexto das cidades brasileiras. Esse trabalho também ressalta a necessidade

de definir explicitamente benefícios locais de medidas de mitigação da mudança climática nas

cidades, que são muitas vezes incentivos mais poderosos do que impactos globais. O desenho

dessa operação também se beneficiou de enfoques referenciais desenvolvidos pelo ESMAP

(por exemplo, Ferramenta para Avaliação Rápida da Energia das Cidades) e pela Rede

Urbana (por exemplo, Global City Indicators Facility).

59. O desenho da operação proposta é sustentado por trabalho analítico extenso

no campo da redução do risco de desastres realizado pelo GFDRR, o Banco Mundial, o

Banco Interamericano de Desenvolvimento e agências especializadas das Nações Unidas.

Esse trabalho forneceu a base para o diálogo com o Governo de Belo Horizonte durante

o desenho deste DPL. A capacidade de administrar o risco de desastres (em vez de tratar um

desastre como um choque exógeno ao desenvolvimento que não pode ser proativamente

abordado) foi documentada numa ampla gama de estudos e é a base de sustentação do Quadro

de Ação de Hyogo (HFA). BH reconheceu que gerir o risco de desastres é uma boa prática

para o desenvolvimento sustentável. Além do HFA, essa operação se baseia nas conclusões de

uma série de documentos e publicações importantes, como: (i) Natural Disaster Hotspots, A

Global Risk Analysis (World Bank 2005). Trata-se de uma análise abrangente da exposição

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dos países a riscos hidrometereológicos e geotectônicos. O estudo constatou que o Brasil está

entre os países com mais alto risco de secas, enchentes e perigos de deslizamento, com base

na área de terra, porcentagem total da população e PIB exposto; (ii) O Relatório da Avaliação

Global sobre Redução do Risco de Desastres (Nações Unidas, 2011). Essa avaliação é uma

análise ampla dos riscos naturais que ameaçam a humanidade. Também é crítico o exame de

instrumentos de GRD onde ainda existem barreiras significativas, como o planejamento do

uso do solo, a formação de códigos e a gestão do ecossistema, e onde novas abordagens

precisam ser adotadas. O estudo concluiu que o risco de desastres está aumentando

rapidamente em países de renda baixa e média baixa com economias que crescem muito

rapidamente e que os países com economias pequenas e vulneráveis são menos resilientes.

Embora o Brasil seja considerado um país de renda alta e média, no passado recente sua

economia foi afetada por choques externos, incluindo os causados por riscos naturais. (iii)

Natural Hazards, UnNatural Disasters. The Economics of Effective Prevention (Banco

Mundial e Nações Unidas, 2011). Esse relatório concentra-se na economia de reduzir a

vulnerabilidade a desastres naturais e apresenta exemplos de todo o mundo que demonstram

que investimentos do governo em medidas ex ante, em vez de apenas na resposta a

emergências e ações de recuperação, podem ser mais eficazes em função do custo.

D. COLABORAÇÃO COM O FMI E OUTROS DOADORES

60. Já que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não trabalha diretamente com

municípios, não houve colaboração com a instituição sobre essa operação específica.

Contudo, o Banco e o Fundo trabalham muito estreitamente no programa geral do Brasil. Isso

é coerente com o Plano de Ação para Gestão Conjunta (JMAP),12

que, a fim de melhorar a

coordenação no país, solicitou que funcionários do Banco e do Fundo se consultassem pelo

menos anualmente na preparação de seus programas de trabalho.13

As unidades de gestão do

país no Banco e no Fundo também vem se reunindo regularmente. O objetivo primário dessas

consultas é informar a outra instituição dos projetos e estudos em andamento. O objetivo

secundário é compartilhar visões sobre a direção e eficácia das políticas macroeconômicas do

governo, bem como coordenar e influenciar mutuamente as prioridades setoriais e

macroeconômicas.

61. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) também está ativo em Belo

Horizonte. Em abril de 2004, o BID e o município assinaram um empréstimo de US$ 46,5

milhões para apoiar o programa de restauração ambiental (DRENURBS). O empréstimo, que

já foi desembolsado, tinha três componentes: alívio do risco de enchentes, melhora da

qualidade dos canais e melhora da gestão municipal em drenagem urbana e meio ambiente. O

BID recentemente se comprometeu com uma atividade de cooperação técnica (Projeto de

Mobilidade Urbana Sustentável da RMBH) com o governo estadual e 10 municípios na região

metropolitana, incluindo BH, para promover uma mobilidade urbana mais dinâmica nessas

cidades.

12

Veja FMI-Banco Mundial, 2007. 13

Um memorando de fevereiro de 2008 do Primeiro Diretor-Gerente Adjunto do FMI, Lipsky, e Diretor

Administrativo do Banco Mundial ,Wheeler, endereçado aos Líderes de Departamentos de Área do FMI e Vice-

Presidentes Regionais do Banco indicaram que, no começo de abril de 2008, todas as equipes de país do Banco e

missões do Fundo preparando relatórios de progresso CAS ou consultas do Artigo IV (o que for primeiro)

deveriam manter discussões anuais para reunir trabalhos analíticos e diagnósticos, discutir questões

macrossetoriais críticas e outras questões e sequenciar melhor o trabalho analítico necessário.

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E. LIÇÕES APRENDIDAS

62. O proposto Empréstimo de Desenvolvimento Urbano de Belo Horizonte

aproveita a experiência do Banco no Brasil no âmbito federal, estadual e municipal. Em

particular, o conteúdo de políticas e as prioridades dessa operação refletem conclusões

relevantes do extenso trabalho analítico do Banco no Brasil e a literatura mais ampla sobre

desenvolvimento urbano. O desenho dessa operação incorpora lições específicas aprendidas

na implementação de empréstimos e operações anteriores apoiadas pelo Banco no Brasil e em

outros lugares da América Latina e do Caribe. O principal é o DPL de Consolidação Fiscal

para Eficiência e Crescimento do Município do Rio de Janeiro, o DPL de Desenvolvimento

Urbano e Habitacional do Rio de Janeiro e o Empréstimo de Assistência Técnica para o Setor

Habitacional (P050761). Também informaram o desenho dessa operação as lições aprendidas

acerca de questões do desenvolvimento do setor urbano e social através da implementação de

uma variedade de operações de investimento.

63. Cinco lições principais resultantes da experiência do Banco

i. Lição 1: O conteúdo de políticas da operação deve pertencer e refletir as prioridades

do cliente e o processo de formulação de políticas deve envolver ampla consulta pública. O

compromisso de BH com uma consulta pública mais ampla é uma marca registrada de seu

processo de formulação de políticas. Seu compromisso com as políticas é evidenciado pelo

progresso sustentado na implementação, durante a preparação e depois no longo período

ocioso devido a questões de processamento que atrasaram a data de aprovação pela Diretoria.

ii. Lição 2: Importância de um bom diálogo durante a preparação da operação. O

Banco trabalhou de perto com a administração de BH para definir as reformas a serem

apoiadas pelo DPL e estabelecer acordos para ajudar a implementação no médio prazo.

Também foram identificadas áreas para um potencial acompanhamento da assistência técnica,

como políticas de uso do solo, moradia e reassentamento e monitoramento e avaliação do

desenvolvimento social.

iii. Lição 3: Trabalho em coordenação estreita com o governo federal. A experiência com

DPL subnacionais mostrou a importância da coordenação com o governo federal. A operação

foi iniciada com a concordância do Tesouro Nacional. BH também está colaborando com o

governo federal na implementação de programas importantes para o sucesso deste DPL, como

o Minha Casa Minha Vida.

iv. Lição 4: Manter a continuidade do apoio à reforma multissetorial. A operação

proposta baseia-se num enfoque multissetorial inovador. O município de BH está

implementando uma agenda bastante progressista com relação ao desenvolvimento urbano,

onde questões de uso e regularização do solo, prestação de serviços básicos, inclusão,

participação, redução da vulnerabilidade e gestão do risco de desastres estão integrados em

termos de formulação e implementação da política. O estabelecimento de objetivos e reformas

de médio e longo prazo também melhorará a capacidade de medir resultados.

v. Lição 5: As ações prévias devem se limitar a algumas importantes reformas de

políticas e institucionais. Sem esse foco, a implementação corre o risco de perder de vista as

prioridades da operação. Essa operação tem como áreas prioritárias a governança urbana

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socialmente sustentável, o crescimento verde e o desenvolvimento urbano inclusivo com

políticas focadas nos cidadãos pobres e vulneráveis.

V. EMPRÉSTIMO DE POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO

INCLUSIVO DE BELO HORIZONTE

A. DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO

64. O objetivo da operação proposta é apoiar o desenvolvimento urbano integrado e

sustentável e reduzir a vulnerabilidade social em Belo Horizonte. Isso será alcançado

mediante a introdução de enfoques inovadores para abordar o planejamento urbano,

desenvolvimento ambientalmente sustentável, inclusão e participação social e governança

sustentável. A operação proposta é um empréstimo de política de desenvolvimento em uma

parcela (US$ 200 milhões), alinhando o interesse expressado pelo município com a atuação

do Banco. A seleção das três áreas de políticas para esta operação (inclusive desenvolvimento

urbano integrado, crescimento verde e governança urbana sustentável) reflete as prioridades

do governo e sua importância para o crescimento sustentável de BH no longo prazo.

Tabela 3. Resumo das ações prévias à operação proposta

Objetivo Ação prévia

Área de política 1: Promover desenvolvimento urbano inclusivo mediante políticas inovadoras que

focalizam os cidadãos pobres e vulneráveis

a) Fortalecer a

gestão e

planejamento do

solo

Ação de política 1: PBH (a) fortalece sua legislação urbana incorporando

instrumentos inovadores em matéria de uso do solo, gestão e planejamento

urbano para reduzir a exclusão social; (b) apoia a expansão da provisão pelo

setor privado de moradias à população de baixa renda.

b) Melhorar as

condições de vida e

inclusão de cidadãos

pobres e vulneráveis

Ação de política 2: PBH aumenta a propriedade de moradores em seu

programa habitacional de baixa renda desenvolvendo e implementando um

modele de inclusão social e meios de subsistência sustentáveis.

Ação de política 3: PBH lança um programa para identificar as famílias mais

vulneráveis em seu território e habilita o desenvolvimento de um plano

dedicado a famílias vulneráveis com assistência personalizada.

c) Fortalecer a

prestação de serviços

a todos os cidadãos

Ação de política 4: PBH melhora a prestação de serviços estabelecendo um

ponto de acesso para prestação de todos os serviços municipais à população.

Área de política 2: Apoiar práticas verdes e sustentáveis

d) Melhorar a

capacidade de

mitigação da

mudança climática e

desenvolvimento

verde

Ação de política 5: PBH fortalece seu marco jurídico e institucional para

mitigação da mudança climática e promove políticas de crescimento

sustentável.

e) Melhorar a

capacidade de

adaptação à

mudança climática

(gestão do risco de

desastres)

Ação de política 6: PBH estabelece um Plano Diretor da Defesa Civil e coloca

em operação um sistema de monitoramento e alerta para chuvas fortes em

áreas críticas de seu território.

Área de política 3: Habilitar governança urbana sustentável do ponto de vista social e fiscal

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f) Fortalecer a

governança urbana

mediante gestão

baseada em

resultados e

planejamento urbano

participativo

Ação de política 7: PBH promove desenvolvimento sustentável de longo

prazo estabelecendo um modelo de gestão baseada em resultado para

governança de longo prazo.

Ação de política 8: PBH fortalece a governança urbana ampliando os

mecanismos participativos de execução orçamentária.

g) Fortalecer a

sustentabilidade

fiscal no longo prazo

Ação de política 9: PBH melhora sua sustentabilidade fiscal no longo prazo

reformando seu sistema de aposentadoria dos funcionários públicos.

B. ÁREAS DE POLÍTICA

Área de política 1: Promover o desenvolvimento urbano inclusivo mediante políticas

inovadoras que focalizam os cidadãos pobres e vulneráveis.

65. Objetivos da política do governo: O objetivo do governo é implementar políticas

inovadoras de desenvolvimento urbano inclusivo mediante políticas inovadoras que focalizam

os cidadãos pobres e vulneráveis. Especificamente, as áreas prioritárias que requerem ação

para atingir os objetivos incluem planejamento do uso do solo, gestão do risco de desastres,

habitação e desenvolvimento social e desenvolvimento urbano mediante prestação de

serviços.

1.A. Planejamento do uso do solo

Contexto e desafios

66. A exclusão social e espacial em Belo Horizonte resultou dos altos níveis de

urbanização, uma densidade populacional muito alta, uso da terra insatisfatório e

desigualdades na distribuição da terra (Bede e Pinho 1995). Pressões fundiárias e o acesso

limitado à terra para moradias de baixa renda constituem um problema para Belo Horizonte

desde sua fundação. A situação foi exacerbada por padrões de migração populacional e a

concentração de serviços públicos e empregos em determinadas áreas da cidade. Como

resultado, incapazes de achar moradia acessível, as pessoas de baixa renda construíram seus

lares em assentamentos ilegais, incluindo vilas e favelas, que muitas vezes careciam de

serviços básicos e oportunidades de emprego. Por sua própria natureza, esses assentamentos

se desenvolveram de uma forma desordenada, com traçados que dificultam a capacidade do

governo de disponibilizar serviços públicos. Esse problema é intrínseco quando a terra é

escassa e a demanda por terra é alta e crescente, e isso está por trás dos padrões atuais dos

assentamentos. Para abordar esse problema e iniciar o processo de reparação da exclusão

social e espacial, o Governo de Belo Horizonte deve representar um papel ativo na

identificação de terras que podem ser liberadas, redistribuídas ou rezoneadas para moradia de

baixa renda, assim como enfrentar desafios que surgem da falta de áreas verdes e espaços

públicos para recreação. Uma das opções seria adquirir terras privadas e/ou não utilizadas

através de mecanismos e instrumentos de negociação apropriados.

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67. A quantidade de terras desocupadas ou subutilizadas que poderia ser convertida

em casas para pessoas de baixa renda é limitada em Belo Horizonte.14

O governo

municipal está atualmente avaliando o estoque de terra disponível que poderia ser liberada

para atender à demanda de moradia de baixa renda. Contudo, a escassez de terra e a alta

demanda significam que a terra urbana é extremamente cara, constituindo outro empecilho

para a integração de famílias pobres na estrutura da cidade. Como resultado, instrumentos de

gestão e planejamento adequados que fornecem incentivos para proprietários de terras e

construtores para construir novas moradias de baixa renda são uma parte importante da

solução dos problemas do desenvolvimento integrado e inclusivo em Belo Horizonte.

68. A cidade está abordando a verticalização excessiva em algumas zonas de renda

alta por meio do estabelecimento de limites ao número de andares. Belo Horizonte

enfrenta uma verticalização excessiva em bairros de alta renda perto da área central, o que

piora o tráfego e a poluição do ar e coloca a infraestrutura existente em risco. Para lidar com

isso, o município reduziu o número de andares que podem ser construídos nesses bairros e

está considerando invocar os estatutos do direito de construção e a implementação de

operações urbanas integrando desenvolvimento urbano e infraestrutura de transporte de

massa. A meta é equilibrar melhor o desenvolvimento da cidade, controlar a verticalização

excessiva e a densidade e simultaneamente evitar a aglomeração urbana.

69. Instrumentos de uso do solo e programas habitacionais, particularmente os

dirigidos a aumentar o fornecimento de moradia para os pobres, devem ser coordenados

com políticas de transporte e planejamento na cidade. Os instrumentos de

desenvolvimento urbano devem levar em conta os dois principais desafios de longo prazo

associados a questões de transporte. O primeiro desses desafios de longo prazo é tornar os

serviços e oportunidades econômicas acessíveis para trabalhadores de baixa renda, que arcam

com um ônus relativamente maior em termos de longas horas de viagem e custo do transporte.

O segundo desafio é criar uma rede de transporte equilibrada e mais eficiente que responda à

demanda atual e futura. Esses desafios podem ser enfocados através de transporte integrado e

planejamento do uso do solo que reconheça as relações fundamentais entre a escolha do local

de moradia e comércio com respeito à mobilidade, acessibilidade e outros benefícios. Isso

pode ser alcançado em BH com o uso adequado de instrumentos e incentivos financeiros para

a construção de bairros relativamente mais densos em torno de serviços de transporte público

atuais e futuros. Isso também pode ser agilizado através da promoção do desenvolvimento do

uso misto do solo para minimizar a necessidade de investimentos caros em transportes que só

são necessários em horários de pico.

Programa do Governo apoiado pela Operação

70. A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (atualizada em 2010) forma a

base de um quadro inclusivo de governança fundiária para apoiar a democratização do

acesso a terra e moradia. A lei incorpora novos instrumentos urbanos (anteriormente

introduzidos no Estatuto da Cidade) para a gestão do território municipal.15

O estatuto é uma

lei federal aprovada em 200116

que estabelece responsabilidades municipais para fornecer

14

Existem critérios específicos para identificar áreas e criar novas moradias para populações de baixa renda,

como a exclusão de áreas ambientalmente protegidas, limitação dos edifícios a quatro andares, etc. 15

Incluem instrumentos como a AEIS (Áreas Especiais de Interesse Social), o PEUC (Parcelamento, Edificação

e Utilização Compulsórios), o IPTU progressivo, operações urbanas, etc. 16

Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e Medida Provisória nº 2.220, de 4 de setembro de 2001.

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moradia adequada a seus moradores, especialmente moradia social para os mais vulneráveis.

Permite uma maior autonomia local na disposição de propriedade urbana e decisões sobre

regulação e zoneamento. A meta é evitar que pressões comerciais e de outro tipo se tornem

obstáculos ao direito à moradia para a maioria da população. A lei de 2010 reúne fragmentos

de leis já existentes sob um mesmo texto legislativo, dando a Belo Horizonte uma maior

capacidade e flexibilidade na aquisição de terras para implementar projetos de moradia social

por meio de programas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV) e o Vila Viva.

71. A lei visa a criar políticas orientadas pelos princípios de uso misto do solo como

diretrizes para reduzir e diminuir a segregação espacial no decorrer do tempo.

Adicionalmente, cria instrumentos inovadores (como operações urbanas que coordenam

investimentos públicos e privados segundo normas urbanas específicas) que exploram o nexo

entre transporte, uso do solo, planejamento sustentável e desenvolvimento econômico e

enquadram soluções urbanas alternativas.17

Esses instrumentos vinculam o uso do solo a

programas de moradia e indiretamente a investimentos no transporte urbano e aumentarão a

urbanização em áreas que têm ou planejam ter os níveis necessários de infraestrutura e

serviços. Embora ainda não se disponha de resultados, será estudada a viabilidade econômica

de três operações urbanas que aplicarão os novos instrumentos. Finalmente, a lei busca

introduzir instrumentos, como direitos de construção e limite ao número de andares, que

tentam equilibrar questões relativas a áreas com excesso de construções resultantes de

regimes rígidos de zoneamento, densidade e provisão de infraestrutura, por exemplo,

aumentando os custos para empreiteiros que buscam construir edifícios muito altos, assim

como encorajando ativamente ou desencorajando diferentes tipos de construção em diferentes

áreas da cidade.

72. O Governo de Belo Horizonte identificou estratégias para maximizar o uso de

terras desocupadas e subutilizadas para fornecer mais espaço para construir casas para

as famílias mais vulneráveis. A cidade está seguindo duas estratégias específicas nessa área.

Uma dessas estratégias é a doação de terras para construtoras e a Caixa, cuja responsabilidade

será contratar e construir nesses lotes com acordos de PPP. A outra estratégia consiste em

vender as terras de mais alto valor que pertencem à cidade e aplicar o dinheiro em um fundo

para construção de moradias de baixa renda. Esse é um esforço para promover a participação

do setor privado orientado por um princípio de zona de uso misto. Contudo, as terras assim

vendidas contêm restrições sérias sobre seu uso, assim como áreas restringidas à construção

de moradias para pessoas que ganham até três salários mínimos por mês. Em 2010, o

município de Belo Horizonte aprovou legislação que formaliza o processo de doação de terras

públicas municipais para construção de moradias de baixa renda dentro do programa federal

MCMV. O município abordou ativamente a questão da falta de terras para construção de

moradias de baixa renda, melhorando ainda mais sua capacidade de abordar o déficit de

moradias de baixa renda. Desde que a ação prévia foi realizada, seus instrumentos de

planejamento do uso do solo se mostraram um meio importante para aumentar a inclusão

social e espacial na cidade; com base nisso, o PBH está empreendendo um estudo com o

objetivo de expandir a adoção desses tipos de instrumentos, identificando e regulando terrenos

adicionais nos quais o setor privado poderia expandir sua provisão de moradias de baixa

17

No prazo curto a médio, as Operações Urbanas Associadas e sua cobertura pela grande infraestrutura de

transporte (em particular, três novos corredores de BRT em desenvolvimento) serão o melhor veículo para essa

transformação. No prazo mais longo, o Plano Mestre Urbano considerará zoneamento e incentivos apropriados

acerca de postes e pontos de acessibilidade com infraestrutura de transporte público existente ou planejada.

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renda. Esse estudo será a base de um projeto de lei que ampliará ainda mais a legislação

urbana. O fortalecimento da legislação urbana incorporando vários instrumentos inovadores

em questões de uso do solo, gestão e planejamento urbano para reduzir a exclusão social e

apoio à expansão do fornecimento pelo setor privado de moradias para a população de baixa

renda são ações prévias apoiadas por esse DPL.

1.B. Moradia e Integração Social

Contexto e Desafios

73. A redução da pobreza e vulnerabilidade em Belo Horizonte exige um enfoque

coordenado pelo município. Nas duas últimas décadas, Belo Horizonte deu passos

importantes para melhorar a vida das pessoas que vivem em vilas, favelas e conjuntos

habitacionais. Muitos desses esforços, contudo, têm um foco predominantemente setorial, em

saúde, proteção social, educação e na provisão de infraestrutura física. O resultados dessas

iniciativas tão bem intencionadas foi menos do que ótimo em termos de impacto. A

desigualdade continua sendo uma questão premente em mais de 270 comunidades dentro das

fronteiras municipais e a exclusão social continua a formar a base do comportamento

antissocial, da violência e do crime. É necessário um novo e inovador conjunto de abordagens

para enfocar a complexa ligação de exclusão social, pobreza e vulnerabilidade de forma

holística. Nesse nexo, a melhora das condições de moradia é crucial, mas não suficiente, a

menos que acompanhada de intervenções sociais que removam algumas das causas

fundamentais da pobreza e da vulnerabilidade das pessoas. É importante descobrir formas de

implementar o desenvolvimento territorial integrado e sustentável. Em tal visão, o foco é

espacial (território, local como foco para integrar a prestação de serviços aos cidadãos) e

como humano (colocando as pessoas no centro da política pública)

74. Alcançar os mais vulneráveis é crucial para erradicar a pobreza e a exclusão

social em Belo Horizonte. Apesar dos ganhos impressionantes na redução da pobreza durante

as últimas duas décadas, os mais vulneráveis continuam a cair nas brechas da rede de serviços

sociais. Essas famílias e indivíduos carregam um ônus maior em termos de maior incidência

de doenças, taxas de mortalidade infantil mais altas, níveis mais altos de abusos dos direitos

humanos (especialmente contra mulheres e crianças) e uma maior exposição a hábitos

socialmente destrutivos, atividades criminosas e comportamentos violentos. A fim de escapar

desses ciclos de pobreza e exclusão social, Belo Horizonte precisará melhorar a coordenação

de serviços públicos no nível comunitário, criar novos caminhos para sair da pobreza e da

vulnerabilidade com um foco nos mais vulneráveis e diminuir a disseminação da violência e

da criminalidade. Os programas Família Cidadã, Cidade Solidária e Pós Morar têm um grande

potencial de alcançar aqueles cujas vozes ainda não foram ouvidas, contando com um enfoque

integrado e holístico para criar pontes para que eles se tornem cidadãos plenos da Belo

Horizonte do futuro.

