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2480 VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG DISTRIBUIÇÂO ESPACIAL DA DENGUE E SUA RELAÇÃO COM O CLIMA NO BAIRRO NOVA CIDADE MANAUS/ AM REBECA TEXEIRA DANTAS 1 REINALDO CORREA COSTA 2 RESUMO: Esse estudo analisa a espacialidade da dengue no Bairro Nova Cidade relacionando a quantidade de casos e sua relação com os elementos climáticos (ordem natural) e aspectos (sociais, econômicos e políticos) no período compreendido nos anos 2013 e 2014. O ano de 2013 foi analisado em particular, pois o bairro foi acometido pela doença de forma epidêmica registrando cerca de 370 casos. As zonas Leste e Norte de Manaus tiveram intenso processo de urbanidade, mas com a ausência de planejamento e descaso com o meio ambiente; resultando que elas apresentam aspectos bastante comprometedores à saúde pública. Palavras-chave: Risco. Vulnerabilidade. Epidemia. Análise Rítmica. ABSTRACT: This study aimed to analyze the dengue spatiality in New Town Neighborhood relating the number of cases and their correlation with the climatic elements (natural order) and social (economic and political) in the period in the years 2013 and 2014. The year 2013 was analyzed in a special way, because it was the neighborhood affected by the epidemic form disease recorded about 370 cases in the neighborhood. The city of Manaus, with its rapid and intense process of urbanity, for the Eastern and Northern areas with a lack of planning and disregard for the environment, presents quite compromising public health aspects. Key words: Risk. Vulnerability. Epidemic. Rhythmic analysis. 1. Introdução “A dengue é considerada um grave problema de saúde pública, restringindo não somente ao Brasil, mas em diversos países do mundo” (OMS, 2000). Os países tropicais apresentam condições climáticas favoráveis para a infestação do mosquito e ambientes 1 Graduanda em Geografia, Laboratório de Estudos Sociais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia [email protected]. 2 Doutorado em Geografia, Laboratório de Estudos Sociais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. [email protected]

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VARIABILIDADE E SUSCETIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações ecossistêmicas e sociais

25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG

DISTRIBUIÇÂO ESPACIAL DA DENGUE E SUA RELAÇÃO COM O CLIMA NO

BAIRRO NOVA CIDADE – MANAUS/ AM

REBECA TEXEIRA DANTAS1 REINALDO CORREA COSTA2

RESUMO: Esse estudo analisa a espacialidade da dengue no Bairro Nova Cidade

relacionando a quantidade de casos e sua relação com os elementos climáticos (ordem

natural) e aspectos (sociais, econômicos e políticos) no período compreendido nos anos

2013 e 2014. O ano de 2013 foi analisado em particular, pois o bairro foi acometido pela

doença de forma epidêmica registrando cerca de 370 casos. As zonas Leste e Norte de

Manaus tiveram intenso processo de urbanidade, mas com a ausência de planejamento e

descaso com o meio ambiente; resultando que elas apresentam aspectos bastante

comprometedores à saúde pública.

Palavras-chave: Risco. Vulnerabilidade. Epidemia. Análise Rítmica.

ABSTRACT: This study aimed to analyze the dengue spatiality in New Town Neighborhood

relating the number of cases and their correlation with the climatic elements (natural order)

and social (economic and political) in the period in the years 2013 and 2014. The year 2013

was analyzed in a special way, because it was the neighborhood affected by the epidemic

form disease recorded about 370 cases in the neighborhood. The city of Manaus, with its

rapid and intense process of urbanity, for the Eastern and Northern areas with a lack of

planning and disregard for the environment, presents quite compromising public health

aspects.

Key words: Risk. Vulnerability. Epidemic. Rhythmic analysis.

