distribuição da comunidade macrobentónica no estuário do rio lima

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 Distribuição da comunidade macrobentónica no estuário do rio Lima Maria João Romeu 1,2 , Pedro Veloso 1,3 , Pedro Soares 1,4 1  Alunos 3º ano de Biologia Aplicada da Universidade do Minho, Braga, Portugal  2  A59057 3  A59086 4 A59083 Resumo A amostragem foi efectuada no estuário do Rio Lima, na cidade de Viana do Castelo, com o objectivo de analisar a distribuição da comunidade de organismos macroinvertebrados bentónicos. É fundamental compreender a distribuição espacial e temporal de macroinvertebrados bentónicos para o estudo de mudanças ambientais causadas pelo impacto humano. Realizou-se amostragem em 9 estações, recolhendo-se 9 réplicas em cada ponto. Foram avaliados parâmetros como a temperatura, salinidade, oxigénio dissolvido e condutividade. No total foram identificados 426 indivíduos distribuídos por 20 espécies diferentes. A análise multivariada revelou grupos distintos, cada grupo é representado por espécies específicas e caracterizado por diferentes condições ambientais. Valores de abundância e diversidade variaram nas nove estações. Hediste diversicolor e Corophium multisetosum foram as espécies que apresentaram uma maior predominância ao longo das estações. Estes resultados demonstraram diferenças significativas na composição da comunidade macrobêntónica ao longo do gradiente estuarino. Introdução Os estuários são zonas de transição entre um local com água doce e água salgada, de elevada produtividade, devido às características hidrodinâmicas da circulação e com extrema importância biológica. Apresentam uma elevada biodiversidade de fauna e flora, contribuindo para a criação de novos habitats. Os estuários fornecem úteis áreas de alimentação, abrigo e repouso, assim como de reprodução de diversas espécies, apesar de existir uma elevada variabilidade de condições que variam ao longo da área estuarina, como a salinidade, temperatura, pH, oxigénio dissolvido, clorofila ou condutividade. São áreas de elevada importância ecológica e ambiental, pois apresentam elevados ciclos biogeoquímicos e fluxo de nutrientes, são responsáveis pela atenuação de cheias (deposição de matéria orgânica) e contribuem para a manutenção da biodiversidade. Ao longo dos últimos tempos, a actividade humana tem desempenhado um papel bastante

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Estuário Rio Lima. Comiunidades macrobentónicas. 2012. Universidade do Minho. Licenciatura Biologia Aplicada.

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  • Distribuio da comunidade macrobentnica no esturio

    do rio Lima

    Maria Joo Romeu 1,2, Pedro Veloso 1,3, Pedro Soares 1,4

    1 Alunos 3 ano de Biologia Aplicada da Universidade do Minho, Braga, Portugal 2 A59057 3 A59086 4 A59083

    Resumo

    A amostragem foi efectuada no esturio do Rio Lima, na cidade de Viana do Castelo, com o

    objectivo de analisar a distribuio da comunidade de organismos macroinvertebrados

    bentnicos. fundamental compreender a distribuio espacial e temporal de

    macroinvertebrados bentnicos para o estudo de mudanas ambientais causadas pelo impacto

    humano. Realizou-se amostragem em 9 estaes, recolhendo-se 9 rplicas em cada ponto.

    Foram avaliados parmetros como a temperatura, salinidade, oxignio dissolvido e

    condutividade. No total foram identificados 426 indivduos distribudos por 20 espcies

    diferentes. A anlise multivariada revelou grupos distintos, cada grupo representado por

    espcies especficas e caracterizado por diferentes condies ambientais. Valores de

    abundncia e diversidade variaram nas nove estaes. Hediste diversicolor e Corophium

    multisetosum foram as espcies que apresentaram uma maior predominncia ao longo das

    estaes. Estes resultados demonstraram diferenas significativas na composio da

    comunidade macrobntnica ao longo do gradiente estuarino.