75. Do ponto de vista espacial, um desafio importante é o grande número de famílias

que continuam a viver em áreas de risco e precisam ser reassentadas. Atualmente,

existem aproximadamente 270 assentamentos informais e precários (vilas e favelas) em Belo

Horizonte que abrigam cerca de 471.000 pessoas (21,5% da população total) (Tonucci Filho e

Teixeira Ávila, 2008). Essas áreas incluem terras públicas que ficam muito próximas a

estradas, terras com uma inclinação superior a 47%, terras cujas condições geofísicas não são

aptas para construção, áreas propensas a enchentes, áreas que receberam materiais daninhos

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ou tóxicos e áreas onde a degradação ambiental teria impactos negativos sobre condições

sanitárias gerais. As comunidades e famílias que vivem nesses ambientes talvez tenham que

ser deslocadas para áreas mais seguras. Embora Belo Horizonte tenha desenvolvido um bom

conjunto de práticas e abordagens para implementar programas de assentamentos, vários

desafios permanecem, relacionados às configurações institucionais para implementar

programas de reassentamento, assim como à sustentabilidade dos resultados. Belo Horizonte

colocou em prática uma série de iniciativas para abordar o ex ante (isto é, fase preparatória) e

ex post (isto é, fase de integração) de seus programas de reassentamento, inclusive respaldo

social para famílias reassentadas durante o processo de mudança e sessões de informação e

coordenação com autoridades locais. Contudo, o programa (atualmente intitulado Pós-Morar)

ainda não foi adequadamente institucionalizado e é um composto de muitas ações que,

embora percebidas como importantes pelas partes interessadas locais, precisam de uma

estrutura de coordenação formal. As múltiplas ações que foram colocadas em prática pela

Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL) em coordenação com outros

departamentos locais e prestadores de serviços ainda precisam de uma metodologia clara que

seja endossada por todas as instituições interessadas, para o que o Banco está oferecendo

apoio durante a preparação e supervisão do projeto.

76. Manter famílias reassentadas em casas melhoradas é por si só um grande desafio.

As tentativas de manter a população de baixa renda integrada na estrutura da sociedade

ressaltam o desafio de uma abordagem holística da moradia que vai além da provisão de

infraestrutura básica para abraçar uma solução que seja socialmente inclusiva. As primeiras

regularizações de terra no final dos anos 1970 foram executadas sem qualquer tentativa de

planejar os espaços urbanos ou fornecer infraestrutura. Somente depois dos anos 1990 a

URBEL começou a implementar um enfoque de desenvolvimento integrado, coordenado e

participativo no qual soluções in situ foram priorizadas. A URBEL implementa o processo

participativo através do Conselho Municipal de Habitação, uma entidade que representa um

papel deliberativo sem relação com a política municipal de moradia e inclui todos os

movimentos sociais que trabalham com questões habitacionais. Em esquemas tradicionais de

reassentamento (bastante criticados pelos movimentos sociais que abordam a questão

habitacional e por outras partes interessadas importantes), as pessoas que se mudaram para

novos locais muitas vezes abandonaram suas novas instalações porque ficavam muito longe

do trabalho. Outros fracassaram ao se adaptar a seus novos ambientes (especialmente quando

foram levados para edifícios). Finalmente, muitas pessoas temeram que o reassentamento

resultasse na fragmentação de seu capital social, suas conexões e redes de segurança

comunitária.

77. O planejamento e a execução do reassentamento constantemente enfrentam

novos desafios durante a implementação, exigindo novas orientações políticas. Conforme

Belo Horizonte ganha mais e mais experiência e desenvolve altos padrões para implementar

programas de reassentamento, novos desafios estão emergindo. Em particular, Belo Horizonte

está tentando determinar a melhor forma de abordar o reassentamento de edifícios comerciais

e pequenos negócios, que são inerentemente diferentes de construções residenciais e assim

requerem um enfoque diferente. Do mesmo modo, um importante desafio é achar soluções

para locatários de casas ou unidades residenciais que precisam ser deslocados para outro

lugar. Como carecem de título e/ou propriedade legal, as respostas de políticas precisam ser

adaptadas para atender a sua vulnerabilidade específica. Adicionalmente, o processo de

reassentar pessoas muitas vezes exige moradia temporária porque as novas unidades podem

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não estar prontas logo após a remoção das pessoas. Finalmente, algumas famílias reassentadas

ocasionalmente foram vítimas de ataques do crime organizado, muitas vezes resultando em

seu deslocamento. Assim, é preciso criar políticas para proteger seus direitos nos novos

domicílios. Isso exige soluções eficazes e políticas claras para mitigar impactos sobre as

pessoas afetadas durante esse ínterim. Em particular, o reassentamento para novas áreas deve

ser minimizado, já que a disponibilidade de terra em áreas fora de risco é limitada. Nesse

sentido, deve-se dar prioridade a soluções que incluam desenvolvimento vertical in situ a fim

de evitar muitos dos riscos mencionados.

78. O desenvolvimento territorial integrado e sustentável permanece um desafio

crítico para melhorar as condições de vida daqueles que continuam em vilas, favelas ou

conjuntos habitacionais. Belo Horizonte está tentando romper as divisões setoriais que

impedem uma provisão eficaz de serviços de desenvolvimento social e urbano às pessoas

pobres e vulneráveis. Em áreas de favelas, programas de regularização da propriedade e a

provisão de infraestrutura adequada podem ser ineficazes na melhora das condições de vida

das pessoas se a exclusão socioeconômica não for abordada também. A experiência no Brasil

e outros lugares mostrou que programas de melhora das favelas precisam incluir ações para

acabar com a exclusão socioeconômica e espacial que causa vulnerabilidade e pobreza. O

programa Vila Viva foi uma ferramenta útil na abordagem desse problema em Belo

Horizonte. Contudo, o ambiente institucional para abordar os desafios remanescentes de

erradicar a exclusão social, econômica e espacial não foi totalmente eficaz em grande parte

porque os programas possuem enfoques temáticos (saúde, moradia, educação, proteção social,

geração de renda e desenvolvimento econômico). Esses programas muitas vezes trabalham de

maneira paralela, abordando os sintomas da pobreza e da vulnerabilidade sem remover suas

causas fundamentais. É necessário um enfoque mais integrado e focado nas pessoas.

Programa do Governo Apoiado pela Operação

79. Belo Horizonte continua desenvolvendo enfoques inovadores para colocar os

pobres e os mais vulneráveis no centro das políticas públicas urbanas. Com o Família

Cidadã, Cidade Solidária, Belo Horizonte acolheu um programa inovador e intersetorial para

beneficiar os mais pobres e vulneráveis e erradicar as causas de sua vulnerabilidade. Do ponto

de vista institucional, restrições importantes à inclusão social e aos alívio da pobreza em Belo

Horizonte foram recentemente abordadas por meio de um enfoque holístico integrando

desenvolvimento urbano, melhora da moradia, desenvolvimento social e governança

participativa. Esse enfoque envolve o desenvolvimento de programas específicos para abordar

as vulnerabilidades das pessoas que podem permanecer em seus lares e as das que precisam

ser reassentadas. Além do programa Pós Morar, o Família Cidadã, Cidade Solidária está

testando uma nova abordagem para colocar as pessoas no centro do desenvolvimento,

partindo da exclusão social e vulnerabilidade e integrando melhorias nessa perspectiva mais

ampla. Esse programa consiste de uma combinação de atividades para abordar de forma

holística a vulnerabilidade social e física dos grupos-alvo (isto é, combinando prestação de

serviço social com melhorias da moradia). O programa visa a colocar as famílias pobres no

centro de intervenções do governo e de ONGs, com um enfoque que ressalte a coordenação

intersetorial, descentralização da prestação de serviços, participação dos cidadãos e

desenvolvimento territorial. O programa adotou uma metodologia utilizada pela Associação

Saúde e Criança (uma ONG sediada no Rio de Janeiro) que se mostrou bastante eficaz em

romper os ciclos da pobreza e exclusão social dos grupos-alvo. Essas políticas começam

abordando questões de moradia, mas integram todos os serviços sociais necessários para

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assegurar resultados sustentáveis. Nesse contexto, o objetivo deste DPL é promover a

implementação e institucionalização de programas de desenvolvimento urbano holísticos,

inclusivos, coordenados e integrados, com um foco duplo em desenvolvimento territorial

(onde o território é o terreno para a prestação de serviços aos cidadãos) e nas pessoas como

alvos finais das políticas públicas.

80. O BH Cidadania é um programa integrado que promove a inclusão social da

população que vive em áreas de alta vulnerabilidade social. O programa integra as

medidas adotadas pela cidade nas áreas de cultura, esporte, saúde, educação, direitos civis e

bem-estar social, agilizando o trabalho de equipes e seus custos e aumentando o número de

beneficiários. O programa trabalha através de 33 núcleos espalhados pelas nove regiões de

BH. Cada núcleo auxilia cerca de 5.000 famílias. As instalações abrigam um centro de

assistência à família, um auditório para múltiplos fins e salas para seminários, esporte, cultura,

atividades recreativas, etc. As áreas carentes atendidas pelo programa também devem ter uma

Unidade Municipal para Educação da Primeira Infância (UMEI), funcionando em horário

integral para crianças até 6 anos. Dentro desses 33 núcleos, o programa Família Cidadã,

Cidade Solidária atualmente trabalha com 750 famílias (30 famílias em cada um dos 25

núcleos onde o programa está sendo testado) que foram identificadas como as mais pobres e

vulneráveis no município. O programa utiliza um conjunto de 18 indicadores para determinar

a admissibilidade das famílias para se tornarem beneficiárias com base nas condições de

saúde, educação, crime, renda e moradia. Dois desses indicadores (adolescentes grávidas ou

mães adolescentes e famílias cuja mãe tem menos de quatro anos de estudo formal) enfocam

vulnerabilidades específicas de gênero. Além disso, um terceiro indicador utilizado é o de

famílias com filhos que sofreram abuso, o que tem um forte aspecto de gênero, especialmente

considerando a questão da violência de gênero que ele incorpora. Das primeiras 750 famílias

selecionadas, aproximadamente 39% são famílias com mães que possuem menos de 4 anos de

estudo formal e 13% têm adolescentes grávidas ou mães adolescentes. A filosofia

fundamental se baseia na ideia de “gestão de caso”, segundo a qual um Plano de Ação

Familiar (PAF) é elaborado para as necessidades específicas de cada família participante. O

plano assegura coordenação adequada entre os diferentes prestadores de serviços e estabelece

o quadro para monitoramento do progresso rumo a resultados bem-sucedidos por um período

de dois anos, ou até que atinja um determinado nível de bem-estar.18

81. Outra parte do programa se concentra na vinculação entre programas sociais e

habitação. Já que as condições habitacionais afetam o bem-estar geral dos beneficiários, o

programa Família Cidadã, Cidade Solidária está testando uma intervenção para melhorar as

instalações físicas das famílias participantes. A metodologia testada distingue entre famílias

que têm mão de obra suficiente para melhorar suas residências e as que não têm (por exemplo,

famílias chefiadas por mulheres com filhos). Para a primeira categoria, o programa oferece

treinamento em alvenaria e carpintaria e as ajuda a executar melhorias na moradia por sua

própria conta. Além de melhorar as condições da moradia, os benefícios deste programa

incluem a provisão de treinamento vocacional para membros da família (o que é

particularmente importante para ajudar os jovens a romper o ciclo de desemprego). Para o

segundo grupo, o programa inclui intervenções diretas para melhorar as residências dos

beneficiários. Essa iniciativa está sendo atualmente testada com 13 famílias e tem a meta de

250 residências por ano nos próximos quatro anos (num total de 1.000 unidades).

18

Foi elaborado um sistema de “indicadores de graduação” para monitorar o progresso das famílias participantes

e determinar quando as mesmas atingem um nível suficiente de integração social para poderem sair do programa.

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82. O programa Família Cidadã, Cidade Solidária destaca-se porque coloca as

pessoas e famílias vulneráveis no centro das políticas públicas de Belo Horizonte. O

programa promove ações para ampliar a proteção social e os direitos humanos dos mais

vulneráveis. Esse enfoque inovador também tem implementação inclusiva. PAFs específicos

são elaborados em consulta e com a participação de famílias numa média de dois anos de

consultas e atividades de acompanhamento. O objetivo é a responsabilidade conjunta para

fomentar um maior sentido de independência e contrasta com o enfoque de “assistência” à

redução da vulnerabilidade. Desde que a ação prévia foi empreendida, o programa Família

Cidadã, Cidade Solidária foi selecionado como instrumento para implementar o programa do

governo federal Brasil Sem Miséria em Belo Horizonte em 2012. O programa foi executado

com sucesso em 2012 e a PBH identificou um orçamento para 2013 a fim de continuar suas

atividades. O lançamento de um programa para identificar as famílias mais vulneráveis em

seu território e possibilitar o desenvolvimento de um plano dedicado a famílias vulneráveis

com assistência sob medida é uma ação prévia (Ação prévia 3) apoiada por esse DPL.

83. Com o programa de Pré e Pós Morar, Belo Horizonte está integrando a prestação

de serviço social em programas de reassentamento para assegurar resultados

sustentáveis. O programa foi criado para abordar as questões ex ante e ex post enfrentadas

pelas pessoas que precisam ser reassentadas. Até o momento, aproximadamente 13.600

famílias se beneficiaram do programa. O programa baseia-se num enfoque participativo e

reconhece a importância de assegurar que as famílias afetadas assumam o processo de

remanejamento. Para isso, apoia atividades antes e depois da execução do processo de

remanejamento.19

O programa Pré e Pós Morar vai além dos enfoques tradicionais de

reassentamento que se concentram na compensação justa de ativos perdidos e provisão de

moradia e serviços de infraestrutura básica (acesso a água, saneamento e eletricidade). A fase

Pré-Morar inclui um estudo técnico para reduzir o impacto do processo de remanejamento

sobre as famílias que precisam ser reassentadas. O estudo recebe o nome de Plano de

Remoção e Reassentamento (PRR), é parte formal do processo de licenciamento ambiental e

constitui a base para monitoramento do processo de reassentamento desde seu início até sua

conclusão. O PRR inclui a criação de um perfil do território e das famílias a serem

reassentadas, um estudo das comunidades receptoras e estruturas físicas e o processo

participativo com a comunidade afetada. Uma série de alternativas é apresentada às pessoas

afetadas para que elas escolham sua opção favorita.

84. O programa concentra-se nos desafios sociais enfrentados pelas famílias

reassentadas, o que é crucial para assegurar melhores condições de vida para os

afetados. A meta é reconstruir os meios de subsistência nos locais de reassentamento e ajudar

as famílias a selecionar as melhores opções para elas, assim como a se adaptar à nova

situação.20

O programa Pré e Pós-Morar segue uma abordagem “centrada nas pessoas” e

19

Antes do reassentamento, as famílias indicam suas preferências, campanhas de informação ajudam a explicar o

processo, a situação de cada família é analisada e se fornece assistência para ajudar as famílias a entender os prós

e os contras das várias opções disponíveis. As ações implementadas após o reassentamento se estendem por um

período de pelo menos 6 meses e incluem campanhas de informação, reuniões com membros da comunidade,

facilitação do acesso a autoridades e serviços locais nas áreas receptoras, atividades para ajudar as famílias a

recuperar seu nível anterior de renda e subsistência, atividades sociais e registro das casas. 20

O programa oferece uma série de serviços que ajudam as pessoas reassentadas a entender melhor os desafios

de se mudar para um novo local, como as implicações socioeconômicas de viver em um edifício versus a

moradia independente (por exemplo, o potencial impacto de ser incapaz de vender bens informalmente na porta

de casa uma vez que a família é transferida de uma casa para um apartamento no quinto andar). O programa

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enfatiza os elos entre os diferentes prestadores de serviço (saúde, educação, saneamento, etc.)

no enfoque das vulnerabilidades das pessoas afetadas. Ao mesmo tempo, o programa ressalta

as ligações de beneficiários com as unidades territoriais nas quais os vários prestadores de

serviço funcionam e as ligações entre cada família e sua comunidade de origem, bem como

com a comunidade que vai recebê-la. Finalmente, o programa aborda a questão fundamental

de oferecer segurança de posse para as famílias reassentadas facilitando a obtenção de título

de propriedade. Em 2011 o programa forneceu título de propriedade para 1.600 famílias e

espera concluir o processo para um total de 4.600 famílias até o final de 2012. Assim, o Pré e

Pós Morar visa a encontrar uma solução sustentável para a questão da integração

socioeconômica das famílias reassentadas, enfocando as questões essenciais de inclusão

enfrentadas por famílias de baixa renda. Desde que a ação prévia foi executada, o programa

continuou a trabalhar para ampliar a propriedade em seu programa de moradia de baixa renda

por meio da facilitação do acesso de um número cada vez maior de famílias pobres a

melhores condições de vida, além da prestação de serviço social. Nos últimos meses a PBH

trabalhou na finalização do Manual Operacional para o programa e este foi publicado. A

ampliação da propriedade em seu programa de moradia de baixa renda através do

desenvolvimento e implementação de um modelo de inclusão social e subsistência sustentável

é uma ação prévia (Ação prévia 2) apoiada por esse DPL.

85. Uma intervenção importante lançada por Belo Horizonte visa a proteger os

direitos das pessoas reassentadas em suas novas residências. Algumas famílias

reassentadas foram vítimas de ataques do crime organizado que operam nas áreas próximas

aos novos conjuntos de moradia social, muitas vezes resultando em seu deslocamento. O

Plano Integral de Prevenção a Invasões de Unidades Habitacionais em Belo Horizonte foi

lançado em abril de 2011 para proteger famílias reassentadas de expropriações violentas e

ilegais. Essa iniciativa responde a uma demanda da URBEL de enfocar uma questão premente

que estava afetando várias famílias reassentadas pelo município de Belo Horizonte. A partir

de abril de 2011, 221 famílias sofreram ocupações ou expulsões desse tipo, das quais 134

(61%) relataram a ocorrência a autoridades e 70 famílias (32%) receberam uma resposta do

Procurador Municipal. Das 70 famílias que receberam uma resposta, 30 receberam um

veículo legal para reclamarem sua moradia. O papel da PBH no Plano inclui a formulação de

políticas para proteger mulheres e jovens, entre outras populações vulneráveis. A metodologia

que está sendo desenvolvida inclui reuniões mensais com a participação do prefeito, assim

como o estabelecimento de um observatório temático para assegurar segurança pública em

áreas reassentadas. O programa estabeleceu uma série de protocolos e procedimentos para

responder pronta e eficazmente a casos de ocupação ilegal ou expulsão de famílias

reassentadas de suas residências.

86. Belo Horizonte também está investindo em empregos e desenvolvimento de

habilidades para pessoas vulneráveis de comunidades de baixa renda. O programa

Família Cidadã, Cidade Solidária, por exemplo, está sendo implementando em parceria com o

Instituto Tupinambá Yara, que oferece treinamento em profissões relacionadas à construção.

O curso cobre habilidades profissionais (construção de alvenaria, acabamento, eletricidade,

encanamento, carpintaria e segurança no local de trabalho), assim como habilidades cívicas e

comportamentais (relações humanas, ética, cidadania). O curso promove intervenções físicas

para melhorar as casas de famílias cobertas pelo BH Cidadania. Além disso, a Secretaria do

oferece também resolução de conflitos e serviços para assegurar sua integração total nas comunidades

receptoras.

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Trabalho está lançando o Programa de Voluntariado do Cidadão em colaboração com

autoridades locais e prestadores de serviço social. Essa iniciativa oferece treinamento para

jovens com histórico de envolvimento em atividades criminosas menores ou em risco de

serem recrutados por gangues. Os jovens são treinados para se tornarem membros de brigadas

de incêndio com a intenção de desenvolver valores cívicos mais fortes e aumentar suas

chances de entrar para o mercado de trabalho formal. A Secretaria do Trabalho também criou

um Comitê de Desenvolvimento para reciclar lixo e treinar pessoas nessa nova profissão.

Finalmente, está sendo testado em fase piloto um programa de desenvolvimento de

empreendedorismo com 500 famílias em áreas urbanas selecionadas, assessorando-as em

oportunidades de mercado, comercialização, gestão básica, microcrédito, processos de

licenciamento de negócios e encaminhamento a cursos de treinamento específico.

1.C. Inclusão urbana através da prestação de serviços

Contexto e desafios

87. O município é o principal prestador de serviços para a maior parte das

necessidades diárias dos cidadãos comuns. BH fornece serviços para seus moradores que

variam de saúde e educação ao licenciamento de negócios e manutenção da cidade. A fim de

melhorar a qualidade desses serviços, a município adotou um Plano de Desburocratização

com 49 iniciativas para melhorar serviços e processos internos. As iniciativas são organizadas

em torno de três eixos: melhorar a atenção aos cidadãos, melhorar o ambiente de negócios e

melhorar os processos internos (ampliar a prestação de serviços). O primeiro eixo engloba

todos os projetos que se concentram em melhorar a prestação de serviços aos cidadãos. Os

projetos para melhorar a atenção a cidadãos incluem, entre outros, o estabelecimento de um

número de telefone para as pessoas se comunicarem com a prefeitura (a Central 156) e a

construção de três “one-stop shops” (OSS) para a prestação de serviços municipais aos

cidadãos (o BH Resolve). A fim de melhorar o eixo do ambiente de negócios, o governo de

Belo Horizonte agrupou todas as iniciativas relacionadas a redução de custos e tempo para

conceder licenças comerciais para que pudessem ser abordadas juntas e a questão ser

resolvida. Para melhorar os processos internos, o governo empreendeu uma pesquisa de todos

os projetos de modernização existentes e planejados para racionalizá-los. O governo agora

está apoiando e monitorando a implementação desses projetos.

