do sistema nervoso à mediunidade ary lex

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1 DO SISTEMA NERVOSO À MEDIUNIDADE ARY ALEX O SISTEMA NERVOSO GLÂNDULAS ENDÓCRINAS PERISPÍRITO – O TRANSE ANIMISMO – AS MISTIFICAÇÕES MEDIUNIDADE OS FLUIDOS – OS PASSES AS OPERAÇÕES ESPIRITUAIS FESP – FEDERAÇÃO ESPIRITA DE SÃO PAULO

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Tudo o que acontece no corpo quando o medium está trabalhando

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    DO SISTEMA NERVOSO MEDIUNIDADE

    ARY ALEX

    O SISTEMA NERVOSO GLNDULAS ENDCRINAS

    PERISPRITO O TRANSE

    ANIMISMO AS MISTIFICAES MEDIUNIDADE

    OS FLUIDOS OS PASSES

    AS OPERAES ESPIRITUAIS

    FESP FEDERAO ESPIRITA DE SO PAULO

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    DO SISTEMA NERVOSO MEDIUNIDADE

    PREFCIO

    O movimento esprita muito deve ao dr. Ary Lex, que h mais de 40 anos vem realizando um trabalho ingente de preservao da pureza doutrinria. Trabalhador de primeira hora, figura aus-tera, dedicada e de grande inteligncia, fez um trabalho, como ele prprio afirma, de arrancar os tocos da gleba para que outros expositores pudessem arrotear e plantar as sementes do ensino dos Espritos e do Evangelho de Jesus. Ele prprio, embora pos-suidor do dom da oratria fcil, preferiu ficar com a rdua tarefa, muitas vezes antiptica do crtico, do policiador que fala apon-tando erros doutrinrios e abrindo os olhos do entendimento aos espritas ainda presos s prticas exteriores, dogmas e fantasias.

    Deste difcil trabalho, dr. Ary Lex editou o seu primeiro livro espirita "Pureza Doutrinria", que sem sombra de dvida uma obra necessria e de imprescindvel estudo e reflexo. Obra edi-tada pela Edies FEESP, da Federao Esprita do Estado de So Paulo, livro de estudo obrigatrio na sua rea de Ensino, no curso de Expositores e recomendada para todos os Centros Esp-ritas.

    No campo profissional, dr. Ary Lex mdico cirurgio. Foi di-retor do Centro Cirrgico do Hospital das Clnicas, de 1946 a 1978, diretor dos Ambulatrios, de 1980 a 1983 e Diretor execu-tivo do instituto Central das Clnicas, de 1983 a 1985, cargo no qual se aposentou. E autor do livro 'Biologia Educacional", edita-do pela Cia. Editora Nacional, com mais de 20 edies, autor do livro "Hrnias, usado nas faculdades de Medicina.

    Com a autoridade de professor titular de Biologia Educacio-nal, Biologia II e Neuro-fsico-anatomia e expositor, pesquisa-dor, estudioso da Doutrina Esprita que o dr. Ary Lex traz a lu-me esta magnfica obra "Do Sistema Nervoso a Mediunidade", resultado do seu profcuo trabalho.

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    Partindo da premissa de que o Esprito o agente respons-vel por toda vida mental e que dele partem o comando e o con-trole do corpo biolgico, o autor estabelece a ponte de unio com a mediunidade atravs do Sistema Nervoso, salientando as nt-mas relaes entre a atividade mental e as funes dos rgos e por ao das glndulas endcrinas, que com seus hormnios, inundam praticamente todo o organismo e, por meio de meca-nismos extremamente complexos, comandam o funcionamento dos rgos, dentro da mais perfeita harmonia.

    Captulos importantes seguem-se ao estudo do Sistema Ner-voso e Glndulas Endcrinas: Perisprito, o Transe, Animismo e Espiritismo, Mediunidade, os Fluidos, o Tratamento Espiritual e as Operaes Espirituais.

    A seqncia dos assuntos abordados, de forma didtica e pe-daggica, mostra a longa experincia de professor. Seno veja-mos. Nos dois primeiros captulos o leitor conhecer luz da ci-ncia oficial os complexos mecanismos do sistema nervoso e das glndulas Endcrinas que comandam os rgos e aqueles, por sua vez, so comandados pelo esprito atravs do perisprito, corpo intermedirio entre a alma e o corpo fsico, assunto este estudado no terceiro captulo. A partir da a compreenso dos estados de transe e os fenmenos anmicos e medinicos que so os temas seguintes tornam-se de fcil assimilao.

    Em seguida, enfeixando a obra, o autor faz um magnfico es-tudo sobre "Fluidos" para introduzir o leitor no estudo das tera-pias espritas atravs dos passes e cirurgias espirituais.

    A linguagem do professor que ensina e o contedo digno de um pesquisador, estudioso da Doutrina Esprita. Escreve com naturalidade, conciso e clareza, tornando a obra de cunho cien-tfico-doutrinrio de fcil leitura e compreenso.

    Participou ativamente por mais de 40 anos do Conselho Deli-berativo da Federao Esprita do Estado de So Paulo e da Unio das Sociedades Espritas do Estado de So Paulo, foi fundador da Associao Mdico Esprita de So Paulo - AME-SP, onde exerceu o cargo de presidente. Pertenceu comisso de Doutrina da FE-

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    ESP, desfeita em 1985, que tnha a finalidade de analisar as o-bras espritas editadas ou a editar, nos aspectos doutrinrio e da estilstica. Com a proliferao exagerada de obras novas edita-das no meio esprta e sem a atuao daquela comisso qual pertenceu o dr. Ary Lex, que era considerada muito exigente mas, ao nosso ver muito necessria, lamentavelmente hoje h inmeras obras que, ao invs de bem divulgar a Doutrina Espri-ta, esto prestando um desservio a causa esprita.

    A FEESP, somente em 1993, atravs de sua rea de Divulga-o reativou a comisso de Doutrina com novos elementos, en-tretanto, deve haver por volta de 500 ttulos editados e no ana-lisados nos 7 anos que se passaram ...

    Que o trabalho do dr. Ary Lex seja um exemplo de ideal esp-rita a ser seguido por todos aqueles que amam a Doutrina Espri-ta e desejam v-la bem compreendida, vivenciada e respeitada.

    Para mim, prefaciar o livro do grande Dr. Ary Lex uma honra imerecida, que agradeo do fundo de minh'alma. Humildemente.

    Jlia Nezu Oliveira

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    CAPTULO I CONTRLES ORGNICOS

    CONTROLES ORGNICOS - O SISTEMA NERVOSO

    Segundo o Espiritismo, quando encarnados, somos compostos de: corpo fsico, Perisprito e Esprito ou alma. Para Allan Kardec, alma sinnimo de Esprito encarnado (pergunta 134 de "O Li-vro dos Espritos"). "A alma, antes de ligar-se ao corpo, um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisvel. Depois, reves-te, temporariamente, um invlucro carnal, para se purificar e se esclarecer.

    Certas doutrinas ensinam que alma e Esprito so diferentes e criam uma terminologia variada. A Teosofia, por exemplo, admite a existncia de sete corpos, entre os quais o corpo astral. Essa designao tem causado no raras confuses nos ambientes es-pritas. Allan Kardec, grande pedagogo que era, procurou sempre simplificar as coisas e evitar nmeros excessivos de termos e de neologismos.

    O Esprito est unido ao veculo fsico atravs do Perisprito, verdadeiro elemento de ligao, cujos detalhes estudaremos em captulos posteriores. No que tange ao corpo orgnico, nele en-contramos certos rgos e aparelhos como elementos incumbi-dos de atividades controladoras do trabalho de todo o organis-mo, de modo a manter a harmonia funcional.

    Estamos convictos desse fato e afirmamos, categoricamente, que o Esprito o responsvel por toda a nossa vida mental, que dele partem as ordens para os vrios rgos, alm de receber, atravs dos rgos dos sentidos, todas as impresses do mundo exterior. Entretanto, o fato de ser responsvel, o Esprito no exclui a necessidade da existncia de seus instrumentos de atu-ao; na comparao de Kardec, o pianista precisa do piano, em

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    boas condies, para executar suas partituras. Por isso, de forma didtica, podemos esclarecer que o corpo fsico est submetido a trs setores de comando: o sistema nervoso, as glndulas end-crinas e o Perisprito.

    SISTEMA NERVOSO

    Compe-se de dois conjuntos de rgos: o sistema nervoso da vida de relao ou crebro-espinhal e o sistema nervoso da vida vegetativa, autnomo ou vago-simptico. Vamos estud-los de maneira extremamente resumida, colhendo, apenas, os dados que possam interessar aos Espritas. Esperamos que tais dados sejam instrumentos teis, no s como cultura geral, mas tam-bm para capacitar os leitores a melhor entenderem as relaes Corpo-Perisprito-Esprito e as razes da mediunidade.

    1 - SISTEMA NERVOSO DA VIDA DE RELAO

    Esta parte do complexo sistema nervoso do homem abrange: encfalo, medula, nervos e plexos.

    ENCFALO - tudo o que est dentro do crnio sseo.

    Seus rgos mais importantes so: o bulbo, a ponte, o cere-belo e o crebro.

    BULBO - Est entre o crebro e a medula, na altura da nuca.

    Nele se encontram os ncleos autnomos que comandam a respirao, os batimentos cardacos e a presso sangunea. Um traumatismo que afete o bulbo leva morte, por parada carda-ca. Era com uma martelada na nuca que, antigamente, se mata-vam os bois nos matadouros. Alm desses ncleos, verdadeiros centros de comando, passam pelo bulbo fibras motoras, que des-cem do crebro, trazendo ordens para a contrao dos msculos, bem como fibras sensitivas, que vo da periferia para o crebro, levando as sensaes do tato, dor, presso, etc...

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    CREBRO

    LOBOS FRONTAIS LOBOS TEM-PORAIS LOBOS PARI-ENTAIS LOBOS OCCI-PITAIS

    CEREBELO BULBO PROTUBERNCIA (OU PONTE)

    SISTEMA NERVOSO DA

    VIDA DE RELAO (CREBRO-ESPINHAL)

    MEDULA NERVOS PLEXOS

    CRANIANOS RAQUIDIANOS

    SISTEMA NERVOSO

    SISTEMA NERVOSO DA VIDA VE-GETATIVA OU AUT-NOMO

    SIMPTICO PARASSIMPTICO (VAGO)

    GNGLIOS NERVOS PLEXOS

    CEREBELO - parecido com o crebro, com dois hemisfrios cerebelosos e numerosas dobras, chamadas circunvolues ce-rebelosas. Possui substncia cinzenta por fora e substncia branca por dentro. Lembram os que as fibras vo dar origem aos nervos: por elas que passa o impulso nervoso. A principal fun-o do cerebelo a coordenao motora do corpo. ele que co-manda o equilbrio, em tarefa conjunta com o ouvido interno ou labirinto e o crtex cerebral. Leses do cerebelo levam a pertur-baes na locomoo. Podemos citar as labirintites, em que, por alteraes no ouvido mdio, a pessoa apresenta a tontura girat-ria.

    PONTE OU PROTUBERNCIA - Fica frente do cerebelo e formada principalmente por fibras nervosas, que vo de um he-misfrio cerebelar ao outro e fibras que vo ao crebro.

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    CREBRO - a parte mais importante do encfalo, porque su-as regies esto ligadas s emoes, aprendizagem, lingua-gem e ao pensamento. Entre as numerosas partes que o com-pem, as mais importantes so: os hemisfrios cerebrais, o t-lamo e o hipotlamo. Embora esta exposio possa parecer um tanto rida, julgamos necessrio apresent-la, porque Andr Luiz cita, vrias vezes, esses termos, sem defini-los, e supomos que estaremos facilitando a compreenso de seus ensinos.