    Introduo

    Os esturios so zonas de transio entre

    um local com gua doce e gua salgada, de

    elevada produtividade, devido s

    caractersticas hidrodinmicas da

    circulao e com extrema importncia

    biolgica. Apresentam uma elevada

    biodiversidade de fauna e flora,

    contribuindo para a criao de novos

    habitats.

    Os esturios fornecem teis reas de

    alimentao, abrigo e repouso, assim como

    de reproduo de diversas espcies, apesar

    de existir uma elevada variabilidade de

    condies que variam ao longo da rea

    estuarina, como a salinidade, temperatura,

    pH, oxignio dissolvido, clorofila ou

    condutividade.

    So reas de elevada importncia ecolgica

    e ambiental, pois apresentam elevados

    ciclos biogeoqumicos e fluxo de

    nutrientes, so responsveis pela

    atenuao de cheias (deposio de matria

    orgnica) e contribuem para a manuteno

    da biodiversidade. Ao longo dos ltimos

    tempos, a actividade humana tem

    desempenhado um papel bastante

  • negativo neste tipo de ecossistemas.

    Devido ao desenvolvimento das grandes

    cidades em torno dos esturios, estes so

    os receptores de diversos tipos de

    contaminantes e presses negativas. A

    rea domstica e industrial, a agricultura, a

    pesca desportiva e comercial excessiva so

    factores que influenciam a biodiversidade

    das reas estuarinas e os seus ciclos

    biogeoqumicos. As dragagens, actividades

    porturias e contaminaes por metais

    pesados desempenham tambm um papel

    bastante negativo. As espcies

    macrobentnicas assumem um papel

    relevante no estudo da ecologia do

    esturio, pois apresentam diversas

    caractersticas favorveis para o estudo de

    mudanas ambientais como disperso

    limitada, facilidade em identificar, ocupam

    vasta variedade de microhabitats,

    estabelecem conexes com nveis trficos

    superiores alm de apresentarem

    importncia econmica. So assim

    considerados os bioindicadores mais teis

    de possveis mudanas ambientais,

    tornando-se necessrio conhecer os

    padres de diversidade de

    macrobentnicos para identificar reas de

    conservao. Annelida, Mollusca e

    Anthropoda so os principais filos

    representantes dos macroinvertebrados

    bentnicos caractersticos do esturio do

    Lima, pelas classes Polychaeta, Bivalvia e

    Melascostraca, respectivamente. No filo

    Anthropoda tambm so comuns

    organismos das ordens Isopoda,

    Amphipoda e Decapoda. Diversos estudos

    de ecossistemas estuarinos tm sido

    realizados, comprovando que diferentes

    habitats contribuem para a biodiversidade

    e cadeias alimentares distintas.

    Os objectivos deste trabalho foram

    comparar o padro de distribuio e

    caracterizar a estrutura das comunidades

    de macroinvertebrados bentnicos em

    relao aos factores fsico-qumicos, assim

    como estimar a abundncia e biomassa das

    espcies de macroinvertebrados

    bentnicos presentes no esturio do Lima

    e identificar possveis espcies chave no

    funcionamento do ecossistema.

