distribuiÇÃo espaÇo-temporal de clorofila a...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré...

93
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A, FÓSFORO TOTAL E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES) LARISSA BERTOLDI VITÓRIA 2013

Upload: others

Post on 25-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A,

FÓSFORO TOTAL E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO

PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES)

LARISSA BERTOLDI

VITÓRIA

2013

Page 2: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

LARISSA BERTOLDI

DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A,

FÓSFORO TOTAL E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO

PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES)

VITÓRIA

2013

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de graduação

em Oceanografia, do Departamento de

Oceanografia e Ecologia da

Universidade Federal do Espírito

Santo, como requisito para a obtenção

do título de Bacharel em Oceanografia.

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Fonseca

Barroso

Co-Orientador: M.Sc. Thayana de

Alencar Leite

Page 3: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE OCEANOGRAFIA E ECOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

LARISSA BERTOLDI

DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A, FÓSFORO TOTAL

E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES)

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. Gilberto Fonseca Barroso

ORIENTADOR – UFES/DOC

___________________________________________

M.Sc. Thayana de Alencar Leite

Co-ORIENTADOR – UFES/DOC

___________________________________________

Prof. Dr. Renato Rodrigues Neto

EXAMINADOR INTERNO – UFES/DOC

___________________________________________

M.Sc. Eduardo Schettini Costa

EXAMINADOR INTERNO – UFES/DOC

Page 4: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A,

FÓSFORO TOTAL E TURBIDEZ NO ESTUÁRIO DO RIO

PIRAQUÊ-AÇU (ARACRUZ, ES)

por

Larissa Bertoldi

Submetido como requisito para a obtenção de grau de

Oceanógrafo

na

Universidade Federal do Espírito Santo

Abril 2013

© Larissa Bertoldi

Por meio deste, o autor confere ao Colegiado do Curso de Oceanografia e ao Departamento de Oceanografia e Ecologia da UFES permissão para reproduzir e distribuir cópias parciais ou totais deste documento de trabalho de conclusão de curso para fins não comerciais.

Assinatura do autor.....................................................................................................

Curso de graduação em Oceanografia Universidade Federal do Espírito Santo

Abril de 2013 Certificado por ............................................................................................................

Prof. Dr. Gilberto Fonseca Barroso (Orientador) DOC/UFES

Certificado por ............................................................................................................ M.Sc. Thayana de Alencar Leite

(Co-Orientador) DOC/UFES

Certificado por ............................................................................................................ Prof. Dr. Renato Rodrigues Neto

Examinador Interno DOC/UFES

Certificado por ............................................................................................................ M.Sc. Eduardo Schettini Costa

Examinador Interno DOC/UFES

Aceito por ................................................................................................................... Prof. Dr. Angelo Fraga Bernardino

Prof. Adjunto / Coordenador do Curso de Oceanografia Universidade Federal do Espírito Santo

CCHN/DOC/UFES

Page 5: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

Aos meus pais, irmão, namorado e amigos que me acompanharam e me

apoiaram nessa jornada.

Page 6: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água

no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”

Madre Teresa de Calcutá

Page 7: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pela saúde e força concedidas durante todos esses anos de

curso e por sempre me iluminar e por permitir a conclusão desse trabalho.

Aos meus pais e grandes amigos Gilson e Dirce que sempre me incentivaram com

todo amor, carinho, esforço e dedicação incansáveis. Vocês são meus suportes na

vida. Muito obrigada!

Ao meu irmão Matheus por me apoiar e me dar força para continuar, sempre!

Ao meu namorado, amigo e companheiro Freddy por sempre estar ao meu lado,

por ser meu suporte emocional e por entender meus momentos de ausência.

A toda minha família pelas orações que me sustentaram ao longo desses anos.

A minha família oceano escolhida a dedo: Jacque, Flor, Lília, Gê, Kyssy, Bel,

Geandré, Jéssica, Lari e Samira que me ajudaram, incentivaram, ensinaram e me

divertiram, sempre com muito amor e carinho. Com certeza, sem vocês o caminho

seria bem mais difícil.

As grandes amigas e companheiras de trabalho do LimnoLab, Jéssica, Annanda,

Samira e Nina. Muito obrigada pela companhia e amizade. Vocês me deram força

para continuar. Não teria conseguido sem a ajuda de vocês.

A todos os companheiros de laboratório pelos momentos filosóficos e pela

amizade que surgiu ao longo da nossa convivência.

Ao meu orientador professor Dr. Gilberto Fonseca Barroso por confiar em mim,

pela amizade e pelos infinitos ensinamentos. Serei eternamente grata por tudo!

A grande amiga e co-orientadora Thayana de Alencar Leite pela paciência e

companheirismo. Muito obrigada pelos momentos de descontração. Com certeza,

foram os momentos mais engraçados que tive no laboratório.

Ao professor Dr. Renato Rogrigues Neto e ao M.Sc. Eduardo Schettini Costa por

terem aceitado o convite para participar da banca.

Page 8: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

A todos os professores do DOC, em especial a Valéria, Jean e Jacqueline, muito

obrigada por todos os ensinamentos e conselhos passados que me ajudaram a

construir e finalizar este TCC.

A toda a equipe do Projeto Robalo e Instituto Harpia, em especial a Nana, pela

infraestrutura concedida e pelo suporte nas amostragens. Foram ótimos e

divertidos os momentos com vocês.

A todas as pessoas não citadas, mas que de alguma forma contribuíram para a

minha formação.

Page 9: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

RESUMO

O ecossistema estuarino localiza-se na interface continente-oceano, com

características hidrodinâmicas, morfológicas, biológicas e sedimentares

influenciadas pela descarga de água doce da drenagem da bacia hidrográfica, e

por forçantes oceanográficas. O Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-

mirim (SEPAPM), localizado no Distrito de Santa Cruz (Aracruz, ES), possui uma

área de 7,48 km2 predominantemente encaixada nos vales da Formação Barreiras.

O SEPAPM possui grande importância, proporcionando vários bens e serviços

para a economia local, além de possuir uma configuração predominantemente

natural, sem histórico de dragagem e obras de engenharia significativas. Além

disso, é caracterizado pela presença de falésias da Formação Barreiras e por ser o

primeiro estuário abaixo do delta do rio Doce. Assim, é necessário investigar suas

características para compreender os processos ecológicos visando contribuir para

um melhor conhecimento do estuário. Portanto, este trabalho teve como objetivo

avaliar a variabilidade espacial e temporal das variáveis ambientais clorofila a,

fósforo total e turbidez na água do SEPAPM a fim de subsidiar diretrizes do

gerenciamento costeiro. As amostragens foram realizadas em 18 estações

amostrais, no outono (março) e primavera (setembro/outubro) de 2011, nas marés

de sizígia e quadratura, nas fases de maré baixa e alta. Dados pontuais das

variáveis foram interpolados usando o método Spline, em SIG. Como resultado o

estuário do rio PA apresentou variação espacial significativa de clorofila a na

primavera; de fósforo total no outono; e de turbidez na quadratura e no outono e

variação temporal significativa de clorofila a, para as amostragens de outono e

primavera, nas condições de sizígia e quadratura e nas médias de outono e

primavera; de fósforo total no outono durante a sizígia em fase de maré baixa e

alta, primavera em condição de sizígia e quadratura e nas médias de outono e

primavera; e de turbidez no outono durante a sizígia em fase de maré baixa e alta,

outono em condição de sizígia e quadratura e nas médias de outono e primavera.

Houve correlação significativa negativa pelo teste de Spearman entre turbidez e

clorofila a no outono e correlação significativa positiva entre turbidez e fósforo total

no outono e na primavera.

Palavras-chave: estuário, clorofila a, fósforo total, turbidez.

Page 10: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim (SEPAPM)

(Aracruz/ES), com a localização das estações amostrais. No detalhe a bacia

hidrográfica. .................................................................................................... 26

Figura 2 - Amplitude das marés de sizígia e quadratura na estação maregráfica

do Terminal de Barra do Riacho para março de 2011. .................................... 31

Figura 3 - Amplitude das marés de sizígia e quadratura na estação maregráfica

do Terminal de Barra do Riacho para setembro e outubro de 2011. ............... 31

Figura 4 - Amplitude de maré no mês de março de 2011, com destaque para o

período de amostragem. Dados do Terminal Portuário de Barra do Riacho. ... 33

Figura 5 - Amplitude de maré nos meses de setembro e outubro, com destaque

para o período de amostragem. Dados do Terminal Portuário de Barra do

Riacho. ............................................................................................................ 34

Figura 6 - Estações pluviométricas utilizadas para o cálculo da série histórica

temporal média. .............................................................................................. 36

Figura 7 - Série temporal histórica dos anos de 1925 a 2010 e do ano de 2011

das dez estações pluviométricas e do ano de 2011 para a região da bacia do

SEPAPM. ........................................................................................................ 37

Figura 8 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens na fase de maré

baixa nas estações de coleta. ......................................................................... 41

Figura 9 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens na fase de maré

alta nas estações de coleta. ............................................................................ 42

Figura 10 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens em condição de

sizígia nas estações de coleta. ....................................................................... 43

Figura 11 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens em condição de

quadratura nas estações de coleta. ................................................................ 43

Figura 12 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens de outono nas

estações de coleta. ......................................................................................... 44

Figura 13 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens de primavera nas

estações de coleta. ......................................................................................... 45

Figura 14 - Modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de outono,

em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e

maré baixa (MB). ............................................................................................ 48

Page 11: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

Figura 15 - Box plots de clorofila a na amostragem de outono, em condição de

maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa................ 48

Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de primavera,

em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e

maré baixa (MB). ............................................................................................ 50

Figura 17 - Box plots de clorofila a na amostragem de primavera, em condição

de maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa. .......... 50

Figura 18 - Modelos médios de distribuição de clorofila a das amostragens de

outono e primavera, em condições de sizígia e quadratura. ........................... 51

Figura 19 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera, em

condição de maré de sizígia e quadratura. ...................................................... 52

Figura 20 - Modelos médios de distribuição de clorofila a das amostragens de

outono e primavera. ........................................................................................ 53

Figura 21 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera. . 53

Figura 22 - Box plots de fósforo total na maré baixa das estações de coleta de

todas as amostragens. .................................................................................... 54

Figura 23 - Box plots de fósforo total na maré alta das estações de coleta de

todas as amostragens. .................................................................................... 55

Figura 24 - Box plots de fósforo total em condição de sizígia das estações de

coleta de todas as amostragens...................................................................... 56

Figura 25 - Box plots de fósforo total em condição de quadratura das estações

de coleta de todas as amostragens. ................................................................ 56

Figura 26 - Box plots de fósforo total no outono das estações de coleta de

todas as amostragens. .................................................................................... 57

Figura 27 - Box plots de fósforo total na primavera das estações de coleta de

todas as amostragens. .................................................................................... 58

Figura 28 - Modelos de distribuição de fósforo total da amostragem de outono,

em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e

maré baixa (MB). ............................................................................................ 60

Figura 29 - Box plots de fósforo total na amostragem de outono, em condição

de maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa. .......... 60

Figura 30 - Modelos de distribuição de fósforo total da amostragem de

primavera, em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta

(MA) e maré baixa (MB). ................................................................................. 62

Page 12: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

Figura 31 - Box plots de fósforo total na amostragem de primavera, em

condição de maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.

........................................................................................................................ 62

Figura 32 - Modelos médios de distribuição de fósforo total das amostragens de

outono e primavera, em condições de sizígia e quadratura. ........................... 63

Figura 33 - Box plots de fósforo total nas amostragens de outono e primavera,

em condição de maré de sizígia e quadratura. ................................................ 64

Figura 34 - Modelos médios de distribuição de fósforo total das amostragens de

outono e primavera. ........................................................................................ 65

Figura 35 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera. . 66

Figura 36 - Box plots de turbidez na maré baixa das estações de coleta de

todas as amostragens. .................................................................................... 67

Figura 37 - Box plots de turbidez na maré alta das estações de coleta de todas

as amostragens. ............................................................................................. 67

Figura 38 - Box plots de turbidez em condição de sizígia das estações de coleta

de todas as amostragens. ............................................................................... 68

Figura 39 - Box plots de turbidez em condição de quadratura das estações de

coleta de todas as amostragens...................................................................... 69

Figura 40 - Box plots de turbidez no outono das estações de coleta de todas as

amostragens. .................................................................................................. 70

Figura 41 - Box plots de turbidez na primavera das estações de coleta de todas

as amostragens. ............................................................................................. 70

Figura 42 - Modelos de distribuição de turbidez da amostragem de outono, em

condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré

baixa (MB). ..................................................................................................... 72

Figura 43 - Box plots de turbidez na amostragem de outono, em condição de

maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa................ 73

Figura 44 - Modelos de distribuição de turbidez da amostragem de primavera,

em condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e

maré baixa (MB). ............................................................................................ 74

Figura 45 - Box plots de turbidez na amostragem de primavera, em condição de

maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa................ 74

Figura 46 - Modelos médios de distribuição de turbidez das amostragens de

outono e primavera, em condições de sizígia e quadratura. ........................... 75

Page 13: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

Figura 47 - Box plots de turbidez nas amostragens de outono e primavera, em

condição de maré de sizígia e quadratura. ...................................................... 76

Figura 48 - Modelos médios de distribuição de turbidez das amostragens de

outono e primavera. ........................................................................................ 78

Figura 49 - Box plots de turbidez nas amostragens de outono e primavera. ... 78

Figura 50 - Teste de correlação de Spearman para as amostragens de OSMA

(a), OSMB (b), OQMA (c), OQMB (d), OS (e), OQ (f) e Outono (g). ................ 80

Figura 51 - Teste de correlação de Spearman para as amostragens de PSMA

(a), PSMB (b), PQMA (c), PQMB (d), PS (e), PQ (f) e Primavera (g). ............. 82

Page 14: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Cronograma de amostragem.......................................................... 32

Tabela 2 - Estações pluviométricas próximas ao SEPAPM. ............................ 35

Tabela 3 - Estatística descritiva dos valores de clorofila a para o período da

amostragem (n=62). ........................................................................................ 46

Tabela 4 - Classes de qualidade da água com base no estado trófico.. .......... 46

