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Documento do Banco Mundial Relatório nº: PAD1067 BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO DE PROJETO SOBRE PROPOSTA DE DOAÇÃO DO FUNDO ESTRATÉGICO DO CLIMA - PROGRAMA DE INVESTIMENTO FLORESTAL (SCF-FIP) NO VALOR DE US$ 6,5 MILHÕES PARA O CENTRO DE AGRICULTURA ALTERNATIVA DO NORTE DE MINAS (CAA/NM) DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DESTINADA AO PROJETO MECANISMO DE DOAÇÃO DEDICADO A POVOS INDÍGENAS - BRASIL 27 de janeiro de 2015 O presente é um documento de distribuição restrita e só pode ser usado por quem o receber no desempenho de suas funções oficiais. Seu conteúdo não pode ser divulgado sem a autorização do Banco Mundial. Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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Documento do

Banco Mundial

Relatório nº: PAD1067

BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO

DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO DE PROJETO

SOBRE

PROPOSTA DE DOAÇÃO DO FUNDO ESTRATÉGICO DO CLIMA - PROGRAMA DE

INVESTIMENTO FLORESTAL (SCF-FIP)

NO VALOR DE US$ 6,5 MILHÕES

PARA O

CENTRO DE AGRICULTURA ALTERNATIVA DO NORTE DE MINAS (CAA/NM)

DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

DESTINADA AO PROJETO

MECANISMO DE DOAÇÃO DEDICADO A POVOS INDÍGENAS - BRASIL

27 de janeiro de 2015

O presente é um documento de distribuição restrita e só pode ser usado por quem o receber no

desempenho de suas funções oficiais. Seu conteúdo não pode ser divulgado sem a autorização do

Banco Mundial.

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i

EQUIVALÊNCIA MONETÁRIA

(Taxa de câmbio em vigor em janeiro de 2014)

Unidade monetária = Real

R$ 2,3 = US$ 1,0

US$ 0,43 = R$ 1,0

EXERCÍCIO FINANCEIRO

1º de janeiro – 31 de dezembro

SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AGF Avaliação da Gestão Financeira

AP Área Protegida

BIP Brazil Investment Plan (Plano de Investimentos do Brasil)

BIRD Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento/

Banco Mundial

BMD Banco Multilateral de Desenvolvimento

CAA/NM Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas

CBA Community-Based Adaptation (Adaptação Comunitária)

CDD Community-Driven Development (Desenvolvimento induzido pela

comunidade)

CE-BIP Comitê Executivo do BIP

CIF Climate Investment Funds (Fundo de Investimento em Clima)

CNPCT Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais

CNPI Comissão Nacional de Política Indigenista

CONACER Comissão Nacional do Programa Cerrado Sustentável

CPS Country Partnership Strategy (Estratégia de Parceria para o País)

DGM Mecanismo de Doação Dedicado

FIP Forest Investment Program (Programa de Investimento Florestal)

FOG DGM Framework Operational Guidelines (Diretrizes Operacionais

do DGM)

FUNAI Fundação Nacional do Índio

GEE Gases de Efeito Estufa

GF Gestão Financeira

GovBr Governo do Brasil

GRM Grievance Redress Mechanism (Mecanismo de Registro de Queixas e

Reparações)

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

M&A Monitoramento e Avaliação.

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MGSA Marco de Gestão Socioambiental

MMA Ministério do Meio Ambiente

MOP Manual Operacional do Projeto

MPPI Marco de Planejamento para os Povos Indígenas

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ii

MRN Manejo de Recursos Naturais

NEA National Executing Agency (Agência Executora Nacional)

NSC National Steering Committee (Conselho Gestor Nacional)

ODP Objetivo de Desenvolvimento do Programa

ONG Organização Não-Governamental

OPIs Organizações de Povos Indígenas

OSC Organização da Sociedade Civil

PIB Produto Interno Bruto

PICTs Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais

PIs Povos Indígenas

P-MGSA Estrutura Programática de Gestão Socioambiental

PNGATI Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras

Indígenas

PNPCT Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e

Comunidades Tradicionais

PPG7 Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil

PPI Plano para os Povos Indígenas

REDD+ Redução das emissões por desmatamento e degradação florestal; e o

papel da conservação, do manejo florestal sustentável e do aumento

dos estoques de carbono florestal

RFT Rain Forest Trust Fund (Fundo Fiduciário para Florestas Tropicais)

SCF Strategic Climate Fund (Fundo Estratégico do Clima)

SEDR Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural

Sustentável

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação

TdRs Termos de Referência

TgCO2 Teragramas de dióxido de carbono

TI Tecnologias da Informação

TIR Taxa interna de retorno

TIR-E Taxa interna de retorno econômico

TIs Terra Indígena

UC-BIP Unidade de Coordenação do BIP

VPL Valor presente líquido

VPL-E Valor presente líquido econômico

Vice-Presidente para a Região: Jorge Familiar

Diretora para o País: Deborah L. Wetzel

Diretora Sênior de Práticas Globais: Paula Caballero

Gerente de Práticas: Emilia Battaglini

Líder da Equipe do Projeto: Alberto Coelho Gomes Costa

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iii

BRASIL

Projeto Mecanismo de Doação Dedicado a Povos Indígenas - Brasil

ÍNDICE

Página

I. CONTEXTO ESTRATÉGICO ........................................................................................1

A. Contexto nacional ......................................................................................................... 1

B. Contexto setorial e institucional .................................................................................... 3

C. Fundamentação lógica para a participação do Banco Mundial .................................... 3

D. Objetivos superiores para os quais o Projeto contribui ................................................. 4

II. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO (ODPs) .............................5

A. ODPs ............................................................................................................................. 5

B. Beneficiários do Projeto ................................................................................................ 6

C. Indicadores de resultados relacionados aos ODPs ........................................................ 6

III. DESCRIÇÃO DO PROJETO ...........................................................................................7

A. Componentes do Projeto ............................................................................................... 7

B. Financiamento do Projeto ............................................................................................. 9

C. Série de Objetivos e Fases do Projeto ........................................................................... 9

D. Lições aprendidas e aplicadas na elaboração do Projeto ............................................ 10

IV. IMPLEMENTAÇÃO .......................................................................................................11

A. Arranjos institucionais e de implementação ............................................................... 11

B. Monitoramento e Avaliação de Resultados ................................................................ 12

C. Sustentabilidade .......................................................................................................... 13

V. PRINCIPAIS RISCOS E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO .............................................13

A. Tabela de classificação de riscos ................................................................................ 13

B. Explicação sobre a classificação do risco global ........................................................ 14

VI. RESUMO DA AVALIAÇÃO..........................................................................................14

A. Análises econômica e financeira ................................................................................. 14

B. Técnicos ...................................................................................................................... 15

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iv

C. Gestão financeira ........................................................................................................ 16

D. Aquisições ................................................................................................................... 16

E. Aspectos sociais (inclusive salvaguardas) .................................................................. 17

F. Aspectos ambientais (inclusive salvaguardas) ............................................................ 17

Anexo 1: Matriz de Resultados e Monitoramento ....................................................................19

Anexo 2: Descrição Detalhada do Projeto .................................................................................27

Anexo 3: Arranjos de Implementação .......................................................................................55

Anexo 4: Matriz de Avaliação de Riscos Operacionais (ORAF) .............................................75

Anexo 5: Plano de Apoio à Implementação do Projeto ............................................................81

Anexo 6: Análise Econômica/Financeira e de Cobenefícios .....................................................85

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v

PAD DATA SHEET

Brasil

Projeto Mecanismo de Doação Dedicado a Povos Indígenas (P143492)

DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO DE PROJETO

AMÉRICA LATINA E CARIBE

Práticas Globais em Gestão Ambiental e de Recursos Naturais

Relatório PAD1067

Informações básicas

Project ID Categoria de avaliação

ambiental

Líder da Equipe

P143492 B - Avaliação parcial Alberto Coelho Gomes Costa

Instrumento de empréstimo: Capacidade frágil e/ou com restrições [ ]

Financiamento de Projeto de

Investimento

Intermediação de financiamento [ ]

Série de projetos [x]

Início da implementação do Projeto Término da implementação do Projeto

27 de abril de 2015 30 de setembro de 2019

Data prevista para entrada em vigor: Data prevista para encerramento

13 de abril de 2015 30 de março de 2020

Em conjunto com a IFC

Não

Gerente de

Práticas/Gerente

Diretora Sênior de

Práticas Globais Diretora para o País Vice-Presidente regional

Emilia Battaglini Paula Caballero Deborah L. Wetzel Jorge Familiar

Autoridade responsável pela aprovação

Autoridade responsável pela aprovação

Decisão do Conselho/AOB

Mutuário: Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM)

Agência responsável: Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM)

Contato: Braulino Caetano dos Santos Cargo: Diretor Geral

Telefone: +553832212150 E-mail: [email protected]

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vi

Informações sobre o financiamento do Projeto (em milhões de US$)

[ ] Empréstimo [ ] Contribuição do IDA [ ] Garantia

[ ] Crédito [X] Doação [ ] Outro

Custo total do Projeto: 6,50 Financiamento total pelo Banco: 0,00

Gap financeiro: 0,00

Fonte de financiamento: Montante

Mutuário 0,00

Doação do Fundo Estratégico do Clima 6,50

Total 6,50

Previsão de liberação de recursos (em milhões de US$)

Exercíci

o fiscal

2015 2016 2017 2018 2019 2020 0000 0000 0000 0000

Anual 0,65 1,50 2,25 1,50 0,50 0,10 0,00 0,00 0,00 0,00

Acumula

do

0,65 2,15 4,40 5,90 6,40 6,50 0,00 0,00 0,00 0,00

Dados institucionais

Área temática / Área de solução transversal

Meio Ambiente e Recursos Naturais

Áreas Transversais

[X] Mudanças climáticas

[ ] Fragilidade, conflito e violência

[ ] Gênero

[ ] Emprego

[ ] Parceria Público-Privada

Setor / Mudanças do Clima

Setor (cinco setores no máximo, totalizando 100%)

Setor principal Setor % % cobenefícios

em adaptação

% cobenefícios

em mitigação

Agricultura, pesca e silvicultura Setores agrícola, pesqueiro

e florestal em geral

50 65 15

Setores agrícola, pesqueiro e

florestal

Setor florestal 50 65 15

Total 100

Certifico que a este projeto não se aplica nenhuma informação relativa a cobenefícios

resultantes de adaptação e mitigação das mudanças do clima.

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vii

Temas

Tema (cinco temas no máximo, totalizando 100%)

Tema principal Tema %

Des. Social/gênero/inclusão Inclusão social 40

Meio Ambiente e Manejo de Recursos

Naturais

Outros temas relacionados a meio

ambiente e gestão dos recursos naturais

30

Meio ambiente e gestão dos recursos

naturais

Mudanças climáticas 30

Total 100

Objetivo(s) de Desenvolvimento Propostos

O Projeto tem os seguintes objetivos: (i) fortalecer a participação dos povos indígenas, comunidades

quilombolas e comunidades tradicionais do Bioma Cerrado, no FIP, REDD+ e outros programas

similares orientados para o Clima nas esferas locais, nacionais e global; e (ii) contribuir para aprimorar

os modos de vida, os usos do solo e manejo sustentável dos recursos florestais em seus territórios.

Componentes

Nome do componente Custo (em milhões de US$)

Componente 1: Iniciativas comunitárias de Manejo Sustentável de

Recursos Florestais e Adaptação às Mudanças Climáticas

4,00

Componente 2: Capacitação e fortalecimento institucional 1,30

Componente 3: Gerenciamento, monitoramento e avaliação do Projeto 1,20

Conformidade com as Políticas do Banco

Políticas

O projeto se afasta da Estratégia de Assistência aos Países (CAS) em conteúdo

ou outros aspectos significativos?

Sim [ ] Não [X]

O projeto requer algum tipo de exceção às políticas do Banco Mundial? Sim [ ] Não [X]

Tais exceções foram aprovadas pela Direção do Banco Mundial? Sim [ ] Não [ ]

A Direção busca aprovação para qualquer tipo de exceção às políticas do

Banco?

Sim [ ] Não [X]

O projeto atende aos critérios regionais de prontidão para execução? Sim [X] Não [ ]

Políticas de salvaguarda acionadas pelo Projeto Sim Não

Avaliação Ambiental OP/BP 4.01 X

Habitats Naturais (OP/BP 4.04) X

Florestas (OP/BP 4.36) X

Controle de Pragas (OP 4.09) X

Recursos Culturais Materiais (OP/BP 4.11) X

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viii

Povos Indígenas (OP/BP 4.10) X

Reassentamento Involuntário (OP/BP 4.12) X

Segurança de Barragens (OP/BP 4.37) X

Projetos em Hidrovias Internacionais (OP/BP 7.50) X

Projetos em Áreas em Disputa OP/BP 7.60 X

Condições e cláusulas legais

Nome Recorrente Prazo Frequência

Mecanismo de Registro de Queixas e Reparações 15 de junho de 2015

Descrição da Condição/Cláusula

O mecanismo de registro de queixas e reparações deverá entrar em operação 60 dias após a data

efetividade do Projeto, conforme previsto na Seção I.E.1 do Anexo 2 do Acordo Legal.

Condições

Origem dos recursos Nome Tipo

CSCF Manual Operacional concluído, aprovado e adotado

pelo Beneficiário.

Efetividade

Descrição da condição/cláusula

O presente Acordo somente entrará em vigor quando da apresentação ao Banco Mundial de

comprovação satisfatória de que o Manual Operacional foi adotado pelo Beneficiário, conforme prevê o

Acordo Legal, art. IV 4.01 (a).

Origem dos recursos Nome Tipo

CSCF Estão previstos financiamentos retroativos Desembolsos

Descrição da condição/cláusula

Não serão aceitos saques relativos a pagamentos feitos antes da data de celebração do Acordo Legal,

salvo quando por montante cumulativo equivalente a, no máximo, US$ 65 mil, para pagamentos

efetuados entre 12 de novembro de 2014 e a data de celebração, referentes às Despesas Admissíveis

contempladas na Categoria (3) do Projeto, conforme previsto no Seção 4, B.1 do Anexo 2 do Acordo

Legal.

Composição da equipe

Pelo Banco

Nome Cargo Especialidade Unidade

Alberto Coelho Gomes

Costa

Especialista Sênior em

Desenvolvimento Social

Líder da equipe GSURR

Frederico Rabello T.

Costa

Especialista Sênior em

Aquisições

Especialista Sênior em

Aquisições

GGODR

Thiago de Oliveira

Teodoro

Consultor ET Consultor ET GGODR

Yoichiro Ikeda Oficial de Operações OPSRE

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ix

Maria Joao Pagarim

Ribei Kaizeler

Especialista em Gestão

Financeira

Consultora ET GGODR

Daniella Ziller Arruda

Karagiannis

Analista de Operações Analista de Projetos GENDR

Maria Bernadete Ribas

Lange

Especialista sênior em

meio ambiente

Especialista sênior em

meio ambiente

GENDR

Mariana Margarita

Montiel

Advogada Sênior Advogada Sênior LEGLE

Miguel-Santiago da

Silva Oliveira

Especialista em Gestão

Financeira

Especialista em Gestão

Financeira

GGODR

Madhavi M. Pillai Esp. Sênior em Gestão

de Rec. Naturais

Especialista em Gestão

de Recursos. Naturais

GCCPT

Tatiana Cristina O. de

Abreu Souza

Oficial de Finanças Finanças WFALN

Veronica Yolanda Jarrin Analista de Operações Analista de Operações GENDR

Equipe externa

Nome Cargo Cidade

Karina Bugarin Consultora

Magno Castelo Branco Consultor

Júlia Miras Costa Consultora

Luiz Carlos Pinage Consultor

Local

País Primeira Divisão

Administrativa

Local Planejad

o

Atual Comentários

Brasil Piauí Piauí X Bioma Cerrado

Brasil Maranhão Maranhão X Bioma Cerrado

Brasil São Paulo São Paulo X Bioma Cerrado

Brasil Paraná Paraná X Bioma Cerrado

Brasil Minas Gerais Minas Gerais X Bioma Cerrado

Brasil Mato Grosso do Sul Mato Grosso do Sul X Bioma Cerrado

Brasil Mato Grosso Mato Grosso X Bioma Cerrado

Brasil Goiás Goiás X Bioma Cerrado

Brasil Distrito Federal Distrito Federal X Bioma Cerrado

Brasil Bahia Bahia X Bioma Cerrado

Brasil Tocantins Tocantins X Bioma Cerrado

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1

I. CONTEXTO ESTRATÉGICO

A. Contexto nacional

1. Conhecido mundialmente por sua megadiversidade de fauna e flora riquíssimas, o Brasil

compreende seis biomas continentais. A cobertura original de seus três biomas de floresta

representa 80% do território brasileiro (8,5 milhões de km2) e 12% da área de florestas do

mundo.1 Suas florestas representam uma parcela significativa da biodiversidade global terrestre,

e a maioria se encontra em terras indígenas e territórios tradicionais. O bioma Cerrado abrange

quase 24% do país (2,04 milhões de km2) e constitui uma região estratégica para o

desenvolvimento econômico, a segurança alimentar e o meio ambiente do país. No entanto, a

rápida expansão da agricultura vem cobrando um alto custo ambiental: a vegetação natural do

Cerrado está sendo convertida em áreas para a agricultura e a pecuária. Hoje, as áreas de

pastagem (54 milhões de hectares) são, sem margem de dúvida, a forma mais importante de uso

do solo no bioma, e a conversão para uso agropecuário é a razão predominante do aumento da

contribuição relativa do Cerrado para as emissões anuais líquidas de gases de efeito estufa (GEE)

de origem antrópica.2 Até 2010, o bioma Cerrado havia perdido cerca de 48% de sua cobertura

florestal. Em média, 1,4 milhão de hectares são desmatados por ano.3

2. Em 2013, o Brasil foi a sétima maior economia do mundo em termos de produto interno

bruto4 (US$ 2,24 trilhões), porém continua dependendo em parte da exportação de produtos

primários, entre os quais as commodities agrícolas. A agricultura é responsável por 19,3% da

força de trabalho do Brasil (quase 19 milhões de habitantes). No decênio 2003-2013, o valor das

exportações do agronegócio mais que triplicou, atingindo US$ 99,97 bilhões, ou 41,3% das

exportações brasileiras.5 Boa parte do recente crescimento do setor agrícola ocorreu na porção

central do Cerrado, que tem cerca de 22 milhões de hectares de lavouras e 50 milhões de cabeças

de rebanho bovino.

3. O Brasil registrou importantes avanços em termos de redução da pobreza e promoção da

prosperidade compartilhada. Os índices de pobreza e pobreza extrema caíram 6,6% e 15,2%,

respectivamente. No entanto, segundo estimativas, o índice de pobreza extrema atinge 21% da

1Fonte: Serviço Florestal Brasileiro, “Florestas do Brasil em Resumo 2010”, disponível em:

http://www.mma.gov.br/estruturas/sfb/_arquivos/livro_de_bolso___sfb_mma_2010_web_95.pdf. 2 Agricultura, mudanças no uso do solo e desmatamento foram responsáveis por uma parcela muito grande das

emissões de dióxido de carbono (CO2) do Brasil em 2005 e 2010, de 77,9% e 57,5%, respectivamente. Desses

valores, o Cerrado contribuiu com 23,8% das emissões antrópicas líquidas de CO2 em 2005 e 39,1% em 2010.

Fontes: Segunda Comunicação Nacional do Brasil à Convenção sobre Mudança do Clima. Disponível em:

www.mct.gov.br/index.php/content/view/326984.html#lista; Estimativas anuais de emissões de gases de efeito

estufa no Brasil. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2013. Disponível em:

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/347281.html; e Bustamante, M.C et al., Estimating Greenhouse Gas

Emissions from Cattle Raising in Brazil, Climatic Change, 2012. 3 Nepstad et al., Why is Amazon deforestation rising? (2013). Disponível em: mongabay.com. Para o bioma

Cerrado, só havia dados disponíveis até 2010. 4 Fonte: Banco Central do Brasil, “Indicadores Econômicos Consolidados”, disponível em:

http://www.bcb.gov.br/?INDECO. 5Fontes: “Balança Comercial Brasileira 2013”, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, disponível

em: http://www.mdic.gov.br/arquivo/dwnl_1388692200.pdf. “Exportações do agronegócio atingem quase US$ 100

bilhões em 2013”, disponível em: http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2014/01/exportacoes-do-

agronegocio-atingem-quase-uss-100-bilhoes-em-2013.

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2

população rural, 38% dos povos indígenas e 76% das comunidades quilombolas, sendo que sua

parcela está superestimada entre os pobres e extremamente pobres.6

4. No Cerrado, os Povos Indígenas e as Comunidades Tradicionais locais7 (PICTs) contribuem

para a conservação dos habitats que ocupam (uma área que representa aproximadamente 15% do

bioma). Entretanto, os seus sistemas tradicionais de manejo da floresta e de uso do solo, seus

meios de subsistência e suas culturas estão sob a crescente ameaça de pressões externas e

internas que vêm minando sua capacidade de adaptação e resiliência social. Como pressão

externa, o modelo de desenvolvimento econômico presente no Cerrado vem produzindo

degradação ambiental e aumentando a vulnerabilidade social dos PICTs (pobreza, insegurança

alimentar, conflitos sociais causados pela escassez de recursos, migração dos jovens,

enfraquecimento dos laços sociais, etc.) como consequência da diminuição do estoque de terras

tradicionalmente utilizadas pelos PICTs, bem como da mudança de habitat e fragmentação

decorrentes da menor disponibilidade de terras. A extração de recursos por invasores de terras

também afeta os territórios e os modos de vida dos PICTs. A sobre-exploração de alguns

recursos pelos próprios habitantes locais, resultado do crescimento demográfico das populações

locais e dos processos de exclusão social aos quais essas populações normalmente estão sujeitas,8

acaba gerando ameaças internas.

5. O impacto dessas ameaças varia de acordo com o tamanho das terras/territórios, aspectos

demográficos e capacidade de adaptar seus meios de vida e suas estratégias para fazer frente a

novas circunstâncias. Em geral, essas ameaças acabam gerando um ciclo vicioso que reduz cada

vez mais a eficácia dos sistemas de manejo e uso de florestas e terras tradicionalmente

empregados pelos PICTs para garantir sua sobrevivência física e cultural, obrigando-os a

recorrer mais e mais a estratégias com potencial de intensificar a pegada ambiental dos seus

meios de vida e que carecem de eficácia como resposta adaptativa às alterações climáticas, a

médio e longo prazo.

6. O avanço da atividade agrícola poderá trazer consigo um aumento das pressões de origem

antrópica e climática exercidas sobre as terras, florestas e biodiversidade das quais depende a

subsistência, o etno-desenvolvimento, a cultura e a resiliência social dos PICTs, que prejudicará

a eficácia e a capacidade de adaptação de seus modos de vida tradicionais e os benefícios globais

que suas terras continuam a oferecer em termos de conservação das florestas e adaptação e

mitigação das mudanças do clima (inclusive como sumidouros de carbono).

6 Os dados disponíveis também mostram altas taxas de analfabetismo e mortalidade infantil entre os povos

indígenas: 22,5% da população de 10 anos ou mais é analfabeta e a taxa de mortalidade infantil é de 50,1 por mil

crianças. Entre as comunidades quilombolas, 23,5% da população são analfabetos, cerca de 62% não têm acesso a

água encanada, 76% não dispõem de saneamento básico e apenas 78% têm acesso à energia elétrica. Fonte: Censo

2010 (IBGE). 7 Definição dada pela Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais

(Decreto nº 6040/2007). 8 Entre os quais a dificuldade para traduzir as práticas tradicionais florestais e o uso sustentável da terra em retorno

econômico e para obter um preço justo para seus produtos; as limitadas oportunidades para diversificar seus meios

de subsistência e satisfazer suas necessidades econômicas, sem degradar a floresta e a base de recursos naturais; e o

acesso limitado aos processos de tomada de decisão no que concerne ao manejo florestal, ao mecanismo REDD+ e à

adaptação às mudanças climáticas.

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3

B. Contexto setorial e institucional

7. O Programa de Investimento Florestal (FIP) disponibiliza recursos para iniciativas de

REDD+ nos países em desenvolvimento destinadas a enfrentar os principais vetores do

desmatamento e da degradação florestal, com ênfase nas mudanças transformacionais. O

Programa de Investimento Florestal (FIP) é um dos três programas que integram o Fundo

Estratégico do Clima (SCF), um fundo fiduciário criado em 2009 com aportes de múltiplos

doadores e vinculado ao Fundo de Investimento para o Clima (CIF), que se destina a financiar de

forma simplificada iniciativas ligadas ao clima na área de redução do desmatamento e da

degradação florestal em países tropicais (o documento de concepção do FIP encontra-se

disponível no link).

8. O Mecanismo de Doação Dedicado (DGM) é uma iniciativa especial estabelecida no âmbito

do FIP, criada por solicitação dos Povos Indígenas e das Comunidades Locais (PICTs) para

financiar a sua participação no FIP e em outras estratégias e programas REDD+. O DGM foi

concebido pelos representantes de PICTs de todos os oito países que atualmente participam do

projeto-piloto do FIP (Brasil, Burkina Faso, República Democrática do Congo, Gana, Indonésia,

Laos, México e Peru), ao longo de um processo de concepção e consulta participativa que durou

dois anos. O DGM tem como objetivo global melhorar a capacidade dos PICTs e apoiar

iniciativas eficazes desses grupos nos países-piloto do FIP, para fortalecer sua participação no

FIP e em outros processos REDD+ em nível local, nacional e mundial. O programa tem dois

componentes: (i) um componente nacional em cada um dos países-piloto do FIP; e (ii) um

componente global de compartilhamento de conhecimentos, capacitação e fortalecimento de

redes e parcerias entre PICTs.

9. O Plano de Investimentos do Brasil (BIP, de Brazil Investment Plan) foi desenvolvido no

âmbito do FIP, para promover o uso sustentável do solo e melhorar o manejo florestal no

Cerrado, contribuindo, assim, para a redução da pressão sobre as florestas remanescentes, a

diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o aumento do sequestro de dióxido de

carbono (CO2). O BIP compreende duas áreas temáticas, quatro projetos inter-relacionados e

duas janelas de financiamento especiais que serão implementadas de maneira coordenada. Uma

das janelas especiais é o Mecanismo de Doação Dedicado para Povos Indígenas e Comunidades

Locais. Esse programa engloba projetos desenvolvidos em cada um dos oito países piloto do FIP,

entre eles o DGM para o Brasil (DGM-BR).

C. Fundamentação lógica para a participação do Banco Mundial

10. O Projeto proposto parte da premissa de que a inclusão e a participação dos PICTs na

implementação dos processos relacionados ao BIP e ao mecanismo REDD+ conduzirá, no longo

prazo, a melhores resultados e a avanços mais significativos em termos de desenvolvimento. O

Projeto está alinhado com a estratégia do Grupo Banco Mundial e com o duplo objetivo do

Banco de erradicar a pobreza extrema e promover a prosperidade compartilhada – que só serão

alcançados se forem contempladas as mudanças do clima e a busca pela integridade do

ecossistema. O Projeto baseia-se no envolvimento passado e presente do Banco com os PICTs no

Brasil e lança mão da experiência do Banco com programas de desenvolvimento e de

capacitação criados e implementados conforme as necessidades da comunidade, que situam o

Banco em uma posição ímpar para levar adiante este projeto. O Projeto também contribuirá para

melhorar a recente iniciativa do Grupo Banco Mundial de inserir o componente participação

cidadã em suas operações, por meio do envolvimento direto dos PICTs na elaboração e

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implementação do projeto, bem como no que se refere à sua governança. Com o FIP e o FCPF, o

Banco tem uma vantagem comparativa como ator chave no mecanismo REDD+ e desfruta de

condição favorável para congregar os principais atores (governos, comunidades e outros

parceiros de desenvolvimento) e facilitar sua participação construtiva nos debates em torno de

importantes questões afetas às florestas e às mudanças climáticas. O Banco já vem

desempenhando um papel de liderança no contexto do BIP.

D. Objetivos superiores para os quais o Projeto contribui

11. Os objetivos do projeto proposto estão alinhados com os objetivos estabelecidos pelo DGM

Global e com o BIP. O Projeto proposto tem como objetivos:

(i) Fortalecer a capacidade dos PICTs do bioma Cerrado brasileiro para que possam

participar de maneira mais eficaz no FIP e em outros processos REDD+ em nível local,

nacional e mundial, bem como no planejamento e implementação de programas de

manejo florestal sustentável, de adaptação às mudanças climáticas, de gestão de

recursos naturais e de etno-desenvolvimento; e

(ii) Auxiliar na redução das pressões do desmatamento e da degradação florestal dentro dos

territórios indígenas e tradicionais localizados no Cerrado, aumentar a capacidade de

enfrentamento e adaptação dos PICTs em relação às pressões antrópicas e aos riscos

relacionados ao clima que ameaçam seus meios de subsistência e suas culturas, e,

portanto, proteger e promover a diversidade biológica, social e cultural existente nesse

bioma.

12. Esses objetivos serão alcançados por meio da estratégia participativa do Projeto, voltada para

o empoderamento dos PICTs, de programas de capacitação destinados a organizações de PICTs e

da implementação de atividades realizadas localmente a critério dos PICTs, que promovam uma

adaptação comunitária (CBA, do inglês community-based adaptation) do tipo no-regrets.9 Tais

intervenções no-regrets devem inserir-se em uma das duas grandes áreas temáticas compatíveis

com os objetivos do DGM nos países piloto do FIP: (i) promoção de atividades econômicas e de

práticas de produção rural que contribuem para a mitigação e a adaptação às mudanças do clima

e que respeitam os valores dos PICTs; e (ii) investimentos em manejo sustentável de paisagens

florestais que preservem grandes estoques de carbono e a biodiversidade.

13. Os objetivos do Projeto também estão alinhados com a atual Estratégia de Parceria do Banco

para o Brasil (CPS 2012-2015), discutida e aprovada pela Diretoria Executiva em 1º de

novembro de 2011 (Relatório nº 63.731-BR), sob o Objetivo Estratégico 4: Melhorar o manejo

sustentável dos recursos naturais (MSRN) e a resiliência ao clima. Esse envolvimento com o país

(e particularmente com o Cerrado) objetiva: (i) combinar a conservação com a promoção do

desenvolvimento econômico local e regional; (ii) contribuir para uma maior sustentabilidade da

produção agrícola e florestal; (iii) concentrar-se em soluções a longo prazo para valorizar ainda

mais seus ativos naturais (uma gigantesca diversidade biológica e os maiores estoques de

carbono florestal do mundo) de uma forma sustentável; e (iv) aperfeiçoar o manejo sustentável

9 As medidas de adaptação no-regrets são aquelas de adaptação às mudanças climáticas que podem ser justificáveis

em todos os cenários climáticos futuros plausíveis, uma vez que atacam as causas subjacentes da pobreza e da

vulnerabilidade e os desafios antrópicos e climáticos ao desenvolvimento socioeconômico sustentável, de maneira

culturalmente adequada, ambientalmente correta e economicamente viável

(Http://www.ipcc.ch/ipccreports/tar/wg3/index.php?idp=292).

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dos recursos naturais, melhorar a resiliência a eventos climáticos extremos concomitantemente à

maximização das contribuições ao desenvolvimento econômico local e à facilitação de uma ativa

participação das comunidades locais, da sociedade civil e do setor privado na formulação e

implementação de políticas públicas.

14. Esses objetivos estão alinhados com as políticas brasileiras para os PICTs, a proteção do

meio ambiente e a adaptação e mitigação na área de mudanças do clima no bioma Cerrado.10

Tais políticas visam promover o etno-desenvolvimento e a conservação e o uso sustentável dos

recursos naturais, para garantir melhorias de qualidade de vida e a sobrevivência física, social e

cultural dos PICTs. Criadas nas últimas três décadas, se baseiam nos seguintes elementos: (i) no

direito dos PICTs de se autodeclararem como tais e de manterem sua diversidade sociocultural;

(ii) no seu direito a segurança na posse das terras que ocupam tradicionalmente e no acesso aos

recursos naturais tradicionalmente utilizados para sua sobrevivência física, cultural e econômica;

(iii) a observância aos direitos dos PICTs referentes a processos de consulta informada, prévia e

livre; e (iv) a representação de PICTs em todos os processos decisórios e políticas públicas que

os afetam diretamente.

15. Ao melhorar os meios de subsistência e reforçar a capacidade de resiliência social e de

adaptação às mudanças climáticas das comunidades vulneráveis, o Projeto proposto contribuirá

para reduzir a pobreza e para a prosperidade compartilhada.

II. OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO (ODPS)

A. ODPs

16. Os ODPs do Projeto são (i) fortalecer a participação dos povos indígenas e comunidades

tradicionais do Bioma Cerrado, no FIP, REDD+ e outros programas similares orientados para o

Clima nas esferas locais, nacionais e global; e (ii) contribuir para aprimorar os modos de vida, os

usos do solo e o manejo sustentável da floresta em seus territórios.

17. Os ODPs do Projeto proposto estão alinhados com o Objetivo de Desenvolvimento do

Programa DGM, que consiste em reforçar a capacidade dos Povos Indígenas e Comunidades

Locais (PICTs) para participar do Programa de Investimento Florestal e de outros programas

REDD+ em nível local, nacional e mundial. Esse objetivo será alcançado por meio da

implementação dos projetos nacionais nos oito países-piloto do FIP e do Projeto Global de

Intercâmbio de Conhecimentos e Aprendizagem (DGM Global). Este último projeto tem como

objetivo organizar e facilitar o intercâmbio de conhecimentos e a aprendizagem e capacitação

entre os PICTs em nível regional e global, bem como fortalecer as redes e alianças de

organizações de PICTs intra e inter-regionais.

10

Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil aprovou um conjunto significativo de leis

voltadas para os PICTs, entre elas a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas

(PNGATI, Decreto nº 7.747/2012) e Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades

Tradicionais (PNPCT, Decreto nº 6.040/2007). Entre as políticas relacionadas com proteção do meio ambiente e

mitigação e adaptação às mudanças climáticas no bioma Cerrado estão a Política Nacional sobre Mudança do Clima

(Lei nº 12.187/2009) e o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado,

decreto de 15 de setembro de 2010).

