dna- a utilizaÇÃo do exame de dna na perÍcia criminal e investigaÇÃo depaternidade

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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE POLÍCIA MILITAR DIRETORIA DE ENSINO ACADEMIA DA POLICIA MILITAR CEL MILTON FREIRE DE ANDRADE CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS FRANKLIN CIRILO RAMALHO - PMRN MARCELO DANTAS DE MEDEIROS - PMRN MICHEL ALVARENGA SANTOS – PMRN LIGIA MAGNOS DE PAIVA - PMRN WALTER LUCIO MONTEIRO DOS SANTOS – PMRN EDUARDO QUEIROGA E SILVA PALÁCIO – PMRN AUGUSTO CESAR DA SILVA– PMRN RANIERE BEZERRA DA COSTA - PMRN JACKSON WANDERLEY DOS SANTOS CUNHA - PMRN DNA – Acido desoxirribonucléico : A UTILIZAÇÃO DO EXAME DE DNA NA PERÍCIA CRIMINAL E INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE.

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GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

POLÍCIA MILITAR

DIRETORIA DE ENSINO

ACADEMIA DA POLICIA MILITAR

CEL MILTON FREIRE DE ANDRADE

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

FRANKLIN CIRILO RAMALHO - PMRN

MARCELO DANTAS DE MEDEIROS - PMRN

MICHEL ALVARENGA SANTOS – PMRN

LIGIA MAGNOS DE PAIVA - PMRN

WALTER LUCIO MONTEIRO DOS SANTOS – PMRN

EDUARDO QUEIROGA E SILVA PALÁCIO – PMRN

AUGUSTO CESAR DA SILVA– PMRN

RANIERE BEZERRA DA COSTA - PMRN

JACKSON WANDERLEY DOS SANTOS CUNHA - PMRN

DNA – Acido desoxirribonucléico : A UTILIZAÇÃO DO EXAME DE

DNA NA PERÍCIA CRIMINAL E INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE.

NATAL - RN

2011

FRANKLIN CIRILO RAMALHO - PMRN

MARCELO DANTAS DE MEDEIROS - PMRN

MICHEL ALVARENGA SANTOS – PMRN

LIGIA MAGNOS DE PAIVA - PMRN

WALTER LUCIO MONTEIRO DOS SANTOS – PMRN

EDUARDO QUEIROGA E SILVA PALÁCIO – PMRN

AUGUSTO CESAR DA SILVA – PMRN

RANIERI BEZERRA DA COSTA - PMRN

DNA – Acido desoxirribonucléico : A UTILIZAÇÃO DO EXAME DE

DNA NA PERÍCIA CRIMINAL E INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE.

Trabalho apresentado ao Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Academia da Polícia Militar “Cel Milton Freire de Andrade” da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte, como requisito para a conclusão da disciplina de Perícia Criminal.

Professor : TC Lenildo de Melo Sena

Natal - RN

2011

2

“A prudência é o olho de todas as

virtudes”

(Pitágoras)

“Se queres elevar-te, exercita a

arte de esquecer”

(Nietzsche)

“Todos nós somos da mesma argila.

O barro nos meus ossos é igual ao

que está em vossas artérias.

Como é comparável a minha idéias,

atraída pelas cousas quiméricas, às

vossas idéias retraídas da

imensidade do Universo.

E como é comparável o meu

espírito, que se recolhe nas grutas

dos vossos espíritos, que estão

privados do espaço divino.

A vida, porém, é benévola e sem a

sua benevolência não nos

reconheceria filhos seus.

A terra, porém, é fecunda e sem a

sua bondade não nos colocaria em

face do sol”

(Gibran)

3

AGRADECIMENTOS

Ao Grande Arquiteto do Universo, Deus, que também se

fez presente nas horas mais difíceis, iluminando nossos

caminhos, dando-nos ânimo e perseverança;

Ao professor, Lenildo de Melo Senna, pelo carinho,

dedicação e entusiasmo demonstrados ao longo da disciplina,

instruindo com paciência e sabedoria;

Aos nossos colegas do Curso de Aperfeiçoamento de

Oficiais, pelo apoio, camaradagem e incentivo;

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o

nosso sucesso.

4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................

......................... 6-7

2. CONCEITO DE

DNA.....................................................................................

7-8

2.1 DIFERENÇA ENTRE O DNA MITOCONDRIAL - DNAm E

DNA NUCLEAR –

DNAn.........................................................................

