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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ANALÍTICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO CROMATOGRÁFICO PARA A DETERMINAÇÃO DE INGREDIENTES ATIVOS DE FORMULAÇÕES FOTOPROTETORAS E USO DA FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X PARA A DETERMINAÇÃO DO FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR LIVIA MANIERO PERUCHI ORIENTADORA: PROFa. Dra. SUSANNE RATH CAMPINAS/SP AGOSTO DE 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE QUÍMICA

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ANALÍTICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO DDEE MMÉÉTTOODDOO CCRROOMMAATTOOGGRRÁÁFFIICCOO

PPAARRAA AA DDEETTEERRMMIINNAAÇÇÃÃOO DDEE IINNGGRREEDDIIEENNTTEESS AATTIIVVOOSS DDEE

FFOORRMMUULLAAÇÇÕÕEESS FFOOTTOOPPRROOTTEETTOORRAASS EE UUSSOO DDAA

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DDOO FFAATTOORR DDEE PPRROOTTEEÇÇÃÃOO SSOOLLAARR

LIVIA MANIERO PERUCHI

ORIENTADORA: PROFa. Dra. SUSANNE RATH

CAMPINAS/SP

AGOSTO DE 2010

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Aos meus pais, Celso e Ligia, dos quais tanto

me orgulho e a minha irmã Natalia. Por amá-los

tanto e como gratidão por todo apoio e

incentivo, dedico este trabalho.

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vii

AGRADECIMENTOS

Inicialmente gostaria de agradecer a Profa. Dra. Susanne Rath pela

oportunidade e por todo ensinamento e amizade dedicados ao longo desses dois anos.

À Profa. Dra Maria Izabel Maretti Silveira Bueno (Bell) e sua aluna Juliana Terra

por terem me recebido tão bem em seu laboratório, e que foram de extrema importância

na realização desse trabalho.

Ao professor Félix Guillermo Reyes Reyes e ao grupo GTAF, por terem me

recebido e pela paciência e ensinamentos.

Aos amigos que fiz na UNICAMP: Cyntia (Dálite), Ricardo, Leonardo, Keity, Laís,

Isarita, Fernando, Jonas e Rafael Porto pela amizade, convivência, momentos de

descontração e por toda ajuda e palavras de incentivo quando precisei.

Aos amigos de laboratório: Amanda, Adriana, Caio, César, Gabriela, Kelly,

Leandro, Letícia, Martins, Rafael Medeiros e Sandra pela ótima convivência.

À minha “amiga-irmã” Milena que me fez compreender o significado da palavra

amizade. Por tanto me ajudar, me ouvir e estar do meu lado em todos os momentos.

À Larissa, amiga do coração fiel e confidente, pela amizade, carinho e por me

apoiar sempre.

Ao Rene, pelo amor, amizade, apoio e incentivo no final desse trabalho.

Às amigas Kátia e Raquel pelos momentos inesquecíveis e que, mesmo de

longe, acompanham minha vida e estão sempre na torcida.

A toda direção e aos funcionários do Instituto de Química da UNICAMP pelo

apoio acadêmico e técnico.

À CAPES pelo apoio financeiro.

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CURRICULUM VITAE

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9304364990113208

1. Formação Acadêmica

2008-2010

Mestrado em Química Analítica. IQ/UNICAMP, Brasil.

Título: Desenvolvimento de método cromatográfico para a determinação de ingredientes ativos de formulações fotoprotetoras e uso da fluorescência de raios-X para a determinação do fator de proteção solar

Orientadora: Profa. Dra. Susanne Rath

Bolsista: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil.

2001-2004

Graduação em Bacharelado em Química. USP - São Carlos, Brasil.

2. Produção Científica

2.1. Iniciação científica

Título: Estudo da solubilização e derivatização de celulose obtidas de diversas fontes.

Universidade de São Paulo – Instituto de Química de São Carlos.

Orientadora: Prof. Drª Elisabete Frollini

Bolsista do(a): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico

2.2. Apresentação de trabalhos em eventos científicos

PERUCHI, Livia M., RATH, Susanne. Development and application of an HPLC method for nine

sunscreen agents in suncare products. In: 35º International Symposium on High Performance

Liquid Phase Separations and Related Techniques, HPLC 2010. Boston, EUA.

PERUCHI, Livia M., RATH, Susanne. Influência da temperatura na separação

cromatográfica de ingredientes ativos de protetores solares. In: 33ª Reunião Anual da

Sociedade Brasileira de Química (SBQ), 2010, Águas de Lindóia/SP.

PERUCHI, Livia M., RATH, Susanne. Quantificação de compostos ativos em formulações

fotoprotetoras por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. In: 33ª Reunião Anual da Sociedade

Brasileira de Química (SBQ), 2010, Águas de Lindóia/SP.

PERUCHI, Livia M.; RATH, Susanne. Estudo e otimização das condições cromatográficas para

determinação de compostos ativos de protetores solares por HPLC. In: 15º Encontro Nacional

de Química Analítica e 3º Congresso Iberoamericano de Química Analítica, 2009, Salvador-BA.

PERUCHI, Livia M.; CANAES, Larissa S.; RATH, Susanne. Determinação simultânea de

ingredientes ativos de protetores solares utilizando Cromatografia Líquida de Alta Eficiência.

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Apresentação oral. In: 15º Encontro Nacional de Química Analítica e 3º Congresso

Iberoamericano de Química Analítica, 2009, Salvador-BA

MORGADO, Daniella L.; PERUCHI, Livia M.; ASS, Beatriz A. P. et al. Celulose de linter:

acetilação em meio homogêneo usando DMAc/LiCl – DMSO/TBAF.3H2O como sistemas de

solvente. In: 8. Congresso Brasileiro de Polímeros, 2005, Águas de Lindóia. Proceedings do 8.

Congresso Brasileiro de Polímeros. São Carlos: Associação Brasileira de Polímeros, 2005: pag

1193-1195.

PERUCHI, Livia M., MORGADO, Daniella L. Estudo da solubilização e derivatização da celulose

de linter usando como sistemas de solvente dimetilsulfóxido/fluoreto de tetrabutilamônio tri-

hidratado e dimetilacetamida/cloreto de lítio. In: 12º Simpósio Internacional de Iniciação

Científica da USP (SIICUSP), 2004, São Paulo, SP

PERUCHI, Livia M., MORGADO, Daniella L. Estudo da solubilização e derivatização da celulose

de linter usando como sistemas de solvente dimetilsulfóxido/fluoreto de tetrabutilamônio tri-

hidratado e dimetilacetamida/cloreto de lítio. In: Simpósio de Iniciação Científica PET (SICPET),

2004, USP, São Carlos, SP.

PERUCHI, Livia M., MORGADO, Daniella L. Estudo da solubilização e derivatização de celulose de linter no sistema de solvente dimetilacetamida/cloreto de lítio. In: 11º Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP (SIICUSP), 2003, São Carlos, SP.

3. Monitorias

08/2009 – 12/2009

Programa de Estágio Docente (PED C), DQA/IQ/UNICAMP.

Química II – QA 213 (Engenharia de Alimentos) (Coordenadora: Profa. Dra. Maria Izabel Maretti Silveira Bueno)

4. Experiência Profissional

Plante Certo Ltda – Laboratório de análise química e física de solos, fertilizantes, tecido vegetal,

corretivos agrícolas, alimentos (nutrição animal) e água.

Cargo: Responsável técnica

Atividades: Monitoramento e gerenciamento das atividades laboratoriais, desenvolvimento e

implantação de novas metodologias de análise, controle de qualidade (certificado com conceito

máximo de qualidade por programas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,

ESALQ, USP e Embrapa-solos, Rio de Janeiro).

Período: 10/2005 – 07/2008

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RESUMO

DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO CROMATOGRÁFICO PARA A DETERMINAÇÃO DE

INGREDIENTES ATIVOS DE FORMULAÇÕES FOTOPROTETORAS E USO DA FLUORESCÊNCIA DE

RAIOS-X PARA A DETERMINAÇÃO DO FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR

Este trabalho teve como objetivo desenvolver e validar um método por

cromatografia líquida de alta eficiência para a determinação de oito compostos ativos

amplamente utilizados em protetores solares: benzofenona-3, octocrileno, metil

benzilideno cânfora, octil dimetil PABA, metoxicinamato de etilexila, butil

metoxidibenzoilmetano, homosalato (usado nas suas duas formas isoméricas) e

salicilato de etilexila. A separação dos compostos foi realizada em uma coluna

cromatográfica ACE C18 (250 mm x 4.6 mm, 5 µm), na temperatura de 20 oC e fase

móvel composta por metanol:água 88:12 v/v com eluição isocrática. A vazão foi de 1

mL min-1 e a quantificação foi feita por padronização externa no comprimento de onda

máximo de cada composto. O tempo da corrida cromatográfica foi de 18 minutos. O

preparo de amostra consistiu basicamente de diluição e filtração anterior quantificação.

Os parâmetros considerados na validação do método foram: faixa linear, linearidade,

sensibilidade, precisão intra e inter-ensaio e exatidão.

O método foi aplicado em treze amostras de diferentes fabricantes disponíveis

comercialmente. O número de compostos ativos variaram entre 1 e 5 em uma mesma

amostra. As concentrações dos compostos estão na faixa de 0,9-10% (m/m) e estão de

acordo com o limite máximo permitido pela ANVISA.

Este trabalho teve também como objetivo avaliar a potencialidade do uso de

fluorescência de raios-X para determinar o FPS (fator de proteção solar) de protetores

solares utilizando métodos quimiométricos. Para isso foram selecionadas várias

amostras de um mesmo fabricante com diferentes FPS. Os espectros de raios-X

obtidos foram tratados com a ferramenta quimiométrica PCA (Principal Component

Analysis) para a análise exploratória dos dados e então construiu-se um modelo de

calibração por PLS (Partial Least Squares).

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xiii

ABSTRACT

DEVELOPMENT OF CHROMATOGRAPHIC METHOD FOR DETERMINATION OF ACTIVE

INGREDIENTES IN SUNSCREEN FORMULATIONS AND USE OF X-RAY FLUORESCENCE TO

DETERMINE THE SUN PROTECTION FACTOR

This work describes the development and validation of a HPLC-DAD method for

determination of eight sunscreen agents: benzophenone-3, octocrylene, octyl

methoxycinnamate, octyl salicylate, homosalate (used in two isomeric forms), butyl

metoxydibenzoylmethane, 4-metylbenzylidene camphor and octyl dimetyl PABA in

sunscreen formulations. The separation of the eight compounds were achieved using a

ACE C18 column (250 mm x 4.6 mm, 5 µm), column temperature 20 °C, and a mobile

phase of 88:12 (v/v) methanol-water with isocratic elution. The flow rate was 1 mL/min

and quantitation was performed by external calibration at the maximum wavelength of

each compound. Total run time was 18 minutes. The sample preparation was simple

and consisted basically of dilution and filtration before quantitation. The critical points of

the method are the column temperature, composition of the C18 stationary phase and

the composition of the mobile phase. The validation parameters comprised: linear range,

linearity, selectivity, intra-day and inter-day precision, and accuracy, and were in

accordance with the aim of the method.

Thirteen samples of sunscreen emulsions (SPF 30) of different manufacturer

were analyzed. The number of the sunscreen agents varied between one and five in a

same sample. The concentrations of all compounds were in the range of 0.9 to 10%

(m/m) and were in accordance with the current Brazilian legislation.

This work has also evaluated the potential of use of X-ray fluorescence to

determine the SPF (sun protection factor) of sunscreens using chemometric methods.

For this purpose, several samples from the same manufacturer (same components) with

different FPS were selected. The X-ray spectra obtained were treated with a

chemiometric tool PCA (Principal Component Analysis) for exploratory data analysis and

then built a calibration model by PLS (Partial Least Squares).

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ÍNDICE GERAL

Descrição Página

CURRICULUM VITAE

ix

RESUMO xi

ABSTRACT xiii

LISTA DE TABELAS xix

LISTA DE FIGURAS xxi

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO 1

I.1 A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA E SEUS EFEITOS 3

I.2 SISTEMAS NATURAIS DE PROTEÇÃO À RADIAÇÃO UV 5

I.3 FILTROS SOLARES 7

I.3.1 FILTROS FÍSICOS OU INORGÂNICOS 8

I.3.2 FILTROS QUÍMICOS OU ORGÂNICOS 9

I.4 PROTETORES SOLARES 15

I.5 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FILTROS SOLARES 17

I.6 FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR (FPS) 22

I.7 DETERMINAÇÃO DO FPS 26

CAPÍTULO II - OBJETIVOS 29

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CAPÍTULO III – PARTE EXPERIMENTAL 33

III.1 REAGENTES E SOLUÇÕES 35

III.1.1 SOLUÇÕES ESTOQUE 36

III.1.2 SOLUÇÕES PADRÃO DE TRABALHO 36

III.2 EQUIPAMENTOS 36

III.3 PROCEDIMENTOS 37

III.3.1 TESTES DAS FASES ESTACIONÁRIAS 37

III.3.2 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA SEPARAÇÃO

CROMATOGRÁFICA

40

III.3.3 OTIMIZAÇÃO DO PREPARO DE AMOSTRA 40

III.3.4 VALIDAÇÃO DO MÉTODO 41

III.3.4.1 LINEARIDADE, FAIXA DE APLICAÇÃO E SENSIBILIDADE 42

III.3.4.2 PRECISÃO 42

III.3.4.3 EXATIDÃO 43

III.3.4.4 ANÁLISE DE AMOSTRAS MEDIANTE MÉTODO POR

ADIÇÃO DE PADRÃO

45

III.3.5 ANÁLISE DE AMOSTRAS COMERCIAIS 46

III.3.6 DETERMINAÇÃO DO FPS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X 47

CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO 49

IV.1 SELEÇÃO DAS CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS 51

IV.2 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA SEPARAÇÃO CROMATOGRÁFICA 58

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IV.3 OTIMIZAÇÃO DO PREPARO DE AMOSTRA 63

IV.4 VALIDAÇÃO 65

IV.4.1 LINEARIDADE, FAIXA DE APLICAÇÃO E SENSIBILIDADE 65

IV.4.2 PRECISÃO 70

IV.4.3 EXATIDÃO 72

IV.5 ANÁLISE DE AMOSTRAS DISPONÍVEIS COMERCIALMENTE 75

IV.6 DETERMINAÇÃO DO FPS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X 85

CAPÍTULO V - CONCLUSÕES 95

CAPÍTULO VI – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 99

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xix

LISTA DE TABELAS

Nº Descrição Página

III.1 Tipos de eluições e fases móveis avaliadas para as fases

estacionárias

39

III.2 Quantidade de padrão adicionado na amostra baseado

nos resultados de precisão inter-ensaio (50 %)

44

III.3 Quantidade de padrão adicionado em cada ponto da

curva por adição de padrão

45

III.4 Origem e ingredientes ativos presentes nas amostras

analisadas

47

IV.1 Valores de Rs, As e N para a fase estacionária ACE C18,

utilizando fase móvel MeOH:H2O 88:12 v/v

56

IV.2 Tempos de retenção (tR) (em minutos) e resolução (RS)

dos filtros solares. Coluna: ACE C18, fase móvel

MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão 1,0 mL min-1 e temperaturas

da coluna de 20, 30, 33, 35, 37, 40, 45 e 50º C

61

IV.3 Condições de preparo de amostras e resultados médios

obtidos (n= 2) para as amostras

64

IV.4 Parâmetros da curva analítica 70

IV.5 Resultados da precisão intra e inter-ensaio 72

IV.6 Resultados de recuperação e as estimativas dos desvios

padrão relativos

74

IV.7 Resultados da porcentagem de OCT na amostra

calculados pela curva de adição de padrão

75

IV.8 Resultados médios dos princípios ativos e estimativas do 82

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xx

desvio padrão relativo das amostras analisadas

IV.9 Concentração máxima dos filtros solares permitida em

formulações fotoprotetoras comercializadas no Brasil

84

IV.10 Valores VP, VR e erros relativos do modelo de calibração

interna via PLS

92

IV.11 Valores VR, VP e ER das amostras externas 93

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LISTA DE FIGURAS

Nº Descrição Página

I.1 Espectro da radiação solar (SVOBODOVA et al., 2006) 3

I.2 Estrutura da pele e profundidade de penetração das radiações

UVA, UVB e UVC (adaptado de

www.revistavivasaude.uol.com.br)

4

I.3 Estrutura molecular do trans e cis-ácido urocânico (UCA)

(YOUNG, 1996)

7

I.4 Diagramas dos orbitais moleculares (a) do benzeno (b) do

benzeno quando é adicionado um grupo doador de elétrons ao

anel e (c) do benzeno quando é adicionado um grupo receptor

de elétrons ao anel (FLOR et al., 2007)

14

I.5 Relação não-linear entre a porcentagem de radiação UV

bloqueada e o FPS de formulações fotoprotetoras

25

III.1 Fluxograma do preparo de amostra 41

IV.1 Cromatograma obtido para a separação dos padrões AFS,

BZ3, MBC, OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na

concentração de 10 g mL-1. Coluna analítica X-BridgeTM C18,

fase móvel composta de MeOH:H2O 85:15, v/v, volume de

injeção de 50 µL, vazão de 1 mL min-1 e temperatura

ambiente. Comprimento de onda de detecção: 238 nm

53

IV.2 Cromatograma Cromatograma obtido para a separação dos

padrões AFS, BZ3, MBC, OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e

SCL na concentração 10 g mL-1. Coluna analítica X-Terra®

RP18, fase móvel composta de MeOH:H2O 85:15, v/v, volume

54

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xxii

de injeção de 50 µL, vazão de 1 mL min-1 e temperatura

ambiente. Comprimento de onda de detecção: 238 nm

IV.3 Cromatograma obtido para a separação dos padrões AFS,

BZ3, MBC, OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na

concentração 10 g mL-1. Coluna analítica X-Terra® RP18

(150 x 2,1 mm, 3,5 µm), fase móvel composta de MeOH:H2O

85:15, v/v, volume de injeção de 50 µL, vazão de 1 mL min-1 e

temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção:

238 nm

55

IV.4 Cromatograma obtido para a separação dos padrões AFS,

BZ3, MBC, OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na

concentração 10 g mL-1. Coluna analítica ACE C18 (250 x

4,6 mm, 5 µm), fase móvel composta de MeOH:H2O 88:12,

v/v, volume de injeção de 50 µL, vazão de 1 mL min-1 e

temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção:

máximo de absorção de cada composto

56

IV.5a Cromatogramas obtidos para a separação dos padrões AFS,

BZ3, MBC, OCT, ODP, MCE, BMDM, HMS e SCL na

concentração 10 g mL-1. Coluna analítica ACE C18 (250 x

4,6 mm, 5 µm) nas temperaturas de 20, 30, 33, 35º C, fase

móvel composta de MeOH:H2O 88:12 v/v, volume de injeção

de 50 µL e vazão de 1 mL min-1. Comprimento de onda de

detecção: máximo de absorção de cada composto

59

IV. 5b Cromatogramas obtidos para a separação dos padrões AFS,

BZ3, MBC, OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na

concentração 10 g mL-1. Coluna analítica ACE C18 (250 x

4,6 mm, 5 µm) nas temperaturas de 37, 40, 45 e 50 º C, fase

móvel composta de MeOH:H2O 88:12 v/v, volume de injeção

de 50 µL, vazão de 1 mL min-1. Comprimento de onda de

60

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xxiii

detecção: máximo de absorção de cada composto

IV.6 Gráfico do tempo de retenção em função da temperatura para

os compostos BZ3, MBC, OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e

SCL. Coluna: ACE C18, fase móvel MeOH:H2O 88:12 v/v,

vazão 1,0 mL min-1

62

IV.7a Curvas analíticas dos compostos BZ3, MCE e MBC na faixa

de concentração de 0 a 40 µg mL-1 e os respectivos gráficos

de resíduos

67

IV.7b Curvas analíticas dos compostos BMDM, OCT, HMS na faixa

de concentração de 0 a 40 µg mL-1 e os respectivos gráficos

de resíduos

68

IV.7c Curvas analíticas dos compostos PABA e SCL na faixa de

concentração de 0 a 40 µg mL-1 e os respectivos gráficos de

resíduos

69

IV.8a Cromatogramas obtidos para as amostras A, B e C. Coluna

ACE C18, fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v,

vazão de 1,0 mL min-1, volume de injeção de 50 µL e

temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção:

máximo de cada composto

76

IV.8b Cromatogramas obtidos para as amostras D, E e F. Coluna

ACE C18, fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v,

vazão de 1,0 mL min-1, volume de injeção de 50 µL e

temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção:

máximo de cada composto

77

IV.8c Cromatogramas obtidos para as amostras G, H e I. Coluna

ACE C18, fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v,

vazão de 1,0 mL min-1, volume de injeção de 50 µL e

temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção:

78

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xxiv

máximo de cada composto

IV.8d Cromatogramas obtidos para as amostras J, L e M. Coluna

ACE C18, fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v,

vazão de 1,0 mL min-1, volume de injeção de 50 µL e

temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção:

máximo de cada composto

79

IV.8e Cromatogramas obtidos para a amostra N. Coluna ACE C18,

fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão de 1,0

mL min-1, volume de injeção de 50 µL e temperatura ambiente.

