do amor e outras nuances

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Do amor e outras nuances...

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sobre amores e despedidas

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Do amore outras nuances...

Finque bandeira em meu chão...Te dou meu porto seguro, eu juro...Minha alma à deriva,meu barco à vela.Te dou minha janelapra você se debruçar.Minha cama, minha febre,meu sexo, meu colo... Te dou tudo que eu posso,até o que não posso te dar.Meu signo, meu leme,minha sina, meu rumo meu eixo... Eu deixovocê tomar posse.Te dou tudo, tudoque você quiser de mim,tudo que você puder levar...Mas fica, e finque bandeiraem meu chão!

Uma noite de fossa quando descobri que o nosso amor já era...

• Rasguei sua camisa amarela, aquela que eu mesma fiz, com três metros de entardecer...Apaguei do meu PC seus vestígios todos. Fotos, músicas, poesias...Qualquer coisa que me faça lembrar o casal que fomos um dia.Tomei uns comprimidos pra dormir, pra esquecer que estou sofrendo,quase morrendo de tantas saudades e dor...Bebi quatro taças de vinho, depois derramei mais de mil lágrimas...(Manchando antigas cartas de amor.)Brindei sozinha à minha solidão... E procurei uma faca na cozinha,pra cortar laços, pulsos, nós... Fincá-la de vez no próprio coração.Apertei com tanta força minha mão vazia, como se a sua estivesse ali.Esmurrei a parede de azulejo do banheiro e te vi de relance no espelho,balançando sutilmente a cabeça, e talvez pensando em voz alta:"Baby, o amor tem prazo de validade, e efeitos colaterais desastrosos"...Procurei outra garrafa de vinho!Querendo embebedar lembranças e mágoas...

Repiende! (heppy end)• Estou cansada de migalhas,

de meia sola, de meia boca,de meias palavras, de esmolas.Cansada de pão dormido,chiclete mascado, café requentado,coração partido!Estou cansada de me fazer de boba,de lhe fazer a corte,de me fazer de forte.Não suporto mais essa meio morte!Ah! Esse desencanto de mim...Esse desencontro assim, assim.Estou afim de virar a página,de fazer um filme,de viver uma mágica...E ser feliz no fim!

Uma fada invisível caminhando por seu jardim...

• Caminho por seu jardim perdido,catando flores, folhas, migalhas,ervas daninhas, paus e pedras.Invadindo seu espaço, remendando cacos...Fazendo meu ninho com as sobras do seu tempo.Caminho por seu jardim, displicentemente,ao acaso, ao sabor do vento.Semeando versos tímidos, desajeitados...Aguando com lágrimas plantas ressecadas,restaurando canteiros e vasos quebrados.Caminho por seu jardim tão levemente,como se por um momento fosse uma fada.Uma fada invisível, sem asa, sem nada...Fadada a indiferença e ao esquecimento!

Adeus!• Quando eu bati a porta do meu coraçãona sua cara,e disse que tava só dando um tempo...Te enganava!Meu relógio corre ágil e ligeiro,companheiro meu dardo é certeiro e solitário,meu caro. Os caminhos que ouso percorrersão outros que não os seus...Adeus!

O fosso e o nirvana• Enquanto eu caio na fossa,

você atinge o nirvana.Eu me contorço em versos,você se senta em flor de lótus.Eu faço votos, promessas,passo fome, esmolo...Me enrolo em solidão,peço perdão, me redimo.Tenho paixão e auto-compaixão,febre, tristeza, tenho medo!Você sorri e toca violão.Você é quase um saniasi,vive no topo do Himalaia.Eu, talvez caia, mas me seguro.Ando perdida, por aí a esmo...Ando mesmo atirando no escuro.Minha flecha é cega, é incerta...Meu arco está todo quebrado.Mas minha porta está aberta,esperando talvez o sol entrar.Você... você já tem o sol em si!

BARGANHA• Te dou um doce por seus

sonhos,te dou um sonho por seus beijos,te dou amor por seus pensamentos,te dou momentos de prazerPor um olhar de ternura.Te dou minha mão em sua angústia,por uma lágrima que seja pura.te dou um giga de memória por todos os seus brancos,te dou um sorriso francopor um simples riso amarelo.

• Te dou tudo que eu quero,e um coração pra você brincar.Te dou a lua, o sol, o mar...Por uma palavra qualquer,sussurrada em meus ouvidos.Te dou os dias que virão,e a lembrança dos dias idos...Te dou o que você pedirpor um segundo ao seu lado.De dou minha felicidadepor seu fardo, te dou meu fado, meu tango,meu samba, minha toada... por um esboço de versoe mais nada!

NÃO SEI O QUE DIGO...• Não sei mesmo, o que dizer nessa hora.