8-9

3. SURGIMENTO DO DNA NA PERÍCIA

FORENSE............................... 9-10

4. LOCAIS DO CORPO DE DETECÇÃO DO

DNA.................................... 10

5. INSTRUMENTO DE COLETA DAS

AMOSTRAS.................................. 10-11

6. MÉTODO DE EXTRAÇÃO DO

DNA......................................................... 11-13

7. A UTILIZAÇÃO DO DNA EM EXAMES

PERICIAIS............................. 13-14

7.1 IDENTIFICAÇÃO DOS ACUSADOS DE

ESTUPRO............... 14

7.1.A ESTUPRO SEGUIDO DE

MORTE.................................... 15

7.1.B O DNA NAS COORRENCIAS

INCESTUOSAS.............15-17

7.2 IDENTIFICAÇÃO DOS ACUSADOS DE HOMICIDIOS E

CRIMES SEMELHANTES

( CORRELATOS )............................. 17-18

5

8. EXAME DE RECONHECIMENTO DE

PATERNIDADE........................ 19

8.1DISCUSSÕES JURÍDICAS SOBRE O EXAME DE

RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE.................

19-21

9. BANCO DE DADOS

DNA............................................................................. 21-

22

10. CONCLUSÃO.................................................................

................................... 22-23

11. REFERENCIAS...............................................................

................................... 24-25

1. INTRODUÇÃO

Vive-se numa época profundamente marcada pelo

desenfreado desenvolvimento tecnológico. A passagem do

século XX e o ingresso no século XXI caracteriza-se pela intensa

busca do novo e por uma única certeza possível: a mudança

inevitável dos padrões conhecidos de comportamento no âmbito

pessoal, cultural, profissional e institucional, suscitando

acaloradas discussões sobre o futuro. Um dos pontos de

concordância nesses debates é a constatação de que, nesta era

de incertezas, a revolução da informação tecnológica e os

rápidos avanços do conhecimento científico – aliados ao

fenômeno da globalização, dos padrões de violência e à

aviltante desigualdade social, trouxeram soluções e resultados

para todos os segmentos sociais.

6

Portanto, diante do irrefutável aumento da criminalidade

nas grandes cidades, foi observada a necessidade de ampliação

dos aparatos e da estrutura de segurança pública, capacitando,

equipando e fortalecendo as polícias. Com objetivo de

desvendar crimes das mais diversas ordens e diante das novas

técnicas disponibilizadas pelos avanços científicos e

tecnológicos, a polícia técnica forense ( perícia criminal ) ,

atuando dentro destes novos paradigmas na descoberta dos

réprobos e partícipes responsáveis pelos crimes mais

hediondos, empregam, atualmente , um método quase infalível

para a identificação destes indivíduos, dentre outros métodos

capazes de gerar provas para a elucidação plena dos fatos.

O mapeamento do DNA – Acido desoxirribonucléico e os

seus registros revolucionaram a possibilidade de identificar

pessoas, através de protocolos rígidos, desenvolvidos para a

obtenção segura das informações necessárias para a

constatação dos indivíduos acusados do cometimento do crime.

Destarte este trabalho técnico científico irá demonstrar o

emprego do exame de DNA – Acido desoxirribonucléico, a forma

de extração das bases do nucleotídeo, as etapas do exame, a

importância da implementação de um banco de dados de DNA, o

reconhecimento de paternidade ( troca e abandono de crianças),

a identificação de homicidas, estupradores e criminosos das

mais variadas estirpes, visando a elucidação dos mais diversos

delitos e irregularidades sociais.

Apesar do exame de DNA apresentar quase cem por cento

de probabilidade de acerto, não quer dizer que possa haver

informações desencontradas ou duvidosas, pois se durante a

coleta, ou antes da realização do exame propriamente dito,

houver descuido, falta de atenção ou negligencia no

cumprimento dos protocolos pré-estabelecidos, estes indícios

biológicos certamente restarão comprometidos.

7

As informações contidas neste trabalho foram alcançadas

através do estudo e analise de artigos, livros da área de

medicina legal e genética, bem como das fontes de direito

pertinentes ao tema.

2. CONCEITO DE DNA

O DNA – Acido desoxirribonucléico nuclear é uma estrutura

helicoidal, formada por duas fitas paralelas semelhantes a uma

serpentina. Estas fitas são constituídas de filamentos, já que as

moléculas do DNA possuem a sua forma filamentosa. São

filamentos paralelos devido a ponte, que liga uma cadeia de

filamentos a outra. Já o DNA mitocondrial possui formato

circular e as fitas de DNA mitocondrial tem uma distribuição

assimétrica de guaninas e citosinas, o que gera uma cadeia

pesada(P) e outra leve(L).