Comprimento de onda de detecção: máximo de cada

composto

80

IV.9 Estrutura dos isômeros cis e trans do composto homosalato 81

IV.10 Gráfico de concentração dos filtros solares em função do FPS

para as amostras A e B

85

IV.11 Espectro de raios X da amostra B com FPS 20 87

IV.12 Gráfico de scores para o conjunto de amostras obtido para

PC1 x PC2

88

IV.13 Loadings para o conjunto de amostras obtido para PC1 88

IV.14 Relação gráfica para cada amostra entre o resíduo Student e

leverage considerando todas as amostras e 3 variáveis

latentes

90

IV.15 Relação entre os valores VR e VP para o modelo de

calibração interna via PLS

91

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I. INTRODUÇÃO

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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I.1. A RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA E SEUS EFEITOS

A luz solar que atinge a superfície terrestre é constituída de um espectro

contínuo de radiação eletromagnética que pode ser dividido em três regiões

principais de acordo com a faixa de comprimento de onda: a radiação ultravioleta ou

radiação UV (100-400 nm) que constitui 5 % da luz solar, a radiação visível (400-780

nm) que constitui 50 % da luz solar e a radiação infravermelha (acima de 780 nm)

que constitui 45 % da luz solar. De acordo com a Comissão Internacional de

Iluminação (International Commission on Illumination, CIE), a radiação UV é

subdividida em três categorias dependendo da região de comprimento de onda:

UVA, também chamada de UV próximo, onda longa ou ainda “blacklight” (320-400

nm), UVB, também chamado de onda média (290-320 nm) e UVC, também chamada

de onda curta (100-280) (Figura I.1) (SVOBODOVA et al., 2006).

Figura I.1. Espectro da radiação solar (SVOBODOVA et al., 2006).

Diversos são os efeitos da radiação ultravioleta na saúde humana. Um dos

efeitos benéficos dessa radiação é a síntese da vitamina D3. A radiação UVB

converte fotoquimicamente o 7-deidrocolesterol presente na epiderme em vitamina

D3 numa reação controlada pela temperatura da pele que demora de dois a três dias

para se completar. Curtas exposições ao sol (aproximadamente 15 minutos) são

suficientes para sintetizar a vitamina D3 na pele (DIFFEY, 1998; GRUIJL, 1998). A

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

4

radiação UV também tem sido usada como um agente terapêutico para várias

doenças de pele, como no tratamento de icterícia (cor amarela da pele e do branco

dos olhos de bebês causada pelo excesso de bilirrubina no sangue), psoríase,

micoses, vitiligo e dermatites atópicas (MATSUMURA & ANANTHASWAMY, 2004;

GALLAGHER & LEE, 2006). No entanto, os efeitos maléficos dessa radiação no

organismo humano são de maior impacto e relevância.

A radiação UVA possui menos energia que as radiações UVB e UVC, mas é a

que penetra mais profundamente na pele (Figura I.2), sendo absorvida

principalmente pela melanina e hemoglobina. É a principal responsável pela

pigmentação da pele promovendo o bronzeamento por meio do escurecimento da

melanina pela fotoxidação da leucomelanina, localizada nas células das camadas

externas da epiderme. A radiação UVA causa danos às proteínas estruturais da

derme, como o colágeno e elastina, provocando a perda da elasticidade e o

envelhecimento precoce. Além disso, induz a diminuição de artérias e pode provocar

câncer de pele, dependendo do tipo de pele e do tempo, frequência e intensidade da

exposição (FLOR et al., 2007; VILLALOBOS-HERNÁNDEZ & MÜLLER-GOYMANN,

2006; LONNI et al., 2008; GRANGER & BROWN, 2001, PALM & O’DONOGHUE,

2007).

Figura I.2. Estrutura da pele e profundidade de penetração das radiações UVA, UVB

e UVC (adaptado de www.revistavivasaude.uol.com.br).

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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A radiação UVB é a responsável pela produção de eritema (queimadura

solar), que é a mais visível e bem reconhecida resposta cutânea aguda à radiação

UV, especialmente em indivíduos de pele clara. As moléculas responsáveis pela

absorção da luz (cromóforos) que iniciam a inflamação eritematosa não são

precisamente conhecidas. No entanto, o espectro de ação do eritema é consistente

com a hipótese de que a radiação UV interage com o DNA, provocando danos que

podem ser irreversíveis (MATSUMURA & ANANTHASWAMY, 2004). A radiação

UVB está fortemente ligada à mutações genéticas e ao câncer de pele. Além disso, a

UVB causa efeitos imunossupressores locais e sistêmicos, que provoca a redução da

capacidade do organismo de reconhecer antígenos tumorais ou virais (BRENNER &

HEARING, 2008).

A radiação UVB também é responsável por outros distúrbios como catarata,

dermatoses por fotossensibilidade como erupção polimorfa à luz e melanomas

(VILLALOBOS-HERNÁNDEZ & MÜLLER-GOYMANN, 2006).

A radiação UVC é a radiação UV de maior energia sendo reconhecida por

suas propriedades germicidas. Ela é extremamente nociva aos seres vivos por ser

eritematosa, mutagênica e cancerígena. É absorvida pela camada de ozônio e outros

gases da atmosfera, que também filtram parte da radiação UVB, e praticamente não

chega a atingir a superfície terrestre. Por esse motivo, a destruição da camada de

ozônio é um assunto tão relevante, já que essa destruição causa um aumento dos

níveis de raios UV incidentes, principalmente UVB e UVC. Estima-se que a

diminuição de 1% dos níveis de ozônio da atmosfera resulta em um aumento de 1-

2% de mortalidade por câncer de pele (LAUTENSCHLAGER et al., 2007).

I.2. SISTEMAS NATURAIS DE PROTEÇÃO À RADIAÇÃO UV

A pele constitui uma considerável proteção contra a penetração de raios

ultravioletas.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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A reação mais visível da exposição à radiação UV é a formação de melanina,

um mecanismo natural de defesa que tenta diminuir a penetração da radiação solar

na pele (NOLE & JOHNSON, 2004; URBACH, 1997). A melanina age como um filtro

da pele e absorve radiações UVB, UVA, visível e infravermelha, ajudando a

transformar essas energias em calor e dispersando-o entre os pelos do corpo e

artérias (SVOBODOVA et al., 2006). Ela provoca a pigmentação da pele e cabelos,

sendo responsável também pelo chamado bronzeamento. A pigmentação da pele

provocada pela melanina é de dois tipos: 1) constitutiva – provoca a cor da pele

observada em diferentes raças e é determinada apenas por fatores genéticos e 2)

facultativa – provoca o aumento do bronzeamento em resposta à radiação UV solar;

esse efeito é reversível (DIFFEY, 1998).

Outro composto que atua no sistema de defesa do corpo humano contra a

radiação UV é o ácido urocânico (UCA), que é um intermediário do catabolismo da L-

histidina. Ele é encontrado naturalmente no suor da pele e na camada córnea

(camada mais superficial da epiderme) na forma de seu isômero trans (Figura 3) e é

o maior absorvedor de UV da pele. Com a radiação UV, o trans-UCA isomeriza para

cis-UCA até o estado estacionário ser atingido, que é quando quantidades

aproximadamente iguais dos dois isômeros estão presentes. São necessárias cerca

de duas semanas até o trans-UCA voltar ao seu nível de concentração original. A

isomerização é eficiente em comprimentos de onda entre 290 e 341 nm (UVA e UVB)

e tem seu máximo de eficiência entre 290 e 310 nm. Existe uma grande variação de

concentração de UCA entre indivíduos, mas uma pequena variação entre as partes

do corpo de um mesmo indivíduo. Não há correlação entre essa concentração e o

tipo de pele, grau de pigmentação ou espessura da camada córnea (DUTHIE et al.,

1998).

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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N NH

COOH

UV

N NH

COOH

trans-UCA cis-UCA

Figura I.3. Estrutura molecular do trans e cis-ácido urocânico (UCA) (YOUNG, 1996).

I.3. FILTROS SOLARES

Filtros solares são compostos químicos adicionados às formulações

cosméticas e tem a função de absorver, espalhar e/ou refletir a radiação UV solar,

reduzindo assim, a dose de radiação nociva na pele (NASH & TANNER, 2006).

A preocupação do ser humano em se proteger do sol existe desde os

primeiros tempos. Sabe-se que os povos antigos (gregos e egípcios) utilizavam

roupas de algodão e tinham o costume de utilizar chapéus, luvas e até mesmo

sombrinhas. Os povos como os tibetanos cobriam o corpo com uma combinação de

ervas que hoje pode ser considerada como filtro solar (MILESI & GUTERRES, 2002).

A história dos filtros solares modernos começou durante a II Guerra Mundial,

quando houve a necessidade de proteção contra queimaduras solares dos soldados

americanos que lutavam em países tropicais. Embora as preparações desenvolvidas

pelas forças americanas fossem para uso exclusivo dos soldados, elas acabaram se

popularizando e foram utilizadas por muitos anos. As preparações continham ésteres

de ácido para-aminobenzóico (PABA) e para-dimetilaminobenzóico. O PABA era

utilizado como filtro solar desde 1920, mas sua esterificação com alcoóis alifáticos de

cadeias longas resultou em compostos insolúveis em água e não facilmente

removido da pele pelo suor, água ou atrito (WOLF et al., 2001).

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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Nos anos 80, com o avanço das pesquisas em torno dos efeitos danosos

provocados pela radiação solar, bem como de sua proteção, vários outros compostos

filtros solares foram introduzidos no mercado. A Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) publicou em 2006 a Resolução RDC no 47 que estabelece a lista

de filtros solares permitidos em cosméticos e suas concentrações máximas

permitidas no Brasil (ANVISA, 2006).

Os filtros solares são classificados como filtros de efeito físico (filtros físicos ou

inorgânicos) e filtros de efeito químico (filtros químicos ou orgânicos). Geralmente os

filtros físicos agem refletindo e espalhando a radiação, enquanto que os filtros

químicos protegem a pele pela absorção da radiação (WOLF et al., 2001; PALM &

O’DONOGHUE, 2007; LAUTENSCHLAGER et al., 2007; DE ORSI et al., 2006;

SALVADOR & CHISVERT, 2005; SERPONE et al., 2007; MELQUIADES et al.,

2008a; MELQUIADES et al., 2008b; LONNI et al., 2008; FLOR et al., 2007;

VILLALOBOS-HERNÁNDEZ & MÜLLER-GOYMANN, 2006).

I.3.1. FILTROS FÍSICOS OU INORGÂNICOS

Geralmente são utilizados como filtros físicos compostos minerais como os

óxidos de zinco e titânio (ZnO e TiO2). A característica requerida para um filtro

inorgânico é bloquear a luz UV na faixa UVA/UVB por meio de propriedades de

absorção, espalhamento e reflexão da radiação que são determinadas pelo índice

refrativo, tamanho das partículas, dispersão na emulsão base e pela espessura do

filme aplicado sobre a pele (SERPONE et al., 2007).

Reportado como agente filtro solar desde 1952, esse tipo de filtro foi um dos

primeiros a serem utilizados principalmente por aqueles que se expunham muito

tempo ao sol. No entanto, seu uso era limitado devido à sua aparência opaca e

visualmente desagradável (filme branco sobre a pele) e sua incompatibilidade com

as formulações cosméticas (SERPONE et al., 2007).

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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No início dos anos 90, quando surgiram óxidos de zinco e titânio microfinos,

esse tipo de filtro ganhou maior aceitabilidade no mercado e tornou-se muito popular.

As partículas que tinham tamanho de 150-400 nm puderam ser produzidas em

tamanhos de 20-150 nm, minimizando a interação das partículas com a luz visível

(espalhamento da luz visível) e proporcionando uma aparência transparente na pele

(WOLF et al., 2001).

Com relação aos mecanismos de ação dos filtros físicos é importante enfatizar

que, em contraste com as versões opacas (de partículas maiores) que espalham e

refletem a radiação em uma grande faixa de comprimento de onda, as versões

microfinas e ultrafinas atenuam a radiação por meio de uma combinação de

espalhamento e absorção da radiação (WOLF et al., 2001; BARON & STEVENS,

2002). Essa absorção é baseada na característica semicondutora desses óxidos, que

permite a mobilização de elétrons excitados pela radiação UV da banda de valência

para a banda de condução do sólido. O dióxido de titânio absorve principalmente a

radiação UVB e o óxido de zinco, a radiação UVA (VILLALOBOS-HERNÁNDEZ &

MÜLLER-GOYMANN, 2006).

Os filtros físicos representam a forma mais segura e eficaz para proteger a

pele, pois apresentam baixo potencial alergênico, sendo inclusive, recomendados no

preparo de fotoprotetores para uso infantil e para indivíduos com peles sensíveis. No

entanto, essas micropartículas tendem a se aglomerar e se agregar nas emulsões

devido aos efeitos eletrostáticos, resultando em perda do desempenho final do

produto. Para diminuir esses efeitos, as partículas devem ser recobertas para ficarem

dispersas no veículo, o que tem sido um dos maiores desafios da indústria cosmética

(FLOR et al., 2007; LAUTENSCHLAGER et al., 2007).

I.3.2. FILTROS QUÍMICOS OU ORGÂNICOS

Filtros químicos ou orgânicos são geralmente compostos aromáticos

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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conjugados com um grupo doador de elétrons na posição “orto” ou “para” a um grupo

receptor de elétrons. Essa estrutura química favorece a delocalização de elétrons e,

com isso, a excitação da molécula do estado fundamental para um estado de maior

energia. Cálculos quânticos mostram que a energia necessária para essa transição

de estados corresponde à energia da radiação UV nas regiões UVA e UVB. Quando

a molécula retorna ao seu estado fundamental, é emitida energia de menor

magnitude, por exemplo, na região do infravermelho na forma de calor (WOLF et al.,

2001, KIMBROUGH, 1997).

As estruturas dos compostos normalmente utilizados como filtros orgânicos

em produtos cosméticos, seus nomes (de acordo com a ANVISA), nomes INCI

(International Nomenclature of Cosmetic Ingredients) e comprimentos de onda onde

ocorrem os máximos de absorção estão listados no Quadro I.1.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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Quadro I.1. Compostos filtros orgânicos mais usados em cosméticos.

Nome do composto*

Nome INCI inglês (português)

Estrutura Absorção Máxima

2-Hidroxi-4-Metoxibenzofenona

BENZOPHENONE-3 (BENZOFENONA-3)

(BZ3)

288 nm

4-Dimetil-aminobenzoato de 2-

etilexila

OCTYL (ou ETHYLHEXYL) DIMETHYL PABA

(OCTIL DIMETIL PABA) (PABA)

313 nm

Ácido 2-fenilbenzimidazol-5-

sulfônico

PHENYLBENZYLIMIDAZOL

SULFONIC ACID (ÁCIDO

FENILBENZIMIDAZOL SULFÔNICO)

(AFS)

304 nm

3-(4-Metilbenzilideno cânfora

4-METHYL BENZYLIDENE CAMPHOR

(4-METIL BENZILIDENO CÂNFORA)

(MBC)

303 nm

(1,3,5)-Triazina-2,4-bis{[4-(2-etil-hexiloxi)-2-hidroxi]-fenil}-6-(4-

metoxifenil

ANISOTRIAZINE (ANISOTRIAZINA)

310 nm

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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Nome do composto*

Nome INCI inglês (português)

Estrutura Absorção Máxima

1-(4-Terc-butilfenil)-3-(4-metoxifenil)

propano-1,3-diona

BUTYL METHOXY DIBENZOIL METHANE

(BUTIL METOXI DIBENZOIL METANO) (BMDM)

359 nm

Salicilato de 2-etilexila

OCTYL (ou ETHYLHEXYL) SALICYLATE

(SALICILATO DE OCTILA) (SCL)

237 nm

Salicilato de Homomentila

HOMOSALATE (HOMOSALATO)

(HMS)

238 nm

2-Ciano-3,3-difenilacrilato de 2-

etilexila

OCTOCRYLENE (OCTOCRILENO)

(OCT)

305 nm

4-Metoxicinamato de 2-etilexila

OCTYL (ou ETHYLHEXYL) METHOXYCINNAMATE (METOXICINAMATO DE

OCTILA) (MCE)

310 nm

*De acordo com a ANVISA.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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Observa-se no Quadro I.1 que os comprimentos de onda onde ocorrem os

máximos de absorção dos compostos apresentam uma grande variação. Isso pode ser

explicado de maneira simplificada pela Teoria dos Orbitais Moleculares (TOM). O

processo de absorção da radiação UV pelas moléculas filtros envolve transições

eletrônicas do orbital molecular preenchido de maior energia (HOMO) para o orbital

molecular vazio de menor energia (LUMO) (HUHEEY et al., 1993; FLOR et al., 2007).