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B. Beneficiários do Projeto

18. Os principais beneficiários do projeto são os PICTs do Cerrado e as organizações que os

representam. As comunidades tradicionais compreendem todos os grupos sociais que afirmam ter

uma identidade cultural distinta e preservam seu conhecimento e suas práticas transmitindo-os de

forma tradicional de uma geração à outra. Os PICTs mantêm diferentes formas de organização

social, crenças culturais e normas, e suas características culturais, sociais, religiosas, ancestrais e

econômicas dependem de sistemas diferenciados de produção e de manejo do uso da

floresta/solo de baixo impacto. O Cerrado abriga 41 povos indígenas e numerosas comunidades

tradicionais locais, entre as quais comunidades quilombolas, populações extrativistas e

comunidades agrícolas e pastoris que dependem dos ecossistemas específicos em que se inserem.

C. Indicadores de resultados relacionados aos ODPs

19. Os indicadores de resultados relacionados aos ODP incluem:

Aumento do envolvimento, representatividade e atuação das organizações de PICTs

participantes nas instâncias/reuniões sobre REDD+/mudanças do clima em nível local,

nacional ou global (indicador numérico);

Pessoas nas áreas de floresta e nas comunidades adjacentes atendidas pelo Projeto

recebendo mais benefícios monetários e não monetários provenientes das florestas

(indicador numérico);

Beneficiários potenciais do Projetoque estão cientes das informações do projeto e de

acordo com os investimentos apoiados pelo projeto (indicador percentual).

20. Os resultados por componente do projeto serão medidos em relação aos seguintes indicadores

intermediários:

Componente 1: (i) beneficiários diretos do projeto (número de famílias); (ii) parcela de

pessoas vulneráveis e marginalizadas entre o total de beneficiários do projeto (percentual);

e (iii) beneficiários satisfeitos com a assistência técnica prestada (percentual);

Componente 2: (i) organizações representativas dos PICTs que receberam capacitação

para melhorar o manejo dos recursos florestais (numérico); (ii) número de participantes nas

atividades de aprimoramento de capacidades desenvolvidas no âmbito do projeto com uma

maior compreensão das questões relativas ao mecanismo REDD+ e às mudanças

climáticas; (iii) usuários dos recursos florestais capacitados (numérico), especificando a

parcela de indígenas e de mulheres (percentual); e

Componente 3: (i) parcela de beneficiários cientes das informações do projeto e dos

investimentos apoiados pelo projeto (percentual); e (ii) queixas sobre os benefícios gerados

pelo projeto que foram efetivamente tratadas (percentual).

21. Os seguintes indicadores comuns serão utilizados para medir a consecução do Objetivo de

Desenvolvimento do Programa DGM: (i) porcentagem de subprojetos efetivamente concluídos e

que alcançaram seus objetivos (meta: 75%); (ii) indivíduos nas florestas focalizadas e

comunidades situadas em áreas adjacentes que se beneficiaram de um aumento dos benefícios

monetários e não monetários provenientes das florestas, desagregados por gênero (numérico,

monitoradas); (iii) porcentagem de participantes nas atividades de capacitação com uma maior

atuação no FIP e em outros processos REDD+ em nível local, nacional e mundial (meta: 75%); e

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(ii) parcela das queixas sobre o projeto que foi efetivamente tratada (meta: 100%); e (v)

porcentagem de atores do DGM com a percepção de que a governança e os processos do DGM

são transparentes e inclusivos. Esses indicadores refletem o grau de envolvimento direto e de

liderança dos PICTs na execução e governança do programa.

III. DESCRIÇÃO DO PROJETO

22. O projeto proposto segue o conjunto de diretrizes e atividades contemplado nos componentes

concebidos para o DGM Global. O Projeto apoiará atividades de capacitação e financiará

subdoações solicitadas por organizações comunitárias de PICTs no Brasil, visando consolidar a

participação dessas organizações no FIP e em outros processos REDD+ locais, nacionais e

globais e aumentar a sua capacidade de adaptação às mudanças climáticas. O Projeto priorizará

suas ações no Cerrado a fim de promover sinergias com os projetos existentes do BIP e de

reduzir os desafios impostos pela dispersão geográfica dos PICTs no Brasil.

A. Componentes do Projeto

23. Componente 1: Iniciativas Comunitárias de Manejo Sustentável de Recursos Florestais e Adaptação

às Mudanças Climáticas (custo total previsto: US$ 4,0 milhões). Tem como objetivo apoiar os

povos indígenas e as comunidades e organizações locais no desenvolvimento de atividades

comunitárias realizadas localmente do tipo no-regrets que venham a ser sugeridas pelos PICTs,

para promover sistemas de manejo florestal e do uso do solo sustentável, meios de vida mais

resilientes, etnodesenvolvimento e a adaptação às mudanças climáticas. O componente

concederá subdoações às iniciativas comunitárias e de formação e assistência técnica,

compreendendo dois subcomponentes.

24. Subcomponente 1.A: Iniciativas comunitárias (custo total previsto: US$ 3,0 milhões).

Destinará recursos para a concessão de micro e pequenas doações às organizações comunitárias

de PICTs elegíveis para o desenvolvimento das atividades comunitárias locais do tipo no-regrets

relacionadas a temas predeterminados nas áreas de manejo florestal e do uso do solo, meios de

subsistência e preservação sociocultural, e que tenham sido propostos e selecionados por decisão

dos PICTs. Todas as propostas de doação serão avaliadas pelo Conselho Gestor Nacional

(NSC),11

conforme os seguintes critérios centrais: (i) alinhamento com os objetivos centrais dos

programas DGM e FIP; (ii) relevância socioambiental; (iii) adequação cultural; (iv) apoio da

comunidade; e (v) sustentabilidade. As atividades voltadas para mulheres e jovens serão

privilegiadas. Considerando os cenários atuais enfrentados por diferentes PICTs, as propostas

apresentadas pelas comunidades serão elegíveis a financiamento sob uma das três janelas

especiais a seguir: (i) Janela para Subprojetos de Manejo de Recursos Naturais, destinada a

propostas dos PICTs situados em áreas ambientalmente prioritárias e vulneráveis nas quais as

ameaças de origem antrópica e os riscos relacionados ao clima podem significar grandes perdas

ou prejudicar, no longo prazo, espécies, habitats e paisagens valorizados, bem como ter outros

impactos ambientais e sociais deletérios; (ii) Janela para Subprojetos de Resposta Imediata a

Ameaças, destinada a propostas de PICTs cujas florestas, recursos naturais, necessidade,

sobrevivência física e cultural se encontrem sob ameaça séria e imediata em razão de situações

11

O NSC será a instância decisória do Projeto e será formado por representantes de PICTs, do governo brasileiro e

do Banco Mundial (este último como observador). Para mais informações sobre o NSC, consulte o Parágrafo 36.

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relacionadas à atividade do homem ou ao clima; e (iii) Janela para Subprojetos Produtivos

Orientados ao Mercado, destinada à apresentação de propostas de PICTs que provarem possuir a

capacidade organizacional necessária para gerir fundos externos e que necessitarem de apoio

para ampliar seu acesso ao mercado e para comercializar produtos florestais agrícolas e/ou não

madeireiros.

25. Essas janelas financiarão atividades comunitárias que promovam: (i) sistemas sustentáveis de

manejo florestal e de uso do solo, bem como iniciativas de restauração da paisagem florestal

lideradas pela comunidade; (ii) a produção de mudas para a manutenção de espécies e variedades

nativas ameaçadas; (iii) sistemas de produção agroflorestal e práticas agroecológicas de preparo

do solo por meio da aplicação de conhecimentos tradicionais/indígenas e de novas tecnologias;

(iv) coleta, agregação de valor e comercialização de produtos florestais não madeireiros e

agrícolas; (v) práticas indígenas e tradicionais de gestão de recursos hídricos, do solo e da

paisagem, entre as quais a recuperação de áreas degradadas e a proteção de nascentes; (vi)

diversificação dos meios de vida para garantir uma melhor nutrição, mais segurança alimentar e

o aumento da qualidade de vida; e (vii) revitalização dos valores culturais e conhecimentos

tradicionais. Uma parcela mínima de 60% dos recursos destinados a este componente será

destinada aos Povos Indígenas e uma parcela máxima de 40% às Comunidades Tradicionais.

Conforme previsto, este subcomponente deverá apoiar propostas de cerca de 60 comunidades.

Não será requerido da comunidade aporte de contrapartida.

26. Subcomponente 1.B: Treinamento e Assistência Técnica (custo total previsto:

US$ 1.000.000), destinado a: (i) atividades de formação para aprimorar as capacidades técnicas e

gerenciais dos organismos beneficiários; e (ii) assistência técnica para apoiar a elaboração dos

projetos técnicos das propostas comunitárias pré-selecionadas e executar as iniciativas

comunitárias aprovadas. Essas atividades serão executadas diretamente pela Agência Executora

Nacional (NEA). Cada proposta de iniciativa comunitária apresentada pelos PICTs será avaliada

de forma participativa pela NEA, a qual, de comum acordo com os PICTs beneficiários, definirá

o treinamento local necessário e o pacote de assistência técnica.

27. Componente 2: Capacitação e Fortalecimento Institucional (custo total previsto:

US$ 1,3 milhão). Tem por objetivo financiar as atividades de capacitação e fortalecimento

institucional voltadas para as organizações de PICTs. Essas atividades poderão contribuir para

aumentar as capacidades gerenciais e técnicas, o acesso a fontes de financiamento para manejo

sustentável florestal/do uso do solo e de recursos naturais e a participação em processos

decisórios relacionados ao FIP, ao REDD+ e às mudanças climáticas. O Projeto irá: (i) realizar

uma estratégia de comunicação e disseminação, busca e alcance dos grupos-alvo e mobilização

de comunidades e organizações; (ii) promover oficinas de treinamento e de disseminação de

informação e atividades de capacitação; e (iii) apoiar a criação e consolidação de organizações

comunitárias representativas. Os Planos Anuais de Capacitação serão elaborados e

implementados pela NEA de acordo com as prioridades estabelecidas pelo NSC. A NEA poderá

fazer uso de subcontratação para executar algumas ou todas as atividades do Projeto.

28. As atividades de capacitação e fortalecimento institucional estarão concentradas em

melhorar: (i) as habilidades de liderança e negociação e uma participação ativa em iniciativas

relacionadas a mitigação e adaptação às mudanças climáticas baseadas em recursos naturais; (ii)

uma melhor compreensão dos mecanismos de REDD+, do manejo florestal e de programas de

adaptação às mudanças climáticas; (iii) o conhecimento e o acesso a políticas públicas, linhas de

crédito e recursos financeiros ligados à adaptação florestal; (iv) as habilidades de gerenciamento

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financeiro; (v) o conhecimento sobre novas metodologias participativas de gestão ambiental e do

uso da terra, mapeamento de vulnerabilidades, planejamento e implementação de estratégias de

enfrentamento e adaptação às mudanças climáticas causadas pelo homem, práticas sustentáveis

de manejo florestal, de uso do solo e prevenção de incêndios florestais; e (vi) competências

técnicas para a adoção de novas tecnologias que lidam com atividades produtivas, de

diversificação dos meios de vida, conservação ambiental e vigilância da terra. Essas áreas

temáticas estão totalmente alinhadas com as orientações do FIP e do DGM.

29. Componente 3: Gerenciamento, monitoramento e avaliação do Projeto (custo total previsto:

US$ 1,2 milhão). Visa apoiar a gestão técnica e administrativa do Projeto, bem como as áreas de

divulgação, acompanhamento e avaliação. Este componente financiará os custos operacionais

incrementais despendidos pela NEA para desempenhar suas funções: (i) atuando como secretaria

do NSC; (ii) na coordenação técnica e no monitoramento e avaliação do Projeto; (iii) na

elaboração de relatórios para o Banco Mundial, a Coordenação do BIP e o Conselho Gestor

Global; (iv) nas áreas de gestão financeira, aquisições e auditoria do Projeto; (v) na operação

mecanismo de registro de queixas e reparações; e (vi) na supervisão da execução das iniciativas

comunitárias e das avaliações de resultados. Este componente financiará estudos, formação,

viagens e aquisição limitada de software e hardware.

B. Financiamento do Projeto

30. A operação proposta é um Financiamento de Projetos de Investimento baseado em doação do

Fundo Estratégico do Clima, no valor de US$ 6,50 milhões.

Tabela 1: Custos e Financiamento do Projeto (Milhões de US$)

Componentes do Projeto Custo do

Projeto

(milhões US$)

Recursos

provenientes do

FIP (milhões US$)

Financiado

pel FIP

(% do total)

1. Iniciativas comunitárias sustentáveis e adaptativas 4,0 4,0 100

2. Capacitação e fortalecimento institucional 1,3 1,3 100

3. Gerenciamento, monitoramento e avaliação do Projeto 1,2 1,2 100

Custo total do Projeto 6,5 6,5 100

31. A quantia de até US$ 65 mil dólares estará disponível de maneira retroativa para despesas

admissíveis contempladas na categoria 3, em conformidade com as diretrizes do Banco para

pagamentos feitos entre 12 de novembro de 2014 e a data de assinatura, porém não mais de um

ano antes da data do Acordo de Doação.

C. Série de Objetivos e Fases do Projeto

32. Este é o primeiro dos projetos específicos de cada país a ser preparado pelos oito países-

piloto do FIP em que os governos implementam projetos de investimento do FIP com o apoio de

bancos multilaterais de desenvolvimento (BMD). O apoio prestado pelo Banco Mundial na

forma de investimento no Programa DGM se dará através da abordagem de Série de Projetos

(anteriormente denominada “empréstimo programático adaptável” [APL]) no âmbito de uma

estrutura comum, similar ao apoio prestado pelo Banco Mundial ao Programa Global de Gripe

Aviária (2005) e às campanhas de combate ao HIV/AIDS no Caribe (junho de 2001). Cada país

do FIP preparará um projeto DGM autônomo no âmbito da presente estrutura de Programa,

seguindo as políticas do Banco Mundial para Financiamento de Projetos de Investimento. Este

enfoque proporciona ao programa a necessária flexibilidade para acomodar as diferenças

existentes entre os oito países-piloto em termos de sociedade, cultura e política econômica, e

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10

permite aos PICTs de cada país proceder ao seu próprio ritmo. Em segundo lugar, como todos os

pilotos estarão alinhados com a estrutura do programa, a experiência dos primeiros a

empreenderem seus projetos – como é o caso do Brasil – ajudará os demais a não cometerem

erros caros durante a implementação. Por último, haverá suficiente flexibilidade de modo a

permitir que outros países se insiram no programa, na hipótese de mais países serem convidados

a participar do FIP no futuro.

D. Lições aprendidas e aplicadas na elaboração do Projeto

33. O projeto se beneficiará das lições extraídas de operações anteriores e em curso do Banco no

Brasil na área de PICTs, que fazem uso da abordagem de desenvolvimento induzido pela

comunidade (CDD), bem como de trabalhos analíticos relevantes sobre manejo florestal/uso do

solo e de atividades comunitárias (CBA). Como os meios de vida e as culturas dos PICTs

dependem estreitamente de um conjunto limitado de recursos florestais e naturais e de atividades

sensíveis ao clima, a interação entre desmatamento, degradação florestal, choques climáticos e

desafios do desenvolvimento aumenta sua vulnerabilidade, enfraquece sua capacidade de

adaptação e os leva a adotarem modos de vida e estratégias de enfrentamento que, embora gerem

renda no curto prazo, acabam por comprometerem sua base de recursos naturais. Os grupos de

PICTs mais resilientes são aqueles capazes de diversificarem seus meios de vida. Os PICTs

também enfrentam obstáculos para participarem das políticas públicas/projetos, e suas

organizações de base muitas vezes carecem da capacidade, das informações e das habilidades

institucionais necessárias para melhor defenderem-se e representarem seus interesses nas

instâncias multilaterais de tomada de decisão. Quando são bem-sucedidos, suas propostas estão

predominantemente ligadas à superação de obstáculos que os impedem de satisfazerem suas

necessidades básicas; todavia, algumas das medidas tomadas hoje pelos PICTs correm o risco de

se tornarem mal-adaptativas a longo prazo. Os PICTs consideram que as abordagens

participativas e inclusivas são cruciais para obterem resultados positivos, por apoiarem

intervenções específicas ao contexto, culturalmente adequadas e capazes de chegarem até os

mais vulneráveis. As intervenções no-regrets direcionadas às causas subjacentes da

vulnerabilidade e que propiciam uma diversificação dos meios de vida são o primeiro passo do

processo de adaptação.

34. As seguintes lições foram incorporadas ao desenho do projeto: (i) o binômio formado por

abordagens participativas e inclusivas na capacitação das organizações de base de PICTs e pela

promoção da devolução do poder decisório a esses povos foi introduzido no desenho do Projeto,

alimentando, assim, um forte senso de apropriação entre os principais atores envolvidos; (ii)

oferta de assistência técnica culturalmente adequada e de formação oportuna e localizada para

aprimorar as capacidades gerenciais e técnicas das organizações de base de PICTs; (iii) o

Componente 1 apoiará medidas no-regrets e de diversificação de meios de vida, por serem estas

as mais eficazes para melhorarem a qualidade de vida e os meios de subsistência de grupos social

e economicamente desfavorecidos, aumentando sua capacidade de resistência social e

promovendo sistemas sustentáveis de manejo florestal/uso do solo; (iv) o Componente 2 se

concentrará na capacitação e fortalecimento institucional para aumentar os conhecimentos, as

competências e a participação das organizações de PICTs nos processos de tomada de decisão

nas áreas de manejo florestal/do uso do solo e de adaptação às mudanças climáticas; e (v)

procedimentos e arranjos simplificados, expeditos e flexíveis de implementação serão aplicados

às solicitações de financiamento e à elaboração de relatórios financeiros, contribuindo para

garantir oportunidades de acesso para os PICTs mais necessitados.

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11

IV. IMPLEMENTAÇÃO

A. Arranjos institucionais e de implementação

35. Seguindo as Diretrizes Globais do DGM, o programa DGM Brasil desenvolveu um arranjo

de governança e gestão dotado da estrutura necessária para a realização de atividades de

coordenação, a formação de parcerias e a geração de sinergias.

36. O NSC atuará como instância de tomada de decisão do DGM Brasil e fará o

acompanhamento da implementação do projeto. Suas principais atribuições e responsabilidades

são: (i) decidir sobre os planos de trabalho anuais e os critérios de elegibilidade para

financiamento; (ii) analisar propostas comunitárias elegíveis e decidir pela concessão de

financiamento; (iii) supervisionar a implementação do projeto e manter sob análise o

funcionamento da NEA; (iv) avaliar o andamento das atividades por meio dos indicadores

relacionados aos ODPs e promover o aprendizado a partir dos resultados obtidos entre os atores

envolvidos; (v) apresentar ao Conselho Gestor Global (GSC)12

relatórios semestrais sobre as

atividades realizadas no âmbito nacional; (vi) mediar conflitos relacionados com as propostas

para financiamento do DGM que venham a surgir durante a implementação do projeto; e (vii)

garantir a todas as comunidades um acesso justo. O NSC será composto por representantes de

PICTs, do governo brasileiro e do Banco Mundial (na condição de observador).13

Participarão,

como membros do GSC, até dois representantes de PICTs, que serão selecionados por seus

pares. Princípios adequados de transparência e prestação de contas serão incorporados nos

processos de tomada de decisão do NSC. Suas atribuições e as condições para que participem

serão detalhadas no Manual Operacional do Projeto (MOP).

37. O Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM) foi selecionado para ser

a Agência Executora Nacional (NEA) por meio de processo competitivo realizado de acordo

com as Diretrizes do DGM Global.14

O processo foi apoiado pelo Banco Mundial e realizado

pelo NSC com a apoio do Governo do Brasil. O CAA/NM é uma organização não

governamental (ONG) sem fins lucrativos que preenche os requisitos fiduciários e de

salvaguardas do Banco Mundial relacionados ao programa. As principais atribuições do

CAA/NM são: atuar como secretaria do NSC; assegurar que os recursos do DGM sejam

empregados da maneira adequada e que as aquisições sigam as regras e procedimentos do Banco;

garantir a implementação oportuna de todas as atividades do projeto; monitorar as atividades do

projeto e os correspondentes indicadores; manter a documentação dos projetos DGM e preparar

os relatórios de progresso e financeiros; zelar pelo cumprimento e observância das políticas de

salvaguarda do Banco; manter a comunicação e o diálogo técnico com os atores envolvidos;

administrar os processos de apresentação e resposta a queixas; e coordenar e prestar informações

12

O Conselho Gestor Global (GSC) é a instância deliberativa do Programa DGM Global. O GSC exerce um papel

de liderança intelectual e em relação a políticas públicas e monitora a implementação global do DGM. O GSC

também tem um importante papel nas interações externas com os países doadores e com outros parceiros,

defendendo os PICTs em fóruns internacionais sobre mudanças do clima e REDD+. O GSC trabalhará para que as

lições do programa sejam amplamente disseminadas. 13

A seleção preliminar dos representantes dos PICTs junto ao NSC foi equilibrada de acordo com área geográfica,

diversidade étnica e gênero, tendo cumprido os critérios previstos no documento FOG (parágrafos 26 e 27), no

Documento de Concepção do FIP (parágrafos 16.d e 20.b) e no Anexo III (Diretrizes para Consultas). 14

Nota Interna de Orientação para Grupos de Trabalho sobre seleção da NEA nacional, disponível nos arquivos do

projeto.

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12

à Agência Executora Global (GEA)15

e à Coordenação do BIP. O CAA/NM iniciará suas

operações na data de início da efetividade do Projeto. O CAA/NM e o Banco Mundial celebrarão

acordo de doação para administrar o mecanismo de doação.

38. Mecanismo de Registro de Queixas e Reparações (GRM). Seguindo as Diretrizes

Operacionais do DGM, o mecanismo GRM será criado e detalhado no Marco de Gestão

Socioambiental (MGSA) e no MOP específicos do país. O GRM garantirá que todas as queixas

apresentadas por PICTs e outros atores interessados relacionadas a concessão de financiamento,

representação no NSC/GSC ou governança do programa: (i) sejam devidamente registradas por

escrito; (ii) recebam tratamento e solução oportunos; e (iii) recebam a devida publicidade.

Independentemente da natureza da queixa, o DGM se certificará de que seja oportunamente

aberto um processo transparente e justo para cada uma. O ponto de contato inicial para todas as

queixas será um funcionário designado exclusivamente para essa função pertencente ao quadro

de funcionários do CAA/NM. A NEA registrará todas as queixas recebidas por meio de um

sistema on-line, que permitirá que sejam acompanhadas e monitoradas. O mecanismo GRM será

aplicado independentemente de qualquer outro mecanismo criado pelo Banco Mundial para

tratar questões relacionadas a danos e/ou de qualquer outra autoridade nacional competente.

39. Período de implementação e orçamento para supervisão. O Projeto será executado ao

longo de um período de cinco anos (2015-2020). Os custos administrativos do Banco Mundial

relativos à elaboração e supervisão de projetos serão custeados pelo fundo de reserva do FIP, de

acordo com benchmarks do Fundo de Investimento para o Clima (CIF). Os custos

administrativos relativos ao CAA/NM (e quaisquer outros que venham a resultar do processo de

deliberação do NSC) serão custeados pelo Projeto.

B. Monitoramento e Avaliação de Resultados

40. O monitoramento e a avaliação de resultados (M&A) serão fundamentais na atuação do

DGM no sentido de conduzir os diversos atores em direção a objetivos comuns de

desenvolvimento e, ao mesmo tempo, para fazer frente a importantes riscos durante a

implementação do programa. Espera-se que os beneficiários (especialmente subgrupos mais

vulneráveis, como jovens e mulheres) se envolvam com as atividades de M&A, por meio de: (i)

capacitação e assistência técnica contínua; e (ii) apropriação da intervenção, estimulando mais

responsabilização e mais vontade de contribuir para a coleta de informações e a disseminação de

resultados. O CAA/NM realizará duas avaliações: uma avaliação de meio termo quemedirá o

progresso realizado e identificará pontos fortes e fracos com o propósito de reforçar os aspectos

positivos e fazer os ajustes necessários; e uma avaliação final, que se debruçará, entre outras

questões, sobre os resultados alcançados e sua sustentabilidade, e que identificará as lições

aprendidas. As avaliações de resultados (monitoramento e avaliação) das intervenções farão uso

de comparações entre o “antes” e o “depois” e incluirão metodologias de avaliação de

beneficiários e análises que levem em conta a perspectiva de gênero. Os resultados do M&A

serão disseminados entre os beneficiários.

15

A entidade Conservation International Foundation (EUA) foi selecionada por meio de edital para atuar como

GEA. Essa entidade será responsável pela execução, comunicação em geral e atividades de divulgação do Programa

DGM. Além disso, atuará como secretaria do GSC e se encarregará do mecanismo de registro de queixas e

reparações em nome do GSC.

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13

C. Sustentabilidade

41. Como já foi mencionado (nota de rodapé 11, página 4), o Projeto está em plena sintonia com

as principais políticas brasileiras de povos indígenas e comunidades tradicionais locais e de

proteção do meio ambiente e mitigação e adaptação às mudanças do clima no bioma Cerrado, e

deverá contribuir para a consecução dos seus objetivos. Nesse sentido, duas agências do Governo

Brasileiro (o Ministério do Meio Ambiente [MMA] e a Fundação Nacional do Índio [FUNAI])16

participaram ativamente na preparação do Projeto e estarão representadas no NSC ao longo de

sua execução. A fim de garantir que as atividades tenham continuidade e que os benefícios

gerados se estendam para além da duração do Projeto, uma das suas inovações é a plena

participação dos principais atores e beneficiários no processo de elaboração e em seus

mecanismos de governança. As atividades do projeto têm como objetivos: (i) fortalecer as

organizações de PICTs; (ii) corrigir as lacunas de conhecimento dos PICTs nas áreas de manejo

florestal e de uso do solo, adaptação às mudanças climáticas e REDD+; (iii) promover a

participação dos PICTs nas redes de compartilhamento de conhecimentos regionais, nacionais e

global; e (iv) facilitar uma participação informada dos PICTs nos processos de tomada de

decisão em diferentes níveis. A sustentabilidade das iniciativas comunitárias deverá ser o

resultado de uma rigorosa avaliação anterior de seu potencial de contribuir para o manejo

florestal/gestão do uso do solo e para estratégias de enfrentamento e adaptação positivas, bem

como de sua capacidade de contribuir para os meios de vida dos PICTs e garantir, ao mesmo

tempo, a sustentabilidade das paisagens florestais. As lições geradas ao longo da implementação

do Projeto serão amplamente divulgadas com o intuito de promover a replicação das

intervenções bem-sucedidas através de redes de ONGs regionais e nacionais e da participação

dos PICTs no componente global de compartilhamento de conhecimentos e networking em

REDD+.

V. PRINCIPAIS RISCOS E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

A. Tabela de classificação de riscos

Classificação

Riscos relacionados aos atores Substancial

Riscos relacionados à Agência Executora

- Capacidade Moderado

- Governança Substancial

Riscos inerentes ao Projeto

- Elaboração do Projeto Substancial

- Sociais e ambientais Moderado

- Programa e Doador Baixo

- Monitoramento da efetivação dos resultados e

sustentabilidade Substancial

Risco global Substancial

16

O MMA é responsável pela proteção, recuperação e uso sustentável dos recursos naturais e do meio ambiente

(http://www.mma.gov.br). A FUNAI tem como missão proteger e promover o desenvolvimento entre os povos

indígenas (http://www.funai.gov.br).

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14

B. Explicação da classificação do risco global

42. A inovação na concepção participativa e na abordagem de implementação do Projeto é a base

da sustentabilidade de seus objetivos de desenvolvimento. Entretanto, tais inovações trazem

consigo desafios, uma vez que: (i) a incorporação do planejamento e dos processos de tomada de

decisão dos PICTs requer tempo e recursos adicionais para prevenir conflitos, superar as

limitações das capacidades de gestão, fiduciária e de aquisição de suas organizações e para

assegurar sua sustentabilidade a longo prazo; (ii) o Projeto lidará com a execução de subprojetos

em locais remotos, envolverá um grande número de pequenas transações e sua gestão financeira

poderá vir a enfrentar desafios; (iii) a localização dispersa e remota das atividades poderá dar

lugar a resultados de baixa qualidade e a deficiências na supervisão; e (iv) o grande número de

PICTs que vivem no bioma Cerrado poderá significar para o Projeto expectativas inexequíveis

em razão de sua limitação de recursos. Restam incertezas quanto ao nível de capacidade de

implementação das organizações beneficiárias na condição de sub-beneficiárias. A ocorrência de

atrasos durante a implementação do Projeto e o baixo nível de capacidade fiduciária das

organizações de PICTs podem comprometer a qualidade da execução. Todavia, esse risco

diminuirá à medida que o CAA/NM centralize todos os processos de aquisições. O Projeto prevê

iniciativas de divulgação e treinamento e assistência técnica local para fortalecer a capacidade

institucional das organizações de PICTs sub-beneficiárias e para mitigar tais riscos. Na

implementação do Projeto será aproveitada a experiência de projetos de CDD/CBA bem-

sucedidos, não devendo ocorrer nenhum tipo de impacto negativo direto sobre o meio ambiente

ou sobre os PICTs. Não está prevista a realização de nenhuma atividade com potencial de gerar

localmente impactos adversos sem que os PICTs envolvidos sejam consultados de maneira livre,

prévia e informada. Um alto grau de participação já no início da fase de preparação garante um

apoio mais amplo ao Projeto por parte dos PICTs.

VI. RESUMO DA AVALIAÇÃO

A. Análises econômica e financeira

43. Análise da Estratégia do Projeto. A estratégia do projeto foi concebida especificamente com

o intuito de maximizar sua sustentabilidade e eficiência. Para esse fim, o projeto investirá em

atividades que combinem da melhor maneira possível os benefícios imediatos e de longo prazo,

baseadas na adoção de opções no-regrets para as atividades comunitárias escolhidas pelos

PICTs. As opções no-regrets são aquelas opções de redução de emissões de GEE que têm custos

negativos líquidos, uma vez que produzem efeitos diretos ou indiretos grandes o suficiente para

compensarem seus custos de implementação. Trata-se de medidas adaptativas que efetivamente

vale a pena implementar, independentemente da extensão das mudanças climáticas futuras, e que

podem ser justificadas do ponto de vista socioeconômico e ambiental, ocorrendo ou não eventos

naturais de risco ou mudanças no clima. Tais opções tem uma maior probabilidade de virem a ser

implementadas, gerar benefícios tangíveis e imediatos com poucas ou nenhuma balanço

negativo, melhorar o bem-estar e gerar experiências a partir das quais podem ser desenvolvidas

mais avaliações de riscos climáticos e medidas de adaptação.

44. Análise da relação custo-benefício. Dada a natureza do Componente 1, que é ser orientado

pela demanda, o Projeto responderá às demandas de sua população-alvo. Os investimentos do

Projeto ainda não foram definidos, o que impossibilita a realização de qualquer avaliação robusta

no presente momento. Uma análise ex-ante da relação custo-benefício do Projeto não se justifica,

uma vez que por envolver muitas conjecturas resultaria em um cenário não confiável, com

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poucos ou nenhum resultado significativo. Entretanto, o Banco possui experiência relevante

adquirida em projetos CDD com comunidades rurais do Brasil, nos quais o cálculo do valor

presente líquido (VPL) e da taxa interna de retorno (TIR) provou ser preciso e os rendimentos

líquidos foram altos. Com base nessas experiências anteriores, espera-se que o Projeto gere

resultados positivos em termos de relação custo-eficácia, os quais serão monitorados ao longo de

toda sua implementação.

45. Análise de cobenefícios. Os aspectos relacionados a seguir caracterizam qualitativamente

os cobenefícios gerados pelo Projeto: (a) ambientais: (i) conservação de maior biodiversidade e

aumento dos fluxos genéticos nas áreas de florestas em terras indígenas e comunidades

tradicionais; (ii) proteção do solo e dos recursos hídricos por meio de sistemas aprimorados e

sustentáveis de uso do solo e das florestas; e (iii) remoção de quantidades significativas de

dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, graças ao desmatamento evitado, à recuperação das

florestas nativas, etc.; (b) socioeconômicos: (i) menor vulnerabilidade dos PICTs e de suas fontes

de renda tradicionais de baixo impacto às ameaças de origem antrópica e climática; (ii) maiores

benefícios monetários e não monetários para usuários da floresta graças à diversificação de

fontes de renda e a sistemas sustentáveis de manejo florestal e de uso do solo; e (iii) melhoria da

capacidade adaptativa dos PICTs; (c) institucionais: (i) fortalecimento das organizações

representativas dos PICTs; (ii) maior engajamento, participação e protagonismo dos PICTs nas

instâncias de tomada de decisão no âmbito do REDD+/mudanças climáticas em nível local,

nacional e global; e (iii) parcerias fortalecidas entre organizações representativas e redes de

PICTs.

B. Técnicos

46. O projeto se baseia em lições extraídas de operações bem-sucedidas realizadas anteriormente

no Brasil ou ainda em curso, em análises feitas no Brasil e no mundo e nos conhecimentos

tradicionais dos PICTs que participaram ativamente do processo de concepção do projeto. O

Projeto conta com estratégias para promover um melhor acesso a informações relevantes e

combina os conhecimentos tradicionais dos PICTs com novos conhecimentos científicos sobre

manejo florestal, gestão de recursos naturais e adaptação às mudanças climáticas. O Projeto

também se baseia em abordagens CDD/CBA que tenham provado, em todo o mundo: (i)

realmente fazer sentido do ponto de vista econômico, mesmo em um contexto volátil e em

evolução no que se refere a questões ambientais, adaptação e diversificação dos meios de vida; e

(ii) ser capazes de promover sinergias entre etno-desenvolvimento, manejo florestal e do uso do

solo e adaptação, por meio das intervenções o mais eficazes possível para melhorar a qualidade

de vida e os meios de subsistência de grupos social e economicamente desfavorecidos e de

melhorar sua capacidade de resiliência social. O projeto combina múltiplos fatores considerados

críticos para que as abordagens CDD/CBA sejam bem sucedidas: (i) seleção das propostas da

comunidade pela sua viabilidade econômica, ambiental e social, bem como pela avaliação das

vulnerabilidades locais e da capacidade de adaptação; (ii) oferta de assistência técnica

culturalmente adequada; (iii) fortalecimento das organizações indígenas e locais por meio de

atividades de capacitação institucional, como eventos de treinamento realizados localmente; e

(iv) estabelecimento de arranjos administrativos e financeiros adequados, flexíveis e eficientes.