Você me diz que vai embora...Não sei se falo, ou se me calo,não sei se acredito, ou se não.Não sei se acho mesmo que você se vai.para sempre! Sem volta! Sem mais nem menos!Ou se é pura bobagem de momento.Não sei se tudo que vivemos foi em vão...Não sei se são só palavras a ermo.perdidas na escuridão, da nossa falta de tempo.Não sei de mais nada. Nunca soube, talvez!Nosso amor com arroz de leite,se estragou na geladeira quebrada.Nossa cumplicidade abstrata,escorregou pelo ralo da piaNosso dia à dia se perdeu,junto com os papéis da energia.Nossas contas atraSadas,nunca mais serão pagas.Não dividiremos mais nada.Nem beijos, sorvetes, chicletes...Nem travesseiros, nem sonhos.Nem estradas!

Livre que te quero• Te amo e te quero livre. Livre também de mim.

Dos meus temores e humores e hormônios...Te quero livre, te quero anjo.Espante todos seus demônios!Deposite seus sapatos na entrada,e pise descalço em meu coração,que é teu esconderijo, tua morada.Te quero sem amarras, sem nós, nem gravatas.Te quero terno, limpo, alma lavada.Camisa branca e mais nada.Te quero fazendo amor em mim.Num tatame, num jardim...Num ponto qualquer do universo.Te quero inteiro, submerso..Em meu oceano de flúidos,de flores brancas, suores, odores...Te quero em minha banheira, depois.Rendido, cansado, morto! Mas livre!É assim que te quero, sempre!São asas o que te ofereço...

Nem migalhas, nem sobras• Não quero chorar lágrimas de sangue.

Depois passar batom, na frente do espelho.Não quero enterrar memórias vivas,e me afundar em culpa e desespero.Não quero certezas, nem psicanálise.Não quero farmácia de madrugada,nem gillete cortando minhas veias.Não quero mais suas meias sujas,camufladas em meus lençóis.nem suas meias palavras, soltas a ermo.Nem afogar no copo de vinho, minha voz.Não quero cometer os mesmos erros,nem quero desatar os mesmos nós.nem pontas de cigarro no meu cinzeiro.Não quero beijo de despedida, nem piedade,nem quero saudade, nem sua amizade.nem suas migalhas, nem suas sobras.Só quero sonhos e estradas, pra seguir...E completar meu álbum com fotografias novas.

É nada não! (Apenas um ar de soberano desprezo)

• Você é pra mim como uma tatuagemde embalagem de chiclete...quando molha a pele,derrete!

Você pra mim é comoum pão com bromato,lindo... mas quando aperto,esmigalha, no ato!

Você pra mim é como novela,quando chega no final,se enrola completamentetipo nó cego em corda de sisal.

Você pra mim é feito meninoaprontando reinação,quando a gente perguntao que ele ta fazendo,ele responde:É nada, não.

Laço• Te jogo um laço e te caço. Sob um olhar fugidio.

Te amarro em meus braços, te enlaço.Feito cadela no cio.Te abraço, te perfumo, te encho de mimo.Te subestimo e te acaricio.Te bato depois sopro.Te amarro, depois soltote sufoco, te enforco!Depois te jogo um tarô,te levo pro meu ofurôte banho de ouroaté de manhã.depois de dou um caféte faço mais um cafunéE começo tudo de novo.

Por você...• Qualquer coisa eu faria por você.

Uma camisa amarela com três metrosde entardecer... Um samba quadrado!Uma canção singela, um iê-iê-iê romântico.Atravessaria o Atlântico, num barco à velamenor que o de Amyr Klink.Colocaria um link no meu blogpra te visitar toda hora.Qualquer coisa mesmo,eu faria por você.O domingo inteiro na frente da tv.Até Altas horas eu veria...Eu faria tudo! Tudo! Eu faria...Compraria fiado na mercearia.Passaria o dia inteiro na feira.Descascava caranguejo...Beberia do seu sobejoTomaria coca com dreherpensando em Cuba, libre de Fidel...Eu seria uma mulher fiele te acompanharia pela vida inteira.Eu seria tua companheira, tua guerrilheira.Eu faria tudo, tudo por você.

Esse silêncio...• O teu silêncio inquieto

que mais parece um gritoengasgado!Ou uma palavra áspera,muda, calada...A espera de algo.Ou um palavrão sufocado.Esse teu silêncio...Que fica mal acomodadona sua boca rígidameio triste, meio cínica,meio se fazendo de vítima.Esse teu silêncioensurdecedor!Me agonia, me perturba.Esse teu silêncio...Me penetracomo o som de uma turba.Cala esse teu silêncio!Que eu já não aguento maistanta tortura.