    O crebro formado por dois hemisfrios cerebrais, direito e esquerdo, que preenchem a quase totalidade do crnio. So re-vestidos por substncia cinzenta, por fora, (o crtex cerebral), e substncia branca, por dentro. No meio desta, que constituda por fibras nervosas, encontramos vrios ncleos cinzentos. O crtex responsvel pela nossa atividade mental. Nos animais inferiores, o crtex pouco desenvolvido.

    O crebro abrange os lobos (pronncia: primeiro aberto) frontais, temporais, parietais e ocipitais. A regio frontal est ligada s funes superiores - conhecimento, motricidade e ex-presso verbal. Uma leso na circunvoluo frontal ascendente determina paralisia de partes do corpo ou de toda uma metade (hemiplegia). o que acontece com quem sofre um "derrame cerebral, chamado pelos mdicos de "acidente vascular cere-bral". O centro da linguagem falada est no p dessa circunvolu-o, no hemisfrio esquerdo. Lesado, surge dificuldade para fa-lar, na chamada amnsia verbal, pois a pessoa perdeu os smbo-los das palavras faladas, no conseguindo falar, embora tenha a laringe e os demais rgos da fala normais.

    O lobo occipital comanda a viso, o lobo temporal, a audio e a memria.

    O grande neurologista espirita dr. Nubor Facure, cllefe do De-partamento de Neurologia da Faculdade de Cincias Mdicas de Campinas, em conferncia proferida na Associao Mdico-Esprita de So Paulo, disse o seguinte: "Em termos anatmicos, no h no crebro uma rea com a funo especfica de pensar. Compreende-se, hoje, o pensamento como resultante da ativida-de corticai cerebral com o um todo. Tm papel preponderante as

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    pores anteriores do lobo frontal esquerdo, o corpo caloso e as vias de associao entre as diversas reas do crebro e entre os hemisfrios direito e esquerdo." (Boletim Mdico-Espirita - Ano II - n. 3 dezembro de 1985).

    TALAMO - Ja no sculo passado, Henry Head relacionava o t-lamo com as reaes afetivas, o que foi confirmado por estudos posteriores. Podemos dizer que ele confere a tonalidade emocio-nal as reaes orgnicas; o selecionador das recepes sensiti-vas.

    HIPOTLAMO - rgo citado por Andr Luiz em vrios de seus livros. Fica situado na parte inferior do crebro, prximo gln-dula hipfise. Exerce o controle primrio das funes autnomas. A temperatura do corpo depende do hipotlamo. Quando o corpo precisa perder calor, o hipotlamo determina uma dilatao dos vasos sangneos faz aumentar a quantidade de suor e apressa a respirao. E centro nervoso importante como regulador da se-creo das glndulas endcrinas. Controla o metabolismo, con-junto de trocas, pelas quais nosso organismo absorve os alimen-tos. As sensaes de fome e de sede dele dependem. Existem no hipotlamo dois ncleos: um o excitador do apetite, e outro, inibidor. Se o primeiro for estimulado, o animal comea a comer sem parar e, se o segundo for excitado, o animal passa a recusar os alimentos. Experincias feitas com gatos mostraram que: des-truinndo-se o primeiro ncleo, com uma agulha de platina com ponta incandescente, introduzida atravs do crnio, o gato recu-sa a comida e morre de fome. Destruindo-se o segundo ncleo, o gato passa a comer, at ficar com o estmago abarrotado. No ser humano, a hiperfuno desse ncleo pode levar a um tipo de o-besidade.

    MEDULA - Abaixo do bulbo, situada fora do crnio e alojada dentro da coluna vertebral, vamos encontrar a medula raquidia-na ou nervosa (no confundir com medula ssea, como errada-mente encontramos em um livro sobre passes e radiaes).

    A funo da medula consiste em conduzir os impulsos prove-nientes do crebro, bem como os impulsos a ele dirigidos. O con-trole dos movimentos do corpo exercido pelo crebro, atravs

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    de fibras nele nascidas e que depois percorrem a medula indo formar os nervos. Mas o medula pode tambm, sem interferncia do crebro e da vontade, responder aos estmulos, nos chamados atos reflexos simples. Por exemplo: quando picamos a pele do p, a pessoa, automaticamente, encolhe a perna, fugindo ao ex-citante, sem interferncia da vontade. Esse um ato reflexo simples.

    NERVOS - So formados por prolongamentos das clulas ner-vosas, chamados axnios. Conjunto de axnios formam as fibras nervosas e os nervos. Os ncleos dos quais partem os axnios ficam na substncia cinzenta do crebro, do bulbo e da medula. Existem nervos motores, sensitivos e mistos.

    Os nervos se compem de dois grandes grupos: os cranianos e os raquidianos. Os cranianos so assim chamados por nasce-rem dos rgos nervosos, situados dentro do crnio. So em nmero de 12 pares: olfativo, tico, motor-ocular comum, patti-co, trigneo, motor-ocular externo, facial, auditivo, glossofarn-geo, vago ou pneumogstrico, espinhal e grande-hipoglosso. No estudaremos cada um deles, pois seria assunto demasiadamente fastidioso e sem grande utilidade para os leitores. Lembramos, apenas, que o vago, o mais importante dos nervos cranianos, d, no seu trajeto dentro do trax, ramos para o corao, para os pulmes e para o esfago. O abdome fornece ramos para o es-tmago, fgado e plexo solar. Embora sendo nervo craniano, o vago pertence, tambm, ao sistema nervoso autnomo.

    NERVOS RAQUIDIANOS - Abrangem: 8 pares de ramos cervi-cais, 12 pares dorsais, 5 lombares, 5 sacros e o nervo coccigiano (total) - 31 pares. Todos nascem da medula, escalonados ao lon-go da coluna vertebral. Saem da coluna pelos buracos interver-tebrais. Esses nervos contribuem para formar os 6 plexos de ner-vos da vida em relao: cervical, braquial (que d ramos para os membros superiores), intercostais, lombar, sacro e sacrogiano.

    PLEXOS - So entrelaamentos de nervos, formando uma ver-dadeira rede.

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    2 - SISTEMA NERVOSO AUTNOMO

    O sistema nervoso autnomo ou da vida vegetativa forma dois longos cordes, um direita e outro esquerda da coluna vertebral. Esses cordes so interrompidos por pequenos ndu-los, chamados gnglios simpticos. Seus ramos dirigem-se s vsceras, vasos sangneos e glndulas. Os ramos do simptico se entrelaam no abdome, atrs do estmago e do fgado, for-mando o plexo solar, ao qual os Espritos se referem com fre-qncia. O plexo solar envia nervos maior parte das vsceras do abdome, formando 12 plexos secundrios. Alm do plexo so-lar, fazem parte do sistema nervoso autnomo os seguintes ple-xos: cardaco, carotdeo, lumbo-artico e hipogstrico. esquisi-to que encontremos, em certas obras espritas, referncias a plexos nervosos que no existem, como o plexo cerebral e o ge-nsico.

    O simptico comanda o funcionamento das vsceras, dos va-sos sangneos (artrias, veias e arterolas) e das glndulas, a-gindo em estreita conexo com o vago ou parassimptico. Fun-cionam em antagonismo: por exemplo, na pupila dos olhos o pa-rassimptico faz com que ela se contraia, se estreite, e o simp-tico faz com que ela se dilate. A pupila se dilata, quando olhamos objetos situados perto de ns, e se fecha, quando olhamos obje-tos distantes. Quando vamos fazer exame de fundo de olho, o oculista pinga atropina, que bloqueia o parassimptico e faz a pupila dilatar-se, para melhor poder examinar a retina, situada no fundo do olho.

    3 - SISTEMA NERVOSO - EMOES E AUTOMATISMOS

    Certas emoes produzem vasoconstrio, isto , diminuio do calibre dos vasos sangneos, com menor afluxo de sangue regio do rosto, ficando a pele plida. Nas emoes de susto ou medo geralmente ficamos plidos. Outras emoes levam a uma vasodilatao, com aumento do afluxo de sangue face e, con-seqentemente, "rubicundez." (Este termo significa ficar rubi-cundo, vermelho, corado). Os estados de agressividade, de dio, deixam-nos com o rosto congesto. Estes casos simples j nos mostram, claramente, a influncia da mente sobre o corpo.

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    Ademais, o vago excitador do estmago e frenador do cora-o, ou seja, diminui a freqncia dos batimentos cardacos. Co-mo excitador do estmago, faz aumentar a secreo do ciclo clordrico, produzindo hiperacidez, o que predispe formao das lceras do estmago e duodeno. As emoes, estimulando o vago, so consideradas, por isso, uma das principais causas des-sas lceras. Durante mais de um sculo, usaram-se beladona e atropina, que bloqueiam o vago e diminuem a produo de cido, no tratamento das lceras gstricas e duodenais. As farmcias aviavam receitas com ps alcalinos e beladona. Hoje, nas ulceras rebeldes aos tratamentos clnicos, procede-se operao cha-mada "vagotomia", que consiste em cortar o nervo vago, para que seus estmulos no cheguem mais ao estmago e a produo de cido diminua, esperando-se, com isso, curar a lcera.

    Em artigo recente, H. Capisano (Ars Curandi - maro - abril de 1992) diz: 'H 50 anos, repetem-se trabalhos experimentais con-juntos, reunindo psicanalistas, clnicos, fisiologistas, farmacolo-gistas, com o objetivo de provar aos incrdulos que fatores emo-cionais, com maior ou menor intensidade, tm algum papel, ora mais, ora menos importante, na gnese de algumas doenas, en-tre elas a lceragastro duodenal. Angstia e desejo de fuga de-terminam diminuio da motilidade e secreo gstricas. Insegu-rana e ressentimentos causam hipermotilidade e hipersecreo gstricas. Os atos mdicos e cirrgicos funcionam em relao s indicaes objetivas e conscientes. Tais atos implicam na redu-o da realidade humana matria. Aliviam-se sofrimentos fsi-cos com produtos farmacolgicos ou com resseco da parte do-ente, mas no se resolvem conflitos." Ficamos contentes ao ler declaraes desse tipo, partidas de mdicos no-espritas, reco-nhecendo o valor da mente na origem das molstias. meio ca-minho andado para reconhecer o valor do tratamento espiritual.

    As emoes ainda, atravs do vago-simptico, aumentam a secreo das glndulas sudorparas, produtoras do suor, princi-palmente as das axilas. fato sabido que, quando a pessoa tem emoes, principalmente ansiedade, emite suor frio e fica com a camisa ou a blusa toda encharcada de suor. Nos exames escola-res, o jovem "sua frio". Podem, tambm, as emoes diminuir a secreo das glndulas salivares, que produzem a saliva, e a pessoa fica com a boca seca.

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    Dissemos atrs que o vago frenador do corao, de modo que uma descarga vagal violenta pode determinar parada carda-ca e morte. Isto acontece com os pugilistas que levam um soco na altura do plexo solar, no chamado "golpe baixo".

    Algumas emoes provocam taquicardia, isto , aumento da freqncia dos batimentos do corao, por estmulo do simpti-co. Diz-se, amide: "Fiquei nervoso e meu corao disparou."

    Vejamos o que diz Clifford Morgan, em seu livro "Psicologia Fisiolgica" (Editora da USP - 1973): "Na emoo forte, h, tam-bm, mudanas glandulares. Vrias glndulas podem ser afeta-das, mas as modificaes mais importantes ocorrem na glndula suprarenal. A medula dessa glndula diretamente inervada pe-lo sistema simptico e descarrega no sangue suas secrees.

    Admitiu-se, por muito tempo, que estados emocionais, princi-palmente quando persistem por longo perodo, podem afetar, profundamente. vrios rgos, danificando-os, s vezes direta-mente, e, outras vezes, predispondo-os s infeces. Entre os efeitos, temos a sndrome de adaptao geral dos organismos em resposta situao do 'stress', condio que faz o organismo mobilizar recursos e queimar mais energias do que geralmente acontece. O primeiro estgio, chamado de reao de alarme, consiste em mudanas corporais tpicas das emoes. Mas, se o 'stress' continuar por algum tempo, o organismo passa ao se-gundo estgio, chamado 'resistncia ao stress'. Nesse estgio, o organismo se recupera de suas primeiras exploses de emergn-cia e tolera o 'stress' da melhor forma possvel. Se o 'stress' grave e perdura bastante, atinge-se o terceiro estgio, o de e-xausto. Neste, o organismo pode debilitar-se e morrer."