    Materiais e mtodos

    rea de Estudo

    O rio Lima nasce na Serra de So Mamede,

    em Orense, Espanha a cerca de 950 m de

    altitude. Tem cerca de 108 km de

    comprimento, dos quais 67 km pertencem

    a Portugal. A bacia hidrogrfica do rio Lima

    tem uma rea correspondente a 2480km2,

    pertencendo 1303km2 a Espanha e 177km2

    a Portugal. O esturio est localizado a NW

    de Portugal e a influncia das mars

    estende-se cerca de 20 km a montante. O

    esturio do Lima tem uma largura mxima

    prxima de 1 km, sendo significativamente

    maior durante a mar alta. O baixo

    esturio constitudo por uma bacia larga

    e pouco profunda e o alto esturio

    constitudo por um canal estreito, cuja

    profundidade diminui gradualmente para

    montante. Ao longo dos ltimos anos, o

    esturio mesotidal do Rio Lima tem-se

    tornado um importante porto para

    navegao e actividades comerciais, assim

    como actividades relacionadas com a

    pesca. No entanto, tem sofrido diversas

    consequncias causadas pela ocupao e

    actividade humana. O esturio do Rio Lima

    tem sido submetido a diferentes fontes de

    perturbao devido dragagem constante,

    assim como a actividade agrcola, urbana

    e industrial, nomeadamente a nvel da

    descarga de efluentes. Todas estas

    actividades tm alterado as condies

    fsicas caractersticas do esturio, como

    modificaes na batimetria e ocorrncia de

    processos naturais, como a eutrofizao.

  • Amostragem e anlise laboratorial

    A amostragem foi realizada no Outono de

    2011, durante a mar baixa no esturio do

    Rio Lima situado na cidade de Viana do

    Castelo. Foram recolhidas 9 rplicas, das

    quais 1 para anlise de sedimento e 8 para

    anlise de dados biolgicos, em cada uma

    das 9 estaes de amostragem.

    Temperatura, pH, oxignio dissolvido e

    salinidade foram parmetros abiticos

    examinados durante o trabalho de campo,

    in situ, atravs da sonda multiparamtrica

    YSI 6820. O material biolgico recolhido

    por um cilindro com 44cm2 de base foi

    crivado atravs do uso de uma peneira,

    conservado em lcool etlico e

    posteriormente realizou-se a triagem e

    contagem. A granulometria do sedimento

    foi determinada aps secagem da amostra

    numa estufa a 60C durante 72 h. O

    sedimento seco foi posteriormente

    colocado numa bateria de crivos segundo a

    escala de Wentworth e a frequncia de

    cada classe expressa como percentagem

    do peso total. A quantidade de matria

    orgnica foi determinada aps combusto

    a 550C por 24 horas sendo os valores

    expressos em percentagem relativamente

    ao peso perdido durante a combusto. Os

    organismos foram identificados de acordo

    com classe ou ordem a que pertencem,

    sendo posteriormente possvel a

    identificao concreta de espcies.

    Anlise de dados

    De modo a determinar os padres de

    distribuio e abundncia das espcies na

    estrutura da comunidade, foi feita a anlise

    multivariada utilizando CLUSTER e MDS.

    Enquanto Cluster, tem como ponto de

    partida a matriz de similaridade de dados

    biticos e abiticos e funde as amostras

    em grupos, MDS tem como ponto de

    partida a matriz de similaridade de dados

    biticos e abiticos, mas ordena as

    amostras de forma a explorar padres. O

    MDS usa um algoritmo que aperfeioa as

    posies at que eles satisfaam o mais

    aproximadamente possvel a

    dissimilaridade entre amostras. O

    resultado uma ordenao 2D onde os

    pontos prximos representam amostras

    similares em composio. PCA (anlise de

    componentes principais) e BIOENV

    utilizaram-se para comparar ndices de

    similaridade biticos e abiticos e

    estabelecer correlaes entre os

    parmetros biolgicos e caractersticas

    abiticas. No PCA ao contrrio dos dados

    biolgicos, os dados ambientais utilizam

    Fig. 1 - Mapa do esturio do Lima com as estaes de amostragem

  • escalas de medida diferentes. Antes de

    efectuar um PCA importante verificar se

    existem correlaes entre variveis e se

    existirem, essas variveis devem ser

    omitidas da anlise subsequente. Foram

    calculados parmetros como abundncia,

    biomassa, nmero de espcies, ndice de

    diversidade de Shannon-Wiener e ndice de

    equitabilidade. A anlise multivariada

    usada para detectar padres entre

    amostras e relaes entre diferentes

    dados, biolgicos e ambientais, por

    exemplo. uma anlise essencial para

    condensar grandes quantidades de dados,

    alm de ser visualmente muito mais

    apelativa.

    Resultados

    Os parmetros fsicos e qumicos presentes

    na anlise de PCA, revelam a existncia de

    um padro especfico de estaes.