A impressão digital genética do DNA ( Ácido

desoxirribonucléico ), representada pelo material genético

básico de cada indivíduo e composta de uma substancia

existente nos cromossomas, é constituída de uma extensa fila

dupla de nucleotídeos com as bases de adenina (A), timina (T),

guanina (G) e citosina (C). Vem sendo defendida como um

método de excelência, tendo em vista a precisão dos resultados

obtidos.

Seus defensores afirmam que a possibilidade de se

encontrarem duas pessoas iguais por esse método é de uma em

10 trilhões, fazendo com que esse sistema se constitua numa

verdadeira impressão digital, aonde cada indivíduo é

geneticamente diferente de todos os outros.

2.1 – Diferença entre DNA mitocondrial e DNA nuclear .

8

O DNA nuclear possui as seguintes características:

Localização - localiza-se no núcleo da célula,

protegido pela membrana nuclear;

Conformação - dupla hélice helicoidal;

Mecanismo de proteção - protegido por histonas;

Numero de Genes - possui aproximadamente 100.000

genes;

Funcionamento - funciona de forma autônoma;

Composição - possui regiões codificantes (éxons) e

não codificantes (introns);

Características do genoma - genoma diplóide

(materno/paterno) – sofre recombinação;

Numero de pares de bases - bilhões de pares de

bases;

Atividade da Polimerase - grande atividade de

Polimerase;

Numero de DNA por célula - apenas um DNA por

célula.

O DNA mitocondrial possui as seguintes características:

Localização - Nas mitocôndrias que são protegidas

pela membrana mitocondrial;

Conformação - Formada de dupla fita circular;

Mecanismos de proteção - são desprovidos de

histonas;

Número de genes - possuem 37 genes;

Funcionamento - necessitam da cooperação do DNA

nuclear;

Composição - grande parte do DNA são codificantes,

entorno de 90% do material;

9

Características do genoma - genoma haplóide

(herança materna) – não sofre recombinação;

Número de pares de bases - possuem 16.569 pares

de bases;

Atividade da Polimerase - fraca atividade de

Polimerase;

Numero de DNA por célula - 1.000 a 10.000 números

de DNA por célula.

3. SURGIMENTO DO DNA NA PERÍCIA FORENSE

O primeiro caso de DNA registrado oficialmente, analisado

historicamente como precursor deste atual método de

identificação criminal de exames de DNA ocorreu na Inglaterra,

no ano de 1985, num pequeno condado, rodeado de montanhas

e com uma única estrada de acesso. Neste local uma jovem foi

violentamente estuprada e assassinada. O Dr. Alec Jeffrey’s,

geneticista, colheu o esperma encontrado na vítima e fez o

exame de DNA. Posteriormente outro crime com as mesmas

características aconteceu no local, desencadeando temor na

comunidade e impulsionando uma nova coleta de sêmem na

mulher violentada. O Sr. Jeffrey descobriu, através dos exames

realizados, descobriu que o DNA coletado nos dois casos eram

da mesma pessoa. Maliciosamente as autoridades locais

forjaram uma campanha de doação de sangue cuja finalidade

era identificar o criminoso. Todos os moradores foram doar ,

mas nenhum deles possuía o DNA semelhante ao do agressor. A

polícia continuou as investigações e descobriu que havia um

viajante no condado, este, por sua vez, sempre retornava.

Diante das fundadas suspeitas e da pequena probabilidade de

erro existente neste exame, as autoridades locais convidaram o

viajante a doar sangue. Feito o teste de DNA no sangue colhido,

10

o Dr. Jeffreys concluiu que o código genético do estuprador era

idêntico ao do viajante.

4. LOCAIS DO CORPO DE DETECÇÃO DO DNA

O DNA está presente em todas as estruturas físicas

orgânicas e perecíveis, pertencentes ao corpo humano. São

encontrados em substancias excretados pelo organismo. O DNA

é encontrado no sangue, osso, sêmem, saliva, pelos, urina,

dentes , unhas , tecidos orgânicos e pode ser coletado por

qualquer objeto que conserve as condições necessárias para a

sua devida utilização.

Vários locais são propícios a coleta do DNA, dentre eles se

podem citar: bancadas de veículos, copos, paredes,

instrumentos contundentes e vários outros que tenham mantido

contato com substancias (Fluidos) corporais.

5. INSTRUMENTO DE COLETA DAS AMOSTRAS

A coleta de sangue é a amostra conhecida mais simples,

fornecida voluntariamente pelos indivíduos comprometidos com

o exame de paternidade ou com aqueles cidadãos suspeitos de

terem cometido algum crime ou ilegalidade. Esta é a forma mais

adequada da obtenção dos subsídios necessários a identificação

dos responsáveis pelo delito.