Criar um forte senso de apropriação e de responsabilidade social entre os PICTs poderá

contribuir para aumentar sua representação nas instâncias relevantes de tomada de decisão.

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16

C. Gestão financeira

47. A Avaliação da Gestão Financeira (FMA) da NEA foi realizada de acordo com as diretrizes

do Banco em vigor. Foram avaliados: (i) os arranjos de monitoramento e prestação de contas; (ii)

a situação do Projeto em termos de gestão financeira, incluindo os respectivos riscos; (iii) as

ações planejadas, os prazos para melhorar a gestão financeira e os contratos de duração definida

celebrados para reduzir esses riscos; (iv) a situação do Projeto em termos de prontidão para a

implementação e os próximos passos necessários; e (v) os meios de monitoramento da gestão

financeira do Projeto. O CAA/NM apresentou algumas fraquezas em relação a sua gestão

financeira (GF), como, por exemplo, uma função orçamentária limitada, carecer de um sistema

de informação financeira e a incapacidade de elaborar os relatórios financeiros em tempo hábil

devido à distribuição das operações em mais de 60 locais diferentes. Os arranjos de GF do Banco

estão relacionados com orçamento, contabilidade, controles internos, fluxo de recursos,

elaboração de relatórios financeiros e auditoria. O sistema de GF do presente projeto tem os

seguintes objetivos: (i) garantir que os recursos sejam destinados exclusivamente para o fim

previsto e de forma eficiente e econômica durante a implementação das atividades acordadas; (ii)

possibilitar a elaboração de relatórios financeiros precisos e em tempo hábil; (iii) garantir que os

recursos sejam geridos adequadamente e repassados às agências de implementação de forma

regular e previsível para essas agências; (iv) permitir ao CAA/NM acompanhar a implementação

do Projeto; e (v) zelar pelos bens e recursos do Projeto. Os principais riscos que o CAA/NM

poderá vir a enfrentar em relação a esses objetivos resultam da necessidade de se garantir que os

esquemas de prestação de contas do Projeto sejam supervisionados e coordenados de maneira

eficaz e de seguir os procedimentos de controle interno estabelecidos.

D. Aquisições

48. O CAA/NM teve sua Avaliação de Aquisições realizada de acordo com as diretrizes do

Banco antes da avaliação, a qual considerou o risco de aquisição do Projeto como sendo

moderado, tendo em vista a falta de experiência da organização com os procedimentos e as

diretrizes do Banco. O CAA/NM será responsável pela aquisição de bens, obras e serviços e pela

seleção de consultores, processos que serão realizados em conformidade com as políticas de

aquisição do Banco, inclusive pelas aquisições realizadas com recursos de subfinanciamento

previstos no Componente 1, o que significa na verdade que nenhum recurso será transferido para

as organizações de povos indígenas e comunidades locais. O CAA/NM será responsável pela

gestão dos contratos, conforme as políticas e diretrizes do Banco. Atendendo aos requisitos da

OP 11.00, antes da avaliação do projeto foi realizada uma avaliação da capacidade do CAA/NM

para executar atividades de aquisição, a qual foi publicada no portal de operações. As aquisições

previstas no projeto proposto serão realizadas de acordo com o documento “Diretrizes para

Aquisições com Empréstimos do BIRD e Créditos da AID”, datado de janeiro de 2011, o

documento “Diretrizes para a Seleção e Contratação de Consultores por parte de Mutuários do

Banco Mundial”, também datado de janeiro de 2011, e com as disposições previstas no Acordo

Legal. Para cada contrato a ser financiado pela Doação, o beneficiário e a equipe do Banco

acordarão, no Plano de Aquisições, os diferentes métodos de aquisição ou de seleção de

consultores, a necessidade de pré-qualificação, as estimativas de custos, os requisitos prévios à

revisão e o cronograma. O Plano de Aquisições será atualizado pelo menos uma vez por ano, ou

sempre que necessário, de maneira a refletir as necessidades reais em termos de execução do

projeto e de avanços na capacidade institucional das partes envolvidas. A NEA preparará um

Manual Operacional abrangente, descrevendo os procedimentos a serem seguidos quando se

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17

tratar de aquisições no âmbito das subdoações.

E. Aspectos sociais (inclusive salvaguardas)

49. O Projeto foi elaborado com a participaçãodos principais atores envolvidos. As consultas

realizadas tiveram uma ampla participação de homens e mulheres. As principais características

do desenho do projeto proposto foram debatidas e aprovadas por representantes autonomeados

dos PICTs. Por ser uma abordagem baseada na comunidade, o Projeto não deverá ter efeitos

adversos nas comunidades beneficiárias. O Projeto atende plenamente à política OP 4.10. Na

avaliação social realizada, os possíveis efeitos sobre os povos indígenas foram avaliados. As

possíveis comunidades beneficiárias participaram de consultas livres, prévias e informadas.

Todas as informações relevantes sobre o projeto foram fornecidas de forma culturalmente

apropriada, tendo o desenho do projeto recebido amplo apoio dos PICTs. Considerando que os

povos indígenas constituirão a maioria dos beneficiários diretos do Projeto e que este foi

elaborado de maneira altamente participativa, inclusive tendo sido conduzido um intenso

processo de consulta com os PICTs, a OP 4.10 acabou sendo acionada, porém não requereu a

elaboração de um Marco de Planejamento para os Povos Indígenas ou de um Plano para os

Povos Indígenas separadamente. Antes de começarem a receber recursos, as propostas

comunitárias passarão por uma triagem a fim de certificar-se que elas recebem amplo apoio dos

povos indígenas, evitam a ocorrência de deslocamentos físicos de povos indígenas e contribuem

para o alcance de vários dos objetivos de desenvolvimento almejados pela OP 4.10. A OP 4.12

não foi acionada porque um dos princípios que regem o mecanismo de doação consiste em evitar

a relocação e o deslocamento de povos que dependem das florestas. Nesse sentido, os critérios de

seleção das atividades elegíveis garantirão que não ocorra nenhum tipo de relocação ou de

restrição de acesso a recursos. O MGSA do país e o MOP explicitam os critérios e

procedimentos utilizados para assegurar (i) que as iniciativas da comunidade sejam propostas por

organizações representativas de PICTs legítimas; (ii) que as propostas receberam amplo apoio

das comunidades proponentes, de forma livre, prévia e informada; e (iii) identificar os casos em

que se fará necessário adquirir terras e certificar-se de que essas doações sejam totalmente

voluntárias.

F. Aspectos ambientais (inclusive salvaguardas)

50. O projeto de conservação proposto deverá ter um impacto ambiental positivo, uma vez que

busca promover o etnodesenvolvimento sustentável, o manejo florestal e dos recursos naturais e

a adaptação ao clima entre os PICTS cuja subsistência depende dos recursos naturais do bioma.

As atividades do projeto poderão contribuir para a redução da pressão do desmatamento sobre as

florestas remanescentes e a proteção de nascentes e matas ciliares, combatendo, assim, a

poluição da água e do solo. A natureza e a escala das atividades comunitárias previstas não terão

impactos adversos significativos, justificando a classificação de Categoria B do Projeto. O

Projeto acionou as seguintes salvaguardas ambientais: Avaliação Ambiental (OP/BP 4.01),

Habitats Naturais (OP/BP 4.04), Florestas (OP/BP 4.36), Controle de Pragas (OP/BP 4.09) e.

Recursos Culturais Materiais (OP/BP 4.11). Apesar desses impactos positivos, o Projeto será

executado em várias áreas sensíveis em termos de biodiversidade e florestas. Uma Estrutura

Programática de Gestão Socioambiental (P-ESMF) foi preparada para o DGM global, tendo sido

nela que se guiou a elaboração do MGSA específico do país. Este último compreende um

levantamento dos impactos potencialmente positivos e negativos das atividades elegíveis, bem

como define as ações de prevenção e mitigação. O MSGA define os procedimentos operacionais

relacionados à triagem, avaliação, mitigação e monitoramento dos impactos ambientais e sociais,

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18

garantindo assim que as políticas operacionais do Banco Mundial sejam cumpridas durante a

implementação do projeto. O MSGA elaborado especificamente para o país foi divulgado no

âmbito nacional e no website externo do Banco Mundial, antes da avaliação. Durante a

elaboração dos projetos técnicos, todas as propostas comunitárias selecionadas para

financiamento passarão por uma triagem feita pelo CAA/NM para garantir que estejam em

conformidade com as políticas sociais e ambientais do Banco Mundial.

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19

Anexo 1: Matriz de Resultados e Monitoramento

.

País: Brasil

Nome do Projeto: Mecanismo de Doação Dedicado para Povos Indígenas - Brasil (P143492) .

Matriz de Resultados .

Objetivos de Desenvolvimento do Projeto .

Enunciado dos ODP

O Projeto tem os seguintes objetivos: (i) fortalecer a participação dos povos indígenas e comunidades tradicionais do Bioma Cerrado,

no FIP, REDD+ e outros programas similares orientados para o Clima nas esferas locais, nacionais e global; e (ii) contribuir para

aprimorar o modo de vida e o manejo sustentável da floresta e da terra em seus territórios.

Estes resultados serão atingidos em Nível de Projeto

Indicadores dos Objetivo de Desenvolvimento do Projeto

Valores cumulativos almejados

Indicador Linha de base ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 Meta final

Beneficiários cientes das informações

do Projeto e de acordo com os

investimentos apoiados pelo Projeto

(Percentual)

0,00 40,00 75,00 75,00

Beneficiários cientes das informações

do Projeto e de acordo com os

investimentos apoiados pelo Projeto -

mulheres

(Percentual - Subtipo: Desagregação)

0,00 40,00 75,00 75,00

Habitantes das florestas e comunidades

adjacentes beneficiados

monetariamente/não monetariamente

pelas florestas

0,00 1500,00 3000,00 3000,00

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20

(Numérico) - (Central)

Habitantes das florestas e comunidades

adjacentes beneficiados pelas florestas -

Minorias étnicas/indígenas

(Numérico - Subtipo: Desagregado) -

(Central)

0,00 1000,00 2000,00 2000,00

Habitantes das florestas e comunidades

adjacentes beneficiados pelas florestas -

Mulheres

(Numérico - Subtipo: Desagregado) -

(Central)

0,00 400,00 1000,00 1000,00

Organizações de PICTs participantes

que apresentam maior participação,

protagonismo e atuação nas

instâncias/reuniões de tomada de

decisão sobre REDD+/mudanças do

clima em nível local, nacional ou

global.

(Numérico)

0,00 0,00 6,00 12,00 20,00 24,00 24,00

Indicador Linha de base ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 Meta final

Beneficiários diretos do Projeto

(Numérico) - (Central) 0,00 0,00 600,00 3000,00 5000,00 6000,00 6000,00

Povos Indígenas beneficiários

(Percentual - Subtipo: Complementar) 0,00 0,00 6,00 30,00 54,00 60,00 60,00

Mulheres beneficiárias

(Percentual - Subtipo: Complementar) -

(Central)

0,00 0,00 3,00 15,00 27,00 30,00 30,00

Indivíduos vulneráveis/marginalizados

na área do projeto que são beneficiários

do projeto (%)

(Percentual) - (Central)

0,00 0,00 10,00 50,00 90,00 100,00 100,00

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21

Indivíduos vulneráveis/marginalizados

na área do Projeto - Homens

(Numérico - Subtipo: Complementar) -

(Central)

0,00 0,00 300,00 1500,00 2500,00 3000,00 3000,00

Indivíduos vulneráveis/marginalizados

na área do Projeto - Mulheres

(Numérico - Subtipo: Complementar) -

(Central)

0,00 0,00 300,00 1500,00 2500,00 3000,00 3000,00

Indivíduos vulneráveis/marginalizados

na área do projeto que são beneficiários

do projeto - Homens

(Numérico - Subtipo: Complementar) -

(Central)

0,00 0,00 300,00 1500,00 2500,00 3000,00 3000,00

Indivíduos vulneráveis/marginalizados

na área do projeto que são beneficiários

do projeto - Mulheres

(Numérico - Subtipo: Complementar) -

(Central)

0,00 0,00 270,00 1350,00 2250,00 2700,00 2700,00

Beneficiários satisfeitos com a

assistência técnica prestada pelo projeto

(Percentual)

0,00 37,50 75,00 75,00

Mulheres beneficiárias satisfeitas com a

assistência técnica prestada pelo projeto

(Percentual - Subtipo: Complementar)

0,00 30,00 60,00 60,00

Usuários da terra que adotaram práticas

de manejo sustentável como resultado

do projeto

(Numérico) - (Central)

0,00 350,00 700,00 700,00

Organizações representativas de PICTs

que receberam capacitação para

aprimorar manejo florestal e do uso do

solo

(Numérico)

0,00 0,00 18,00 90,00 162,00 180,00 180,00

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22

Participantes das atividades de

aprimoramento de capacidades

desenvolvidas no âmbito do projeto

com uma maior compreensão do

mecanismo REDD+ e das mudanças

climáticas.

(Percentual)

0,00 0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 80,00

Usuários das florestas treinados

(Numérico) - (Central) 0,00 180,00 360,00 360,00

Usuários das florestas treinados -

Minorias étnicas/povos indígenas

(Numérico - Subtipo: Desagregado) -

(Central)

0,00 108,00 216,00 216,00

Usuários das florestas treinados -

Mulheres

(Numérico - Subtipo: Desagregado) -

(Central)

0,00 54,00 108,00 108,00

Número de queixas sobre benefícios

gerados pelo projeto que foram

efetivamente tratadas.

(Percentual)

0,00 80,00 100,00 100,00

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23

Descrição do Indicador

Indicadores dos Objetivo de Desenvolvimento do Projeto

Indicador Descrição (definição do indicador, etc.) Frequência Fonte dos

dados/Metodologia

Responsável pela coleta de

dados

Beneficiários cientes das

informações do Projeto e de

acordo com os

investimentos apoiados pelo

Projeto

Este indicador medirá em que medida as

decisões sobre o projeto refletem

consistentemente às preferências da

comunidade.

Semestral Avaliações intercalar e

final.

Agência Executora

Nacional

Beneficiários cientes das

informações do Projeto e de

acordo com os

investimentos apoiados pelo

Projeto - mulheres

Este indicador medirá em que medida as

mulheres beneficiadas pelo projeto

consideram que as decisões sobre o

projeto refletem consistentemente às suas

preferências.

Semestral Avaliações intercalar e

final.

Agência Executora

Nacional

Habitantes das florestas e

comunidades adjacentes

beneficiados

monetariamente/não

monetariamente pelas

florestas

Este indicador mede quanto os habitantes

locais consideram que as intervenções do

projeto melhoraram suas condições de

vida. Pode cobrir tanto os benefícios

monetários, quanto os não monetários

como, por exemplo, a melhoria e

facilitação de acesso a lenha e os serviços

culturais e espirituais. O valor base de

referência previsto é zero.

Semestral Avaliações intercalar e

final.

Agência Executora

Nacional

Habitantes das florestas e

comunidades adjacentes

beneficiados pelas florestas

- Minorias étnicas/indígenas

Não foi fornecida descrição. Semestral Avaliações intercalar e

final.

Agência Executora

Nacional

Habitantes das florestas e

comunidades adjacentes

beneficiados pelas florestas

- Mulheres

Não foi fornecida descrição. Semestral Avaliações intercalar e

final.

Agência Executora

Nacional

Organizações de PICTs Este indicador é uma medida aproximada Anual Relatórios técnicos, Agência Executora

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24

participantes que

apresentam maior

participação, protagonismo

e atuação nas

instâncias/reuniões de

tomada de decisão sobre

REDD+/mudanças do clima

em nível local, nacional ou

global.

tanto do empoderamento dos PICTs como

do fortalecimento de sua capacidade de

defender seus interesses. Mede quanto as

organizações de PICTs terão ampliado seu

envolvimento, atuação e

representatividade em instâncias

privilegiadas de discussão sobre o REDD+

e as mudanças climáticas. De maneira

complementar e mais qualitativa, o Projeto

monitorará sites de notícias relacionados

com os PICTs e estas áreas temáticas. O

valor base de referência previsto é zero.

avaliações intercalar e final

baseados em levantamentos

ex-post.

Nacional

Indicadores de Resultados Intermediários

Indicador Descrição (definição do indicador, etc.) Frequência Fonte dos

dados/Metodologia

Responsável pela coleta de

dados

Beneficiários diretos do

Projeto

Beneficiários diretos são os indivíduos ou

grupos que obtém benefícios diretamente

de uma intervenção (ou seja, crianças

beneficiadas por um programa de

imunização; famílias que ganham acesso à

água encanada). Cabe destacar que este

indicador requer informações

complementares.

Indicador complementar: Mulheres

beneficiárias (percentual). Com base na

avaliação e na definição de beneficiários

diretos do projeto, especifica qual é a

proporção de indivíduos do sexo feminino

entre os beneficiários diretos do projeto.

Este indicador é calculado como

porcentagem.

Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Povos Indígenas

beneficiários

Parcela de povos indígenas entre todos os

beneficiários do projeto

Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final

Agência Executora

Nacional

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25

Mulheres beneficiárias Com base na avaliação e na definição de

beneficiários diretos do projeto, especifica

que porcentagem dos beneficiários

pertence ao sexo feminino.

Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Indivíduos vulneráveis

/marginalizados na área do

projeto que são

beneficiários do projeto (%)

Mede os esforços do projeto no sentido de

fazer seus benefícios chegarem aos grupos

vulneráveis e marginalizados.

Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final

Agência Executora

Nacional

Indivíduos vulneráveis/

marginalizados na área do

Projeto - Homens

Não foi fornecida descrição. Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Indivíduos vulneráveis/

marginalizados na área do

Projeto - Mulheres

Não foi fornecida descrição. Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Indivíduos vulneráveis

/marginalizados na área do

projeto que são

beneficiários do projeto. -

Homens

Não foi fornecida descrição. Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Indivíduos vulneráveis

/marginalizados na área do

projeto que são

beneficiários do projeto. -

Mulheres

Não foi fornecida descrição. Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Beneficiários satisfeitos

com a assistência técnica

prestada pelo projeto.

Parcela de beneficiários das atividades

realizadas no Componente 1 que está

satisfeita com a assistência técnica

prestada pelo Projeto.

Semestral Relatórios técnicos,

levantamentos ex-post,

avaliações intercalar e final

Agência Executora

Nacional

Mulheres beneficiárias

satisfeitas com a assistência

técnica prestada pelo

projeto

Parcela de beneficiárias das atividades

realizadas no Componente 1 que está

satisfeita com a assistência técnica

oferecida pelo Projeto.

Anual Relatórios técnicos,

levantamentos ex-post,

avaliações intercalar e final

Agência Executora

Nacional

Usuários da terra que Mede o número de usuários que vêm Semestral Relatórios técnicos, Agência Executora

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26

adotaram práticas de

manejo sustentável como

resultado do projeto

adotando práticas de manejo sustentável

nas áreas do projeto. A medição deste

indicador requer levantamentos a

intervalos regulares e ao final do projeto.

O valor base de referência previsto é zero.

avaliações intercalar e final Nacional

Organizações

representativas de PICTs

que receberam capacitação

para aprimorar o manejo

florestal e do uso do solo

Número de organizações que representam

os PICTs recebendo treinamento e

capacitação em sistemas de manejo

florestal e de gestão do uso do solo sob o

Componente 2.

Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final

Agência Executora

Nacional

Participantes das atividades

de aprimoramento de

capacidades desenvolvidas

no âmbito do projeto com

uma maior compreensão do

mecanismo REDD+ e das

mudanças climáticas.

Mede a porcentagem de participantes

diretos nas atividades de aprimoramento

de capacidades apoiadas pelo Componente

2 com uma melhor compreensão de

questões relativas ao mecanismo REDD+

e às mudanças climáticas graças a essa

participação. Os participantes terão seus

conhecimentos/compreensão avaliados

antes e depois dessas atividades.

Anual Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Usuários das florestas

treinados

Mede o número de usuários da floresta e

membros da comunidade que receberam

capacitação na forma de treinamento

graças ao projeto. O valor base de

referência previsto é zero.

Semestral Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final

Agência Executora

Nacional

Usuários das florestas

treinados - Minorias

étnicas/povos indígenas

Não foi fornecida descrição. Semestral Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Usuários das florestas

treinados - Mulheres

Não foi fornecida descrição. Semestral Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

Número de queixas sobre

benefícios gerados pelo

projeto que foram

efetivamente tratadas.

Mede a eficiência do Mecanismo de

Registro de Queixas e Reparações.

Semestral Relatórios técnicos,

avaliações intercalar e final.

Agência Executora

Nacional

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27

Anexo 2: Descrição Detalhada do Projeto

Mecanismo de Doação Dedicado para Povos Indígenas - Brasil

1. O Projeto proposto consiste de: (i) um programa global, o Mecanismo de Doação

Dedicado para Povos Indígenas e Comunidade Locais (DGM); e (ii) do Plano de Investimentos

do Brasil (BIP). O DGM foi criado e desenvolvido como uma janela especial no âmbito do

Programa de Investimento Florestal (FIP). O projeto objetiva fortalecer o papel dos PICTs no

BIP e em outros programas REDD+ em nível local, nacional e global, apoiando o

desenvolvimento de capacidades e as iniciativas de adaptação comunitárias (CBA, de

community-based activities) do tipo no-regrets propostas e selecionadas por meio de processos

decisórios conduzidos pelos PICTs.17

A. O Programa de Investimento Florestal

2. O Programa de Investimento Florestal (FIP) é um programa do Fundo Climático

Estratégico (SCF), que é um dos dois fundos inseridos na parceria dos Fundos de Investimentos

para o Clima (CIF) administrada pelo Banco Mundial. O SCF é um fundo fiduciário criado em

2009 com aportes de múltiplos doadores e se destina a financiar de forma simplificada iniciativas

ligadas ao clima nas áreas de redução do desmatamento e da degradação florestal em países

tropicais, promovendo um manejo florestal mais sustentável, reduzindo emissões e melhorando a

conservação dos estoques de carbono florestal. O SCF foi criado para financiar novas maneiras

de desenvolver ou aumentar a escala de atividades que busquem responder a um desafio

específico relacionado com as mudanças do clima ou dar uma resposta setorial através de

programas focalizados. O FIP foi criado como uma dessas iniciativas focalizadas com o

propósito de catalisar políticas e açõesa públicas e mobilizar fundos destinados à redução do

desmatamento e da degradação florestal, com vistas à promoção de um manejo florestal mais

sustentável, à redução das emissões e à potencialização dos estoques de carbono florestal

(REDD+).18

3. O FIP foi concebido com quatro objetivos específicos: (i) iniciar e facilitar medidas

voltadas para a promoção de uma mudança transformacional nas políticas e práticas florestais de

países em desenvolvimento; (ii) implementar de maneira experimental modelos replicáveis a fim

de gerar compreensão e aprendizado a respeito da inter-relação entre a implementação de

investimentos, de políticas e de medidas florestais e as reduções de emissões a longo prazo no

17

Iniciativas de adaptação no-regrets (traduzido literalmente “sem arrependimentos”), são opções ou medidas de

adaptação às mudanças do clima, justificáveis sob todos os cenários climáticos futuros plausíveis, por lidarem com

as causas subjacentes da pobreza e da vulnerabilidade e os desafios climáticos e antropogênicos ao desenvolvimento

sustentável, de maneira culturalmente adequada, ambientalmente correta e economicamente viável. Referem-se a

atividades que geram benefícios junto com o desenvolvimento sustentável e que melhoram os meios de vida mesmo

na ausência de mudanças do clima. Resumindo, as iniciativas de adaptação comunitárias no-regrets trazem

benefícios tanto sob as condições climáticas atuais como sob uma variedade de cenários climáticos futuros.

Vulnerabilidade às mudanças climáticas refere-se ao ponto até o qual os sistemas afetados pelas mudanças

climáticas são suscetíveis a impactos adversos ou incapazes de enfrentá-los. 18

A sigla REDD+ refere-se à “Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal e ao papel da

conservação, do manejo sustentável das florestas e do aumento dos estoques de carbono florestal em países em

desenvolvimento”. O mecanismo vem sendo negociado no âmbito da CQNUMC.

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28

âmbito do mecanismo REDD+; (iii) facilitar a alavancagem de recursos financeiros adicionais

para o mecanismo REDD+, inclusive por meio de um possível mecanismo florestal no âmbito da

CQNUMC; e (iv) compartilhar experiências valiosas e feedback no contexto das deliberações

sobre o REDD+ no âmbito da CQNUMC.

4. Como parte dos seus esforços para alcançar esses objetivos, o FIP apoiará e promoverá

investimentos nas seguintes áreas: (i) capacidade institucional, governança florestal e

informação; (ii) investimentos em medidas de mitigação florestal, inclusive serviços

ecossistêmicos florestais; e (iii) investimentos fora do setor florestal que sejam necessários para

reduzir a pressão sobre as florestas.

5. O FIP financia ações de países em desenvolvimento direcionadas a combater as causas

subjacentes do desmatamento e da degradação florestal e a superar as barreiras que dificultaram

ações anteriores nesse sentido. O FIP vem agindo em países-piloto com o apoio de bancos

multilaterais de desenvolvimento (BMDs).19

B. O Mecanismo de Doação Dedicado (DGM)

6. O DGM foi criado e desenvolvido como uma janela especial no âmbito do Programa de

Investimento Florestal (FIP). Foi concebido objetivando promover a inclusão das comunidades

cujos modos de vida dependem das florestas nos processos de formulação de políticas e nas

iniciativas voltadas para a redução do desmatamento e da degradação florestal. O DGM está

sendo estabelecido sob o FIP com o objetivo de conceder doações a Povos Indígenas e

Comunidade Locais nos países-piloto do FIP, apoiando, dessa maneira, sua participação no

desenvolvimento de estratégias, programas e projetos de investimento, bem como em outros

processos REDD+ locais, nacionais e globais.20

7. O projeto básico do DGM foi aprovado pelo Subcomitê do FIP, em 31 de outubro de

2011.21

A versão final do projeto básico do DGM e seus documentos base, como as Diretrizes

Operacionais (FOG, de Framework Operational Guidelines), foram endossados por

representantes dos PICTs em outubro de 2011 e setembro de 2013, respectivamente.22

O DGM

tem como objetivo geral apoiar iniciativas eficazes e expandir a capacidade dos povos indígenas

e comunidades locais nos países-piloto FIP a fim de fortalecer a sua participação como atores

informados e ativos no FIP e em outros processos de REDD+ em nível local, nacional e global,

bem como na formulação e execução de FIPs específicos em cada país.

8. O Documento de Concepção do DGM enfatiza a necessidade de fortalecer a capacidade

dos povos indígenas e comunidades locais para participarem de maneira efetiva em todas as fases

dos processos FIP e REDD+, e a de criar oportunidades de renda que também gerem benefícios

de mitigação e adaptação, respeitando a cultura, os conhecimentos tradicionais e os sistemas de

manejo florestal indígenas. Nos países-piloto do FIP, o DGM funciona como complemento aos

projetos e programas apoiados no âmbito do FIP; sempre que possível, as atividades do DGM

deverão funcionar de maneira complementar aos investimentos do FIP e aproveitar as sinergias

existentes.

19

Para mais informações, veja o Documento de Concepção do FIP (link). 20

Para mais informações, veja o Documento de Concepção do DGM (link) e as Diretrizes Operacionais (link). 21

Documento de Concepção do DGM (link). 22

Diretrizes Operacionais do DGM (link).

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29

9. Para atingir esses objetivos, o programa tem dois componentes: (i) um componente de

país em cada país-piloto do FIP; e (ii) um componente global, voltado para o compartilhamento

de conhecimento, o desenvolvimento de capacidades e o fortalecimento de redes e parcerias

entre organizações de povos indígenas e comunidades locais nos países-piloto e em outros

países.

10. O componente de país apoia dois subcomponentes. O subcomponente 1 está ligado à

concessão de subdoações para organizações de PICTs por meio de processos competitivos

destinadas a investimentos escolhidos pelos povos indígenas e comunidades locais,

desenvolvidos dentro da estrutura geral do DGM. As atividades financiadas no subcomponente 1

podem fazer parte de duas grandes áreas temáticas: (i) promoção de atividades econômicas e

práticas rurais locais que melhorem a mitigação e a adaptação às mudanças do clima e sejam

compatíveis com os valores dos povos indígenas e das comunidades locais; e (ii) investimentos

em manejo sustentável de paisagens florestais que preservem grandes estoques de carbono e a

biodiversidade. O subcomponente 2 apoia atividades de capacitação voltadas para organizações

de povos indígenas e comunidades locais.

11. De acordo com os critérios gerais do programa, os projetos dos países devem: (i) estar

alinhados com os objetivos do DGM e do FIP; (ii) estar alinhados com uma ou mais áreas

temáticas do DGM (desenvolvimento de capacidades, promoção de meios de vida nas áreas

rurais ou investimentos em manejo sustentável de paisagens florestais); (iii) complementar o

Plano de Investimento Florestal do país e os projetos que recebam seu apoio; (iv) ser projetados e

implementados por iniciativa de povos indígenas e comunidades locais, e beneficiá-los

diretamente; (v) basear-se em processos inclusivos e passíveis de responsabilização; e (vi)

obedecer às políticas operacionais e de salvaguarda relevantes do BMD correspondente.

C. O Plano de Investimento Florestal do Brasil (BIP)

12. O Brasil é um dos países-piloto que participam do FIP. O BIP23

busca promover o uso

sustentável do solo e melhorar o manejo de paisagens produtivas no Cerrado, contribuindo para a

redução da pressão sobre as florestas remanescentes, a diminuição das emissões de gases de

efeito estufa (GEE) e o aumento do sequestro de dióxido de carbono (CO2). O BIP tem como

objetivos específicos: (i) melhorar a gestão ambiental em áreas previamente antropizadas; e (ii)

produzir e divulgar informação ambiental na escala de bioma. O Cerrado é o segundo maior

bioma do Brasil e da América do Sul e uma das mais ricas e diversas áreas de savana do mundo.

É um bioma estratégico do ponto de vista econômico, ambiental e de segurança alimentar. Cobre

uma extensa área e abriga consideráveis estoques de carbono, abundantes recursos hídricos e rica

biodiversidade.

13. O BIP compreende duas áreas temáticas, quatro projetos inter-relacionados e duas

janelas especiais. O BIP propõe ainda ações coordenadas e sinérgicas por parte de diferentes

atores para melhorar a sustentabilidade e a eficiência do manejo de recursos florestais e do uso

do solo no Cerrado. Constitui, ainda, uma plataforma para o compartilhamento de conhecimentos

entre os projetos BIP, FIP DGM Brasil, projetos FIP do setor privado e outros. O BIP

compreende duas áreas temáticas, quatro projetos inter-relacionados e duas janelas especiais que

23

O BIP foi aprovado pelo Subcomitê do FIP em 18 de maio de 2012.

Page 40: Documento do Banco Mundial - ... Documento do Banco Mundial Relatório nº: PAD1067 BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO DE PROJETO

30

serão implementadas de maneira coordenada. A Figura 2.1 ilustra o contexto e a estratégia de

intervenção do BIP.

Page 41: Documento do Banco Mundial - ... Documento do Banco Mundial Relatório nº: PAD1067 BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO DE PROJETO

31

Figura 2.1: Plano de Investimentos do Brasil

Projeto: Plano de Investimento Florestal Brasileiro Doação: US$ 1,00 milhão BMD: BIRD

Janela

Específica

Tema 1: Manejo e uso de áreas já antropizadas

Tema 2: Geração e gerenciamento

de informação sobre florestas

Janela

especial

Meca

nis

mo

de D

oação

Ded

ica

do

para

Pov

os

Ind

ígen

as

e C

om

un

ida

de L

oca

is

Projeto 1.1. Regularização

ambiental de propriedades rurais

(com base no Cadastro

Ambiental Rural [CAR])

Empréstimo:

US$ 32,48 milhões

BMD: BIRD

Projeto 1.2. Produção

sustentável em áreas previamente

convertidas para

uso agropecuário (com base no

Plano ABC)

Doação: US$ 10,72

milhões

BMD: BIRD

Projeto 2.1. Informação

florestal para apoiar os

setores público e privado na gestão de iniciativas

voltadas para a

conservação e valorização dos recursos florestais

Doação: US$ 16,55 milhões

BMD: BID

Projeto 2.2.

Implementação de

um sistema de alerta precoce contra

incêndios florestais

e de um sistema de monitoramento da

cobertura vegetal.

Doação: US$ 9,25

milhões

BMD: BIRD

Recu

rso

s pa

ra o

seto

r priv

ad

o

Melhorar o acesso dos produtores rurais aos

recursos disponíveis para a agricultura de baixo

carbono

Implementação do Cadastro Ambiental Rural

em todo o bioma

Geração e disponibilidade de informação ambiental

correta espacial e temporalmente = inventário

florestal, monitoramento por sensoriamento remoto e sistema de alerta precoce contra incêndios

florestais

14. A Tabela 2.1 resume o plano de financiamento dos projetos BIP, DGM e do setor

privado até o presente.

Tabela 2.1. Plano de Financiamento para o BIP

Pla

no

de I

nv

est

imen

tos

do

Bra

sil

Projeto

BMD

Órgão

Gov.

