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MAPEAMENTO DA COBERTURA ARBÓREO-ARBUSTIVA EM QUATRO BAIRROS DA CIDADE DE UBERLÂNDIA –
MG
Guilherme Coelho Melazo
UBERLÂNDIA, 07 de março de 2008
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
Guilherme Coelho Melazo
MAPEAMENTO DA COBERTURA ARBÓREO-ARBUSTIVA EM QUATRO BAIRROS DA CIDADE DE UBERLÂNDIA – MG
Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia
Civil da Universidade Federal de Uberlândia, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Nishiyama
Uberlândia, 07 de março de 2008
ii
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M517m Melazo, Guilherme Coelho, 1980- Mapeamento da cobertura arbóreo-arbustiva em quatro bairros da cidade de Uberlândia-MG / Guilherme Coelho Melazo. - 2008. 100 f. : il. Orientador: Luiz Nishiyama. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Progragrama de Pós-Graduação em Engenharia Civil. Inclui bibliografia. 1. Vegetação - Mapeamento - Uberlândia (MG) - Teses. I. Nishiyama, Luiz. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. III. Título.
CDU: 581.9 (815.12 * UDI)
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação
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iv
As árvores são fáceis de achar Ficam plantadas no chão
Mamam do céu pelas folhas E pela terra
Também bebem água Cantam no vento
E recebem a chuva de galhos abertos Há as que dão frutas E as que dão frutos As de copa larga
E as que habitam esquilos As que chovem depois da chuva
As cabeludas, as mais jovens mudas As árvores ficam paradas Uma a uma enfileiradas
Na alameda Crescem pra cima como as pessoas
Mas nunca se deitam O céu aceitam
Crescem como as pessoas Mas não são soltas nos passos
São maiores, mas Ocupam menos espaço
Árvore da vida Árvore querida [...]
(Arnaldo Antunes / Jorge Ben Jor)
v
AGRADECIMENTOS
_________________________________________________
Primeiramente agradeço à minha família: Márcio (meu pai), Maria Emília (minha mãe), Daniel e Amanda (meus irmãos) pelo apoio, compreensão, carinho e amor dedicado a mim e por serem as pessoas mais importantes da minha vida.
Às minhas avós Telma e Diva por serem tão especiais e preocupadas com seus netos.
A todos que contribuíram para minha formação acadêmica, e que de alguma forma estiveram presentes em algum momento dessa pesquisa.
Á CAPES pelo apoio financeiro.
Ao professor Luiz Nishiyama, meu orientador, pela confiança e liberdade durante o desenvolvimento do trabalho e aos professores do Instituo de Geografia e da Faculdade de Engenharia Civil.
À Sueli Maria, secretária do Programa de Pós-Graduação da Engenharia Civil pela atenção, disposição e carinho com os alunos.
À Prefeitura Municipal de Uberlândia, Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente em nome de Ivone, Tininha e Vinhal pela colaboração e disposição com o fornecimento de documentos e materiais utilizados na pesquisa.
Aos meus amigos que sempre estão por perto. Especialmente ao Bruno Miquellotto Del Grossi (Banha), por seu pensamento holístico, suas sugestões e idéias imprescindíveis para o desenvolvimento da dissertação. Ao Thiago Campos Nogueira (Cabeção), por sua habilidade com softwares de geoprocessamento, SIGs e pela paciência e dedicação ao me ensinar essa nova ferramenta importantíssima para a minha vida profissional.
À Capoeira Angola que me ensina todo dia, a malandragem da vida e que me inspira através da sabedoria simplória de grandes mestres como Ms. Dr. João Pequeno a continuar estudando e buscando mais o conhecimento. Aos amigos e as “rodas da vida” que encontrei no grupo Malta Nagoa.
Finalmente, aos forrozeiros(as) de todo Brasil que pude conhecer ao longo dos anos. Às Bandas Sol Cerrado, Cabelo Fumaça, Trio Façuá, Trio Fogo Humano e muitas outras bandas amigas. À Itaúnas, por me inspirar e ao mesmo tempo ser meu principal refúgio.
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................viii
LISTA DE QUADROS.............................................................................................................x
RESUMO.............................................................................................................................xi
ABTRACT.........................................................................................................................xii
CAPÍTULO 1..............................................................................................................................1
1 Introdução .............................................................................................................................1
1.1 Objetivo Geral ....................................................................................................................3
1.1.1 Objetivos Específicos ......................................................................................................3
1.2 Área de estudo……....……………………………………….............................…..............3
1.3 Justificativa ........................................................................................................................5
CAPÍTULO 2 – Materiais e Métodos......................................................................................7
2.1 Metodologia Operacional ...................................................................................................10
2.2 Índices ambientais utilizados ..........................................................................................12
CAPÍTULO 3 - Referencial Teórico.......................................................................................14
3.1 Sistemas x ecossistemas...................................................................................................14
3.2 Natureza X Questões Urbanas .......................................................................................16
3.3 Urbanização e Adensamento Urbano ............................................................................18
3.4 Indicadores e índices ambientais ..................................................................................20
3.5 Cobertura Vegetal...........................................................................................................25
3.6 Vegetação arbóreo-arbustiva nos centros urbanos........................................................29
3.7 Funções ecológicas da vegetação urbana .....................................................................33
3.8 Principais problemas causados pela vegetação urbana.................................................37
3.9 Premissas para a elaboração de um Plano de Arborização...........................................41
3.10 Planejamento urbano ambiental..................................................................................46
3.11 O uso do geoprocessamento no planejamento urbano ambiental...............................48
vii
CAPÍTULO 4 Planejamento urbano ambiental em Uberlândia ......................................51
4.1 O Plano Diretor de 27 de abril de 1994.........................................................................52
4.1.2 Revisão do Plano Diretor – 19 de outubro de 2006....................................................54
4.2 Horto Municipal...........................................................................................................56
4.3 Breve histórico dos bairros pesquisados .....................................................................63
4.3.1 Santa Mônica ..........................................................................................................65
4.3.2 Morumbi …………………………………………………………...………............…..66
4.3.3 Jardim Karaíba………………………………………………………………............68
4.3.4 Centro ………………………………………………………………………..............69
CAPÍTULO 5 - Obtenção dos dados e análise dos resultados.......................................72
5.1 Resultados..................................................................................................................73
5.1.1 Mapa do Bairro Morumbi……………………………………….............................73
5.1.2 Mapa do Bairro Santa Mônica...............................................................................75
5.1.3 Mapa do bairro Jardim Karaíba……………………………….........................…..78
5.1.4 Mapa do bairro Centro…………………………………………...........................…81
5.2 Discussões..................................................................................................................84
CAPÍTULO 6 - Considerações Finais.............................................................................88
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................92
ANEXOS...........................................................................................................................101
Anexo 1 – Termo de compromisso/ Doação de mudas
Anexo 2 – Relatório de Corte e Poda das Árvores
viii
LISTA DE FIGURAS Figura 1 –Bairros/ estudo de caso: Morumbi (1), Santa Mônica (2), Jardim Karaíba (3) e
Centro (4) em Uberlândia – MG…………………………………………………............................……………4
Figura 2 ‐ Pirâmide de Informação .....……………………………....................................................23
Figura 3 ‐ Esquema de classificação da distribuição espacial da cobertura vegetal................26
Figura 4 ‐ Categorização adotada para as estruturas do espaço urbano com ênfase na
cobertura vegetal (árvores) ................................................................................................28
Figura 5 ‐ Interferências causadas por uma espécie em local inadequado, necessitando de
podas ................................................................................................................................40
Figura 6 ‐ Plantio inadequado de árvores cujas raízes estão interferindo nas canalizações
subterrâneas .....................................................................................................................40
Figura 7 ‐ Espelho de tijolo recomendado em algumas literaturas visando evitar o
afloramento de raízes .........................................................................................................41
Figura 8 – Beneficiamento das mudas – 1ª etapa do cultivo .................................................61
Figura 9 – Cultivo de mudas de espécies ornamentais utilizadas em espaços públicos .........61
Figura 10 – Área destinada ao cultivo de espécies de pequeno e médio porte para a
arborização de calçadas......................................................................................................61
Figura 11 – Cultivo de espécies de grande porte utilizadas para recuperação de áreas
degradadas e recomposição de nascentes de rios …......................................................…...61
Figura 12 – Hibisco: espécie de pequeno porte muito utilizada em calçadas ........................62
Figura 13 – Sibipiruna espécie de grande porte deve ser plantada em locais adequados para
amenizar os conflitos com equipamentos urbanos ............................................................62
Figura 14 – Oiti : Espécie de Médio porte, devido sua copa globosa e densa proporciona um
ótimo sombreamento .........................................................................................................62
Foto 15 – Quaresmeira : espécie de médio porte adequada para calçadas. Apresenta um bom
sombreamento ………………………………………………………......................................…………………...62
Figura 16 – Cássia Imperial – espécie de porte médio adequada para ser plantada em
calçadas ..............................................................................................................................62
Figura 17 – Prefeitura Municipal de Uberlândia localizada no bairro Santa Mônica .............66
Figura 18 – Bairro Morumbi apresenta quarteirões sem pavimentação ...............................67
Figura 19– Setor do Bairro Jardim Karaíba com alto padrão de construção, grandes jardins e
ruas bem arborizadas ..........................................................................................................68
Figura 20 ‐ Condomínio horizontal no Bairro Jardim Karaíba ...............................................69
ix
Figura 21 – Área central intensamente edificada , com baixo índice de cobertura vegetal
............................................................................................................................................71
Figura 22 ‐ Arborização no centro da cidade ‐ Praça Tubal Vilela .........................................71
Figura 23 – Mapa de Cobertura Vegetal (arbóreo‐arbustiva) do bairro Morumbi..................74
Figura 24 – Mapa de Cobertura Vegetal (arbóreo‐arbustiva) do bairro Santa Mônica ..........77 Figura 25 – Mapa de Cobertura Vegetal (arbóreo‐arbustiva) do bairro Jardim Karaíba ........80 Figura 26 – Mapa de Cobertura Vegetal (arbóreo‐arbustiva) do bairro Centro.....................83
x
LISTA DE QUADROS Quadro 1 – As principais funções dos indicadores................................................................22
Quadro 2 ‐ Algumas espécies recomendadas para arborização urbana ................................31
Quadro 3 – Contribuições da vegetação para melhoria do ambiente urbano........................35
Quadro 4 – Medidas relacionadas à arborização e os equipamentos urbanos......................44
Quadro 5 – Restrições de arborização em diferentes ruas ...................................................45
Quadro 6 ‐ Espécies adequadas para utilização em praças e vias públicas............................58
Quadro 7 – Algumas espécies sugeridas para calçadas ou canteiros centrais (sem redes
aéreas)................................................................................................................................59
Quadro 8‐ Algumas espécies indicadas para uso em calçadas com rede aérea.....................59
Quadro 9 ‐ Espécies arbóreas de pequeno porte .................................................................60
Quadro 10‐ Espécies arbóreas de porte médio.....................................................................60
Quadro 11‐ Espécies arbóreas de grande porte....................................................................60
Quadro 12 – Dados relacionados aos bairros pesquisados....................................................63
Quadro 13 – Planilha dos Bairros Integrados........................................................................64
Quadro 14 – Data de aprovação dos loteamentos do bairro Santa Mônica ..........................65
Quadro 15 – Data de aprovação dos loteamentos do bairro Morumbi .................................67
Quadro 16– Data de aprovação do loteamento do bairro Jardim Karaíba.............................68
Quadro 17 : Relatório de corte e poda das árvores (Período de 1/01/2004 à 1/01/2008)......86
xi
RESUMO O crescimento desordenado das áreas urbanas tem despertado o homem para as modificações na qualidade ambiental. Nesse sentido, a necessidade do manejo das vegetações nos núcleos urbanos tem sido um dos mais agudos desafios, tendo em vista o acúmulo de problemas ambientais nos últimos tempos. Conhecendo os benefícios oferecidos pela vegetação, em especial de porte arbóreo, o presente trabalho selecionou quatro bairros da cidade de Uberlândia e procurou estabelecer quantitativamente índices de vegetação e sua distribuição espacial. Os índices calculados foram: Índice de Cobertura Vegetal (ICV) e Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH). Os índices permitem transmitir de maneira sintética a informação de caráter técnico e científico original, tornando compreensível fenômenos complexos, quantificando-os para que possam ser analisados por diferentes segmentos da sociedade. Aplicando-os ao ambiente, permitem comparar, entre sistemas, as pressões existentes, avaliar tendências ao longo do tempo de seu estado, bem como das respostas sugeridas por dirigentes e sociedade. Foram elaborados mapas de cobertura vegetal dos bairros Centro, Jardim Karaíba, Morumbi e Santa Mônica utilizando as técnicas do processamento digital de imagens disponíveis no software SPRING 4.3 e ARC GIS 9.2. O mapeamento da cobertura vegetal juntamente com os índices ambientais calculados buscou retratar as condições/sintomas do meio ambiente em quatro bairros de Uberlândia, podendo assim estabelecer metas a partir de dados iniciais. Entre os resultados desta pesquisa. Verificou-se um reduzido índice de vegetação, que se encontra mal distribuída na área urbana. Ressalta-se a importância do uso de Sistemas de Informações Geográficas como instrumento fundamental para o desenvolvimento de cadastros que possibilitem as análises de cobertura vegetal, consistindo em um enorme potencial para o processo de tomada de decisão, seja no planejamento, projeto ou gestão ambiental.
xii
ABSTRACT
The disorderly growth of urban areas has drawn man’s attention to changes in the environmental quality. Because of the accumulation of environment problems in recent times managing vegetation in urban centers has become a serious challenge. Since people can benefit from vegetation, especially arboreal one, this research aimed to establish quantitative indexes of vegetation and its spatial distribution in the neighborhoods of Center, Jardim Karaíba, Morumbi, and Santa Mônica in the city of Uberlândia, state of Minas Gerais. It was calculated an Index of Vegetation Coverage (IVC) and an Index of Vegetation Coverage per Inhabitant (IVCI), which make possible both to transmit original scientific and technical information synthetically and to understand complex phenomena, by quantifying them so that different segments of society can analyze them. Once applied to the environment, these indexes allow one to compare pressures in systems, assess trends over the time of its state and give the answers suggested by leaders and society. The vegetation coverage mapping was made through the SPRING 4.3 and ARC GIS 9.2 softwares and its techniques of digital image processing. Vegetation coverage’s mapping and index calculation aimed to show environmental conditions/symptoms to establish goals from initial data. Results revealed, among other problems, a low rate of vegetation, which is poorly distributed in the urban area. Therefore, geographic information systems are a fundamental instrument for the development of entries which permit to analyze vegetation coverage and for the process of making decisions with regard to planning, projecting, and environmental managing.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O crescimento exponencial das cidades, juntamente com os efeitos da urbanização,
expresso aqui, pelo aumento físico da malha urbana; a industrialização; a necessidade
de incrementos à infra-estrutura; o adensamento urbano; a verticalização; a substituição
gradual dos espaços naturais por espaços construídos têm causado grandes modificações
na paisagem e provoca inúmeras conseqüências sobre o equilíbrio do ambiente urbano,
tornado-se preocupações constantes no aspecto da sustentabilidade e qualidade
ambiental das cidades.
É necessário destacar que diante desse quadro o qual aponta para uma degradação da
qualidade ambiental das cidades, a cobertura vegetal urbana, sua manutenção e/ou
implantação, mesmo sendo um elemento muito frágil dessa paisagem urbana, torna-se
um tema de fundamental importância para o planejamento e gestão da cidade.
O elemento “verde”, afetado diretamente por pressões antrópicas e pelo próprio
desenvolvimento urbano, é responsável por funções ecológicas e por uma série de
benefícios relacionados à qualidade ambiental e ao bem estar da população.
Através da análise da evolução da cobertura vegetal e uso da terra é possível avaliar as
transformações ocorridas no espaço urbano a partir de uma análise de como a sociedade
se articulou com a natureza mediante as determinações da sociedade e das imposições
do quadro natural. Os registros históricos que revelam a evolução da cobertura vegetal e
do uso do solo são uma expressão das relações sócio-econômicas do território, pois
revelam a apropriação da natureza pela sociedade e suas relações, podendo indicar um
cenário das condições e qualidade ambiental. (FUJIMOTO,2001)
Torna-se necessário a realização de um diagnóstico quantitativo, expresso no
mapeamento da área de estudo, assim com a avaliação das relações e interfaces
2
associadas à qualidade ambiental, como o nível sócio-econômico e a cobertura vegetal
em si (quantidade, distribuição e conectividade) desses espaços.
A coleta de dados e sua análise para a sistematização das informações compõem uma
etapa necessária a todos os tipos de planejamentos e projetos ambientais, tornando-se
fundamentais para o seu desenvolvimento. Este passo representa uma ponte essencial
entre as metas e objetivos do planejamento e a formulação de alternativas de ação para
alcançá-los.
No processo de tomada de decisão, as informações adquiridas deverão fornecer
subsídios para a identificação de problemas, a seleção de alternativas, a formulação de
políticas, sua implementação e a avaliação dos seus resultados.
Foram considerados, como elementos principais para a discussão e desenvolvimento da
pesquisa, instrumentos que avalie a cidade enquanto um sistema urbano dinâmico,
trazendo à reflexão a fragilidade e a complexidade desse tema no contexto do
planejamento urbano-ambiental.
Dessa forma, o texto estrutura-se no debate sobre a cidade e seu desenvolvimento; a
importância e funções da cobertura vegetal (os benefícios que proporciona à cidade e
aos habitantes, quanto aos aspectos negativos, os conflitos relacionados com a infra-
estrutura e sua manutenção), o planejamento urbano-ambiental, o uso do
geoprocessamento no planejamento urbano; sua aplicabilidade na cidade de Uberlândia,
a construção de índices ambientais para, em um segundo momento, analisar os
resultados e encaminhar algumas discussões e diretrizes sobre a vegetação urbana.
A pesquisa foi realizada em quatro bairros da cidade de Uberlândia: Santa Mônica,
Morumbi, Jardim Karaíba e Centro com o intuito de analisar e comparar os diferentes
aspectos sócio-econômicos, culturais, de infra-estrutura, densidade demográfica, área,
aos índices ambientais urbanos propostos, relacionados à cobertura vegetal. Os
resultados alcançados podem servir de subsídios para delinear planos de ação para a
3
cobertura vegetal, bem como o manejo dessa vegetação, apontando a importância que
ela exerce no ambiente urbano.
1.1 OBJETIVO GERAL
O presente estudo tem como objetivo produzir informações capazes de colaborar para
avaliação da cobertura vegetal em quatro bairros da cidade de Uberlândia, com o intuito
fornecer subsídios ao planejamento urbano-ambiental.
1.1.1 Objetivos Específicos
• Utilizar o software SPRING 4.3 para mensurar a cobertura vegetal urbana
(árvores, arbustos) a partir do levantamento aerofotogramétrico do ano de 2004.
• Avaliar a distribuição da cobertura vegetal nos bairros Santa Mônica, Morumbi,
Jardim Karaíba e Centro, considerando os espaços onde há predomínio de
vegetação arbórea - arbustiva;
• Elaborar um mapa de cobertura vegetal para os bairros estudados;
• Analisar os aspectos da qualidade ambiental através do Índice de Cobertura
Vegetal (ICV) e o Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH),
fornecendo subsídios ao planejamento ambiental;
• Comparar os resultados dos índices calculados com a condição sócio-econômica
e cultural dos bairros analisados;
1.2 ÁREA DE ESTUDO
O município de Uberlândia está localizado na porção sudoeste do Estado de Minas
Gerais na região do Triângulo Mineiro, entre as coordenadas geográficas de 18°30’ -
19°30’ de latitude sul e, 47°50’ - 48°50’ de longitude oeste de Greenwich, no domínio
dos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná, a uma altitude média de
900m. Situa-se no “Domínio dos Chapadões Tropicais do Brasil Central”. Sua
vegetação natural é de cerrado do tipo savana arbórea com mata de galeria (BACCARO,
1989). De acordo com dados do IBEG (2007), o município possui cerca de 4 km2,
sendo que 219 km2 representam a área urbana e 3.821 km2, em área rural. Atualmente
possui cerca de 608.369 habitantes.