Nos locais de crimes devidamente preservados, aonde

existam registros e indícios de natureza biológica, geralmente

parte do tecido impregnado do fluido são recortados e

guardados em ambiente propicio, para posteriormente ser

enviado a perícia especializada.

11

Além dos instrumentos de uso tradicional como pinças,

frascos, espátulas, giz, trenas, água/álcool 70%, fitas, avental,

luvas, mascaras, óculos de segurança e lanterna, o swab é um

objeto semelhante a um cotonete que absorve as substancias

fluídicas, preservando o seu estado e garantindo a eficácia do

exame. O Swab é utilizado principalmente nos crimes de

estupro.

Algumas amostras detentoras de maior solidez, tais como

unhas e cabelos poderão ser encontrados no local de crime,

devendo, o responsável, ter atenção e cuidado na manipulação

e guarda das amostras angariadas, mas, como já foi exposto em

outro momento, se as provas biológicas não forem devidamente

coletadas e conservadas serão inúteis, pois um simples

descuido poderá conduzir o investigador e o julgador ao erro.

Com o objetivo de minimizar os possíveis equívocos foram

aprimoradas técnicas de coletas com os instrumentos mais

adequados, preservando a prova e o maior tempo de

durabilidade das amostras, evitando a decomposição.

6. MÉTODO DE EXTRAÇÃO DO DNA

O DNA é representado por uma substância orgânica

existente nos cromossomos que, por sua vez, são encontradas

no interior das células. As moléculas de DNA existentes no

interior dos cromossomas no núcleo das células, compõe-se de

duas “fitas” que se encaixa com um alinhamento perfeito e

específico pela complementaridade química existente entre

elas. Essa seqüência específica constitui uma mensagem

química escrita um código genético nos milhares de genes

existentes em nossas células.

Este código genético é responsável pelas características de

cada pessoa e é representado pelo arranjo de quatro blocos de

12

aminas já referidas como bases: adenina (A) guanina (G)

citosina (C) e timina (T). A adenina sempre se junta a timina, e

a citosina, à guanina. E assim essas combinações podem

repetir-se muitas vezes, em cada célula, cuja ordem dará as

características exclusivas de cada indivíduo. Exemplo de um

trecho desse código:

TTCCGGATATATACTCG

AAGGCCTATATATGAGC

Desse modo, ao se conhecer a seqüência de bases de um

determinado trecho, pode-se conhecer com segurança a

seqüência do trecho correspondente a outra cadeia

complementar, obtendo-se um padrão de bandas que constitui

suas “ impressões digitais genéticas do DNA”

Essas seqüências individuais são detectadas com o auxílio

das enzimas de restrição ou sondas do DNA. As enzimas têm a

propriedade de funcionar como verdadeiras “tesouras

biológicas” que cortam o DNA em pedaços, e cada enzima

reconhece uma determinada seqüência e secciona a molécula

do DNA onde essa seqüência se repete. As sondas do DNA, por

sua vez, são pequenos fragmentos de cadeias simples de DNA,

cuja sequencia de bases é conhecida. Essas sondas se acoplam

às sequencias consideradas complementares, unindo-se a elas.

Utilizando-se dois tipos de sondas: a SLP e MLP. A SLP identifica

um único segmento de DNA que se repete num determinado

trecho do cromossoma. Todavia, não são suficientes para a

identificação. A MLP, por seu turno, é capaz de detectar vários

segmentos do DNA que se repetem em vários cromossomos,

obtendo-se padrão de 20 a 30 bandas, diminuindo, assim, a

possibilidade de duas pessoas apresentarem todas as bandas

em posições semelhantes, pois esse padrão de bandas é

13

exclusivo para cada pessoa, com exceção dos gêmeos

univitelinos.

Os traçados exclusivos de cada indivíduo são imutáveis

durante toda a vida, a exemplo das impressões datiloscópicas.

Na prática, esse método é obtido através da extração e

purificação do DNA, mediante incubação do material, 37º C e

durante 12 a 18 horas, em solução tamponada de tensoativo

(SDS) e enzima proteolítica, capaz de isolar o ácido nucléico das

demais partes protéicas. E assim o DNA vai-se purificando até

seu isolamento local, quando é seccionado em vários

fragmentos de características polimorfas que obedecem as leis

da hereditariedade, os quais são submetidos as mais diversas

técnicas conhecidas no momento.