Tabela 5 - Estatística descritiva dos valores de fósforo total para o período de

amostragem (n=62). ........................................................................................ 59

Tabela 6 - Estatística descritiva dos valores de turbidez para o período de

amostragem (n=62). ........................................................................................ 71

Page 15: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ANA – Agência nacional de Água

DHN – Diretoria de hidrografia e navegação (Marinha do Brasil)

ESRI® – Environmental Systems Research Institute

ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

MA – Maré alta

MB – Maré baixa

MPS – Material Particulado em Suspensão

µg/L – micrograma por litro

PA – Piraquê-açu

PM – Piraquê-mirim

OSMA – Outono, Sizígia, Maré Alta

OSMB - Outono, Sizígia, Maré Baixa

OQMA – Outono, Quadratura, Maré Alta

OQMB – Outono, Quadratura, Maré Baixa

PSMA – Primavera, Sizígia, Maré Alta

PSMB – Primavera, Sizígia, Maré Baixa

PQMA – Primavera, Quadratura, Maré Alta

PQMB - Primavera, Quadratura, Maré Baixa

SEPAPM – Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim

SIG – Sistema de Informação Geográfica

Page 16: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

UNT – Unidades Nefelométricas de Turbidez

UTM – Universal Transverse Mercator Grid System

WGS 1984 – World Geodetic System (Ano de 1984)

Page 17: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 18

2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 22

3 OBJETIVOS ................................................................................................ 24

3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 24

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 24

4 ÁREA DE ESTUDO ..................................................................................... 25

4.1 ASPECTOS CLIMÁTICOS .......................................................................... 26

4.2 ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS .............................................................. 27

4.3 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS ............................... 27

4.4 COBERTURA VEGETAL ............................................................................. 28

5 METODOLOGIA ......................................................................................... 30

5.1 PLANO DE AMOSTRAGEM ........................................................................ 30

5.2 DETERMINAÇÃO DO PERÍODO AMOSTRAL ............................................ 32

5.3 ANÁLISES LABORATORIAIS...................................................................... 38

5.3.1 CLOROFILA A ................................................................................................. 38

5.3.2 FÓSFORO TOTAL............................................................................................ 38

5.3.3 TURBIDEZ ...................................................................................................... 39

5.4 ANÁLISE ESPACIAL ................................................................................... 39

5.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ......................................................................... 40

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 41

6.1 VARIAÇÃO ESPACIAL DE CLOROFILA A .................................................. 41

6.1.1 VARIAÇÃO DE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ........................................................... 41

6.1.2 VARIAÇÃO DE SIZÍGIA E QUADRATURA ............................................................... 42

6.1.3 VARIAÇÃO DE OUTONO E PRIMAVERA ............................................................... 44

6.2 VARIAÇÃO TEMPORAL DE CLOROFILA A ................................................ 45

6.2.1 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ...................................................... 46

6.2.2 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ DE SIZÍGIA E MARÉ DE QUADRATURA .............................. 51

Page 18: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

6.2.3 VARIAÇÃO ENTRE OUTONO E PRIMAVERA .......................................................... 52

6.3 VARIAÇÃO ESPACIAL DE FÓSFORO TOTAL ............................................ 54

6.3.1 VARIAÇÃO DE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ........................................................... 54

6.3.2 VARIAÇÃO DE SIZÍGIA E QUADRATURA ............................................................... 55

6.3.3 VARIAÇÃO DE OUTONO E PRIMAVERA ............................................................... 57

6.4 VARIAÇÃO TEMPORAL DE FÓSFORO TOTAL.......................................... 58

6.4.1 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ...................................................... 59

6.4.2 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ DE SIZÍGIA E MARÉ DE QUADRATURA .............................. 62

6.4.3 VARIAÇÃO ENTRE OUTONO E PRIMAVERA .......................................................... 64

6.5 VARIAÇÃO ESPACIAL DE TURBIDEZ ........................................................ 66

6.5.1 VARIAÇÃO DE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ........................................................... 66

6.5.2 VARIAÇÃO DE SIZÍGIA E QUADRATURA ............................................................... 68

6.5.3 VARIAÇÃO DE OUTONO E PRIMAVERA ............................................................... 69

6.6 VARIAÇÃO TEMPORAL DE TURBIDEZ ..................................................... 71

6.6.1 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA ...................................................... 71

6.6.2 VARIAÇÃO ENTRE MARÉ DE SIZÍGIA E MARÉ DE QUADRATURA .............................. 74

6.6.3 VARIAÇÃO ENTRE OUTONO E PRIMAVERA .......................................................... 76

6.7 CORRELAÇÃO DOS DADOS...................................................................... 79

6.7.1 OUTONO ....................................................................................................... 79

6.7.2 PRIMAVERA ................................................................................................... 80

7 CONCLUSÕES ........................................................................................... 83

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 84

Page 19: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

18

1 INTRODUÇÃO

Há muito debate sobre a definição e limitação de estuários. Por isso, existem

várias definições (PRITCHARD, 1952; DIONE, 1963; KJERFVE 1970;

FAIRBRIDGE, 1980; BOYD et al., 1992; DALRYMPLE et al., 1992; PERILLO,

1995; DYER, 1997) as quais consideram diferentes aspectos e cada uma varia

com o objetivo de estudo de cada autor. A grande maioria delas trata-se de

uma evolução da definição anterior.

Uma das definições mais bem aceita é a de Perillo (1995), que procurou

considerar os aspectos físicos, químicos, geológicos e biológicos que

caracterizam o estuário, e o definiu como: “um corpo de água costeira

semifechado que se estende até o limite efetivo de influência da maré, no qual

a água do mar entra por uma ou mais conexões livres com o oceano aberto ou

qualquer outro corpo de água salina costeiro e é mensuravelmente diluída com

a água doce provinda da drenagem fluvial, podendo conter espécies

eurihalinas durante alguma parte ou em todo seu ciclo de vida”.

Os estuários, portanto, constituem ambientes costeiros caracterizados por se

localizarem na interface continente-oceano. Dessa forma, suas características

hidrodinâmicas, morfológicas, biológicas e sedimentares são influenciadas,

fortemente, tanto pela descarga de água doce, proveniente da drenagem da

bacia hidrográfica, como por forçantes oceanográficas e meteorológicas, como

ondas e marés, e ventos, respectivamente. Além disso, possuem

características ambientais únicas e desempenham importantes papéis

ecológicos, como por exemplo, na exportação de nutrientes e matéria orgânica

para águas costeiras adjacentes, constituindo habitats vitais para espécies de

importância comercial, além de gerarem bens e serviços para as comunidades

locais (CLARK, 1996).

Este ecossistema é bastante dinâmico, apresentando variações de maré,

salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido e correntes. Como são

ecossistemas aquáticos onde as águas doces e marinhas se encontram,

configuram, portanto, sistemas de transição. Por isso possuem

frequentemente, elevados gradientes e descontinuidades, como, por exemplo,

Page 20: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

19

na distribuição dos componentes químicos, como material particulado em

suspensão, nutrientes, matéria orgânica e oxigênio dissolvido (KRAMER et al.,

1994).

A principal rota de entrada de nutrientes oriundos das drenagens continentais

para as águas costeiras são os estuários. A elevada produtividade e a

manutenção do balanço ecológico nesses ecossistemas estão relacionadas

com a disponibilidade de nutrientes provenientes de fontes pontuais e difusas

(MIRANDA et al., 2002). Os elementos químicos que se encontram dissolvidos

na água e são considerados limitantes na produção primária fitoplanctônica em

ambientes aquáticos são o fósforo, nitrogênio e silício (CHESTER; RILEY,

1989; TUNDISI; TUNDISI, 1976).

O fósforo é disponibilizado no ecossistema estuarino por meio de ações

naturais, como a lixiviação do solo e o intemperismo de rochas fosfáticas, como

também através da ação humana, com o lançamento de efluentes domésticos,

industriais e agrícolas (TUNDISI; TUNDISI, 1976). Os efluentes in natura

contêm elevada concentração de fósforo na forma de ortofosfato (PIMENTA,

2006). Em relação ao nitrogênio, as atividades antrópicas como a fertilização, o

desmatamento e a geração de resíduos, têm modificado o seu ciclo

aumentando, assim a sua disponibilidade. O excesso de nitrogênio pode

acarretar desequilíbrios nutricionais nas plantas, lixiviação para águas

superficiais e subterrâneas, acidificação do solo e maior emissão de gases do

efeito estufa (N2O). Nos ecossistemas aquáticos, uma maior entrada deste

elemento pode produzir acidificação da água, hipoxia ou anoxia, perda da

biodiversidade e eutrofização de águas costeiras (RABALAIS, 2000).

Dessa forma, atividades antrópicas têm consequências amplas e em escalas

variadas, sendo que esses efeitos se tornam mais acentuados na zona

costeira, pela tendência crescente de ocupação (ESCHRIQUE, 2007). Vale

salientar que elevadas cargas de nutrientes lançadas em ecossistemas

estuarinos comprometem a qualidade dessas águas, muitas vezes acarretando

no processo de eutrofização, que segundo Giovanardi e Vollenweider (2004)

pode determinar episódios frequentes de anoxia nas águas de fundo. Por outro

lado, com a diminuição das concentrações de nutrientes nos fluxos fluviais,

especialmente o fósforo, ocorre a alteração da sua disponibilidade em suas

Page 21: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

20

diferentes formas, seja particulado ou dissolvido, assim como na produtividade

biológica do sistema estuarino, já que o fósforo é o principal fator limitante da

produtividade em águas costeiras (SCHINDLER; VALLENTYNE, 2008;

RABALAIS, 2002).

Entretanto, Tyrrell (1999) afirma que em águas superficiais de regiões

oceânicas, tanto o fósforo quanto o nitrogênio são limitantes para a produção

primária, ao passo que em regiões profundas, o fósforo é classificado como

nutriente limitante definitivo, cuja disponibilidade regula a produtividade

primária por um longo período de tempo, enquanto que o nitrogênio consiste no

nutriente limitante imediato, cuja adição provoca um aumento, em curto prazo,

na produtividade primária. Isso se fundamenta no fato de que o nitrogênio é

encontrado em grandes concentrações na atmosfera e nos oceanos, que por

sua vez pode ser reduzido a amônio, enquanto que não há fonte de fósforo na

atmosfera e sua concentração na água do mar mantém-se sempre baixa

(TYRRELL, 1999; GUILDFORD e HECKY, 2000).

Em contrapartida, águas oligotróficas conseguem reter sempre um resíduo de

fosfato, mesmo quando o nitrato não é detectado (RYTER e DUSTAN, 1971;

TYRRELL, 1999). Assim, há autores que afirmam que o nitrogênio consiste no

nutriente limitante definitivo para o ambiente marinho (RYTER e DUSTAN,

1971). Apesar de não haver um consenso sobre qual seria o nutriente limitante

definitivo para o ambiente marinho, a maioria dos autores consideram o

nitrogênio como o nutriente limitante imediato (TYRRELL, 1999; GUILDFORD e

HECKY, 2000; LOBBAN e HARRISON, 1994).

Conforme citam Thomann e Mueller (1987), dentre as principais variáveis

ambientais que devem ser analisadas para acompanhar e verificar o processo

de eutrofização destacam-se as concentrações de nutrientes e fitoplâncton, já

que esse fenômeno está, frequentemente, associado com a abundância de

biomassa fitoplactônica, que é quantificada pela concentração de clorofila a,

resultando em um aumento da turbidez da água. Vale salientar que a turbidez

pode ser causada pela presença de sólidos em suspensão, tais como

partículas inorgânicas (areia, silte, argila) e de detritos orgânicos, algas e

bactérias, plâncton em geral, entre outros. As concentrações de amônia e

Page 22: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

21

compostos de nitrogênio e fósforo junto com os indicadores de biomassa

vegetal (como a concentração de clorofila a) definem o estado trófico de um

ecossistema, classificando-o como reduzido (oligotrófico), médio (mesotrófico),

elevado (eutrófico) e muito elevado (hipertrófico) (PEREIRA, 2006).

As consequências desses eventos em relação aos parâmetros de qualidade da

água do estuário são, na maioria das vezes, difícil de quantificar no espaço, por

causa da variabilidade desses ecossistemas (WHITE et al., 2008). Soma-se a

isso que o tempo de residência da água no interior do estuário é

simultaneamente a causa da sua produtividade e da sua fragilidade, podendo

ser da ordem de semanas a meses. Esse tempo permite que a matéria

particulada se deposite no fundo e que haja o consumo de grande parte dos

nutrientes tanto carreados pelo rio ou provenientes da mineralização da matéria

orgânica (PEREIRA, 2006). Por isso, é grande a preocupação com a

integridade e o equilíbrio ambiental desses ecossistemas por ser um dos mais

vulneráveis do planeta (MIRANDA et al., 2002).

Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a variabilidade

espacial e temporal de clorofila a, fósforo total e turbidez no estuário do rio

Piraquê-açu (Aracruz, ES).

Page 23: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

22

2 JUSTIFICATIVA

Em decorrência da crescente urbanização na zona costeira, é de fundamental

importância conhecer a dinâmica dos ecossistemas costeiros, assim como

gerenciar seu uso e ocupação. A partir disso, tenta-se minimizar e mitigar ao

máximo os impactos negativos, provenientes da ação humana, como é o caso

da pesca artesanal e esportiva, além das barragens e do lançamento de

efluentes domésticos, industriais e agrícolas, muitas vezes in natura, nos

corpos d’água estuarinos.

O rio Piraquê-açu é a principal fonte de abastecimento de água para a região o

SEPAPM e recebe esgotos in natura dos bairros Santa Luzia e Itaputera e todo

esgoto in natura da cidade de João Neiva, 30 km à montante do sistema

estuarino. Recebe ainda em sua foz o lançamento do efluente da ETE de

Coqueiral de Aracruz, que possui tratamento secundário dos efluentes, e que

atende Caieiras Velhas, Coqueiral e parte de Santa Cruz. Além disso, possui a

paisagem modificada, devido à conversão de áreas de mata atlântica para usos

agrícolas e pastagem.

Apesar disso, uma característica marcante é que o SEPAPM não possui

histórico de dragagem e obras de engenharia acentuadas, possibilitando,

dessa forma, um bom estado de conservação das águas e do sedimento

(JESUS et al., 2009) quando comparado com outros sistemas estuarinos do

litoral do Espírito Santo, como o da Baía de Vitória e o de Guarapari (JESUS et

al., 2009). A partir disto, surge a necessidade de investigar as características

deste estuário visando compreender os seus processos a fim de determinar

seu atual estágio de conservação, já que com o crescimento urbano acentuado

na região, devido, principalmente, à instalação de empreendimentos da

atividade petrolífera, pode favorecer o aumento da domesticação da paisagem,

a diminuição da qualidade das águas do estuário e afetar a saúde humana.

Assim, esse estudo tem por objetivo avaliar a variabilidade espacial e temporal

de clorofila a, fósforo total e turbidez, já que estas variáveis ambientais podem

estimar a qualidade das águas do estuário, pois quantificam o processo de

Page 24: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

23

eutrofização, no sistema estuarino do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES) a fim de

subsidiar diretrizes do gerenciamento costeiro.

Vale salientar que esse trabalho está associado à Dissertação de Mestrado

“Variação Espacial e Temporal da salinidade no sistema estuarino do rio

Piraquê-açu (Aracruz, ES)”, da aluna Thayana de Alencar Leite no Programa

de Pós-graduação em Oceanografia Ambiental da UFES, cujo objetivo é

delimitar as zonas de salinidade no sistema estuarino, considerando o Sistema

de Veneza, modelo que classifica os estuários de acordo com a variação de

salinidade.

Page 25: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

24

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a variabilidade espacial e temporal de clorofila a, fósforo total e turbidez

no estuário do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES).

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Avaliar possíveis padrões de distribuição espacial e temporal de clorofila a,

fósforo total e turbidez no estuário do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES);

- Analisar as relações entre as concentrações das variáveis ambientais em face

da variação espacial e temporal.

Page 26: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

25

4 ÁREA DE ESTUDO

O Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim (SEPAPM), com

área de 7,48 km2, está localizado no município de Aracruz, Espírito Santo

(Figura 1). Este município faz parte da Região Norte do estado, e situa-se na

faixa litorânea centro-norte. Além disso, limita-se ao norte com o município de

Linhares; ao sul com Fundão; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com

Ibiraçu e João Neiva, distando de Vitória aproximadamente 85 km. O município

possui distintas formas de uso do solo, destacando-se o industrial, portuário e

residencial, sendo importante ressaltar a presença da indústria de celulose

Fibria e o terminal portuário de escoamento da Portocel, além das atividades

agrícolas, dentre elas, a horticultura, avicultura e silvicultura (LOUREIRO,

2006).

A área da bacia hidrográfica de todo o sistema estuarino, segundo Barroso et

al., (2011), é de 448,11 km2, sendo 378,69 km2 referentes à bacia do Piraquê-

açu (PA) e 69,42 km2 à bacia do Piraquê-mirim (PM), sendo a vazão média

anual de ambas as bacias de 14,5 m3/s. Leite (2012) encontrou para a mesma

região uma vazão de 16,28 m3/s, sendo 13,69 m3/s referentes à bacia do PA e

2,59 m3/s à bacia do PM.

De um total de 14 estuários ao longo do litoral do Espírito Santo, o manguezal

que margeia o SEPAPM é um dos maiores do estado, perfazendo,

aproximadamente, segundo Barroso (2004) 12,34 km2.

Page 27: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

26

Figura 1 - Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim (SEPAPM) (Aracruz/ES),

com a localização das estações amostrais. No detalhe a bacia hidrográfica.

4.1 ASPECTOS CLIMÁTICOS

O clima da região é caracterizado como tropical litorâneo, possuindo inverno

seco e ameno. As chuvas são mais frequentes entre os meses de outubro e

janeiro (primavera/verão) sendo possível ocorrer alguns períodos de estiagem

entre os meses de janeiro e fevereiro (MARTIN et al., 1996; CALIMAN et al.,

1997). O índice pluviométrico médio anual da região é aproximadamente 1250

mm (IEMA, 2011).

A média mensal das temperaturas máximas para o município de Aracruz,

segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e

Extensão Rural (INCAPER, acesso em 20 maio 2011), varia de 30,7 a 34,0ºC,

enquanto a média mensal das temperaturas mínimas oscila entre 11,8°C a

18,0ºC, tendo os meses de julho e agosto registrado as menores médias de

Page 28: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

27

temperaturas mínimas, ao passo que os meses de fevereiro e março

apresentaram as maiores médias referentes à temperaturas máximas.

Os ventos de maior frequência e maior intensidade na região são,

respectivamente, os provenientes dos quadrantes Nordeste e Sudeste. Os

primeiros estão associados aos ventos alísios, que circulam durante a maior

parte do ano, enquanto que os de Sudeste estão relacionados às frentes frias

que chegam periodicamente à costa do estado (ALBINO, 1999).

4.2 ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS

As ondas incidentes no litoral do Estado do Espírito Santo são formadas por

dois sistemas de ventos que há na região; as do quadrante sul, associadas às

frentes frias, mais energéticas, porém, menos frequentes; e as do quadrante

nordeste, mais frequentes e apesar de serem menos energéticas, são

importantes, pois possuem capacidade de erosão e considerável intensidade

(MUEHE, 1996).

As alturas das ondas que atingem o litoral do Estado variam de 0,3 a 2,6 m,

com média anual de 1,0 m, sendo as ondas com altura mais significativa as

oriundas da passagem de frentes frias (MUEHE, 1996).

Em relação ao regime de marés, este pode ser caracterizado como semidiurno

com marés do tipo mista, com ligeiras desigualdades entre as duas baixa-

mares sucessivas e amplitude máxima de 1,8 m, sendo considerada, como

micromaré (FONTANA, 2003; BARROSO, 2004). A profundidade máxima do

estuário é de 16,7 m localizada nas proximidades da ponte sobre o rio Piraquê-

açu (SILVA, 2012).

4.3 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS

A região costeira do Estado do Espírito Santo está contida no litoral do Brasil

Oriental. Essa região é caracterizada por ser uma área de transição entre o

Page 29: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

28

relevo de tabuleiros da Formação Barreiras e os afloramentos do

embasamento cristalino (MMA, 2008).

O estado do Espírito Santo apresenta três grandes unidades geológicas: o

Embasamento Cristalino Pré-Cambriano, a Formação Terciária da Formação

Barreiras e a Planície Costeira Quaternária. Dessa forma, Martin et al., (1996)

compartimentaram o litoral do Espírito Santo em 6 diferentes setores. O

município de Aracruz está inserido no Setor 3 que se estende de Barra do

Riacho até Vitória, apresentando falésias da Formação Barreiras e estreitos

pacotes de sedimentos marinhos e/ou fluviais quaternários. O litoral deste

trecho é caracterizado por um litoral recortado e dominado pela Formação

Barreiras, com uma planície de maré pouco desenvolvida. Há que se levar em

consideração a presença das couraças lateríticas, dissipando a energia das

ondas e aumentando a proteção do litoral. Entretanto, a erosão não é evitada

devido à inadequada ocupação antrópica na região e pela própria

hidrodinâmica do rio.

4.4 COBERTURA VEGETAL

A região possuía considerável cobertura de Mata Atlântica densa, vegetação

de restinga, mangue e em regiões mais baixas, campos alagados (CALIMAN et

al., 1997). Hoje, no entanto, a vegetação original está inserida em poucas

áreas remanescentes devido ao elevado extrativismo vegetal, com intensa

exploração dos recursos florestais. Com a implantação da indústria Aracruz

Celulose, posteriormente denominada Fibria, foram utilizadas extensas áreas

de floresta do município para o plantio do eucalipto (CUNHA, 2004; CRUZ,

2004; SCHAEFFER, 2005), aumentando, dessa forma, o impacto sobre a

vegetação.

O SEPAPM possui um sistema de manguezal bem desenvolvido (BARROSO,

2004). Enquanto o manguezal do PM adentra 9 km para o continente, o PA

avança 13 km, perfazendo a maior penetração de maré do estado do Espírito

Santo (PAZOLIN et al., 2007). O manguezal do sistema estuarino supracitado é

composto basicamente por espécies de Rhizophora mangle (mangue

Page 30: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

29

vermelho), Laguncularia racemosa (mangue branco) e Avicennia schaueriana

(mangue preto) (BARROSO, 2004; JESUS et al., 2009).

Page 31: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

30

5 METODOLOGIA

5.1 PLANO DE AMOSTRAGEM

Foram estabelecidas dezoito estações amostrais, sendo treze no rio PA, duas

no rio PM e três na confluência entre os dois rios (Figura 1). As amostragens

foram realizadas no meio do canal, sendo a distância média via aquática entre

as estações de 1000m. A grade amostral supracitada foi sobreposta à grade

amostral da Dissertação de mestrado “Variação Espacial e Temporal da

salinidade no Sistema Estuarino do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES)” da aluna

Thayana de Alencar Leite do Programa de Pós Graduação em Oceanografia

Ambiental e as amostragens foram concomitantes.

Em cada estação amostral foram coletadas amostras de água de sub-

superfície para determinação de clorofila a, fósforo total e turbidez. As

amostras de água para análises de fósforo total foram congeladas em frascos

de polipropileno e posteriormente analisadas em laboratório. Para determinar a

concentração de clorofila a, as amostras, com volume conhecido, foram

filtradas, em campo, com filtros de fibra de vidro (Whatman 934-AH de 25 mm

de diâmetro e 1,2 µm de porosidade) sendo estes armazenados em papel

alumínio dentro de frasco escuro contendo sílica gel, seguida de congelamento,

para posterior análise laboratorial. Para a determinação da turbidez das

amostras foram feitas medições, em campo, com o turbidímetro LaMotte 2020,

sendo os resultados expressos em Unidades Nefelométricas de Turbidez

(UNT).

Os dados de amplitude de maré (m) utilizados foram os referentes à estação

maregráfica do Terminal de Barra do Riacho obtidos a partir do Banco Nacional

de Dados Oceanográficos (BNDO) no Centro de Hidrografia da Marinha (CHM),

dos quais foram selecionados os horários das marés vazante e enchente para

a realização das amostragens (Figura 2 e Figura 3).

Page 32: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

31

Figura 2 - Amplitude das marés de sizígia e quadratura na estação maregráfica do Terminal de

Barra do Riacho para março de 2011.

Figura 3 - Amplitude das marés de sizígia e quadratura na estação maregráfica do Terminal de

Barra do Riacho para setembro e outubro de 2011.

Page 33: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

32

5.2 DETERMINAÇÃO DO PERÍODO AMOSTRAL

As amostragens foram realizadas em dois períodos distintos do ano de 2011

(março e setembro/outubro), ambos compreendendo as condições de marés de

sizígia e quadratura, em suas fases de enchente e vazante. Essa etapa foi

realizada através de 4 campanhas oceanográficas, conforme mostra a Tabela

1. Na Figura 4 e na

Figura 5 é possível observar a amplitude de maré para os meses de março e

setembro/outubro, com destaque para o dia da amostragem. Vale salientar que

as datas de amostragem foram pré-selecionadas nos equinócios de primavera

e outono, devido às maiores amplitudes de maré, em decorrência deste

trabalho estar associado ao trabalho “Variação espacial e temporal da

salinidade no Sistema Estuarino do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES)”.

Tabela 1 - Cronograma de amostragem.

Data da Amostragem Fase da Maré Período da Maré (Amplitude)

21/03/2011 enchente

vazante Sizígia (1,5m)

28/03/2011 enchente

vazante Quadratura (0,6m)

28/09/2011 enchente

vazante Sizígia (1,5m)

04/10/2011 enchente

vazante Quadratura (0,2m)

Page 34: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

33

Figura 4 - Amplitude de maré no mês de março de 2011, com destaque para o período de amostragem. Dados do Terminal Portuário de Barra do Riacho.

Page 35: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

34

Figura 5 - Amplitude de maré nos meses de setembro e outubro, com destaque para o período de amostragem. Dados do Terminal Portuário de Barra do

Riacho.

Page 36: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

35

Para a determinação do período amostral foi necessário um pré-levantamento

de dados de pluviosidade de dez estações pluviométricas próximas à bacia do

SEPAPM (Tabela 2), já que há apenas três estações dentro da bacia, sendo

duas no município de Aracruz (uma no interior e outra no litoral do bairro de

Santa Cruz) e uma no município de João Neiva. As dez estações (Figura 6)

foram escolhidas pela proximidade e, consequente influência na área de

estudo, assim como pela disponibilidade de dados. Os dados de pluviosidade

mensal foram obtidos por meio da Agência Nacional de Águas (ANA), através

do banco de dados hidrológicos HidroWeb.

Tabela 2 - Estações pluviométricas próximas ao SEPAPM.

Estação

Pluviométrica Código

Coordenadas UTM

Responsável Período de

dados Easting Northing

Santa Cruz 1940002 380543,13 7792201,19 ANA 1948 - 2010

Riacho 1940003 353121,82 7815253,16 ANA 1948 - 2002

Fundão 1940007 351916,49 7795063,85 ANA 1949 - 2010

Caldeirão 1940020 317564,52 7792351,85 ANA 1970 - 2010

Aracruz 1940021 366380,47 7807117,17 ANA 1970 - 2010

Jacupemba 1940022 374365,80 7833634,48 ANA 1970 - 2010

Fazenda Fonte

Limpa 2040003 360052,48 7766889,21 ANA 1948 - 2010

Duas Bocas 2040014 345136,49 7758602,55 ANA 1953 - 2010

Porto de Tubarão 2040024 370749,80 7756493,22 ANA 1970 - 1980

Vitória 2040035 360712,74 7752898,30 INMET 1925 - 2010

Page 37: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

36

Figura 6 - Estações pluviométricas utilizadas para o cálculo da série histórica temporal média.

A partir da série temporal histórica de cada estação, foi construído um gráfico

mostrando a série temporal histórica média e a pluviosidade para o ano de

amostragem do presente estudo (2011) de todas as estações e para o ano de

amostragem do presente estudo apenas para a região do SEPAPM (Figura 7).

Page 38: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

37

Figura 7 - Série temporal histórica dos anos de 1925 a 2010 e do ano de 2011 das dez

estações pluviométricas e do ano de 2011 para a região da bacia do SEPAPM.

Os valores de pluviosidade mensal observados na série temporal histórica

sugerem a formação de um período seco ou com menor pluviosidade entre os

meses de abril a setembro, e um período mais úmido entre os meses de

outubro a março. Comparando o padrão histórico com o ano de 2011 pôde-se

notar que 2011 segue esse mesmo padrão. Entretanto, a região do SEPAPM

para o ano de 2011 apresentou valores atípicos, com o período chuvoso acima

da média histórica e com o período seco abaixo da média histórica, registrando

a menor precipitação no mês de agosto. O pico de pluviosidade ocorreu no

mês de março, sendo 2,21 vezes maior que a média histórica.

Como já fora supracitado, as datas de amostragem, a princípio, foram

determinadas embasadas nos equinócios de primavera e outono não

coincidindo com os períodos de verão e inverno (que em geral, apresentam

maior e menor precipitação, respectivamente). No entanto, como é possível

observar na Figura 7, o mês de março foi bem representativo para um período

chuvoso, apresentando a maior precipitação ao longo do ano de 2011. Em

relação ao mês de setembro, este não foi o mês mais seco, mas apresentou

um valor de precipitação abaixo da média histórica para esse mês. Vale

Outono

Primavera

Page 39: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

38

salientar ainda que a amostragem do mês de outubro foi realizada no início do

mês, não sendo afetada por toda a precipitação ocorrida durante todo o mês.

5.3 ANÁLISES LABORATORIAIS

5.3.1 Clorofila a

A análise de clorofila a (µg/L) foi realizada através do método fluorimétrico de

Strickland e Parsons (1972) adaptado por Barroso e Littlepage (1998). Os

pigmentos presentes na amostra foram extraídos pela imersão do filtro em

solução de acetona 90% como solvente por um período de 24 horas em

refrigerador. Após esse processo, o extrato da amostra foi filtrado a fim de

retirar possíveis fibras do filtro e resíduos celulares; e no fluorímetro

TurnerDesigns TD700, o extrato de clorofila foi excitado a 460nm e a

fluorescência foi medida em 670nm. O valor da leitura, o volume da amostra

filtrado em campo e o volume do extrato foram utilizados para o cálculo da

concentração de clorofila a em µg/L.

5.3.2 Fósforo Total

A determinação da concentração de fósforo total na água seguiu a metodologia

descrita em APHA (2005) adaptada por Carmouze (1994). As amostras foram

digeridas com persulfato de potássio sob temperatura e pressão. Dessa forma,

o fósforo orgânico foi transformado em fósforo inorgânico para então ser

analisado pelo método de determinação do ortofosfato em espectrofotometria

com a reação do ácido ascórbico (CARMOUZE, 1994) para posterior cálculo

em µg/L.

Page 40: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

39

5.3.3 Turbidez

A determinação da turbidez das amostras foi feita in situ com o turbidímetro

LaMotte 2020, da Aquatic Eco-Sistems, em UNT.

5.4 ANÁLISE ESPACIAL

Para o desenvolvimento da análise espacial os dados pontuais foram

interpolados por meio de um interpolador global, Splines, no sistema de

informações geográficas ArcGIS 9.3 ESRI, no módulo Spatial Analyst Tools.

Para isso foi estabelecido o tipo de Spline regularized, porque, normalmente,

produz superfícies mais suaves do que aqueles criadas com a opção tension.

Além disso, o peso utilizado foi igual a 1,2, pois com a opção regularized, os

valores de entrada para esse parâmetro têm de ser igual ou superior a zero

para produzir superfícies mais suaves. Em relação ao número de pontos

vizinhos utilizados na interpolação, este foi igual a 3. Quanto maior o valor do

número de pontos, mais suave é a superfície do raster de saída. Entretanto,

como o número de estações amostrais é 18 e são orientadas longitudinalmente

a uma equidistância de 1.000 metros, o valor três foi o que mais se aproximou

da realidade dos dados.

Segundo Dias (2005), o método Spline utiliza uma superfície polinomial para

interpolar os valores das estações de amostragem. Basicamente, consiste no

ajuste de uma superfície de curvatura mínima com os pontos, isto é, ajusta

uma função matemática a um número específico de input de pontos vizinhos,

enquanto passa pelas estações amostrais. Esse método estima o valor de cada

célula do grid, fixando uma superfície de curvatura mínima aos dados de

amostragem. Todos os mapas gerados foram representados em formato

matricial ou raster, sendo georreferenciados em sistema de coordenada UTM

(Universal Transverse Mercator Grid System), Datum WGS (World Geodetic

System 1984) do quadrante de latitude 24S, com resolução espacial de 27,7 m.

Foram realizadas interpolações com os resultados de todas as variáveis

ambientais analisadas (clorofila a, fósforo total e turbidez), referentes às duas

Page 41: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

40

amostragens de 2011, ambas compreendendo as marés de sizígia e

quadratura, sendo cada tipo de maré analisada em maré enchente e vazante.

Com os modelos de superfície dos parâmetros em cada amostragem foram

gerados modelos representando a condição média. Estes foram ainda

reclassificados usando o módulo Reclassify, do Spatial Analyst, para permitir a

identificação das zonas com maior e menor concentração das variáveis

ambientais analisadas.

5.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Foram utilizados testes estatísticos a fim de analisar o padrão de distribuição

espacial e temporal de clorofila a, fósforo total e de turbidez no estuário do rio

Piraquê-açu.

Para avaliar a variação longitudinal ou espacial dos parâmetros, ou seja, se há

variação entre as 18 estações amostrais, foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis

(teste H, p<0,05). Para avaliar a variação temporal dos parâmetros, ou seja, se

há variação entre os períodos amostrados, utilizou-se o teste de Mann-Whitney

(teste U, p<0,05). Em ambos os testes, p representa o nível de significância.

Possíveis correlações entre as variáveis ambientais foram analisadas pelo

teste de Spearman (p<0,05).

Page 42: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

41

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 VARIAÇÃO ESPACIAL DE CLOROFILA A

6.1.1 Variação de maré alta e maré baixa

Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do

estuário nem em fase de maré baixa (p=0,9150), nem em fase de maré alta

(p=0,9839) (Figura 8 e Figura 9). Durante a maré baixa (Figura 8) a

concentração de clorofila a não ultrapassou 45 µg/L, com exceção da estação

20, que obteve a maior concentração de clorofila a encontrada neste estudo.

Em relação à maré alta (Figura 9), esta apresentou concentrações abaixo de

30 µg/L, sendo as maiores concentrações à montante do estuário.

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

10

20

30

40

50

60

70

Clo

rofila

a (

ug/L

)

Clorofila a (ug/L): KW-H(17;68) = 9,7182; p = 0,9150

Figura 8 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens na fase de maré baixa nas estações

de coleta.

Page 43: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

42

25%-75%

Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

5

10

15

20

25

30

75

Clo

rofi

la a

(ug/L

)

Clorof ila a (ug/L): KW-H(17;70) = 6,97; p = 0,9839

Figura 9 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens na fase de maré alta nas estações

de coleta.

6.1.2 Variação de sizígia e quadratura

Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do

estuário nem em condição de sizígia (p=0,9787), nem em condição de

quadratura (p=0,4030) (Figura 10 e Figura 11). Durante as amostragens em

condição de sizígia (Figura 10), a concentração de clorofila a esteve menor

quando comparada com a condição de quadratura (Figura 11). Esses

resultados podem estar relacionados com uma maior influência marinha

durante as condições de sizígia. Apesar das menores concentrações do

parâmetro nas marés de sizígia, foi nessa condição de maré que as

concentrações apresentaram um padrão crescente em direção a montante do

estuário, fato este que não aconteceu em condição de quadratura. A maré de

quadratura, apesar de apresentar valores maiores de clorofila a, não possuiu

padrão de distribuição do parâmetro.

Page 44: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

43

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

2

4

6

8

10

12

14

74

Clo

rofila

a (

ug/L

)

Clorofila a (ug/L): KW-H(17;67) = 7,3383; p = 0,9787

Figura 10 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens em condição de sizígia nas

estações de coleta.

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

10

20

30

40

50

60

70

Clo

rofila

a (

ug/L

)

Clorofila a (ug/L): KW-H(17;71) = 17,7776; p = 0,4030

Figura 11 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens em condição de quadratura nas

estações de coleta.

Page 45: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

44

6.1.3 Variação de outono e primavera

Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do

estuário no outono (p=0,9738) (Figura 12). Houve apenas variação espacial

significativa ao longo do eixo longitudinal do estuário na primavera (p=0,0009)

(Figura 13). Durante as amostragens de outono, a concentração de clorofila a

foi menor quando comparada com a amostragem de primavera. Esse resultado

pode estar relacionado ao fato de que no outono a precipitação registrada foi

bem alta e a lixiviação do solo da bacia hidrográfica pode ter aumentado a

turbidez, que aumenta a atenuação de luz na coluna d’água e, por

consequente, diminui a atividade fotossintética. Já na primavera, a precipitação

registrada foi menor que a precipitação da série histórica na região, e, portanto,

baixos valores de turbidez. Isso proporcionou maiores concentrações de

clorofila a, sendo que estas possuem um padrão crescente sentido montante

do estuário, mostrando a maior influência fluvial, já que águas fluviais são mais

ricas em nutrientes quando comparadas a águas marinhas (TUNDISI;

TUNDISI, 1976).

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

10

20

30

40

50

60

70

Clo

rofila

a (

ug/L

)

Clorofila a (ug/L): KW-H(17;67) = 7,6344; p = 0,9738

Figura 12 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens de outono nas estações de coleta.

Page 46: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

45

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

5

10

15

20

25

30

75

Clo

rofila

a (

ug/L

)

Clorofila a (ug/L): KW-H(17;71) = 41,0917; p = 0,0009

Figura 13 - Box plots de clorofila a de todas as amostragens de primavera nas estações de

coleta.

6.2 VARIAÇÃO TEMPORAL DE CLOROFILA A

A análise estatística descritiva dos dados de clorofila a (Tabela 3) indicou

tendências de baixas concentrações nas marés de sizígia, tanto de outono

quanto de primavera, enquanto que em marés de quadratura, as

concentrações foram mais altas.

As concentrações encontradas indicam que o estuário do rio PA comportou-se

como um sistema oligotrófico nas amostragens de OS, mesotrófico nas

amostragens de OQMA e PS, eutrófico nas amostragens de PQ e

hipereutrófico na amostragem de OQMB, conforme pode ser visto na Tabela 4.

Page 47: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

46

Tabela 3 - Estatística descritiva dos valores de clorofila a para o período da amostragem

(n=62).

Clorofila a (µg/L) Amostragens

OSMA OSMB OQMA OQMB PSMA PSMB PQMA PQMB

Mínima 1,53 1,55 2,15 2,72 1,82 0,71 1,16 2,67

Máxima 1,67 2,86 16,07 69,19 11,91 12,32 29,95 26,22

Amplitude 0,14 1,31 13,92 66,47 10,09 11,61 28,79 23,55

Média 1,02 1,32 7,37 12,61 4,63 3,63 10,54 10,56

Desvio Padrão 0,46 0,59 4,23 16,49 2,84 2,97 6,65 10,70

CV (%) 45,34 44,45 57,34 130,75 61,35 81,75 63,10 101,33

Mediana 1,13 1,32 6,32 6,25 3,82 2,83 9,93 3,79

Tabela 4 - Classes de qualidade da água com base no estado trófico. Fonte: adaptado de

Bricker et al., (1999, 2003); Carmouze, (1994), NOOA, 1996.

Estado Trófico Clorofila a (µg/L) Fósforo Total (µg/L)

Oligotrófico > 5 > 10

Mesotrófico 5 – 20 10 – 100

Eutrófico 20 – 60 < 100

Hipereutrófico < 60 -

6.2.1 Variação entre maré alta e maré baixa

A Figura 14 mostra os modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de

outono. Essa amostragem apresentou a maior variação das concentrações de

clorofila a, e inclusive a maior concentração obtida (69,19 µg/L, estação 20),

apesar de esta ter sido pontual. Barroso (2004) encontrou em seu estudo a

maior concentração de clorofila a (11,51 µg/L) nas proximidades dessa

estação. Nessa mesma estação amostral e na mesma condição de maré

(OQMB) foram encontradas concentrações mais elevadas dos n-alcanos C17 e

C19 na coluna d’água (ROSSONI, 2013), que são característicos de fonte

aquática; fitoplâncton e zooplâncton, respectivamente (MEDEIROS, 2000).

Vale salientar ainda que Rossoni (2012) também encontrou altas

concentrações dos ácidos graxos insaturados C18:1 e C18:2 na coluna d’água,

que indicam fonte bacteriana (PAQUES; MACEDO, 2006). Isso corrobora com

Page 48: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

47

os resultados obtidos por Bertoldi et al., (2012) indicando que naquela região a

concentração de bactérias do grupo coliforme é elevada, possivelmente devido

a presença de uma ETE localizada a jusante do SEPAPM. A presença da ETE

propicia elevadas concentrações de matéria orgânica oriunda do efluente. Isso

pode ser comprovado pelo trabalho de Rossoni (2012) que encontrou 59,53%

de matéria orgânica total na água e pelo trabalho de Silva (2012), que

encontrou em regiões altamente lamosas (50% a 75% de lama), elevado teor

de matéria orgânica (20% a 35% de matéria orgânica) no sedimento, sendo

essa associação já esperada em ambientes estuarinos.

A tendência de concentrações mais elevadas durante a preamar e/ou período

seco, é diagnosticada em ambientes que já demonstram sofrer ação antrópica,

onde a maré e a sazonalidade assumem papéis importantes, favorecendo uma

maior diluição e transparência da água, resultando por isso, em um melhor

desenvolvimento fitoplanctônico. Apesar disso, a elevada concentração de

clorofila a foi obtida na baixamar e na amostragem de outono, que superou a

média histórica em precipitação para o mês de março (Figura 7), conforme fora

citado anteriormente. Moura (1991), na Baía de Tamandaré (PE), Lopes et al.,

(1998), no complexo estuarino de Paranaguá (PR), Melo Magalhães (2000), no

complexo estuarino-lagunar Mundaú/Manguaba (AL), Branco (2001), no

sistema estuarino de Barra das Jangadas (PE), Bastos (2002), no estuário do

rio Una (PE), Honorato (2003), no estuário do rio Formoso (PE), Eschrique

(2007) no estuário do Jaguaribe (CE) e Mizerkowski (2007) nos estuários de

Babitonga (SC), Guaratuba (PR), Laranjeiras (PR) e Cananéia (SP) associaram

as maiores concentrações de clorofila a períodos com maior índice

pluviométrico. Leite (2012) calculou a vazão para o mês de

março/2011(amostragem de outono) no SEPAPM (0,44 m3/s), sendo 0,38 m3/s

(86,36%) referentes à bacia do PA e 0,06 m3/s (13,64%) à bacia do PM,

obtendo, portanto, uma elevada precipitação para esse mês.

Na Figura 14 notam-se as baixas concentrações de clorofila a em condição de

sizígia, tanto na fase de maré baixa, quanto de maré alta, comprovando que

não houve diferença significativa entre maré alta e maré baixa nessa condição

de maré (p=0,152). Em condição de quadratura, as concentrações são

relativamente maiores, com a elevada concentração isolada na estação 20.

Page 49: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

48

Apesar disso, também não houve diferença significativa entre maré alta e maré

baixa nessa condição de maré (p=0,563) (Figura 15).

Figura 14 - Modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de outono, em condições de

sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).

Figura 15 - Box plots de clorofila a na amostragem de outono, em condição de maré de sizígia

e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.

A amostragem de primavera apresentou valores mais baixos que a elevada

concentração isolada de clorofila a (69,19 ug/L) na amostragem de outono.

Entretanto, esses valores mostraram-se melhor distribuídos ao longo do rio PA.

Page 50: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

49

A Figura 16 mostra os modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de

primavera. Assim como na amostragem de outono, a concentração da variável

foi baixa em condição de sizígia, tanto na fase de maré baixa, quanto na fase

de maré alta. Já em condição de quadratura, as concentrações também foram

relativamente maiores, como na amostragem de outono, mas com uma melhor

distribuição ao longo do canal. Apesar disso, não houve diferença significativa

entra maré alta e maré baixa em condição de sizígia (p=0,146) e nem entre

maré alta e maré baixa em condição de quadratura (p=0,268) (Figura 17).

De acordo com Moreira (1994), no estuário do rio Cocó (CE), Moura Júnior

(1997), no estuário do rio Vaza-Barris (SE), Lucas (2002), no sub-sistema

estuarino do Canal da Passagem (ES), Guimarães (2006), no estuário do rio

Cachoeira (BA) e Murolo et al., (2006) nos estuários dos rios Botafogo e Siri

(PE) as maiores concentrações de clorofila a ocorreram durante o período de

estiagem. Isso pode ser decorrente de uma maior transparência da coluna

d’água, visto que no período chuvoso essa transparência pode ter sido

reduzida pelos possíveis maiores valores de turbidez associados ao material

inorgânico em suspensão. Pode-se considerar que a amostragem de setembro

foi característica de um período seco, principalmente para o mês de setembro,

visto que a precipitação do ano da amostragem foi inferior à precipitação da

série histórica para esse mês. Leite (2012) também calculou a vazão para os

meses de setembro/2011 e outubro/2011 (amostragem de primavera) no

SEPAPM. Em setembro a vazão total da bacia do SEPAPM foi de 0,08 m3/s,

sendo 0,07 m3/s (87,5%) referentes à bacia do PA e 0,01 m3/s (12,5%) à bacia

do PM. Para o mês de outubro a vazão de toda a bacia foi de 0,31 m3/s, sendo

0,27 m3/s referentes à bacia do PA (87,09%) e 0,04 m3/s à bacia do PM

(12,91%). Vale ressaltar que a amostragem de outubro foi realizada no início

do mês (04/10/2011), não sendo afetada por toda essa precipitação. Parizzi et

al., (2010) também encontraram as maiores concentrações de clorofila a no

período de primavera.

Page 51: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

50

Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a da amostragem de primavera, em condições

de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).

Figura 17 - Box plots de clorofila a na amostragem de primavera, em condição de maré de

sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.

Page 52: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

51

6.2.2 Variação entre maré de sizígia e maré de quadratura

A Figura 18 mostra a diferença entre as marés de sizígia e quadratura nas

amostragens de outono e primavera. Tanto em condição de maré de sizígia,

quanto em condição de maré de quadratura, a clorofila a apresenta

comportamento semelhante, independente do período amostrado. Na

amostragem de outono, período onde se registrou a maior concentração de

clorofila a, mesmo que pontual, houve diferença significativa entre as marés de

sizígia e quadratura (p<0,001). Na amostragem de primavera, as

concentrações apresentaram-se melhor distribuídas quando comparada à

amostragem de outono, mas apesar disso, durante a condição de quadratura,

as concentrações foram maiores quando comparadas às da sizígia e, portanto,

também houve diferença significativa (p=0,002) entre as marés (Figura 19).

Figura 18 - Modelos médios de distribuição de clorofila a das amostragens de outono e

primavera, em condições de sizígia e quadratura.

Page 53: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

52

Figura 19 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera, em condição de

maré de sizígia e quadratura.

6.2.3 Variação entre outono e primavera

A Figura 20 mostra os modelos médios de distribuição do parâmetro clorofila a

nas amostragens de outono e primavera. Na amostragem de outono, as

concentrações à montante do estuário foram menores quando comparadas às

concentrações obtidas à montante na amostragem de primavera, com exceção

da elevada e pontual concentração na estação 20. Por isso, houve diferença

significativa (p=0,004) entre essas amostragens (Figura 21). Na amostragem

de primavera é possível observar as maiores concentrações a montante do

estuário, mostrando a maior influência fluvial, conforme já fora citado (Figura

13).

Page 54: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

53

Figura 20 - Modelos médios de distribuição de clorofila a das amostragens de outono e

primavera.

Figura 21 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera.

Page 55: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

54

6.3 VARIAÇÃO ESPACIAL DE FÓSFORO TOTAL

6.3.1 Variação de maré alta e maré baixa

Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do

estuário nas fases de maré baixa (p=0,9178), e de maré alta (p=0,9324) (Figura

22 e Figura 23). Na maré baixa houve um padrão de concentrações de fósforo

total crescendo à montante do estuário, provavelmente, devido à maior

influência fluvial (Figura 22). Já na maré alta, apesar das estações mais a

montante do estuário ainda permanecerem com concentrações elevadas, o

padrão modificou-se mais a jusante, com menores concentrações devido à

maior influência marinha (Figura 23).

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

sfo

ro T

ota

l (u

g/L

)

Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;67) = 9,6451; p = 0,9178

Figura 22 - Box plots de fósforo total na maré baixa das estações de coleta de todas as

amostragens.

Page 56: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

55

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

sfo

ro T

ota

l (u

g/L

) Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;70) = 9,2399; p = 0,9324

Figura 23 - Box plots de fósforo total na maré alta das estações de coleta de todas as

amostragens.

6.3.2 Variação de sizígia e quadratura

Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do

estuário nem em condição de sizígia (p=0,9982), nem em condição de

quadratura (p=0,6943) (Figura 24 e Figura 25). Em condição de maré de

sizígia, a concentração de fósforo mostrou-se com um padrão relativamente

crescente sentido montante do estuário, devido à maior turbulência na coluna

d’água e maior influência fluvial em períodos de maré baixa (Figura 24). Em

condição de maré de quadratura, o padrão modificou-se mais a jusante do

estuário, mostrando que pela menor amplitude de maré e menor movimentação

das águas, a influência fluvial é menor (Figura 25).

Page 57: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

56

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

sfo

ro T

ota

l (u

g/L

) Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;67) = 4,8544; p = 0,9982

Figura 24 - Box plots de fósforo total em condição de sizígia das estações de coleta de todas

as amostragens.

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

sfo

ro T

ota

l (u

g/L

)

Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;70) = 13,6133; p = 0,6943

Figura 25 - Box plots de fósforo total em condição de quadratura das estações de coleta de

todas as amostragens.

Page 58: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

57

6.3.3 Variação de outono e primavera

Houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do estuário

no outono (p=0,0008) (Figura 26), enquanto que na primavera (p=0,8708)

(Figura 27) não houve. No período de outono, devido à maior precipitação,

conforme já fora citado pelo cálculo de vazão realizado por Leite (2012) que

para a bacia do PA foi de 0,38 m3/s e pela lixiviação do solo, as concentrações

de fósforo total se mostraram com um padrão relativamente crescente em

direção a montante do estuário, mostrando a maior influência fluvial (Figura

26). Já na primavera, além das concentrações terem sido menores, não houve

um padrão na distribuição devido à menor precipitação neste período (Figura

27) 0,34 m3/s, conforme Leite, (2012).

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

sfo

ro T

ota

l (u

g/L

)

Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;66) = 41,2854; p = 0,0008

Figura 26 - Box plots de fósforo total no outono das estações de coleta de todas as

amostragens.

Page 59: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

58

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

25

30

35

40

45

50

80

85

sfo

ro T

ota

l (u

g/L

) Fósforo Total (ug/L): KW-H(17;71) = 10,7181; p = 0,8708

Figura 27 - Box plots de fósforo total na primavera das estações de coleta de todas as

amostragens.

6.4 VARIAÇÃO TEMPORAL DE FÓSFORO TOTAL

A análise estatística descritiva dos dados de fósforo total (Tabela 5) indicou

tendências de maiores valores na amostragem de outono e valores mais baixos

na amostragem de primavera.

As concentrações encontradas indicam que o estuário do rio PA comportou-se

como um sistema mesotrófico, conforme pode ser visto na Tabela 4.

Page 60: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

59

Tabela 5 - Estatística descritiva dos valores de fósforo total para o período de amostragem

(n=62).

Fósforo Total (µg/L) Amostragens

OSMA OSMB OQMA OQMB PSMA PSMB PQMA PQMB

Mínima 34,62 41,54 33,23 38,77 32,05 29,77 32,05 32,81

Máxima 80,31 70,62 70,15 63,69 44,96 45,34 44,20 44,20

Amplitude 45,69 29,08 36,92 24,92 12,91 15,57 12,15 11,39

Média 47,31 54,52 46,36 48,29 34,62 34,78 36,86 37,66

Desvio Padrão 11,82 8,92 8,38 6,23 3,23 4,72 3,09 3,27

CV (%) 24,99 16,37 18,08 12,90 9,34 13,57 8,39 8,69

Mediana 43,15 53,54 44,31 48,92 33,57 32,81 36,23 37,37

6.4.1 Variação entre maré alta e maré baixa

A amostragem de outono apresentou as maiores concentrações de fósforo total

de toda a amostragem. A Figura 28 mostra os modelos de distribuição de

fósforo total da amostragem de outono. Nota-se que na maré de sizígia as

concentrações do parâmetro são maiores, quanto comparadas com as

concentrações na maré de quadratura. Isso porque nessa condição de maré há

um maior movimento das águas do estuário, devido à maior amplitude de maré,

e consequentemente, maior influência fluvial nas fases de maré baixa. Mesmo

com uma, relativa, baixa diferença entre as marés alta e baixa na condição de

sizígia, houve variação espacial significativa entre essas fases de maré na

condição de sizígia (p=0,0201), ao passo que em condição de quadratura, não

houve diferença significativa entre maré alta e maré baixa (p=0,2009) (Figura

29).

Page 61: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

60

Figura 28 - Modelos de distribuição de fósforo total da amostragem de outono, em condições

de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).

Figura 29 - Box plots de fósforo total na amostragem de outono, em condição de maré de

sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.

A amostragem de primavera apresentou baixas concentrações de fósforo total.

A Figura 30 mostra os modelos de distribuição de fósforo total da amostragem

de primavera. Tanto para a amostragem de sizígia, quanto para a amostragem

de quadratura os valores não apresentaram muita variação. A Figura 31

comprova que não houve diferença significativa entre maré alta e maré baixa

Page 62: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

61

em condição de sizígia (p=0,4444) e nem entre maré alta e maré baixa em

condição de quadratura (p=0,4349).

A Resolução CONAMA 357/05 estabelece limites para o fósforo total, citando o

valor máximo permissível de 0,124 mg/L (124μg/L) para águas salobras de

Classe 1 e de 0,186 mg/L (186μg/L) para águas salobras de Classe 2. No

presente estudo, em todas as amostragens, a concentração de fósforo total

esteve abaixo do limite permitido para as duas classes. Entretanto, Gaigher

(2005) trabalhando no mesmo sistema estuarino, encontrou para o período

chuvoso de 2004, concentrações de fósforo total superiores (169,24 μg/L) ao

estabelecido pela CONAMA 357/05 para águas salobras de Classe 1.

O estuário do rio Jaguaribe (Ceará) consiste no destino final de várias fazendas

de carcinicultura e recebe água com substâncias das atividades de agricultura

e pecuária de vários locais. Durante a estação seca do ano de 2006, o estuário

do Jaguaribe apresentou uma variação de 119,3 μg/L a 212,9 μg/L de fósforo

total (ESCHRIQUE, 2007), evidenciando que os teores de fósforo também são

controlados pela maré e outros parâmetros hidrológicos e hidroquímicos. Em

estudos realizados em uma baia de Hong Kong (China), Yung et al., (1999)

encontraram concentrações que variaram de 150 μg/L a 250 μg/L de fósforo

total, em período de estiagem, por esta ser uma região historicamente poluída

por efluentes doméstico e industrial, provenientes de áreas altamente

industriais e urbanizadas que se encontram próximas à baia. Neste estudo, o

estuário do rio PA apresentou valor máximo de fósforo total (80,31 μg/L -

Tabela 5) abaixo dos valores encontrados nos dois trabalhos supracitados. Isso

pode indicar que não existem lançamentos significativos de fósforo total no rio

PA, apesar da presença da ETE a jusante do estuário, já que os efluentes

domésticos possuem alta concentração de fósforo particulado e dissolvido.

Portanto, a própria bacia de drenagem consiste na principal fonte desse

nutriente, não existindo fontes poluidoras que aumentem, significativamente,

sua concentração. Isso corrobora com os resultados obtidos por Barroso

(2004), que afirma que o maior aporte de água doce no rio PA representa uma

importante fonte de nutrientes alóctones e matéria orgânica para o ambiente

estuarino.

Page 63: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

62

Figura 30 - Modelos de distribuição de fósforo total da amostragem de primavera, em

condições de sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).

Figura 31 - Box plots de fósforo total na amostragem de primavera, em condição de maré de

sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.

6.4.2 Variação entre maré de sizígia e maré de quadratura

A Figura 32 mostra a diferença entre a concentração de fósforo total nas marés

de sizígia e quadratura nas amostragens de outono e primavera. A variável

Page 64: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

63

apresentou comportamento semelhante na amostragem de outono, tanto para

a maré de sizígia, quanto para maré de quadratura, assim como na

amostragem de primavera, também nas duas condições de maré. Na

amostragem de outono as concentrações foram mais elevadas e as maiores

concentrações foram obtidas à montante do estuário, mostrando a maior

influência fluvial em fase de maré baixa e a maior influência da precipitação

(0,38 m3/s na bacia do PA) (LEITE, 2012), enquanto que na amostragem de

primavera, os valores foram menores pela menor influência fluvial nas fases de

maré baixa e pela menor precipitação (0,34 m3/s) (LEITE, 2012). A Figura 33

comprova que não houve diferença significativa entre as marés de sizígia e

quadratura na amostragem de outono (p=0,2724), enquanto que, apesar das

baixas concentrações durante a amostragem de primavera, houve diferença

significativa entre as marés de sizígia e quadratura na amostragem de

primavera (p=0,0003).

Figura 32 - Modelos médios de distribuição de fósforo total das amostragens de outono e

primavera, em condições de sizígia e quadratura.

Page 65: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

64

Figura 33 - Box plots de fósforo total nas amostragens de outono e primavera, em condição de

maré de sizígia e quadratura.

6.4.3 Variação entre outono e primavera

A Figura 34 mostra os modelos médios de distribuição de fósforo total nas

amostragens de outono e primavera. Houve diferença significativa (p<0,001)

entre as duas amostragens (Figura 35).

Lucas (2006) encontrou para os estuários dos rios Botafogo e Siriji

(Pernambuco) o mesmo padrão encontrado nesse trabalho, com

concentrações mais elevadas, com valor máximo de 130,19 µg/L, no período

com maior precipitação. Gaigher (2005) também encontrou maiores

concentrações de fósforo total em período de maior precipitação (169,24 µg/L),

enquanto que o menor valor encontrado foi relativo ao período de estiagem

(16,70 µg/L). Silva Neto (2012) para o estuário do rio Paraíba do Norte

(Paraíba), da mesma forma, encontrou a maior concentração de fósforo total

em período com maior precipitação (615,0 µg/L), sendo as maiores

concentrações mais expressivas nas estações à montante, assim como neste

trabalho. Essas maiores concentrações a montante do estuário são em

decorrência do ambiente fluvial ser mais produtivo quando comparado ao

ambiente marinho (TUNDISI; TUNDISI, 1976), associado com maiores valores

de precipitação, e consequente lixiviação do solo da bacia hidrográfica.

Entretanto, Figueiredo e Santos (2012) encontraram para o estuário de Vigia

(Pará) uma relação inversa, sendo as maiores concentrações obtidas no

Page 66: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

65

período de estiagem, variando de 120 µg/L a 640 µg/L, enquanto que em

período de maior precipitação os valores foram bem abaixo, variando de 40

µg/L a 70 µg/L. De maneira semelhante, Souza-Fernandes e Camargo (2004)

para o estuário do rio Itanhaém (São Paulo) também encontraram esse mesmo

padrão, com concentrações variando de 40 µg/L a 95 µg/L no período de

menor precipitação, enquanto que no período com maior precipitação a

variação foi de 9 µg/L a 35 µg/L. Escherique (2007) também encontrou padrão

semelhante para o estuário do Jaguaribe (Ceará) com as maiores

concentrações (119,3 µg/L a 212,9 µg/L) no período de estiagem, enquanto

que no período com maior índice pluviométrico as concentrações variaram de

64,5 µg/L a 170,9 µg/L.

Figura 34 - Modelos médios de distribuição de fósforo total das amostragens de outono e

primavera.

Page 67: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

66

Figura 35 - Box plots de clorofila a nas amostragens de outono e primavera.

6.5 VARIAÇÃO ESPACIAL DE TURBIDEZ

6.5.1 Variação de maré alta e maré baixa

Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do

estuário nas fases de maré baixa (p=0,9983) e de maré alta (p=0,8388) (Figura

36 e Figura 37). Durante a maré baixa (Figura 36) os valores de turbidez

encontrados foram maiores quando comparados aos valores na fase de maré

alta. Além disso, na fase de maré baixa, a turbidez registrou um padrão,

relativamente, semelhante em todo o estuário, salvo algumas estações mais a

jusante do rio PA, que apresentaram valores mais baixos. Em relação à fase de

maré alta (Figura 37), os valores mais elevados situaram-se à jusante e à

montante do estuário e os menores valores na sessão intermediária. Isso pode

ser explicado pelo fato de na fase de maré alta a cunha salina, mais densa,

entrar no estuário pelo fundo e, dessa forma, causar turbulência na coluna

d’água e ressuspender os sedimentos (jusante) (MIRANDA et al., 2002) e pela

influência fluvial (montante). Como as amostras foram coletadas e medidas na

superfície, esses valores mais elevados podem ter sido verificados apenas na

fase de maré baixa.

Page 68: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

67

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Turb

idez (

UN

T)

Turbidez (UNT): KW-H(17;68) = 4,8044; p = 0,9983

Figura 36 - Box plots de turbidez na maré baixa das estações de coleta de todas as

amostragens.

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Tu

rbid

ez (

UN

T)

Turbidez (UNT): KW-H(17;69) = 11,3328; p = 0,8388

Figura 37 - Box plots de turbidez na maré alta das estações de coleta de todas as

amostragens.

Page 69: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

68

6.5.2 Variação de sizígia e quadratura

Não houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do

estuário na condição de sizígia (p=0,9865) (Figura 38), ao passo que na

amostragem de quadratura (p=0,00003) (Figura 39) houve variação espacial

significativa de turbidez. Em condição de maré de sizígia, a turbidez mostrou

um padrão, relativamente, semelhante ao padrão encontrado na fase de maré

alta, com elevados valores à montante e à jusante do estuário e valores mais

baixos na sessão intermediária, mostrando em ambas as situações a maior

influência marinha e fluvial. Os valores de turbidez encontrados para a

condição de sizígia podem ser comparados às concentrações de fósforo total

nessa mesma condição (Figura 24), devido à maior movimentação das águas

do estuário, sendo que ambos os parâmetros mostram-se elevados. Em

condição de maré de quadratura, o padrão de turbidez modificou-se,

apresentando baixos valores, sendo os maiores registrados na sessão

intermediária e à montante do estuário. Esse padrão também pode ser

comparado com o padrão de fósforo total na mesma condição (Figura 25), pela

menor amplitude de maré e menor movimentação das águas do estuário.

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Turb

ide

z (

UN

T)

Turbidez (UNT): KW-H(17;67) = 6,7538; p = 0,9865

Figura 38 - Box plots de turbidez em condição de sizígia das estações de coleta de todas as

amostragens.

Page 70: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

69

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

38

40

Turb

idez (

UN

T)

Turbidez (UNT): KW-H(17;70) = 50,5844; p = 0,00003

Figura 39 - Box plots de turbidez em condição de quadratura das estações de coleta de todas

as amostragens.

6.5.3 Variação de outono e primavera

Houve variação espacial significativa ao longo do eixo longitudinal do estuário

no outono (p=0,0168) (Figura 40), enquanto que na primavera (p=0,9996)

(Figura 41) a variação não foi significativa. Durante a amostragem de outono, a

turbidez mostrou um padrão com elevados valores à montante do estuário,

mostrando a influência fluvial, já que no outono a precipitação registrada foi

bem alta (0,38 m3s) (LEITE, 2012), enquanto que nas estações mais a jusante

os valores encontrados foram mais baixos. Já na primavera, os maiores valores

de turbidez foram registrados à jusante do estuário, mostrando a maior

influência marinha, já que a precipitação registrada foi menor (0,34 m3/s)

(LEITE, 2012) que a precipitação da série histórica na região, e, portanto,

ocorreu uma baixa influência fluvial e uma maior influência marinha.

Page 71: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

70

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Turb

idez (

UN

T)

Turbidez (UNT): KW-H(17;66) = 31,619; p = 0,0168

Figura 40 - Box plots de turbidez no outono das estações de coleta de todas as amostragens.

25%-75% Min-Max 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29 32 35 38 41 44 46 48 51

Estações Amostrais

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Turb

idez (

UN

T)

Turbidez (UNT): KW-H(17;71) = 3,7987; p = 0,9996

Figura 41 - Box plots de turbidez na primavera das estações de coleta de todas as

amostragens.

Page 72: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

71

6.6 VARIAÇÃO TEMPORAL DE TURBIDEZ

A análise estatística descritiva dos dados de turbidez (Tabela 6) indicou

tendências de valores mais elevados nas amostragens em condição de sizígia,

tanto para a amostragem de outono, quanto de primavera, quando comparados

aos valores encontrados em condição de quadratura.

Tabela 6 - Estatística descritiva dos valores de turbidez para o período de amostragem (n=62).

Turbidez (UNT) Amostragens

OSMA OSMB OQMA OQMB PSMA PSMB PQMA PQMB

Mínima 7,01 9,20 3,99 5,04 5,46 4,12 3,01 2,99

Máxima 30,60 36,90 13,80 14,60 29,60 33,80 20,40 16,20

Amplitude 23,59 27,70 9,81 9,56 24,14 29,68 17,39 13,21

Média 14,85 24,20 10,39 10,83 13,46 13,58 10,54 9,17

Desvio Padrão 9,29 8,88 2,96 2,63 8,00 9,70 5,27 4,25

CV (%) 62,57 36,70 28,45 24,25 59,46 71,44 49,99 46,31

Mediana 9,87 26,20 12,00 11,50 10,78 9,27 10,72 9,72

6.6.1 Variação entre maré alta e maré baixa

A amostragem de outono, na condição de maré de sizígia, registrou o maior

valor de turbidez no período de coleta. A Figura 42 mostra os modelos de

distribuição de turbidez da amostragem de outono. Houve variação temporal

significativa entre maré alta e maré baixa na condição de sizígia (p=0,007)

(Figura 43). Notam-se os altos valores em condição de sizígia, sendo que na

fase de maré baixa esses altos valores são mais bem distribuídos ao longo do

canal, enquanto que na fase de maré alta, os valores também são elevados,

entretanto se restringem a porção superior do estuário. A fase de maré baixa

mostra a maior influência fluvial, com os maiores valores a montante do

estuário, pela ressuspensão de sedimentos ocorrida, possivelmente, na maré

alta e diagnosticada na maré baixa. Esses elevados valores na sizígia podem

estar relacionados à maior amplitude de maré, e, portanto, ao maior movimento

que a água sofre no estuário. Vale salientar ainda que a elevada precipitação

ocorrida no outono (0,38 m3/s) (LEITE, 2012) deu origem a uma maior

Page 73: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

72

lixiviação do solo e, consequentemente, maiores valores de turbidez a

montante do estuário. Já em condição de quadratura, as concentrações foram

bem menores, nas duas fases da maré, pela menor amplitude e menor

movimentação da água. Portanto, como o padrão mostrado para a condição de

quadratura nas fases de maré alta e maré baixa é semelhante, não houve

diferença significativa entre maré alta e maré baixa na condição de quadratura

(p=0,809) (Figura 43).

Figura 42 - Modelos de distribuição de turbidez da amostragem de outono, em condições de

sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).

Page 74: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

73

Figura 43 - Box plots de turbidez na amostragem de outono, em condição de maré de sizígia e

quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.

A amostragem de primavera apresentou um padrão semelhante nas duas

condições de maré, como aconteceu na amostragem de outono. Entretanto,

apesar da semelhança, os valores encontrados foram relativamente mais

baixos que os da amostragem de outono. A Figura 44 mostra os modelos de

distribuição de turbidez da amostragem desse período. Assim como na

amostragem de outono, os maiores valores de turbidez foram registrados em

condição de sizígia, tanto na fase de maré baixa, quanto de maré alta, devido à

maior amplitude de maré. No entanto, tanto na fase de maré baixa, quanto de

maré alta, os maiores valores foram encontrados à jusante do estuário,

mostrando a maior influência marinha, já que neste período a precipitação foi

reduzida (0,34 m3/s) (LEITE, 2012). Em condição de quadratura, as

concentrações foram bem menores, nas duas fases da maré, também

semelhante à quadratura de outono. A partir da semelhança nos padrões de

turbidez na sizígia e na quadratura, em maré alta e maré baixa, também não

houve diferença significativa entre maré alta e maré baixa em condição de

sizígia (p=0,644) e nem entre maré alta e maré baixa em condição de

quadratura (p=0,375) (Figura 45).

Page 75: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

74

Figura 44 - Modelos de distribuição de turbidez da amostragem de primavera, em condições de

sizígia e quadratura, ambas em fases de maré alta (MA) e maré baixa (MB).

Figura 45 - Box plots de turbidez na amostragem de primavera, em condição de maré de sizígia

e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa.

6.6.2 Variação entre maré de sizígia e maré de quadratura

A Figura 46 mostra a diferença entre as marés de sizígia e quadratura nas

amostragens de outono e primavera. Como já fora mencionado, o padrão de

Page 76: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

75

distribuição de turbidez obteve elevados valores nas duas condições de sizígia,

e baixos valores nas duas condições de quadratura, independente do período

amostrado. Na sizígia de outono, pela maior precipitação, os maiores valores

foram encontrados à montante do estuário e tiveram maior influência fluvial,

enquanto que na sizígia de primavera, pela menor precipitação, os maiores

valores encontrados foram à jusante do estuário e tiveram maior influência

marinha. Nas condições de quadratura de ambas as amostragens, o padrão

manteve-se o mesmo. Apesar das diferenças no padrão de turbidez das

amostragens de outono e primavera, houve diferença significativa apenas entre

as marés de sizígia e quadratura na amostragem de outono (p=0,003),

enquanto que entre as marés de sizígia e quadratura na amostragem de

primavera (p=0,207) não houve (Figura 47).

Figura 46 - Modelos médios de distribuição de turbidez das amostragens de outono e

primavera, em condições de sizígia e quadratura.

Page 77: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

76

Figura 47 - Box plots de turbidez nas amostragens de outono e primavera, em condição de

maré de sizígia e quadratura.

6.6.3 Variação entre outono e primavera

A Figura 48 mostra os modelos médios de distribuição de turbidez nas

amostragens de outono e primavera. Os altos valores de turbidez encontrados

na amostragem de outono possuem relação direta com a elevada precipitação

nesse período. Ocorre o carreamento de material da bacia hidrográfica para o

sistema estuarino, a degradação das margens do rio PA pela ação da chuva e,

além disso, a água doce proveniente da drenagem continental apresenta-se

mais turva que a água marinha. Para a amostragem de primavera, os valores

encontrados mostraram-se mais baixos, sendo os maiores valores encontrados

à jusante do estuário, pela maior influência marinha. Por isso, devido à

diferença nos padrões médios entre as duas amostragens, houve diferença

significativa (p=0,012) entre outono e primavera (Figura 49).

Esses resultados podem ser comparados aos resultados de fósforo total para o

mesmo período. Os maiores valores de fósforo total foram registrados na

amostragem de outono, enquanto as menores concentrações foram referentes

à amostragem de primavera (Figura 34), mostrando que as duas variáveis

ambientais possuem relação direta para a amostragem de outono, amostragem

com maior índice pluviométrico. Gaigher (2005) encontrou essa mesma relação

para o SEPAPM, da mesma forma que Signorin et al., (2005) também

encontraram para o estuário do rio Pequerê (SC). Isso pode ser explicado pelo

Page 78: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

77

fato de que o fósforo pode ser um indício da contribuição deste nutriente

existente no sedimento para a coluna d’água, através da ressuspensão e

solubilização de fosfato do sedimento ou material carreado pelo rio (GAIGHER,

2005; BEM, 2009).

Rossoni (2012) mostrou para o mesmo estuário, na amostragem de OSMA,

que a estação 20 registrou 36,41 mg/L de MPS, ao passo que a estação 44

registrou 50,04 mg/L de MPS. Barroso (2004) encontrou a concentração

máxima de 31,33 mg/L de MPS na porção superior do estuário do PA. Isso

mostra que mais à montante do rio PA a concentração de MPS é maior,

possibilitando inferir que nessa região a turbidez é inorgânica. Souza-

Fernandes e Camargo (2004) para o estuário do rio Itanhaém (São Paulo),

também encontraram esse mesmo padrão, com os menores valores variando

de 8 UNT a 38 UNT em período com menor índice pluviométrico, ao passo que

no período de maior pluviosidade, os maiores valores registrados de turbidez

variaram de 22 UNT a 178 UNT. Gaigher (2005) para o SEPAPM encontrou o

maior valor de turbidez referente à estação com maior índice pluviométrico, da

mesma forma que foi encontrado neste trabalho. Além disso, Gaigher (2005)

também confirmou que a turbidez era de origem inorgânica sendo as maiores

concentrações de MPS (42,89 mg/L) também registradas nesse período.

Page 79: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

78

Figura 48 - Modelos médios de distribuição de turbidez das amostragens de outono e

primavera.

Figura 49 - Box plots de turbidez nas amostragens de outono e primavera.

Page 80: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

79

6.7 CORRELAÇÃO DOS DADOS

6.7.1 Outono

Através do teste de Spearman houve correlação significativa negativa entre as

variáveis fósforo total e clorofila a e entre turbidez e clorofila a na amostragem

de OSMA (Figura 50a) indicando que quando maior os valores de fósforo total

e turbidez, menor é a concentração de clorofila a. Isso pode ser explicado pela

maior influência salina com a entrada da maré alta. Em relação à amostragem

de OSMB, através do teste de Spearman houve correlação significativa positiva

entre fósforo total e clorofila a, entre turbidez e clorofila a, e entre fósforo total e

turbidez (Figura 50b). Ou seja, quanto maior a concentração de fósforo total,

maior é a concentração de clorofila a e maior é a turbidez. Isso pode estar

relacionado à menor influência marinha na fase de maré baixa. Nas

amostragens de OQMA, OQMB, OS e OQ (Figura 50c, Figura 50d, Figura 50e

e Figura 50f) pelo teste de Spearman houve correlação significativa positiva

entre fósforo total e turbidez, indicando que as variáveis são diretamente

proporcionais. Isso significa que com o aumento da turbidez ocorreu um

aumento das concentrações de fósforo total, que pode ter sido liberado através

da turbulência e consequente ressuspensão dos sedimentos após a passagem

da maré alta, com entrada da cunha salina, ou também pelo material carreado

pelo rio.

Com os valores médios na amostragem de outono (Figura 50g), pelo teste de

Spearman, também houve correlação significativa positiva entre fósforo total e

turbidez, conforme ocorreu nas amostragens supracitadas. Possivelmente a

chuva foi um fator contribuinte para o aumento da turbidez e da concentração

de fósforo total na água no período de outono. Gaigher (2005) também

encontrou correlação significativa positiva entre os parâmetros fósforo total e

turbidez para o SEPAPM. Além disso, houve correlação significativa negativa

entre e turbidez e clorofila a, indicando que os maiores valores de turbidez,

devido à maior lixiviação do solo foram responsáveis pela menor concentração

de clorofila a.

Page 81: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

80

Figura 50 - Teste de correlação de Spearman para as amostragens de OSMA (a), OSMB (b),

OQMA (c), OQMB (d), OS (e), OQ (f) e Outono (g).

Era de se esperar que a relação clorofila a e fósforo total desse significativa

positiva, principalmente no período chuvoso com a contribuição da chuva

através da lixiviação dos solos da bacia hidrográfica. Essas duas grandezas

estão diretamente relacionadas, sendo que quanto maior a disponibilidade do

nutriente (representado neste caso pelo fósforo total) maior seria o crescimento

de algas e plantas (representadas pela presença do pigmento clorofila).

Entretanto, ambientes tropicais possuem uma assimilação de nutrientes mais

intensa, da mesma forma que a sua perda (excreção, sedimentação de fósforo

particulado) também é maior (VON SPERLING, 2001). Durante a maior parte

desse estudo não ocorreu correlação significativa positiva entre clorofila a e

fósforo total. Parizzi et al., (2010) também encontraram esse mesmo padrão.

Isso pode ser explicado pelo fato de determinados sais inorgânicos limitarem a

produção fitoplanctônica, havendo uma alternância entre a disponibilidade de

nutrientes e os níveis adequados de biomassa fitoplanctônica (RUSSEL, 1970).

6.7.2 Primavera

Através do teste de Spearman houve correlação significativa negativa para a

amostragem de PSMA (Figura 51a) entre clorofila a e turbidez, indicando que

Page 82: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

81

quanto maior a turbidez, menor é a concentração de clorofila a. Durante a

condição de sizígia, pela maior turbulência das águas, e, consequente

ressuspensão de sedimentos e também pela maior amplitude de maré a

turbidez, possivelmente, faz referência à turbidez inorgânica. Para a

amostragem de PSMB (Figura 51b) houve correlação significativa negativa

entre clorofila a e turbidez e entre clorofila a e fósforo total. Além disso, houve

correlação significativa positiva entre fósforo total e turbidez. Para as

amostragens de PQMA e PQMB (Figura 51c e Figura 51d), houve correlação

significativa positiva entre clorofila a e turbidez. Isso significa que quanto maior

o valor de turbidez, maior será a concentração de clorofila a. Já que durante a

condição de quadratura há uma menor amplitude de maré e

consequentemente, menor movimentação das águas do estuário, essa

turbidez, possivelmente, faz referência à turbidez orgânica, oriunda de detritos

orgânicos, algas, bactérias e plâncton em geral. Além disso, na amostragem de

PQMA também houve correlação significativa entre fósforo total e turbidez.

Para a amostragem de PS (Figura 51e) houve correlação significativa negativa

entre clorofila a e fósforo total e entre clorofila a e turbidez e correlação

significativa positiva entre fósforo total e turbidez. Já para a amostragem de PQ

(Figura 51f) houve correlação significativa positiva entre clorofila a e fósforo

total, entre clorofila a e turbidez e entre fósforo total e turbidez. Já para a média

das variáveis na amostragem de primavera (Figura 51g), houve correlação

significativa positiva apenas entre fósforo total e turbidez.

Page 83: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

82

Figura 51 - Teste de correlação de Spearman para as amostragens de PSMA (a), PSMB (b),

PQMA (c), PQMB (d), PS (e), PQ (f) e Primavera (g).

Page 84: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

83

7 CONCLUSÕES

Na amostragem de outono o estuário mostra que quanto maior a vasão fluvial,

maior é a turbidez e a concentração de fósforo total, sendo estes influenciados

pela lixiviação do solo provocado pela água da chuva, e menor é a

concentração de clorofila a pela maior atenuação da luz.

Já na amostragem de primavera, com menor influência das águas pluviais, a

clorofila a apresenta maiores concentrações à montante do estuário, oriundas

da produtividade biológica autóctone. Em relação ao fósforo total, os valores

não possuem um padrão definido, apenas apresentam baixas concentrações,

enquanto que a turbidez apresenta valores maiores em direção à

desembocadura do estuário.

A situação trófica do estuário do rio PA em relação à concentração de clorofila

a mostra-se oligotrófica para as amostragens de OS, mesotrófica para as

amostragens de OQMA e PS, eutrófica para as amostragens de PQ e

hipereutrófica para a amostragem de OQMB. Em reação à concentração de

fósforo total, o estuário mostra-se mesotrófico em todas as amostragens.

Page 85: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

84

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBINO, J. Processos de sedimentação atual e morfodinâmica das Praias de Bicanga a Povoação, ES. Tese (Doutorado). Programa de Pós-graduação em Geologia Sedimentar. Instituto de Geociências USP. 1999.

APHA. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. American Public Health Association, American Water Works Association and Water Environment Federation. 21st Edition. Baltimore, MD. United Book Press. 2005.

BARROSO, G. F.; LITTLEPAGE, J. Protocolo para análise de clorofila a e feopigmentos pelo método fluorimétrico (Fluorímetro TD-700). Programa Brasileiro de Intercâmbio em Maricultura (BMPL) e Programa de Monitoramento Ambiental. Vitória. 1998.

BARROSO, G. F. Development of an evaluation framework for sustainable bivalve aquaculture: a strategic plan approach in Espírito Santo, Brazil. 229f. Ph.D. Dissertation, Doutorado em Geografia – University of Victoria, Canadá. 2004.

BARROSO, G.F.; LÉLLIS, F.S.; MARTINS, F.C.O.; SANTANA, S.E. Integrated river basin management: incorporating coastal zone issues. In: BILIBIO, C.; HENSEL, O.; SELBACH, J.F.; LEITE, J.R.S.A., Org. Sustainable water management in the tropics and subtropics. Kassel: University of Kassel, 2012.

BASTOS, R. B.. Variação espaço-temporal da biomassa fitoplanctônica relacionada com parâmetros abióticos no estuário do rio Una (Pernambuco – Brasil). 56f. Monografia (Graduação em Biologia) - Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE. 2002.

BEM, C.C. Determinação do estado de eutrofização de um lago raso: estudo de caso do lago Barigui – Curitiba. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental) - Universidade Federal do Paraná. 2009.

BERTOLDI, L.; MALACARNE, B. LOCATELLI, C.L.; COUTINHO, E. AMÉRICO, M.H. Avaliação colimétrica espaço-temporal no Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim (Aracruz, ES). Anais do Congresso Brasileiro de Oceanografia, 2012. Rio de Janeiro, Brasil.

Page 86: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

85

BOYD R., DALRYMPLE R. W., ZAITLIN B. A. Classification of clastic coastal depositional environments. Sedimentary Geology, 80: p. 139–150, 1992.

BRANCO, E. S. Aspectos ecológicos da comunidade fitoplanctônica no sistema estuarino de Barra das Jangadas (Jaboatão dos Guararapes-Pernambuco-Brasil). 125f. Dissertação (Mestrado em Oceanografia Biológica) - Universidade Federal de Pernambuco. Recife, PE. 2001.

BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: 18 de mar.

BRICKER, S.B.; CLEMENT, C.G.; PIRHALLA, D.E.; ORLANDO, S.P.; FARROW, D.R.G. National Estuarine Eutrophication Assessment: Effects of Nutrient Enrichment in the Nation’s Estuaries. NOAA, National Ocean Service, Special Projects Office and the National Centers for Coastal Ocean Science, Silver Spring, MD, 71 p. 1999.

BRICKER, S. B.; FERREIRA, J. G.; SIMAS, T. An integrated methodology for assessment of estuarine trophic status. Ecological Modelling. V. 169: 36-60. 2003.

CALIMAN, A; MOULIN, C.T.A.; BARROS, F.M.; MONTEIRO, M.G.C.; PASTE, M.R.; SALLES, M.M.; FERREIRA, N.V.T.; RIBEIRO, V.M.C. Projeto de Macrozoneamento Costeiro do Estado do Espírito Santo – Região Litoral Norte – Meio Antrópico – Memorial Descritivo. Vitória: Instituto Jones dos Santos Neves, p.147. 1997.

CARMOUZE, J. P. O metabolismo dos ecossistemas aquáticos: fundamentos teóricos, métodos de estudo e análises químicas. Editora FAPESP. 253p. 1994.

CHESTER, R.; RILEY, J.O. Introducción a la quimica marina. Editora A.G.T. Editor, S.A. – México. p 457. 1989.

CLARK, J. Coastal Zone Management Handbook. New York: Lewis Pubisher/CRC Press. 694 p. 1996

CRUZ, U.R.F. Caracterização da comunidade fitoplanctônica no trecho final dos rios Piraquê-Açú e Piraquê-Mirim, Aracruz-ES. Monografia (Graduação em Oceanografia) - Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória. 2004.

Page 87: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

86

CUNHA, K.J.O. Variações espaciais e temporais da biomassa fitoplanctônica no trecho final dos rios Piraquê-Açú e Piraquê-Mirim, Aracruz-ES. Monografia (Graduação em Oceanografia) - Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória. 2004.