4
A Figura 1 apresenta especificamente a localização dos bairros Santa Mônica (Setor
Leste), Jardim Karaíba (Setor Sul), Morumbi (Setor Leste) e Centro (Setor Central) em
uma escala temporal associada ao ano de 2004, quando foi realizado o último
levantamento aerofotogramétrico georeferenciado da área urbana de Uberlândia.
Figura 1 –Bairros/ estudo de caso: Morumbi (1), Santa Mônica (2), Jardim Karaíba (3) e Centro (4) em
Uberlândia - MG Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (PMU)
5
1.3 JUSTIFICATIVA
A demanda por instrumentos que proporcionem o conhecimento integrado entre o
espaço construído e natural e que envolvam as várias dimensões do ambiente urbano
(ecológicas, espaciais, sociais e culturais), é hoje, sem dúvida uma discussão e um
desafio freqüente de lidar devido, principalmente, às incertezas e à carência de
informações ambientais urbanas sistematizadas.
Segundo NUCCI (1999), o planejamento da paisagem é uma contribuição ecológica e
de design para o planejamento do espaço, onde se procura uma regulamentação dos usos
do solo e dos recursos ambientais, salvaguardando a capacidade dos ecossistemas e o
potencial recreativo da paisagem, retirando-se o máximo proveito do que a vegetação
pode oferecer para a melhoria da qualidade ambiental.
A vegetação urbana é apontada por vários pesquisadores como um importante agente
atenuante dos efeitos causados pelas interferências humanas, principalmente no que se
refere à alteração de aspectos micro-climáticos que resultam em um desconforto térmico
e comprometem, conseqüentemente, a qualidade de vida. Dessa forma, a presença de
espaços arborizados torna-se cada vez mais importante no contexto urbano à medida
que a cidade cresce no sentido vertical ou se expande horizontalmente.
A escolha dos bairros Santa Mônica, Morumbi, Centro e Jardim Karaíba está
relacionada às condições sócio-econômicas distintas entre eles, o que reflete no tamanho
e formas das edificações, a quantidade de equipamentos de infra-estrutura instalados
nesses setores da cidade e no adensamento demográfico distinto. Um outro aspecto
importante a ser analisado é o período de instalação de cada bairro, ou seja, o ano em
que os loteamentos foram aprovados, pois isso reflete na quantidade e tamanho das
árvores existentes, bem como os problemas e benefícios que elas proporcionam ao
ambiente urbano.
A avaliação de qualidade ambiental urbana tem como principal ferramenta a
espacialização dos produtos ambientais para posterior análise sistêmica. A preocupação
é, portanto, aglutinar o máximo de dados cartografáveis da área em estudo para
posterior cruzamento e elaboração de uma carta de qualidade ambiental (NUCCI, 2001).
6
A pesquisa realizou-se pois acredita-se que ela possa contribuir para um melhor
conhecimento da situação ambiental da área de estudo, especificamente da cobertura
arbóreo-arbustiva existente no ano de 2004, oportunizando a verificação do inter-
relacionamento das atividades antrópicas e seus possíveis reflexos no meio ambiente e
sua evolução durante os anos seguintes .
Nesse aspecto, a pesquisa justifica-se também no sentido de entender as relações
existentes entre o nível sócio-econômico e a cobertura vegetal, as suas funções
ecológicas e sócio-ambientais, apontando sintomas de uma realidade urbana que pode
ser modificada através de intervenções do poder público e ações de planejadores.
Para a quantificação da cobertura vegetal torna-se necessário simplificar os índices
calculados, permitindo que os resultados obtidos por estes sejam utilizados pelos
planejadores de maneira objetiva e prática, ao mesmo tempo particularizada para cada
bairro, setor ou região urbana.
A partir da sistematização dos dados, fomenta-se uma discussão a respeito desses
resultados relacionados aos aspectos ecológicos, sócio-ambientais, populacionais e
habitacionais dos bairros em questão, diagnósticos e métodos que poderão orientar a
gestão do poder público e o planejamento ambiental, mesmo que de maneira corretiva,
bem como alertar a sociedade civil para a importância e a função que esses elementos
naturais exercem no meio urbano em que vivem.
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CAPÍTULO 2 Materiais E MÉTODOS
Foram utilizados, para a realização da pesquisa, os seguintes materiais:
Mapa Base da área urbana do município de Uberlândia (2004/ 1:100.000) –
Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (SEPLAMA);
Fotografias Aéreas Georeferenciadas (Estio Engenharia Aerolevantamento –
março de 2004 / Escala: 1:8000) das Regiões de Interesse (bairros Santa Mônica,
Morumbi, Jardim Karaíba e Centro) - Secretaria Municipal de Planejamento
Urbano e Meio Ambiente (SEPLAMA);
Software SPRING 4.3 e ARC GIS 9.2
Os procedimentos metodológicos utilizados para esta pesquisa fundamentaram-se a
princípio, em uma revisão bibliográfica a respeito do assunto, análise e processamento
de imagens das fotografias aéreas dos bairros em questão, para identificação,
classificação e espacialização da cobertura vegetal.
Alguns conceitos e definições relacionados ao “verde urbano” são fundamentais para o
direcionamento da pesquisa. Cavalheiro & Del Picchia (1992) dividem o espaço urbano,
relacionado-o com o verde urbano, em três sistemas integrados: o sistema de espaços
com construções; o sistemas de espaço de integração viária e os sistemas de espaços
livres de construção. Como espaço livre entende-se qualquer espaço urbano fora das
edificações e ao ar livre, de caráter aberto e, independentemente do uso, é destinado ao
pedestre e ao público no geral. Os espaços livres de construção, como elementos
integradores da paisagem urbana, são normalmente associados à função de lazer para as
categorias como praças, jardins ou parques, e devem ser entendidos de acordo com as
atividades e necessidades do homem urbano.
CAVALHEIRO (1992) destaca ainda os usos dos espaços livres, que podem ser:
particular; potencialmente coletivo (como terrenos baldios não cercados; pátios de
8
escolas, de clubes e de indústrias); e os públicos, acessíveis livremente ao público em
geral (nas praças, parques, cemitérios, etc.).
Dois outros importantes conceitos devem ser bem elucidados neste momento, o de Área
Verde e Cobertura Vegetal.
Ainda existe muita confusão entre os termos áreas verdes e cobertura vegetal, que se
trata de toda vegetação encontrada no espaço urbano, seja ela de porte arbóreo,
arbustivo ou herbáceo (NUCCI, 2001). Ou ainda, consideram a arborização como uma
categoria de área verde. Ou há aqueles que dividem as áreas verdes em área verde
produtiva, e área verde de conservação ou preservação (PAIVA E GONÇALVES,
2002).
NUCCI (2001) define área verde “(...) como um tipo especial de espaço livre onde há
predominância de áreas plantadas e que deve cumprir três funções (estética, ecológica e
lazer); vegetação e solo permeável (sem laje) devem ocupar, pelo menos, 70% da área;
deve ser pública e de utilização sem regras rígidas”.
Áreas Verdes são um tipo especial de espaços livres onde o elemento
fundamental da composição é a vegetação. Elas devem satisfazer três objetivos
principais: ecológico-ambiental, estético e de lazer. Canteiros, pequenos jardins
de ornamentação, rotatórias e arborização não podem ser consideradas áreas
verdes, mas sim “verde de acompanhamento viário”(CAVALHEIRO et.al.1983
apud NUCCI, CAVALHEIRO,1999)
Área verde é sempre um espaço livre de propriedade pública ou particular,
delimitada pela prefeitura, com o objetivo de implantar, ou preservar arborização
e ajardinamento, visando manter a ecologia e resguardar as condições ambientais
e paisagísticas (GEIGER et al., 1975, apud NUCCI, 2001).
O conceito de cobertura vegetal pode ser definido como:
A projeção do verde em cartas planimétricas e pode ser identificada por meio de
fotografias aéreas, sem auxílio de esteroscopia. A escala da foto deve
acompanhar os índices de cobertura vegetal, deve ser considerada a localização e
a configuração das manchas (em mapas). Considera-se toda a cobertura vegetal
9
existente nos três sistemas (espaços construídos, espaços livres e espaços de
integração) e as encontradas nas Unidades de Conservação (que na sua maioria
restringem o acesso ao público), inclusive na zona rural. (NUCCI,2001)
Nesse sentido, é necessário esclarecer que a pesquisa será norteada por aspectos e
características relacionadas somente à cobertura vegetal, especificamente a copas das
árvores (porte arbóreo e arbustivo) em quatro bairros da cidade de Uberlândia. Essa
feição (cobertura vegetal) é o atributo utilizado para estimativa dos índices ambientais
propostos mais adiante.
As técnicas de processamento de imagens e sensoriamento remoto vêm sendo
amplamente utilizadas em estudos urbanos. De acordo com Rosa (2003), os sistemas de
sensoriamento remoto, hoje disponíveis, permitem a aquisição de dados de forma
global, confiável, rápida e repetitiva, sendo estes dados de grande importância para o
levantamento, mapeamento e utilização das informações de uso e ocupação do solo de
uma dada região. Isto permite o tratamento dos dados, desde a sua entrada, passando
pela edição, armazenamento e, finalmente, as análises dos índices ambientais estudados.
A fotografia aérea é o principal meio de sensoriamento remoto usado para aplicações
urbanas, uma vez que permite ao usuário maior riqueza de detalhes, seja nas cores,
texturas, formas, que no ambiente urbano encontram-se muito heterogêneas. Dessa
forma, a aerofotogrametria, juntamente com os SIGs (Sistemas de Informações
Geográficas) permitem uma interface mais segura para análise dos fenômenos da
paisagem urbana.
Como apenas a indicação da quantidade de superfícies recobertas por vegetação não é
capaz de demonstrar como essa vegetação está distribuída no município, exige-se que a
quantificação da cobertura vegetal deva vir acompanhada de sua configuração espacial,
metodologia esta já proposta por Jim (1989) e muito utilizada.
Foram elaborados, como produtos da pesquisa, mapas temáticos que permitam
quantificar a cobertura vegetal (percentagem e m2 por habitante) acompanhada de sua
configuração espacial e calculando índices ambientais relacionados a esse elemento
10
natural, que está diretamente associado à qualidade ambiental da cidade, como por
exemplo, os Índices de Cobertura Vegetal por área e por habitante.
Essas variáveis servirão como um importante indicador de qualidade ambiental das
áreas pesquisadas, podendo representar dados sistematizados em relação à quantidade
de cobertura vegetal (suficiente ou insuficiente); a distribuição e como um importante
instrumento de gestão ambiental urbano no sentido preventivo e corretivo.
2.1 Metodologia operacional
A separação da cobertura vegetal, especificamente as copas das árvores, foi realizada no
programa Spring 4.3 a partir do levantamento aerofotogramétrico na escala 1:8000 do
ano de 2004 obtido por intermédio da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e
Meio Ambiente (SEPLAMA). Por meio das técnicas de processamento digital de
imagens, foi possível aplicar uma série de rotinas computacionais aos dados, de modo a
permitir a extração de informações específicas sobre determinadas feições de interesse
da pesquisa.
O SPRING (Sistema de Processamento de Informações Georeferenciadas) foi
desenvolvido pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), pela
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) e pela IBM. O
SPRING é um sistema para processamento em ambiente UNIX e Windows, que
inclui um banco de dados geográficos, o qual permite adquirir, armazenar,
combinar, analisar e recuperar informações codificadas espacial e não
espacialmente, ou seja, é um sistema que combina funções de processamento de
imagens, análise espacial e modelagem numérica do terreno, em um único
software (CAMARA, et al., 1996).
Foram realizados os seguintes procedimentos técnicos:
a) Obtenção do mosaico das áreas de interesse: O mosaico tem como objetivo retratar
uma determinada área de interesse através de ajustes e sobreposições de margens
vizinhas de maneira a se obter uma imagem contínua da superfície de interesse.
11
b) Banco de dados: Para o processamento de imagens no SPRING é obrigatória a
definição de alguns itens como Banco de Dados, Modelos de Dados, com as respectivas
categorias, um Projeto, e os Planos de Informação. O Banco de Dados é um ambiente
utilizado para armazenar dados geográficos, pelo qual determinaram-se as definições de
categorias de dados utilizados nos diversos diversos tipos de mapas.
c) Projetos: Um projeto dentro de um Banco de Dados, tem como finalidade especificar
o espaço geográfico da área de trabalho, no caso, os bairros Santa Mônica, Jardim
Karaíba, Morumbi e Centro, onde serão inseridos os Planos de Informações.
d) Modelos de Dados (Categorias): As categorias permitem organizar os dados em tipo
(modelos) diferentes. Os tipos de categorias são: Temático, Imagem, Numérico,
Cadastral, Redes e Objetos. No trabalho, foi utilizada a categoria imagem que permite
armazenar imagens obtidas por sensores remotos (fotos áreas ou orbitais) e a categoria
Temático, identificando as classes de interesses, no caso específico, a cobertura vegetal.
e) Planos de Informação: Um Plano de Informação (PI) deve pertencer a uma única
categoria do Banco de Dados, porém podem existir vários PI’s de uma mesma categoria
em um banco. Ex: árvores, arbustos, floresta. A mensuração da superfície de cobertura
vegetal é calculada a partir do comando edição vetorial do SPRING 4.3, com a criação
das classes de interesse. A representação vetorial destes mapas é a maneira mais exata
de representar um objeto geográfico a partir da interpretação visual da imagem,
utilizando-se das entidades básicas como pontos, linhas e áreas (ou polígonos), para
definir as classes temáticas. No processo de edição de vetores no SPRING,
especialmente de temáticos, foram utilizadas as etapas de Digitalização, Ajustes e
Poligonalização.
f) Edição Final do Mapa Temático: Com a imagem já poligonizada no programa
SPRING 4.3, o próximo passo é salvar o trabalho com a extensão shape e
posteriormente exportá-la para o programa ARC GIS 9.2, onde foi elaborado o layout
final dos mapas.
12
Embora a análise puramente quantitativa tenha suas limitações, esta pode ser bastante
conveniente quando conjugada aos seus aspectos qualitativos e sua distribuição
espacial.
2.2 Índices ambientais utilizados:
Os índices relacionados à cobertura vegetal, no caso específico a copa das árvores,
representam um dos critérios para avaliar a qualidade ambiental urbana. Para obtenção
do Índice de Cobertura Vegetal, é necessário o mapeamento de toda cobertura vegetal
de um bairro em metros quadrados. Conhecendo-se a área total estudada, também em
metros quadrados chega-se posteriormente à porcentagem de cobertura vegetal que
existe naquele bairro ou cidade. (OLIVEIRA et al., 1999).
O índice de cobertura vegetal difere do índice de áreas verdes por considerar todas as
manchas de vegetação, como a arborização de ruas, as áreas verdes particulares e
Unidades de Conservação (NUCCI, 2001).
Os índices calculados procuram retratar as condições do ambiente no ano de 2004,
podendo, dessa forma, estabelecer metas que se desejam alcançar, avaliando variações
temporais a partir de um valor inicial.
No caso do índice de cobertura vegetal, que pode ser conceituada como a proporção da
área coberta com vegetação (natural ou implantada) em função de determinada área
(cidade, setor, bairro) abrangendo a vegetação localizada em espaços públicos e
particulares, os resultados podem variar muito dependendo do método empregado e dos
recursos utilizados para obtenção dos dados (imagens de satélite, fotografia aérea,
videografia, a escala utilizada, etc.).
Os índices a seguir tratam-se de indicadores da qualidade ambiental urbana. Os seus
valores foram calculados para cada bairro identificando sua distribuição e quantificando
sua suficiência ou escassez.
13
a) Índice de Cobertura Vegetal (%): É a proporção de área coberta com vegetação (Copa
das Árvores/arbustos) em função da área total de uma cidade ou de um setor urbano, ou
ainda uma paisagem urbana específica.
Trata-se de um indicador de qualidade ambiental. Representada pela fórmula:
)(sup)(sup
2
2
máreadatotalerfíciemárvoresdascopadatotalerfícieICV =
b) Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (m2/ hab): É a proporção de área coberta
com vegetação (Copa das Árvores/arbustos) pela quantidade de pessoas total de uma
cidade ou de um setor urbano, ou ainda uma paisagem urbana específica.
Trata-se de um indicador de qualidade ambiental que depende de fatores demográficos.
Representada pela fórmula:
teshabidetotalquantidademárvoresdascopadatotalerfícieICVH
tan)(sup 2
=
14
CAPÍTULO 3
REFENCIAL TEÓRICO
3.1 Sistemas x ecossistemas
Sistemas e ecossistemas são conceitos que podem ser melhor elucidados de acordo com
os preceitos da Ecologia da Paisagem. Esta disciplina se dedica a entender as diversas
inter-relações entre a humanidade - suas atividade e artefatos – e sua aberta e ampla
paisagem. Na Europa Central, essa disciplina é considerada como resultado de uma
visão integrada e sistêmica, por muitos denominada de holística, adotada por
pesquisadores de várias áreas do conhecimento, como geógrafos, ecologistas,
planejadores de paisagens, arquitetos, gestores do ambiente. O escopo fundamental da
Ecologia da Paisagem é formar um elo entre os sistemas natural e humano, incluindo
atividades agrícolas e urbanas que mudam continuamente a paisagem.(MENEGAT,
PORTO, 2004)
Pode-se definir a Ecologia da Paisagem como:
(...) o campo que se preocupa com as interações entre os fatores no ecossistema
de uma dada paisagem. Estas estão representadas funcionalmente e visualmente
na paisagem na forma de uma estrutura territorial muito complexa. Os diversos
aspectos da paisagem são estudados por várias disciplinas. Estas disciplinas
apresentam diferentes interesses. Assim, e devido também a razões
metodológicas, elas podem estudar mais, ou menos, certas partes do ecossistema
da paisagem em questão. O princípio dos estudos dos ecossistemas pode ser
científico ou prático, relacionado ao planejamento ou à utilização da paisagem
(EHLERS, 1992 apud NUCCI, 2001).
O sistema, tomado como um modelo estrutural e funcional de um princípio
muito mais amplo e extenso adquire as características de unidade funcional. Sua
dimensão mínima é a de uma organização capaz de funcionar por si só. Pode se
conceber, evidentemente, um sistema formado por vários subsistemas, que terão
que ser cada um, um sistema menor com funcionamento autônomo. O que não é
concebível é um sistema que dependa de um outro para seu funcionamento: neste
caso ele será apenas um elemento do sistema. [...] O sistema necessita, pois, uma
15
fonte de energia que lhe é externa, embora a energia possa ser acumulada, de
alguma forma, dentro dele. (BRANCO, 1999)
Chamamos de ecossistema qualquer unidade (biossistema) que abranja todos os
organismos que funcionam em conjunto (a comunidade biótica) numa dada área,
interagindo com o ambiente físico (abiótico) de forma que o fluxo de energia produza
estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais das partes vivas e
não vivas (ODUM, 1985)
Nesse sentido, Branco (1999) afirma que a cidade
não chega a constituir um ecossistema verdadeiro, uma vez que não compreende uma
produção ou fixação de energia primária. A cidade constitui, ao contrário, o destino
final de produtos de áreas externas, florestais, agro-pecuárias, marinhas ou mineração,
continuamente exploradas e provedoras de um fluxo contínuo de energia e matéria, de
combustíveis, matérias – primas e alimentos. Estes, uma vez “processados” através da
atividade industrial, comercial ou biológica, geram subprodutos residuais na forma de
detritos sólidos, líquidos e gasosos, que de certa forma, condicionam o meio ambiente
urbano [...]. A característica peculiar e geral desse fluxo é de ser unidirecional, isto é, de
não ter retorno e, portanto, não ser cíclico, contrariando fundamentalmente, nesse
sentido os fluxos de matéria, característico da biosfera.
(...) uma das características próprias da cidade, como de qualquer obra humana, é
que, além desse determinismo, surge a imprevisibilidade contínua [...]. A cidade
é um desenho arquitetônico, mas é também muito mais que isso. É em grande
medida, um conceito urbanístico e, fundamentalmente, e mais do que qualquer
outra coisa, uma estrutura sistêmica, um sistema. Quando se fala em um projeto
ambiental urbano, não podemos jamais esquecer que, pelo simples fato de
erguerem logo depois prédios e se construírem ruas de acordo com essas linhas
demarcadas no plano, não se estará organizando a vida da cidade. Estaremos
inserindo elementos fundamentais e básicos para tal fim, é claro, mas não se
estará organizando-a definitivamente. (GUILLEN, 2004)
16
De acordo com Nucci (2001), outros autores vão além, quando consideram a cidade
como ecossistema.