    Este trecho citado, de fonte extremamente valiosa, visa trazer aos prezados leitores uma explicao exata, cientfica, embora resumida, do conceito de "stress" e do que se passa durante o mesmo. Devemos evitar nos incorporarmos queles sabiches que usam, a todo momento, a palavra "stress", sem conhecer-lhe o significado. Para eles, tudo o que acontece na vida, o cansao, aps o trabalho excessivo, as dificuldades econmicas pelas quais passamos, enfim tudo o que consiste em dificuldade "s-

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    tress". "Meus filhos esto me dando muito trabalho; por isso, tenho estado muito estressada." Est se atribuindo ao "stress" um significado amplo demais.

    As consideraes por ns feitas neste captulo visam enfatizar a importncia que tm as emoes e o psiquismo em geral sobre o organismo. Hoje, a prpria medicina j aceita este fato e partiu para uma teraputica nova: a "medicina psicossomtica". Esta nova verso permite tratar o homem no mais como um indiv-duo formado apenas por matria, apenas pelo organismo fsico, mas como um conjunto corpo-Espirito. Muitas vezes, temos que buscar as causas de molstias funcionais e at orgnicas em dis-trbios da alma.

    Os dermatologistas afirmam que certos eczemas e outras mo-lstias da pele tm por causa um distrbio emocional. Conhece-mos pessoas neurticas que no se curaram com os tratamentos tradicionais e tiveram seus eczemas curados com antidistnicos (tranqilizantes) e psicoterapia.

    AUTOMATISMOS - J pensaram os leitores como difcil seria a vida se, para darmos um passo, precisssemos pensar em cada contrao muscular necessria para d-lo? A ordem inicial, sem dvida, parte do Esprito, mas os detalhes para a realizao do ato so coordenados automaticamente. Isto acontece para an-dar, correr, saltar, patinar, nadar e muitos outros atos. Alguns so semi-automticos, como guiar automvel. Todos se lembram de quando estavam aprendendo a guiar - cada movimento com as mos e ps tinha de ser decidido pela vontade e com esforo. Com o aprendizado, os atos se tornaram automticos e pouca coisa tem de ser resolvida conscientemente. Para aprender a es-crever, ocorre o mesmo: a criana procura copiar um modelo e cada trao, cada letra feita com esforo. Os traos saem tremi-dos, fora de linha, umas letras grandes demais e assim por dian-te. Depois do aprendizado, a pessoa escreve rapidamente, sem nunca pensar quais os traos que deve executar.

    Essa automatizao dos atos muito til para a humanidade: poupa esforos conscientes, livrando a mente para atividades mais elevadas e mais nobres.

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    4 - SISTEMA NERVOSO E CONSCINCIA

    Falamos em atos automticos. Dissemos que muitos dos atos no exigem que deles tomemos conhecimento, no momento, e que esto fora do domnio da conscincia. Referiremos, ao estu-dar os fenmenos anmicos e medinicos, os fatos ditos supra-normais, subconscientes. Diremos que muitos impulsos, muitas idias provm do subconsciente. Muita coisa dele brota, durante os sonhos, e muita coisa chega a influenciar nossa conduta. Que relao tero com as capacidades do Esprito e do Perisprito? Essas so as questes que procuraremos abordar, dentro de nos-sas limitaes e do plano deste livro, nos prximos capitulos.

    No momento, impe-se a ns dizer algo sobre a conscincia.

    Bibliotecas inteiras foram escritas, e o assunto continua ne-buloso. Explicaes se sucedem a explicaes, umas contradi-zendo outras.

    Recentemente, destacou-se o filsofo austraco Karl R. Pop-per, cujos trabalhos tiveram repercusso mundial, que ns, como Espritas, no podemos pr de lado. No livro "O Crebro e o Pen-samento', Popper e Eccles, (companheiro de Popper), quando relatam o 'pensamento que pensa a si prprio", estabelecem uma ponte entre as teorias espiritualistas e a neurofisiologia da mente. O principal objetivo do livro clarear a possvel funo da conscincia. Dizem eles que a Teoria da Evoluo parece ex-plicar o aparecimento de um sistema nervoso complexo como o do homem e de alguns animais superiores. Esse sistema nervoso um conjunto biolgico de reao s mudanas do meio ambien-te e se desenvolveu durante centenas de milnios. Comeou co-mo tropismos simples dos seres inferiores, at chegar aos r-gos extremamente especializados. Desenvolveram-se, ento, rgos com o objetivo de transmitir informaes do meio exteri-or ao crebro e deste aos diversos rgos, determinando-lhes as reaes apropriadas.

    Popper afirma que a conscincia um tipo de percepo dife-rente dos eventos externos e acentua a criatividade da mente, quando se depara com os problemas do meio. Vem a tona, ento,

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    a possvel semelhana das percepes humanas com as dos ani-mais. Eccles tambem acentua o automatismo do aprendizado dos animais, mas Sagan admite nos animais a capacidade de abstra-o. Eccles considera a conscincia parte do Esprito, o poder ativo que depende da matria cerebral para sobreviver neste mundo, o qual no se originou da matria. Sentimos nesses con-ceitos que Popper e Eccles fugiram dos rgidos conceitos da neu-rofisiologia, partindo para um raciocnio metafsico. Chegam, praticamente, concepo esprta, quando esta ensina que o Esprito est ligado matria, dela se utiliza para sua vida terre-na, mas ele, Esprito, no matria, nem energia, nem se origi-nou da matria. centelha divina.

    Atravs desta discusso, conclumos que a prpria Cincia terrena, to materialista, quando aborda problemas transcen-dentais, acaba concordando com as explicaes da Codificao e admitindo a existncia do Esprito imortal. Ary Lex

    CAPTULO II GLNDULAS ENDCRINAS

    Estamos estudando as formas de comando e controle do cor-po fsico, para podermos estabelecer a ponte de unio com a mediunidade. Vimos, no primeiro captulo, o comando atravs do sistema nervoso, salientando as intimas relaes entre a ativida-de mental e as funes dos rgos, bem como alguns distrbios, algumas doenas causadas por alteraes no campo do psiquis-mo.

    Estudaremos agora, resumidamente, a segunda forma de co-mando orgnico, por ao das glndulas endcrinas. So glndu-las de secreo externa, ou excrinas, aquelas que lanam seu produto no meio exterior ou no interior dos rgos ocos do apa-relho digestivo. Como exemplo, temos: glndulas salivares (pro-duzem a saliva): glndulas sudorparas (eliminam o suor, atra-vs dos poros da pele); sebceas (secretam uma gordura lubrifi-cante da pele); fgado (produtor da bilis); pncreas (secretor dos

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    fermentos digestivos mais importantes); lacrimais (produtoras das lgrimas etc.)

    As glndulas endcrinas ou de secreo interna lanam seus produtos, chamados hormnios, diretamente no sangue. Umas e outras funcionam de forma automtica, independente da vonta-de. Conscientemente, no conseguimos aumentar ou diminuir a produo de suor, da bile, de enzimas digestivas, bem como no controlamos, pela vontade, a secreo maior ou menor dos hor-mnios. Por outro lado, como vimos, as emoes determinam profundas alteraes no funcionamento dos rgos. (NOTA: A glndula mista: secrees interna e externa)

    As principais glndulas endcrinas so as seguintes: hipfise, tiride, paratiride, timo, supra-renais, ovrios, testculos, epfi-se e a parte do pncreas que exerce a secreo interna, fabri-cando insulina. A falta desta leva a pessoa ao diabete.

    Num livro de Espiritismo no teria sentido escrevermos um verdadeiro tratado, estudando pormenorizadamente a anatomia, a fisiologia (funcionamento) e patologia (doenas) de todas as glndulas endcrinas. Citaremos, pois, de forma quase esquem-tica, alguns dados que possam ser teis aos Espritas, em geral.

    1 - HIPFISE

    E uma pequena glndula, pesando apenas 4,5 centigramas, situada bem no centro geomtrico do crnio e encaixada numa cavidade do osso esfenide, chamada sela trcica. Tem duas par-tes: uma anterior, bem maior, epitelial, que produz vrios hor-mnios muito importantes, e uma posterior, constituda de teci-do nervoso e por isso chamada de neuro-hipfise. Entre os hor-mnios da hipfise anterior, lembramos: 1) Hormnio tiro-trfico: 2) ACTH; 3) Hormnio do crescimento; 4) Hormnio do metabolismo das gorduras; 5) Hormnios sexuais, que atuam sobre os ovrios e testculos.

    1) HORMNIO TIRO-TRFICO - Regula o trabalho da glndula tiride, que estudaremos a seguir.

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    2) ACTH OU HORMNIO ADRENO-CRTICO-TRFICO: Age nos processos de cicatrizao e produo de colgeno, os quais esto perturbados em certos tipos de reumatismos. Como droga, foi muito usado, nos anos de 1950 e 1960, e hoje est abandonado, pelas graves complicaes que causava.

    3) HORMNIO DO CRESCIMENTO - Quando produzido em quantidade insuficiente, a pessoa no cresce e surge o nanismo hipofisrio (anes): quando fabricado em excesso, aparece o gigantismo. Um conhecido cantor patrcio tem nanismo hipofis-rio, em que a cabea despropositadamente grande em relao ao tamanho do corpo. Os anes hereditrios so homens em mi-niatura, com todas as partes do corpo proporcionais.

    Os tumores da hipfise levam acromegalia, em que h um crescimento excessivo das mos, ps e queixos. Foi essa a doen-a que vitimou o grande escritor patrcio, Humberto de Campos, to querido dos Espritas, atravs dos livros psicografados por Francisco Cndido Xavier, os primeiros com o prprio nome e os ltimos com o pseudnimo de Irmo X. Antes de desencarnar, Humberto tinha perdido completamente a viso, porque o tumor havia destruido os nervos ticos. Naquela poca, a neurocirurgia, no Brasil, ensaiava os primeiros passos, e Humberto de Campos morreu, quando foi operado.

    4) HORMNIO DO METABOLISMO DAS GORDURAS - A altera-o na produo desse hormnio pode levar obesidade hipofi-sria; os pacientes no comem muito, mas engordam. Todo obe-so tem a mania de dizer que sua obesidade problema glandu-lar. Mas, na grande maioria dos casos, ela devida a excesso de alimentao. Destruio da hipfise acarreta a chamada "caque-xia hipofisria", com perda progressiva de peso, at a morte. Uma Esprita, nossa conhecida, desencarnou com "caquexia hi-pofisria", na dcada de 60. Quando a vimos, pela ltima vez, pesava menos de 30 quilos. No caso dela, havia ntidos proble-mas reencarnatrios, aliados aos distrbios orgnicos.

    5) HORMNIOS SEXUAIS QUE AGEM SOBRE OS OVRIOS E TESTCULOS - enorme a influncia da hipfise sobre esses r-gos. A causa de muitas insuficincias ovarianas, em que a doen-

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    te tem problemas na menstruao (escassa ou excessiva), de-vida, primordialmente, no ao mau funcionamento ovariano, mas, sim, a distrbios da hipfise. Ela atua sobre os ovrios, por meio dos hormnios folculo-estimulante e luteinizante, respon-sveis pela normalidade do ciclo menstrual.