FIP

Doaçã

o

FIP

Empré

stimo

Outros Total (milhões

US$)

Regularização ambiental de propriedades

rurais BIRD MMA 32,48 26,43 58,91

Produção sustentável em áreas previamente convertidas para uso agropecuário

BIRD MAPA 10,62 -- 0,50 11,12

Informação florestal para apoiar os sectores

público e privado na gestão de iniciativas BID

MMA/

Serviço Florestal

16,55 -- 8,00 24,55

Coordenação BIP BIRD MMA 1,00 -- -- 1,00

Implementação de um sistema de alerta

precoce contra incêndios florestais e de um sistema de monitoramento

BIRD MCTI 9,25 -- --- 9,25

DGM Mecanismo de Doação Dedicado - Brasil BIRD -- 6,50 -- -- 6,50

Rec. p/

setor

privado

Brasil: Óleo de Palma de Macaúba em

Sistemas Silviculturais BID -- -- 3,00 3,00 6,00

Brasil: Reflorestamento Comercial em Terras Modificadas

IFC -- -- 15,00 97,00 112,00

Total 44,02 50,48 134,93 229,33

D. O Mecanismo de Doação Dedicado para Povos Indígenas e Comunidade Locais

(DGM-BR)

15. Conforme será detalhado a seguir, o DGM Brasil atuará em sinergia com outros projetos

do BIP. A fim de promover sinergias com o Plano de Investimento Florestal do Brasil e de

enfrentar os desafios impostos pela dispersão geográfica dos PICTs, as ações do DGM Brasil

priorizarão o bioma Cerrado.

16. O DGM Brasil seguirá o conjunto de diretrizes e atividades contempladas nos

componentes criados para o DGM global. O Projeto apoiará atividades de capacitação e

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32

financiará a concessão de subdoações a organizações comunitárias de PICTs no Brasil conforme

a demanda, visando consolidar a participação dessas organizações no FIP e em outros processos

REDD+ locais, nacionais e globais, bem como aumentar a sua capacidade de adaptação às

mudanças do clima por meio de iniciativas no-regrets.

17. O DGM Brasil dispõe de US$ 6,5 milhões em recursos provenientes de doação. O

financiamento do DGM se destinará às atividades a serem definidas pelo Conselho Gestor

Nacional (NCS) do DGM no Brasil, de acordo com o Projeto DGM para o Brasil, o Manual

Operacional para o Brasil e as Diretrizes Operacionais mencionadas acima. O projeto será

executado por uma Agência Executora Nacional (NEA) com a fiscalização do NSC, da Unidade

de Coordenação do Programa de Investimentos Florestais do Brasil (BIP) e do Banco Mundial.

O Banco Mundial celebrará um acordo de financiamento com a NEA e participará, na condição

de observador do NCS, em consonância com as Diretrizes do DGM. A NEA manterá o Banco

Mundial informado sobre o progresso, as políticas de salvaguarda e os aspectos fiduciários do

programa.

E. Conexões entre o DGM-BR e os demais projetos e programas do BIP

18. O DGM Brasil funcionará em sinergia com o BIP e com o DGM Global. Os PICTs

do bioma Cerrado enfrentam pressões externas e internas que comprometeram seus meios de

vida tradicionais, caracterizados pelo baixo impacto que têm no meio ambiente, e suas

estratégias de conservação dos recursos florestais, que apresentam uma boa relação custo-

efetividade. Essas pressões são de três tipos: (i) aquelas provenientes do uso do solo fora dos

seus territórios tradicionais, como o expansão da monocultura, da pecuária intensiva e das

cidades; (ii) as que resultam da extração de recursos dentro dos seus territórios tradicionais por

invasores, entre elas atividades como a extração de madeira, a caça e o garimpo; e (iii) as

provenientes da sobre-exploração de recursos pelos próprios povos indígenas e dos próprios

habitantes locais, em razão do crescimento da população, que multiplica suas necessidades em

termos de subsistência e de comercialização. Além disso, muitas terras indígenas do Cerrado

foram estabelecidas em áreas previamente degradadas. Embora alguns povos indígenas tenham

sido capazes de recuperar essas áreas graças a suas práticas tradicionais, outros continuam a

enfrentar desafios ligados ao manejo ambiental das áreas degradadas e encontram dificuldades

para assegurar sua própria subsistência. O DGM-BR está sendo concebido sobretudo para lidar

com as pressões internas que os PICTs enfrentam, ajudando-os a melhorar os seus meios de vida

e suas estratégias de adaptação e remediação, e por meio do manejo sustentável de recursos

florestais.

19. Por um lado, os PICTs desempenham um papel-chave na conservação das florestas

e na proteção do clima, e podem contribuir substancialmente para alcançar os objetivos de

desenvolvimento do BIP. Os territórios indígenas e tradicionais têm se mostrado a categoria de

unidade de conservação mais eficaz em termos de redução do desmatamento, gerando resultados

consideravelmente maiores que outras áreas de conservação de uso indireto, como os parques

nacionais. Os motivos para atribuir um papel chave às terras indígenas na conservação dos

recursos florestais e da biodiversidade brasileira são: (i) a extensão das terras indígenas no país,

que cobrem quase 12% do território nacional (enquanto as unidades de conservação federais

cobrem apenas 4,7%); (ii) a variedade de ecossistemas que elas abrigam em todos os biomas;

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33

(iii) o estado de conservação dos seus recursos naturais; e (iv) a importância da conectividade

promovida entre as unidades de conservação e as terras indígenas.24

20. As terras indígenas têm o potencial de duplicar a área dos biomas florestais do

Brasil sob algum tipo de regime de conservação. Por si só, as terras indígenas representam

69% do número total de áreas sob alguma forma de proteção no bioma Amazônia e 58% no

Cerrado. Embora a maioria esteja localizada na Amazônia brasileira, as terras indígenas também

têm um papel importante na promoção da conservação em outros biomas, quer pela sua riqueza

biológica quer pela conectividade que oferecem com outras unidades de conservação (UCs). No

Cerrado, podem desempenhar uma função ainda mais importante em nível de paisagens.

Reduzindo a pressão sobre a biodiversidade causada pelo uso de recursos florestais dentro das

terras indígenas e melhorando a sua estrutura e função, estas áreas podem ajudar a melhorar a

conectividade ao longo da paisagem. Embora algumas dessas terras indígenas já estejam sendo

afetadas pela degradação ambiental, por causa da sua localização e dos seus remanescentes de

floresta, aprimorar as técnicas de uso sustentável e de recuperação nessas terras pode ampliar o

seu papel multiplicador na conservação florestal da paisagem como um todo (GEF 2009). Em

todo caso, o DGM-BR visa assegurar a proteção de recursos florestais e de biodiversidade de

importância global e pode ter um impacto positivo no alcance dos objetivos gerais do BIP e no

objetivo de desenvolvimento do programa (PDO).

21. Por outro lado, os projetos do BIP farão uma contribuição necessária para a redução das

pressões externas enfrentadas pelos PICTs, advindas das mudanças no uso do solo fora dos seus

territórios tradicionais. Assim:

a. As atividades dos projetos do BIP ligadas à produção sustentável em áreas previamente

convertidas para uso agropecuário (sob o Plano de Agricultura de Baixo Carbono) darão

origem à adoção de tecnologias agrícolas de baixa emissão de carbono por produtores de

médio porte do Cerrado, à conversão de áreas já ocupadas legalmente pelo agronegócio

para a agricultura de baixo carbono e à redução do impacto ambiental da expansão do

agronegócio e de sua pressão nas florestas e territórios tradicionalmente ocupados por

PICTs. Considerando que suas atividades poderão se estender para áreas indígenas

adjacentes, o Projeto pode gerar cobenefícios positivos para os povos indígenas, uma vez

que ajudará a fazer frente a algumas das principais preocupações relacionadas com o

desenvolvimento do agronegócio frequentemente aludidas pelos PICTs do Cerrado, ao:

(a) reduzir a pressão para a conversão de novas áreas de floresta nativa; e (b) contribuir

para (i) a proteção de nascentes e matas ciliares, (ii) a melhoria das condições físico-

químicas e biológicas do solo e (iii) uma melhor conservação dos recursos naturais dos

quais os povos indígenas extraem seu sustento.

b. O projeto Regularização Ambiental de Propriedades Rurais do BIP ajudará a combater o

desmatamento e a degradação florestal em propriedades rurais, reduzir as emissões e

aumentar o sequestro de carbono ao promover o cumprimento da legislação ambiental

por parte dos proprietários e posseiros de áreas privadas em onze estados do bioma

Cerrado. Ao evitar o desmatamento ilegal e a degradação por meio de Reservas Legais e

24

De acordo com dados do INPE, em 2005 a taxa de desmatamento foi de 1,14% em terras indígenas, um pouco

abaixo da taxa de unidades de conservação federais do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e

consideravelmente menor que a taxa de desmatamento em unidades de conservação estaduais do SNUC, de 5,6 %.

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34

Áreas de Preservação Permanente, de acordo com a legislação federal e estadual

aplicável, o Projeto poderá ainda contribuir para a redução das pressões e ameaças

sofridas pelos PICTs, como a contaminação da água e do solo.

c. Por meio da geração e divulgação de informação geoespacial em tempo real sobre

desmatamento, degradação florestal e uso do solo no Cerrado, bem como do

desenvolvimento do sistema de alerta precoce contra incêndios florestais em escala

nacional, a implementação de um Sistema de Alerta Precoce para Prevenção de

Incêndios Florestais e do Sistema de Monitoramento da Cobertura Vegetal do BIP pode

ter um impacto benéfico para os PICTs, já que boa parte dos incêndios florestais atinge

terras indígenas, particularmente em áreas de transição entre o Cerrado e a floresta

amazônica.

d. Como o desmatamento e a degradação florestal são duas importantes ameaças

enfrentadas pelos PICTs em sua vida e no processo de adaptação dos seus meios de

sustento aos desafios antrópicos e climáticos, o projeto Informação Florestal para Apoiar

os Setores Público e Privado na Gestão de Iniciativas Visando à Conservação e

Valorização de Recursos Florestais do BIP deve gerar cobenefícios positivos para os

PICTs, uma vez que produzirá informação florestal padronizada e sistematizada,

promovendo processos decisórios mais precisos e mais bem informados sobre o

aproveitamento sustentável de recursos florestais e a redução do desmatamento e da

degradação florestal por parte dos setores público e privado.

F. Área do Projeto

22. O Cerrado é um bioma estratégico do ponto de vista econômico, ambiental e de

segurança alimentar. Trata-se da maior área de savana arbórea encontrada em um único país,

cobrindo cerca de 2,04 milhões de km2

– o equivalente a quase 24% do território brasileiro – em

onze estados (Bahia, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,

Maranhão, Paraná, Piauí, Rondônia e São Paulo) e no Distrito Federal. O Cerrado compreende

vegetação de savana, floresta, savana herbácea, zonas úmidas e matas de galeria. É uma das 25

regiões mais ricas do mundo no tocante à biodiversidade. Em razão do seu alto grau de

endemismo e da rápida perda de habitat, o Cerrado é considerado um dos 34 hotspots de

biodiversidade do mundo.25

Além disso, desempenha um papel importante na manutenção da

conectividade entre biomas, uma vez que divisa com quase todos os outros biomas (exceto os

ecossistemas costeiro e dos pampas). A despeito dessa riqueza biológica, menos de 4% da área

original do bioma é protegida por unidades de conservação. Não há legislação específica para

proteger de forma eficaz o que resta dos remanescentes florestais, e o bioma continua sofrendo

grandes mudanças no uso do solo devido ao desenvolvimento da exploração agrícola em áreas

que haviam sido consideradas prioritárias para a conservação e o uso sustentável pelo MMA.

23. O Cerrado ocupa um papel crucial na expansão da fronteira agrícola e no

crescimento da produção de commodities e biocombustíveis. Nos últimos 30 anos, a

vegetação do bioma vem sendo rapidamente transformada em função da expansão agrícola. A

25

Estima-se que 10.000 espécies de vegetais se encontrem no Cerrado, das quais 44% são endêmicas ao bioma. É

extremamente rico em espécies florais, com plantas herbáceas, arbustos e cipós. É rico em pássaros, peixes, répteis e

anfíbios e tem uma grande variedade de mamíferos e insetos.

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35

expansão da produção agrícola no Cerrado começou na década de 1960, fomentada por

investimentos públicos e privados. Hoje, a agricultura ocupa aproximadamente 22 milhões de

hectares, em geral envolvendo agricultura mecanizada em grandes propriedades e o uso

generalizado de insumos químicos, fertilizantes e calcário para corrigir a fertilidade e a acidez do

solo. Nas últimas três décadas, houve uma crescente pressão pela abertura de novas terras, com o

propósito de aumentar a produção de gado e de grãos para exportação. O Cerrado produz 60% da

soja do Brasil, 60% do café, 44% do milho e 84% do algodão, e concentra quase um terço do

rebanho bovino do país. Atualmente, o rebanho presente no Cerrado é de aproximadamente 50

milhões de cabeças. Esse crescimento só foi possível graças à expansão das pastagens plantadas

(que hoje cobrem 600.000 km2).

24. O Cerrado está sob a ameaça do desmatamento e das mudanças no uso do solo.

Aproximadamente 100 milhões de hectares foram convertidos em pastagens cultivadas ou áreas

de lavoura intensiva. Alguns índices apontam que mais de 65% da sua área original já foram

fortemente modificados. Cerca de 40% do bioma já se encontra degradado. Essa proporção pode

aumentar ainda mais caso a agricultura intensiva continue a crescer. Além disso, devido ao

manejo inadequado das pastagens, cerca de 50% a 60% delas apresentam algum grau de

degradação, o que acaba levando à ocupação ou abertura de novas áreas. A rápida expansão

agropecuária e a conversão das florestas em pastagens e plantações ao longo das últimas três

décadas são responsáveis para que a situação do desmatamento no Cerrado seja hoje

proporcionalmente mais séria que na Amazônia. Entre 2002 e 2008, o desmatamento na

Amazônia atingiu 3,2% do bioma, deixando 82% da área original de floresta intacta. No mesmo

período, o Cerrado perdeu 4,1% de sua cobertura, o desmatamento acumulado atingiu quase 49%

do bioma (1.000.334 km2) e menos de 52% da área segue coberta por vegetação nativa. A

contribuição relativa do Cerrado às emissões de GEE no país aumentou. Estimativas indicam que

o desmatamento é proporcionalmente mais sério no Cerrado que no bioma Amazônia. As

pressões antrópicas resultantes da rápida expansão da agropecuária nas últimas três décadas

tiveram um alto custo ambiental, como fragmentação de habitats, invasão de espécies exóticas e

perda de biodiversidade, além de erosão do solo, degradação da terra, assoreamento de cursos

d'água e contaminação dos aquíferos.

25. Mudanças antrópicas também levaram a mudanças no ciclo e nos estoques de

carbono do Cerrado, aumentando assim sua relevância para o contexto climático no qual

as florestas do Brasil são essenciais devido à quantidade substancial de carbono

armazenado em sua biomassa e seus solos. Os últimos dois inventários nacionais de emissões

de GEE no Brasil apontaram que as Mudanças no Uso da Terra e Florestas (LUCF) representam

boa parte das emissões de CO2 do país. Em 2005, o setor foi responsável por 77,9% dessas

emissões; em 2010, ainda representava 57,4%. O Brasil tomou medidas sólidas para mitigar os

GEE por meio do controle e da fiscalização da conversão de florestas para outros usos ou tipos

de cobertura e do combate a alguns dos principais vetores do desmatamento. O conjunto de

iniciativas implementado pelo Brasil, que envolve a mitigação de emissões, compreende o

combate ao desmatamento e a introdução de processos alternativos nos setores agropecuário,

energético e siderúrgico. O Brasil tem a meta de alcançar uma redução de 80% do desmatamento

na Amazônia (média anual de referência igual a 19.535 km²) e de 40% do desmatamento no

Cerrado (média anual de referência igual a 15.700 km²). Os esforços em andamento para reduzir

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36

os níveis de desmatamento na Amazônia tiveram como resultado uma redução da área desmatada

de 27.700 km2 em 2004 para apenas 6.200 km

2 em 2011.

26 Essas metas não foram totalmente

alcançadas no Cerrado, e a sua participação nas emissões de GEE do país vem crescendo de

forma constante.

26. O aumento da participação do Cerrado nas emissões nacionais de GEE deve-se, em

boa medida, a mudanças no uso da terra relacionadas à expansão da fronteira agrícola e

conversão de florestas em pastagens plantadas, mesmo diante a queda constante no

desmatamento e nas emissões brutas de GEE registrada nos últimos 15 anos. As taxas anuais de

desmatamento no Cerrado atingiram 15.698 km2 no período de 1994 a 2002, porém caíram para

6.469 km2 em 2010. Em 1995, as emissões de GEE resultantes de mudanças no uso do solo e

florestas no Cerrado alcançaram 327,8 teragramas de dióxido de carbono (TgCO2), o equivalente

a 16,3% das emissões brasileiras. Em 2005, o nível de emissões de GEE já tinha caído para

275,38 TgCO2, e corresponderam a 23,8% das emissões brasileiras, pelo mesmo motivo. Em

2010, as emissões atingiram 135,1 TgCO2, porém corresponderam a 39,1% das emissões

brasileiras de GEE, valor superado apenas pelo da floresta amazônica, que contribuiu com

50,3%.

27. As mudanças climáticas poderão ter sérios efeitos no Cerrado. Os custos das

mudanças do clima no Brasil até 2050 foram estimados para os diferentes cenários previstos pelo

Relatório Stern e pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com

prejuízos na ordem de 0,5% a 2,3% do PIB nacional. Estima-se uma queda ainda maior nos

padrões de consumo, de 1,1% para 2,3%. Segundo avaliações recentes dos potenciais impactos

das mudanças climáticas no Brasil, esses impactos: (i) atingirão com mais força as áreas mais

pobres e menos desenvolvidas do país; (ii) terão um maior efeito no setor agropecuário e em

áreas rurais, com prejuízos de 3,6% e 5,0%, respectivamente, aumentando assim as pressões pela

migração para as cidades; e (iii) aumentarão as desigualdades regionais e impactarão de maneira

contundente os grupos sociais cujos meios de vida dependem da agricultura de subsistência. Em

razão da vulnerabilidade aguda do bioma Cerrado aos efeitos das mudanças climáticas, a Região

Central do Brasil arcará com os custos mais altos, com prejuízos na ordem de 4,5% do PIB

regional em 2050. As previsões mais pessimistas sobre mudanças de temperatura indicam que a

maioria do Cerrado experimentará uma elevação de cerca de 4 °C, com a exceção das áreas de

transição com a Amazônia, onde o aumento esperado é de 6 °C. Em termos de precipitação, os

impactos das mudanças mais severas indicam um decréscimo de 50% para 70%, enquanto os

impactos das mudanças menos severas seriam de 30% a 50%. A distribuição das precipitações ao

longo do ano também se verá afetada, com um aumento esperado de 20 para 30 dias na duração

da estação seca. Essas mudanças levarão à extinção de até 48% das espécies arbóreas do

Cerrado, restringindo suas áreas de ocorrência para a parte sul do bioma. Além disso, as

mudanças causarão uma intensificação dos incêndios e o aumento da vulnerabilidade do bioma

aos incêndios, empobrecendo os solos e diminuindo a produtividade primária do Cerrado.

28. O Cerrado abriga uma diversidade social considerável. Cerca de 25 milhões de

26

As principais referências para as ações brasileiras no âmbito dos processos REDD+ são a Política Nacional sobre

Mudança do Clima e o Plano Nacional sobre Mudança do Clima. A política formaliza em lei o compromisso

voluntário do país de reduzir emissões, o que poderia gerar uma redução de 36,1% a 38,9% nas emissões projetadas

para 2020.

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37

pessoas residem na região, a maior parte (83%) em áreas urbanas. Embora a maioria das áreas

rurais do Cerrado esteja ocupada por propriedades privadas, 8,2% do bioma estão situados em

unidades de conservação, 4,3% em terras indígenas e 0,3% em terras quilombolas. No Cerrado,

mais de um milhão de propriedades particulares dedicam-se a atividades rurais, o que

corresponde a 72,4% do seu território. A maioria consiste em pequenas propriedades (78% do

total), mas estas cobrem apenas 10,7% da área agrícola (218.693 km2).

27 As pequenas

propriedades encontram-se distribuídas pelo bioma e incluem muitas comunidades locais:

populações extrativistas, grupos associados a ecossistemas específicos e camponeses.28

Os PICTs

desempenham uma importante função na conservação da biodiversidade dos diversos biomas

florestais do Brasil, graças: (i) a sua extensão territorial; (ii) à variedade de ecossistemas contidos

nos biomas; (iii) ao estado de conservação de suas terras e seus recursos naturais;29

(iv) à

tendência dos PICTs de realizar atividades sustentáveis em suas terras/territórios; e (v) à

conectividade que seus territórios estabelecem entre unidades de conservação de biomas

diferentes. Em geral, estima-se que cerca de 15% do Cerrado esteja ocupado por territórios

indígenas e tradicionais.

29. Os povos indígenas compreendem 41 grupos étnicos diferentes que falam diferentes

idiomas. Os idiomas mais comuns são Karajá, Aruak, Jê e Tupi-Guarani. A maioria dos grupos

ainda mantém suas características culturais e perpetuam formas de organização religiosa, política

e social que datam do período pré-contato. As maiores terras indígenas, nos estados de Mato

Grosso e Tocantins, são mais eficazes em manter afastadas de pessoas não indígenas. As terras

indígenas do Mato Grosso do Sul e de Goiás estão menos distantes dos centros urbanos e

mantiveram mais contato com pessoas não indígenas. Entre os povos indígenas do Cerrado estão

os Apinayé, Atikum, Avá-Canoeiro, Bakairi, Bororo, Cinta Larga, Enauwenê-Nawê, Gavião

Pukobiê, Guajá, Guajajara, Guarani-Kaiowá, Halotesu, Irantxe, Javaé, Kadiwéu, Kanela, Karajá,

Kaxixó, Kinikináo, Kiriri, Krahô, Krahô-Kanela, Krenak, Maxakali, Myky, Nambikwara, Ofayê,

Pankararu, Paresi, Tapirapé, Tapuia, Tenetehara, Terena, Timbira, Tuxá, Umutina, Wasusu,

Xakriabá, Xavante e Xerente. A população desses grupos indígenas é de aproximadamente

140.000 pessoas (cerca de 16% da população indígena do país).

30. Noventa e cinco terras indígenas já foram identificadas, demarcadas e/ou

regularizadas no Cerrado. Juntas, cobrem um território de quase 12,3 milhões de hectares,

aproximadamente 4,3% da área do bioma.30

Quase 85% dessas terras indígenas foram totalmente

regularizadas. As terras indígenas nesse bioma são muito menores, têm densidades populacionais

muito maiores e dependem mais da agricultura que as da região amazônica. Por si só, as áreas

27

As estatísticas para o bioma foram obtidas por meio dos dados do censo agrícola de 2006 para municípios

localizados parcial ou totalmente no Cerrado. Os números absolutos (1.066.000 propriedades de mais de 1,5 km2)

superestimam o número total de propriedades e a área no Cerrado. 28

As comunidades tradicionais locais compreendem todos os grupos sociais que afirmam ter uma identidade cultural

distinta, preservam o conhecimento e as práticas transmitindo-os de forma tradicional entre gerações, mantêm

diferentes formas de organização social, crenças culturais e normas, ocupam tradicionalmente terras e territórios, e

cuja preservação das características culturais, sociais, religiosas, ancestrais e econômicas depende de sistemas

diferenciados de produção e de manejo do uso da floresta/solo de baixo impacto. 29

Por exemplo, as terras indígenas afastadas das áreas urbanas têm 80 % mais cobertura florestal. Em 2005, o índice

de desmatamento nessas terras foi de 1,14%, um pouco abaixo do registrada em unidades de conservação federais do

SNUC (1,42%) e bastante abaixo do das unidades de conservação estaduais do SNUC (5,6%). 30

Outras doze áreas estão em processo de identificação.

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38

indígenas representam 58% do número total de áreas sob alguma forma de proteção no Cerrado,

e a cobertura florestal de terras indígenas maiores e mais distantes de áreas urbanas totaliza 80%

ou mais. Portanto, os níveis de biodiversidade são melhores nas terras indígenas maiores em

razão da menor densidade populacional. Ao mesmo tempo, terras indígenas com áreas pequenas,

isoladas e/ou com alta densidade populacional têm tido que se esforçar mais para manter seus

níveis de biodiversidade.

31. As populações e comunidades tradicionais do Cerrado compreendem comunidades

quilombolas, populações extrativistas (p.ex., quebradeiras de coco, babaçueiros) e comunidades

agrícolas e pastoris que dependem de ecossistemas circundantes específicos (p.ex., geraizeiros,

vazanteiros e chapadeiros). As comunidades quilombolas se definem pela identidade étnica que

atribuem a si mesmos, a qual compreende uma história única, um sentimento de pertencimento a

um território particular e a presunção de ascendência africana e resistência histórica à opressão e

exclusão. Apenas 6% das 1.948 comunidades quilombolas certificadas no país, ou 110

comunidades, estão situadas na região central do Brasil, e 41 delas estão no Cerrado. Estima-se

que representem 5.519 km2 (0,27%) do bioma. Sua principal estratégia de sobrevivência

combina agricultura de subsistência (com a comercialização da produção excedente), pecuária,

pesca artesanal e coleta de produtos florestais não madeireiros. As comunidades quilombolas são

pequenas em tamanho e enfrentam altos níveis de pobreza, privações de vários tipos e exclusão

social.31

32. As populações e comunidades tradicionais são definidas pelas seguintes

características: (i) dependência e até uma certa simbiose entre seu modo de vida e a natureza, os

ciclos naturais e os recursos naturais renováveis; (ii) meios de subsistência baseados em um

profundo conhecimento dos ciclos naturais e em várias fontes de renda sazonais (combinando o

extrativismo, agricultura e pastoreio, pesca e artesanato), transmitidos oralmente de uma geração

para outra; (iii) um profundo sentimento de pertencimento espacial e consciência da

sobrevivência econômica e social do grupo em relação ao seu território tradicional; (iv) a

ocupação do território tradicional há várias gerações, embora alguns dos membros possam ter

passado períodos vivendo em centros urbanos e depois voltado para sua terra natal e de seus

antepassados; (v) a natureza crítica das atividades de subsistência na organização econômica do

grupo, embora possam ter-se desenvolvido a produção de commodities e o acesso aos mercados;

(vi) bens e capital financeiro reduzidos; (vii) a natureza essencial do núcleo familiar, dos laços de

parentesco e das relações em comunidade para a vida econômica, social e cultural; (viii)

associação dos seus mitos e rituais à caça, pesca e coleta de produtos; (ix) dependência de

tecnologias simples e de baixo impacto e de um sistema produtivo no qual o trabalho se

diferencia pouco técnica e socialmente; (x) poder e representatividade políticos fracos; (xi)

autoidentificação como membros de um grupo cultural diferente e reconhecimento como tal por

outros grupos; e (xii) sistemas consuetudinários que regem o acesso ao solo e aos recursos

naturais baseados principalmente em uma combinação de pequenas hortas familiares e de

grandes áreas usadas coletivamente para coleta, caça e pastoreio.

33. Os principais desafios enfrentados tradicionalmente por essas populações indígenas

31

Estima-se que 75,6% das famílias quilombolas vivem em situação de extrema pobreza. As taxas de analfabetismo

são altas, de 23,5% (a taxa global do país é de 9,1%). O acesso a serviços básicos e a infraestrutura está muito

abaixo da média nacional.

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39

e tradicionais do Cerrado são: (i) a dispersão das famílias em áreas extensas, dificultando o

fornecimento de infraestrutura básica e a prestação de serviços públicos; (ii) acesso deficiente ao

mercado e à assistência técnica, acarretando despreparo para competir no mercado com produtos

de qualidade; (iii) situação de insegurança em relação a seu direito à propriedade e falta de

acesso a crédito rural e políticas públicas focalizadas que promovam a inclusão produtiva dessas

populações; (iv) falta de capacitação e de assistência social para melhorar a capacidade de gestão

operacional de suas organizações representativas; e (v) o pequeno número de oportunidades para

participarem efetivamente nos processos decisórios que dizem respeito à sua subsistência.

34. Devido à contínua expansão da fronteira agrícola, esses desafios estão se agravando

e colocando os PICTs diante de pressões e ameaças crescentes que põem em risco a sua

subsistência tradicional, sua cultura e sua pegada ambiental pouco significativa. Tais

pressões e ameaças podem ter três origens diferentes: (i) ameaças externas, que resultam do uso

do solo fora das terras indígenas e territórios tradicionais; (ii) invasão de terras, por povos não

indígenas/não tradicionais, para extração de recursos nesses territórios; e (iii) sobre-exploração

interna, exploração excessiva de recursos pelos povos indígenas/povos tradicionais em seus

territórios.

35. No Cerrado, as principais ameaças externas enfrentadas por terras indígenas e

territórios tradicionais estão relacionadas ao aumento da ocupação de terras e às mudanças

no uso do solo em áreas vizinhas aos territórios indígenas e tradicionais ao longo dos últimos 20

anos, com a expansão da monocultura de grãos (especialmente soja), da pecuária intensiva, da

urbanização e dos projetos em construção e previstos. Tais mudanças afetaram os sistemas

consuetudinários que regem o acesso à terra e aos recursos naturais e reduziram o estoque de

terras abertas utilizadas tradicionalmente pelos PICTs no Cerrado para pecuária extensiva,

extrativismo e agricultura de pousio, prejudicando assim a sustentabilidade dos meios de vida

tradicionais e dos sistemas de manejo da floresta/e do uso do solo. Além disso, essas mudanças

causaram o assoreamento e a poluição dos rios, a morte de plantas e animais, mudanças no clima

local e modificações na dieta dos povos indígenas e comunidades locais, tudo isso contribuindo

para aumentar a vulnerabilidade dos PICTs. Os principais vetores relacionados à invasão de

terras são a extração de madeira, a caça, o comércio de animais selvagens e o garimpo.

36. Os territórios indígenas e tradicionais também enfrentam pressões internas e a

sobre-exploração dos recursos naturais e florestais, ambos relacionados com (i) o crescimento

demográfico e (ii) o fato de que muitas terras indígenas do Cerrado, inclusive aquelas de grande

extensão, terem sido estabelecidas em antigas áreas agrícolas já degradadas, reduzindo assim a

disponibilidade de recursos naturais. Somada às pressões externas, a sobre-exploração dos

territórios tradicionais leva à perda de valores culturais, por causa da migração para as cidades,

dos conflitos intergeracionais e da perda constante de valores e conhecimentos tradicionais, que

torna a sobrevivência dos modos de vida tradicionais dos PICTs mais difícil, menos eficaz ou, o

que é pior, frequentemente os torna maladaptados. A perda de valores e práticas tradicionais

agrava ainda mais a situação de insustentabilidade do uso do solo e dos recursos naturais e da

floresta, o que, por sua vez, afeta ainda mais a conservação do meio ambiente, os modos de vida

tradicionais e de baixo impacto e a capacidade de adaptação das comunidades indígenas e

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40

locais.32

37. A vida de muitos PICTs encontra-se submersa em um ciclo vicioso (como mostra a

Figura 2.2). O modelo de desenvolvimento do bioma Cerrado elevou os níveis de degradação

florestal e desmatamento e aumentou a vulnerabilidade social dos PICTs (pobreza, insegurança

alimentar, conflitos sociais em torno de recursos escassos, migração dos jovens, enfraquecimento

dos laços sociais, etc.). O impacto dessas ameaças varia de acordo com o tamanho das

terras/territórios ocupados por esses povos, suas características demográficas e sua capacidade de

adaptar seus meios de subsistência e suas estratégias para enfrentar essas novas circunstâncias.

Sistemas de manejo do solo e das florestas tradicionalmente aplicados pelos PICTs vêm se

tornando cada vez menos capazes de garantir sua sobrevivência física e cultural, forçando-os

cada vez mais a depender de estratégias de enfrentamento que podem: (i) gerar degradação das

florestas, erosão do solo, assoreamento e poluição de rios e córregos, perda de biodiversidade,

etc.; (ii) aumentar o impacto de seus meios de subsistência no meio ambiente; (iii) erodir os

benefícios globais para a floresta e para a conservação da biodiversidade tradicionalmente

proporcionados por terras indígenas e territórios tradicionais e levar à perda dos sumidouros de

carbono que tais áreas costumavam representar; e (iv) tornar-se maladaptados às mudanças

climáticas a médio e longo prazo.

Figura 2.2: O ciclo vicioso enfrentado pelos PICTs no bioma Cerrado

no cenário atual

32

Capacidade de adaptação refere-se à capacidade dos sistemas humanos ou naturais de ajustar-se às mudanças do

clima, prevenir ou minimizar possíveis danos, aproveitar as oportunidades e/ou fazer frente às consequências.

Resiliência refere-se à quantidade de mudanças que os sistemas naturais ou humanos podem sofrer sem terem seu

estado alterado. Quando se trata de sistemas humanos, os termos “capacidade de adaptação” e “resiliência” são

usados indistintamente. As estratégias de enfrentamento referem-se à maneira como as pessoas e as sociedades

utilizam os recursos existentes para atingir diversos fins benéficos. Má-adaptação refere-se a ações ou processos que

aumentam a vulnerabilidade a riscos relacionados com as mudanças do clima, embora possam proporcionar ganhos

de curto prazo ou benefícios econômicos.

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41

38. Levando em consideração esse cenário de referência, as pressões de origem

antrópica e climática sobre terras, florestas e biodiversidade das quais os PICTs obtêm seu

meio de subsistência e das quais depende seu etno-desenvolvimento,33

sua sobrevivência

cultural e sua resiliência social, podem aumentar. Como a atividade agrícola deverá continuar

no Cerrado, as pressões enfrentadas pelos PICTs serão intensificadas, podendo aumentar os

vetores de vulnerabilidade social e afetar a eficácia e a capacidade de adaptação de seus modos

de vida tradicionais. Tais pressões podem destruir gradativamente os serviços ambientais e os

benefícios globais para a conservação da floresta e para a mitigação e adaptação às mudanças

climáticas proporcionados por terras indígenas e territórios tradicionais (entre eles, o

armazenamento de carbono).