Marcus; Detwwyler (1972) dividem a cidade em dois componentes: o homem e o
meio ambiente urbano, e concluem que o entendimento da dinâmica das
interações entre estes dois elementos é facilitada se reconhecermos a cidade
como um sistema. Delpoux (1974) não considera a cidade como um ecossistema,
mas coloca que isso seria possível considerando a cidade com um ecossistema
desequilibrado (...) (NUCCI, 2001)
Mota (1999) acrescenta, dizendo que o sistema urbano é incompleto em analogia aos
sistemas ecológicos naturais, uma vez que a cidade é um local de consumo, estando os
centros produtores situados fora do seu território. Além dos elementos que vêm das
áreas produtoras para as de consumo geralmente não tem retorno, causando
desequilíbrio ambientais. Por outro lado, parte que entra na cidade e volta para o
ambiente externo, em forma de produtos e resíduos.
3.2 Natureza X Questões Urbanas
A origem do termo natureza vem do latim natura que, em suas raízes, tinha o
significado de “ação de fazer nascer”. Natureza é, pois, a “faculdade geradora”, o
“princípio de tudo que nasce” e também o “conjunto de tudo que nasce”. Justifica, dessa
maneira duas ordens de definição: a estática (tudo que existe) e a dinâmica (a virtude
gerado), uma mecanicista e outra vitalista. (BRANCO, 1999)
De acordo com Mascaró; Mascaró (2005):
As formas que compõem a paisagem, a natureza, deveriam ser aproveitadas para
criar uma continuidade entre o espaço natural e o construído, permitindo que a
cidade se inscreva com facilidade no meio natural, produzindo assim, uma
transição gradual do puramente construído, artificial para o natural através de
matrizes da paisagem [...]
Segundo Santos (1998) apud Camargo (2005), a história do homem é a própria história
de uma ruptura progressiva, que envolve ele próprio e seu entorno, em decorrência de
17
suas técnicas e da imposição da tecnologia sobre o meio ambiente, por isso, afirma que
a antiga idéia de natureza pura e amiga vem sendo cada vez mais substituída pela idéia
de natureza artificial, instrumentalizada e social, onde a ordem racional rompe
definitivamente com nosso antigo laço de amizade com o meio natural.
Nas três últimas décadas do século XX, quando a chamada “crise ambiental” também
atinge os interesses de ponderável parcela da burguesia, ela ganha espaço crescente nos
meios de comunicação, na academia e na própria opinião pública, gerando inclusive o
aparecimento de alentada literatura especializada e organizações de toda espécie que
buscam ampliar o debate das questões ambientais e assumem variadas estratégias
política na luta contra o declínio da “qualidade de vida no planeta” (COUTINHO, 2004)
Spósito (2003) argumenta que
Se o ambiental é síntese, ainda que contraditória, entre o natural e o social, o
embate seria antes, entre o social e o político, sendo a questão ambiental nas
cidades, uma das expressões mais completas deste conflito. A cidade, portanto, é
resultado maior da capacidade de transformar o espaço natural, porém não deixa
de ser parte desse espaço e de estar submetida às dinâmicas e processos da
natureza”. Dessa maneira, segundo a autora, problemas urbanos como o da
erosão, desmoronamento de encostas, assoreamento de cursos d’água,
constituição de ilhas de calor, falta de áreas verdes, poluição do ar, da água são
na essência, problemas decorrentes do descompasso entre o tempo da natureza (o
das eras geológicas) e o tempo da sociedade (o dos anos, dias, horas).
Muitos autores destacam que as variáveis utilizadas para se definir o padrão de
qualidade ambiental de um determinado espaço geográfico são muito discutidas, pois os
valores atribuídos ao meio ambiente para determinar a sua qualidade depende de uma
série de fatores sociais, culturais de cada cidadão, inclusive do pesquisador e do
planejador, responsável por definir os atributos ou variáveis que possam melhor analisar
o espaço geográfico em questão.
A construção do atual conceito de espaço geográfico ligado a demanda de fluxos e
das redes, e que associa o meio natural à própria ação da sociedade, requer uma
nova perspectiva, trazendo a tona a necessidade de se repensar o paradigma
18
dominante e de se traduzir essa relação em novas maneiras de se pensar a
totalidade. (CAMARGO 2005)
A vida urbana compreende mediações originais entre a cidade, o campo, a natureza. É o
caso da aldeia, cuja relação com a cidade, na história e no momento atual, está longe de
ser totalmente conhecida. É o caso dos parques, dos jardins, das águas cativas. Essas
mediações não podem ser compreendidas sem os simbolismos e representações
(ideológicas e imaginárias) da natureza e do campo como tais para os citadinos urbanos.
(LEFEBVRE, 2006)
3.3 Urbanização e Adensamento Urbano
A crescente urbanização, conforme destaca Lombardo (1985) constitui uma
preocupação de todos os profissionais e segmentos ligados à questão do meio ambiente,
pois as cidades avançam e apresentam um crescimento rápido e sem planejamento
adequado, o que contribui para uma maior deterioração do espaço urbano.
O adensamento significa a intensificação do uso e ocupação do solo, vinculando a
disponibilidade de infra-estrutura e as condições do meio ambiente. Estas características
se aplicam-se a empreendedores que parcelam a terra com o objetivo de construir para
futuramente negociar os imóveis. No caso da ocupação individual, a ausência de infra-
estrutura não impede a instalação irregular de pessoas, e isto acarreta diversos
problemas de ordem ambiental e sanitária que influenciam na qualidade de vida destes
moradores (Nucci, 2001).
Segundo Monteiro (1987) apud Nucci (2001) “(...) as pressões exercidas pela
concentração da população e de atividades geradas pela urbanização e industrialização
concorrem para acentuar as modificações do meio ambiente, com o comprometimento
da qualidade de vida”.
De acordo com o Relatório sobre a Situação da População Mundial 2007 elaborado
pela United Nations Population Fund (UNFPA)
(...) a partir de 2008, mais da metade dos atuais 6,7 bilhões de habitantes do planeta
viverá nas cidades. Embora as mega-cidades (mais de 10 milhões de habitantes)
continuarão a crescer, a maioria das pessoas viverá nas cidades de 500.000
19
habitantes ou menos. Até 2030, a população urbana aumentará para mais 5 bilhões,
ou 60% da população do mundo. Globalmente, todo o crescimento futuro da
população ocorrerá nas cidades, quase todo na Ásia, na África e na América Latina.
Na Ásia e na África, isso sinaliza uma mudança decisiva do crescimento rural para
o urbano, alterando um equilíbrio que perdurou por milênios.
É certo que a urbanização traz consigo uma série de fatores positivos quanto negativos.
Ela é, potencialmente, um importante aliado social, demográfico, econômico, cultural,
ambiental, porém é preciso um aproveitamento maior dessas vantagens, ou seja uma
governança pública mais atenta para aos problemas urbanos.
A qualidade de vida está diretamente ligada à qualidade do ambiente e para se
estabelecer esta relação é necessário realizar previamente uma análise ambiental. Para a
realização de uma análise ambiental deve-se levar em consideração vários elementos
como, por exemplo: presença de vegetação, densidade populacional, uso e ocupação do
solo, clima. Desta forma, áreas verdes, baixa densidade populacional, lotes e moradias
adequadas e condições climáticas favoráveis, são de extrema relevância para obtenção
de uma qualidade ambiental e de vida adequada (AMORIM, 1993).
O crescimento demográfico é um fator que acompanha o desenvolvimento da cidade,
principalmente nos grandes centros urbano-industriais, o que acaba agravando ainda
mais os problemas de degradação ambiental nas áreas urbanas. Tal fato compromete em
grande escala a qualidade ambiental de várias formas.
(...) a ocupação urbana resultará sempre numa diminuição da cobertura vegetal
original do solo. No entanto,se as principais características ambientais forem
consideradas, através da utilização ordenada do solo, os efeitos sobre o meio
ambiente serão minimizados e as conseqüências benéficas da vegetação poderão
ser aproveitadas em favor do homem e de outros seres vivos. (MOTA, 1999)
Macedo (1987) apud Nucci (2001) diz que o adensamento construído e demográfico
condicionam : congestionamento das ruas, escassez real de espaços livres para lazer,
déficit da infra-estrutura – água, luz, esgoto que deve ser recomposta a altos custos,
destruição de tecidos e modos de vida urbana significativos.
20
As elevadas e crescentes taxas de urbanização observadas principalmente nas duas
últimas décadas contribuíram de forma assustadora para o aumento de problemas
sociais, econômicos e para a degradação dos recursos naturais, afetando de maneira
negativa a qualidade de vida da população.
Para isso, planejar a expansão das cidades, assim como gerir os espaços já consolidados,
reduzirem os impactos ambientais negativos entre outros fatores, requer a utilização de
dados e ferramentas sócio-demográficas, ambientais eficientes (ex: SIG – Sistema de
Informação Geográfica) assim como uma maior preocupação com os recursos técnicos
e humanos.
Costa (1999) considera na discussão do desenvolvimento urbano, as potencialidades e
as limitações do ambiente urbano, pois são esses elementos que conformam e
demonstram a realidade. Porém, mais que isso, interessa identificar a sustentabilidade
desse ambiente no processo de desenvolvimento em questão.
Há uma fragilidade teórico-conceitual quando se trata de desenvolvimento
sustentável. São várias as interpretações teóricas, revelando, na verdade, algumas
imprecisões e pouca clareza do seu significado. E quando passamos à sua
aplicabilidade, o conceito se revela ainda mais vulnerável, exigindo certos
instrumentos teóricos que muitas vezes não dão conta da complexidade da
realidade social. É como se as formulações teóricas e as propostas de
intervenções entrassem em uma espécie de conflito. A noção de
desenvolvimento urbano sustentável traz consigo conflitos teóricos de difícil
reconciliação: o conflito entre a trajetória da análise ambiental e da análise
urbana, dado pelas origens das áreas de conhecimento diferentes, e entre a
análise social/urbana e o planejamento urbano sustentável. (COSTA,1999)
3.4 Indicadores e índices ambientais
De acordo com Santos (2004), os indicadores são fundamentais para tomadas de decisão
e para a sociedade, pois permitem tanto criar cenários sobre o estado do meio, quanto
aferir ou acompanhar os resultados de uma decisão tomada. São indicativos das
mudanças e condições do meio ambiente e, se bem conduzidos, permitem representar a
rede de causalidades presentes em um determinado meio. Os indicadores são
empregados para avaliar e comparar territórios de diferentes dimensões e de diversas
21
complexidades. Não se deve jamais esquecer que a principal característica dos
indicadores é sua capacidade de quantificar e simplificar a informação.
Os indicadores são informações de caráter quantitativo resultante do cruzamento
de pelo menos duas variáveis primárias (informações espaciais, temporais,
ambientais, etc) Como ferramentas de auxílio à decisão, os indicadores são
modeles simplificados da realidade com a capacidade de facilitar a compreensão
dos fenômenos, de aumentar a capacidade de comunicação de dados brutos e de
adaptar as informações à linguagem e aos interesses locais dos decisores. Não
são, portanto, elementos explicativos ou descritivos, mas informações pontuais
no tempo e no espaço, cuja integração e evolução permitem o acompanhamento
dinâmico da realidade. Os indicadores devem ser compreendidos como
informações quantitativas que permitem que um componente ou ação de um
sistema seja descrito nos limites do conhecimento atual (UNESCO, 1984 apud
MAGALHÃES, 2007)
A tese apresentada aos delegados da Conferência Nacional do Meio Ambiente, realizada
por iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, no final de 2003, em Brasília, que foi o
resultado de sistematização das discussões promovidas em conferências estaduais,
regionais e municipais, trouxe um conjunto de Indicadores de Sustentabilidade para
áreas urbanas e rurais: acesso a moradia adequada; grau de poluição hídrica,
atmosférica, do solo, sonora, visual, eletromagnética, acesso a coleta e tratamento de
resíduos sólidos, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos domésticos e
tóxicos, reciclagem de resíduos; indústrias de reciclagem implantadas; índice de
regularização fundiária; acesso a transporte público de qualidade; grau de utilização de
transportes coletivos em relação aos individuais; metros quadrados de área verde por
habitante, percentagem de território abrangido por áreas protegidas nos termos do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC); gerenciamento de passivos
ambientais, montante de recursos investidos em educação ambiental, nível qualitativo e
quantitativo da flora e fauna existentes, índices de desigualdade social; inclusão sócio-
cultural, entre outros. (COUTINHO, 2004)
É fundamental que se analise o contexto e as características da área estudada, pois como
a própria OECD (Organization for Economic Co-Operation and Development) afirma,
não existe um indicador ideal ou aquele que vá atender todas as características do local
na prática. É preciso o máximo de confiabilidade nos dados e informações
22
sistematizadas para chegarmos a resultados, a modelos, ou cenários que se aproxime ao
máximo da realidade ou que aponte sintomas de determinado objeto estudado. (NUCCI,
2001). Uma variável é uma representação operacional de um atributo (qualidade,
característica, propriedade) de um sistema (...). Qualquer indicador, descritivo ou
normativo, têm uma significância própria. A mais importante característica do
indicador, quando comparado com outros tipos ou formas de informação, é a sua
relevância para a política e para o processo de tomada de decisão.
(GALLOPIN,1996 apud BELLEN, 2006).
Em síntese, os indicadores devem possuir certas qualidades que justifiquem sua escolha:
simplicidade, nível de acessibilidade social (compreensão por diferentes setores da
sociedade), objetividade, flexibilidade, relevância, base técnico-científica,
mensurabilidade (dados facilmente disponíveis, escalas temporais e custos aceitáveis),
qualidade dos dados e comparabilidade com outros indicadores. (HAMILTON,1996
apud MAGALHÃES, 2007)
O Quadro 1 abaixo apresenta de forma sintética as principais funções dos indicadores
para avaliação da qualidade ambiental urbana.
• Avaliação de condições e tendências.
• Comparação entre lugares e situações.
• Avaliação de condições e tendências em relação às metas e aos objetivos.
• Prover informações de advertência.
• Antecipar futuras condições e tendências.
Quadro 1 – As principais funções dos indicadores
Fonte: Tunstall, 1994 apud Bellen, 2006
Segundo Magalhães (2007) um indicador exige uma ou mais unidades de medida
(tempo, área, etc.) e, muitas vezes, padrões para diferenciar sua interpretação. Esses
indicadores inserem-se em uma pirâmide cuja base é formada por dados e o topo por
índices agregados. (Figura 3)
23
Figura 3: Pirâmide de Informação Fonte: MAGALHÃES, 2007 (adaptada de HAMMOND et. Al.,1995) Os indicadores, muitas vezes, são apresentados na forma gráfica ou estatística,
consequentemente são valores distintos dos dados primários. A pirâmide de informação
tem um sua base dados primários e o topo, consiste nos índices que se desejam alcançar,
cuja finalidade principal é a simplificação dos dados (numéricos e/ou descritiva)
facilitando dessa forma a compreensão para tomadas de decisões relativas as questões
ambientais.
Os indicadores são utilizados para simplificar informações sobre fenômenos complexos
e para tornar a comunicação sobre eles mais compreensível e quantificável. Entretanto
devem ser analiticamente legítimos e construídos dentro de uma metodologia coerente
de mensuração (BELLEN, 2006).
Em relação aos índices ambientais urbanos, existem alguns exemplos que procuram
mensurar as áreas verdes/vegetação urbana. Porém não existe um único convencionado,
o que torna a pesquisa e a comparação entre diferentes locais uma tarefa delicada, pois
torna-se necessário uma confluência de fatores externos associados a essa quantificação
proposta pelos índices, como por exemplo, os aspectos topográficos, situação
econômica, infra-estrutura, aspectos culturais e sociais dos diferentes focos de pesquisa.
Simplificação Síntese Integração Ponderação
24
Os índices são entendidos como resultado da combinação de um conjunto de
parâmetros associados uns aos outros por meio de uma relação pré-estabelecida que
dá origem a um novo e único valor. [...] essa relação pode ser estabelecida por meio
de estatística, formulação analítica ou cálculo de razão matemática. (SANTOS,2004)
Os índices, de acordo com Mendonça (1997), constituem os resultados numéricos de
um indicador. Os índices correspondem a um conjunto agregado ou com valores
outorgados, de parâmetros ou indicadores que relatam ou demonstrem uma situação.
Pressupõe-se sempre a padronização tendo em vista a utilização de uma escala
convencional (Melo, 1996). De acordo com Environmental Protection Agency - EPA
(1995), o índice é resultado da junção de estatísticas e/ou indicadores que sintetizam
uma grande quantidade de informação relacionada e que faz uso de um dado processo
sistemático para atribuir pesos relativos, escalas e agregação de variáveis em um único
resultado. Ao se comparar a literatura em relação às áreas verdes e cobertura vegetal
(CAVALHEIRO & DEL PICCHIA, 1992; LOMBARDO, 1985; NUCCI, 2001,
entre outros), observa-se um grande desentendimento em relação aos índices
recomendados. Cavalheiro & Del Picchia lembram que, desde 1968, a Prefeitura
Municipal de São Paulo (PMSP) passou a adotar a proporção de 12m2/hab como
índice desejado, que seria atingido na metrópole até 1990, seguindo-se
recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) – ou da Food and
Agriculture Organization (FAO), ou da Organização Mundial da Saúde (OMS) –
inclusive em obras de referência (como TROPPMAIR, 1987; LOMBARDO,
1985, entre outras), dados contestados pelos autores que, em contatos escritos
com as organizações citadas, não obtiveram confirmação da recomendação. Ao
contrário, “foi constatado que esse índice não é conhecido, como não o é entre
as faculdades de paisagismo da República Federal da Alemanha”.
A vegetação caracterizada como um indicador de qualidade ambiental, atua associada a
outros indicadores (qualidade do ar, da água, solos, fauna e clima) e na manutenção de
algumas condições vigentes desejáveis, seja nas ações que visam a melhoria da
qualidade de vida em áreas mais comprometidas. Dessa forma, a importância da
cobertura vegetal como indicador de qualidade ambiental reflete-se nas funções que esta
desempenha no ambiente urbano.
25
Portanto, é reconhecida a importância de quantificar a cobertura vegetal, incluindo a
arborização de rua de uma cidade, pois aí está refletido um indicador da qualidade
ambiental urbana.
3.5 Cobertura Vegetal
De acordo com Nucci (2001), um atributo muito importante, porém negligenciado, no
desenvolvimento das cidades é o da cobertura vegetal. A vegetação, diferentemente da
terra, do ar, da água, não é uma necessidade óbvia na cena urbana [...]. Dentro da linha
metodológica do Planejamento da Paisagem, quando se fala em planejar a natureza,
fala-se principalmente em vegetação. O autor define como cobertura vegetal as
“manchas de vegetação” visualizadas a olho nu em foto aérea na escala 1:10.000. Como
todas essas manchas apresentam uma importância ecológica, elas não devem ser
desprezadas, porém não podem ser considera Áreas Verdes, pois nem todas apresentam
condição para uso de lazer. Uma árvore tem sua função ecológica, mas não pode ser
considerada Área Verde. Cobertura Vegetal são as “manchas de vegetação” visualizadas a olho nu em foto
aérea na escala 1:10.000. Como todas essas manchas apresentam uma
importância ecológica, elas não devem ser desprezadas, porém não podem ser
considera Áreas Verdes, pois nem todas apresentam condição para uso de lazer.
Compreende a vegetação herbácea, arbustiva e arbórea. Os jardins, os quintais,
as praças, os parques, os canteiros em vias de circulação, as áreas preservadas
dentre outras formas de cobertura estão compreendidas nessa categoria. (NUCCI,
CAVALHEIRO,1999)
Para Nucci e Cavalheiro (1999), a cobertura vegetal pode ser definida como qualquer
área provida de vegetação na área urbana, compreendendo a vegetação herbácea,
arbustiva e arbórea. Os jardins, os quintais, as praças, os parques, os canteiros em vias
de circulação, as áreas preservadas dentre outras formas de cobertura estão
compreendidas nessa categoria. Em termos de quantidade de superfície urbanizada por
vegetação, é possível citar alguns índices que poderão servir de parâmetros para a
qualidade ambiente.
26
A questão controvertida da categorização e definição de áreas verdes adotadas
por vários autores brasileiros tornam ainda mais complexa uma avaliação daquilo
que se poderia chamar de “índices mínimos de cobertura vegetal”
(OLIVEIRA,1996)
Sobre a classificação da cobertura vegetal, JIM (1989) apresenta um estudo realizado
em Hong Kong, no qual cria uma classificação para os diferentes tipos de mancha de
cobertura vegetal conforme sua configuração. Com base na distribuição espacial e na
forma, JIM (1989) classifica em, três tipos principais, as manchas de vegetação
encontradas, sendo elas: Isolated, Linear e Connected. JIM (1989) divide cada forma de
configuração da cobertura vegetal em três subgrupos, criando nove modelos diferentes
para caracterizar a cobertura vegetal em Hong Kong. Este tipo de classificação pode
auxiliar no planejamento e verificação de áreas com déficit de cobertura vegetal,
podendo ser mais bem estudadas e posteriormente planejadas.
NUCCI E CAVALHEIRO (1999) traduziram as nove categorias utilizadas por JIM (1989), as quais podem ser caracterizadas pela Figura 03, e descritas posteriormente.
Figura 3: Esquema de classificação da distribuição espacial da cobertura vegetal
Fonte: JIM, 1989.
27
1.Isolated: dominante em locais edificados, com ruas e superfícies impermeáveis que
formam uma matriz contínua circundando as discretas e pequenas unidades de cobertura
vegetal; as árvores estão localizadas principalmente em nichos espalhados e apertados
nas calçadas e ocasionalmente em pequenos jardins em lotes residenciais. Apresenta as
seguintes variações:
a.Dispersed: com pequenas unidades com dimensões semelhantes, principalmente
árvores solitárias, sendo amplamente encontrada na matriz edificada.
b.Clustered: árvores em pequenos grupos frequentemente misturadas com componentes
das edificações.
c.Clumped: agregação de árvores em grandes unidades nos quintais ou taludes.
2.Linear: apresenta justaposição de árvores em uma direção dominante em resposta a
regimentação em alongados habitats. Tem como variantes:
a.Rectilinear: estreito alinhamento ao longo das calçadas ou na periferia de lotes; esse
modelo segue o plano em grade relativamente livre dos constrangimentos da topografia.
b.Curvilinear: cinturões largos e meandrados com vertentes naturais ou modificadas
adjacentes às ruas.
c.Annular: caso especial de variante curvilínea; as árvores formam um anel contínuo ao
redor de pequenos morros e topos elevados por movimentação de terra.
3.Connected: apresenta ampla cobertura vegetal e o maior grau de conectividade e
contigüidade: as florestas remanescentes se estabeleceram antes da urbanização. Estas
parcelas estão localizadas em terrenos com alta declividade ou na periferia da cidade,
apresentando as seguintes variáveis:
a.Reticulate: rede alongada com meandros atravessando estreitos interstícios de
vertentes não urbanizadas entre construções agrupadas.
28
b.Ramified: apresenta mais de 50% da área com cobertura vegetal; copas entrelaçadas
formam uma estrutura contínua que envolve lotes edificados separadamente.
c.Continuous: mais de 75% da área apresenta cobertura vegetal; são florestas na
periferia com um mínimo de intrusão da urbanização. A quase contínua cobertura
vegetal é pontuada somente ocasionalmente por pequenas construções isoladas ou ruas
estreitas.
O mapeamento e a classificação da cobertura vegetal são importantes, pois, “a
quantidade e a distribuição de suas categorias, ou seja, herbácea, arbustiva ou arbórea,
estão relacionadas com conforto térmico, com a qualidade do ar, escoamento
superficial, etc.” (MOURA e NUCCI, 2005).
Figura 4 – Categorização adotada para as estruturas do espaço urbano com ênfase na cobertura vegetal (árvores) Desenho: Paulo Sérgio Maroti (adpatado pelo autor) Fonte: HENKE –OLIVEIRA (2000)
29
A Figura 4 demonstra algumas estruturas urbanas comuns na cidade como as praças,
ruas, avenidas, áreas impermeabilizadas, casas particulares e esclarece, principalmente,
o objetivo principal da pesquisa em relação ao mapeamento feito da cobertura vegetal
em quatro bairros de Uberlândia.
Foi quantificada e espacializada, nos mapas, a cobertura vegetal, entendida aqui como a
vegetação arbórea/arbustiva localizadas em áreas livres, praças, canteiros centrais,
calçadas e no interior de lotes particulares e/ou públicos, sem mensurar a vegetação
herbácea ou gramado sem classificação, pois isto causaria uma confusão conceitual.
3.6 Vegetação arbórea-arbustiva nos centros urbanos A árvore é o vegetal mais presente na vida e no ciclo histórico do homem. No início era
usada como combustível para alimentar as fogueiras dentro das cavernas, passando
posteriormente, a ser usada como arma de caça, implemento agrícola, componentes de
casas e, hoje, está inserida no cotidiano do homem em vários momentos e nas mais
diversas formas. Porém, a inserção da árvore no contexto urbano é muito recente na
história dos povos. É a partir de 1800, através da iniciativa pioneira das cidades de
Londres e Paris, com seus squares e boulevars, respectivamente, que as árvores foram,
definitivamente introduzidas na macha urbana. O século XX interrompeu com meio a
expansão urbana: investimentos no meio imobiliário, abertura de ruas e avenidas,
expansão do transporte coletivo, surto de industrialização , êxodo rural, e outros fatores
que alteraram a fisionomia das cidades. (SANTOS, 2001)
O surgimento da luz elétrica e a expansão da oferta dos serviços de abastecimento de
água, coleta de esgoto e telecomunicações trouxeram para as cidades um complexo
sistema de cabos, galerias e dutos que tomam conta do ar e do subsolo. A rede aérea
de energia passou a interferir de forma decisiva no plano de arborização da cidade.
Na seqüência, com o advento da era “desenvolvimentista” e da explosão imobiliária
na década de 60 houve a perda dos jardins privados e a impermeabilização do solo e
o patrimônio das áreas verdes das cidades ficaram cada vez mais restritos à
arborização de ruas, praças, parques e maciços florestais (MILANO e DALCIN,
2000)
30
A distribuição espacial da cobertura vegetal em áreas urbanas revela aspectos da
qualidade ambiental, podendo indicar a qualidade de vida da população que vive nesses
espaços. Na atualidade existem diferentes procedimentos para o levantamento da
cobertura vegetal em áreas urbanas por meio de trabalhos de campo, pela analise de
cartas topográficas de grande escala, pela interpretação de fotografias aéreas e através
da interpretação e tratamento digital de imagens de satélite de base orbital
(LOMBARDO, 1985; NUCCI E CAVALHEIRO, 1999)
A árvore como elemento foco do estudo exige uma série de condições a fim de que
possa ser utilizada sem acarretar inconvenientes, sendo que, entre as características
desejáveis, podem-se elencar: resistência a pragas e doenças; velocidade de
desenvolvimento média para rápida; a árvore não deve ser do tipo que produz frutos
grandes, assunto este muito polêmico, pois podem causar alguns depredamentos
públicos e particulares. Ao mesmo tempo, esses frutos servem de alimentos para os
moradores próximos a essas árvores e para os pássaros, sendo uma forma de preservar o
equilíbrio biológico. Os troncos e ramos das árvores devem ter lenho resistentes, e
plantados em locais onde possam se desenvolver normalmente, para evitar a queda na
via pública; a copa das arvores devem ter forma e tamanho adequados; o sistema
radicular deve ser profundo, evitando-se o uso de árvores com sistema radicular
superficial, como também as árvores com sistema radicular pivotante que podem
danificar as calçadas e as fundações de construções e muros.
No cenário urbano dominado por estruturas e superfície artificiais, a cobertura vegetal
atua como refúgios, para a vida selvagem, e também podem abrigar espécies vegetais
incomuns que estão desaparecendo. Os habitats naturais remanescentes nas cidades,
com interferência humana limitada, proporcionam áreas valiosas para uma vida
selvagem diversificada e formam comunidades urbanas ímpares que diferem das demais
paisagens (JIM; CHEN, 2003)
O estudo do ambiente urbano tem na arborização um conjunto de prerrogativas capazes
de caracterizar não somente aspectos visuais à paisagem local, apresentando
identificações sócio-culturais, econômicas e históricas distintas a cada região, mas
exercendo também um papel de vital importância na qualidade de vida local, devido as
suas múltiplas funções biológicas, ecológicas, sociais, climáticas.
31
Tornar o ambiente urbano não só esteticamente bonito, mas compatibilizar os outros
equipamentos urbanos, como pavimentação, calçadas, eletrificação, saneamento entre
outros, deve ser pressuposto para os futuros planejamentos urbanos ou mesmo projetos
de paisagismo que visem a qualidade ambiental de fato.
O quadro seguinte elenca algumas espécies mais conhecidas adequadas para o plantio
nas áreas urbanas principalmente relacionadas à arborização viária.
Espécie Nome Popular Porte Copa
(formato/diâmetro) Desenvolvimento da Planta
Acacia podaliriaefolia
Acácia mimosa 6 m arredondada; 4m rápido
Bauhinia variegata L.
Unha-de-vaca, Casco-de-vaca
4-10m arredondada e larga; 4m rápido
Brunfelsia uniflora
Manacá de jardim 3m arredondada; 2m médio
Caesalpinia echinata
Pau-brasil 8m arredondada; 6m lento
Caesalpinia peltophoroides
Sibipiruna 10m arredondada; 7m rápido
Caesalpinia pulcherrima
Flamboyanzinho ou Flor-de-pavão
3 m arredondada; 3m rápido
Callicarpa reevesii
calicarpa 6m arredondada; 5m médio
Cassia excelsa
Cássia excelsa 6m arredondada; 5m rápido
Cassia ferruginea
Chuva-de-ouro, Cássia imperial
12m arredondada pendula; 8m
rápido
Cassia grandis Cássia rosa ou Cássia grande
12m larga; 8m rápido
Cedrela fissilis
Cedro-rosA 15m arredondada; 7m rápido
Chorisia speciosa A. St.-Hil
Paineira 15-30m arredondada larga; 8m rápido
Delonix regia
Flamboyant 10m larga; 7m rápido
Feijoa sellowiana
Feijoa ou Goiaba da Serra
3m arredondada; 3m médio
Hibiscus rosa-sinense
Hibisco 4m arredondada; 3m médio
32
Jacaranda brasiliana
Jacarandá de jardim
5m umbeliforme; 4m médio
Jacaranda caroba
carobinha 8m arredondada; 4m rápido
Jacaranda mimosaefolia D. Don
Jacarandá mimoso até 15m arredondada e larga; 6m rápido
Oelreuteria paniculata
Quereutéria 10m arredondada e larga; 6m rápido
Lagerstroemia indica
Resedá, Extremosa ou Julieta
6m arredondada; 3m médio a rápido
Lecythis pisonis
sapucaia 20m arredondada; 8m médio a rápido
Michelia champaca
Magnólia amarela 8m piramidal; 5m rápido
Myroxilon peruiferum
Cabreúva 6m arredondada; 4m lento
Licania tomentosa
Oiti 10m arredondada, 6m lento a médio
Murraya exótica
Falsa-murta 4m arredondada; 4m lento
Nerium oleander L.
Espirradeira ou Oleandro
4 a 6m arredondada; 3m rápido
Ocotea pretiosa
Canela-sassafrás 10m piramidal; 6m médio
Schinus molle L pimentinha, falso-chorão
4 a 8m pendula; 4m ____
Schyzolobium parahybum
Guapuruvu, Ficheira
16m arredondada larga, 8m rápido
Tecoma stans
Ipê-de-jardim ou Caroba amarela
8m arredondada; 6m rápido
Tabebuia chrysotricha (Mart. Ex DC.) Standl
Ipê-amarelo-cascudo
4 a 10m irregular; 4m ________
Tabebuia roseo-alba
ipê-branco 7-16m arredondada; 6m médio
Terminalia catappa
Chapéu-de-sol ou Sete-copas
10m irregular; 6m rápido
Tibouchina granulosa
Quaresmeira rosa 6m arredondada; 4m rápido
Quadro 2 - Algumas espécies recomendadas para arborização urbana Modificado de GUIA, 1988; ÁRVORES, 1999 appud PIVETTA, SILVA E FILHO (2002)
33
3.7 Funções ecológicas da vegetação urbana
As árvores de ruas, fazem parte de um ramo da silvicultura que se chama Silvicultura
Urbana, cujo objetivo é o cultivo e manejo de árvores para a contribuição atual e
potencial ao bem estar fisiológico, social e econômico da sociedade urbana. No sentido
mais amplo, a Silvicultura Urbana envolve desde o estudo de habitats para a fauna,
recreação, paisagismo, reciclagem dos resíduos orgânicos, cuidados com as árvores em
geral, até a produção de fibras. Portanto, a Silvicultura Urbana é uma junção da
arboricultura, horticultura ornamental e o manejo ou ordenamento florestal. (COUTO,
1994).
É nesse sentido que a arborização urbana surge como atenuante, tornando o ambiente
antropogênico menos hostil, fornecendo inúmeras vantagens: as árvores reduzem a
poluição sonora, visual, atmosférica e hídrica; amenizam o clima tornando-o mais
úmido devido a transpiração, diminuindo a temperatura local, reduzem o impacto das
chuvas no solo, evitando erosão e absorvendo parte da água, entre outros (LIMA et al.,
1994 ; SOUSA et al.,1994, GONÇALVES,2000; SILVA et al. 2000;) além de
fornecerem abrigo, alimento e proteção a avifauna e/ou outras formas de vida silvestre
(SOUSA et al,1994; MACEDO, et al.,1995; LUSTOSA,2000), tendo assim uma
importância relevante na preservação da fauna urbana e sua biodiversidade.
De acordo com Nucci, Cavalheiro (1999) podem-se citar várias funções desempenhadas
pela vegetação na cidade, como a estabilização de determinadas superfícies, obstáculo
contra o vento, proteção da qualidade da água, filtração do ar, equilíbrio do índice de
umidade, diminuição da poeira em suspensão, redução dos ruídos, proteção das
nascentes e mananciais, organização e composição dos espaços no desenvolvimento das
atividades humanas, etc. A quantificação da cobertura vegetal deve ser acompanhada de
sua configuração.
É fundamental, para que os citadinos possam usufruir dos benefícios que a arborização
pode oferecer, e para preservação da biodiversidade, que haja um planejamento
adequado, um plano específico de arborização para a cidade.
34
A vegetação, principalmente quando constituída de espécies arbóreas, conduz a uma
ampla gama de benefícios e funções ambientais; a arborização viária, freqüentemente
acomoda grupos variados de pequenos animais e flora, fornecendo locais acessíveis,
com elementos naturais ou não, para o lazer da população. (JIM; CHEN, 2003)
A presença da vegetação no universo urbano é um fator essencial no resgate dos
aspectos positivos da relação das formas urbanas com a natureza, reestruturador do
espaço urbano, incorporando-se como uma característica importante na paisagem
urbana e assumindo uma estreita relação sobre as suas funções ecológicas, climáticas,
econômicas e sociais.
Os benefícios da cobertura vegetal (árvores), principalmente das ruas e avenidas estão
condicionados à qualidade de seu planejamento. Em uma cidade média ou grande
muitas vezes esse planejamento torna-se mais complexo, passando a ter um caráter de
remediação, à medida que tenta se encaixar dentro das condições já existentes.
De acordo com Mascaró (1994), a vegetação urbana constitui em um poderoso agente
de depuração do meio e minimização das condições adversas do clima, agravadas pela
cobertura, revestimento, impermeabilização do solo, decorrentes das construções, obras
viárias, e de outras relacionadas com a pavimentação.
Lombardo (1990) organiza as contribuições da vegetação para melhoria do ambiente
urbano em quatro grupos: composição atmosférica, equilíbrio solo-clima-vegetação,
níveis de ruídos e estético, conforme explicitado no Quadro 3.
COMPOSIÇÃO
ATMOSFÉRICA
- Ação purificadora por fixação de poeiras e materiais residuais; - Ação purificadora por depuração bacteriana e outros microorganismos; - Ação purificadora por reciclagem de gases por mecanismos fotossintéticos; - Ação purificadora por fixação de gases tóxicos;
EQUILÍBRIO SOLO-
CLIMA-VEGETAÇÃO
- Luminosidade e temperatura: a vegetação, ao filtrar a radiação solar, suaviza as temperaturas extremas; - Umidade e temperatura: a vegetação contribui para conservar a umidade do solo, atenuando sua temperatura; - Redução da velocidade dos ventos; - Mantém as propriedades do solo: permeabilidade e fertilidade; - Abrigo a fauna existente;
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NÍVEIS DE RUÍDOS
- Amortecimento de ruídos de fundo contínuo e descontínuo, de caráter estridente, ocorrente nas grandes cidades;
ESTÉTICO
- Quebra da monotonia da paisagem nas cidades, causada pelos grandes complexos de edificações; - Valorização visual e ornamental do espaço urbano; - Caracterização e sinalização de espaços, constituindo-se em um elemento de interação entre as atividades humanas e o meio ambiente;
Quadro 3 – Contribuições da vegetação para melhoria do ambiente urbano Fonte: Lombardo (1990) É possível observar no Quadro 3, que a arborização é um atributo muito importante no
contexto urbano, um elemento (re)estruturador dos espaços, responsável por uma série
de funções sejam elas sócio-ambientais, quanto estéticas-culturais. Ao mesmo tempo,
ela passa a constituir um problema urbano, quando há inexistência de políticas no setor,
planos ineficientes improvisos, negligência do setor público e por parte da população.
(SATTERTHWAITE, 2004).
Uma contribuição importante da vegetação urbana, porém, não citada por Lombardo
(1990) no Quadro 3, está relacionada ao aspecto hidrológico em si, ou seja, a água das
chuvas. As árvores exercem um papel fundamental no processo de interceptação
pluviométrica, atuando como uma barreira natural, reduzindo assim, a sua força cinética
e proporcionando uma infiltração mais lenta pelos caules e troncos. Conseqüentemente,
ocorre também uma redução do escoamento superficial, e os problemas urbanos
relacionados diretamente a ele.
Santos e Teixeira (2001) argumentam que o ambiente urbano é composto por um
conjunto de estruturas, algumas naturais, outras resultantes da intervenção humana que,
dependendo da sua natureza e distribuição espacial, determinam uma grande
diversidade climática. A vegetação atua de maneira multifacetada no equilíbrio
ambiental das cidades como:
a) Micro-clima urbano Embora a vegetação, tão somente, não possa controlar
totalmente tais condições de desconforto, ela pode, eficientemente, abrandar a sua
intensidade. Os conjuntos arbóreos são responsáveis pela redução da temperatura do ar.
Estes valores são variáveis de acordo com o grau de fechamento das copas, o número de
espécies e indivíduos envolvidos e a estação do ano.
36
Em média, 60% a 75% da energia solar incidente na vegetação é consumida nos
processos fisiológicos, porque as plantas não armazenam calor nas células,
ocorrendo o equilíbrio por meio de trocas com ar. O resfriamento e a filtração do
ar, realizado pelas árvores é maior do que aquela de gramados, pois a proporção
entre volume de folhas e área ocupada é bem maior nas árvores
(BERNATZKY,1982)
O resfriamento realizado pela vegetação em uma edificação pode ser direto (diminui a
temperatura da superfície dos objetos sombreados) e indireto (evapotranspiração das
folhas que resfriam a sua superfície, devido a troca de calor) (GRIMMOND et.al, 1986)
b) Proteção da avifauna – o uso da vegetação ao longo da malha urbana se constitui na
forma de preservação do equilíbrio ecológico. Algumas espécies vegetais, com ênfase
nas frutíferas nativas, são responsáveis pelo abrigo e alimentação da avifauna,
assegurando condições de sobrevivência, exercendo a função de corredor ecológico,
embora muitas espécies de aves urbanas já se adaptaram em se alimentar de outros tipos
de alimentos tipicamente urbanos, como restos de alimentos domiciliares (arroz, pão,
farelos em geral).
c) Contribuição para conforto lumínico: O objetivo básico, ao se controlar o
ofuscamento, é o de interpor um elemento interceptor entre a fonte de luz (direta ou
indireta) e a pessoa, objeto sobre a qual incide esta luz. Tanto para o caso da luz direta,
como para a luz refletida, as árvores se constituem em eficientes elementos protetores.
A forma da copa das árvores e seu tamanho determinam a área sombreada que muda de
acordo com a espécie e com a época do ano (MASCARÓ, MASCARÓ, 2004)
d) Conforto ambiental: a disponibilidade de sombreamento, seja ao caminhar, nos
veículos estacionados ou em ambientes construídos, faz parte das exigências de conforto
dos cidadãos. Embora de difícil quantificação, o conforto ambiental diz respeito
também à satisfação psicológica do ser humano ao caminhar sob árvores, sobre
gramados, etc. Talvez seja esta vegetação o elo mais freqüente do homem urbano com a
natureza que o criou e da qual ainda não se desligou.
37
Uma das funções mais importantes da arborização no meio urbano é amenizar o
rigor térmico da estação quente, diminuindo as temperaturas superficiais dos
pavimentos e fachadas de edificações, assim como a sensação de calor dos
usuários, tanto pedestres quanto motoristas (MASCARÓ; MASCARÓ,2004)
e) Composição do ar: a ação purificadora das árvores pode ser resumida, segundo
Linder (1982) apud Álvares (2004) pela fixação de poeira e matérias residuais;
depuração bacteriana, purificação por função clorofílica, captação de gases tóxicos, já
que um hectare de cobertura arbórea pode fixar cerca de 50 ton. de pó e partículas
residuais
f) Velocidade do vento: de acordo com Álvares (2004) além dos efeitos benéficos em
relação ao vento, diretamente produzidos pela simples presenças de massas arbóreas,
uma adequada composição do volume de vegetação pode incrementar esses efeitos
benéficos, conseguindo criar áreas resguardas nos espaços verdes urbanos.
3.8 Principais problemas causados pela vegetação urbana
Os itens anteriores salientam que a arborização apresenta uma série de benefícios ao
ambiente urbano, porém ela traz consigo uma série de conflitos. A cidade de Curitiba,
Maringá, Piracicaba, entre outras são exemplos representativos de centros urbanos que
passaram a ter uma preocupação maior com a manutenção da cobertura vegetal, das
áreas verdes apresentando um equilíbrio maior entre os benefícios e os conflitos que
cercam essa questão. Para isso, estudos, pesquisas, vontade política, a educação dos
cidadãos aliada aos recursos financeiros direcionado para essa questão foram
fundamentais para que se tornasse possível uma gestão pública em busca de uma maior
qualidade ambiental urbana.
Entendida com um elemento urbano, a árvore ao mesmo tempo em que disputa espaço
com fiações elétricas, dutos subterrâneos, calçamentos necessita de recursos financeiros
para sua implantação e manutenção. Para um adequado planejamento da arborização das
ruas e avenidas de uma cidade, alguns fatores devem ser considerados como as
condições ambientais locais é pré-condição para o sucesso da arborização caso contrário
poderá ter alterações no porte, floração e frutificação.
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A inadequação das espécies utilizadas na arborização de logradouros públicos tem
trazido como conseqüência custos crescentes na manutenção e reparos da rede aérea de
fios e cabos, assim como a infra-estrutura subterrânea, composta por dutos e galerias.
Para reduzir a ocorrência desses danos, devem ser selecionadas árvores com portes
diferenciados, compatíveis com fiações e interferências subterrâneas. Devem ser
eliminadas aquelas que se caracterizam por apresentarem a madeira mole, caule e ramos
quebradiços, pois são vulneráveis a chuvas e ventos fortes, colocando em risco a
segurança de pedestres, veículos e edificações. As árvores com raízes superficiais
também devem ter o plantio limitado a locais onde suas raízes não danifiquem o
pavimento (FRANCO, 1993).
Neste caso, planos de arborização esbarram em uma série de dificuldades operacionais,
como por exemplo, fiações elétricas (aéreas), compatibilização com ruas, calçadas,
dutos (pluviais e de esgoto) subterrâneos, edifícios, etc. Outros problemas serão
apresentados mais adiante.
Entre os problemas relacionados à arborização urbana, Santos & Teixeira (2001) citam:
a) Condições do solo: a introdução da arborização é realizada, normalmente, ao término
das obras civis. É comum a utilização de entulhos (cacos de tijolos, cerâmicos, ferro,
bloco de concreto, embalagens, etc.) passa a formar uma base para o assentamento do
piso, nas calçadas. A compactação do solo, que implicará uma maior resistência à
penetração das raízes, menor infiltração da água e menor circulação de ar e água pela
perda da porosidade. No preparo das covas é comum ser mantido o solo do próprio
local, sem a preocupação de adicionar terra de boa qualidade e adubos, quer químicos
ou orgânicos. O tamanho da cova deve permitir a colocação do torrão, adição do
substrato e o pleno desenvolvimento radicular.
b) Área Livre: denomina-se como tal, o espaço livre de pavimento que permitirá a
infiltração da água e nutrientes. Recomenda-se, para tal, uma área não inferior a 1m2.
39
c) Podas: dada à abrangência da tal prática, pressupõe-se ser um problema cultural, visto
que nem todas as espécies requerem ou aceitam podas. A falta de informações e
acompanhamento técnico se traduz, não raras vezes, em exemplares mutilados,
propensos a problemas sanitários e objetos de acidentes. Muitas vezes a poda faz-se
necessária porque o porte do vegetal é incompatível com o espaço, resultados de
escolhas incorretas, e ainda porque a substituição por fios protegidos ou redes
subterrâneas, que constituem em alto investimento.
d) Poluentes: os poluentes do ar tanto alteram os processos físicos como químicos das
plantas ou produzem efeitos secundários, a saber: redução de troca gasosa devido a
camada de pó; diminuição da vitalidade, suscetibilidade a pragas, doenças e variações
climáticas.
e) Composição: a população toma pra si a função de plantio de árvores, realizando-a de
acordo com seu interesse e gosto. Geralmente, o visual de tais locais apresenta excesso
de espécies; portes diversificados; manejos diferenciados; espaçamentos irregulares e
reduzidos.
f) Inadequação das espécies ao espaço e uso urbano: aliada a forma da vegetação, a sua
disposição, à disposição nos passeios e canteiros pode provocar situações de
desconforto para a população e colocar em risco a integridade das plantas. As situações
que apresentam o conflito do vegetal e o espaço físico disponível são diversas entre as
quais se destacam:
Indivíduos localizados em esquina;
Espécies frondosas que invadem propriedades, pistas, dificultam a visualização
de semáforos;
Espécies de porte pequeno e copas densas situadas junto a placas de trânsito;
Distribuição de exemplares na área central de passeios estreitos; dificultando a
acessibilidade de pesdestres;
Manejo de espécies arbustivas criando cercas vivas de difícil transposição;
Forma natural da árvore com copa muito grande a baixa;
Copa interferindo a passagem de fiação aérea;
Copa interferindo a passagem de veículos;
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Raízes danificando ruas, acostamentos e calçadas;
Copa interferindo na passagem de pedestres;
Figura 5: Interferências causadas por uma espécie em local inadequado, necessitando de podas Fonte: GUIA, 1988). 1. Forma natural da árvore com copa muito grande a baixa 2. Copa interferindo a passagem de fiação aérea 3. Copa interferindo a passagem de veículos 4 e 5. Raízes danificando ruas, acostamentos e calçadas 6. Copa interferindo na passagem de pedestres
Figura 6: Plantio inadequado de árvores cujas raízes estão interferindo nas canalizações
subterrâneas
Fonte: GUIA, 1988
41
Figura 7. Espelho de tijolo recomendado em algumas literaturas visando evitar o afloramento de raízes Fonte: GUIA, 1988. Quantos aos órgãos competentes, geralmente não apresentam soluções definitivas para
estas situações. Dessa forma medidas paliativas são implementadas pela comunidade
dos bairros.
3.9 Premissas para a elaboração de um Plano de Arborização
É de competência das prefeituras municipais e órgãos ambientais ligados a ela, executar
e manter a arborização urbana (CEMIG, 1996).
A qualidade da arborização urbana é colocada muitas vezes em uma escala de
prioridade muito inferior a de outros componentes urbanos. Os órgãos gestores
preferem políticas de plantio de mudas de arbustos que possam fazer volume em termos
de números de plantas por metro linear, mas que não representam muito em termos de
cobertura arbórea por área. Planta-se muitas árvores que não atingem a fiação elétrica,
42
não destroem calçadas, em vez de enfrentarem os problemas que a arborização traz ao
ambiente urbano de fato. Por outro lado, as arvoretas têm superbrotamento do ramo
principal, o que atrapalha o trânsito de veículos e pedestres, além delas não cumprirem
funções de conforto térmico. A arborização de calçadas com espécies de porte adequado
exige a convivência com conflitos. A questão a ser enfrentada é a necessidade de
mudança de paradigma. Os equipamentos urbanos é que devem se adaptar a uma
arborização com qualidade e não o inverso. (ALVARES, 2004)
Segundo Milano (1983), o processo de avaliação da arborização depende da realização
de inventários que, em função dos objetivos especificamente definidos, serão
fundamentados em diferentes metodologias e poderão apresentar diferentes graus de
apreciação.
A realização do inventário quantitativo da arborização pública permite definir e
mapear com precisão a população total de árvores de ruas para fins de inventário
qualitativo, além da identificação da composição real da arborização entre outros
aspectos. Estes dados possibilitam a identificação do índice de área verde da cidade a
partir da arborização de ruas. MILANO (1988),
Um outro aspecto importante para o planejamento da arborização, é sem, dúvida a
destinação de recursos para pesquisas específicas; uma maior preocupação por parte da
Secretaria de Obras e Planejamento Urbano e Meio Ambiente em implementar projetos,
aprovar loteamentos, considerando as árvores urbanas como elementos fundamentais
na composição da paisagem; promover uma discussão a respeito do tamanho das
calçadas nos loteamentos e inserir, nesse processo, a educação ambiental, destinada a
população da cidade.
O conhecimento das condições ambientais deve ser apropriado, caso contrário poderá
ter alterações no porte, floração e frutificação. Deve-se evitar, portanto, o plantio de
espécies cuja aclimatação não seja comprovada. Assim como deve-se conhecer, muito
bem, as características particulares de cada espécie, bem como, seu comportamento nas
condições físicas a que serão impostas. (PIVETTA ;SIVA FILHO,2002)
43
De acordo com Pivetta e Silva Filho (2002), na arborização urbana são várias as
condições exigidas de uma árvore a fim de que possa ser utilizada sem acarretar
inconvenientes, sendo que, entre as características desejáveis, destacam-se:
a. resistência a pragas e doenças, evitando o uso de produtos fitossanitários muitas
vezes desaconselhados em vias públicas; b. velocidade de desenvolvimento média
para rápida para que a árvore possa fugir o mais rapidamente possível da sanha dos
predadores e também para se recuperar de um acidente em que a poda drástica
tenha sido a única opção técnica exigida; c. a árvore não deve ser do tipo que
produz frutos grandes e quanto ao fato destes frutos serem ou não apreciados pelo
homem, é um assunto bastante polêmico, sendo que, algumas pessoas são contra
pois acreditam que estimularia a depredação, entretanto outras contestam
argumentando que deve-se lutar por uma arborização mais racional,
conscientizando a população. Entretanto, quanto ao fato destes frutos servirem de
alimentos para os pássaros, há um consenso, pois, é uma forma de preservar o
equilíbrio biológico; d. os troncos e ramos das árvores devem ter lenho resistente,
para evitar a queda na via pública, bem como, serem livres de espinhos; e. as
árvores não podem conter princípios tóxicos ou de reações alérgicas; f. a árvore
deve apresentar bom efeito estético; g. as flores devem ser de preferência de
tamanho pequeno, não devem exalar odores fortes e nem servirem para vasos
ornamentais; h. a planta deve ser nativa ou, se exótica, deve ser adaptada; i. a
folhagem dever ser de renovação e tamanho favoráveis. A queda de folhas e ramos,
especialmente as de folhas caducas, que perdem praticamente toda folhagem
durante o inverno, podem causar entupimento de calhas e canalizações, quando
não, danificar coberturas e telhados; j. a copa das árvores devem ter forma e
tamanho adequados. Árvores com copa muito grande interferem na passagem de
veículos e pedestres e fiação aérea, além de sofrerem danos que prejudicam seu
desenvolvimento natural; k. o sistema radicular deve ser profundo, evitando-se,
quando possível, o uso de árvores com sistema radicular superficial que pode
prejudicar as calçadas e as fundações dos prédios e muros.
Não se recomenda arborizar as ruas estreitas, ou seja, aquelas com menos de 7m de
largura. Quando estas forem largas, deve-se considerar ainda a largura das calçadas de
forma a definir o porte da árvore a ser utilizada. Outro fator deve ainda ser considerado
e refere-se à existência ou não de recuo das casas. As ruas que apresentam canteiro
central seguem os mesmos critérios apresentados para as demais ruas. O canteiro
central, no entanto, poderá ser arborizado de acordo com a sua largura.
44
A presença de fiação aérea ou subterrânea é um dos fatores mais importantes no
planejamento da arborização das ruas. A fiação aérea pode ser composta pela rede
elétrica primária, de alta tensão (13.000 e 22.000V); rede elétrica secundária, de baixa
tensão (110 V e 220 V) e rede telefônica aérea e TV a cabo cujas alturas variam entre
5,40 metros a 12 metros de altura. (PIVETTA e SILVA FILHO, 2002)
No caso de árvores com porte inadequado para plantio sob fiação, cujas copas estão em
contato com a rede aérea, uma opção é implantar soluções de engenharia como, redes
isoladas, protegidas ou compactas, que permitam melhor convivência. O Quadro 4 faz
menção à algumas medidas que devem ser adotadas entre equipamentos urbanos e a
árvores plantadas.
Medidas Metros
Recuo da muda em relação ao meio fio 0,50
Distâncias mínimas entre árvore e entradas de garagem 1,00
Distância entre as placas de sinalização e a árvores 5,00
Distância entre as árvores 5,00
Distância mínima das esquinas 7,00
Área livre (em torno da muda e sem cimento) 0,75
Distância de postes de iluminação 5,00 Quadro 4 – Medidas relacionadas à arborização e os equipamentos urbanos
Fonte: MONCHISKI et al , 2000; PIVETTA e SILVA-FILHO, 2002; AMBIENTE BRASIL, 2005
A variedade das espécies como alternativa para evitar a monotonia dentro da malha
urbana, associada ao plantio e manejo, escolha das mudas, as podas e sua correta
execução, são itens importantes para a criação de um plano de arborização eficaz. A
relação entre a largura da calçada ou via pública, edificações, rede elétrica e os tipos
(tamanho) de árvores e as respectivas distâncias e restrições para o plantio estão
apresentadas no Quadro 5.
45
Largura Edificação Espécie
Via Pública Calçada Alinhamento No recuo
do jardim
Rede
aérea
Porte Local
6,0 m
Menor que
3,5 m
sim
sim
sim _____ Não arborizar
não Pequeno Oposto a fiação
sim pequeno Dentro da
propriedade
não
pequeno
Oposto a
fiação/dentro da
propriedade
Maior que
9,0 m
Maior que
3,5 m
sim
sim
Sim Pequeno Oposto a fiação
Não pequeno Ambos os lados
Sim
pequeno
Oposto a
fiação/dentro da
propriedade
Não médio Ambos os lados
Menor que
3,5 m
sim
sim
Sim Pequeno Oposto a fiação
Não pequeno Ambos os lados
Sim Médio Oposto a fiação
Não Médio Ambos os lados
Maior que
3,5 m
sim
sim
Sim Pequeno Oposto a fiação
Não Médio Ambos os lados
Sim Médio Oposto a
fiação/dentro da
propriedade
Não Médio
pequeno
Ambos os lados
sob a fiação
12,0 m
Maior que
3,5
sim
sim
Sim Pequeno
Não Médio
Sim Médio
Não Médio
pequeno
Canteiro
Central (m)
Rede
aérea
Porte
Local
46
12,0 m
2,0 m
Sim Não arborizar
Não Grande
(copa
colunar
arborizar
2,0 m
Sim arborizar
Não Grande
(copa
colunar
Arborizar
2,0 m
Sim Pequeno Arborizar
Não Grande arborizar
Quadro 5 - Restrições de arborização em diferentes ruas Modificado de PREAMBE (2001) apud MARCARÓ; MASCARÓ (2004)
3.10 Planejamento urbano ambiental:
O planejamento em si é um método, um processo de pensamento o qual deve
categorizar alguns pontos importantes como principalmente a adequação a seu próprio
fim, eficiência, coerência e aceitação política, levando em consideração as várias
dinâmicas existentes. É na maioria das vezes um processo de antecipação de fatos,
fenômenos e que necessita de uma previsão ordenada, determinando a horizontes e
revisões, estipulando prazos, dentro de um determinado sistema. O planejamento pode
ser de âmbito nacional, macro-regional, estadual, micro-regional, e municipal.
Todo trabalho de planejamento inclui a leitura perspectiva da paisagem como
indicadora não só dos pontos de maior significado visual, como também como
também dos aspectos críticos de transformação do relevo, das condições de
degradação do solos e da cobertura vegetal; das características da ocupação
humana; e finalmente, na detecção paisagísticas, as quais constituem-se no
primeiro passo da criação de cenários de desenho ambiental (FRANCO, 1997)
Avaliar é o primeiro passo para planejar, para que fatores de ordem econômica
social,possam caminhar mais harmonicamente com a qualidade ambiental, por exemplo.
O planejamento ambiental trabalha com um conjunto de dados, informações e
parâmetros distintos ou de diversas naturezas. Assim, dependendo da temática ou do
enfoque, podem ser selecionados dados quantitativos, se quantificáveis, e qualitativos,
se são descritivos das características, atributos ou peculiaridades. A manutenção e
47
revisão do planejamento e recursos utilizados é possível com a análise e interpretação
de dados, descrições, diagnósticos gerados. (SANTOS, 2004)
Reconhece-se que o planejamento ambiental utiliza dados de diversas naturezas. E ainda
compreende que a decisão sobre o tipo de dado, o grau de detalhe e sua manipulação
dependem de diversos fatores, como área de conhecimento envolvida, importância da
temática para a região de estudo, ou mesmo a disponibilidade dos dados.
[...]. “Todo planejamento que visa definir políticas e decidir alternativas, requer o
conhecimento sobre os componentes que formam o espaço. Para tanto, é essencial
obter dados representativos da realidade, bem formulados e interpretáveis, seja por
meio de levantamentos secundários, seja por observações diretas. [...]. Para cada
dado, informação, parâmetro ou variável obtido em um planejamento, deve-se
reconhecer a temporalidade e o espaço de abrangência. Em geral os dados
apresentados em planejamento estão presos a um pequeno período que não permite
encadear e analisar todas as relações de mudanças ao longo do tempo.” (SANTOS,
2004)
Na perspectiva da abordagem urbano/ambiental, a requalificação, o controle e a
manutenção dos espaços públicos são objeto da gestão ambiental do território urbano,
de modo que ativos naturais, como a praia, os rios e a cobertura vegetal, sejam
encarados como um patrimônio da sociedade e, portanto, preservados para serem
desfrutados pelas gerações atuais e futuras.
Segundo Santos (2004) o dado é a medida, a quantidade ou o fato observado que pode
ser apresentado na forma de números, descrições, caracteres ou mesmo símbolos.
Quando o dado passa a ter um interpretação, então ele se torna uma informação. O
planejador deve ter o bom senso de selecionar dados que sejam objetivos,
representativos, comparáveis e de fácil interpretação, e assim, construir uma base sólida
para tomada de decisões. Portanto, as informações devem ser apresentadas na forma de
indicadores, reconhecidos como a mais importante ferramenta no processo do
planejamento ambiental. Nesse contexto, é fundamental obter informações de boa
qualidade, bem formuladas e representativas dessa realidade.
48
A maior parte da literatura trata os indicadores de maneira ampla, visando obter
paralelos entre as condições ambientais de diferentes países, quase sempre voltados à
interpretação da sustentabilidade social, econômica, política ou do meio natural. Nem
sempre essa literatura ajuda o planejamento ambiental voltado a pequenas áreas, como
um município ou um conjunto deles.