    2 - TIRIDE

    A tiride ou tireide uma glndula situada na frente do pes-coo em seu tero inferior, tendo forma de uma letra H, com cer-ca de 6 centmetros de largura, por 3 a 4 centmetros de altura. Acima dessa glndula, palpamos a cartilagem tiride, formadora da laringe e conhecida vulgarmente como "pomo de Ado", mais visvel nos homens do que nas mulheres. na laringe que se produzem os sons da voz, nas cordas vocais situadas no seu in-terior. Com a passagem da corrente area pela laringe, as cordas vocais vibram, emitindo os sons, como acontece nas cordas de um violo ou violino. Os sons sero agudos, se as cordas estive-rem esticadas. Sero graves, quando elas estiverem frouxas. A voz dos homens mais grave, porque sua laringe maior que a das mulheres.

    A glndula tiride produz um hormnio chamado tiroxina, que influi, poderosamente, sobre todo o organismo. No caso de fun-cionamento excessivo surge o hipertiroidismo, cujos principais sintomas so: nervosismo, insnia, tremores das mos, taqui-cardia, aumento da presso arterial, olhos esbugalhados (exof-talmo), suor excessivo etc. Embora se alimente normalmente, o hipertiroidiano costuma ser magro, porque seu metabolismo elevado. Nos doentes da tiride, costuma ser medido o metabo-lismo basal, que avalia o grau da hiperfuno. Hoje preferem os endocrinologistas medir os hormnios T3 e T4. Os casos no tra-tados podem chegar insuficincia cardaca grave. Paradoxal-mente, no hipertiroidismo, a tiride no costuma estar muito aumentada de volume, embora funcione em excesso.

    O funcionamento diminudo da tiride acarreta o hipotiroi-dismo. H um crescimento, por vezes, enorme da glndula, for-mando o bcio, conhecido vulgarmente como "papo". Pode che-gar a diimenses imensas, tomando, praticamente, todo o pesco-

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    o. Interessante que, embora impressione pela dimenso, o bcio no causa graves distrbios. A causa dele a falta de iodo na alimentao e na gua. muito comum no Tringulo Mineiro e Gois, onde no raramente encontramos as pessoas "papudas".

    3 - PARATIRIDE

    So 4 pequeninas glndulas esfricas, do tamanho de um gro de arroz, situadas aos lados da tiride. Tm valor no meta-bolismo do clcio, como acontece na formao dos ossos. Se ex-tirparmos essas glndulas, no co, ele apresentar convulses semelhantes s do ttano, que desaparecem com injeo de cl-cio.

    4 - TIMO

    O timo uma glndula essencial para o crescimento do feto; atrofia-se e desaparece, aps o segundo ano de vida. Est situa-do na parte alta do trax, atrs do osso chamado esterno (osso chato, na frente do trax), ao qual esto articuladas as costelas. Pesa de 8 a 12 gramas no recm-nascido.

    5 - SUPRA-RENAIS

    As supra-renais so duas glndulas situadas acima dos rins.

    Pelo seu nome, muitos poderiam pensar que tm funes se-melhantes ou complementares s dos rins, mas isso no aconte-ce; apenas esto prximas a eles. Vista em corte, a supra-renal apresenta duas regies: uma externa, ou camada cortical, e ou-tra interna ou camada medular. Esta secreta um hormnio im-portante: a adrenalina, que lanada no sangue durante as emoes, provocando taquicardia (pulso rpido), tremores, au-mento da presso arterial, aumento da secreo sudorpara.

    Estes seriam os mecanismos que o organismo humano utiliza como reao agresso do meio exterior, durante o "stress". H numerosos estudos sobre o papel da adrenalina. Fizeram-se ex-perincias com ces. Colhia-se sangue de dois ces muito agres-sivos e dosava-se a adrenalina no seu sangue. Geralmente, ela

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    estava em baixos nveis. Depois, colocavam-se frente frente os dois ces; ambos mostravam sinais de grande irritao; latiam e procuravam atacar-se, um ao outro. Nesse momento, colhia-se, novamente, o sangue de ambos e media-se a taxa de adrenalina no sangue. Notava-se que a adrenalina sempre aumentava mui-to.

    Observaes, tambm, foram feitas com rapazes de uma tor-cida em jogos de basquete. O sangue colhido, aps as emoes da torcida, revelou taxas altas de adrenalina. Os pesquisadores concluiram que os esportes, alm dos benefcios advindos do a-primoramento fsico, ainda so benficos, por excitarem os me-canismos de defesa do organismo.

    A camada cortical das glndulas supra-renais produz vrios hormnios, dos quais os principais so os corticides, de ao complexa, os quais no citaremos. Esses corticides so, tam-bm, produzidos em laboratrio: cortisona, hidrocortisona, de-xametazona, predisolona etc. So usados no tratamento do reu-matismo, alergias e outras vrias doenas. Tais drogas somente devem ser usadas sob controle mdico, pelas intercorrncias que podem surgir.

    Os tumores da camada cortical, geralmente cnceres, so ex-tremamente graves. Levam as meninas a tomarem forma mascu-lina do corpo, com msculos fortes e salientes, plos abundantes por todo o corpo e, paradoxalmente, menstruao aos 5 ou 6 a-nos. O tratamento cirrgico, com extirpao total da glndula cancerosa, operao de alta mortalidade.

    6 - OVRIOS

    A mulher tem dois ovrios, que ficam situados na pequena bacia, aos lados do tero e das trompas. Neles encontramos os folculos ovarianos, onde se formam os vulos, que so os game-tas femininos. Cada ms, ou melhor, cada 28 dias, um vulo a-madurece; o folculo se rompe, o vulo sai do ovrio e cai na trompa, sendo levado at o tero. Caso nesse trajeto ele seja fecundado por um espermatozide (gameta masculino, produzi-do no testculo), transforma-se no ovo. A multiplicao do ovo,

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    dividindo-se sucessivamente, vai dar origem ao embrio huma-no, que se fixa na mucosa do tero. Essa mucosa, durante cerca de 15 dias, preparou-se para receber o seu hspede importante, havendo nela profundas modificaes - aumento enorme do cali-bre das veias, aumente, maior espessura da mucosa uterina. Ca-so o vulo no seja fecundado, antes de chegar ao tero, ele eliminado e, todo o preparo da mucosa uterina para receber o embrio, tornou-se intil.

    A mucosa entra em desagregao e eliminada junto ao san-gue que brotou dos pequenos vasos rompidos. a menstruao, que dura de 3 a 5 dias, normalmente. Podemos dizer, meio filo-soficamente, que cada menstruao uma gravidez fracassada.

    O folculo ovariano secreta dois hormnios, cujas aes se completam: a estrona e a progesterona, responsveis pelo ciclo menstrual, que acabamos de descrever. Mas o papel desses hor-rmnios no se restringe a isso. Inundando o organismo da mu-lher, aps a puberdade, so eles responsveis pelos caracteres sexuais secundrios da mulher, que lhe conferem as caractersti-cas femininas: forma caracterstica do corpo, com curvas tpicas, camada gordurosa nos quadris e seios, ombros mais estreitos que os do homem; ossos mais delgados; plos com distribuio feminina e ausncia de barba; voz mais fina; apetite sexual para o sexo masculino. Na insuficincia ovariana, h perturbao nas menstruaaes, que geralmente ficam mais espaadas e com menor quantidade de sangue. As caractersticas femininas se atenuam; surgem plos no rosto, a silhueta torna-se musculosa, a voz mais grossa. Quando a insuficincia ovariana de grau le-ve, s aparecem as alteraes da menstruao.

    7 - TESTCULOS

    Os testculos ficam situados nas bolsas escrotais ou escroto.

    Produzem o espermatozide, gameta masculino, que leva-do, atravs dos canais deferentes, at as vesculas seminais, que so pequenos reservatrios alojados abaixo da bexiga. Os mi-lhes de espermatozides, junto com o lquido viscoso produzido pela prstata, vo formar o esperma, que fica acumulado nas

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    vesculas seminais. Durante o ato sexual, no orgasmo, as vescu-las se contraem violenta e ritmadamente e expelem, em jatos, o esperma, atravs da uretra, para o interior da vagina. Este o mecanismo fisiolgico da expulso do lquido seminal.

    Mas todo ato sexual tem um componente psicolgico, mental, que , por assim dizer, seu incio, culminando nas expresses orgnicas do ato.

    Os testculos, alm de produzirem os espermatozides, na sua condio de glndula mista (secrees interna e externa), fabricam o hormnio testosterona. esse hormnio o respons-vel pelos caracteres sexuais secundrios masculinos, que sur-gem na adolescncia: massa muscular mais forte que a das mu-lheres, ossos mais grossos, plos abundantes pelo corpo, laringe mais volumosa, barba, voz grossa e apetite sexual para o sexo oposto.

    Nos casos de insuficincia testicular, o menino no amadure-ce: seus testculos permanecem com o tamanho infantil; os plos pudendos so claros e escassos; a pele macia; a barba no a-parece ou est reduzida a pequenas reas; a voz continua fina (objeto de caoada por parte dos colegas); costuma haver gor-dura de tipo feminino, nos quadris e ndegas.

    O apetide sexual tarda a aparecer, mas no h tendncia ho-mossexual, embora o menino apresente aspecto fsico afemina-do. verdade que, muitas vezes, procurado como homossexual passivo e a presso pode lev-lo a essa perverso.

    Por causa disso, enfatizamos a importncia de pais e mestres serem orientados a encaminharem para tratamento hormonal as crianas que apresentem os sinais assinalados atrs. O trata-mento bem-conduzido pode trazer resultados extraordinrios.

    E a funo exagerada dos testculos levaria, fatalmente, a um exercicio excessivo do sexo? Podemos tranquilamente afirmar, de acordo com grandes mestres da endocrinologia, que isso no acontece. O excesso de testosterona poder aumentar a massa muscular, como acontece com os atletas que recebem "anaboli-

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    zantes", substncias prximas quimicamente da testosterona, prtica considerada como "dopping" e condenada em todos os tribunais esportivos. O ato sexual desencadeado predominan-temente por impulsos mentais, auxiliados por causas ambientais.

    Poderemos ter uma viso mais ampla e mais nobre, apren-dendo o que Andr Luiz nos ensina em "Sexo e Destino" e no ca-ptulo "Sexo e Corpo Espiritual", de seu livro "Evoluo em Dois Mundos". "A sede real do sexo no se acha no veculo fsico, mas sim na entidade espiritual, em sua estrutura complexa. E o ins-tinto sexual, por isso mesmo, traduzindo amor em expanso no tempo, vem das profundezas, para ns ainda inabordveis, da vida, quando agrupamentos de mnadas celestes se uniram, magneticamennte, umas s outras, para a obra multimilenria da evoluo."

    O sexo , portanto, mental em seus impulsos e manifesta-es, transcendendo quaisquer impositivos da forma em que se exprime, no obstante reconhecermos que a maioria das consci-ncias encarnadas permanecem seguramente ajustadas siner-gia mente-corpo, em marcha para a mais vasta complexidade de conhecimento e de emoo.

    "0 amor assume dimenses mais elevadas, tanto para os que se 'verticalizam' na virtude como para os que se horizontalizam na inteligncia. Uns, na prpria sublimao, demandam o prazer da Criao, identificando-se com a origem divina do Universo, enquanto outros se fixam no encalo do prazer desenfreado e egostico da auto-adorao. Os primeiros aprendem a amar com Deus. Os segundos aspiram a ser amados a qualquer preo. A energia natural do sexo, inerente prpria vida em si, gera car-gas magnticas em todos os seres, pela funo criadora de que se reveste, cargas que se caracterizam com potenciais ntidos de atrao, as quais, em se acumulando, invadem todos os campos sensveis da alma. A descarga de semelhante energia se efetua, indiscriminadamente, atravs de contatos, quase sempre desre-grados e infelizes, que lhes carreiam, em conseqncia, a exaus-to e o sofrimento como processos educativos."

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    "Compreendemos, pois, que o sexo reside na mente, a ex-pressar-se no corpo espiritual, e, conseqentemente, no corpo fsico. Ningum escarnecer, desarmonizando-lhe as foras, sem escarnecer e desmoralizar a si mesmo."