    PC1 representa o eixo de variabilidade com

    cerca de 53% de influncia no

    agrupamento das estaes, enquanto que

    PC2 reflecte apenas 28%.

    Analisando o primeiro eixo, verifica-se a

    existncia de dois grandes grupos de

    estaes. As estaes 1 a 6 formam um dos

    grupos e as estaes 7 a 9 formam o outro

    conjunto de estaes analisadas. A

    temperatura, oxignio dissolvido, e

    clorofila, so parmetros fsicos e qumicos

    que influenciam a distribuio no sentido

    positivo. A salinidade e areia fina so dois

    parmetros que influenciam a distribuio

    no sentido negativo.

    Por anlise ao eixo PC2, a distribuio das

    estaes influenciada negativamente por

    parmetros como a matria orgnica, areia

    muito fina, e silte+argila.

    O parmetro fsico, areia mdia, contribui

    para uma distribuio positiva das

    estaes.

    MDS e Cluster, so dois mtodos de anlise

    de similaridade entre os dados biolgicos

    recolhidos nas diversas estaes.

    Esta anlise demonstra a existncia de trs

    grupos distintos: um grupo (A) constitudo

    Fig. 2 - Anlise de PCA e respectiva distribuio das estaes em funo dos parmetros abiticos

  • pela estao 1, o segundo grupo (B) pelas

    estaes 2-6 e um ltimo grupo (C) com as

    restantes estaes.

    A similiaridade entre o grupo C e os

    restantes cerca de 10% aumentando

    ligeiramente quando se comparam os

    grupos A e B, com cerca de 17%.

    A estao 1 est sob influncia de um

    ambiente marinho, mais propriamente na

    zona de rebentao, onde existe

    obviamente uma elevada salinidade, uma

    temperatura mais reduzida e onde o

    sedimento mdio/fino est mais patente.

    O grupo B caracteriza-se por serem

    organismos presentes numa zona de

    transio, neste caso, zona estuarina.

    Nesta zona, verifica-se uma elevao da

    temperatura, clorofila, e do tipo de

    sedimento e uma diminuio da salinidade.

    Nas estaes do grupo C, os parmetros

    fsico-qumicos so totalmente diferentes.

    As condies de um ambiente fluvial

    acentuam-se, onde a salinidade quase

    nula, a temperatura se acentua e o tipo de

    sedimento se modifica para mais grosso.

    As curvas de k-dominncia representam a

    equitabilidade das espcies nas diferentes

    estaes de recolha.

    Na estao 1, a distribuio de espcies

    tambm muito reduzida, sendo a espcie

    dominante Nephtys cirrosa.

    Nas estaes do grupo B, a distribuio de

    espcies reduzida, sendo a Hediste

    diversicolor a espcie dominante.

    Srobicularia plana apesar de no ser

    dominante aparece tambm com alguma

    frequncia.

    Aps observao do grfico, as estaes 7

    e 9 so as que verificam melhor

    distribuio de espcies.

    O contrrio acontece por exemplo na

    estao 8 onde h uma espcie dominante

    (Chorophium multisetosum) relativamente

    s outras representando mais de 90% da

    populao.

    ANOSIM um teste que providencia uma

    forma de testar estatisticamente se as

    diferenas entre os dois grupos so

    significativas.

    Funciona como uma ANOVA, no entanto, o

    ANOSIM pode ser utilizado com uma

    matriz que contenha muitos zeros, como

    o caso da tabela.

    Os valores do teste (R) variam entre -1 e 1

    sendo que o valor de zero indica que o

    agrupamento completamente ao acaso

    (no significativo) e valores prximos de -1

    e 1 so altamente significativos.

    O valor de R, 0.567 est contido no

    intervalo [0,1] a uma distncia equidistante

    Fig. 3 - Cluster de similaridade biolgica entre as estaes

  • dos extremos. Sendo assim, o valor de R

    permite afirmar que as diferenas entre os

    diversos grupos so significativas.