G. Estratégia do Projeto

51. O Projeto tem como objetivo ajudar os PICTs a superarem os desafios por eles

enfrentados no Cerrado e reduzirem a sua vulnerabilidade por meio de atividades de geração

de conhecimento e de capacitação e da realização de iniciativas de adaptação da floresta e

mudanças climáticas em regime de piloto, baseadas principalmente na diversificação dos seus

modos de vida e no uso sustentável de suas terras e recursos naturais. O DGM-BR está sendo

concebido principalmente para aliviar as pressões internas enfrentadas por PICTs. O Projeto

ajudará a mudar o cenário de referência graças a sua estratégia altamente participativa para

empoderar os PICTs, e por meio de apoio para: (a) capacitar as organizações de PICTs para

ajudá-los a desenvolverem sua habilidade de externalizar seus interesses nos processos

decisórios relacionados às mudanças climáticas e para se beneficiarem do FIP e de outros

programas REDD+; e (b) implementar as atividades de adaptação comunitárias (CBA) no-

regrets que os PICTs venham a escolher a fim de promover atividades econômicas, de

diversificação do sustento e de manejo florestal/e uso do solo sustentáveis, e de contribuir para:

33

Etno-desenvolvimento entende-se como a promoção de meios de subsistência economicamente sustentáveis e

social e culturalmente apropriados, que sejam capazes de melhorar as estratégias de adaptação de enfrentamento dos

PICTs, bem como do aumento do seu bem-estar.

Aumento das pressões

externas/internas antrópicas ou

relacionadas ao clima

Impactos negativos no modo de vida dos PICTs (cultura, meio de vida, sistemas de

manejo da floresta/solo, etc.)

Maior vulnerabilidade social (pobreza,

insegurança alimentar, conflitos sociais decorrentes

da escassez de recursos)

Agravamento das ameaças

ambientais (desmatamento, degradação dos

recursos naturais, etc.)

Estratégias de enfrentamento possivelmente

mal-sucedidas e perda de

sumidouros de carbono

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42

(i) reduzir a vulnerabilidade dos PICTs às pressões sobre suas paisagens florestais no curto prazo

e (ii) promover estratégias de enfrentamento adaptativas a médio e longo prazos.34

52. O DGM-BR tem o potencial de mitigar ou promover a adaptação às mudanças de

origem antrópica ou climática, bem como de reduzir os seus custos sociais e econômicos.

Graças à sua metodologia participativa e ao empoderamento dos PICTs nas instâncias de tomada

de decisão, o Projeto também poderá ajudar a aumentar a sua presença e representatividade nas

políticas e nos programas relacionados à adaptação florestal, REDD+ e adaptação às mudanças

climáticas que podem beneficiar seus meios de subsistência e sua vida, bem como contribuir para

alavancar o seu papel basilar para melhoria da conservação da floresta ao longo das paisagens.

39. O Projeto irá se beneficiar das lições aprendidas com as operações do Banco

anteriores e em curso que: (i) tratam de questões relacionadas ao manejo florestal, à

vulnerabilidade social e às dimensões sociais das mudanças do clima e da adaptação a estas

mudanças; (ii) trabalham com PICTs no Brasil; e (iii) fazem uso de abordagens de

desenvolvimento induzido pela comunidade. O projeto também se beneficiará de relevantes

trabalhos de análise mundial sobre as questões de manejo florestal/de uso do solo e CBA, bem

como dos conhecimentos tradicionais e das contribuições dos PICTs que participaram no

processo de desenho conjunto do projeto.

40. As operações anteriores e em curso executadas no Brasil em áreas temáticas relevantes

mostram que:

a. Devido aos elevados níveis de vulnerabilidade social e de exclusão social e às barreiras

culturais, os PICTs enfrentam enormes obstáculos para participarem das políticas e projetos

públicos. Suas organizações comunitárias genuínas muitas vezes precisam de mais apoio

para melhorarem sua capacidade institucional, munirem-se de mais informação e

desenvolverem as habilidades de defesa necessárias para melhor representarem os seus

interesses nas instâncias e processos de tomada de decisão multilaterais.

b. Quando são bem-sucedidas, suas propostas se concentram principalmente nos graves

desafios que eles enfrentam para prover suas necessidades básicas.

c. Os PICTs frequentemente demonstram incapacidade para traduzirem suas práticas

tradicionais sustentáveis de manejo florestal e de uso do solo em retornos econômicos. Os

poucos subprojetos produtivos que são empreendidos por suas organizações comunitárias

frequentemente estão insuficientemente ligados aos mercados e requerem mais apoio para

acessarem informação e melhorarem as habilidades gerenciais e técnicas necessárias para

agregarem mais valor aos seus produtos e obterem um preço justo.

d. Os PICTs consideram as abordagens participativas e inclusivas, como o CDD e as CBA,

de suma importância para obterem resultados positivos, uma vez que apoiam intervenções

que são altamente específicas ao contexto, culturalmente adequadas e concebidas

34

Os projetos do BIP farão uma contribuição necessária para a redução das pressões externas resultantes de

mudanças no uso do solo fora dos seus territórios tradicionais.

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43

adequadamente para alcançarem os mais vulneráveis por meio de intervenções destinadas a

aumentarem a sua resiliência.35

41. Nesse ínterim, os seguintes pontos foram destacados pelos trabalhos de análise:

a. Os sistemas sociais, a cultura e os meios de subsistência dos PICTs, bem como os

serviços florestais e ecossistêmicos prestados por eles são vulneráveis aos vetores de

mudança locais e externos. Os desafios enfrentados pelos PICTs no que diz respeito à sua

subsistência e sobrevivência cultural estão todos interligados e exigem soluções

integradas em diferentes setores (florestas e serviços ecossistêmicos por elas fornecidos,

recursos hídricos, agricultura, segurança alimentar, etc.). O grau de vulnerabilidade

vivido por cada comunidade é uma resposta a: (i) sua exposição às pressões antrópicas

(crescimento populacional, políticas econômicas macroeconômicas, novos sistemas de

posse da terra, invasões, sobre-exploração, etc.) e pode ser exacerbado pelas variações do

clima; (ii) sua sensibilidade a tais ameaças internas e externas e a mudanças relacionadas

ou não ao clima; e (iii) sua capacidade de ajustar-se para atenuar os danos, tirando

proveito das oportunidades ou enfrentando as consequências relacionadas a tais pressões

e mudanças.

b. A sensibilidade dos PICTs à interação entre desmatamento e degradação florestal,

choques climáticos e desafios do desenvolvimento é particularmente alta, aumenta sua

vulnerabilidade e enfraquece a sua capacidade de adaptação. Apesar de essa

vulnerabilidade e de as estratégias de enfrentamento e adaptação aos riscos climáticos ou

antrópicos prementes estarem condicionadas e serem afetadas por uma série de fatores

sociais, aqueles povos que já se encontram em situação de vulnerabilidade social, aqueles

que dependem em demasia de um conjunto restrito de recursos naturais e de atividades

suscetíveis às condições climáticas para subsistirem, bem como aqueles com poucas

possibilidades de diversificarem seus meios de vida têm sido sistematicamente

identificados como os mais vulneráveis. Os seguintes aspectos exacerbam a

susceptibilidade dos PICTs: (i) sua subsistência, seus meios de vida e sua sobrevivência

cultural dependem frequentemente dos ecossistemas ao seu redor; (ii) dependem

fortemente de um conjunto limitado de recursos naturais e atividades sensíveis ao clima;

e (iii) são muitas vezes negligenciados como parceiros plenamente aptos no processo de

tomada de decisão para forjar resiliência.

c. Os riscos e desafios enfrentados pelos PICTs relacionados à adaptação florestal, à

gestão de recursos naturais, à redução da vulnerabilidade devido a ameaças e desafios

causados pelo homem e à adaptação às mudanças climáticas estão profundamente

interligados. Um primeiro passo fundamental no processo de adaptação é reduzir os

atuais níveis de vulnerabilidade, pobreza e outras carências fundamentais nas capacidades

e recursos que tornam os PICTs vulneráveis a danos, p.ex., por meio da adoção de

intervenções no-regrets.

35

Entre as operações anteriores relevantes no Brasil encontram-se o Projeto Terras Indígenas e os Projetos

Demonstrativos da Mata Atlântica do Banco Mundial, e as operações de desenvolvimento rural em curso nos

estados do Acre (P107146), da Bahia (P081436), da Paraíba (P104752), de Pernambuco (P120139), de Santa

Catarina (P118540) e de São Paulo (P108443), e Leveling the Playing Field for Quilombolas Communities in

Northeastern Brasil (P118988).

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44

d. O sentimento amplamente compartilhado entre PICTs de sinergia entre etno-

desenvolvimento e atividades de adaptação deve ser aproveitado por meio da adoção/do

apoio a intervenções “no-regrets” que abordem as causas subjacentes de

vulnerabilidade. Os PICTs frequentemente transmitem esse sentimento de sinergia. Seus

pontos de vista são predominantemente determinados pelas vulnerabilidades e se voltam

para combater as causas subjacentes de vulnerabilidade e reduzir em grande medida sua

vulnerabilidade a uma multiplicidade de riscos novos e antigos. Assim, os PICTs

frequentemente cobram intervenções no-regrets que combinam desenvolvimento

sustentável e estratégias de adaptação, que invariavelmente são mais eficazes em

melhorar a qualidade de vida e os meios de subsistência de grupos social e

economicamente desfavorecidos. Uma sociedade que é menos vulnerável a ameaças

atuais tem o potencial de ser mais adaptável a mudanças e desafios futuros. Assim, em

muitos contextos, os níveis de vulnerabilidade atuais (ligados às condições climáticas, de

mercado e de governo existentes) devem ser tratados antes até que os atores envolvidos

cogitem iniciar a implementação de estratégias florestais e de adaptação às mudanças

climáticas com foco nos possíveis impactos dessas mudanças no longo prazo. Reduzir a

vulnerabilidade atual, a pobreza e outras carências fundamentais nas capacidades e

recursos que tornam as pessoas vulneráveis a danos é um primeiro passo essencial no

processo de adaptação, uma vez que os esforços orientados por vulnerabilidades podem

se sobrepor quase completamente às práticas tradicionais de desenvolvimento, que não

levam em conta ativamente os riscos climáticos, mas que podem minimizar os impactos

negativos das mudanças do clima.

e. Facilitar a diversificação dos meios de subsistência é fundamental para a promoção do

etno-desenvolvimento e para o manejo das florestas e o gerenciamento dos riscos

climáticos ou não climáticos que afetam a segurança e os meios de vida dos PICTs. As

famílias e as comunidades mais resilientes são aquelas que conseguiram diversificar seus

meios de subsistência para longe das atividades baseadas nos recursos naturais. Contudo,

cabe destacar que (i) a diversificação dos meios de vida revelou-se tarefa difícil em razão

das desigualdades existentes e da falta de oportunidades (em termos de acesso à

educação, de formação em novos conjuntos de habilidades, de capital para iniciar seus

empreendimentos e mercados e de participação nos processos decisórios, etc.) e (ii) a

diversificação dos meios de vida deve ser avaliada em termos de compatibilidade com as

características ecológicas a fim de evitar possíveis conflitos em torno de recursos que

podem surgir a partir de diferentes escolhas em relação ao uso do solo, visto que se o

significado de diversificação for competir pela utilização de recursos escassos, sua

sustentabilidade será questionável.

f. Aproveitar o conhecimento tradicional e as lições aprendidas com medidas anteriores

para enfrentar a combinação de fatores que agravam a vulnerabilidade dos PICTs

também é crucial, mas para superar a má-adaptação deve-se combiná-los com previsões

científicas e com um melhor acesso a informação. A experiência acumulada com eventos

climáticos até o dia de hoje e as medidas de enfrentamento do passado contêm lições

valiosas para o futuro, mas adaptar-se no futuro exige novos conhecimentos e melhor

acesso a informação, caso contrário, corre-se um alto risco de se adotar ações que

conduzam a uma má-adaptação e que perpetuem a vulnerabilidade no longo prazo. A

maioria das ações empreendidas hoje por PICTs são apenas mecanismos de

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45

enfrentamento de curto prazo; a atenção às medidas de adaptação de longo prazo

normalmente é, em geral, deficiente e, consequentemente, algumas dessas ações podem

acarretar má-adaptações e ter impactos negativos no longo prazo (tais como levar ao

aumento das emissões de GEE, serem desproporcionalmente onerosas para os mais

vulneráveis e terem alto custo de oportunidade, constituirem-se em desincentivos à

adaptação ou reforçarem laços de dependência histórica, que limitariam as opções

disponíveis no futuro para as partes interessadas).

g. Os processos participativos e inclusivos de todas as partes interessadas são

fundamentais para alcançar resultados positivos nos esforços de adaptação. Observa-se

um apelo por uma sólida fundamentação das intervenções realizadas nas realidades

locais, que leve em consideração uma participação intensiva das comunidades locais, o

fortalecimento das organizações que as representam e a confiança em seus

conhecimentos sobre os riscos mais prementes à sua segurança e seus meios de vida. As

abordagens mais promissoras visam assegurar: (i) um forte compromisso com o

empoderamento das bases e a responsabilidade social mediante a criação de comitês de

assessoramento e supervisão ativos e empoderados; (ii) o envolvimento ativo dos PICTs

no desenvolvimento e implementação do projeto, de forma que dele possam apropriar-se;

(iii) o fortalecimento das organizações indígenas e comunitárias e o respeito aos

mecanismos de tomada de decisão culturalmente definidos, que são fatores críticos

quando se trabalha com PICTs diversos; (iv) o cuidado em adotar uma visão holística das

questões que afetam a vida dos PICTs e seus meios de vida; e (v) o acesso a assistência

técnica focada em metodologias participativas nas etapas iniciais.

h. As abordagens CDD e CBA são promissoras no que diz respeito aos PICTs e aos riscos

interconectados que eles enfrentam, uma vez que: (i) apoiam intervenções altamente

específicas ao contexto; (ii) empoderam as comunidades ao oferecer sinergias com

objetivos mais amplos de redução da pobreza e de desenvolvimento sustentável; (iii)

fazem muito sentido do ponto de vista econômico, mesmo em um contexto volátil e em

evolução no que se refere às questões ambientais; (iv) provavelmente sejam mais

benéficas às populações pobres, no sentido de que reduzem a vulnerabilidade dos pobres

mais rápido do que a dos não pobres; e (v) são bem adequadas para chegarem aos mais

vulneráveis com intervenções destinadas a aumentarem a sua resiliência.

i. Uma abordagem de planejamento dinâmico que esteja voltada para (i) os desafios

trazidos pela incerteza sobre as mudanças climáticas e o desenvolvimento e (ii) os

períodos mais longos para implementação de atividades comunitárias entre PICTs

também é fundamental. Para ampliar a capacidade de adaptação e resiliência social dos

PICTs em um contexto socioambiental volátil e em evolução, os esforços devem ser

concentrados em garantir suficiente flexibilidade ao longo do tempo por meio de um

planejamento dinâmico.

42. As seguintes lições foram incorporadas no desenho do projeto:

a. Abordagem participativa e inclusiva em relação aos atores envolvidos. O projeto foi

concebido em parceria com os principais atores envolvidos que cria um forte sentido

de apropriação, promove um intenso envolvimento das comunidades locais no

desenvolvimento e implementação de atividades locais, capacita organizações de base

dos PICTs e promove a devolução do poder decisório a eles.

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46

b. Assistência técnica e treinamento. Devido a deficiências nas capacidades gerenciais e

técnicas, uma assistência técnica culturalmente adequada e oportuna e treinamentos

localmente realizados são essenciais para o sucesso das atividades implementadas

pelas organizações de base dos PICTs. Para tanto, cada iniciativa comunitária apoiada

sob o Componente 1 incluirá um pacote de formação e assistência técnica que será

preparado de forma participativa de modo a assegurar sua adequação cultural.

c. Capacitação e fortalecimento institucional são aspectos críticos. Para aumentar a

participação das organizações de PICTs nos processos de tomada de decisão que

afetam suas vidas, o Componente 2 se centrará no fortalecimento da capacidade

institucional das organizações e redes de PICTs para aprimorar seus conhecimentos,

habilidades e participação nos processos decisórios relativos a manejo florestal e do

uso do solo e a adaptação às mudanças do clima.

d. Simplicidade nos procedimentos e modalidades de implementação. Para reforçar a

participação e garantir oportunidades de acesso aos PICTs mais necessitados, o

Projeto contará com procedimentos simples, expeditos e flexíveis para solicitação de

concessão de doações e estratégias de comunicação/disseminação.

43. Refletindo essas lições e insights analíticos, o Projeto conta com estratégias para

promover um melhor acesso a informações relevantes e combinar conhecimentos tradicionais

dos PICTs com novos conhecimentos científicos sobre manejo florestal, gestão de recursos

naturais e adaptação às mudanças climáticas. Também lança mão de abordagens CDD/CBA que

têm demonstrado, em diversas partes do mundo, (i) que realmente fazem sentido do ponto de

vista econômico, mesmo em um contexto volátil e em constante evolução no que se refere a

questões ambientais, adaptação e diversificação dos meios de vida e (ii) que são capazes de

promoverem sinergias entre etno-desenvolvimento, manejo florestal, gestão do uso do solo e

adaptação, por meio de intervenções o mais eficazes possível para melhorar a qualidade de vida e

os meios de subsistência de grupos social e economicamente desfavorecidos e de melhorarem

sua capacidade de resiliência social.

44. A estratégia do projeto combina todos os fatores considerados críticos para que as

abordagens CDD/CBA sejam bem sucedidas: (i) as propostas da comunidade serão selecionadas

com base em sua viabilidade econômica, ambiental e social, bem como da avaliação das

vulnerabilidades locais e da capacidade de adaptação; (ii) será prestada assistência técnica

culturalmente adequada nas fases de concepção, desenvolvimento e implementação das

iniciativas comunitárias; (iii) as organizações indígenas e locais serão fortalecidas por meio de

atividades de capacitação institucional, como eventos de treinamento realizados localmente e

voltados para os beneficiários dos recursos, e de incentivos para a diversificação das parcerias

com organizações governamentais e da sociedade civil; e (iv) arranjos administrativos e

financeiros adequados, flexíveis e eficientes serão estabelecidos, permitindo um acesso simples,

expedito e desburocratizado às subdoações por parte das organizações de base dos PICTs e

fornecerão fluxos financeiros adequados e o gerenciamento dos recursos do projeto em relação a

diversas comunidades.

45. O Projeto baseia-se em um forte senso de apropriação e de responsabilidade social por

parte dos beneficiários das subdoações, dos principais atores reunidos no processo de sua

elaboração conjunta e do NSC. Assim, contribui para aumentar sua representação nas instâncias

decisórias relevantes.

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47

H. Componentes do Projeto

46. Este projeto tem sinergias com o BIP e se centrará nos povos indígenas e

comunidades tradicionais locais do Cerrado. O BIP busca promover o uso sustentável do solo

e melhorar o manejo florestal no Cerrado, contribuindo para a redução da pressão sobre as

florestas remanescentes, a diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o aumento

do sequestro de dióxido de carbono (CO2). Em sinergia com esses objetivos, o projeto proposto

tem como objetivos ajudar a: (i) reduzir as pressões de desmatamento e degradação florestal

dentro de territórios indígenas e tradicionais do Cerrado; (ii) aumentar a capacidade de adaptação

e resiliência social dos PICTs no Cerrado para enfrentar as pressões de origem antrópica e os

riscos decorrentes das mudanças do clima que ameaçam seus meios de subsistência e sua

sobrevivência cultural; e, consequentemente, (iii) proteger e promover a biodiversidade e a

diversidade sociocultural dentro do bioma. Esses objetivos serão alcançados por meio (a) da

promoção de iniciativas CBA no-regrets propostas pelos PICTs e (b) do fortalecimento das

capacidades necessárias para que esses grupos sociais participem de maneira mais eficaz (i) no

planejamento do manejo sustentável das florestas e dos recursos naturais, do etno-

desenvolvimento, das estratégias de adaptação e enfrentamento e (ii) em outros processos FIP e

REDD+ em nível local, nacional e global.

47. Para atingir a esses objetivos, o Projeto apoiará atividades de capacitação e

fortalecimento institucional, prestará assistência técnica e oferecerá pequenas subdoações a

iniciativas CBA no-regrets que serão apresentadas e selecionadas por meio de processo liderado

pelos PICTs, o que contribuirá para melhorar a sustentabilidade e a capacidade de adaptação dos

modos de vida dos que vivem no bioma Cerrado, bem como para torná-los mais resistentes às

pressões antrópicas e aos desafios das mudanças climáticas que enfrentam.

48. Ao abordar as causas subjacentes da vulnerabilidade social e dos desafios de origem

antrópica e climática para um desenvolvimento socioeconômico sustentável, as intervenções no-

regrets são capazes de gerar benefícios diretos ou indiretos e retornos sociais, melhorar o bem-

estar dos indivíduos e a capacidade de adaptação e resiliência social, contribuindo

simultaneamente para a proteção das florestas e dos recursos naturais e para a redução das

emissões de GEE. As iniciativas de adaptação comunitárias no-regrets geram benefícios tanto

sob as condições climáticas atuais, como sob uma variedade de cenários climáticos futuros, e

contam com um amplo apoio dos PICTs.

49. O Projeto terá três componentes:

a. Componente 1: Iniciativas Comunitárias de Manejo Sustentável de Recursos Florestais

e Adaptação às Mudanças Climáticas

b. Componente 2: Capacitação e fortalecimento institucional

c. Componente 3: Gerenciamento, monitoramento e avaliação do projeto

50. Componente 1: Iniciativas Comunitárias de Manejo Sustentável de Recursos Florestais e

Adaptação às Mudanças Climáticas (custo total previsto: US$ 4,0 milhões). O objetivo deste

componente é apoiar os povos indígenas e as comunidades e organizações locais no

desenvolvimento de atividades comunitárias locais do tipo no-regrets que venham a ser

sugeridas pelos PICTs, a fim de promover sistemas de manejo florestal e uso do solo

sustentáveis, meios de vida mais resilientes, etnodesenvolvimento e a adaptação às mudanças

climáticas. O componente concederá subdoações destinadas a iniciativas comunitárias e

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48

atividades de formação e assistência técnica. Uma parcela mínima de 60% dos recursos alocados

a este componente será direcionada aos Povos Indígenas. Este componente compreende dois

subcomponentes.

51. Subcomponente 1.A: Iniciativas comunitárias (custo total previsto: US$ 3,0 milhões).

Destinará recursos para a concessão de micro e pequenas subdoações a organizações

comunitárias de PICTs elegíveis, para o desenvolvimento local das atividades comunitárias no-

regrets que se enquadrem em temas predeterminados nas áreas de manejo florestal e do uso do

solo, meios de subsistência e preservação sociocultural, que tenham sido propostos e

selecionados por decisão dos PICTs. Todas as propostas de financiamento serão avaliadas de

acordo com os seguintes critérios centrais de: (i) alinhamento com os objetivos dos programas

DGM e FIP; (ii) relevância socioambiental; (iii) adequação cultural; (iv) apoio da comunidade; e

(v) sustentabilidade. A inclusão de mulheres e jovens como grupos-alvo das iniciativas

comunitárias constituirá uma vantagem. Todas as propostas enviadas no âmbito do

Subcomponente 1A também passarão por triagem a fim de garantir que atendam às Políticas

Operacionais do Banco Mundial em matéria de salvaguardas ambientais e sociais, bem como à

legislação brasileira sobre meio ambiente e povos indígenas, de acordo com critérios específicos

estabelecidos no país pelo MGSA e pelo MOP.

52. Levando em consideração as necessidades manifestadas pelos PICTs durante o processo

de elaboração participativa do Projeto, essas janelas financiarão atividades comunitárias

alinhadas com os objetivos centrais do DGM e do FIP que promovam: (i) sistemas sustentáveis

de manejo florestal e de uso do solo, assim como iniciativas de restauração da paisagem florestal

lideradas pela comunidade; (ii) a produção de mudas para a manutenção de espécies e variedades

nativas ameaçadas; (iii) sistemas de produção agroflorestal e práticas agroecológicas de preparo

do solo por meio da aplicação de conhecimentos tradicionais/indígenas e de novas tecnologias;

(iv) coleta, agregação de valor e comercialização de produtos não madeireiros e agrícolas; (v)

práticas indígenas e tradicionais de gestão de recursos hídricos, do solo e da paisagem, entre as

quais a recuperação de áreas degradadas e a proteção de nascentes; (vi) diversificação dos meios

de vida para garantir uma melhor nutrição, segurança alimentar e qualidade de vida; e (vii) a

revitalização dos valores culturais e conhecimentos tradicionais.

53. Algumas atividades sugeridas por PICTs como possíveis demandas no âmbito do Projeto

são: sistemas agroflorestais baseados em espécies frutíferas nativas e adaptadas; pequenas

unidades de beneficiamento de produtos agrícolas e de produtos florestais extrativistas não

madeireiros; sistemas produtivos agroecológicos; criação de animais de pequeno porte; produção

e comercialização de artesanato; viveiros para produção de mudas de espécies tradicionais;

agricultura de subsistência para a segurança alimentar; planos de manejo florestal e do solo;

estudos participativos de etno-mapeamento e etno-zoneamento; levantamento e registro de

espécies da flora e da fauna; gestão dos recursos hídricos e proteção de nascentes; preparação

para a seca; recuperação de terras degradadas; levantamento e registro do patrimônio cultural

imaterial; sistemas de vigilância e prevenção de incêndios florestais; e campanhas de

sensibilização e de mobilização sobre questões ambientais voltadas para a população das

comunidades vizinhas e próximas às terras indígenas e territórios tradicionais.

54. À luz dos cenários atuais enfrentados por diferentes PICTs, as atividades serão elegíveis

para financiamento através de três janelas de financiamento:

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49

Janela Descrição

Janela para

Subprojetos de

Manejo de Recursos

Naturais

• Esta janela financiará propostas apresentadas por PICTs de áreas

ambientalmente prioritárias e vulneráveis, onde as ameaças de

origem antrópica e os riscos relacionados ao clima podem acarretar,

no longo prazo, grandes perdas ou a diminuição da qualidade de

espécies, paisagens e habitats valiosos; degradação generalizada da

qualidade do solo e da água; falha sistêmica das funções ou serviços

prestados pelo ecossistema; e importantes consequências para um

número significativo de indivíduos afetados, integrantes de grupos

vulneráveis sem experiência anterior com planejamento e execução

de avaliação de vulnerabilidade e com planos de manejo florestais e

de recursos naturais.

• Por meio desta janela serão concedidos recursos aos PICTs para que

a comunidade realize um ciclo completo do subprojeto,

compreendendo avaliação, planejamento e implementação. Os

subprojetos elegíveis destinam-se a aumentar a capacidade dos

PICTs e a potencializar os resultados sociais e ambientais.

• Além dos critérios centrais, serão levados em consideração na

avaliação das propostas apresentadas para esta janela: (i) a

relevância dos territórios para as florestas, os recursos naturais e a

biodiversidade do bioma Cerrado.

• O valor máximo a ser concedido por proposta é de US$ 75.000.

Janela para

Subprojetos de

Resposta a Ameaças

Imediatas

• Esta janela financiará propostas apresentadas pelos PICTs cujas

florestas, recursos naturais, necessidades de subsistência,

sobrevivência física e cultural se encontrem sob ameaça grave e

imediata em razão de desafios de origem antrópica e climática.

Portanto, os subprojetos financiados por meio desta janela devem ser

implementados mais rapidamente que os financiados no âmbito das

outras duas janelas deste componente.

• Além dos critérios centrais, serão levados em consideração na

avaliação das propostas apresentadas para esta janela os altos níveis

de vulnerabilidade social (pobreza, insegurança alimentar,

interferências culturais e sociais) já enfrentados pelas comunidades

proponentes como resultado de pressões antrópicas e climáticas.

• O valor máximo a ser concedido por proposta é de US$ 30.000.

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Janela para

Subprojetos de

Produção Destinada

ao Mercado

• Esta janela financiará propostas de PICTs que provem possuir

capacidade organizacional em gestão de recursos externos e

necessitem apoio para ampliar seu acesso aos mercados para

comercializar produtos agrícolas e/ou florestais não madeireiros.

Essas comunidades devem ter experiência anterior e bem-sucedida

com diversificação de seus meios de vida e/ou com agregação de

valor aos produtos agrícolas e florestais não madeireiros.

• Além dos critérios centrais, serão levados em consideração na

avaliação das propostas apresentadas para esta janela sua viabilidade

econômica e seu potencial de impacto em termos de geração de

renda.

• O valor máximo a ser concedido por proposta é de US$ 60.000.

55. No âmbito da janela de Manejo de Recursos Naturais, os PICTs selecionados receberão

subdoações para cobrir: (i) o desenvolvimento participativo de avaliações da vulnerabilidade e

dos meios de subsistência locais; (ii) iniciativas comunitárias prioritárias identificadas nessas

avaliações; e (iii) treinamento e assistência técnica. Por meio das outras duas janelas, o Projeto

apoiará uma iniciativa comunitária proposta por cada comunidade indígena e tradicional, bem

como o treinamento e o pacote de assistência técnica necessários para sua efetiva implementação

e manejo sustentável. Não será requerido da comunidade aporte de contrapartida.

56. As seguintes atividades não são elegíveis a recursos do DGM:

a. Aquisição de terras;

b. Atividades ligadas à adjudicação de terras sob litígio;

c. Atividades realizadas em terras sob litígio;

d. Atividades capazes de acarretar deslocamento involuntário físico e econômico;

e. Atividades capazes restringir o acesso a recursos naturais, a menos que a

comunidade manifeste amplo apoio através de um processo participativo de

tomada de decisão;

f. Atividades que afetem de maneira adversa os povos indígenas e/ou comunidades

locais, ou que não recebam amplo apoio das comunidades (a comprovação desse

amplo apoio por parte da comunidade pode ser detalhada na proposta de projeto

ou apresentada na forma de carta junto com a proposta);

g. Retirada ou alteração de qualquer material do patrimônio cultural (como sítios

com valor arqueológico, paleontológico, histórico, religioso ou de natureza

singular.)

h. Conversão, desmatamento, degradação ou qualquer outra forma de alteração das

florestas naturais ou hábitats naturais, inclusive, entre outros, sua conversão para a

lavoura ou plantações de espécies arbóreas;

i. Atividades relacionadas à comercialização de produtos madeireiros;

j. Aquisição e emprego de produtos químicos que se enquadram nas classes IA e IB

da OMS ou de formulações de produtos na Classe II se existir a possibilidade de

esses produtos sejam utilizados ou acessados por pessoas leigas que trabalhem nas

propriedades agrícolas ou outras pessoas sem treinamento, ou sem equipamentos

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ou instalações para manusear, armazenar e empregar esses produtos

adequadamente;

k. Financiamento de eleições ou campanhas eleitorais;

l. Construção e/ou restauração de edifícios religiosos;

m. Compra de fumo, bebidas alcoólicas e outras drogas; e,

n. Compra de armamento ou munições.

57. Subcomponente 1.B Treinamento e Assistência Técnica (custo total previsto:

US$ 1,000.000). Destinado a financiar os serviços, bens e custos operacionais necessários para

realizar (i) atividades de treinamento para aprimorar as capacidades técnicas e de manejo das

organizações beneficiárias e (ii) assistência técnica para apoiar a elaboração de projetos técnicos

para as propostas pré-selecionadas da comunidade e a implementação das iniciativas

comunitárias aprovadas. Cada proposta de iniciativa comunitária apresentada pelos PICTs será

avaliada de maneira participativa pela Agência Executora Nacional, a qual, de comum acordo

com os PICTs beneficiários, definirá o treinamento necessário a ser realizado no local e o pacote

de assistência técnica.

58. Componente 1 - Ciclo do Projeto: O processo de elaboração, aprovação e implementação

de iniciativas comunitárias será aperfeiçoado no Manual Operacional do Projeto. Cerca de uma

vez ao ano, o Conselho Gestor Nacional (NSC) estabelecerá as áreas temáticas prioritárias para

financiamento no âmbito de cada janela de financiamento. A Agência Executora Nacional

(NEA) publicará anualmente editais para apresentação de propostas para cada janela de

financiamento. Os editais indicarão as áreas temáticas prioritárias, os critérios de elegibilidade e

de seleção, bem como o número de propostas a serem financiadas. As organizações comunitárias

e/ou organizações representativas selecionadas pelos PICTs deverão manifestar seu interesse

mediante preenchimento e envio de formulário simplificado. A NEA avaliará suas propostas de

acordo com os critérios de elegibilidade e o NSC classificará e selecionará as propostas

vencedoras. Na sequência, a NEA passará a prestar apoio técnico à organização selecionada para

o desenvolvimento técnico dos projetos comunitários e dos pacotes de treinamento e de

assistência técnica. Durante essa fase, a NEA também fará uma triagem das propostas em relação

ao cumprimento das políticas de salvaguarda e coletará informação de referência com o objetivo

de monitorar e avaliar as atividades. A NEA então celebrará contratos de subdoação com as

organizações comunitárias de PICTs e/ou organizações representativas vencedoras. São essas as

organizações que irão executar os projetos técnicos. A NEA monitorará a execução e avaliará os

resultados sob a supervisão do Banco Mundial e do NSC.

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52

Figura 2.3: Componente 1 - Ciclo do Projeto

59. Componente 2: Capacitação e Fortalecimento Institucional (custo total previsto: US$ 1,3

milhão). O objetivo deste componente é financiar atividades de capacitação e de fortalecimento

institucional destinadas às organizações de PICTs. Tais atividades podem contribuir para

aumentar as capacidades gerenciais e técnicas, o acesso a fontes de financiamento destinadas ao

manejo sustentável de florestas/uso do solo e a participação em processos de tomada de decisão

relativos ao FIP, REDD+ e mudanças climáticas. O projeto financiará os seguintes bens, serviços

e custos operacionais: (i) desenvolvimento da estratégia de comunicação e disseminação do

Projeto, com vistas a atingir os grupos-alvo e mobilizar as comunidades e organizações; (ii)

promover oficinas de treinamento e de disseminação de informação, bem como atividades de

capacitação; e (iii) apoiar a criação e consolidação de organizações comunitárias representativas.

Os Planos Anuais de Capacitação serão elaborados e implementados pela NEA de acordo com as

prioridades estabelecidas pelo NSC. A NEA poderá lançar mão de subcontratação para executar

algumas ou todas as atividades deste Plano.

1. Conselho Gestor Nacional (NSC) define as

áreas temáticas prioritárias de cada janela

de financiamento

2. Agência Executora Nacional (NEA) publica anualmente Chamadas para apresentação de

propostas para cada janela

3. PICTs respondem às chamadas e apresentam

suas propostas

4. NEA avalia a elegibilidade das

propostas apresentadas pelos PICTs

5. NSC classifica, prioriza e seleciona as propostas

que receberão financiamento

6. NEA ajuda PICTs selecionados a preparar projeto técnico e planos

de treinamento e assistência técnica e a

coletar dados de referência

7. NEA celebra acordos de subdoação com

organizações beneficiárias

8. Organizações de PICTs implementam suas

iniciativas comunitárias

9. NEA monitora e avalia a implementação e os

resultados das iniciativas comunitárias

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Figura 2.4: Componente 2 - Ciclo do Projeto

60. Levando em conta as necessidades manifestadas pelos PICTs durante o processo de

elaboração participativa do Projeto, as atividades de capacitação e fortalecimento institucional

terão como foco: (i) fortalecer a liderança e as habilidades de negociação e participação ativa em

iniciativas baseadas nos recursos naturais ligadas à mitigação e adaptação às mudanças

climáticas; (ii) promover uma melhor compreensão dos mecanismos REDD+ e dos programas de

manejo florestal e de adaptação às mudanças climáticas; (iii) aumentar o conhecimento e o

acesso a políticas públicas, linhas de crédito e recursos financeiros relacionados à adaptação

florestal; (iv) reforçar as competências de gestão financeira; (v) melhorar o conhecimento sobre

novas metodologias de gestão participativa do solo e do meio ambiente, mapeamento de

vulnerabilidades, planejamento e implementação de estratégias de enfrentamento e adaptação às

mudanças climáticas de origem antrópica, práticas de manejo florestal sustentável, de gestão do

uso do solo e de prevenção de incêndios florestais; e (vi) ampliar as competências técnicas

visando à adoção de novas tecnologias para atividades produtivas, de diversificação dos meios de

sustento, de conservação ambiental e de vigilância da terra. Essas áreas temáticas estão em total

sintonia com as orientações do FIP e do DGM.

61. Componente 3: Gerenciamento, monitoramento e avaliação do Projeto (custo total

previsto: US$ 1,2 milhão). O objetivo deste componente é contribuir para a eficácia da

governança do Projeto e para a eficiência da gestão, divulgação, monitoramento e avaliação. Este

componente financiará os custos operacionais adicionais despendidos pela Agência Executora

Nacional (NEA) para desempenhar suas responsabilidades de maneira eficaz e eficiente: (i)

atuando como secretaria do Conselho Gestor Nacional (NSC); (ii) na coordenação técnica e no

monitoramento e avaliação do Projeto; e na elaboração de relatórios para o Banco Mundial e o

Conselho Gestor Global; (iii) nas funções de gestão financeira, aquisição e auditoria do Projeto;

(iv) com o Mecanismo de Registro de Queixas do Projeto; e (v) na supervisão da implementação

1. Conselho Gestor Nacional (NSC) define

áreas temáticas prioritárias do Plano de Capacitação

anual

2. Agência Executora Nacional prepara Plano de

Capacitação anual e o encaminha ao Banco

Mundial, pra obter sua não-objeção

3. NSC aprova o Plano de Capacitação anual

4. NEA implementa o Plano de Capacitação anual diretamente ou através de entidades

subcontratadas

5. NEA monitora, avalia e apresenta relatório sobre

resultados da implementação do Plano

de Capacitação Anual

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das iniciativas comunitárias e das avaliações de resultados. Mais informações sobre o papel e as

responsabilidades da NEA são apresentadas no Anexo 3. Este componente financiará estudos,

formação, viagens e aquisição limitada de software e hardware.

62. O DGM Brasil também se beneficiará do componente global de compartilhamento de

conhecimento e networking contemplado no REDD+. O programa DGM tem como objetivo de

desenvolvimento fortalecer a capacidade dos Povos Indígenas e Comunidades Locais (PICTs)

para participar do Programa de Investimento Florestal e outros programas do REDD+ em nível

local, nacional e mundial, os quais serão implementadas através do Projeto Global de

Aprendizagem e Intercâmbio de Conhecimento Global. O Projeto Global de Aprendizagem e

Intercâmbio de Conhecimento busca organizar e facilitar o intercâmbio de conhecimento,

aprendizagem e capacitação entre PICTs em nível regional e global, bem como fortalecer as

redes e alianças de organizações PICL intra e inter-regionais com o objetivo de melhorar a sua

representação e influência nos fóruns de política públicas regionais e globais.

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55

Anexo 3: Arranjos de Implementação

BRASIL: Mecanismo de Doação Dedicado para Povos Indígenas

A. Disposições do Plano de Investimentos do Brasil (BIP)

1. As dimensões geográficas e a complexidade ambiental do Brasil, assim como sua

necessidade de garantir coerência entre os instrumentos utilizados, coordenação de esforços e

compartilhamento oportuno de informações relevantes, são desafios que exigem a construção de

sinergias entre os diversos atores e atividades para garantir soluções de baixo custo. Diante

desses desafios, o BIP desenvolveu um mecanismo de gestão para garantir sinergias entre os

diferentes projetos (inclusive com o DGM-Brasil) e instituições durante a fase de

implementação, como ilustrado a seguir.

2. O componente de coordenação do BIP constitui uma plataforma para o compartilhamento

de conhecimentos entre os projetos do BIP, o programa DGM Brasil, os projetos do FIP

executados pela iniciativa privada, entre outros. A Unidade de Coordenação do BIP será

responsável pelo seguinte: (i) desenvolver e coordenar o sistema de monitoramento do BIP; (ii)

atuar como coordenador global das atividades dos projetos, do DGM e do setor privado, com o

objetivo de fortalecer a coordenação e as sinergias entre projetos na fase de implementação; (iii)

elaborar relatórios de progresso; e (iv) monitorar, avaliar e divulgar o BIP.

B. Arranjos de implementação do DGM Brasil

3. Conforme as Diretrizes Globais do DGM, o projeto DGM Brasil desenvolveu um arranjo

de governança e gestão para a coordenação, a formação de parcerias e a geração de sinergias. A

implementação do projeto será supervisionada pelo Conselho Gestor Nacional (NSC), e, para

implementá-lo, o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM)foi

SECRETARIA EXECUTIVA

DO CONSELHO

CONSELHO INTERMINISTERIAL (MMA, MF, MAPA,

MCTI)

PROJETOS DO SETOR PRIVADO

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selecionado como Agência Executora Nacional (NEA),. As atribuições e responsabilidades

institucionais dessas instituições são as seguintes.

4. O Conselho Gestor Nacional (NSC) atuará como instância de deliberação e controle

social. Suas principais atribuições e responsabilidades são:

Decidir sobre os planos de trabalho anuais e sobre os critérios de elegibilidade a

financiamento de acordo com os critérios previstos nas Diretrizes Operacionais do DGM

Global;

Avaliar e selecionar as propostas comunitárias elegíveis a financiamento, para concessão

das subdoações previstas no Componente 1;

Supervisionar a implementação do projeto e monitorar o funcionamento da NEA;

Apresentar ao Conselho Gestor Global (GSC) relatórios semestrais sobre as atividades

realizadas no âmbito nacional;

Avaliar o progresso dos subprojetos de acordo com a Matriz de Resultados e discutir as

lições aprendidas para aplicá-las ao desenho e à implementação de subprojetos futuros; e

Mediar conflitos relacionados às propostas de financiamento do DGM.

5. O NSC também deverá: (i) participar de reuniões de outros conselhos nacionais REDD+

e de outras instituições do FIP, garantindo assim que as lições do DGM sejam transmitidas aos

processos nacionais em curso; (ii) buscar ativamente feedback dos PICTs sobre o programa,

identificar carências e coletar e encaminhar ideias ao GSC, para que serem apoiadas pelo

Componente Global; e (iii) captar fundos junto a outros programas/mecanismos.

6. O NSC será composto por representantes de PICTs, do governo brasileiro e do Banco

Mundial. Participarão como membros do Conselho Gestor Global (GSC) até dois representantes

de PICTs, a serem selecionados por seus pares. Os representantes dos PICTs foram escolhidos

por meio de processo de autosseleção, conforme procedimentos definidos por eles e por suas

instituições. Os representantes dos PICTs que integrarão o NSC foram indicados nas oficinas

regionais de elaboração do projeto realizadas durante o processo de consulta. Essa seleção

preliminar foi distribuída de forma equilibrada por área geográfica, diversidade étnica e gênero,

tendo cumprido os critérios previstos nas Diretrizes Operacionais do DGM (parágrafos 26 e 27),

no Documento de Concepção do FIP (parágrafos 16.d e 20.b) e no Anexo III (Diretrizes para

Consultas).36

Atendendo a uma solicitação encaminhada pelo Governo do Brasil, representantes

do governo brasileiro participarão de todas as decisões tomadas pelo NSC. Essa participação

também teve amplo apoio dos PICTs quando do processo de consulta. O Banco Mundial dará

orientações sobre a qualidade técnica e a viabilidade das propostas e sobre conformidade com as

políticas de aquisições e salvaguarda. Todavia, o Banco não participará dos processos de tomada

de decisão do NSC. Também poderão ser convidados para o NSC observadores da sociedade

civil. Um representante da NEA apoiará as reuniões do NSC. Princípios adequados de

36

A seleção preliminar dos representantes dos PICTs junto ao NSC foi distribuída de forma equilibrada por área

geográfica, diversidade étnica e gênero, tendo cumprido os critérios previstos no documento FOG (parágrafos 26 e

27), no Documento de Concepção do FIP (parágrafos 16.d e 20.b) e no Anexo III (Diretrizes para Consultas). A lista

das organizações de PICTs nomeadas como membros do NSC encontra-se no Anexo 8.

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transparência e prestação de contas serão incorporados nos processos de tomada de decisão do

NSC. Suas atribuições e composição serão detalhadas no Manual Operacional do Projeto.

7. O Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), como Agência

Executora Nacional (NEA), atuará como secretaria do NSC. A NEA foi selecionada por meio

de processo competitivo apoiado pelo Banco Mundial. O CAA/NM é uma organização não

governamental sem fins lucrativos e preenche os requisitos fiduciários e de salvaguardas do

Banco Mundial relacionados ao programa. A NEA facilitará o trabalho do NSC e apresentará ao

Banco Mundial relatórios operacionais e financeiros, inclusive relatórios do progresso em

relação ao Objetivo de Desenvolvimento do Projeto. A NEA tem como principais atribuições as

seguintes:

Atuar como secretaria do NSC e organizar suas reuniões;

Garantir que todas as atividades do projeto sejam realizadas conforme o cronograma, bem

como o monitoramento dessas atividades e o acompanhamento dos indicadores

correspondentes (incluindo a elaboração da minuta de proposta do plano anual de

atividades, a publicação de editais anuais para apresentação de propostas comunitárias, a

celebração de acordos de subdoação com as organizações que representam os PICTs e o

desembolso de recursos para os projetos selecionados pelo NSC);

Elaborar TdRs para seleção de consultores e redigir especificações técnicas para aquisição

de bens, obras e serviços destinados a atividades específicas (do Componente 1), processar

sua seleção e contratação e supervisionar a execução dos contratos de maneira a assegurar

uma implementação satisfatória;

Zelar pela correta aplicação dos recursos do DGM, informando ao Banco Mundial sobre a

alocação e emprego desses recursos, e pela observância às regras e procedimentos do

Banco relativas à execução das aquisições, incluindo a preparação de planos de aquisição,

quando aplicável;

Certificar-se de que cada atividade comunitária tenha uma matriz de resultados adequada;

e coletar, atualizar, desagregar e avaliar os dados de acordo com essas matrizes de

resultados;

Manter a documentação dos projetos DGM e preparar relatórios de progresso, resultados e

financeiros (e outros documentos relacionados ao projeto, conforme necessário), conforme

previsto no Acordo de Doação;

Zelar pelo cumprimento e observância das políticas de salvaguarda acionadas pelo Projeto

relacionadas ao Marco de Gestão Socioambiental;

Sediar e facilitar as missões de supervisão do Banco e trabalhar com este para otimizar os

resultados e impactos da operação;

Manter comunicação e diálogo técnico com atores envolvidos e fornecer informações e

assistência aos beneficiários;

Gerir os processos de registro de queixas e reparações;

Responder às consultas; coordenar e prestar informações à Agência Executora Global

(GEA); e

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Fornecer informações à Unidade de Coordenação do BIP.

8. A NEA foi selecionada por meio de processo competitivo realizado de acordo com as

Diretrizes do DGM Global. O processo foi apoiado pelo Banco Mundial e realizado pelo NSC,

com a assistência do Governo do Brasil. A NEA iniciará suas operações após o Projeto entrar em

vigor. A NEA e o Banco Mundial celebrarão acordo de financiamento/doação para administrar a

doação. A NEA e cada um dos beneficiários celebrarão acordos subsequentes de financiamento.

Esta disposição operacional está sendo proposta a fim de refletir a necessidade de uma

abordagem descentralizada e de garantir que os PICTs tenham fácil acesso à NEA durante a

implementação.

9. Mecanismo de de Registro de Queixas e Reparações (GRM). Conforme as Diretrizes

Operacionais do DGM, o mecanismo GRM será criado e seus procedimentos serão detalhados no

Marco de Gestão Socioambiental (MGSA) e no MOP. Esse mecanismo e seus procedimentos

têm como objetivo garantir que todas as queixas apresentadas por PICTs e outros atores

interessados relacionadas à concessão de financiamento, à representação no NSC/GSC ou à

governança do programa: (i) sejam devidamente registradas por escrito; (ii) recebam tratamento

e solução oportunos; e (iii) recebam a devida publicidade (em relação às queixas recebidas e às

medidas tomadas em cada caso). Independentemente da natureza da queixa, o DGM se

certificará de que seja oportunamente aberto um processo transparente e justo para cada uma.

10. O DGM garantirá um acesso fácil e culturalmente adequado a informações sobre o

programa, projetos financiados pelos fundos, situação das propostas de projetos em análise e

pontos de contato. Tais informações serão disponibilizadas nas páginas da GEA e da NEA na

internet, em reuniões organizadas para compartilhar informações e por meio do rádio e de outros

veículos culturalmente apropriados. A NEA e a GEA manterão abertos seus canais de contato e

uma comunicação ativa com os atores. A NEA e a GEA revisarão regularmente as informações

recebidas, responderão a perguntas e comentários encaminhados por meio da internet e

comunicarão ao NSC e ao GSC as providências tomadas.

11. O ponto de contato inicial para todas as queixas será um funcionário designado

exclusivamente para essa função na estrutura da NEA. A NEA e a GEA designarão um

funcionário para receber e acusar o recebimento das queixas e comentários. O nome e os dados

de contato desse funcionário estarão disponíveis no site e nos folhetos impressos do programa.

Ao enviar uma queixa, os interessados receberão resposta em até dez dias úteis, na qual serão

detalhadas as providências subsequentes, inclusive o encaminhamento da queixa ao NSC ou ao

Subcomitê de Queixas do GSC, se for o caso. A NEA registrará todas as queixas recebidas em

um sistema on-line que possibilitará que sejam acompanhadas e monitoradas. Todos os

comentários e queixas recebidos serão publicados no site do DGM. Cada queixa receberá um

número de identificação para que o interessado possa acompanhá-la. Essa informação estará

disponível da maneira mais apropriada à cultura do interessado, conforme as circunstâncias

locais.

12. A maioria das queixas apresentadas deverá ser resolvida localmente pela NEA. Quando a

NEA não puder dar solução ao problema, a queixa será encaminhada ao NSC. Por sua vez, se o

NSC não encontrar uma solução, a queixa será encaminhada ao GSC. Se a queixa estiver

relacionada com as decisões do NSC sobre solicitações de subdoação, será encaminhada ao

NSC. Se a queixa se referir às políticas do BMD, o NSC poderá convidar um funcionário do

BMD lotado no escritório do país para uma reunião, a fim de fazer uma interpretação da política

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em questão. Se a queixa não estiver contemplada no mandato de operações do DGM em nível

nacional, mas se relacionar com i) as políticas do DGM como um todo, ii) a gestão do DGM no

país ou iii) não puder ser resolvida nos níveis mais baixos, será apresentada ao Subcomitê de

Queixas do GSC, que será formado para tratar essas queixas.

13. Em cada instância, a resposta por escrito indicará qual entidade será responsável pelo

tratamento da queixa (p.ex., NEA, NSC ou GSC). Essa entidade buscará definir de comum

acordo com o interessado a abordagem a ser adotada. As partes participarão do processo,

implementarão as ações acordadas e registrarão o resultado. Caso as partes não se mostrem

dispostas ou não tenham condições de se envolver no processo, será oferecido ao interessado a

opção de encaminhar o problema ao seguinte nível (ou seja, ao NSC ou ao GSC), remetendo o

assunto para mediação ou encerramento. A entidade correspondente registrará todos os

resultados por escrito. Espera-se que a resolução e o encerramento da queixa ocorram em até 30

dias, contados a partir do recebimento da queixa inicial, pela pessoa de contato.

14. Independentemente de onde seja tratada a queixa (ou seja, em nível técnico, da NEA, do

NSC ou do GSC), o funcionário designado redigirá uma breve nota que conterá as opções

discutidas com o interessado ou interessados e a ação ou ações acordadas para resolver a questão.

Após a implementação da ação ou ações acordadas, o resultado será registrado (ou seja, a

resolução ou o encerramento) e ambas as partes o assinarão. Quer se chegue a esses acordos por

meio de conversas diretas quer por meio de mediação, toda a documentação das reuniões

realizadas para tratar da questão será mantida no arquivo relacionado à queixa. Em todas as

etapas do processo, a NEA manterá a equipe do Banco Mundial informada e levará um registro

completo de toda a correspondência e de todas as decisões tomadas sobre a questão. O

mecanismo de registro de queixas e reparações acima referido será aplicado independentemente

de qualquer outro mecanismo criado pelo Banco Mundial para tratar questões relacionadas a

danos. Mais detalhes serão fornecidos no Manual Operacional do Projeto.

15. O projeto proposto será executado ao longo de um período de cinco anos (2015-2019).

Estes arranjos de implementação também serão consultados com os PICTs.

16. Os custos administrativos do Banco Mundial relativos à elaboração e supervisão de

projetos serão custeados pelo fundo de reserva do FIP, de acordo com benchmarks do Fundo de

Investimento para o Clima aplicados à preparação e supervisão de projetos.

C. Gestão Financeira, Desembolsos e Aquisições

Gestão Financeira

17. Uma avaliação da gestão financeira foi realizada de acordo com as diretrizes do Banco

Mundial. Esta seção contém as modalidades recomendadas relativas a (a) orçamento e esquemas

de financiamento de contrapartida; (b) fluxo de recursos; (c) contabilidade e manutenção dos

registros contábeis; (d) controles internos; (e) relatórios financeiros periódicos; e (f)

procedimentos para auditorias externas pertinentes para uma eficaz condução da gestão

financeira e do monitoramento deste projeto financiado pelo Banco Mundial (o Banco).

18. De acordo com os requisitos da OP/BP 10.00, o Centro de Agricultura Alternativa do

Norte de Minas (CAA/NM), atuando como NEA, atende aos requisitos mínimos para manter

mecanismos de gestão financeira considerados aceitáveis pelo Banco e dispõe entre seus arranjos

gerais dos meios para executar a operação e oferecer garantia razoável de que os rendimentos

gerados com a aplicação de recursos do financiamento serão utilizados para os fins previstos. O

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CAA/NM compromete-se a elaborar o MOP, que descreverá suas atribuições relativas à gestão

financeira, contabilidade e prestação de informações, bem como às dos beneficiários das

subdoações.

19. Os desembolsos da doação serão efetuados por operação e as despesas com recursos

desta serão documentadas e apresentadas ao Banco por meio de Extratos de Despesas (SOE, do

inglês Statements of Expenditure) e de cópias dos registros, conforme for necessário, observando

os valores máximos indicados na Carta de Desembolsos. O método de pagamento via

desembolso direto não será utilizado. O principal método a ser utilizado é o de desembolso por

adiantamento. O Banco transferirá os recursos da doação para uma conta designada separada, em

reais (R$), mantida e gerida pelo CCA/NM no Banco do Brasil. O pagamento de bens e serviços

adquiridos no âmbito do Projeto será realizado diretamente a partir dessa conta. A Conta

Designada terá um limite fixo de R$ 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil reais). Os relatórios

de desembolsos relativos a despesas admissíveis pagas com recursos da conta designada deverão

ser apresentados trimestralmente. O valor mínimo da solicitação será o equivalente a

US$ 100.000. O Projeto também gozará de um período de carência de quatro meses após a data

de encerramento, durante o qual o Banco aceitará solicitações de saque referentes a operações do

projeto realizadas antes da data de encerramento. Os pagamentos referentes às atividades

financiadas serão lançados nos SOEs e encaminhadas ao escritório de Brasília do Banco

Mundial. O diagrama abaixo indica o fluxo de recursos do mecanismo que será utilizado no

Projeto.

(1) Os recursos serão transferidos para uma conta bancária específica do Projeto e

administrados pelo CAA/NM. Os recursos serão mantidos em reais (R$)

(2) Os pagamentos e notas fiscais serão registrados no sistema de contabilidade Alterdata,

que permite registra os lançamentos e fazer a conciliação contábil no final de cada mês.

Os pagamentos serão submetidos pela equipe financeira e validados pelos representantes

do CAA/NM.

(3) Os Relatórios Financeiros Internos Não Auditados (IFRs) e os Extratos de Despesas

(SOEs) serão preparados em MS Excel e estarão acompanhados dos relatórios contábeis.

World Bank CAA Suppliers

Designate

Account

Funds

(1)

IFR, SOE, Audit

Reports (3)

Invoices (2)

Payments(2)

Disbursement Diagram

Banco Mundial Recursos (1)

Pagamentos (2)

Conta Designada

Fornecedores N. Fiscais (2)

IRF, SOE, Rel. Auditoria (3)

Diagrama de Desembolsos

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61

Para cumprir com os requisitos de auditoria anual, os documentos comprobatórios serão

mantidos durante dois anos após a conclusão do projeto.

20. Para efeitos de monitoramento, o CAA/NM preparará semestralmente Relatórios

Financeiros Interinos (IFRS) e os submeterá ao Banco em até 45 dias, contados a partir do

encerramento de cada semestre. Os IFRs serão elaborados na modalidade regime de caixa,

registrando os valores orçados e as despesas por semestre, assim como o acumulado no ano e o

acumulado por Projeto. Será criado no sistema um livro razão específico para registrar todas as

transações da doação, em conformidade com a estrutura de tabelas de custos e desembolsos da

doação, de maneira a permitir o registro das operações por categoria/subcomponente. Para fins

administrativos, os seguintes IFRs semestrais serão preparados e submetidos ao Banco:

i. IFR 1 - Fontes e aplicação dos recursos, por categoria de desembolso, indicando

valor acumulado (do início do projeto até o presente, do início do ano até o

presente)

ii. IFR 2 - Utilização de recursos por componente do Projeto, indicando valor

acumulado (do início do projeto até o presente e do início do ano até o presente) e

do período X despesas efetuadas (i.e., despesas documentadas), incluindo a análise

de variância,

iii. IFR 3 – Conciliação contábil de desembolsos com o site Client Connection do

Banco (anexo ao último extrato do Banco),

iv. IFR 4 – Relatório de progresso dos componentes.

v. Notas explicativas sobre as demonstrações financeiras (somente para o último IFR

trimestral ou anual).

21. Uma firma de auditoria independente aprovada pelo Banco conduzirá anualmente uma

auditoria independente de acordo com termos de referência aprovados pelo Banco e com a

política de auditorias do Banco para contratos plurianuais. Os relatórios de auditoria deverão ser

entregues em até quatro meses, contados a partir do encerramento do exercício fiscal. Os

auditores deverão apresentar um parecer consolidado sobre as demonstrações financeiras do

Projeto e sobre a conta designada, assim como elaborar uma carta de gestão na qual identificarão

os pontos fracos relevantes dos mecanismos de controle interno. Durante a realização da

auditoria anual do projeto, os auditores poderão selecionar subprojetos para submeter a auditoria

complementar, conforme requerido pela firma de auditoria. Nessa seleção, que estará prevista no

TdR, deverão ser observadas a relevância e a importância relativa dos subprojetos nas

demonstrações financeiras anuais. O CAA/NM também encaminhará relatórios financeiros

anuais ao NSC e à UC do BIP. Os relatórios de auditoria estarão sujeitos à política do Banco

Mundial sobre Acesso à Informação.

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62

22. A seguinte tabela lista as categorias de despesas admissíveis que podem ser financiadas

com recursos do Projeto e o percentual das despesas admissíveis coberto, por categoria:

Categoria Valor da Doação

alocado (em US$)

Porcentagem coberta das despesas

(Impostos inclusos)

(1) Bens, obras, serviços que não

sejam de consultoria e serviços de

consultoria e treinamento

necessários nos subprojetos

previstos nas Partes 1(a) e 1(b) do

Projeto

4.000.000

100%

(2) Bens, serviços que não sejam de

consultoria e serviços de consultoria

e treinamento previstos na Parte 2

do Projeto

1.300.000 100%

(3) Bens, serviços que não sejam de

consultoria e serviços de

consultoria, treinamento e custos

operacionais previstos na Parte 3 do

Projeto

1.200.000 100%

VALOR TOTAL 6.500.000

23. A supervisão de Gestão Financeira ocorrerá anualmente. A supervisão realizada pelo

especialista em Gestão Financeira envolverá uma avaliação da continuidade da adequação dos

arranjos de Gestão Financeira, bem como: (i) a revisão dos IFR; (ii) a revisão dos relatórios dos

auditores e o acompanhamento das questões suscitadas na carta de gestão; (iii) o

acompanhamento de todas as questões relativas a relatórios financeiros e de desembolso; (iv)

responder às perguntas da equipe do projeto; e (iv) atualizar a classificação da gestão financeira

no Relatório da Situação e dos Resultados da Implementação (ISR).

Aquisições

24. A NEA será responsável pela aquisição de bens, obras e serviços e pela seleção de

consultores, processos estes que serão realizados em conformidade com as políticas de aquisição

do Banco, incluindo as aquisições realizadas com recursos de subfinanciamento previstos no

Componente 1, o que na verdade significa que nenhum recurso financeiro será transferido para

as organizações de povos indígenas e comunidades locais. A NEA também será responsável pela

correta gestão do contrato. A NEA é uma organização não-governamental sem fins lucrativos.

Atendendo aos requisitos da OP 11.00, antes de o projeto ser avaliado foi realizada uma

avaliação da capacidade da NEA para executar aquisições, a qual foi publicada no portal de

operações.

25. As aquisições previstas no Projeto proposto serão realizadas de acordo com o documento

“Diretrizes para Aquisições com Empréstimos do BIRD e Créditos da AID”, datado de janeiro

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63

de 2011, o documento “Diretrizes para a Seleção e Contratação de Consultores por parte de

Mutuários do Banco Mundial”, também datado de janeiro de 2011, e com as disposições

previstas no Acordo Legal. Abaixo apresentamos uma descrição geral de vários dos itens

pertencentes a diferentes categorias de despesas. Para cada contrato a ser financiado pela

Doação, o beneficiário e a equipe do Banco acordarão no Plano de Aquisições os diferentes

métodos de aquisição ou de seleção de consultores, a necessidade de pré-qualificação, as

estimativas de custos, os requisitos prévios à revisão e o cronograma. O Plano de Aquisições será

atualizado pelo menos anualmente, ou sempre que necessário, de maneira a refletir as

necessidades reais em termos de execução do projeto e de avanços na capacidade institucional

das partes envolvidas. A NEA elaborará um manual operacional abrangente, descrevendo

sobretudo os procedimentos a serem seguidos quando se tratar de aquisições no âmbito das

subdoações, o qual deverá incluir, entre outros, os seguintes passos: (i) identificação das

necessidades de aquisição com recursos da subdoação; (ii) preparação das especificações

técnicas ou termos de referência pela NEA, em coordenação com o sub-beneficiário; (iii)

publicação conjunta entre NEA e sub-beneficiário da solicitação para apresentação de propostas

ou manifestação de interesse; (iv) recebimento das propostas ou manifestações de interesse pela

NEA, que as avaliará e emitirá a ordem de compra; (v) recebimento pelo sub-beneficiário dos

bens, obras, serviços gerais ou de consultoria, que enviará à NEA o formulário de “recebimento

de serviços/bens”; (vi) processamento do pagamento a fornecedores pela NEA; (vii) supervisão

pela NEA da execução do contrato ou da utilização dos bens recebidos.

26. Os valores máximos recomendados nos métodos de aquisição e de seleção de consultores

e para revisão prévia do Banco serão estipulados no plano de aquisições, que será elaborado pela

NEA nos primeiros 18 meses do projeto, antes das negociações, e deverá ser revisado pelo

menos anualmente.

27. Contratação de Obras. O Projeto prevê a execução de pequenas obras, cuja aquisição

deverá ser realizada pela modalidade Comparação de Preços (Shopping), como indicado no item

3.5 das Diretrizes para Aquisições. A contratação direta também poderá ser empregada quando

satisfeitas as condições do item 3.7 dessas diretrizes.

28. Aquisição de Bens. Deverão ser adotados os procedimentos da modalidade Licitação

Pública Nacional, usando os SDBs (Documentos Padrão para Licitação) acordados com o Banco,

ou da modalidade Comparação de Preços. Os editais conterão cláusulas anticorrupção e com

previsão de auditoria que deverão ser satisfeitas para receberem a aprovação do Banco; nesse

sentido, o contrato conterá cláusula que condicione os editais das licitações públicas nacionais à

aceitação do Banco. Se os requisitos do item 3.7 forem satisfeitos, a modalidade Contratação

Direta também poderá ser utilizada para a aquisição de bens.

29. Contratação de serviços de não consultoria será conduzida por meio dos SBDs

nacionais acordados com o Banco, ou por ele considerados satisfatórios, para a realização de

processos licitatórios nacionais. Os editais conterão cláusulas anticorrupção e com previsão de

auditoria para serem considerados aceitáveis pelo Banco; nesse sentido, o contrato conterá uma

cláusula que condicione os editais das licitações públicas nacionais à aceitação do Banco. Os

contratos de valores pequenos inferiores a US$ 100.000 deverão seguir o procedimento de

comparação de preços. A contratação direta também poderá ser empregada quando satisfeitas as

condições do item 3.7 dessas diretrizes.

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64

30. Seleção de Consultores. A categoria dos serviços de consultoria prestados por empresas

e pessoas físicas necessários no âmbito do Projeto compreende uma ampla gama de serviços de

assistência técnica e de consultoria. A lista de consultores pré-selecionados para serviços cujo

custo estimado seja inferior ao equivalente a US$ 1.000.000 por contrato poderá ser composta

inteiramente de consultores nacionais, em conformidade com o disposto nas diretrizes para

serviços de consultoria. Todos os contratos cuja custo estimado seja superior ao equivalente a

US$ 100.000 por contrato, bem como o primeiro processo de cada método de seleção e qualquer

fonte individual de serviços de consultoria, estarão sujeitos a análise prévia pelo Banco. A

Seleção Baseada em Qualidade e Custo (SBQC) será o método padrão para selecionar empresas,

porém a Seleção Baseada na Qualidade (SBQ), a Seleção Baseada no Menor Custo (SBMC), a

Seleção com Orçamento Fixo (SOF), a Seleção Baseada nas Qualificações do Consultor (SQC) e

a Seleção de Consultores Individuais (CD) também poderão ser empregadas caso os requisitos

previstos nas diretrizes sejam atendidos. Consultores individuais deverão ser selecionados de

acordo com os procedimentos da Seção V das Diretrizes do Banco.

31. Treinamento. As despesas relacionados a treinamento compreendem contratos com

logística de eventos, transporte, serviços de bufê, preparação de material, pagamento de taxas de

inscrição e de diárias. Os itens a serem adquiridos neste grupo seguirão o processo de aquisição

ou seleção adequada conforme os parágrafos acima.

32. Custos operacionais. Estão incluídos neste grupo, entre outros: (a) operação e

manutenção de veículos; (b) reposição de material de escritório; (c) despesas com envios (desde

que não inclusas no custo dos bens); (d) aluguel de escritório; (e) serviços públicos como água,

eletricidade, etc.; (f) viagens e diárias para o pessoal técnico desempenhando atividades de

supervisão e controle de qualidade; (g) despesas com comunicação, inclusive publicação de

anúncios para fins de compras; e (h) pessoal de apoio administrativo e operacional. Esses

contratos serão celebrados de acordo com os procedimentos administrativos da NEA, após

análise e aceitação pelo Banco.

33. Periodicidade das missões de supervisão de aquisições: A supervisão das aquisições

será realizada por meio de revisão ex-ante, a qual será complementada com missões de

supervisão com uma revisão ex-post, anualmente.

D. Socioambiental (incluindo salvaguardas)

34. O projeto de conservação proposto deverá ter um impacto ambiental positivo, uma vez

que busca promover o desenvolvimento sustentável, os meios de vida, o manejo florestal e dos

recursos naturais e estratégias de adaptação às mudanças climáticas em territórios indígenas e

terras de comunidades locais cuja subsistência depende dos recursos naturais do bioma. As

atividades do projeto também poderão contribuir para a redução da pressão do desmatamento

sobre as florestas remanescentes – das quais depende a maioria dos PICTs – e a proteção de

nascentes e matas ciliares, combatendo a poluição da água e do solo.