3.11 O uso do geoprocessamento no planejamento urbano ambiental
O planejamento urbano ambiental, na escala de um município, envolve as atividades de
gestão do espaço geográfico. Dessa forma, a utilização das chamadas “geotecnologias”,
que incorporam os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e os produtos de
sensoriamento remoto (imagens de satélite, fotografias aéreas), tornam-se um elemento
decisivo na eficácia da aplicação das políticas públicas ambientais municipais.
De acordo com Santos (2004) as fotografias aéreas, tanto quanto as imagens de satélite,
são excelentes instrumentos para mapeamento. Hoje, a decisão entre a imagem de
satélite ou foto aérea depende da escala que se quer trabalhar, do detalhamento que se
quer obter e dos elementos a destacar. O uso associado da aerofotogrametria, aliado às
verificações de campo, permite eficientes mapas com representações espaciais, bi ou
tridimensionais dos temas. Além disso, os produtos finais podem ser representados não
só na forma de mapas, mas de gráficos e tabelas de informações quantitativas,
qualitativas e estatísticas.
O termo geoprocessamento, segundo Moura (2002), significa um processo que traga um
progresso, um andar avante, na grafia ou representação da Terra. São inúmeras as
possibilidades de uso das geotecnologias no auxílio à administração municipal. Dentre
elas, pode-se destacar o controle fiscal das propriedades rurais, a partir da avaliação e
mensuração da produção agropecuária; a atualização e manutenção do cadastro urbano,
referente ao gerenciamento da política de crescimento das cidades (entre outros
aspectos); a definição de áreas prioritárias para delimitação de unidades de conservação
ou para investimentos em recuperação de ambientes degradados; enfim, aplicações que
envolvam o manuseio de informações espaciais. No entanto, é preciso atentar para as
especificidades da tecnologia utilizada, considerando seu potencial e também suas
restrições.
49
De acordo com Rosa (2003), os sistemas de sensoriamento remoto, hoje disponíveis,
permitem a aquisição de dados de forma global, confiável, rápida e repetitiva, sendo
estes dados de grande importância para o levantamento, mapeamento e utilização das
informações de uso e ocupação do solo de uma dada região. Permitindo assim, o
tratamento dos dados, desde a sua entrada, passando pela edição, armazenamento e,
finalmente, as análises dos índices ambientais estudados.
O SIG, do inglês GIS – Geographic Information Systems – é um instrumento que
permite reproduzir não só as informações armazenadas no banco de dados, mas também
gerar análises e manipulação dos dados.
Segundo HARA (1997), um SIG emprega um banco de dados para armazenamento e
recuperação de informações, o qual pode também ser aproveitado para gerar outras
formas de análise de dados e facilitar a tomada de decisões. E ainda, de acordo com o
mesmo autor, um SIG é composto por cinco sub-sistemas:
• Interface: define com o sistema é operado;
• Entrada de dados: converte dados capturados em formato digital;
• Visualização e plotagem: apresentam resultados em uma variedade de formas
com mapas, imagens e tabelas;
• Transformação, consulta e análise espacial: provê métodos para o processamento
de imagens e técnicas para consulta e análise espacial; e
• Gerência de dados espaciais: organiza, armazena e recupera dados.
Moura (2002) complementa dizendo que um SIG completo deve ser capaz de trabalhar
com relações topológicas, ou seja, com estruturas geométricas que manipulam relações
como vizinhança, conexão e pertinência. Isso requer que o sistema seja capaz de
gerenciar um banco de dados, obter informações de forma eficiente sobre a localização,
existência e propriedades de um grande número de objetos, adaptação fácil às
exigências do usuário e possibilidade de adquirir conhecimento sobre os objetos
tratados durante o uso do sistema. (MARINI, 1988)
50
Os mapeamentos são representações, em superfície plana, das porções heterogêneas de
um terreno, identificadas e delimitadas. Um mapa permite observar as localizações, as
extensões, os padrões de distribuição e as relações entre os componentes distribuídos no
espaço, além de representar generalizações e extrapolações. Principalmente, deve
favorecer a síntese, a objetividade, a clareza da informação e a sistematização dos
elementos a serem representados. Garantidas essas qualidades, os mapas podem ser um
bom instrumento de comunicação entre planejadores e atores sociais do planejamento.
(SANTOS, 2004)
Embora a análise puramente quantitativa tenha suas limitações, esta pode ser bastante
conveniente quando conjugada aos seus aspectos qualitativos e sua distribuição
espacial.
As técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto têm sido muito utilizadas nos
centros urbanos. Os estudos sobre arborização urbana são, na maioria , voltados ao
cadastro e manejo da arborização de rua e contemplam os interesses específicos
empresas de distribuição eletricidade e serviços municipais de abastecimento de água e
esgoto, sobretudo em relação aos conflitos entre arborização urbana e os sitemas de
redes aéreas.
51
CAPÍTULO 4
O PLANEJAMENTO URBANO AMBIENTAL EM UBERLÂNDIA
Incumbe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, através de lei
complementar, fixar critérios de cooperação administrativa sobre proteção ao meio
ambiente e combate à poluição em qualquer de suas formas (art. 23, inc. VI, da
Constituição Federal).
Ressalta-se ainda que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações (art. 225 da Constituição Federal).
Assim, o Poder Público Municipal deverá fixar critérios para a gestão ambiental urbana,
fazendo com que as cidades se tornem mais humanas (art. 182 da CF). Humanizar a
cidade é dever do Estado e da coletividade. Aquele deverá fixar normas rígidas
projetivas ao meio ambiente, fiscalizando as indústrias poluidoras e amenizando os
impactos negativos à saúde, à segurança, à higiene, ao saneamento básico, etc. O poder
público deve procurar alternativas tendentes a minimizar os impactos negativos ao meio
ambiente.
A história do planejamento e gestão ambiental de Uberlândia, relativo ao conjunto de
ações realizadas em prol do meio ambiente local, oferece subsídios para compreender o
contexto atual da estrutura técnica, administrativa e legal existente, bem como suas
ações práticas. A esse conjunto de ações (criação de instrumentos normativos, órgãos
executivos, projetos e programas) pode ser denominado como Políticas Ambientais.
Uberlândia estabeleceu uma política ambiental de fato, somente a partir do início da
década de 1980. Já não era mais possível compatibilizar o crescimento da cidade com a
falta de uma estrutura técnica/administrativa e legal que subsidiasse as ações em prol da
conservação do meio ambiente local. (MENDONÇA; LIMA, 2000)
52
Nesta perspectiva, surge a necessidade de uma revisão sobre as políticas ambientais de
caráter duradouro e eficaz, das políticas ambientais implementadas no município de
Uberlândia, que se espelham na sua organização urbana. A preocupação aqui
apresentada é vincular a problemática ambiental e urbana por intermédio das questões
de arborização e suas funções, do crescimento urbano.
4.1 O Plano Diretor de 27 de abril de 1994
O Plano Diretor busca considerar as características de cada lugar para indicar as
soluções e os caminhos dos problemas existentes nas áreas urbanas e rurais de
determinado município. Juntamente com a lei de parcelamento do solo, são
instrumentos de controle eficiente de preservação dos poucos espaços verdes existentes
nos grandes centros urbanos. Surge como parte do planejamento urbano com o objetivo
de (re)organizar o espaço urbano em seu vários aspectos (social, econômico, ambiental,
cultural) a fim de melhorar a qualidade de vida da população, proporcionar uma maior
justiça social e a racionalização do uso do espaço.
De acordo com a Constituição Federal de 1988:
Art. 182: A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público
municipal, conforme diretrizes fixadas em Lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes.
§ 1º - O Plano Diretor aprovado pela Câmara Municipal, obrigatória para cidades com
mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e
expansão urbana.
§ 2º -A propriedade Urbana cumpre sua função social quando atende as exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor.
53
Conforme descrito no Plano Diretor de Uberlândia de 1994:
Art. 1° - O Plano Diretor é um instrumento básico do processo de planejamento
municipal que determina diretrizes e ações para a implantação de políticas de
desenvolvimento urbano, rural e de integração do Município de Uberlândia.
Art. 2° - O Plano Diretor tem como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções urbanas do Município, na busca de melhor qualidade de vida para a
população.
Aspectos relacionados à qualidade ambiental urbana, cobertura vegetal tratada
de forma direta e indireta no contexto urbano é descrita no Plano Diretor, Seção II que
trata de assuntos relacionados ao Meio Ambiente. Vejamos:
Art. 37º – A política para o meio ambiente no município, de acordo com a Constituição
Federal, Constituição Estadual e Lei Orgânica, terá por diretrizes:
I – melhoria da qualidade de vida, com garantias de um meio ambiente sadio e
com pleno exercício da cidadania compatível com o uso equilibrado dos recursos
naturais.
II – a integração da política de parcelamento, uso ocupação do solo com a
política de prevenção e recuperação do meio ambiente, nas áreas urbanas e rural;
III – monitoramento sistemático dos recursos ambientais;
IV - a ênfase na educação ambiental dentro e fora das escolas;
V – dotação dos órgãos públicos do município de uma estrutura técnica que
proporcione suporte ao tratamento e recuperação dos aspectos ambientais;
VI – A elevação de percentual da área verde por habitante na zona urbana;
Art. 38º- Para concretizar as diretrizes previstas no artigo anterior, compete ao
município:
[...]
V – criar unidades de conservação representativas dos seus ecossistemas;
VII – elaborar e implantar um plano integrado de aproveitamento dos potenciais
de pesquisa e lazer em áreas verdes e fundo de vale;
54
[...]
IX – Desenvolver programas de arborização das ruas e avenidas, como o plantio,
preferencialmente, de árvores frutíferas, baseados em projetos específicos, compatíveis
com as características de cada via;
XI – criar programa de monitoramento ambiental nas áreas urbanas e rural, sob a
coordenação dos órgãos competentes.
4.1.2 Revisão do Plano Diretor – 19 de outubro de 2006
O Plano Diretor da cidade de Uberlândia revisado no ano 2006 trouxe propostas e
revisões muito interessantes no que diz respeito às questões ambientais urbanas. Quanto
aos aspectos diretamente relacionados à arborização urbana, podemos destacar a criação
de um Plano de Arborização e a criação de um sistema de Parques Urbanos. De fato
muitas propostas vêm sendo idealizadas há anos, porém dificilmente colocadas em
prática.
Lê-se em seu capítulo III – do meio ambiente os seguintes artigos:
Art.10º – Todas ações contempladas nessa nesta Lei tem como pressuposto a
sustentabilidade ambiental , de acordo com o artigo 225 da Constituição Federal de
1988 e com as políticas estaduais e federais de proteção ao meio ambiente , e objetivam
assegurar a preservação dos recursos naturais básicos do município de Uberlândia,
necessários à qualidade de vida das populações atuais e futuras.
Art.14 º – São diretrizes ambientais municipais:
I – proteger e preservar a biodiversidade, os recursos e elementos naturais;
II – recuperar os fundos de vales, nascentes e córregos das áreas urbana e rural,
implantar ou adequar sistemas de dissipação nos lançamentos das águas pluviais, para
possibilitar a recuperação das áreas de preservação e criação de parques lineares e
unidades de conservação;
III – garantir a proteção dos recursos hídricos e vegetais, a redução dos problemas de
drenagem e a criação de áreas para lazer na concepção de parques, áreas de preservação
e unidades de conservação;
55
IV – viabilizar a criação do parque de uso múltiplo, na cratera da Pedreira de São
Salvador e cachoeira dos Dias, tornando-o uma extensão do Parque Linear do rio
Uberabinha;
V – promover a requalificação do Parque do Sabiá;
VI - criar sistema de parques urbanos;
VII – criar Programa de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos;
VIII - conter o crescimento da área urbana no setor nordeste, em direção ao rio
Araguari;
IX – requalificar as praças existentes e implantar outras em áreas já designadas para
esse fim;
X – criar mecanismos facilitadores para adoção por pessoas físicas ou jurídicas de
praças e áreas verdes municipais;
XI – elaborar projetos de lazer e turismo, visando a interligação de parques, praças e
áreas de potencialidades ambientais, com ciclovia e paisagismo;
XII – fortalecer programas de educação ambiental, nas áreas rural e urbana, com vistas a
participação popular no monitoramento e fiscalização;
XIII – promover estudos visando a implantação do Centro de Excelência ambiental,
com vistas a contemplação do processo de descentralização dos órgãos ambientais do
estado de Minas Gerais;
XIV - elaborar o Plano de Arborização Urbana;
XV – elaborar o Plano Diretor de Drenagem, com cadastro técnico do sistema,
compatibilizando com as obras existentes, para possibilitar investimentos de forma
racional;
XVI – implementar o Plano Diretor de Gestão Estratégica de Água e Esgoto.
Art. 15 º – São ações para o desenvolvimento ambiental no município:
I – elaborar levantamento georeferenciado de todas as áreas de preservação do
município;
II – elaborar projeto de requalificação do complexo do Parque do Sabiá a fim de
priorizar o meio ambiente natural e contemplar, de forma equilibrada usos diversos,
como lazer, esporte, cultura, educação e turismo;
III – promover estudos para integrar as áreas dos Parques Luizote e Mansur, com
ampliação para toda área do conjunto dos braços do córrego do Óleo, formando um
grande parque linear;
56
IV – promover estudos para ampliação do Parque Siquierolli, do modo que todas as
áreas de preservação permanente dos córregos Liso, Lobo, Buritizinho, Carvão, Parque
do Distrito Industrial e a área da chácara metálica sejam abrangidas;
V- promover estudos para ampliação do Parque Santa Luzia, para englobar as áreas de
preservação permanente do córrego Lagoinha e Mogi, bem como as áreas de recreação e
institucionais adjacentes;
VI – elaborar projetos de parques lineares e unidades de conservação;
VII – elaborar projetos de compostagem, entulhos da construção civil,resíduos de
serviços de saúde e industriais, coleta seletiva e educação ambiental;
VIII – promover o envolvimento da população na gestão do sistema e em programas de
inclusão social;
IX – garantir a coleta de resíduos sólidos, o tratamento, o controle e a destinação final
adequados aos padrões sanitários vigentes;
X- segregar os resíduos sólidos coletados e viabilização de sua reciclagem com a
disposição final adequada
XI – integrar os Sistemas de Abastecimento Bom Jardim e Sucupira;
XII – estabelecer convênios e ajustes de cooperação como município de Uberaba,
visando ações comuns para proteção dentro do seu território, das nascentes e margens
do Rio Uberabinha.
XIII - elaborar programa de recebimento e monitoramento de efluentes não domésticos.
4.2 Horto Municipal:
O Horto Municipal da cidade de Uberlândia existe desde 1985. Atualmente está inserido
com uma seção da Secretaria de Planejamento Urbano e Ambiental (SEPLAMA).
Dentre os projetos que desenvolve podem ser citados a produção, beneficiamento,
manutenção e distribuição de milhares de mudas pela cidade. Entre plantas ornamentais,
passando por árvores de pequeno e médio porte e também árvores de grande porte, o
horto florestal possui atualmente cerca de oitenta mil mudas de árvores.
As árvores ornamentais são destinadas basicamente ao uso público, ou seja, são
utilizadas para o embelezamento de praças, canteiros centrais, jardins públicos,
rotatórias. As de pequeno e médio porte são oferecidas gratuitamente para a população
que queira plantar em calçadas, em frente a sua propriedade, uma espécie indicada pelo
57
funcionário do horto. As mudas de árvores de grande porte são cultivadas para a
recuperação de áreas degradas e nascentes de rios.
Outro trabalho executado pelo Horto é o corte e a poda de árvores urbanas que
apresentam risco de desabamento, estejam prejudicando a fiação aérea ou quando as
raízes profundas, em alguns casos, atingem tubulações subterrâneas; causando acidentes
e se transformando-se em risco para as pessoas. Quando as raízes são superficiais
causam danos às fundações diretas como sapatas, por exemplo, além de pavimentações,
muros, meio fio.
Este trabalho é mais um complexo problema da arborização na cidade e muitas vezes
criticado pela população e ambientalistas.
Tanto os hortos quanto os viveiros comerciais vêm produzindo mudas que tenham
demanda de mercado. Pois é menos arriscado colocar a venda espécies conhecidas
da população, resistentes ao transplante e que dispensam cuidados especiais de
manutenção. A vegetação do estrato arbóreo é a que mais tem sofrido com esse
problema. A venda de mudas desconhecidas é dificultada pelo fato do comprador
não conhecer sua forma adulta e , assim, evita usá-la. Nesse aspecto, os hortos têm
um papel importante a ser cumprido. (MASCARÒ, MASCARÒ, 2004).
Os biólogos e agrônomos, responsáveis pela Seção Horto Municipal juntamente com
sua equipe técnica estão cada vez mais criteriosos ao avaliarem e deferirem algum
pedido de corte de uma espécie.
Para retirar uma árvore de forma formal é necessário uma vistoria prévia realizada pelos
funcionários do horto, o proprietário da casa deve ir junto à Seção de Protocolo na
Prefeitura Municipal de Uberlândia, adquirir o formulário próprio (ANEXO1) que
consta um termo de compromisso em plantar outra árvore no prazo de dez dias, com
objetivo assim de recompor ou substituir aquela espécie.
O Horto desenvolve também atividades de Educação Ambiental em parques e outros
espaços livres, e possui um serviço chamado Disk Árvore que proporciona a população
o plantio de mudas na calçada de sua residência.
A seleção restrita de espécies exóticas, ornamentais na composição da paisagem urbana
implicam na homogeneização do paisagismo público. O uso de espécies nativas
características da região deveria constituir prioridade nos projetos de paisagismo da
58
cidade, de modo que os parques e jardins, praças, em vias públicas contribuiriam para a
apreciação da flora nacional através de um balanço entre estes espaços e outras áreas
caracterizadas por uma composição vegetal mais adequada. O Quadro 6, elenca
espécies consideradas adequadas para o plantio em praças e vias públicas. O Quadro 7
sugere espécies arbóreas nativas para o plantio em calçadas ou canteiro centrais em
presença de fiação elétrica.
O Quadro 8 apresenta uma lista de espécies indicadas para o plantio em calçadas com a
presença de fiação elétrica.