    A melhor correlao entre os parmetros

    fsico-qumicos analisados entre a

    salinidade, concentrao de clorofila e

    percentagem de areia fina presentes nas

    diversas amostras recolhidas das diversas

    estaes. Esta correlao foi avaliada pelo

    teste estatstico BIOENV.

    Discusso

    Foram analisados diversos parmetros

    abiticos medidos no esturio do rio Lima.

    Pela anlise multivariada elaborada

    anteriormente pode-se desde j inferir que

    existem trs grandes grupos.

    O grupo A, constitudo pela estao 1; o

    grupo B, constitudo pelas estaes 2,3,4,5

    e 6; e o grupo C, constitudo pelas estaes

    7,8 e 9.

    As mars so o principal factor para a

    variao dos factores abiticos medidos.

    Assim sendo a salinidade diminui esturio

    acima, devido perda da influncia das

    mars e tambm a um maior influxo fluvial.

    No sentido inverso, a temperatura

    aumenta medida que as amostras eram

    recolhidas mais a montante devido perda

    da influncia do ambiente marinho.

    As variaes de pH no so muito

    evidentes, assim como uma concentrao

    de O2 dissolvido que apesar de aumentar

    nunca atinge valores muito diferentes nos

    pontos extremos de recolha. Contudo,

    estes dois ltimos no influenciam a

    distribuio de organismos.

    O tipo de sedimento um factor que

    influencia os factores biolgicos

    (distribuio de espcies), verificando-se

    um gradiente ao longo do esturio. A

    percentagem de sedimentos grossos

    aumenta nas regies mais a montante

    onde a influncia das mars j no se faz

    sentir.

    Na estao 1, situada na regio terminal do

    esturio, a quantidade de sedimentos

    finos/mdios maior do que nas regies

    mais a montante.

    Nas estaes do grupo B h presena de

    vrios tipos de sedimentos pois esto

    localizadas em zonas de transio.

    Nas estaes 7,8 e 9 o tipo de sedimento j

    bastante grosso.

    Dentro do grupo B, nas estaes 3 e 6 a

    S1

    S2

    S3

    S4

    S5

    S6

    S7

    S8

    S9

    Cu

    mu

    lative

    Do

    min

    an

    ce

    %

    Species rank

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    1 10

    Fig. 4 - Curvas de k-dominncia analisando a distribuio de espcies em cada estao de amostragem

  • quantidade de sedimentos muito finos

    muito maior do que nas restantes estaes

    o que possivelmente se deve a uma maior

    actividade dos ciclos biogeoqumicos ou,

    alternativamente, devido a alteraes

    provocadas pela ocupao humana como

    dragagens, descarga de efluentes e

    consequente eutrofizao.

    A colonizao de espcies oportunistas

    com elevadas densidades populacionais

    est directamente relacionada com a

    salinidade e presena de sedimentos finos.

    Hediste diversicolor (estaes 2,3,4,5 e 6)

    uma espcie que est sob influncia de

    condies variveis de salinidade e

    sedimentos finos, pois vive em esturios.

    Como o ambiente em que est inserida

    possui todos os parmetros ideais para a

    sua proliferao, classifica-se como uma

    espcie dominante com elevada densidade

    populacional. Corophium multisetosum

    (estao 8) vive e prolifera num ambiente

    fluvial. Apesar do tipo de sedimento ser

    mais grosso, a salinidade ser nula e a

    quantidade de matria orgnica muito

    reduzida, tem grande densidade

    populacional o que pode ser interpretado

    como uma espcie de gua doce e no de

    transio. Nephthys cirrosa (estao 1)

    outra espcie dominante, porm, est

    constantemente exposta a um ambiente

    marinho e por isso o tipo de sedimento

    fino/mdio, a salinidade elevada e

    constante o que proporciona um ambiente

    ideal para a sua proliferao.