88. A prestação de serviços antes do plano de desburocratização em BH era um

conjunto de iniciativas empreendidas por cada secretaria. Algumas secretarias forneciam

serviços pessoalmente em um local central, enquanto outras se esforçariam para prestar

serviços de forma descentralizada e por meio de múltiplos canais. Tampouco havia garantia

de que a informação dada por essas várias secretarias era coerente. Portanto, um cidadão

buscando por um serviço em uma determinada secretaria seria encaminhado a outra secretaria

para resolver um problema e outra secretaria podia muito bem ter dado informação diferente

ou ainda encaminhá-lo de volta ao ponto de entrada, de maneira circular. Os desafios

enfrentados pelo município incluem as dificuldades de pesquisar todos os serviços públicos

oferecidos pelos municípios para superar uma organização muito formal e departamental a

fim de modernizar os serviços e de mudar a mentalidade do serviço público para considerar os

cidadãos como clientes.

89. A criação de OSS para serviços públicos foi iniciada no Brasil pelos estados da

Bahia e São Paulo no final dos anos 1990. O estado de Minas Gerais começou a adotar esses

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modelos em 2007. A implementação do BH Resolve é uma área de convergência política

entre os governos estadual e municipal, assim como uma política estadual muito bem testada

que está sendo colocada em prática pela PBH. Pesquisas mostram que 98,4% dos usuários

classificaram os serviços do BH Resolve como excelentes ou bons. Em média, a primeira

unidade do BH Resolve ofereceu cerca de 95.000 serviços por mês.

Programa do Governo Apoiado pela Operação

90. A principal ação do Plano de Desburocratização com respeito à prestação de

serviços aos moradores de BH é a implementação do BH Resolve. Após tomar posse em

2009, o prefeito de Belo Horizonte reuniu várias iniciativas novas e em andamento para

modernizar e melhorar os processos de trabalho em um Plano de Desburocratização. Uma das

iniciativas foi melhorar os serviços públicos em todos os canais (internet, telefone e

pessoalmente). A PBH executou um levantamento de todos os serviços oferecidos e mapeou

os serviços e informações prestadas num roteiro uniforme para que todos os cidadãos

tivessem o mesmo resultado independentemente do canal pelo qual se comunicassem com o

governo. Assim, a PBH reformulou o site de serviços da cidade e a central de atendimento e

criou o BH Resolve, que reúne todas essas agências em um edifício e fornece acesso a todos

os serviços oferecidos aos moradores em uma unidade conveniente. O BH Resolve é resultado

de uma renovação da prestação de serviços em BH. Desde que a ação prévia foi executada, as

atividades aumentaram, e o número de cidadãos que comparecem diariamente passou de

4.674 em 2010 para 5.069 em 2012. Além disso, conforme as pesquisas de usuário indicam, a

qualidade dos serviços especializados melhorou, com mais ofertas dedicadas para os cidadãos.

A melhora dos serviços estabelecendo um só ponto de acesso em funcionamento para a

prestação de todos os serviços municipais para a população é uma ação prévia deste DPL.

Área de Política 2: Apoiar práticas verdes e sustentáveis

Contexto e Desafios

91. O município de Belo Horizonte não possui um programa abrangente para avaliar

e responder aos impactos da mudança climática. BH é reconhecida por seus esforços na

área de gestão ambiental. O município está implementando iniciativas em todos os setores

(por exemplo, transporte, saneamento, eficiência energética) enfocando os principais

problemas ambientais da cidade. Embora os impactos locais dessas inciativas sejam

sistematicamente monitorados pelo BH Metas e Resultados, o município não estabeleceu

vínculos explícitos com a agenda de mudança climática e, portanto, não está captando os

benefícios climáticos desses programas. Além disso, na ausência de uma estratégia abrangente

para abordar a mudança climática no município, é difícil priorizar o impacto e, assim, a

importância dessas iniciativas no contexto da mitigação e adaptação à mudança climática.

92. Contudo, o município compilou dados de base que possibilitariam coordenar

iniciativas em andamento dentro do contexto da mudança climática. Em termos de

mitigação, o inventário municipal de 2007 sobre emissões de gás de efeito estufa identificou o

setor do transporte como a maior fonte de emissões. Em termos de adaptação, áreas

vulneráveis a enchentes e deslizamentos a partir de eventos climáticos extremos já foram

mapeadas. Discussões sobre mudança climática entre as várias agências municipais vêm

acontecendo desde 2006 no contexto do Comitê Municipal de Mudança Climática. Contudo,

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BH se beneficiaria de um enfoque mais integrado à gestão da mudança climática, o que

poderia enquadrar melhor as iniciativas em andamento dentro do contexto de prioridades

municipais para abordar impactos da mudança climática e capitalizar benefícios. Esse enfoque

integrado não só avaliaria vulnerabilidades atuais e impactos esperados da mudança climática

no nível local, mas também poderia definir ações prioritárias, estabelecer metas, monitorar

protocolos e atribuir papéis e responsabilidades às várias agências municipais e estaduais.

2.A. Mitigação

93. A rápida urbanização combinada com prosperidade econômica exerceu pressões

cada vez maiores sobre recursos hídricos e a qualidade do ar em BH e produziu

emissões crescentes de gases de efeito estufa, particularmente de fontes veiculares. BH

está implementando uma série de programas para melhorar eficiência nos setores de energia,

água, resíduos sólidos e transporte, bem como recuperar o ambiente urbano. Esses programas

em andamento são totalmente coerentes com iniciativas de mitigação da mudança climática,

mas não foram elaborados para produzir reduções nas emissões de gases de efeito estufa. A

conexão entre esses programas e a agenda da mudança climática permitiria que a cidade

capitalizasse os benefícios de ações locais. Portanto, a fim de enfocar o crescimento

ambientalmente sustentável de forma mais estratégica e levar em conta os benefícios da

mitigação da mudança climática, é necessário: (i) integrar melhor e consolidar programas em

andamento (dentro do BH Metas e Resultados, assim como outras iniciativas ambientais)

dentro de uma cobertura geral de iniciativas de crescimento sustentável; (ii) identificar e

quantificar os benefícios de mitigação dessas iniciativas através do monitoramento das

reduções nas emissões de gases de efeito estufa.

94. Ademais, em conformidade com o enfoque de gestão estratégica do município, é

preciso desenvolver um plano de ação municipal para mudança climática que leve em

conta as várias iniciativas, atualize de forma clara as metas de mitigação e priorize ações

entre setores. Até o momento, BH administrou suas prioridades ambientais por meio de

programas setoriais específicos que estão produzindo melhorias na gestão da água e da

qualidade do ar. Um esforço adicional para enquadrar esse trabalho em andamento dentro do

contexto da mudança climática, através do desenvolvimento de um plano de ação de

mitigação no âmbito da cidade, elevaria o nível atual de gestão a uma posição muito mais

estratégica. Muitos dos elementos do que seria um plano de ação já estão estabelecidos, mas

precisam ser melhor coordenados. Também é necessário atualizar a avaliação dos

mecanismos de base e de monitoramento da cidade.

Programa do Governo apoiado pela Operação

95. A operação proposta ajudará o Governo de Belo Horizonte a abordar a

mitigação e adaptação à mudança climática. Uma lei decretada em 2011 (Lei 10.175 de 6

de maio de 2011) introduziu políticas municipais para mitigação dos efeitos da mudança

climática. Essa lei é abrangente (sublinhando ações especificas a serem tomadas nos setores

de transporte, energia, resíduos sólidos, construção e uso do solo) e visa a reduzir as emissões

de gases de efeito estufa. A lei define um mapa para identificar ações de mitigação e

estabelecer metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, ressaltando a importância

de se definir uma base e preparar planos de ações para atingir essas metas. Além disso, a lei

atribui responsabilidades pelo monitoramento, execução, disseminação da informação e

conscientização pública e define possíveis instrumentos de financiamento. Esse é um grande

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passo adiante no desenvolvimento de uma plataforma transetorial através da qual as

iniciativas existentes, assim como futuros programas setoriais, podem ser coordenadas de

forma mais estratégica.

96. A lei de mudança climática cria formalmente o Comitê Municipal de Mudança

Climática e Ecoeconomia e lhe dá o mandato de coordenar a participação de atores

relevantes na implementação da política de mudança climática. Em conformidade com o

enfoque participativo da cidade, o Comitê inclui representantes de agências do governo

(níveis municipal e estadual), setor privado, academia e sociedade civil. O estabelecimento

formal do Comitê é importante, pois consolida iniciativas de mitigação no âmbito da cidade,

esclarece acordos institucionais para mitigação da mudança climática e cria um fórum

intersetorial onde a implementação da agenda da mudança climática na cidade pode ser

discutida. Portanto, com a lei de mudança climática, o município abordou a necessidade de

esclarecer acordos institucionais sobre mudança climática e consolidou um plano estratégico

para medidas de mitigação que é mais focado, pode ser monitorado, é responsável e tem mais

probabilidade de obter reduções substanciais nas emissões de gases de efeito estufa, além de

cumprir prioridades locais de crescimento verde.

97. Essa operação irá avançar substancialmente a agenda verde de BH apoiando a

definição de um plano de mitigação que indica a maneira em que as políticas definidas

na lei de mudança climática devem ser implementadas. A PBH irá preparar e lançar um

processo para identificar todas as áreas e questões vulneráveis à mudança climática. Como

parte desse processo, o governo criará acordos institucionais para realizar essa avaliação e

fará um novo inventários de emissões (que poderá envolver um modelo baseado no consumo

além de uma abordagem baseada na produção). A PBH também vai lançar um plano de ação

municipal para abordar a mudança climática, incluindo medidas de adaptação e mitigação.

Esse processo envolve a definição de passos, marcos e mecanismos de coordenação que

possibilitarão a consecução das metas determinadas pela lei. Em termos gerais, envolve uma

clara definição das condições de base atualizando o inventário de 2007 e levando em conta

todas as ações de mitigação em andamento, estimando reduções nas emissões resultantes de

potenciais ações de mitigação, estabelecendo um sistema de monitoramento das reduções nas

emissões, estabelecendo mecanismos de coordenação e fornecendo “feedback”. Desde que a

ação prévia foi executada, a PBH concluiu seu segundo inventário municipal de emissões em

setembro de 2012 e apresentará seu plano multissetorial de redução de gases de efeito estufa

até maio de 2013. Várias ações adicionais foram realizadas para avançar essa agenda,

incluindo a implementação da Avaliação Rápida de Energia da Cidade (TRACE), que foi

apresentada no Congresso Mundial de Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI)

organizado por Belo Horizonte em junho de 2012. O fortalecimento do marco jurídico e

institucional para mitigação da mudança climática e promoção de políticas de crescimento

sustentável são ações prévias do DPL.

2.B. Adaptação

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Contexto e Desafios

98. A preparação para a mudança climática e maior variabilidade hídrica é um

componente crucial de qualquer plano de ação da cidade relativo à mudança climática. Um plano de ação pode ajudar uma comunidade a se tornar mais resiliente aos efeitos da

mudança climática. Conforme explicado pelo Conselho Internacional para Iniciativas

Ambientais Locais (ICLEI), “resiliência é a capacidade de uma comunidade de responder

criativamente, preventivamente, e proativamente a mudanças ou eventos extremos, mitigando

assim a crise ou desastre.” Alguns dos impactos mais sérios estão relacionados à água, como a

inundação de infraestrutura crítica e secas prolongadas. Felizmente, a criação de modelos

reduzidos cada vez mais precisos está ajudando as cidades a entender melhor suas

vulnerabilidades e as maneiras de se preparar para a mudança.

99. Belo Horizonte está adotando estratégias de crescimento inteligente para se

adaptar à mudança climática. Embora já seja uma cidade compacta devido ao território

limitado, Belo Horizonte está aumentando a área terrestre a ser preservada, seja estabelecendo

novas áreas protegidas ou restringindo a construção em locais mais sensíveis. Além disso, está

ajudando comunidades a se preparar para eventos climáticos extremos e lidar com desastres

naturais. Algumas das estratégias que a cidade está seguindo estão de acordo com as melhores

práticas internacionais, inclusive as seguintes medidas: (i) dar ampla oportunidade para

participação de atores locais; (ii) desencorajar a construção em áreas propensas a enchentes;

(iii) buscar soluções não estruturais e explorar características protetoras naturais para abordar

problemas como as enchentes; (iv) melhorar os sistemas de águas pluviais para administrar

melhor os fluxos mais fortes das tempestades; (v) preservar áreas grandes contíguas de espaço

aberto para melhor proteger os ecossistemas que podem estar sob pressão da mudança

climática; (vi) encorajar construções e uso do solo eficientes em função da água e energia.

100. Algumas das medidas foram introduzidas pela Lei do Plano Diretor Urbano (que

foi revisada em 2010). Assim, o município pode utilizar instrumentos modernos de gestão

urbana (como a transferência de direitos de desenvolvimento) para proteger e preservar áreas

ambientalmente sensíveis. A lei resultou num aumento no uso de aquecimento solar, a

reutilização de água da chuva e águas residuais tratadas, a recuperação de áreas degradadas e

o aumento na área mínima permeável de lotes, entre outros.

101. Contudo, Belo Horizonte ainda precisa considerar outras medidas, como a

melhora da coordenação sobre uso do solo e o planejamento da infraestrutura do

transporte e a tomada de decisões e incorporação de projeções de mudança climática

nessas decisões. A cidade também pode se beneficiar da introdução de outras melhores

práticas na gestão urbana sustentável, como a infraestrutura verde para reduzir a quantidade

de escoamento de superfícies pavimentadas. Embora BH tenha uma historia positiva com

respeito ao planejamento local, a cidade ainda precisa melhorar a implementação eficaz de

leis e planos como forma de mitigação e adaptação à mudança climática.

102. Belo Horizonte também precisa melhorar sua coordenação com o Estado de

Minas Gerais para avaliar as vulnerabilidades hídricas à mudança climática, inclusive a

disponibilidade futura de água, precipitação, secas, padrões de escoamento e riscos de

enchente. Isso envolve o seguinte: (i) avaliar vulnerabilidades no abastecimento de água e se

preparar para mudanças nos recursos hídricos disponíveis; (ii) explorar opções legais criativas

para abordar problemas como as enchentes; (iii) priorizar o desenvolvimento de energia limpa

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e eficiente; (iv) pensar sobre a vulnerabilidade à mudança climática em termos de preparação

para emergências e planejamento da gestão de riscos; (v) criar fontes dedicadas de

financiamento para preparação para a mudança climática; (vi) buscar parcerias regionais para

pesquisa e planejamento da mudança climática; e (vii) aproveitar os recursos existentes,

incluindo da Conferência de Governos Locais pela Sustentabilidade, realizada em BH em

2012.

103. O município está adotando um enfoque mais proativo para reduzir riscos, mas,

apesar de alguns avanços, precisa aumentar seu foco na criação de uma iniciativa ampla

e abrangente que englobe gestão de riscos, adaptação e esforços de gestão de

emergências. A adaptação e a gestão do risco de desastres abrangem uma ampla gama de

abordagens para reduzir os riscos de extremos climáticos e desastres e para administrar os

riscos remanescentes conforme eles mudam com o tempo. Essas abordagens são

complementares e muitas vezes se sobrepõem e podem ser adotadas simultaneamente.

Embora tenha havido progresso na identificação e mitigação de riscos naturais, o município

carece de leis, programas e planos para um enfoque mais sistemático à redução dos riscos de

desastres. É preciso combinar as forças e recursos de Belo Horizonte para se preparar e

executar ações para reduzir impactos adversos e moderar os danos ou explorar os benefícios

de uma melhor coordenação.

104. Um dos principais desafios que Belo Horizonte enfrenta é o de melhorar a

coordenação institucional entre os diferentes grupos que trabalham na redução dos

riscos de desastres, adaptação à mudança climática e gestão de emergências. Embora o

governo municipal tenha criado um grupo coordenador para administrar áreas em risco e um

comitê municipal para abordar a mudança climática, eles não coordenam ou regulam

claramente as responsabilidades específicas das várias entidades do governo local, nem

asseguram que existe capacidade suficiente no nível municipal para administrar de forma

eficiente os riscos de desastres.

105. O município reconheceu a necessidade de centralizar as informações e melhorar

a coordenação para alertas e está desenvolvendo protocolos para coordenar esforços de

resposta a desastres. A coleta de dados de hidrometeorologia e os esforços de mapeamento e

mitigação da vulnerabilidade são implementados independentemente sem coordenação

central. Além disso, os impactos de desastres anteriores geralmente não são levados em conta

e suas perdas econômicas não são avaliadas adequadamente. O município depende da URBEL

para enfocar o risco de deslizamentos, a SUDECAP e a DRENURBS para risco de enchentes

e a Defesa Civil para resposta e recuperação de desastres. Atualmente, a Defesa Civil dirige

operações de alívio e recuperação sem insumo ou apoio de agentes importantes envolvidos na

avaliação de riscos naturais.

Programa do Governo Apoiado pela Operação

106. O Governo de Belo Horizonte precisa abordar os desafios de se adaptar à

mudança climática, incluindo a falta de coordenação entre agências que lidam com GRD

e a falta de um sistema de alerta precoce. O governo está desenvolvendo um plano

estratégico (chamado Plano Diretor da Defesa Civil) que define o quadro institucional para

gestão do risco de desastres. Esse plano servirá de base para um enfoque abrangente da gestão

do risco de desastres e incluirá estratégias, políticas e medidas para melhorar o entendimento

do risco de desastres, fomentar a redução e a transferência do risco de desastres e promover

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melhorias contínuas na preparação para desastres, resposta e práticas de recuperação. O

propósito explícito desses esforços é aumentar a segurança dos moradores, seu bem-estar e

qualidade de vida e promover o desenvolvimento sustentável.

107. O município de Belo Horizonte está desenvolvendo e implementando um

conjunto de protocolos que irão reger um sistema integrado de alerta precoce para

monitorar a precipitação atmosférica e níveis de água e alertar importantes atores e

comunidades afetadas. O Grupo Executivo de Áreas de Risco está estabelecendo protocolos

de emergência e melhorando a capacidade de gerar e disseminar informação oportuna e

significativa para as comunidades ameaçadas por enchentes ou deslizamentos para que

possam se preparar e agir apropriadamente de forma oportuna para reduzir a probabilidade de

dano ou perda. Esse esforço será liderado pela Defesa Civil e incluirá atores estratégicos

(URBEL, DRENURBS, SUDECAP, NEPE-SAN e a Secretaria Municipal de Obras e

Infraestrutura). As principais atividades incluirão: (i) operação da base de dados hidrológica;

(ii) monitoramento em tempo real das estações de controle de precipitação atmosférica e nível

da água; (iii) análises de consistência de dados e transferência para o Centro de Informação e

Alerta de Chuvas (CIAC); (iv) definição do nível crítico de água para cada curso (valor

limite); (v) geração de um relatório de cada evento de inundação; (vi) manutenção da rede de

monitoramento; (vii) a calibração de modelos; (viii) atualização dos mapas de enchentes; (ix)

trabalho com grupos comunitários de alerta sobre chuvas (NACs) para estabelecer ações

comunitárias e voluntárias, trocar informação e fornecer alerta e resposta a desastres; e (x)

monitoramento de riscos e gestão do sistema de alerta. Após o estabelecimento dos

protocolos, um centro de operações para alerta e emergência será montado para implementá-

los. Desde que ação prévia foi empreendida, no âmbito de uma estratégia global setorial

foram preparados planos anuais de contingência. Aprovado em julho de 2012, o atual Plano

de Contingência está em vigor e o Plano de Contingência de 2013 está sendo preparado e será

aprovado em julho de 2013. O estabelecimento de uma estratégia de gestão de desastres

(Plano Diretor da Defesa Civil) e de um sistema de monitoramento e alerta para grandes

eventos de precipitação atmosférica em áreas críticas de seus território é uma ação prévia do

DPL.

Área de Política 3: Habilitar uma governança urbana socialmente sustentável

108. Objetivos das Políticas do Governo: O objetivo do governo é assegurar que o futuro

desenvolvimento urbano sustentável seja acompanhado de mecanismos de governança

confiáveis com base em enfoques participativos, gestão baseada em resultados e gestão fiscal

sólida. Especificamente, as áreas prioritárias onde as ações precisam alcançar os objetivos

incluem planejamento urbano e gestão do setor público, assim como sustentabilidade fiscal no

longo prazo.

3.A. Governança Urbana: Gestão baseada em resultados e enfoque participativo

Contexto e Desafios da Governança Urbana.

109. A cidade de Belo Horizonte liderou inovações na formulação de políticas locais e

no desenvolvimento institucional com base em mecanismos participativos. Esse processo

enfatiza fortemente a necessidade de descentralizar a formulação de políticas públicas, assim

como a gestão de serviços públicos, e a gestão de recursos em geral. Para promover a maior

participação de cidadãos na tomada de decisões local, o governo formulou e avaliou políticas

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locais, estabeleceu prioridades de investimento e avaliou a qualidade dos serviços públicos. O

desenvolvimento desse quadro institucional inovador é atualmente visto como uma forma de

endossar o surgimento de um novo tipo de envolvimento do cidadão através de: (i)

envolvimento público no processo de tomada de decisões, resultando no desenvolvimento de

responsabilidade compartilhada na formulação e implementação de politicas; (ii) aumento da

transparência no processo de tomada de decisões, principalmente com relação ao

estabelecimento de prioridades de investimento; (iii) fomento do comportamento ético na

política, resultando na redução da corrupção e privilégios; e (iv) promoção do controle social

sobre o desenvolvimento de políticas públicas, entre outros.

110. Apesar desses esforços, a criação de um quadro institucional participativo

eficiente encontrou desafios, incluindo o estabelecimento e implementação de uma visão

de longo prazo para a cidade e a manutenção do envolvimento dos cidadãos na

formulação de políticas. Esses esforços não só exigem uma previsão estratégica dos pontos

fortes e fracos da economia e das instituições do município, mas também a capacidade de

monitorar o progresso e manter um diálogo aberto e transparente com a população.

Adicionalmente, do ponto de vista da administração da PBH, os mecanismos relativos à

preparação participativa do orçamento parecem ter chegado a um patamar em termos de sua

capacidade de envolver as pessoas. O esforço para montar um Orçamento Participativo

Digital (OPD) para atingir moradores de classe média não rendeu os resultados esperados.

111. Apesar do enfoque de inclusão bastante progressista e do fato de que o impacto

de processos participativos é tangível e amplamente disseminado pela cidade, a

participação no decorrer do tempo oscilou, sem uma clara melhora na qualidade da

participação. Além disso, os processos participativos contaram com líderes comunitários

estabelecidos que, com o passar dos anos, passaram a dominar o próprio processo, correndo o

risco de se tornarem politizados e de perderem sua capacidade de representar suas

comunidades de forma adequada (principalmente mulheres e jovens). Assim, um desafio

importante é a ampliação do conjunto de líderes e representantes comunitários acima e além

das estruturas de liderança bem estabelecidas que se tornaram consolidadas com os anos.

Finalmente, um desafio da gestão compartilhada é o horizonte de tempo que ela prevê.

Durante os anos de preparação do orçamento participativo, moradores de comunidades de

baixa renda tendem a enfatizar e buscar respostas a necessidades imediatas, às vezes em

detrimento de um processo de planejamento mais estratégico no médio e longo prazo que

poderia eficazmente eliminar algumas das causas fundamentais da pobreza e da

vulnerabilidade em suas localidades.