7. A UTILIZAÇÃO DO DNA EM EXAMES PERICIAIS

A tipagem do DNA Forense se baseia nos mesmos

princípios fundamentais e usa as mesmas técnicas empregadas

nas áreas médicas e genética, tais como o diagnóstico e

mapeamento genético, que analisam o próprio DNA.

O sucesso da tipagem de DNA depende basicamente da

qualidade e quantidade de DNA extraído das diversas fontes.

Nos exames de paternidade, o DNA é geralmente extraído de

amostras colhidas em condições ideais: sem contaminação e

com material genético integro. Já na determinação da

identidade, o material obtido nem sempre está em boas

condições: as vezes há pouco DNA, ou este está contaminado ou

degradado. Nesses casos, a extração de DNA adequado para a

análise talvez seja a etapa mais importante do processo.

O DNA forense é usado hoje na esfera criminal e na esfera

civil para investigação de paternidade.

14

O DNA forense é aplicado, principalmente, na identificação

de suspeito em casos de crimes sexuais (estupro, atentado

violento ao pudor e etc); identificação de cadáveres

carbonizados, em decomposição, relação entre instrumento

lesivo e vítima; identificação de cadáveres abandonados; aborto

provocado; infanticídio; falta de assistência em estado

puerperal; investigação de paternidade em caso de gravidez

resultante de estupro; estudo de vínculo genético: raptos,

seqüestros e tráfico de menores; e anulação de registro civil do

nascimento.

A identificação do DNA forense poderá ser feita através do

DNAn ou DNAmt, mas, preferencialmente, deverá ser feito pelo

DNA mitocondrial pois atende as necessidades do exame,

principalmente por causa da quantidade de DNA encontrados

nesta organela.

7.1 – Identificação - DNA dos acusados de estupro

Extremamente constrangedora e dolorosa a busca de

evidencias para a elucidação dos casos de estupro, pois ativam

a memória subconsciente do fato traumático, trazendo

recordações dolorosas, por isso que a investigação requer muito

cuidado e habilidade nas abordagens realizadas, bem como um

elevado discernimento e profissionalismo.

A extração do DNA pode ser feita através da coleta de

peças intimas, da utilização do Swab e de outros instrumentos

empregados na coleta do material genético. São várias as

hipóteses que circundam o crime de estupro para a coleta do

DNA, destacando-se dentre eles o estupro com sobrevivência da

vítima, o estupro presumido(menores de 14 anos), a

identificação do acusado através da coleta de dados genéticos

do feto, a exumação da vítimas de estupro para a identificação

do acusado.

15

7.1.A – Estupro seguido de morte

O relato a seguir demonstra a frieza e a insensatez de um

dos criminosos em série catalogados pelas entidades que

estudam o crime, nos centros de criminologia e pela imprensa

escrita que noticiou o ocorrido.

O Sr. Leandro Basílio Rodrigues, conhecido como maníaco

de Guarulhos foi acusado de estupro e da morte da Sra. Gisele

Cabral de Souza.

A denuncia vai ser encaminhada pelo Sr. Promotor para o

Juiz Lenadro Jorge B. Cano, de acordo com o promotor Rodrigo

Merli, há indícios de que ele matou e estuprou mais quatro

mulheres em Guarulhos. Segundo ele, todos os cinco crimes

foram confessados pelo indiciado durante o inquérito.

Ele confessa os homicídios e diz que tirou as roupas para

contemplar, de maneira lasciva, o corpo das vítimas, mas nega

os estupros. Porém, nestas quatro mortes, foram comprovados

por exame de DNA que o esperma encontrado é do mesmo

homem.

Segundo a mesma autoridade, o material genético deste

homem ainda não foi identificado como o maníaco porque o

sangue de Rodrigues não foi coletado para que houvesse

comparação. Entretanto, o promotor afirma que a amostra de

sangue analisada no caso da morte de Gisele já foi solicitada.

Segundo o membro do ministério público o investigado é o

responsável pelos homicídios em série, restando, somente a

analise do DNA para a consolidação das informações

apresentadas e o desfecho do caso.

7.2.B – O DNA nas ocorrências Incestuosas.

16

Serão relatados dois casos chocantes de encesto,

detectado através de denuncias e declarações que foram

corroboradas através do exame de DNA.

Caso 1 - O Detlef Spies foi condenado a 14 anos e meio de

prisão por violentar durante 23 anos a sua filha, um enteado e

uma enteada, com quem teve oito filhos. A sentença foi

anunciada hoje em Coblenza, na Alemanha. O caso faz lembrar

os alarmantes crimes cometidos pelo austríaco Josef Fritzl,

acusado de ter mantido a filha Elizabeth em um porão por 24

anos e ter abusado sexualmente dela ao longo do período. Fritzl

e Elizabeth tiveram sete filhos.