    Contudo, apesar de apresentarem

    vantagens, estas espcies dominantes

    podem desempenhar um papel de

    competitividade para com as restantes

    espcies. A sua densidade pode influenciar

    o ecossistema estuarino, tanto a nvel de

    abrigo, alimento e at mesmo

    decomposio de matria orgnica para

    posterior consumo de outros organismos.

    Sendo assim, pode-se concluir que os trs

    grupos so diferentes entre si no que a

    similaridade diz respeito.

    Os organismos do grupo A podem ser

    classificados como sendo de origem

    marinha, os do grupo B como sendo

    espcies de transio as quais esto bem

    adaptadas para as variaes que ocorrem

    nas zonas estuarinas. Os organismos do

    grupo C so classificados como espcies de

    gua doce. Pela tabela relativa aos ndices

    de diversidade conclui-se que esta muito

    pouco evidente nas estaes 1, 3 e 8.

    Concluso

    A anlise multivariada revelou 3 grupos

    distintos de organismos

    macroinvertebrados bentnicos, presentes

    no esturio do Rio Lima. Hediste

    diversicolor, Corophium multisetosum e

    Nephthys cirrosa so espcies que

    assumem um papel essencial no

    ecossistema, pois existem em grande

    abundncia, estando envolvidas em

    cadeias alimentares e apresentando-se

    como possveis fontes de alimento para

    outros organismos de nveis trficos

    superiores. Torna-se importante a

    continuao de estudos no esturio do

    Lima, de forma a avaliar os impactos

    antropognicos e a forma como podem

    afectar a comunidade de organismos

    macrobentnicos.

  • Referncias

    Sousa R., Dias S. & Antunes C. (2007) Subtidal macrobenthic structure in the lower Lima

    estuary, NW of Iberian Peninsula. Annales Zoologici Fennici 44, 303 313.

    Sousa R., Antunes C. & Guilhermino L. (2006) Factors influencing the occurrence and

    distribution of Corbicula fluminea (Mller, 1774) in the River Lima estuary. Annales de

    Limnologie - International Journal of Limnology 42, 165 - 171.

    Sousa R., Dias S. & Antunes C. (2006) Spatial subtidal macrobenthic distribution in relation to

    abiotic conditions in the Lima estuary, NW of Portugal. Hydrobiologia 559, 135 - 148

  • Apndice

    Mar Baixa

    Factores Abiticos S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9

    Temperatura (C) 14,7 15,2 15,5 16,9 16,8 16,9 17,2 18,9 18,7

    Condutividade (Scm-1

    ) 51320,0 47610,0 35106,0 34060,0 34040,0 32090,0 12900,0 2200,0 325,0

    Salinidade 33,8 31,1 22,1 21,4 21,1 20,1 7,5 1,5 0,2

    Oxignio Dissolvido

    (mgl1)

    7,0 6,9 7,6 7,8 7,1 8,6 8,8 8,7 8,8

    pH 7,9 8,1 8,1 8,2 8,1 8,1 8,2 8,2 8,2

    Clorofila (gl-1) 2,5 1,8 2,8 3,4 3,5 10,8 10,2 10,3 6,4

    Cascalho (%) 1,2 5,8 0,2 25,7 11,3 15,8 17,9 34,4 46,9

    Areia Muito Grossa (%) 2,0 9,8 1,9 20,3 21,5 11,1 33,8 30,5 25,4

    Areia Grossa (%) 10,1 14,0 6,5 18,3 27,6 8,6 22,6 22,0 22,9

    Areia Mdia (%) 47,4 44,0 12,4 22,3 26,0 8,4 7,2 10,7 4,5

    Areia Fina (%) 38,9 24,4 13,6 9,0 8,3 10,9 5,9 1,3 0,3

    Areia Muito Fina (%) 0,4 1,9 27,2 2,0 2,5 18,4 7,3 0,6 0,1

    Silte+Argila (%) 0,0 0,1 38,3 2,3 2,8 26,7 5,2 0,5 0,0

    Matria Orgnica (%) 3,0 2,0 9,5 3,5 4,3 10,4 5,5 1,6 0,6

    Apndice 1 Tabela dos parmetros abiticos medidos durante a mar baixa no esturio do Lima