Programa do Governo Apoiado pela Operação

112. Belo Horizonte elaborou uma estratégia e programa de longo prazo para

complementar o quadro de gestão baseada em resultados no curto e médio prazo a fim

de abordar questões de sustentabilidade relacionadas ao desenvolvimento e crescimento

urbano. Em 2011 e 2012, BH se envolveu em um exercício complexo para definir possíveis

cenários de desenvolvimento urbano e econômico para a cidade durante os próximos 20 anos,

levando em conta o contexto metropolitano, pressões atuais e esperadas e variáveis endógenas

e exógenas. O propósito desse esforço foi descobrir o cenário econômico mais provável para

Belo Horizonte e identificar questões e desafios futuros. O exercício também forneceu um

diagnóstico empírico das principais áreas de ação para fomentar potenciais estratégias de

crescimento para a cidade. Cada iteração desse exercício foi acompanhada de consultas

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públicas. O resultado foi o desenvolvimento de uma visão de longo prazo para BH até 2030

que envolve 20 áreas essenciais com ações em seis objetivos estratégicos e 40 indicadores

para monitorar o impacto das políticas. A visão é baseada em planos sequenciais de quatro

anos, sendo o primeiro o programa Metas e Resultados 2009-2012 de BH. A PBH

desenvolveu um sistema terciário de objetivos dirigidos por um cronograma que define

especificamente objetivos para o curto prazo (2009-2012), médio prazo (2015) e longo prazo

(2030). Também foi criada uma secretaria para monitorar permanentemente o enfoque da

gestão baseada em resultados. Desde que ação prévia foi executada, a primeira fase do BH

Metas e Resultados atingiu suas metas estabelecidas para 2012 com o fim da última

Administração. A nova Administração decidiu continuar o programa e está preparando novos

objetivos para os próximos quatros anos do ciclo administrativo. A promoção do

desenvolvimento sustentável a longo prazo da cidade estabelecendo um modelo de gestão

baseada em resultados para a governança de longo prazo é uma ação prévia do DPL.

113. A fim de ampliar o alcance do processo decisório participativo, Belo Horizonte

está indo além do processo da preparação participativa de orçamentos (alocação de

recursos) e adotando o planejamento participativo. Essa iniciativa, liderada pela Secretaria

Municipal Adjunta de Gestão Compartilhada, e visa gerar uma visão compartilhada para o

desenvolvimento de Belo Horizonte, indo além da identificação de intervenções específicas e

ad hoc, para adotar intervenções mais estratégicas que definirão o curso do desenvolvimento

para a cidade. Além disso, essa intervenção irá fomentar um sentido mais forte de demanda e

responsabilidade pelos bens e serviços públicos por parte dos cidadãos para abordar questões

como o absenteísmo e vandalismo que continuavam sem solução. A iniciativa dividiu a

cidade em 40 subzonas (territórios), identificou novos líderes e representantes para cada zona

e está desenvolvendo um processo para criar um plano participativo. Esses 40 territórios estão

agrupados em 9 regiões com perfis sociais e econômicos semelhantes numa tentativa de

identificar áreas homogêneas e facilitar o processo de planejamento. A Gestão Compartilhada

foi lançada em junho de 2011 através de nove reuniões regionais. Essas reuniões foram feitas

para gerar conscientização acerca da metodologia utilizada para implementar o processo em

cada uma das 40 subzonas, a preparação de propostas de projetos e assistência técnica

oferecida pelas autoridades municipais para a conclusão das intervenções propostas.

114. A participação ativa de mulheres, jovens, funcionários do setor privado,

funcionários de escolas, trabalhadores da saúde e líderes religiosos é um elemento

específico da Gestão Compartilhada. Os resultados gerais foram anunciados a um Fórum da

Cidade no final do processo e os resultados acordados farão parte do Orçamento Participativo

para o biênio seguinte. Embora os processos tradicionais de OP tenham estabelecido tetos

orçamentários para intervenções lideradas pela comunidade, a Gestão Compartilhada não terá

esses limites. Essa decisão constitui uma tentativa de ir além da realização de projetos ad hoc

no nível micro e fornecer um espaço para intervenções transformadoras de maior escala para a

comunidade beneficiária. Em geral, o objetivo da Gestão Compartilhada é estabelecer um

contexto mais amplo para o planejamento participativo em termos de desenvolvimento urbano

e social. Nesse contexto, o OP tradicional se tornará um dos principais instrumentos de

implementação da estratégia formulada pelas comunidades em conjunto com autoridades

municipais. A implementação da Secretaria Municipal Adjunta de Gestão Compartilhada é

uma tentativa de renovar os fóruns participativos no município ampliando a transparência e a

responsabilidade de todos os conselhos setoriais de políticas, instituindo o planejamento

participativo de longo prazo e tentando envolver os cidadãos. Os esforços do Planejamento

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Participativo resultaram em 2.500 propostas dos territórios no ciclo participativo que termina

em junho de 2012. A PBH instituiu um grupo de trabalho para avaliar as propostas de

inclusão no orçamento de 2013. O fortalecimento da governança urbana através da ampliação

de mecanismos participativos para a execução do orçamento é uma ação prévia do DPL.

115. Adicionalmente, BH está liderando uma iniciativa complementar para envolver

os jovens. Por meio do programa OP Criança e Adolescência, o município espera formar uma

cidadania mais comprometida nas gerações mais jovens através do uso de sites da rede social

e outras ferramentas. Esse programa envolve alunos do ensino primário e secundário no

estabelecimento de uma visão para BH e no fomento de um sentido de responsabilidade

compartilhada pela gestão de bens públicos nos cidadãos de amanhã.

3.B. Reformas fiscais de longo prazo

Contexto e Desafios

116. O orçamento de Belo Horizonte está sofrendo crescentes pressões para aumentar

o gasto em saúde, proteção social e moradia, assim como investimentos em transporte

urbano. Esses desafios devem ser enfrentados dentro das restrições orçamentárias. A gestão

fiscal prudente é uma condição sine qua non para qualquer plano de longo prazo para

melhorar o bem-estar conforme indicado no Plano BH 2030. Em geral, BH tem uma gestão

fiscal prudente. O governo está melhorando gradualmente seus processos e capacidade de

gestão orçamentária e financeira. Da parte do orçamento, instituiu tetos claros para propostas

de orçamento setoriais. Além disso, em 2011 todas as secretarias foram solicitadas a reduzir a

taxa de crescimento de gastos recorrentes a um ponto percentual abaixo da taxa de inflação, a

fim de disponibilizar recursos para investimento. Do lado da receita, o governo adotou várias

medidas para melhorar a eficiência da administração tributária e cobrir o déficit da receita.

117. Embora seja importante abordar os obstáculos à sustentabilidade fiscal no curto

prazo, enfrentar os desafios de longo prazo é crucial para o sucesso do plano BH 2030. Um desses riscos é o sistema de aposentadoria de funcionários públicos, financiado pelo

município. Existem hoje 29.418 funcionários públicos ativos, 9.892 aposentados e 2.995

pensionistas em BH. O atual desequilíbrio surgiu de regras antigas de benefícios generosos e

pequenas taxas e períodos de contribuição. Esses problemas foram abordados pela

implementação de novas regras relacionadas a taxas de contribuição, cálculo de períodos e

benefícios por emendas à Constituição Federal, que também se aplicam ao município. Estudos

atuariais mostram que um novo fundo que funcionasse somente de acordo com as novas

regras seria financeiramente sustentável. Atualmente, por causa do legado dos funcionários

públicos mais antigos, o déficit atuarial está em R$ 6,8 bilhões, enquanto o déficit atual

previsto para 2011 é de R$ 16 milhões.

Programa do Governo Apoiado pela Operação

118. O município está abordando um risco fiscal de longo prazo importante através da

reforma do plano de aposentadoria dos funcionários públicos. O Banco está apoiando a

reforma do sistema de pensões e aposentadoria dos funcionários públicos. A ação prévia é a

lei municipal 10362/2012, aprovada em 29 de dezembro de 2011. O principal elemento da

reforma é a segregação dos beneficiários em dois fundos. O novo fundo (BHPREV, Belo

Horizonte Previdência) recebe as contribuições de funcionários públicos que ingressaram no

serviço público após a aprovação da lei. O BHPREV acumula recursos, preparando a

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transição de um sistema de reparto para um sistema totalmente financiado. Os funcionários

públicos atuais e aposentados que gozam de mais regras benéficas são pagos pelo fundo

financeiro (FUFIN), cujo déficit é sustentado pelo Tesouro municipal. Como corolário, a PBH

contribuirá com mais dinheiro durante um período transitório. Por outro lado, novos

funcionários cujas regras de aposentadoria são mais equilibradas de forma atuarial contribuem

para um fundo de capitalização que só paga os benefícios para funcionários públicos

recentemente contratados. Assim, esse fundo acumula recursos por quase 35 anos antes de

começar a fazer pagamentos. Após o término do período de transição mencionado

anteriormente, o sistema de aposentadoria e pensões dos funcionários públicos será

equilibrado e autossustentável. Desde que ação prévia foi executada, os novos funcionários

públicos já começaram a contribuir para o fundo de capitalização BHPREV. A melhora da

sustentabilidade fiscal no longo prazo através da reforma do sistema de aposentadoria dos

funcionários públicos é uma ação prévia para o DPL.

VI. IMPLEMENTAÇÃO DA OPERAÇÃO

A. POBREZA E IMPACTOS SOCIAIS

119. As reformas de políticas apoiadas por essa operação abordam importantes

questões e necessidades relacionadas à segregação social e espacial histórica. Assim,

espera-se que tenham impactos sociais e econômicos positivos importantes sobre a

população mais vulnerável, em particular os pobres que vivem em moradias precárias e

assentamentos informais e em risco (vilas e favelas). Durante a fase de preparação do projeto,

o Banco realizou uma análise da pobreza e do impacto social para explorar os impactos

sociais desagregados sobre diferentes grupos.21

120. Essas políticas e reformas abordam as principais vulnerabilidades sociais de Belo

Horizonte, que estão ligadas ao acesso a serviços, terra e oportunidades econômicas,

desigualdade social e espacial, urbanização densa e assentamento em áreas

ambientalmente sensíveis e em risco. Houve uma forte queda nos índices de pobreza em

Belo Horizonte nas duas últimas décadas. Dados do censo de 2010 mostram que somente

5,4% da população da cidade vive abaixo da linha de pobreza, em comparação com 18,9% em

1991 e 14,2% em 2000. Somente 1,3% da população da cidade vive abaixo da linha de

pobreza extrema.22

Contudo, o retrato da pobreza é bem diferente quando se observa cada

21

Essa análise utilizou dados secundários e contou com dados primários coletados através de entrevistas

individuais e reuniões de grupos focais com importantes partes interessadas. A análise se concentra nas partes

interessadas e riscos. Uma de suas metas foi avaliar os efeitos distribucionais das políticas apoiadas pela

operação. A análise estudou também os potenciais riscos que as políticas podem impor sobre os grupos sociais

mais vulneráveis, identificando possíveis fontes de crítica social e resistência à implementação de politicas e os

riscos que estes apresentam para sua eficácia. Finalmente, o relatório avaliou os efeitos positivos e negativos que

as políticas podem ter sobre os pobres. Esse processo consultivo incluiu reuniões com as seguintes pessoas: (i)

moradores de vilas e favelas; (ii) líderes de associações comunitárias que participam dos COMFORÇA (os

comitês regionais que supervisam a implementação de obras selecionadas pelos processos de OP); (iii)

movimentos sociais relacionados a questões de moradia e participantes do programa do OPH; (iv) pessoas

afetadas por intervenções de melhoria urbana e moradia (Vila Viva) e o programa de reassentamento

involuntário (PROAS); (v) líderes comunitários de bairros que recebem serviços do Programa Cidadania de BH;

(vi) sindicatos de funcionários públicos e associações de classe; (vii) uma ONG ativa nas vilas e favelas; (viii)

estudiosos que pesquisaram a melhoria urbana e habitacional, a participação popular e a organização cívica. 22

Ministério do Desenvolvimento Social, Panorama Municipal: Belo Horizonte, disponível em

http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/simulacao/layout/teste/miv_novo.php. Quase 183 mil famílias estão inscritas

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uma das nove regiões administrativas nas quais a cidade é organizada. A taxa de pobreza

variou entre 9,1% e 18,9% em 2000 dependendo da região. Existem mais de 200

assentamentos informais e precários (vilas e favelas) em Belo Horizonte, compreendendo

quase 130.000 famílias (15,3% de todas as famílias), que muitas vezes vivem em áreas

íngremes ou beiras de rios propensos a desastres naturais (deslizamentos e enchentes).23

A

pobreza atinge de forma pior as famílias chefiadas por mulheres solteiras ou casais jovens

com filhos, afrodescendentes e pessoas com níveis mais baixos de educação formal. Essas

famílias estão super-representadas entre os moradores de vilas e favelas, entre os que vivem

em condições precárias de moradia e entre os que vivem em áreas de risco. Historicamente, os

serviços sociais fornecidos pelo município não alcançavam as famílias mais vulneráveis, que

também não conseguiam participar dos processos decisórios da cidade.

121. Na cidade de Belo Horizonte, essas grandes restrições à inclusão social e alívio da

pobreza foram recentemente abordadas por meio de um enfoque holístico dos

problemas relacionados a melhoria urbana e habitacional, desenvolvimento social e

governança participativa. Os fundamentos desse enfoque são o mecanismo de

financiamento do Orçamento Participativo (OP), a ferramenta de planejamento desenvolvida

pela Companhia de Urbanização de BH (URBEL) para implementar programas de melhoria

urbana e habitacional (Plano Local Abrangente, PGE) e o programa de assistência social (BH

Cidadania) implementado na maioria das áreas carentes da cidade. A análise das partes

interessadas mostrou um alto nível de consenso acerca dos efeitos positivos que essas

ferramentas tiveram na prestação de serviços públicos e na qualidade de vida em áreas da

cidade anteriormente negligenciadas. As melhores condições urbanas e de moradia tiveram

um impacto positivo sobre os ativos dos pobres. O melhor acesso à educação, serviços de

saúde e assistência social teve um impacto positivo sobre o capital humano e a expectativa de

vida. A melhor participação na tomada de decisões e o compartilhamento da autoridade e

responsabilidade teve um impacto positivo sobre a cidadania e laços comunitários,

melhorando a dignidade da vida das pessoas. Finalmente, a combinação de todas essas

melhoras teve um impacto positivo sobre sentimentos de autovalorização, respeito e

autoestima.

122. Uma questão importante relacionada à governança urbana e políticas de

desenvolvimento integrado se refere à representatividade dos vários grupos que

participam do de formulação de políticas. A análise das partes interessadas mostrou

também que os processos do Orçamento Participativo são bastante prezados pela maioria dos

representantes de bairros pobres e vulneráveis, pois tornaram as vilas e favelas “visíveis” às

autoridades públicas, deram voz à sua população mais desprovida e forneceram fundos

públicos para atender suas necessidades prioritárias. Apesar de todos os ganhos associados

com o OP, essa estratégia de governança pública está enfrentando cada vez mais críticas: (i)

recursos municipais escassos alocados para obras do OP e o consequente ritmo lento e caráter

fragmentado de suas intervenções; (ii) a captura de áreas participativas por elites políticas

tradicionais; (iii) a influência esmagadora que as coalizões de líderes comunitários têm sobre

no “Cadastro Único”, enquanto cerca de 73 mil se beneficiam do Programa Bolsa Família. Alcançando 5,3%, o

desemprego em Belo Horizonte é o mais baixo entre as regiões metropolitanas brasileiras (Fundação João

Pinheiro/Seade-Dieese: Pesquisa de Emprego e Desemprego, 2012.

http://www.seade.gov.br/produtos/ped/metropolitana/mensal/pdf/info_slides.pdf). 23

O déficit de moradia em BH é de 8%. Cerca de 5% desse déficit é devido a moradias precárias, 41% a

coabitação, 47% à demanda excessiva e 7% à aglomeração (Fundação João Pinheiro, 2007).

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os processos decisórios, dificultando a inclusão de bairros que não fazem parte dessas

estruturas de liderança; (iv) o ritmo lento da rotatividade dos representantes comunitários

envolvidos nos processos; (v) a exclusão dos grupos mais vulneráveis do processo, pois

carecem do tempo e dos meios necessários para participar. Consequentemente, a confiança no

mecanismo participativo vem diminuindo e alguns consideram que, embora durante os

estágios anteriores o OP tenha respondido a necessidades comunitárias prioritárias e

promovido conscientização cívica entre os pobres da cidade, agora se arrisca a responder

principalmente a influências políticas e ao clientelismo. Alguns declararam também que a

participação caiu. De fato, no ciclo de 2009/2010, a participação no OP atingiu seu maior

número, reunindo quase 41 mil pessoas. Contudo, no ciclo seguinte este número caiu para

menos de 26 mil pessoas. As reformas de políticas apoiadas por essa operação mudaram as

regras de alocação do orçamento entre as regiões da cidade, favorecendo áreas com menor

acesso a serviços públicos.24

Elas também estão identificando e envolvendo novos líderes nas

comunidades que estão evoluindo, além de atrair e envolver os jovens e a classe média por

meio da ampliação do foco em reuniões participativas para incluir planejamento e questões

orçamentárias. Assim, as questões expressadas pela maioria das partes interessadas serão

respondidas e as conquistas feitas pelos segmentos mais pobres da população em termos de

participação comunitária pública e o envolvimento cívico nos processos participativos serão

renovadas, consolidadas e ampliadas.

123. A operação apoia a regularização fundiária, políticas de melhoria urbana e

habitacional, que abordam diretamente várias questões levantadas por representantes

de movimentos sociais e ONGs, bem como comunidades e famílias diretamente afetadas

pelo reassentamento involuntário e aqueles que participam de programas urbanos e

habitacionais. Essas políticas incluem a consolidação de um enfoque holístico de atividades

sociais pré e pós-reassentamento, a implementação de um plano integrado para prevenir

invasões ou recuperar aquelas que já foram tomadas e medidas adicionais para prevenir

desastres relacionados a enchentes e deslizamentos. Espera-se que essas políticas rendam

benefícios para a população pobre que vive em assentamentos informais e precários, em

moradias precárias e em áreas de risco. A URBEL (agência responsável pela política

municipal de habitação), o programa de melhora da favela (Vila Viva) e os programas de

reassentamento involuntário (PROAS e PEAR) possuem ampla experiência em melhoria

urbana e habitacional, bem como com o reassentamento involuntário. Seus esforços contam

com a participação de famílias afetadas em todas as fases das intervenções e enfoques

intensos de apoio social às famílias antes e depois do remanejamento (Programa Pré e Pós-

Morar). A reputação positiva da URBEL foi ressaltada durante a consulta e a maioria das

partes interessadas enfatizou os resultados obtidos em termos de reassentamento in situ e

reduções no número de famílias que vivem em áreas de risco. Representantes de comunidades

pobres e pessoas afetadas por essas políticas indicaram uma ampla gama de impactos

positivos resultantes da vida em melhores casas, em áreas livres de enchentes e deslizamentos

e em bairros mais seguros. Esses ganhos se refletem em melhores condições de saúde e

saneamento, maior valor de seus ativos e um sentido de liberdade pessoal. Melhoras na

autoestima e na privacidade também foram assinaladas. Mas o argumento mais persuasivo a

favor dessas políticas tem a ver com o sentimento de serem mais respeitadas como pessoas,

assim como sua crença de que as crianças agora estão melhor protegidas e podem vislumbrar

uma vida melhor. Esse novo sentido de dignidade se reflete na esperança renovada com

24

Prefeitura de Belo Horizonte, Orçamento Participativo 2013/2014: Metodologia e Diretrizes,

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relação à capacidade de vencer na vida. Esses ganhos psicológicos e emocionais se refletem

na intenção de permanecer em suas comunidades.

124. A capacidade de alcançar os mais vulneráveis através de projetos-piloto

selecionados também é uma importante questão social abordada pelas políticas apoiadas

por esta operação. A maioria das partes interessadas entrevistadas durante o estágio de

preparação aprovou veementemente as políticas municipais de serviços sociais, enfatizando os

ganhos que a cidade teve ao coordenar serviços públicos no nível comunitário, assim como as

novas atividades e oportunidades oferecidas a crianças e jovens vulneráveis, e esforços para

prevenir a violência e a criminalidade. Foram feitas críticas em termos de escassez de recursos

e esforços fracos de mobilização e participação comunitária, assim como para beneficiar os

que mais precisam de assistência. O município está bastante ciente deste último problema. As

famílias mais vulneráveis sempre “ficaram de fora” da rede de serviços sociais. São famílias

caracterizadas por taxas mais altas do que a média de gravidez adolescente e nascimentos

prematuros; desnutrição, doenças crônicas e mortalidade infantil; não respeito aos direitos das

crianças (incluindo negligência e violência contra crianças), crianças fora da escola e trabalho

infantil; dependência de drogas pelo menos em um dos membros da família, más condições de

moradia e alta dependência de transferências de renda do governo como principal fonte de

renda e subsistência; baixos níveis de educação formal das mães e grande número de pessoas

idosas. Esses fatores produzem uma situação de pobreza geracional que se autoperpetua e

piora a cada geração. Em geral, essas famílias permanecem despercebidas, desconhecidas e

abandonadas. As políticas apoiadas por essa operação abordarão esses problemas através do

programa Família Cidadã, Cidade Solidária, que testa uma metodologia de inclusão social. O

programa piloto irá preparar e implementar ao menos 750 Planos de Ação Familiar (PAFs)

para famílias vulneráveis em todos os 33 bairros que recebem serviços do BH Cidadania.

Cada PAF identifica as vulnerabilidades de cada membro da família, elabora as ações de

mitigação (em educação, saúde e assistência social, treinamento e obtenção de emprego,

melhoria da moradia, etc.) necessárias para superar essas vulnerabilidades e estabelece

objetivos e prazos para alcançá-los. O monitoramento e a avaliação dos resultados serão

executados para decidir se esse programa-piloto será ampliado para se tornar a estratégia de

erradicação da pobreza extrema. Espera-se que as famílias extremamente pobres tenham

ganhos importantes com relação a seu acesso a serviços públicos, formação de capital

humano, novas oportunidades de emprego e ampliação dos ativos familiares.

125. Aspectos de gênero também são abordados pelas reformas apoiadas por esta

operação. Elas reforçam políticas municipais de assistência social e melhoria urbana e

habitacional que abordam as restrições para superar a discriminação e desigualdade de gênero,

assim como situações de violência doméstica e de gênero.25

Em BH, assim como em qualquer

outro lugar do Brasil, as desigualdades sociais estão mais estreitamente relacionadas a

tendências de gênero e a pobreza atinge mais as famílias chefiadas por mães solteiras.