1. Introdução

“A dengue é considerada um grave problema de saúde pública, restringindo não

somente ao Brasil, mas em diversos países do mundo” (OMS, 2000). Os países tropicais

apresentam condições climáticas favoráveis para a infestação do mosquito e ambientes

1 Graduanda em Geografia, Laboratório de Estudos Sociais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia [email protected]. 2 Doutorado em Geografia, Laboratório de Estudos Sociais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. [email protected]

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urbanos são vulneráveis ao desenvolvimento do vetor, há também problemas estruturais

nos setores responsáveis pelo controle dos surtos epidêmicos.

Mendonça et.al. (2009, p.12) ao analisar os condicionantes socioambientais

relacionados à espacialidade da dengue, comenta:

“Para se compreender a dengue é necessário analisar os condicionantes socioambientais locais como: os padrões epidemiológicos internacionais da doença (circulações dos sorotipos), as adaptações do mosquito vetor a novos ambientes, as variações climáticas, além dos aspectos socioeconômicos e culturais das populações que habitam as áreas vulneráveis e de risco desta enfermidade”.

Outro fator preponderante para o desenvolvimento da dengue é o clima urbano, com

a variabilidade sazonal, vista através de seus principais elementos climáticos: temperatura,

umidade e precipitação e seu dinamismo inerente ao fenômeno urbano vem a exigir

estruturação teórica capaz de revelar a dinamicidade e adaptabilidade do vetor da dengue

contextualizando em diferentes escalas espaço-temporal. Segundo Beserra et. al. (2006,

p.23), temperaturas no intervalo de 22ºC a 30ºC são ideais para o desenvolvimento do

mosquito, já valores entorno dos 18ºC e 34ºC não se mostram como positivos para o pleno

desenvolvimento do inseto.

Monteiro (1976, p.34) através do Sistema de Clima Urbano sugere a análise

geográfica do clima a partir do paradigma do ritmo climático e afirma que:

“só a analise rítmica detalhada ao nível de tempo, revelando a gênese dos fenômenos climáticos pela interação dos elementos e fatores, dentro de uma realidade regional, é capaz de oferecer parâmetros válidos à consideração dos diferentes e variados problemas geográficos desta região".

Nas duas últimas décadas, a cidade de Manaus passou por processos de expansão

e ocupações multivariadas para as zonas Norte e Leste. Na zona Norte, onde se situa o

bairro Nova Cidade a forma de ocupação se deu a partir da construção de conjuntos

habitacionais promovidos pela Secretária de Habitação (SUHAB), no qual age acoplado a

processos metamorfoseiam o espaço resultante da luta de diferentes sujeitos pela terra

urbana. Para isso Costa et. al. (2009 p.07) afirma que: “A cidade cresce e com ela a

espacialidade dos riscos. As atividades se ligam umas às outras combinando riscos das

mais diferentes atividades”.

A partir das relações (sociais, econômicas e políticas) agindo sobre o espaço

urbano é possível correlacionar ao processo de saúde e doença analisando como o modo

de vida vigente influencia na ocorrência e reemergência da dengue. Pode-se dizer que o

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modo de vida da sociedade atual, situada em sua grande maioria nos centros urbanos, é

fator preponderante à ocorrência de dengue.

2. Material e métodos

2. 1 Área de estudo

O bairro Nova Cidade está localizado na zona norte de Manaus (figura 1), oficializado

pela Prefeitura de Manaus no Diário Oficial a partir do decreto da Lei Municipal Nº 1.401, de

14 de janeiro de 2010, sua área abrange 1044, 48 m². Constitui- se pelos conjuntos:

Cidadão VII, Cidadão XII, João Paulo II, Cidadão V, Cidadão VI, Vila da Barra, Galiléia I,

Nova Cidade, Galiléia II, Buriti e loteamentos como Monte Cristo, Parque Eduardo Braga e

Raio de Sol. O bairro encontra-se na área de expansão urbana de Manaus, de acordo com o

último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua

população era de 59.576 habitantes em 2010.

Nos anos de 2013 e 2014 os Levantamentos de Índice Rápido de Aedes Aegypti

(LIRA’as), do bairro Nova Cidade, apresentaram médio e alto grau de incidência da dengue,

esse é entre outros motivos, fundamentais para a abordagem devido ao grande número de

eventos de risco epidemiológico que ocorrem, tornando-se base para análise de

vulnerabilidades socioambientais relacionada com o clima.

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Figura 1: Localização da área de estudo bairro Nova Cidade – Manaus, AM. Fonte: IMPURBL, 2010.

2.2 Obtenção dos dados

A pesquisa fundamentou-se no levantamento de dados primários e secundários. Os

dados primários referem-se ao levantamento bibliográfico da temática trabalhada. Os dados

secundários são referentes ao endereçamento dos casos de Dengue pertencem ao banco

do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN – Ministério da Saúde),

fornecidos através da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS-AM) e da Secretaria Municipal

da Saúde (SEMSA), também foram realizados trabalhos de campos em pontos estratégicos

definidos através do mapeamento dos dados dos anos de 2013 e 2014. Os dados

meteorológicos foram obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e estes se

referem à precipitação, temperatura e umidade. Neste trabalho os dados trabalhados

consistiram no endereçamento dos casos dos anos de 2013 e 2014 e os LIRA’as dos

respectivos anos, sendo estes representados por meio de tabelas e gráficos. Os dados

climáticos e de Dengue foram trabalhados utilizando-se os softwares Excel, Google Earth e

Arc Giz 10.3.

2.3 Sistema clima urbano (SCU) e Sistema ambiental urbano (SAU)

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Seguindo a linha teórico-metodológica de Monteiro (1976) e Mendonça (2004),

fundamentados na Teoria Geral do Sistema (TGS) e suas análises, o presente estudo

refletirá a busca da abordagem multicausal devido ao envolvimento de aspectos

geográficos, biológicos entre outros na ocorrência de epidêmicas de dengue.

Para a análise entre o tratamento do fato urbano e da dinâmica das cidades será

utilizado o Sistema Ambiental Urbano (SAU) adaptado por Mendonça, que visa auxiliar as

análises relativas às interações entre a sociedade e natureza, principalmente da

manifestação de problemas socioambientais advindo dessas interações nas cidades, como

por exemplo, a dengue, conforme mostra a (figura 2).

Figura 2: Esquema a partir do S.A.U proposto por Mendonça.

Elab.e Org.:DANTAS, R.T.; COSTA, R.C, 2015.

Como também Monteiro que propôs o Sistema Clima Urbano (SCU) como um

sistema complexo, aberto e adaptativo, que abrange o clima de um dado espaço terrestre e

sua urbanização, onde se mostra a relação com a variável precipitação e sua influencia na

proliferação da dengue em ambientes urbanos. Composto por três subsistemas o

termodinâmico, o físico-químico e o hidrometeorico, sendo estes diretamente relacionados

com os canais de percepção humana: conforto térmico, qualidade do ar e impacto

meteórico.

3 – Resultados e discussão

3.1 Análise rítmica: clima e dengue.

No ano de 2013, a cidade de Manaus vivenciou um surto epidêmico da Dengue

(segundo maior dos últimos cinco anos), de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde

(Semsa) foram 16.634 casos notificados e 13.543 casos confirmados. Já no ano de 2014,

houve uma queda significativa nos números de casos sendo 4.329 casos notificados e 1.668

casos confirmados. Concomitantemente, o bairro Nova Cidade é definido pela Semsa como

alto risco de incidência da dengue, no ano de 2013 dos 360 casos notificados, 285 foram

confirmados. Já no ano de 2014 dos 127 casos notificados, 73 casos foram confirmados.

Urbanização

Dengue no Bairro Nova

Cidade Clima

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A temperatura, a precipitação e a umidade constituem-se nos elementos

climatológicos com maior grau de correlação com a proliferação do vírus da dengue, pois a

variabilidade climática existente na região apresenta condições propícias à adaptabilidade e

desenvolvimento do mosquito. A análise rítmica e sua aplicabilidade através da sua relação

com a espacialidade dos casos de dengue possibilitará a identificação das condições

ambientais favoráveis a sua atuação.

Foi observado que no período estudado o mês de abril a junho dos anos de 2013 foi

o ano que apresentou maior quantidade de casos de dengue, distribuído ao longo dos

meses do ano, exceto setembro que não foi registrado muitos casos. Já no ano de 2014 não

apresentaram casos da doença em todos os meses, outros com o número bem reduzido nos

meses de seca, principalmente em julho, agosto e setembro.

Nos meses de abril a junho dos anos 2013 e 2014, as temperaturas ficam entorno de

26°C, chegando a sua mínima dia 23/03/2013 23°C, chegando à sua máxima dia 29/03/2014

com 35°C e esses meses apresentam o maior número de casos, em destaque o mês de

maio de 2013 notificando cerca de 100 casos de dengue. De julho a novembro o número de

casos notificados do ano de 2014 passa a regredir quando ocorre uma diminuição em torno

de 35%. Em contrapartida os meses de setembro e outubro do ano de 2013 o número os

casos notificados começam a apresentar acréscimo. A relação entre a temperatura do ar e

os casos de Dengue é importante, pois se pode inferir acerca da temperatura ambiente a

partir do qual os focos conseguem evoluir e atingir a fase adulta.

Relacionando a incidência de Dengue com a precipitação pode-se notar que para o

mês de março, abril e maio houve uma coincidência em relação aos dias de chuva e aos

focos positivos até a metade do mês, ou seja, após os dias de chuva observou-se a

elevação dos mesmos, pois o ambiente encontrava-se propício à reprodução do mosquito.

Em abril, da mesma maneira que em março, ficou evidente o aparecimento de focos após os

dias de precipitação, sobretudo após as precipitações dos dias 15 (45 mm), 18 (46.4 mm) e,

particularmente a partir do dia 24. A precipitação, seguida do aumento da temperatura,

constituiu um estado ambiental-climático ótimo para a ocorrência de focos da Dengue no

bairro Nova Cidade no ano de 2013.

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Figura 3 – Cartograma da Análise Rítmica dos anos de 2013 e 2014. Elab. e Org. por: Dantas, R.T.;COSTA, R.C, 2016.

Cabe salientar que, a dinâmica climática não é a única que instaura a proliferação da

dengue. Ao analisar as relações sociais associadas ao metabolismo urbano e aos impactos

gerados pela sociedade, em diferentes ordens de grandezas resultantes por via das vezes

de modo desigual, as categorias (classes) e grupos sociais envolvidos nestes processos de

formação dos riscos e suas relações como sujeito sujeitado e sujeito sujeitante. Conforme

Costa (2015, pg.75) evidencia “os riscos são uma produção social e exemplo das

desigualdades e injustiças espaciais, pois atingem as classes e os grupos sociais de menor

poder (aquisitivo e politico) e distanciados dos centros decisórios de mercado e da politica”.

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3.2 Trabalho de campo

Foi realizado o trabalho de campo no bairro Nova Cidade, abrangendo os seguintes

conjuntos: Villa da Barra, Galiléia I, Galiléia II, Parque Eduardo Braga e Renato Souza Pinto

II. Estes conjuntos encontram-se na margem esquerda e direta do igarapé do passarinho

dentre os quais foram possíveis identificar os depósitos predominantes à incidência da

dengue ao longo dos conjuntos foi lixo doméstico e eletrônico (jogados nas calçadas e ruas),

além de caixas d’ água sem tampas (nas residências) e pneus vazios. A figura 3 (A) mostra

alguns depósitos favoráveis a proliferação da dengue os lixos ao longo de grande parte dos

conjuntos visitados, e na figura 3 (B) a predominância de pneus ao longo da praça sem

aterro ocasionando com a chuva foco para o mosquito da dengue. O conjunto aonde se

localiza a praça nos ano de 2013 apresentou muitos casos notificados, passando a ser

considerado um ponto estratégico para proliferação do mosquito. Os depósitos

predominantes encontrados exprimem o modo urbano dos conjuntos, adjunto a necessidade

de ações locais e articuladas entre as áreas responsáveis pela distribuição de água, controle

de vetores, educação em saúde, mobilização social e coleta regular de lixo.