Spies se declarou culpado de haver violentado inúmeras

vezes, entre 1987 e 2010, a sua filha biológica, Jasmim, e os

dois filhos de sua mulher. Com Natasha, a filha de sua mulher,

teve sete crianças, que hoje tem idades entre 15 meses e 11

anos. Um oitavo filho morreu pouco depois de nascer.

Exames de DNA confirmaram a paternidade de Spies de

todas as crianças vivas. Spies, um ex-caminhoneiro alemão fez

uma confissão completa na véspera de sua condenação, o que

fez com que a justiça alemã reduzisse sua pena em seis meses.

Spies abusou sexualmente de Natasha desde que ela tinha

12 anos. Com Jasmin, Spies tinha relações sexuais uma vez por

semana. O tribunal também acusou o alemão de ter prostituído

duas crianças por um determinado período, quando morava na

pequena localidade de Fluterschen, próximo a Coblenza. Spie

também açoitava as crianças com cinto e chicote.

Caso 2 - O monstro do Maranhão – o lavrador José

Agostinho Bispo Pereira, 54 anos, foi acusado de abusar por

aproximadamente 15 anos da filha, num Povoado de

Experimento distante aproximadamente 340 KM de São Luis.

17

Pereira teve com ela sete filhos, mantendo todos em cárcere

privado.

Pereira confessou o crime e responderá por cárcere privado

e estupro de vulnerável, além de abandono material, abandono

intelectual, maus-tratos pelas condições que se encontravam a

jovem e as crianças.

Segundo os delegados responsáveis pela investigação, o

acusado começou a abusar da filha quando ela tinha 12 anos e ,

desde então, vivia maritalmente, escondido no povoado. Com a

filha, Pereira tem filhos de 12 , 8 , 6, 5, 4 e 2 anos, além de um

bebê com pouco mais de dois meses.

Nem a moça de 28 anos nem os filhos sabem ler. Segundo

a delegada Adriana Meireles, há uma grande dificuldade de se

comunicar com eles. Ainda segundo a polícia, Pereira já estava

aliciando as duas meninas de 8 e 6 anos.

Mesmo detendo todas as evidencias, a delegada resolveu

realizar o DNA para dirimir qualquer dúvida existente e para

confirmar todas as informações obtidas.

7.2 – Identificação - DNA dos casos de Homicídio e crimes

análogos

Abaixo serão exemplificados alguns casos de repercussão

que emergiram na mídia e tiveram relação direta com o teste de

DNA, gerando grande clamor público.

Caso 1 – O estudo relembra o caso do ex-promotor paulista

Igor Ferreira, condenado pelo crime de homicídio da sua ex-

esposa e do filho que trazia no seu ventre, filho que não era

seu, conforme exame de DNA.

A acusação entendeu ser esse o motivo do homicídio, o

adultério por parte da esposa. Inteligente, realizado e de

sucesso, a prisão pôs fim à uma das mais promissoras carreira

18

jurídica brasileira. Além disso , o ex-promotor passou mais de

oito anos foragido, sendo preso recentemente e enviado para o

presídio de Tremembé.

Desde o assassinato da advogada Patrícia Longo, ninguém

defendeu o promotor Igor com mais vigor do que os pais da

vítima, seus sogros. Nem os advogados de defesa foram tão

seguros de sua inocência.

Maria Cecília e José Aggio Longo são irredutíveis na tese de

que Igor não é autor do crime: “Ele não matou minha filha.

Tenho a mais absoluta certeza”, afirmou várias vezes a

repórteres a mãe de Patrícia, Maria Cecília Longo.

Neste caso, o exame de DNA, não colaborou diretamente

para a investigação do homicídio, mas, provavelmente foi por

causa do exame de reconhecimento de paternidade que o ex-

promotor cometeu este ato tresloucado.

Caso 2 - Outro caso de grande relevância midiática foi o

caso de Rubiana Cândida Vicente, pedagoga que foi assassinada

brutalmente pelo acusado, Sr. Vinicius Costa Dias. O réu foi

pronunciado por homicídio Qualificado empregando meio que

dificultou a defesa da vítima, mediante asfixia e por motivo

torpe.

O processo foi estrategicamente protelado, havendo

diversas mudanças de advogados e escritórios. O caso gerou

grande clamor público principalmente por causa da fuga do

estudante, gerando grande sensação de insegurança e

impunidade.