Famílias chefiadas por mulheres solteiras, famílias chefiadas por jovens e famílias com

grande quantidade de filhos são super-representadas entre as pessoas mais vulneráveis e

aquelas que vivem em vilas e favelas, assim como em áreas de risco.26

Os programas de

melhoria urbana e habitacional incluem atividades de treinamento e de qualificação para o

25

A cidade de Belo Horizonte conta com uma Coordenadoria Municipal e um Conselho Municipal dos Direitos

da Mulher e desenvolve programas e serviços relacionados com ação afirmativa, inclusão social e produtiva,

orientação e proteção de mulheres em situação de violência doméstica e de gênero. 26

Fonte: CEDEPLAR. 2004.

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emprego. Eles também dão prioridade às mulheres e disponibilizaram novas oportunidades de

renda.27

Além disso, em programas de reassentamento, regularização fundiária, melhoria

urbana e habitacional, os títulos de propriedade são conferidos em nome do marido e da

esposa. As unidades municipais de educação infantil (UMEIs) incluídas como uma ação

principal na política do BH Cidadania removem uma grande restrição à entrada e à

participação da mulher no mercado de trabalho e sua independência econômica28

. O reforço

do programa Família Cidadã, Cidade Solidária vai beneficiar particularmente famílias

chefiadas por mulheres solteiras, melhorando seu acesso aos serviços públicos. Uma das

metas do programa é reduzir a incidência de doenças decorrentes de saúde debilitada durante

a gravidez, reduzir a gravidez prematura e de risco e aumentar a educação formal entre

mulheres, adolescentes e crianças. Espera-se que esses esforços tenham um impacto positivo

na superação do ciclo perverso de pobreza que dificulta as perspectivas das crianças e

mulheres em famílias chefiadas por mães solteiras.

126. Finalmente, consultas iniciais levantaram algumas questões acerca da política de

reforma do sistema de aposentadoria dos funcionários públicos do município, que foi

vista inicialmente como prejudicial a seus interesses e foi repudiada por sindicatos e

associações de trabalhadores.29

Foram realizadas consultas com representantes da

Subsecretaria Municipal de Administração de Pensões e representantes de sindicatos dos

funcionários públicos e associações profissionais (SINDIBEL, AFISA e APLENA).30

Esses

representantes concordaram que a legislação (Lei Municipal 10362/2011) foi ampla e

livremente debatida.31

Há consenso também de que a lei incorpora a maioria das demandas

feitas pelos sindicatos e organizações representativas (27 de 31 propostas). Houve consenso

também de que a reforma do sistema de pensões não resultaria em diminuições nas pensões e

aposentadoria dos funcionários públicos. Foi criado um Conselho de Administração para o

sistema de aposentadoria dos funcionários públicos do município (Instrução Normativa

Municipal 5.551, 15 de fevereiro de 2012), compreendendo um número igual de

representantes do governo municipal e representantes de sindicatos e associações de

27

Essas atividades são exemplificadas pela “Fábrica Social – Unidade Produtiva da Nova Esperança”, criada por

mulheres da Vila São José, que antes estavam desempregadas e agora produzem vestimentas, roupa de cama e

outros trabalhos de costura e criaram uma associação de costura. 28

Um estudo recente sobre o impacto de centros gratuitos de atenção à criança do Rio de Janeiro em bairros de

baixa renda mostrou que o acesso a serviços públicos gratuitos de atenção à criança (a) levou a um grande

aumento no uso de atenção médica; (b) encorajou as mães a entrarem para a força de trabalho, buscar e encontrar

trabalho; (c) aumentou seus ganhos, aumentou a renda de suas famílias, melhorou seu próprio bem-estar e o

bem-estar de suas famílias. Não obstante, o estudo também constatou que o acesso a centros gratuitos de atenção

à criança contribuiu para reduzir a demanda de centros privados pagos e diminuir o número de provedores

privados. Ademais, seu impacto sobre a renda da família é consideravelmente menor do que o custo público

mensal do serviço por criança atendida. Em consequência, o estudo conclui que, a menos que pesquisas mais

extensivas mostrem que os impactos do acesso à atenção à criança no desenvolvimento da primeira infância são

grandes, os altos custos atuais da prestação do serviço talvez não se justifiquem. (Paes de Barros et al, 2011). 29

Os aspectos da política que foram questionados pelos sindicatos se referem à composição do comitê de

administração de pensões, as regras de aposentadoria especial para funcionários públicos que trabalham em

condições perigosas e a definição de índices anuais de ajuste do custo de vida. 30

O SINDIBEL representa cerca de 22.000 funcionários públicos e possui 8.000 membros afiliados. A APLENA

representa 450 engenheiros e a AFISA representa 260 inspetores sanitários. 31

Quatro reuniões de trabalho, um seminário promovido pelos sindicatos representativos dos funcionários

públicos e um debate público aberto transmitido por uma rede de televisão local aconteceram de fevereiro a

setembro de 2011, para debater e melhorar o Projeto de Lei. Essas rodadas de negociação incluíram

representantes do Sindibel, Sind-Rede, Sinfisco, Somge, Sinmed, Aplena, Asfim, Apta, Aprom, Secretaria

Municipal de Planejamento, Subsecretaria Municipal de Gestão de Pensões e vereadores.

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funcionários públicos. Esse Conselho agora está funcionando com ampla participação de

todos os sindicatos e associações de funcionários públicos, o que indica que as questões

anteriores foram resolvidas e superadas.

B. ASPECTOS AMBIENTAIS

127. Espera-se que a operação produza impactos ambientais positivos na região

metropolitana. As políticas e reformas apoiadas pela operação são de grande relevância para

melhorar a gestão ambiental geral no município de BH. Os desafios ambientais em BH são

resultado das rápidas taxas de urbanização, ocupação não planejada em longo prazo e falta de

infraestrutura e monitoramento adequados. A operação irá mitigar os impactos ambientais

existentes.

128. As políticas apoiadas por essa operação fortalecem a governança urbana e promovem

um enfoque mais inclusivo e integrado do desenvolvimento urbano no município. Devido às

restrições de terra e à alta densidade populacional de BH, a melhora na prestação dos serviços

vai mitigar potenciais impactos ambientais negativos. Os principais problemas ambientais

identificados em BH estão relacionados à densa urbanização associada com a ocupação de

áreas ambientalmente sensíveis e a pressão excessiva sobre recursos hídricos. Melhoras na

governança e na coordenação do setor social devem gerar efeitos regionais positivos,

melhorando a aplicação das normas sobre uso do solo e facilitando a implementação de

infraestrutura básica como os sistemas de saneamento. Além disso, melhores mecanismos de

governança podem aumentar a eficiência dos programas de gestão ambiental do município.

Melhoras na gestão e planejamento também podem ter impactos diretos positivos nas

condições ambientais, inibindo a ocupação de áreas ambientalmente sensíveis e reivindicando

áreas degradadas pela ocupação não planejada. O enfoque proativo de GRD pode beneficiar a

população que vive em áreas de risco e ter um impacto positivo sobre a preservação do meio

ambiente da região.

129. O DPL apoia ações específicas para fortalecer a gestão ambiental,

especificamente a mitigação e adaptação à mudança climática. As medidas incluem apoio

ao município em seus esforços para consolidar iniciativas em andamento para aumentar a

eficiência no uso de energia e água seguindo um enfoque mais multissetorial. Um enfoque

desse tipo permitiria a captura de benefícios da mudança climática global e realizaria

melhorias locais na gestão da água, qualidade do ar e outras áreas ambientais. A operação

também apoiará a entrada em vigor de um marco para desenvolvimento e implementação de

um plano de ação para mudança climática, que irá fortalecer a capacidade do município de

priorizar e atender necessidades de mitigação e adaptação. Essas ações resultarão em

melhoras gerais das políticas para a gestão ambiental no município.

130. Devido à sua natureza, as políticas de gestão e planejamento poderiam resultar

em efeitos ambientais locais adversos, mas estes devem ser mitigados pela forte

capacidade institucional de BH. Os programas de regularização fundiária e gestão

habitacional poderiam interferir em locais sensíveis e áreas de preservação. Contudo, o

município tem políticas ambientais abrangentes, disposições bem definidas e uma capacidade

institucional sólida para internalizar considerações ambientais e sociais durante a

implementação das políticas.

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131. A gestão ambiental no Brasil é descentralizada nos três níveis de governo

(federal, estadual e municipal). As políticas municipais estão em conformidade com a

legislação ambiental federal e estadual, bem como com a Resolução da 369/2006 do

CONAMA, que estabelece requisitos para a ocupação de Áreas de Proteção Permanente

(APP). A Secretaria do Meio Ambiente do município é responsável por recomendar a emissão

de licenças ambientais pelo Conselho Municipal Ambiental (COMAM). A admissibilidade e

os requisitos para se obter uma licença ambiental encontram-se definidos na Lei 7277/1997. O

município recentemente instituiu um procedimento para autorizar construções urbanas,

incluindo conjuntos com mais de 300 unidades. Os pedidos de licença são enviados a um

Comitê que os avalia e faz recomendações ao Conselho Municipal de Política Urbana

(COMPUR). As licenças de construção urbana são emitidas pela Secretaria Municipal de

Serviços Urbanos, após aprovação do COMPUR.

132. Belo Horizonte possui políticas ambientais abrangentes que abordam a licença

ambiental, planejamento do uso do solo e programas de moradia em áreas

ambientalmente sensíveis. O sistema foi concebido para incluir uma Secretaria do Meio

Ambiente, subordinada diretamente ao Escritório do Prefeito. A Secretaria tem funcionários

qualificados encarregados de gestão e licenciamento ambiental e emite várias normas sobre

procedimentos específicos de licenciamento para projetos pequenos, médios e grandes em

áreas sensíveis. Atualmente, a Secretaria avalia mais de 1.000 licenças solicitadas por ano. A

Secretaria de Serviços Urbanos (encarregada de emitir licenças de construção) e as agências

municipais encarregadas de moradia e desenvolvimento da infraestrutura em bairros de baixa

renda (URBEL e SUDECAP) seguem a legislação aplicável, incluindo requisitos federais

rigorosos para a construção de moradias em áreas ambientalmente sensíveis. Ambas as

agências possuem funcionários de gestão ambiental qualificados e práticas de gestão

ambiental de alta qualidade. BH também possui normas sobre uso do solo abrangentes,

incluindo leis de zoneamento e áreas protegidas.

C. IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

133. A Secretaria Municipal de Finanças (SMF) será responsável pela implementação

geral da operação proposta, relatórios de progresso e coordenação das ações. A SMF

será responsável por coordenar atividades com outros departamentos setoriais

(desenvolvimento urbano, habitação, planejamento, planejamento orçamentário, gestão do

setor público, desenvolvimento social, gestão do risco de desastres e meio ambiente). A esse

respeito, duas tarefas são essenciais: (i) fornecer evidências justificando o desembolso do

empréstimo; (ii) supervisão e relatórios sobre o progresso na execução de ações prévias,

inclusive o monitoramento da implementação de ações prévias, facilitar a conclusão oportuna

dos estudos e atividades exigidos para cumprir essas ações prévias e relatórios consolidados

sobre indicadores de resultados.

134. A operação se baseará nos dados e indicadores já coletados pelo município para

monitorar e avaliar o projeto. Esse é o caso do Metas e Resultados de BH, o BH Resolve e

o sistema de aposentadoria, cujos indicadores já são monitorados regularmente pelo

município. Com relação às outras ações políticas, os indicadores estão sendo construídos com

base nos dados primários existentes. Isso vai reduzir qualquer inconveniente que o Banco

possa enfrentar durante o estágio de supervisão e melhorar as chances de que o quadro de

M&A em vigor dure após a conclusão do projeto.

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135. Vale observar que o progresso da implementação entre a execução da ação prévia

e aprovação da Assembleia foi estável. Devido a um período incomumente longo de ócio da

operação entre a preparação e a liberação para aprovação da Diretoria (devido a obstáculos de

processamento interno do cliente), o PBH teve a chance de provar seu compromisso com o

pacote de reformas de políticas e começou o processo de implementação do programa. Os

resultados estão progredindo de maneira estável rumo à implementação da operação.

136. A SMF será responsável por coletar a informação necessária para demonstrar

que o município cumpriu satisfatoriamente as ações prévias e cláusulas. Se uma ou mais

das ações prévias não forem executadas ou forem só parcialmente cumpridas, a SMF

procederá a identificar e explicar os motivos, além de determinar o que pode ser feito para

mitigar os riscos resultantes.

137. Um Comitê de Implementação do Projeto composto de funcionários das agências

diretamente envolvidas na agenda de reforma apoiada pelo DPL vai monitorar a

implementação, incluindo todas as atividades de assistência técnica essenciais. Além dos

sistemas de monitoramento e gestão, esse projeto irá apoiar uma série de atividades de

avaliação que gerarão dados para informar as políticas públicas e assim fortalecer uma cultura

de formulação de políticas com base em evidências. Várias atividades apresentam

oportunidades para o aprendizado significativo, tanto para BH como para outros municípios

no Brasil. As principais iniciativas para atividades de avaliação estão ocorrendo no setor de

desenvolvimento social.

D. ASPECTOS FIDUCIÁRIOS

Gestão Financeira Pública (GFP)

138. O sistema de gestão financeira pública (GFP) do Brasil é ancorado em sua

constituição, que indica os procedimentos a serem adotados em todos os níveis do

governo. Um marco jurídico bem desenvolvido sustenta a gestão de finanças públicas em

todos os níveis do governo. Esse quadro é resultado de muitas reformas jurídicas e

institucionais introduzidas durante vários anos para ajudar a fortalecer a responsabilidade e

transparência na gestão das finanças públicas no Brasil. A Lei 4.320 de 1964 regulamenta os

controles financeiros, a preparação de orçamentos e os relatórios no âmbito federal, estadual e

municipal. Em particular, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que foi decretada em 2000,

estabeleceu requisitos específicos para a disciplina macroeconômica e fiscal que definem

muitos aspectos da GFP. Todos esses aspectos estão refletidos na avaliação do PEFA

empreendida pelo governo federal em 2009. Mais recentemente, o governo federal lançou

numa iniciativa para adotar padrões internacionais de contabilidade do setor público (IPSAS)

que melhorarão os relatórios financeiros e a prestação de contas em todos os níveis.

139. O sistema de GFP em Belo Horizonte apresenta fortes regras e controles internos

que definem claramente as responsabilidades de funcionários relevantes. Além disso,

foram estabelecidos arranjos institucionais claros para administrar as finanças públicas. As

secretarias de planejamento e finanças executam funções executivas relativas à preparação e

execução do orçamento. A Auditoria Geral do Município (AGM) é responsável por exercer a

função de auditoria interna. O sistema de classificação do orçamento é governado por regras

federais que são coerentes com padrões internacionais. As normas de contabilidade são

geralmente respeitadas e há um alto nível de transparência da informação financeira sobre as

transações do município. Isso se deve a uma série de fatores, incluindo a clareza com que as

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leis relevantes descrevem obrigações com relação à preparação das demonstrações financeiras

e a diligência com a qual são aplicadas. O sistema de informação do município também é

adequado para a maioria dos propósitos, possibilitando a coleta, manutenção e geração de

dados financeiros.

140. A estratégia do município para melhorar a prestação de serviços reconhece as

contribuições cruciais de um forte sistema de GFP. Assim, empreendeu uma série de

reformas para ampliar a eficiência, transparência e responsabilidade no uso de fundos

públicos como meio de aumentar sua capacidade de executar as funções de contabilidade e

auditoria interna. Além disso, o município está empreendendo atividades em preparação para

a adoção de IPSAS, que ampliará a qualidade da informação disponível para fins de

contabilidade e gestão. Para isso, o município já empreendeu programas para capacitar

funcionários do governo e torná-los mais conscientes desses novos padrões e implementou

uma nova tabela de contas. Além do mais, o município está revisando seus sistemas de

informação para atualizar sua arquitetura e melhorar a integração em preparação para as novas

normas de contabilidade. Essas atividades são coordenadas por um Comitê Técnico

estabelecido através de um decreto para assegurar sua implementação eficaz.

141. Belo Horizonte e o governo federal do Brasil possuem um alto grau de

transparência orçamentária. A PBH publica oportunamente, de forma eletrônica e

impressa, sua proposta de orçamento anual e o orçamento aprovado. Fornece também ao

público relatórios periódicos de execução orçamentária. Esse nível de transparência é até

superado pelo governo federal brasileiro. De fato, a avaliação do governo federal pelo PEFA

o classificou como “A” pelo acesso público a informações fiscais importantes (PI-10).

142. A Lei Orgânica do município exige que suas demonstrações financeiras sejam

auditadas pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), que envia seu

relatórios à Câmara para aprovação final. O TCE-MG tem uma responsabilidade similar

em todos os municípios do estado. Contudo, esse mandato não foi cumprido por muitos anos,

principalmente por falta de capacidade. Para resolver essa situação, o TCE-MG está

empreendendo uma série de reformas para fortalecer sua capacidade institucional e melhorar

seus métodos de auditoria, incluindo um enfoque com base no risco, assim como melhorar as

habilidades e conhecimento da equipe. As reformas também reconhecem a necessidade de

conceder a BH uma prioridade mais alta com respeito a outros municípios. A esse respeito,

está criando um departamento dedicado à auditoria das demonstrações financeiras de BH.

Prevê-se que esse departamento esteja funcionando no fim de 2012. O departamento adotará

os métodos de trabalho que permitirão que o TCE-MG emita pareceres de auditoria acerca das

demonstrações financeiras da município. Para facilitar esse trabalho, também está atualizando

seus sistemas de informação para aumentar o acesso a informações sobre execução do

orçamento.

143. Em conclusão, a gestão financeira pública em Belo Horizonte é adequada para

apoiar a operação proposta. Além disso, o Plano Estratégico do município indica que existe

compromisso satisfatório em melhorar a GFP.

Controle de moedas estrangeiras

144. Foram realizadas várias avaliações das vulnerabilidades financeiras com a

participação do FMI, do Banco Central do Brasil (BCB) e do Banco Mundial, sendo a

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última em 2011. As avaliações concluíram que o BCB não apresenta vulnerabilidades

disseminadas que poderiam comprometer a salvaguarda de recursos do Fundo. Em seu exame

das demonstrações financeiras do BCB, o Banco avaliou o grau em que o controle de moedas

estrangeiras continua a ser adequado. Isso incluiu notas explicativas que acompanham as

demonstrações financeiras e um relatório da auditoria independente executado por uma

empresa internacional de auditores. Os relatórios de auditoria para esses anos contêm um

parecer sem ressalvas sobre as demonstrações financeiras. As notas explicativas, que são parte

integral das demonstrações financeiras, fornecem uma explicação extensiva das políticas de

gestão de risco do BCB, incluindo as relacionadas a instrumentos financeiros mantidos para

administrar reservas internacionais. Com relação aos riscos operacionais, a nota indica que o

BCB “utiliza sistemas de controle interno que são considerados adequados para suas

atividades.” A conclusão do Banco com base no exame das demonstrações financeiras foi de

que o sistema de controle que rege as operações do BCB nas quais os recursos do empréstimo

fluiriam continua adequado.

E. DESEMBOLSO

145. O empréstimo proposto seguirá os procedimentos de desembolso do Banco para

empréstimos de política de desenvolvimento. Os fundos serão desembolsados com base na

implementação satisfatória do programa de política de desenvolvimento e não estarão

vinculados a compras especificas. Uma vez que o empréstimo for aprovado pela Diretoria e

entrar em vigor, o Banco Mundial desembolsará os recursos numa conta bancária mantida

pelo município no Banco do Brasil S.A (Nova York). Esse banco comercial é uma instituição

financeira aceitável ao Banco porque: (a) é financeiramente sólida; (b) está autorizada a

manter a conta na moeda acordada entre o Banco e o Mutuário; (c) é auditada regularmente e

recebeu relatórios de auditoria satisfatórios (Demonstrações Financeiras examinadas em 31 de

dezembro de 2012 auditadas pelo KPMG); (d) é capaz de executar um grande número de

transações prontamente; (e) é capaz de oferecer uma ampla gama de serviços bancários

satisfatoriamente; (f) é capaz de fornecer uma declaração detalhada da conta; (g) faz parte de

uma rede de bancos correspondentes satisfatória; (h) cobra taxas razoáveis por seus serviços.

146. Essa conta no Banco do Brasil S.A (Nova York) será em moeda estrangeira, mas não

faz parte das reservas internacionais do país. Embora a política OP8.60 do Banco indique que

os recursos de um DPL são desembolsados em uma conta que normalmente faz parte das

reservas oficiais e mantidos no Banco Central, reconhece que existem situações atípicas,

como nesse caso, em que a conta pode não fazer parte das reservas internacionais.

147. Uma vez que os recursos forem desembolsados, o Banco do Brasil, mediante uma

transação de câmbio, vai transferir imediatamente uma quantia equivalente em reais

(R$) para a conta única do tesouro do município. O município vai se responsabilizar pelo

recebimento desta quantia em seu sistema de gestão orçamentária utilizando procedimentos

normais de gestão orçamentária. Também fornecerá uma confirmação ao Banco Mundial de

que (i) os recursos do empréstimo foram recebidos na conta comercial no Banco do Brasil

S.A (Nova York) e (ii) uma quantia equivalente foi contabilizada no sistema de gestão

orçamentária do município; essa confirmação deve ser enviada ao Banco dentro de 30 dias

após o pagamento. Devido à adequação da gestão financeira pública do município, nenhum

acordo fiduciário será executado para a operação.

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F. RISCOS E MITIGAÇÃO DOS RISCOS

148. A operação proposta é considerada como de baixo risco. Os principais riscos

podem ser classificados em duas categorias: (i) riscos políticos e institucionais; (ii) riscos

sociais e ambientais. Desde a preparação da operação e desde que as ações prévias foram

empreendidas, nenhum desses riscos se materializou.

149. Os principais riscos políticos e institucionais giram em torno da coordenação e do

risco de reputação do município. Quanto ao primeiro, os riscos consistem na necessidade de

coordenar intervenções do Banco com as de outros parceiros (BID, IFC, outros programas

municipais). O risco é mitigado pelo fato de que o Governo de BH considera essa

coordenação como um pré-requisito para todos os programas e essa coordenação tem ocorrido

desde então. A operação proposta do Banco foi elaborada para complementar outros

programas em andamento (por exemplo, o projeto de mobilidade do BID, PPP do setor de

saúde da IFC). Os riscos de reputação podem surgir no caso de desastres naturais se as

pessoas não estiverem satisfeitas com a resposta da PBH. A PBH reconheceu a gravidade dos

desafios na gestão do risco de desastres e está empreendendo ações para abordá-los proativa e

sistematicamente, inclusive através desta operação. Uma estratégia de comunicação

apropriada também será desenvolvida.

150. Os riscos ambientais dessa operação se relacionam ao impacto ambiental. Algumas das políticas apoiadas pelo DPL, como programas de moradia e gestão fundiária,

podem ter alguns impactos ambientais negativos. O Banco examinou a avaliação ambiental e

o processo de licenciamento e descobriu que o município tem um bom sistema de gestão

ambiental. Assim, o risco de impacto negativo é considerado baixo devido à forte capacidade

institucional da PBH. Em termos de riscos sociais, podemos identificar dois tipos de situação.