Solidão no décimo oitavo andar...• Da janela de seu apartamento,

num recém construído edifício,desses que surgem todo dia,sem que a gente sequer perceba.Ela fuma seu cigarro carlton,e canta num tom de voz agudo,um samba de letra absurda.E ele se faz de surdo,na outra janela ao lado.Ela lânguida, em camisola seda.Ele ereto, apenas com a calça do terno.Juraram amor eterno, numa igrejacoberta de flores. Há dez anos atrás.Hoje nem se lembram mais.Já nem se olham nos olhos.Nem se chamam pelos nomes.Sequer um gesto de afeto.Só lhes restam as prestações,do carro novo, do imóvel...Eles permanecem sozinhos, ímpares.Embora sob o mesmo teto.Até que a morte os separe.Porque hora após hora,a rotina lhes deteriora.

Sutis diferenças• Quando você quer carnaval,

prefiro fazer retiro.Se você quer ficar só,eu sou de muitos amigos,Você toma leite quente,eu tô afim de um porre.Você pede um chá de boldo,eu tenho à mão um engov...Nós somos assim...Dois laços desamarrados.Você usa leite de rosas,eu uso alma de flores.Você curte Mad Max,eu, Entre dois amores.Se você escuta reggae,estou afim de um samba,Quando você vai pra farra,prefiro ficar na cama.Nós somos assim...Dois laços desamarrados.Um que ama e suporta,outro que suporta e ama!

Divórcio• Tu! Ser esquálido, estúpido, vil.

És um gêiser a me queimar todo dia.Gatuno, larápio! Rouba minha alma,e como garrote, paralisameu sangue nas veias.Te quero agora!Genuflexo a mim.Confessando todos os pecadospraticados e os que estão por vir.Gula, inveja, avareza,vício, adultério, traição,crueldade, safadeza!Inadimplência, discórdia,mentira, ingratidão,insignificância, insalubridade,insatisfação!Insidioso! Já nem ao Aurélioeu recorro mais.Não imaginas a intensidadeda minha ira...Meu coração glacial se manifesta!Intrépido lhe envia:Irrevogavelmente ADEUS!

Good luck!• Eu te chamo de menino, tu me chamas de felina.

Eu te quero agora, inteiro! Tu, metade em fevereiro,(outra parte, só Deus sabe!)Eu te chamo de saudade, tu passas o carro por cima.Apelido: solidão! Tu brincas com minhas rimas.Eu puxo os teus cabelos, tu tranças as linhas do tempo.Eu bebo do teu veneno, tu sorri da minha sina.Eu fico de mal contigo, tu fazes as pases com Deus.Eu pego tudo que é meu e vou-me embora pra sempre.Nem quero que tu te lembres, que um dia estive aqui.Te desejo "good luck baby"! Fecha a porta quando eu sair!

Vem...

• Joga no mar tuas mágoas.E amarra bem amarrado,todos os teus desatinos.Ancore o teu destino,Aqui, perto de mim!

Olhodepeixeolhodepeixeolho

• Faço pose pro seu olho de peixe... Morto!E você nem click!

Breve outono

• ...Porque se eu permitir, que tu entres assim....E desmantele minha vida, e desarrume minhas coisas....Já sei que estarei perdida. Embriagada de vinho barato.Viciada em sua ousadia pós adolescente.Por isso... Decididamente!Te deixo em paz!

Mona Lisa Van Pira• Você chegou toda pop, um ar de top...

Meio Mick Jagger... meio Jerry Hall.Flutuando como um anjo star!Sobre plataforma verniz laranja,desliza lânguida, impávida.Esbanja charme!Um look andrógeno... Algo Andy Warhol,esquisitamente sedutor... enigmático!Retoca a maquiagem, faz pose pra foto,assobia uma música de Otto,rodopia como uma miragem.Faz caras e bocas, e pausa.Sorri meio Monalisa, cita Bukowski,imita Basquiat...Vai pro banheiro fumar.Volta ainda mais linda, e doidona.Monta ali mesmo, uma instalação.Incorpora Bridget Fonda,e detona uma bomba,bem na porta do meu coração!

Princípio fundamental

• Eu não sei o que é o binômio de Newton,nem o triângulo de Pascal.Coeficientes, anagramas, etc e tal...Mas quero você, sem óculos,fazendo cálculos absurdos.Potencia crescente, equação inexata!Algarismo distinto...Uma análise combinatória.Aqui em meu tatame.

Porrada!• Somos tão pequenos, tão sozinhos...