    8 - EPFISE OU PINEAL

    uma glndula situada no interior do crebro, no teto do 3 ventrculo, que uma cavidade entre os dois hemisfrios cere-brais.

    Histrico - Galeno (mdico grego) julgava que a glndula pi-neal fosse a passagem do Esprito. Descartes (filsofo francs) a considerava como sede da alma. Madame Blavatsky (criadora da Teosofia) diz que o homem evolui por raas, com ciclos. Para ela, estamos na quinta raa; na quarta, os indivduos tinham trs o-lhos. O terceiro olho, ou Deva, no existe na quinta raa, mas deixou como resduo a pineal, que ligada ao carma. Quem qui-ser, aceite essas fantasias da Teosofia, desprovidas de qualquer base cientfica.

    Lesner descobriu o hormnio da pineal - a melatonina. Foi Andr Luiz quem, em 1945, no livro "Missionrios da Luz", divul-gou no meio esprita concepes completamente novas sobre a epfise. Logo, essas noes foram amplamente difundidas e sur-giram pessoas verdadeiramente apaixonadas pelo assunto.

    Citarei alguns desses ensinos, embora pessoalmente no os aceite: A pineal a glndula da vida espiritual. Controla o campo emotivo e importante na experincia sexual. Regula a evoluo sexual. Comea a funcionar na puberdade, aos 14 anos, mais ou menos. Reabre o mundo das sensaes e das emoes. O adoles-cente muda a personalidade, pois reabre a pineal e vem a carga emocional das vidas passadas. Segrega hormnios psquicos ou unidades-fora. a glndula superior, que comanda todas as ou-tras. Comanda as foras sub-conscientes, sob a ao da vontade.

    No concordamos com essas afirmaes, porque a maioria delas, embora atraentes, no oferece qualquer possibilidade de prova cientfica. O prprio conceito de hormnio psquico con-

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    traditrio. Hormnio algo material, isolado quimicamente, que se pode pesar, dosar e administrar em quantidades palpveis. As coisas do campo psquico no tm existncia material. Falar em hormnio psquico uma liberalidade de conceituao no-aconselhvel.

    Preferimos ficar, pelo menos, at a obteno de provas cient-ficas, com a opinio da grande maioria dos neurologistas e dos endocrinologistas, que consideram a pineal um rgo residual, com escassas funes e em vias de desaparecimento. Willians, em seu Tratado de Endocrinologia, no aceita funes para a pi-neal. Entre ns, o grande neurocirurgio Marino Jr., em "Fisiolo-gia das Emoes", diz que o centro das emoes o hipotlamo.

    9 - VISO GLOBAL

    Acabamos de estudar, muito resumidamente, as funes das principais glndulas endcrinas. Com seus hormnios, inundam praticamente todo o organismo e, atravs de mecanismos ex-tremamente complexos, comandam o funcionamento dos rgos, dentro de uma harmonia maravilhosa e que atesta, exuberada-mente, a obra do Criador. Esse comando endcrino, se entrosa, se entrelaa com a atuao dos nervos do sistem a nervoso da vida de relao e os do sistema nervoso autnomo, os quais par-ticipam, tambm, da coordenao do trabalho dos rgos. Tudo feito de modo natural, espontneo, sem necessidade da partici-pao consciente da vontade. to natural esse trabalho, que nenhum de ns tem a menor idia do que se est passando com os nossos rgos, a no ser quando eles adoecem. Os autores dizem que s sentimos os rgos, quando esto doentes.

    Tudo o que dissemos at aqui, nestes dois primeiros captu-los, foi dentro do campo da Cincia oficial. Assim, estudamos, de maneira muito resumida e quase esquemtica, aspectos da ana-tomia dos rgos, seu funcionamento, salpicando, a ttulo de i-lustrao, alguns casos de distrbios, de doenas desses rgos. at a que a Cincia caminha, uma vez que ela no cogita da existncia no corpo fsico de um princpio espiritual.

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    Vamos passar, daqui para a frente, a considerar o elemento novo que o Espiritismo introduziu para a boa compreenso do fenmeno da vida na espcie humana. Trata-se da concepo do Perisprito como elemento intermedirio entre o Esprito e o cor-po fsico e como terceiro elemento de comando do organismo, magnificamente entrosado com os comandos at aqui estudados - o nervoso e o endcrino. Estes, de certa forma, se subordinam ao Perisprito.

    Um leitor desavisado poderia objetar-nos: Ser preciso bus-car na Cincia tantos conhecimentos relativos ao sistema nervo-so e s glndulas endcrinas, se o Perisprito, sozinho, explica tudo e reforma as noes cientficas sobre o assunto? Responde-remos com Kardec: "O Espiritismo busca explicar todos os fatos baseados nos conhecimentos que no seu progredir constante as cincias lhe ofertam todos os dias." Em "A Gnese" - Capitulo IV, item 9, diz ele: ''Por respeito a textos considerados como sagra-dos, seria necessrio impor silncio Cincia? Isto uma atitude to impossvel quanto a de impedir a Terra de girar. As religies, quaisquer que sejam, jamais ganharam qualquer coisa por sus-tentar erros manifestos. A misso da Cincia a de descobrir as leis da Natureza; ora, como essas leis so obras de Deus, no podem as cincias ser contrrias s religies fundadas sobre a verdade. Lanar o antema ao progresso, como inimigo da Reli-gio, lan-lo prpria obra de Deus; ademais, isso comple-tamente intil, pois todos os antemas do mundo no impediro que a Cincia caminhe e que a verdade venha luz do dia. Se a Religio se recusar a caminhar com a Cincia, a Cincia progredi-r sozinha."

    Allan Kardec nunca foi amigo de meias-verdades. Ele poderia ter suavizado seus conceitos, se quisesse ficar bem com aqueles que vivem dizendo que a Cincia terrena e est toda errada. Assim, a Religio ficaria dispensada de buscar bases e provas cientficas. Mas Kardec foi claro e categrico: "Pobre da Religio que no quiser caminhar com a Cincia, pois ficar cada vez mais atrasada e sucumbir. O objetivo maior do Espiritismo moral e religioso, mas s o atingir com o auxlio permanente dos argu-mentos filosficos e das provas cientficas."

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    CAPTULO III PERISPRITO

    PERISPRITO - CONCEITO

    A conceituao mais simples de Perisprito a de Allan Kar-dec: "O Esprito envolvido por uma substncia, que vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para ns; suficientemente vaporosa, entretanto, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiser. Como a semente de um fruto envolvida pelo perisperma, o Esprito propriamente dito re-vestido por um envoltrio que, por comparao, se pode chamar Perisprito" ("O Livro dos Espritos" - Livro Segundo, Capitulo 1 - pergunta 93).

    Os ensinamentos que os Espritos nos trouxeram com a ad-misso do Perispirito vieram ajudar a solucionar o difcil proble-ma da atuao do Esprito sobre o corpo material. H sculos, os religiosos que aceitavam a existncia do Esprito, no consegui-am explicar como ele, sendo por definio imaterial, poderia a-brigar-se e atuar sobre a matria densa. A alma imutvel em sua essncia. O corpo material, mutvel, pelas transformaes incessantes.

    Povos antigos j suspeitavam da existncia do Perisprito - os indianos designavam-no como Liga Sharira; os egpcios, Ka; os hebreus, Nephesh; os gregos, Ochema. O filsofo ingls, Cudd-wort, admitia um mediador plstico, substncia plasmvel in-termediria entre o Esprito e o corpo. Detalhes interessantes podem ser encontrados em "A Evoluo Animica", de Gabriel De-lanne.

    Na Parte Segunda, Capitulo VI, pgina 160, de "O Livro dos Espritos", Kardec ainda esclarece: "O Perisprito o liame que une o Esprito matria do corpo; tomado do meio ambiente, do fluido universal; contm, ao mesmo tempo, eletricidade, flui-do magntico, e, at certo ponto, a prpria matria inerte. Pode-ramos dizer que a quintessncia da matria. o princpio da vida orgnica, mas no o da vida intelectual, porque esta perten-ce ao Esprito."

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    O Perisprito o regulador das funes, o arquiteto que vela pela manuteno do edifcio, porque essa tarefa no pode, abso-lutamente, depender das atividades cegas da matria. (Reencar-nao - Gabriel Delanne - Cap. II.)

    O Perisprito no o criador, mas, simplesmente, o organiza-dor da mquina que forma o corpo fsico.

    No prefcio do livro "Evoluo em Dois Mundos", de Andr Lu-iz, Emmanuel lembra que, quando o apstolo Paulo falava em "semear" corpo animal, consubstanciava "a idia da evoluo filogentica do ser e, dentro dela, o corpo fsico e o corpo espiri-tual como veculos da mente em sua peregrinao ascensional para Deus".

    Andr Luiz enaltece a importncia do conhecimento do Peris-prito e a ele dedica longos capitulos de vrios de seus livros. Procura ai dar o conceito rgido da Cincia, compreensivelmente armada contra todas as afirmaes que no possa esposar pela experimentao fria, mensagem consoladora do Evangelho de Jesus Cristo, de que o Esprito contemporneo se faz o mais alto representante das atividades do mundo.

    "Nele possumos todo o equipamento de recursos automti-cos que governam os bilhes de entidades microscpicas, a ser-vio da Inteligncia, recursos esses adquiridos vagarosamente pelo ser, em milnios de esforo e recapitulao, nos mltiplos setores da evoluo animica." Andr Luiz quer dizer que, na es-trutura do Perisprito, existem todas aquelas capacidades que ele acumulou atravs de sua trajetria evolutiva, nas vrias espcies animais. Nessa linha evolutiva, o Perisprito animou o corpo or-gnico de numerosas espcies, at chegar ao homem, trazendo toda aquela bagagem das experincias passadas.

    "O prprio Perisprito evolui atravs de estgios inferiores, antes de chegar ao ponto mais elevado da evoluo." (Reencar-nao - Delanne - Cap. II - pg. 68.)

    O Perisprito no est enjaulado no corpo fsico, sem poder desprender-se. Em "Obras Pstumas", no capitulo sobre mani-

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    festaes dos Espritos, 1 . parte, item 11, 2" Edio, lemos: "O Perisprito no esta encerrado nos limites do corpo como numa caixa. expansvei por sua natureza fludica; irradia-se e forma, em torno do corpo, uma espcie de atmosfera que o pensamento e a fora de vontade podem ampliar mais ou menos."

    Note-se bem que Kardec fala em atmosfera fludica, noo simples e cristalina. No h necessidade de os Espritos usarem a palavra "aura" para exprimi-la. "Aura" diz muito com a termino-logia catlica e lembra um aspecto de santidade, com aqueles crculos coloridos, envolvendo a cabea dos santos. Recomenda-ramos que os Espritas preferissem a designao atmosfera flu-dica e no "aura'.

    "Atravs da atmosfera fludica, somos vistos e examinados pelas inteligncias superiores, sentidos e reconhecidos pelos nossos afins. Isto porque exteriorizamos, de maneira invarivel, o reflexo de ns mesmos, nos contatos de pensamento a pensa-mento, sem necessidade de palavras para as simpatias e repul-ses fundamentais." (Evoluo em Dois Mundos - pg. 30.)

    1 - NATUREZA DO PERISPRITO

    Dissemos que o Perisprito tomado do fluido csmico uni-versal (FCU), substncia primordial que entra na constituio de todos os organismos e coisas dos vrios mundos. Ainda Kardec ensina que o Esprito tira seu envoltrio semimaterial do fluido universal de cada globo. Passando de um mundo para outro, o Esprito muda de envoltrio como muda de roupa. Andr Luiz diz que o Perisprito " o veculo eletromagntico", do qual o Espri-to se utiliza. Enfatizemos, ento, para evitarmos confuses futu-ras: a determinao do Esprito; ele quem ama, odeia, resolve e quer. O Perisprito o instrumento do qual o Esprito se serve.

    A composio do Perisprito se eteriza, medida que ele se depura e se eleva na hierarquia espiritual.

