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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA ... 7ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL ................ 7

INTRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA PLANTA NO BRASIL 7

DISTRIBUIÇÃO DA PLANTA NO PARANÁ 8

FENOLOGIA 12CONTROLE E CONSIDERAÇÕES FINAIS 13REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 18

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BIOLOGIA

CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA

Tecoma stans (L.) Kunth, também mencionada na literatura comoStenolobium stans (L.) Seem, pertence à família Bignoniaceae, a mesma dos ipês(gênero Tabebuia) e carobas (gênero Jacaranda). Devido à semelhança das flores,freqüentemente ocorre confusão entre as diferentes espécies.

A população lhe dá diversos nomes: amarelinho, ipê-de-jardim,guarã-guarã, caroba-amarela, ipê-mirim, falso sabugueiro, falsa-santa-bárbarae ipezinho-americano. Na literatura estrangeira, há citação de pelo menos 80nomes (Morton, 1981).

DESCRIÇÃO DA PLANTA

Arbusto ou pequena árvore, atingindo de 8 a 12 metros de altura;ramos eretos, subcilíndricos, finamente estriados, lenticelados, glabros oumiudamente escamosos. No primeiro ano, a planta desenvolve uma raiz

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INTRODUÇÃO

A expansão da espécie conhecida como amarelinho Tecoma stans (L.)Kunth nas pastagens do Paraná e a falta de informações sobre o seu controlevêm preocupando pecuaristas e técnicos ligados ao setor agropecuário.

Estima-se que 50 mil hectares de pastagem do Estado já estejaminvadidos pelo amarelinho, dos quais aproximadamente 10 mil encontram-secom capacidade de produção de forragem próxima de zero. A situação é maispreocupante ainda considerando que áreas atualmente infestadas com menosde 100 plantas/ha poderão, dentro de três ou quatro anos, estar inviabilizadaspara a exploração agropecuária. Além disso, caso não sejam tomados oscuidados necessários, novas áreas continuarão a ser invadidas,comprometendo sua produção.

As informações aqui contidas, abrangendo locais e intensidade deocorrência, dados fenológicos e métodos de controle poderão orientar aerradicação e prevenção do amarelinho no Paraná, servindo também de alertapara que setores governamentais competentes tomem medidas adequadas.

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pivotante, vigorosa e a partir do segundo ano, longas raízes laterais,superficiais, onde armazena grandes quantidades de água e de nutrientes.Essas raízes têm a capacidade de brotar, possibilitando a reinfestação da áreaapós controle mecânico. As folhas são compostas, imparipenadas com um a 13pares de folíolos; folíolos lanceolados ou elíptico-lanceolados, longo-atenuadose acuminados no ápice, cuneados na base, de três a 13 cm de comprimento, uma 4 cm de largura, nitidamente serreados, papiráceos, glabros ou pilosos aolongo da parte dorsal da nervura central, especialmente nas axilas dasnervuras laterais.

Inflorescência terminal, paniculada, multiflora, glabra ou compequenos pêlos esparsos; brácteas e bractéolas pequenas, subuladas. Cálice de5 a 7 mm de comprimento, glabro ou com os lobos ciliados, comumente comalgumas glândulas impressas na metade superior; corola amarela,campanulada-afunilada, de 3,5 a 5,5 cm de comprimento; limbo com até 3,5 cmde diâmetro; estames inclusos; anteras pilosas.

O fruto é uma cápsula glabra, longo-atenuada com ápice agudo, 10 a22 cm de comprimento e largura de até 7 mm; sementes aladas, cujocomprimento vai até 7mm e largura até 30mm. Cada fruto contém em média77±6 sementes (Figura 1).

É uma planta que se reproduz por sementes, pedaços de ramos e deraízes. Tem crescimento vigoroso e brotação rápida e intensa. Sua sombrareduz drasticamente a capacidade produtora das pastagens.

Tecoma stans apresenta uma variabilidade genética muito grande. Emum dos extremos existem plantas com excelente qualidade ornamental e baixopotencial como invasora. São plantas que permanecem produzindo flores,4

Fig. 1 . Frutos deiscentes e sementes aladas.