Quando um grupo doador de elétrons é inserido no anel aromático, aumenta-se

a possibilidade de ressonância e, consequentemente, a estabilidade do anel. Sendo

mais estável, a energia dos orbitais ligantes diminui e a dos antiligantes aumenta,

elevando a diferença de energia entre os orbitais HOMO e LUMO. Assim, para excitar

os elétrons e levar a molécula do estado fundamental para um estado de energia mais

alta, é necessária uma radiação mais energética, isto é, com menores comprimentos de

onda.

O contrário ocorre quando é adicionado ao anel aromático um grupo receptor de

elétrons. Esse grupo receptor irá desestabilizar o sistema aromático e, com isso,

aumentar a energia do orbital ligante e diminuir a energia do orbital antiligante,

reduzindo a diferença entre os orbitais HOMO e LUMO. Para excitar a molécula, nesse

caso, é necessária uma radiação de baixa energia, ou seja, com maiores comprimentos

de onda (HUHEEY et al., 1993; FLOR et al., 2007).

A Figura I.4 ilustra de forma simplificada os orbitais moleculares do benzeno

quando são adicionados grupos doadores e receptores de elétrons.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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Figura I.4. Diagramas dos orbitais moleculares (a) do benzeno (b) do benzeno quando

é adicionado um grupo doador de elétrons ao anel e (c) do benzeno quando é

adicionado um grupo receptor de elétrons ao anel (FLOR et al., 2007).

Considerando as estruturas dos filtros, pode-se observar que na estrutura do

octil dimetil PABA (PABA) estão presentes o grupo doador de elétrons (CH3)2N e o

grupo receptor de elétrons COOR. Já no butil metoxidibenzoilmetano (BMDM) há

apenas o grupo receptor de elétrons COCH2COHC6H6. De acordo com a TOM, o filtro

BMDM está com anel aromático mais desestabilizado e a diferença de energia entre

HOMO e LUMO é menor quando comparado ao PABA. Como consequência, o

comprimento de onda onde o BMDM tem sua máxima absorção é em 359 nm,

enquanto que o PABA em 313 nm.

Para conseguir uma proteção em uma ampla faixa do espectro da radiação UV,

as indústrias cosméticas normalmente utilizam uma combinação de compostos filtros

UV que absorvem a radiação em diferentes regiões do espectro.

Idealmente os compostos filtros UV devem ser fotoquimicamente estáveis na luz

do sol, dissolver ou dispersar fácil e permanentemente no veículo, permanecer na pele

após transpiração ou contato com água, ser atóxico e não causar irritação ou alergia de

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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contato. No entanto, os filtros orgânicos apresentam maior potencial alergênico e de

causar irritações da pele quando comparados aos filtros inorgânicos. Além disso, foi

verificada a presença de filtros orgânicos na urina de indivíduos expostos às

formulações, comprovando a absorção desses pela pele (SALVADOR, 2005). Os

efeitos desses compostos no organismo ainda não são bem conhecidos. Há na

literatura estudos que sugerem que alguns desses compostos sejam nocivos ao

sistema endócrino, afetando a produção de hormônios principalmente em mulheres

(CALAFAT et al., 2008; SEIDLOVÁ-WUTTKE et al., 2006).

I.4. PROTETORES SOLARES

Para disponibilizar os filtros solares ao consumidor é necessário que os mesmos

estejam incorporados a um veículo. Esta associação filtro solar/veículo denomina-se

protetor solar ou fotoprotetor.

A formulação de um fotoprotetor exige a observação de vários componentes, que

são indispensáveis para a obtenção de um produto ideal, ou seja, seguro, resistente à

água, estável e econômico. O tipo de filtro solar (ingrediente ativo) é apenas um desses

componentes, sendo a fotoproteção também influenciada pelo veículo escolhido e seus

componentes, bem como pela espessura e uniformidade do filme formado sobre a pele

(MILESI & GUTERRES, 2002).

Diversos são os veículos possíveis de serem utilizados no preparo de protetores

solares, envolvendo desde simples soluções até sistemas mais complexos como

emulsões. Os principais veículos empregados em formulações fotoprotetoras são:

a) Produtos baseados em óleos (óleos, batons, géis oleosos, sprays oleosos)

Esse tipo de protetor é relativamente fácil de preparar, pois a maioria das

substâncias ativas é óleo ou sólido cristalino solúvel em óleo. Normalmente são

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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adicionados espessantes como ceras, particulados como sílica e argila e polímeros

solúveis em óleos, que tornam o produto mais viscoso (TANNER, 2006).

Embora esse tipo de fotoprotetor seja o mais fácil de preparar, ele não é tão

popular devido à sensação desagradável na pele e seu alto custo. Geralmente esse tipo

de veículo é empregado para formular protetores solares com baixos fatores de

proteção, devido à sua baixa capacidade de formar filme sobre a pele.

b) Produtos baseados em água (géis aquosos)

É o tipo menos disponível comercialmente, devido ao limitado número de filtros

hidrossolúveis e também à sua pobre resistência à água e transpiração. Seu preparo

também é relativamente fácil; combina água com o filtro solúvel e um espessante como

um polímero hidrossolúvel (TANNER, 2006).

c) Produtos baseados em álcool/óleo (géis, sprays)

Esse tipo de produto agrega vantagens dos produtos baseados em água e em

óleo, pois diferentemente da água, o álcool dissolve praticamente todos os filtros, além

de ser volátil e minimizar os resíduos do produto na pele. Adicionalmente, esses

produtos apresentam a vantagem de serem transparentes, secarem rapidamente após

a aplicação e proporcionar sensação de refrescância.

As principais desvantagens dos produtos baseados em álcool/óleo são o maior

potencial de ressecamento da pele, além da dificuldade de aplicação causada pela

rápida evaporação do produto, podendo resultar em filmes com diferentes espessuras

na pele (TANNER, 2006).

d) Produtos baseados em emulsões (cremes, loções, sprays mousses)

É o tipo mais comum de protetores solares, sendo disponibilizados nas formas

óleo em água (O/A) e água em óleo (A/O). Devido ao fato de a água ser um dos

principais componentes, a sensação na pele é mais agradável e seu custo é reduzido.

Além disso, por ter a fase oleosa, incorpora praticamente todos os tipos de filtros,

inclusive os inorgânicos e também outros ingredientes como emolientes, hidratantes,

agentes antiidade, entre outros.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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Para manter a loção fotoprotetora estável e evitar a separação das fases, são

adicionados emulsificantes à formulação, além de outros componentes como

emolientes, que atuam sobre a espalhabilidade e a penetração na pele e formadores de

filmes, que garantem a hidrorresistência na pele (TANNER, 2006).

No Brasil os protetores solares são considerados cosméticos (ANVISA),

diferentemente dos Estados Unidos da América, onde o FDA (Food and Drug

Administration) considera esses produtos como “OTC” (over the counter, uma

denominação utlizada para medicamentos de venda livre) desde 25 de agosto de 1978,

quando publicou no Federal Register um aviso antecipado de proposta de

regulamentação (ANPR) quando utilizados em seres humanos (RUVOLO JUNIOR,

1997), já que são considerados como produtos para prevenção de efeitos agudos

(como o eritema solar) e crônicos (como o câncer de pele) causados pela radiação

solar (FDA, 1999).

I.5. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FILTROS SOLARES

Devido ao grande número de filtros solares permitidos e a complexidade da

formulação em que eles estão incorporados, o desenvolvimento de um método que

quantifique as concentrações de agentes filtros se tornou muito importante. As

indústrias de cosméticos precisam checar seus produtos regularmente quanto à pureza

e se estão de acordo com a legislação. As análises de protetores solares também são

empregadas no desenvolvimento de novos filtros e formulações, para checar a

estabilidade, propriedades e possíveis produtos de degradação, que podem ser tóxicos

(GRANGER & BROWN, 2001). O maior desafio no que diz respeito à determinação de

filtros solares em formulações fotoprotetoras é a determinação em menor tempo

possível, o preparo de amostra, já que esses filtros estão incorporados em uma matriz

bastante complexa, e a utilização de reagentes baratos e disponíveis.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

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A cromatografia gasosa (GC, gas chromatography) é umas das técnicas

utilizadas para a determinação de alguns filtros solares. O primeiro trabalho publicado

com GC foi em 1972 e visou a determinação de cinamatos e salicilatos em

bronzeadores. Essa técnica, contudo, não é muito empregada devido ao fato de os

filtros solares, de modo geral, não serem voláteis e/ou termoestáveis. A identificação e

a quantificação de filtros solares por GC é limitada a determinação de filtros UV

ionizáveis, como o ácido para-aminobenzóico (PABA) ou ácido fenilbenzimidazol

sulfônico. A derivatização com reagentes sililantes pode aumentar a volatilidade dos

compostos e também a sensibilidade do método (SALVADOR & CHISVERT, 2005).

A eletroforese capilar também é uma das técnicas empregadas para a

determinação de filtros solares. A técnica mais utilizada é a eletroforese capilar no

modo micelar, que é conhecida como cromatografia eletrocinética micelar (MEKC,

micellar electrokinetic chromatography) e combina as características da separação

eletroforética com aquelas das interações hidrofóbicas entre analito e micela. Essa

técnica é muito útil na separação de moléculas com cargas neutras, como é o caso da

maioria dos filtros solares. De acordo com os trabalhos reportados, a técnica de MEKC

para a determinação de filtros solares se mostrou rápida, eficiente e econômica em

relação às outras técnicas. No entanto, os trabalhos se limitaram a determinação de

benzofenonas, ácidos para-aminobenzóicos e sulfônicos e cinamatos (WANG & CHEN,

2000; WANG & LEE, 2003).

Outras técnicas foram reportadas para a determinação de filtros solares, como

análise por injeção em fluxo acoplado a espectrometria de UV-Vis (CHISVERT et al.,

2001a), espectrometria Raman (CHENG et al., 1997; OLADEPO & LOPPNOW, 2008) e

voltametria (WANG, 2002). No entanto, um estudo detalhado desses trabalhos mostra

que os métodos publicados não são adequados para um controle de produção

periódico, pois requerem tempo excessivo de análise e pré-tratamentos laboriosos das

amostras. Além disso, esses métodos não refletem o grande número de filtros UV e

misturas em uso hoje em dia.

A cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, high performance liquid

chromatography) é a técnica mais utilizada para a determinação de filtros UV em

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

19

protetores solares. Além de ser uma técnica versátil e prática, ela é compatível com a

baixa volatilidade dos compostos. Alguns trabalhos foram publicados com diferentes

métodos utilizando HPLC (Quadro I.2).

Quase todos os trabalhos publicados usam HPLC em fase reversa, a qual é ideal

para análise de formulações contendo filtros solares, visto que a maioria delas tem base

resistente à água. Shaath e colaboradores (1986) publicaram um dos únicos

procedimentos em fase normal, mas não houve reprodutibilidade do tempo de retenção.

A coluna escolhida na maioria dos casos é a do tipo C18. Tomasella e

colaboradores (1991), e Vanquerp e colaboradores (1999) utilizaram uma coluna C8

apenas para testes de estabilidade dos filtros solares. Fases estacionárias C18 não

apresentam efeito de memória e, portanto, os tempos de retenção são mais

consistentes (GRANGER & BROWN, 2001).

Tanto eluições isocráticas quanto eluições por gradiente são usadas. Eluições

por gradiente permitem uma grande faixa de polaridade do solvente, mas tem a

desvantagem de requerer um maior tempo de análise, além de elevar o custo da

análise. As fases móveis mais utilizadas são metanol e/ou acetonitrila com água. Visto

que os filtros solares geralmente tem o máximo de absorção na região entre 270-360

nm, metanol e acetonitrila são excelentes solventes para serem usados como fase

móvel, já que o mesmos possuem altas transmitâncias nessa região e misturam com

água em qualquer proporção. Ácidos ou tampões ácidos são utilizados na fase móvel

em alguns trabalhos citados na literatura com o objetivo de reduzir a cauda dos picos,

pois a maioria das colunas de fase reversa tem material de constituição a base de sílica

que só são estáveis em pH entre 2 e 8 (GRANGER & BROWN, 2001).

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

20

Quadro I.2. Trabalhos publicados com diferentes métodos para determinação de filtros solares utilizando HPLC

Filtros solares analisados Preparo de

amostra Fase estacionária Fase móvel Referência

Benzofenona-3, butil metoxi dibenzoilmetano, octocrileno,

salicilato de octila, metoxicinamato de octila, octil

dimetil PABA

Diluição com etanol

RP Shimpack (150 mm x 4,6 mm,

5 m)

Isocrático 1. CH3CN:H2O pH = 2,7: H3PO4

(93:7 v/v)

RIBEIRO, 2004

Benzofenona-3, octil dimetil PABA, metoxicinamato de octila, salicilato de octila,

homosalato

Diluição com etanol

LiChropher 100RP18 (125 mm x 4,0 mm,

5 m)

Isocrático H2O:HAc:EtOH (29,5:0,5:70 v/v/v)

CHISVERT et al.,

2001a

Benzofenona-3, Octil Dimetil PABA, metoxicinamato de

octila, metilbenzilideno cânfora, butil

metoxidibenzoilmetano

Extração por fluido supercrítico (SFE)

Hypersil Phenyl (150 mm x 3,0 mm,

5 m)

Isocrático MeOH:ACN:THF:H2O

(45:10:10:35 v/v/v/v) c/ 0,5% de HAc

SCALIA, 2000

Benzofenona-3, Octil Dimetil PABA, metoxicinamato de

octila, metilbenzilideno cânfora, butil

metoxidibenzoilmetano, salicilato de octila, octocrileno,

ácido fenilbenzimidazol sulfônico

Diluição em metanol, acetonitrila e

tetraidrofurano

Zorbax, C18 (150 mm x 4,6 mm,

5 m)

Isocrático MeOH:ACN:THF:H2O

(40:10:10:40 v/v/v/v) com 0,5% de HAc

SIMEONI et al.,

2005

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

21

cont. Quadro I.2. Trabalhos publicados com diferentes métodos para determinação de filtros solares utilizando HPLC

Filtros solares analisados Preparo de

amostra Fase estacionária Fase móvel Referência

Benzofenona-3,

metilbenzilideno cânfora, metoxicinamato de octila

Diluição em metanol e extração

assistida por microondas

Inertsil C18, ODS-2 (150 mm x 1,0 mm,

5 m)

Isocrático ACN:H2O (90:10 v/v)

SHIH & CHENG, 2000

Bis-etilexil oxifenol metoxifenil

triazina, Benzofenona-3, metoxicinamato de octila, butil

metoxidibenzoilmetano

Diluição com etanol

Nucleodur Gravity RP 18 (150 mm x 4,6 mm,

5 m)

Gradiente ACN:THF:H2O-CH3COOH

DENCAUSSE et al., 2008

Metileno bis-benzotriazolyl tetrametilfenol, octocrileno, metoxicinamato de octila,

salicilato de octila

Diluição em dimetil formamida, metanol e acetonitrila

Hypersil RP-C18 (250 mm x 4,6 mm,

5 m)

Isocrático MeOH:ACN (90:10 v/v)

SMYRNIOTAKIS & ARCHONTAKI,

2004

Benzofenona-3, butil

metoxidibenzoilmetano, metoxicinamato de octila,

salicilato de octila e homosalato

Diluição em acetonitrila e água

Novapak C18 (150 mm x

3,9 mm, 4 m); Symmetry C18 (75 mm x

4,6 mm, 3,5 m) (colunas em série)

Gradiente ACN:H2O KEDOR-

HACKMANN et al.,

2006

Benzofenona-3, benzofenona-4, butil metoxidibenzoilmetano,

Octil Dimetil PABA, metoxicinamato de octila,

salicilato de octila e homosalato

Diluição em etanol

LiChrospher 100 RP-18, (125 mm x 4,0 mm,

5 m)

Isocrático EtOH:H2O:HAc (70:29,5:0,5 v/v/v) contendo

65,4 mmol L -1 de hidroxipropil β-ciclodextrina

CHISVERT et al.,

2001b

HAc: ácido acético; ACN: acetonitrila; EtOH: etanol; THF: tetraidrofurano; MeOH: metanol

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

22

I.6. FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR (FPS)

O fator de proteção solar (FPS) de um protetor solar foi desenvolvido como um

meio de se avaliar quantitativamente o grau de proteção oferecido pelo produto contra a

radiação solar. O FPS é visto como uma medida da eficácia do protetor solar, o qual

indica quantas vezes o tempo de exposição ao sol, sem eritema, pode ser aumentado

com uso do protetor (BLEASEL & ALDOUS, 2008; NOLE & JOHNSON, 2004; EL-

BOURY et al., 2007; MILESI & GUTERRES, 2002; WOLF et al., 2001; LONNI et al.,

2008; FLOR et al., 2007). Por definição o FPS é a relação entre a menor quantidade de

energia UV necessária para produzir um eritema na pele protegida com protetor solar

com a quantidade de energia necessária para produzir o mesmo eritema na pele

desprotegida (OSTERWALDER & HERZOG, 2009). O FPS é calculado por meio da

equação I.1:

)(

)(F

proteçãosempeleDME

proteçãocompeleDMEPS (I.1)

onde DME é a dose mínima eritematosa, ou seja, dose mínima necessária para ocorrer

o eritema.

A ANVISA estabeleceu obrigatoriedade da indicação do número de proteção

solar precedido pela sigla “FPS” ou “SPF” ou das palavras “Fator de Proteção Solar”

nos protetores solares. Além disso, no verso da embalagem, deve conter expressões

orientativas como as do Quadro I.3 (ANVISA, 2002).

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

23

Quadro I.3. Expressões orientativas para rotulagem de protetores solares (ANVISA,

2002).