151. Os riscos sociais dessa operação giram em torno do risco de consequências sociais

adversas em áreas de risco de desastres naturais e riscos de beneficiar os pobres. Por rum

lado, há o risco de consequências sociais adversas e conflitos que surgem da política

habitacional e de gestão de riscos, que pode envolver o reassentamento de famílias que vivem

em áreas de alto risco de deslizamentos e enchentes. Em resposta a esse risco, as atuais

práticas de reassentamento do URBEL foram avaliadas. As normas municipais sobre

reassentamento incluem a participação dos afetados em todos os estágios do processo de

reassentamento, assim como a provisão de opções de reassentamento. Fortes mecanismos de

comunicação e processos de consulta durante a implementação estão de acordo com as

disposições da política de reassentamento do Banco e foram introduzidos nas práticas

municipais. Por outro lado, os riscos sociais também incluem a possibilidade de que os mais

pobres talvez não se beneficiem muito das politicas de uso e regularização fundiária, pois é

incerta a capacidade do setor privado e público de implementar os instrumentos de gestão

fundiária apoiados por essa operação. O programa de moradia e gestão fundiária inclui um

forte programa de apoio social, atingindo as populações mais vulneráveis com assistência

específica para cada família. Comunicação, divulgação e apoio social direto às famílias

pobres que vivem nas favelas são as principais medidas para mitigar os riscos sociais.

152. Os riscos de implementação dessa operação se relacionam às múltiplas agências

envolvidas na implementação. As políticas apoiadas pela operação envolvem múltiplas

agências municipais (Secretarias de Finanças, Planejamento, Habitação, Obras Públicas e

Infraestrutura, Assistência Social, Defesa Civil) e a tarefa de coordená-las durante a

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implementação pode ser complicada. O Governo de Belo Horizonte designou a Secretaria

Municipal de Finanças como líder responsável por supervisar essa operação. Representantes

de alto nível de todas as agências são informados e envolvidos na preparação da operação e se

comprometerão a trabalhar eficazmente durante a preparação e implementação da operação.

Além disso, o Governo de Belo Horizonte tem experiências bem-sucedidas com programas

grandes (como o PAC) que exigem coordenação entre várias agências.

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ANEXO 1: CARTA DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO

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MATRIZ DO EMPRÉSTIMO DE POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO INCLUSIVO

Objetivo Estratégia Ação prévia Resultado Indicadores de resultado

Área de política 1: Promover o desenvolvimento urbano inclusivo mediante políticas inovadoras focadas nos cidadãos pobres e vulneráveis.

a) Fortalecer a

gestão e

planejamento

do solo

Modernizar sistema

regulatório do uso do solo e

facilitar oferta de terras a

serem usadas para moradia

acessível

Ação de política 1: A PBH (a) fortalece sua legislação

urbana incorporando vários instrumentos

inovadores em matéria de uso do solo, gestão e

planejamento urbano para reduzir a exclusão social;

(b) apoio à expansão da provisão pelo setor privado

de moradia para a população de baixa renda.

(Lei de Uso do Solo 1765/1996 modificada pela Lei

9959/2010 e Lei de doação de terras 9814/2010

publicada no Diário Oficial)

Melhor acesso à terra para

os pobres.

Número de famílias beneficiadas pela

regularização fundiária entre 2009 e 2013.

Base 2011 = 8.768; Meta 2013: 12.155.

Número de novas unidades habitacionais

de baixa renda. Base 2011 = 1.470; Meta

2013 = 5.302.

Número de terrenos transferidos pela

Caixa. Base 2011 = 0; Meta 2013 = 1.470.

b) Melhorar as

condições de

vida e inclusão

de cidadãos

vulneráveis e

pobres

1) Fortalecer os mecanismos

para inclusão de famílias

assentadas ou reassentadas

em novas comunidades

2) Facilitar a prestação de

serviços ás famílias mais

vulneráveis

Ação de política 2: PBH aumenta a propriedade de

moradores em seu programa de moradia de baixa

renda desenvolvendo e implementando um modelo

para inclusão social e subsistência sustentável. (Decreto 14641/2011, que institui o programa Pré e Pós

Morar e sua equipe gerencial)

Melhora das condições de

vida dos segmentos mais

pobres da população em

termos de habitação,

acesso a serviços básicos

e melhor integração no

tecido econômico de BH.

Melhores condições de

vida das famílias

vulneráveis que sempre

foram negligenciadas

devido a desvantagens

intrínsecas.

Número de pessoas que continuam nos

conjuntos habitacionais após dois anos

Base 2011 = 75%; Meta 2013 = > 85%.

Número de famílias com um plano de ação

implementado. Base janeiro de 2011 =

750; Meta dezembro 2013 = 1.500.

Percentagem de famílias chefiadas por

mulheres com plano de ação dedicado.

Base 2011 = 0%. Meta 2013 = 60%.

Número de casas reformadas em resultado

do programa. Base dezembro 2011 = 0;

Meta dezembro 2013 = 250.

Ação de política 3: PBH lança um programa para

identificar as famílias mais vulneráveis em seu

território e habilita o desenvolvimento de um plano

para famílias vulneráveis com assistência

personalizada. (Decreto 14878/2012 que institui o programa Família

Cidadã Cidade Solidária e define seu manual de

operação e metodologia)

c) Fortalecer a

prestação de

serviços a todos

os cidadãos

Reduzir a burocracia em

todos os processos de

serviços ao cidadão para

proporcionar tratamento

uniforme e racionalizado

Ação de política 4: PBH melhora os serviços

prestados estabelecendo um único ponto de acesso

para prestação integrada de todos os serviços

municipais à população. (Lei 10101/2011 e Decreto 14600/2011 que

institucionaliza o BH Resolve, relatório de atividades)

Maior satisfação dos

cidadãos com os serviços

prestados e melhor

eficiência.

Número de serviços prestados em

unidades da BH Resolve. Base 2011 =

94.678; Meta 2013 = 148.500.

Percentagem de usuários que classificam

os serviços prestados como bons ou

excelentes nas unidades de BH Resolve.

Base 2011 = 0%; Meta 2013 90%.

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Área de política 2: Apoio a práticas verdes e sustentáveis.

d) Aumentar a

capacidade de

mitigação da

mudança

climática e

desenvolviment

o verde

Melhorar os esforços de

mitigação dos efeitos da

mudança climática e

políticas ambientalmente

sustentáveis

Ação de política 5: PBH fortalece seu marco jurídico

e institucional para mitigação da mudança climática

e promove políticas de crescimento sustentável.

(Lei de Mudança Climática 10175/2011 e Decreto

14794/2012 sobre processo para executar o Plano de

Ação Municipal para Mudança Climática publicado no

Diário Oficial)

Fortalece coordenação

intersetorial para

planejamento estratégico

e investimento para

mitigação da mudança

climática.

Plano de Ação Municipal para Mudança

Climática que integra e referencia

iniciativas setoriais de resíduos sólidos,

água, energia e silvicultura urbana com a

meta de promover eficiência e

sustentabilidade. Base 2011 = 0; Meta

2013= 1.

e) Maior

capacidade de

adaptação à

mudança

climática

(gestão de

riscos de

desastres)

Melhorar a coordenação na

adaptação e resposta a

desastres

Ação de política 6: PBH estabelece uma estratégia de

gestão de desastres (Plano Diretor da Defesa Civil) e

coloca em operação um sistema de monitoramento e

alerta para chuvas fortes em áreas críticas do

território. (Decreto 14879/2012 que institucionaliza o Plano

Diretor da Defesa Civil, plano de contingência para

sistema de alerta precoce é emitido, relatório de

atividade do sistema)

Melhor preparação e

planejamento para riscos

de desastres. Sistema de

monitoramento funcional

e alertas emitidos.

Base de dados consolidada de: (i)

parâmetros hidrológicos e climáticos; (ii)

desastres e danos. Base 2011 = 0; Meta

2013 = 1.

Número de relatórios mensais de

desempenho do sistema de alerta precoce

emitidos. Base 2011 = 0; Meta 2013 = 12.

Área de política 3: Habilitar uma governança urbana social e fiscalmente sustentável.

f) Fortalecer a

governança

urbana

mediante gestão

baseada em

resultados

(RBM) e

planejamento

urbano

participativo

1) Criar um plano de longo

prazo para a cidade, com

base na carteira de projetos e

seu quadro de GBR

2) Fortalecer mecanismos de

participação dos cidadãos no

planejamento e gestão

urbana

Ação de política 7: PBH promove desenvolvimento

sustentável estabelecendo um modelo de gestão

baseada em resultados para governança de longo

prazo.

(Lei 10101/2011 que estabelece a secretaria permanente

do BH Metas e Resultados, e Decreto 14791/2012 que

emite Visão 2030 publicado no Diário Oficial)

Maior eficiência e

transparência na gestão do

planejamento da cidade.

Maior participação dos

cidadãos no planejamento

e orçamento.

Percentagem de resultados completados

anualmente segundo o cronograma. Base

2010 = 33%; Meta 2013 = 70%.

Demanda efetiva de projetos decididos

pela comunidade incluídos no plano

plurianual da cidade. Base 2011= 0%;

Meta 2013 = 25%.

Aumento no número de participantes da

sociedade civil nos processos (OP Digital,

OP Regional, PPR). Base 2011 = 10%;

Meta 2013 = 15%.

Ação de política 8: PBH fortalece a governança

urbana ampliando os mecanismos participativos

para execução do orçamento.

(Decreto 14724/2011 que reconhece os 40 territórios e

Decreto 14607/2011 que institucionaliza o Comitê de

Planejamento Participativo)

g) Fortalecer a

sustentabilidade

fiscal no longo

prazo

Aumentar o espaço fiscal

abordando os riscos fiscais

de longo prazo (plano de

aposentadoria)

Ação de política 9: PBH melhora a sustentabilidade

fiscal reformando o sistema de aposentadoria dos

funcionários públicos. (Lei 10362/2011 que reforma o sistema de pensões)

Menor pressão futura para

financiar déficit do plano

de aposentadoria.

Déficit atuarial do plano de aposentadoria.

Base 2010 = R$ 6,933 bilhões. Meta 2013

= R$ 6,857 bilhões.

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65

ANEXO 2: SITUAÇÃO ECONÔMICA RECENTE DO BRASIL

1. A economia brasileira desacelerou significativamente em 2011 2012. O PIB real

cresceu somente 0,9% em 2012, em comparação com 2,7% em 2011. Com um crescimento

tendencial estimado em cerca de 4%, essa desaceleração representa um grande

enfraquecimento do desempenho econômico. A desaceleração foi provocada por fatores

internos e externos. Políticas monetárias e fiscais mais rigorosas destinadas a reduzir as

pressões de superaquecimento enfraqueceram a demanda interna. A demanda externa foi

atenuada pela fraqueza e incerteza das economias avançadas e menor crescimento das

principais economias emergentes, como a China.

2. Embora a desaceleração tenha ocorrido em todos os setores, a produção

industrial e a demanda de investimento foram afetadas de maneira desproporcional (Figuras 1 e 2). O importante setor de serviços sofreu uma redução significativa, mas foi o

setor industrial que teve a maior desaceleração. Isso ocorreu devido à demanda fraca, taxa de

câmbio relativamente forte do real (apesar da recente desvalorização) e gargalos estruturais

que afetam a competitividade externa (como altas taxas de juros reais, deficiências de

infraestrutura e escassez de capital humano). O fraco desempenho da indústria também reflete

a fraqueza da demanda de investimento. Com a demanda de exportações estagnada e a

demanda de importações enfraquecida em resultado da redução do consumo, a contribuição

da demanda externa se fortaleceu nos últimos trimestres, mas continuou negativa.

Figura A3-1. Contribuição ao crescimento trimestral por setor

Fonte: IBGE e cálculos do Banco Mundial

Nota: Contribuições trimestrais ao crescimento do valor agregado definido como taxa de crescimento da soma do valor agregado dos

trimestres t a t - 3 em relação à soma do valor agregado dos trimestres t-7 a t-4. O valor agregado é medido pelo custo dos fatores. A discriminação do crescimento para 4Q2012 foi estimada usando crescimento anual de 2012 A discriminação do crescimento para 4Q2012 foi

estimada usando crescimento anual de 2012 A discriminação do crescimento para 4Q2012 foi estimada usando crescimento anual de 2012.

-3.0%

-2.0%

-1.0%

0.0%

1.0%

2.0%

3.0%

4.0%

5.0%

6.0%

7.0%

8.0%

07Q1 08Q1 09Q1 10Q1 11Q1 12Q1

Services Industry Agriculture Value added at factor cost

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66

Figura A3-2. Contribuição ao crescimento trimestral por despesa

Fonte: IBGE e cálculos do Banco Mundial

Nota: Contribuições trimestrais ao crescimento do PIB definido como taxa de crescimento da soma do PIB dos trimestres t a t-3 em relação à

soma do PIB dos trimestres t-7 a t-4. A discriminação do crescimento para 4Q2012 foi estimada usando o crescimento anual de 2012.

3. Os primeiros sinais sugerem que o ciclo de negócios pode ter começado a ganhar

impulso. Os dados trimestrais indicam várias melhorias. Após quatro trimestres consecutivos

de contração, a demanda de investimento teve pela primeira vez uma expansão no último

trimestre de 2012. O modesto aumento de 0,5% foi ajudado por um aumento acentuado nos

empréstimos do BNDES. O setor de serviços também registrou avanços, com um crescimento

de 1,1% durante o último trimestre de 2012, depois de ter ficado estagnado no trimestre

anterior. Contudo, o setor industrial desacelerou em relação ao trimestre anterior, embora

tenha continuado a registrar uma tendência positiva (0,4%). Os indicadores mensais sugerem

que a produção industrial mostrou bom crescimento em janeiro (2,5%) e quase 67% do setor

industrial apresentou crescimento. Do mesmo modo, os bens de capital tiveram uma expansão

de 8,2%, após dois meses de queda.

4. Após um período de distensão agressiva em meio a preocupações com o

crescimento, recentemente a política monetária se tornou mais estrita à medida que

aumentaram as preocupações com a inflação. O Banco Central do Brasil iniciou uma série

de ajustes que baixaram a SELIC para 7,25% em outubro de 2012: uma redução acumulada

de 525 pontos percentuais desde agosto de 2011. Essas medidas foram acompanhadas de

esforços complementares para aumentar a oferta de crédito e reduzir os spreads bancários. A

política monetária ficou em suspenso de novembro de 2012 a março de 2013, refletindo um

cuidadoso malabarismo entre, por um lado, a necessidade de proteger o crescimento em meio

a uma economia ainda fraca e uma perspectiva global incerta e, por outro, o ressurgimento das

pressões inflacionárias. Nesse ínterim, a inflação anualizada chegou a 6,6% em março de

2013, bem acima da meta de 4,5%, levando as autoridades monetárias a elevar a SELIC em

25 pontos em abril de 2013.

-6.0%

-4.0%

-2.0%

0.0%

2.0%

4.0%

6.0%

8.0%

10.0%

12.0%

07Q1 08Q1 09Q1 10Q1 11Q1 12Q1

Household Consumption Government consumption

Net Imports Inventory investment

Fixed Investment GDP

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5. A fraqueza cíclica da receita combinada com medidas de estímulo tornou a

política fiscal mais expansionista, mas a dívida continua num nível moderado. Devido ao

fraco crescimento da receita, cortes de impostos e maiores gastos, estima-se um superávit

primário de 2,4% do em 2012, bem abaixo da meta de 3,1%. Para contrabalançar, as

autoridades recorreram ao fundo de riqueza soberana, adiantaram pagamentos de dividendos

do BNDES e deduziram do superávit primário as despesas em projetos de investimento. Com

apoio de fatores subjacentes como o perfil da dívida do governo com limitada exposição a

moedas estrangeiras e alto nível de reservas internacionais, a dívida continuou bem controlada

em torno de dois terços do PIB. As projeções indicam uma queda contínua na dívida do setor

público do Brasil no médio prazo. Em janeiro de 2013, o setor público consolidado registrou

um superávit primário de R$ 30,3 bilhões. Contando os 12 meses, o superávit primário do

setor público consolidado chegou a 2,46%.

Tabela A3-1. Brasil: indicadores econômicos selecionados e projeções (2006:2016)

6. As recentes intervenções fiscais se concentraram no estímulo ao desempenho da

indústria. Um primeiro pacote de estímulo foi lançado em abril de 2012: os impostos sobre a

folha de pagamento foram reduzidos para indústrias mais afetadas pela desaceleração,

Estimates

Indicator 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

National Accounts

Real GDP Growth 4.0 6.1 5.2 -0.3 7.5 2.7 0.9 3.1 3.7 3.5 3.7

Gross domestic investment 16.8 18.3 20.7 17.8 20.2 19.7 17.6 20.8 21.2 21.5 21.9

External Sector

Current account 13.6 1.6 -28.2 -24.3 -47.3 -52.5 -54.2 -62.9 -69.3 -82.7 -87.4

Merchandise trade balance 46.5 40.0 24.8 25.3 20.1 29.8 19.4 15.0 14.5 8.2 6.2

Exports (fob) 137.8 160.6 197.9 153.0 201.9 256.0 242.6 262.2 274.8 299.8 331.2

Imports (fob) 91.4 120.6 173.1 127.7 181.8 226.2 223.2 247.2 260.3 291.6 325.0

Nonfactor services, net -9.6 -13.2 -16.7 -19.2 -30.8 -37.9 -41.1 -41.9 -44.9 -45.9 -47.1

Income and current transfers, net -23.2 -25.3 -36.3 -30.3 -36.6 -44.3 -32.6 -36.0 -38.9 -45.0 -46.5

Direct investment, net -9.4 27.5 24.6 36.0 36.9 67.7 68.1 60.0 60.0 60.8 62.9

Portfolio equity, net 1 6.8 24.8 -7.3 39.7 43.9 16.0 3.3 4.6 4.7 4.8 4.9

Gross international reserves 85.8 180.3 193.8 238.5 288.6 352.0 373.1 390.6 404.7 423.9 437.3

Current account (% of GDP) 1.3 0.1 -1.7 -1.5 -2.2 -2.1 -2.4 -2.4 -2.5 -2.8 -2.7

General Government

Total Revenues and Grants 34.6 34.3 35.0 33.9 35.4 35.0 35.0 35.3 35.4 35.5 35.5

Total Expenditure 38.1 36.9 36.3 36.9 38.1 37.6 38.1 38.2 38.3 38.3 38.2

Current Expenditure 36.1 35.1 34.0 34.7 34.1 35.4 35.6 35.7 35.7 35.7 35.5

of which: Interest payments 6.8 6.1 5.4 5.2 5.2 5.7 5.4 5.2 5.1 5.0 4.9

Capital Expenditure 1.9 1.8 2.2 2.2 4.0 2.3 2.5 2.5 2.6 2.6 2.7

Primary Balance 3.3 3.5 4.1 2.2 2.5 3.1 2.4 2.3 2.2 2.2 2.2

Overall Balance -3.5 -2.6 -1.3 -3.0 -2.7 -2.6 -3.0 -2.9 -2.9 -2.8 -2.7

Gross Public Sector Debt 66.7 65.2 63.5 66.9 65.2 64.9 65.0 62.7 60.6 58.7 56.9

Prices

GDP Deflator 6.1 5.9 8.3 7.2 8.2 7.0 6.0 5.5 5.3 4.9 4.9

Consumer Price Index (eop) 3.1 4.5 5.9 4.3 5.9 6.5 5.8 5.8 5.7 5.3 4.9

Producer Prices (eop) 4.3 9.4 9.8 -4.1 13.8 4.1 11.1 4.8 5.1 4.7 4.7

Memorandum items:

Nominal GDP (in R$ billions) 2,369 2,661 3,032 3,239 3,770 4,143 4,403 5,294 5,768 6,273 6,809

Source: IMF, BCB, IBGE, EIU, WB Calculation

Projections

Note 1: Porfolio equity does not include debt securities

(in percent of GDP)

(annual percent change)

(annual real percent change)

(in percent of GDP)

(in US$ billions, unless noted)

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forneceu-se financiamento adicional ao BNDES e foram cortados alguns impostos sobre

vendas de bens de consumo duráveis. Um segundo esforço de estímulo em junho de 2012 viu

uma diminuição da taxa de empréstimo do BNDES de 50 centésimos de ponto percentual para

promover o investimento, complementando medidas anteriores para apoiar o consumo. Em

resposta aos resultados decepcionantes do PIB do terceiro trimestre, as autoridades

anunciaram outras medidas em dezembro de 2012: uma redução do imposto sobre a folha de

pagamentos na construção civil, um Programa de Sustentação do Investimento, outro corte de

50 centésimos de ponto percentual na taxa de empréstimo do BNDES (levando a taxa a 5%).

Também estão em andamento esforços para reduzir os custos de energia para empresas e

famílias.32

7. Após as rápidas entradas de capital, fizeram-se esforços para frear a valorização

da taxa de câmbio. Em resposta à valorização significativa da moeda, as autoridades

tentaram frear a entrada de capital através de um imposto sobre transações financeiras e maior

intervenção no mercado de câmbio. Apoiadas pro uma política monetária mais frouxa e maior

aversão ao risco devido a uma economia global fraca, essas ações ajudaram a reduzir as

entradas de capital em curto prazo e levaram a uma valorização da taxa de câmbio real de

25% entre julho de 2011 e dezembro de 2012. Para evitar uma maior valorização e os efeitos

sobre a inflação que a acompanham, no início de dezembro o Banco Central afrouxou

algumas das restrições que isentavam empréstimos com vencimento acima de um ano do

imposto sobre transações financeiras. Como resultado, a taxa de câmbio real valorizou-se

quase 3% em janeiro de 2013. Pressões contínuas sobre a valorização poderiam levar a novas

intervenções no mercado de câmbio a fim de proteger a competitividade da indústria.

8. À medida que o Brasil navegou pela turbulência mundial, seu sistema financeiro

se manteve sólido e resiliente. Após um período de rápido crescimento do crédito (com

crédito pendente ao setor privado chegando a metade do PIB), os indicadores de qualidade

dos ativos se estabilizaram amplamente. Em janeiro de 2013, cerca de 8% dos empréstimos ao

consumidor e 3,7% dos empréstimos a empresas foram classificados como em atraso (com

atraso de mais de 90 dias). Taxas de juros mais baixas aliviaram pressões sobre mutuários,

mantendo as inadimplências em níveis muito mais manejáveis. O sistema bancário parece

estar bem preparado para aguentar perdas, com cobertura de provisão para perdas de

empréstimos em 160% dos empréstimos em atraso e coeficiente de solvência de 16,4% em

junho de 2012. Embora o rápido crescimento do crédito interno tenha aumentado as

preocupações com uma bolha, esses empréstimos ainda representam somente 13% do crédito

total do setor privado e suas taxas de inadimplência caíram recentemente graças a melhoras

no processo de liquidação de hipotecas.

