do feminicÍdio aos crimes contra a vida por … · este trabalho tem como objetivo principal...
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DO FEMINICÍDIO AOS CRIMES CONTRA A VIDA POR MOTIVO DE
ÓDIO CONTRA DETERMINADA ORIENTAÇÃO SEXUAL.
Anna July Souza Santos1
Thayara Cristina Ferreira de Assis2
Ana Maria Perin Fioco Viana de Souza3
RESUMO:
O trabalho em questão tem como objetivo realizar um estudo e questionar a abrangência da
Lei n°13.104/2015 que incluiu uma qualificadora ao Artigo 121 do Código Penal, na qual,
criou uma condição de maior gravidade com o fundamento no maior desvalor da ação, face
à condição de vulnerabilidade histórica da mulher na sociedade. Esta qualificadora incide
sobre o homicídio de mulheres simplesmente pelo fato de serem do sexo feminino, as
críticas realizadas nesta pesquisa tem como base o fundamento que o legislador ao elaborar
essa lei, deveria ter incluído nesse rol, ou em outro inciso específico às pessoas que
apresentam diversidade de orientação sexual, pois o cerne, a explicação para a criação
desta lei foi exatamente o crime motivado pelo ódio ao que o individuo é, e sua maior
vulnerabilidade por este fato. Nesse sentido, desconsiderou que o fundamento de proteção
jurídico-penal para este crime é o mesmo relacionado ao feminicídio, ou seja, maior
vulnerabilidade das vítimas. Para a efetivação deste trabalho será realizado levantamento
bibliográfico em periódicos e artigos científicos.
PALAVRAS-CHAVE: Crimes de Ódio. Maior Vulnerabilidade. Gênero.
GRUPO DE TRABALHO: Diversidade e Direitos Humanos.
1 Graduanda do Curso de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus de Três Lagoas.
2 Graduanda do Curso de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus de Três Lagoas.
3 Graduanda do Curso de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Câmpus de Três Lagoas.
Anais do X
IV C
ongresso Internacional de Direitos H
umanos.
Disponível em
http://cidh.sites.ufms.br/m
ais-sobre-nos/anais/
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PROBLEMA DE PESQUISA:
É fato o histórico de violência e perseguição quando se trata do tema sobre a
diversidade sexual e suas nuances, sendo em alguns momentos da história considerada
doença, momento este não muito longínquo.
Nota-se que, ainda persistem práticas não só preconceituosas como
absolutamente hostis, culminando em agressões de várias espécies, como a moral, a
psicológica e não muito raro a violência física. Não são poucos os casos de assassinatos
envolvendo homossexuais. Essas práticas são caracterizadas como crime de ódio, sendo
esta uma repulsa agressiva a determinadas minorias, no caso os homossexuais e afins.
Tomando como base as premissas acima, é correto afirmar que a espécie de crime
referendado no Artigo 121, motivado por questões de ódio e homofobia possuem um maior
desvalor de ação.
A Lei 13.104/2015, em questão que adicionou o feminicídio como qualificadora
deste tipo penal, tem como base o mesmo histórico de discriminação e de lutas dos
homossexuais para uma igualdade e o fim dessas discriminações seja ela de qualquer
espécie, mas em especial ao caso em estudo, o homicídio. Possuindo este conhecimento da
Lei, do histórico de ambas e das violências acometidas a estes grupos, poderia somente um
destes ser abarcado por essa lei e incluído no rol das qualificadoras e o outro ser
desamparado?
OBJETIVOS:
Este trabalho tem como objetivo principal apresentar o percurso histórico da
discriminação aos grupos que apresentam diversidade de gênero, bem como, a necessidade
de proteção jurídico-penal, em relação à sua condição de vulnerabilidade, como já
mencionado. Elaborar formas de inclusão de proteção desses grupos ao tipo penal do
Artigo 121.
DISCUSSÕES:
O fundamento jurídico para o feminicídio consiste na maior vulnerabilidade deste
grupo, tomando como ponto de partida esta afirmação, os crimes motivados por razão de
orientação sexual fazem parte também deste grau de vulnerabilidade, visto que são
minorias na sociedade, e podem gerar incômodos a maiorias que sejam preconceituosas.
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Desse ponto, o principal motivo da proposta realizada ao longo do trabalho é a
busca por uma resposta jurídica que alcançam essas minorias por vezes tão massacradas.
Por já ter sido contemplado uma destas, paulatinamente o que se espera dos legisladores é
essa resposta, de maneira urgente, pois os casos de conservadorismo e arbitrariedade
culminando em agressões e mortes de pessoas de orientação sexual diversa vêm criando
volume, fato este preocupante, visto que o direito a sexualidade é um direito inerente à
pessoa humana e que deve ser respeitado.
RESULTADOS ALCANÇADOS:
Durante o decorrer da pesquisa, vislumbra-se que ocorreu uma inovação
pertinente em relação à proteção jurídico-penal acerca do feminicídio, praticado contra
mulheres pelo simples fator de sua condição feminina. Com fundamento no maior desvalor
da ação, houve a inclusão do feminicídio como qualificadora do artigo 121 do Código
Penal por meio da Lei 13.104 de 2015.
Por outro lado, a elaboração realizada não levou em consideração as pessoas que
apresentam diversidade de orientação sexual, desconsiderando que o fundamento de
proteção para tais práticas são os mesmos, ou seja, uma condição de maior gravidade.
Desse ponto, é de extrema importância incluir a diversidade de orientação sexual no
âmbito da seara de proteção penal, com finalidade de abarcar esses respectivos grupos
minoritários. Dessa forma, haverá uma maior visibilidade, como também, uma intervenção
penal a essa pratica motivada pelo ódio. Com a intenção de promover uma sociedade mais
igualitária e proporcionar o respeito aos direitos inerentes à pessoa humana, como previsto
na Constituição Federal.
A respeito do tema, deverão ocorrer mecanismos que visam coibir e punir
qualquer forma de manifestação de ódio e intolerância destinada à diversidade de
orientação sexual. Nesse trabalho, acreditamos que é de suma importância a visibilidade
dos direitos acerca da diversidade sexual, a fim de garantir a efetividade e assegurar a
proteção penal, em específico a esses grupos que são minorias em nossa sociedade. Desse
modo, é necessária a inclusão no sistema penal que visa à tutela desses direitos, e, a
elaboração de formas a coibir essa prática.
REFERENCIAIS TEORICO-METODOLÓGICOS:
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No presente trabalho foi utilizado o método hipotético-dedutivo, bem como, a
realização de procedimentos técnicos de pesquisas e análises bibliográficas, legislação
pertinente ao assunto, periódicos e artigos científicos, com a finalidade de englobar toda
discussão acerca do tema.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:
BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco; SANTOS, Daniel Moraes dos. O longo
caminho contra a discriminação por orientação sexual no Brasil no
constitucionalismo pós- 88: igualdade e liberdade religiosa. Disponível em:
<http://www.libertas.ufop.br/Volume1/n1/vol1n1-2.pdf>. Acesso: 11 de ago. 2017.
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/lei/L13104.htm>. Acesso : 11
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-64872012000600003> .
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Disponível:<http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope/pages/arquivos/NOVOS%20TEX
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f>. Acesso em 11 de ago. 2017.
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