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frutos e sementes durante todos os meses do ano. Suas sementes são menores emais pesadas do que as produzidas pelas plantas do outro extremo. Portanto,as sementes das ornamentais são dispersas pelo vento a pequenas distâncias.Os frutos são mais longos do que o descrito para o padrão da espécie e onúmero de pares de folíolos nas folhas varia de um a cinco.

Essa variedade ornamental não oferece perigo como planta invasora.O maior problema está no fato de que, sendo da mesma espécie, oscruzamentos são freqüentes. Assim, surgem descendências segregantes, comcaracteres intermediários, que dão origem a populações de plantas invasoras.

IMPORTÂNCIA

COMO PLANTA INVASORA

A espécie é mencionada como invasora na Argentina, Nicarágua eEUA (Holm et al., 1979). No Brasil, no Estado do Paraná estima-se que, comoplanta invasora, está presente em cerca de 50 mil hectares de pastagens, dosquais aproximadamente 10 mil hectares estão seriamente comprometidos(Kranz & Passini, 1996a). Como o custo para a erradicação é alto e areinfestação é freqüente, as áreas são abandonadas e o problema se agrava.

POTENCIAL DE DISPERSÃO

O vento é o principal agente de dispersão das sementes de amarelinho.Durante a deiscência do fruto, os carpelos se abrem parcialmente e as sementesse soltam uma a uma quando o seu teor de umidade está baixo, o que significaque estão leves (Figura 1) e, portanto, fáceis de ser transportadas a distânciasconsideráveis, como de um morro a outro.

A disseminação pela água ocorre por ocasião das chuvas quando asenxurradas transportam as sementes para o fundo de vales e matas ciliares.

Mudas originárias de sementes ou de estacas de ramos e de raízes sãolevadas a grandes distâncias pelo homem, para cultivá-la como ornamental. Ohomem também pode disseminar a planta de maneira involuntária, quando assementes são transportadas pelos veículos automotores. Nesse caso, assementes são distribuídas ao longo das rodovias ou no interior daspropriedades agrícolas.

HOSPEDEIRA DE ORGANISMOS VIVOS

Dhooria et al. (1985) encontraram Tecoma stans infestada pelo ácaro da,falsa ferrugem Polyphagotarsonemus latus que, no Brasil, é praga importante dos

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frutos de citrus; Schicha & Guttierrez (1985) por fêmeas do ácaro Typhlodromusdominiquae e machos do ácaro predador de pragas, Amblyseius ovaloides;Shukla & Upadhyaya (1974), pelo coleóptero Mylabris pustulata; Saini et al.(1989), infectada pelo fungo Alternaria tenuis e Banerjee et al. (1993),parasitada pelo cipó-chumbo, Cuscuta sp.

No Paraná, foram observadas colônias de cigarrinhas nos ramosjovens. As flores são pouco freqüentadas por insetos que procuram néctar epólen. Não foram constatados outros agentes polinizadores. Verificaram-setambém hipertrofias (deformações tumorais) de coloração marrom-escura nasflores, frutos, folhas e ramos jovens (Figura 2), sintomas que, segundo Pitta(1995), são causados pelo fungo Prospodium appendiculatum. Essa doença éconhecida como ferrugem.

Fig. 2. Deformações tumorais.

UTILIZAÇÃO

É utilizada como ornamental, tanto no exterior como no Brasil (Mello,1952; Blossfeld, 1965; Germek, 1973; Gemtchújnicov, 1976; Rizzini & Mors,1976; Morton, 1981; Assis, 1993).

Também é empregada na medicina popular do México, Guatemala,Venezuela, Cuba e Argentina (vários autores, citados por Morton, 1981).Devido as suas propriedades tônica, diurética, vermífuga, anti-sifilítica, anti-

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diabética, suas folhas, flores, cascas e raízes são utilizadas nos tratamentoscontra dores no estômago, alívio de dores de cabeça e contra o inchaço daspernas (Corrêa, 1926; Morton, 1981). Existem vários estudos farmacológicossobre as substâncias que a planta contém, mas este assunto não é objeto destapublicação.

Fornece madeira pouco durável, própria para combustível e talvezpara papel (Corrêa, 1926). O autor também menciona que os aborígenesmexicanos utilizavam-na para fazer arcos. No Paraná, alguns pecuaristasvendem as varas, resultantes das brotações de um ano após a roçada (mais de3 m), para produtores de tomate, que as utilizam como tutores.