9. O déficit em conta corrente foi totalmente coberto pelo investimento estrangeiro

direto em 2012. O ambiente externo mais fraco diminuiu o volume de comércio e levou a

uma deterioração das relações de troca do Brasil. isso afetou a balança comercial levando a

um déficit em conta corrente de 2,4%. Com 2,9% do PIB, o Brasil foi o quarto maior destino

32

Estima-se que as medidas de estímulo fiscal implicam um custo geral de impostos de R$ 40 bilhões em 2012,

sendo que uma parte importante corresponde à redução temporária do IPI sobre carros, aparelhos domésticos e

móveis (R$ 8,5 bilhões) e redução de impostos sobre bens de capital (R$ 7,6 bilhões). Outras medidas incluíram

a redução de impostos sobre a folha de pagamento e sobre a venda de aparelhos elétricos. Além disso, o imposto

sobre combustíveis (CIDE) foi reduzido para compensar aumentos no combustível (imposto de R$ 6,8 bilhões).

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de investimento estrangeiro direto em 2012. Os fluxos da carteira externa, contudo,

mostraram menos estabilidade. Apoiado por diferenciais na taxa de juros, as entradas de

carteira foram inicialmente fortes, estimulando a taxa de câmbio e levando a medidas de

taxação de transações financeiras. Estas, junto com a maior aversão global ao risco, levaram a

um esfriamento significativo das entradas de carteira. Isso foi agravado ainda mais pela

diminuição da SELIC, que ajudou a reduzir os diferenciais da taxa de juros. O déficit em

conta corrente aumentou para 2,6% no período de 12 meses até janeiro de 2013.

PERSPECTIVAS MACROECONÔMICAS

10. Prevê-se que o crescimento se fortaleça gradualmente durante 2013,

estabilizando-se em 3,1%. A demanda interna deverá impulsionar melhorias. À medida que

a confiança do consumidor se fortalecer, o consumo - que tinha diminuído, mas permaneceu

relativamente resiliente – deve ganhar um estímulo com os fundamentos favoráveis. O

investimento, que teve uma grande queda, deve se reavivar à medida que a confiança

melhorar e será ajudado pela exploração de novos campos de petróleo offshore e pelos

preparativos para futuros megaeventos. Enquanto o ambiente externo provavelmente vai se

estabilizar, se não melhorar, a contribuição da demanda externa provavelmente permanecerá

amortecida por fatores estruturais que afetam a competitividade das exportações, assim como

o provável estímulo à demanda de importações que surge da força de demanda interna.

11. A inflação continua sendo um desafio. O hiato de produção que resultou do recente

desempenho fraco da economia não evitou o surgimento de pressões inflacionárias, uma

tendência que pode ser mais acentuada à medida que a recuperação se firmar. Os riscos

inflacionários surgiram junto com o rápido crescimento dos salários (acima do crescimento da

produtividade) parcialmente devido a um mercado de trabalho mais firme, sendo que os

aumentos salariais afetaram principalmente os preços dos serviços. As pressões sobre os

preços também estão relacionadas a fatores externos, como a grave seca no Centro-Oeste dos

EUA. Após atingir 4,9% em junho, a inflação de 12 meses chegou a 6,6% em março de 2013.

Apesar de dois anos de crescimento fraco, as forças inflacionárias inerciais ainda são fortes e

estão contribuindo para manter a inflação alta. Isso levou o Banco Central a iniciar o aperto da

política monetária em sua última reunião em abril de 2013.

12. No futuro, os responsáveis pelas políticas precisarão se equilibrar para apoiar de

forma eficaz o cenário básico de recuperação contínua em meio a um prognóstico

incerto da inflação. Mesmo se for ativamente utilizada para apoiar a recuperação, a política

fiscal deverá manter uma postura prudente, que é considerada apropriada devido à

necessidade de manter a credibilidade passada. As defasagens de implementação e impacto da

política fiscal também podem torná-la um instrumento menos adequado de política de gestão

da demanda, principalmente num ambiente incerto que exige agilidade na resposta das

políticas. Já que a política monetária deve arcar com a maior parte do ajuste anticíclico, os

responsáveis pelas políticas deverão agir com cautela. Por um lado, para administrar as

expectativas inflacionárias, a força e a natureza das pressões incipientes sobre os preços

precisarão ser monitoradas de perto e contidas caso se tornem mais consolidadas. Por outro

lado, a recuperação ainda é fraca e o ambiente externo permanece complexo, o que ressalta a

necessidade de exercer cautela para não deter o impulso de crescimento antes de se tornar

mais amplo.

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13. Os riscos para as perspectivas de curto prazo continuam concentrados no

ambiente externo. Uma piora da economia global causada por uma possível desaceleração

nos EUA e/ou China, combinada com uma piora da situação fiscal de alguns países na zona

do euro, pode se traduzir em uma demanda externa mais fraca para as exportações brasileiras,

devido à composição dos seus mercados de exportação. Na primeira metade de 2011, as

exportações para os EUA, Europa e China representaram 50% das exportações totais: a China

com 18%, os 25 países da UE 20% e os EUA 12%.33

As vulnerabilidades externas também

decorrem da parcela crescente das exportações de produtos primários, que deve ter excedido

58% na primeira metade de 2012, devido em grande parte a aumentos nos preços dos

principais produtos primários de exportação nos últimos anos. À medida que abrandam as

perspectivas de crescimento econômico da China, que sustentou os altos preços desses

produtos no passado, as relações de troca do Brasil deverão continuar a cair, levando a um

enfraquecimento maior do real. Assim como outras economias de mercado emergentes, o

Brasil também permanece vulnerável ao sentimento do mercado, apresentando um risco tanto

à carteira como às entradas de IED. Não obstante, a vulnerabilidade do Brasil a eventos

externos deverá permanecer moderada devido a suas altas reservas, composição favorável da

dívida externa, papel desproporcional do investimento estrangeiro direto no financiamento da

conta corrente, grau relativamente baixo de abertura do comércio comparado com outros

mercados emergentes e a baixa porção da dívida do governo em poder de estrangeiros.

14. Não obstante sua atual posição estável, o setor bancário continua vulnerável a

uma desaceleração global e interna prolongada. Bancos de pequeno e médio porte, que

mantêm atualmente 8% e 12% dos ativos do sistema bancário, estão expostos ao risco de

liquidez por recorrerem a fontes mais voláteis de financiamento interno, enquanto os bancos

maiores, com mais acesso ao financiamento externo, poderiam enfrentar dificuldades para

refinanciar a dívida externa. De fato, a elevação dos níveis da dívida externa do setor privado,

refletindo em grande parte a maior emissão de garantias por empresas e bancos, levantou

questões acerca da capacidade de algumas empresas de pagar suas dívidas. Contudo, a

medição mais tradicional da estrutura do capital sugere que o nível e a composição34

da dívida

externa do setor privado não apresentam nenhum risco particular à estabilidade do setor

financeiro nesse estágio. Em geral, a avaliação do sistema bancário indica que os riscos são

bem administrados. O sistema bancário do Brasil atualmente possui níveis sólidos de liquidez

e reservas de capital adequadas e a exposição direta do sistema em moeda estrangeira é

limitada: 7,2% de ativos e 4% de ativos.

15. O agravamento do ambiente econômico global apresenta um risco à consecução

das metas fiscais. A consecução de metas do superávit primário pode ser afetada pela

desaceleração da atividade econômica, à medida que as receitas federais tendem a cair e os

gastos com proteção social tendem a aumentar. Ademais, já que as taxas de juros baixas

limitaram a margem para afrouxamento monetário, o foco mudou para instrumentos fiscais e

quase-fiscais para estimular a economia. Os riscos fiscais adicionais a serem monitorados

33

Simulações sugerem que uma queda de 1% no PIB da China levaria a uma queda nas exportações brasileiras

para a China de 0,97% em todos os produtos e 0,68% nos produtos primários. As exportações brasileiras para a

UE ou para os EUA seriam mais resilientes, caindo cerca de 0,91% para todos os produtos e 0,60% no caso dos

produtos primários. 34

Os níveis da dívida externa do setor privado no curto prazo permanecem muito baixos, apesar de terem

aumentado desde 2007.

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provêm de múltiplas fontes, como o aumento do salário mínimo em janeiro de 2013, o alívio

fiscal para indústrias selecionadas e atividades quase-fiscais do BNDES.

16. A despeito desses riscos e desafios, o quadro macroeconômico geral do Brasil é

considerado adequado e sustentável no médio prazo. As políticas do Brasil (veja no

Quadro 1 mais detalhes sobre o Federalismo Fiscal Brasileiro) forneceram ao Governo a

flexibilidade para responder à crise financeira mundial de 2008/2009 e à piora contínua do

ambiente externo provocada pela crise fiscal europeia com uma série de medidas fiscais,

monetárias e externas para estimular a demanda interna. A dívida bruta do setor público

deverá cair no futuro, apesar das dificuldades em manter o equilíbrio fiscal frente às grandes

necessidades de investimento e pressões do atual crescimento dos gastos. Ademais, as taxas

de câmbio flexíveis e reservas internacionais relativamente grandes devem ajudar o Brasil a

abordar as consequências de uma potencial crise externa, incluindo uma possível mudança

abrupta nas percepções do mercado e uma reviravolta nos fluxos de capital.

17. As previsões de médio e longo prazo para o Brasil dependerão criticamente de

sua habilidade em aproveitar seu grande potencial de crescimento. Do ponto de vista

histórico, a economia do Brasil viveu claramente um período de crescimento acelerado na

última década, mas o crescimento poderia ter sido significativamente mais forte devido ao

vasto potencial do país. Para que o Brasil continue a elevar a renda per capita, e ao mesmo

tempo assegurar que o crescimento seja inclusivo e sustentável, será necessário aproveitar

esse potencial através da criação de melhores condições para o crescimento. Isso exigirá não

só aproveitar a dinâmica do crescimento interno do Brasil (que está vinculada ao grande

mercado interno e crescente classe média), mas também obtendo maiores benefícios da

integração do Brasil à economia mundial.

18. Energizar os motores subjacentes do crescimento exigirá esforços plurianuais

determinados para abordar os persistentes gargalos estruturais. Entre esses desafios

destaca-se a necessidade de acelerar e fortalecer a qualidade da formação de capital humano

para elevar os padrões de vida e aumentar o crescimento da produtividade. Além disso, existe

a necessidade de aumentar o investimento público e privado, abordar os crescentes gargalos

de infraestrutura e assentar as bases para um crescimento liderado pela inovação. Outros

desafios importantes estão relacionados à importância de desenvolver um mercado de capital

de longo prazo privado, um mercado de trabalho mais flexível e um ambiente de negócios

mais ágil que promova a competição interna e a competitividade externa. O Anexo 3

apresenta em detalhes a situação econômica recente do Brasil e as perspectivas

macroeconômicas.

19. As autoridades lançaram vários esforços a esse respeito. O Plano Brasil Maior

(2011-2014) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) visa a

estimular a competitividade da economia brasileira abordando gargalos transversais e

oferecendo apoio específico aos setores. O plano prevê a redução de custos dos negócios,

aceleração do crescimento da produtividade e fortalecimento da competitividade externa do

Brasil no mercado global. Além disso, foram lançadas iniciativas recentes para estimular o

investimento privado em infraestrutura e reduzir os custos com eletricidade. Embora os

investimentos em infraestrutura recentemente anunciados não sejam pequenos em termos

absolutos (cerca de US$ 66 bilhões para estradas e ferrovias), só somam 0,3% do PIB do

Brasil, espalhados por 25 anos. Contudo, o plano tem um importante valor de sinalização,

mostrando a maior ênfase do Governo em (i) estimular o investimento (além do consumo)

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como forma de acelerar a recuperação econômica, (ii) fortalecer as bases para um crescimento

sustentado no médio prazo (não só a recuperação de curto prazo) e (iii) ampliar a participação

do setor privado no desenvolvimento da infraestrutura, complementando seu limitado espaço

fiscal para um investimento público em rápida expansão.

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Boxe A3-1: Federalismo Fiscal e Controle do Desempenho Fiscal Subnacional no Brasil A situação fiscal dos estados sempre foi um elemento importante na gestão macroeconômica do Brasil. Até

fim dos anos 1990, as políticas fiscais expansionistas dos estados e a falta de controles efetivos de seu

endividamento resultaram em frequentes crises da dívida subnacional. Em três ocasiões (1989, 1993 e 1997)

o Governo Federal teve que assumir e reestruturar a dívida dos estados. A maior operação ocorreu em 1997,

no âmbito da Lei 9496, quando o Governo Federal reestruturou R$ 200 bilhões (12% do PIB) das dívidas dos

estados.

Na operação de refinanciamento de 1997, as dívidas foram refinanciadas em 30 anos. Essa dívida

refinanciada, chamada de dívida intralimite, tem uma taxa de juros real de 6% e o valor nominal dívida

aumenta com a inflação. O serviço da dívida foi limitado a 13% da receita corrente líquida dos estados.

Qualquer serviço da dívida acima desse limite de 13% é recapitalizado e adicionado ao estoque de dívida

intralimite. No fim dos contratos (em 2028), se houver saldo residual da dívida, o estado deve pagar o

restante em 10 anos.

O socorro de 1997 foi condicionado ao cumprimento pelos estados de programas de ajuste fiscal e reforma

estrutural de médio prazo. Em troca do pacote de resgate, os contratos de renegociação da dívida incluem a

implementação de um Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal (PAF) de três anos a ser acordado pela

STN e os 25 estados que tiveram sua dívida resgatada pela Secretaria do Tesouro Nacional durante o período

do contrato. Os PAFs estabelecem metas anuais para endividamento, saldo primário, despesas com pessoal,

receita tributária e investimento público, de modo a garantir uma redução gradual da dívida. Além disso, os

PAFs incluem reformas estruturais, como privatização ou outras iniciativas de modernização do setor

público.

O controle do desempenho fiscal subnacional foi fortalecido pela aprovação da Lei de Responsabilidade

Fiscal (LRF) em 2000. A LRF institucionalizou a disciplina fiscal em todos os níveis de governo,

incorporando restrições orçamentárias num quadro unificado. Explicitamente proíbe operações de

refinanciamento da dívida entre níveis de governo, abordando o problema do risco de improbidade nas

relações fiscais entre governos causado por socorros sequenciais. Resoluções complementares do Senado

também proíbem o endividamento se: (i) a dívida consolidada líquida exceder duas vezes a receita corrente

líquida (RCL) (ii) novas operações de crédito excederem 16% da RCL; (iii) serviço da dívida exceder 11.5%

da RLC. O endividamento também é proibido se violar os esquemas de redução da dívida estabelecidos pelos

contratos de renegociação da dívida nos termos da Lei 9496. Finalmente, segundo resolução do Senado

Federal, a emissão de títulos de governos subnacionais está proibida até 2020. Esse sistema de controle

resultou em repetidos superávits estaduais e municipais, um ajuste que continuou por quatro administrações

federais. Além disso, esse sistema também favorece a adoção de programas apropriados de gastos pelos

governos subnacionais. Além do controle sobre o endividamento, os requisitos da LRF melhoraram a

transparência e fortaleceram as práticas orçamentárias.

Transparência: os resultados orçamentários e cumprimento da LRF — inclusive uma declaração das medidas

corretivas se as disposições relevantes forem descumpridas — são informados regularmente. Os municípios e

estados também devem informar os resultados fiscais do ano anterior ao Ministério da Fazenda. O legislativo

de cada nível de governo, auxiliado pelo respectivo Tribunal de Contas, monitora a observância das metas e

tetos fiscais.

Instituições orçamentárias: a LRF introduz requisitos mais rigorosos para as metas fiscais na preparação da

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), fortalecendo seu papel na preparação do orçamento e gestão fiscal

em geral. A LRF também recomenda uma avaliação detalhada do passivo contingente do Governo e fortalece

o vínculo entre a Lei de Orçamento Anual (LOA) e a LDO. Uma Lei dos Crimes Fiscais complementar é

aplicada a todos os níveis da administração pública, com a possibilidade de detenção para os funcionários

públicos que não cumprirem a LRF.

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74

ANEXO 3: ANÁLISE FISCAL DE BELO HORIZONTE

20. O município de Belo Horizonte tem uma sólida situação fiscal que continua a

melhorar. Os indicadores de saúde fiscal do município estão todos abaixo dos limites

estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Além disso, está gradualmente

incorporando boas práticas de gestão orçamentária e financeira para gerar orçamentos

equilibrados sustentáveis. O atual estoque de dívida é o pequeno e o serviço é manejável

mesmo nas piores hipóteses. Por fim, o governo de Belo Horizonte regularizou seu balanço

reconhecendo pagamentos atrasados e disputas judiciais, como as dívidas com as companhias

de ônibus, companhias de utilidades públicas e precatórios.

Receita

21. A receita do município aumentou 83,2% em termos reais entre 2004 e 2012. A receita

total aumentou de R$ 3,7 bilhões para R$ 6,9 bilhões. A receita é composta principalmente de

receitas correntes, que atingiram R$ 6,2 bilhões em 2012 (90% do total). As receitas correntes

incluem transferências de R$ 3,1 bilhões (49,3%), receita fiscal de R$ 2,2 bilhões (32,1%),

multas e arrecadação de atrasados no total de R$ 349,7 milhões (5,6%) e pequenos itens como

taxas de usuários.

22. Belo Horizonte obtém a maior parte de sua receita corrente de transferências do

governo federal e estadual. Essa situação não é diferente da maioria das capitais. De fato,

somente São Paulo e Rio de Janeiro têm receita própria (fiscal) maior que a receita de

transferências.35

Figura A4- 1. Composição da receita corrente:

2012

Figura A4- 2. Composição das transferências

correntes:

2012

Fonte: balanço anual da PBH 2012.

35

Por ser um Estado federativo, a maior parte da base tributária do Brasil corresponde ao governo federal e

estadual.

50.3%

35.7%

5.6%

8.4%

Transfers Tax Revenues Fines and Arrears Others

37.8%

7.1%

10.9%

24.9%

13.4%

5.8%

Health Fundeb+ Education FPM ICMS IPVA Others

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23. De 2004 a 2012, as transferências cresceram menos que a receita fiscal (80,4% em

comparação com 88,6%). As transferências do governo federal (81,4%) cresceram mais que

as estaduais (70,1%). Além disso, as transferências federais foram um pouco mais altas que as

estaduais (R$ 1,6 bilhão em comparação com R$ 1,4 bilhão em 2012). Também têm caráter

diferente, pois as estaduais assumem a forma de compartilhamento de receita (R$ 783 milhões

do ICMS e R$ 422 milhões do IPVA), enquanto a maior contribuição federal é uma

transferência para a saúde (R$ 1,2 bilhão). Além disso, o município recebeu R$ 432 milhões

para educação do FUNDEB.36

24. As transferências do estado (VAT, ICMS) foram as que mais sofreram durante a

recente crise econômica mundial. De fato, Minas Gerais registrou as piores perdas de

arrecadação de impostos nos últimos anos. O FPM também sofreu durante a crise e somente

em 2011 recuperou o nível de 2008. Contudo, as transferências do IPVA e transferências para

a saúde aumentaram durante o período. Por fim, o aumento das transferências do FUNDEB se

deve principalmente ao aumento gradual dos recursos previsto pela legislação.

Figura A4- 3. Evolução das transferências: 2007-2012

(R$ milhões – valor real) Figura A4- 4. Evolução dos impostos: 2007-2012

(R$ milhões – valor real)

Fonte: balanço anual da PBH 2007-2012.

25. A segunda maior fonte de recursos é a arrecadação de impostos. O maior fluxo de

receita vem do imposto sobre serviços (ISS), seguido do imposto predial e territorial urbano

(IPTU) e do imposto sobre transmissão de bens imóveis (ITBI). Esse padrão está estabelecido

desde 2006, quando as receitas do ISS ultrapassaram o IPTU. Contudo, a receita do ITBI

mostrou a maior taxa de crescimento real entre 2004 e 2010, de 233,9%, em comparação com

113,9% para o ISS e 63,3% para o IPTU.

26. Esse padrão é comum a outras capitais brasileiras e decorre de melhoras na legislação

federal sobre ISS introduzidas em 2003 e também de inovações na administração municipal

de impostos que se espalharam por todo o país. O aumento na receita do ITBI é mais recente e

pode ser atribuído ao aumento nos valores imobiliários e hipotecas em cidades maiores, assim

como ao fato de muitos governos municipais, em vez de basear o imposto sobre transmissão

de bens imóveis no valor histórico da propriedade, passarem a fazê-lo com base no valor atual

36

FUNDEB é um fundo para financiamento da educação básica cujos recursos provêm do governo estadual e

municipal. O Governo federal também contribui ao fundo para os estados que não atingem o nível mínimo de

gasto por aluno estabelecido pela lei. Em 2012, BH contribuiu com R$ 432 milhões e recebeu R$ 311 milhões,

um ganho líquido de R$120 milhões.

715.4820.9

937.6 992.31,072.4 1,189.2

142.0149.4

138.6 183.9 200.6 224.8266.8 315.5 286.2 296.1

348.1 341.4

605.1724.0 653.3

753.8 777.0783.9

307.8339.6 365.5 379.7 402.1

422.7

147.2 165.9 132.0 121.9127.0

183.0

0.0

200.0

400.0

600.0

800.0

1,000.0

1,200.0

1,400.0

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Health Fundeb+ Education FPM ICMS IPVA Others

552.0

638.8666.4

734.8798.2

856.8

486.0 494.5 509.8

593.4

665.8696.2

147.2 170.8 182.1235.7

277.0309.0

145.3 146.8 152.9 146.0 140.2 152.7

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

2007 2008 2009 2010 2011 2012

ISS IPTU ITBI Fees

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de mercado. Uma característica de Belo Horizonte é a proporção relativamente mais alta da

receita de ITBI e IPTU na receita total.

27. Embora as alíquotas do ISS variem de 2 a 5%, a alíquota mais alta é a mais prevalente.

A cidade possui cerca de 174.000 contribuintes do ISS, sendo que 8.000 deles somam 85% da

receita total. A maior parte das receitas provém do setor financeiro (18%) e TI e serviços

profissionais (13%), seguido dos setores de construção e saúde. A arrecadação do ISS é bem

implementada. Desde 2005, medidas adequadas foram adotadas para prevenir a evasão dos

impostos decorrente da guerra fiscal. Ademais, desde novembro de 2009 existe a fatura

eletrônica fiscal. O cruzamento de dados e análises estatísticas e econômicas dos contribuintes

é empregado para informar as inspeções rotineiras do imposto. Fatores recentes que explicam

os aumentos na receita do ISS incluem acordos que resolveram conflitos antigos com grandes

contribuintes inadimplentes como a COPASA (2010), e com empresas de ônibus (2006).

Além disso, a alíquota do ISS para profissionais como advogados, que é determinada como

uma taxa ad rem, foi aumentada em 2010.