DALRYMPLE, R. W.; ZAITLIN, B. A.; BOYD, R. Estuarine Facies Models: conceptual basis and stratigraphic implications. Journal of Sedimentary Petrology, 62(6): p. 1130-1146. 1992.

DIAS, M.E.F. Utilização de um sistema de informação geográfica na caracterização de áreas de dragagem. Dissertação (Mestrado em Ciências e Sistemas de Informações Geográficas) - Universidade Nova Lisboa. Lisboa. 2005.

DIONNE, J. C. Towards a more Adequate Definition of the St. Lawrense Estuary. Zeitschr. F. Geomorphology. 7(1):36-4. 1963.

DYER, K. R. Estuaries - A Physical Introduction, 2 ed. West Sussex, John Wiley & Sons Ltd. EEA (European Environment Agency), Integrated environmental assessment of coastal zones. 1997.

ESCHRIQUE, S.A. Hidrogeoquímica do fósforo no estuário do Jaguaribe (CE). Dissertação (Mestrado em Ciências Marinhas Tropicais) - Universidade Federal do Ceará-CE. 2007.

FAIRBRIDGE, R. W. The Estuary: Its Definition and Geodynamic Cycle. In: OLAUSSON, E.; CATO, I. (Eds.). Chemistry and Biogeochemistry of Estuaries. Interscience Publishers: New York, p. 1-35. 1980.

FIGUEIREDO, B.L.; SANTOS, M.L.S. Distribuição das formas de fósforo no estuário de Vigia – Pará. Anais do 10º Seminário Anual de Iniciação Científica da UFRA, 26 à 29 de setembro de 2012.

FONTANA, A. R. Análise da trajetória da pluma de derrames de petróleo e derivados na região de fundeadouro das Baías de Vitória e do Espírito Santo para proteção das áreas ambientais sensíveis. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) - Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória. 2003.

GAIGHER, L. P. Avaliação das concentrações de Fósforo total e Nitrogênio total no estuário do rio Piraquê-açu e Piraquê-mirim (Aracruz- ES). Monografia (Graduação em Oceanografia) - Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória. 2005.

Page 88: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

87

GIOVANARDI, F.; VOLLENWEIDER, R.A. Trophic conditions of marine coastal waters: experience in applying the Trophic Index TRIX to two areas of the Adriatic and Tyrrhenian seas. Journal of Limnology 63 (2): 199-218, 2004.

GUILDFORD, S. J.; HECKY, R. E. Total nitrogen, total phosphorus, and nutrient limitation in lakes and oceans: Is there a common relationship? Limnology and Oceanography. 45(6): 1223-1243. 2000.

GUIMARÃES, A.G. Tempo de residência da água e estado trófico da porção interna do estuário do rio Cachoeira, Ilhéus-BA. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) - Universidade Estadual de Santa Cruz. Ilhéus, BA, 2006.

HONORATO, M.S. Fitoplâncton do estuário do rio Formoso (Rio Formoso, Pernambuco, Brasil): biomassa, taxonomia e ecologia. Recifem PE: 131f. Dissertação (Mestrado em Oceanografia) - Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco. 2003.

IEMA. Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. As águas da Bacia do Riacho. Disponível em: <www.meioambiente.es.gov.br/download/banner_riacho.pdf>. Acesso em: 20 maio 2011.

INCAPER. Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. Caracterização climática do município de Aracruz. EMCAPA/NEPUT. Disponível em: <http://hidrometeorologia.incaper.es.gov.br/caracterizacao/aracruz_carac.php>. Acesso em: 07 abril 2008.

JESUS, H. C.; SANTANA, E. J.; BELO, M. J.; SILVA, L. B.; CEOTTO, C. S.; CASTRO NEVES, D. M.; CASTRO, L. B. Avaliação da poluição ambiental dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim (Santa Cruz – ES) através da análise de águas, biomonitores e sedimentos. Relatório Técnico - Projeto Aracruz Celulose. 2009.

KJERFVE, B. Description of the Georgia Estuary. M. S. Essay. Seattle. Dept. of Oceanography, University of Washington. p43. 1970.

KRAMER, K. J. M.; BROCKMANN, U. H.; WARWICK, R. M. Tidal estuaries: Manual of Sampling and Analytical Procedures. Brussels-Luxemburgo: p.304. 1994.

Page 89: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

88

LEITE, T.A. Variação espacial e temporal da salinidade no Sistema Estuarino do rio Piraquê-açu (Aracruz, ES). Dissertação (Mestrado em Oceanografia Ambiental) - Universidade Federal do Espírito Santo, ES. 2012.

LOBBAN, C.S.; HARRISON, P.J. Seaweed ecology and physiology. Cambridge University Press. Cambridge pp. 163-209. 1994.

LOPES, R.M., VALE, R., BRANDINI, F.P. Composição, abundância e distribuição especial do zooplankton no complex estuarino de paranaguá durante o inverno de 1993 e o verão de 1994. Revista Brasileira de Oceanografia. 46(2):195-211, 1998.

LOUREIRO, K. A instalação da empresa Aracruz Celulose S/A e a “moderna” ocupação das terras indígenas Tupiniquim e Guarani Mbya. Revista Ágora, Vitória, n.3, p. 1-32, 2006.

LUCAS, P.S. Influência de uma estação de tratamento de esgoto sobre um sub-sistema estuarino (Canal da Passagem, Vitórioa, ES): comunidade fitoplanctônica e nutrientes. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) - Universidade Estadual do Norte Fluminense, RJ. 2002.

LUCAS, A.P.O. Variação sazonal do zooplâncton nos estuários dos rios Botafogo e Siriji, litoral norte de Pernambuco – Brasil. Dissertação (Mestrado em Recursos Pesqueiros e Aqüicultura) - Departamento de Pesca, Universidade Federal Rural de Pernambuco. 2006.

MARTIN, L.; SUGUIO, K.; FLEXOR, J.M.; ARCHANJO, J.D. Coastal Quaternary formations of the southern part of the state of Espírito Santo (Brazil). Anais da Academia Brasileira de Ciências. 68(3): 389-404. 1996.

MEDEIROS, P. M. Avaliação da origem de hidrocarbonetos em sedimentos marinhos de Santos e São Sebastião, utilizando-se hidrocarbonetos marcadores geoquímicos. Dissertação (Mestrado) - Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, 2000.

MELO MAGALHÃES, E. M. Ecologia do fitoplâncton do complexo estuarino-lagunar Mundaú/Manguaba, Alagoas-Brasil. Recife, PE. 92f. Dissertação (Mestrado em Oceanografia) - Universidade Federal de Pernambuco. 2000.

MIRANDA, L. B., CASTRO, B. M., KJERFVE, B. Princípios de Oceanografia Física de Estuários. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo (Acadêmica; 42). 2002.

Page 90: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

89

MIZERKOWSKI, B.D. Modelo comparativo do estado trófico estuarino: Babitonga, Guaratuba, Laranjeiras e Cananéia. Pontal do Paraná, PR. Dissertação (Mestrado em Sistemas Costeiros e Oceânicos). Universidade Federal do Paraná. 2007.

MMA. Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha do Brasil. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 242 p. 2008.

MOREIRA, M. O. P. Produção fitoplanctônica em um ecossistema estuarino tropical (estuário do rio Cocó, Fortaleza, Ceará) Recife, PE. 338f. Dissertação (Mestrado em Oceanografia) - Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco. 1994.

MOURA, R. T. Biomassa, produção primária do fitoplâncton e alguns fatores ambientais na Baía de Tamandaré. Rio Formoso. Pernambuco. Brasil. Recife, PE. 209f. Dissertação (Mestrado em Oceanografia). Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, 1991.

MOURA JUNIOR, A. M. Microfitoplâncton no estuário do rio Vaza-Barris, Sergipe. Recife, PE. 128f. Dissertação (Mestrado em Botânica) - Universidade Federal Rural de Pernambuco. 1997.

MUEHE, D. Geomorfologia Costeira. In: CUNHA, D.S. e GUERRA, T. J. A. (Org) Geomorfologia: Técnicas e Aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

MUROLO, P.P.A.; CARVALHO, P.V.V.C. CARVALHO, M.L.B.; SOUZA-SANTOS, L.P.; SANTOS, P.J.P. Spatio-temporal variations of microphytobenthos in the Botafogo and Siri estuaries (Northeast - Brazil). Brazilian Journal of Oceanography. 54(1):19-30. 2006.

SILVA NETO, A.G. Alimentação da Tainha Mugil curema (Perciformes: Mugilidae) e caracterização ambiental do estuário do rio Paraíba do Norte. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) - Universidade Estadual da Paraíba. 2012.

NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration. NOAA’s Estuarine Eutrophication Survey. Office of Ocean Resources Conservation and Assessment. Disponível em: http: <seaserver.nos.noaa.gov.> Acesso em: 15 abril 2013. 55 p. 1996.

Page 91: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

90

PAQUES, F.W.; MACEDO, G.A. Lipases de látex vegetais: propriedades e aplicações industriais. Química. Nova, Vol. 29, No. 1, 93-99. 2006.

PARIZZI, R.A.; MIRA, G.; OORTMAN, M.S.; GOUVEIA, C.; BECKER, E.C.; CONORATH, G.; BIEGER, E.; LORENZI, L.; SOUZA, J.M.C.; MAZZER, A. Relação entre clorofila a e nutrientes dissolvidos no canal do rio Palmital, Estuário Baía da babitonga (Santa Catarina). Anais do XIII Simpósio de Biologia Marinha, Santos/SP. Resumo Expandido n.61. p.4. 2010.

PAZOLIN, E. V.; TATAGIBA, S. S.; GARCÍA-PRADO, J. A.; FREITAS, R. R. Ecoturismo e preservação do manguezal: O Rio Piraquê - Açu. Caderno Virtual de Turismo, Brasil, v. 7, n. 2, p. 57- 63. 2007.

PEREIRA, C.T.C. Caracterização hidrogeoquímica do estuário do rio Curuçá (município de Curuçá – NE do Pará). Dissertação (Mestrado em Geologia e Geoquímica). Belém, PA. 2006.

PERILLO, G. M. E. Geomorphology and Sedimentology of Estuaries. Developments in Sedimentology. n. 53, Elsevier Science, 471p. 1995.

PIMENTA, M.G.R. Coliformes termotolerantes, fosfato e metais-traço (Cu, PB e Hg) em água e sedimento das galerias pluviais de Fortaleza (CE). p70. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós Graduação em Ciências Marinhas Tropicais, Universidade Federal do Ceará. 2006.

PRITCHARD, D. W. Estuarine Hydrography. Advances in Geophysics. Vol 1, Academic press, New York, pp.: 243-280. 1952.

RABALAIS, N. N. Nitrogen in aquatic ecosystems. Ambio. 31(2): 102-112. 2002.

ROSSONI, L. M. Determinação dos marcadores moleculares no material particulado em suspensão do estuário do rio Piraquê-açú, Aracruz-ES. Monografia (Graduação em Oceanografia) - Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, 2013.

RUSSEL, H.W. Aquatic Productivity: in Introduction to some basic aspects of Biological Oceanography and Limnology. London: The Macmillan Company, 306p. 1970.

RYTER, J. H.; DUNSTAN, W. M. Nitrogen, phosphorus and eutrophication in the coastal marine environment. Science. 171: 1008-1013. 1971.

Page 92: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

91

SCHAEFFER, J.C. Variações da comunidade fitoplanctônica na região estuarina dos rios Piraquê-Açú e Piraquê-Mirim (Aracruz, ES) e suas relações com os fatores ambientais. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, 2005.

SCHINMDLER, D.W.; VALLENTYNE, J.R. The algal bowl: overfertilization of the world’s freshwaters and estuaries. London, Earthscan, 334p. 2008.

SIGNORIN, M.; PEREIRA FILHO, J; DELFIM, R. SCHETTINI, C.A.F. Hidrodinâmica e nutrientes inorgânicos dissolvidos no estuário do rio Perequê, SC. Brazilian Journal of Aquatic Sciences and Technolology. 14(2):11-19. 2010.

SILVA, M. C. Estuários – Critérios para uma classificação ambiental. RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos. Volume 5, n 1, jan/mar, 25-35p. 2000.

SILVA, A.E. Caracterização morfosedimentar e setorização do Sistema Estuarino dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim e da plataforma continental interna adjcanete, Aracruz – ES. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, 2012.

SOUZA-FERNANDES, P.E.; CAMARGO, A.F.M. Efeito da salinidade e do esgoto orgânico sobre a comunidade zooplanctônica, com ênfase nos copépodes, do estuário do rio Itanhaém, Estado de São Paulo. Maringá, v. 26, no. 1, p. 9-17. 2004.

STRICKLAND, J.D.H.; PARSONS, T.R. A practical handbook of seawater analysis. Fisheries ResearchBoard of Canada, Ottawa. 310p. 1972.

THOMANN, R. VB., MUELLER, J. A. Principles of surface water quality modeling and control. New York: Harper & Row, 1987.

TUNDISI, J.G.; TUNDISI, T.M. Produção orgânica em ecossistemas aquáticos. Ciência & Cultura. São Paulo: V.28 n.8. 1976.

TYRRELL, T. The relative influences of nitrogen and phosphorus on oceanic primary production. Nature. 400: 525-531. 1999.

VON SPERLING, E. Uso de relações limnológicas para avaliação da qualidade da água em mananciais de abastecimento. In: Associação Brasileira de

Page 93: DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE CLOROFILA A...maré de sizígia e quadratura, nas fases de maré alta e maré baixa..... 48 Figura 16 - Modelos de distribuição de clorofila a

92

Engenharia Sanitária e Ambiental; AIDIS. Saneamento ambiental: desafio para o século 21. Rio de Janeiro, ABES, p.1-3. 2001.

WHITE, D. L., PORTER, D. E., LEWITUS, A. J. AND KEESEE, J. Spatial gradient analyses of nutrients and chlorophyll a biomass in an urbanized lagoonal estuary: a comparison between wet and dry periods. Journal of Coastal Research. 24(3): 649-659. 2008.

YUNG, Y.K.; YAU, K.; WONG, C.K; CHAN, K.K.; YEUNG, I.; KUEH, C.,S.,W. Some observations on the changes of physico-chemical and biological factors in Victoria Harbour and vicinity. Hong Kong. Marine Pollution Bulletin, 39: 315–325. 1999.