Baixa: (2 ≤ FPS < 6) Pele pouco sensível “Oferece baixa proteção contra

queimaduras solares”

Moderada: (6 ≤ FPS< 12) Pele sensível “Oferece moderada proteção

contra queimaduras solares”

Alta: (12 ≤ FPS< 20) Pele muito sensível “Oferece alta proteção contra

queimaduras solares”

Muito Alta: (FPS ≥ 20) Pele extremamente

sensível

“Oferece muito alta proteção

contra queimaduras solares”

Como a radiação UVB é aproximadamente mil vezes mais eritematosa que a

radiação UVA, o FPS é praticamente medido em termos da UVB (PALM &

O’DONOGHUE, 2007).

O FPS é dependente da capacidade do produto de absorver energia radiante,

que é proporcional à concentração dos compostos absorvedores e/ou refletores de

radiação eletromagnética que o compõe, intervalo de absorção e comprimento de onda

onde ocorre absorção máxima. A associação de diferentes filtros químicos e físicos em

formulações é um recurso empregado para melhorar a eficácia e potencializar o fator de

proteção solar (LONNI et al., 2008).

Existem substâncias que, embora destituídas de efeito fotoprotetor intrínseco,

determinam o aumento da eficácia das formulações contendo filtros solares. Essas

substâncias desempenham diversos papéis na formulação, como por exemplo, a de

agentes formadores de filmes (filmógenos), capazes de torná-las altamente resistentes

à lavagem com água pois são insolúveis em água, possuindo baixa tensão superficial,

conferindo as propriedades de formador de filme. Os agentes de emoliência também

podem contribuir com o aumento da eficácia da formulação fotoprotetora por

aumentarem sua lipofilicidade, resultando em uma melhor deposição dos filtros solares

sobre a pele e conferindo ao produto uma maior resistência à água (AZZELLINI, 1995).

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

24

Substâncias que previnem reação inflamatória ocasionada pela radiação UVB também

são propostas para a melhoria da eficácia dos protetores solares (COHEN et al., 1994).

Além dos componentes da formulação fotoprotetora, outros fatores podem ter

influência no FPS. A proteção atingida por um fotoprotetor depende da quantidade de

produto aplicada sobre a pele, do período de aplicação e reaplicação, da intensidade

das atividades físicas que a pessoa pratica, que pode conduzir à produção excessiva

de suor ou exposição à água, que resultarão na remoção de parte do filtro aplicado

(MILESI & GUTERRES, 2002). O padrão quantitativo de protetor solar por unidade de

pele, segundo a ANVISA, é de 2 mg cm-2, assim, a cada aplicação deverá ser usada a

quantidade de 30 a 40 g do produto por um indivíduo adulto de tamanho e peso

normais (FLOR et al., 2007).

O FPS comumente varia entre 2 e 60. Essa variação não é linear, isto é, um

protetor com FPS 15 não é metade de um FPS 30 em termos da habilidade de reduzir a

radiação eritematosa na pele. A porcentagem de radiação transmitida é dada pela

equação I.2 e a porcentagem de radiação bloqueada é dada pela equação I.3 (NASH &

TANNER, 2006):

100

1(%)

FPSatransmitidUV (I.2)

1001

1(%)

FPSbloqueadaUV (I.3)

Isso significa que um produto com FPS 15 bloqueia 93,3 % da radiação UV e um

produto com FPS 30 bloqueia 96,7 % da radiação UV, o que resulta em uma diferença

de apenas 3,4 % (NASH & TANNER, 2006). O gráfico com a relação entre a

porcentagem de radiação UV bloqueada e o fator de proteção solar está apresentado

na Figura I.5.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

25

Figura I.5. Relação não-linear entre a porcentagem de radiação UV bloqueada e o FPS

de formulações fotoprotetoras.

Com o avanço da tecnologia e até mesmo da conscientização da população

sobre os efeitos danosos da radiação UV, ficou muito comum serem encontrados

fotoprotetores com altos FPS, como 40 ou 50, o que não é necessário, pois a diferença

de porcentagem bloqueada entre esses e os fotoprotetores com FPS 30 é muito

pequena e insignificante em termos biológicos. Além disso, quanto maior o FPS, mais

oneroso se torna o produto e maior é a possibilidade de reações alérgicas, umas vez

que o composto filtro solar, que é irritante para a pele, é empregado em concentrações

maiores (MILESI & GUTERRES, 2002). Alguns autores defendem, ainda, que quando o

valor do FPS é muito elevado, as pessoas sentem-se mais seguras e acabam por se

expor ao sol muito mais do que deveriam, aumentando o risco de câncer de pele

(CASWELL, 2001; WOLF, 2001).

0 10 20 30 40 50 60

50

60

70

80

90

100

% d

e r

adiaçã

o UV e

rite

mato

sa b

loqu

eada

FPS

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

26

I.7. DETERMINAÇÃO DO FPS

Para a determinação do FPS de protetores solares, existem basicamente três

tipos de metodologias preconizadas: a do FDA (Food and Drug Administration),

utilizada nos EUA; a da COLIPA (The European Cosmetics Association), utilizada nos

países europeus e a da SAA (Standard Australian Association) (RUVOLO JUNIOR,

1997).

Esses métodos se baseiam no teste in vivo. Eles utilizam homens e mulheres

com tipos de pele definidos e consideram a resposta biológica. A pele de cada pessoa

testada deve ser íntegra, sem bronzeamento e não deve ter uma resposta anormal a

luz solar induzida por medicamentos ou naturalmente. Uma quantidade de produto de 2

mg cm-2 é aplicada na pele das costas de voluntários. Após 15 minutos, as áreas com o

produto são irradiadas com um simulador solar que emite um espectro de emissão

contínuo entre 290-400 nm. A avaliação visual das reações na pele (eritema

perceptível) é feita 16-24 horas após a exposição à radiação UV por um avaliador

treinado. A dose mínima eritematosa (MED) é medida pela quantidade de energia por

unidade de área (J cm-2) necessária para causar um eritema mínimo, que é

proporcional à duração da exposição à radiação. O FPS do produto é calculado pela

média aritmética de todos os FPS obtidos para cada indivíduo (BENDOVÁ et al., 2007;

BLEASEL & ALDOUS, 2008).

O método in vivo é contestado por vários autores por ser um método lento,

laborioso e, principalmente, por utilizar seres humanos. Vários grupos têm se dedicado

ao desenvolvimento de um método in vitro que seja eficaz e elimine a necessidade de

se utilizar indivíduos nos testes.

Os métodos in vitro mais empregados são baseados em técnicas de análises

espectrofotométricas envolvendo medidas de transmissão ótica na região ultravioleta.

Numa delas, proposta por Mansur e colaboradores (MANSUR et al., 1986), mede-se a

transmissão de uma solução do protetor diluída em um solvente apropriado. Um

segundo método, proposto por Diffey e Farr (1991), envolve a medição da transmissão

ótica através de um filme fino do produto aplicado sobre um substrato teste artificial.

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CAPÍTULO I INTRODUÇÃO

27

Evoluções desses métodos in vitro foram propostas também por outros autores

e, embora sejam precisos, não apresentaram uma boa correlação com o método oficial

(in vivo). Uma das limitações desses métodos é que não é considerado um fator

envolvendo a interação da pele humana com o produto. Geralmente os testes in vitro

são aplicados como “pré-testes” como uma previsão do FPS antes de se aplicar o

produto em humanos, reduzindo assim, os riscos de queimaduras nos voluntários

submetidos aos testes in vivo.

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II. OBJETIVOS

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CAPÍTULO II OBJETIVOS

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O objetivo geral do trabalho foi o desenvolvimento e validação de métodos para

a determinação de filtros solares em loções fotoprotetoras, usando a cromatografia

líquida de alta eficiência com o detector de arranjo de diodos, assim como avaliar a

possibilidade do uso da fluorescência de raios-X para estimar o fator de proteção solar.

Os objetivos específicos compreenderam:

Estabelecimento e otimização das condições cromatográficas (fase estacionária

e composição da fase móvel) para a separação e determinação dos principais

filtros orgânicos usados em formulações fotoprotetoras comercializadas no

Brasil.

Avaliar diferentes preparos de amostra.

Validar o método para a determinação dos filtros orgânicos por HPLC-DAD.

Aplicar o método na análise de amostras.

Verificar se as formulações comerciais obedecem à resolução RDC nº 47 de 16

de março de 2006 (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2006),

que trata dos filtros ultravioletas permitidos para produtos de higiene pessoal,

cosméticos e perfumes, limitando a concentração máxima de cada substância

nas formulações comercializadas no Brasil.

Avaliar a potencialidade do uso da fluorescência de raios-X para determinar o

FPS, usando métodos quimiométricos.

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III. EXPERIMENTAL

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

35

III.1. REAGENTES E SOLUÇÕES

Os padrões analíticos utilizados foram:

Ácido 2-fenil 5-benzimidazolsulfônico (ÁCIDO FENILBENZIMIDAZOL

SULFÔNICO) (AFS) 96%, Aldrich;

2-Hidroxi-4-metoxibenzofenona (BENZOFENONA-3) (BZ3) 98%, Aldrich;

2-Etilexil 2-ciano-3,3-difenilacrilato (OCTOCRILENO) (OCT) 97%, Aldrich;

4-Metil-benzilideno cânfora (4-METIL BENZILIDENO CÂNFORA) (MBC),

AccuStandard;

2-Etilexil 4-(dimetil-amino) benzoato (OCTIL DIMETIL PABA) (PABA) 98%,

Aldrich;

Octil-metoxicinamato (METOXICINAMATO DE OCTILA) (MCE), AccuStandard;

1-(4-Metoxifenil)-3-(4-tert-butilfenil)-1,3-propanodiona (BUTIL METOXI

DIBENZOIL METANO) (BMDM), Aldrich;

Salicilato de 3,3,5-trimetilcicloexila (HOMOSALATO) (HMS), Aldrich;

Salicilato de 2-etilexila (SALICILATO DE OCTILA) (SCL) 99%, Aldrich.

Os reagentes e solventes utilizados foram:

Etanol P.A. 99,7%, J. T. Baker;

Hidróxido de sódio P. A. 97%, Synth;

Metanol grau HPLC, Tedia;

A água utilizada foi purificada em sistema Milli-Q da Milipore (EUA).

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

36

III.1.1. SOLUÇÕES ESTOQUE

As soluções padrão estoque foram preparadas separadamente, na concentração

de 1000 µg mL-1, exceto o padrão BMDM que foi preparado na concentração de 500 µg

mL-1.

Os padrões de BZ3, OCT, MBC, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL foram

pesados, dissolvidos e diluídos em metanol grau HPLC, exceto o padrão AFS, que não

é solúvel em metanol, foi dissolvido em 1 mL de hidróxido de sódio 1 mol L-1 e então

diluído em metanol. As soluções estoque foram armazenadas em frasco âmbar e em

freezer à -18 oC.

III.1.2. SOLUÇÕES PADRÃO DE TRABALHO

As soluções padrão de trabalho para a avaliação da linearidade, faixa de

trabalho e sensibilidade foram preparadas nas concentrações de 1 a 40 µg mL -1 a partir

das soluções estoque mediante diluição em MeOH:H2O 88:12 v/v (fase móvel).

As soluções padrão de trabalho para aplicação nas avaliações de precisão e

exatidão e análise de amostras foram preparadas nas concentrações de 1 a 30 µg mL -1

a partir das soluções estoque mediante diluição em MeOH:H2O na proporção 88:12 v/v

(fase móvel).

Todas as soluções padrão de trabalho foram armazenadas em frasco âmbar e

estocadas sob refrigeração (4 ºC) em um tempo máximo de três meses.

III.2. EQUIPAMENTOS

Cromatógrafo à líquido equipado com sistema de bombeamento binário modelo

600 (Waters), injetor Rheodyne 7725 com alça de amostragem de 20 µL, associado

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

37

a um detector por arranjo de fotodiodos PDA modelo 996 (Waters, USA);

Cromatógrafo à líquido equipado com sistema de bombeamento binário modelo

1525 (Waters), injetor manual Rheodyne modelo 7725 com alça de amostragem de

50 µL, associado a um detector por arranjo de fotodiodos PDA modelo 2996

(Waters, USA);

Forno para coluna cromatográfica modelo 1500 (Waters, USA);

Ultrassom Ultra Cleaner 1450 (Unique, Brasil);

Centrífuga Zentrifugen Rotofix 32ª (Hettich, Alemanha);

Compressor Aspirador modelo 089-CAL (Fanem, Brasil);

Balança analítica modelo XT220A (Precisa, Brasil);

Espectrômetro de fluorescência de raios X por dispersão de energia (EDXRF)

modelo EDX-700, constituído por um tubo de Rh e um detector semi-condutor de

Si (Li) (Shimadzu, Japão).

III.3. PROCEDIMENTOS

III.3.1. TESTES DAS FASES ESTACIONÁRIAS

As fases estacionárias testadas foram:

ACE® 5 C18 (250 mm x 4,6 mm, 5 µm), ACT, Escócia;

X-BridgeTM C18 (150 mm x 4,6 mm, 3,5 µm), WATERS, EUA;

X-Terra® RP18 (250 mm x 4,6 mm, 5 µm), WATERS, EUA;

X-Terra® RP18 (150 mm x 2,1 mm, 3,5 µm), WATERS, EUA.

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

38

Para o teste das fases estacionárias foi utilizada uma solução contendo todos os

padrões analíticos preparados em metanol grau HPLC a partir das soluções estoques e

na concentração de 10 µg mL-1.

O cromatógrafo a líquido utilizado nesse teste foi o Waters modelo 600. Foi

injetada a solução contendo a mistura de todos os padrões analíticos com uma fase

móvel inicial de MeOH:H2O 85:15 v/v e então, foram otimizados o tipo de eluição e a

composição da fase móvel para obter a melhor separação dos compostos no menor

tempo possível. As eluições testadas para cada fase estacionária encontram-se

descritas na Tabela III.1.

As vazões utilizadas foram selecionadas de modo que a pressão do sistema não

ultrapassasse a pressão definida para cada coluna cromatográfica. As vazões foram de

1,0 mL min-1 para as colunas ACE e X-Terra RP18 (250 mm x 4,6 mm, 5 µm), de 0,25

mL min-1 para a coluna X-Terra® RP18 (150 mm x 2,1 mm, 3,5 µm) e vazão de 0,7 mL

min-1 para a coluna X-BridgeTM C18.

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

39

Tabela III.1. Tipos de eluições e fases móveis avaliadas para as fases estacionárias.

Coluna Eluição Tempo (min) % MeOH %H2O

ACE

Isocrático 1 - 85 15

Isocrático 2 - 88 12

Gradiente 1

0 80 20

5 90 10

20 80 20

Gradiente 2

0 70 30

5 90 10

15 70 30

Gradiente 3

0 70 30

5 90 10

15 80 20

30 70 30

Gradiente 4

0 85 15

5 90 10

15 85 15

Gradiente 5

0 85 15

5 90 10

15 80 20

25 85 15

Gradiente 6

0 85 15

5 90 10

10 80 20

20 85 15

X-Bridge

Isocrático 1 - 85 15

Gradiente 7

0 85 15

10 80 20

15 85 15

X-Terra®

RP18 (250 x

4,6 mm, 5 µm)

Isocrático 1 - 85 15

Isocrático 3 - 80 20

Gradiente 8

0 85 15

5 80 20

10 85 15

X-Terra®

RP18 (150 x

2,1 mm, 3,5

µm)

Isocrático 1 - 85 15

Isocrático 3 - 80 20

Isocrático 4 - 70 30

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

40

III.3.2. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA SEPARAÇÃO CROMATOGRÁFICA

Para avaliar a influência da temperatura na separação cromatográfica dos filtros

solares foi utilizada uma solução contendo todos os padrões analíticos preparados em

metanol grau HPLC a partir das soluções estoques e na concentração de 10 µg mL-1.

O cromatógrafo à líquido utilizado nesse teste foi o Waters modelo 1525 com a

coluna cromatográfica ACE C18. Injetou-se a solução contendo a mistura de todos os

padrões analíticos com uma fase móvel MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão de 1,0 mL min-1

em diferentes temperaturas da coluna: 20, 30, 33, 35, 37, 40, 45 e 50 º C.

III.3.3. OTIMIZAÇÃO DO PREPARO DE AMOSTRA

Para a otimização do preparo de amostra foram selecionadas duas loções

fotoprotetoras disponíveis comercialmente de marcas diferentes, neste trabalho

denominadas de A e B, com fator de proteção solar (FPS) 15. O preparo foi testado

quanto ao:

Tipo de solvente para a diluição dos filtros: metanol ou etanol

Uso da centrifugação

O preparo da amostra consistiu em pesar 0,5 g (± 0,1 mg) da amostra

diretamente em um balão volumétrico de 50 mL e adicionar 10 mL do solvente em teste

(metanol ou etanol). A suspensão foi levada à ultrassom por 15 minutos e então o

volume do balão foi completado com fase móvel MeOH:H2O 88:12 v/v. Uma parte das

amostras foi centrifugada por 10 minutos a 5000 rpm. As soluções foram então diluídas

de acordo com a concentração de cada componente, com fase móvel MeOH:H2O 88:12

v/v. Anterior à análise cromatográfica, todas as soluções foram filtradas em filtro de

seringa de 0,22 µm. Um esquema geral, com apontamentos das principais etapas

envolvidas no preparo de amostra é ilustrado pela Figura III.1.

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

41

Figura III.1. Fluxograma do preparo de amostra.

Os compostos foram separados em uma coluna ACE, utilizando fase móvel

composta por MeOH:H2O 88:12 v/v, na vazão de 1,0 mL min-1.

III.3.4. VALIDAÇÃO DO MÉTODO

Os parâmetros de validação avaliados nesse trabalho foram:

Seletividade;

Linearidade;

Faixa de aplicação;

Sensibilidade;

Precisão (intra e inter ensaio);

Exatidão.

Banho de

ultrassom

por 15 min

Diluição para

50 mL com

fase móvel

Diluições com

fase móvel

Centrifugação

por 10 min a

5000 rpm

Filtração

a 0,22 µm 0,5 g de

amostra

10 mL de

solvente

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

42

III.3.4.1. LINEARIDADE, FAIXA DE APLICAÇÃO E SENSIBILIDADE

Para verificar a linearidade da curva analítica, foram preparadas soluções

contendo 1,0, 2,0, 4,0, 6,0, 8,0, 10,0, 15,0, 20,0, 25,0, 30,0 e 40,0 µg mL-1 dos padrões

BZ3, MBC, OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL em fase móvel MeOH:H2O 88:12

v/v.

As soluções foram injetadas no cromatógrafo à líquido modelo 1525 com fase

móvel de MeOH:H2O 88:12 v/v e coluna ACE C18. Os cromatogramas foram obtidos no

comprimento de onda máximo de cada composto.