28. Existem aproximadamente 700.000 contribuintes que pagam o imposto predial e

territorial urbano (IPTU). Em 2011, 12,4% dos contribuintes eram totalmente isentos do IPTU

como resultado de disposições constitucionais ou leis locais. Além disso, 4,8% dos

contribuintes gozavam de isenções parciais. Isenções totais são concedidas para edifícios do

governo, igrejas e residências no valor máximo de R$ 40.000. As alíquotas de impostos são

estabelecidas progressivamente de acordo com o valor do imóvel, começando em 0,6% para

propriedades residenciais e 1,2% para propriedades comerciais e subindo até 1% e 3% para

propriedades residenciais e comerciais, respectivamente.

29. O departamento encarregado da administração de impostos (SMAA) recentemente

tomou medidas para fortalecer a arrecadação do IPTU. O departamento comprou um estudo

aerofotogramétrico para toda a cidade, que levou os contribuintes com informações cadastrais

divergentes a legalizar sua situação com a Prefeitura. Os valores das propriedades também

foram atualizados para ficarem de acordo com os valores de mercado, resultando em impacto

nos impostos cobrados em 2010 e 2011.37

Contudo, o município não reajustou a taxa de coleta

de lixo durante esses dois anos. Além disso, existe uma coordenação estreita com o

departamento de licenciamento de propriedade na prefeitura para atualizar o cadastro do

IPTU.

Despesas

30. As despesas totais chegaram a R$ 6,9 bilhões em 2012, um aumento real de 87,2%

desde 2004.38

As despesas correntes somam 81,1% do total, enquanto as de capital completam

o restante. Entre 2004 e 2012, as despesas correntes cresceram 76,9% em termos reais,

enquanto as de capital apresentaram um aumento de 149,8%.

31. As despesas correntes totalizaram R$ 5,6 bilhões em 2012, apresentando uma taxa de

crescimento médio de 6,5% entre 2004 e 2012. A crise econômica mundial e uma postura

37

De 2004 a 2011, o número de propriedades no cadastro aumentou em 8,3%, enquanto a base do imposto

cresceu 96%. 38

Todas as cifras de gastos citadas aqui foram calculadas no estágio de empenho, ou estágio inicial, um conceito

mais amplo.

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fiscal mais prudente produziram uma taxa de crescimento mais baixa nos dois últimos anos da

extensão. As principais despesas correntes em 2012 foram a folha de pagamentos (incluindo

pensionistas e funcionários públicos aposentados), totalizando R$ 2,6 bilhões; serviços

contratados pelo município, totalizando R$ 1,5 bilhão; subsídios, somando R$ 463 milhões; e

pagamentos do serviço da dívida de R$ 372 milhões.

32. A folha de pagamentos do município, incluindo pensionistas e funcionários públicos

aposentados, totalizou R$ 2,6 bilhões em 2012, apresentando um aumento real de 73,6% entre

2004 e 2012, no mesmo nível das despesas correntes gerais.

33. De 2004 a 2010, o município reestruturou a maior parte das carreiras do funcionalismo

público, o que levou a um aumento nos gastos com pessoal. De acordo com a Subsecretaria de

Recursos Humanos (SMARH), somente três carreiras ainda precisam ser reorganizadas, e

estas são pequenas. Além disso, o vale refeição foi aumentado em 2011 para proporcionar um

valor mais alto e uniforme (R$15 por dia) a todos os funcionários municipais. O número de

funcionários públicos também aumentou devido à criação de duas novas carreiras: guarda

municipal (2.337 funcionários) e professores do jardim de infância (2.111 professores). Outro

fator que levou a um aumento no número de funcionários públicos foi a demanda do promotor

público para acabar com a terceirização e rescindir os contratos temporários. As taxas de

crescimento de 2011 e 2012 provam que essa foi uma medida extraordinária e que não deve

haver nenhuma grande pressão da folha de pagamento sobre os gastos nos próximos anos.

34. O município tinha 41.267 funcionários públicos em sua folha de pagamentos em

dezembro 2012, incluindo empresas estatais e fundações. O número de funcionários públicos

aumentou 31,7% de 2004 a 2008, mas só 4,8% de 2008 a 2010. A maioria dos funcionários

(66%), incluindo professores e profissionais da saúde, é contratada pelas administrações

regionais, refletindo a descentralização da gestão de Belo Horizonte. Em dezembro de 2010, o

salário médio mensal dos funcionários públicos em Belo Horizonte era de R$ 2.809, mas o

salário médio em algumas Secretarias pode chegar a R$ 9.000.

35. O município também está tomando medidas para fortalecer a administração dos

recursos humanos. O sistema de TI que lida com RH e a folha de pagamentos está sendo

melhorado e unificado para todos os órgãos administrativos. O município está implementando

gradualmente um pagamento com base no mérito ligado ao programa Metas e Resultados de

BH e está iniciando estudos para o planejamento da força de trabalho.

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Figura A4- 5. Composição das despesas - 2012

(R$ milhões)

Figura A4- 6. Evolução das despesas:

2007-2012 (R$ milhões – valor real)

Fonte: Balanço anual PBH 2007-2012.

36. A política atual da PBH sobre salários públicos inclui um aumento anual por custo de

vida para todos os servidores. Contudo, profissionais de saúde e educação recentemente

receberam aumentos maiores por decisão do Prefeito. Funcionários de saúde e educação

receberam um aumento de 20% em 2011 e 2012, enquanto outros servidores receberam

13,92%.39

37. Os pagamentos do serviço da dívida não exercem uma grande pressão sobre o

orçamento do município. Os pagamentos de juros e amortização em 2012 somaram R$ 372

milhões, que correspondem a somente 5,4% dos gastos totais. Contudo, o município tem dois

contratos de dívida caros (PASEP e Medida Provisória 1969/99) que poderiam gerar uma

poupança significativa se fossem refinanciados a uma taxa mais baixa.

38. Os itens mais importantes nas despesas recorrentes são os serviços contratados pela

PBH e subsídios pagos pelo município. O primeiro é composto de todos os tipos de serviços

contratados pelo município, incluindo construções públicas e manutenção da cidade

(jardinagem e limpeza das ruas). Embora esses serviços tenham somado R$ 1,5 bilhão em

2012, essa rubrica do orçamento cresceu 63,1% de 2004 a 2012. Não obstante, essa taxa de

crescimento permanece abaixo do crescimento da receita e do gasto corrente total, não

apresentando assim uma ameaça à sustentabilidade fiscal. O aumento nos subsídios reflete

uma decisão administrativa para delegar tarefas de manutenção escolar às escolas, devendo

estabilizar-se no futuro próximo.

39. Desde 2004, o município mantém um alto nível de investimentos. Em 2012, os

investimentos chegaram a R$ 1 bilhão, que corresponde a 15,1% dos gastos totais. Os níveis

mais altos de investimento de 2008 em diante foram possíveis devido a empréstimos e

receitas extraordinárias, provenientes da venda de ações da empresa estadual de água e esgoto

mantidas pelo município. Em 2012, a maioria dos gastos com investimento foi direcionada à

39

Veja Lei 10.252, de 13 de setembro de 2011.

2,642.7

372.9

2,860.5

1,041.8

PayrollDebt ServiceRecurrent Expenditures

3,949.9 4,278.5 4,484.9

4,895.5 5,216.3

5,613.7

760.4 1,136.4 1,107.0

845.2 1,105.4 1,304.2

4,710.3

5,415.0 5,592.0 5,740.7 6,321.7

6,917.9

0

1,000

2,000

3,000

4,000

5,000

6,000

7,000

8,000

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Current Expenditures Capital Expenditures Total Expenditures

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construção de estradas e transporte público, moradia, drenagem de água e escolas e unidades

de saúde.

Figura A4- 7. Evolução dos gastos de pessoal: 2007-

2012 (R$ milhões – valor real)

Figura A4- 8. Evolução do funcionalismo

público: 2007-2012

Fonte: Balanço anual da PBH, 2007-2012, SMARH.

Resultados fiscais

40. Os resultados do orçamento melhoraram nos últimos anos, após apresentar alguns

resultados negativos devido a quedas na receita em resultado da crise econômica mundial. Em

2012, o município apresentou balanço primário e geral positivo, mostrando que o município

pôde pagar todos os seus gastos sem atrasos.

41. Os déficits primários foram um subproduto de investimentos maiores financiados por

receitas não primárias, como lucros de empréstimos e vendas de ativos, já que o município

gerou uma poupança corrente positiva. Por último, os resultados nominais são um reflexo de

variações no estoque da dívida, que, por sua vez, foram provocadas por choques externos

(índice geral de preço e taxas de câmbio) e novos empréstimos contratados.

Figura A4- 9. Dívida líquida consolidada/receita

corrente líquida: 2007-2012 (%)

Figura A4- 10. Gastos de pessoal/receita corrente

líquida: 2007-2012 (%)

Fonte: Relatório de Gestão Fiscal 3o quadrimestre 2007-2012.

42. O município obedeceu aos limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal

(LRF) durante todo esse período. Os gastos com pessoal como porcentagem da receita

1,364.4 1,579.4

1,703.5 1,752.8 1,785.0

1,908.7

285.2 320.3 341.0 321.5

383.6 426.4

59.1 64.8 68.2 59.5 65.0 81.1 231.2 224.4 225.9 265.4 205.7 226.6

0

500

1,000

1,500

2,000

2,500

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Active Civil Servants Retired Civil Servants

Pensioners Other Payroll Expenditures

30,794

37,369 38,603 39,168 40,082 41,267

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

35,000

40,000

45,000

2007 2008 2009 2010 2011 2012

36.93%

29.36%

35.96%

30.52%33.03%

34.79%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

2007 2008 2009 2010 2011 2012

NCD/ NCR

41.76%42.01%

44.30%

42.16%

39.29%

42.16%

36.0%

37.0%

38.0%

39.0%

40.0%

41.0%

42.0%

43.0%

44.0%

45.0%

2007 2008 2009 2010 2011 2012

Payroll Expenditures/ NCR

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80

corrente líquida (RCL) flutuaram entre 41% e 44%, muito abaixo do limite de 60%. Em 2012,

o coeficiente ficou em 42,2%. O município não emitiu nenhuma garantia e a receita de

recursos de empréstimos ficou abaixo de 16%.

43. O limite da LRF para o estoque da dívida e serviço também foi respeitado. O

coeficiente entre a dívida líquida consolidada (DLC) e a RCL manteve-se constante de 2007

(36,9%) a 2012 (34,8%). Em fevereiro de 2013, chegou a 21,3%. Variações no estoque da

dívida estão associadas com o reconhecimento de dívidas e novos contratos de empréstimo.

Os gastos com serviço da dívida variaram entre 3,3% em 2005 e 5,4% em 2012, muito abaixo

do limite de 11,5%.

Precatórios

44. Os precatórios são requisições judiciais apresentadas contra o município sobre as quais

foi emitido um julgamento desfavorável (isto é, a Prefeitura perdeu a causa). Em resultado, o

município tem que pagar uma quantia estabelecida pelo tribunal como reparação. Essas

requisições judiciais devem ser pagas dentro de 18 meses no máximo; contudo, como outras

cidades e estados brasileiros, Belo Horizonte está em atraso com esses pagamentos.

45. A Emenda Constitucional 62/09 foi introduzia para abordar esses atrasos. Em

concordância com essa emenda, o município optou por pagar todos os seus precatórios em 15

anos (incluindo os que estão atualmente atrasados e os novos). Além disso, o município foi

autorizado a buscar um desconto (limitado a 50%) dos titulares de precatórios e os juros

acumulados nos precatórios também foram reduzidos.

46. Contudo, uma decisão recente do Supremo Tribunal considerou essa emenda

inconstitucional e colocou o pagamento dos precatórios em situação de grande incerteza.

Assim, no curto e médio prazo, as contas municipais podem ser pressionadas por pagamentos

mais altos do que o previsto desses precatórios. O município tem R$ 379 milhões em dívida

de precatórios.

Parcerias Público-Privadas

47. O município aprovou uma lei que rege as parcerias público-privadas (PPP) em 2005 e

atualmente possui sete projetos em sua carteira em diferentes estágios de implementação. A

PBH tem um contrato para gestão de terraplanagem, que custa R$ 30 milhões por ano.

Também está construindo um hospital, o Hospital Metropolitano do Barreiro, que será

operado parcialmente por um parceiro privado a um custo anual de R$ 55 milhões. O

município também submeteu a audiência pública um projeto para a construção de 37 escolas.

Outros projetos no inventário incluem unidades de saúde, um sistema de metrô, rede de fibra

óptica e drenagem urbana.

Sustentabilidade da Dívida

48. A dívida bruta total de Belo Horizonte, incluindo os precatórios, chegou a R$ 2,59

bilhões no fim de 2012. Essa cifra diminuiu levemente para R$ 2,49 bilhões no fim de

fevereiro de 2013. A dívida contratual representa a maior parte da dívida bruta (85%).

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49. A maioria da dívida foi contraída internamente. De fato, no final de 2012 o município

só tinha um contrato de dívida externa com um valor pendente de R$ 80 milhões. Os

principais prestadores do município são as empresas de ônibus e a COPASA (21,2%), a CEF

(46,4%), o governo federal (20%) e o BNDES (7,2%).

50. A maioria dos empréstimos é indexada ao índice de preços ao consumidor (IPCA) a

20,8%, ou ao índice da conta de poupança (TR) a 47,9%. Outros índices relevantes são: o

índice geral de preços (IGP) ao qual 9,3% do estoque da dívida está indexado, e a taxa de

juros de longo prazo (TJLP) com 7,2%. A dívida do PASEP é o único contrato indexado à

SELIC.

51. Finalmente, com relação à amortização e perfil de vencimento, a dívida do município

mostra uma tendência levemente em queda. Os contratos da dívida possuem vencimento

longo e não há concentração de vencimento no futuro próximo. O serviço da dívida irá somar

em média 4,8% da receita corrente líquida (RCL) de 2011 a 2014, e o estoque da dívida

permanecerá bastante constante de 15,3% da RCL em 2012 a 16,2% em 2015.

52. A análise de sensibilidade mostra também que o serviço da dívida do projeto é

resistente a choques relevantes em seus principais fatores. O exercício estimulou a trajetória

do serviço da dívida dobrando a variação esperada no IGP e na SELIC. As maiores variações

foram registradas quando um choque é aplicado ao IGP. O desvio da hipótese de base chega a

0,08% da RCL em 2023, enquanto o desvio médio para os próximos anos é de 0,02% da RCL.

Um choque na SELIC altera o serviço da dívida em 0,01% da RCL no máximo. Um choque

no IPCA não foi simulado, já que as receitas deverão crescer junto com a inflação do

consumidor.

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Figura A4- 11. Estoque da dívida por índice:

2012

(% do total)

Figura A4- 12. Estoque da dívida por credor: 2012

(% do total)

Figura A4- 13. Projeção do serviço da dívida: 2011-2030

(% da receita corrente líquida)

Fonte: cálculos do Banco Mundial com base em dados da SMF da PBH.

53. O estoque de dívida e o serviço projetado não sofrerão um impacto significativo

depois que o município contrair o empréstimo do Banco Mundial, pois a PBH já se

comprometeu com o governo federal a usar esses recursos para pagar empréstimos pendentes.

Contudo, o empréstimo do Banco Mundial acrescentaria 0,29 ponto percentual de receita

corrente líquida anualmente em média de 2012 a 2014, se o município não pagar os

empréstimos pendentes.

Projeções Fiscais

54. A

55.

56.

20.8%

9.3%

47.9%

7.2%

6.0%

IPCA IGP-M TR TJLP US$

46.4%

20.0%

21.2%

7.2%5.2%

CEF Gov federal Onibus + Copasa BNDES Others

7.49%

3.68%3.23%

2.45%2.14%

1.81%

0.0%

1.0%

2.0%

3.0%

4.0%

5.0%

6.0%

7.0%

8.0%

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030

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83

57.

58.

59. mostra os dados fiscais reais e projetados para Belo Horizonte no formato de

estatísticas financeiras do governo (GFS). As projeções são feitas para avaliar a

sustentabilidade.

60. As cifras fiscais foram projetadas a partir de 2013, levando em consideração a atual

receita e despesa e as estimativas mais recentes para cifras de fim de ano. Para os anos

seguintes, o Banco tentou identificar as tendências dos principais itens de receita e despesa,

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84

bem como os fatores que poderiam afetar as contas fiscais no médio prazo. Quando

necessário, as previsões macroeconômicas usadas são as apresentadas no CPS.

61. A maior parte da receita fiscal e de transferências foi estimada com base nas cifras do

ano anterior, ajustadas pela inflação e aplicando a mesma taxa de crescimento do PIB

nacional. Portanto, há um pressuposto conservador para a elasticidade da receita igual a um.

As exceções são o IPTU e ITBI. Supõe-se que o primeiro cresça junto com a inflação e o

crescimento do estoque de imóveis, enquanto as projeções do ITBI foram fornecidas pela

Secretaria de Finanças, pois é influenciado pelo valor de mercado e número de transações

realizadas.

62. Com poucas exceções, supõe-se que todas as outras receitas aumentem junto com a

inflação. Itens específicos de receita como a receita das concessões devem durar somente até

2013, de acordo com o contrato entre o município e as companhias de ônibus. Os recursos do

empréstimo foram projetados distribuindo os fundos de contratos já assinados.

63. Do lado das despesas, o enfoque é similar. Contudo, a rigidez das despesas devida a

destinação específica e alguns itens permanentes e contratuais (como folha de pagamento e

serviço da dívida) significa que a maioria dos itens de despesa cresce segundo regras

especificas.

64. Os gastos de pessoal devem aumentar de acordo com a taxa de inflação mais 3,5% em

termos reais. O aumento real leva em conta o crescimento natural dos gastos de pessoal

decorrente de promoções automáticas e aumentos salariais estabelecidos na legislação (2,5%

ao ano) e também a expansão dos pagamentos baseados no mérito e alguns ganhos reais que

os funcionários públicos sempre receberam. As pensões e aposentadorias aumentam na

mesma proporção, já que a legislação garante que a maioria dos beneficiários receba o mesmo

aumento dos funcionários ativos. Projeta-se que outros pagamentos aos funcionários cresçam

junto com a taxa de inflação.

65. Os pagamentos de juros e amortização são obtidos do cenário básico no exercício de

sustentabilidade da dívida. Uma hipótese subjacente é que o município não contrairá novos

empréstimos durante este período. O empréstimo do Banco Mundial não foi incluído no

cenário atual.

66. Por fim, projeta-se que o investimento enfrentará várias restrições simultâneas.

Primeiro, não deve fazer com que o orçamento descumpra a regra de ouro, segundo a qual as

despesas de capital devem ser iguais ou inferiores à receita de capital. Segundo, quaisquer

déficits no orçamento ou gastos imprevistos são ajustados pelos investimentos; assim, devem

ser corrigidas para obter resultados primários e orçamentários que mantenham a posição fiscal

de BH num caminho sustentável e permitam que o município obtenha a garantia do governo

federal para seus empréstimos.

67. O cenário apresentado é conservador. A receita e a despesa foram projetadas um

pouco do lado pessimista da distribuição de probabilidades. Contudo, os resultados

orçamentários estão em conformidade com os níveis pré-crise. Uma análise de sensibilidade

mostra que a principal influência (positiva e negativa) é o crescimento do PIB, já que a

maioria das despesas já foi contraída e uma receita inferior à prevista pode forçar a PBH a

reduzir investimentos ou enfraquecer os resultados orçamentários. Por outro lado, um PIB

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maior que o previsto deixará o município com mais espaço fiscal para aumentar os

investimentos ou amortizar a dívida.

Figura A4- 14. Projeções fiscais de Belo Horizonte: padrão GFS

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Fonte: cálculos do Banco Mundial baseados em dados da SMF.

2011 2012 2013 2014 2015

I. REVENUE 6,034.8 6,506.8 7,007.6 7,587.1 8,215.1

Taxes 2,212.3 2,386.0 2,555.8 2,756.9 2,966.5

ISS 798.2 856.8 933.7 1,021.5 1,113.2

IPTU 665.8 696.2 744.6 794.9 847.0

OUTRAS 748.2 833.0 877.5 940.6 1,006.3

ITBI 277.0 309.0 309.9 323.9 338.5

IRRF 331.0 371.3 404.6 442.6 482.4

Taxas 140.2 152.7 163.0 174.1 185.4

Social Contributions 2.0 2.1 2.4 2.5 2.7

Transfers 3,396.0 3,695.0 4,026.7 4,405.3 4,801.2

Current Transfers 3,273.9 3,487.8 3,800.8 4,158.3 4,531.9

Capital Transfers 122.1 207.2 225.8 247.1 269.3

Other Current Revenues 424.6 423.7 422.8 422.3 444.7

Interest Revenues 69.8 56.3 59.5 62.8 66.1

II. EXPENSE 5,216.3 5,613.7 6,219.8 6,670.3 7,085.3

Compensation of Employees 2,439.4 2,642.7 2,878.3 3,097.8 3,210.5

Interest Payments 121.9 110.5 146.8 77.9 71.7

Other Current Expenditures 2,655.0 2,860.5 3,194.7 3,494.5 3,803.2

III. GROSS OPERATING BALANCE (I - II) 818.5 893.1 787.8 916.9 1,129.8

% of NCR 14.0% 14.7% 11.9% 12.8% 14.2%

IV. TRANSACTIONS IN NON-FINANCIAL ASSETS 887.2 1,041.8 820.9 963.3 1,115.9

Investiment in Non-Financial Assets 34.9 40.9 32.2 37.8 43.8

Investment in Financial Assets 852.3 1,000.9 788.6 925.5 1,072.0

V. NET LENDING / BORROWING (III - IV) -68.7 -148.7 -33.0 -46.4 13.9

VI. PRIMARY BALANCE (V + Net Interest Payments) 53.3 -38.2 113.7 31.5 85.5

% of NCR 0.9% -0.6% 1.7% 0.4% 1.1%

VII. TRANSACTIONS IN FINANCIAL ASSETS AND LIABILITIES 125.7 136.2 78.8 242.4 258.2

New Loans 284.3 390.1 427.5 427.5 427.5

Amortizations, net -218.2 -262.4 -348.7 -185.1 -169.2

Amortizations received 0.0 0.0 0.0 0.0 1.0

Amortizations paid 218.2 262.4 348.7 185.1 170.2

Asset sales 59.6 8.5 0.0 0.0 0.0

VIII. GROSS FINANCING NEEDS (Net Debt Service - VI) 68.7 148.7 33.0 46.4 -13.9

% of NCR 1.2% 2.4% 0.5% 0.6% -0.2%

VIII. OVERALL BALANCE (VI + VII) 179.0 98.0 192.5 273.8 343.8

Memo Items:

Net Current Revenue (NCR) 5,860.9 6,092.8 6,612.2 7,155.3 7,945.8

Non-Financial Investment / NCR 0.6% 0.7% 0.5% 0.5% 0.6%

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ANEXO 4: O PAÍS EM RESUMO

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ANEXO 5: MAPA DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE