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O DISTÚRBIO DA ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE EM QUESTÃO TEORIA E TERAPIA Heloísa Miguens de Araújo 2000 Atualizado Registro BN 199375-340-34 Rio de Janeiro

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O DISTÚRBIO DA ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE EM QUESTÃO

TEORIA E TERAPIA

Heloísa Miguens de Araújo

2000 Atualizado

Registro BN 199375-340-34 Rio de Janeiro

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INDICE Introdução ................................................................. 4 Distúrbio do Déficit da Atenção e Hiperatividade (DDA-H).. 6 Desatenção ................................................................ 6 Hiperatividade e Impulsividade....................................... 7 Formas secundárias ou resultantes do DDA ..................... 8 Tamborilando, Batendo os Pés, Movimentando-se ............ 9 O Que Você Disse Mesmo? .......................................... 11 O adulto com DDA-H .................................................. 12 Trabalhos Mais Indicados Para Portadores de DDA-H....... 14 Temperamento Não é Destino.................................. ... 15 Pessoas Conhecidas com DDA-H .................................. 16 Uma Questão de Adaptação .................................... .... 19 Qual É A Chave? ....................................................... 22 Conversando Com A Criança ....................................... 24 A Atenção ................................................................ 26 Afinal o que é a Atenção? ........................................... 26 Treinamento da Atenção ............................................ 27 O Cérebro Aprende pela Repetição................................ 29 Controle do Impulso .............................................. ... 31 Sinal de Trânsito ....................................................... 32 Auto-controle ........................................................... 34 Conhecendo Nossas Emoções ..................................... 36 Lidando Com As Emoções........................................... 38 O Truque da Tartaruga .............................................. 39 Algumas Considerações ............................................. 41 Aprendizagem........................................................... 43 Distúrbio da Aprendizagem......................................... 47 Aos Pais e Professores ............................................... 49 Algumas Formas De Ajudar As Crianças com DDA-H....... 51 O Papel Da Escola ..................................................... 54

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A Escola .................................................................. 56 Atitudes Que Ajudam Escolas, Professores e Crianças...... 58 Medicação................................................................. 61 A Memória ................................................................ 63 Pequenos Recursos De Memória .................................. 67 A Leitura .................................................................. 69 A Cópia Na Sala De Aula ............................................. 71 Encorajando Comportamentos ..................................... 73 Associações De DDA-H No Brasil .................................. 75 Minha História ........................................................... 76 Tia Aloísia ................................................................ 79 Joana ...................................................................... 81 Relato de Caso.......................................................... 82 Consultas via email ................................................... 85 Perguntas Mais Freqüentes ........................................ 92 Bibliografia .............................................................. 96

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INTRODUÇÃO Este trabalho é um vôo e um mergulho nos sintomas, na compreensão e no treinamento do Distúrbio do Déficit de Atenção. Não sou escritora. Considero-me uma treinadora de crianças, adolescentes e adultos com o chamado Distúrbio da Atenção e Hiperatividade. Na verdade eu mesma faço parte deste grupo. Sou fonoaudióloga no Rio de Janeiro, trabalho com distúrbios da Aprendizagem há mais de 20 anos. Estou sempre sensível às crianças, familiares e adultos que me chegam com suas queixas, dificuldades e sofrimentos. Estou sempre pesquisando qual o caminho, o que é melhor, o que vai efetivamente ajudar para obtenção do melhor resultado. O primeiro momento é definir o problema, fazer o levantamento de cada sintoma, conscientizar, esclarecer, identificar o distúrbio da atenção e a hiperatividade. Começando por compreender o problema já é boa parte da “cura”, além de ajudar a “baixar a poeira”. O segundo passo é buscar as soluções, conforme cada caso e seus sintomas. O treinamento de cada sintoma visa chegar à aptidão. Afinal o que é a atenção? Como é ter atenção, quem está atento, o que vê, o que ouve, o que faz e o que pensa e o que sente? Como posso saber quando estou atento? Quais são os sintomas da atenção, afinal? O que é a hiperatividade? Quando ela é boa e quando é problema? Como lidar com ela? Como controlar o impulso e os comportamentos indesejados? Da mesma forma, trabalharemos com o treinamento da memória, da leitura e da escrita. Conversar com a criança sobre o distúrbio da

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atenção é um trabalho importante, pois afinal ela tem também direito de saber e opinar sobre o assunto, já que é a maior interessada e atingida pelo problema. Também uma abordagem da escola, ajudando-a a entender e lidar com o problema, sugerindo treinamento e atividades facilitadoras, de como ajudar a criança, lembrando que todos estão diretamente envolvidos no trabalho: médico-terapeuta-criança-família-escola que devem funcionar juntando suas forças na mesma direção. Depois da compreensão, fica mais fácil buscar as soluções e descobrir novos caminhos, novas fórmulas. Eu sei que cada um também descobrirá a sua fórmula. Agradeço a motivação deste trabalho, em especial a cada criança que chegou ao meu consultório com suas dificuldades, a sua mãe ou pai preocupados e sofridos, ao estudante ou adulto que vieram em busca de ajuda para melhorar. Foi por eles que senti a necessidade e a obrigação de escrever sobre este assunto, que espero seja útil também às escolas, aos médicos e aos terapeutas.

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O DISTÚRBIO DA ATENÇÃO O Distúrbio do Déficit de Atenção e Hiperatividade (DDA-H) é caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, significativos, pela intensidade que ocorrem, na criança e no adulto com base na dificuldade de auto-controle. Se caracteriza pela dificuldade de concentrar a atenção ou de manter a atenção focalizada por um período de tempo maior, sem deixar que estímulos externos ou internos desviem sua atenção; pela impulsividade e em alguns casos pela hiperatividade. As falhas de atenção, impulsividade e hiperatividade podem aparecer juntas ou isoladamente; e não são de caráter ocasional, mas uma constante na vida do indivíduo.

DESATENÇÃO É caracterizada pela dificuldade de focalizar a atenção por períodos maiores de tempo. Crianças ou adultos podem apresentar significantes problemas com algumas das seguintes características: - Dificuldade de concentrar a atenção numa atividade por períodos maiores de tempo; - Deixa de prestar atenção a detalhes, então comete muitos erros; - Tem dificuldade de planejar e iniciar tarefas; - Dificuldade na organização das tarefas diárias; - Dificuldade em terminar as tarefas ou as atividades que começou; - Tem dificuldade em lembrar o que planejara; - Tem dificuldade de ignorar fatores de distração; - A criança esquece ou perde o material escolar, brinquedos, etc.

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- A criança não copia os deveres escolares, - Parece não escutar quando lhes falam, está pensando em outra coisa, distraída... - A criança não termina as tarefas escolares; - Perde as coisas facilmente; - Se distrai facilmente com qualquer estímulo externo ou interno; - Tem dificuldade em seguir instruções OBS: muitos autores falam em falhas de memória. A criança como o adulto não sabem onde colocaram suas coisas, esquecem o que estavam fazendo, o que acabaram de ler. Acredito que isto ocorra mais por falta de atenção e automatização do que propriamente por falha de memória.

Hiperatividade e Impulsividade A criança ou adulto com Hiperatividade e Impulsividade tem as seguintes características: - É agitada - Não consegue ficar sentada muito tempo; - Está sempre correndo; - A criança tem dificuldade de brincar tranqüilamente; - Parece que tem “mola no pé”; - Tem dificuldade em terminar o que começa; - É impaciente; - É facilmente irritável; - Responde às perguntas antes de serem completadas; - Tem dificuldade de esperar sua vez; - Interrompe sempre os assuntos das outras pessoas; - Age impensadamente; As formas mais comuns de Distúrbio do Déficit de Atenção: 1. Déficit de atenção por Desatenção 2. Déficit de atenção por Hiperatividade e Impulsividade 3. Déficit de atenção combinado (desatenção + Hiperatividade - DDA-H) Alguns autores consideram este quadro uma patologia, e encontramos sua descrição no DSM-IV, livro da sociedade médica americana que lista e descreve as patologias. É interessante

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mencionar que algumas patologias entram e saem do quadro do DSM-IV, de tempos em tempos, como o alcoolismo, tabagismo etc. Outros autores consideram estes sinais e sintomas descritos como Distúrbio da Atenção como constitucional; apenas uma característica do indivíduo, configurando um jeito de ser uma forma de processar e não uma doença. FORMAS SECUNDÁRIAS OU RESULTANTES DO DÉFICIT DE ATENÇÃO: - Dificuldade de aprendizagem - será um quadro secundário da má

adaptação escolar. Como a escola não sabe bem lidar com estas crianças, estas não têm suas necessidades atendidas. A forma de aprender da criança não está compatível com a forma de ensinar da professora ou do método utilizado.

- Dificuldades quanto aos relacionamentos sociais, prejudicados

pela inconstância, impulsividade, baixa capacidade de tolerar frustrações e pela impaciência.

- Imaturidade no desenvolvimento psico-afetivo. - A desordem de conduta acontece quando não se adapta bem ao ambiente e não consegue conviver bem com ele, tomando atitudes de oposição. Mais e mais o conceito de “déficit de atenção” está mudando, de “desordem” pela inclusão de uma série de qualidades como a criatividade, alta inteligência, habilidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, e por um forte senso de intuição. Os aspectos negativos são: a desorganização, a distração, o esquecimento, a dificuldade de completar tarefas, a falta de senso de horário e a bagunça. Crianças com “déficit de atenção”, quando adultas, permanecem hiperativas e com dificuldades em ficar paradas por muito tempo.

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Os aspectos negativos do déficit de atenção são objeto de nosso estudo neste livro, assim como o seu treinamento. TAMBORILANDO, BATENDO OS PÉS MOVIMENTANDO-SE... O QUÊ VOCÊ DISSE MESMO? MENTE HIPERATIVA NUM CORPO HIPERATIVO De alguma forma é como se você fosse super cobrado o tempo todo. Você tem que agir o tempo todo, mostrar o que você sabe, mas você tem na cabeça outra idéia antes de acabar com a primeira; então você vai para esta outra idéia, mas certamente a terceira idéia intercepta a segunda, e você tem que segui-la e logo as pessoas o estão chamando de desorganizado e impulsivo e toda espécie de palavras desagradáveis que mostram a total falta de compreensão da situação, porque você está trabalhando e se esforçando. Inquietos, não sabem esperar a vez. São rápidos! A criança ou adulto com hiperatividade e déficit de atenção está aqui, ali, em todo lugar, fica tamborilando, batendo os pés; movimentando-se, cantando, assobiando, olhando aqui e ali, coçando-se, espreguiçando, rabiscando e as pessoas acham que ela não está prestando atenção. Ela se perde no tempo. As coisas acontecem todas ao mesmo tempo. Vendo televisão ela muda de canal a todo instante. Não tem capacidade de esperar na fila. Tem sempre o impulso de se movimentar, agir... Durante uma conversa, “sai do ar” A chave é a distração. Gosta de correr riscos. Gosta de desafios. Ela é cinestésica, muito sensível. “Pode ver e sentir a luz”. Está na frente, tirando conclusões e inventando soluções. A forma de cognição é qualitativamente diferente da maioria das pessoas. É freqüentemente rotulada de “lenta”, “teimosa” , voluntariosa, destruidora, impossível, tirana, cabeça dura, estúpida ou má. Quando não compreendidas, ou não tratadas devidamente, essas crianças (até adultos) são freqüentemente derrubadas pelo sistema.

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Tornam-se enfraquecidas, desanimadas, acabam vencidas pelas escolas, empresas, etc.. Elas têm seus próprios ritmos. Cabeças de caleidoscópio, pensando muitas coisas, juntando idéias, mil idéias ao mesmo tempo. Fazer o diagnóstico ajuda a acalmar o barulho e a culpa . É importante ajudá-las a organizar-se . Trabalhar durante períodos curtos, dividir as tarefas em partes, ajudá-las quando necessitem. Criar limites externos aos seus impulsos. Medicamentos podem ajudar, mas não solucionam o problema. Déficit de atenção é um estilo de vida, mais que um punhado de sintomas. Depois que o diagnóstico é feito, fica mais fácil achar novas possibilidades de mudanças reais. A criança pode manter atenção por muito tempo? É preciso aceitar seu ritmo. Os portadores de “déficit de atenção” possuem 3 características ou componentes: - distração - impulsividade - gostam de riscos / desafios O déficit de atenção e hiperatividade são características. Quando adultos, podem ter diminuídos estes sintomas, pelo ambiente favorável em que vivem e pela aprendizagem e pelo treinamento.

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O QUÊ VOCÊ DISSE MESMO? São freqüentemente confundidas com inabilidade as dificuldades das crianças ou dos adultos de prestar atenção a algo específico. Mesmo assim, são capazes de prestar muita atenção ou “hiperfocalizar” o que lhes interessa. Não existe déficit de atenção em frente a um videogame. O fato é que não prestam atenção a “alguma coisa”, mas prestam atenção a “todas as coisas”. “Quando na sala de aula, percebem o movimento fora da sala, pela janela ou pela porta, as outras crianças que se distraem, a mosca que voa, etc...” No meio de uma conversa, às vezes, percebemos que a sua atenção não está mais aqui, por onde andará??? Quando ele percebeu, já tinha pensado muitas outras coisas, já tinha pensado nas soluções do que você estava falando... tinha me lembrado de outra situação passada... “Eu estava pensando numa outra coisa...” Temos que falar tudo novamente. Meu pai teve que aprender a conviver com duas pessoas hiperativas e impulsivas: eu e minha mãe. Ele acabou nos treinando assim: toda vez que estava contando alguma coisa, ou dando uma informação e o interrompíamos adiantando o que achávamos que ele queria dizer, ele pedia a palavra e começava a falar tudo novamente desde o comecinho... e mais uma vez, e mais uma vez. Até concluirmos que era preciso ouvir até o fim o que ele queria dizer, porque nem sempre era o que queríamos crer... mas de vez em quando acontece...

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O ADULTO COM DDA-H Os sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade são mais evidentes na criança, durante a fase escolar. Entretanto agora se sabe que estes continuam na fase adulta. A criança tratada, será um adulto mais produtivo, terá mais recursos. Mesmo as crianças tratadas com problemas de comportamento, aprendizagem e de autocontrole, podem apresentar algumas dessas dificuldades na adolescência e na fase adulta. Relativamente poucos adultos são identificados. Passam desapercebidos ou enfrentam muitos problemas, pois não têm ajuda, desconhecem ou muitas vezes superam sozinhos suas dificuldade, a duras penas e a custo de muito sofrimento e esforço. Se perdem muitas vezes com problemas de relacionamento, organização, dificuldades profissionais, problemas de abuso de drogas e no controle de impulsos.

Também famílias, profissionais, amigos e quem mais convivem diariamente com os indivíduos não diagnosticados com DDA-H, sofrem muitas vezes pela má compreensão do problema e devido a desinformação. Adultos diagnosticados saberão conviver melhor com o problema, colaborar no manejo dos sintomas melhorando seu desempenho, pois se estiverem conscientes de suas dificuldades específicas, saberão que este conjunto de sintomas é passível de treinamento e controle no sentido de minorá-los, poderão buscar técnicas e soluções. Os adultos de hoje cresceram num tempo em que clínicas, educadores e família não sabiam nada sobre o que agora se sabe.

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Como resultado, adultos, especialmente os não diagnosticados, não tratados ou treinados, sofrem experiências desagradáveis e enfrentam muitos problemas decorrentes da desordem e outros sintomas que incluem: - distração - desorganização - esquecimentos - impulsividade - falta de iniciativa - variações constantes de humor - ansiedade - conduta de oposição - depressão - baixa auto-estima - inquietação - abuso de drogas - problemas de relacionamento - comportamento compulsivo - comportamento obsessivo - comportamento agressivo - comportamento impulsivo O diagnóstico é baseado no histórico médico familiar e de observação, ou mesmo através de testes psicológicos. O diagnóstico pode ajudar, porque o indivíduo pelas dificuldades, desenvolveu baixa auto-estima e uma perspectiva negativa de si mesmo resultante de dificuldades escolares, sociais e vocacionais. Muitos foram rotulados de lentos, mau comportamento, baixa aprendizagem, agressivos, desmotivados, egoístas e lunáticos. O tratamento empregado ou treinamento desenvolvido refere-se a acomodações de trabalho, medicamentos e treinamento, determinados conforme os sintomas e severidade. O adulto deve conscientizar o problema, listar os sintomas e intensidade. Os problemas podem afetar somente uma ou algumas áreas de atuação do indivíduo tais como trabalho, família, social etc. Algumas pessoas podem por exemplo conseguir um bom nível de concentração somente quando muito motivadas. Alguns podem ser sempre os atrasados, ou anti-sociais, outros têm dificuldade de começar atividades, principalmente se não lhes trazem prazer imediato. Sabendo de seus pontos fracos ou limitações, podem valer-se de recursos como adotar agendas, fazer listas, notas para si mesmo,

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usar código de cores, rotinas. Selecionar atividades regulares favoritas como forma de liberar energia. Partir tarefas em etapas menores, priorizar tarefas, usar períodos de descanso para “tomar ar”, técnicas para se acalmar quando exaltados, reformular para ganhar nova perspectiva quando zangados ou decepcionados, técnicas de desassociação quando necessário. Usar humor, aprender a ver certos sintomas com humor, brincando com eles com amigos, buscar treinamento, ler livros , falar com profissionais, buscar a melhor forma de lidar com determinados sintomas ou situações.

TRABALHOS MAIS INDICADOS PARA DDA-H Trabalhos mais indicados para pessoas com hiperatividade e déficit de atenção serão as atividades que requeiram criatividade e energia, capacidade de resolver problemas, pensamento e resoluções rápidas; enfrentar desafios, situações que exijam muita adrenalina; projetos de curta duração, diversidade. Atividades adequadas ou que exijam habilidades que as pessoas já tenham permitem deixá-las mais felizes e realizadas. São atividades adequadas às dos professores, pesquisadores, engenheiros, profissionais de marketing, políticos, analistas financeiros. Os trabalhos menos indicados são os longos, monótonos e repetitivos, pois não trarão desafios nem requerem as habilidades que essas pessoas possuem. Não são próprios os trabalhos em banco e contabilidade; atividades mecânicas de produção em série das fábricas e linhas de montagem e também a agricultura. Os trabalhos burocráticos também não são os mais indicados.

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TEMPERAMENTO NÃO É DESTINO Temperamento não é destino. Pode-se domar a amígdala superexcitável, com as experiências certas. O que faz a diferença são as lições e respostas emocionais que as crianças aprendem enquanto crescem. Conforme Golemann, cerca de um em três bebês que vêm ao mundo com todos os sinais de amigdala superexcitável já perdeu a timidez quando chegou ao jardim de infância. De observações dessas crianças mais medrosas em casa , fica claro que os pais, sobretudo as mães, desempenham um papel importante para determinar se uma criança vai tornar-se mais ousada com o tempo, ou continuará a esquivar-se da novidade e perturbar-se com os desafios da vida. Uma equipe de pesquisa do Dr. Golemann constatou que algumas mães se atinham à filosofia de que deviam proteger os bebes tímidos de qualquer coisa perturbadora, outras mães achavam mais importante ajudar seu bebe tímido a enfrentar esses momentos e com isso adaptar-se para as pequenas brigas da vida. A crença protetora parece ter endossado o medo, provavelmente privando as crianças de oportunidades de aprender a superar os medos. A filosofia do aprender a adaptar-se na criação dos filhos parece ter ajudado as crianças medrosas a tornarem-se mais corajosas. Da mesma forma como devemos adaptar crianças com DDA-H.

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PESSOAS CONHECIDAS COM DÉFICIT DE ATENÇÃO E

HIPERATIVIDADE Pesquisadores encontraram, nas mais diferentes áreas, pessoas conhecidas com fortes características de déficit de atenção, impulsividade ou de hiperatividade: Steven Spielberg Thomas Edson Einstein Leonardo da Vinci Walt Disney John Lenon Louis Pasteur Darcy Ribeiro Ziraldo (e seu personagem Menino Maluquinho) Vemos os filmes de Spilberg muito criativos, carregados de cenas de muita ação, caracterizando sua hiperatividade. Leonardo Da Vinci, mostrou também seu caráter hiperativo e dispersivo quanto ao foco de atenção, tão variada, “tinha interesse em todas as coisas”. Deixou muitos escritos com estudos variados e não realizava tudo que planejava. “Mal tinha começado um projeto, já estava começando o próximo. Tinha imaginação sem limites... Deixou um trabalho variadíssimo nas artes com pinturas, esculturas. Na música foi professor e inventou tambores, instrumentos de sopro e instrumentos de cordas. Deixou trabalhos inacabados como o Cavalo de Bronze. Inventou máquinas voadoras, que nunca voaram mas são protótipos dos atuais helicópteros e pára-quedas. Inventou barcos impulsionados por rodas de pás, inventou moinhos, escafandros. Fez estudos de canhões, navios de guerra, túneis etc.” Vê-se aí a qualidade da dispersão,

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como desfocalizava a atenção de uma coisa e chegava em outra e mais outra. Vemos também a qualidade da hiperatividade. Certamente nesta época o ensino não era de massa, era mais no ritmo da pessoa. Bem canalizado e adaptado pode desenvolver-se e desenvolver seu trabalho. Arrumou o seu jeito para despistar seu trabalho variado e escrevia em espelho, dificultando a fiscalização que a igreja fazia na época. Certamente tanta atividade não partiria de uma mente pouco ativa e muito centrada, focalizada. Thomas Edson, considerado portador de déficit de atenção, mostra o caráter de distração do foco de atenção, quando disse uma vez como combinava distração com impulsividade ao transformar e inventar. Ele disse: “Olhe, eu começo aqui com a intenção de ir lá (desenhando uma linha imaginária) num experimento, para aumentar a velocidade do cabo Atlântico, mas quando eu tinha chegado num ponto na minha linha reta, eu encontrei um fenômeno e me dirigi em outra direção, para uma coisa totalmente inesperada”. Einstein também teve a chamada “dificuldade de aprendizagem” , pensamento rápido e dispersivo, que também podia hiperfocalizar em determinados momentos. Mais de um professor disse-lhe, em diferentes momentos, que ele não aprenderia nada na vida. Conheci pouco de Darci Ribeiro, mas era só ouvi-lo falar para notar sua hiperatividade, expressa inclusive em sua variada obra. Também Milôr Fernandes, escritor e humorista, com sua obra variada, numa entrevista para um jornal carioca dizia que só trabalhava sob pressão e encomenda. E em um determinado momento um jornalista descreve-o como pessoa de pensamento e fala rápidos, a voz tinha que correr para poder pegar o pensamento, mencionando ainda que interrompia a frase no meio, voltava ao assunto anterior, e logo já estava em outro lugar. O próprio Millôr se descrevia como tendo natureza eclética... O escritor hiperativo Ziraldo, revela o seu personagem O Menino Maluquinho no livro, descrevendo-o como tendo “fogo no rabo”, “vento nos pés”, umas enormes pernas que davam pra abraçar o mundo” e referindo-se aos pensamentos “e macaquinhos no sótão”: “Ele era um menino impossível, a única coisa que não sabia era como ficar quieto”, logo já estava lá, cantava lá, e logo já estava aqui”. Perdia o caderno no colégio, perdia um caderno todo dia. Tirava zero em comportamento. “A pipa que soltava era a mais maluca, rodopiava lá no céu, adoidado ”.(pipa hiperativa!), era desajeitado, pintava e bordava. “fazia canções, versinhos, batalhas” . Qualquer

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semelhança com nossas crianças hiperativas e desatentas é mera coincidência? Concluindo, vemos nestas pessoas famosas as características de hiperatividade, desconcentração num foco de atenção. Imaginamos as épocas em que viveram ou vivem e as dificuldades enfrentadas em seus ambientes, e como teriam convivido com estas características, se estariam adaptados ou inadaptados em seus tempos, assim como se teriam superado suas dificuldades, ao mesmo tempo que questionamos dificuldades ou adaptação? O jogador Edmundo, conhecido pelo apelido de “animal” que mostra bem sua forte característica de impulsividade e agressividade. Arranja sempre confusões por agir impensadamente, por impulso. Joga muito bem, destacou-se. A mesma força impulsora, a mesma agressividade quando bem canalizada, leva-o a destacar-se no futebol, a jogar como um “animal”, coloca-o em situações muito difíceis quando não controlada e bem dirigida, criando situações desfavoráveis quando, por exemplo, interrompido desonestamente em um passe por um jogador adversário, tem uma reação violenta e impulsiva como esbofetear ou cuspir em seu adversário. Este comportamento impulsivo tem sido usado inteligentemente por seus adversários que tiram proveito desta situação de falta de auto-controle do jogador.

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UMA QUESTÃO DE ADAPTAÇÃO

Thon Hartmann volta no tempo, fazendo uma comparação com a era do homem caçador e a era da agricultura. O caçador primitivo, que não estivesse num estado mental de alerta a tudo, observando todos os mínimos movimentos do seu meio ambiente, estaria em grande desvantagem. Aquele pequeno movimento disperso poderia ser um coelho que necessitaria para seu almoço; ou o tigre ou urso esperando para fazer dele seu lanche... Se ele focalizasse sua atenção para um ponto intensamente, no caminho, poderia perder um outro detalhe no seu habitat, e fatalmente perderia sua caça ou seria ele próprio a caça. A sociedade moveu-se da caça para a agricultura, o homem necessita agora semear, regar e colher, tudo em sua época, e em sua rotina. O agricultor não poderia perder sequer um único dia e passa a fixar sua atenção neste serviço e não podia se distrair dele, sob pena de perder a sua colheita. A Impulsividade tem duas manifestações. O impulso que é no mundo de hoje o agir sem pensar, no passado refletia um rápido julgamento, ou rápida decisão. O outro aspecto da impulsividade é a impaciência. Um caçador pré-histórico descreveria a impulsividade como habilidade de agir e decidir, e desejo de explorar novas e inexploradas áreas. Para um agricultor primitivo, a impaciência e impulsividade seriam um desastre. Se ele deixasse de diariamente acompanhar o crescimento da plantação, poderia perder a colheita. Por outro lado os que gostam de correr riscos possuem a característica mais perigosa nos tempos atuais. Encontram-se muitos portadores de déficit de atenção na população carcerária, com

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grande número de problemas sociais, incluindo os delinqüentes juvenis e adultos desempregados. Para o caçador primitivo o risco e a auto-estimulação eram necessários como parte de sua vida diária. Se caçadores evitassem a adrenalina, não caçariam. Na verdade, o desejo da adrenalina alta seria necessária entre os membros da sociedade caçadora. Já se um agricultor gostasse de correr riscos, fazer mudanças, inovar, colocaria em risco o alimento para sua sociedade. Na evolução da história humana, os caçadores foram postos de lado, isolados, mortos ou exilados. Os britânicos enviaram os “inadaptados” para a América e Austrália. Hoje, em algumas escolas, crianças com déficit de atenção são estigmatizadas ao invés de treinadas ou trabalhadas em suas dificuldades. Certamente a sociedade atual dá preferência aos “agricultores”, e as crianças quietas são recompensadas, no modelo do comportamento dos agricultores. Com a revolução industrial e a introdução dos mecanismos de repetição, a sociedade complementou o estilo agricultor. À primeira vista, ser agricultor na sociedade atual é desejável, as agendas são acompanhadas, as etapas de uma fábrica são também desempenhadas dia após dia, regularmente e sem alterações. São, entretanto, os “caçadores” os instrumentos sociais de mudança e liderança. Sociedades com poucos caçadores, necessitam de grandes cataclismos para estimular mudanças. Na língua japonesa não há palavra para líder, pois a noção de estar fora da multidão, em seu próprio caminho e desafiando instituições existentes é completamente fora da cultura japonesa. Os japoneses são reconhecidamente bons agricultores. Entre os caçadores e guerreiros do norte da Índia e Europa, rituais religiosos eram desenvolvidos e iriam ensinar a focalizar a atenção e a concentração. Isto também acontece na religião católica, com a repetição do terço, servindo de feedback, lembrando constantemente o que deve ser feito, não deixando a mente vagar. Mantras e meditações, também eram repetidos em todos os momentos. As pessoas com déficit de atenção ou altamente distraídas, também criariam concentração com os rituais religiosos, o que as ajudaria a focalizar a atenção. Seria então uma disfunção induzida pela cultura?

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Recentemente, no congresso de neuropsicologia, um famoso médico paulista Dr. José Salomão Schwartzman, fez a seguinte proposição: Imaginem-se 2 crianças igualmente ativas. Uma é filha de um lenhador no Canadá, ganha prêmios anuais pela derrubada de árvores e é congratulada por causa disso. Imagine uma menina de 15 anos, filha de um colecionador de artes, que mora num apartamento pequeno em Tóquio. Qual das crianças hiperativas, estará bem adaptada e qual terá que enfrentar muitos problemas, devido às mesmas características? Da mesma forma, a criança bem adaptada na escola terá condições de desenvolver suas habilidades, treinar e melhorar seus pontos fracos, terá sua auto-estima preservada, se sentirá mais feliz.

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QUAL É A CHAVE?

Estímulos mais fortes vêm de suas idéias e emoções. O estímulo mais forte é o cinestésico (sensação, sentimento e movimento). Somente com interesse intenso ou rápida atividade eles podem conservar suas mentes “paradas”, num foco único, ou ver mais detalhes. A neurociência nos mostra que podemos desenvolver nosso cérebro através do exercício. Há uma corrente que diz que déficit de atenção é uma desordem do cérebro, embora não seja este o nosso pensamento. Entretanto, o que é importante é o cuidado que se dará ao assunto, para treinar seus pontos fracos. Deve-se levantar a história clínica e a história familiar das crianças com déficit de atenção. Verificaremos outros casos na família, com tais características. Não é difícil constatar que alguns portadores do déficit de atenção, especialmente aqueles com hiperatividade, têm um diagnóstico de déficit de neurotransmissores como a norepinefrina, e fazem uso de medicamentos estimulantes ou alguns antidepressivos, embora isto não resolva o problema. É necessário ter compreensão, determinação, perseverança e paciência por parte dos familiares e educadores, e juntar esforços na mesma direção visando a reeducação e o treino da criança. Pela inteligência, criatividade, persistência e grande “força de vontade”, alguns portadores de “déficit de atenção” (ADD) superam seus sintomas sozinhos. As dificuldades são intensificadas com as expectativas da sociedade. A terapia de biofeedback explora a possibilidade de que a atenção e a vigília podem ser treinadas pelas pessoas, reduzindo as ondas lentas (teta) da atividade cerebral, enquanto executam tarefas de atenção.

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Deve-se aumentar a habilidade de focalizar a atenção em tarefas maçantes. É como exercitar um músculo. Você o exercita e ele fica mais forte. Gradativamente! Deve-se modelar o comportamento apropriado, construindo a auto- estima e trabalhando no auto-controle. Os objetivos do tratamento são: Desenvolver e treinar o auto-controle Treinar as suas habilidades (percepção, leitura, escrita, etc) Regular o impulso Controle das emoções Estabilizar o humor, pelo auto-conhecimento e exercícios de controle. Integrar sentimentos Focalizar a atenção Colocação de limites, aprendendo desde cedo as regras; o que pode e o que não pode fazer. Melhorar a auto-estima e o humor Melhorar o comportamento e as relações familiares Aprender a tolerar frustrações Aprender a recuperar-se de desapontamentos e adaptar-se às mudanças do ambiente. Estas etapas de aprendizagem e desenvolvimento poderão em alguns casos apresentar problemas maiores para as crianças com déficit de atenção, como uma reação emocional exagerada, do tipo “tudo ou nada”, ou ainda dificuldade em acalmarem-se sozinhas. Crianças muito pequenas, na fase pré-escolar, tem às vezes dificuldades de distinguir entre o real e a fantasia, e desta forma necessitam compreensão do problema e ajuda para entender, lidar com as dificuldades e acalmar-se. Essas crianças podem apresentar dificuldades em algumas áreas da vida, como aprendizagem, relacionamento, auto-estima, mau-humor, comportamento e relações familiares.

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CONVERSANDO COM A CRIANÇA As crianças com déficit de atenção são, às vezes, levadas ao pediatra, neurologista, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, etc. A criança é levada de um especialista a outro. Vêem suas vidas sendo comentadas, criticadas sem entenderem direito o que está acontecendo. Sabem que há alguma coisa que deve estar errada. Esquecemos que são as maiores interessadas no problema e normalmente não lhes dizemos nada. Devemos esclarecer a situação, para que possam participar diretamente na solução dos problemas. Elas acabam imaginando que têm uma deficiência muito séria, e ninguém fala disso com elas. Podem supor que são burrinhas, moles ou então fantasiam que estão muito mal. O pior de tudo é se acreditarem mesmo nisto, pois passarão a assumir este papel, passando a render assim, às vezes para sempre, ou até que uma situação muito forte mude esta crença. A criança percebe que algo não vai bem com ela. Acaba pensando que é um estorvo, que não tem nenhuma qualidade, só defeitos. Entretanto, quando falamos diretamente com ela, franca e amorosamente sobre suas dificuldades, evitando palavras contaminadas como mole, desorganizada, impulsiva, descuidada, bagunceira, esquecida, etc., envolvemos a criança na sua terapia e treinamento, obtendo um novo conhecimento, melhor informação, cooperação e participação. Afinal, ela também deve fazer parte do time, ajudando inclusive na busca de soluções e atuando mais atenta e cuidadosamente. A criança pode acompanhar sua própria evolução, observando quando já consegue fazer coisas que antes não conseguia. “Antes eu sempre queimava a língua tomando meu café com leite, agora já sei esperar ele esfriar” disse-me certa vez uma criança. Ajudando a planejar seu dia, sua rotina e listando suas tarefas, seguindo a ordem delas, ou mesmo “ticando” (marcando com um ) o que já foi feito. Os sucessos e fracassos devem ser conversados com a criança, assim como o planejamento. “De outra vez que você passar por essa

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mesma situação, qual você acha que deve ser a sua melhor forma de reagir? O quê será melhor fazer? ” Ensinar à criança com que recursos deve contar para melhor realizar as suas tarefas. Nós não ajudamos a criança quando a mantemos desinformada do que está acontecendo com ela. Crianças que têm mais informações sobre suas dificuldades serão mais cooperativas e participantes quanto a seu treinamento e terapia. Elas se empenharão mais, a fim de resolver ou superar seus problemas do que aquelas que ignoram suas dificuldades, têm uma vaga idéia do problema, ou acham que são incapazes. Se a criança está familiarizada com a definição e a natureza do déficit de atenção, contribuímos para o esclarecimento e manutenção de uma atitude positiva e consciente de suas dificuldades e preservamos sua auto-estima. Quando oferecemos à criança recursos e estratégias para desempenhar suas tarefas, estamos preservando seu bem-estar, principalmente porque ela experiência o mundo com falhas e erros. Assim, damos à criança um senso de perspectiva e controle de lidar com obstáculos. Ela terá que lidar com os desafios do dia a dia em relação a escola, aos relacionamentos, etc. As crianças podem contribuir com suas próprias idéias e sugestões. Não é uma vergonha ter déficit de atenção. Elas também têm qualidades e potencial que outros não têm. A criança pode ver listadas suas dificuldades e qualidades, para que possa trabalhar em cima dessas dificuldades, quanto a freqüência, controle e progressos. Exemplos: - dificuldade de aguardar a sua vez - dificuldade de completar o trabalho escolar - dificuldade de manter a atenção no trabalho que está fazendo - dificuldade em manter arrumado seu material escolar, brinquedos, quarto ou outros - esquecer de realizar algumas atividades - dificuldade de controlar seu comportamento quando numa discussão ou briga com seus amigos.

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A ATENÇÃO AFINAL O QUE É A ATENÇÃO?! Significa “Aplicar cuidadosamente a mente a alguma coisa”, segundo o dicionário Aurélio. “Ação de fixar o seu espírito sobre alguma coisa”, conforme o dicionário Koogan/Houaiss “Estou escutando Escutando com os olhos e ouvidos Escutando com a alma Com todos os sentidos Escutando com o coração Escutar a mensagem que se esconde entre as palavras, entre os fatos. Descobrir. Apreender... Estou aprendendo a ver Ver com os olhos e os ouvidos... Ver com a alma... Ver com os sentidos... Ver com o coração” (autor desconhecido) É uma soma de ver e ouvir com interesse. Podemos ainda dizer que escutamos o mesmo que vemos, percebendo com a mente, com o coração e com a alma. A chave é o que capta nosso interesse. O que define a minha atenção? O que me interessa? O que me motiva? O que encanta a minha atenção? O que seqüestra a minha atenção? O mundo está tão rico e variado de informações. Nos oferece opções ilimitadas em todas as áreas... como selecionar o que focalizar a atenção?! Ou por outra, o quê determina essa seleção?! O mundo infantil, com mil histórias, televisão, canais infantis, bonecos japoneses, Disney Word, net, internet, esportes, clubes, músicas, mp3 e escola. Quanta variedade... Eu só presto atenção ao que me interessa, e você?

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A escola está interessante e competitiva com o mundo infantil atual?! Esse é o grande desafio nosso, dos educadores. Em meio a tanta variedade como se tornar interessante para captar a atenção infantil? E, muitas vezes, em face de nossas limitações e dificuldade de ensino... fica mais fácil transferir o problema para o lado mais fraco, o lado da criança, fica assim definido e resolvido: DISTÚRBIO DA ATENÇÃO!

TREINANDO A ATENÇÃO ATENÇÃO DO TIGRE Imagine-se um animal selvagem como um tigre ou um leão faminto, no meio de uma selva. Sinta-se por um instante como um destes animais. Veja-se no alto de uma pedra ou um monte, a espreita de uma caça. Imagine o alimento preferido chegando, passando por perto. O tigre coloca-se em postura de “vou comer AGORA!!!” Seus olhos estão atentos, fixos na presa, sem desviarem-se um só segundo. Seus ouvidos estão atentos, completamente voltados para o alvo. Sua postura está completamente atenta envolvida e voltada para o alvo. Sua mente estará totalmente fixada no alvo. Sua vontade estará completamente voltada, para o alvo. E quando o tigre finalmente decide pular em cima de sua presa, certamente não irá hesitante, mas certeira e decididamente. Isto é o máximo da atenção! No exercício de atenção do tigre, sinta ao mesmo tempo a postura, a respiração, o olho brilhando e o ouvido pulsando de atenção! Faça ainda uma pressão nas mãos ou num dedinho, como fixando, intensificando, ancorando este estado máximo de atenção. Sinta este estado, intensifique este estado máximo de atenção, repita várias vezes, treinando a atenção do tigre. Este treinamento e esta repetição forma um caminho neurológico da atenção. Este deve ser o treinamento da atenção! Conscientizar o que é a atenção, como é ter atenção, para que serve ter atenção, quando vou decidir usá-la com inteligência voltada para o que é importante para mim, ou seja para o meu alvo. Definir os alvos a serem atingidos. Observar quando me saí bem, tive atenção completa, ou dizendo melhor, quando tive atenção completa me saí bem numa tarefa. Aprender isto e levar as crianças a aprender, verbalizar e treinar, sentirem como um tigre em estado de atenção! Fazer uma análise do que é a atenção, é envolver os sentidos, concentrar todos os sentidos possíveis, estão voltados para o mesmo alvo, para o que estou fazendo

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a-g-o-r-a. É inteligente dirigir toda a minha vontade para o que estou fazendo agora, seja para me livrar logo disso ou para me sair bem nisto, porque senão eu vou me dar mal, porque esperam isto de mim, porque é minha obrigação, etc. Agora estamos falando da capacidade de motivarmos a nós mesmos. Lembrar que motivar é buscar um forte interesse para fazermos alguma coisa. Esta compreensão de buscar um motivo é muito importante, já que muitas vezes a criança ou nós mesmos não temos muito claro o porquê das coisas, os motivos que nos levam a agir. Devemos ver isto com as crianças e muitas vezes conosco mesmos. Então, atenção é envolver simultaneamente a mente, a visão, a audição, a respiração, ação e sentimentos (de alegria, prazer, confiança, satisfação por aprender, vencer desafios, barreiras etc.) com o mesmo objetivo. Sempre que entramos em uma atividade divididos, pensando em outra coisa ou com a atenção dividida, perdemos uma boa execução. Um paciente meu, campeão de jiu jitsu, uma vez contou-me porque deixou de lutar. Num campeonato, estava lutando, e estava saindo-se bem, quando o pai orgulhoso tirou uma foto dele enquanto lutava. Numa fração de segundos o flash, o distraiu (dividiu sua atenção) e ele se descuidou e foi surpreendido pelo seu adversário, perdendo a luta “bobamente”. Estudando com ele o que é atenção, vimos que se ele fosse um tigre, naquele dia teria perdido sua caça, seu jantar, pela falta de atenção. É importante vermos ou levarmos as crianças a verbalizar, analisar diversas situações ou exemplos próprios ou de outras crianças, quando fizeram coisas certas porque estavam muito atentas, ou ligadas ou se deram mal porque não estavam atentas ou ligadas. Esta atividade leva as crianças a analisarem e “fazerem a cabeça”, “dirigir o foco” para a atenção. Temos que fazer um treinamento (o cérebro aprende pela repetição!) de atenção, dirigir o foco de atenção para o que se está fazendo. Ter isso consciente. “Eu vou fazer esta tarefa ou este dever como um tigre” . Eu vou ler este livro durante 15 minutos, durante meia hora! Lembre-se de que a aquisição do tempo de foco de atenção também deve ser gradual. Deve-se também respeitar o tempo, que não deve ser muito longo, no caso de pessoas ou crianças hiperativas. Atenção significa também estar presente no que se está fazendo, não estar dividido. Quantas vezes nos pegamos em diversas situações completamente divididos. Estamos lendo um livro nos lembrando de uma conversa que tivemos com alguém. Estamos na praia pensando que deveríamos estar em casa estudando. Estamos estudando,

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imaginando que poderíamos estar na praia. Estamos numa festa ou no cinema, pensando em como estarão se comportando as crianças em casa. Estamos fazendo supermercado pensando na reunião do escritório logo mais, depois nos assustamos de observar que muitas coisas esquecemos de comprar que tinham de ser compradas! Estamos sempre com a nossa atenção dividida! Estamos sempre fazendo as coisas insatisfatoriamente! Está sempre faltando alguma coisa! O que está faltando? Consciência, treinamento de atenção, estar presente no que se está fazendo, atenção! Precisamos todos de treinar nossa atenção em nossa vida diária, no nosso mundo. E nos surpreendemos porque as crianças fazem a mesma coisa com a escola, suas roupas, seus brinquedos, suas tarefas. Crianças também e, principalmente, são seres que estão em formação. Antes de tanta repreensão precisamos compreender, localizar o problema, quais as dificuldades e depois treiná-las!

O CÉREBRO APRENDE PELA REPETIÇÃO Os católicos repetem as mesmas orações Ave Maria, Pai Nosso e outras, diariamente. Por que? De que outra forma colocar os fiéis na “ trilha” de pensamentos e preceitos da igreja, e fazê-los memorizar estes? Os adeptos da meditação, repetem mantras constantemente. Por que? Quando preciso guardar um número de telefone, repito-o várias vezes para mim mesma até que o tenha memorizado. Por que? Parece claro agora que precisamos da repetição para aprender, colocar algo em nossa mente; “fazermos a cabeça” . Nossa cidade precisa urgentemente de uma campanha para que não joguemos lixo nas ruas. Nessas campanhas é necessária a repetição de uma mensagem muitas vezes, até que as pessoas formem aquele hábito. Nosso cérebro precisa de repetição para fixação de algo. Às vezes, a mensagem é dita de uma forma, não surte muito efeito, é repetida com uma pequena variação, ou de outra forma, então, algo acontece: há a fixação da mensagem, do hábito, do número do telefone, ou outra coisa qualquer. Ninguém acendeu um cigarro pela primeira vez e já ficou viciado. Foi necessária a repetição do ato de fumar para se formar o hábito de fumar... Assim também acontece com o andar de bicicleta, aprender a fazer um laço nos sapatos, etc. Muito interessante a citação de Jeffrey Zeig, sobre o psiquiatra e hipnólogo Dr. Milton Erickson. Disse a Zeig direta e indiretamente que ele não deveria fumar, que não ficava bem fumando, que um homem ficava muito desajeitado segurando um cigarro entre os dedos, que era estranho chupar a fumaça de um cigarro etc.

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Erickson falou durante muito tempo sobe isso. Zeig não sabe explicar bem como ao chegar em casa resolveu parar de fumar. E também ficou impressionado, pois não imaginava que havia tantas formas diferentes e criativas de dizer a uma pessoa a mesma coisa. O CÉREBRO APRENDE PELA REPETIÇÃO. A repetição de palavras chaves, palavras que marcam a idéia, são também importantes na fixação das mensagens. Não se deve pretender com as repetições provocar uma mudança imediata, mas uma mudança gradual de sentimentos, comportamentos e hábitos. Assim também a criança, um ser em formação, terá que ser treinada, ouvir de várias formas e também repetir para sí mesma, tantas vezes quantas sejam necessárias, dia a dia, assim como nosso “Pai Nosso-Ave Maria” ou mantras, as suas tarefas diárias, escovar os dentes, tomar banho, fazer o dever e todas as coisas que a mãe já está acostumada a repetir. A chave é mesmo repetir, repetir, repetir...Motivar, motivar, motivar. Da mesma forma que a mãe e a professora devem como atividade diária verificar se as crianças fizeram as tarefas da escola e de casa, até que a criança esteja bem conscientizada e habituada em realizar as tarefas, até que esteja convencida e os comportamentos estabelecidos. Até que pela compreensão, repetição e monitoração, tenha integrado estas etapas. Algumas crianças precisam mais, outras menos ajuda e repetições...

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CONTROLE DO IMPULSO O significado de impulso no dicionário Aurélio é : “Ímpeto. Grandeza que indica o comportamento de um foguete e que é igual ao empuxo, dividido pela quantidade de combustível consumido por segundo. Impulsão específica, empuxo específico”. A idéia é exatamente esta: a de um foguete que precisa ser parado, impulsionado, direcionado ou controlado.

O impulso está ligado a uma emoção e à razão. Uma emoção ou estado é como uma força muito grande, que pode e deve ser bem direcionada para benefício e segurança do indivíduo e de outras pessoas. As emoções podem ser: raiva, indignação, revolta, amor, vontade, tristeza, preguiça, ou outras.

Daniel Goleman em seu interessante livro sobre Inteligência Emocional, nos dá a chave do controle do impulso, e do uso adequado das emoções a nosso favor e não contra nós. Isto é usar a emoção com inteligência.

É importante tomar conhecimento das sensações do corpo (enrubescimento, tensão dos músculos), observar os sentimentos (alegria, tristeza, medo, raiva) e o comportamento, como sinais de reação a uma situação em que nos encontramos para que possamos interromper o impulso inadequado de agir; e a seguir pensar na melhor resposta àquela situação.

Controlar as emoções para poder controlar as ações. A crianças pode aprender a resolver seus conflitos sem recorrer a violência. Pode ser treinada e aprender lidar com as situações difíceis, como brigas, provocações, contrariedades. Aprender e treinar expor sua posição e buscar as melhores soluções.

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SINAL DE TRÂNSITO

Um exercício muito eficiente é o do Sinal de Trânsito. O objetivo é desenvolver um sinal de trânsito mentalmente:

- O sinal VERMELHO indica: PARE E ACALME-SE ANTES DE AGIR/SEGUIR. É o famoso “pare e pense”de nossos avós. - O sinal AMARELO indica: 1. Identifique o problema e como você se sente em relação a ele. 2. Estabeleça uma mente positiva. 3. Pense em muitas soluções da forma se x então. (Se eu fizer assim então vai acontecer tal coisa, se fizer A , tão a conseqüência será B). - O Sinal VERDE abre o caminho: SIGA e tente o melhor plano, a melhor solução. Observar as vezes em que a estratégia foi usada adequadamente e as vezes em que não se conseguiu realizar algumas das etapas. Quais foram as conseqüências, o que se ganhou e o que se perdeu com o comportamento inadequado ou o adequado. Observar o aumento progressivo do controle dos impulsos. Numa ocasião, um paciente contou-me que fora fazer uma prova na escola e chegara um pouquinho atrasado, mas a tempo de ver outro

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aluno também atrasado entrar na escola. Logo depois que o aluno entrou, teve sua passagem impedida no portão. Ele então forçou e acabou entrando “na marra” , em vez de argumentar com o porteiro. Dessa forma, usando a violência, acabou envolvendo no seu ato, a direção da escola e acabou sendo expulso. Ele mesmo falando sobre o problema, depois, viu duas ou três outras formas de melhor resolver o problema, minorando os “prejuízos”.

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AUTO-CONTROLE Além da técnica citada de controle do impulso como um sinal de trânsito vermelho, amarelo e verde, outras técnicas ajudam a controlar nosso comportamento. São pequenos lembretes de que se pode lançar mão sempre que necessário. Cada pessoa prefere uma ou outra técnica; você descobrirá a sua. Movimento dos Olhos - Posso desviar meus olhos para longe da cena, lugar ou situação, desviando assim a minha atenção, ou desfocalizando propositalmente a minha atenção, quando este foco não me interessa. Isto me fará segurar meu comportamento convenientemente. Dessa forma eu fujo da situação ou ação que quero evitar. Contar até Dez – Muito conhecido e praticado, o contar até dez antes de “tomar uma atitude” ajuda a esfriar a cabeça e dá tempo para o cérebro pensar na melhor escolha de agir. Se você estiver nervoso ou ansioso conte até 10; se estiver muito nervoso ou ansioso, conte até 100! Respiração – Já aprendemos com nossos avós e este recurso funciona muito bem: respirar fundo 5 a 10 vezes antes de tomar uma atitude precipitada. Ou ainda respirar fundo e mergulhar renovado e descansado no que estava fazendo, redobrando a atenção. Contração Voluntária de um Músculo – Substituir o impulso indesejado, a ação ou a fala indesejada por uma contração de um músculo qualquer do corpo, como contrair o pé, os quadris ou apertar dois dedos da mão. Dessa forma eu evito um ato que me levará ao arrependimento ou me prejudicará futuramente. Pressionar a língua no céu da boca antes de fazer ou falar o que não é bom e não convém. Pássaro ou Balão - Uma experiência desagradável ou um pensamento indesejado posso fazê-lo voar para bem longe como um pássaro ou fazê-lo subir e sumir dentro de um balão. Posso imaginar estas situações sempre que necessárias.

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Dissociação - Significa sair “na minha imaginação” do próprio corpo ou de uma situação e poder observar “do lado de fora”, o que está acontecendo. Assumimos o papel de um observador, sem envolvimento direto no caso e sem a emoção forte de quem está sofrendo a ação ou a situação. Esta dissociação nos leva a ver, sentir e analisar, isenta e inteligentemente, o acontecimento, possibilitando a escolha da melhor opção de sentimento, pensamento ou comportamento. Imaginação – para enfrentar uma situação desagradável ou agüentar alguma situação necessária, posso imaginar o que melhor convém para o momento. Lembro um relato dramático que lí sobre um seqüestro de um rico produtor de vinho na Itália que foi conduzido de uma cidade a outra dentro de um caixão. Ele disse que se imaginava voltando e andando por entre os verdes campos de sua fazenda, por entre as lindas parreiras. Posso igualmente também imaginar a alegria que vou sentir ao concluir uma tarefa ou a nota maravilhosa que vou tirar por estar estudando muito uma matéria. Dizer-se Algo - Para motivar-me ou para interromper algo, posso dizer ou repetir frases ou uma palavra chave. Posso, por exemplo, repetir para mim mesma a palavra “calma”, quando costumo enfrentar situações que exijam calma. Posso repetir para mim a palavra atenção, sempre que estou fazendo uma coisa que exija cuidado; posso dizer “vamos lá” para me incentivar a terminar uma tarefa; ou ainda “falta pouco”. Procure a sua palavra mágica, aquela que, repetida como mantra, vai ajudá-lo a fazer o que deseja.

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CONHECENDO NOSSAS EMOÇÕES

Estudar as emoções através da face, através da voz, através da postura, nos possibilita conhecer mais as outras pessoas e a nós mesmos. Fica mais fácil aprender a ser solidários com os outros e a controlar a nós mesmos. Isso faz com que melhore a nossa relação, com a gente mesmo e com os outros. Desenvolver esse treinamento desde criança será muito benéfico. Poupará muitas “guerras” internas e interpessoais. Podemos desenvolver programas nas escolas para ensinar as crianças a lidar melhor com as emoções. Posemos desenvolver com a criança recortes de revistas ou desenhos de faces com diversos tipos de emoções. Podemos aprender e ensinar que todos nós sentimos emoções. Emoções boas e más. Elas são naturais, estão dentro de todos nós. Não é errado sentir as emoções que sentimos... Todos nós sentimos amor, felicidade, compaixão e também, raiva, medo, inveja, tristeza, ansiedade etc,. Todos os sentimentos estão certos. Os comportamentos é que podem estar certos ou não. Precisamos aprender a separar o sentimento do comportamento. Precisamos é aprender a lidar com as emoções, não deixar que elas nos dominem e devemos aprender a pensar em muitas opções para lidar com esses sentimentos e situações que enfrentamos no nosso dia a dia. Precisamos desenvolver uma mente alerta. As emoções vêm e passam. Geralmente não ficam com a gente. Elas passam... vão embora, não ficam para sempre, ao contrário do que nos parece, algumas vezes. “Os pensamentos são cheios de emoções e as emoções são cheias de pensamentos.” Estudar as emoções ajuda a controlar as nossas reações, os nossos comportamentos e os nossos pensamentos. É muito difícil controlar a emoção no exato momento em que ela ocorre. É necessário um treinamento, uma familiarização, uma compreensão dos estados emocionais. Aprender a perceber quando aquela emoção ruim vem chegando, assim fica mais fácil lidar com ela. Aprender a detectar os primeiros sinais para poder lidar melhor com ela ou mesmo evitar os seu aparecimento. Aprender a desenvolver recurso para lidar com as emoções, desenvolvendo novos pensamentos, novos sentimentos e novos comportamentos.

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Muitas vezes a gente tem uma forte emoção, e em conseqüência disso faz algo ruim, destrutivo ou inadequado e se arrepende depois. Aprender que isso é um mecanismo ajuda, e podemos decidir fazer um esforço para mudar esse padrão, mudar esse comportamento. A educação emocional consiste em ao invés de os pais e professores punirem as crianças por estas apresentarem uma emoção ou um comportamento inadequado e destrutivo, como raiva, agressão, violência, devem ensinar (estar preparados para ensinar ) às crianças que é normal sentirmos essas emoções e que temos que aprender a lidar melhor com estes sentimentos evitando comportamentos que nos prejudiquem a nós mesmos ou a outras pessoas. Em primeiro lugar podemos e devemos ajudar a criança a se acalmar. Podemos ensinar a criança a identificar o tipo de emoção. Podemos discutir abertamente os sentimentos como forma de resolver as dificuldades que a criança está tendo com o colega, amigo, com o professor, escola, etc. Ou ainda a aprender a pensar com antecipação, identificando os sinais e evitando as situações difíceis, perigosas ou aquelas que se repetem. Analisar como nosso comportamento atinge os outros. Aprender a se colocar no lugar do outro. Aprender a separar o sentimento do comportamento. Ensinar que só se pode pensar depois de se acalmar, só assim podemos ver com clareza. Estou com raiva (identificar o sentimento). Estar consciente do sentimento já diminui sua intensidade. Questionar-se: por que estou com raiva? O quê está me dando raiva? Lembrar de tratar os outros como queremos ser tratados. Aprender a ver o problema de uma outra posição – da posição do outro, ou até de um observador (do pai, da mãe, do professor ou de um amigo). Perguntar-se, como fulano veria isso ou esse problema? Como ele agiria se estivesse no meu lugar?

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LIDANDO COM AS EMOÇÕES Queremos reconhecer e levar inteligência à emoção. Nosso desafio é controlar nossa vida emocional com inteligência. Para melhor ou para pior a inteligência não é nada, desaparece, quando as emoções dominam.

O sentimento muito forte esmaga toda a realidade. Também as emoções nocivas põem em risco nossa saúde física. Já o equilíbrio emocional nos ajuda a proteger nossa saúde e bem-estar. Muito se tem falado, hoje em dia, em Alfabetização Emocional. Assim como aprendemos as letras e a escrita, aprendemos também a ler as emoções e lidar com elas. Identificar as emoções e os sentimentos no momento em que eles estão acontecendo, comigo e com outro; com a criança e com o colega, é importante para o bom relacionamento e nosso bom desempenho no dia-a-dia. Desenvolver a habilidade de colocar-se também na posição do outro, ter empatia. Aprender a ver os fatos, as situações numa terceira posição, a de um observador, isento. Isto é um treinamento e uma aprendizagem como é a alfabetização. O professor ou treinador pode desenvolver uma atividade individualmente ou em grupo de dar nome aos sentimentos. Procurar fotos em revista com situações de tristeza, preocupação, excitação, felicidade, alegria, zanga, raiva etc. Cada criança pode dar sugestões de como acalmar-se, como motivar-se, etc. Diga a melhor maneira de lidar com a: Tensão Ansiedade Raiva Medo Imaginar ou dramatizar momentos ou situações de briga, disputas e a melhor forma de resolver estas situações. Descreva uma resposta adequada para ajudar um amigo a resolver um conflito sobre determinado assunto.

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Como você se sente quando está: Frustrado Ofendido Irado Ansioso Ensinar as crianças: Autocontrole Persistência Motivar-se Conhecimentos a aprender 1. confiança 2. curiosidade 3. intencionalidade 4. auto controle 5. relacionamento e entendimento 6. capacidade de comunicar-se verbalmente 7. cooperação Dar exemplos de situações com casos, representando histórias, etc.

O TRUQUE DA TARTARUGA

Era uma vez uma tartaruga. Ela gostava de brincar com seus amigos. Às vezes gostava de brincar sozinha. Outras vezes tinha dificuldades na escola, com os professores ou com seus colegas. Às vezes ela ficava tão irritada que não sabia o que fazer, como lidar com essa emoção, como lidar melhor com seus professores, na sala de aula ou com seus amigos. Ela sofria muito com isso. Ficava com os sentimentos à flor da pele. Um dia ela conheceu uma velha tartaruga, de 300 anos. Era uma tartaruga muita sabida. A tartaruguinha lhe perguntou o que fazer nesses momentos difíceis? A velha tartaruga lhe ensinou que quando se sentisse assim com muita raiva, irritada, sem saber o que fazer, deveria entrar bem depressa para dentro do seu casco. “Enfie os braços, as pernas e a cabeça dentro do casco. Lá dentro é tranqüilo e ninguém vai poder lhe incomodar, até que possa se acalmar. Respire fundo e pense qual é o problema e qual é a melhor coisa para fazer”.

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Os pais e professores podem ensinar a criança a fazer este treinamento, identificando a emoção “Estou vendo que você está com raiva. Vamos nos acalmar juntos, vamos juntos respirar fundo. Vamos ver qual é a melhor forma para resolver o problema”. As crianças dessa forma vão aprendendo e treinando a controlar melhor suas emoções. Elogiar a criança é uma das formas mais eficazes de se corrigir comportamentos e de motiva-las na busca de um comportamento mais saudável.

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

O feedback ou retorno, tem que ser imediato, assim como a avaliação do comportamento e suas conseqüências. Se você fizer isso acontecerá isso, se você fizer tal coisa, acontecerá tal coisa... O castigo isolado não tem nenhum efeito de aprendizagem, porque a criança não conseguirá fazer uma correta correlação com o comportamento indesejado e o castigo. O castigo sem justificativa reforça condutas negativas e leva a caminhos mais hostis e de retaliação. Devemos entender que estas crianças hiperativas recebem mais represálias que reforço positivo no dia-a-dia em relação a outras crianças. Essas represálias constantes acabam por levar a alterações da área emocional como auto-estima, quadros de ansiedade, depressão, etc., aumentados à medida que os professores e a escola enfatizam as dificuldades dessas crianças, sem dar um suporte para superar estas deficiências. É necessário levar a escola e os professores a entenderem as características dos portadores do déficit de atenção, e considerar o seu preparo no manejo dessas crianças, assim como sua colaboração com o tratamento. Convém ainda adaptar os professores e suas atitudes às necessidades reais dessas crianças. A escola deve gerar um ambiente escolar propício, para o êxito e reforço positivo dessas crianças. O professor deve fazer um esforço adicional para modificar seu estilo a fim de atender à necessidade delas e promover a motivação como elemento primordial na sala de aula e conduta que estimule idéias e criatividade. A criança deve ser colocada preferencialmente perto do professor, na sala de aula, o que inibirá distrações e comportamentos indesejados. Deve ser facilitado o contato destas crianças com outras de bom entendimento, ajuda e respeito. O professor deve ajudar a monitorar as condutas ou dificuldades da criança.

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Deve-se enfatizar a importância da participação do professor no plano de tratamento com remédios, através de observações e comentários que possam ajudar a melhor monitorar o tratamento, assinalando uma melhora.

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APRENDIZAGEM

A inteligência humana é fruto de seu vasto potencial e do ambiente de estimulação. Nosso potencial individual genético não é limitado pelo dos nossos pais e avós. Nosso potencial genético é o da raça humana. É o mesmo de Bach, Sheakespeare, Michelangelo e Einstein.”

(Glen Domman)

A aprendizagem se faz através dos sentidos. Desenvolvemos a habilidade de aprender. Os cinco meios pelos quais o homem obtém informação do seu meio ambiente, ou reage a ele, são: a visão, o tato, a audição, o olfato e o paladar. Existem outros sentidos de grande importância como o equilíbrio e o da posição, a capacidade motora ou expressiva necessária para executar um movimento de apanhar um objeto, por exemplo. Uma criança de 18 meses, pelo modo como age, podemos dizer que é hiperativa, e que é incapaz de prestar atenção, mas o fato é que presta atenção a tudo. Só que esta atenção dura muito pouco tempo, porque há muito que aprender, ver, ouvir, cheirar e provar! Não há outro meio de aprender, a não ser pelo uso dos sentidos. Quando restringimos sua capacidade de arrastar-se, engatinhar, inibimos o desenvolvimento dos seus sentidos, e consequentemente do seu desenvolvimento neurológico. Sua motivação é natural por laços afetivos: a criança quer copiar, espelhar e modelar a mãe e desta forma assimilar o mundo. É uma questão de sobrevivência. A motivação é a preparação para a aprendizagem. À medida que os alunos aprendem, se sentem bem consigo mesmos. À medida que se sentem bem, aprendem melhor e mais. Este é o efeito bola de neve. É importante promovermos um alto grau de motivação, evitando-se os bloqueios, as dificuldades e os problemas que possam interferir no caminho da aprendizagem. É importante levar a criança ou o indivíduo a vivenciar. A maneira mais eficaz de criarmos uma representação interna de que se pode fazer uma coisa (atitude) é fazê-la. Se o indivíduo for bem sucedido uma vez, é bem mais fácil agir, formando um ciclo retro-alimentador de ação, de potencial, de resultado e atitude favorável ao aprendizado.

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Aprendendo a ler, a criança treina e amadurece seu trajeto visual, treina seu cérebro. Dessa maneira, a inteligência visual e auditiva da criança cresce conforme a oportunidade de aprender grande número de fatos. Quando se melhora uma função do cérebro, melhoram-se todas as funções. Não é verdade que a criança se torna mais inteligente à medida que escreve melhor, lê melhor, aprende melhor e fica mais desembaraçada, é exatamente o contrário: à medida que treina mais, desenvolve melhor. Existem três meios para assegurar a transmissão de estímulos ao sistema nervoso central. Deve-se ampliar os estímulos em freqüência ( o cérebro aprende pela repetição), intensidade (envolvendo um maior número de canais sensoriais) e duração. Proporcionando à criança estimulação visual, auditiva e tátil com mais freqüência, maior intensidade e maior duração, oferecendo oportunidades ilimitadas de exercitar suas funções, desenvolvemos suas habilidades e sua aprendizagem. A função determina a estrutura. A falta de função impedirá que suas vias visuais amadureçam mais cedo. O cérebro, ao que parece, desenvolve-se pelo uso. Toda a metade posterior do cérebro e a medula são inteiramente formadas pelos cinco canais sensoriais de entrada. Podemos literalmente fazê-la crescer fornecendo à criança informação visual, auditiva, tátil, olfativa e gustativa com maior freqüência, intensidade e duração. Esses são os canais pelos quais adquirimos toda a informação, ou seja, aprendemos o mundo. Mobilizando os três sistemas representacionais: auditivo, o visual e o cinestésico, envolvemos o sistema límbico por suas mensagens, assim mobilizaremos o cérebro inteiro no processo de aprendizagem. O desenvolvimento da habilidade visual ou inteligência visual começa com a inabilidade do bebê em ver funcionalmente no nascimento, até a criança média que lê aos 6 anos; e vai até a habilidade superior do adulto que lê em grande velocidade, tem memória fotográfica ou ainda o pintor que cria obras de arte: pinturas e esculturas. A habilidade auditiva tem o primeiro estágio no nascimento, quando a criança estremece reflexamente ao ouvir um ruído forte; vai da inabilidade do bebê de ouvir de maneira compreensível, quando nasce e evolui até os 6 anos quando compreende uma conversa, chegando ao adulto que ouve e compreende acima da média; ou aos indivíduos que possuem grande habilidade no aprendizado de línguas, ou grandes músicos e compositores. A habilidade ou inteligência tátil começa ao nascer quando a criança apresenta movimentos reflexos, sente de forma útil, reconhece

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objetos pelo tato, é hábil em suas ações e movimentos, indo à habilidade superior dos grandes atletas. A capacidade verbal tem início com o choro, como forma de comunicar necessidades básicas de fome, sono, etc. A criança desenvolve a emissão de sons inespecíficos; posteriormente, por volta de 15 meses, possui vocabulário de mais ou menos 20 palavras. Aos 2 anos forma frases, e aos 3 anos possui cerca de 3000 palavras. Cada vez mais cedo, com ajuda dos meios de comunicação, desenvolve-se mais, adquirindo vocabulário completo. A habilidade ou inteligência lingüística superior é a do indivíduo que sabe se expressar como grande orador, transmitindo seus pontos de vista, posições e idéias de maneira clara e convincente. Depende da percepção visual (córtex cerebral visual, na região occipital), da percepção auditiva (córtex auditiva, região temporal), área de linguagem (temporal esquerda), áreas de associação, a percepção do mundo, aprendizagem da linguagem, da leitura e da escrita. Ler é uma função do cérebro. Depende da análise e síntese destas áreas para que a criança associe a palavra ou fonema ao som que tem o seu significado. O leitor experiente capta somente o contorno geral da palavra e a configuração característica das letras mais importantes que constituem sua raiz. A partir daí, advinha o significado das palavras em sua totalidade. Palavras pouco familiares se lêem pela análise e síntese dos componentes sonoros, enquanto as palavras familiares têm reconhecimento imediato. A análise auditiva desempenha um papel importante na identificação das primeiras letras. Os esquemas articulatórios permitem ao leitor encontrar o significado preciso de uma letra dada e diferenciá-la dos outros sons foneticamente similares a ela e se articularem de forma parecida. Em geral a capacidade de ler melhora com o desenvolvimento da leitura em voz alta. O cérebro em desenvolvimento é uma estrutura extremamente plástica, o córtex cerebral é sensível às influências tanto internas quanto ambientais. Diz o neurolinguísta Luria que todo estímulo forte ou biologicamente significante evoca uma forte resposta, enquanto todo estímulo débil evoca resposta débil. O cérebro está mudando constantemente, tanto de maneira física quanto funcional, tanto para melhor, quanto para pior, conforme a aprendizagem. Assim como pessoa, que desempenha uma atividade física média, tem um desenvolvimento muscular médio, e a que faz pouco exercício físico tem pouco desenvolvimento muscular. Também

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é verdade que a falta de função produz uma estrutura pobre. A função faz o órgão. Técnicas avançadas de medição da intensificação do fluxo sanguíneo nas áreas cerebrais corticais, que se produz durante atividades sensoriais, motoras e mentais específicas, através de um aumento da intensidade de consumo de oxigênio e aumento do metabolismo da glicose, permitem a localização das funções do córtex cerebral normal. Quando o indivíduo está desperto, em repouso, comodamente e de olhos fechados, mostra que o fluxo sanguíneo não é uniforme, permanece mais elevado na região frontal do córtex cerebral, cerca de 20 a 30%. A intensidade do fluxo na região frontal, no indivíduo em repouso, sugere um estado de auto consciência. Quando o indivíduo abre os olhos, acontece um aumento de fluxo de cerca de 20% do córtex de associação visual localizado na zona do occipital. A estimulação da audição, de ruído sem significado específico, provoca um aumento de fluxo sanguíneo na região superior e posterior do lóbulo temporal de cada lado do cérebro, onde se localiza o córtex auditivo. As funções que exigem certo esforço ativam ao mesmo tempo certas áreas corticais mais amplas, através de vias difusas que se excitam. Tudo indica que para que o cérebro compreenda o mundo que o rodeia, perceba seu significado e atue no desenvolvimento das funções difíceis, deve ativar-se o córtex cerebral não só na forma localizada mas também na sua totalidade. O fracasso é resultado de alta motivação. Fracasso é resultado de falta de motivação. O que os cientistas descobriram é que crianças muito elogiadas se tornam mais inteligentes do que aquelas muito criticadas. O aprendizado será melhor quanto mais sentidos envolvermos nele, além da alta motivação e da satisfação de aprender. Entretanto, muitas vezes, o que chamamos de dificuldade de aprendizagem é na verdade dificuldade de ensino. Encontramos muitas vezes um sistema educacional despreparado para iniciar a criança na arte de aprender. Ao contrário do que é feito, deveríamos ter professores muito bem treinados e com elevado grau de preparo para iniciar as crianças no aprendizado, pois dependerá deste início, praticamente, todo seu futuro escolar. Sabemos que um professor motiva o gosto pela matéria como também desestimula o aprendizado. Apesar dos esforços de modernização, os programas de ensino encontram-se

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muito defasados. Além de o ensino ser muito verbalizado. O professor fica em pé na sala falando, falando, muitas vezes sem perceber o desinteresse dos alunos. A escola ainda é muito verbal e pouco prática, assim como no século passado. O sucesso dos computadores se dá pelo fato da interatividade (o computador interage com o indivíduo) e do sistema não ser só verbal, mas também visual. Um outro ponto muito importante é que o programa do computador não vai adiante na etapa se o indivíduo não cumprir determinados requisitos ou procedimentos, sem criticar, ofender, chamar atenção negativamente, diminuindo a auto-estima. Os países mais desenvolvidos adotam programas de aprendizagem mais de acordo com a nossa atualidade e mais práticos. A escola funciona como uma mini-cidade ou comunidade, vivenciando (o professor não fica na frente da turma recitando sua lição) mas cria situações que envolvam produção de jornais, revistas, edições (envolve redação), produção de cinemas (produção, organização etc.), atividades comunitárias, bancos (matemática: taxas de juros, depósitos bancários, prejuízos em contas), comércio, empresas, hospitais e enfermagem, como fazer limpeza, defesa do consumidor, deveres e direitos do cidadão (regras de comunidade, ética), representam advogados, júris, música, canção, dança, etc. Enfim, aprendem na escola, desde cedo, tudo que é necessário para sua vida e para a construção de uma grande nação.

DISTÚRBIO DA APRENDIZAGEM O Distúrbio Da Aprendizagem é uma dificuldade em determinado nível. A criança pode apresentar dificuldades de leitura ou de escrita ou ainda ambas. Ela pode não ter uma boa fixação dos fonemas na leitura e na escrita. Passa a apresentar trocas, omissões, inversões ou acréscimo de fonemas, sílabas ou palavras. Este tipo de problema, quando não solucionado, vai trazer muitos prejuízos na vida escolar da criança e mesmo do adulto. Este quadro reflete uma falha perceptiva e deve ser trabalhado por profissional especializado (preparado) para estimular e treinar especificamente a área afetada. O Distúrbio de Aprendizagem é também devido a uma má adaptação escolar ou ao método de alfabetização que não foi adequado ao modo como aquela criança especificamente percebe melhor os fonemas, quanto ao aspecto auditivo e visual, ou ainda pode ser secundário ao distúrbio da atenção. Pela falta de atenção a criança perde o “fio da meada” e, quando não é solucionado a tempo, vai acumulando

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dificuldades. Surgem as dislexias que se não tratadas no início, cristalizam-se. Encontramos também uma dificuldade de aprendizagem nos universitários e nos adultos que, por falhas de atenção, de concentração, ou porque mantêm a atenção dividida (pensando em muitas coisas ao mesmo tempo), se perdem na leitura ou na sala de aula. A estes indivíduos cabe igualmente a conscientização do problema e treino específico com exercícios de atenção e concentração.

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AOS PAIS E PROFESSORES Crianças hiperativas e com características de falhas de atenção geralmente vêem o mundo de uma forma diferente das outras crianças. Deve-se construir um contexto de motivação para elas: 1. Encorajar as crianças a fazer escolhas positivas. (Ex: Se você quiser que ela termine uma tarefa pode dizer: “Você quer 10 ou 15 minutos para terminar isto”?) 2. Use mais “eu” do que “você” para criar regras. Em vez de dizer

“Não fale comigo assim”, prefira “Eu prefiro discutir isso quando houver calma e respeito”.

3. Mantenha-se calmo. Crianças com déficit de atenção reagem melhor quando os pais mostram calma. O seu comportamento aborrecido, provoca imediatamente nelas um comportamento de oposição, podendo resultar disso uma batalha.

4. Mostre de forma curta as conseqüências específicas dos atos, comportamentos, ou problemas, seus e de outras pessoas, como exemplo.

5. A criança deve ser levada a repetir em voz alta para si o que deve fazer, com objetivo de ajudá-la a ter em mente suas tarefas ou os comportamentos desejados.

6. Não se desespere com argumentação contrária, não estique a discussão, apenas mostre com segurança sua posição, permita-lhe a última palavra para que desabafe e se acalme.

7. Mantenha recompensas visíveis e a curto prazo para comportamentos e ações desejadas.

8. Recompensa para trabalhos terminados, o que não significa punir os trabalhos não terminados. Lembre-se de que a melhor motivação são recompensas que ajudem a criança a alcançar seus propósitos.

9. Breves lembranças verbais para ajudá-las a controlar-se. Como, por exemplo: “quando você puder mostrar que sabe controlar seu corpo, parando de xingar e bater, e for para o seu quarto, nós poderemos falar sobre isso que você quer”. 10. Não exija mais que a capacidade da criança. Dê tarefas de curta

duração. Incentive a criança a escrever, usar o quadro, desenhar, usar o computador, escrever sobre seus sentimentos, escrever um diário.

11. Ajudar a criança na seqüência e mudança de tarefas. De modo geral, as crianças detestam ser surpreendidas ou interrompidas subitamente em suas atividades. Se, por exemplo, é desejado que vá para a cama às 9 horas, lembrá-la quinze minutos antes, de que deverá escovar

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os dentes e trocar-se nos próximos 15 minutos e depois ir para cama. 12. Lembre-se: a repetição é a mãe da habilidade. Não se exija ser uma mãe ou pai perfeito. Dê-se crédito, viva um dia de cada vez. A aprendizagem se faz a cada dia, e por todos os dias. Ninguém nasce feito...

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ALGUMAS FORMAS DE AJUDAR CRIANÇAS COM DÉFICIT DE ATENÇÃO

• Melhor formar e Informar professores do primeiro grau para que

possam reconhecer e lidar melhor com estas crianças, evitando traumas e fracassos.

• Como há crianças com dificuldade de prestar atenção por longos períodos numa só atividade, estas aprendem melhor quando os professores entendem suas necessidades e individualizam seu programa educacional.

• Avaliar as necessidades individuais da criança • Verificar como e em que condições a criança funciona melhor e

rende melhor • Trabalhar com uma equipe multidisciplinar • Lembrar que 2 crianças com déficit de atenção não são iguais ou

possam ter as mesmas necessidades. • Adaptar e individualizar a instrução escolar, quando necessário. • Ajudá-las, treinando-as a iniciar, conduzir e concluir as tarefas. • Lembrar às crianças quais serão as matérias e tarefas do dia

seguinte. • Estabelecer o que se quer que ela aprenda com aquela lição. • Descrever o que se espera dela, ou seja informar-lhe o que deve

fazer, como agir ou comportar-se durante aquela tarefa ou atividade.

• Selecionar o material a ser usado em determinada atividade, evitando acúmulo de material desnecessário, mais um motivo de distração.

• Ajudá-la e treiná-la a organizar-se. • Mostrar os recursos disponíveis. • O uso de material audiovisual ajuda na manutenção da atenção. • Acompanhar o desempenho da criança, vendo, sentindo e

percebendo suas dificuldades, ajudando-a a resolvê-las sem resolver o problema por ela.

• Identificar as crianças que necessitam ajuda adicional, ou que não estejam compreendendo a lição, observando seus sinais visuais ou verbais de “estarem sonhando”, ou de demonstrações indicativas de frustração.

• Ajudar as crianças a corrigir elas mesmas seus erros. • Diminuir o nível de ruídos do ambiente. • Ajudá-las e incentivá-las a concluir suas tarefas. • Rever com a criança o que ela aprendeu na escola. • Levá-la a ler antecipadamente a próxima lição. • Pedir à criança para contar ou ilustrar a estória que acabou de ler.

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• Repetir todos os dias as regras que aprendeu (o que necessita memorizar).

• Visualizar as coisas que fará ou as redações que escreverá. • Manter um “dicionário” pessoal das palavras que erra com

freqüência. • Promover um local tranqüilo para a criança estudar ou fazer suas

lições. • Usar cores, sempre que possível, nos exercícios de português ou

matemática. • Usar jogos de computador. • Ler o problema de matemática duas vezes, antes de resolvê-lo. • Usar palavras-chave. • Praticar os exercícios. • Limpar a mesa de material ou livros desnecessários às atividades

que executará. • Reforço verbal apropriado ao comportamento, ajudando a focalizar

a atenção no que irá fazer, ignorando o comportamento inapropriado. É comum os pais “lembrarem” comportamentos não desejados quando

dizem “não vá ficar fazendo bobagem, se distraindo, vendo televisão ou brincando”. Eles estão exatamente colocando nas mentes das crianças “distração e brincadeiras”! • Simples observações como “bom trabalho”, “muito bem” ou

“gostei”, “vou dar um beijo por este trabalho bonito” encorajam o comportamento apropriado.

• Não hesite em pedir à criança que mude o comportamento inadequado. Repreensões breves devem ser dirigidas ao comportamento da criança, não à criança.

• Em alguns casos é melhor ignorar o comportamento inadequado, a fim de que a criança não faça uso dele para chamar atenção.

• Use pistas visuais ou corporais, como (por exemplo) apontar “aquela” tarefa a ser feita ou mesmo segurar a criança, inibindo algum comportamento inadequado.

• Muitas vezes a aproximação física é suficiente para ajudar a criança a focalizar a atenção no que você diz ou ao que ela deve fazer.

• Na escola, as crianças com dificuldade de focalizar a atenção devem sentar-se próximo à professora, facilitando sua monitoração, ou reforçando sua atenção e comportamento.

• O uso de atividades curtas é menos desgastante para a criança e mais proveitoso. É mais fácil para as crianças manterem a atenção em três períodos de 10 minutos de atividades do que em um único período de 30 minutos.

• As salas de aula devem ser bem iluminadas e silenciosas. O nível de ruído baixo é muito importante.

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• Repetir a ordem dada ajuda a criança a focalizar a atenção. A repetição ou a verbalização pela criança do que ela deverá fazer ou em que deverá prestar atenção potencializa o estimulo.

• A música clássica em altura moderada ajuda na concentração. • Fazer anotações, tanto por parte dos pais como por parte da

criança, ajuda a direcionar a atenção. • Dar ordens claras e simples • Manter listas de tarefas. • Organizar espaços como lugar específico para deixar chaves,

pastas, etc. Há pessoas que perdem muito tempo procurando as chaves, os óculos, quando o simples fato de manter “ lugares certos” para guardá-los resolveria definitivamente o problema.

Outras observações que ajudam os professores e são importantes: • Tarefas complexas devem ser divididas em partes, “passo a

passo”, encorajando-se cada execução. • Acostumar-se a falar consigo mesmo com palavras gentis e encorajadoras. • Escolha como usar melhor seu tempo, sua energia e os recursos disponíveis. • Algumas pessoas guardam melhor o que vêem, outras o que ouvem e outras ainda o que fazem. Deve-se respeitar e priorizar o que for melhor para cada um. Geralmente a associação de mais de uma dessas funções dá mais resultado. • Planejar e executar as tarefas por partes. • Organizar estratégias, tempo e recursos. Priorizar estes aspectos. • Desenvolver estratégias próprias de focalizar e manter a atenção. • Criar estrutura, suporte de encorajamento. • Promover ambiente calmo e seguro. • Estar atento a sinais de stress e fadiga. • Observar dieta saudável, tempo de sono suficiente, assim como

momentos de lazer. • Para estas crianças, assim como também para adultos com “déficit

de atenção”, as atividades que exigem criatividade, pensamento rápido, fácil adaptação a situações inesperadas e variadas são de melhor resposta e resultado. Da mesma forma que atividades monótonas, rotineiras e paradas são muito penosas para estas pessoas.

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O PAPEL DA ESCOLA Sabemos a importância da escola na vida de uma criança. É na escola que a criança passa a maior parte de seu tempo, se desenvolve, convive com as outras crianças, tem seu lazer, aprende sobre o mundo e se prepara para o futuro. É na escola que a criança desenvolve o seu vocabulário, a sua linguagem, sua coordenação motora, socialização, desenvolvimento psico-afetivo, gosto pela leitura, pelo saber, buscar e pesquisar. É verdade que a criança é uma pesquisadora nata. Desde pequena mexe em tudo, experimenta tudo, quer saber de tudo, imita tudo, pergunta sobre tudo, com a finalidade de conhecer o mundo em que habita. Embora a família e a sociedade sejam igualmente responsáveis pelo seu desenvolvimento, muitas vezes, não desempenham adequadamente seu papel, talvez porque os pais trabalhem muito para o sustento da família. O Estado tem demonstrado que mal tem dado conta de seus deveres nas áreas da educação, da socialização e formação da criança. A escola é responsável pelo desenvolvimento da criança, porque desempenha inúmeras funções em sua educação, na socialização e na formação. Ela forma cidadãos do futuro. Planta e desenvolve noções e hábitos de alimentação, higiene, ética, cuidados com a preservação do meio ambiente, saúde, etc... A escola, diferente da família, é a instituição profissional de cuidado da criança. É importante que, como instituição profissional, esteja bem preparada para desempenhar o seu papel, como formadora de cidadãos dos quais dependem os futuros do Estado, do país, do continente e do planeta. Sabemos que os primeiros anos de aprendizado são os mais importantes e os que definirão os posteriores. Entretanto num olhar crítico e qualitativo, constatamos que a escola não está conseguindo desempenhar este importante papel satisfatoriamente. Existe uma tendência à massificação, contrária à evolução de mundo, inclusive de mercado. Hoje vemos que bancos, comércio e demais mercados têm desenvolvido uma forma quase individualizada de relação para melhor atender às necessidades de seu cliente. Uma forma particularizada de atendimento para que seu cliente se sinta importante e amado. O mercado se preocupa em atender às necessidades do seu cliente. O mercado trava uma

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batalha com seus competidores na disputa da atenção do seu cliente. O mercado já entendeu essa evolução. A escola ainda não entendeu isso. Alguém já disse que a escola é a instituição que menos mudou na linha do tempo. Ela está há mais de cem anos atrasada. Se um professor do século passado levantasse de seu túmulo e entrasse numa sala de aulas, levaria apenas quinze minutos para se adaptar e se lançasse um olhar sobre o mundo atual iria descobrir que o que menos mudou neste tempo todo foi a sala de aula. Não só pelo que é ensinado mas e principalmente pela forma como se ensina. Sem falar nos professores mal preparados didaticamente. Os professores continuam, como há séculos atrás, em pé, na frente da sala, despejando seu conhecimento, verbalmente. Utilizam apenas um canal de comunicação: o verbal. E todos os alunos sentados, calados, “voando”! E não é porque desconheçam os recursos audiovisuais, o valor da experiência, a tv como meio de comunicação, computadores, o cinema, a internet, os jogos, etc. O mundo está tão interessante, mas a escola continua tão maçante! Hoje se sabe que nem todos aprendem da mesma forma, nem todos processam o pensamento da mesma maneira. Uns são mais visuais, outros mais auditivos, outros mais de ação (aprendem fazendo). A escola continua da mesma forma. A escola não aprendeu nada. Ela tem insistido na alfabetização através de métodos globais, em detrimento do fonético. A base da nossa língua é fonética. A escola tem produzido disléxicos (dificuldades na leitura e escrita) em série. Temos tido os piores desempenhos na leitura, em nosso país. E insistimos em falar de distúrbio de aprendizado, quando é tão claro que se trata de um distúrbio de ensino. Precisamos fazer um mea culpa. Se a criança não está aprendendo do modo como estamos ensinando, é necessário ensinarmos do jeito que ela aprenda. Precisamos nos preparar e mudar os rumos de atuação, com fins de melhorarmos urgentemente nossa qualidade de ensino. A escola tem que estar à frente no mundo e não atrás, como tem sido.

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A ESCOLA O conhecimento e a informação estão em constante evolução. Hoje se tem muito mais informação que no passado. E o que ainda não se sabe agora, temos esperança no amanhã. Assim também aconteceu com o distúrbio da atenção e a hiperatividade. Até bem pouco tempo atrás não se tinha informação que temos hoje, felizmente, e não sabíamos como lidar com crianças sem atenção e hiperativas. Sabemos o transtorno que muitas dessas crianças representam dentro de uma sala de aula. Hoje, entretanto temos mais recursos para entender a situação e com isso poder ajudá-las. Afinal estas crianças também tem direito à escola. Muitas vezes o que temos visto é a escola com dificuldades em lidar com crianças hiperativas e/ou com déficit de atenção. As escolas não estão preparadas, os professores não estão preparados e terminam por rejeitar estas crianças. A verdade é que crianças hiperativas incomodam os outros alunos, os professores e as escolas, se estes não estiverem preparados para lidar com este grupo. O que temos visto, infelizmente, são crianças ainda muito pequenas mudando de escola em escola, sendo rejeitadas, nesta, naquela, naquela outra. Poupariam muito tempo, esforço desnecessário e sofrimento de todos, se as escolas começassem a entender estas crianças. Estudá-las, compreendê-las e desenvolver programas para elas. Os Estados Unidos possuem uma associação específica de defesa dos direitos de crianças portadoras de Distúrbio do Déficit de Atenção e Hiperatividade, desde 1990 com leis federais e estaduais, garantindo o atendimento necessário às crianças e inclusive proibindo as escolas de recusarem e discriminarem estas crianças. A associação Children and Adult Attention Deficit Disorder fornece serviço de advogados às crianças e famílias, quando necessário. Na maioria das vezes que lidamos com “dificuldade de aprendizagem”, vemos que, se em um contexto a criança tem dificuldades, num outro contexto a criança aprende bem. Geralmente isto ocorre quando o ensino está sendo dado no mesmo canal preferencial da criança (visual, auditivo ou cinestésico), ou no ritmo da criança. Concluímos então que a dificuldade de aprendizagem significa uma “dificuldade de ensino”.

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Entender que a criança, que tem o impulso de levantar-se da sala para "fazer xixi”, “beber água” ou ir a mesa do colega, faz isto por várias razões: por fraco auto-controle, porque não agüenta atividades longas, porque se distraiu e perdeu o fio da meada ou simplesmente por impulso de se movimentar. Cabe à escola desenvolver um programa especial ou adotar medidas que a ajudem a desenvolver o auto-controle. Não adianta o professor forçar muito e impedir, por exemplo, que a criança vá ao banheiro a toda hora. Já tive casos de crianças que não agüentavam essa exigência e saíam da sala apesar da proibição do professor. O que resultava dessa atitude extrema do professor era o descumprimento da proibição, além de sentir-se sem autoridade perante a turma. Se parássemos para pensar como ajudar a criança neste caso, buscaríamos outras soluções: o professor poderia negociar com a criança dizendo que ela teria direito de levantar-se determinado número de vezes, ou que ela poderia ir em 10/5 minutos para isso e marcar num calendário com um sinal de parabéns o número decrescente de vezes em que se levantaria para deixar a sala. Poderia ter assim a compreensão e a participação da turma, que funcionaria como uma alavanca de incentivo ao auto-controle, e outras mais soluções poderiam ser desenvolvidas. Se a escola focalizar o comportamento inadequado e buscar uma correta e/ou melhor solução será beneficiada, não perdendo o aluno. A criança também se beneficiaria não fracassando e a turma desenvolveria um padrão de colaboração com os colegas, e teria oportunidade de participar num exercício de resolução de problemas em conjunto. Enfim, muitos problemas seriam evitados. Todos ganhariam com a experiência. Costumo dizer aos pais cansados e sofridos com a rejeição de seus filhos por parte da escola, que a solução não é mudar de escola, porque o problema vai junto. A solução é a mãe esclarecer à escola quais as dificuldades do filho e juntas buscarem soluções. Certa vez, a mãe de uma paciente queixou-se da escola da filha dizendo: “Ensinar crianças boazinhas, bem comportadas e estudiosas não era vantagem, qualquer escola poderia, não há nenhum mérito nisto. O difícil é motivar e ajudar o desenvolvimento de todas as crianças, inclusive as que têm algum grau de dificuldade...”

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ATITUDES QUE AJUDAM ESCOLAS, PROFESSORES E

CRIANÇAS ATITUDES QUE AJUDAM ESCOLAS, PROFESSORES A PROMOVEREM O DESENVOLVIMENTO, O CONTROLE, COMPORTAMENTO E A ATENÇÃO DE CRIANÇAS: Descrever como o estudante deve agir em sala, como estudar, etc. Identificar o material que deverá trabalhar e guardar o desnecessário, limpando o espaço de trabalho. Usar material audiovisual. Usar reforço visual para a instrução verbal ou então reforço verbal para instrução visual. Alternar atividades para evitar a fadiga. Simplificar as instruções, ou até mesmo, quando necessário, dar instruções individualizadas. Dar pelo menos uma atividade diária que a criança possa fazer com sucesso, evitando assim resistências, desânimo e a baixa estima. Evitar fazer uma pergunta, quando se vê que a criança está fora do ar, e fazer perguntas, quando se vê que a criança está prestando atenção, pois desta forma reforçamos o valor de prestar atenção, reduzimos embaraços e incrementamos a auto-estima. Monitorar a criança quando o trabalho for extenso. Evitar trabalhos muito longos e cansativos, ou dosar estas atividades. Monitorar a criança durante a transição de atividades. Pode ser dado nestes casos um aviso de que têm 5 minutos para terminar tal atividade e dicas para iniciar a próxima atividade ou etapa. Este tempo sendo dado e verbalizado, facilita a preparação mental para o que se segue. A criança rende menos quando falta supervisão de sua atividade ou quando o trabalho a ser executado estiver difícil. Professores tem conseguido mais sucesso com estas crianças através da motivação e do reforço positivo. Dar instruções verbais com acompanhamento visual (demonstração), o que reforçaria a atenção. Checar o desempenho da criança durante as atividades. Fazer perguntas que induzam comportamentos desejados como “O que vocês farão, assim que acabarem de copiar o dever? ...Checar se nada faltou!”

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Prestar atenção a sinais de que a criança está “voando” para poder chamá-la com uma observação ou uma pergunta. Levar a criança a achar e corrigir seus próprios erros, tanto de escrita, leitura, como de comportamento. Lembrar a criança a redirecionar o foco de atenção apropriadamente. Diminuir o nível de ruído. Preparar a criança mental e emocionalmente para o que vai fazer ou acontecer “Agora vamos fazer... ou agora vocês vão...” Visualizar as redações que vão escrever, “Vamos primeiro passar um filme na nossa cabeça...” Fazer a criança contar sobre o que leu. Fazê-la representar sobre o assunto ou a matéria. Fazer jogos de leitura. Ensinar truques de memória. Repetir a lição, regras, o que deverá fazer ou escrever. Pedir à criança que faça um pequeno dicionário individual das palavras difíceis, ou das que erra com freqüência. Usar cores diferentes para palavras ou sílabas difíceis. Usar código de cores no treinamento de contas, parcelas, linha de números ou cores para 2 e 3 algarismos etc. Organizar agenda: código de cores para diferentes atividades. Sentar a criança longe das “distrações”. Sentá-la perto de colegas que sejam modelos positivos. Pode ser estabelecido com a criança um sinal particular (ou secreto) que vá lembrá-la de prestar atenção ou re-focalizar a atenção. A criança deve ter um colega ajudante para checar o dever de casa. Desenvolver o hábito de limpar a mesa de material, livros, brinquedos desnecessários àquela atividade. Pode inclusive ter um colega (hábil) que a ajude nessa tarefa. Desenvolver o hábito de assinalar o que já foi feito. Organizar um esquema de atividades. Treinar seqüência de atividades. Permitir que testes tenham um tempo maior para serem concluídos ou que se faça o teste em 2 partes ou momentos diferentes. Muitas vezes vemos que provas extensas medem mais a resistência que o conhecimento. Ensinar (treinar) a criança a ler um problema de matemática 2 vezes. Ler 2 vezes a resposta para ver se escreveu certo. Costumo dizer: “Agora faz de conta que você é o professor e vai achar os erros” Usar palavras chave que reforcem uma a outra, como soma, total, todos juntos. Dar exemplos concretos da vida real. Não hesitar em pedir à criança que mude o comportamento inadequado. A repreensão deve ser sempre feita diretamente ao comportamento e não à criança.

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Reforçar sempre o comportamento apropriado com frases curtas como “bom!”, “bom trabalho!”, “gostei!”, “muito bem!”. A escola deve, caso necessário, promover uma avaliação multidisciplinar da criança e até desenvolver um programa individualizado complementar para a criança portadora de déficit de atenção. A escola pode criar um prontuário onde são registrados observações e relatórios de evolução comuns à escola e à casa. Usar técnicas comportamentais de conduta (behaviorismo): Selecionar um comportamento específico que se queira trabalhar. Dizer o que se espera da criança, como deve comportar-se. Para melhorar a freqüência do comportamento selecione um reforço que seja significativo para aquela criança, como obtenção da sua atenção, um prêmio, tempo livre, atividade que goste de executar, redução de uma atividade. Ofereça um prêmio imediatamente ao comportamento desejado, sempre que ele ocorrer. Até mesmo algum esforço deve ser premiado. Um esforço deve ser incentivado. Mesmo que a criança não consiga um bom comportamento algumas vezes, não quer dizer que não vá conseguí-lo. A criança deve ser esclarecida do que deve fazer para evitar o comportamento indesejado. A escola e a família devem trabalhar juntas, pois os problemas são pertinentes à escola à casa e à vida social da criança. Muitas vezes a família fica frustrada, envergonhada, culpada ou zangada com o problema. Entretanto, a escola e a família devem lidar com o problema de treinamento com sensibilidade, compaixão e compreensão. Pode haver periodicamente problemas quanto à melhor forma de lidar com a criança, mas esta discordância não deve interferir com a missão primária: ajudar a criança com déficit de atenção a se tornar completamente auto-confiante e capaz de aprender.

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MEDICAÇÃO O tratamento de déficit de atenção requer intervenção conforme a sintomatologia. A terapia geralmente é multidisciplinar incluindo médico, psicológico, psicopedagogo, fonoaudiólogo , orientação familiar e algumas vezes é também medicamentoso, conforme a necessidade específica. A medicação não é usada para controlar o comportamento, mas para melhorar os sintomas de DDA-H. A medicação mais empregada é psicoestimulante, que beneficia, segundo pesquisas, a atenção, controle da impulsividade e o comportamento, especialmente em ambientes estruturados. Em algumas crianças melhora a tolerância a frustração, as relações familiares e escolares. A medicação mais empregada pelos médicos é a Ritalina. Doses específicas são receitadas conforme cada criança. Tem início primeiramente com doses baixas, sendo aumentadas gradativamente com o acompanhamento do comportamento da criança. Estudos controversos desta medicação apresentariam efeitos colaterais como falta de apetite, dificuldades de dormir, piscação de olhos, secura na garganta, tiques nervosos, dores de cabeça. Estes efeitos são minorados com a mudança da dosagem ou do esquema ou mesmo a suspensão da medicação. Também antidepressivos são empregados em alguns casos com eficácia. Entretanto, esta medicação não tem efeito curativo, mas periódico, dura enquanto durar a medicação. A interrupção causará a volta dos sintomas. Não se sabe também os efeitos que podem surgir ao longo do tempo, com o uso destes medicamentos. A Ritalina é um estimulante que age tornando a dopamina mais disponível no cérebro. Seu efeito no cérebro é similar ao da cocaína. Encontramos controvérsias entre os estudiosos com a seguinte questão: seria um fator predisponente para um futuro abuso de drogas, ou estariam os consumidores de cocaína fazendo uma auto medicação? Há ainda uma teoria segundo a qual o estimulante permite à criança mais sucesso e então desenvolveria menos comportamento indesejado e melhor conduta

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social. Outros estudiosos questionam se não estaremos produzindo uma geração de drogados. Dr Barkley Russell, professor de psiquiatria e neurologia da Universidade de Massachusetts Medical Center prescreve Ritalina e o treinamento do auto-controle. Estou apenas mencionando qual é a medicação que vem sendo observada por médicos especialistas na terapia. Saliento, portanto, que exclusivamente ao médico, que trata o paciente, cabe a competência para indicar a medicação apropriada a cada caso. O tratamento principal do DDA-H consiste em treinar a família e a escola em técnicas de manejo dos problemas de comportamento da criança. Estes métodos conduzem a criança à consciência das conseqüências de seus atos. No inicio a criança não tem esta voz interna (consciência) que os outros têm, que diz “ se você fizer isso vai acontecer aquilo”. Essa voz precisa vir de outra pessoa (família, professor, terapeuta) com freqüência e força, e aos poucos a criança vai conseguindo internalizar essa “ voz”, desenvolvendo este sentido. Parentes e professores precisam ajudar as crianças antecipando os fatos para elas, dividindo as tarefas em partes menores e usando recompensa artificial e imediata. Estes passos representam a externalização do tempo, regras e motivação para a criança. Em resumo será empregar no tratamento técnicas comportamentais para superarem as dificuldades de auto-controle da criança. Sabemos que a medicação sozinha não é suficiente, sem uma terapia multidisciplinar e a colaboração da criança e da família. Pergunto: Vale a pena correr o risco de tal medicação? Talvez em casos muito severos valha uma interferência medicamentosa. Como fonoaudióloga, trabalhando desde o segundo ano de faculdade em unidades de terapias multidisciplinar da prefeitura do Rio de Janeiro, não conseguia me acostumar a ver crianças sedadas e sonolentas pelos mais diferentes tipos de medicação. Por isso não sou a favor deste tipo de terapia, embora concorde com ela somente nos casos muito exacerbados. Acredito que um treinamento por parte dos terapeutas, professores e família será a base de um bom desempenho da criança, evitando fracassos, superando suas dificuldades em etapas, conforme os programas estabelecidos especificamente para cada uma.

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A MEMÓRIA A memória é um instrumento da mente, à nossa disposição. A boa memória é uma ferramenta valiosa na vida do adulto e da criança, e uma forma de melhorar seu rendimento. É uma ferramenta à nossa disposição não só na escola, no trabalho, socialmente, mas para quaisquer atividades, para a vida toda. O mundo já é tão competitivo, que ter uma boa memória certamente é uma vantagem a nosso favor. Recursos e estratégias, para melhorar a memória, poderão ser treinados. Estratégias de memória visual, auditiva, cinestésica e de raciocínio, ou associação. A criança ou adulto com treinamento de memória passa a ter mais recursos nos seus estudos, trabalho etc, e adquire mais confiança em si, pois terá melhorado suas habilidades e auto-estima. Compreender como a criança ou o indivíduo aprende, qual o seu meio de memorizar melhor: se visual, auditivo ou cinestésico, ajudará no melhor desempenho da criança/indivíduo. A criança fica mais confiante nas suas habilidades. O primeiro requisito da memória é a atenção. Muitas vezes o que se diz dificuldade de memória, é originado pela falta ou dificuldade de atenção, ou falta de interesse. Necessitamos prestar atenção nos fatos ou situações, isto é: voltar nossos olhos ou nossos ouvidos para ouvir ou ver o que está exposto a nossos olhos ou o que nos está sendo dito. Se não há atenção, se não há interesse, não pode haver memória, não pode haver aprendizagem. O cérebro aprende pela repetição. Pesquisas mostraram que necessitamos ver ou ouvir uma determinada coisa ou fato de 7 a 9 vezes antes que este fato seja registrado em nosso cérebro. O que quer dizer que ao ouvir uma palavra pela primeira vez ela não será gravada, necessitará que outros momentos ou situações se repitam para que tenhamos registrado aquele significado, aquele sentido e finalmente aquela palavra.

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Alguma atividade que executamos pela primeira vez não será bem feita. A repetição da atividade levará a uma melhor execução ou à perfeição . Assim tem sido com a aprendizagem de um esporte, com o ato de cozinhar, pintar, costurar, trabalhar em qualquer atividade. É a repetição, que fará a cada vez os ajustamentos do ato correto, menos dispendioso de energia, econômico no gesto e mais preciso. A repetição é a mãe da habilidade. O jogador de vôlei Oscar Schmit, revelou numa entrevista que treinava fazer cesta em sua casa todos os dias cerca de 500 vezes, com os olhos abertos e até com os olhos fechados. Ele estava treinando seus sentidos, seus movimentos, a-p-e-r-f-e-i-ç-o-a-n-d-o. Por isto tornou-se um “craque”. O cérebro aprende pela repetição, pelo interesse e pela dedicação. Quem é bom aluno, bom profissional, ou faz uma coisa bem, verificaremos determinados itens em comum envolvidos: atenção, interesse e repetição. Eu chamaria isso de dedicação. Uma plantinha para crescer, não pode ser regada somente uma vez, necessitará cuidados diários, constantes. O bom lutador, o bom jogador, o bom aluno, o bom profissional tem em comum estas características: repetição, atenção, interesse e dedicação. Técnicas ajudam, mostram como as coisas devem ser feitas. A técnica é algo que alguém fez daquela forma e deu certo. De muitas experiências, daquela forma deu certo. Assim que, se eu usar a técnica, vou poupar-me de várias experiências que não dão certo. Gostaria de fazer um parêntese para a criatividade. Tendo a técnica, posso ousar uma forma diferente que minha intuição sugere. Partindo de algum conhecimento, ouso ver, fazer, experimentar alguma coisa de uma forma diferente. Surge aí a criatividade, que é sempre um passo à frente, mais uma opção, mais uma forma de realizar algo, um aperfeiçoamento. Normalmente se usamos todos os sentidos ou canais; visual (você guarda imagens), auditivo (sons e palavras) e cinestésico (sensação/movimento), e raciocínio/associação (fazemos comparações, analogias com outros fatos ou coisas, ou situações já sabidas). Devemos sempre associar ou envolver o maior número de sentidos ou canais na nossa atividade. Dessa forma um sentido ou canal reforça o outro. O que eu digo, e o que eu vejo, mais o que eu faço. Um canal fortalece o outro, formando um tronco de memória, ou mais conexões nervosas cerebrais. Geralmente um canal se destaca como preferencial e será a base ou o apoio da memória. Sempre que utilizamos dois ou mais canais numa tarefa, estaremos dando mais indícios à nossa memória para guardar ou recuperar na mente os fatos desejados. Isto quer dizer

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que se, por exemplo, guardamos/memorizamos o nome de uma pessoa, associamos sua aparência física (forma do rosto, cor de olhos, cabelos) e a colocamos num determinado contexto: Eu encontrei tal pessoa em tal festa, ela tem uma voz agradável, etc., teremos muitos indícios para associar e chamar na nossa memória, no nosso arquivo cerebral. Lembro-me de uma vez que encontrei uma determinada pessoa, que eu sabia conhecida, mas não podia me lembrar de seu nome, nem de onde a conhecia. No momento exato em que apertei sua mão (sensação) e olhei em seus olhos (visual), lembrei seu nome (auditivo/verbal), onde nos havíamos encontrado (espaço), há 20 anos atrás (tempo) a história que ela contou na época e suas preocupações. Veja que arquivo maravilhoso é nossa memória, nosso cérebro! Veja como um sentido chama o outro ou outros. Veja como a memória é um conjunto de fatos, ou podemos dizer “bits” para usar uma linguagem tecnológica. Hoje se fala em inteligências múltiplas.: inteligência auditiva, visual, lógico-matemática, corporal ou cinestésica, espacial, interpessoal e intrapessoal. Fazendo o treino perceptivo, nos níveis visual, auditivo e cinestésico, estaremos incrementando estas áreas e potencializando a memória. Técnicas de memória: 1. Associação A – você associa o que vê com outros fatos já sabidos,

que você já tem no seu arquivo de memória. Assim vai fazendo mais conexões cerebrais.

B – você associa os ítens que deseja memorizar, na ordem que desejar, de uma forma inusitada, divertida, maluca, diferente, formando links, ou ligações entre as palavras chaves. Por exemplo: costumo dar 10 a 20 fichas com imagens a meus pacientes, pedindo que façam associações, engraçadas, na ordem apresentada. De 10 palavras: zebra – carteiro – laranja – professor

- cozinheiro – guarda-chuva etc. A própria pessoa, imagina sua história que poderá ser: “ Uma zebra vestida de carteiro, levava uma laranja para o professor, que tinha na sala de aula um cozinheiro usando um guarda-chuva etc. Os itens serão

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memorizados, de uma forma divertida, sem esforço e na seqüência exata. Da mesma forma a criança ou o indivíduo poderá ter usa lista e atividades para fazer ou comprar, memorizada de uma forma interessante, engraçada, divertida.

2. Visualização – você faz uma imagem, um símbolo ou um filme, na sua cabeça, dos fatos que deseja memorizar, ou coisas que necessita fazer. Como um diretor de cinema, ou como um personagem você “passa o filme” na sua cabeça do que quer, imaginando a cena.

Experimente fazer um filme deste pequeno texto que vou relatar e depois experimente repeti-lo: “ Um homem entrou no elevador no 10º andar de um edifício em São Paulo. O elevador enguiçou no 8º andar. Veio um técnico para tirar o homem que estava preso no elevador. O homem teve que descer pelas escadas e chegou atrasado no trabalho”. Passar um filme sua cabeça (mente) vendo-se fazer todas as coisas que precisará fazer, ajuda a “focalizar a atenção”; prepara a atenção e a memória para as atividades diárias. Depois é só checar novamente se perguntando se faltou fazer alguma coisa, ou se não esqueceu nada (vale tanto para atividades como para material, roupa, etc.) Quem tem boa memória, faz assim. Então é uma boa coisa para se copiar ou aprender a fazer. É uma boa forma de treinar uma criança. Desenhar também é um recurso ou estratégia que ajuda o aluno a estudar, o professor a dar sua aula, ou o palestrante em sua palestra. Experimente pegar um texto, e fazer um desenho significativo de cada parágrafo ou dos itens relacionados no texto. Esse desenho não tem a finalidade de ser uma obra de arte, mas um esboço que terá significado somente para quem o fez. Depois de cada desenho feito, você poderá usá-lo para relatar o que foi lido, ou escrever, baseado apenas nos desenhos que fez. É uma forma de memória visual, chamando a memória verbal. Este esboço, para alunos que necessitam decorar uma matéria como história, geografia, ciências, etc, pode ser pregado em algum lugar visível em seu quarto, armário, etc. de forma que possa ser visualizado, de vez em quando. Dessa forma não se perderá mais que 2 minutos para se recuperar na mente aquela informação. Lembra que o cérebro necessita de algumas repetições para memorizar fatos?

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Esquema – O mesmo trabalho realizado com desenho, acima, pode ser realizado, através do uso de palavras chaves. Quando se lê o texto que se quer memorizar, marcam-se as palavras chaves, ou seja, as palavras importantes, e se transcreve para um papel, ligando-as com círculos e setas indicativas de seqüências ou da palavra principal. Da mesma forma, se tenta recuperar o texto na sua íntegra, a partir do esquema de palavras chaves. Este esquema pode descansar em lugares estratégicos, onde meus olhos possam pousar, casualmente e aí então o gráfico ser revisto. Como o cérebro aprende pela repetição, depois de ver aquele gráfico, em várias ocasiões, o texto terá sido memorizado, sem esforço, ou sofrimento. PEQUENOS RECURSOS DE MEMÓRIA: Estabeleça um lugar certo para cada coisa. Guarde sempre as mesmas coisas no mesmo lugar. Você não vai precisar pensar onde está guardado aquilo que você já estabeleceu onde deve ficar. Você precisou pensar somente a primeira vez onde deixá-lo. Por exemplo, guarde sempre as chaves no mesmo lugar. Faça uma agenda, como auxiliar de memória Faça anotações, faça listas (material da pasta escolar, atividades do dia. Vá aos poucos fazendo um treinamento de internalizar as listas, ir se desligando delas, usando-as somente para conferir posteriormente se não ficou faltando nada. Deixe as listas sempre no mesmo lugar para não ficar procurando onde deixou aquela maldita lista! Quando se estabelece uma rotina, (a repetição, lembra!) fica mais fácil seguir a regra ... A criança deve ter o telefone de colegas a quem recorrer no caso de esquecer o que deve fazer, ou no caso de não ter anotado em sua agenda escolar. Faça uma anotação, pregue-a em lugar visível como telefone, espelho do banheiro, porta da geladeira, ou algum lugar que você tenha hábito de ver. Invente o seu lugar! Deixe pistas para você mesmo em lugares estratégicos! A memória se desenvolve com o exercício. Veja os atores de teatro e novela, e filmes, a capacidade que desenvolveram de memorizar diálogos, cenas, etc. Muitas vezes a memória está externa: é a voz da mãe que lembra o que se tem que fazer. Pode ser também a voz do professor, a voz do terapeuta, a voz de alguém querido que diz “tem que fazer isso”, faça

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aquilo, lembre tal coisa!. Depois, essa voz se internaliza e passa a ser a nossa voz própria, interna, que mantêm um diálogo que nos lembra o que devemos ou precisamos fazer. Em muitos casos, principalmente nos casos de déficit de atenção, esta voz está fraquinha ou inexistente. Precisamos desperta-la, aumentar seu volume conscientemente, para podermos tirar proveito dela. Ela está aí a nosso dispor, para nosso uso e benefício; só precisamos aprender a lidar com ela. É muito comum a criança ainda não ter desenvolvido essa voz interna. A mãe, a professora e todos a sua volta devem ter a consciência e desempenhar este papel, sendo uma voz gostosa que lembra e dá dicas boas. Poderemos através de perguntas levar a criança a desenvolver e treinar essa voz interna: O quê está faltando pegar agora? O quê está faltando fazer agora? Onde está o erro nesta palavra? Tem alguma coisa errada aqui? O material está todo completo? O que falta fazer antes de dormir? Esta frase está carreta? As respostas começam a surgir dentro das cabecinhas queridas dos nossos desatentos, com vozinhas dizendo: escovar os dentes! Caderno de inglês! Tomar banho! E nós também respondemos às nossas perguntas: comprar jornal! Ligar para fulano! Terminar o relatório, etc. Aos poucos, e com treino, essa voz interna, vai aumentando seu volume, sendo mais percebida e ouvida. Neste ponto ela será útil, reforçadora, e potencializadora de atividades bem realizadas. Mas, por favor, quando ela começar a dizer coisas ruins, que não ajudam, que enfraquecem, que são como pensamentos tóxicos ou viróticos, que fazem mal, atrasam a vida, do tipo “sou mesmo burro”, “eu sempre me ferro”, “nunca vou aprender isto”, “você não sabe”, então não dá! Por favor, abaixem bem o volume, ou mesmo mudem a “estação” para uma outra mais útil, porque desta, ninguém precisa!

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A LEITURA Ler é uma função do cérebro. Inicialmente é um ato mecânico de juntar letras formando palavras, juntar palavras formando frases. Superada esta etapa, o significado ganha campo. Para uma proveitosa leitura é necessário um ambiente adequado à concentração, com poucos estímulos sonoros e visuais para evitar distrações. Nem desconfortável e nem muito confortável que nos induza ao sono. Incentivamos a criança ou o adulto a ler sempre livros de boa qualidade, boas letras, atraentes. Há muitos tipos e objetivos de leitura. A leitura rápida, a leitura detalhada, para se memorizar ou estudar, em que se para, se volta ao texto anterior ou a determinado texto. Quando se estuda é importante marcar pontos importantes, a idéia principal do parágrafo, da página ou do capítulo. Mesmo fazer uma pré-leitura, ou seja passar os olhos no todo da leitura para se saber o que vai ler, o tempo médio que se vai gastar e preparar-se mentalmente para executar aquela tarefa. O movimento ocular – é interessante se treinar o movimento ocular com deslizamento dos olhos no sentido horizontal (como lendo palavras lado a lado, frases ou texto), vertical (lendo lista de palavras, e se treinando o olho para mudar de linha, sem pular nada), e no sentido inclinado como em aaaa Aaaa Iioou La-la-la Pa Pa Pode-se misturar uma seqüência de letras e números para se fazer um trabalho de deslizamento do olho primeiro no sentido horizontal e depois no vertical.

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a 5 b c v l 6 l 0 d t T 3 e 7 m h g d f g 5 l b 2 s s v g a a m o r 4 a d d f 9 g 7 a 4 g u i m s i o l e h 1 h m a v s s 9 5 r a f i n v 2 a l Ler listas de palavras compostas lado a lado, dispostas em listas com deslocamento vertical (20-30-40-5- palavras) numa folha de papel, palavras dispostas em linha inclinada, ler tipos diferentes de letras. Trabalho com crianças com dificuldades no início da alfabetização. Tenho acompanhado muitas dessas crianças. Quando algo vai mal, ou o método não está adequado para esta criança é impressionante, como o olho bate na palavra ou sílaba e ela não reconhece, o olho foge e ela olha para cima. Foge da leitura e consequentemente de sua aprendizagem... Se ela não passou a etapa de reconhecimento e fixação das letras, o olho foge, ela foge da atividade. Neste momento vemos que alguma coisa está mal. É nesta hora que a intervenção adequada, não deixará o problema crescer e dar início a dificuldades de aprendizagem. Porque o problema irá crescendo como uma bola de neve. Da mesma forma a criança que lê corretamente e é incentivada a ler mais, e é elogiada, desenvolve a leitura cada vez mais e com melhor qualidade como uma bola de neve. Se uma experiência é boa, o sistema nervoso quer repeti-la. Se uma experiência é ruim, o sistema nervoso não quer repeti-la mais. Isto vale para crianças e adultos em todas as áreas, em diferentes situações.

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A CÓPIA NA SALA DE AULA A criança que não consegue copiar os deveres do quadro na escola ou manter a sua agenda atualizada em tempo suficiente geralmente se perde no tempo e se distrai antes do término da atividade. O que acontece é que ela copia palavra por palavra, perdendo o sentido global e, se passar uma mosca ou se o colega que está sentado ao lado dela fizer algum gesto diferente, ela vai desviar a atenção, passa a acompanhar o novo estímulo e se perde no que estava fazendo. Tenho tido muitos bons resultados com o treinamento a seguir. A criança deve ler uma frase simples, a seguir repetir de memória esta frase (desenvolvendo uma voz interior ou a reaudibilização), conferir com o modelo, se está certa, se não pulou nada e depois escrever a frase inteira, que agora terá sentido, ela vai conferir. Ficará muito mais fácil guardar o todo e concentrar-se na tarefa. Revendo as etapas: 1. Leitura da frase 2. Repetir de memória (verbalmente) 3. Confere se está certa 4. Escreve a frase de uma só vez 5. Confere se escreveu certo. 6. Congratula-se “Muito bem!” ou faz os ajustes devidos. Numa segunda etapa ela memoriza 2 frases , progredindo para três e quatro frases, etc. Na evolução do exercício ela não precisa mais da etapa “conferir”. A criança tendo 1 frase inteira memorizada, 2 ou três, terá mais sentido no que está fazendo, na tarefa a ser executada. Esse treino é apresentado à criança como um jogo, um desafio, podendo contar pontos. Normalmente eu peço que ela faça ao lado da frase correta o desenho de uma carinha sorrindo ☺ ou o desenho de um coração, conforme sua vontade, e para a frase errada ela faz um xis ou qualquer outro sinal e a seguir escreve a frase corretamente. Isto significa um feedback imediato à sua tarefa, não deixando terminar com um fracasso. É bom que uma atividade sempre tenha um final com bom desempenho. A criança deve sempre terminar uma tarefa com a sensação de sucesso.

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Com um treinamento progressivo, que ajuda a focalizar a atenção, a criança passa a render muito mais, e conseguir terminar as tarefas, se distraindo menos, além de ter aumentada a sua auto-confiança.

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ENCORAJANDO COMPORTAMENTOS ADEQUADOS - REFORÇO

Reforço é uma reação a um comportamento imediatamente depois que ele ocorre. É um incentivo para a repetição daquele comportamento desejado ou uma repreensão ao comportamento indesejado. Na verdade é um condicionamento.

O conhecimento das bases do condicionamento tem permitido aproveitar ao máximo o nosso potencial.

Observou-se, a princípio, o condicionamento feito com animais. O treinamento de animais de circo acontece com uma intenção. Amarra-se por exemplo a pata de um pequeno elefante a um banco, e ele aprende pela repetição que, quando a corda está amarrada a sua pata, ele não pode se distanciar dali. À partir daí, sempre que tiver uma corda amarrada à sua pata, não tentará se distanciar dali. Os animais ferozes são treinados pelo chicote do domador, é o condicionamento pela dor. Entretanto, entre os golfinhos, o condicionamento pela dor afastava-os e o condicionamento pelo reforço positivo aproxima-os, dando mais resultado. Os golfinhos pulam ao receber um peixe, e querem mostrar-se melhores pulando cada vez mais alto. Reforçar um comportamento adequado é reforçar o sucesso. O primeiro passo é estabelecer as regras, ou seja, a criança deve saber o que se espera delas, que comportamentos deve ter em relação às atividades de vida diária, como hora de tomar banho, escovar os dentes, bons modos; e atividades escolares, como copiar os deveres, estudar etc. Determine uma série de objetivos a curto prazo, pequenos marcos. A partir daí, habitue-se a fazer um reforço positivo: inicialmente no momento em que o comportamento adequado ocorre, ou no instante em que for capaz de realizar o comportamento, deve-se parabenizá-la e festejá-la. A recompensa pode ser um elogio, um afago, um presente. Ensine a criança a reconhecer, congratular-se, sentir-se feliz com seu próprio comportamento. Surpresas ou recompensas ocasionais ajudam a manter constante o esforço. Além do reforço imediato, pense em prêmios acumulados para determinadas atividades.

É importante que o reforço positivo aconteça no momento do comportamento que se quer estabelecer ou condicionar. Da mesma forma uma pessoa que esteja fazendo uma dieta para emagrecer 5 quilos não deve esperar o final da dieta para comemorar e dar-se parabéns e reconhecimento. No instante em que for capaz de

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empurrar o prato para o lado, ainda com comida, deve tratar de comemorar. Recompense a cada vez que efetuar o comportamento desejado, ou fizer qualquer progresso, pois o caminho é longo. O reforço vai acelerar o processo de condicionamento dos novos comportamentos. Lembro-me de quando fiz um curso sobre Programação Neurolingüística. A treinadora do curso, ensinou-nos a comemorar todo sucesso, quando dizia: “ Estenda seu braço para frente, agora toque o seu ombro com a mão e reconheça: BOM TRABALHO!” Desenvolvendo um trabalho de leitura precoce com crianças muito pequenas, Glen Doman, treinava as mães para desenvolverem um trabalho com seus filhos e observou um fato curioso. Crianças, filhas de mães intelectualizadas, tinham menor resultado do que as crianças filhas de mães mais simples e com menos instrução que ele apelidava carinhosamente de “ loura cabeça de vento”. Observando de perto o fato, relatou que as mães chamadas “ intelectuais”, sempre que seus filhos concluíam uma tarefa de leitura, passavam à tarefa seguinte, sem nada dizer ou com um reconhecimento frio “ muito bem”, pois aquele fato era esperado da criança, como uma obrigação. Já as mães do tipo “ loura cabeça de vento” quando seus filhos realizavam uma atividade com sucesso, os abraçavam animadamente, ou dizia com a voz alegre e animada “ MUITO BEM!!!” incentivando assim, por parte da criança, a repetição daquele comportamento.

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ASSOCIAÇÕES DE TDA-H / DDA-H

No Brasil, começam a surgir, em muitos estados, associações predominantemente médicas para tratamento de pessoas com DDA-H ou TDA-H, o que é muito bom, pois precisamos nos mobilizar, falar no assunto, dar voz a estes grupos. Espero que estas associações continuem crescendo e se espalhando principalmente pelas escolas, comunidades e sociedades de psicologia, pedagogia, fonoaudiologia, etc. É necessário que sejam multidisciplinares nos quais os centros sejam a criança, o adolescente e o adulto com o “diagnóstico” de DDA-H. Que sejam de identificação e ajuda das pessoas. Não centros de medicação ou “Associação da Ritalina”. Que sejam patrocinadas por pessoas interessadas e não por laboratórios, em experiências ou vendas de produto. Que sejam centros de terapia e evitem a discriminação. Que insistam na melhoria do padrão escolar, promovendo currículos escolares mais adequados e compatíveis com o hiperativo mental ou físico, evitando más adaptações e evasões escolares, promovendo apoio a estas crianças sempre que necessário, informando e socorrendo também as escolas, se necessário até com treinamento de seus professores. Que se evite que uma escola convide uma criança de 5 anos a se retirar, por falta de conhecimento dos seus professores, por não saber lidar com o problema, como já aconteceu.

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MINHA HISTÓRIA

Entendo bem sobre o déficit de atenção e hiperatividade por ser eu mesma uma representante do grupo e tenho uma mãe igualmente hiperativa. Mas só vim a entender bem esta condição há alguns anos atrás. Também não sabia como tinha acontecido a fonoaudiologia na minha vida. Teria sido por acaso? Agora sei que não. Vejo a fonoaudiologia como uma missão: diagnosticar, tratar crianças, esclarecer familiares e escolas sobre dificuldades de aprendizagem, hiperatividade, déficit de atenção. Desde pequena era muito inquieta, agitada, andava sempre pulando, literalmente subia pelas portas, com um pé em cada lateral, e ficava “descansando” no alto de portas. Menina criada em apartamento, quando tinha oportunidade de estar em casa de parentes e amigos, nunca passava pela porta, sempre pelas janelas. Não parava por um segundo. Na escola não devia ter boa adaptação. Fiz três vezes a primeira série (alfabetização), conforme lembrança de meu irmão. Precisava sempre da ajuda de meu pai, principalmente na matemática, pois começava a ler um problema, pulava linhas na minha leitura e com isso os problemas nunca davam certo. Passava de ano sempre “raspando” e estudava empurrada, na última hora, sob pressão e risco de não passar de ano. Algumas vezes, era chamada por algumas crianças mais estudiosas , de burrinha. E tinha um irmão bonzinho (a comparação é inevitável!), estudioso e inteligente! Eu não tinha paciência de ficar muito tempo numa atividade. Lembro que uma vez resolvi estudar violão. Para a música ficar boa, eu tinha que tocar tantas vezes... aquela repetição me cansava, e quando a música estava ficando bonitinha, sabida, eu já não agüentava mais ouvi-la. Acho que também faltou motivação e incentivo. Resolvi partir para outras coisas, menos “repetitivas e desgastantes”... Assim foi com o balé, piano, ginástica, inglês, francês, etc... Não gostava de ser mandada, que decidissem as minhas coisas por mim, e sempre havia muita briga em casa por este motivo. Imagino que tinha dificuldade de me controlar e meu pai empiricamente me dava às vezes, por conta própria, um antidistônico. Acho que percebia a minha agitação. Tinha um sono agitado. Tenho guardada uma receita médica com cuidados a tomar para acabar com a enurese noturna. Pela data da receita médica eu tinha 11 anos! Lembro também da minha paciente tia Lourdes, de Maceió. Quando vinha para o Rio de janeiro e se hospedava em minha casa, era uma

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alegria! Eu era pequena e achava que ninguém melhor para ensinar a gente que minha tia Lourdes. Tinha uma paciência incrível! Ficava me ensinando as regras gramaticais enquanto eu ficava pulando e dando cambalhotas. Eu ficava muito surpresa e muito agradecida pelo comportamento dela também de não brigar comigo... Era uma “liberdade”! Era a melhor forma de aprender, e ela era a melhor professora!!! Na adolescência era chamada pelo namorado de mosquito elétrico! Cresci, e fiz por minha própria conta vários tipos de psicoterapia. Acredito que aos poucos, e com meu próprio esforço e várias tentativas, fui me “fazendo”, me treinando! Superando minhas dificuldades. O lado melhor foi tomando mais espaço e acho que foi surpreendendo a mim mesma e a aos outros. Hoje a minha hiperatividade virou uma super eficiência. Sou capaz de fazer muitas coisas, estou sempre inventando, buscando coisas novas, pesquisando, buscando e criando soluções. Fiz faculdade, e fui trabalhar. Possuo uma grande capacidade de trabalho. Fiz a primeira Pós Graduação e no meio desta, surgiu uma outra que não podia perder, e encarei o desafio de fazer as duas, entregando a Deus o resultado. Claro que consegui! E ainda trabalhando... A Pós-Graduação me parecia insuficiente, e estudava sozinha, lia tudo que interessava e tudo relativo a meu trabalho interessava... Tudo relativo a déficit de atenção e hiperatividade interessava. Busquei fora do Brasil o que precisava a mais, embora não soubesse conscientemente o que exatamente buscava. Eu precisava mais. Não paro nunca! E com a internet hoje se voa muito mais! É estar com as portas e janelas abertas para informação, para o mundo! É ter acesso a praticamente todas as universidades do mundo e a grandes profissionais.

Está a muitas léguas atrás aquela menina que não queria nada, não conseguia estudar. Hoje sei que sou uma profissional de ponta! Mas é claro que a história não vai parar aí... a hiperatividade precisa material! Tenho muitos interesses. Atualmente estou fazendo uma coleção de revistas de plantas decorativas. Recebo os fascículos semanalmente, vou juntando e num dia de “paciência” coloco-os nos arquivos, destacando as folhas da revista e organizando por ordem alfabética de plantas e por assunto: “decorativas”, “escola”, “tipos”. Agora entendi porque nunca eu consegui terminar um álbum. Esta parte mecânica de arquivar, selecionar, etc. me cansa e me irrita. “Não dou pra isso”! Descobri que estão faltando alguns números que, se o jornaleiro não me entregou, eu perdi!

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Como sou hoje: muito paciente com o meu trabalho... meus estudos...minhas pesquisas... meus escritos...muito impaciente com pequenas coisas que me atrapalham ou não me interessam... incansável para certas coisas... frágil para outras...sempre inquieta... sabendo e respeitando meus pontos fracos e fortes. Acho que assim é a hiperatividade bem canalizada. Que a criança, é uma pedra de cristal bruta, dá trabalho! Mas bem lapidada fica linda!

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TIA ALOÍSIA É uma tia emprestada, muito querida. Pessoa linda, muito educada, uma das pessoas mais elegantes que conheço. Tornou-se um mito de educação, elegância e distração! Em Belo Horizonte, quem conhece a Aloísia, conhece também suas distrações e “as histórias da Aloísia”. E os que não a conhecem, ficarão conhecendo agora... Lembro-me de uma certa vez em que num grupo em casa de sua cunhada, lembrávamos e contávamos as suas histórias de distração. Ríamos muito. Então, ela que morava do outro lado da rua, apareceu curiosa para saber porque ríamos tanto, pois estava ouvindo lá de sua casa. É comum conversarmos com a Aloísia e no meio do assunto surpreendermos seu olhar distante. Quando então perguntávamos qualquer coisa relativa à conversa, era comum ela cair na risada, envergonhada, e pedir desculpas pois, “de repente”, estava pensando em uma outra coisa... Isso sempre acontecia. Certa vez, fazendo compras no açougue, fez rir o vendedor, seu conhecido, quando pediu: “Por favor, seu Frango, embrulha dois Adrianos pra mim”. No mercado, era comum escolher suas mercadorias, colocá-las no primeiro carrinho e sair em busca de outras e ser surpreendida por outra pessoa avisando: “Senhora, este carrinho é o meu!” Certa vez, chegando em casa, encontrou suas filhas, sobrinhas e cunhada conversando em frente de casa, e comentou desapontada: “Imaginem que eu encontrei agora a fulana, conversamos um pouco, e foi tão estranho... eu falava e ela não me olhava... ficava o tempo todo olhando para baixo...! “ Uma sobrinha então olhou para baixo e falou: “Tia!!! Olha seu sapato!!! Um pé diferente do outro!!! Toda a turma explodiu em risos, pois já estávamos acostumados às suas distrações... Uma vez convidou um casal para jantar, mas esqueceu do convite. No dia marcado, recebeu os convidados, conversou alegre e educadamente, e vendo que eles não iam embora, e já estava na hora do jantar, resolveu convidá-los: “Eu vou ligar para o restaurante e pedir alguma coisa para comermos!” Desapontados e ao mesmo tempo divertidos, comentaram: “Mas Aloísia! Você já havia nos convidado para hoje... “

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Seus 5 filhos já presenciaram Aloísia sair do banho, com as roupas e a toalha dobradas no braço, pois esquecera de vestir-se e também de enrolar-se na toalha! Acontecia freqüentemente entrar numa loja, fazer uma compra, pagar e sair apressadamente sem levar a mercadoria. Eu mesma já presenciei quando a acompanhei às compras e esperando no carro, vi que ela entrava numa loja, saía apressadamente, entrava em outra loja, comprava e saia , igualmente sem pegar os pacotes. Divertida eu assistia do carro, na porta das lojas, as vendedoras, suas conhecidas, saírem correndo atrás de Aloísia para entregar-lhe as compras. Mais de uma vez, recebi sua visita no fim da tarde, pois éramos vizinhas. Conversávamos (era uma ótima conversa!), e depois de um longo papo ela se assustava! “Nossa! Saí um instantinho pra ir à padaria comprar pão! Está todo mundo lá em casa esperando pro café!!!” Nas festas ela ia para a cozinha preparar o jantar. Caprichava tanto, perdia-se em detalhes, nem via a hora passar! E o jantar não tinha hora para sair. Seus convidados já estavam quase tontos de tanto drink enquanto esperavam a hora de servir! Recentemente pedi permissão para contar seus casos neste trabalho. Ela comentava sobre o assunto e me deu sua fórmula, que aprendeu recentemente: “Me ensinaram a prestar atenção só naquilo que estou fazendo... se vou colocar uma colher aqui, não se pode fazer automaticamente... têm que se prestar atenção nisso!” Parece que esta fórmula tem ajudado. Qualquer pessoa já viveu um fato desses, isolado. A característica do déficit de atenção é exatamente a frequência com que estas distrações acontecem! Quando uma pessoa acumula assim tantas histórias é que define o quadro, como acontece no caso desta simpática tia.

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JOANA

Joana tem DDA-H. Assim também sua avó e tia paternas. Desde pequena mostrava um certo grau de irritabilidade, pois, durante os seus primeiros três meses de nascida, chorava muito, não deixava seus pais dormirem. Seu metabolismo também parecia muito acelerado, pois sentia mais calor que o natural e muitas vezes, à noite, os pais a encontravam dormindo no chão, fora da cama, pois procurava lugares frios como o mármore da sala. Para comer, também mostrava sua sensibilidade e rejeitava qualquer grão de feijão na sua papinha ou qualquer alimento mais sólido. Quando pequenina, se mostrava muito imediatista, sendo difícil para ela esperar... Quando, por alguma circunstância, lhe pediam para esperar, fazer algo depois, ainda nem sabia falar direito, dizia “depois... é agora!”

A escola não a motivava muito. Foi sempre empurrada que atravessou as 8 séries, ajudada pela mãe, fonoaudióloga, a tia, também fonoaudióloga, e tendo ela mesma uma fono contratada. Seu pai diz que sempre pagou um equivalente a outra escola, em aulas particulares. No segundo grau, Joana resolveu fazer o curso de medicina, como seu avô materno. A família surpreendeu-se, pois, se nunca revelou interesse ou paciência com os estudos, como iria “encarar” um vestibular para medicina? E Joana mergulhou nos estudos, agora já auto-motivada, sem medidas também. Às vésperas do vestibular estava ainda “pendurada nos livros”, apesar da orientação de seu pai que dizia que ela deveria descansar. Hoje faz faculdade, é ótima aluna e monitora de turma. Essa é mais uma história de um hiperativo...

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RELATO DE CASO Tenho 48 anos e meu marido 50. Estamos casados a quase 23 anos. Sou médica e meu marido é arquiteto. Temos 3 filhos: M 21 anos, H, 19 anos e J, 17 anos. Somos uma típica família de classe média e cultivamos valores como amor, amizade, solidariedade e respeito ao outro. H nasceu após uma gravidez planejada, numa época estável de nossas vidas. Desde pequeno era muito agitado e não parava quieto. Era alegre, risonho e não muito chorão. À noite dormia cedo e com facilidade mas, o sono era agitado e acordava quase de hora em hora. Apresentou dificuldade em controlar a urina à noite até os 5/6 anos de idade. Começou a andar aos 14 meses e a falar entre os 15 e 18 meses de idade. Aos 3 anos de idade foi para o Jardim de Infância, para onde ia com prazer mas não parava quieto na sala de aula. Entre os 3 e 6 anos tinha dificuldade em realizar as tarefas escritas (era avesso à lápis e papel e não nomeava as cores básicas). Aos 5 anos, após ter sido avaliado pelo pediatra, foi encaminhado à psicologia onde trabalhou exercícios para desenvolver a coordenação motora. Era uma criança que necessitava de espaços abertos para correr e brincar e exigia constante vigilância devido à sua grande agitação e impulsividade.

Aos 6 anos os problemas escolares tornaram-se mais evidentes e foi encaminhado ao neurologista que diagnosticou Distúrbio do Déficit de Atenção e Hiperativiade (antigamente Disfunção Cerebral Mínima). Neste período continuou sendo acompanhado pela psicóloga onde desenvolvia atividades para o desenvolvimento da coordenação motora fina. Aos 7 anos iniciou a primeira série primária. Os problemas escolares agravaram-se com a quase impossibilidade dele permanecer dentro da sala de aula por mais de meia hora seguida, dificuldade de permanecer sentado na cadeira por mais de 15 minutos, incapacidade em prestar atenção nas tarefas desenvolvidas na sala de aula e dificuldade em fazer os deveres escolares de casa. Devido as dificuldades apresentadas iniciou o tratamento medicamentoso com R, quando apresentou melhora relativa (durante o período letivo da 1a e 2a série), e T e Tri (4a e 5s série). Devido as dificuldades apresentadas fez tratamento fonoaudiológico por 4 anos com melhora relativa.

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Nesta época eu tinha a sensação que o H. não conseguiria concluir a 4a série primária tal era a dificuldade escolar que apresentava. Constantemente eu era chamada na escola, a qual não sabia como se conduzir com o H. Os professores não conseguiam trabalhar adequadamente com ele e ele tinha dificuldade nos deveres de casa. O tempo em que ele parava quieto era mínimo (10 minutos no máximo) e nunca conseguia fazer as tarefas sozinho. Estudar junto com o H. era a única forma de ajudá-lo a fixar a atenção mas isso desgastava muito o nosso relacionamento. Decidimos, então, mudar o H. para uma escola de horário integral. Pela manhã haviam aulas regulares e à tarde estudo dirigido por uma professora por 2 horas e práticas esportivas no resto do período. Ele adaptou-se muito bem e, apesar de ter repetido a 2a e a 5a série, foi nesta escola onde se sentiu mais feliz. Durante este período, socialmente era uma criança barulhenta, extrovertida, com facilidade em estabelecer contato interpessoal. Gostava de atividades esportivas mas apresentava dificuldade nos esportes coletivos devido à falta de atenção. Sempre foi uma luta para levá-lo a desempenhar as mais simples tarefas como tomar banho (briga para não entrar e sair), escovar os dentes, trocar de roupa, pentear os cabelos, atravessar ruas, etc.. Era muito afetivo, sensível, capaz de captar qualquer mudança no ambiente emocional ao seu redor e paradoxalmente o mais dócil dentre os filhos. Antes do início das aulas ia conversar com a orientadora pedagógica e a supervisora que se propuseram dar-lhe uma atenção especial. Ele estava com 15 anos muito desenvolvido fisicamente. Mas o fato é que a nova escola foi um verdadeiro desastre. Alguns professores não conseguiram entender as dificuldades inerentes da Disfunção Cerebral Mínima e, após uma série de incidentes, alguns arbitrários outros não, ele foi reprovado em matemática e convidado a sair do colégio. Houve um período em que usou maconha. Segundo o meu ponto de vista a causa básica de todo o problema residia na baixa auto estima associada ao uso progressivo da maconha desmotivando-o cada vez mais. Neste período comecei a ler, pela internet, sobre a persistência da ADHD na idade adulta, e passei a achar que na verdade os distúrbios apresentados por ele são os sintomas ADHD, inclusive o uso da maconha numa tentativa de automedicar-se. Observo algumas melhoras:

• está mais calmo • diminuiu o uso da maconha (não aboliu totalmente)

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• está mais assíduo na prática esportiva • está estudando • faz planos para o futuro

Observo algumas dificuldades: • insatisfação pessoal • ansiedade • muito tempo de ócio • dificuldade em viabilizar os planos feitos • dificuldade de concentração • falta de persistência em qualquer atividade

Sinto que um passo adiante precisa ser dado, e este passo é atacar de frente o tratamento da ADHD, talvez com uma terapia medicamentosa específica associada a um treinamento específico. Precisa sentir-se capaz, valorizado, ter sua auto estima elevada. Percebo que aqui no Brasil pouca importância se dá a este distúrbio e fora alguns neuropediatras e fonoaudiólogos poucos são os que conhecem e tem segurança na condução de um tratamento que seja efetivo. PS: A propósito tem alguns casos de ADD e ADHD na família. EVOLUÇÃO DA TERAPIA: Foi feito um trabalho com o rapaz, no sentido de compreensão do problema e levantamento das dificuldades específicas. Treinamento perceptivo, treinamento específico da atenção, analise do comportamento, controle do impulso, exercícios com desafios e metas a serem cumpridas. O trabalho foi realizado com uma sessão semanal durante 3 meses, já que o paciente não morava no Rio de Janeiro. O objetivo foi alinhar sua atenção, conscientizá-lo de suas habilidades, compreender “as regras do jogo da escola”, ajudá-lo a estar mais adaptado à escola. Foi com satisfação que recebi notícias, alguns anos mais tarde de que o rapaz havia terminado seus estudos secundários, feito vestibular e estava cursando universidade, fazendo estágio e motivado quanto à sua carreira. E, sobretudo, confiante em seu potencial e em suas habilidades.

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CONSULTA VIA EMAIL CARACTERISTICA DE DISTRAÇÃO Entrei em seu site, sobre DDAH (distúrbio do Déficit de Atenção e Hiperatividade). Gostaria se possível saber uma coisa, segundo o médico do meu filho, ele tem DDAH. Mas olhando as características, ele não possui algumas como hiperatividade, impulsividade, gostar de correr riscos, pelo contrario ele tem medo de tudo, e uma criança tímida, gosta de ficar brincando sozinha. Mas possui todas as outras características, principalmente dificuldade de aprendizado, distração, desorganizado e outros. Então gostaria de saber se sem essas características ele e uma criança que apresenta DDA. CONSULTA VIA EMAIL - CRIANÇA Tenho um filho de 2 anos e 5 meses que tem uma energia fora do comum, inquieto e desconcentrado. Já ouvi muito falar em hiperatividade, mas não em déficit de atenção. Seria o caso de procurar um especialista? Qual? Sinval E-MAIL DE CRIANÇA COM DDA-H NO JAPÃO Estive lendo o texto sobre distúrbio de atenção e gostei muito. Já faz um tempinho que venho pesquisando sobre isso na internet e só agora achei um texto que me esclarecesse melhor sobre o assunto, e este já me deu uma luz pelo menos. Moro no Japão há dez anos e tive um filho que nasceu aqui; hoje ele está com 7 anos e portanto no primeiro ano escolar. nunca entendia meu filho, só sabia que ele tinha algo diferente dos outros e que mais tarde indo ao Brasil e depois de vários exames o neurologista me disse que não havia nenhum problema cerebral mas que meu filho era uma criança hiperativa. Achei estranho ele sempre foi tão devagar ..... começou a

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falar com três anos mais ou menos; e não se concentrava em nada, mas não era de ficar inquieto pelo contrário sempre foi tranqüilo até demais. só agora que entrou na escola é que percebo esta mudança; ele não fica muito tempo parado e quando está em casa fica de um lado para o outro, não consegue ficar parado vendo tv, entre outras coisas, na escola não se concentra e está difícil aprender. Mas ele tem um outro lado muito interessante, gosta muito de desenhar e gasta folhas e folhas fazendo desenhos riquíssimos em detalhes, ele põe no papel tudo o que vê, parece que tem memória fotográfica!!!! tem uma coordenação motora fina excelente e uma visão espacial fora do comum. a cabecinha dele parece que fervilha de idéias, só que são tantas que se confundem, e ele parece estar num mundo que não é este!! As vezes olhos os desenhos dele e penso que ele é bastante inteligente, mas outras horas me desanimo porque ele não consegue aprender e entender o que a professora o ensina. Na leitura e escrita até vai mas na matémática...... isso não entra na cabecinha dele. Ele também é impulsivo, e quando vem alguma idéia na cabeça é até perigoso pois ele quer experimentar, me dá até medo do que ele possa fazer...... quando a relacionar-se com outras pessoas ele não consegue, não tem amigos pois não consegue comunicar-se; bem, ele vive num mundo que os outros colegas não entendem então por acharem que ele é estranho todos se afastam e isto faz com que ele se torne um menino agressivo as vezes, ele quer ter amigos talvez mas como não consegue ficar brincando num lugar só acaba se afastando dos outros também. O que ele mais gosta de fazer fora de casa é andar de bicicleta, aprendeu sozinho. dentro de casa ou ele desenha no papel ou no computador. bem, eu francamente não sei como lidar com meu próprio filho, as vezes fico pensando que ele é meio maluquinho! aqui no Japão, pelo menos na cidade em que estou não existe lugar algum que; ajude crianças assim, eles acham que este problema é dos pais, mais especificamente da mãe; por isso quando li este texto achei que talvez pudesse receber alguma dica, pois vocês são bem entendidos no assunto; e talvez se eu tiver sorte possa receber resposta, se não der não tem problema vou continuar tentando.... não posso desistir de ajudar meu filho, essa é a razão do meu viver!!!! grata pela atenção!; M.V.C Japan

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Email relativo a criança hiperativa de 7 anos Tenho um filho de 7 anos, já convidado a se retirar de duas escolas e de várias atividades físicas. É muito carinhoso e inteligente, mas realmente possui todas as características bem marcantes no seu comportamento. Ele freqüenta psicólogo a 3 anos. Já foi á alguns neurologistas, fez exames, mas fisicamente nada é encontrado. É bastante desgastante conviver e educar meu filho, e tenho muito medo de que eu não esteja fazendo o suficiente. Gostaria de saber se existe no Rio uma escola com gente especializada em crianças hiperativas......Grata......S.V. EMAIL MÃE DE CRIANÇA DE 11 ANOS COM DDA-H Tenho um filho com 11 anos, que tem as características ou sintomas, não sei exatamente a palavra a ser usada, de hiperatividade. Sou estudante de Pedagogia, mas nada estudei ainda sobre esse assunto a não ser pesquisando na Internet, e algumas matérias que abordam o assunto em revistas sobre educação. Ali, o que me chamou a atenção, é que é exatamente o que acontece com meu filho. Ele tem dificuldade de concentração, (embora, seja inteligente), Nunca termina algo que tenha começado, se estiver fazendo uma atividade se distrai até com um mosquito voando, é impulsivo e propenso a se acidentar, é socialmente desinibido, está na 5a. série, mais tem sérios problemas com a escrita, ou seja, se vai escrever um pequeno texto, consegue escrever uma palavra certa numa frase e na seguinte a mesma palavra na próxima frase errada. E, assim com diversas palavras num mesmo texto. Ele tenta fazer diversas coisas ao mesmo tempo, não conclui nada e deixa tudo desorganizado, tem excesso de energia, já vez vários esportes e nada adiantou, etc.

Que profissional devo procurar para orientação e certeza? Que tipo de exame é normalmente usado por esses profissionais? Estou enganada quanto ao que está ocorrendo com meu filho?

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CONSULTA VIA EMAIL - CASO DE UM ADULTO Sou P.H.D, tenho 32 anos, administrador de empresas formado e atualmente acadêmico de Direito em uma das melhores universidades do país. Sinceramente não sei por onde começar, adorei o seu site e tive meu interesse despertado alguns dias antes, recomendado pelo meu médico neurologista, por sinal é a primeira vez que procuro um. Não sou "normal", esta era a minha certeza, falante de mais, prolixo por vezes, irritadiço e irritante, medroso, fracassado, pensamentos de uma existência passiva, talvez suicídio, triste, em resumo, não sentia atração pela vida. Vivi todos esses anos com distúrbio de atenção. Dra. é um inferno . Hoje, estou começando um tratamento, receitaram-me XXX /dia como dose inicial, diz o médico que a dose normal para adultos é de 40 mg, comecei devagar para não desenvolver tolerância. Sinto-me esperançoso, talvez fique mais tranqüilo e possa desenvolver meu potencial pois sempre soube e me foi por vezes dito da minha inteligência superior. A Sra. não imagina o que é cursar adm, um curso generalista demais e agora Direito sem ter nunca estudado nem para um vestibular, tudo que aprendo é por um processo de assimilação e analogias muito rápido, quase instantâneo "meio louco" mas apesar de me salientar em aula, minhas notas nunca foram altas já que sempre sabia o contexto da matéria mas minha memória não é infalível. Procuro prestar atenção em aula somente e ler alguns artigos ou partes de livros. Creio ter memória auditiva, outra característica que me afeta muito é a dificuldade quanto ao sono, desde o nascimento conforme minha mãe, tenho insônia e desorganização em relação aos horários. Durmo em média de 4 à 6 horas por dia. É difícil, sacrificante, isto é, quando consigo dormir! Escrevo-lhe este e-mail como um feliz desabafo, pois acredito que só a descoberta de meu problema e a coragem de enfrentá-lo já seja positivo. Acredito que meu filho mais velho, tenha meu mesmo problema e estou junto com minha esposa, buscando um tratamento para que ele não sofra ou tenha que lutar contra a indiferença, ignorância ou preconceito daqueles que não toleram as diferenças e desigualdades humanas.

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CONSULTA VIA EMAIL – CASO DE UM ADULTO Eu me enquadro perfeitamente nas respectivas características relacionadas ao problema. Ao longo de meus trinta e um anos, sempre sofri com o estigma de "criativo porém disperso, desordeiro e preguiçoso". Tendo começado a trabalhar muito cedo - aos treze anos e por opção própria - parei de estudar nessa mesma época. Passei por uma envolvimento com drogas e, mais tarde, acabei por retomar os estudos - via cursos supletivos - até chegar a universidade e formar-me em comunicação social, com habilitação em jornalismo. Recentemente pós-graduei-me em teoria da comunicação de massa e trabalho atualmente como pesquisador na Internet, para um instituto privado de estudos em comunicação. É importante ressaltar que nunca consegui permanecer mais de quinze meses em um emprego. Problemas com horário e falta de organização - apesar da sempre elogiada criatividade - foram as causas mais freqüentes de minhas demissões. (HMA) CASO UNIVERSITÁRIA Sou estudante universitária e o curso exige a prática de muita leitura e compreensão. Sempre tive dificuldade de entender um texto complexo, preciso ler diversas vezes mas mesmo assim não consigo obter entendimento. Muitas vezes preciso que alguém me explique um assunto para que eu consiga formar alguma idéia sobre o mesmo. Ora, imagine como me sinto, com assuntos tão complexos abordados na faculdade, diversas vezes encontro-me perdida. Estou sentindo-me inútil, incapaz e penso, às vezes, em desistir. Sei que esta atitude não é correta, por isso preciso de orientação. Entrei em seu “site” e li sobre "déficit de atenção", possuo muitos sintomas, além do que mencionei acima, relacionados a esta doença e ainda: perco o "fio da meada" quando abordo um assunto; esqueço os significados das palavras; começo a ler um texto de forma empolgada mas vou perdendo o interesse com o prosseguimento da leitura por não entendê-lo, sinto desânimo, sono e acabo pulando partes para que chegue o final ou, dependendo do assunto, abandonando a leitura; dentre outros.

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Sei que não sou uma pessoa limitada, acho até que falo e escrevo, de certa forma, bem. Contudo, sinto a necessidade de entender o que está acontecendo e encontrar uma solução. Conto com sua ajuda. MEDICAMENTOS Meu nome é Silvia Suely e minha filha tem DDA. Gostaria de saber mais a respeito do trabalho de vocês, mesmo porque moro fora do Rio. Ela se trata com medicamentos, porém percebo que só o medicamento não basta. Ela tem 14 anos , já existe toda uma história de família. Consulta de Psicopedagoga Oi Heloisa, tudo bem? Estou terminando minha especialização em psicopedagogia e gostaria de esclarecer algumas dúvidas. Tenho participado de congressos e acabo sempre ficando sem saber quais os procedimentos ideais que devemos tomar em relação à medicamentos. Sou totalmente contra quando neuros ou pediatras colocam a medicação como prioridade, mas ao mesmo tempo não posso saber se é correto a postura deles pois não sou médica. Gostaria que você colocasse a sua postura diante deste problema, pq acho que a medicação só faz efeito quando usada ou seja você para de dar e os "sintomas" voltam. Então, a vida inteira esta cr ou adulto vão ser tratadas com >medicações? Outra coisa que me intriga é que a maioria dos professores por não saber lidar com crianças que fogem dos modelos que eles querem, os rotulam como hiperativas. Por que? Agradeço antecipadamnete. Um grande abraço, Eliane Cada um usa os instrumentos de que dispõe... A tendência natural dos médicos é medicar... Os laboratórios financiam pesquisas e orientam os médicos neste sentido. Se os laboratórios, no passado, tivessem a força que têm hoje, os canhotos estariam sendo medicados... Não sei se você entende isso. Acho que a medicação só deveria ser dada em casos exacerbados, e mesmo assim deveria ser uma medicação voltada para o sintoma específico. Eu até prefiro a homeopatia. Do que tenho visto, a medicação é paliativa. Sou

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completamente a favor da terapia ou treinamento comportamental voltada especificamente aos sintomas apresentados. Sabe-se também que a escola em sido um fator importante no "diagnóstico" do DDA-H. Quando a escola ou um professor especificamente não consegue lidar bem com aquele tipo de criança encaminha ao médico, que pela queixa e levantamento de informações prescreve a medicação, que a meu ver deveria é ser dada ao professor! A criança com mente hiperativa se sai bem com um treinamento a atenção e com a conscientização do problema.. A criança hiperativa fisicamente, aquela que precisa estar sempre se movimentando, sofre muito com o modelo atual da escola (o mesmo da de duzentos ano atrás!), pois não rende nada tendo que ficar sentada a manhã inteira ouvindo um professor falando lá na frente. E TODOS OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM OU DE COMPORTAMENTO QUE TERÁ SERÁ EM CONSEQUÊNCIA DESTA SITUAÇÃO. Numa situação mais dinâmica de ensino a criança aprenderá bem. É comum ver em meu consultório uma criança vinda com problemas escolares que tem uma vida mental muito rica e variada e não se sai bem só na escola. O menino se sai bem na ginástica, no judô, no futebol, faz sua home page na internet, faz jogos de alta complexidade! Mas no ritmo lento da escola ele fracassa. Onde está o problema?! Acho que antes de darem um calmante para as crianças deveriam dar um estimulante aos professores! Sendo que nesse caso o estimulante seria, salários melhores e treinamento. Você sabe quando que essas crianças recuperam toda a aprendizagem que não conseguiram durante anos? Quando fazem cursos de pré-vestibular. Por que? Porque os professores são muito bem pagos, usam todos os recursos de motivação e memória. São bem preparados para atender bem ao cliente. O que infelizmente ainda não acontece na escola regular. As industrias de brinquedos já aprenderam a lidar com seus clientes. A escola ainda não aprendeu esta lição. Então enviam a criança a um médico. Haja ritalina!!!

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PERGUNTAS MAIS FREQUENTES O QUE É O HIPERCINÉTICO R. Hipercinético é o indivíduo que tem a necessidade de estar sempre se movimentando. Tem o impulso de se movimentar, a pessoa não agüenta ficar parada ou atividades paradas. A alta intensidade dessa movimentação definiria o hipercinético. Seria então o excesso de movimentação. O QUE SE ENTENDE POR DÉFICIT DE ATENÇÃO? R. Distúrbio ou transtorno do déficit de atenção é um conjunto de sinais e sintomas como 3 características básicas: dificuldade de focalizar ou concentrar atenção por um período maior de tempo. A criança ou adulto se distrai facilmente; impulsividade e a hiperatividade. Estas 3 formas podem aparecer juntas ou separadas ou com predominância de uma sobre a outra. Devo esclarecer que estes sintomas não se referem a uma fase específica da pessoa de problemas ou dificuldades, mas são características permanentes. COMO AGEM AS CRIANÇAS HIPERATIVAS? R. As crianças hiperativas não conseguem ficar paradas, têm sempre o impulso de se movimentar, estão agitando pés ou mãos, batucando, mexendo em tudo. Na escola não conseguem ficar paradas por muito tempo, estão sempre mudando de atividade, são desorganizadas, mexem aqui, ali, estão aqui e ali, parece que estão em todo lugar. São mais emotivas, são “temperamentais”, mudam facilmente de humor. Parece que têm uma “mola no pé”. QUAL É A ORIGEM DESSE PROBLEMA? QUAIS AS CAUSAS FÍSICAS E EMOCIONAIS? R. Segundo alguns autores a origem seria uma disfunção neurológica, das áreas pré-frontais, responsáveis pelo auto-controle, programação e execução de atividades. Para outros autores, entretanto, seria um jeito de ser. No passado estes indivíduos eram conhecidos como tendo uma “disfunção cerebral mínima”.

QUAL A RELAÇÃO ENTRE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE?

R. A criança ou adulto pode ter déficit de atenção sem ser hiperativo. Geralmente essas crianças, que possuem a forma de déficit de

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atenção sem apresentar hiperatividade, podem até passar despercebidas na escola, elas não incomodam. Passam como alunos desinteressados, ou com baixo rendimento escolar. A professora não percebe que durante a aula, se passar uma mosca ele acompanha todo o trajeto da mosca voando na sala, e esquece de copiar o dever, por exemplo. Já a criança hiperativa, que é agitada, incomoda muito a escola. E infelizmente a maioria das escolas não está preparada para lidar com esta criança e aí começam a rejeitar essa criança. É muito comum verificar crianças que ficam pulando de escola em escola, com dificuldade de adaptação! Quando a escola está preparada para trabalhar com essas crianças, tem uma flexibilidade maior, a criança é aceita, treinada para melhorar em suas dificuldades e passa a ter um rendimento melhor. Quando a criança pode ir no seu ritmo (rápido), ela vai ter um melhor desempenho.

QUE FATORES EMOCIONAIS INTERFEREM OU DESENCADEIAM A HIPERATIVIDADE? R. É muito comum se achar que estas crianças têm problemas emocionais e por isso são assim. Na verdade elas são assim por constituição, e se não são compreendidas ou são rotuladas aí sim é que ficam com problemas emocionais e baixa auto-estima. Ansiedade, tensão e nervosismo vêm da má adaptação, pela falta de compreensão do problema. Geralmente estas crianças são muito inteligentes, vivas, embora nem sempre os testes de QI possam revelar um bom resultado, porque estas crianças não têm paciência de responder às provas. Normalmente as próprias mães dizem: “Meu filho é inteligente, mas não se sai bem na escola”. FALTA OU EXCESSO DE ATENÇÃO PODEM SER A CAUSA DO PROBLEMA? R. Na verdade o que a criança tem é excesso de atenção, a tudo ao mesmo tempo. Ela percebe todos os estímulos, externo e internos. Ela tem dificuldade de permanecer concentrada por um período maior de tempo num determinado estímulo, principalmente se for alguma atividade maçante. Ela presta atenção a tudo. Faz os deveres, mas está vendo televisão ao mesmo tempo, brincando com o cachorro e ouvindo a conversa dos adultos. Descobre que pode fazer um brinquedinho com um papelzinho, ou está fazendo um filme em sua cabeça; e já está perdida em suas tarefas (dever). Geralmente são crianças criativas, imaginativas e participantes. Para que elas tenham um rendimento melhor, a simples presença de um adulto, quando estão fazendo os deveres, por exemplo, inibirá as distrações... Nesses casos é que uma professora particular ou explicadora funcionam muito bem, porque ajudam a criança a “prestar atenção”

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ao que deve ser feito. A distração é um comportamento que a criança não controla. Daí vem sua dificuldade de auto-controle. DE QUE FORMA A FAMÍLIA INFLUENCIA? QUAL É O PAPEL DA EDUCAÇÃO NESSE CASO? R. Geralmente uma criança com distúrbio do déficit de atenção vai ter as mesmas características de um pai, uma mãe, uma tia, avós etc. Quando a família entende o que é déficit de atenção, como a criança funciona melhor, em que situações ela funciona melhor, então ela (família) vai poder monitorar melhor o problema, vai buscar e participar de um programa de treinamento dessa criança. Quando a família não tem o diagnóstico, não entende o problema e vê que a criança está rendendo mal na escola, não está bem adaptada, começa uma peregrinação a médicos, psicólogos, e outros profissionais, mudando de escola em escola. O papel da educação é primeiro identificar o tipo de criança, quais as suas dificuldades de adaptação ao modelo escolar vigente e depois o treinamento dessas crianças. As escolas têm que trabalhar com estas crianças, afinal a escola é para todos e não só pra um modelo de criança. Elas tem de ter um treinamento específico e uma maior flexibilização. Sabemos que ela aprende melhor num ensino mais dinâmico, não se beneficiará de tarefas muito longas ou provas extensas. As atividades devem ser mais curtas. Apresentadas de forma interessantes. EM QUE IDADE APARECE GERALMENTE O PROBLEMA? R. Acredito que mais que um conjunto de sintomas, o chamado distúrbio do déficit de atenção é um jeito de ser. Então ele pode melhorar com o tempo, com o treinamento dessa criança ou adulto. Mas as características serão permanentes. É diferente de uma criança que mudou, ficando hiperativa por estar passando por uma fase difícil na vida como separação dos pais ou outros problemas. QUAIS DIFICULDADES OS PAIS E PROFESSORES ENCONTRAM PARA LIDAR COM ESSA CRIANÇA? R. A primeira dificuldade é a desinformação. Entender o que é a criança com déficit de atenção e hiperatividade. A Segunda fase seria entender em que contexto a criança produz melhor. A terceira fase seria preparar melhor os professores para lidarem melhor com crianças que exigem mais; e a última seria flexibilizar mais.

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QUAIS SUAS PRÓPRIAS LIMITAÇÕES E DIFICULDADES? R. A limitação seria de um ambiente pouco estimulante ou com conhecimento do problema. A dificuldade ou limitação seria do tipo de atividade que o indivíduo vai exercer. Uma pessoa hiperativa trabalhando num banco, por exemplo, não seria bom nem para ela nem para o banco. Eles precisam de atividades mais livres, movimentadas e criativas. Gostam de desafios, de resolver problemas, de poder criar. Tem dificuldade de seguir regras e manuais. COMO AJUDAR ESSAS CRIANÇAS? R. Informando-se sobre o problema. Treinando estas crianças no que apresentarem para que estejam melhor adaptadas e enfrentem menos dificuldades. Ajudando-as a organizarem-se melhor nas atividades, horários. Treinando as atividades que necessitam corresponder. QUE TIPOS DE ADULTOS SE TORNAM? R. Geralmente são adultos dinâmicos, capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo, são criativos, com grande capacidade. Quando mal adaptados são engolidos pelo sistema. DÊ EXEMPLOS REAIS DE PESSOAIS QUE SOFRERAM OU SOFREM COM A HIPERATIVIDADE. R. A literatura refere pessoas famosas com distúrbio do déficit de atenção e hiperatividade como Steven Spielberg (vemos seus filmes cheios de ação! Podemos dizer hiperativos!), Walt Disney (vemos sua alta capacidade de criação), Jonh Lenon, Thomas Edson (há uma passagem de seus relatos que mostra os caminhos tortuosos e seu pensamento, que não seguiam uma linha reta). Ziraldo e seu “menino maluquino” são um exemplo de “déficit de atenção e hiperatividade”, O jogador Emundo, seria um exemplo da impulsividade.

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BIBLIOGRAFIA ADHD and the Nature of Self-Control (Russell Barkley – Fuilford ediction) ATTENTION DEFICIT DISORDER - A Different Perception Thom Hartmann – Underwood books - 1996 BIOFEEDBACK Mark S Schwartz (The Guilford Press- Second Edition-1995) COMO AUMENTAR A INTELIGENIA DO SEU BEBE (Glenn Doman – Record – 2a. Edição 1984 Disfunção Cerebral mínima A.B. Lefèvre – Edit. Sarvier - 1978 DYNAMIC LEARNING Robert Dilts and Todd Epstein – Meta Publications -1995

INTELIGENCIA EMOCIONAL Daniel Goleman, edit Objetiva – 19a. Edição

INTELIGENCIA EMOCIONAL E A ARTE DE EDUCAR NOSSOS FILHOS Daniel Goleman – edito objetiva – 37a. Edição

MEMORY Remembering and Forgetting in Everyday Life Barry Gordon – Mastermedia Limited – New Yoork1995 MINHA VOZ IRA CONTIGO – Contos didáticos de Milton Erickson Sidney Rosen – Editora PsyII1994 NEUROLINGUISTIC PROGRAMING Robert Dilts – Meta Publications 1979

O QUE FAZER PELA CRIANÇA DE CÉREBRO LESADO Glenn Doman - Grafica Auriverde, Ltda. O CEREBRO DO CÉREBRO Luiz Machado - Edição Cidade do Cérebro – UERJ

OS 7 HÁBITOS DE PESSOAS MUITO EFICAZES Stephen R. covey - Editora Best Seller

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PRINCÍPIOS DA EMOTOLOGIA E EMOTOPEDIA Luiz Machado – edição cidade do Cérebro – UERJ PROBLEMAS DISCIPLINARES AOS DISTÚRBIOS DE CONDUTA Práticas e Reflexões – Francisco de Paula Nunes Sobrinho/ Ana Cristina Barros da Cunha Dunya Editora1999. REVOLUCIONANDO O APRENDIZADO Gordon Dryden e Jeannette Vos – Macron Books - 1996

RESSIGNIFICANDO Richard Bandler, J Grinder – Summus edit. – 1986 SAPOS EM PRIÍNCIPES Rihard Bandler , J Grinder – Summus edit – 1982 THINK FAST - The ADD Experience Thom Hartmann and Janie Bowman - Underood Books – 1996 TODA CRIANÇA NASCE GÊNIO Luiz Machado - Edição Cidade do Cérebro – UERJ TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE: O QUE É? COMO AJUDAR? Luiz Rohde e Edyleine Benczik – Editora Artes Médicas TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO Dr. José Salomão schwartzman Editora Mackenzie – SP MENTES INQUIETAS Ana Beatriz Silva – Editora Gente CEM BILHÕES DE NEURÔNIOS Conceitos Fundamentais de Neurociência Roberto Lent - Editora Atheneu JORNAIS E REVISTAS • THIS WEEK Revista (data 18/04/98) • THE NEW YORK TIMES JOURNAL (20-03-2000) • CH.A.D.D on line http://chadd.org • DOCTOR’S GUIDE EDITION October 26, 1999 • ATTENTION (The Magazine for Families and Adults with Attention

Deficit Hyperactivity Disorder vols 5 no. 2 e 6 no.

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• USATODAY JOURNAL (22-2-2000) Heloisa Miguens de Araújo fonoaudióloga formada em 1976 Pós-Graduação em Fonoaudiologia Clínica Pós-Graduação em Neurofisiologia. Master Praticcioner em Programação Neurolinguística Consultório: Rua Figueiredo Magalhães 286 / 903 Copacabana – Rio de Janeiro – RJ Endereço eletrônico: www.heloisamiguens.fnd.br email: [email protected]