Outro fato que contribui para a suspeita do Sr. Vinicius é

que a polícia técnica detectou sinais de esperma na roupa de

Rubiana, havendo o interesse em colher material para o

confronto através do exame de DNA. “Vinicius, na frente do

promotor e do advogado de defesa, em setembro, falou que iria

fazer o exame, mas no mesmo dia, ele voltou atrás. Os

19

advogados dele requereram o mapeamento genético, isso

significa, que todas as pessoas que lidaram com o corpo seriam

suspeitos”.

O instituto de criminalística deixou claro que, antes de

qualquer coisa, é preciso fazer o confronto do material de

Vinicius.

Este relato demonstra o quanto a defesa pode ser hábil,

protelando o julgamento e dificultando, legalmente, o

fornecimento de subsídios para respaldar o julgamento deste

delito, conforme está previsto no item infracitado, que se refere

ao dispositivo constitucional de que ninguém é obrigado a

produzir prova contra si.

8. EXAME DE RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE

Atualmente, os exames de reconhecimento de paternidade

ganharam muita significância e notoriedade, diante das dúvidas

e incertezas atribuídas a determinados genitores sobre a sua

responsabilidade paterna, proveniente de uma relação sexual

imprevidente e descompromissada. O exame de DNA comprova

plenamente a veracidade das informações, detectando quem é o

genitor da criança.

O teste de reconhecimento de paternidade tem muita

relevância na esfera civil, afirmando quem arcará com as

responsabilidades alimentícias e mantenedoras da criança. Além

disso, em casos particulares, decorrentes de razões diversas, o

exame pode ser feito intra-uterino, não havendo restrição etária

para a realização do exame.

Outra afirmação de grande relevância está associada ao

tipo de DNA que pode ser examinado, o DNA mitocondrial

(DNAmt) possui somente material genético materno,

impossibilitando o reconhecimento efetivo do pai, genitor. O

20

DNA utilizado para o reconhecimento de paternidade deve ser o

DNA nuclear (DNAn) , pois o material genético deste DNA detém

a combinação genética entre os genes masculinos e femininos.

8.1 – Discussão Jurídica sobre o exame de reconhecimento

de paternidade .

O exame de DNA fatalmente identificará o pai da criança,

mas resta saber se é necessária a voluntariedade do

investigado para que as provas obtidas sejam legais. A grande

discussão gerada no meio jurídico quanto a legalidade do exame

de paternidade, esta na possibilidade do ente paterno se

recusar a realizar o exame, partindo do pressuposto

constitucional de que ninguém é obrigado a produzir prova

contra si.

A verdade é que nos casos de investigação de paternidade,

o juiz nem sempre dispõe de elementos de conteúdo probante

absoluto e, dado o seu direito discricionário no processo,

termina optando por indícios e presunções, o que,

lamentavelmente, pode resultar em incontornáveis equívocos.

Sabe-se que os tribunais têm, nas ações de determinação

de vínculo genético da paternidade, se socorrido da prova

indireta, constante de informações do relacionamento mais

íntimo e mais constante da mulher com o suposto pai.

Diante do direito alegado no dispositivo constitucional

supracitado, que possibilita a recusa do investigado no

fornecimento de provas para a elaboração dos exames, é

importante a analise do posicionamento jurídico abaixo, para a

compreensão mais lúcida da tese esposada.

RECUSA DO RÉU EM SUBMETER-SE À

INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. Como se sabe,

o réu não está obrigado nem pode ser compelido

21

a se submeter a exame de sangue para testes de

vinculação genética de paternidade. A

Constituição Federal consagra este direito e o

indivíduo não está obrigado a oferecer provas

que o condenem. Assim, não existe no

ordenamento jurídico brasileiro qualquer norma

que obrigue, seja o pai ou a mãe, réus em uma

ação de investigação de paternidade ou

maternidade, a submeter-se ao exame pericial

solicitado, pois nenhum magistrado pode obrigar

ou mesmo coagir algo que a lei não o obriga. E

mais: fere o princípio constitucional expresso no

artigo 5 – II que se enuncia afirmando que “

ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa senão em virtude da lei” .O mesmo

se diga de nossa jurisprudência que não se cansa

em negar a obrigatoriedade do réu a submeter-

se a exame técnico, como assegura o STF ao se

reportar ao assunto dizendo que” ninguém pode

ser coagido ao exame ou inspeção corporal, para

a prova civil” (RJTJSP 99/35, 111/350, 112/368 e

RT 633/70).