  • Mar Alta

    Factores Abiticos S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9

    Temperatura (C) 16,4 16,1 17,9 16,5 15,8 19,4 19,8 20,0 19,9

    Condutividade (Scm-1

    ) 53710,0 50450,0 50820,0 53890,0 52980,0 42,2 16900,0 9687,0 765,0

    Salinidade 35,0 33,2 33,4 35,6 35,0 27,2 10,0 5,5 0,4

    Oxignio Dissolvido (mgl-

    1)

    7,6 8,1 7,1 7,0 6,7 7,4 9,1 8,7 9,8

    pH 8,1 8,2 8,1 8,1 8,0 8,2 8,2 8,2 8,2

    Clorofila (gl-1) 1,6 1,9 2,6 1,3 3,1 8,4 14,2 11,8 9,8

    Cascalho (%) 1,2 5,8 0,2 25,7 11,3 15,8 17,9 34,4 46,9

    Areia Muito Grossa (%) 2,0 9,8 1,9 20,3 21,5 11,1 33,8 30,5 25,4

    Areia Grossa (%) 10,1 14,0 6,5 18,3 27,6 8,6 22,6 22,0 22,9

    Areia Mdia (%) 47,4 44,0 12,4 22,3 26,0 8,4 7,2 10,7 4,5

    Areia Fina (%) 38,9 24,4 13,6 9,0 8,3 10,9 5,9 1,3 0,3

    Areia Muito Fina (%) 0,4 1,9 27,2 2,0 2,5 18,4 7,3 0,6 0,1

    Silte+Argila (%) 0,0 0,1 38,3 2,3 2,8 26,7 5,2 0,5 0,0

    Matria Orgnica (%) 3,0 2,0 9,5 3,5 4,3 10,4 5,5 1,6 0,6

    Apndice 2 Tabela dos parmetros abiticos medidos durante a mar alta no esturio do Lima

  • Estao S N J H

    S1 4 2,125 0,570034 0,790235

    S2 9 9,375 0,5097 1,119924

    S3 3 4,25 0,713126 0,783449

    S4 8 11,125 0,498142 1,035857

    S5 4 1,375 0,745557 1,033562

    S6 4 2,25 0,750136 1,03991

    S7 4 0,5 1 1,386294

    S8 5 21 0,200699 0,323012

    S9 5 1,25 0,934978 1,504788

    Apndice 3 Tabela representativa dos nmeros de taxa (S); Abundncia de organismos/m2 (N); ndice de equitabilidade (J); ndice de Shanon-Wiever (H)

  • Taxa S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9

    Glycera convoluta x x x 2 x x x x x

    Nephthys hombergii x 5 x x x x x x x

    Nephthys cirrosa 13 2 x 3 x x x x x

    Hediste diversicolor 1 49 20 66 7 11 x 3 x

    Eteone longa x 5 x 7 x x x x x

    Maldane sarsi x 1 x x x x x x x

    Heteromastus filiformis x 1 x 4 x x x x x

    Srobicularia plana x 1 13 4 2 x x x x

    Corbicula fluminea x x x x x x 1 5 x

    Cerastoderma edule x 2 x x x x x x x

    Insecta sp1 x x x x x 2 1 2 2

    Insecta sp2 x x x x x x x x 1

    Insecta sp3 x x x x x x x x 1

    Chrinomidae x x x x x x x x 3

    Eurydice pulchra 2 x x x x x x x x

    Cyathura carinata x x 1 2 1 1 1 1 x

    Corophium multisetosum x x x x x x 1 157 3

    Carcinus maenas x 1 x 1 1 x x x x

    Crangon crangon x x x x x 4 x x x

    Mysidacea 1 x x x x x x x x

    Apndice 4 Tabela das diferentes espcies recolhidas ao longo das estaes de amostragem

  • 0

    20

    40

    60

    80

    100

    >2mm 1mm 500 um 250um 125um 63um