35. Após analisar a natureza e a escala dos investimentos comunitários previstos no

Componente 1 (item 51, página 38 do presente documento) no que se refere a potenciais

impactos ambientais, constatou-se que não terão efeitos adversos significativos. O Projeto foi

classificado como sendo Categoria B.

Tipologia das iniciativas comunitárias previstas pelos PICTs durante o processo de preparação conjunta e

possíveis riscos e impactos ambientais e sociais

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65

Tipos de iniciativas comunitárias e classificação

ambiental

Principais considerações ambientais e sociais

Sistemas agroflorestais baseados em espécies frutíferas

nativas e adaptadas/reflorestamento

B

Selecionar espécies arbóreas endêmicas

comprovadamente úteis para fins de reflorestamento;

escolher espécies visando aumentar a diversidade

biológica; manter a cobertura do solo para evitar a

erosão e a perda de nutrientes do solo; maximizar a

produção de alimentos por meio de práticas ecológicas;

consultar as comunidades locais da forma adequada e

acordar os direitos de uso dos recursos naturais.

Sistemas produtivos agroecológicos

B

Uso de pesticidas e adubos químicos evitado,

preservando corpos d'água próximos de seu impacto.

Pequenas unidades de beneficiamento de produtos

agrícolas e de produtos florestais extrativistas não

madeireiros

B

Eliminação de resíduos de lavoura, geração e eliminação

de resíduos; diversificar meios de vida e de geração de

renda; avaliar oportunidades de acesso a mercados e

capacidade gerencial.

Criação de animais de pequeno porte

B

Construir currais/chiqueiros de maneira correta em

relação a fontes de água potável; diversificar a renda e

os meios de subsistência.

Agricultura de subsistência para a segurança alimentar

B

Gestão de recursos hídricos e dos usos do solo;

observância às legislações florestal e ambiental; Uso

excessivo de pesticidas e adubos químicos evitado,

preservando corpos d'água próximos de seu impacto;

vulnerabilidade social reduzida.

Viveiros e mudas

B/C

Selecionar espécies endêmica e proteger a

biodiversidade; adequação cultural; segurança alimentar

e saúde nutricional.

Produção e comercialização de artesanato

B/C

Sobre-exploração dos recursos naturais; diversificar

meios de vida e de geração de renda; avaliar

oportunidades de acesso a mercados e capacidade

gerencial.

Gestão de recursos hídricos, proteção de nascentes e

prontidão para a seca;

B

Manejar recursos hídricos, minimizar erosão do solo e

proteger os cursos d'água e os serviços ecossistêmicos;

reduzir a vulnerabilidade social relacionada aos perigos

climáticos.

Recuperação de terras degradadas

B

Gestão adequada dos recursos naturais; recuperação da

cobertura do solo; prevenção de erosão e perda de

nutrientes do solo; Uso evitado de pesticidas e adubos

químicos, preservando corpos d'água próximos do seu

impacto.

Sistemas de vigilância e prevenção de incêndios

florestais

B

Evitar impactos acidentais nas lavouras, famílias e

habitats naturais.

Planos de manejo florestal e do solo

B/C

Manejar recursos hídricos, minimizar erosão do solo e

proteger os cursos d'água e os serviços ecossistêmicos;

proteção da biodiversidade; valorização do

conhecimento tradicional e dos valores culturais;

consultar as comunidades locais da forma adequada e

acordar os direitos de uso dos recursos naturais.

Estudos participativos de mapeamento e zoneamento

étnicos

C

Levantamento e registro de espécies da flora e da fauna

C

Levantamento e registro do patrimônio cultural imaterial

C

Campanhas de sensibilização e de mobilização sobre

questões ambientais voltadas para a população das

comunidades contíguas e que vivem em áreas próximas

Educação ambiental; maior consciência a respeito da

conservação redução de potenciais conflitos sociais

causados pela escassez de recursos naturais e pelos usos

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Tipologia das iniciativas comunitárias previstas pelos PICTs durante o processo de preparação conjunta e

possíveis riscos e impactos ambientais e sociais

Tipos de iniciativas comunitárias e classificação

ambiental

Principais considerações ambientais e sociais

às terras indígenas e tradicionais.

C

da terra.

36. Apesar desses impactos positivos, o projeto proposto será executado em algumas áreas

sensíveis em termos de biodiversidade e florestas. Uma Estrutura Programática de Gestão

Socioambiental (P-ESMF) foi preparada para o DGM Global; ao passo que para o contexto

nacional foi preparado um Marco de Gestão Socioambiental (MGSA) adequado, que prevê

medidas ambientais e sociais integradas para a NEA. O MGSA identifica os principais impactos

esperados das atividades elegíveis a apoio no âmbito do projeto e indica o processo de triagem

desses riscos ambientais visando à sua mitigação e/ou compensação. O MGSA também

compreende um levantamento dos impactos potencialmente positivos e negativos das atividades

elegíveis e define algumas ações de prevenção e mitigação. O MGSA fornece orientações

básicas sobre requisitos legais e procedimentais específicos do país, procedimentos operacionais

para lidar com tais requisitos nacionais e procedimentos operacionais para selecionar e avaliar

atividades comunitárias, mitigar e monitorar seus impactos ambientais, garantindo assim sua

conformidade com as políticas operacionais do Banco Mundial ao longo da implementação do

projeto. O MGSA foi concluído e divulgado antes da avaliação do projeto. A NEA submeterá

todas as propostas comunitários selecionadas a uma triagem, a fim de certificar-se de que estão

em conformidade com as políticas sociais e ambientais do Banco Mundial durante a fase de

preparação do projeto técnico.

Quadro 2.1: O relevante arcabouço jurídico e institucional do Brasil

1) O Brasil dispõe de um sólido arcabouço legal e institucional no que se refere aos setores

florestal e de recursos naturais, assim como à interseção entre essas duas áreas e a de

Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais (PICTs). Os principais instrumentos legais

do sistema brasileiro são: (i) a Constituição Federal (CF) de 1988; (ii) o Código Florestal

Brasileiro (Lei nº 12.651/2012); (iii) o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, lançado

em 2008, e a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), promulgada em 2009;

(iv) a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas

(PNGATI), Decreto nº 7.747/2012); e (v) a Política Nacional de Desenvolvimento

Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), Decreto nº 6040/2007. A

PNMC é base de sustentação da estratégia brasileira equivalente ao REDD+. Além disso,

recentemente o país deu passos importantes em relação ao aperfeiçoamento do marco

regulatório para questões relacionadas ao REDD+ e aos povos indígenas, qual seja, a

Estratégia Nacional de REDD+, ENREDD+ (em discussão).

2) A Constituição Federal (CF) do Brasil reconhece a organização social, os costumes, as

línguas, as crenças e as tradições dos povos indígenas, bem como seu direito a ocupar os

territórios que tradicionalmente habitam. Segundo a CF 1988, as terras indígenas (TIs)

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67

destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do

solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.37 A CF 1988 também reconhece os direitos das

comunidades quilombolas à posse coletiva da terra nos territórios que tradicionalmente

habitam e à autodeclaração. O Governo Federal é responsável pela demarcação e

proteção das terras indígenas e quilombolas. Outras populações tradicionais tiveram

recentemente seus direitos à diversidade social e ao território reconhecidos.

3) O Código Florestal de 2012 determina que os proprietários averbem e mantenham a

vegetação natural em encostas íngremes, ao longo de cursos d'água (em faixa de largura

determinada) ou nas proximidades de nascentes (Áreas de Preservação Permanente -

APP, e Reservas Legais - RL), e garante tratamento especial aos pequenos proprietários

ou às propriedades de agricultura familiar,38 assentamentos, projetos de reforma agrária,

terras indígenas demarcadas e comunidades tradicionais que utilizem de maneira coletiva

seus territórios (i.e., quilombolas, comunidades extrativas). Na versão anterior do Código

Florestal (1964), todas as propriedades localizadas no bioma Cerrado eram obrigadas a

manter 20% da cobertura florestal como Reserva Legal, além das áreas de preservação

permanente. No novo Código Florestal (Lei nº 12.651 de 2012), porém, as pequenas

propriedades com menos de quatro módulos fiscais39

estão isentas de recompor as RLs

em relação às atividades de desmatamento anteriores a 2008.

4) A PNMC define os objetivos e diretrizes das operações internas de enfrentamento às

mudanças climáticas no Brasil. Um dos instrumentos da PNMC é o Plano de Ação para a

Prevenção e Controle do Desmatamento no Bioma Cerrado (PPCerrado 2010), que tem

como objetivo promover uma redução sustentada das taxas de desmatamento e

degradação florestal e da incidência de queimadas e incêndios florestais no bioma. O

PPCerrado tem as seguintes diretrizes: integrar e melhorar as atividades de

monitoramento e controle pelos órgãos federais, para promover a regularização ambiental

das propriedades rurais, o manejo florestal sustentável e o combate a incêndios; usar o

planejamento do uso do solo para conservar a biodiversidade, proteger os recursos

hídricos e incentivar o uso sustentável dos recursos naturais; promover atividades

econômicas ambientalmente sustentáveis, a manutenção de áreas naturais e a recuperação

de áreas degradadas.

5) A PNGATI tem como principais objetivos garantir e promover a proteção, recuperação,

conservação e uso sustentável dos recursos naturais em terras indígenas, para melhorar a

37

O Brasil também assinou recentemente todos os principais acordos e tratados internacionais sobre direitos dos

povos indígenas, entre eles a Convenção nº169 sobre Povos Indígenas e Tribais da de Organização do Trabalho

Internacional e a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. 38

Segundo a definição da Lei nº 12.512/2011, as propriedades familiares rurais e os empreendedores familiares

rurais são aqueles que realizam atividades em áreas rurais e que simultaneamente atendem aos seguintes requisitos:

(i) não detêm, a qualquer título, uma área maior do que quatro módulos fiscais; (ii) utilizam, predominantemente,

mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; (iii) têm

percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas fora do seu estabelecimento; e (iv) dirigem

seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. 39

O módulo fiscal é uma unidade de medida agrária estabelecida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária (INCRA) para fins de tributação imobiliária rural, principalmente, de acordo com o Decreto Federal

nº 84.685/1980 e a Instrução Normativa nº 20/1980. Nos municípios do Cerrado, o módulo fiscal varia entre

0,04 km2 e 0,1 km

2, com uma média de 0,46 km

2 (46 ha).

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qualidade de vida e a sobrevivência física, social e cultural desses povos. A PNGATI está

baseada em diretrizes plenamente compatíveis com as políticas de salvaguarda do Banco

Mundial, quais sejam: (i) reconhecimento e respeito às crenças, usos, costumes, línguas,

tradições e especificidades de cada povo indígena (PIs); (ii) o reconhecimento e a

valorização da contribuição das mulheres indígenas para a gestão sustentável dos

recursos naturais; (iii) reconhecimento e valorização das organizações sociais e políticas

dos povos indígenas, assegurada sua participação e controle social nas decisões políticas

que os afetam; (iv) a observância do direito dos PIs a consulta prévia, livre e informada;

e (v) o cumprimento dos direitos dos PIs relativos à terra e à proteção do meio ambiente,

bem como a gerir todos os recursos e benefícios provenientes do pagamento por serviços

ambientais.

6) Os principais objetivos específicos do PNPCT são promover o desenvolvimento

sustentável das populações tradicionais e pequenos proprietários e assegurar seu direito

aos territórios que ocupam tradicionalmente e seu acesso aos recursos naturais que

tradicionalmente utilizam para sua sobrevivência física, cultural e econômica. A PNPCT

aborda uma série de questões: promoção do reconhecimento social e governamental das

populações tradicionais; proteção do seu direito à diversidade social e cultural; melhoria

do seu acesso às políticas e serviços públicos; promoção da segurança alimentar e da

saúde, educação e conhecimento tradicional; representação em todos os processos

decisórios e políticas públicas que os afetam diretamente; resolução de conflitos

decorrentes da criação de Unidades de Conservação ou da construção de grandes projetos

de infraestrutura que afetam seus territórios tradicionais; proteção dos seus direitos; e

inclusão produtiva por meio da promoção de tecnologias sustentáveis e culturalmente

adequadas.

7) Os avanços ocorridos no marco regulatório equivalente ao REDD+ e povos equivalentes

estão fundamentalmente relacionados às consultas realizadas pelo MMA e pela FUNAI

com povos indígenas e organizações sociais em 2012, que deram lugar a: (i) um conjunto

de premissas acordadas para o desenvolvimento de um componente indígena, a ser

integrado na estratégia nacional de REDD (ENREDD); e (ii) um conjunto de

recomendações feitas pela FUNAI sobre as necessidades dos povos indígenas, a ser

incorporado na ENREDD. As premissas acordadas destacaram a contribuição histórica

dos povos indígenas para a redução do desmatamento, a importância do reconhecimento

desta contribuição pelo Governo Brasileiro e a busca por formas de facilitar o acesso dos

povos indígenas a recursos financeiros adequados, inclusive os provenientes da

implementação de serviços ambientais e de iniciativas REDD+. Tais premissas estão em

total sintonia com as políticas de salvaguarda do Banco Mundial.

8) A abordagem do MMA para o Bioma Cerrado tem um histórico de operações realizadas e

em curso com o Banco Mundial, além de outras em preparação, nas quais já foram

detalhadas todas as disposições relativas a seleção, monitoramento e observância às

políticas de salvaguarda. Tais operações incluem: (i) a Iniciativa Cerrado Sustentável,

apoiada pelo Global Environment Facility (GEF), cujo objetivo é melhorar a conservação

da biodiversidade e aperfeiçoar o manejo dos recursos ambientais e naturais do Cerrado

brasileiro por meio de políticas e práticas adequadas; (ii) o Fundo Fiduciário de

Mitigação das Mudanças Climáticas no Cerrado (BCCMTF, Programa ProCerrado),

lançado em 2012, que é um fundo fiduciário com componentes executados pelo Banco e

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69

pelo Beneficiário, constituído com o aporte de um único doador, o Departamento de

Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido (DEFRA), cujo objetivo

é auxiliar o Brasil nas ações de mitigação das mudanças climáticas no bioma Cerrado e

de melhoria da gestão dos recursos naturais e ambientais nesse bioma por meio de

políticas e práticas adequadas;40 e (iii) o Projeto Coordenação Nacional ProCerrado, que

objetiva desenvolver a capacidade dos órgãos federais para coordenar e executar ações

destinadas a reduzir o desmatamento e as queimadas no Cerrado brasileiro.41

37. O projeto proposto foi elaborado como uma parceria conjunta com os principais atores

envolvidos, i.e., os PICTs do Cerrado. Foram realizadas três oficinas regionais, que tiveram

ampla participação de homens e mulheres. As principais características do desenho do projeto

proposto (adequação da abordagem de atividades comunitárias induzidas pela demanda,

atividades e organizações proponentes elegíveis, valor das subdoações a serem concedidas às

comunidades, composição do NSC, critérios para a seleção da NEA, arranjos de controle social,

etc.) foram debatidas e aprovadas por representantes autoindicados de todos os povos indígenas e

de muitas populações tradicionais diferentes. A NEA foi selecionada por um grupo de trabalho

cujos integrantes foram indicados pelos PICTs, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente e

da Funai. Foram consultados, ainda, dois importantes fóruns representativos de PICTs (a

Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais -

CNPCT e a Comissão Nacional de Política Indigenista - CNPI) na etapa de preparação (para

detalhes sobre o processo de preparação conjunta, consulte o Anexo 8).

38. Por ser uma abordagem induzida pela demanda, o Projeto não deverá ter efeitos adversos

nas comunidades beneficiárias. Em lugar disso, apoiará apenas atividades que contribuam para:

(i) melhorar os meios de vida dos PICTs; (ii) aumentar sua resiliência social e sua capacidade de

adaptação e mitigação para enfrentar pressões sociais e ambientais que ameaçam sua

sobrevivência social, cultural e econômica; (iii) recuperação e preservação de seus

conhecimentos tradicionais; e (iv) fortalecimento da capacidade de suas organizações

representativas de planejar sua vida futura e promover o manejo eficaz, eficiente e sustentável de

suas terras e recursos naturais.

39. A política operacional do Banco OP 4.10 foi desencadeada por esta operação. Todavia,

considerando que este Projeto terá como beneficiários diretos uma maioria de povos indígenas

40

Este programa inclui os seguintes projetos: (i) o Projeto Cadastro Ambiental Rural e Prevenção de Incêndios na

Bahia, a ser implementado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente da Bahia, tendo como principais atividades

ajudar os produtores rurais a regularizar suas terras em relação ao Código Florestal, implementar o CAR, promover

atividades produtivas sustentáveis e fortalecer a capacidade dos governos municipais em prevenção e controle de

incêndios florestais; (ii) o Projeto Cadastro Ambiental Rural e Prevenção de Incêndios no Piauí, atualmente sendo

executado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (com as mesmas atividades do projeto

para a Bahia); e (iii) a Plataforma de Monitoramento e Alerta de Incêndios Florestais do Projeto Cerrado, a ser

coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), cujo objetivo é desenvolver um sistema para

monitorar, analisar e emitir alertas de queimadas e incêndios, que será implementado como sistema-piloto em

municípios prioritários do Bioma Cerrado. 41

Operações relevantes conduzidas em outros biomas ou em todo o país oferecem evidências contundentes da

capacidade do Brasil de cumprir as políticas de salvaguarda, entre elas: o Programa Áreas Protegidas da Amazônia

(P114810) e o Projeto Conservação e Gestão Sustentável do Bioma Caatinga (P070867). Os três projetos do BIP que

serão implementados pelo Banco Mundial também tiveram ferramentas relacionadas às políticas de salvaguarda

desenvolvidas adequadamente.

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(pelo menos 60% dos beneficiários) e que será elaborado e implementado de maneira

amplamente participativa, inclusive com a condução de um intenso processo de consulta junto

aos povos indígenas, não foi requerida a elaboração de um Marco de Planejamento para os Povos

Indígenas (MPPI) ou de um Plano para os Povos Indígenas (PPI) avulsos, como determina esta

política de salvaguardas.

Quadro 2: Conformidade do Projeto com a OP 4.10 - Resumo

1) O Projeto está em plena conformidade com a política OP 4.10 do Banco Mundial, que determina que:

(i) as possíveis comunidades beneficiárias participem de consultas livres, prévias e informadas sobre

o projeto proposto durante sua elaboração, que todas as informações relevantes sobre o projeto sejam

fornecidas de forma culturalmente apropriada e que as consultas se baseiem em métodos considerados

adequados do ponto de vista social e cultural; (ii) o projeto proposto seja elaborado de maneira

conjunta em parceria com representantes dos PICTs e que seu desenho conte com amplo apoio desses

grupos; (iii) seja realizada uma avaliação social e que os possíveis efeitos sobre os povos indígenas

sejam avaliados; (iv) antes de as propostas comunitárias receberem recursos, que se certifique de que

gozam de amplo apoio das organizações de povos indígenas (OPIs) existentes, das lideranças

tradicionais e da maioria da população; e (v) e que se certifique que as atividades do projeto não

acarretarão o deslocamento físico de povos indígenas.

2) O Projeto também deverá contribuir para o desenvolvimento de vários objetivos de desenvolvimento

previstos na OP 4.10 (como foi mencionado no parágrafo 22). Assim, o Projeto deverá contribuir

para: (i) preservar os estreitos laços que os povos indígenas têm com a terra, as florestas, a água, a

fauna e a flora silvestres e outros recursos naturais; (ii) promover e preservar as práticas dos povos

indígenas relacionadas ao manejo dos recursos naturais; (iii) apoiar as prioridades de

desenvolvimento dos povos indígenas por meio de programas de desenvolvimento induzidos pela

comunidade e de fundos sociais administrados localmente; (iv) fortalecer a capacidade das

comunidades e organizações de povos indígenas de elaborar, executar, monitorar e avaliar programas

de desenvolvimento; e (v) facilitar parcerias entre OPIs, OSCs, Governo e o setor privado para

promover programas de desenvolvimento dos povos indígenas.

40. O MGSA define os procedimentos a serem seguidos para determinar se as propostas

comunitárias selecionadas para financiamento contam com amplo apoio da comunidade. Para

garantir que as propostas recebam amplo apoio, foram concebidos dois procedimentos: Em

primeiro lugar, para serem elegíveis, as propostas devem conter provas da anuência e aderência

ao projeto pela própria comunidade beneficiária, manifestada voluntária e formalmente (atas das

reuniões das organizações comunitárias proponentes). Em segundo lugar, como prerrequisito

fundamental para o início da elaboração do projeto técnico daquelas propostas que tenham sido

selecionadas pelo NSC para financiamento, a NEA realizará e registrará, em cada comunidade

beneficiária, uma reunião comunitária com representantes reconhecidos pela comunidade e com

representantes legítimos dos subgrupos, a fim de garantir que tenha sido realizado um processo

culturalmente adequado de consulta livre, prévia e informada e de verificar que cada subprojeto

tenha recebido amplo apoio da comunidade.

41. A OP 4.12 não foi acionada por esta operação porque um dos princípios que regem o

mecanismo de doação consiste em evitar a relocação e o deslocamento de povos e comunidades

que habitam florestas. Nesse sentido, os critérios de seleção das atividades elegíveis garantirão

que não ocorra nenhum tipo de relocação ou de restrição de acesso a recursos naturais. É pouco

provável que as subdoações para atividades comunitárias previstas no Componente 1 requeiram

aquisição de terras. O Projeto não financiará nenhuma atividade que implique perda de bens

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particulares ou que restrinja o acesso a recursos naturais. Um dos princípios que regem o

mecanismo de doação é evitar a relocação e o deslocamento de povos e comunidades que

ocupam terras de florestas. Os critérios de seleção das atividades asseguram que não ocorra

nenhuma relocação ou restrição de acesso aos recursos. Não será financiada nenhuma atividade

que implique perda de bens particulares, assim com nenhum rendimento financeiro resultante da

doação poderá ser empregado na aquisição de terras ou em indenizações por esse motivo. De

acordo com o estabelecido na legislação brasileira, a aquisição de terras nos territórios indígenas

como impacto das atividades do projeto pode ser descartada. Entretanto, como as atividades

comunitárias serão desenvolvidas conforme a demanda, aquisições de menor importância não

podem ser completamente descartadas quando se tratar das comunidades tradicionais locais.

Nesses casos, todos os impactos deverão ser solucionados por meio de doações voluntárias de

terras pelas comunidades/famílias beneficiárias.

42. O projeto permitirá que membros da comunidade que se beneficiam de subdoação doem

ao subprojeto terras e outros bens particulares de forma voluntária, sem remuneração e sem que

gerem nenhum impacto significativo ou a longo prazo sobre seus meios de vida. O MGSA indica

claramente os critérios e procedimentos para identificação dos casos em que as doações

voluntárias de terras ou a transferência de direitos de uso para uma iniciativa comunitária são

necessárias, para garantir que essas doações sejam totalmente voluntárias e que se dispõe de

mecanismos adequados para confirmar que as partes afetadas nas hipóteses de perda de acesso

ou dos direitos de uso sejam indenizadas de forma culturalmente apropriada. O protocolo

descrito a seguir foi aprimorado no MGSA e regerá a doação voluntária de bens particulares:

(i) As doações voluntárias são um ato de consentimento informado. Os indivíduos

envolvidos não serão forçados a doar terrenos ou outros bens mediante ameaça ou

coerção, nem serão ludibriados de maneira a acreditar que são obrigados a fazê-lo.

(ii) As doações voluntárias serão permitidas unicamente na hipótese de que o subprojeto

possa ser implementado tecnicamente em local diferente daquele para o qual estava

previsto, visto que se o subprojeto for originalmente desenvolvido para um local

específico, a aquisição de terras a ele associada não poderá ser considerada um ato

voluntário; ao contrário, será um ato de desapropriação por interesse público.

(iii) Doações voluntárias somente serão permitidas na hipótese de impactos de menor

importância que preencham os seguintes critérios:

As famílias que destinam terrenos ou outros bem são beneficiárias diretas do

subprojeto;

O impacto é inferior a 5% do total dos ativos produtivos da referida família; e

Não implicam a relocação física de nenhum indivíduo.

(iv) Os indivíduos afetados serão informados do seu direito de se recusar a doar terras e da

existência de um mecanismo de registro de queixas e reparações, o qual se encontra a

sua disposição para que possam manifestar sua não intenção de doar. As pessoas serão

incentivadas a fazer uso desse mecanismo se tiverem dúvidas ou perguntas, o que

poderá ser feito por escrito ou verbalmente.

(v) A NEA confirmará, em reunião presencial, que os afetados concordaram em doar terras

ou outros bens sem compensação. A ata dessa reunião, na qual constará a confirmação

de que todas as condições para doações voluntárias foram satisfeitas, será anexada ao

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formulário de doação voluntária, que deverá ser assinado por ambos os cônjuges da

família em questão.

(vi) Além disso, para corroborar a natureza voluntária da doação de terrenos, a associação

comunitária beneficiária fornecerá à NEA uma cópia da escritura pública da doação das

terras ou de cessão parcial dos direitos de uso.

(vii) A implementação de subprojetos que envolvem doação voluntária só começará a partir

do momento que a NEA aprovar o formulário de doação voluntária assinado e receber a

cópia da escritura pública.

43. Dessa forma, a NEA disporá de sólidos mecanismos de acompanhamento e aprovação

para garantir que as doações de bens sejam efetivamente voluntárias e que não gerarão nenhum

impacto negativo nos meios de vidas dessas famílias. A NEA conduzirá auditorias sociais anuais

a fim de verificar que os afetados tenham dado sua aprovação informada.

44. O MGSA também estipula os critérios e procedimentos que serão utilizados para garantir

que as iniciativas comunitárias financiadas estejam sendo apresentadas por organizações

legítimas e representativas da comunidade e que contem com o apoio livre, prévio, informado e

amplos das comunidades proponentes.

E. Monitoramento e Avaliação

45. O monitoramento e a avaliação de resultados (M&A) são atividades críticas do DGM

para conduzir os diversos atores em direção a objetivos comuns de desenvolvimento e, ao

mesmo tempo, para fazerem frente a importantes riscos durante a implementação do programa.

Os beneficiários (especialmente os subgrupos mais vulneráveis, como jovens e mulheres)

deverão envolver-se no M&A por meio de: (i) capacitação e assistência técnica continuada e

(ii) apropriação da intervenção, para gerar mais responsabilização e vontade de contribuir para a

coleta de informações e a disseminação de resultados.

46. Essa abordagem se propõe garantir uma prestação de contas nos dois sentidos, da base

para cima e de cima para a base, bem como aumentar as sinergias entre os componentes do

programa. O M&A do projeto proposto será conduzido de acordo com (i) o plano de M&A do

BIP que será elaborado e (ii) as regras e procedimentos estabelecidos do FIP.

47. Serão realizadas duas avaliações: uma avaliação intermediária, por meio da qual será

medido o progresso realizado e serão identificados pontos fortes e fracos com o propósito de

reforçar os aspectos positivos e fazer os ajustes necessários; e uma avaliação final, que se

debruçará, entre outras questões, sobre os resultados alcançados e sua sustentabilidade, e

identificará as lições aprendidas.

48. As avaliações de resultados (monitoramento e avaliação) das intervenções do

Componente 1 farão uso de comparações entre o “antes” e o “depois” e incluirão metodologias

de avaliação de beneficiários e análises que levem em conta a perspectiva de gênero. A

diversidade e a singularidade dos potenciais PICTs beneficiários provavelmente dificultarão

bastante a identificação do desenho experimental contrafatual. Entretanto, a NEA poderá propor

a adoção de um desenho semiexperimental de avaliação de impactos. A avaliação do

Componente 2 se baseará nas avaliações realizadas pela NEA com os participantes de eventos de

treinamento e capacitação, antes e depois da sua realização. A avaliação de aspectos como

participação mais ativa e maior capacidade de defesa dos próprios interesses se baseará nos

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relatórios da NEA e no feedback dado pelos integrantes do NSC a respeito de atividades ligadas

às reuniões e fóruns de tomada de decisão dos quais eles participem ao longo do ciclo do projeto.

49. Os dados utilizados como referência inicial (linha de base) serão coletados durante a

avaliação preliminar das comunidades beneficiárias, que será realizada pela NEA na fase de

preparação do projeto técnico e após a conclusão do subprojeto. Ao longo da execução do

projeto, os próprios beneficiários deverão coletar e sistematizar informações para fins de

monitoramento. Os aspectos mais específicos do sistema de M&A do projeto foram

desenvolvidos em consulta com a NEA durante a preparação do projeto e incluídos no MOP.

50. Apesar de todos os atores envolvidos terem papéis e responsabilidades para um robusto

sistema de M&A, como está descrito na tabela a seguir, caberá à NEA um papel-chave no

acompanhamento do progresso dos produtos e resultados de subprojetos, o que será feito com

base nas respectivas matrizes de resultados. Esta preparará relatórios de progresso sobre os

resultados e os apresentará ao Banco e ao NSC duas vezes por ano. Para que a NEA desempenhe

tais atribuições fundamentais para o Projeto com recursos e suficientes e a capacidade necessária,

a equipe de projeto do Banco Mundial dará apoio técnico à NEA e fará a revisão dos dados, a

título de controle de qualidade.

51. A equipe de projeto do Banco também conduzirá atividades de supervisão regularmente.

Caso seja considerado necessário, os projetos também poderão ser objeto de uma revisão

independente, a ser realizada pela equipe de projeto do Banco ao final do ciclo de vida do

Projeto. O NSC oferecerá aos atores envolvidos oportunidades para revisar o progresso em

relação ao Objetivo de Desenvolvimento do Projeto, compará-lo com indicadores e discutir as

lições aprendidas, a fim de aplicá-las ao desenho e à implementação de futuros projetos. As

tabelas a seguir ilustram o arranjo institucional padrão do DGM em relação a monitoramento,

avaliação e aprendizagem.

52. Os resultados das intervenções deverão ser disseminados entre os beneficiários de

maneira a servirem de subsídio para as intervenções e operação do mecanismo de registro de

queixas e reparações. Os resultados das intervenções previstas nos Componentes 1 e 2

apresentados por escrito estarão disponíveis para o público em geral.

Figura 3.1: Matriz de M&A das atribuições e responsabilidades

Atores

envolvidos Atribuições e responsabilidades

Beneficiários Desenvolver uma matriz de resultados que contenha o objetivo de desenvolvimento, os

dados da linha de base e os indicadores monitoráveis para os respectivos subprojetos.

Coletar, atualizar e agregar os dados brutos e apresentar semestralmente os relatórios à

NEA.

Preparar a apresentação dos seus resultados e submetê-la à NEA.

NEA Certificar-se de que cada subprojeto tenha uma matriz de resultados apropriada.

Coletar dados para a linha de base e para a avaliação final.

Coletar, atualizar e agregar os dados brutos sobre subprojetos e atividades com

subsídios apresentados pelos beneficiários, e apresentar semestralmente os relatórios

ao NSC, à UC BIP, ao Banco Mundial e à GEA.

Auxiliar os beneficiários na preparação da apresentação de seus resultados, que

ocorrerá em oficinas de networking e compartilhamento de conhecimento organizadas

pela GEA.

Avaliar o alcance dos objetivos dos subprojetos financiados pelo DGM.

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Atores

envolvidos Atribuições e responsabilidades

Apoiar tecnicamente os beneficiários na definição, medição e apresentação dos

resultados, garantir a qualidade dos dados e revisar as apresentações de resultados

elaboradas.

NSC Analisar, com base nos subsídios da NEA, o progresso de todos os subprojetos e

atividades de capacitação, comparando-os com os indicadores.

Divulgar as lições aprendidas com o propósito de aplicá-las ao desenho e à

implementação de futuros projetos.

Unidade de

Coordenação

BIP

Desenvolver e implementar o sistema de monitoramento do BIP e coordenar as

atividades entre projetos, DGM e setor privado ao longo da fase de implementação.

Preparar os relatórios de progresso do BIP, que trará informações-chave sobre o

Projeto.

GEA Coletar, atualizar e agregar dados brutos sobre o componente global (p.ex., número de

apresentações sobre resultados) e encaminhar esses relatórios semestralmente à GEA.

Coletar, atualizar e agregar dados sobre subprojetos e atividades realizados no âmbito

do componente nacional encaminhado à NEA, e apresentar semestralmente os

relatórios correspondentes à GEA.

GSC Analisar o progresso em relação aos objetivos de desenvolvimento feito por todos os

subprojetos e atividades financiados com recursos do DGM, comparando com os

indicadores baseados nos subsídios da NEA.

Divulgar as lições aprendidas com o propósito de aplicá-las ao desenho e

implementação de futuros projetos.

Equipe do

Projeto -

Banco

Mundial

Apoiar tecnicamente a NEA na definição, medição e apresentação dos relatórios de

resultados, garantir a qualidade dos dados e revisar as apresentações de resultados

elaboradas.

Análise da avaliação do sucesso dos subprojetos feita pela NEA.

Líder da

Equipe de

Projeto -

Banco

Mundial

Apoiar tecnicamente a GEA na definição, medição e apresentação dos relatórios de

resultados e garantir a qualidade dos dados.

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Anexo 4: Matriz de Avaliação de Riscos Operacionais (ORAF)

Matriz de Avaliação de Riscos Operacionais (ORAF)

Brasil: Mecanismo de Doação Dedicado para Povos Indígenas - Brasil (P143492)

Riscos relacionados aos atores envolvidos no Projeto

Riscos relacionados aos atores Classificação Considerável

Descrição do risco:

Competir entre si por recursos pode gerar disputas

entre os atores envolvidos. Alguns povos indígenas e

comunidades tradicionais locais poderiam propor

mudar o foco do projeto para a Amazônia, a Mata

Atlântica ou outros biomas. É possível que alguns

PICTs fiquem impossibilitados de participar no

Projeto em razão dos critérios de elegibilidade do

DGM e de seu foco no bioma Cerrado. Os PICTs

mais carentes e mais vulneráveis podem não ter

acesso a financiamento possivelmente devido a

deficiências em termos de habilidades de se

comunicarem em Português e de desenvolvimento de

propostas.

