do lar à fabrica

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Universidade Federal de Pelotas Curso de Letras Trabalho sobre assuntos apresentados em aula Professor: Armando Cruz Aula: Cintia Fernandes Matéria: ESHFE Data de Entrega:03/10/2012

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Universidade Federal de PelotasCurso de Letras

Trabalho sobre assuntos apresentados em aula

Professor: Armando Cruz

Aula: Cintia Fernandes

Matéria: ESHFE

Data de Entrega:03/10/2012

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Do Lar à Fabrica, Passando Pela Sala de Aula:

A Gênese da Escola de Massas

Ao fazermos a análise e discussão sobre esse texto, debatemos sobre a ideia

do autor em estabelecer relação entre o processo de construção da escola e o

desenvolvimento das relações de produção no capitalismo, também incluída a

união da pedagogia utilizada e os interesses do sistema. A escola de hoje e

seu modo de ensino e aprendizagem são resultados da relação estabelecida

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entre o sistema ela e o sistema de produção da sociedade. Em todas as

sociedades, há sempre uma ligação entre o processo educativo e as relações

sócias da produção, como escrito em “Sempre existiu algum processo

preparatório para a integração nas relações sociais de produção, com

frequência alguma instituição, que não a própria produção em que se efetuou

este processo” (Enguita, Mariano. A face oculta da escola. pp.105).

O processo educacional desde seu nascimento na idade média teve como suas

ideias principais a preparação dos jovens para exercer suas funções nas

relações de produto da sociedade e aí vem à explicação do porque de ocorrer

fora de suas famílias. “A transmissão e aquisição das necessárias destrezas

sociais e de trabalho, por conseguinte, bem podiam ser levadas a efeito nas

próprias famílias. Mas esta vinculada por laços afetivos, não era o lugar mais

adequado, provavelmente, para aprender os laços de dependência nem a

autodisciplina necessários. Para isso era necessário haver uma relação mais

distante entre o mestre e o aprendiz, ou então entre o cavaleiro e seu

assistente, e isto só se podiam obter ou, ao menos, era a melhor forma de

fazê-lo, colocando os jovenzinhos a cargo de outra família que, assumindo o

papel de educadora, não se visse travada pelo obstáculo do afeto.” (Enguita,

Mariano. A face oculta da escola. p.108).

Enguita afirma que exclusivamente com a referencia da sociedade industrial é

que a educação passou a ser formamente usada como lugar de ensino dos

jovens para o trabalho, sendo a escola o principal meio de ação.

A escola poderia ser importante para criar os trabalhadores para as

necessidades das novas formas de trabalho e então começou a ser criada com

esse intuito. Fazendo com que o trabalhador seja ao mesmo tempo eficiente e

dócil. “Mas a proliferação da indústria iria exigir um novo tipo de trabalhador

(…) se os meios para dobrar os adultos iam ser a fome, o internamento ou a

força, a infância (os adultos das gerações seguintes) oferecia uma vantagem

de poder ser modelada desde o princípio de acordo com as necessidades da

nova ordem capitalista e industrial, com as novas relações de produção e os

novos processos de trabalho.” (Enguita, Mariano. A face oculta da escola.

p.113). Embora muito tenha sido modificada até hoje, acredito que esse

método ainda possa ser usado com menos rigor. As escolas seriam um

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preparatório para vida de trabalhador, trabalhado desde a infância para quando

chegasse à vida adulta já tivesse condicionado. O texto informa as formas

pelas quais a escola de massa possa ser uma das formas de socialização dos

trabalhadores, e por mais que uma das causas da crise das escolas hoje venha

a estar relacionada à sua impossibilidade de conseguir produzir os indivíduos

que a nossa sociedade exige.

Pedagogia do Oprimido

Na visão bancaria da educação, o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. O educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Na concepção bancaria a educação é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimento. Paulo Freire critica dizendo o seguinte, quanto mais os educadores encher-se seus compartilhamentos, melhor será. Quanto mais exercitarem-se no arquivamento dos compartilhamentos que lhes são feitos, menos existira em si próprios a consciência crítica que resulta sua inserção no

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mundo, como transformadores dele. Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta, impaciente, permanente, que fazemos uns com os outros. Se os homens são estes seres da busca e se vocação ontológica é humanizar-se, possa, cedo ou tarde, engajar-se na luta por sua libertação. Um educador humanista, revolucionário, não há de esperar esta possibilidade. A concepção bancaria e a contradição educador-educando há a necessidade de salientar que somente com a comunicação a vida humana tem sentido, o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educando. A libertação autentica, que é a humanização em processo, não é uma coisa que se deposita nos homens, é o que implica a ação e reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-los. Se quisermos a liberdade, não devemos começar deixando-os alienados. A educação libertadora não deve ser um ato de transferir conhecimentos e valores e sim de chamar a atenção dos verdadeiros humanistas para o fato de que eles não podem, na busca da libertação servir-se da concepção bancaria, sob pena de ser contradizerem em busca. Também não deve essa concepção tornar-se legado da sociedade opressora á sociedade revolucionaria. Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si. O educador não é aquele que educa, mas sim aquele que ao mesmo tempo em que educa é educado. Sendo assim, ambos estão crescendo juntos, quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentiram desafiados. Tão mais desafiados quanto mais obrigados a responder ao desafio, o homem como um ser inconcluso e consciente de sua inconclusão, de permanente movimento da busca do ser mais. A concepção problematizadora parte exatamente do caráter histórico e da historicidade dos homens que os reconhecem como seres que estão sendo, como seres inacabados, diferentemente dos outros animais, que são apenas inacabados, mas não históricos. Esta busca do ser mais não pode realizar-se no isolamento, no individualismo, mas na comunhão, na solidariedade dos existires, daí que seja impossível dar-se nas relações antagônicas entre opressores e oprimidos.

IX – Poder – Corpo

Michel Foucault Segundo Foucault, até o século XVII, protegia-se o corpo do rei. Agora, protege-se o corpo social. Para Foucault é o poder que gera o corpo social e não o consenso como se acredita. O domínio e a consciência do corpo só foram possíveis com um investimento sobre o próprio corpo através de exercícios disciplinares. Diz o filósofo que “o poder penetrou no corpo, encontra-se exposto no próprio corpo”. O poder não se vacila. Investe em

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lugares estratégicos e de forma sutil, continua a sua batalha. A partir do século XVII lançou-se um poder de controle sobre o corpo e uma vigilância sobre a sexualidade. Dessa forma, “o corpo se tornou aquilo que está em jogo numa luta entre os filhos e os pais”. Para manutenção de suas estratégias, em vez do controle-repressão, o poder passa a agir por meio de controle-estimulação. “Fique nu... mas seja magro, bonito, bronzeado!” Segundo Foucault a ideia da negligência do corpo em favor da alma pela sociedade burguesa é falsa. Pelo contrário, diz o filósofo que; nada é mais material, mais físico e mais corporal que o exercício do poder. Foucault afirma que não tenta delimitar o poder ao nível da ideologia. Segundo Foucault, o poder não exerce somente efeitos negativos na sociedade.Ele produz também efeitos positivos. Diz o autor que: se o poder é forte é devido ao fato de produzir efeitos positivos, como por exemplo, em nível do saber. “O poder, longe de impedir o saber, o produz”. Somente foi possível um saber sobre o corpo através de um conjunto de disciplinas militares e escolares. Foucault conclui que o poder não está localizado no aparelho de Estado. Os mecanismos de poder funcionam de forma disseminada e a nível elementar e, nada mudará na sociedade sem que mude os mecanismos cotidianos das relações de poderes. Para Foucault, o intelectual deve fazer um inventário topográfico e geológico das condições de batalha, mas de forma alguma dizer o que deve ser feito. Foucault finaliza o diálogo lembrando ainda que; a medicina ocupou um lugar central nas relações de poderes. “Era em nome da medicina que se vinha ver como se instalavam as casas, mas era também em seu nome que se catalogava um louco, um criminoso, um doente...”.

Texto: Estado, Globalização e Políticas Educacionais.

Sobre esse texto vou relatar dois aspectos que meu grupo colocou em questão.

- A INFLUENCIA DO MEIO E DA CULTURA NA EDUCAÇÃO

Nossas crianças são fortemente marcadas pelo meio social em que vivemos, assim como também deixam suas marcas nesse meio. A família é seu principal

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referencial. O ambiente com ou sem o conhecimento do educador, manda mensagens e os receptores, que estão aprendendo, respondem a elas.

A influência do meio através da interação permitida por seus elementos é contínua e absorvida. As crianças e ou os usuários dos espaços são os verdadeiros protagonistas da sua aprendizagem, na continua com pessoas e objetos novos, possibilitam descobertas pessoais num espaço onde será realizado um trabalho individualmente ou em pequenos grupos.

Os espaços feitos para criança e com a criança precisam ser explorados por elas mesmas com interação total de aprendizagem, troca de saberes, liberdade, individualidades, de se divertir aprendendo. 

As aprendizagens que ocorrem dentro dos espaços disponíveis e ou acessíveis à criança são fundamentais na construção da autonomia, tendo a mesma como própria construtora de seu conhecimento. O conhecimento se constrói a cada momento em que a criança tem a possibilidade de poder explorar os espaços disponíveis a ela. 

O papel do adulto é promover o desenvolvimento integral de todas as potencialidades da criança. O educador deve ter a sua proposta voltada para o bem estar da criança, buscando sempre melhorar a sua prática elaborando sempre novas alternativas de construir o conhecimento de um grupo como um todo. O desenvolvimento da criança até a fase adulta depende da maturação do sistema nervoso central e dos estímulos que o ambiente oferece.