Na ordem de obter a curva analítica para cada analito, as respectivas áreas dos

picos no cromatograma foram plotadas contra a concentração (g mL-1). As curvas

analíticas foram obtidas usando o procedimento de regressão quadrada mínima linear.

III.3.4.2. PRECISÃO

Neste trabalho foram avaliadas a precisão intra-ensaio e inter-ensaio.

A precisão intra-ensaio foi avaliada mediante análise em quintuplicata de uma

mesma amostra, em um mesmo dia, pelo mesmo analista e no mesmo equipamento.

As amostras empregadas foram: amostra B com FPS 20 para avaliar a precisão em

relação aos compostos OCT e BMDM e a amostra J com FPS 30 para avaliar a

precisão em relação aos compostos BZ3, MCE, HMS, SCL. Estes compostos avaliados

encontravam-se presentes nas respectivas amostras como mostra a Tabela IV.4. Os

compostos PABA e MBC, que não estavam presentes na formulação, foram

adicionados à amostra J antes de seu preparo. A precisão intra-ensaio foi expressa

pelo coeficiente de variação obtida nas cinco determinações.

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

43

A precisão inter-ensaio foi determinada pela análise das mesmas amostras

descritas anteriomente, no entanto, as análises foram realizadas em três dias

diferentes, usando o mesmo equipamento e realizadas pelo mesmo analista.

No primeiro dia as amostras foram analisadas em quintuplicata e nos dois dias

subsequentes em triplicata. A precisão inter-ensaio foi expressa pelo coeficiente de

variação obtido nos três dias diferentes (n=11).

O preparo de amostra consistiu na pesagem de 0,5 g (± 0,1 mg) da amostra em

balão de 50 mL e mediante adição de 10 mL de metanol. A suspensão foi levada a

ultrassom por 15 minutos e após isso, os balões foram avolumados com MeOH:H2O

88:12 v/v (fase móvel). As soluções foram centrifugadas a 5000 rpm por 10 minutos e

então foram realizadas as diluições. Anterior à análise cromatográfica, as soluções

foram filtradas em filtro de seringa de 0,22 µm.

As soluções das amostras foram injetadas no cromatógrafo à líquido modelo

1525 com fase móvel de MeOH:H2O 88:12 v/v, coluna ACE C18, vazão de 1,0 mL min-1

e volume de injeção de 50 µL. Os cromatogramas foram obtidos no comprimento de

onda máximo de cada analito. A quantificação foi realizada mediante padronização

externa.

III.3.4.3. EXATIDÃO

A exatidão foi avaliada mediante ensaio de recuperação. Para tanto, foi realizada

a fortificação (50 %) da amostra B com FPS 20 para avaliar a exatidão em relação aos

compostos OCT e BMDM e a amostra J com FPS 30 para avaliar a exatidão em relação

aos compostos BZ3, MCE, HMS, SCL. Os compostos PABA e MBC que não estavam

presentes nas formulações avaliadas foram adicionados à amostra J antes de seu

preparo. As análises foram realizadas em quintuplicata.

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

44

Para o preparo de amostra foi adicionado 50% de padrão, calculado a partir dos

resultados de precisão inter-ensaio (Tabela III.2) à 0,25 g (± 0,1 mg) da amostra em

balão volumétrico de 50 mL. Foram adicionados 10 mL de metanol e a suspensão foi

levada a ultrassom por 15 min. O volume do balão foi completado com MeOH:H2O

88:12 v/v (fase móvel) e a mistura foi centrifugada a 5000 rpm por 10 minutos. Foram

feitas as diluições necessárias com fase móvel e anterior à análise cromatográfica, as

soluções foram filtradas em filtro de seringa de 0,22 µm.

Tabela III.2. Quantidade de padrão adicionado na amostra baseado nos

resultados de precisão inter-ensaio (50 %).

Compostos Quantidade adicionada em

0,25 g de amostra (mg)

BZ3 9,80

MBC 0,08

OCT 20,03

PABA 4,00

MCE 14,83

BMDM 3,20

HMS 2,03

SCL 12,70

As soluções foram injetadas no cromatógrafo à líquido modelo 1525 com fase

móvel de MeOH:H2O 88:12 v/v, coluna ACE C18, vazão de 1,0 mL min-1 e volume de

injeção de 50 µL. Os cromatogramas foram obtidos no comprimento de onda máximo

de cada analito. A quantificação foi realizada mediante padronização externa, usando a

curva analítica no solvente.

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

45

III.3.4.4. ANÁLISE DE AMOSTRAS MEDIANTE MÉTODO POR ADIÇÃO DE PADRÃO

A curva por adição de padrão foi construída para o composto OCT. Foram

adicionadas quantidades conhecidas do padrão sob 0,5 g (± 0,1 mg) da amostra B

(FPS 20) em balão volumétrico de 50 mL. As quantidades de padrão adicionadas foram

estabelecidas considerando a análise prévia da formulação por padronização externa e

estão apresentadas na Tabela III.3.

A suspensão foi levada a ultrassom por 15 minutos e então o volume do balão foi

completado com MeOH:H2O 88:12 v/v (fase móvel). A mistura foi centrifugada a 5000

rpm por 10 minutos. Foram feitas as diluições necessárias com fase móvel e anterior à

análise cromatográfica, as soluções foram filtradas em filtro de seringa de 0,22 µm.

Tabela III.3. Quantidade de padrão adicionado em cada ponto da curva por adição de

padrão

Porcentagem de

padrão adicionado

(%)

Quantidade de padrão

adicionado

(mg)

Ponto 1 0 -

Ponto 2 15 6,00

Ponto 3 30 12,00

Ponto 4 45 18,00

Ponto 5 60 24,00

As soluções foram injetadas no cromatógrafo à líquido modelo 1525 com fase

móvel de MeOH:H2O 88:12 v/v, coluna ACE C18, vazão de 1,0 mL min-1 e volume de

injeção de 50 µL. Os cromatogramas foram obtidos no comprimento de onda máximo

do composto OCT.

A concentração foi determinada relacionando a quantidade de padrão adicionado

à amostra com as respectivas áreas obtidas (método de adição de padrão).

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

46

III.3.5. ANÁLISE DE AMOSTRAS COMERCIAIS

O método desenvolvido e validado foi aplicado nas amostras A (FPS 4, 8, 15, 30,

50 e 60), B (FPS 8, 15, 20, 30, 40 e 60), C, D, E, F, G, H, I, J, L, M e N (FPS 30) de

diferentes fabricantes comercializadas no Brasil (exceto amostras L, M e N). O país de

origem (fabricação) das amostras e os ingredientes ativos presentes em cada uma (de

acordo com o rótulo) são mostradas na Tabela III.4.

O preparo de amostra seguiu o procedimento de preparo do ensaio de precisão

(Item III.3.4.2).

As soluções foram injetadas no cromatógrafo à líquido modelo 1525 com fase

móvel de MeOH:H2O 88:12 v/v, coluna ACE C18, vazão de 1,0 mL min-1 e volume de

injeção de 50 µL. A quantificação dos compostos foi feita mediante padronização

externa.

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

47

Tabela III.4. Origem e ingredientes ativos presentes nas amostras analisadas.

Amostra País de origem Ingredientes ativos

A Brasil BZ3, OCT, BMDM e SCL

B Brasil OCT e BMDM

C Brasil MCE

D França OCT e BMDM

E Brasil BZ3, PABA e BMDM

F EUA BZ3, MCE, BMDM, HMS e SCL

G Brasil OCT e MCE

H EUA BZ3, OCT, BMDM, HMS e SCL

I Brasil BZ3, MCE, BMDM, HMS e SCL

J Brasil BZ3, MCE, HMS e SCL

L Alemanha OCT, BMDM e SCL

M Alemanha OCT e BMDM

N Alemanha OCT e BMDM

III.3.6. DETERMINAÇÃO DO FPS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X

Foram utilizadas amostras da marca B com os FPS 8, 15, 20, 30, 40 e 60. As

amostras de demais FPS utilizadas (10, 12, 13, 17, 21, 23, 25, 31, 33, 35, 37, 41, 43,

45, 47, 53, 55 e 57) foram obtidas através da combinação das amostras FPS 8 e 60.

Para as medidas analíticas foram utilizadas celas de FRX (Chemplex 1300,

diâmetro externo de 30,7 mm e volume interno de 7 cm3) montadas com seu fundo

sustentado por um filme de Mylar® (Chemplex 100), de espessura de 2,5 mm. As celas

foram preenchidas com a amostra, garantindo completa absorção do feixe de raios X. A

voltagem aplicada no tubo de raios X foi igual a 50 kV, com 25% de tempo morto no

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CAPÍTULO III EXPERIMENTAL

48

detector semicondutor de Si(Li). Os espectros foram obtidos sequencialmente, com um

passo de 0,02 keV, de 0 a 40 keV. O tempo de irradiação foi de 120 s e para cada

amostra foram preparadas 2 celas de FRX.

O tratamento dos dados foi realizado com o programa computacional Pirouette®

3.11 (Infometrix Co., 2003). Os dados do espectro (incluindo a região de espalhamento

de raios X) foram submetidos a tratamento quimiométrico por PCA e PLS, para a

construção dos modelos de calibração e validação. Para todos os casos, o pré-

processamento utilizado foi o de dados centrados na média, o que, de maneira geral,

consiste em subtrair o elemento de cada coluna pelo valor médio dos elementos dessa

coluna, obtendo-se como resultado uma matriz de emissão de raios X. Os espectros

não sofreram qualquer tipo de transformação.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

51

Foi realizado previamente um levantamento para verificar os compostos ativos

mais empregados nas principais marcas de loções fotoprotetoras comercializadas no

Brasil. Com base nessa pesquisa, selecionaram-se nove compostos a serem

estudados:ácido fenilbenzimidazol sulfônico (AFS); benzofenona-3 (BZ3); octocrileno

(OCT); 4-metilbenzilideno cânfora (MBC); octil dimetil PABA (PABA); metoxicinamato

de etilexila (MCE); butil metoxi dibenzoil metano (BMDM); homosalato (HMS) e

salicilato de etilexila (SCL), cujas estruturas estão apresentadas no Quadro I.1 (pág. 10

e 11).

IV.1. SELEÇÃO DAS CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS

A escolha das melhores condições cromatográficas, isto é, fase estacionária e

tipo de eluição da fase móvel, levou em consideração os parâmetros cromatográficos:

resolução, número de pratos e fator de assimetria.

A resolução, Rs, é a medida quantitativa da separação de dois picos adjacentes.

Quanto maior o valor de resolução, melhor será a separação entre picos de substâncias

que eluem seguidamente. Espera-se que a resolução se apresente no valor mínimo

equivalente a 1,5 (Rs>1,5) onde indica separação completa de dois compostos. O valor

de resolução foi estimado por meio da diferença entre os máximos dos picos de

interesse e a média da base dos picos, conforme a equação IV.1 (COLLINS et al.,

2006):

RS = 2 (tR2 – tR1 / wb2 + wb1) (IV.1)

Onde tR1 e tR2 são os tempos de retenção de dois compostos que apresentam

picos adjacentes e w são as larguras das bases dos picos.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

52

O número de pratos (N) é uma medida da eficiência da interação da fase

estacionária com cada componente de uma mistura que estejam eluindo através da

coluna cromatográfica. Em termos práticos, o número de pratos mede o grau de

alargamento do pico. Quanto maior o número de pratos, melhor a eficiência do sistema

cromatográfico. O valor de N deve ser superior a 2000 para cromatografia líquida de

alta eficiência. Essa grandeza foi calculada por meio da equação IV.2 (COLLINS et al.,

2006):

N = 16 (t’R/wb)² (IV.2)

O fator de assimetria (As) é uma indicação quantitativa da simetria do pico.

Quando o pico é exatamente simétrico o valor de As é igual a um (As = 1). O As foi

calculado por meio da equação IV.3 (COLLINS et al., 2006):

As = b(10% h) / a (10% h) (IV.3)

onde a e b são medidas da simetria da largura do pico a altura de 10%.

Espera-se que os fatores de assimetria estejam entre 0,9 e 1,2 para estar em

conformidade com o sistema cromatográfico (SNYDER et al., 1997).

Foram avaliadas quatro colunas cromatográficas, todas de fase C18, para

realizar a separação dos nove compostos: ACE® 5 C18 (250 mm x 4,6 mm, 5 µm), ACT,

Escócia; X-BridgeTM C18 (150 mm x 4,6 mm, 3,5 µm), WATERS, EUA; X-Terra® RP18

(250 mm x 4,6 mm, 5 µm), WATERS, EUA e X-Terra® RP18 (150 mm x 2,1 mm, 3,5

µm), WATERS, EUA. Como fase móvel foi empregada uma mistura de metanol e água.

Foi avaliado o modo de eluição isocrático e quando não foi possível a separação dos

compostos, foi também testada eluição por gradiente.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

53

A coluna X-BridgeTM C18 não apresentou seletividade para os compostos BMDM

e do MCE, que co-eluíram nas condições testadas, mesmo quando a proporção da fase

móvel foi modificada. Um cromatograma característico está apresentado na Figura IV.1.

Figura IV.1. Cromatograma obtido para a separação dos padrões AFS, BZ3, MBC,

OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na concentração de 10 g mL-1. Coluna

analítica X-BridgeTM C18, fase móvel composta de MeOH:H2O 85:15, v/v, volume de

injeção de 50 µL, vazão de 1 mL min-1 e temperatura ambiente. Comprimento de onda

de detecção: 238 nm.

A coluna X-Terra® RP18 também não apresentou a seletividade requerida, mas

nesse caso foi para os compostos MCE e HMS, que co-eluíram quando empregado

como fase móvel MeOH:H2O 85:15 v/v (Figura IV.2). Outras eluições foram avaliadas a

fim de separar os compostos MCE e HMS, mas essa separação não foi possível no

tempo da corrida de 30 minutos. Além disso, houve uma maior assimetria dos picos.

AU

0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

Minutes 2.00 4.00 6.00 8.00 10.00 12.00 14.00 16.00 18.00

AFS

BZ3

MBC

OCT PABA

BMDM+

MCE HMS SCL

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

54

Figura IV.2. Cromatograma obtido para a separação dos padrões AFS, BZ3, MBC,

OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na concentração 10 g mL-1. Coluna analítica

X-Terra® RP18, fase móvel composta de MeOH:H2O 85:15, v/v, volume de injeção de

50 µL, vazão de 1 mL min-1 e temperatura ambiente. Comprimento de onda de

detecção: 238 nm.

Uma mesma coluna coluna X-Terra® RP18, no entanto com menores partículas

(3,5 µm), também não apresentou seletividade para os compostos MCE, HMS e BMDM,

que eluíram praticamente no mesmo tempo de retenção usando como fase móvel uma

mistura de MeOH:H2O 85:15 v/v (Figura IV.3). Outras proporções de solventes foram

empregadas, mas não foi possível separar todos os compostos com resolução

adequada.

AU

0.000 0.002 0.004 0.006 0.008 0.010 0.012 0.014 0.016

Minutes 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00 15.00

AFS BZ3 MBC

OCT

PABA

MCE+

HMS

SCL

BMDM

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

55

Figura IV.3. Cromatograma obtido para a separação dos padrões AFS, BZ3, MBC,

OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na concentração 10 g mL-1. Coluna analítica

X-Terra® RP18 (150 x 2,1 mm, 3,5 µm), fase móvel composta de MeOH:H2O 85:15, v/v,

volume de injeção de 50 µL, vazão de 1 mL min-1 e temperatura ambiente.

Comprimento de onda de detecção: 238 nm.

A coluna ACE C18 apresentou seletividade para todos os compostos em estudo,

usando como fase móvel MeOH:H2O 85:15 v/v. Outras eluições isocráticas e gradientes

foram avaliadas com o propósito de diminuir o tempo de análise. A eluição que

apresentou melhor separação em menor tempo de análise foi a fase móvel composta

por MeOH:H2O 88:12 v/v, fornecendo, para todos os compostos, resolução maior que

1,5, número de pratos maior que 2000 e fator de assimetria entre 0,9 e 1,2. Um

cromatograma característico está apresentado na Figura IV.4. Os valores de Rs, N e As

estão apresentados na Tabela IV.1.

AU

0.00

0.01

0.02

0.03

0.04

0.05

Minutes 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00 9.00 10.00 11.00 12.00 13.00 14.00 15.00 16.00

AFS

BZ3

MBC

OCT PABA

MCE+

HMS+

BMDM

SCL

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

56

Figura IV.4. Cromatograma obtido para a separação dos padrões AFS, BZ3, MBC,

OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na concentração 10 g mL-1. Coluna analítica

ACE C18 (250 x 4,6 mm, 5 µm), fase móvel composta de MeOH:H2O 88:12, v/v, volume

de injeção de 50 µL, vazão de 1 mL min-1 e temperatura ambiente. Comprimento de

onda de detecção: máximo de absorção de cada composto.

Tabela IV.1. Valores de Rs, As e N para a fase estacionária ACE C18, utilizando fase

móvel MeOH:H2O 88:12 v/v.

Rs* As N

BZ3 - 1,13 11579

MBC 12,1 1,08 14626

OCT 4,5 1,03 15097

PABA 8,7 1,05 17763

MCE 3,4 1,03 17744

BMDM 3,0 1,04 16701

HMS 1,8 1,06 24846

SCL 3,0 1,04 23594

* Calculada em relação ao pico adjacente de menor tempo de retenção.

A

U

0,0

0

0,2

0

0,4

0

0,6

0

0,8

0

1,0

0

1,2

0

Minute

s

1,0

0

2,0

0

3,0

0

4,0

0

5,0

0

6,0

0

7,0

0

8,0

0

9,0

0

10,0

0

11,0

0

12,0

0

13,0

0

14,0

0

15,0

0

16,0

0

AFS

BZ3

MBC

OCT PABA MCE BMDM

HMS

SCL

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

57

Embora todas as fases estacionárias testadas sejam C18, elas apresentaram

diferenças na seletividade e resolução quando aplicadas a separação dos filtros

solares. Essas diferenças podem estar relacionadas às diferentes tecnologias de

preparo dessas fases estacionárias. As fases X-Terra e X-Bridge, fabricadas pela

Waters Corporation, utilizam a chamada sílica híbrida de primeira ou segunda geração.

Partículas esféricas híbridas orgânicas-inorgânicas foram introduzidas pela

Waters em 1999, na tentativa de se obter maior aplicação das fases C8 e C18.

Trabalhos demonstraram que fases a base de sílica híbrida permitem o uso de fase

móvel em ampla faixa de pH e altas temperatura sem perda de eficiência e sem

degradação da coluna, ao contrário do que acontece com as fases quimicamente

ligadas a base de sílica pura (SILVA et al., 2004).

