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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE ESPÉCIES DO BIOMA MATA ATLÂNTICA COM POTENCIAL DE USO EM OBRAS DE ENGENHARIA NATURAL EM TRAVESSIAS DUTO-VIÁRIAS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Paula Letícia Wolff Kettenhuber Santa Maria, RS, Brasil 2014

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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE ESPÉCIES DO BIOMA MATA ATLÂNTICA COM POTENCIAL DE USO EM OBRAS DE ENGENHARIA NATURAL EM TRAVESSIAS DUTO-VIÁRIAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS

CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE ESPÉCIES DO

BIOMA MATA ATLÂNTICA COM POTENCIAL DE

USO EM OBRAS DE ENGENHARIA NATURAL EM

TRAVESSIAS DUTO-VIÁRIAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Paula Letícia Wolff Kettenhuber

Santa Maria, RS, Brasil

2014

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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE ESPÉCIES DO BIOMA

MATA ATLÂNTICA COM POTENCIAL DE USO EM OBRAS

DE ENGENHARIA NATURAL EM TRAVESSIAS DUTO-

VIÁRIAS

Paula Letícia Wolff Kettenhuber

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Florestal,

Área de concentração Manejo Florestal, na Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira

Florestal.

Orientador: Prof. Dr. Fabrício Jaques Sutili

Santa Maria, RS, Brasil

2014

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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências Rurais

Departamento de Ciências Florestais

Curso de Engenharia Florestal

A Comissão examinadora, abaixo assinada,

aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE ESPÉCIES DO BIOMA MATA

ATLÂNTICA COM POTENCIAL DE USO EM OBRAS DE

ENGENHARIA NATURAL EM TRAVESSIAS DUTO-VIÁRIAS

elaborado por

Paula Letícia Wolff Kettenhuber

e como requisito parcial para obtenção do grau de

Engenheira Florestal

COMISSÃO EXAMINADORA:

_________________________________________

Prof. Dr. Fabrício Jaques Sutili

(Engº Florestal - Presidente/Orientador)

_________________________________________

Prof. Dr. Luciano Denardi - UFSM

(Engº Florestal)

_____________________________________

Rita Sousa

(Engª Biofísica- Mestranda - PPGEF - UFSM)

Santa Maria, 11 de julho de 2014

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Dulce Wolff Kettenhuber e Walmir Gilberto Kettenhuber

pelo amor incondicional e pela confiança que me fortalece todos os dias.

Agradeço a dedicação, a preocupação e principalmente a educação que me

deram. Agradeço muito pela garra, vontade e trabalho árduo para ter condições

de fazer com que os filhos estudassem. Sem vocês não teria chegado até aqui.

Aos meus irmãos, Volnei e Luis pelo apoio em todas as etapas da minha

vida, por me mostrarem que a nossa união ultrapassa todos os obstáculos.

A Luis Augusto Cezaro, ofereço um agradecimento especial, por ter

vivenciado comigo passo a passo os detalhes deste trabalho, ter me ajudado, por

ter me dado todo o apoio que necessitava nos momentos difíceis, todo carinho,

respeito e companheirismo.

A Universidade Federal de Santa Maria, agradeço pela oportunidade e

aprendizado oferecido. Aos professores do curso de Engenharia Florestal, pelos

ensinamentos transmitidos, amizade e dedicação.

Em especial agradeço ao meu orientador, Professor Fabrício Jaques Sutili,

pela oportunidade e apoio na elaboração deste trabalho.

A Rita Sousa, pela amizade e confiança, agradeço pela dedicação,

sugestões e principalmente pelas correções deste trabalho.

Aos amigos e familiares, pelo apoio e compreensão nas horas difíceis, nas

horas de ausência, muitas delas dedicadas aos trabalhos, e também nas horas

alegres compartilhadas.

Muito Obrigada a todos!

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RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso

Graduação em Engenharia Florestal

Universidade Federal de Santa Maria

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE ESPÉCIES DO BIOMA MATA

ATLÂNTICA COM POTENCIAL DE USO EM OBRAS DE

ENGENHARIA NATURAL EM TRAVESSIAS DUTO-VIÁRIAS

AUTOR: Paula Letícia Wolff Kettenhuber

ORIENTADOR: Fabrício Jaques Sutili

Data e local: Santa Maria, 11 de julho de 2014.

Este trabalho apresenta-se como uma ferramenta de pesquisa de plantas com potencial

de uso em obras de Engenharia Natural. As técnicas de Engenharia Natural valem-se das

características biotécnicas da vegetação para estabilização de taludes fluviais e terrestres,

naturais e artificiais. Um ponto importante que deve ser levado em consideração na seleção

das espécies para uso em obras é a sua ocorrência natural, com vistas a verificar a adaptação

das espécies a novos ambientes, assim deve-se priorizar o uso de espécies autóctones. O

presente trabalho teve por objetivo gerar mapas de distribuição geográfica de espécies com

potencial de uso em obras de travessia de dutos terrestres no bioma Mata Atlântica. As

espécies consideradas foram Calliandra brevipes Benth., Phyllanthus sellowianus Müll. Arg.,

Pouteria salicifolia (Spreng.) Radlk., Salix humboldtiana Willd., Sebastiania schottiana

(Müll. Arg.) Müll. Arg., Terminalia australis Camb., Cordia verbenacea DC., Ludwigia

tomentosa (Cambess.) H. Hara, Senna reticulata (Willd.) H.S.Irwin & Barneby, Sesbania

virgata (Cav.) Pers., Solanum paniculatum L., Calliandra tweedii Benth., Cephalanthus

glabratus (Spreng.) K. Schum., Escallonia bifida Link & Otto, Sambucus australis Cham. &

Schltdl., Schinus terebinthifolius Raddi e Sebastiania brasiliensis Spreng. Algumas destas

espécies já foram estudadas e sabe-se que possuem características bioténicas, outras ainda

estão em estudo, tendo seu potencial apontado pelos resultados preliminares.

Palavras-chave: Bioengenharia de Solos; vegetação; características biotécnicas.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Mapa do bioma Mata Atlântica e suas formações fitogeográficas

(IBGE, 2008) ................................................................................................ 15

Figura 2 - Mapa de localização dos dutos terrestres no Brasil, segundo

Agência Nacional do Petróleo, 2009: A – Dutos de petróleo e derivados; B –

Dutos de gás natural ...................................................................................... 15

Figura 3 - Mapa das coleções integrantes da rede speciesLink: Sistema de

informação distribuído para coleções biológicas (<http://splink.cria.org.br/>) ..... 19

Figura 4 - Calliandra brevipes (Fonte: Van Houtte, 1950) ......................... 20

Figura 5 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Calliandra brevipes

............................................................................................................... 22

Figura 6 - Calliandra tweedii (Fonte: Von Houtte, 1945) ........................... 23

Figura 7 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Calliandra tweedii

............................................................................................................... 24

Figura 8 - Cephalanthus glabratus (Fonte: Flora Brasiliensis, prancha 94).

............................................................................................................... 25

Figura 9 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Cephalanthus glabratus .

............................................................................................................... 27

Figura 10 - Cordia verbenacea (Fonte: <http://plantillustrations.org.>) ..... 28

Figura 11 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Cordia verbenacea

............................................................................................................... 30

Figura 12 - Escallonia bifida (Fonte: Edward’s Botanical Register, 1831) ...... 31

Figura 13 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Escallonia bifida ..... 32

Figura 14 - Ludwigia tomentosa (Fonte: Flora Brasiliensis, prancha 28) ... 33

Figura 15 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Ludwigia tomentosa

............................................................................................................... 34

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Figura 16 - Phyllanthus sellowianus (Fonte: Deble, 2005) .......................... 35

Figura 17 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Phyllanthus sellowianus .... 37

Figura 18 - Pouteria salicifolia (Fonte: <http://plantillustrations.org>) ....... 38

Figura 19 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Pouteria salicifolia

............................................................................................................... 40

Figura 20 - Salix humboldtiana (Fonte: Flora Brasiliensis, prancha 71) ..... 41

Figura 21 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Salix humboldtiana

............................................................................................................... 43

Figura 22 - Sambucus australis (Fonte: Flora Brasiliensis, prancha 99) ..... 44

Figura 23 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Sambucus australis

............................................................................................................... 46

Figura 24 - Schinus terebinthifolius (Fonte: <http://plantillustrations.org>)

............................................................................................................... 47

Figura 25 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Schinus terebinthifolius ......... 49

Figura 26 - Sebastiania brasiliensis (Fonte: Flora Brasiliensis, prancha 80)

............................................................................................................... 50

Figura 27 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Sebastiania brasiliensis

............................................................................................................... 51

Figura 28 - Sebastiania schottiana (Fonte: Flora Brasiliensis, prancha 77)

............................................................................................................... 52

Figura 29 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Sebastiania schottiana .. 54

Figura 30 - Senna reticulata (Fonte: Rita Sousa) ........................................ 55

Figura 31 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Senna reticulata ... 57

Figura 32 - Sesbania virgata (Fonte: < http://plantillustrations.org>) ........ 58

Figura 33 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Sesbania virgata .. 60

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Figura 34 - Solanum paniculatum (Fonte: Sonja Germer, 2012) ................ 61

Figura 35 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Solanum paniculatum ... 63

Figura 36 - Terminalia australis (Fonte:< http://plantillustrations.org>) .... 64

Figura 37 - Mapa de distribuição geográfica da espécie Terminalia australis

............................................................................................................... 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Espécies selecionadas para compor este estudo .......................... 18

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 11

2.1 Engenharia Natural.................................................................................................. 11

2.2 Aplicação da Engenharia Natural em travessias de dutos terrestres ....................... 13

2.3 O bioma Mata Atlântica .......................................................................................... 14

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 16

3.1 Seleção das espécies ............................................................................................... 16

3.2 Obtenção dos dados................................................................................................. 16

4 ESPÉCIES COM POTENCIAL DE USO NAS OBRAS DE ENGENHARIA

NATURAL ............................................................................................................. 20

4.1 Calliandra brevipes Benth. ..................................................................................... 20

4.2 Calliandra tweedii Benth ........................................................................................ 23

4.3 Cephalanthus glabratus (Spreng.) K. Schum ......................................................... .25

4.4 Cordia verbenacea DC. .......................................................................................... 28

4.5 Escallonia bifida Link & Otto ................................................................................ 30

4.6 Ludwigia tomentosa (Cambess.) H. Hara .............................................................. 33

4.7 Phyllanthus sellowianus Müll. Arg ......................................................................... 35

4.8 Pouteria salicifolia (Spreng.) Radlk ....................................................................... 38

4.9 Salix humboldtiana Willd. ...................................................................................... 41

4.10 Sambucus australis Cham. & Schltdl. .................................................................... 44

4.11 Schinus terebinthifolius Raddi ................................................................................ 47

4.12 Sebastiania brasiliensis Spreng .............................................................................. 50

4.13 Sebastiania schottiana (Müll. Arg.) Müll. Arg. ...................................................... 52

4.14 Senna reticulata (Willd.) H.S.Irwin & Barneby ..................................................... 55

4.15 Sesbania virgata (Cav.) Pers ................................................................................... .58

4.16 Solanum paniculatum L. ......................................................................................... 61

4.17 Terminalia australis Camb ..................................................................................... 64

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 67

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 69

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1 INTRODUÇÃO

A Engenharia Natural vale-se de técnicas-biológicas (biotécnicas) em que plantas ou

partes destas, são usadas como material vivo de construção. Sozinhas, ou combinadas com

materiais inertes (madeira, estacas, fibras de coco, juta, palha, biomantas, pedra, ferro,

geossintéticos e outros), tais plantas devem proporcionar estabilidade às áreas em tratamento

(SCHIECHTL; STERN, 1992). Em comparação com técnicas tradicionais de Engenharia, a

Engenharia natural oferece vantagens, como por exemplo: custo geralmente menor,

manutenção reduzida (dependendo da localização e objetivo da obra), estruturas de menor

impacto ambiental, aumento do valor estético e ecológico e também da funcionalidade da

obra (MORGAN; RICKSON, 1995).

Os campos de aplicação das técnicas de Engenharia Natural são variados e vão desde

os clássicos problemas de erosão de encostas, deslizamentos de terra, arranjo hidráulico em

áreas montanhosas, reconexão ambiental de infraestruturas lineares (aterros rodoviários e

ferroviários, dutos terrestres e canais), pedreiras e aterros sanitários, margens de cursos de

água de planícies, empreendimentos industriais e outras obras de infraestrutura, consolidações

costeiras, ou mesmo a simples restauração de habitat e reconstrução de elementos ecológicos

(CORNELINI; SAULI, 2005).

Para Sutili (2007) os cursos de água frequentemente apresentam problemas

decorrentes do seu comportamento processual natural, que por vezes, são agravados ou

mesmo, resultantes das ações antrópicas de ocupação. Esses problemas podem, com o devido

serem mitigados ou mesmo solucionados pela Engenharia Natural.

Dentre as ações humanas potencialmente impactantes estão às obras lineares de

infraestrutura, como as duto-viárias, que inevitavelmente encontram nos cursos de água um

obstáculo que precisa ser vencido. Isso deve ser realizado com segurança à obra de

infraestrutura e também mantendo a máxima integridade possível do sistema fluvial.

Atualmente o Brasil conta com mais de 14.000 km de dutos terrestres destinados ao

transporte de óleo e gás (PETROBRAS TRANSPORTES S.A., 2012). Essa malha se

concentra, notadamente, na região do bioma Mata Atlântica.

Uma significativa parte dos problemas ocorridos em áreas de travessias de dutos

podem, ser minimizados ou mesmo solucionados pelas técnicas de Engenharia Natura.

Para aplicação das técnicas de Engenharia Natural é imprescindível que o material

vegetal empregado preencha alguns requisitos, dependentes de cada situação particular de

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uso, considerando-se os aspectos ecológicos e fitossociológicos, de reprodução e,

fundamentalmente, de aptidão biotécnica (DURLO; SUTILI, 2005). Além disso, deve-se dar

preferência às espécies autóctones, ou seja, originárias do local onde se pretende intervir, uma

vez que estas já estão adaptadas ao clima e solo da região garantindo assim baixo custo de

implantação e melhores chances de sucesso na sobrevivência e adaptação das espécies.

Muitos autores já evidenciaram o potencial biotécnico de espécies da Mata Atlântica e

novas espécies estão sendo estudadas, porém, existe uma lacuna de informações sobre a

distribuição geográfica das espécies com potencial para serem usadas em EN.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho é gerar mapas de distribuição geográfica

de espécies com potencial para uso em obras de Engenharia Natural no bioma Mata

Atlântica e apresentar uma breve descrição dessas espécies, para auxiliar na escolha e

reconhecimento das mesmas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Engenharia Natural

A Engenharia Natural é uma disciplina técnica que usa plantas vivas, ou partes destas,

como material de construção em intervenções particularmente eficazes para a estabilização

dos cursos de água e suas margens, encostas e outras situações. Sua ação é orientada

principalmente para limitar os efeitos da erosão causada pelo intemperismo, a estabilização de

encostas e superfícies danificadas por fatores naturais (hidrogeológicos) ou antropogênicos

(pedreiras, aterros, obras de infraestrutura) (MENEGAZZI; PALMERI, 2013).

As plantas, nessa disciplina, têm caráter fundamental, e por isso, não são consideradas

somente do ponto de vista estético e ecológico, mas também funcional e técnico, como

materiais de construções vivos e eficazes. Esta peculiaridade é o que diferencia a disciplina

daquelas que fazem uso apenas de materiais inertes – Engenharia tradicional - ou que usam

plantas apenas com fins paisagísticos e de restauração ecológica (CORNELINI; SAULI,

2005; CORNELINI; FERRARI, 2008).

Para Menegazzi e Palmeri (2013) as técnicas de Engenharia Natural são caracterizadas

por terem baixo impacto ambiental e baseiam-se essencialmente nas características

biotécnicas de algumas das espécies vegetais utilizadas, características estas que podem ser

resumidas essencialmente na capacidade de desenvolver sistemas radiculares profundos e na

elevada capacidade e velocidade de propagação vegetativa. Estas características são

diretamente funcionais na ação eficaz de retenção de partículas do solo e na rápida e ampla

recolonização vegetal de ambientes degradados. A estes elementos vivos podem ser

combinados, tanto materiais biodegradáveis de origem natural, (madeira, plantas ou partes de

plantas, estacas, fibras de coco, juta, palha, madeira, biomantas, etc.) como outros materiais,

como pedra, ferro ou geossintéticos em diferentes combinações (geotêxteis, etc.).

Segundo Gray e Leiser (1982); Begemann e Schiechtl (1994); Morgan e Rickson

(1995); Florineth e Gerstgraser (2000 apud Durlo e Sutili 2005) a vegetação possui

características biotécnicas essenciais à estabilidade das margens dos rios. Para Durlo & Sutili

(2005) essas características podem ser utilizadas para controlar tecnicamente alguns processos

fluviais, como erosões do fundo e das margens, deslizamentos e desmoronamentos e

transporte de sedimentos.

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Conforme Denardi (2007) as plantas selecionadas e utilizadas na recuperação e

manejo dos cursos de água precisam, não apenas sobreviver às condições adversas, mas ainda

resolver o problema técnico existente, isto é ter aptidão biotécnica.

Segundo Durlo e Sutili (2005) sob o enfoque da aptidão biotécnica, e na dependência

de cada situação, a escolha deve recair sobre plantas que:

- Resistam à exposição parcial de suas raízes, em locais onde se prevê formas

erosionais;

- Tenham sistema radicial que permita a fixação do solo (talude), quer pelo

comprimento, volume, distribuição e resistência das raízes, ou pela interação destas

características;

- Resistam ao aterramento parcial, em locais onde se prevê formas deposicionais;

- Resistam ao apedrejamento (oriundos de barrancas altas e declivosas);

- Tenham capacidade de brotar após quebra do ápice, ou corte intencional da parte

aérea;

- Possuam, preferencialmente, a capacidade de se reproduzir por meios vegetativos;

- Apresentam alta ou baixa taxa de transpiração, em função de se desejar reduzir ou

aumentar a umidade da área em questão;

- E possuam crescimento rápido.

Para a escolha das espécies, além das características biotécnicas, devem ser

considerados critérios ecológicos, fitossociológicos e reprodutivos (DURLO; SUTILI, 2005).

Gray e Leiser (1982), Morgan e Rickson (1995) e Florineth e Gerstgraser (2000 apud Durlo e

Sutili, 2005) afirmam que a escolha deve recair de preferência sobre espécies nativas do local,

que estão melhor adaptadas às condições edáficas e climáticas específicas do mesmo. Além

disto, devem possuir uma forma de reprodução fácil e de baixo custo.

As vantagens da utilização de espécies autóctones são diversas, e vão além da

adaptação edafo-climática à sua região de origem. Essas espécies são mais resistentes a pragas

e doenças, exigem pouca manutenção, ajudam a manter o equilíbrio biológico da paisagem e a

diversidade dos recursos genéticos. Também são locais de refúgio, reprodução e muitas vezes

fornecem alimento para a avifauna local, gerando um habitat equilibrado e repleto de

biodiversidade.

Para Sousa (2013) as espécies autóctones também apresentam vantagens quando

comparadas a espécies alóctones, pois estas formam povoamentos homogêneos,

paisagisticamente monótonos, constituem uma grave ameaça para a biodiversidade e

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dificultam o desenvolvimento de flora e fauna autóctone, podendo tornar-se invasoras e

extremamente difíceis de controlar e erradicar. Essas vantagens justificam o uso das espécies

autóctones nas obras de Engenharia Natural.

2.2 Aplicação da Engenharia Natural em travessias de dutos

Os dutos terrestres são utilizados para realizar o transporte de óleo e gás natural pelo

país. O Brasil conta atualmente com mais de 14.000 km de dutos terrestres (PETROBRAS

TRANSPORTES S.A., 2012). A implantação de duto vias envolve impactos consideráveis

nas áreas onde as faixas de dutos são instaladas (ABNT NBR 10703, 1989), sendo que as

principais interferências em termos naturais e paisagísticos, são as ligadas à remoção

temporária da vegetação em grandes áreas para instalação dos dutos, que pela sua morfologia

linear, atravessam extensas áreas contínuas do nosso território (CORNELINI; SAULI, 2005).

As travessias são pontos onde os dutos cruzam rios, lagos, açudes, canais e áreas

permanentemente ou eventualmente alagadas ou por onde a passagem do duto é

necessariamente aérea (PETROBRAS N2726, 2012). A exposição de dutos nas áreas de

travessia de faixas terrestres causa preocupação em toda a malha mantida pelo Sistema

PETROBRAS. Dutos expostos nessas áreas estão muito mais suscetíveis a riscos decorrentes

da ação de terceiros, fenômenos hidráulicos-geotécnicos (perda de suportabilidade, vibração

em decorrência de vórtices, corrida de detritos e outros movimentos de massa) e deterioração

da integridade mecânica (variação térmica e danos aos elementos de proteção catódica). O

grau desses riscos é ainda potencializado pelas consequências de eventuais rupturas, o que

pode resultar em perdas humanas e materiais, e ainda impactos ambientais altamente nocivos.

Atualmente a prevenção, manutenção e recuperação desses pontos de travessia

empregam técnicas tradicionais de Engenharia semelhantes às soluções adotadas em outras

obras de infraestrutura básica, especialmente do setor rodoviário. Essa abordagem tradicional,

muitas vezes, é onerosa e em alguns casos não se justifica técnico-deontologicamente. Ou

seja, nem sempre as práticas em uso solucionam o problema e, quando o fazem, em geral, isso

se dá de modo dispendioso quanto aos aspectos técnicos, ambientais e financeiros. Uma

significativa parte dos problemas ocorridos em áreas de travessia de dutos pode ser

solucionada com intervenções tecnologicamente mais simples, empregadas pela Engenharia

Natural (SUTILI, 2013).

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2.3 O bioma Mata Atlântica

O bioma Mata Atlântica abrange o território dos estados do Espírito Santo, Rio de

Janeiro e Santa Catarina, e parte do território do estado de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio

Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. A Mata Atlântica apresenta uma variedade de formações,

engloba um diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estrutura e composições

florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáticas da região onde

ocorre (PACTO PELA RESTAURAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA, 2009).

O Governo Federal, tendo como objetivo a legalização da proteção da Mata Atlântica,

instituiu o Decreto Federal 750/93 onde considera Floresta Atlântica “as formações florestais

e ecossistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica, com as respectivas

delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE): Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila

Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional

Decidual, manguezais, restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais

do Nordeste” (Figura 1).

Na área de domínio da Mata Atlântica, que compreende 1,3 milhão de quilômetros

quadrados, ou 15% do território brasileiro, está localizada a maioria das cidades e regiões

metropolitanas do Brasil, onde vivem aproximadamente 70% dos mais de 190 milhões de

habitantes do país. Neste domínio também se encontram os grandes polos industriais,

químicos, petroleiros e portuários do Brasil, respondendo por 80% do PIB nacional

(SIQUEIRA; MESQUITA, 2007).

De tal modo que a opção por estudar espécies do bioma Mata Atlântica, deve-se ao

fato da maioria das obras de infraestrutura (rodovias, ferrovias e principalmente as dutovias),

passíveis de aplicação das técnicas de Engenharia Natural, estarem localizadas em regiões

inseridas neste bioma (Figura 2).

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Figura 1 – Delimitação do bioma Mata Atlântica aplicado segundo a lei 11.428 de 2006. Fonte: IBGE (2008).

Figura 2 – Localização dos dutos terrestres no Brasil: A – Dutos de petróleo e derivados; B – Dutos de gás

natural. Fonte: Agência Nacional do Petróleo (2000).

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3 METODOLOGIA

3.1 Seleção das espécies

A seleção das espécies foi baseada em estudos anteriores que demonstraram sua

aptidão biotécnica, em resultados preliminares de testes de propagação vegetativa e

enraizamento e na literatura botânica.

A escolha de Calliandra brevipes Benth., Phyllanthus sellowianus Müll. Arg.,

Pouteria salicifolia (Spreng.) Radlk., Salix humboldtiana Willd., Sebastiania schottiana

(Müll. Arg.) Müll. Arg. e Terminalia australis Camb., deve se ao fato de serem espécies

adaptadas ao ambiente reófilo e por apresentarem algumas características biotécnicas

comprovadas por estudos anteriores de Plunter e Altreiter (2004); Vargas (2007); Monteiro

(2009); Sutili (2004, 2007) e Denardi (2007).

As espécies Cordia verbenacea DC., Ludwigia tomentosa (Cambess.) H. Hara, Senna

reticulata (Willd.) H.S.Irwin & Barneby, Sesbania virgata (Cav.) Pers. e Solanum

paniculatum L. estão sendo estudadas na Universidade Federal do Espírito Santo e na

Universidade Federal de Ouro Preto, e foram selecionadas devido aos bons resultados

preliminares apresentados em testes de propagação vegetativa e enraizamento.

A respeito de Calliandra tweedii Benth., Cephalanthus glabratus (Spreng.) K.

Schum., Escallonia bifida Link & Otto, Sambucus australis Cham. & Schltdl., Schinus

terebinthifolius Raddi e Sebastiania brasiliensis Spreng., cabe comentar, que as mesmas

apresentam, segundo a literatura botânica, características relevantes à Engenharia Natural,

estas espécies propagam-se vegetativamente, habitam naturalmente zonas ripárias, são

espécies pioneiras e indicadas para recuperação de áreas degradadas.

A lista das 17 espécies selecionadas de interesse para a Engenharia Natural no bioma

Mata Atlântica para compor este trabalho está representada na Tabela 1.

3.3 Obtenção dos dados

Primeiramente foi realizada uma pesquisa na literatura botânica disponível, que

contemplou livros, teses, dissertações e sites relacionados ao tema. Nessa pesquisa cada

espécie foi descrita conforme suas características técnicas e não-técnicas, de acordo com os

preceitos da Engenharia Natural.

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17

Posteriormente para confeccionar os mapas de distribuição geográfica das espécies em

estudo foi utilizado um banco de registros botânicos georreferenciados, disponível no projeto

denominado “Sistema de Informação Distribuído para Coleções Biológicas: a Integração do

Species Analyst e do SinBiota (FAPESP)” ou simplesmente speciesLink. Este projeto tem por

objetivo integrar a informação primária sobre biodiversidade que está disponível em museus,

herbários e coleções microbiológicas, tornando-a disponível, de forma livre e aberta na

Internet. A Figura 3 apresenta as coleções participantes da rede speciesLink.

No sistema speciesLink (disponível em http://splink.cria.org.br/), os registros de

coletas foram compilados em planilhas por espécie, na qual foram conferidos da seguinte

forma:

1. Registros sem topônimos conhecidos e sem coordenadas geográficas, bem como os

registros de coletas fora do Brasil foram excluídos.

2. Valores discrepantes das coordenadas foram identificados, e, caso fossem de

topônimos conhecidos, substituídas pelas coordenadas obtidas nas cartas topográficas

do IBGE. A fonte de erro de alguns valores pôde ser facilmente inferida, como

inversão dos valores de latitude e longitude, ou omissão de um dígito. Nestes casos, as

coordenadas foram corrigidas.

Após a verificação das planilhas georreferenciadas, estas foram adicionadas a um

software de sistema de informação geográfica (ArcGIS 10.1), de forma a gerar os mapas de

distribuição geográfica das espécies em estudo. Os pontos de coleta de cada espécie foram

sobrepostos à base cartográfica dos estados brasileiros e das formações florestais e

ecossistemas associados que integram o bioma Mata Atlântica disponibilizado pelo IBGE. O

sistema de coordenadas utilizado para a confecção dos mapas foi SIRGAS 2000.

Cabe destacar que apesar do enfoque deste trabalho ser o bioma Mata Atlântica, não

foram excluídos os registros que ocorreram fora deste domínio, uma vez que a maioria das

espécies também ocorre em outros biomas brasileiros.

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Espécie Família Nº de registros georreferenciados

na rede speciesLink

Calliandra brevipes Fabaceae 292

Calliandra tweedii Fabaceae 186

Cephalanthus glabratus Rubiaceae 105

Cordia verbenacea Boraginaceae 174

Escallonia bifida Escalloniaceae 375

Ludwigia tomentosa Onagraceae 276

Phyllanthus sellowianus Phyllantaceae 97

Pouteria salicifolia Sapotaceae 83

Salix humboldtiana Salicaceae 60

Sambucus australis Adoxaceae 283

Schinus terebinthifolius Anacardiaceae 2047

Sebastiania brasiliensis Euphorbiaceae 1207

Sebastiania schottiana Euphorbiaceae 262

Senna reticulata Fabaceae 207

Sesbania virgata Fabaceae 336

Solanum paniculatum Solanaceae 1867

Terminalia australis Combretaceae 121

Tabela 1 – Espécies selecionadas para compor este estudo.

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Figura 3 – Mapa das coleções integrantes da rede speciesLink.

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4 ESPÉCIES COM POTENCIAL DE USO NAS TÉCNICAS DE

ENGENHARIA NATURAL

4.1 Calliandra brevipes Benth.

Conhecida popularmente como sarandi,

quebra-foice, topete-de-cardeal, angiquinho,

esponja, esponjinha ou manduruvá. Pertencente à

família Fabaceae é descrita por Marchiori (2007)

como arbusto inerme, de até 2 m de altura,

glabro e muito ramificado. Apresenta folhas

alternas, bipinado-unijugas, com pecíolo curto (2

mm) e estípulas estriadas muito pequenas (1,5

mm). Os folíolos, em 15 a 45 pares por pina, são

lineares (de 2 a 6 mm de comprimento por cerca

de 1 mm de largura), muito aproximados entre si,

glabros, discolores, brilhantes e providos de

nervura principal centrada no limbo. As flores,

com estames conspícuos (2 a 4 cm), brancos na

metade inferior e rosados ou igualmente brancos

na superior, reúnem-se em capítulos axilares

solitários, dispostos na extremidade de um

pedúnculo, com cerca de 1 cm de comprimento.

Os legumes são lineares, glabros, eretos nos

ramos

e de cor castanha, variando de 4 a 8 cm de comprimento por cerca de 6 mm de largura, com

sementes ovais e obliquamente dispostas.

Segundo o mesmo autor a espécie floresce em diversas épocas do ano. Já para Brussa

e Grela (2007) a espécie floresce de outubro a março e frutifica no verão e outono.

A espécie multiplica-se tanto por sementes, dando origem a plantas mais vigorosas,

como por estacas (LORENZI; SOUZA, 1995). Em estudos realizados por Sutili (2007)

Calliandra brevipes apresentou capacidade de reprodução por meio vegetativo, porém não

imprimiu o ritmo de crescimento necessário para as obras de bioengenharia de solos. Apesar

Figura 4 - Calliandra brevipes

(Von Houtte, 1950)

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disto a espécie pode ser aproveitada, quando houver interesse em aumentar a diversidade de

espécies nas obras.

Para Marchiori (2004, 2007) Calliandra brevipes pertence ao grupo das reófilas¹,

habitando naturalmente locais úmidos e margens de rios. Espécie de pequeno porte, provida

de denso sistema radicular, possuindo troncos delgados e flexíveis, morfologicamente

adaptados à reofilía. Participa da vegetação dos “sarandis”, juntamente com Pouteria

salicifolia, Terminalia australis, Sebastiania schottiana e Phyllanthus sellowianus.

Entretanto a espécie pode ser cultivada como planta isolada ou formando conjuntos,

sempre a pleno sol (LORENZI; SOUZA, 1995). Muito ornamental por sua folhagem e

abundante floração em diversas épocas do ano, é indicada para a formação de cercas-vivas e

arte da topiária. Embora muito dura, a madeira carece de importâcia devido à pequena

dimensão dos caules (MARCHIORI, 2007).

Na Mata Atlântica apresenta ampla ocorrência nas regiões Sul e Sudeste do Brasil,

exceto no estado do Espírito Santo, e alguns registros isolados nos estados da Paraíba,

Pernambuco e Rio Grande do Norte (Figura 5).

¹ Planta adaptada para suportar a correnteza ou eventual submersão por ocasião de enchentes (ART, 1998 apud

Marchiori, 2004).

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Figura 5 – Mapa de distribuição geográfica da espécie de Calliandra brevipes.

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4.2 Calliandra tweedii Benth.

Esta Fabaceae recebe os nomes vulgares

de topete-de-cardeal, quebra-foice, sarandi,

madaravê ou ainda esponjinha-vermelha.

Marchiori (2007) descreve a espécie como

arbusto inerme, de até 3 m de altura, com ramos,

pecíolos e pedúnculos revestidos por densa

pilosidade sedosa. As folhas são alternas,

bipinadas, compostas e multijugas. Os folíolos

(de 2 a 6 mm de comprimento por cerca de 1

mm de largura) são glabros com exceção do

bordo sedoso-ciliado, e com nervura central. As

flores agrupam-se em vistosos capítulos axilares

solitários, tendo estames vermelhos muito

conspícuos (cerca de 4 cm), característica

marcante das espécies do gênero Calliandra. Os

legumes, lenhosos com 5 a 7 cm de comprimento por 8 a 9 mm de largura, apresentam

margem engrossada e cor castanha, sendo revestidos por indumento velutino.

Segundo o mesmo autor a floração estende-se de setembro a janeiro. No entanto, para

Brussa e Grela (2007) a espécie floresce de forma intermitente desde o começo da primavera

até meados do outono dependendo das condições de temperatura do ano e frutifica de forma

abundante a partir do final da primavera.

Brussa e Grela (2007) e Lorenzi e Souza (1995) afirmam que a espécie multiplica-se

tanto por sementes como por estacas.

Marchiori (2004) inclui esta espécie na lista das plantas adaptadas à reofilía. Segundo

Lorenzi e Souza (1995) apresenta arquitetura da parte aérea muito ramificada.

Espécie heliófita e seletiva higrófita, habita a orla da mata ciliar e margem dos cursos

de água (MARCHIORI, 2007). Burkart (1979) cita que a espécie ocorre com frequencia ao

longo de locais rochosos às margens de caudalosos rios, assim como em ilhas fluviais.

Para Lorenzi e Souza (1995) a espécie é adequada para plantio isolado, formando

moita densa, ou em cercas-vivas junto a renques a pleno sol, sendo muito ornamental e

tolerante ao frio.

Figura 6 - Calliandra tweedii

(Von Houtte, 1945).

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Originária do Sul do Brasil e norte do Uruguai, apresenta no Rio Grande do Sul uma

ampla área de ocorrência, com exceção da Floresta Ombrófila Mista e Formações Pioneiras

de Influência Marinha (MARCHIORI, 2007).

Calliandra tweedii ocorre essencialmente nos Estados da Região Sul e Sudeste do

Brasil, e em locais isolados nos Estados da Bahia e Pernambuco (Figura 7).

Figura 7 – Mapa de distribuição geográfica de Calliandra tweedii

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4.3 Cephalanthus glabratus (Spreng.) K.Schum.

Pertencente à família Rubiaceae é

conhecido como sarandi, sarandi-branco,

sarandi-mole, sarandi-de-vela e sarandi

colorado (Uruguai). Trata-se de um arbusto

ou arvoreta de 3-5 m de altura, caducifólio

ou de folhagem semipersistente, com folhas

lanceoladas (2,5-9 x 0,5-3 cm), glabras,

inteiras, dispostas em verticilos trifoliados.

As flores são brancas e com suave perfume

de canela, dispõem-se em glomérulos

globosos longamente pedunculados

(SIEGLOCH et al.,2011).

O fruto é seco e se separa em duas

metades indeiscentes, angulosos e escuros

(BRUSSA; GRELA, 2007).

Para os mesmos autores a espécie

floresce e frutifica na primavera e verão. No

entanto, para Giehl (2012) esta planta

floresce em janeiro e frutifica em fevereiro.

Segundo Siegloch et al. (2011) e Brussa e

Grela (2007) Cephalanthus glabratus apresenta fácil propagação vegetativa.

Siegloch et al. (2011) descreve anatomicamente a espécie, verificando a presença de

fibras longas e de raios altos e estreitos, aspectos que aumentam a flexibilidade do caule,

característica especialmente importante no caso de plantas submetidas à correnteza das águas.

Segundo Marchiori (2004) Cephalanthus glabratus faz parte do grupo das espécies adaptadas

à reofilía. O mesmo autor também cita que em várzeas arenosas, não é rara a distribuição em

mosaico de comunidades hidrófilas e xerófilas segundo variações do micro-relevo,

alternando-se sarandis (Cephalanthus glabratus e Phyllanthus sellowianus).

Vivem sempre as margens dos cursos de água ou em zonas de banhado, com suas

raízes geralmente em contato com a água (BRUSSA; GRELA, 2007). Espécie heliófila ou de

Figura 8 - Cephalanthus glabratus

(Flora Brasiliensis, prancha 94).

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luz difusa e seletiva higrófila, desenvolve-se preferencialmente nas margens brejosas dos rios

onde, por vezes, pode formar densos agrupamentos (DELPRETE et al., 2004).

A madeira é branca, mas as partes do tronco que ficam dentro da água são de cor

avermelhada. É a madeira mais procurada para fazer palitos. As adaptações desta espécie em

áreas úmidas e brejosas caracterizam-na como uma forte indicadora para restauração de áreas

ciliares degradadas úmidas dentro da região natural de sua ocorrência (DELPRETE et al.,

2004).

A espécie apresenta ocorrência restrita na Mata Atlântica, ocorrendo nos Estados do

Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul (Figura 9).

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Figura 9 – Mapa de distribuição geográfica de Cephalanthus glabratus.

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4.4 Cordia verbenacea DC.

A espécie Cordia verbenacea é

vulgarmente chamada de erva-baleeira,

baleeira, maria-preta, maria-milagrosa ou

catinga-de-barão. Pertencente à família

Boraginaceae, Smith (1970) descreve a

espécie como arbusto de 1-2 m de altura,

muito ramoso; os ramos menores

glabros, pulverulentos ou pubescentes.

As folhas são sésseis lanceoladas até

oblongo-lanceoladas, agudas, atenuadas e

inteiras na base, dentadas por outra parte,

5 - 12 cm de comprimento, 1,5-3 cm de

largura, a face superior escabroso-

verrucosa com nervuras impressas, a face

inferior diversamente pubescente com

nervuras proeminentes. Inflorescência

espigosa, densa ou raras vezes, laxa perto

da base, 2-8 cm de comprimento,

pedúnculos eretos, delgados, 1-8 cm de

comprimento.Cálice séssil, campanulado,

2,5-3,5 mm de comprimento, cinéreo-pubescente; lobos largamente triangulares; corola campanulada, 5-

7 mm de comprimento, branca; lobos curtos, largamente arredondados; estames subigualando a corola.

Fruto subgloboso, 4 mm de comprimento, vermelho.

Para Olivetti (2006) esta planta é um arbusto perene, muito ramosa, com arquitetura

esgalhada e caótica e hastes revestidas por casca fibrosa.

Segundo Smith (1970) a espécie apresenta floração quase todo ano perto do mar.

Ladeira (2002) cita que a propagação natural da Cordia verbenacea ocorre por sementes,

entretanto, pode-se cultivá-la por enraizamento de miniestacas com 10 cm de comprimento.

As miniestacas são coletadas da região apical de brotações de mudas com mais de três anos de

idade.

Figura 10 - Cordia verbenacea

(http://plantillustrations.org.).

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Cordia verbenacea ocorre ao longo do litoral brasileiro, sendo considerada, também,

uma planta comum na floresta tropical atlântica. O uso popular medicinal da planta é bastante

difundido em razão de suas propriedades terapêuticas e da baixa toxicidade. Outra utilização é

a aplicação de folhas maceradas da planta diretamente sobre cortes e contusões (OLIVETTI,

2006).

Essa espécie é heliófita e higrófita, e encontra-se, por vezes, formando densos

agrupamentos em terrenos arenosos úmidos do litoral. É uma das espécies características da

vegetação arbustiva da restinga. Pode ser observada também mais para o interior,

desenvolvendo-se nas capoeiras, situadas em solos úmidos (SMITH, 1970).

Sua distribuição concentra-se nas regiões litorâneas da Mata Atlântica, desde o Rio

Grande do Sul até Pernambuco. Ocorrendo também nos Estados de Minas Gerais, Goiás e

Ceará (Figura 11).

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Figura 11 – Mapa de distribuição geográfica de Cordia verbenacea.

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4.5 Escallonia bifida Link & Otto

Pertencente à família

Escalloniaceae é popularmente

conhecida como canudo-de-pito ou

esponjeira. Para Marchiori (2000) a

espécie é um arbusto de 2 a 3 metros

de altura, muito ramificado, inerme,

totalmente glabro, de copa globosa e

folhagem persistente. Apresenta casca

externa de cor ferrugem, com

deiscência em tiras e casca interna

marfim, de textura fibrosa e estrutura

trançada. As folhas, simples, alternas,

subcoriáceas e nitidamente pecioladas

(2 a 10 mm), variam de oblongas a

obovoides, com 3,5 a 8 cm de

comprimento por 1,5 a 3 cm de

largura, apresentando ápice obtuso ou

emarginado, margem superior

finamente serreada e base cuneada,

inteira. Verde escuras e brilhantes na

face superior e mais claras na inferior

exibem nervuras peninérvias.

Ainda, segundo o mesmo autor as flores são brancas, pequenas (5 a 7 mm) e com

estames amarelos, compõem densas panículas terminais. Apresentam cálice campanulado,

com cinco dentes agudos, pétalas obovoides, de base livre e cuneada, cinco estames mais

longos do que o pistilo e ovário ínfero, globoso, com estilete longo e estigma 4-5 lobulado. O

fruto, que encerra numerosas sementes pequenas, é uma cápsula globosa (5 mm), coroada

pelas sépalas e o resto do estilete. A floração ocorre de dezembro a fevereiro, e a maturação

dos frutos no outono.

A espécie multiplica-se por estacas ou sementes (BRUSSA; GRELA, 2007;

MARCHIORI, 2000). Para o útimo autor habita lugares úmidos, como a margem de riachos e

Figura 12 - Escallonia bifida

(Edward’s Botanical Register, 1831).

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banhados. Schwirkowski (2009) cita que Escallonia bifida é uma planta caducifólia, pioneira,

heliófita e seletiva higrófila. Cresce principalmente nas matas ciliares ralas ao longo de rios e

córregos, sendo também abundante nas submatas dos pinhais.

Esta espécie ocorre com maior frequência nos Estados do Rio de Janeiro, Paraná,

Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e também nos Estados de Minas Gerais e São Paulo

(Figura 13).

Figura 13 – Mapa de distribuição geográfica de Escallonia bifida.

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4.6 Ludwigia tomentosa (Cambess.) H.Hara

A espécie Ludwigia tomentosa é

conhecida como cruz-de-malta e integra a família

Onagraceae. Moreira e Bragança (2010)

descrevem a espécie como um subarbusto

perene, que apresenta caule bastante ramificado e

lenhoso, inclusive com casca estriada e

desprendimento evidente. Nas partes jovens os

ramos apresentam-se cilíndricos, de coloração

verde ou avermelhada e revestidos por pêlos

baixos e indistintos a olho nu, mas sentidos ao

tato. Folhas alternadas helicoidais com pecíolo

curtíssimo e nervura central grossa, a qual

origina nervos secundários paralelos que chegam

até as margens. Limbo lanceolado típico, piloso e

com margens pouco e irregularmente serradas.

Flores isoladas axilares e de coloração amarela,

constituídas por pedúnculo, receptáculo em forma

de funil encimado pelo cálice com 4 sépalas livres de formato triangular e persistentes no

fruto, corola com 4 pétalas reniformes e livres, as quais protegem o androceu com 8 estames e

o gineceu. Fruto em cápsula infundibuliforme e tetra-angulosa.

Para os mesmos autores assemelha-se muito com Ludwigia nervosa, podendo ser

diferenciada por meio da presença de indumento de pêlos, que não ocorre em L. nervosa, e

pelo ápice das pétalas, que nesta espécie é emarginado e na outra o ápice é inteiro.

Floresce intensamente durante as estações quentes do ano (SCHWIRKOWSKI, 2009)

e propaga-se por meio de sementes (MOREIRA; BRAGANÇA, 2010).

Para Schwirkowski (2009) é uma planta perene, ereta ou decumbente (diz-se de

caules deitados no solo com as extremidades se erguendo), subarbustiva, muito ramificada.

Espécie que se desenvolve em todo o país, onde ocorre como planta espontânea de ambientes

úmidos. Ocorre em áreas cultivadas, ao longo de cursos d’água e açudes (MOREIRA;

BRAGANÇA, 2010).

Figura 14 - Ludwigia tomentosa

(Flora Brasiliensis, prancha 28).

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Apresenta distribuição geográfica ampla no centro do Brasil. Nas regiões da Mata

Atlântica engloba os Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito

Santo e Bahia (Figura 15).

Figura 15 – Mapa de distribuição geográfica de Ludwigia tomentosa.

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4.7 Phyllanthus sellowianus (Klotzsch) Müll.Arg.

Pertencente à família

Plyllanthaceae, esta espécie é

conhecida popularmente por

sarandi, sarandi-branco, ou ainda

sarandi-vermelho. É um arbusto de

2 a 3 m de altura, caducifólia,

glabro, de ramos compridos, muito

divididos, com folhas reduzidas e

escamas perto dos ápices. Os

ramos são delgados, sinuosos e

angulados. Possui estípulas

decíduas, estreito-triangulares, com

2 mm de comprimento e margens

escariosas (SMITH et al. 1988).

Folhas simples, alternas,

discolores, glabras, papiráceas,

lâminas lanceoladas a elíptico

lanceoladas, de 1,5 a 5 por 0,4 a 1

cm, nervura principal marcada, larga, ápice agudo mucronado, margem inteira e base cuneada

e pecíolos muito curtos (BRUSSA; GRELA, 2007).

A espécie possui uma característica muito especial: suas flores nascem na base das

folhas, vindo daí o nome: phyllos (folhas) e anthos (flor) (SMITH et al. 1988). As flores,

dioicas, estão dispostas em forma separada em inflorescências fasciculadas axilares.

Apresenta cálice com 5-6 peças e corola ausente, amarelo-esbranquiçadas, as flores

masculinas possuem pedúnculos mais largos, com 3 estames, e as femininas ovário

subgloboso, multiovulado (BRUSSA; GRELA, 2007). O fruto é do tipo cápsula deprimido-

globosa com 2,5 mm de diâmetro. As sementes com pouco mais de 1 mm são quase lisas

(SMITH et al. 1988).

Segundo o último autor a espécie floresce de novembro até fevereiro no planalto e até

abril perto do mar. Já para Brussa e Grela (2007) floresce de setembro a dezembro,

frutificando desde novembro até março.

Figura 16 - Phyllanthus sellowianus (Deble, 2005).

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Segundo Durlo e Sutili (2005) a espécie se reproduz vegetativamente muito bem,

apresentando um percentual de pega de mais de 90 %, produzindo um grande número de

raízes logo após o plantio (2 meses), revelando um enraizamento denso. Possui tendência de

providenciar a maioria de suas raízes apenas na base da estaca.

É uma planta de caules e ramos rijos, mas flexíveis (SMITH et al. 1988). Denardi

(2007) concluiu no seu estudo a elevada flexibilidade dos caules de P. sellowianus, que se

deve, sobretudo, a abundante presença de fibras gelatinosas em seu lenho, característica de

muito valor para o emprego em cursos de água com grande velocidade de fluxo.

Este arbusto apresenta numerosos ramos principais, estes de considerável extensão

muitas vezes semi-submersos (BRUSSA; GRELA, 2007). Possui o hábito de crescer

inclinado (deitado) sobre as margens (DURLO et al., 2010).

Arbusto do grupo das reófilas, ou seja, plantas de caules e ramos rijos mas fexíveis,

que resistem às correntezas das águas durante as enchentes. É uma espécie heliófita e seletiva

higrófilta até xerófita, adaptada às variaçoes extremas de umidade e estio, muito frequente;

característica e exclusiva das margens rochosas ou lodosas dos rios e ilhas rochosas, fixando-

se firmemente ao substrato, uma vez que se desenvolve preferencialmente nos locais de

corredeiras e cachoeiras dos rios, onde são observados no leito muitos blocos rochosos.

Apresenta dispersão muito ampla, porém descontínua e irregular ao longo das margens ou

ilhas rochosas dos rios em praticamente todo o sul do Brasil. Faz parte da vegetação

dominante das margens, juntamente com Sebastiania schottiana, Terminalia australis,

Calliandra selloi e outros arbustos, menos frequentes (SMITH et al. 1988).

A partir de estudos anteriores de Plunter e Altreiter (2004); Vargas (2007); Monteiro

(2009); Aschbacher e Müller (2009); Sutili (2004, 2007) e Denardi (2007) Phyllanthus

sellowianus mostra-se extremamente valiosa para a bioengenharia. Sua capacidade de

brotação e enraizamento foi evidenciada por todos os autores.

Esta importante espécie para Engenharia Natural ocorre na Mata Atlântica apenas nos

Estados da região Sul do Brasil (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e no Estado de

Mato Grosso do Sul (Figura 17).

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Figura 17 – Mapa de distribuição geográfica de Phyllanthus sellowianus.

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4.8 Pouteria salicifolia (Spreng.) Radlk.

Conforme Marchiori (2000)

Pouteria salicifolia pertence à família

Sapotaceae e, é conhecida vulgarmente por

mata-olho ou sarandi mata-olho, seu nome

comum refere-se à emissão de fumaça

prejudicial aos olhos, quando a madeira é

queimada. O mesmo autor descreve-a como

árvore pequena, perenifólia, de tronco curto,

copa globosa e casca acinzentada, dividida

em placas retangulares longitudinais. As

folhas, linear-lanceoladas, subcoriáceas e

brilhantes, medem de 8 a 19 cm de

comprimento por 1 a 2,5 de largura, tendo

ápice agudo, base longamente estreitada no

pecíolo, nervura principal saliente e

numerosas nervuras secundárias, visíveis

nas duas faces. As flores, produzidas em

fascículos axilares sésseis, são esbranquiçadas

e de suave perfume, que lembra o de violeta. Apresentam quatro sépalas estrigoso-

pubescentes, corola com quatro lóbulos obtusos e ciliolados, alternados com igual número de

estaminóides petalóides, quatro estames presos à base do tubo da corola e ovário globoso,

coberto por densa pubescência sedosa. O fruto, provido de breve estípe engrossado (4 a 6

mm) e ápice rostrado-acuminado, mede de 4 a 5 cm de comprimento por cerca de 1,5 cm de

diâmetro, contendo uma única semente, ovoide.

A espécie floresce em outubro e novembro e a época de maturação dos frutos ocorre

em março e abril (REITZ et al. 1988). E segundo Brussa e Grela (2007) a espécie se reproduz

por sementes. Em seu trabalho, Sutili (2007) concluiu que esta espécie apresenta capacidade

de propagação vegetativa, porém não imprime ritmo de crescimento para as obras de

bioengenharia de solos. Podendo ser aproveitada, quando houver interesse em aumentar a

diversidade de espécies das obras.

Figura 18 - Pouteria salicifolia

(http://plantillustrations.org).

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Para Marchiori (2004) a espécie é de pequeno porte, possuindo tronco delgado e

flexível, morfologicamente adaptados à reofilía. Para Reitz et al. (1988) sua altura varia de 3 a

7 metros e 8 cm de diâmetro. Suas raízes se fixam de forma extraordinária por entre as rochas,

retardando a violência da correnteza, bem como dificultando a erosão por entre seu denso e

desenvolvido sistema radicular. Apresenta ramos longos e flexíveis, formando copa irregular

e pouco densa.

Além de seu inestimável valor na construção de barrancos de rios, fornece madeira

com densidade de 0,69 g/cm³, utilizada localmente como lenha (MARCHIORI, 2000).

Entretanto, para Reitz et al. (1988) a madeira é utilizada para cabos de ferramentas, e a

espécie é indicada para reflorestamentos das margens rochosas dos rios.

O mesmo autor cita que a espécie é indicada para reflorestamentos das margens

rochosas dos rios, sendo que, sua ocorrência se limita às margens dos rios e suas imediações

que são inundadas durante o período das chuvas. Constitui uma das espécies ripárias mais

frequentes na bacia dos rios Paraná e Uruguai. Esta espécie forma agrupamentos juntamente

com Terminalia australis, Sebastiania schottiana e Calliandra ssp.

A espécie ocorre de maneira restrita na Mata Atlântica, ocorrendo mais

significativamente nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (Figura 19).

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Figura 19 – Mapa de distribuição geográfica de Pouteria salicifolia.

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4.9 Salix humboldtiana Willd.

A espécie Salix humboldtiana recebe

variadas denominações pelo Brasil como

salseiro, salso, salso-crioulo, salgueiro,

salso-salseiro (RS), oeirana (AM), chorão

(MG, RS, SC e SP), salgueiro-do-rio (MG,

SC e SP) ou sarã (MS) (Lorenzi, 2008).

Integrante da família Salicaceae, é uma

árvore de porte médio, perene, com tronco

reto, inclinado ou tortuoso, de 40 a 60 cm de

diâmetro, podendo chegar até 90 cm de

diâmetro, copa ampla, de ramificação

ascendente (LORENZI, 1992;

MARCHIORI, 2000).

A casca, espessa e com profundas

fissuras, é dura e castanho-acinzentada. As

folhas, simples, alternas, linear-lanceoladas,

glabras, caducas, margem serreada, com

nervura central proeminente, alcançam até

15 cm de comprimento por 1,5 cm de largura.

As flores de coloração amarela são unissexuais e aperiantadas reunem-se em amentilhos

pendentes na extremidade dos ramos novos. As sementes, muito pequenas, apresentam um

tufo de pêlos sedosos esbranquiçados, responsáveis pela dispersão anemocórica

(MARCHIORI, 2000; LORENZI, 2009).

Para Reitz et al. (1988) floresce durante a primavera nos meses de setembro e outubro

e a maturação de seus frutos verifica-se no fim da primavera até o início do verão em

fevereiro – abril. Segundo Carvalho (2003) no Mato Grosso do Sul floresce em julho, no Rio

Grande do Sul de agosto a outubro e no Paraná de setembro a novembro. A maturação dos

frutos ocorre de dezembro a janeiro no Rio Grande do Sul.

A reprodução de Salix humboldtiana se dá tanto por estaquia como por sementes

(LORENZI, 2009), a produção comercial de mudas da espécie é feita por via vegetativa,

principalmente por estaquia (CARPANEZZI et al., 1999). O recomendado é que o plantio seja

Figura 20 - Salix humboldtiana

(Flora Brasiliensis, prancha 71).

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realizado entre o outono e inverno, oferecendo excelentes resultados, sobretudo quando é

implantado durante o inverno (REITZ et al., 1988; CARPANEZZI et al., 1999), o que foi

confirmado pelo resultado de experimentos realizados por Sutili (2007), que evidenciou a

extraordinária facilidade e eficiência de multiplicação vegetativa dessa espécie.

A flexibilidade do caule e ramos se dá pela presença de fibras (62%), destas, cerca de

30% são gelatinosas, este aspecto é particularmente importante em indivíduos que habitam

margens de cursos de água, pois aumenta sua capacidade de curvar-se, sem quebrar

(DENARDI, 2007).

Sua altura pode chegar de 12 a 20 m (LORENZI, 2009; REITZ, 1988), sendo esta sua

fragilidade, não sendo, portanto, indicada sem restrições para os taludes fluviais propriamente

ditos. Seu emprego deve ficar, de preferência, afastado das margens, na região do leito maior

ou maior excepcional (DURLO et al., 2010).

As raízes dessa espécie são classificadas em raízes subterrâneas do tipo fasciculadas,

formada por vários eixos, ramificados ou simples, mais ou menos iguais na espessura e no

comprimento. Não é possível distinguir o eixo principal dos secundários. Em seu estudo,

Sutili (2007) verificou ótimas taxas de sobrevivência, produção de brotos e raízes para a

espécie.

A espécie S. humboldtiana é classificada como heliófita, seletiva higrófita (LORENZI,

1992) e pioneira (LORENZI, 2009). Constitui-se uma das espécies mais difundidas em áreas

de solos ainda não estruturados, solos muito úmidos e de elevada profundidade (REITZ,

2008), característica descrita também por Carvalho (2003), ocorre em solos lodosos e

profundos, com textura que varia de arenosa a areno-argilosa, com lençol freático elevado.

Para seu plantio nos taludes marginais é necessário que as plantas sejam mantidas com

porte arbustivo através de decepas frequentes, rente ao solo. S. humboldtiana suporta bem as

podas drásticas e, enquanto as brotações são relativamente finas (menor que 7-8 cm),

apresenta boa flexibilidade (DURLO et al., 2010).

O salseiro é uma das árvores mais características e a de maior porte encontrada na

mata ciliar. Sua área de dispersão é muito ampla, estendendo-se desde o México até Argentina

e Chile (MARCHIORI, 2000). Ocorre naturalmente ao longo de rios e canais e, como

particularidade desta espécie, em áreas inundáveis pode permanecer por até vários meses

seguidos, mas sempre associado com água corrente, e nunca com água parada (MOURA,

2002; CARPANEZZI et al., 1999).

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Conforma os registrados de coleta observou-se distribuição geográfica uniforme desde

o Estado do Rio Grande do Sul até São Paulo, e pontos de coleta isolados da Região Norte do

país (Figura 21).

Figura 21 – Mapa de distribuição geográfica de Salix humboldtiana.

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4.10 Sambucus australis Cham. & Schltdl.

Conhecida popularmente como

sabugueiro, esta espécie pertence à

família Adoxaceae. Reitz et al. (1988)

descreve-a como árvore perenefolia

comumente de 5 a 10 m de altura e 10 –

25 cm de diâmetro. O tronco é curto de

casca escura e rugosa encimado por

densa ramificação flexível e pendente

formando copa densa com folhagem

verde-escura ou verde-clara, de forma

alongada ou arredondada. As folhas,

estipuladas, pinaticompostas, 5-6 pares

de folíolos e um folíolo terminal, todos

ovado-lanceolados, serrados, glabros, de

3,5-6 cm de comprimento. Estípulas

sésseis na base do pecíolo, obovadas,

dentadas e caducas (REITZ, 1985).

Flores brancas e vistosas no ápice dos

ramos, reunidas em cachos enormes

muito atraentes. Os frutos são pequenas

bagas, roxo-escuras, muito abundantes,

que quando maduros contrastam vivamente com a densa folhagem. Apresenta densa

ramificação flexível (REITZ et al. 1988).

Segundo Reitz (1985) floresce do mês de agosto até o mês de fevereiro, portanto

iniciando no inverno e estendendo-se através da primavera e verão. Multiplica-se por

sementes e estacas (BRUSSA; GRELA, 2007).

Indicada como planta ornamental, pois suas abundantes flores brancas reunidas em

inflorescências enormes e os frutos roxo-escuros quando maduros contrastam vivamente com

a densa folhagem. Os frutos são apreciados pelos pássaros, que se encarregam de sua

dispersão. Recomendada ainda para o reflorestamento ao longo das margens de hidroelétricas

Figura 22 - Sambucus australis

(Flora Brasiliensis, prancha 99).

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para atrair a avifauna, com objetivo de disseminar esta e outras plantas frutíferas (REITZ,

1985).

Popularmente é amplamente empregada e considerada como planta medicinal. As

folhas são tidas como purificadoras do sangue, febrífugas e sudoríferas. Segundo ainda o

consenso popular cura o reumatismo, asma, resfriados, catarros, tosses, males do estômago e

do coração, obesidade, enfermidades dos pulmões, rins e fígado, dor de dente e ouvidos. Em

virtude desta série de aplicações, é frequente encontrar-se uma árvore de sabugueiro nas

proximidades das habitações rurais do Rio Grande do Sul (REITZ et al. 1988).

Para Reitz (1985) a espécie caracteriza-se como heliófita, de luz difusa até esciófita e

seletiva higrófita. Ocorre preferencialmente nas orlas e clareiras das florestas, sub-bosques

dos pinhais, beira de rios, regatos e principalmente na vegetação secundária, ao longo das

estradas, capoeiras e outros locais alterados pelo homem ou pelas tempestades.

Segundo o mesmo autor a espécie é característica e preferencial da Floresta Estacional

do Alto Uruguai, estendendo-se ainda sob os subosques dos pinhais e pela vegetação

secundária da Floresta Ombrófila Densa da Costa Atlântica, apresentando, portanto, ampla

dispersão.

Sambucus australis ocorre em toda a extensão da Mata Atlântica, desde o Rio Grande

do Sul até o Rio Grande do Norte. E em alguns locais dos Estados do Mato Grosso do Sul,

Mato Grosso, Goiás e Amazonas (Figura 23).

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Figura 23 – Mapa de distribuição geográfica de Sambucus australis.

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4.11 Schinus terebinthifolius Raddi

Schinus terebinthifolius

recebe os nomes populares de

aroeira-vermelha, aroeira-mansa,

aroeira-pimenteira ou ainda

aroeira-da-praia.

Reitz et al. (1988) descreve

a espécie como arvoreta ou árvore

perenifoliada, de 5 – 10 metros de

altura e 20 – 40 cm de diâmetro, o

tronco geralmente tortuoso, curto,

casca grossa, escura e rugosa, copa

larga paucifoliada e pouco

densa.Ramos, quando em campo

aberto, longos, flexíveis até

pendentes formando copa

arredondada, folhagem verde-

escura e frutos maduros vermelhos.

As folhas são compostas

imparipenadas, muito variáveis,

alternas, com 9 a 11 folíolos. Os folíolos são sésseis, membranáceos, glabros, verdes a verdes-

escuro, oblongos a lanceolados, de ápice agudo e base obtusa, com margem serreada a lisa. As

primeiras folhas são trifoliadas, e apresentam como característica principal para identificação,

a ráquis com ala estreita entre os pares de folíolos (CARVALHO, 2003). As flores são

pentâmeras, com pétalas ovadas a elípticas. O fruto do tipo drupa, levemente achatada na

parte distal, de coloração vermelho-vivo a púrpureo ou rosa-forte (FLEIG, 1989).

Para Carvalho (2003) a floração às vezes ocorre irregularmente ou duas vezes no ano,

de julho a setembro, em Minas Gerais; de agosto a março, no Estado de São Paulo; de outubro

a março, no Paraná; de novembro a março, no Rio Grande do Sul; de março a junho, no

Estado do Rio de Janeiro, em abril, em Alagoas, e de maio a junho, na Bahia. Os frutos

amadurecem de janeiro a fevereiro, no Estado do Rio de Janeiro; de janeiro a maio, no

Figura 24 - Schinus terebinthifolius

(http://plantillustrations.org).

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Paraná; em março, no Espírito Santo. De março a outubro, no Estado de São Paulo; de maio a

junho, no Rio Grande do Sul e em julho em Sergipe.

Segundo o mesmo autor a aroeira apresenta facilidade para propagação vegetativa por

estaquia. As estacas de ramos finos apresentam enraizamento satisfatório. A multiplicação

através de sementes também é viável.

Para Reitz et al. (1988) trata-se de espécie heliófita ou de luz difusa, vastamente

difundida no estado do Rio Grande do Sul, preferindo solos rasos, rochosos ou arenosos de

boa drenagem. Muito abundante principalmente na orla dos capões, borda dos pinheirais, nas

matas de galeria e em todos os tipos de vegetação arbórea aberta. Esta espécie do grupo das

pioneiras (LORENZI, 1998; DURIGAN et al., 1997) requer solos com drenagem boa a

regular e suporta inundação e encharcamento moderado (CARVALHO,2003).

Não raro forma juntamente com o guamirim-do-campo (Myrcia bombycina), a

assobieira (Schinus polygamus), o cambuinzinho (Myrceugenia euosma), o bugreiro (Lithrea

brasiliensis) e a pimenteira (Capsicodendron dinisii) a composição inicial dos capões (FLEIG,

1989).

A madeira é bastante utilizada para moirões de cerca e lenha. Muito apropriada como

árvore ornamental, sobretudo na área litorânea e nos campos (REITZ et al. 1988). Para

Carvalho (2003) a espécie pode ser utilizada para produção de energia, óleos essenciais,

tanino e resina. Os frutos podem ser utilizados na alimentação humana como tempero, as

flores apresentam potencial apícola, e a todas as partes da aroeira-pimenteira são atribuidas

propriedades medicinais. A espécie é recomendada para recuperação de solos pouco férteis

(como rasos, rochosos, hidromórficos ou salinos), devido seu caráter de

rusticidade,pioneirismo e agressividade. Na restauração de mata ciliar, ela pode ser utilizada

em áreas com inundações periódicas de curta duração e com períodos de encharcamento

moderado. A espécie é uma das mais procuradas pela avifauna, sendo esta seu maior

disseminador.

Esta espécie apresenta ampla distribuição por toda extensão do Bioma Mata Atlântica,

ocorrendo também nos estados do Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e

Maranhão (Figura 25).

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Figura 25 – Mapa de distribuição geográfica de Schinus terebinthifolius.

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4.12 Sebastiania brasiliensis Spreng.

A espécie S. brasiliensis é

conhecida popularmente como branquilho,

leiteiro e branquilho-leiteiro. Pertence à

família Euphorbiaceae, é uma árvore

latescente, de 3 a 10 m de altura e 10 a 30

cm de DAP, de copa pequena, com ramos

glabros inermes e casca castanho-

acinzentada, com pequenas escamas

irregulares. As folhas, simples, alternas,

curtamente pecioladas (2 a 8 mm),

desprovidas de glândulas e elípticas,

variam de lanceoladas a obovadas,

medindo de 2 a 7 cm de comprimento por

1 a 3 cm de largura. Apresentam

consistência coriácea até membranácea,

ápice agudo, acuminado ou obtuso e

margem finamente serreada ou quase

inteira. As flores são produzidas em

espigas rígidas, terminais, de 3 a 7 cm. Os

frutos, globosos (10 a 15 mm) e de cor castanha quando maduros, são cápsulas triloculares.

Floresce de setembro a dezembro e a maturação dos frutos se estende de dezembro a março

(MARCHIORI, 2000).

Para Lorenzi (2009) a espécie propaga-se via sementes, deve-se colher frutos

diretamente da árvore quando iniciarem abertura espontânea. Secá-los à sombra cobertos por

uma tela fina para evitar a deiscência explosiva e consequente perda de sementes. Semeadura

em canteiros semi-sombreados.

Espécie perenifolia, semidecídua (LORENZI, 2009), de luz difusa e seletiva higrófita,

desenvolve-se preferencialmente no inteiror dos capões e dos sub-bosques dos pinhais

situados em solos úmidos, beira de rios e regatos, na restinga arbustiva do litoral, situada em

pequenas depressões (SMITH et al., 1988).

Figura 26 - Sebastiania brasiliensis

(Flora Brasiliensis, prancha 80).

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Espécie indicada para solos encharcados permanentemente ou de inundação

temporária (MARTINS, 2007). Gandolfi et al. (1995) classifica a espécie como secundária

tardia a clímax.

A madeira, branca e leve, presta-se para a confecção de pequenos objetos e esculturas.

O látex é utilizado para aliviar a dor de dentes (MARCHIORI, 2000).

Apresenta vasta distribuição não apenas na Mata Atlântica, mas também biomas do

Cerrado e Caatinga, como pode ser evidenciados na Figura 27.

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Figura 27 – Mapa de distribuição geográfica de Sebastiania brasiliensis.

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4.13 Sebastiania schottiana (Müll. Arg.) Müll. Arg.

Conhecida popularmente por

amarilho, sarandi, sarandi-de-espinho,

sarandi-negro ou ainda sarandi-vermelho,

esta Euforbiaceae trata-se de um arbusto

totalmente glabro, de 3 a 3,5 m de altura,

com ramos longos, pouco ramificados,

espinescentes e muito flexíveis. As folhas,

simples, alternas, de pecíolo curto (2 a 4

mm), membranáceas e lanceoladas,variam

de1 a 5 cm de comprimento por 4 a 15 mm

de largura, apresentando ápice obtuso ou

brevemente agudo-mucronado, margem

inteira, com uma ou duas glândulas

engrossadas inferiormente e base cuneado-

estreita. Discolores e esbranquiçadas na

face inferior possuem de 7 a 10 nervuras

secundárias evidentes, em cada lado da

principal. As flores, pequenas e amareladas,

são produzidas em espigas terminais, sobre

raminhos muito curtos (1 a 2 cm). O fruto é

uma cápsula globosa, de uns 5 mm de diâmetro (MARCHIORI, 2000).

Para Giehl (2012) floresce em setembro e frutifica em janeiro e outubro. No entanto,

para Brussa e Grela (2007) floresce em setembro e outubro, frutificando entre novembro e

março.

Segundo Marchiori (2000) a espécie apresenta caules rijos, embora flexíveis, capazes

de suportar a força das águas nas enchentes. O mesmo autor destaca que esta planta dispõe de

um denso sistema radicular. Para Durlo e Sutili (2005) a espécie demonstra fácil, denso e

profundo enraizamento, resistência à submersão e ao arrancamento pela força das águas e,

especialmente sua visível flexibilidade, distinguem-na como espécie capaz de produzir os

efeitos desejados no controle de processos erosivos. Segundo os mesmos autores esta planta

apresentou propagação vegetativa com um percentual de pega de 80%.

Figura 28 - Sebastiania schottiana

(Flora Brasiliensis, prancha 77).

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Segundo Marchiori (2000) e Smith et al. (1988) trata-se de uma espécie heliófita,

seletiva higrófila e altamente adaptada à reofilía. O amarilho é muito frequente até

abundante; característica e exclusiva das margens principalmente rochosas ou também

lodosas dos rios, bem como das ilhas rochosas existentes por entre as corredeiras, fixando-se

firmemente ao substrato, uma vez que se desenvolve principalmente nos locais de corredeiras

e cachoeiras dos rios, onde se encontram muitos blocos rochosos parcialmente desagregados.

Como espécie reófila, assume grande importância ecológica, auxiliando na fixação de

barrancos e perenização dos cursos d’água. Faz parte da vegetação arbustiva das margens

rochosas dos rios, onde domina juntamente com Calliandra selloi, Terminalia australis,

Phyllanthus sellowianus, de permeio a outros arbustos menos expressivos.

Sua distribuição geográfica concentra-se nos Estados das Regiões Sul e Sudeste do

Brasil (Figura 29).

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Figura 29 – Mapa de distribuição geográfica de Sebastiania schottiana.

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4.14 Senna reticulata (Willd.) H.S.Irwin & Barneby

Senna reticulata é uma Fabaceae,

conhecida popularmente por maria-mole ou

mata-pasto. Apresenta-se como uma árvore

de pequeno porte, com altura variando de 3

a 8 metros. Suas folhas possuem de 7 a 13

cm de comprimento por 2 a 4 cm de

largura, articuladas, com folíolos longos de 9

a 12 pares e arredondadas na base e no

ápice. A inflorescência é racemosa, terminal

ou auxiliar, com flores amarelas. O fruto é

uma fava linear longa, de 15 cm de

comprimento por 2 cm de largura,

fina, plana e glabra (REVILLA, 2001).

Produz flores e frutos maduros a partir de 9-12 meses de idade, floresce de maio a

julho e os frutos ficam maduros na fase das cheias, as sementes são liberadas entre junho e

agosto (PAROLIN, 2005).

O mesmo autor evidencia o rápido crescimento da espécie que nos 8 meses antes da

primeira enchente, pode alcançam uma altura de 4 m em local ensolarado. A espécie

apresenta grande quantidade de raízes adventícias e lenticelas em mudas alagadas e árvores

adultas, sendo estas adaptações ao alagamento.

A Senna reticulata tem dominância, em relação às outras árvores e arbustos, pelas

adaptações e estratégias de crescimento características da espécie, isto é, uma altíssima

tolerância à inundação das raízes e capacidade de rebrota. O seu rápido crescimento nas

planícies da Amazônia impede a formação de pastos, o que a torna inimiga dos fazendeiros.

Estas características fazem com que seja considerada como uma das espécies colonizadoras

mais eficientes nas áreas abertas e inundáveis da Amazônia, especialmente as que sofreram

impacto antropofílico forte, e propiciaram a denominação popular de mata-pasto (PAROLIN,

2005).

A população utiliza o mata-pasto para as mais diversificadas doenças e finalidades.

Destacam-se os usos em doenças da pele, como micoses, erupção cutânea, sarna, eczema e

verruga. Também é utilizada como purgante, diurético, antidiabético, laxante e abortivo, e

Figura 30 - Senna reticulata (Rita Sousa).

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para hipertensão, helmintíase, espasmos, prisão de ventre e febre. Vale ressaltar seu uso como

inseticida e repelente. Geralmente, dependendo das indicações de tratamento, as partes

utilizadas são as folhas, sementes e raízes (REVILLA, 2001).

Para o mesmo autor a espécie é originalmente brasileira, encontra-se distribuída pelos

estados do Norte, principalmente na Região Amazônica, em solos arenoargilosos, em terrenos

inundáveis ou não, pastagens e campos abertos, formando touceiras de indivíduos ocupando

grandes áreas da várzea alta.

De acordo com a Figura 31, essa espécie ocorre apenas em locais pontuais na Mata

Atlântica, sendo mais freqüente na Região Norte do país.

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Figura 31 – Mapa de distribuição geográfica de Senna reticulata.

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4.15 Sesbania virgata (Cav.) Pers.

Esta Fabaceae é conhecida

popularmente por angiquinho-gigante,

angiquinho-grande, sesbânia, ou ainda

cambaí-amarelo.

Espécie arbustiva de 1,5 a 3 m

de altura (FILARDI et al., 2007) é

perene, apresenta caule cilíndrico

frequentemente de coloração ferrugínea,

lenticelado e pouco ramificado na base.

Folhas alternadas helicoidais,

pecioladas, limbo composto penado

paripenadocom até 24 pares de folíolos

peciolulados de formato oblongo e

mucronados, inseridos de forma oposta

ao longo da raque e com margens

inteiras. Inflorescência axilar do tipo

cacho constituída por numerosas flores

inseridas de forma congesta. Flores

pedunculadas, cálice com 5 sépalas

soldadas, corola com 5 pétalas livres sendo a mais externa totalmente diferente das demais,

tanto no tamanho quanto na forma, androceu com estames soldados e gineceu unicarpelar

com ovário alongado. Fruto do tipo legume tetrágono, indeiscente e inflado, o que permite sua

dispersão por meio da água. Pode ser identificada a campo por meio dos frutos quadráticos e

com aerênquima responsável pela flutuação e dispersão (MOREIRA; BRAGANÇA, 2010).

Santos et al. (1997) citam que a espécie tem vida curta, de 8 a 9 anos, com capacidade

moderada de competir com gramíneas e rebrotar da cepa após corte ou fogo. Desenvolve-se

naturalmente em terrenos úmidos e associa-se com Rhizobium. Trata-se de uma planta de

interesse para revegetação de áreas degradadas. Pott e Pott (1994) também relatam o sucesso

na utilização desta espécie em ambiente ciliar.

É uma espécie pioneira que apresenta capacidade moderada de competir com

gramíneas e rebrotar da cepa após o corte ou fogo (ARAÚJO et al., 2004). Seus principais

Figura 32 - Sesbania virgata

(http://plantillustrations.org.).

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60

usos econômicos são o fornecimento de pasto apícola, lenha e forragem (POTT; POTT,

1994).

A espécie se desenvolve em áreas úmidas ou alagadas, a exemplo das margens de

cursos de água onde suporta as cheias, canais de irrigação e drenagem, e várzeas encharcadas

onde forma populações dominantes. Uma vez introduzida em um ambiente se dispersa

rapidamente, pois, durante as inundações, as sementes são carregadas das áreas infestadas

para áreas à jusante (MOREIRA; BRAGANÇA, 2010).

Sesbania virgata apresenta ocorrência na Mata Atlântica nas regiões Sul, Sudeste e

Nordeste do Brasil, conforme a Figura 33.

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61

Figura 33 – Mapa de distribuição geográfica de Sesbania virgata.

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4.17 Solanum paniculatum L.

Pertencente à família

Solanaceae é vulgarmente chamado de

jurubeba, jurupeba, juribeba, jubeba,

jurubebinha. As plantas de Solanum

paniculatum são perenes, arbustivas,

atingindo até 2 m de altura, podendo ser

classificadas como nanofanerófitas no

sistema de formas de vida de Raunkiaer

(Mueller-Dombois & Ellenberg 1974).

Arbusto de até 3 metros de altura. Ramos

alvo-tomentosos, levemente armados de

espinhos robustos curvos baixos.

Folhas solitárias, pecioladas 2-5

cm, oblongas, agudas, inteiras até profundamente lobadas, alvo-tomentosas na parte abaxial,

estreladas, mas cedo glabras na parte adaxial, desta forma fortemente bicolores, com poucos

espinhos retos delgados. Inflorescências terminais, depois então laterais, subcorimbosas, bem

ramosas, de muitas flores, alvo-tomentosas. Pedúnculo 1-4 cm de comprimento. Pedicelos

delgados, espessados para o ápice, até 10 mm de comprimento, mas alongado até 20 mm no

fruto. Cálice 5 mm de altura, alvo-tomentoso, meio fendido, lobos largo-arredondados e

aguçados; corola com 2 cm de diâmetro, azul ou arroxeada, alvo-tomentosa no lado exterior,

perto da metade fendida, lobos largo-triangulares; antenas lineares, pouco atenuadas; ovário

glabro. Fruto globoso, 8-10 mm de diâmetro, amarelado (SMITH; DOWNS, 1966).

Para os mesmos autores floresce de setembro até fevereiro e às vezes no resto do ano.

É uma erva característica da sub-serra vastamente difundida na zona da mata pluvial da

encosta atlântica. Espécie indiferente quanto às condições físicas dos solos, se encontra,

principalmente nos primeiros estágios do secundário, situados nas mais variadas zonações,

desde as planícies úmidas até as encostas secas. Surge, muitas vezes, formando agrupamentos

bastante densos e característicos, sobretudo nos terrenos recentemente conquistados às matas,

nos lugares semi-devastados, bem como nos pastos e nas proximidades das habitações.

É também considerada uma planta invasora, que ocupa os mais variados tipos de solo

(LEITÃO-FILHO et al. 1975). Forni-Martins et al. (1998) observaram nesta espécie a rebrota

Figura 34 - Solanum paniculatum (Sonja Germer, 2012).

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após a poda (por roçada) do ramo principal quase no nível do solo. É uma planta rústica

resistente à seca, própria de clima tropical e subtropical. Devido à sua rusticidade a planta

adapta-se a diversos tipos de solo e não é exigente em fertilidade.

Largamente usado como chá para as doenças do fígado, diabetes e icterícia. Usam-se

as folhas, frutos e, especialmente a raíz (SMITH; DOWNS, 1966). Também é utilizada na

preparação de tinturas e extratos pela indústria farmacêutica e dos frutos é fabricado vinho

(LEITÃO-FILHO et al., 1975).

Jurubeba (Solanum paniculatum L.) ocorre em toda a América tropical. Apresenta

uma ampla distribuição no Brasil ocorrendo do Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte

(NETO et al., 2006). Essa espécie distribui-se por toda a extensão da Mata Atlântica,

apresentando maior frequência nas Regiões Nordeste e Sudeste do país, como pode ser

evidenciado pela Figura 35.

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Figura 35 – Mapa de distribuição geográfica de Solanum paniculatum.

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65

4.17 Terminalia australis Cambess.

Recebe os nomes populares de

sarandi amarelo, amarelinho ou ainda

amarilho. Pertencente à família

Combretaceae é uma arvoreta decidual de 5

a 10 metros de altura e 20 a 30 cm de

diâmetro, muito ramificada, ramos finos,

flexíveis, copa irregular pouco densa, tronco

curto coberto por casca bastante fina,

grisácea, levemente fissurada e escamosa,

geralmente reclinada em direção aos rios;

folhas simples elíptico-lanceoladas,

comumente adensadas na ponta dos ramos,

sendo estes finos e compridos lembrando os

do salgueiro (REITZ et al. 1988). As flores

encontram-se em inflorescências de espigas

axilares. Os frutos medem de 2 a 3 cm

de comprimento e são providos de duas

asas opostas (REITZ, 1967).

Segundo o mesmo autor esta arvoreta ou arbusto pode ser reconhecida na prática por

ser semi-decidua, geralmente inclinada por sobre os rios, muito abundante ao longo dos

mesmos, tendo ramos finos e compridos, pendentes à maneira dos chorões.

Floresce em outubro e novembro, e frutifica de dezembro a março (REITZ, 1967;

BRUSSA; GRELA, 2007). Sutili (2007) cita que Terminalia australis apresenta capacidade

de reprodução por meio vegetativo, mas não imprime ritmo de crescimento para as obras de

bioengenharia de solos. Assim esta espécie pode ser aproveitada, quando houver o interesse

de aumentar a diversidade nas obras.

Para Reitz et al. (1988) a espécie apresenta flexibilidade. Segundo Marchiori (2004) a

espécie é adaptada à reofilía. Espécie seletiva higrófila, é muito abundante ao longo das

margens dos rios. Trata-se de espécie exclusiva dos barrancos dos rios, sujeitos às inundações

periódicas, tornando-se juntamente com a Pouteria salicifolia, Calliandra selloi, Phyllanthus

sellowianus e Sebastiania schottiana, uma das espécies mais características das associações

existentes nos barrancos e ilhas dos rios do planalto (REITZ, 1967).

Figura 36 - Terminalia australis

(http://plantillustrations.org.).

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Muito indicada para a implantação de reflorestamentos ao longo dos rios para evitar a

demasiada erosão e prolongar a vitalidade das hidroelétricas da região. A madeira é amarela,

de textura fina e muito homogênea, moderadamente pesada. Fornece madeira de excelentes

características ornamentais para laminados, objetos de luxo, etc. (REITZ et al. 1988).

Esta espécie apresenta ocorrência restrita no Bioma Mata Atlântica, concentrando-se

na Região Sul do Brasil (Figura 37).

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Figura 37 – Mapa de distribuição geográfica de Terminalia australis.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Engenharia Natural constitui uma importante ferramenta na estabilização das áreas

marginais e taludes fluviais, proporcionando não apenas soluções técnicas, mas também

vantagens econômicas, ecológicas e estéticas quando comparado às obras tradicionais de

Engenharia civil.

A seleção e uso adequado de plantas nas mais diversas técnicas preconizadas pela

Engenharia Natural são fundamentais para alcançar os objetivos desejados.

A distribuição geográfica de plantas reflete, em última análise, sua capacidade de

adaptação ao ambiente. Tendo-se em vista a grande dimensão do território brasileiro, com

seus diferentes climas, solos e topografia, tal conhecimento torna-se fundamental para o

sucesso na escolha das espécies a serem utilizadas em obras de Engenharia Natural nas

diferentes regiões do Brasil. Nesse sentido, uma espécie introduzida numa área distinta de sua

ocorrência natural poderá não apresentar desenvolvimento adequado para cumprir com o

propósito desejado (estabilização de taludes fluviais, por exemplo) ou então poderá se

transformar em uma espécie invasora de difícil controle.

As espécies Cordia verbenacea, Sambucus australis, Schinus terebinthifolius,

Sebastiania brasiliensis, Sesbania virgata e Solanum paniculatum apresentaram distribuição

geográfica por toda a extensão do bioma Mata Atlântica, ocorrendo desde o Rio Grande do

Sul até o Rio Grande do Norte.

Já as espécies Calliandra brevipes, Calliandra tweedii, Sebastiania schottiana e

Escallonia bifida apresentaram ocorrência nas Regiões Sul e Sudeste do Brasil. As espécies

Pouteria salicifolia, Phyllanthus sellowianus e Terminalia australis apresentam ocorrência

apenas na Região Sul, tendo seu uso restrito à mesma.

A espécie Senna reticulata apresentou ocorrência concentrada na Região Norte do

país, e em alguns locais da Mata Atlântica no Sudeste brasileiro. Pelo contrário, Salix

humboldtiana apresentou maior frequência nas Regiões Sul até o Estado de São Paulo e em

pontos isolados na Amazônia brasileira.

Cephalantus glabratus foi a espécie com ocorrência mais restrita no bioma Mata

Atlântica, com maior frequência nos Estados do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Por

fim, a espécie Ludwigia tomentosa apresentou maior distribuição na região Central do Brasil,

ocorrendo desde o Estado de Santa Catarina até os Estados da Bahia e do Mato Grosso.

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Cabe destacar, as dificuldades e as lacunas relativas ao registro da distribuição

geográfica das espécies no Brasil. Através dos mapas expostos neste trabalho pôde-se

observar que as coletas botânicas georreferenciadas ainda são reduzidas e estão concentradas

em algumas regiões do país, muitas vezes apresentam ocorrência em pontos isolados,

existindo grandes distâncias entre um ponto e outro. Essa situação não significa que as

espécies estudadas não ocorram em outros locais, e pode ser explicada pelo fato de que a

maioria das instituições de ensino e pesquisa concentram as coletas nas suas proximidades e

em locais específicos de interesse dos pesquisadores. Outro fato importante é a grande

extensão territorial do país, o que dificulta o conhecimento de toda a biodiversidade vegetal e

suas áreas de ocorrência natural.

Novas informações sobre as espécies com potencial de uso em obras de Engenharia

Natural já em estudo devem ser buscadas, assim como novas espécies devem ser identificadas

e investigadas quanto às características biotécnicas, a fim de aumentar a diversidade de

plantas e o emprego das obras de Engenharia Natural no Brasil.

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