Figura 4 – Depósitos predominantes ao longo dos conjuntos do bairro Nova Cidade. (A) Lixos ao longo das ruas do conjunto Galiléia II, (B) Praça com pneus sem aterramento, e com agua acumulada

instalando-se como condições propícias para um foco de dengue. Fonte: Dantas,R.T.,2015.

3.3 Análise da espacialidade da dengue no bairro Nova Cidade.

O bairro Nova Cidade apresenta ao longo de sua espacialidade formas, funções e

estruturas diferenciadas resultantes do processo de organização espacial, onde as formas e

as funções resultam muitas vezes no aumento das áreas fragilizadas caracterizadas pelo

menor valor de solo urbano, maior vulnerabilidade a riscos, ausência de conforto ambiental

e planejamento urbano oficial.

A B

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No ano de 2013, a Semsa registrou 364 casos de dengue e em 2014, cerca de 130

casos de dengue. De acordo com o mapa de 2013 (figura 5), observa-se a distribuição ao

longo de quase toda a área construída do bairro o índice de infestação dos indivíduos ao

longo do ano. As áreas de maior incidência do vetor encontram-se próximas aos igarapés

Passarinho e Matrinxã e ao longo das ocupações ilegais que tem que deficiência nas

questões de abastecimento de água, formação de lixões a céu aberto.

Já no ano de 2014, os casos de dengue diminuíram isso se deve a formas de

planejamento reativo desenvolvido pelas secretárias após o surto, que constituem em

medidas imediatas do governo, dentro dos padrões de causa e efeito que a epidemia de

2013 causou. Em grande parte dos conjuntos foram reduzidos os casos, apenas áreas

próximas as principais avenidas do bairro sendo estas: Creta, Nepal e Curaçao ainda

permaneceram com alto numero de notificações de casos de dengue conforme a (figura 6).

A dengue é caracterizada pelo seu caráter dispersivo, influenciado pelos

condicionantes socioeconômicos dos infectados e dos elementos climáticos. Essa dispersão

epidemiológica ao longo dos anos evidenciou que há áreas altamente vulneráveis a esses

riscos, pois permanecem ao longo dos anos suas ocorrências nos diferentes contextos.

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Figura 5 – Mapeamento da distribuição dos casos no bairro Nova Cidade, a partir do endereçamento fornecido pela Semsa. Fonte: SEMSA, 2016.

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Figura 6 – Mapeamento da distribuição dos casos no bairro Nova Cidade, a partir do endereçamento fornecido pela SEMSA. Fonte: SEMSA, 2016.

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4 – Considerações finais

Para análise do bairro Nova cidade o emprego da análise rítmica tornou possível

evidenciar relações entre as condições atmosféricas e a eclosão dos casos de Dengue nos

anos de 2013 e 2014. Por meio deste método de análise foi possível identificar as

características particulares do surto epidêmico do ano de 2013, mediante a sazonalidade

existente na região, onde as condições térmicas e pluviométricas observadas nos meses de

março a maio, associada com as desigualdades socioambientais foram favoráveis ao

aparecimento dos focos positivos. Assim, a qualidade/condições de vida juntamente com os

elementos climáticos e os casos de dengue no bairro nos anos de 2013 e 2014 compõe um

só mosaico, sobre aplicados a vulnerabilidade socioambiental nos respectivos anos e suas

relações pode em muito contribuir para realçar a gênese e evolução dos problemas a saúde

pública da população local.

5 – Referências BESERRA, E. B; CASTRO JR., F. P; SANTOS, J. W; SANTOS, T. S; FERNANDES, C. R.

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