As colunas X-Terra são a primeira geração de sílica híbrida e são baseadas em

uma mistura dos monômeros tetraetoxissilano e metiltrietoxissilano. As colunas X-

Bridge tem fase baseada na sílica híbrida de segunda geração, que emprega os

monômeros tetraetilssilano e bis(trietoxisilil)etano. Uma importante diferença entre as

duas fases, é que a X-Terra tem grupos metila incorporados na superfície e na estrutura

interna de suas partículas e uma concentração relativamente baixa de grupos C18

ligados. Para a X-Bridge, a maioria das pontes de etila residem na estrutura interna do

material suportando maior densidade de ligação de grupos C18 na superfície.

Diferenças na superfície química e densidade de ligação podem refletir em diferenças

de solvatação da fase estacionária e nas propriedades de retenção (KIRIDENA et al.,

2007). Isso pode explicar a inversão da ordem de eluição dos compostos BMDM, HMS

e SCL observada nos cromatogramas das fases estacionárias X-Terra e X-Bridge.

No desenvolvimento do método, optou-se por excluir o composto AFS, pois este

não apresentou retenção nas fases estacionárias empregadas, eluindo praticamente no

tempo de retardamento da fase móvel.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

58

IV.2. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA SEPARAÇÃO CROMATOGRÁFICA

Foi verificado que a temperatura é um parâmetro que afeta a separação dos

compostos em estudo. Desta forma, foi realizado um teste para a separação dos

compostos a diferentes temperaturas no intervalo de 20 a 50 °C.

Os cromatogramas da separação dos filtros solares obtidos nas temperaturas de

20, 30, 33, 35, 37, 40, 45 e 50º C são mostrados na Figura IV.5.a e Figura IV.5.b.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

59

Figura IV.5.a) Cromatogramas obtidos para a separação dos padrões AFS, BZ3, MBC,

OCT, ODP, MCE, BMDM, HMS e SCL na concentração 10 g mL-1. Coluna analítica

ACE C18 (250 x 4,6 mm, 5 µm) nas temperaturas de 20, 30, 33, 35º C, fase móvel

composta de MeOH:H2O 88:12 v/v, volume de injeção de 50 µL e vazão de 1 mL min-1.

Comprimento de onda de detecção: máximo de absorção de cada composto.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

60

Figura IV.5.b) Cromatogramas obtidos para a separação dos padrões AFS, BZ3, MBC,

OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL na concentração 10 g mL-1. Coluna analítica

ACE C18 (250 x 4,6 mm, 5 µm) nas temperaturas de 37, 40, 45 e 50 º C, fase móvel

composta de MeOH:H2O 88:12 v/v, volume de injeção de 50 µL, vazão de 1 mL min-1.

Comprimento de onda de detecção: máximo de absorção de cada composto.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

61

A avaliação da influência da temperatura na separação cromatográfica dos filtros

solares levou em consideração os parâmetros cromatográficos: tempo de retenção e

resolução. Os valores são apresentados na Tabela IV.2. Um gráfico de tempo de

retenção em função da temperatura está apresentado na Figura IV.6.

Tabela IV.2. Tempos de retenção (tR) (em minutos) e resolução (RS) dos filtros

solares. Coluna: ACE C18, fase móvel MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão 1,0 mL min-1 e

temperaturas da coluna de 20, 30, 33, 35, 37, 40, 45 e 50 º C.

20ºC 30ºC 33ºC 35ºC 37ºC 40ºC 45ºC 50ºC

BZ3 tR (min)

5,0 4,9 4,8 4,8 4,7 4,6 4,5 -

RS*

- - - - - - - -

MBC tR (min)

7,6 7,2 7,1 7,0 6,9 6,7 6,4 6,2

RS* 2,8 3,1 3,6 3,4 3,4 3,8 3,7 -

OCT tR (min)

8,7 8,3 8,0 7,9 7,8 7,5 7,1 6,8

RS* 2,4 2,3 2,2 2,2 2,2 2,0 1,8 1,7

PABA tR (min)

11,4 10,7 10,2 10,0 9,7 9,3 8,7 8,2

RS* 5,4 5,0 4,7 4,6 4,4 4,3 - -

MCE tR (min)

12,5 11,6 11,1 10,8 10,5 10,0 9,3 8,8

RS* 2,2 2,0 1,9 1,8 1,7 - 1,1 1,3

BMDM tR (min)

13,5 12,3 11,6 11,2 10,8 10,3 9,3 8,8

RS* 1,8 1,3 1,0 0,9 0,9 - - -

HMS tR (min)

14,5 13,5 12,8 12,5 12,2 11,6 10,8 10,1

RS* 1,7 2,3 2,5 2,7 - - 2,5 3,2

SCL tR (min)

15,6 14,4 13,7 13,3 12,9 12,3 11,3 10,5

RS* 1,9 1,8 1,7 1,6 1,6 1,5 1,3 1,2

*Calculada em relação ao pico adjacente de menor tempo de retenção.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

62

Figura IV.6. Gráfico do tempo de retenção em função da temperatura para os

compostos BZ3, MBC, OCT, PABA, MCE, BMDM, HMS e SCL. Coluna: ACE C18, fase

móvel MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão 1,0 mL min-1.

Os cromatogramas e os valores da Tabela IV.2 revelam que a temperatura

exerce grande influência no tempo de retenção e na resolução, principalmente dos

compostos mais retidos. Em temperaturas de 30 º C ou mais, os compostos MCE e

BMDM tendem a coeluir, perdendo resolução do sistema cromatográfico. Isso pode

gerar uma falsa identificação dos compostos ativos presentes em uma formulação

fotoprotetora. Nas condições avaliadas, uma separação completa dos compostos, com

resolução acima de 1,5, só foi possível nas temperaturas de 20 a 25 º C.

20 25 30 35 40 45 504

6

8

10

12

14

16

Te

mp

o d

e r

ete

nça

o (

min

)

Temperatura (oC)

BZ3

MBC

OCT

PABA

MCE

BMDM

HMS

SCL

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

63

IV.3. OTIMIZAÇÃO DO PREPARO DE AMOSTRA

A maioria dos trabalhos da literatura adota como preparo de amostra para

formulações fotoprotetoras a simples diluição da amostra em solventes como etanol

(CHISVERT et al, 2001a; CHISVERT et al., 2001b; DENCAUSSE et al., 2008), metanol

(DE ORSI et al., 2006; SIMEONI et al., 2005; RASTOGI & JENSEN, 1998) e

metanol/acetonitrila (SMYRNIOTAKIS & ARCHONTAKI, 2004). Como referência, os

testes iniciais de preparo de amostra para a extração dos ingredientes ativos das loções

fotoprotetoras foram baseados nas condições descritas por Ribeiro (2004). A avaliação

do tipo de solvente utilizado neste trabalho levou em consideração a melhor eficiência

de extração e o uso da centrífuga foi testado, a fim de se obter uma solução final mais

límpida e livre de compostos que possam causar um maior desgaste da coluna

cromatográfica.

Cabe ressaltar que, uma vez que não existe amostra branco disponível, foi

necessário se avaliar o preparo de amostras com uma amostra comercial. Como critério

foi levado em consideração o maior valor do analito determinado (que representaria

uma melhor extração) e menor presença de interferentes nos cromatogramas. As

amostras escolhidas foram A e B (FPS 15).

A Tabela IV.3 mostra os resultados obtidos para as amostras A e B, bem como

as condições de preparo de amostra que estão sendo avaliadas nesse tópico.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

64

Tabela IV.3. Condições de preparo de amostras e resultados médios obtidos (n= 2) para

as amostras.

Amostra Preparo de amostra Resultados, % m/m

BZ3 OCT BMDM SCL

A

Solvente: MeOH 1,41 0,71 0,88 1,77

Solvente: MeOH

Centrifugação 1,45 0,74 0,92 1,84

Solvente: EtOH 1,38 0,62 0,81 1,75

B

Solvente: MeOH - 6,32 0,93 -

Solvente: MeOH

Centrifugação - 6,38 0,90 -

Solvente: EtOH - 6,77 0,82 -

Comparando-se por teste “t” os resultados obtidos para as amostras dissolvidas

em metanol com as amostras dissolvidas em metanol com uso de centrifugação

verifica-se que não há diferença significativa (p = 0,05) entre os valores dos compostos

determinados. Entretanto, os resultados obtidos para a extração com metanol e etanol,

para a amostra A, diferem significativamente (p = 0,05). Com base nesses resultados e

levando em consideração que o metanol é o solvente principal da fase móvel, optou-se

por realizar as extrações dos compostos das formulações fotoprotetoras com metanol.

Nos cromatogramas, não houve a presença de interferentes nos tempos de

retenção dos analitos em ambos solventes de extração avaliados. No entanto, foi

verificado que a centrifugação permite a obtenção de uma solução final sem partículas

em dispersão e, portanto, esse procedimento foi adotado para as análises das

amostras.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

65

IV.4. VALIDAÇÃO

IV.4.1. LINEARIDADE, FAIXA DE APLICAÇÃO E SENSIBILIDADE

A linearidade corresponde à capacidade de produzir resultados diretamente

proporcionais à concentração dos analitos na amostra dentro de uma determinada

faixa. Matematicamente a linearidade é dada pelo coeficiente de correlação linear (r),

calculado a partir dos pontos experimentais da curva. Quanto mais próximo de 1,0 for o

r, menor a dispersão do conjunto de pontos experimentais e menor a incerteza dos

coeficientes de regressão estimados (RIBANI et al., 2004). A aceitação do coeficiente

de correlação deve ser um critério obtido pelo grupo de confiabilidade, assim como o

número de decimais a ser utilizado. A ANVISA recomenda um coeficiente de correlação

igual ou superior a 0,99 e o INMETRO um valor acima de 0,90 (ANVISA, 2003;

INMETRO, 2003).

A faixa de aplicação do método analítico corresponde à faixa do maior ao menor

nível que possa ser determinado com precisão e exatidão, usando a linearidade do

método. Geralmente, os analistas seguem o caminho inverso. Primeiro, selecionam o

intervalo de trabalho (baseado no nível de concentração do analito que desejam

estudar) e depois determinam se a relação sinal versus concentração é linear (BRITO

et al., 2003).

A sensibilidade de um método corresponde à variação de unidade de resposta

do método em função da variação da concentração do analito. É a capacidade do

método em distinguir, com determinado nível de confiança, duas concentrações

próximas. Sob o ponto de vista prático, a sensibilidade constitui a inclinação da curva

analítica, ou seja, seu coeficiente angular. Em métodos sensíveis, uma pequena

diferença na concentração do analito causa grande variação no valor do sinal analítico

medido. Esse critério expressa a capacidade do procedimento analítico gerar variação

no valor da propriedade monitorada ou medida, causada por pequeno incremento na

concentração ou quantidade do analito (BRITO et al., 2003).

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

66

Para verificar a adequação do ajuste da reta, construiu-se o gráfico dos resíduos

padronizados: dados experimentais versus resíduos padronizados. Considera-se que o

modelo está bem ajustado, para um nível de confiança de 95%, se os pontos estiverem

distribuídos no intervalo entre -2 e 2.

As curvas analíticas para os compostos filtros solares em estudo em solvente e

seus respectivos gráficos de resíduos são mostrados nas Figuras IV.7a, IV.7.b e IV.7.c.

Os parâmetros obtidos pela curva analítica, isto é, os coeficientes de correlação, a faixa

de aplicação e a sensibilidade são mostrados na Tabela IV.4.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

67

0 10 20 30 40

0

2000000

4000000

6000000

8000000

10000000

12000000 BZ3

AU

Conc (ug/mL)

0 10 20 30 40

0

5000000

10000000

15000000

20000000

25000000

MCE

AU

Conc (ug/mL)

0 10 20 30 40

0

8000000

16000000

24000000

32000000

40000000 MBC

AU

Conc (ug/mL)

Figura IV. 7.a. Curvas analíticas dos compostos BZ3, MCE e MBC na faixa de

concentração de 1 a 40 µg mL-1 e os respectivos gráficos de resíduos.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

68

0 10 20 30 40

0

3000000

6000000

9000000

12000000

15000000

18000000

BMDM

AU

Conc (ug/mL)

0 10 20 30 40

0

2000000

4000000

6000000

8000000

10000000 OCT

AU

Conc (ug/mL)

0 10 20 30 40

0

3000000

6000000

9000000

12000000HMS

AU

Conc (ug/mL)

Figura IV. 7.b. Curvas analíticas dos compostos BMDM, OCT, HMS na faixa de

concentração de 1 a 40 µg mL-1 e os respectivos gráficos de resíduos.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

69

0 10 20 30 40

0

3000000

6000000

9000000

12000000

15000000 PABA

AU

Conc (ug/mL)

0 10 20 30 40

0

3000000

6000000

9000000

12000000

15000000 SCL

AU

Conc (ug/mL)

Figura IV. 7.c. Curvas analíticas dos compostos PABA e SCL na faixa de concentração

de 1 a 40 µg mL-1 e os respectivos gráficos de resíduos.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

70

Tabela IV.4. Parâmetros da curva analítica

Parâmetros BZ3 OCT MBC PABA MCE BMDM HMS SCL

Faixa Linear

(µg mL-1) 1,0-40,0 1,0-40,0 1,0-40,0 1,0-40,0 1,0-40,0 1,0-40,0 1,0-40,0 1,0-40,0

Linearidade 0,9994 0,9977 0,9943 0,9997 0,9993 0,9993 0,9981 0,9981

Sensibilidade

(uA*/ µg mL-1) 2,96 105 2,27 105 1,03 105 3,66 105 5,69 105 3,97 105

3,23 105 3,65 105

Os coeficientes de correlação foram próximos da unidade para todos os

compostos e, portanto existe uma relação linear entre a concentração dos analitos e a

resposta de detecção.

Os gráficos de resíduos mostram que, de modo geral, os resíduos encontram-se

no intervalo aceitável. Além disso, os pontos estão distribuídos aleatoriamente e,

portanto, não há uma tendência nas dispersões.

IV.4.2. PRECISÃO

Precisão é o parâmetro que avalia a proximidade entre várias medidas efetuadas

na mesma amostra. Usualmente, é expressa como a estimativa do desvio-padrão,

variância ou coeficiente de variação (CV) de diversas medidas. O CV é dado pela

equação I.4 (BRITO et al., 2003):

CV (%) = s/m x 100 (I.4)

Na qual s é a estimativa do desvio-padrão absoluto das medidas e m é a média

das medidas.

Para a validação de métodos em um único laboratório (“single-laboratory

validation”), duas etapas são relevantes para esse parâmetro:

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

71

Precisão intra-ensaio: sob condições de repetibilidade, descreve as variações

observadas durante uma única corrida analítica;

Precisão inter-ensaios: descreve o grau de variações observadas em diferentes

corridas analíticas.

Neste trabalho foram avaliadas as precisões intra- e inter-ensaio. A precisão intra-

ensaio foi avaliada mediante análise em quintuplicata de uma mesma amostra, em um

mesmo dia, pelo mesmo analista e no mesmo equipamento. As amostras empregadas

foram: amostra B com FPS 20 para avaliar a precisão em relação aos compostos OCT e

BMDM e a amostra J com FPS 30 para avaliar a precisão em relação aos compostos

BZ3, MCE, HMS, SCL. Os compostos PABA e MBC, que não estavam presente na

formulação, foram adicionados à amostra J antes de seu preparo. A precisão intra-

ensaio foi expressa pelo coeficiente de variação obtida nas cinco determinações.

A precisão inter-ensaio foi determinada pela análise das mesmas amostras

descritas anteriomente, no entanto, as análises foram realizadas em três dias

diferentes, usando o mesmo equipamento e realizadas pelo mesmo analista. No

primeiro dia as amostras foram analisadas em quintuplicata e nos dois dias

subsequentes em triplicata. A precisão inter-ensaio foi expressa pelo coeficiente de

variação obtida nos três dias diferentes (n=11).

A Tabela IV.5 apresenta os valores de precisão intra e inter-ensaio dos filtros

solares avaliados.

A quantificação foi realizada por padronização externa, usando, para tanto, as

curvas analíticas no solvente.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

72

Tabela IV.5. Resultados da precisão intra e inter-ensaio.

OCT BMDM BZ3 MBC PABA MCE HMS SCL

RSD (%) intra –

ensaio (n= 5) 1,25 1,35 1,43 3,68 1,75 1,97 1,09 0,57

RSD (%) inter –

ensaio (n=11) 0,96 3,72 1,51 2,69 2,58 1,55 1,79 1,43

Não são considerados aceitáveis valores do coeficiente de variação superiores a

5%, segundo a Resolução RE no 899 de 29 de maio de 2003 (ANVISA, 2003). Os

resultados mostram que o método apresenta uma precisão adequada ao objetivo que se

propõe, com as estimativas dos desvios padrão relativos variando entre 0,57-3,68% e

0,96 – 3,72% para a precisão intra-ensaio e inter-ensaio, respectivamente.

IV.4.3. EXATIDÃO

A exatidão de um método analítico é a proximidade dos resultados obtidos pelo

método em estudo em relação ao valor verdadeiro, usando um procedimento

experimental para uma mesma amostra por repetidas vezes (ANVISA, 2003).

Os quatro métodos principais para o estudo da exatidão são:

Uso de material de referência certificado (MRC);

Comparação do método proposto com um método de referência;

Uso de ensaios de recuperação na matriz;

Estudos colaborativos.

Os MRC (quando disponíveis) são os materiais de controle preferidos, pois estão

diretamente relacionados com padrões internacionais. O processo de avaliação por

meio de MRC consiste em analisar número suficiente de replicatas desse material e

comparar os resultados obtidos com o valor certificado (BRITO et al., 2003).

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

73

A exatidão também pode ser estabelecida mediante comparação entre os

valores obtidos pelo método proposto com os valores obtidos para as mesmas

amostras com outro método validado (método com precisão e exatidão avaliadas).

Após análise de diferentes amostras com ambos os métodos, as diferenças obtidas

para cada amostra são calculadas e comparadas com o valor desejado (BRITO et al.,

2003).

Estudos colaborativos implicam na aceitação de pelo menos oito laboratórios

(número mínimo) em desenvolver determinado método. Somente quando for impossível

reunir tal número de laboratórios, o estudo poderá ser conduzido com o mínimo

absoluto de cinco participantes (BRITO et al., 2003).