9. BANCO DE DADOS DE DNA

Nas perícias forenses criminais é realizada uma

comparação dos resultados obtidos com a tipagem do DNA de

uma evidencia biológica retirada da cena de um crime com a

tipagem do DNA de um suspeito e/ou da própria vítima.

O FBI ( The federal Bureau of Investigation ), agencia

americana de investigação, tem sido líder no desenvolvimento

de tecnologias para genotipagem de DNA para uso na

22

identificação de criminosos. Em 1997, a Divisão de Ciências

Forenses do FBI selecionou 13 loci de STRs (nova tecnologia de

Banco de dados), no que iriam constituir o banco de dados de

indivíduos condenados americano, denominando-o de CODIS

( Combined DNA Índex System ). Ocorrendo a combinação

genotípica das duas amostras nos 13 loci do CODIS há uma

confirmação de que essas amostras são provenientes dos

mesmos indivíduo. Atualmente, a análise do DNAmt também

está incluído no sistema CODIS, USA.

Em 1999, a Espanha demonstrou pioneirismo ao implantar

oficialmente um programa para tentar identificar cadáveres e

restos humanos que não puderam ser identificados pelo uso dos

métodos forenses tradicionais. Esse programa foi chamado de

“Programa Phoenix” , onde são gerados dois bancos de dados de

DNAmt independentes, que podem automaticamente, comparar

e cruzar seqüências similares ou idênticas. Um deles é o banco

de dados referencia , com seqüências de DNAmt de parentes

maternos das pessoas desaparecidas, que fornecem amostras

de células de respaldo bucal, voluntariamente; o outro é o

Banco de Dados Questionado, obtido de DNAmt de restos e

cadáveres de indivíduos desconhecidos.

Na Iuguslávia, como resultado dos conflitos da última

decada, cerca de 30.000 pessoas estão desaparecidas. Em

2000, foi estabelecido formalmente um programa da Comissão

Internacional de Pessoas Desaparecidas, graças a colaboração

de várias corporações governamentais e privadas, numa

tentativa de realizar a identificação humana através de uma

rede com a aliança política, centros de acesso às famílias e

laboratórios de DNA em toda a antiga Iuguslávia. Seguindo o

programa DNA, os laboratórios de DNA da Bósnia-Herzegovina

(BH), Saravejo e Banja Luka tem-se dedicado em larga escala à

tipagem de sangue e se equipado com os sistemas STR

multiplex e DNAmt.

23

10. CONCLUSÃO

A análise e busca de informações genéticas, através do

DNA, favorecem o trabalho de identificação das polícias

investigativas, trazendo grande probabilidade de imputação do

crime perpetrado aos indivíduos suspeitos. Apesar de ser uma

prática recente no país, tem crescido promissoramente com

objetivo de atingir maiores proporções na perícia forense,

gerando credibilidade ao serviço policial e diminuindo a

criminalidade nas comunidades investigadas.

O teste de DNA possui uma probabilidade de acerto

incomparável, além dissso é o meio mais fácil e seguro para

obtenção de provas, porque, geralmente, os vestígios ou

indícios de natureza biológica estão presentes no local de

crime. Porém, existe a necessidade efetiva de conservação e

manipulação cuidadosa das amostras, seguindo todos os

paradigmas procedimentais para não haver contaminação ou

prejuízo do produto coletado.

Com a implementação de um banco de dados, o exame de

DNA, trará soluções eficazes para os diversos tipos de crime,

inclusive dentro de um espaço temporal razoável, utilizando as

amostras que tenham sido devidamente obtidas e guardadas.

Quanto ao exame de reconhecimento de paternidade, o

DNA – Acido desoxirribonucléico é instrumento imprescindível,

que com a colaboração inteligível dos tribunais trará

contribuições valorosas para a garantia dos direitos da criança,

que foi fruto de uma relação descompromissada.

Portanto, verifica-se que os governantes, através das

respectivas secretarias, devem ampliar os investimentos nesta

tecnologia garantindo a facilidade de identificação de

24

criminosos ou dos casos semelhante que requeiram a

identificação precisa do indivíduo.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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HTTP://www.vidanews.net.br/entretenimeno/o-maranhão-

monstro-do-maranhão-estuprou-as-filhas-e-as-netas .

Maníaco de Guarulhos é denunciado por mais quatro

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guarulhos-e-denunciado-por-mais-4-mortes-

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material genético em cartão FTA, durante audiência com

os interessados.

HTTP://cgj.tj.sc.gov.br/dna/docs/coleta_material.pdf

SAÚDE & AMBIENTE EM REVISTA. Duque de Caxias, V.2,

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Incesto: segredos revelados a partir da prova material

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