    A constituio ntima do Perisprito ainda escapa, completa-mente, aos nossos mtodos de pesquisa. No obstante, tm sur-gido vrias teorias que procuram explic-la. Vejamos uma delas:

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    Mauro Quintela, em uma srie de sete artigos publicados na Revista Internacional de Espiritismo, de Mato, So Paulo, anali-sa a teoria, segundo a qual o Perisprito seria formado por to-mos com maior espaamento interatmico, isto , tomos mais distantes uns dos outros. Jorge Andra, "Nos Alicerces do In-consciente", diz: " bem provvel, numa organizao dessa na-tureza, que as unidades atmicas apresentem os prtons e os eltrons ordinrios com afastamentos maiores." "A matria do plano fsico passa do estado slido para o gasoso, quando as mo-lculas se vo distanciando umas das outras. Assim se explica ser o Perisprito mais sutil e rarefeito, devido ao maior afasta-mento de suas molculas." Essa a tese de Andr Luiz, em "Li-bertao" (pgina 84); "Entre a Terra e o Cu" (pgina 125) e em outros tpicos.

    Uma segunda hiptese lembra a possibilidade de o Perisprito ser formado de antimatria. Antimatria a designao genrica de possveis partculas estudadas na Fsica Atmica, que teriam qualidades opostas s aquelas j aceitas pela Fsica (carga, spin etc.). Antimatria um campo de difcil compreenso para ns, e, ainda, em plena efervescncia entre os fsicos. No se jul-guem, pois, ignorantes ou desatualizados os leitores que dela no tiverem conhecimento, pois julgamos ser verdadeira audcia querermos explicar o pouco conhecido (Perisprito) pela desco-nhecida (antimatria). Infelizmente, tm surgido na literatura esprita autores audazes ou mesmo irresponsveis que esto lanando elocubraes mentais de gabinete ou fantasias, guisa de conhecimentos modernos.

    Uma terceira hiptese admite que o Perisprito seja constitu-do por tomos mais simples e mais sutis, em cuja formao en-trariam, apenas, as partculas menos materiais do tomo co-mum. Essa teoria, provavelmente, se baseia em explicaes de Andr Luiz, encontradas no livro "Evoluo em Dois Mundos", pgina 96. "Decerto que, na nova esfera de ao, a que se v ar-rebatado pela morte, encontra o Esprito a matria conhecida no mundo, em nova escala vibratria. Elementos mais complicados e sutis, aqum do Hidrognio e alm do Urnio." Tal afirmao no deixa de nos chocar, de nos surpreender. Quando a Fsica estabelece a classificao dos tomos simples, conhecidos, numa srie que vai do Hidrognio ao Urnio, este, o mais pesado dos

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    corpos simples, parece-nos uma ousadia algum afirmar que, aqum do Hidrognio e alm do Urnio existam corpos simples ainda desconhecidos pela Fsica.

    Pode-se aceitar tal idia como uma concepo ainda hipotti-ca, que dever ser comprovada cientificamente, no futuro. Preci-samos ter cautela suficiente para no acompanharmos, por e-xemplo, aqueles que, em vos ainda mais ousados, referem a existncia de mundos paralelos ao nosso, dos quais os nossos sentidos grosseiros no tomam conhecimento. Paralelos, no sen-tido de entrosados, "embricados" com o nosso, interpretando-o.

    Evidentemente, ningum poder negar a existncia de nume-rosssimos mundos no Universo, nesta e em outras Galxias, po-voados por Espritos em diferentes graus de evoluo. Nem al-gum negar, tambm, que os Espritos, por estarem em plano vibratrio diferente do nosso, esto impedidos de nos influencia-rem e se comunicarem, atravs dos mdiuns.

    Ainda h uma quarta hiptese elaborada por Carlos de Brito Imbassahy, fsico, professor e Esprita, sobremodo conhecido em todo o Brasil, atravs de vrios livros e artigos no "Mundo Espri-ta" (Jornal editado em Curitiba). a teoria do Perisprito-campo.

    Varley, que trabalhou com William Crookes, nas materializa-es famosas de Katie King, montou clulas fotoeltricas, para, nas sesses, controlar a entrada e a sada das pessoas ou obje-tos nas cabines medinicas. Diz ele que os Espritos, junto com os Perispritos, modelam o feixe luminoso, ao passo que os cor-pos materiais o cortam. Imbassahy admite que, uma vez desen-carnado, o Perispirito-campo pode agregar fluidos de outro pla-no, com o que constri uma pelcula material, embora no neces-site desses fluidos para existir. Imbassahy conclui que o Perisp-rito seria o campo induzido pelo Esprito e no a camada material que o recobre. Isto explicaria o fato de que, ao mudar de mundo, passa a se revestir do material colhido no novo ambiente. Dentro da teoria de Imbassahy, o Esprito, ao evoluir, vem "sutilizar o campo magntico" que o cerca e apropriar-se de partculas cada vez mais quintessenciadas.

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    2 - FUNES DO PERISPRITO

    Procuraremos resumir, da forma mais didtica possivel, o que for oportuno e acessvel, dentro da enorme literatura que j e-xiste sobre o assunto.

    Classificam os as funes do Persprito em quatro importan-tes itens: 1 - Organizador biolgico; 2 - Sede da memria; 3 - Intermedirio entre o corpo fsico e o Esprito; 4 - Atuao nas comuncaes medinicas.

    3 - PERISPRITO COMO ORGANIZADOR BIOLGICO

    O Perisprito o molde fludico, a "idia diretriz", o "esquele-to astral" ou o "modelo organizador biolgico" do corpo carnal.

    Claude Bernard, fisiologista francs, no sculo passado, j di-zia: "Em todo germe vivo h uma idia dirigente, a manifestar-se e a desenvolver-se na sua organizao. Depois, no curso da sua vida, o ser permanece sob a influncia dessa fora criadora. sempre o mesmo princpio de conservao do ser, que lhe re-constitui as partes vivas, desorganizadas pelo exerccio, por aci-dentes ou enfermidades." Se, precedendo a vida fetal, constata-mos a necessidade do Perisprito para modelar a matria, melhor ainda lhe compreendemos a importncia, ao examinarmos o con-junto das funes do organismo animal, sua autonomia e a soli-dariedade que as renem em sinergia de esforos tendentes conservao do ser.

    Como podemos entender de que forma age o Perisprito, du-rante a vida embrionria, na formao do indivduo? Gabriel De-lanne faz uma comparao com o eletrom. Compe-se este de um cilindro de ferro, em forma de ferradura. Em volta dos dois ramos da ferradura enrolado um fio de cobre. As extremidades do ferro so os plos Norte e Sul do eletrom. Passando a cor-rente eltrica no fio de cobre, o ferro fica imantado. Se colocar-mos um carto fino sobre os plos do m e polvilharmos sobre o carto limalha de ferro (ferro em p), vamos notar um fato inte-ressante: medida que o p cai, os pequenos grnulos vo se dispondo em linhas irradiadas em torno dos plos, formando rai-

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    os ou linhas de fora. Essa figura chamada "espectro magnti-co". Foi a fora magntica do m que orientou as partculas a tomarem essa configurao. Havia um campo magntico, invis-vel para ns, imperceptvel mesmo, que orientou a disposio das partculas.

    Assim, tambm, age o Perisprito. Sabemos que o Esprito, acompanhado do seu Perisprito, comea a se ligar ao corpo fsi-co do reencarnante, desde o comeo da vida embrionria, no -tero materno. Como esboo fludico que , o Perisprito vai orien-tando a diviso celular, no sentido de formar rgos e tecidos dentro daquele esquema pre-estabelecido. Como campo eletro-magntico que , pode, por isso, ser comparado ao campo do m, quando orienta a disposio da limalha de ferro. Delanne diz que o corpo fsico o espectro magntico do Perisprito.

    Assim se explicam os casos de materializaes, em que o Es-prito, acionando o mecanismo perispiritual, pode formar um corpo material temporrio, desde que o mdium lhe fornea a fora vital (ectoplasma) necessria. Na linha evolutiva, o Perisp-rito passou por uma imensa srie de corpos vivos. Treinou, de incio, a organizao de formas rudimentarssimas; aperfeioou-se, durante milhes de anos e de numerosas reencarnaes, chegando, por fim, a animar corpos humanos.

    As clulas do corpo humano esto em renovao constante.

    Em todos os tecidos, exceto o nervoso, as clulas crescem, desempenham suas funes, durante certo perodo de tempo, e depois morrem, sendo substitudas por outras. Alm dessa subs-tituio das clulas, tambm as substncias que a compem es-to em permanente processo de renovao. Tais transformaes se do no metabolismo celular, atravs do qual as clulas rece-bem do sangue o oxignio e as substncias nutritivas e as incor-poram. Ao mesmo tempo, consomem energia, queimando os ali-mentos produtores de calorias. A protena das clulas, ao se desgastar, vai ser transformada em resduos, como a uria, os quais sero eliminados para o exterior, principalmente pelos rins. Se no forem eliminados, acumulam-se no sangue, causan-do graves intoxicaes, como acontece na uremia.

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    Podemos dizer que a matria que forma nosso corpo est pe-riodicamente se renovando. Mas ns continuamos a ser ns mes-mos. H uma continuidade do ser, dentro de um conjunto, cujas partes mudam constantemente. Algo, nesse conjunto, resta es-tvel, permitindo a permanncia da individualidade integral. Es-se algo que mantm a continuidade o Perisprito. Os tecidos, quando se renovam, o fazem dentro desse esboo fludico ou modelo organizador biolgico.

    Quando um animal perde uma parte, por acidente ou doena, os tecidos vizinhos se hipertrofiam, preenchem os espaos e, muitas vezes, assumem a funo daquela parte perdida. Nos a-nimais inferiores, esta capacidade de regenerao verdadeira-mente notvel. Alguns vermes como as planrias, muito encon-tradas em lagos e represas, tm a capacidade de regenerar seu corpo, mesmo perdendo metade dele. Russell Hunter, em sua "Biologia dos Invertebrados Inferiores" (Editora Polgono - 1969) refere que, nos Turbelrios, qualquer pedao de um dci-mo de seu tamanho regenerar um verme completo. As lagarti-xas, animais situados j bem acima da escala zologica, podem regenerar a cauda perdida.

    "Desde que o Esprito capaz, em certas condies, de re-constituir seu antigo corpo material, claro que possui um esta-tuto dinmico que preside a organizao, ou entretenimento, e a separao do corpo terrestre." (Reencarnao - Gabriel Delanne Cap.2).

    A Biologia no explica como a lagartixa regenera a cauda perdida. Como as clulas que no tm conscincia, nem viso global, nem poder de comando, estando subitamente situadas numa superfcie de corte, vo saber que algumas devem formar os msculos da cauda, outras os vasos e nervos? S a existncia de um comando central, que no desaparece com a destruio de partes do corpo, poder determinar a cada conjunto de clulas o crescimento e as funes que ir desempenhar. Esse comando o Perisprito.

    Vejamos, agora, o que acontece no desenvolvimento do em-brio. Ele vai crescendo, orientado pelas determinaes genti-

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    cas dos cromossomos, incorporando os alimentos recebidos da me, atravs da placenta. Vai preenchendo as regies delineadas pelo Perispirito, que assim se afirma como esboo fludico do corpo fisico. Todavia, ningum pode negar a influncia da heran-a na formao do feto. H doenas que so herdadas, com toda a certeza, atravs dos cromossomos, como o mongolismo ou sn-drome de DOWN, em que uma anomalia no nmero deles leva a esse tipo grave de deficincia mental.