O ensaio de recuperação, que foi utilizado neste trabalho, constitui o método

mais utilizado para validação de processos analíticos. A recuperação está relacionada

com a exatidão, pois reflete a quantidade de determinado analito, recuperado no

processo, em relação à quantidade real presente na amostra. A exatidão é expressa

como erro sistemático percentual, inerente ao processo (BRITO et al., 2003). Cabe

ressaltar que foi necessário se trabalhar com a fortificação da amostra pois não existe

matriz branco para esse tipo de amostra.

Para avaliar a exatidão, fez-se a fortificação a um nível de 50 % da amostra B

(FPS 20) para avaliar a exatidão em relação aos compostos OCT e BMDM e da

amostra J (FPS 30) para avaliar a exatidão em relação aos compostos BZ3, MCE, HMS

e SCL. Os compostos PABA e MBC que não estavam presentes nas formulações

avaliadas foram adicionados à amostra J antes de seu preparo. As análises foram

realizadas em quintuplicata. O valor da recuperação em relação ao padrão adicionado

foi calculado pela equação I.5.:

Rec (%) = valor obtido / valor adicionado x 100 (I.5)

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

74

Os resultados de recuperação e suas estimativas de desvio são mostrados na

Tabela IV.6. Como critério de aceitação foi considerado uma recuperação média entre

95 a 105 %.

Tabela IV.6. Resultados de recuperação e as estimativas dos desvios padrão relativos.

OCT BMDM BZ3 MBC PABA MCE HMS SCL

Recuperação

(%) (n = 5) 112 103 101 95 100 100 105 104

RSD (%) 1,27 1,31 2,66 1,54 1,28 2,51 2,49 1,88

Os dados obtidos mostram que o valor de recuperação para o OCT (112%) não

atende os critérios adotados. A recuperação acima do valor aceitável pode ser

explicado por um efeito matriz. Para avaliar essa hipótese foi necessário se realizar a

análise desta amostra pelo método de adição de padrão.

O método de adição de padrão consistiu em adicionar quantidades conhecidas

do composto OCT (0, 15, 30, 45 e 60%) a uma quantidade conhecida de amostra antes

do seu preparo. Os pontos foram preparados em triplicata. Construiu-se então uma

curva analítica relacionando as quantidades da substância adicionada com as

respectivas áreas obtidas. O ponto onde a reta corta o eixo das ordenadas

correspondeu à área do pico do composto OCT, sem qualquer adição do padrão. A

concentração do composto na amostra foi obtida pela extrapolação da reta no eixo das

abcissas (RIBANI et al., 2004).

Os resultados da porcentagem do composto OCT calculados pela curva de

adição de padrão estão apresentados na Tabela IV.7.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

75

Tabela IV.7. Resultados da porcentagem de OCT na amostra calculados pela curva de

adição de padrão.

OCT

Resultado na amostra (média, n=3) (%) 8,81

RSD (%) 6,07

O resultado do composto OCT na amostra obtido pela curva de adição de padrão

apresenta uma diferença de +10% em relação ao resultado obtido pela padronização

externa, que foi de 8,01%. Isso significa que o efeito matriz existe para esse composto

e, portanto, para a determinação do mesmo nesta formulação, deve-se empregar o

método de adição padrão ou corrigir o resultado final.

IV.5. ANÁLISE DE AMOSTRAS DISPONÍVEIS COMERCIALMENTE

Após validado o método cromatográfico, o mesmo foi empregado na análise de

10 amostras comercializadas no Brasil e 3 amostras comercializadas na Alemanha. O

país de fabricação das mesmas e os compostos ativos que estão presentes em cada

uma, de acordo com o rótulo, são mostrados na Tabela III.3.

Os cromatogramas obtidos para as amostras analisadas são apresentados nas

Figuras IV.8.a, IV.8.b, IV.8.c, IV.8.d e IV.8.e.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

76

Figura IV.8.a. Cromatogramas obtidos para as amostras A, B e C. Coluna ACE C18,

fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão de 1,0 mL min-1, volume de

injeção de 50 µL e temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção: máximo

de cada composto.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

77

Figura IV.8.b. Cromatogramas obtidos para as amostras D, E e F. Coluna ACE C18,

fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão de 1,0 mL min-1, volume de

injeção de 50 µL e temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção: máximo

de cada composto.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

78

Figura IV.8.c. Cromatogramas obtidos para as amostras G, H e I. Coluna ACE C18,

fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão de 1,0 mL min-1, volume de

injeção de 50 µL e temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção: máximo

de cada composto.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

79

Figura IV.8.d. Cromatogramas obtidos para as amostras J, L e M. Coluna ACE C18,

fase móvel composta por MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão de 1,0 mL min-1, volume de

injeção de 50 µL e temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção: máximo

de cada composto.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

80

Figura IV.8.e. Cromatogramas obtidos para a amostra N. Coluna ACE C18, fase móvel

composta por MeOH:H2O 88:12 v/v, vazão de 1,0 mL min-1, volume de injeção de 50 µL

e temperatura ambiente. Comprimento de onda de detecção: máximo de cada

composto.

Os cromatogramas de algumas formulações (amostras F, H, I e J) apresentam

um pico no tempo de retenção de aproximadamente 16,5 minutos. Com base nos

espectros e na literatura, sugere-se que esse pico é referente ao composto homosalato.

Esse composto tem uma unidade de nove carbonos ligados ao ácido carboxílico da

molécula de salicilato. No entanto, essa unidade de nove carbonos, chamada de

homomentila ou 3,3,5-trimetilcicloexila pode existir em duas formas isoméricas, cis e

trans (Figura IV.9). A maioria dos homosalatos disponíveis comercialmente para

preparo de formulações fotoprotetoras é uma mistura dos dois isômeros. Misturas

típicas contem 15 % do isômero cis e 85 % do isômero trans, embora misturas de 40 %

cis e 60 % trans tenham sido reportadas (LOWE et al., 1997).

Muito provavelmente o composto que elui em 16,5 minutos é o isômero do

homosalato. Para confirmar a identidade seria necessário empregar a espectrometria

de massas.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

81

cis trans

Figura IV.9. Estrutura dos isômeros cis e trans do composto homosalato.

Os resultados das amostras analisadas são mostrados na Tabela IV.8.

CO

O

OH

H

CH3

CH3

CH3H

CO

O

OH

CH3

CH3

H

CH3H

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

82

Tabela IV.8. Resultados médios dos princípios ativos e estimativas do desvio padrão

relativo das amostras analisadas.

Am. FPS Conc. Média, % (n = 3)

BZ3 MBC OCT PABA MCE BMDM HMS* SCL

A

15 1,44 - 0,74 - - 0,83 - 1,85

RSD (%) 0,92 - 2,30 - - 2,81 - 1,76

30 1,98 - 2,31 - - 2,60 - 2,95

RSD (%) 0,21 - 0,39 - - 0,43 - 0,29

50 3,91 - 2,23 - - 2,60 - 4,71

RSD (%) 0,43 - 1,42 - - 1,77 - 1,17

60 3,67 - 2,10 - - 2,39 - 4,26

RSD (%) 2,76 - 4,90 - - 3,95 - 1,15

B

8 - - 2,84 - - 0,42 - -

RSD (%) - - 0,20 - - 1,71 - -

15 - - 6,66 - - 0,93 - -

RSD (%) - - 0,97 - - 0,37 - -

20 - - 7,67 - - 1,31 - -

RSD (%) - - 2,97 - - 4,21 - -

30 - - 6,70 - - 2,07 - -

RSD (%) - - 1,26 - - 0,72 - -

40 - - 9,44 - - 2,89 - -

RSD (%) - - 0,74 - - 0,44 - -

60 - - 9,59 - - 2,13 - -

RSD (%) - - 2,26 - - 3,54 - -

C 30 - - - - 5,62 - - -

RSD (%) - - - - 1,90 - - -

D 30 - - 9,56 - - 2,26 - -

RSD (%) - - 1,31 - - 2,60 - -

E 30 3,07 - - 7,87 - 1,81 - -

RSD (%) 1,82 - - 0,51 - 1,60 - -

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

83

cont.Tabela IV.8. Resultados médios dos princípios ativos e estimativas do desvio

padrão relativo das amostras analisadas.

Am. FPS Conc. Média, % (n = 3)

BZ3 MBC OCT PABA MCE BMDM HMS* SCL

F 30 2,97 - - - 5,59 1,65 0,63/6,19 4,62

RSD (%) 1,28 - - - 1,38 1,45 0,92/2,29 1,65

G 30 - - 0,94 - 7,03 - - -

RSD (%) - - 1,44 - 1,31 - - -

H 30 3,92 - 0,80 - - 0,89 1,28/9,67 4,94

RSD (%) 0,10 - 1,23 - - 1,21 2,84/2,37 0,98

I 30 4,92 - - - 7,35 2,76 1,42/9,74 5,02

RSD (%) 1,19 - - - 1,53 0,32 0,92/1,21 1,81

J 30 3,97 - - - 6,00 - 0,83/4,94 5,07

RSD (%) 1,46 - - - 1,97 - 0,55/1,27 0,57

L 30 - - 9,59 - - 4,46 - 1,93

RSD (%) - - 2,97 - - 3,92 - 4,79

M 30 - - 9,97 - - 3,87 - -

RSD (%) - - 3,77 - - 0,40 - -

N 30 - - 9,45 - - 3,48 - -

RSD (%) - - 1,67 - - 3,99 - -

* Resultados referentes aos dois isômeros do composto HMS.

A legislação brasileira não admite valores de RSD superiores a 5 % (Resolução

RE n 899 de 29 de maio de 2003, ANVISA) e os resultados apresentados para as

amostras analisadas mostraram valores de RSD variando entre 0,1 - 4,9 %.

As concentrações máximas de filtros solares permitidas pela ANVISA (resolução

RDC nº 47 de 2006) são mostradas na Tabela IV.9. Os compostos identificados em

todas as amostras estão de acordo com o especificado no rótulo e suas concentrações

estão dentro do limite máximo permitido pela legislação.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

84

Tabela IV.9. Concentração máxima dos filtros solares permitida em formulações

fotoprotetoras comercializadas no Brasil.

Composto Concentração máxima permitida

(ANVISA, RDC nº 47 de 2006) (%)

BZ3 10

MBC 4

OCT 10

PABA 8

MCE 10

BMDM 5

HMS 15

SCL 5

Os resultados das amostras A e B, que foram analisadas para todos os FPS

disponíveis, mostram que há uma tendência de incremento de concentração dos

compostos ativos com o aumento do FPS, embora essa tendência não seja uma regra.

Para FPS acima de 30 não se verifica uma grande variação na concentração de um

mesmo filtro químico. Cabe destacar, que além dos filtros químicos também são

adicionados filtros físicos. Os gráficos de concentração dos ingredientes ativos em

relação ao FPS para as amostras A e B são apresentados na Figura IV.10.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

85

Figura IV.10. Gráfico de concentração dos filtros solares em função do FPS para as

amostras A e B.

IV.6. DETERMINAÇÃO DO FPS POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS-X

Nesse trabalho, avaliou-se a potencialidade da técnica de fluorescência de raios-

X (FRX) aliada a quimiometria para determinar o FPS de protetores solares.

A técnica de FRX já está bem consolidada quando aplicada a determinações

inorgânicas, ou seja, a elementos cuja absorção dos raios-X apresenta valores

significativos. No entanto, nos últimos anos, a aplicação de FRX vem ganhando

destaque em estudos de amostras orgânicas, nas quais a radiação é intensamente

dispersada (espalhada) e não apenas absorvida.

Por apresentarem pequenas variações entre amostras, esses efeitos de

espalhamento eram considerados perturbações. Hoje, com o auxílio de ferramentas

quimiométricas, esses efeitos revelam propriedades importantes das amostras, já que a

região de espalhamento da FRX é dependente de várias características das amostras

como composição, estruturas dos compostos e concentração relativas dos

componentes.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

86

Diversos são os métodos estatísticos usados no tratamento dos dados

multivariados. Neste trabalho foram empregados o PCA (do inglês, Principal

Component Analysis) e a regressão por quadrados mínimos parciais, o PLS (do inglês,

Partial Least Squares).

A análise por componentes principais é um método de agrupamento que, além

de reduzir a dimensionalidade da matriz de dados, permite verificar a existência de

amostras anômalas e as de maior importância, eliminar ruídos experimentais, classificar

as amostras e/ou agrupá-las conforme suas semelhanças, entre outros. A sua

aplicação implica em decompor a matriz de dados (X) em duas outras matrizes: a de

scores (T), que expressa a relação entre as amostras e a de loadings transposta (P’),

que expressa a relação entre as variáveis identificando o quanto cada uma delas

contribuiu na formação das componentes principais (FERREIRA et al., 1999).

Entre os métodos quantitativos para análise de dados multivariados destaca-se o

PLS. Modelos obtidos por PLS tendem a ser robustos, isto é, seus parâmetros

praticamente não se alteram com a inclusão de novas amostras no conjunto de

calibração. No presente trabalho a regressão PLS estabeleceu uma relação quantitativa

entre o conjunto das respostas instrumentais e o fator de proteção solar, desenvolvendo

um modelo matemático que correlaciona estas informações.

Para avaliar a potencialidade da técnica de fluorescência de raios-X para

determinar o FPS de formulações fotoprotetoras, foi empregada a amostra B de FPS 8,

15, 20, 30, 40 e 60. Essa amostra foi selecionada pois era a que mais tinha

disponibilidade de FPS além de ser a única que apresentava a mesma composição,

entre ingredientes ativos e outros ingredientes, para todos os FPS.

Para desenvolver um modelo robusto por PLS utiliza-se normalmente um mínimo

de 20 amostras, portanto foi necessário preparar formulações com outros FPS por

diluição das formulações pré-existentes. Para tanto, foram empregadas as amostras B

FPS 8 e FPS 60 e prepararam-se amostras com FPS 10, 12, 13, 17, 21, 23, 25, 31, 33,

35, 37, 41, 43, 45, 47, 53, 55 e 57. Essas amostras não sofreram nenhum tipo de

tratamento.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

87

Foram obtidos os espectros de raios-X em duplicata para cada formulação e o

espectro característico obtido para a amostra B é mostrado na Figura IV.11, onde é

possível observar apenas o pico relacionado ao titânio (Ti), presente em todas as

formulações analisadas.

0 10 20 30 40

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

Inte

nsid

ad

e (

cp

s/

A)

Energia (keV)

Figura IV.11. Espectro de raios X da amostra B com FPS 20.

Para a análise multivariada, foi obtida a matriz de dados (tabela de dados),

chamada de X, com as variáveis independentes (amostras) nas linhas e as variáveis

dependentes (medidas) nas colunas. O pré-processamento utilizado envolveu a

centragem dos dados na média. Os espectros não sofreram qualquer tipo de

transformação.

Os espectros de raios X de todas as amostras foram tratados com a ferramenta

quimiométrica PCA. A Figura IV.12 mostra o gráfico de scores (amostras) entre as

componentes principais 1 e 2 (PC1 e PC2), que explicaram 97,8% da variância, e a

Figura IV.13 mostra o gráfico de loadings (variáveis).

Ti K

Ti K

Linhas de espalhamento do Rh K

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

88

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

8

1012

13

151720

2123

25

30

313335

37

40

41

4345

47

5053

55

57

60

PC

2 (0

,34%

)

PC1 (97,49%)

Figura IV.12. Gráfico de scores para o conjunto de amostras obtido para PC1 x PC2.

-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0,0 0,1

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

00,020,040,060,080,10,120,140,160,180,20,220,240,260,280,30,320,340,360,380,40,420,440,460,480,50,520,540,560,580,60,620,640,660,680,70,720,740,760,780,80,820,840,860,880,90,920,940,960,9811,021,04

1,061,081,11,121,14

1,161,181,21,221,241,261,281,31,321,341,361,381,41,421,441,461,481,51,521,541,561,581,61,621,641,661,681,71,721,741,761,781,81,821,841,861,881,91,921,941,961,982

2,022,042,062,082,12,122,142,162,182,22,222,242,262,282,32,322,342,362,382,42,422,442,462,482,52,522,542,562,582,62,62

2,64

2,662,682,72,72

2,742,762,782,82,822,84

2,862,882,92,922,942,962,9833,023,043,063,083,13,123,143,163,183,23,223,243,263,283,33,323,343,363,383,43,423,443,463,483,53,523,543,563,583,63,623,643,663,683,73,723,743,763,783,83,823,843,863,883,93,923,943,963,9844,024,044,064,084,14,124,144,164,184,24,224,244,264,284,34,324,34

4,36

4,38

4,4

4,42

4,44

4,46

4,48

4,5

4,52

4,54

4,56

4,584,6 4,62

4,644,664,68

4,74,724,744,764,784,8

4,824,844,864,88

4,94,924,944,96

4,9855,025,045,065,08

5,15,125,145,165,185,25,225,245,265,285,35,325,345,365,385,45,425,445,465,485,55,525,545,565,585,65,625,645,665,685,75,725,745,765,785,85,825,845,865,885,95,925,945,965,9866,026,046,066,086,16,126,146,166,186,26,226,246,266,286,36,326,346,366,386,46,426,446,466,486,56,526,546,566,586,66,626,646,666,686,76,726,746,766,786,86,826,846,866,886,96,926,946,966,9877,027,047,067,087,17,127,14

7,167,187,27,227,247,267,287,37,327,347,367,387,47,427,447,467,487,57,527,547,567,587,67,627,647,667,687,77,727,747,767,787,87,827,847,867,887,97,927,947,967,9888,02

8,048,068,088,18,128,148,168,188,28,228,248,268,288,3

8,328,348,368,388,48,428,448,468,488,5

8,528,548,568,588,68,628,648,668,688,78,728,748,768,788,88,828,848,868,888,98,928,948,96

8,9899,029,049,069,089,19,129,149,169,189,29,22

9,249,269,289,3

9,32

9,349,369,389,49,429,449,469,489,59,52

9,549,569,589,69,62

9,649,669,689,7

9,729,749,76

9,789,89,829,849,869,889,99,929,949,969,981010,0210,0410,0610,0810,110,1210,1410,1610,1810,210,2210,2410,2610,28

10,310,3210,3410,3610,3810,410,4210,4410,4610,4810,510,52

10,54

10,5610,58

10,6

10,6210,6410,6610,6810,7

10,7210,7410,7610,78

10,8

10,8210,8410,86

10,8810,9

10,9210,9410,9610,981111,0211,04

11,06

11,08

11,111,12

11,1411,1611,1811,211,2211,2411,2611,28

11,311,3211,3411,36

11,38

11,4

11,4211,4411,4611,4811,511,5211,5411,56

11,58

11,611,6211,6411,66

11,68

11,711,72

11,7411,7611,7811,811,8211,8411,8611,8811,911,9211,9411,96

11,981212,0212,0412,06

12,08

12,1

12,1212,1412,1612,1812,212,2212,2412,2612,2812,312,3212,3412,3612,3812,412,4212,4412,4612,4812,512,5212,5412,5612,58