As raízes, em alguns lugares do México, entravam na fabricação deuma espécie de cerveja (Corrêa, 1926 e Morton, 1981).

Em levantamento de plantas apícolas no Paquistão, Tecoma stans émencionada entre as espécies ocasionalmente visitadas por abelhas (Wali-Ur-Rahman & Chaudhry-Mi, 1985).

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO MUNDIALPlanta nativa do México e região Sul dos Estados Unidos, mais

precisamente Sul do Texas, Arizona e Novo México e cultivada comoornamental na América Central, América do Sul, Caribe, Bahamas, região Sulda Flórida e áreas quentes da Eurásia (Morton, 1981).

INTRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA PLANTA NO BRASIL

Houve no mundo todo, durante o século passado, uma grandeprocura por plantas ornamentais, não só pelo interesse na formação de jardinsbotânicos, como também para ornamentar mansões de imperadores, depessoas pertencentes à corte, grandes proprietários de terra e novos ricos quese formavam com o início da industrialização.

Assim, dezenas de espécies de orquídeas, begônias, samambaias,palmeiras, ipês e outras plantas foram levadas para a Europa, principalmente,e também para o Brasil.

Não se sabe quando o amarelinho (Tecoma stans) foi introduzido noBrasil, a citação mais antiga de sua ocorrência como ornamental em um jardimna cidade de Santos, data de 1871 (Mello, 1952).

No Jardim Botânico de São Paulo, a espécie era cultivada comoornamental (Hoehne et al., 1941), assim como no Instituto Agronômico deCampinas, onde era estudada (Germak, 1973).

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A presença de amarelinho no Sul do Brasil foi mencionada porMarafon (1967), Schultz (1968) e, especificamente em Santa Catarina, porSandwith & Hunt (1974). Esses últimos mencionaram ocorrência freqüente daespécie como ornamental, nos jardins, e, de forma espontânea, em terrenosbaldios e proximidades de habitações.

A espécie é abundante no Estado do Rio Grande do Sul,principalmente na Serra do Rio das Antas, entre as cidades de Veranópolis eBento Gonçalves, e na Serra de Santa Maria. Como ornamental, é encontradaem muitas cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, MinasGerais e Mato Grosso do Sul.

DISTRIBUIÇÃO DA PLANTA NO PARANÁ

Não há referências sobre quando a espécie foi introduzida no Estado.Em levantamento realizado no período de 1995 a 1996, a espécie foi

observada como ornamental, espontânea na área urbana, espontânea namargem das rodovias e como invasora de pastos degradados (Kranz & Passini,1996a).

Como ornamental, foi encontrada em ruas, quintais e praças (Figura 3)de 84 cidades (Figura 4). As plantas mais antigas foram localizadas em Jandaiado Sul onde, segundo os moradores, foram plantadas há mais de 30 anos.

Fig. 3. Planta cultivada como ornamental na cidade de Ibipora.

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Na forma espontânea, dentro do perímetro urbano, a espécie foiobservada em 73 municípios (Figura 5), ocorrendo em praças, calçadas,quintais, fundo de vales e pedreiras.

Fig. 5. Ocorrência de amarelinho como espontâneo nas áreas urbanas.

Fig. 4. Ocorrência de amarelinho como ornamental.

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FENOLOGIA

No local de origem e em regiões com inverno bem definido, as plantasde amarelinho são caducifólias. Nos períodos de seca prolongada tambémperdem as folhas, como estratégia de proteção contra a desidratação.

Tecoma stans possui estruturas de reserva muito bem desenvolvidas.Armazenam grande quantidade de nutrientes, principalmente carboidratos,em suas raízes e também na casca dos ramos mais grossos. Isto permite que,em qualquer época do ano, a planta rebrote com grande vigor após umaroçada ou após a morte da parte aérea por queimadas. É também devido aessas reservas que novas plantas se formam a partir de pedaços de caule ou deraízes, dificultando o controle.

O desenvolvimento fenológico da planta nas condições do Norte doParaná foi acompanhado durante um ano, como mostrado na Figura 10(Kranz & Passini, 1996b).