    Numerosas anomalias de nascena so herdadas atravs dos genes situados nos cromossomos paternos e maternos. H, ain-da, as doenas congnitas, sem alteraes dos cromossomos, tendo as leses do embrio surgido durante a vida intra-uterina. Como exemplo, citamos as leses congnitas da sfilis, em que o micrbio causador ataca o embrio ou o feto, vindo do sangue da me. Radiaes, vrus e txicos tambm podem lesar o embrio, durante o seu desenvolvimento. o caso da "talidomida", droga que foi muito usada em medicina e causou, em milhares de casos conhecidos, leses graves no embrio, nascendo a criana sem mos, braos, ps, alm de distrbios neurolgicos graves. Por isso, foi proibida sua fabricao. A partir da, a medicina e a far-macologia vm se preocupando muito em acompanhar os efeitos e contraindicaes dos novos remdios.

    MARCAS DE NASCENA - Alm dessas doenas, herdadas, tambm alteraes do Perisprito podem repercutir no organis-mo. H casos, cientificamente comprovados, dentre os quais as "manchas de nascena" foram muito bem-estudadas, no Brasil, pelo dr. Hernani Guimares Andrade, autor de vrios livros, dos quais O mais debatido "A Teoria Corpuscular do Esprito". Lem-bra ele que os estudiosos podero achar contraditria a influn-cia do Perisprito em relao s leis da gentica. A aceitao do Perisprito no exclui a influncia hereditria, pois as leis da ge-ntica ningum pode negar. Na verdade, os mentores espirituais chegam a referir a anlise dos "mapas cromossmicos" do Esp-rito que se est reencarnando. Tais mentores escolhem os futu-ros pais de acordo com suas possibilidades genticas, para eles encaminhando o reencarnante. E, ainda, podem provocar certas alteraes nos cromossomos, visando possibilitar nele o apare-cimento de aptides ou defeitos. Veja-se a reencarnao de Se-gismundo, narrada no livro "Missionrios da Luz".

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    Hernani Andrade relata o caso de uma jovem advogada, nas-cida no interior de So Paulo, que, desde os dois anos de idade, manifestava pnico por soldados armados. Mostrava grande a-mor pela Frana, embora seus pais fossem de origem italiana. Nasceu com duas curiosas marcas: uma cicatriz com aspectos de leso "priuro-contusa", no trax, e outra, com caractersticas de ferimento dilacerante, ao nvel do rim esquerdo. Recorda-se de haver vivido em Vichy, na Frana, e de ter sido assassinada, aos 15 anos, com um tiro no peito, desferido por soldado armado de fuzil. (Esprito, Perisprito e Alma - Editora Pensamento.)

    Outro caso interessantssimo o de Simone e Angelina, publi-cado como monografia, em 1979. Simone, filha de pais brasilei-ros, nascida em So Paulo, em 1963, com dois anos de idade, contava episdios ocorridos na Segunda Guerra Mundial e pro-nunciava palavras em italiano, sem as ter aprendido. Contava que se chamava Angelina e residia no Capitlio, em Roma.

    Certa vez, um menino trouxera um objeto parecido com uma caneta- tinteiro, achado na rua, e o entregara a Alfonsa Dinari, me adotiva de Angelina. Ao abrir a caneta, detonou a mina, causando a morte dos trs. A caneta era uma bomba disfarada, das que haviam sido distribudas na Itlia, para aterrorizar a po-pulao. Dispensando maiores detalhes, muito bem apurados pelo autor, interessam-nos, no momento, as marcas de nascen-a, correspondentes aos ferimentos mortais provocados pela bomba. A menor apresentava as seguintes marcas: a) marca ovalada, de 43 por 20 milmetros, no lado externo da coxa direi-ta; b) depresso ssea na regio occipital do crnio (nuca), lem-brando um osso furado e deprimido. Com o correr dos anos, essa depresso ssea foi diminuindo.

    As marcas de nascena destes dois casos resultariam de uma gravao no Perisprito dos traumas violentos causados na lti-ma encarnao, no corpo fsico, expressando-se, agora, no nasci-turo, cujo corpo, como vimos, plasmado sob a influncia do Pe-risprito.

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    4 - PERISPRITO COMO SEDE DA MEMRIA

    No "O Livro dos Espritos", Allan Kardec toca neste assunto muito de passagem. Quem o divulgou, com provas e detalhes valiosos, foi Gabriel Delanne, nos livros "Reencarnao" e "Evo-luo Animica",

    o Perisprito quem armazena, registra, conserva todas as percepes, todas as volies e idias da alma. o guardio fiel, o acervo imperecvel do nosso passado. Em sua substncia incor-ruptvel, fixaram-se as leis do nosso desenvolvimento, tornando-o, por excelncia, o conservador de nossa personalidade, por is-so, que " nele que reside a memria".

    Desde perodos multimilenares, em que o Esprito iniciou as peregrinaes terrestres, desde as formas mais elementares, at elevar-se s mais perfeitas, o Perisprito no cessou de assimi-lar, de forma indelvel, as leis que regem a matria.

    Se no houvesse o Perisprito, verdadeiro arquivo, onde se registram todas as impresses; se fosse s o sistema nervoso o local, em que ficam essas impresses gravadas, quando a subs-tncia que forma o tecido nervoso se renovasse, perder-se-ia, com a substituio, toda a memria do passado. O materialismo no consegue explicar como a memria permanece, enquanto toda a matria que forma o crebro foi trocada.

    Quem pensa, ama, deseja, resolve o Esprito. Essas funes mais nobres no so do Perisprito. Ele , apenas, uma bibliote-ca, um arquivo, do qual o Esprito se serve para buscar dados. Partindo destes, pode o Esprito humano raciocinar, comparar, imaginar e decidir. Delanne diz que o Perisprito o "armazm das lembranas, a retorta em que se processa a memria de f-xao e nele que o Esprito se abastece".

    5 - PERISPRITO E AUTOMATISMO

    - Quando aprendemos a andar, falar, escrever, nadar, preci-samos executar uma srie de movimentos mais ou menos padro-nizados, que, no incio, so conscientes, isto , cada um deles se

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    faz com um esforo consciente da vontade. Com o treino, no precisamos mais pensar em cada detalhe dos movimentos e eles se fazem automaticamente, caindo no domnio do inconsciente. Abordamos esse assunto ao focalizar o sistema nervoso. Em termos espritas, o que aconteceu foi o seguinte: a repetio dos atos criou associaes dinmicas e estveis no Perisprito, que pode ativ-las a qualquer momento.

    Outro fato em favor da memria ter por sede o Perisprito a-contece nas amnsias. Chamamos de amnsia a perda da mem-ria, total ou parcial, referente a nmeros, pessoas, imagens, epi-sdios acontecidos com a prpria pessoa. Pode a amnsia ser provocada por doenas ou por acidentes. Faz parte at da cultura popular dizer que algum ficou desmemoriado por ter tomado uma pancada na cabea. Amnsias passageiras ocorrem, aps ataques epilticos. Conta-se o caso de um cirurgio que, lanado do cavalo que montava, no se feriu, mas passou a apresentar amnsia para os fatos da famlia. Sharpey cita o caso de certa moa, que permaneceu em longa sonolncia. Quando voltou a si, tinha se esquecido de tudo. Precisou reaprender todas as no-es, desde as primeiras letras. Em outros casos, aps alguma doena ou acidente, a memria vai voltando aos poucos. O que jamais pode ocorrer uma nova pancada na cabea fazer voltar a memria, como se encontra em certos romances fantasistas.

    Quando acontece de o indivduo ter partes de seu crebro profundamente lesadas, s vezes com perda de massa encefli-ca, seria de supor que ele perdesse, para sempre, as faculdades psquicas, que eram atribuies daquelas regies. Se tais capaci-dades voltam atividade, sinal de que estavam localizadas em alguma parte que no foi perdida, na doena ou no acidente. Es-sa parte s pode ser o Perisprito. Ele vai comandar outras regi-es do crebro a assumirem o papel daquelas perdidas.

    O esquecimento das vidas passadas tambm se explica por mecanismos perispirituais. Vimos que o Perisprito o arquivo excepcional, em que se registram todas as impresses colhidas no meio em que vivemos, nesta e em outras encarnaes, po-dendo traz-las tona desde que certas condies o permitam. Esta revivescncia efetua-se pela vontade, auxiliada pela aten-

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    o, que tem por objetivo modificar a vibrao do Perisprito, fato necessrio para que a evocao das lembranas se torne consciente.

    Podemos, agora, compreender o mecanismo do esquecimento das vidas passadas: ao encarnar, tomou o Perisprito um "tipo vibratrio" (dizemos assim, por no encontrarmos palavras mais adequadas, sem entrar no campo da Fsica) compatvel com o organismo a ele ligado, que no oferece as condies para a re-cordao de outras vidas. Essa lembrana ser possvel em duas circunstncias: aps a morte do corpo carnal, ou nos estados de desprendimento do Perisprito, em relao ao corpo. Delanne diz que a revivescncia possvel, quando damos a esse corpo flu-dico movimentos vibratrios anlogos aos que ele registrou em outro momento de sua existncia. As lembranas referentes a uma vida anterior so mais freqentes entre as crianas, que delas trazem, ainda, vivas as marcas, que sero depois soterra-das pela aluvio das impresses da atual existncia.

    No livro "Reencarnao no Brasil", pgina 125, Hernani G. Andrade narra o caso "Rodrigo X Fernando". Citemos, apenas, o resumo do caso. "A personalidade atual, Rodrigo, nasceu na ci-dade de Ja, Estado de So Paulo, em 21 de dezembro de 1923. At, aproximadamente, os 12 anos de idade, ele se recordava bem de vrios fatos de sua vida anterior. Por ocasio de nossa primeira entrevista, aos 52 anos de idade, Rodrigo ainda manti-nha, na memria, alguns episdios apenas, tendo olvidado a maioria deles. Assim mesmo, conservava a recordao de muitas passagens de sua infncia, que foram sempre relembradas pela famlia e comentadas, inmeras vezes, pelos parentes mais pr-ximos."

    6 - REGRESSO DA MEMRIA

    - As experincias pioneiras de regresso da mmoria, deve-mos ao pesquisador espirita Albert de Rochas. Atravs do sono hipntico, induzido, ele conseguiu que alguns pacientes regre-dissem vida intra-uterina. Com o aprofundamento do sono e a experincia adquirida, conseguia, com grande sacrifcio, regres-so a duas ou trs encarnaes passadas. Jamais se gabou ele

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    de conseguir regresso a centenas de encarnaes passadas, como apregoam aqueles que se vm dedicando TVP (Terapia das Vivncias Passadas). Todos os conhecedores do assunto sa-bem que a vereda de difcil trnsito, comuns que so as causas de erro. Um sono hipntico, induzido, presta-se, com facilidade, liberao das capacidades supranormais sub-conscientes (se-gundo Bozzano) ou funes paranormais (no linguajar da para-psicologia). Liberadas tais capacidades, o sensitivo pode perso-nificar uma entidade, que se apresentar como tendo sido a re-encarnao anterior da pessoa hipnotizada. Esse fato deve ocor-rer, com grande freqncia, nas pseudo-regresses da TVP.

    7 - PERISPRITO COMO INTERMEDIRIO ENTRE O CORPO F-SICO E O ESPRITO

    Durante a vida terrena, o Esprito est intimamente ligado ao corpo, atravs do Perisprito, o qual, como ensina a Codificao Kardequiana, participa da vida corporal e espiritual. Dessa for-ma, as alteraes do sistema nervoso determinam perturbaes no exerccio das faculdades espirituais. Quando o piano est com defeito, por melhor que seja o pianista, jamais poder executar com perfeio as partituras. Por outro lado, emoes geradas no Esprito repercutem no corpo.

    Chamamos de sensaes as impresses colhidas pelos rgos dos sentidos (viso, audio, olfato, gosto e tato) e levadas pe-los nervos sensitivos ao crebro e a outros rgos do encfalo. Depois de um trajeto, mais ou menos longo, as sensaes vo chegar ao crtex cerebral, onde se vo transformar em percep-es ou conhecimentos. Essa mudana da sensao em percep-o seria inexplicvel, se no admitssimos o princpio espiritual. Como uma sensao, qual corrente nervosa transmitida ao longo dos nervos (por mecanismos hoje bem-conhecidos pela Fisiolo-gia) vai transformar-se em conhecimento? Como um simples im-pulso vai transformar-se em noes do mundo exterior com rela-o a cores, movimentos, msica, sons e assim por diante? Os materialistas no consegem explicar como essa corrente de na-tureza energtica se transforma em percepo e conhecimento.