As questões relacionadas aos povos indígenas são

politicamente sensíveis. Isso poderá afetar a

colaboração entre o Banco Mundial e os governos

dos países-piloto.

Receber apoio do governo também terá importância

crítica por diversos motivos, entre eles para assegurar

(i) a legitimidade do Projeto dentro do país; (ii) o

potencial de replicabilidade e de impactos

transformadores; e (iii) o fortalecimento do ambiente

que irá permitir maior engajamento e participação,

protagonismo e voz dos PICTs nas instâncias de

tomada de decisão REDD+/mudanças climáticas em

nível local e nacional, durante e após a

implementação do Projeto.

Gerenciamento do risco:

O Projeto foi desenvolvido por meio de um amplo processo de elaboração conjunta com

povos indígenas e comunidades tradicionais (PICTs). Sua implementação incluirá um

componente nacional de capacitação e de fortalecimento institucional que deverá aumentar

a capacidade dos PICTs para acessar outros fundos/programas relacionados ao REDD+ e

mudanças climáticas já em operação.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos Em curso Ambos CONTÍNUO

Gerenciamento do risco:

O projeto conduzirá estratégias de comunicação inicialmente dirigidas a facilitar a

autosseleção dos grupos beneficiários. Priorizar a inclusão dos mais vulneráveis nas

atividades previstas no Componente 2 aumentará suas oportunidades de participação.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos Em curso Ambos CONTÍNUO

Gerenciamento do risco:

O Governo Brasileiro tem apoiado intensamente e se envolvido plenamente na elaboração

do Projeto (através dos ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e da FUNAI). O

Governo Brasileiro estará representado no NSC. O Banco Mundial manterá diálogos de

alto nível com as contrapartes do Governo no programa.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos Em curso Ambos CONTÍNUO

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Riscos relacionados à agência executora (inclusive riscos fiduciários)

Capacidade Classificação Moderado

Descrição do Risco: Gerenciamento do risco:

Possível falta de familiaridade da Agência Executora

Nacional com os procedimentos do Banco Mundial

(fiduciário, aquisições e salvaguardas) ou de

capacidade para oferecer assistência técnica em todas

as áreas requeridas pelos PICTs.

Baixo nível de capacidade dos beneficiários das

subdoações em termos de gestão fiduciária, de

aquisições e de salvaguardas.

O Projeto será implementado por meio de uma organização não-governamental sem fins

lucrativos que atende às exigências programáticas, fiduciárias e de salvaguarda do Banco

Mundial, o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM). O CAA/NM

foi selecionado segundo critérios transparentes e acordados com os principais atores

envolvidos (povos indígenas, comunidades tradicionais, Governo Brasileiro, etc.). A

avaliação fiduciária do CAA/NM confirmou que a entidade dispõe da capacidade

necessária para determinar se as transações “descendentes” (sujeitas à aprovação do NSC)

estão em conformidade com as políticas e procedimentos do Banco. De acordo com essa

avaliação fiduciária, a entidade é capaz de atender às exigências de salvaguarda, compras e

gestão financeira do Banco Mundial. Durante o primeiro ano de implementação do

Projeto, será executado um plano de aprimoramento de capacidades focado em assuntos

fiduciários com o propósito de aumentar a capacidade fiduciária do CAA/NM. O

CAA/NM e o Banco assinarão um acordo de financiamento, atendendo às diretrizes

globais do DGM, para evitar os atrasos que ocorrem quando se trabalha com o governo. O

risco de pequena capacidade das comunidades beneficiadas será reduzido, já que o

CAA/NM centralizará todos os aspectos fiduciários da implementação das subdoações.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos Em curso Ambos Anual

Governança Classificação Considerável

Descrição do Risco:

O número, a diversidade, a dispersão geográfica dos

PICTs e a localização remota das atividades de

pequena escala previstas no Componente 2 poderão

significar dificuldades para realizar uma supervisão

adequada da execução do projeto.

Membros do NSC poderão representar uma elite e

serem beneficiados por favoritismos, provocando

Gerenciamento do risco:

Com a implementação sendo conduzida por uma ONG capaz de cumprir com os

procedimentos e diretrizes do Banco será evitada a possibilidade de fraude e corrupção, o

que facilitará o monitoramento e a supervisão das atividades.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos No prazo IMPLEMENTAÇÃO Semestral

Gerenciamento do risco:

Os integrantes que compuseram o primeiro mandato do NSC foram indicados por

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conflitos de interesse na seleção de beneficiários que

não sejam representativos do grupo-alvo.

autosseleção, o que assegurou que a representação não fosse capturada por uma elite. A

composição do NSC mudará a cada dois anos; para assumir o cargo, os novos membros

terão que declarar suas filiações. O CAA/NM prestará apoio ao NSC na elaboração de

regras apropriadas para renovação de seus membros.

O Manual Operacional especificará regras para a seleção das subdoações e dos

procedimentos do processo de seleção. O CAA/NM manterá registros das reuniões do

NSC, das quais também participarão, além dos seus integrantes, alguns observadores

ativos. Mecanismos de responsabilidade social e de apresentação e resposta

a queixas poderão ser utilizados para garantir uma maior transparência.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos No prazo IMPLEMENTAÇÃO Semestral

Gerenciamento do risco:

Por meio de monitoramento contínuo da governança e contra fraudes e corrupção e através

da incorporação de lições de outros programas do Banco implementados em nível local e

nacional.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Banco Em curso Ambos CONTÍNUO

Riscos relativos ao Projeto

Elaboração do Projeto Classificação Considerável

Descrição do Risco:

O número, a diversidade e a dispersão geográfica dos

PICTs poderá representar um desafio à

implementação do DGM Brasil. Durante a

preparação do Projeto, diversidade e dispersão

poderão ser um desafio para reunir os PICTs e

realizar as consultas que estes considerem

amplamente representativas. Durante a

implementação, a dispersão poderá dificultar: (i) a

participação dos PICTs devido à falta de informação

e de acesso a atividades do projeto; (ii) a execução

Gerenciamento do risco:

Durante a preparação, foram contratados dois consultores qualificados com experiência

em elaboração de projetos e de trabalho com PICTs, para organizar, realizar e moderar as

oficinas de consulta. Foram planejadas oficinas regionais para facilitar o acesso dos PICTs

que vivem em locais remotos; contato com participantes em potencial (indicados pelas

organizações representativas dos PICTs) foram feitos com suficiente antecedência às datas

de realização das oficinas; e foi oferecido apoio financeiro para viagens. Órgãos-chave do

governo (o Ministério do Meio Ambiente e a FUNAI) estiveram fortemente engajados no

processo participativo de elaboração do projeto e envolvidos com a organização das

oficinas programadas.

Durante a fase de implementação, as regras de funcionamento do NSC garantirão a

rotatividade periódica dos seus membros e uma composição geográfica e étnica ampla. A

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das subdoações, atrasando os desembolsos; e (iii) a

supervisão das atividades pela agência

implementadora.

composição adotará uma perspectiva de gênero.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos Em curso Ambos CONTÍNUO

Gerenciamento do risco:

Durante a implementação, campanhas de comunicação contribuirão para a ampla

disseminação das informações e para chegar até os PICTs mais vulneráveis e nas áreas

mais remotas. Atividades de capacitação e treinamento realizadas no local, além de

assistência técnica dirigida às comunidades beneficiadas, contribuirão para fortalecer sua

capacidade de compras e gestão financeira. O projeto adotará arranjos institucionais

simplificados que tenham se mostrado eficazes em operações anteriores semelhantes.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos No prazo IMPLEMENTAÇÃO CONTÍNUO

Sociais e ambientais Classificação Moderado

Descrição do Risco:

O Projeto deverá financiar atividades que tenham um

impacto positivo líquido em relação ao meio

ambiente, principalmente em florestas e habitats

naturais. Considerando que algumas dessas

atividades serão realizadas em ambientes frágeis,

deveriam ser monitoradas rigorsamente, para

assegurar que não acarretem riscos futuros em

relação às políticas de salvaguarda.

A participação dos PICTs no programa poderá ver-se

afetada por sua fraca representação no Conselho

Gestor Nacional, e os mais pobres, menos

organizados e mais vulneráveis dentre os PICTs

podem vir a não ter acesso a recursos da doação,

possivelmente devido a deficiências na capacidade de

comunicação e de elaboração de propostas.

Gerenciamento do risco:

O DGM Global teve sua Estrutura Programática de Gestão Socioambiental (P-ESMF)

elaborada e adaptada aos aspectos específicos do país em um Marco de Gestão

Socioambiental específico (MGSA), conforme acordado entre a equipe de projeto e a

Equipe Regional de Assessoria em Salvaguardas, durante sua elaboração. O MGSA define

normas e critérios para a aprovação das subdoações a fim de assegurar sua

compatibilidade com as políticas ambientais e sociais do Banco. A equipe do CAA/NM

receberá treinamento sobre ferramentas e procedimentos de análise ambiental/social

durante o primeiro ano de implementação, conforme necessário.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos Em curso Ambos CONTÍNUO

Gerenciamento do risco:

O Projeto assegurará que o NSC tenha uma ampla representatividade, inclusive de PICTs,

que seja funcional e que esteja adequadamente apoiado, inclusive por recursos

orçamentários. O Projeto estabelecerá princípios de transparência e responsabilidade

apropriados nos processos de tomada de decisão do NSC e enfatizará um diálogo

estratégico e sólidos processos consultivos, participativos e transparentes. O projeto

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conduzirá estratégias de comunicação inicialmente direcionadas a facilitar a autosseleção

dos grupos beneficiários. Priorizar a inclusão dos mais vulneráveis nas atividades previstas

no Componente 1 aumentará suas oportunidades de participação.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos No prazo IMPLEMENTAÇÃO CONTÍNUO

Programa e Doador Classificação Baixo

Descrição do Risco: Gerenciamento do risco:

Os países que contribuem para o subcomitê do FIP

apoiam o DGM. Portanto, não são esperados riscos

neste sentido.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Monitoramento da efetivação dos resultados e

sustentabilidade Classificação Considerável

Descrição do Risco: Gerenciamento do risco:

A localização dispersa e remota das atividades pode

reultar na fragilidade e baixo impacto de sua

implementação. Eventuais atrasos podem ser

resultado da incapacidade dos beneficiários de

atenderem a normas fiduciárias, ou de demora na

tomada de decisão pelo Conselho Gestor Nacional.

Considerando que o presente projeto lidará com

subprojetos em locais remotos e que envolvem um

grande número de pequenas transações, espera-se que

certos desafios tenham de ser enfrentados, alguns dos

quais já foram identificados como riscos de

implementação. Por esse motivo, o presente risco foi

classificado como sendo substancial.

O CAA/NM será responsável pela supervisão, monitoramento e avaliação das atividades

comunitárias. As comunidades beneficiárias receberão treinamento no local para aumentar

suas capacidades gerenciais. Missões locais de supervisão do Banco também serão

realizadas rotineiramente.

Resp.: Situação: Fase: Recorrente: Prazo: Frequência:

Ambos No prazo IMPLEMENTAÇÃO Semestral

Risco global

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Risco global: Classificação Considerável

Descrição do Risco:

Considerando os arranjos de concepção e implementação, o nível de risco foi classificado como substancial em razão da baixa capacidade

fiduciária de muitas organizações comunitárias, da sua dispersão regional e dos setores sensíveis e indivíduos vulneráveis envolvidos nesta

operação.

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Anexo 5: Plano de Apoio à Implementação do Projeto

BRASIL: Mecanismo de Doação Dedicado para Povos Indígenas

A. Estratégia e abordagem de apoio à implementação

1. A estratégia de apoio à implementação proposta foi desenvolvida com base no desenho

do Projeto e nas medidas que se farão necessárias na fase de implementação. A estratégia

proposta continua sendo uma ferramenta flexível e aberta a modificações, capaz de atender à

evolução das necessidades da Agência Executora Nacional (NEA) durante a supervisão do

projeto.

2. A estratégia de apoio à implementação prevê (i) aproveitar o conhecimento e a

experiência que a NEA já possui e (ii) contribuir para um maior fortalecimento das capacidades

da NEA ao longo do Projeto. Familiaridade com aspectos fiduciários, de aquisição e de políticas

de salvaguarda do Banco Mundial e de outras agências multilaterais foram os principais critérios

de seleção da NEA.

3. Implementação global. O gerenciamento do projeto será centralizado na NEA. A

centralização da implementação em uma única entidade dotada de pessoal com as habilidades

adequadas tem se mostrado uma boa prática em outras operações no Brasil. A NEA selecionada

para o projeto proposto mediante processo competitivo é uma organização não-governamental

sem fins lucrativos dotada de especialistas adequados nas áreas de aquisição, gestão financeira e

salvaguardas.

4. A equipe da NEA participará de outras ações de formação durante a implementação,

tanto por meio de treinamento contínuo no trabalho, durante as missões de supervisão semestrais

do Banco, como por meio de participação em cursos de formação específicos, nas áreas de

contratos, gestão financeira e salvaguardas que o Banco poderá oferecer no Brasil.

5. Técnicos. Com base nas melhores práticas nacionais e internacionais conhecidas, os

especialistas em meios de subsistência de PICTs, em florestas e gestão ambiental, em mudanças

climáticas e em estratégias de comunicação poderão ter que: (i) prestar assistência no desenho

das atividades previstas, por exemplo, na preparação dos editais para apresentação de propostas

para ambas as janelas de financiamento e na avaliação dos planos de trabalho em formação e

assistência técnica (subcomponentes 1A e 1B), bem como na preparação de Termos de

Referência (TdR) para as atividades de capacitação previstas no Componente 2 e as estratégias

de comunicação e divulgação do Componente 3; (ii) participar do apoio à implementação do

projeto e das visitas de campo para análise de progresso; e (iii) trabalhar conjuntamente com a

NEA e o NSC nas áreas de transferência de conhecimentos e orientação.

6. Salvaguardas ambientais e sociais. Um dos critérios empregados na seleção

competitiva da NEA foi o grau de familiaridade com as políticas de salvaguarda ambiental e

social do Banco Mundial e de outros organismos multilaterais. O DGM Global teve sua Estrutura

Programática de Gestão Socioambiental (P-ESMF) elaborada e adaptada aos aspectos específicos

do país em um Marco de Gestão Socioambiental específico (MGSA), que compreende um

levantamento dos impactos potencialmente positivos e negativos das atividades elegíveis, define

algumas ações de prevenção e mitigação e lida com algumas características e procedimentos

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operacionais específicos ao país aplicáveis à seleção, avaliação, mitigação e monitoramento de

impactos ambientais e sociais.

7. Aquisições. Um dos requisitos previstos no processo de seleção da NEA era possuir

conhecimento sobre as diretrizes de aquisição do Banco Mundial e de outras agências

multilaterais, requisito este que a NEA selecionada demonstrou ter adquirido com a

Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO). Caberá à NEA

preparar, avaliar e apresentar os principais documentos necessários para os processos de

aquisição. A equipe do Banco fornecerá apoio adicional para a revisão desses documentos de

modo a garantir que (i) os processos sejam realizados em conformidade com os

procedimentos acordados e (ii) que estejam sendo usados os modelos do Banco.

8. Gestão financeira (GF). Embora um dos requisitos do processo de seleção da NEA fosse

ter experiência com os requisitos de GF do Banco Mundial e de outros organismos multilaterais,

a equipe do Banco continuará oferecendo à NEA treinamento complementar nessa área. O

sistema de gestão financeira do projeto será analisado em missões de supervisão, que analisarão,

entre outras, as áreas de contabilidade, elaboração de relatórios e controles internos.

B. Plano de Apoio à Implementação do Projeto

9. Considerando o desenho do projeto, o nível de apoio técnico necessário para sua

implementação é considerado alto tanto do ponto de vista técnico como fiduciário e moderado do

ponto de vista ambiental e social. A equipe do Banco conduzirá missões de supervisão, revisões

de documentos e visitas de campo semestrais para acompanhar a implementação do projeto, as

quais contarão com o apoio de especialistas nas áreas de GF, aquisições, questões sociais e meio

ambiente, bem como de peritos técnicos. O apoio proposto referente ao Banco contempla:

Técnicos. Considerando que uma adequada assistência técnica à NEA poderá requerer a

realização de avaliações apropriadas das atividades e resultados do projeto e a prestação

de orientações sobre o processo de planejamento dinâmico de atividades previsto, durante

a implementação do projeto poderão ser contratados, para prestar assistência,

especialistas nas áreas de florestas e adaptação às mudanças climáticas; desenvolvimento

induzido pela comunidade (CDD) e adaptação comunitária (CBA); meios de vida dos

PICTs e avaliações de vulnerabilidade; estratégias de comunicação, divulgação e

compartilhamento de conhecimentos.

Requisitos fiduciários e insumos. Os especialistas em GF e aquisições realizarão

anualmente uma revisão da NEA. Tais revisões compreenderão a verificação da

conformidade da agência como os processos de aquisições e GF acordados, a

identificação de lacunas na sua capacidade, como deficiências em termos de recursos

humanos, e a avaliação da adequação dos arranjos e sistemas de documentação e

manutenção de registros. Os especialistas em GF e aquisições do Banco oferecerão

treinamento durante a preparação e implementação do projeto.

Salvaguardas ambientais e sociais. Especialistas ambientais e sociais monitorarão e

avaliarão a eficácia da implementação do marco de gestão social e ambiental acordado. O

Banco disponibilizará apoio contínuo quando a NEA e o NSC identifiquem haver

necessidade ou o requeiram.

10. O apoio à implementação se centrará nas áreas resumidas abaixo.

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83

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Quando Foco Competências

necessárias

Estimativa

recursos

(SW/ano)

1-12

meses

Apoio, treinamento e revisão de

processos na área de implementação de

aquisições

Especialista em

Aquisições

4 SW

Apoio, treinamento, revisão em campo e

análise de auditorias na implementação

da GF

Especialista em GF 4 SW

Apoio à implementação e observância às

políticas de salvaguarda

Especialista em meio

ambiente Especialista em

Questões Sociais

3 SW

3 SW

Apoio de peritos técnicos, quando

requerido

Diversas 8 SW

Gerenciamento de projetos, apoio à

implementação, supervisão

Líder da equipe de

projeto

Analista de Operações

8 SW

12 SW

13-60

meses

Revisão de aquisições e processos Especialista em

Aquisições

2 SW

Revisão da GF em campo e análise de

auditorias

Especialista em GF 3 SW

Apoio à implementação e aderência às

políticas de salvaguarda

Especialista em meio

ambiente Especialista em

Questões Sociais

2 SW

2 SW

Apoio de peritos técnicos, quando

requerido

Qualificações variadas 6 SW

Gerenciamento de projetos, apoio à

implementação, supervisão

Líder da Equipe de

Projeto

Analista de Operações

8 SW

12 SW

*Obs.: SW = Funcionário/semana(s)

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85

Anexo 6: Análise Econômica/Financeira e de Cobenefícios42

BRASIL: Mecanismo de Doação Dedicado para Povos Indígenas

1. Análise da Estratégia do Projeto

1. A estratégia do projeto foi concebida especificamente com o intuito de maximizar sua

sustentabilidade e eficiência. Para esse fim, o projeto investirá em atividades que combinem da

melhor maneira possível os benefícios imediatos e de longo prazo, baseadas na adoção de opções

no-regrets para as atividades comunitárias escolhidas pelos PICTs. De acordo com a literatura do

IPCC,43

as opções no regrets são aquelas opções de redução de emissões GEE que têm custos

negativos líquidos, uma vez que produzem efeitos diretos ou indiretos grandes o suficiente para

compensar os custos de implementação das opções. Via de regra, os custos e benefícios incluídos

na avaliação são todos impactos internos e externos das opções. As opções no regrets são

medidas adaptativas efetivamente benéficas (i.e., que produzem benefícios socioeconômicos

líquidos), independentemente da extensão das mudanças climáticas futuras. Em outras palavras,

podem ser justificadas do ponto de vista socioeconômico e ambiental, ocorrendo ou não eventos

naturais com riscos ou mudanças climáticas. Assim, o foco em opções no-regrets é

particularmente adequado para corrigir falhas de mercado, institucionais, governamentais e nas

políticas públicas no curto prazo, por terem uma probabilidade maior de serem implementadas e

produzirem benefícios óbvios e imediatos que exigem pouca ou nenhuma compensação. Tais

opções contribuem para o bem-estar e são capazes de gerar experiências que podem subsidiar o

desenvolvimento de outras formas de avaliar riscos climáticos e medidas de adequação.

1.1 Situação atual do Projeto e resultados esperados do presente relatório

2. Na situação em que se encontra atualmente, o Projeto ainda não se encontra plenamente

implementado, motivo pelo qual ainda não se sabe ao certo que ações serão realizadas. Como

não é possível identificar ações específicas para o DGM neste momento, uma vez que só surgirão

após todas as consultas terem sido realizadas, não é seguro fazer qualquer tipo de análise robusta

por enquanto, sobretudo devido à grande quantidade de suposições que deveriam ser feitas, o que

daria lugar a um cenário não muito confiável, com poucos ou nenhum resultado significativo.

3. Considerando tais limitações, o presente relatório apresenta as opções de adaptação

relacionadas às mudanças climáticas centrando sua atenção nas opções no regrets, por serem

estas o principal tipo de ação a ser implementada no presente Projeto.

1.2 Quais são as principais opções de adaptação?

4. De acordo com a Plataforma Europeia de Adaptação Climática e com o Programa de

Impactos Climáticos do Reino Unido, há diversos tipos de opções à disposição dos tomadores de

decisão no contexto da adaptação às mudanças climáticas. Em geral, a ação ou conjunto de ações

mais apropriado depende do contexto em questão, da sensibilidade de uma determinada ação a

mudanças no clima e da natureza do risco sendo assumido. As principais opções são:

42

Baseado no relatório: Economic/financial and cobenefits analysis, and mitigation potential analysis of the Project:

Dedicated Grant Mechanism for Indigenous Peoples. Consultant: Magno Botelho Castelo Branco, 2014. 43

http://www.ipcc.ch/ipccreports/tar/wg3/index.php?idp=292.

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a) Opções de gestão flexíveis ou adaptativas

b) Opções “Win-win”;

c) Opções “High-regret”;

d) Opções “Low-regrets”;

e) Opções “No-regrets”.

1.2.1 Opções de gestão flexíveis ou adaptativas

5. São opções que envolvem a implementação de opções incrementais de adaptação, em vez

da realização de uma adaptação de larga escala em uma única grande etapa. Esta abordagem

reduz os riscos associados a erros, porque permite uma adaptação gradativa ao longo do tempo.

São introduzidas medidas com base na avaliação daquilo que faz sentido hoje, mas que são

elaboradas de forma a permitir alterações incrementais futuras, à medida que evoluem o

conhecimento, a experiência e a tecnologia.

1.2.2 Opções “Win-Win”

6. São opções de adaptação cujos resultados desejados se dão em termos da minimização de

riscos climáticos ou do aproveitamento de oportunidades potenciais, mas que também geram

outros benefícios sociais, ambientais ou econômicos. No contexto das mudanças climáticas, as

opções win-win estão frequentemente associadas àquelas medidas ou atividades relativas a

impactos climáticos, mas que também contribuem para a mitigação ou para outros objetivos

sociais ou ambientais. Em outras palavras, constituem medidas de adaptação que seriam

justificáveis mesmo na ausência de mudanças climáticas.

1.2.3 Opções de adaptação “High-regret”

7. São opções que envolvem decisões sobre o planejamento em larga escala e de

investimentos com um alto grau de irreversibilidade. Em razão das consideráveis consequências

em jogo, dos significativos custos de investimento e da natureza de longo prazo da infraestrutura,

as incertezas nas previsões climáticas futuras desempenham um papel crucial na tomada de

decisões a respeito de se implementar ou não medidas de adaptação high-regret.

1.2.4 Opções de adaptação “low-regret”

8. As opções de adaptação low-regret são aquelas em que níveis moderados de investimento

aumentam a capacidade de enfrentamento de riscos climáticos futuros. Tipicamente envolvem a

especificação dos componentes de uma obra futura ou de projetos de reforma. Como exemplo, a

instalação de tubulação de drenagem de maior diâmetro durante a construção ou reforma seria

relativamente a opção de menor custo em comparação a ter de aumentar as especificações

posteriormente devido a um aumento no escoamento pluvial. Uma outra definição é que as

opções low-regrets são medidas adaptativas para as quais os custos associados são relativamente

baixos, e cujos benefícios, embora sejam especificamente realizadas de acordo com projeções de

mudanças climáticas futuras, podem ser relativamente grandes.

1.2.5 Opções No-regrets

9. De acordo com a literatura do IPCC,44

as opções no-regrets são aquelas opções de

redução de emissões de GEE que têm custos negativos líquidos porque produzem efeitos diretos

44

http://www.ipcc.ch/ipccreports/tar/wg3/index.php?idp=292

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ou indiretos grandes o suficiente para compensar os custos de implementação das opções. Via de

regra, os custos e benefícios incluídos na avaliação são todos impactos internos e externos das

opções.

10. Essa definição, que está associada às opções de mitigação, também pode ser estendida às

opções de adaptação. Os custos externos surgem quando os mercados não conseguem estabelecer

uma ligação entre aqueles que criam a externalidade e aqueles que são afetados por elas; em

termos mais gerais, quando os direitos de propriedade dos recursos relevantes não estão bem

definidos. Esses custos externos podem estar relacionados a impactos ambientais colaterais ou a

distorções nos mercados de trabalho, terra, recursos energéticos e diversas outras áreas. Por

convenção, nas avaliações de custos de adaptação os benefícios não incluem os impactos

associados a danos causados por mudanças no clima.

11. A partir de uma perspectiva mais ampla, as opções de adaptação no-regrets incluem

ações que geram benefícios indistintamente dos cenários futuros sobre clima ou emissão de

gases. Em termos mais específicos, são medidas de adaptação baseadas no ecossistema que

geram sinergias entre a mitigação das mudanças climáticas, a adaptação e a proteção de serviços

cruciais para o ecossistema. Por exemplo, investimentos na preservação ou em manejo florestal

sustentável ajudam a mitigar as mudanças climáticas, pois evitariam desmatamento

desnecessário. Ao mesmo tempo, as opções no-regrets ajudam a reduzir os impactos de eventos

climáticos como inundações e deslizamentos de terra, pois contribuiriam para controlar o

escoamento de águas superficiais.

12. Nesse contexto, as opções no-regrets são medidas adaptativas efetivamente benéficas

(i.e., que produzem benefícios socioeconômicos líquidos), independentemente da extensão das

mudanças climáticas futuras. Em outras palavras, podem ser justificadas do ponto de vista

socioeconômico e ambiental, ocorrendo ou não eventos naturais de risco ou mudanças no clima.

13. Além disso, o foco em opções no-regrets é particularmente adequado para corrigir falhas

de mercado, institucionais, governamentais e nas políticas públicas no curto prazo, por terem

uma probabilidade maior de serem implementadas e produzirem benefícios óbvios e imediatos

que exigem pouca ou nenhuma compensação. Tais opções contribuem para o bem-estar e são

capazes de gerar experiências que podem subsidiar o desenvolvimento de outras formas de

avaliar riscos climáticos e medidas de adequação.

14. As opções no-regrets diferem das opções win-win. As opções no-regrets sempre

compensam, mesmo na ausência de impactos de mudanças climáticas, ao passo que as opções

win-win são sempre avaliadas segunda a premissa de que impactos climáticos irão ocorrer.

1.2.5.1 As opções no-regrets no presente Projeto

15. Neste Projeto, diversas atividades irão tratar das falhas de mercado, institucionais,

governamentais e nas políticas públicas no curto prazo. Embora tais atividades não estejam

plenamente desenvolvidas porque o processo de consulta ainda está em andamento, algumas têm

uma probabilidade maior de serem executadas, como:

Diversificação de fontes de renda ligadas às áreas rurais;

Melhoria da segurança alimentar e da qualidade dos produtos alimentícios disponíveis

para a comunidade;

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Aumento da produção, agregação de valor e comercialização de produtos agrícolas,

pastoris, artesanais e florestais extrativos não madeireiros;

Levantamento das espécies da flora e fauna nativas e promoção da produção de mudas

visando a manutenção das espécies/variedades nativas ameaçadas;

Promoção de sistemas agroecológicos e agroflorestais através da aplicação de

conhecimentos indígenas e tradicionais e de novas tecnologias;

Recuperação de áreas degradadas e proteção de nascentes;

Desenvolvimento de planos de combate a incêndio;

Promoção de atividades de subsistência e resiliência relacionadas ao mecanismo REDD+;

Construção de infraestrutura local de pequeno porte para aumentar a segurança hídrica.

2. Análise de Custo-Benefício

16. Em função da natureza orientada pela demanda do Componente 1, o projeto proposto

visará atender às demandas explícitas da sua população-alvo com base na natureza das propostas

a serem consideradas e que possam vir a ser apoiadas. Os investimentos do projeto ainda não

foram definidos, o que impossibilita a realização de qualquer avaliação robusta no presente

momento. Uma análise custo-benefício ex-ante do Projeto como um todo não se justifica,

sobretudo porque implicaria muitas suposições, o que resultaria em um cenário não muito

confiável, com poucos ou nenhum resultado significativo. Entretanto, o banco possui experiência

relevante adquirida em projetos orientados pela demanda com comunidades rurais tradicionais e

não tradicionais rurais no Brasil, em que o cálculo dos valores presentes líquidos (VPL) e das

taxas internas de retorno (TIR) provaram ser precisos e os rendimentos líquidos respectivamente

altos.

17. Nesse sentido, uma avaliação ex-ante mais conservadora do custo-benefício dos

investimentos realizados no âmbito do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Estado do

Acre (P130592) de melhoramento da produção em áreas rurais, mostrou que: (i) os resultados da

análise financeira foram robustos e a TIR média-alta; e (ii) os resultados obtidos mediante

análise econômica feita em um cenário base que supõe uma taxa de sucesso de projeto de 50%

também foram significativos e robustos em termos do valor presente líquido esperado (VPL-E) e

da taxa interna de retorno econômico (TIR-E). Esse cenário mostrou ser muito robusto quando

testado contra os principais fatores de risco do Projeto.45

Esta operação pode ser tomada com

exemplo porque seus principais investimentos são a formulação dos Planos de Desenvolvimento

Comunitário (PDCs) e dos Planos de Gestão de Terras Indígenas (PGTI) e o apoio relacionado

aos subprojetos de investimento incentivados pela comunidade. Resultados semelhantes foram

obtidos nas análises financeira e econômica de diversas outras operações em áreas do semiárido

brasileiro, com foco em pequenos agricultores familiares (tendo, inclusive, PICTs entre os

beneficiários). Tais operações incluem: Projeto Integrado de Desenvolvimento Rural do Estado

da Bahia (P093787), o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável do Estado da Bahia

(P147157), Projeto Ceará Rural: Desenvolvimento Sustentável e Competitividade (P121167),

45

A análise se baseia em modelos financeiros para os seis tipos de atividade, que representam 84% dos

investimentos nos subprojetos comunitários ao longo do projeto principal: agricultura sustentável, debulhadoras de

grãos, escoamento da produção, centros de processamento de mandioca, melhores instalações de armazenagem,

produção de aves.

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Projeto de Inclusão Econômica Rural em Pernambuco (P120139), o Projeto de Redução da

Pobreza Rural II da Paraíba (P104752) e o Projeto Conservação e Gestão Sustentável do Bioma

Caatinga (P070867). Com base nessas experiências anteriores, espera-se que o Projeto gere

resultados positivos em termos de relação custo-eficácia, que serão monitorados durante toda sua

implementação.

3. Análise de cobenefícios

18. As análises dos cobenefícios relacionados ao meio ambiente, nomeadamente para

mudanças climáticas, em geral consideram somente as políticas e ações relativamente mais

efetivas em termos de custo. Portanto, os cobenefícios são raramente considerados na elaboração

e implementação dessas políticas, pouco influindo no processo de tomada de decisão.

19. Em termos estritamente econômicos, as análises de cobenefícios requerem tanto uma

quantificação negativa como positiva daquilo que as pessoas valorizam. Esses valores são depois

monetizados utilizando uma moeda comum, de maneira que se possa fazer uma comparação

direta entre os benefícios. Entretanto, embora a técnica seja útil para comparar e quantificar os

efeitos positivos e negativos das políticas, nem todos os impactos podem ser quantificados e

monetizados.

20. Considerando essas limitações, somente são avaliados os aspectos qualitativos dos

cobenefícios gerados pelo Projeto.

3.1 Principais Cobenefícios

21. Os principais cobenefícios gerados pelo Projeto são os seguintes:

a. Ambientais:

i. Preservação de maior biodiversidade e aumento dos fluxos genéticos nas áreas

de florestas situadas em terras indígenas e comunidades tradicionais;

ii. Proteção do solo e dos recursos hídricos por meio de sistemas aprimorados e

sustentáveis de uso do solo e das florestas;

iii. Proteção das cabeceiras dos rios que formam o Pantanal e que estão

localizadas no Cerrado do Planalto Central;

iv. Remoção de quantidades significativas de CO2 da atmosfera graças ao

desmatamento evitado, à recuperação da floresta nativa, etc.

b. Socioeconômicos:

i. Menor vulnerabilidade dos PICTs e de suas fontes de renda tradicionais de

baixo impacto às ameaças de origem antrópica e climática;

ii. Maiores benefícios monetários e não monetários para usuários da floresta

graças à diversificação de fontes de renda e a sistemas de manejo florestal

sustentável e de uso do solo;

iii. Melhoria da capacidade adaptativa dos PICTs.

c. Institucionais:

i. Fortalecimento das organizações representativas dos PICTs;

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ii. Maior engajamento e participação, protagonismo e voz dos PICTs nas

instâncias de tomada de decisão no âmbito do REDD+/mudanças climáticas

em nível local, nacional e mundial;

iii. Parcerias fortalecidas entre organizações representativas e redes de PICTs.