12,612,6212,6412,6612,6812,712,7212,7412,76

12,7812,8

12,82

12,8412,8612,8812,912,9212,94

12,9612,981313,02

13,04

13,0613,08

13,1

13,12

13,1413,1613,1813,213,2213,2413,2613,2813,313,3213,34

13,36

13,3813,413,4213,4413,4613,4813,513,5213,5413,56

13,58

13,613,6213,6413,66

13,6813,7

13,7213,7413,7613,7813,8

13,8213,8413,86

13,88

13,913,9213,94

13,9613,9814

14,0214,0414,0614,0814,114,1214,1414,1614,1814,214,2214,2414,2614,2814,314,32

14,3414,3614,3814,414,4214,44

14,46

14,4814,5

14,5214,5414,5614,5814,614,6214,6414,6614,6814,714,7214,7414,76

14,7814,814,82

14,84

14,8614,88

14,914,9214,9414,9614,981515,0215,04

15,06

15,0815,1

15,12

15,14

15,1615,1815,215,2215,2415,2615,2815,315,3215,3415,36

15,3815,415,4215,4415,4615,4815,515,5215,54

15,5615,58

15,615,62

15,64

15,6615,6815,715,7215,7415,7615,78

15,8

15,82

15,84

15,86

15,8815,915,9215,94

15,96

15,981616,0216,04

16,0616,08

16,116,1216,1416,16

16,1816,216,22

16,24

16,2616,2816,316,3216,34

16,3616,38

16,416,4216,4416,4616,4816,516,5216,54

16,56

16,5816,6

16,62

16,64

16,6616,68

16,7

16,7216,7416,7616,78

16,816,82

16,8416,8616,8816,916,9216,94

16,96

16,98

1717,0217,0417,0617,0817,117,1217,1417,1617,1817,2

17,2217,2417,2617,2817,317,3217,34

17,36

17,3817,417,42

17,44

17,4617,4817,517,52

17,5417,56

17,5817,617,6217,6417,6617,68

17,717,72

17,74

17,76

17,7817,817,8217,8417,8617,8817,917,9217,94

17,9617,98

18

18,0218,0418,0618,0818,118,12

18,14

18,16

18,18

18,2

18,2218,2418,2618,2818,318,3218,3418,3618,3818,418,4218,44

18,46

18,4818,518,5218,54

18,56

18,5818,618,6218,64

18,6618,68

18,7

18,72

18,7418,7618,7818,8

18,8218,8418,86

18,88

18,918,92

18,9418,9618,98

19

19,0219,04

19,0619,08

19,1

19,12

19,14

19,16

19,18

19,2

19,22

19,24

19,2619,2819,319,32

19,34

19,36

19,3819,419,42

19,44

19,46

19,48

19,519,52

19,54

19,56

19,58

19,619,6219,64

19,66

19,6819,719,7219,7419,7619,7819,8

19,82

19,84

19,86

19,88

19,919,92

19,94

19,96

19,98

20

20,02

20,0420,06

20,08

20,1

20,12

20,14

20,16

20,18

20,2

20,22

20,24

20,26

20,2820,320,32

20,34

20,3620,3820,4

20,42

20,44

20,4620,4820,520,5220,5420,5620,5820,620,6220,6420,6620,6820,720,72

20,7420,7620,78

20,8

20,8220,8420,8620,8820,920,9220,94

20,96

20,98

21

21,0221,0421,0621,0821,121,1221,1421,1621,1821,221,2221,2421,2621,2821,321,32

21,3421,36

21,38

21,4

21,4221,44

21,4621,4821,5

21,52

21,54

21,56

21,5821,6

21,62

21,64

21,6621,6821,7

21,72

21,7421,7621,7821,821,82

21,84

21,8621,8821,9

21,9221,94

21,96

21,982222,0222,04

22,0622,08

22,1

22,12

22,1422,1622,1822,2

22,2222,24

22,2622,2822,322,3222,3422,36

22,3822,422,4222,4422,46

22,4822,522,5222,5422,5622,58

22,6

22,6222,6422,6622,6822,722,7222,7422,76

22,78

22,822,8222,8422,8622,8822,922,9222,9422,9622,982323,02

23,0423,0623,0823,123,1223,1423,16

23,1823,223,2223,2423,2623,2823,3

23,3223,3423,36

23,3823,423,4223,4423,46

23,48

23,523,5223,5423,5623,5823,623,6223,6423,6623,6823,7

23,7223,7423,76

23,78

23,8

23,8223,8423,8623,8823,923,9223,9423,9623,98

2424,0224,0424,0624,0824,124,1224,1424,16

24,18

24,224,22

24,2424,2624,2824,324,3224,34

24,3624,3824,424,4224,4424,4624,4824,524,52

24,5424,5624,5824,624,6224,64

24,6624,68

24,724,7224,7424,7624,7824,824,8224,8424,8624,8824,9

24,92

24,9424,9624,982525,0225,0425,0625,0825,125,1225,14

25,16

25,1825,225,2225,24

25,2625,2825,325,3225,3425,3625,3825,425,4225,4425,46

25,48

25,525,5225,5425,56

25,58

25,625,6225,6425,6625,6825,7

25,7225,74

25,7625,7825,825,8225,8425,8625,8825,925,9225,9425,9625,982626,02

26,0426,0626,0826,126,1226,1426,1626,1826,226,2226,2426,2626,2826,326,3226,3426,3626,3826,426,4226,44

26,4626,4826,526,5226,5426,5626,5826,626,62

26,6426,6626,6826,726,72

26,7426,7626,7826,826,8226,8426,8626,8826,926,9226,9426,9626,982727,0227,0427,0627,08

27,127,1227,14

27,16

27,1827,2

27,22

27,2427,2627,2827,327,3227,3427,3627,3827,427,4227,4427,4627,4827,527,5227,5427,5627,5827,627,6227,6427,6627,6827,727,7227,7427,7627,7827,827,8227,84

27,8627,8827,927,9227,94

27,96

27,982828,0228,0428,0628,0828,128,1228,1428,1628,1828,228,2228,2428,2628,2828,328,3228,3428,3628,38

28,4

28,4228,4428,4628,4828,528,5228,5428,5628,5828,628,6228,6428,6628,6828,728,7228,7428,7628,7828,828,8228,8428,8628,8828,928,9228,9428,9628,982929,0229,0429,0629,0829,129,1229,1429,1629,1829,229,2229,2429,2629,2829,329,3229,3429,3629,3829,429,4229,4429,4629,4829,529,5229,5429,5629,5829,6

29,62

29,6429,6629,6829,729,7229,74

29,76

29,7829,829,82

29,8429,8629,8829,929,9229,9429,9629,983030,0230,0430,0630,0830,130,1230,1430,1630,1830,230,2230,2430,2630,2830,330,3230,3430,3630,3830,430,4230,4430,4630,48

30,5

30,5230,54

30,5630,5830,630,62

30,6430,6630,6830,730,7230,7430,7630,7830,830,8230,8430,8630,8830,930,9230,9430,9630,983131,0231,0431,0631,0831,131,1231,1431,1631,1831,231,2231,2431,2631,2831,331,3231,3431,3631,3831,431,4231,4431,4631,4831,531,5231,5431,5631,5831,631,6231,6431,6631,6831,731,7231,7431,7631,7831,831,8231,8431,8631,8831,931,9231,94

31,9631,9832

32,02

32,0432,0632,0832,132,1232,1432,1632,1832,232,2232,2432,2632,2832,332,3232,3432,3632,3832,432,4232,4432,4632,4832,532,5232,5432,5632,5832,632,6232,6432,6632,6832,732,7232,7432,7632,7832,832,8232,8432,8632,8832,932,9232,9432,9632,983333,0233,0433,0633,0833,133,1233,1433,1633,1833,233,2233,2433,2633,2833,333,3233,3433,3633,3833,433,4233,4433,4633,4833,533,5233,5433,5633,5833,633,6233,6433,6633,6833,733,7233,7433,7633,7833,8

33,8233,8433,8633,8833,933,9233,9433,9633,983434,0234,0434,0634,0834,134,1234,1434,1634,1834,234,2234,2434,2634,2834,334,3234,3434,3634,3834,434,4234,4434,4634,4834,534,5234,5434,5634,5834,634,6234,6434,6634,6834,734,7234,7434,7634,7834,834,8234,8434,8634,8834,934,9234,9434,9634,983535,0235,0435,0635,0835,135,1235,1435,1635,1835,235,2235,2435,2635,2835,335,3235,3435,3635,3835,435,4235,4435,4635,4835,535,5235,5435,5635,5835,635,6235,6435,6635,6835,735,7235,7435,7635,7835,835,8235,8435,8635,8835,935,9235,9435,9635,983636,0236,0436,0636,0836,136,1236,1436,1636,1836,236,2236,2436,2636,2836,336,3236,3436,3636,3836,436,4236,4436,4636,4836,536,5236,5436,5636,5836,636,6236,6436,6636,6836,736,7236,7436,7636,7836,836,8236,8436,8636,8836,936,9236,9436,9636,983737,0237,0437,0637,0837,137,1237,1437,1637,1837,237,2237,2437,2637,2837,337,3237,3437,3637,3837,437,4237,4437,4637,4837,537,5237,5437,5637,5837,637,6237,6437,6637,6837,737,7237,7437,7637,7837,837,8237,8437,8637,8837,937,9237,9437,9637,983838,0238,0438,0638,0838,138,1238,1438,1638,1838,238,2238,2438,2638,2838,338,3238,3438,3638,3838,438,4238,4438,4638,4838,538,5238,5438,5638,5838,638,6238,6438,6638,6838,738,7238,7438,7638,7838,838,8238,8438,8638,8838,938,9238,9438,9638,983939,0239,0439,0639,0839,139,1239,1439,1639,1839,239,2239,2439,2639,2839,339,3239,3439,3639,3839,439,4239,4439,4639,4839,539,5239,5439,5639,5839,639,6239,6439,6639,6839,739,7239,7439,7639,7839,839,8239,8439,8639,8839,939,9239,9439,9639,984040,0240,0440,0640,0840,140,1240,1440,1640,1840,240,2240,2440,2640,2840,340,3240,3440,3640,3840,440,4240,4440,4640,4840,540,5240,5440,5640,5840,640,6240,6440,6640,6840,740,7240,7440,7640,7840,840,8240,8440,8640,8840,940,92

PC

2 (

0,3

4%

)

PC1 (97,49%)

Figura IV.13. Loadings para o conjunto de amostras obtido para PC1.

O gráfico de scores da análise de componentes principais não permite observar

uma separação das amostras, mas mostra uma tendência das mesmas a se alinharem

ao longo da PC1 de acordo com o FPS. Comparando o gráfico de scores com o gráfico

de loadings, pode-se observar que as faixas espectrais próximas de 4,5 keV (Ti K),

relacionadas ao titânio (dióxido de titânio, presente na amostra B), foram as principais

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

89

faixas que influenciaram esse efeito, sendo, em segundo lugar, com 0,34% da variância

explicada na PC2, a região de espalhamento das linhas K do tubo de raios-X de ródio

(entre 18 e 22 keV).

Foi verificada a possibilidade de construção de um modelo de calibração,

aplicando-se PLS. Para isso, foram selecionadas aleatoriamente 80% das amostras do

conjunto total. Os outros 20% das amostras foram utilizados para validação externa do

modelo. Os valores de FPS utilizados como esperados foram os fornecidos pelo rótulo

do produto.

Antes da construção do modelo, a ausência de outliers (amostras anômalas) foi

verificada pela relação entre os parâmetros resíduo Student e a leverage.

A "leverage" é uma medida da influência de uma amostra no modelo de

regressão. Um valor de "leverage" pequeno indica que a amostra em questão influencia

pouco na construção do modelo de calibração. Por outro lado, se as medidas

experimentais de uma amostra são diferentes das outras do conjunto de calibração, ela

provavelmente terá uma grande influência no modelo, que pode ser negativa

(FERREIRA et al., 1999).

Os resíduos correspondem aos desvios entre os dados de referência e os

estimados pelo modelo. Valores de resíduos altos significam que o modelo não está

conseguindo modelar os dados de forma adequada. O resíduo de Student é utilizado

para se obter a influência de cada amostra em particular (BARTHUS et al., 2005).

Supondo que os resíduos são normalmente distribuídos, pode-se aplicar o teste t

para verificar se a amostra está ou não dentro da distribuição com um nível de

confiança de 95%. Como os resíduos de Student são definidos em unidades de desvio

padrão do valor médio, os valores além de ± 2,5 são considerados altos. A análise do

gráfico dos resíduos de Student versus leverage para cada amostra é a melhor maneira

de se determinar as amostras anômalas. Amostras com altos resíduos e pequenos

valores de leverage provavelmente apresentam algum erro no valor da concentração

que deve de preferência ser medida novamente ou então esta amostra é simplesmente

excluída. Amostras com altos resíduos e altas leverages correspondem certamente à

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

90

amostras anômalas e devem ser retiradas do modelo de calibração (BARTHUS et al.,

2005).

A Figura IV.14 mostra a relação entre o resíduo Student e leverage considerando

o conjunto total de amostras e 3 variáveis latentes.

Figura IV.14. Relação gráfica para cada amostra entre o resíduo Student e leverage

considerando todas as amostras e 3 variáveis latentes.

Segundo a relação entre resíduo Student e leverage, não há nenhuma amostra

anômala que deve ser excluída na construção do modelo de calibração.

A relação entre os valores previstos (VP) e os valores de referência (VR) (rótulo)

para os FPS e o coeficiente de correlação (rcal) estão apresentados na Figura IV.15,

onde 3 variáveis latentes foram necessárias para a calibração. Os valores VR e VP e

seus erros relativos (ER) estão apresentados na Tabela IV.10. Os valores apresentados

abaixo são as médias das duas medidas.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

91

0 10 20 30 40 50 600

10

20

30

40

50

60

VP

VR

rcal

= 0,99

Figura IV.15. Relação entre os valores VR e VP para o modelo de calibração interna via PLS.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

92

Tabela IV.10 – Valores VP, VR e erros relativos do modelo de calibração interna via

PLS.

Após a construção do modelo de calibração, foi construído o modelo de

validação, obtendo-se valores de previsão para amostras externas previamente

selecionadas (FPS 10, 25, 35, 45 e 55). Tais amostras foram selecionadas

Amostra/FPS VP VR ER (%)

8 8,1 8 -1,81

12 12,1 12 -0,39

13 13,1 13 -0,64

17 16,8 16 1,02

21 21,1 21 -0,22

23 22,7 22 1,36

30 29,7 30 1,01

31 30,9 31 0,19

33 33,2 33 -0,54

37 37,0 37 0,02

40 40,0 40 0,04

41 41,1 41 -0,26

43 43,3 43 -0,78

47 47,2 47 -0,49

50 50,0 50 0,06

53 53,1 53 -0,13

57 56,7 57 0,51

60 59,9 60 0,15

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

93

aleatoriamente e correspondiam a aproximadamente 20% do total de amostras. Os

valores VR, VP e ER estão apresentados na Tabela IV.11.

Tabela IV.11. Valores VR, VP e ER das amostras externas

Amostra/FPS VP VR ER (%)

10 10,2 10 -2,30

25 25,3 25 -1,04

35 35,8 35 -2,36

45 46,1 45 -2,33

55 55,8 55 -1,45

A ANVISA permite uma variação de 20% na determinação do FPS no teste in

vivo (método oficial) em relação ao FPS declarado. Os resultados apresentados tiveram

variações entre 1-2%, o que faz do método proposto uma alternativa em potencial ao

método convencional para a determinação do FPS de protetores solares.

A principal desvantagem do método por fluorescência de raios-X é o alto custo

do equipamento (aproximadamente US$ 35.000,00). No entanto, a grande vantagem da

utilização do método proposto é não se utilizar indivíduos, não expondo os mesmos aos

efeitos maléficos da radiação UV. Além disso, o método proposto é muito mais rápido,

fato de grande interesse para os laboratórios de rotina de uma maneira geral. Vale

lembrar ainda que a técnica de fluorescência de raios-X permite realizar quantificações

do conteúdo inorgânico (filtros físicos) das amostras analisadas, que também deve

estar dentro do limite máximo exigido pela ANVISA, ampliando as vantagens da

aplicação do método proposto em laboratórios de rotina.

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CAPÍTULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

94

Cabe ressaltar, no entanto, que os valores de FPS utilizados para a construção

do modelo de calibração e validação provêm do rótulo, ou seja, uma fonte que não foi

cientificamente confirmada. Uma análise de FPS das amostras em laboratórios

específicos seria necessário para a obtenção do FPS real das amostras,

proporcionando maior confiabilidade ao método.

Outra limitação do método proposto é que o mesmo foi calibrado e validado

apenas para a um tipo de amostra, isto é, o método só pode ser aplicado com confiança

nas amostras B. Uma continuação deste trabalho seria a calibração com várias

matrizes diferentes e aplicação para qualquer tipo de formulação fotoprotetora.

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V. CONCLUSÕES

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CAPÍTULO V CONCLUSÕES

97

Mediante avaliação de diferentes fases estacionárias e composição da fase

móvel foi possível selecionar as condições cromatográficas para a separação de oito

filtros solares que são amplamente empregados em formulações cosméticas, em

particular, protetores solares. A fase estacionária que apresentou os melhores

resultados para a separação dos compostos foi a coluna cromatográfica ACE® 5 C18

(4,6 x 250 mm, 5 µm) com fase móvel composta por metanol:água 88:12 v/v e vazão de

1,0 mL min-1.

O preparo de amostra empregando metanol para solubilização seguido por

tratamento ultrassônico e centrifugação é eficaz.

O método foi validado de acordo com a Resolução 899 da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) e mostrou-se simples, rápido, preciso e exato.

Os compostos ativos identificados nas amostras analisadas estão de acordo com

o especificado no rótulo das embalagens e as concentrações encontradas estão dentro

do limite máximo especificado pela resolução RDC nº 47 de 16 de março de 2006 da

ANVISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2006).

Em relação à determinação do FPS dos protetores solares por fluorescência de

raios X aliada à quimiometria, os resultados mostraram um modelo eficiente, indicando

a potencialidade do método como alternativa ao método convencional. Os erros de

previsão externa foram inferiores aos exigidos atualmente pela legislação (20%).

Embora exija um alto custo de implementação, o método proposto tem as vantagens de

ser rápido, não ter preparo de amostra e não ter a necessidade de voluntários, evitando

a exposição de indivíduos à radiação UV.

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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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