Nome Popular Nome científico Chal-chal Allophylus edulis
Goiabeira-da-serra Britoa sellowiana
Butiá Butia capitata
Cocão Erythroxylum argentinum
Cerejeira Eugenia involucrata
Pitanga Eugenia uniflora
Guamirim Gomidesia palustris
Ingá-feijão Inga marginata
Jacarandá Jacaranda mimosaefolia
Açoita-cavalo Luehea divaricata
Guabiju Myrcianthes pungens
Camboim Myrciaria cuspidata
Araçazeiro
Psidium cattleyanum
Capororoca Rapanea umbelatta
Araticum Rollinia exalbida
Jerivá Syagrus romanzoffiana
Ipê-roxo Tabebuia avellanedae
Ipê-amarelo Tabebuia chrysotricha
Tarumã-preta Vitex megapotamica
Quadro 6 - Espécies adequadas para utilização em praças e vias públicas Modificado de SMAM(1998) apud MASCARÓ, MASCARÓ (2005)
59
Nome Comum Nome Científico Açoita –cavalo
Luehea divaricata
Alecrim
Holocalix balansae
Barbatimão
Senna leptophylla
Capororoca
Rapanea umbellata
Capororoca mole
Rapanea Ferruginea
Cássia Julibrissi
Albizia julibrissim
Cedro
Cedrella fissilis
Cerejeira
Eugenia involucrata
Chal-Chal
Allophilus edulis
Cocão
Erythoroxylum argentinum
Ipê amarelo
Tabebuia pulcheririna
Ipê branco
Cybistx antisyphilitica
Jacarandá
Jacaranda mimoseafolia
Ligustro
Ligustrum japonicum
Louro
Cordia trichotoma
Maduirana
Senna macranthera
Pata de vaca
Bauhinia candicans
Pau-ferro
Caesalpinia férrea
Quaresmeira da Serra
Tibouchina selowiana
Sibipiruna
Caesalpinia peltophoroides
Tarumã preta
Vitex megapotanica
Timbó
Ateleia glazioviana
Quadro 7 – Algumas espécies sugeridas para calçadas ou canteiros centrais (sem redes aéreas) Modificado de SMAM(1998) apud MASCARÓ, MASCARÓ (2005) Nome Comum Nome científico
Araçá
Psidium cattleyanum
Camboim
Myrciaria tenella
Guaçatunga
Casearina parviflora
60
Primavera
Brunfelsia mutabilis
Quaresmeira
Tibouchina granulosa
Quadro 8- Algumas espécies indicadas para uso em calçadas com rede aérea Fonte:Modificado de SMAM(1998) apud MASCARÓ, MASCARÓ (2005)
Entre as espécies mais adequadas utilizadas para o plantio em calçadas, canteiros
centrais de vias públicas e praças da cidade de Uberlândia, o Horto Municipal conta
com as seguintes espécies de pequeno, médio e grande porte destacadas nos Quadros 9,
10 e 11:
Nome Científico Altura
(m)Época Cor
Calistemon Callistemon viminalis 3 a 5 O ano todo
Vermelha
Flamboyant mirim
Caesalpinia pulcherrima
3 a 5 out./jan. amarela/vermelha
Ipê mirim Stenolobium stan 3 a 5 ago./set. amarela Murta Murraya exotica 3 a 5 out./jan. branca
Resedá Lagerstroemia indica 4 a 6 out./mar. branca/rósea Urucum Bixa orellana 5 set./out. rosa
Quadro 9 - Espécies arbóreas de pequeno porte Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente
Nome Científico Altura (m)
Época Cor
Alfeneiro Ligustrum japonicus 6 a 8 out./dez branca Cássia imperial Cassia fistula 5 a 8 dez./mar. amarela Aroiera Salsa Schinus molle 6 a 8 dez./fev. esverdeada Coreutéria Koelreuteria paniculata 6 a 8 dez./abr. amarela Magnólia amarela Michelia champaca 6 a 10 mar./fev amarela Quaresmeira Tibouchina granulosa 5 a 7 dez./jul. rosa/roxa
Quadro 10- Espécies arbóreas de porte médio Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente
Nome Científico Altura (m) Época Cor
Ipê roxo Tabebuia impetiginosa
6 a 8 set. / out.
rosa / lilás
Jacarandá mimoso
Jacaranda mimosaefolia
6 a 12 set. / dez.
roxa
Mirindiba Lafoensia glyptocarpa
6 a 10 nov. / fev.
branca / rósea
Oiti Moquilea tomentosa 6 a 10 jul. / dez.
branca
Pau ferro Caesalpinia ferrea 12 ago. / dez.
amarela
Quadro 11- Espécies arbóreas de grande porte Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente
61
O Horto Municipal conta com uma equipe de técnicos e profissionais que se dedicam
desde o beneficiamento de sementes e mudas, até o atendimento da demanda
populacional e do poder público, doando espécies arbóreas e arbustivas na área urbana e
rural do município de Uberlândia. As Figuras 8 ,9, 10 e 11 mostram algumas etapa
desse processo.
Figura 8 – Beneficiamento das mudas – 1ª etapa do cultivo Autor: MELAZO (2007)
Figura 9– Cultivo de mudas de espécies ornamentais utilizadas em espaços públicos Autor: MELAZO (2007)
Figura 10 – Área destinada ao cultivo de espécies de pequeno e médio porte para a arborização de calçadas Autor: MELAZO (2007)
Figura 11 – Cultivo de espécies de grande porte utilizadas para recuperação de áreas degradadas e recomposição de nascentes de rios. Autor: MELAZO (2007).
As Figuras 12,13,14,15 e 16 mostram algumas espécies arbóreas comuns na área
urbana de Uberlândia como, por exemplo, Hibisco, Oiti, Sibipiruna e Quaresmeira.
62
Figura 12 – Hibisco espécie de pequeno porte muito utilizada em calçadas. Autor: MELAZO, G. (2007)
Figura 13 – Sibipiruna espécie de grande porte deve ser plantada em locais adequados para amenizar os conflitos com equipamentos urbanos. Autor: MELAZO, G. (2007)
Figura 14 – Oiti : Espécie de grande porte, devido sua copa globosa e densa proporciona um ótimo sombreamento. Acarreta problemas nas calçadas e dutos subterrâneos. Autor: MELAZO, G. (2007)
Foto 15 – Quaresmeira : espécie de médio porte adequada para calçadas. Apresenta um bom sombreamento. Autor: MELAZO, G. (2007)
Figura 16 – Cássia Imperial – espécie de porte médio adequada para ser plantada em calçadas. Autor: MELAZO, G. (2007)
63
4.3 Breve histórico dos bairros pesquisados
Os bairros analisados possuem características demográficas, sócio-econômicas, área,
infra-estrutura bem distinta, fatores diretamente relacionados à situação da arborização
em si.
Um outro ponto fundamental para analisar e quantificar o fator cobertura vegetal é o
período de existência dos bairros, pois esse tempo irá refletir na idade das árvores e
consequentemente em seu porte, sua condição de saúde, na manutenção.
De acordo com o mapa de Zoneamento Urbano e Uso Ocupação do Solo elaborado pela
Diretoria de Planejamento Integrado/ Núcleo de Cartografia, o bairro Santa Mônica está
inserido na Zona Residencial II e Zona de Serviços, enquanto o bairro Morumbi está
inserido na Zona Residencial II. O bairro Jardim Karaíba faz parte dos bairros que se
integram a Zona Residencial I. e o bairro Centro pertence a Zona Estrutural e Zona
Central.
Setor Bairro Área (Km2)
População por Bairro
Número de domicílios
Leste Santa Mônica 5.737 32.491 9.592 Leste Morumbi 3.853 16.161 4.372 Sul Jardim Karaíba 2.078 2.127 572
Central Centro 1.385 8.222 3.103 Quadro 12 – Dados relacionados aos bairros pesquisados
Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (2005) Divisão de Planejamento Integrado (2005) Coordenação do Núcleo de Pesquisa Estatística e Banco de Dados – NUPEBD (2005)
64
Setor Loteamento Bairro Integrado Data de Integração
Leste
Santa Mônica – setor A Santa Mônica – setor B Santa Mônica – setor C Conjunto Universitário Jardim Parque Sabiá Jardim Finotti Progresso Fábio Felice Santos Dumont – prolongamento Vila Santos Dumont
Santa Mõnica
21/12/1993
Leste
Santa Mônica II – setor A Santa Mônica II – setor B Santa Mônica II – setor C
Morumbi
30 /08/1995
Sul
Altamira (parte) Jardim Inconfidência (parte) Jardim Indaiá Jardim das Acácias Vila do Sol Jardim Karaíba Ipanema Sul
Jardim Karaíba
20/03/1995
Central
Vila Oswaldo (parte) Outros não identificados
Centro
26/04/1995
Quadro 13 – Planilha dos Bairros Integrados Fonte: Adaptado - Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano / Divisão de Planejamento Social / Divisão de Planejamento Urbano e Rural (2006)
A partir da década de 1990, os loteamentos da cidade de Uberlândia passaram por um
processo de integração, culminando na criação dos Bairros Integrados, no qual os
loteamentos vizinhos, com nomes distintos passaram a ter a mesma denominação, como
mostra o quadro acima:
65
4.3.1 Santa Mônica
Constituído a princípio, por quatro loteamentos (Santa Mônica, Setor A, B, C e D)
aprovados no período de 1963 a 1979 (Quadro14), o bairro Santa Mônica está
localizado no setor leste do municio de Uberlândia.
Bairro Loteamento / Data de Aprovação
Santa Mônica
Santa Mônica – setor A (15/12/1963) Santa Mônica – setor B (04/11/1966) Santa Mônica – setor C (30/03/1979) Santa Mônica – setor D (30/12/1966)
Quadro 14 – Data de aprovação dos loteamentos do bairro Santa Mônica
Fonte: Diretoria de Planejamento Aplicado (SEPLAMA)
Com características socioeconômicas variando de um padrão médio a alto, o bairro
atualmente possui uma grande importância no cenário urbano da cidade. Abrigando uma
variedade enorme de equipamentos urbanos como a Universidade Federal de
Uberlândia, a Prefeitura Municipal, o Parque do Sabiá (Unidade de Conservação) que
engloba também o Estádio Municipal João Havelange e a Arena Multi-uso Sabiazinho,
o Center Shopping, além de hipermercados, grande quantidade e variedade de comércio
e serviços como lojas comerciais, bares, restaurantes, empresas de diversos setores de
atuação. O bairro Santa Mônica tornou-se há alguns, anos um sub-centro nesse processo
de descentralização de atividade políticas, econômicas e culturais.
A foto aérea (Figura 17) ilustra o uma porção do bairro Santa Mônica, especificamente
o Centro Administrativo da cidade de Uberlândia. Pode-se observar uma pequena
quantidade de copas de árvores na região.
66
Figura 17 – Prefeitura Municipal de Uberlândia localizada no bairro Santa Mônica
Fonte: SEPLAMA (março /2004) As características das residências são bem diversificadas, pois, em conseqüência do
crescimento do bairro, atualmente existem áreas mais “nobres” e outras mais populares,
com uma predominância de residências de médio padrão construtivo, tanto em relação a
área em metros quadrados quanto ao acabamento final das residências.
A infra-estrutura do bairro é dotada de equipamentos de saneamento básico, , transporte
público, áreas de lazer, segurança pública que proporcionaram durante todos os anos de
sua existência uma intensa ocupação de sua área e consequentemente de suas áreas
adjacentes, permitindo uma valorização progressiva dessa região.
Em relação aos dados ambientais relacionados à cobertura vegetal, não existem dados
sistematizados ou levantamento de espécies nem mesmo de quantificação ou
espacialização desses elementos.
4.3.2 Morumbi:
O bairro Morumbi, localizado no setor leste da cidade de Uberlândia, teve seu
loteamento aprovado em 1991, como mostra o Quadro 15. Foi criado a partir da
construção de casas do tipo embrião, com características socioeconômicas baixas.
67
Bairro Loteamento / Data de Aprovação
Morumbi
Santa Mônica II A (03/06/1991) Santa Mônica II B (03/06/1991) Santa Mônica II C (11/09/1991)
Quadro 15 – Data de aprovação dos loteamentos do bairro Morumbi
Fonte: Diretoria de Planejamento Aplicado (SEPLAMA)
Como um bairro não planejado, não houve preocupação por parte das autoridades
responsáveis em cumprir a lei orgânica do município e desta forma, o uso da terra
ocorreu de maneira imprópria e irregular, causando desequilíbrio ambiental e um
desconforto aos moradores deste bairro. Além de problemas relacionado à infra-
estrutura, ao saneamento básico como foi mencionado, muitas ruas ainda não são
pavimentadas, há uma dificuldade enorme no deslocamento da população para outras
regiões da cidade devido ao déficit no transporte público.
Figura 18 – Bairro Morumbi apresenta quarteirões sem pavimentação
Fonte: SEPLAMA (março /2004)
A figura 18 ilustra uma área do bairro Morumbi pouco arborizada, sem pavimentação o
que reafirma as péssimas condições de infra-estrutura e qualidade ambiental.
Em um levantamento da arborização do Bairro Morumbi feito por Bessa et al.(2000)
foram identificadas 58 espécies em um total de 2.014 árvores, sendo as mais ocorrentes,
Oiti (Licana tomentosa), Ficus (Ficus benjamina), Magnólia (Michelia champaca),
68
Quaresmeira (Tibouchina granulosa), Aroeira salsa (Shinos molle) e Sibipiruna
(Caesalpinia peutophoroides).
4.3.3 Jardim Karaíba
Localizado no Setor Sul de Uberlândia, caracteriza-se como um bairro residencial de
alto padrão sócio-econômico.
Bairro Loteamento / Data de Aprovação
Jardim Karaíba
Jardim Karaíba (1/08/1980)
Quadro 16 – Data de aprovação do loteamento do bairro Jardim Karaíba
Fonte: Diretoria de Planejamento Aplicado (SEPLAMA)
A presença de condomínios horizontais ou condomínios residenciais unifamiliares é
uma outra característica desse bairro que tem nesse tipo de empreendimento uma
alternativa de estabilidade em um local de conforto segurança e com maior qualidade de
vida no que diz respeito a aspectos com áreas verdes, arborizadas, áreas de lazer, como
pode-se observar na Figura 19.
Figura 19 – Setor do Bairro Jardim Karaíba com alto padrão de construção, grandes jardins e ruas
bem arborizadas. Fonte: SEPLAMA (março /2004)
69
Figura 20 - Condomínio horizontal no Bairro Jardim Karaíba Fonte: SEPLAMA (março /2004)
O bairro está inserido em uma área denominada de setor educacional devido à
quantidade de campi universitário como: UNITRI – Universidade do Triângulo, a
Politécnica, a UNIESSA e a UNIMINAS. Outras edificações de grande importância
também se destacam na paisagem como a Estação de Tratamento de Água DMAE
(Departamento Municipal de Água e Esgoto e a ICASU (Instituição Cristã de
Assistência Social de Uberlândia).
Esse setor ainda é carente no que diz respeito ao comércio e setor de serviço, sendo que
a maioria da população do bairro necessita buscar produtos na área central da cidade.
Toda essa área possui infra-estrutura de transporte público, energia elétrica e telefonia.
Muitas residências localizadas nesse bairro são caracterizadas por grandes áreas verdes
particulares, como jardins frontais e quintais com arbustos e árvores ornamentais, o que
valoriza economicamente o terreno e a área do bairro propriamente dita.
4.3.4 Centro
Localizado no setor central, o bairro possuicaracterísticas muito peculiares. Com sua
infra-estrutura totalmente instalada, ou seja, rede de esgoto-sanitário, de abastecimento
70
de água, de iluminação, energia, calçamentos, construções existentes há muitos anos o
centro da cidade é um caso típico onde o planejamento urbano, seja ele voltado para a
circulação, saneamento básico, áreas verdes, arborização, trânsito e transporte, tem
efeitos corretivos não mais preventivos. É bairro predominantemente caracterizado pelo
setor de serviços e comércio, instituições financeiras e outras atividades.
Nos espaços públicos das ruas da área central de Uberlândia, durante o dia, ocorre uma
alta aglomeração de pessoas circulando e atividades diversas, principalmente em função
da elevada concentração de instituições financeiras, apesar de que estas vêm, aos
poucos, estabelecendo mecanismos de auto-atendimento em outras áreas da cidade [...].
Há, no entanto, com a modificação paulatina das atividades comerciais para atender a
população de baixa renda, uma maior intensidade no fluxo de pessoas que procuram
nesse setor, serviços diversos.
Porém, no fim do horário comercial, a partir das 17h30min, ocorre um esvaziamento
generalizado no bairro que fica subutilizado até o início da manha do dia seguinte. No
que diz respeito à arborização urbana do centro, pode-se dizer que ela ocorre
predominantemente nas praças públicas, praticamente os únicos locais onde se torna
possível o desenvolvimento e manejo adequado da vegetação. Em proporção bem
menor, é possível notar a sua presença em calçadas ou em fundo de quintais, além de
jardins de edifícios ou casas. Na figura 21 percebe-se uma insuficiência enorme de
vegetação arbórea, herbácea e ao mesmo tempo um alto grau de edificações e
pavimentos impermeáveis. Na figura 22 nota-se o verde urbano em “ilhas de
vegetação”, que se apresentam em meio de edifícios, ruas e casas. Essas “ilhas” podem
ser exemplificadas aqui, pela Praça Tubal Vilela.
71
Figura 21 – Área central intensamente edificada , com baixo índice de cobertura vegetal
Fonte: SEPLAMA (março /2004)
Figura 22 - Arborização no centro da cidade - Praça Tubal Vilela
Fonte: SEPLAMA (março /2004)
72
CAPÍTULO 5
OBTENÇÃO DOS DADOS E
ANÁLISE DOS RESULTADOS
O procedimento para a detecção da cobertura vegetal considerou a vegetação arbórea e
arbustiva (copas das árvores) presente em áreas públicas particulares, em avenidas,
canteiros centrais, calçadas, utilizando ferramentas de edição topológica do programa
Spring 4.3.
O programa apresenta ferramentas capazes de classificar objetos de interesse do
pesquisador por classificadores supervisionados (as informações são fornecidas pelo
usuário por meio de amostras de treinamento que representam a variação espectral de
cada classe, ou seja, a partir da delimitação do conjunto de pixels que apresentam
determinada semelhança em relação a certo atributo) e não-supervisionados (os
algoritmos são utilizados para identificar e classificar os objetos ou regiões distintas da
imagem).
Porém, devido à complexidade de identificação das texturas, das similaridades dos
pixels vizinhos e às formas diversas do ambiente urbano, a interpretação visual e
posterior poligonização manual do atributo cobertura vegetal foi o método operacional
adotado, entendido aqui como um procedimento mais adequado ao objetivo da pesquisa
e que chegou a um resultado final mais próximo da realidade.
A vegetação arbóreo-arbustiva é de fundamental importância para o ambiente urbano,
visualizadas nos mapas temáticos elaborados, servirá como um importante instrumento
no planejamento urbano quanto à quantidade de cobertura vegetal (suficiente ou
insuficiente); a distribuição (conectada, desconexa) no sentido preventivo e corretivo, e
de pressão direcionada ao poder público para as reais necessidades de implantar planos
específicos de arborização.
73
5.1 Resultados
5.1.1 Mapa do Bairro Morumbi
A cobertura vegetal existente no bairro Morumbi (Figura 23) apresenta-se insuficiente e
muito fragmentada com um baixo grau de conectividade e alto grau de fragmentos entre
as manchas de vegetação. A vegetação visualizada em sua grande parte está localizada
no interior das quarteirões, em quintais das áreas particulares e nas poucas praças
existentes no bairro, e em menor escala nos calçamentos. Essa realidade é traduzida em
uma configuração espacial desconexa, mal distribuída e insuficiente em termos de
quantidade e qualidade ambiental para os seus habitantes.
Para a estimativa dos índices quantitativos propostos na pesquisa para o bairro Morumbi
tem-se:
)(sup)(sup) 2
2
máreadatotalerfíciemárvoresdascopadatotalerfícieICVa =
Calculando a porcentagem tem-se: 0,00317%
ICV = 0,0031 % de Cobertura Vegetal (árvores/arbustos) no bairro Morumbi
populaçãodatotalquantidademárvoresdascopadatotalerfícieICVHb )(sup)
2
=
ICVH : 7,5 m2 de cobertura vegetal por habitante no bairro Morumbi.
0000317,0000.000.853.3
082.1222
2
==m
mICV
tehabipormmICVH tan5,7161.16
082.122 22
==
74
Figura 23 – Mapa da Cobertura Vegetal (arbóreo-arbustiva) do bairro Morumbi
Autor: MELAZO (2007)
75
O valor obtido através do Índice Cobertura Vegetal do bairro Morumbi de %0031,0 ,
expressa um alto grau de insuficiência em relação à quantidade e distribuição das
árvores o que interfere diretamente na qualidade ambiental do bairro, principalmente no
que diz respeito ao conforto térmico, e aos aspectos estéticos paisagísticos.
O Índice de Cobertura Vegetal por Habitante está diretamente relacionado com o
tamanho populacional do bairro. O valor encontrado de 7,5 m2 por habitante demonstra
um valor baixo, apesar de não existir parâmetros de comparação os índices de árvores e
arbustos somente.
Em um segundo momento, esses valores encontrados podem estar relacionados ao fato
do bairro ser relativamente novo (loteamento aprovado em 1991), e por apresentar
aspectos sócio-econômicos e culturais baixos.
Outro aspecto que reflete a essa insuficiência de árvores, arbustos é a própria condição
do bairro, uma infra-estrutura muito precária, ruas sem pavimentação, sem saneamento
básico, o que reflete em uma qualidade de vida e ambiental ruim.
5.1.2 Mapa do Bairro Santa Mônica
De acordo com o mapa representado na Figura 24, nota-se que a cobertura vegetal
(árvores e arbustos) do Santa Mônica está distribuída de forma bem heterogênea em
grande parte do bairro, presente em grande parte da forma isolada e bem fragmentada
entre terrenos e edificações, parte nos quintais de áreas particulares, praças e em
canteiros centrais, principalmente, os da Av. Segismundo Pereira e Anselmo Alves do
Santos.
É possível identificar, em algumas áreas do mapa como, por exemplo, no setor onde
está localizado o Campus Santa Mônica, aspectos lineares, representado por árvores
cultivadas no acompanhamento e alinhamento das calçadas.