-QUALIDADE DO ENSINO A DISTÂNCIA

Quando você começar a defender o ensino a distância para graduações plenas, no Brasil atual, pare e se pergunte sinceramente: eu daria isso ao meu filho ou gostaria que ele fizesse um curso regular, presencial? Os que têm alguma vida intelectual, que são professores universitários ou ocupam cargos que demandaram formação intelectual mais sofisticada, caso sejam honestos consigo mesmos, jamais darão a resposta, em público, optando pelo ensino não presencial. Os educados entre os anos 40 e 60 fizeram escola pública. Alguns mais ricos fizeram os colégios particulares de alta classe. Eu não deixaria meus filhos não prestar vestibular para a universidade estatal. Nossas elites fazem o ensino à distância, atualmente, ser exatamente aquilo que foi o ensino profissional. Há a “escola para os nossos filhos” e a “nossa escola para os filhos dos outros” – esta é a verdadeira política educacional de nossas elites. Adorávamos falar bem do ensino profissionalizante, técnico, mas, para os nossos filhos, queríamos o ensino propedêutico – o caminho para a universidade aplicamos hoje a mesma coisa ao ensino a distância, pois falamos bem do ensino a distância quando estamos em público, mas não a quatro paredes, não para os nossos filhos.

Quando pressionados, dizemos assim, hipocritamente: “ah, mas o ensino a distância também é bom, e conhecemos lugares onde o

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presencial é ruim, e o ensino a distância é para democratizar a universidade – nem todos podem ir para onde existe universidade”. Na condição de pessoas da elite, deveríamos dizer outra coisa, caso fôssemos honestos mesmo: “vamos melhorar o ensino básico, vamos ampliar as vagas das universidades estatais, vamos pagar bons salários para todo professor no ensino estatal em todos os níveis etc.”. Já fizemos algo assim no passado. Podemos fazer de novo. Não temos que voltar ao que foi moda nos Estados Unidos nos anos 70, a “pedagogia compensatória”. Não foi ela que melhorou o nível intelectual do americano. Aliás, os que propunham isso nos Estados Unidos, diziam propor para eles mesmos, mas, na verdade, queriam só que os latinos usassem aquilo, dentro do país, e também vendiam aquilo como solução para a educação no Terceiro Mundo.

Deveríamos usar o EAD como apoio, um grande apoio por sinal. Deveríamos usar o EAD como canal para alguns tipos de ensino técnico. Deveríamos usar o EAD para programas de treinamento. Mas não podemos usar o EAD para a graduação, para a formação básica do profissional, especialmente em relação aos saberes que demandam vivência universitária.

O que desejamos para nossos filhos é o que deveríamos desejar para os filhos dos outros. O resto é demagogia, hipocrisia e conversa fiada, e isso quando não é coisa pior, bem pior. EAD é boa coisa, mas não deveria servir como está servindo, para não fazermos, antes, o que deveria ser feito em termos de uma política educacional de gente séria.

Conclusão a respeito das aulas:

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Difícil fazer uma conclusão a respeito de todos os assuntos abordados em aula porque foram inúmeros, onde começávamos em um ponto A e quando visto já estava em um ponto Y. Acredito que para todos, assim como eu, essas aulas foram de grande aprendizagem, conhecimento e liberdade. Liberdade acho que pode definir bem o que eram nossas aulas, cada um em seu ponto de vista, com suas opiniões e todas sendo exposta para ampla reflexão de todos. Como dito inúmeras vezes pelo professor Armando “A aula acaba, mas o assunto continua em nossa mente” é, era bem isso que acontecia, a reflexão caminhava conosco até a ida a nossas casas. Um aspecto que me impressionou e muito nas aulas foram as diversas formas de se analisar sobre determinados assunto, porque embora saibamos que uma ideia não se limita, não temos a dimensão disso e nas nossas aulas tivemos uma perspectiva, mesmo que pequena, do que é um universo de ideias. Um assunto debatido, em minha opinião, mais curiosa e profunda, foi sobre a educação, o que eu seria nossa profissão, o que teríamos que fazer, quais problemas surgiriam no decorrer da nossa caminhada, enfim o que realmente seria o nosso futuro como educadores. Ao debatermos sobre a violência nas escolas, precariedade, pobreza, falta total de estrutura, confesso que fiquei um pouco assustada sobre como lidar ao me deparar futuramente com essas situações. De primeiro momento fiquei até meio confusa sobre continuar ou não na área ciente de todo o empecilho que surgiriam pela frente. Mas de segundo momento surgiu à ideia de que como ficaria nosso ensino se não há quem ensine? Como ficaria nosso ensino se ninguém se dispõe a ensinar? E isso me surgiu na mente como se fosse um desafio, e quem que não se sente desafiado e não quer vencer o desafio? Pois é isso me deu um animo, saber que nós futuros educadores seriamos de suma importância na vida das pessoas, assim como elas em nossas também. Essa foi uma das aulas em que me “achei” em que tomei a decisão realmente de continuar e enfrentar o desafio de “ser uma professora” que tanto a sociedade diz que precisam ser valorizados é de suma importância, mas que na prática não dão todo esse valor. Enfim, fica meu agradecimento pelas aulas, pelos conhecimentos, pelas descobertas, pelas trocas de ideias, e todas outras situações ali vividas.