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    A clula nervosa recebe a impresso levada pelos nervos e reage, determinando as respostas simples dos movimentos ou as complexas tramas do pensamento. Como isto se passa, na inti-midade? A clula produzir ondulaes, como as luminosas, ou trmicas? Ou o fenmeno se constituir em reaes qumicas do protoplasma celular?

    O grande neurologista francs Paul Cossa focaliza o problem a da percepo no seu livro "Physiopathologie du Systeme Ner-veux (Masson Editora-Paris). Na sua quarta parte (Sistema Ner-voso e Vida Psiquica), depois de estudar exaustivamente as ba-ses fisiolgicas da vida mental, Paul Cossa termina seu livro com as seguintes expresses: "Assim, compreendemos porque sua parte abstrata, totalmente livre de qualquer carter obrigatrio, no pode enquadrar-se nos estreitos limites de localizaes ana-tmicas. Basta-nos ter pressentido que a explicao espiritualis-ta no era, nem mais gratuita, nem menos sensata que a expli-cao mecanicista." Assim, trocando em midos, reconhece ele que no razovel tentar colocar dentro de certas regies do crebro o exerccio das abstratas funes psquicas. Diz, ainda, para grande satisfao dos espiritualistas em geral e Espiritas, em particular, que as nossas explicaes no so gratuitas, nem menos sensatas que as dos materialistas. Isto, proclamado por um grande mestre materialista, vem nos provar, como diz Allan Kardec, que o Espiritismo pode apresentar argumentos e seguir a Cincia, em todas as pocas da Humanidade.

    No momento em que a prpria Cincia encontra dificuldades para explicar a mudana da sensao em percepo, ou espiritu-alizao da sensao, cai como uma luva aceitar o Perisprito. Ele o rgo transmissor, funcionando como um transformador el-trico, no qual a corrente entra com certa voltagem e sai com vol-tagem diferente. O corpo recebe a impresso, o Perisprito a transmite e o Esprito, sensvel e inteligente, a recebe, analisa e incorpora. Mas podemos ter um trajeto inverso. Quando h inici-ativa que vem do Esprito, como ordem para o corpo executar, o Perisprito a transmite ao sistema nervoso, que a define como um impulso motor. Essa ordem vai, atravs dos nervos motores, aos msculos, que se contraem, obedecendo ordem recebida. Surgem, assim, os movimentos: locomoo, fala, gestos da mi-mica, canto, salto etc.

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    Alguns movimentos so automticos, como os da respirao, do bombeamento do sangue pelo corao e, mais profundamente inconscientes, as contraes peristlticas do intestino. Tambm, nesse campo, a atuao do Perisprito inegvel.

    8 - CROMOTERAPIA

    - O Esprito no toma conhecimento diretamente do mundo exterior. Preso ao corpo carnal, s percebe os objetos, atravs dos rgos dos sentidos. Diz Delanne que "a luz, o som, s lhe chegam sob forma de vibraes, diferentes segundo a cor, para a vista, e segundo a intensidade, para o som. Desde a infncia nos ensinaram que tal espcie de vibrao chama-se vermelho e tal outra, violeta. O Esprito no v, quando encarnado, mas sente a vibrao correspondente ao vermelho."

    Ademais, completaramos: A cor s existe como traduo re-tiniana e cerebral de uma vibrao ou ondulao, que, em si mesma, no tem cor. Nos outros mundos, a noo de cor deve ser completamente diversa da nossa. Por isso, no temos o direi-to de criar toda uma fantasia em torno de possveis poderes cu-rativos das cores, no que se costuma chamar de cromoterapia.

    Vejamos, rapidamente, algumas dessas fantasias: O verde-claro anti-sptico, sedativo e repousante. O escuro apresenta-se como energtico. O azul-escuro excitante, coagulante; esti-mula e pressiona. O cinza opressor, produzindo sensao de solido, isoladamente, e impede o recebimento de boas impres-ses. O vermelho-forte representa dinamismo, atrao e repulsa, ao mesmo tempo; abafa, irritante e agressivo, corrosivo; des-tri clulas. O roxo representa harmonia, amor, tranqilidade, estmulo a funes cardacas e glandulares. O amarelo-forte estimulante mental.

    E' impossvel apresentar tanta tolice junta! Afirmaes des-compromissadas, totalmente anticientficas, sem base alguma! Quem veicula tais noes no se d ao luxo de trazer qualquer prova. Vai inventando coisas, e as pessoas crdulas vo aceitan-do.

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    9 - PERISPRITO E DESENCARNAO

    - O Perisprito est to profundamente ligado matria do corpo quanto menos evoludo for o Esprito. Nas pessoas evolu-das, o Perisprito no est to entranhado, em sintonia com a matria densa, de modo que, para elas, a desencarnao fcil e suave. Nos indivduos mais embrutecidos, o Perisprito fica muito preso, pelas ntimas ligaes com a matria. Nessas pessoas, o Esprito e o Perisprito s vo desprender-se de todo com o aux-lio dos Espritos incumbidos do atendimento aos recm-chegados ao Plano Espiritual. Um Esprito atrasado referia a Kardec: "senti os vermes a corroer-me." (O Cu e o Inferno - Cap. V, item 13.) Mesmo os Espritos com um certo grau de evoluo ainda ficam muito ligados, no s ao corpo, como tambm ao ambiente fami-liar. Por isso, so extremamente raros os casos de desencarna-dos recentes poderem dar comunicaes, por incorporao me-dinica. Podem ser vistos, isto sim, pelos videntes. Se o mdium for excelente, poder at captar o pensamento do morto, mas, para haver incorporao, preciso um domnio das energias e do processo da mediunidade, que o mdium ainda no possui.

    Ligado a esses fatos por ns assinalados, temos o problema da cremao dos cadveres.

    No livro "O Cu e o Inferno", encontramos no captulo l da segunda parte, e pargrafo 4: "A extino da vida orgnica a-carreta a separao da alma, em conseqncia do rompimento do lao fludico que a une ao corpo, mas essa separao nunca abrupta. O fluido perispiritual s pouco a pouco se desprende de todos os rgos, de maneira que a separao s completa, ab-soluta, quando no resta mais nada do Perispirito ligado ao cor-po. A sensao dolorosa da alma, por ocasio da morte, est na razo direta da soma dos pontos de contato existentes entre o corpo e o Perisprito e, por conseguinte, tambm da maior ou menor dificuldade ou lentido que apresenta o rompimento.

    Se, aps a cessao completa da vida orgnica, existirem ain-da numerosos pontos de contato entre o corpo e o Perisprito, a alma poder ressentir-se dos efeitos da decomposio do corpo, at que o lao inteiramente se desfaa. Da, resulta que o sofri-

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    mento que acompanha a morte est subordinado fora adesiva que une o corpo ao Perisprito."

    Essa a razo suficiente para que os espritas sejam contr-rios cremao dos cadveres, quando feita logo aps a morte. Depois de certo tempo, supondo-se que j tenha havido o incio da decomposio do corpo e o desligamento do Perispirito, no vemos inconveniente na cremao. Essa foi a concluso a que chegou a Comisso de Doutrina da Federao Esprita do Estado de So Paulo (da qual fizemos parte), em maro de 1982, con-cluso essa sancionada pelo Conselho da Casa. muito difcil definir qual seria esse prazo, aps o qual a cremao no traria mais grandes traumas ao Perisprito, pois variam muito as condi-es do desencarne, como j foram citadas.

    10 - DESPRENDIMENTO DO PERISPRITO

    Dissemos que o Perisprito expansvel por sua natureza flu-dica e se irradia, formando, ao redor do corpo, uma atmosfera fludica. Assim se entende, facilmente, o mecanismo da mediuni-dade, por meio de um contato e uma sintonia vibratria entre o Perisprito do comunicante e o do mdium.

    No fiquemos, por enquanto, apenas no estudo da capacidade do Perisprito do Ser vivo:

    1) SONHOS - A separao completa entre o Perisprito e o corpo s se d por ocasio da morte. Mas, em mltiplas circuns-tncias, pode-se dar um desprendimento parcial. O caso mais simples se d durante o sono, em que a pessoa pode manter con-tato com os Espritos, receber orientaes, visitar ambientes do outro lado da vida e assim por diante.

    Andr Luiz refere a existncia de um cordo prateado, ligando o corpo ao Perisprito, momentaneamente distanciado. Os viden-tes tambm expem esse fato. Esse cordo seria formado de ec-toplasma. Quando o indivduo volta ao corpo, e acorda, pode tra-zer a lembrana dessas vivncias. Esses so os sonhos espiritu-ais. Gostaramos de enfatizar que existem, tambm, os sonhos materiais, que so fantasias do subconsciente, s vezes ligadas a

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    sensaes do corpo fsico. Uma criana sonha que est correndo no campo, com os coleguinhas, e fica com vontade intensa de urinar. Procura uma vegetao e a urina, com prazer. Mas ela est urinando na cama. Nos sonhos, somos poderosos, inveja-dos, valentes e fazemos mil coisas que no faramos na viglia ou que a sociedade probe.

    Freud, o grande criador da Psicanlise, baseou toda sua teo-ria no estudo dos sonhos, durante os quais brotaria, autntico e pujante, o inconsciente, com todas suas tendncias e complexos. evidente que esses s poderiam ser os sonhos que chamamos de materiais, na falta de termo melhor.

    Os orientais e as pessoas msticas ou sugestionveis acredi-tam na interpretao dos sonhos. A esse respeito, existe extensa bibliografia, porm no nos cabe, dentro de nossos objetivos, examinar tal assunto.

    Csar Lombroso, "Hipnotismo e Espiritismo", afirma que os sonhos foram os primeiros fatos que levaram os homens a cre-rem na existncia de um Eu inteligente e, em todas as pocas, julgaram ver neles os precursores de qualquer acontecimento, posto que no tenham sido estudados cientificamente. Os sonhos podem ser encarados como um meio-termo entre o sono e a vig-lia. Muitos fenmenos referentes aos sonhos, segundo Lombroso, poderiam ser explicados por maior acuidade dos sentidos, capaz de provocar alucinaes, de maior sugestionabilidade, e de tor-nar a memria mais aguda.

    Miss Crellin, quando pequena, apanhou, por brincadeira, o anel da professora e perdeu o diamante que nele estava incrus-tado. Debalde o procurou; viu, entretanto, em sonho, o lugar em que o deixara cair e ali foi encontr-lo.

    O sr. Herbert Leurs recebe importante carta e a perde. Debal-de a procura, um dia inteiro, em seu quarto. Sonha que a v num canto daquele aposento e a encontra. Lombroso atribui tais ca-sos "criptomnsia", revivescncia da memria em estado de sono. Ns, os Espritas, no precisamos criar termos novos para tentar explicar a lucidez, quando sonhamos. Trata-se, pura e

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    simplesmente, de um desprendimento do Perisprito, que, liberto momentaneamente das amarras da matria, pode exercer suas capacidades latentes, muito mais amplas do que as exibidas, quando encarcerado na matria.

    2) DESDOBRAMENTO - Os profitentes de seitas orientais, de tipo mgico-religiosas, buscam desdobrar-se voluntariamente. Para consegui-lo, fazem os conhecidos jejuns prolongados, a-companhados de meditao e tcnicas de auto-hipnose. Essas prticas, com roupagens novas, tm sido divulgadas por espiri-tualistas do Ocidente, no Brasil, inclusive. Sua aceitao est muito ligada tendncia do povo brasileiro em acreditar em tudo o que fantasioso, que cheira a mistrio. Eles se esqu