76
Para a estimativa dos índices quantitativos propostos na pesquisa para o bairro Santa
Mônica calculou-se:
)(sup)(sup) 2
2
máreadatotalerfíciemárvoresdascopadatotalerfícieICVa =
Calculando a porcentagem temos: 0,00830%
ICV= 0,0083 % de Cobertura Vegetal (árvores/arbustos) no bairro Santa Mônica
populaçãodatotalquantidademárvoresdascopadatotalerfícieICVHb )(sup)
2
=
ICVH : 14,6 m2 de cobertura vegetal por habitante no bairro Santa Mônica
0000830,0000.000.737.5
602.4762
2
==m
mICV
tehabipormmICVH tan6,14491.32
602.476 22
==
77
Figura 24 – Mapa de Cobertura Vegetal (arbóreo-arbustiva) do bairro Santa Mônica
Autor: MELAZO, G (2007)
78
O ICV calculado de 0,0083% no bairro Santa Mônica demonstra um baixo índice de
cobertura vegetal em relação à área do bairro, que é relativamente grande. O índice
reflete de qualquer maneira, em uma enorme insuficiência em relação à quantidade de
árvores presente no bairro que espacialmente se encontra fragmentada e desconexa.
Por ser um bairro antigo (loteamentos aprovados no período de 1963 a 1979), esse fato
permitiu um maior desenvolvimento da cobertura vegetal tanto em relação à quantidade
quanto ao porte das árvores (ainda insuficiente), além de uma maior implementação e
manutenção de sua de infra-estrutura e equipamentos urbanos. Em contrapartida,
segundo o Horto Municipal, o Santa Mônica é o bairro que mais tem solicitado pedidos
de corte e poda de árvores. Aspecto este relacionado saúde e tempo de vida de algumas
árvores que estão ocas, podres, com alto risco de desabar.
O resultado do ICVH de 14,6 m2 por habitante revela que a proporção entre a cobertura
vegetal e o número populacional do bairro, mesmo com uma porcentagem baixa de
cobertura vegetal em relação à área é proporcionalmente regular, se considerar que para
o resultado final desse cálculo não foi mensurado a vegetação herbácea, somente a
arbórea e arbustiva.
5.1.3 Mapa do bairro Jardim Karaíba
O mapa de cobertura vegetal do bairro Jardim Karaíba como mostra a Figura 25,
apresenta-se de maneira geral desconexa, bem fragmentada e insuficiente em relação à
quantidade de árvores e arbustos. É possível perceber, na área central e noroeste do
mapa áreas mais densamente arborizadas.
O Jardim Karaíba é um bairro com alto padrão sócio-econômico. Seu loteamento,
aprovado em 1980, relativamente recente, preocupou-se desde o início com a
preservação de áreas verdes em seus lotes. Grande parte das casas e condomínios
possuem, em frente, jardins gramados, áreas permeáveis, o que acabou sendo um
atributo natural interessante para o mercado imobiliário, no sentido de valorização do
local associado ao verde. Para a estimativa dos índices quantitativos propostos na
pesquisa para o bairro Jardim Karaíba, tem-se:
79
)(sup)(sup) 2
2
máreadatotalerfíciemárvoresdascopadatotalerfícieICVa =
000132,0000.000.780.2
655.3682
2
==m
mICV Calculando a porcentagem temos: 0,0132%
ICV = 0,013 % de cobertura vegetal (árvores/arbustos) no bairro Jardim Karaíba
populaçãodatotalquantidademárvoresdascopadatotalerfícieICVHb )(sup)
2
=
==182.2655.368 2mICVH 168,95 m2 por habitante.
ICVH = 168,95 m2 de cobertura vegetal por habitante no bairro Jardim Karaíba
80
Figura 25 – Mapa de Cobertura Vegetal (arbóreo-arbustiva) do bairro Jardim Karaíba
Autor: MELAZO, G (2007)
81
O ICV do bairro Jardim Karaíba foi de 0,013%. O maior índice calculado entre os
bairros pesquisados, porém ainda, pouco representativo uma vez que não chegou a 1%
de cobertura vegetal total do bairro. Esse valor é proporcional a uma maior quantidade
real de árvores e arbustos no bairro, mas também está diretamente relacionado às
dimensões do bairro que é de apenas 2.780 Km2.
A distribuição espacial da cobertura vegetal apresentou-se mais concentrada em
algumas áreas, além de notar a presença de fragmentos florestais remanescente do
cerrado, que contribuiu de forma positiva para os valores finais dos índices calculados.
O alto valor obtido no ICVH, de 168,95 m2 por habitante para o bairro Jardim Karaíba,
deve-se principalmente ao diminuto tamanho populacional e à pequena extensão e
população do bairro. Porém, o fato de possuir um alto valor no ICVH não significa que
o bairro possui uma grande quantidade de cobertura vegetal, como já foi constado.
5.1.4 Mapa do bairro Centro
Em geral, é possível observar que a vegetação do Centro apresenta-se muito mal
distribuída, isolada, desconexa e muito fragmentada como mostra a Figura 26. A
cobertura vegetal pode ser melhor observada na Praça Tubal Vilela, ao sul do mapa e na
Praça Sérgio Pacheco, a noroeste do mapa.
O restante do bairro apresenta um alto índice de edificações e verticalização (casas e
prédios), ruas e avenidas totalmente impermeabilizadas, sem espaço para o plantio de
árvores ou espaços verdes o que não contribui de maneira efetiva para atender algumas
condições e funções ecológicas pela vegetação como, por exemplo, a despoluição do ar,
amenização do clima, entre outras.
Para a estimativa dos índices quantitativos propostos na pesquisa para o bairro Centro
calculou-se:
82
)(sup)(sup) 2
2
máreadatotalerfíciemárvoresdascopadatotalerfícieICVa =
0000799,0000.000.385..1
770.1102
2
==m
mICV Calculando a porcentagem tem-se 0,00799 %
ICV = 0,0079 % de cobertura vegetal (árvores/arbustos) no bairro Centro.
populaçãodatotalquantidademárvoresdascopadatotalerfícieICVHb )(sup)
2
=
47,13222.8770.110)
2
==mICVHb m2 por habitante
IVCH = 13,47 m2 por habitante de cobertura vegetal por habitante no bairro Centro
83
Figura 26 – Mapa de Cobertura Vegetal (arbóreo-arbustiva) do bairro Centro
Autor: MELAZO, G (2007)
84
Por ser o bairro mais antigo da cidade de Uberlândia, e o que mais sofreu modificações
em sua paisagem, conseqüência de um veloz desenvolvimento urbano seguido de um
alto grau de urbanização, o resultado do ICV do bairro Centro mostrou-se muito baixo
0,0079% proporcionalmente o mais baixo índice entre os quatro bairros pesquisados, o
que não era difícil de prever.
O ICVH de 13,47 m2 por habitante está relacionado principalmente à população
residente no bairro que é relativamente pequena. Ao mesmo tempo a população
flutuante, ou seja, aquela que vai ao centro todos os dias por diverso motivos é muito
maior, torna este resultado “camuflado”, não condizente com a realidade.
Atualmente, dizer em melhorar a qualidade ambiental do centro da cidade no que se
refere a arborização e cobertura vegetal tornou-se algo muito complicado, por vários
aspectos, até mesmo pela disponibilidade de espaço destinado para essa questão. Além
de outras prioridades notórias pelo poder público em relação ao bairro, como a
acessibilidade de pedestres, fluxo e transporte de automóveis, entre outros estarem em
primeiro plano.
5.2 Discussões
A vegetação urbana tem sido convencionalmente considerada por muitos
administradores e planejadores apenas para fins de valorização visual das cidades, o que
não é verdade. Entretanto, diante da degradação da qualidade de vida sofrida dentro dos
centros urbanos, a vegetação desempenha funções ecológicas importantíssimas como
contribuir para a despoluição do ar e conforto térmico, como já foi dito. É necessário
destacar que toda cobertura vegetal, dentro dos centros urbanos, é de grande relevância
quando se enfoca a análise da qualidade de vida da população.
Falar em cobertura vegetal, arborização de vias públicas exige, previamente, a
elaboração de projetos, que, necessariamente, comecem por um levantamento da
situação reinante, quando será cadastrada a vegetação existente contemplando aspectos
históricos, ecológicos e urbanístico do local determinando. Um cuidado especial deve
ser tomado para não desfigurar um quadro paisagístico já consagrado na tradição da
cidade, ou bairro em questão. Uma série de elementos da paisagem da rua deverá ser
85
levantada e outras características das construções, tendo em vista garantir uma melhoria
das condições de conforto ambiental das ruas. Tendo sido feito esse levantamento da
situação existente, pode-se passar para a escolha das espécies adequadas. (HOSTER,
1991)
Quando se compara a literatura em relação às áreas verdes e cobertura vegetal
(CAVALHEIRO & DEL PICCHIA, 1992; LOMBARDO, 1985; NUCCI, 2001, entre
outros), observa-se um grande desentendimento em relação aos índices recomendados.
Cavalheiro & Del Picchia lembram que, desde 1968, a Prefeitura Municipal de São
Paulo (PMSP) passou a adotar a proporção de 12m2/hab como índice desejado, segundo
a Organização das Nações Unidas (ONU) ou da Food and Agriculture Organization
(FAO), ou da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse dado é contestado pelos
autores que, em contatos escritos com as organizações citadas, não obtiveram
confirmação e conhecimento dessa recomendação.
Em alguns casos, parâmetros de comparação para determinados índices devem ser feitos
a partir de primeiro levantamento e diagnóstico de determinado local, levando em
consideração os vários aspectos demográficos, de área, infra-estrutura e cobertura
vegetal, área verde, entre outros, presente em um período ou ano. Para assim, a partir
desses primeiros levantamentos observarem e analisar a evolução desse quadro.
Nesse sentido, o trabalho iniciou esse levantamento quantitativo em quatro bairros,
espacializando e diagnosticando a realidade da cobertura vegetal (árvores-arbustos) no
período de 2004.
Pelo fato de não existir registros aerofotométricos do ano de 2007/2008, não há como
analisar a evolução do uso do solo ou mesmo da situação da cobertura vegetal,
interpretando visualmente por meio de fotografias aéreas, como foi feito em 2004.
Entendendo a dinâmica própria da cidade de Uberlândia, de crescimento populacional, a
expansão e desenvolvimento exponencial relacionado ao mercado imobiliário a situação
da cobertura vegetal atualmente, com certeza, está diferente em relação ao período de
2004, ano da análise das aerofotografias.
86
Além do corte de árvore, que geralmente é maior que a sua reposição, existem outros
fatores que contribuem para uma menor presença da árvore nas cidades, seja pelo
próprio crescimento e expansão dos bairros, problemas de vandalismo, como também a
presença de novas construções (bares, restaurantes, casas, comércio), que muitas vezes
utilizam as calçadas públicas e juntos eliminam alguma árvore existente, ou mesmo por
problemas de saúde das árvores que depois de determinado tempo morrem e/ou caem.
Pensando na “evolução” desse quadro, a Secretaria de Planejamento Urbano e Meio
Ambiente forneceu relatórios de corte e poda das árvores dos bairros analisados em
questão (ANEXO 2), onde foi possível analisar a quantidade árvores retirada
formalmente dos bairros pesquisados. Muitas árvores ainda são retiradas de forma ilegal
sem a liberação da fiscalização ambiental. O Quadro 17 mostra de maneira resumida os
números de requerimentos de corte e poda dos bairros pesquisados: Bairro Requerim. de
corte Requerim. de poda
Requerim. Deferidos
Requerim. Indeferidos
Sem parecer
Santa Mônica 217 15 202 27 03 Morumbi 17 0 17 0 0 Jardim Karaíba 13 1 13 1 0 Centro 64 17 61 18 2 Quadro17 : Relatório de corte e poda das árvores (Período de 1/01/2004 à 1/01/2008). Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia – Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (SEPLAMA) Sabe-se, que por falta de um planejamento adequado para a arborização, muitas plantas
entram em conflito com calçadas, sinalização e fiação. No entanto, a árvore deve
receber uma poda adequada à situação, não sendo necessária a retirada total de sua
folhagem, ou ainda, se há conflitos com as calçadas ou sinalização, a árvore deve ser
substituída por uma espécie adequada àquela particularidade, e não simplesmente
retirada sem reposição.
As áreas destinadas à moradia da classe alta como é o caso do bairro Jardim Karaíba,
são adornadas por grandes jardins onde as árvores possuem um papel de destaque,
portanto quase não há requerimento de corte e poda.
O bairro Santa Mônica teve o maior número de requerimentos de corte entre os bairros
pesquisados. As espécies identificadas, no relatório, com maior freqüência de
ocorrência foram: Sibipiruna, Oiti, Sete Copas, todas estas espécies de grande porte que
87
frequentemente causam danos, principalmente, em calçadas e redes elétricas aéreas.
Outra análise que se faz é a condição de muitas árvores que apresentavam problemas de
saúde, principalmente em seu tronco, necessitando realmente de corte.
O centro da cidade apresentou resultados significativos em relação ao corte de espécies
arbóreas, o que reflete na expressiva insuficiência de cobertura vegetal, um alto grau de
impermeabilização (ruas e calçamentos estreitos) e edificação. Esse resultado mostra-se
negativo ao analisar como prioridade a manutenção da cobertura vegetal
Em áreas particulares, as árvores tornam-se mais facilmente removida, seja, pela falta
de uma fiscalização efetiva por parte dos órgãos responsáveis, ou pela falta de
contribuição da comunidade, que em sua maioria desconhece os benefícios trazidos pela
presença da vegetação, mantendo a idéia da vegetação mais como “sujeira”, do que
como contribuidora essencial para manutenção da qualidade ambiental.
Por isso, é imprescindível que a população conheça e valorize os aspectos micro-
climáticos, biológicos, hidrológicos que a vegetação desempenha e não somente perceba
a árvore como elemento estético decorativo na cidade ou em qualquer porção da mesma.
A Secretaria de Planejamento Urbano e Meio Ambiente (SEPLAMA) atualizou, no
início de 2008, os registros aerofotográficos da área urbana, além da aquisição de
imagens de satélite de alta resolução de toda área do município.
Para que se tenha um acompanhamento da evolução desse quadro ambiental, os índices
ambientais devem ser calculados periodicamente, pois o tamanho populacional varia
temporalmente, bem como a infra-estrutura e seus equipamentos.
A abordagem urbana ambiental, na perspectiva integrada da complexidade social e
espacial, permite ultrapassar uma análise simplesmente política do papel do poder
público na reprodução e crise da cidade, para compreender a produção de relações
sociais nos termos da urbanização atual, ressaltando nesse processo a degradação do
meio ambiente no âmbito do conceito de espaço geográfico.
88
CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As áreas urbanas, uma vez constituídas por espaços descontínuos e fragmentados entre
si, dificultam a instalação e a manutenção do verde urbano em suas estruturas.
Nucci (2001) afirma que “executar um trabalho de espacialização da qualidade
ambiental constitui um verdadeiro desafio, visto que não existe uma receita técnica
calcada numa concepção teórico-metodológica pronta”
O estudo apresentado é pioneiro na cidade de Uberlândia em dois aspectos principais.
Primeiro, no que diz respeito à metodologia aplicada para o levantamento quantitativo
da cobertura arbóreo-arbustiva dos bairros Santa Mônica, Morumbi, Jardim Karaíba e
Centro, utilizando-se de ferramentas de geoprocessamento e SIG’s. Segundo, em
relação aos índices calculados, o qual levou em consideração, somente a cobertura
arbóreo-arbustiva dos bairros em questão.
É verdade que existam diversos estudos já realizados a respeito do Índice de Cobertura
Vegetal (ICV) e o Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH) em alguns bairros
e/ou cidades brasileiras. Porém, não se podem comparar os valores obtidos na presente
pesquisa com outros estudos que utilizaram dos mesmos índices, pois os “objetos alvos”
são diferentes.
O mapeamento da cobertura vegetal juntamente com os índices ambientais calculados
está diretamente relacionado à quantificação e espacialização da cobertura arbóreo-
arbustiva nos bairros Morumbi, Santa Mônica, Jardim Karaíba e Centro.
Nesse sentido, a pesquisa buscou retratar as condições/sintomas ambientais urbanos,
revelando um problema real em grande parte das cidades brasileiras. Os valores dos
índices (primeiros dados sistematizados relacionados a essa temática na cidade de
Uberlândia) foram todos menores que de 1%, o que reflete em uma insuficiência no que
diz respeito à presença da vegetação e fragmentado e desconexo em relação a sua e
distribuição nos bairros.
89
A pequena quantidade de cobertura vegetal, assim como a qualidade e escolha adequada
das espécies está diretamente atrelada, à qualidade e ao tamanho das edificações; a
desconectividade e fragmentação da vegetação urbana.
É fato, que a pesquisa possa contribuir de alguma forma, para um diagnóstico de
aspectos quantitativos relacionados ao verde urbano e a qualidade ambiental através dos
mapas elaborados e índices calculados
Além de apontar diretrizes para (re) planejamento da cobertura vegetal existente nos
bairros aqui analisados, mesmo que de maneira corretiva, alertando a sociedade civil
para a importância e a função que esses elementos naturais exercem no meio urbano em
que vivem.
Para que isso aconteça, é fundamental estabelecer metas a partir dos dados iniciais
obtidos, de forma que eles possam auxiliar os planejadores e gestores públicos na
tomada de decisões, possibilitando assim, definir políticas públicas implementar
programas e projetos como, por exemplo, um Plano de Arborização Municipal.
Essas diretrizes devem ter como ponto de partida, novas leis específicas para
arborização viária, cobertura vegetal urbana, áreas verdes, planos de arborização, além
de vontade política e interesse social, entre outros aspectos sócio-ambientais.
Deve-se contemplar nesses planos e ações, as características físicas de cada rua; bairro
específico, considerando as limitações físicas e biológicas que o local impõe ao
crescimento das árvores; definir critérios para a escolha das espécies mais adequadas;
levar em conta o aspecto visual-espacial, definindo o tipo de árvore que melhor se
adeqüe ao local em termos paisagísticos, como objetivo de, minimizar os impactos da
urbanização sobre a vegetação e melhorar a qualidade de vida da população.
A definição de um Plano Diretor de Arborização de Vias Públicas é fundamental pra
que essa temática assuma uma relevante importância nas discussões e prioridades de
ações e destinação de verbas pelo poder público. Esse plano pode ser resumidamente
explicado em cinco fases:
90
• A primeira fase refere-se ao planejamento, incluindo a árvore como um
elemento natural fundamental nas diretrizes de instalação de loteamentos como
também na execução e implementação de calçadas compatíveis;
• A segunda fase refere-se à elaboração de um inventário da arborização atual,
envolvendo a quantificação e identificação das espécies existentes;
• A terceira fase deve ser voltada para o cultivo de espécies adequadas a serem
utilizadas no plano;
• A quarta fase refere-se diretamente ao plantio adequado das árvores;
• A quinta fase trata-se da manutenção da arborização existente e na implantada
no município.
• A sexta fase deve prever a criação de um sistema de controle ambiental mais
eficiente no controle de supressão de espécies. Para isso é fundamental o
envolvimento da população.
Em relação aos procedimentos operacionais utilizados na pesquisa, pode-se concluir
que:
• As fotografias aéreas foram importantes ferramentas de análise temporal e
espacial da arborização existente.
• O Spring mostrou-se eficiente na obtenção de dados, processamento de
informações e geração de análises, das áreas ocupadas pela arborização urbana.
• O Sistema de Informação Geográfica – SIG representou um enorme ganho em
termos de agilidade nas análises desenvolvidas.
• Os produtos obtidos pela técnica de Sensoriamento Remoto e os Sistemas de
Informação Geográfica consistem em tecnologias que auxiliam tais estudos. De
maneira rápida e com certo grau de precisão, gerando mapas com alto grau de
aplicabilidade para estudos urbano-ambientais.
91
Enfim, o trabalho exposto trás uma importante contribuição geográfica na perspectiva
do planejamento urbano-ambiental e no uso de geotecnologias aplicadas a estudos
urbanos.
Os resultados dessa pesquisa devem ser aprofundados e complementados em futuros
estudos, nas diversas áreas do conhecimento, para que seja possível, uma avaliação
periódica relacionada a essa temática.
92
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101
ANEXO 1
102
103
ANEXO 2
104
105
106
107
108
109
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