Tão mesquinhos... Quando brigamos.Somos tão pouco amigos,quando quebramos cadeiras e vinis.Somos tão vilões, tão vis.Quando lavamos nossa roupa suja,nossa boca suja, língua afiada!-Puta! Vagabunda!-Corno! Escroto!Porrada!Somos insignificantes, somos nada!Quando nada mais temos,A ganhar ou a perder.Só nos resta o toque de recolher.Não há mais nada que a gente possa fazer.A não ser enfiar o dedo na garganta,e vomitar!

Dois perdidos• Desde quando nos encontramos

na rua por acaso.Como dois cães que se olham,se estranham, se cheirame não se desgrudam mais.Desde quando dividimoso amanhecer e o ocaso,e as contas nunca pagasde aluguel, e as pontas de cigarro,e as memoráveis noites de orgasmos.Desde quando juntamos nossos trastes.Nossos pentes de dentes quebrados,nossos discos arranhados,e as escovas... as ditas cujas!Desde então... Somos não maisque dois perdidos numa cama suja!

Balas amargas de mel• Aponte sua arma para mim!• Puxe o gatilho,• detone todas as balas.• Eu sei que elas não são de mel,• nem tampouco de hortelã.• Tire do meu ombro esse xale de lã.• Sopre um vento frio em meu pescoço.• Me negue o seu almoço.• Derrame no tapete a sobremesa.• Me dê um tapa com mão de luva,• me esmague no seu dente,• feito um caroço de uva.• Mas sonha comigo..• Todos os sonhos do amanhã!

Já disse não!•

Não quero ser o analgésico• para sua dor,• nem o ácido lisérgico• da sua viagem.• Não quero ser o oásis,• não quero ser a miragem.• Nem seu porto seguro,• não quero ser!• Sua válvula de escape...• nem muleta, nem bengala.• Não quero estar na sua sala,• decorando o seu sofá.• Não quero ser sua fama,• ou sua sina, • não quero ser a menina,• dos seus olhos...• nem quero ser• sua escolha errada,• ou sua grande virada.• De você não quero ser nada!

De mãos dadas por aí...• Não fizemos juras de amor,

nem prometemos ao outroo sol, a lua ou as estrelas.Não registramos em cartórionosso encontro,nem escrevemos em diárioos desencantos e tristezas.Somos um, somos tantos!As vezes tão distantes,as vezes tão juntos.Dividimos fantasmas e pães,nos amamos, brigamos.Mudamos de assunto.Muitas vezes sonhamos sós,mas bebemos vinho na mesma taça.comungamos as mesmas crenças,pedimos as mesmas graças!Pagamos nossas promessas.E ganhamos da vida tantos presentes...Quem sabe, talvez... caminharemos juntos,

• eternamente?

Olhar fugidio• No meio da multidão,•

um olhar surgiu.•

Olhar fugidio...•

Pousou no meu coração,•

depois se foi...•

Repousar sob pálpebras•

entristecidas.

A menina descalça e o menino sem asas...

• Ela não tinha sapatos• ele não tinha asas• ela voava descalça• ele calo nos pés,• desviando do viés• que a vida lhe• reservava.• Ela sem sapatos• sorria.• Ele sem asas• chorava...

Último vôo• Você se foi como um pássaro• abriu as asas e voou pela janela.• Deixou sua chinela franciscana• do lado direito da nossa cama,• e a túnica de linho azul marinho• pendurada no cabide da banheira.• Você voou pela janela sozinho,• sozinho e nu como nascera...

Servidão• Beijo sua boca calada

como quem bebeo último gole d 'águano deserto.Procuro seus olhos incertoscomo quem buscaum farol na tempestade.Aperto sua mão suadacomo uma criança com medoda noite escura e malvada Abraço se corpo cansadocomo se ali fosse um abrigodepois de uma catástrofe.Estou no limítrofe,vivendo em perigonavegando na fronteira entre o amor e a servidãocomo um cão sedentoesperando migalhase sorrindo para o seu dono...

Fragmentos Dylianos• Minhas asas já não cabem mais aqui,

as pernas não alcançam meus passos,e as minhas mãos são tão pequenas,pra abarcar esses sonhos tão vastos.Aí você chega bem de mansinho...Como um barco por entre a névoa, singrando na escura e fria madrugada.Com sua rouca voz inconfundível,com suas roupas todas diferentes,me joga uma torrente de belezas esquecidas, escondidas, tão estranhas.E me faz delirar entre lençóis mofados.E agita meu coração tão partido, e instiga minha cabeça tão cansada.Mexe com as minhas entranhas...Me confunde, assombra, arrebanha.Depois se recolhe, e enfim se cala.Enquanto isso descubro tantas coisas...E outras tantas tranco em minha mala!

"O vento soa como marteloa noite sopra fria e chuvosa.Meu amor é como um corvopousado na minha janela,com uma asa partida"