No período de maio a novembro as plantas apresentam ramosdormentes, que, no mês de julho, chegam a até 30% do total. Não há queda defolhas. Isso ocorre nos locais em que a disponibilidade de água é limitada,como solos rasos, pedreiras e afloramentos rochosos. Se tal condição nãoocorre, a passagem do estádio vegetativo para o reprodutivo é direta.

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Fig. 10. Porcentagem de ramos nas diversas fases fenológicas.

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O período vegetativo se inicia no mês de setembro — quando vegetammenos de 10% dos ramos — e aumenta gradativamente. No mês de fevereiroquando todos os ramos estão se desenvolvendo vegetativamente,permanecendo em níveis altos até o mês de maio. Nessa ocasião se intensificao período reprodutivo, que atinge o ponto máximo no inverno.

Alguns botões e flores são observados nas inflorescências terminais apartir do mês de março, com o início da redução do número de horas de luzpor dia. O desenvolvimento de botões e flores intensifica-se a partir do mês demaio, chegando-se ao máximo de floração nos meses de agosto e setembro.Nessa época, mais da metade dos ramos se encontram em. floração. Aquantidade de flores é reduzida no mês de outubro. A partir de então ocorreintensa brotação ao longo dos ramos. Essas brotações são induzidas a novafloração, no mês de novembro, prolongando-se até janeiro. Normalmente, asflores deste segundo período de floração não produzem frutos. A presença defrutos em desenvolvimento é observada de maio a janeiro. A frutificaçãoocorre com maior intensidade nos meses de setembro e outubro, quandoaproximadamente 30% dos ramos apresentam frutos.

Observou-se a presença de frutos em deiscência, com liberaçãocontínua de sementes entre os meses de junho e janeiro. A liberação dassementes só ocorre com ar em movimento e concentra-se nos meses desetembro a dezembro. O maior número de frutos em deiscência foi observadono mês de outubro, coincidindo com o período que normalmente é chuvoso.

CONTROLE E CONSIDERAÇÕES FINAIS1

O controle de amarelinho, como de qualquer outra espécie, deve serfeito com integração de métodos, incluindo medidas preventivas, evitando aintrodução e dispersão da espécie na área; métodos culturais que favoreçam odesenvolvimento da forrageira; práticas mecânicas e controle químico.

No item biologia, foi mencionado que as sementes da espécie sãodispersadas principalmente pelo vento e que as plantas, após a eliminação daparte aérea, brotam rápida e vigorosamente. Essas características indicam queé difícil o controle com métodos exclusivamente preventivos ouexclusivamente mecânicos. Além disso, pecuaristas de diversos municípios doParaná mencionam que os arbusticidas normalmente utilizados não têm

¹A citação de herbicidas neste capítulo não constitui recomendação, uma vez que asinvestigações se encontram em andamento e os produtos referidos não estão liberados paracomércio e uso em amarelinho no Estado do Paraná.

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controlado plantas de amarelinho. Declaram que as plantas apresentamsintomas de toxicidade, mas se recuperam com vigor.

Dessa forma, a medida mais indicada é evitar a introdução doamarelinho no pasto e áreas circunvizinhas, mantendo-se o solo coberto. Paraisso, é necessário controlar a pressão, o tempo e a freqüência de pastejo, demodo a não rebaixar exageradamente a forrageira e facilitar sua recuperação.Caso contrário, sementes de amarelinho, trazidas pelo vento, podem cair emsolo desnudo, germinar e estabelecer-se na área.

É recomendável visitar periodicamente os pastos, áreas próximas acercas, caminhos e construções, eliminando as plantas quando ainda jovens,arrancando-as e deixando-as para secar ao sol (Figura 11).

Os morros são os locais mais suscetíveis à infestação, pois o o controlemecânico é mais difícil e, muitas vezes, impossível.

Fig. 11. Planta jovem.

Em áreas mecanizáveis, o controle pode ser feito com trator de esteirade lâmina dianteira dentada. Faz-se o arranquio das plantas com a máquina,enleira-se, queima-se e faz-se a gradagem. Se não for feita a queima, as plantasbrotam nas leiras, facilitando a reinfestação da área (Figura 12). Nunca fazer agradagem antes do enleiramento. Dessa forma evita-se propagar a planta porvia vegetativa.

Após o tratamento mecânico, plantas que surgirem de pedaços decaule e raízes deverão ser eliminadas, para evitar reinfestação da área.

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Fig. 12. Área reinfestada após arranquio e enleiramento mecânico (Corbélia).

Em áreas não mecanizáves, o controle químico é uma opção, mas asinformações sobre esse método de controle são escassas. Na bibliografianacional não se localizou qualquer informação sobre o controle de amarelinhoe, na internacional, cobrindo os últimos 24 anos, apenas uma referência foiencontrada, um trabalho realizado nas Ilhas Virgens (EUA), por Oakes (1970).

O amarelinho não foi controlado por aplicações foliares de tratamentosque incluíram uma única pulverização; duas pulverizações, com intervalo denove meses entre uma e outra ou três pulverizações, com um intervalo de seismeses entre a primeira e a segunda e de sete meses entre a segunda e a terceira(Oakes, 1970). O autor utilizou 2,4-D e 2,4,5-T, sozinhos ou em mistura, emsolução aquosa ou em mistura de água + óleo diesel ou óleo + querosene euma formulação de 2,4,5-T + MCPA, em água. Obteve sucesso no controle daespécie com uma pulverização basal de 2,4-D (0,33): 2,4,5-T (0,50) em óleodiesel.

Em 1994/95, o IAPAR testou a formulação 2,4-D + picloram emsolução aquosa e em óleo lubrificante usado, nas concentrações de 4% e 10%v/v (volume de herbicida em 100 litros de solução). As soluções a 4% forampinceladas no toco, imediatamente após o tronco ter sido cortado rente ao soloe, as soluções a 10%, pinceladas em tronco ferido com facão em toda suacircunferência, numa altura aproximada de 0,10 m do solo, sem eliminar aparte aérea. Cinco meses depois da aplicação do produto, no toco, 100% das

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plantas apresentavam brotações com altura entre 0,74 e l,21m. Também aoscinco meses depois da aplicação do herbicida, no tronco ferido, 70% dasplantas haviam brotado (Figuras 13 e 14) (Passini & Kranz, no prelo).

Como essas formas de aplicação não se mostraram promissoras, oIAPAR passou a estudar o uso de tebuthiuron, na formulação peletizada.Aplica-se pela distribuição de certa quantidade no pé do arbusto, semeliminação da copa.

Fig. 13. Porcentagem de plantas com brotações, após tratadas no toco. Londrina,1194/95.

Fig. 14. Efeito dos tratamentos realizados no tronco ferido, sem eliminação da copa.Londrina, 1994/95

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Tebuthiuron foi testado nas doses de 2, 4, 6, 8, 10 e 20 g.i.a/planta.Cada dose foi aplicada em 10 plantas. O solo da área é de textura argilosa eencontrava-se seco na data da aplicação. Até 30 dias após a aplicação nãohouve fitotoxicidade visível. Cinqüenta dias após a aplicação, a desfolha dasplantas tratadas com 2 e 4g era de 50%, a das tratadas com 6g, 60% e dastratadas com 8, 10 e 20g, 100%. Aos 93 dias após a aplicação, todas as plantas,em todas as doses, estavam totalmente desfolhadas. Nessas avaliações e nas de135, 186 e 240 dias comprovou-se o mecanismo de ação do produto. Este inibea fotossíntese, provocando clorose, necrose e abscisão foliar, ao que a plantareage com emissão de novas brotações. Isso ocorre sucessivamente até oesgotamento das reservas nutritivas, provocando a morte das plantas. Aos 271dias após a aplicação de tebuthiuron nenhuma planta apresentava brotações,os caules estavam secos e quebradiços. Nessa data, todas as plantas, em todasas doses, estavam mortas.

Esse herbicida, embora registrado para o controle de outras espéciesem pastagem, ainda não pode ser recomendado por não apresentar registropara controle de amarelinho.

O pecuarista deve estar consciente de que nenhuma das açõesdescritas serão eficientes se, após o controle de amarelinho, o manejo da novapastagem não for adequado, possibilitando a reinfestação, perdendo-se oesforço e o dinheiro aplicado.

Em áreas onde a espécie for erradicada, haverá risco de reinfestação,caso a erradicação não seja realizada em áreas vizinhas. Isso implica que osprogramas de controle devem ser coordenados de forma ampla, abrangendotoda uma região, e não apenas uma propriedade.

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